Painel - edição 272 - nov.2017

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Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto

painel AEAARP

Corporativo Associação renova a arquitetura interna Construção Sustentabilidade exige redução da toxidade Defensivos Norma de manuseio de produtos é mais usada na indústria do que no campo

Ano X nº 272 novembro/ 2017

Profissionais do ano 2017 Três gerações encontram-se no prêmio da AEAARP



palavra do presidente

De olho no futuro Certo dia, alguém questionou a respeito de um projeto que havia terminado com êxito: você está satisfeito? Não, nunca podemos estar. A maturidade proporciona serenidade e capacidade analítica, tudo alicerçado nos anos vividos. Cada ano significa o acúmulo de experiências e vivências. Mas, nunca é definitivo ou suficiente. Como um vinho: é bom apreciar, mas nunca é o único. Chegando ao final desde intenso ano de 2017, já podemos propor algumas reflexões: você está satisfeito? Eu não. Acho que temos muito a dar ainda. Em 2017, a AEAARP foi gigante na proposição de temas nas palestras técnicas, que atraíram centenas de pessoas muito interessadas em se inspirar naquelas experiências. Foi também criativa ao inserir novos eventos sociais, como o Almoço Beneficente e o AEAARP Cultural. Foi também parceira da comunidade, abriu as portas para as importantes discussões do município, promoveu ou apoiou eventos importantes e que nos conectam com os profissionais de engenharia, arquitetura e agronomia e com a cidade. Foi um ano muito bom, por isso queremos mais. O ano nem acabou e já anunciamos os destinos que são fruto da parceria com a Friendship Force, que promoverá duas jornadas em 2018 – para Belo Horizonte e Inhotim (MG) e para Dallas e Memphis (EUA). Será uma oportunidade única de conhecer, experimentar e viver como um cidadão desses lugares.

Eng. civil Carlos Alencastre

Em 2018, a AEAARP completará 70 anos, Bodas de Vinho. É uma data para a gente inovar, pensar o futuro e valorizar tudo o que cada um de nós fez pela Associação e pela valorização profissional. Valorizar sim, parar jamais.


índice

ESPECIAL

05

Meio ambiente

09

Materiais

13

Inauguração

16

Indústria

19

Profissionais do Ano 2017

As árvores além da madeira

Compostos Orgânicos Voláteis na construção civil: estamos seguros?

Uma grande AEAARP

Cana para salvar o mundo

painel

Engenharia

20

Legislação

22

crea-sp

24

produtividade

25

notas e cursos

26

Cidades inteligentes, pessoas interessadas

Segurança falha para pequenos agricultores

Código de Ética completa 15 anos

Administração do Tempo - Bom Uso do Outlook

Rua João Penteado, 2237 - Ribeirão Preto-SP - Tel.: (16) 2102.1700 - Fax: (16) 2102.1717 - www.aeaarp.org.br / aeaarp@aeaarp.org.br

Eng. eletr. Tapyr Sandroni Jorge 1º Vice-presidente

Diretoria Operacional Diretor administrativo - eng. agr. Callil João Filho Diretor financeiro - eng. civil Arlindo Antonio Sicchieri Filho Diretor financeiro adjunto - eng. agr. Benedito Gléria Filho Diretor de promoção e ética - eng. civil e seg do trab. Hirilandes Alves Diretor de ouvidoria - arq. urb. Ercília Pamplona Fernandes Santos Diretoria Funcional Diretor de esporte e lazer - eng. civil Milton Vieira de Souza Leite Diretor de comunicação e cultura - eng. agr. Paulo Purrenes Peixoto Diretor social - eng. civil Rodrigo Araújo Diretora universitária - arq. urb. Ruth Cristina Montanheiro Paolino Diretoria Técnica Agronomia - eng. agr. Alexandre Garcia Tazinaffo Arquitetura - arq.urb. Marta Benedini Vechi Engenharia - eng. civil Paulo Henrique Sinelli

Horário de funcionamento AEAARP - das 8h às 12h e das 13h às 17h CREA - das 8h30 às 16h30 Fora deste período, o atendimento é restrito à portaria.

Eng. civil Carlos Eduardo Nascimento Alencastre Presidente

Eng. civil Fernando Junqueira 2º Vice-presidente

Conselho Presidente: Eng. civil João Paulo de Souza Campos Figueiredo Conselheiros Titulares Arq. e urb. e Eng. seg. do trab. Fabiana Freire Grellet Arq. e urb. Luiz Eduardo Siena Medeiros Eng. agr. Dilson Rodrigues Cáceres Eng. agr. Geraldo Geraldi Jr Eng. agr. Gilberto Marques Soares Eng. civil Edgard Cury Eng. civil Elpidio Faria Junior Eng. civil Jose Aníbal Laguna Eng. civil e seg. do trab. Luis Antonio Bagatin Eng. civil Roberto Maestrello Eng. civil Ricardo Aparecido Debiagi Eng. civil Wilson Luiz Laguna Eng. elet. Hideo Kumasaka Eng. mec. Giulio Roberto Azevedo Prado Conselheiros suplentes Arq. e urb. Celso Oliveira dos Santos Eng. agr. Denizart Bolonhezi Eng. agr. Jorge Luiz Pereira Rosa Eng. agr. José Roberto Scarpellini Eng. agr. Ronaldo Posella Zaccaro Eng. civil Fernando Brant da Silva Carvalho

Associação de Engenharia Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto

REVISTA PAINEL Conselho Editorial: eng. civil Arlindo Antonio Sicchieri Filho, arq. urb. Celso Oliveira dos Santos, eng. mec. Giulio Roberto Azevedo Prado e eng. agr. Paulo Purrenes Peixoto - conselhoeditorial@ aeaarp.org.br Conselheiros Titulares do CREA-SP indicados pela AEAARP: eng. civil e seg. do trab. Hirilandes Alves e eng. mecânico Fernando Antonio Cauchick Carlucci Coordenação Editorial: Texto & Cia Comunicação Rua Galileu Galilei 1800/4, Jd. Canadá Ribeirão Preto SP, CEP 14020-620 www.textocomunicacao.com.br Fones: 16 3916.2840 | 3234.1110 contato@textocomunicacao.com.br Editora: Daniela Antunes – MTb 25679 Colaboração: Bruna Zanuto – MTb 73044 Publicidade: 16 2102.1719 Tiragem: 3.000 exemplares Locação: Solange Fecuri - 16 2102.1718 Editoração eletrônica: Mariana Mendonça Nader Impressão e Fotolito: São Francisco Gráfica e Editora Ltda.

Painel não se responsabiliza pelo conteúdo dos artigos assinados. Os mesmos também não expressam, necessariamente, a opinião da revista.


especial

Profissionais do Ano 2017 Diferentes gerações unidas pela realização profissional da geologia, arquitetura e agronomia


Osmar queria estudar no Instituto de Tecnologia Aeronáutica (ITA), ainda nos primeiros anos depois de sua fundação, em 1950. Marina sempre gostou de desenhar, como grande parte de seus colegas de profissão. José Mário seguiu o caminho natural daqueles que nasceram e viveram na zona rural. Três gerações distintas encontram-se no prêmio Profissionais do Ano AEAARP 2017 com algo em comum: a capacidade de adaptar-se, de mudar e de buscar algo novo cotidianamente. O geólogo Osmar Sinelli não foi aceito no ITA, não alcançou nota suficiente. Interessou-se pela Geologia por influência de um colega de trabalho. A ideia era a de seguir carreira na Petrobrás. Mas, a morosidade do processo de prospecção de petróleo o fez desistir – da carreira na estatal, não da profissão. Graduou-se na segunda turma da Universidade de São Paulo (USP). Inicialmente pensava em fazer outras coisas, mas as oportunidades o levaram a seguir carreira acadêmica. Foi a Geologia que o trouxe para Ribeirão Preto, onde começou a ministrar aulas na USP, de cujo campus foi prefeito. A sua maior obra acadêmica, resultado de defesa de doutorado nos anos de 1970, revelou a todos que a captação da água subterrânea, identificado naquela época como o Aquífero Guarani, deveria ser controlada, uma vez que a reposição da água demora centenas de milhares de anos. É a obra de sua vida? Ele responde que sim. Mas, não exatamente as descobertas que fez a respeito do manancial. A grande obra foi a dedicação ao estudo, à investigação científica e à academia. Osmar começou sua carreira fora de Ribeirão Preto e fixou-se na cidade, onde vive até hoje. Marina de Paula Figueiredo fez o caminho inverso. Cursou arquitetura no Centro Universitário Moura Lacerda, em Osmar Sinelli

Marina de Paula Figueiredo

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Começou a trabalhar em uma cooperativa leiteira e, depois da mudança de foco do negócio, passou a atuar como autônomo, prestando consultoria. É o homem do café, conforme o identificam. Presta consultoria para diversas propriedades agrícolas, praticamente as mesmas com as quais trabalhou desde o início da carreira. Recorda-se que, no início, participou de um evento no qual debatiam a agricultura na região do cerrado. Na época, a propaganda oficial dizia que o país seria o celeiro do mundo. Bobagem, na visão dele, já era esta a posição do Brasil. Tinha muita terra ali para plantar, explorar e produzir. Foi o que fez José Mário. Ele defende a agricultura conservacionista. Fala que as empresas estão migrando do uso de defensivos para o manejo sustentável de pragas nas lavouras. Lembra que em cada região do país a agronomia é feita de forma diferente. Exemplifica que a técnica de plantio direto já era usada em algumas regiões quando começaram a falar sobre a prática no sudeste. Ele começou praticamente junto com importantes centros de desenvolvimento de tecnologias agrícolas, como a Embrapa, e quer continuar fazendo agronomia ainda por muitos anos. Porque da sua profissão, lembra, nasce a vida.

Ribeirão Preto. De início, quebrou paradigmas ao insistir em fazer seu trabalho final sobre cenografia, área da arquitetura pouco explorada no interior. Apoiada por professores, ela conseguiu. Queria unir a arte da dança que praticava com a organização espacial e a concepção do projeto proporcionados pela arquitetura. Assim como Osmar, Marina procura resultados rápidos. No seu caso, em projetos que chama de efêmeros: uma vez concebido, o cenário passa a pertencer à direção do espetáculo e seus artistas, e tem um tempo de uso. Especializou-se no curso de J.C. Serroni, arquiteto graduado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, e mais tarde cursou Direção de Arte, em Campinas (SP). Para ela, a arquitetura é uma forma de expressão através da ocupação de espaços; uma forma de comunicação através da imagem, dos sentidos e da imaginação. Marina faz parte da geração que procura desatar nós, combinar vivências e experiências para construir possibilidades de atuação profissional. No seu caso, une técnica, inspiração e vivência. Fez também arquitetura para o varejo, avaliações de imóveis e design de interiores. Hoje, dedica-se também às mandalas, atividade na qual une a geometria, o estudo de cores e as artes plásticas. Será a atividade definitiva de sua carreira? Ela não sabe, tem 36 anos, e muita história ainda para construir. Osmar, Marina e José Mário Jorge, o agrônomo no trio de homenageados de 2017, declaram-se felizes com as escolhas profissionais que fizeram. Dentre eles, é José Mário que se emociona com a afirmação. Vivia na zona rural com a família quando foi levado a conhecer a escola técnica agrícola em Jaboticabal (SP). Terminado o curso, graduou-se lá mesmo, na UNESP.

Na AEAARP

A proximidade com os colegas de profissão, a oportunidade de trocar experiências e o acesso a benefícios exclusivos levaram os três profissionais a associarem-se à AEAARP. Osmar Sinelli é associado desde os anos de 1970, quando chegou na cidade. Marina de Paula Figueiredo associou-se quando era estudante. José Mário Jorge também procurou pela AEAARP no início da carreira. José Mário Jorge

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meio ambiente

As árvores além da madeira

Foto Eduardo Malta

As 109 espécies nativas do Cerrado e Mata Atlântica que são matérias-primas para diversos setores reunidas em um guia

Angico

Não é só o meio ambiente que ganha com a preservação dos ecossistemas. Áreas de Preservação Permanente (APP) e Reservas Legais (RL) podem prover recursos econômicos adotando boas práticas agronômicas e manejo sustentável. As árvores plantadas em APPs, por exemplo, podem gerar produtos florestais não madeireiros como frutas, óleos, resinas e sementes, que

são matérias-primas para os setores farmacêutico, cosmético e alimentício. O Jatobá, por exemplo, se destaca no mercado pela madeira, que é valiosa e tem mercado pujante no Brasil. “Porém, ele também tem uma fruta com mercado em potencial. Existem muitas comunidades no país que consomem a farinha do Jatobá no leite, na água. É um produto nutritivo, rico em potássio, AEAARP 9

mas o mercado ainda é restrito”, diz o biólogo Eduardo Malta Campos Filho. Segundo ele, é preciso construir o mercado para esse produto e toda a cadeia de produção para que a farinha de Jatobá se transforme em um alimento de valor no futuro. Eduardo e o engenheiro florestal Paolo Alessandro Rodrigues Sartorelli escreveram o Guia de Árvores com Valor Econô-


Foto Paolo Sartorelli

Aproveitamento comercial

Sementes de Angico

mico, lançado pela Agroicone, através do projeto INPUT – Iniciativa para o Uso da Terra. A publicação mostra o valor de mercado de 109 árvores nativas do Cerrado e Mata Atlântica (regiões que têm as maiores demandas de restauração no Brasil, segundo o biólogo). A publicação detalha os índices de crescimento, períodos de corte, características da madeira para lenha, carvão, cercas, serraria, carpintaria, marcenaria, tempo de colheita dos frutos e usos econômicos. São descritos também os locais onde as espécies crescem naturalmente, condições de umidade, temperatura, clima, altitude, solo, mercado regional e perfil do investidor. Muitas dessas espécies têm grande interação com a fauna nativa, atraindo, alimentando e abrigando animais silvestres. O levantamento durou cerca de um ano. Para selecionar as 109, os pesquisadores consultaram listas de espécies nativas da Mata Atlântico e do Cerrado e cruzaram as informações com

estudos que mostram aquelas que têm boa aceitação mercadológica. O Angico é outra árvore que faz sucesso no setor madeireiro. “A madeira cresce reta e rapidamente, muito usada na construção civil. O produto também tem grande poder calorífico e suas sementes servem de alimentos para vários animais. Além disso, sua florada é muito boa para as abelhas”, destaca o biólogo.

O plantio de árvores é obrigação legal de muitos proprietários rurais. O Código Florestal (Lei 12.651/2012) define a porção de florestas que cada propriedade rural deve conter, segundo o tamanho da área e bioma onde está localizada. Segundo a engenheira agrônoma Laura Antoniazzi, pesquisadora sênior da Agroicone, aproveitamento comercial é o termo legal para as atividades agrossilvipastoris, de baixo impacto ambiental, que podem ser mantidas em APPs. Nessa categoria, se enquadram culturas perenes como café, banana, laranja, maçã, seringueira, dentre outras, ou atividades de baixo manejo que colaborem para a preservação do solo e da água. “Possivelmente, essas atividades serão regulamentadas de forma mais precisa no futuro”, diz Laura. O cumprimento integral do Novo Código Florestal é a forma mais abrangente de conciliar produção com conservação, na visão de Laura. Além do Código, ela destaca práticas agrícolas que ajudam na conciliação, tais como plantio direto, fixação biológica de nitrogênio e adubação orgânica, manejo integrado de pragas, práticas de conservação de solos e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF).

Guia de árvores com valor econômico A publicação tem linguagem simples e é direcionada para todos os públicos envolvidos na cadeia produtiva. “Ela serve para o grande fazendeiro, para o sitiante, para o funcionário de banco que vai liberar o financiamento para as atividades florestais, para o técnico que vai emitir licença ambiental etc.”, ressalta o biólogo Eduardo Malta Campos Filho. O material é didático, traz fotos das 109 espécies, seu nome científico e popular, além do bioma adequado para seu plantio, porte, valor da madeira em pé, tolerância a períodos de secas ou geadas, velocidade do crescimento, tempo para colheita, indicação de plantio, uso econômico e algumas curiosidades. Acesse o guia no endereço eletrônico da AEAARP, na área Notícias.

www.aeaarp.org.br Revista Painel 10


Código florestal

O Código Florestal define a porção de florestas que cada propriedade rural deve conter, em duas categorias: a APP, onde não é permitido o corte de madeira; e a RL, onde é permitido o manejo sustentado da madeira. Em 2012, foi instituído o Cadastro Ambiental Rural (CAR) em nível nacional. O CAR tem um sistema on-line interativo, de fácil acesso, que auxilia o proprietário rural a planejar onde e quanto de sua propriedade deve ser coberta por florestas ou outro tipo de vegetação nativa. Fonte: Guia de Árvores com Valor Econômico

A Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF) é usada no Brasil há pelo menos 15 anos, de acordo com o guia,

e já demonstrou poder de incrementar a produtividade e rentabilidade geral na agropecuária, além de propiciar sus-

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tentabilidade econômica, ao adicionar outras fontes de renda na propriedade agrícola. Existem linhas de financiamento para atividades florestais com juros subsidiados pelo governo federal e vários estados e municípios já instituíram programas de pagamentos por serviços ambientais. Dessa forma, produtores rurais vêm sendo remunerados para manter ou recuperar as matas nativas. Para Laura, o Novo Código Florestal contribuiu muito para permitir o uso econômico das APPs e Reservas Legais. “Ele permitiu atividades agrícolas de baixo impacto nas APPs, a recuperação dessas áreas com o consórcio de espécies nativas e exóticas e o seu aproveitamento econômico”. Segundo ela, isso garantiu a viabilidade econômica de pequenas propriedades que tinham parte significativa de sua extensão como APPs.


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Divulgação IPT

materiais

Amostrador automático com amostras preparadas que serão introduzidas no cromatógrafo

Compostos Orgânicos Voláteis na construção civil: estamos seguros? Considerados poluentes perigosos, os COVs estão presentes em vários materiais utilizados nas edificações O investimento e o interesse em construções sustentáveis aumentaram e, para reduzir os impactos socioambientais e garantir a sustentabilidade do empreendimento, os Green Buildings (prédios verdes) têm buscado materiais com baixa emissão de Compostos Orgânicos Voláteis (COVs). Especialistas estão preocupados com a saúde das pessoas que ficam expostas aos produtos, durante a construção ou no uso das edificações.

A edição 255 da PAINEL (de junho de 2016) publicou reportagem sobre os Green Buildings na qual mostrou o Edifício Vera Cruz II, projeto assinado pelo arquiteto Roberto Collaço, que recebeu o prêmio máximo da U.S. Green Building Council (USGBC), o LEED Platinum. Veja no portal www.aeaarp.org.br.

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Divulgação IPT

Cromatógrafo gasoso acoplado ao espectrômetro de massas.

A reportagem da revista PAINEL entrevistou o engenheiro civil português Fernando Pacheco Torgal, membro conselheiro da Ordem dos Engenheiros Portuguesa e doutor em materiais de construção. Segundo ele, não existe estudo que compare ou organize de forma hierárquica os materiais da construção civil em termos de toxicidade. “Isso não seria possível, já que a toxicidade não é um parâmetro universal e tem diferentes facetas”. Ele explica que um determinado produto pode apresentar algum nível de toxicidade por liberar CVOs, mas não se pode dizer que ele é mais tóxico do que outro que não libera esses compostos e que, por exemplo, é extremamente tóxico em casos de incêndio. Na opinião de Fernando, as canalizações de chumbo usadas no abastecimento de água são os materiais com maior potencial de periculosidade para o ser

humano. O programa Fantástico, da TV Globo, apresentou em junho de 2017, reportagem sobre grave contaminação que ameaça a cidade de Flint, nos Estados Unidos. Entre 2014 e 2016, a população bebeu água contaminada por chumbo. O rio que abastece a cidade tem muito sal na água e isso liberou o chumbo da canalização, que tem cerca de 100 anos.

Segundo a toxicologista entrevistada pela equipe do Fantástico, em adultos, o chumbo pode provocar problemas nos rins, aumento da pressão e doenças cardiovasculares, porém, o efeito é mais grave nas crianças de até seis anos. O metal se instala no cérebro, pode provocar problemas de audição, comprometer o crescimento e a aprendizagem.

Assista a reportagem do Fantástico, na área Notícias, no endereço eletrônico da AEAARP. Veja também a tese Sustentabilidade na arquitetura e o estudo dos Compostos Orgânicos Voláteis emitidos por componentes vinílicos em habitações, do arquiteto André Luiz de Oliveira Chaves, e o artigo Toxicidade de materiais de construção: uma questão incontornável na construção sustentável, escrito pelos engenheiros Fernando Pacheco Torgal e Said Jalali.

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PROIBIÇÃO DO AMIANTO Em fevereiro de 2017, o senador Paulo Paim, do Rio Grande do Sul, apresentou o Projeto de Lei do Senado 30/2017, que defende a proibição da extração, industrialização, importação, transporte e armazenamento do amianto, assim como a importação e comercialização de produtos que o utilizam como matéria-prima, exceto em casos de pesquisas científicas. Trabalhadores, médicos e políticos não entraram em acordo sobre o banimento do produto no Brasil durante as audiências públicas. No dia 4 de outubro de 2017, o projeto foi retirado pelo senador e seguiu para arquivamento. Veja detalhes deste projeto no endereço eletrônico da AEAARP, na área Notícias.

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Ensaios do IPT

O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) analisa a quantidade de COVs em vários tipos de materiais da construção civil, de acordo com normas internacionais. Em um dos ensaios foram analisadas 33 amostras de diferentes tipos de tintas arquitetônicas comerciais: a base de água, acrílica, epóxi e látex. O estudo avaliou a emissão de COVs desses produtos e concluiu que a maioria atende regulamentações internacionais e são classificadas como adequadas para a construção.

Veja o estudo Determinação de Compostos Orgânicos Voláteis em Materiais da Construção Civil, publicado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), na área Notícias, no endereço eletrônico da AEAARP.

www.aeaarp.org.br Durante os ensaios, os pesquisadores do IPT utilizam cromatógrafos em fase gasosa (equipamento que separa compostos que podem ser vaporizados sem decomposição) e espectrômetros de massas (técnica que detecta e identifica moléculas através da medição de sua massa e estrutura química). Essas ferramentas fornecem dados qualitativos e quantitativos que possibilitam o cálculo dos COVs presentes nos materiais. O trabalho é realizado por químicos, engenheiros químicos e técnicos químicos. A engenheira química Sandra Souza, chefe do Laboratório de Análises Químicas do IPT AEAARP 15

Imagem: Freepik

Fernando acredita que a Europa é o continente com normas ambientais mais rígidas e os países de lá foram os primeiros no mundo a proibir a utilização de asbesto (também conhecido como amianto), que é ainda usado em muitos países, apesar do seu potencial cancerígeno – inclusive no Brasil. O produto foi condenado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) há 35 anos e proibido em mais de 60 países e em cinco estados brasileiros. No Brasil, o amianto está presente em vários produtos como telhas, caixas d’água, materiais plásticos e tintas. Além disso, o país figura entre os cinco maiores consumidores, produtores e exportadores da fibra. “Ainda não há consenso sobre a proibição do produto por causa dos impactos econômicos que poderá provocar”, comenta o engenheiro.

explica que o instituto, normalmente, é procurado por fabricantes, importadores, exportadores, representantes e empresas certificadoras de produtos e, até mesmo, por usuários para fazerem ensaios dos mais variados tipos de materiais. Para a realização dos ensaios são utilizadas normas da ASTM (organização americana de normalização, semelhante à ABNT-Associação Brasileira de Normas Técnicas) e da SCAQMD (agência americana de controle de poluição), conforme solicitação do cliente. Essas normas não são aplicáveis a todos os tipos de tinta, selante, vedante e adesivo, por exemplo, pois cada material tem características que podem inviabilizar os ensaios (que costumam demorar entre 15 e 30 dias, dependendo do material). O IPT é uma instituição sem fins lucrativos, subsidiada em parte pelo governo do estado de São Paulo, mantendo-se também com a receita obtida com os trabalhos executados. “Um ensaio deste tipo no IPT custa em média R$ 2.040”, esclarece Sandra.


inauguração

Uma grande AEAARP A associação cresce, valoriza o patrimônio e cria oportunidades

A sede da AEAARP é o mais novo local de eventos sociais e corporativos de Ribeirão Preto. Acaba de receber nova roupagem, que incluem importantes mudanças de acesso e mobilidade.

Somando todas as áreas, a AEAARP tem capacidade para atender um público de 800 pessoas de uma só vez. As salas de reunião, o salão nobre e o salão social são conectados por meio de sistema de imagem e som. Isto é: o evento que está acontecendo em um desses locais pode ser transmitido para todos os outros, ampliando a participação do público. Recepção do salão nobre

Arlindo Sicchieri, Milton Vieira Lieite, Welson Gasparini, Tapyr Sandroni Jorge, Callil João Filho, Carlos Alberto Gabarra, Antônio Duarte Nogueira Júnior, Denize Camara, Carlos Alencastre e Ercília Pamplona

Benedito Gléria, Arlindo Clemente, Noboro Saiki, Marcos Canini e Alexandre Tazinaffo

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Foi instalado elevador ligando a área administrativa ao térreo e ao salão nobre. A escada que dava acesso a esses espaços foi refeita, eliminando o desenho em caracol. O vão livre, apelidado pelos associados como “abacaxi”, foi repaginado. Esse espaço agora é ocupado por uma sala de convivência e por uma área livre onde podem ser servidos os lanches nos intervalos dos eventos. Na solenidade de entrega desta obra, o presidente da AEAARP, engenheiro Carlos Alencastre, lembrou que recentemente foram acrescidos 700 metros quadrados com a ampliação da área de eventos. “A AEAARP ficou mais moderna e autônoma”, enfatizou.

Hideo Kumasaka, Paulinho Pereira, José Aníbal Laguna, Antônio Duarte Nogueira Júnior, Milton Vieira Leite, Carlos Alencastre, Tapyr Sandroni Jorge, João Paulo Figueiredo e Benedito Gléria

Inaguração da sala Callil João Filho

Sala Calil João Filho

A sala de convivência que surgiu nesta última intervenção, recebeu o nome Callil João Filho. A homenagem ao engenheiro agrônomo, diretor administrativo da AEAARP, foi proposta por Arlindo Sicchieri Filho. Callil tem 85 anos – e todos os dentes originais, como gosta de enfatizar – é associado à AEAARP desde 1975. Já foi conselheiro, diretor, vice-presidente e defensor incansável da renovação da associação.

Callil João Filho

AEAARP AEAARP 17 17


Bruno Matteuzzo, Ricardo Luis do Val, Ademilson Bergamasco, Rafaela Bergamasco, Susi do Val e Linda Helena Rugiero

Mauricio Pupo, Rodrigo Gomes Carvalho, Iroá Arantes, Ana Cláudia Marincek e Giulio Azevedo Prado

Tapyr Sandroni Jorge, Carlos Alencastre, Thiago Cesar Marchetti Vieira e Gumercindo Ferreira da Silva

Paulo Araújo, Gislaine Araújo e Reginaldo Sabia Darini

Elpidio Faria Junior, Luiz Antonio Bagatin, Hideo Kumasaka, Maria e José Batista Ferreira

Lairce Antoniazi Costa, Gustavo Henrique Rissato, Wilson Emílio Costa e Roberto da Silva Vomero

AEAARP

“A obra tem um simbolismo muito importante. Investimos bastante nos últimos meses, mas não somente em intervenções estéticas. A AEAARP está mais ágil, conectada, moderna e atualizada. A associação está também mais atenta às necessidades dos profissionais. Estamos mudando por dentro e por fora sem perdermos jamais a essência”, finalizou. O projeto de reforma é do arquiteto Carlos Alberto Gabarra. Revista Painel 18


indústria

Cana para salvar o mundo Pesquisadores brasileiros, americanos e europeus demonstram que em três cenários de mudanças climáticas, o etanol é eficiente como fonte de energia sustentável

A revista Nature Climate Change publicou artigo no qual os autores estimam que a expansão do cultivo de cana-de-açúcar no Brasil para produção de etanol tem o potencial de substituir até 13,7% do petróleo consumido mundialmente e reduzir as emissões globais de dióxido de carbono (CO2) em até 5,6% em 2045. O estudo refere-se à expansão em áreas que não são de preservação ambiental ou destinadas à produção de alimentos. O trabalho avaliou como a expansão da produção de etanol obtido da cana poderia contribuir para limitar o aumento médio da temperatura global a menos de 2o C por meio da redução das emissões de CO2 pela queima de combustíveis fósseis, como a gasolina, conforme acordado pelas 196 nações que assinaram o Acordo Climático de Paris em dezembro de 2015. O trabalho foi feito por pesquisadores da Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Campinas (Feagri-Unicamp), do Instituto de Biociências (IB-USP) e da Escola de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq) da Universidade de São Paulo, em colaboração com colegas da University of Illinois Urbana-Champaign e da Iowa State University, dos Estados Unidos, além da University of Copenhagen, da Danish Energy Association e do National Center for Supercomputing Applications, da Dinamarca, e da Lancaster University, do Reino Unido.

Os pesquisadores utilizaram um software desenvolvido na University of Illinois Urbana-Champaign que simula o crescimento de plantas por hora e com base em parâmetros como composição do solo, temperatura, incidência de chuva e de seca. Foi simulado o crescimento da cana no contexto das mudanças climáticas projetadas para 2040 e 2050 pelos cinco principais modelos de circulação global em três diferentes cenários. No primeiro cenário, a expansão do cultivo da cana seria limitada às atuais áreas de pastagem que poderiam ser substituídas por lavouras de cana, apontadas pelo Zoneamento Agroecológico da Cana-de-Açúcar (ZAE Cana), lançado em 2009 pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). No segundo cenário, a produção da cana seria expandida não somente para as áreas disponíveis para cultivo identificadas pelo ZAE Cana, como também para aquelas que não serão necessárias para plantio de culturas alimentares e alimentos para animais e que poderiam ser disponibilizadas para lavouras de cana, considerando o aumento na demanda de alimento nas próximas décadas devido ao aumento populacional. O terceiro cenário é igual ao segundo, com a diferença de que inclui áreas de vegetação natural e seminatural que poderiam ser convertidas legalmente em lavouras de cana. Todos os cenários excluíram áreas ambientalmente sensíveis, que não podem ser usadas para atividades agropecuárias ou industriais, como a Amazônia e o Pantanal. AEAARP 19

O artigo Brazilian sugarcane ethanol as an expandable green alternative to crude oil use, de Deepak Jaiswal, Amanda P. De Souza, Søren Larsen, David S. LeBauer, Fernando E. Miguez, Gerd Sparovek, Germán Bollero, Marcos S. Buckeridge e Stephen P. Long, pode ser lido em www.nature.com/articles/ nclimate3410.

As análises indicaram que o cultivo de cana para produção de etanol poderia ser expandido para até 116 milhões de hectares nos três cenários. Dessa forma, o etanol obtido da cana poderia fornecer o equivalente a até 12,77 milhões de barris de petróleo bruto por dia em 2045 no cenário estimado de mudanças climáticas, ao mesmo tempo em que se asseguraria a preservação de áreas de florestas e as destinadas para produção de alimentos. Com isso, seria possível reduzir entre 3,8% e 13,7% o consumo de petróleo bruto e entre 1,5% e 5,6% as emissões líquidas globais de CO2 em 2045 em relação aos dados de 2014. “Nossos resultados mostram que é possível conciliar as duas metas principais assumidas pelo Brasil no acordo de Paris: a preservação de ambientes naturais, notadamente a Amazônia, e o aumento na produção de energia renovável”, disse Marcos Buckeridge, professor do IB-USP e um dos autores do artigo. Fonte: Agência Fapesp


engenharia

Cidades inteligentes, pessoas interessadas A 10ª Semana de Engenharia da AEAARP pautou novas oportunidades na engenharia com foco em tecnologia, sustentabilidade e qualidade de vida

O engenheiro Anderson Manzoli, coordenador dos cursos de engenharia civil e de produção na Faculdade Estácio disse: “toda vez que trazem palestrantes que estão na área acadêmica, incentivam as pessoas a colocar a pesquisa em prática e a conectar a universidade com os problemas reais”. Ele se referia à necessidade de estudantes e profissionais de engenharia participarem de eventos técnicos como a 10ª Semana de Engenharia da AEAARP, que aconteceu de 23 a 25 de outubro e atraiu público de cerca de 350 pessoas nas palestras sobre o tema Cidades Inteligentes. Foi a oportunidade para estudantes como Eduardo Kasuo Sibata conhecerem a arquiteta Susanna Marchionni, que o surpreendeu ao relatar seu histórico profissional e os projetos que desenvolveu na Itália, seu país de origem, e aqueles que

Araken Mutran falou sobre o Código de Ética do CREA-SP

As palestras atraíram 350 pessoas, entre profissionais e estudantes

desenvolve no Brasil. “Conhecer esse tipo de pessoa é sempre muito legal”, disse. Jaqueline Cristina Rios é estudante de engenharia de produção e as abordagens

André Gomyde

de tecnologia e sustentabilidade das palestras devem inspirar seu projeto de conclusão de curso. “Quero seguir a área de sustentabilidade”, declarou.

Rochele Amorim Ribeiro falou sobre os modelos de cidades Revista Painel 20


O engenheiro Paulo Sinelli, coordenador técnico do evento, avalia que inspirar e conectar são dois verbos que sintetizam o evento. “Nessas oportunidades, o público tem a oportunidade de entrar em contato com experiências reais de planejamento e execução de um projeto. Desta vez, optamos por ofertar um conteúdo que seja convertido também em inspiração para a carreira”, disse.

Todas as palestras foram transmitidas ao vivo na página da AEAARP no Facebook. Os vídeos permanecem on-line e podem ser acessados a qualquer momento.

Luís Oliveira Ramos falou sobre políticas públicas do Ministério das Ciências, Tecnologia, Inovações e Comunicações

Marcelo Mancini

Marcelo Mancini, mestre em Engenharia de Transportes e graduado em Arquitetura e Urbanismo, professor do IPOG, falou sobre a experiência de organizar o sistema de transporte público no Rio de Janeiro (RJ), especialmente para grandes eventos, como o Rock in Rio e as Olimpíadas. Ele foi além e demonstrou como as cidades do futuro devem ser planejadas – para pessoas, não para as máquinas que as transportam, em sua visão – tendo em vista a mobilidade, a ocupação de espaço e a qualidade de vida. Neste sentido, o palestrante André

Gomyde demonstrou que há paradigmas a serem quebrados. Ele exemplificou: quando alguém pede para uma criança desenhar uma casa, ela colocará chaminé no seu rabisco. Deveria, na visão dele, colocar painéis fotovoltaicos, o que denotaria que as gerações do futuro estão conectadas com as alterações econômicas, sociais e comportamentais que estão por vir. “Para as engenharias, o lado bom é que há um grande caminho a ser explorado, e isso significa oportunidade para os profissionais”, avalia o coordenador técnico do evento.

Susanna é pop

Nos três dias de palestras, a sala permaneceu cheia até o encerramento da última fala. A qualidade técnica e a oratória dos palestrantes chamou a atenção do público. No primeiro dia, entretanto, as ideias inovadoras apresentadas por Susanna Marchionni fizeram dela praticamente uma superstar. #TodosFotografamComSusanna seria a hashtag perfeita para o dia. Todas as fotos estão na página da AEAARP no Facebook, para compartilhar à vontade.

#TodosFotografamComSusanna AEAARP 21


legislação

Segurança falha para pequenos agricultores

A quantidade de defensivos agrícolas utilizada no país, apesar das exigências legais de registro, é controversa. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) já divulgou que o Brasil é o maior consumidor do mundo, e seus números foram contestados. Independentemente da quantidade, há na zona rural um público que pode ser direta e negativamente afetado: a pessoa que manuseia o produto. De acordo com o Tribunal Superior do Trabalho (TST), os processos trabalhistas resultantes de acidentes chegaram a indenizações de R$ 200 milhões em processos por danos morais coletivos em 2011. No Anuário Estatístico da Previdência Social, em 2013, foram registrados 23.550 acidentes no setor agropecuário. Em 2015, último levantamento disponível, foram 19.636. Os dados são gerais, isto é, não revelam a causa do acidente. Mas a redução pode significar que normas regulamentadoras e a fiscalização podem estar surtindo efeito. Em 2005, a Norma Regulamentadora 31 (NR31) definiu regras para a segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura, com norma específica para a segurança do trabalho no manuseio de agrotóxicos, adjuvantes e produtos afins,

Imagem: wikimedia

Desde 2005, norma regulamenta medidas de segurança para aplicadores de defensivos agrícolas, que é mais usada na indústria do que no campo

a NR31.8. “A norma visa garantir a segurança do trabalhador sob aspectos físicos, químicos e ergonômicos”, diz o engenheiro agrônomo Hamilton Ramos, pesquisador do Centro de Engenharia e Automação do Instituto Agronômico (IAC). A maioria dos agricultores usa máqui-

nas na aplicação de defensivos agrícolas, mas ainda muitos trabalhadores usam os pulverizadores costais, que exigem movimentos repetitivos e podem ocasionar dores nas articulações e musculares ou, até mesmo, lesões. Em relação à toxicidade, porém, os dois métodos de pul-

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) lançou o manual Trabalhador na Aplicação de Agrotóxicos, que está disponível no endereço eletrônico da AEAARP, na área de Notícias. A publicação tem informações de caráter preventivo, utilizando princípios da ergonomia, para diminuir posturas incorretas e que podem ocasionar lesões.

www.aeaarp.org.br Revista Painel 22


verização oferecem riscos, que podem ser evitados com treinamentos e o uso adequado dos equipamentos. A capacitação dos trabalhadores expostos diretamente ao produto deve ter carga horária mínima de 20 horas, distribuídas em no máximo oito horas diárias, durante o expediente de trabalho. “Por ser uma norma do MTE [Ministério do Trabalho e Emprego], é válida para situações onde haja relação trabalhista. Portanto, não é aplicada à agricultura familiar”, explica Hamilton. A norma considera como trabalhador direto aquele que está em contato com o produto em qualquer etapa do processo: armazenamento, transporte, preparo, aplicação, descarte e descontaminação de equipamentos e vestimentas. E o trabalhador com exposição indireta é aquele que circula ou desempenha atividades em áreas próximas aos locais pulverizados. Gestantes, menores de 18 anos e maiores de 60 anos não podem manipular qualquer tipo de agrotóxico. O programa de capacitação do aplicador de agrotóxico deve abordar: as formas de exposição ao defensivo agrícola, sinais e sintomas de intoxicação, primeiros socorros, rotulagem e sinalização de segurança, medidas higiênicas durante e após o trabalho, uso de vestimentas e equipamentos de proteção pessoal e limpeza e manutenção das roupas e equipamentos. O treinamento pode ser em material escrito ou audiovisual, o mais importante é que seja apresentado em linguagem adequada ao público e assegurar a capacitação de todos. O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) é um dos órgãos oficiais que atua na formação do profissional rural. Criado pela Lei 8.315/91, o SENAR é uma entidade de direito privado, paraestatal, mantida pela classe patronal rural,

vinculada à Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Anualmente, o órgão atende gratuitamente mais de três milhões de brasileiros do meio rural. Desde que sigam o conteúdo programático da NR31.8, outras entidades também podem treinar aplicadores de agrotóxicos como, por exemplo, instituições de ensino de nível médio e superior em ciências agrárias, entidades sindicais, associações de produtores rurais, cooperativas de produção agropecuária e associações profissionais.

Pesquisadores têm buscado tecidos especiais para reduzir o grau de exposição de lavradores aos agrotóxicos. Porém, cientistas ainda estão céticos sobre alguns produtos. Veja a matéria que o portal Globo Rural fez sobre o tema, na área de Notícias, no endereço eletrônico da AEAARP.

www.aeaarp.org.br A conservação, manutenção, limpeza e utilização dos equipamentos de aplicação de agrotóxicos só podem ser realizadas por pessoas previamente treinadas e devidamente protegidas. A limpeza dos equipamentos deve ser executada de forma a não contaminar poços, rios ou córregos. Os produtos devem ser mantidos em suas embalagens originais junto aos seus rótulos e bulas e o recipiente vazio não deve ser utilizado para nenhum outro fim. O transporte simultâneo de trabalhadores e agrotóxicos é proibido em veículos que não tenham compartimentos separados. AEAARP 23

As edificações destinadas ao armazenamento de agrotóxicos devem ter ventilação natural, placas com símbolos de perigo, acesso restrito aos aplicadores, impossibilitar o acesso de animais, estar a mais de 30 metros das habitações e locais onde são conservados ou consumidos alimentos, medicamentos ou que sejam fontes de água. O armazenamento de agrotóxicos deve obedecer a legislação vigente, as especificações do fabricante e recomendações básicas como: as embalagens devem ser colocadas sobre estrados, evitando contato com o piso, as pilhas do produto devem ser afastadas da parede e do teto e as substâncias inflamáveis devem ser mantidas em local ventilado e protegido contra fontes de combustão. De acordo com o engenheiro civil e de segurança no trabalho Luis Antonio Bagatin, falta fiscalização para ver se a norma vem sendo implantada na área rural. A fiscalização deve ser feita por auditores do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), porém, segundo ele, isso só acontece quando existe denúncia do Ministério Público ou pressão popular, através de notícias veiculadas na imprensa. Segundo Hamilton, a implantação da NR31.8 acontece principalmente nas agroindústrias, que tem produção certificada ou fiscalização mais rigorosa do MTE, e reforça que nos pequenos agricultores realmente é difícil encontrar o cumprimento da norma.

Veja a matéria Toxidez dos agrotóxicos diminuiu nos últimos anos, publicada na edição 266 da revista PAINEL.


crea-sp

Código de Ética completa 15 anos Resolução foi adotada em novembro de 2002; Conselho abre Consulta Pública para mudar a condução de processos éticos

Código de Ética Art. 11. São reconhecidos os direitos coletivos universais inerentes às profissões, suas modalidades e especializações, destacadamente: I - ante o ser humano e seus valores: a) à livre associação e organização em corporações profissionais; b) ao gozo da exclusividade do exercício profissional; c) ao reconhecimento legal; d) à representação institucional. II - ante à profissão: a) identificar-se e dedicar-se com zelo à profissão; b) conservar e desenvolver a cultura da profissão; c) preservar o bom conceito e o apreço social da profissão; d) desempenhar sua profissão ou função nos limites de suas atribuições e de sua capacidade pessoal de realização; e) empenhar-se junto aos organismos profissionais no sentido da consolidação da cidadania e da solidariedade profissional e da coibição das transgressões éticas.

Nos últimos 15 anos, o mercado, a tecnologia e até mesmo o modo de ensinar as engenharias e a agronomia mudaram. O Código de Ética do CREA-SP continua o mesmo: “Art. 1º O Código de Ética Profissional enuncia os fundamentos éticos e as condutas necessárias à boa e honesta prática das profissões da Engenharia, da Agronomia, da Geologia, da Geografia e da Meteorologia e relaciona direitos e deveres correlatos de seus profissionais”. A Resolução 1.002 foi publicada no

dia 26 de novembro de 2002 e define a identidade das profissões e os princípios éticos que as regem, como o objetivo, a natureza, honradez, eficácia, o relacionamento entre os profissionais, a liberdade e a segurança, dentre outras coisas. De forma geral, a resolução explicita os deveres dos profissionais de engenharia e agronomia, em relação à conduta técnica e o relacionamento com clientes, prestadores de serviços e colegas de profissão. “É um documento necessário para Revista Painel 24

nivelar por cima a forma como todos nos relacionamos no mercado”, afirma Thiago Cesar Marchetti, chefe da unidade do CREA-SP em Ribeirão Preto.

Consulta

Até 19 de dezembro, está aberta a consulta pública do Anteprojeto de Resolução 007/2017 que substituirá a Resolução 1.004/2003, que trata do Regulamento para Condução de Processo Ético Disciplinar. A proposta prevê a revogação total da resolução de 2003. De acordo com a exposição de motivos disponível na página do CONFEA, a formulação do Anteprojeto incorpora contribuições de fóruns consultivos realizados em todo o país. Após a consulta, deliberação e votação, a medida deverá ser adotada em todo o território nacional.

Consulta pública: A íntegra do Anteprojeto e o espaço para participação na consulta estão disponíveis na internet na página Consultapublica.confea.org.br.


produtividade

Administração do Tempo - Bom Uso do Outlook Fábio Gatti, especialista em Pacote Office

Você gosta de tirar férias? Um mês inteiro de descanso, um mês para pensar somente em suas atividades pessoais, fazer aquilo que gosta, sem prazos e sem metas. Vamos entender onde queremos chegar com essa pergunta, seja você autônomo, gestor, empresário ou colaborador, que não consegue estabelecer o mesmo foco e organização aos seus e-mails como aplica a seu trabalho. Primeiramente, imagine-se em seu local de trabalho, em sua rotina comum: você está preenchendo informações no sistema, ou analisando dados no Excel, realizando apresentações. Enfim, cumprindo com suas atividades rotineiras. Eis que aparece a famosa janela de Pop-Up do e-mail, no canto inferior da tela, informando que recebeu uma nova mensagem. O que você faz? Interrompe o que está fazendo para ver se é algo importante? Ou simplesmente ignora, pois você está em um processo, que precisa ser finalizado, para então iniciar uma nova atividade? Se você se identificou com a primeira, possivelmente faz parte da maioria dos usuários, que constantemente reclamam do excesso de e-mails que recebem e da falta de tempo para executar as obrigações. Há uma série de dicas e boas práticas no uso da ferramenta de e-mails mais utilizada do mundo, o MS-Outlook, que podem lhe ajudar a melhorar sua produtividade. Nesta edição, ensinaremos uma prática de como se organizar com a leitura de novos e-mails, aplicando a regra dos 4D: Delete; Delegate; Do; Defer (delete, delegue, faça e agende, respectivamente).

• • • • • • • •

Leitura de novo e-mail. É irrelevante? Se sim: Delete Se não, questione: é para mim? Se não: Delegate (delegue) o e-mail ao responsável Se sim, questione: cumpro em menos de 3 minutos? Se sim, Do (Faça) Se não, Defer (agende)

Realizando essa prática, além de outras tantas, é possível economizar até 50 minutos/dia. Fazendo os devidos cálculos: 250 min/semana -> 16h/mês -> 192h/ano, ou seja: 1 mês de economia com e-mails no ano. E aí? Você gosta de tirar férias?

AEAARP 25


notas e cursos

Cultura O AEAARP Cultural sobre Monteiro Lobato foi comandado pela escritora Áurea Laguna. Ela falou sobre escritores infanto-juvenis e a influência social da literatura até chegar no Século XX, quando Lobato inseriu suas histórias nesse universo ocupado até então por Charles Perrault (século XVII), Irmãos Grimm (século XVIII) e Christian Andersen (século XIX). O evento contou com a participação do coral da Escola Waldorf. O evento acontece todos os meses na sede da Associação e é organizado pela arquiteta Ercília Pamplona. O próximo será no dia 23

Áurea Laguna e Ercília Pamplona

de novembro com o tema Consciência Negra. Os participantes devem levar um quilo de alimento não perecível, que é encaminhado para instituições beneficentes.

Entrada pela Rua Almirante Cunha Gago, 333.

PRÓXIMOS EVENTOS AEAARP

Thiago Marchetti Vieira é o novo gestor do CREA-SP em Ribeirão Preto e Barretos (SP). É engenheiro ambiental e antes de assumir o desafio nesta região, foi inspetor na região de Araçatuba (SP). Ele pretende melhorar as condições de trabalho nos escritórios do Conselho para atender melhor também aos profissionais. Thiago chega à Ribeirão animado. Thiago elogia a autonomia da AEAARP e diz: “É espelho para outras entidades de São Paulo”.

Escolha sempre a AEAARP na sua Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). Alínea 46 fortalece a atuação da sua entidade de classe.

23 de novembro AEAARP CULTURAL (Consciência Negra) 8 de dezembro CERIMÔNIA DO PRÊMIO PROFISSIONAIS DO ANO AEAARP 2017 8 de dezembro FESTA DOS ENGENHEIROS, ARQUITETOS E AGRÔNOMOS

46 Revista Painel 26

Mais raios Nos próximos anos, o estado de São Paulo enfrentará maior incidência de relâmpagos e trovoadas. Foi o que constataram pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em projeção que identificou uma mudança no padrão climático que influencia a incidência de raios. Independentemente do cenário estudado – um mais otimista que o outro – espera-se um aumento considerável de pelo menos 80% na ocorrência acima da média de relâmpagos. Geralmente, o fenômeno acontece quando há a formação de nuvens de grande desenvolvimento vertical, as do tipo cumulonimbus. O aumento da emissão de gases poluentes na atmosfera, por exemplo, influencia o maior desenvolvimento dessas nuvens verticais. Com mais nuvens do tipo cumulonimbus, maiores são as chances de raios se formarem.

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