Painel - edição 240 - mar.2015

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painel Ano XVIII nº 240 março/ 2015

AEAARP

EVENTO 2015 começou com a Semana de Tecnologia da Construção HISTÓRIA O quiosque que deu lugar à grande expansão do salão social MECÂNICA Engenheiros criam um motor de carro feito de plásOco

Comemorando resultados A ddiretoria dir oria dda AEAARP ffa faz uma avaliação aliação l ã dos d úl| úl mos anos comemorando ando d conquistas, como a união entre os profissionais e a grande obra de ampliação



Editorial

Eng.º Civil João Paulo S. C. Figueiredo

Neste mês, a atual gestão administra|va da AEAARP completa dois anos de mandato e se encerra. Foi um período de muito trabalho e conquistas. O início foi embasado em uma situação sólida da en|dade herdada da nossa administração anterior, que nos permi|u avançar e estabelecer em defini|vo, um modelo apropriado de gestão. Ao longo desse tempo, nos dispusemos a cumprir tudo o que nos propusemos a fazer por ocasião de nossa eleição em 2013. O aprimoramento na promoção dos eventos técnicos, a busca por novos e jovens associados, o aperfeiçoamento de convênios com en|dades de ensino e empresas, a reestruturação dos planos de saúde, a implementação de ações ins|tucionais e de interesse público, a modernização administra|va e financeira visando a eficiência, a regularização e manutenção patrimonial e o apoio aos associados com a disponibilização de espaços e de equipamentos para trabalho e lazer. Em decorrência do resultado posi|vo ob|do nessas ações, conseguimos viabilizar a implantação de uma ampliação em nossas dependências, iniciada no mês de janeiro e que deverá ser concluída proximamente, quando será disponibilizada para uso de nossos associados. Mais que isso, a grande conquista desse tempo, foi a forma de gestão implantada, onde imperou a transparência, a austeridade e a boa relação entre todos os envolvidos na administração, ou seja, os diretores, os conselheiros, os funcionários, os colaboradores e os associados. Por fim, quero deixar registrado, que quando assumi a presidência da AEAARP pela primeira vez há quatro anos, me dispus a exercer essa função nos termos do estatuto social e com todo o empenho e disposição que o cargo exige. Invoquei também a proteção de Deus. Reafirmei essa intenção há dois anos quando fui reeleito e hoje ao encerrar o período de quatro anos na presidência da AEAARP, estou convicto de que consegui a|ngir esses obje|vos. Agradeço o apoio de todos que par|ciparam e contribuíram para a obtenção desses resultados, mas principalmente dos associados, que através do voto depositaram sua confiança no grupo de colegas que trilharam juntos essa jornada. A Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto que completa 67 anos de existência, é, segundo recente declaração pública do Presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (CREA-SP), a melhor en|dade de classe da área do Brasil. Me sinto honrado por ter exercido essa função nos úl|mos quatro anos e contribuído juntamente com nossos colegas de gestão, para dar con|nuidade à grandeza de nossa en|dade, iniciada em 1948 e construída à par|r dessa data, passo a passo, por todos os gestores que nos antecederam. Deus nos protegeu. Obrigado. Eng. civil João Paulo de Souza Campos Figueiredo Presidente


Rua João Penteado, 2237 - Ribeirão Preto-SP - Tel.: (16) 2102.1700 Fax: (16) 2102.1717 - www.aeaarp.org.br / aeaarp@aeaarp.org.br

Expediente

Eng. civil João Paulo de Souza Campos Figueiredo Presidente Arq. e urb. Ercília Pamplona Fernandes Santos 1º Vice-presidente Eng. civil Ivo Colichio Júnior 2º Vice-presidente DIRETORIA OPERACIONAL Diretor Administrativo: eng. civil Hirilandes Alves Diretor Financeiro: eng. civil e seg. do trab. Luis Antonio Bagatin Diretor Financeiro Adjunto: eng. civil Elpidio Faria Júnior Diretor de Promoção da Ética de Exercício Profissional: eng. eletr. Tapyr Sandroni Jorge Diretor Ouvidoria: eng. civil Milton Vieira de Souza Leite

ASSOCIAÇÃO DE ENGENHARIA ARQUITETURA E AGRONOMIA DE RIBEIRÃO PRETO

DIRETORIA FUNCIONAL Diretor de Esportes e Lazer: eng. civil Edes Junqueira Diretor de Comunicação e Cultura: eng. civil José Aníbal Laguna Diretor Social: arq. e urb. Marta Benedini Vecchi Diretor Universitário: arq. e urb. José Antonio Lanchoti DIRETORIA TÉCNICA Agronomia, Agrimensura, Alimentos e afins: eng. agr. Gilberto Marques Soares Arquitetura, Urbanismo e afins: arq. e urb. Carlos Alberto Palladini Filho Engenharia e afins: eng. civil José Roberto Hortencio Romero CONSELHO DELIBERATIVO Presidente: eng. civil Wilson Luiz Laguna

Índice ESPECIAL

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OPINIÃO

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ENGENHARIA

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A prioridade é o coletivo

Preço da irresponsabilidade

6ª Semana de Tecnologia da Construção

ENGENHARIA

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MEMÓRIA

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Campo magnético contra o balanço

O fim do quiosque

PESQUISA

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AGRONOMIA

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INDICADOR VERDE

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CREA-SP

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Reduzindo custos de certificação

Mais tecnologia, menos agrotóxico

Para exercer a profissão em outra região, tire um visto

MECÂNICA

Motores de carros feitos de plástico

NOTAS E CURSOS

Conselheiros Titulares Eng. agr. Callil João Filho Eng. civil Carlos Eduardo Nascimento Alencastre Eng. civil Cecilio Fraguas Júnior Eng. civil Edgard Cury Eng. agr. Dilson Rodrigues Cáceres Eng. seg. do trab. Fabiana Freire Grellet Franco Eng. agr. Geraldo Geraldi Júnior Eng. mec. Giulio Roberto Azevedo Prado Eng. elet. Hideo Kumasaka Eng. civil Iskandar Aude Eng. civil José Galdino Barbosa da Cunha Júnior Arq. e urb. Maria Teresa Pereira Lima Eng. civil Nelson Martins da Costa Eng. civil Ricardo Aparecido Debiagi Conselheiros Suplentes Eng. agr. Alexandre Garcia Tazinaffo Arq. e urb. Celso Oliveira dos Santos Eng. agr. Denizart Bolonhezi Arq. Fernando de Souza Freire Eng. civil Leonardo Curval Massaro Eng. agr. Maria Lucia Pereira Lima CONSELHEIROS TITULARES DO CREA-SP INDICADOS PELA AEAARP Eng. mec. Giulio Roberto Azevedo Prado e eng. civil e seg. do trab. Hirilandes Alves REVISTA PAINEL Conselho Editorial: - eng. agr. Dilson Rodrigues Cáceres, eng. mec. Giulio Roberto Azevedo Prado, eng. civil José Aníbal Laguna e eng. civil e seg. do trab. Luis Antonio Bagatin conselhoeditorial@aeaarp.org.br Coordenação Editorial: Texto & Cia Comunicação – Rua Joaquim Antonio Nascimento 39, cj. 13, Jd. Canadá, Ribeirão Preto SP, CEP 14024-180 - www.textocomunicacao.com.br Fones: 16 3916.2840 | 3234.1110 - contato@textocomunicacao.com.br Editores: Blanche Amancio – MTb 20907 e Daniela Antunes – MTb 25679 Colaboração: Bruna Zanuto – MTb 73044 Publicidade: Departamento de eventos da AEAARP - 16 2102.1719 Angela Soares - angela@aeaarp.org.br Foto da capa: Daniela Antunes Tiragem: 3.000 exemplares Locação e Eventos: Solange Fecuri - 16 2102.1718 Editoração eletrônica: Mariana Mendonça Nader Impressão e Fotolito: São Francisco Gráfica e Editora Ltda. Painel não se responsabiliza pelo conteúdo dos artigos assinados. Os mesmos também não expressam, necessariamente, a opinião da revista.

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Horário de funcionamento AEAARP CREA Das 8h às 12h e das 13h às 17h Das 8h30 às 16h30 Fora deste período, o atendimento é restrito à portaria.


ESPECIAL

A prioridade

é o coletivo

Uma conversa entre as pessoas que trabalharam pela AEAARP nos úlgmos dois anos revela a sintonia de objegvos e ideais no balanço deste mandato e conclui pelo incengvo ao associagvismo

AEAARP AEA ARP

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ESPECIAL

A diretoria da AEAARP nos últimos dois anos foi harmonicamente composta por engenheiros, arquitetos e agrônomos

“Estou na associação desde 1977, formei em 1975. E estou porque quero. Não adianta você querer forçar as pessoas.” João Paulo Figueiredo

João Paulo Figueiredo Revista Painel

Dois anos depois de tomar posse pela segunda vez como presidente da AEAARP, o engenheiro João Paulo Figueiredo diz que cumpriu os obje vos aos quais se propôs que foram os de pautar o trabalho com uma agenda posi va, de valorização da harmonia e a sintonia entre os associados, apostando na convergência de ideias e posições. “Conseguimos

fazer com que a gestão fosse posi va na agenda técnica, ins tucional, social e na agenda de prestação de serviços aos associados, uma vez que vemos importantes conquistas, como, por exemplo, em relação aos contratos dos planos de saúde”, comenta. Assim como a agenda que se propôs a cumprir, João Paulo também faz uma


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avaliação posi va dos resultados ob dos em diversas áreas. “Quando eu cheguei, exis am questões programadas, contratadas, e eu acho também que uma administração séria e austera, sem deixar de fazer o necessário. Tudo o que foi pedido, solicitado e conversado foi feito e sempre ve a preocupação de recorrer à diretoria e ao conselho para decidir tudo o que estávamos fazendo”, diz ele em relação à gestão da en dade. João Paulo com os ex-presidentes da AEAARP - respeito à história e sintonia

“Os conselhos (CREA e CAU) são obrigatórios. A Associação é uma engdade facultagva, vem para cá quem quer. Eu dificilmente fico atrás das pessoas para que venham para a Associação. Elas têm de vir por vontade própria. Se não for assim, não fica. A pessoa tem de perceber e entender que a Associação está aqui para ser posigva para o associado.” João Paulo Figueiredo

Ercília Pamplona

A convergência valorizada por João Paulo como resultado de seu mandato deu-se principalmente no es~mulo à convivência entre os associados e o respeito às opiniões expressas e deba das na en dade. No passado, por razões pessoais ou disputas pontuais, ele conta que, no decorrer do tempo, algumas pessoas se afastaram da en dade. E ressalta que nos úl mos dois anos houve uma reaproximação. “Tivemos dois anos de céu de brigadeiro, sem desavenças, salvo coisas que foram superadas. Conseguimos indicar uma pessoa muito bem capacitada para ser o sucessor. Este grupo tem a mesma filosofia com a qual trabalhamos nos úl mos anos”, explica.

Milton Vieira Leite AEAARP


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ESPECIAL

Para o engenheiro Milton Vieira Leite, diretor de Ouvidoria da AEAARP, o êxito observado por João Paulo deveu-se ao empenho de todos em tomar decisões cole|vamente. “Todos fomos convocados para as reuniões e a gente par|cipava de tudo. Em nenhum momento houve divergência que não fosse sobre a discussão do assunto, sem ranço”, lembra. “Foi um modelo na forma de divulgar novas tecnologias, valorizar os profissionais e impedir que se faça da en|dade um trampolim para benescio pessoal”, observa Milton. Milton e João Paulo ressaltam que o equilíbrio financeiro alcançado pela en|dade possibilitou o inves|mento seguro na ampliação do salão nobre, uma obra que está em andamento e que vai proporcionar um novo perfil de atendimento para eventos na en|dade.

José Aníbal Laguna, Ercília Pamplona e Edinéia de Araújo Torres trabalham cotinianamente na obra

Modelo

O engenheiro agrônomo Callil João Filho diz que a gestão que se encerra construiu um modelo de gestão que deverá ser seguido pelas demais. “Nós temos dupla responsabilidade: perpetuar o modelo e dinamizar a associação”, conclui. O diálogo entre os profissionais congregados pela AEAARP – engenheiros, arquitetos e agrônomos – com respeito às suas caracterís|cas é, para Callil, um exemplo de grande sinergia experimentada nestes úl|mos anos. “Cada um de nós é bem menor que a associação e temos que transformar a en|dade em berço de harmonia, pro-

dução e produ|vidade”, diz. Para ele, um dos desafios é o de atrair jovens. “Temos de buscar uma oxigenação, com jovens, ideais, espírito de coragem e cole|vidade. Só erra agora quem quer, e será por vaidade ou imposição de ideias”. A arquiteta Ercília Pamplona foi a primeira mulher a ocupar a presidência da en|dade e sente-se gra|ficada por ter composto uma diretoria com sete arquitetos. Na condição de vice-presidente, ela assumiu o posto em períodos de afastamento de João Paulo. Ele lembra que quando Ercília foi indicada ao cargo sequer a conhecia, mas depositou no grupo que o acompanhava toda a

“A pargcipação de cada um independe de cargo na diretoria ou conselho.” José Aníbal Laguna

Revista Painel

José Aníbal Laguna


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“Temos de ser leão, e não um rato que ruge.” Callil João Filho

Callil João Filho

O associa vismo no Brasil A reunião de pessoas em torno de um mesmo obje vo – ins tucional, profissional, religioso, polí co ou beneficente – tem registros desde a an guidade. Algumas fontes indicam que o associa vismo já exis a no berço da civilização, em Roma e na Grécia an gas. No Brasil, este modelo de organização foi formatado por lei a par r de 1860. Qualquer pessoa poderia fundar uma associação, inclusive os escravos. Porém, não bastava querer, a corte imperial precisava aprovar o surgimento do grupo e, posteriormente, seu estatuto, segundo Ronaldo Pereira de Jesus, que apresentou ar go sobre o tema à Universidade Federal de Juiz de Fora (MG).

José Aníbal Laguna, Milton Vieira Leite, João Paulo Figueiredo, Callil João Filho e Ercília Pamplona vistoriam a obra

confiança necessária para tê-la como parceira neste processo. “E foi uma grata surpresa, uma grande profissional e companheira de trabalho”. O engenheiro José Aníbal Laguna, diretor de Comunicação, lembra que a en dade promoveu uma mudança estatutária para abrigar os arquitetos, uma vez que se desvincularam do CREA para

aderir ao CAU, criado recentemente. Para ele, os avanços conquistados pela en dade nos úl mos anos proporcionaram uma solidez que não pode ser ameaçada. Para Callil, “a terra só é boa se ela for cul vada, se não ver uma semente boa, também não fru fica, não aparece, torna-se um ser inerte. E a associação é terra boa”. AEAARP


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OPINIÃO

Preço da

irresponsabilidade

Por Marcos Cintra

Marcos Cintra* Doutor em Economia pela Universidade Harvard (EUA), professor gtular e vice-presidente da Fundação Getulio Vargas

Entre 2013 e 2014 o rombo nas contas públicas mais que dobrou no Brasil, passando de 3,25% para 6,7% do PIB. Ano passado o déficit nominal brasileiro foi o maior em uma década e hoje é um dos mais elevados do mundo, ficando atrás apenas de Venezuela (12%), Egito (11,9%) e Japão (8%). A má gestão orçamentária criou uma situação de descalabro nas contas públicas e, por conta disso, o país está iniciando um severo ajuste fiscal. É o preço que o brasileiro vai pagar por causa de intervenções desastradas do governo na economia ao longo dos úl mos anos e pelas ações populistas e irresponsáveis que destruíram fundamentos que Revista Painel

levaram anos para serem consolidados, como os sistemas de meta de inflação e de superávit primário. Vale lembrar que em junho de 2013, em uma audiência pública na Câmara dos Deputados, o então ministro da Fazenda, Guido Mantega, exaltava a polí ca econômica dizendo que o país caminhava para um déficit zero e que “não há como ques onar a solidez das contas do governo”. Como em outras ocasiões, Mantega errou. O déficit não só dobrou de tamanho em apenas um ano e a tal “solidez das contas do governo” não passou de palavras sem fundamento. O resultado nega vo de 6,7% do PIB nas contas do governo representa a diferença entre o total da receita e o total da despesa ao longo de 2014, incluindo o pagamento dos juros da dívida pública. O déficit apurado se revelou pior que o apurado em países que es veram no centro da crise europeia, como Grécia (déficit de 4% do PIB) e Espanha (déficit de 5,6% do PIB). Cumpre destacar que a deterioração fiscal brasileira deriva da destruição da polí ca de geração de superávit primário, calculado antes das despesas com os juros da dívida pública, cuja adoção se deu em 1999. Esse sistema foi essencial para reduzir o endividamento público e ajudou a melhorar a confiança

dos inves dores externos no Brasil. Nos úl mos anos houve um claro abandono pelo governo federal desse regime em nome de uma polí ca orçamentária de cunho meramente eleitoreiro e assistencialista, que fez o saldo posi vo das contas da União, que chegou a 2,5% do PIB no período 2007-08, encerrar 2014 com déficit em 0,3% do PIB. Os erros e os desmandos observados nos úl mos anos levaram a atual situação fiscal. Para tentar consertar o estrago foi convocado o ministro Joaquim Levy, cuja missão será pilotar um ajuste da ordem de mais de R$ 100 bilhões este ano. Algumas ações já foram divulgadas e envolvem a elevação de tributos e a redução de gastos em áreas da seguridade social e do financiamento estudan l, por exemplo. Novas e duras medidas devem ser anunciadas ao longo do ano. Este e o próximo ano, pelo menos, vão exigir enormes sacrixcios dos contribuintes, empresários e trabalhadores brasileiros. É preciso recuperar novamente a credibilidade na esfera das contas públicas, ob da a duras penas a par r do final dos anos 90, cujo preço será uma combinação de recessão, desemprego e mais impostos. A irresponsabilidade fiscal do atual governo fará com que o país ande para trás.


ENGENHARIA

6ª Semana de Tecnologia da Construção Sistema logísgco de transportes do estado, sistemas impermeabilizantes e a implantação do VLT carioca foram os destaques da semana

A Semana de Tecnologia da Construção abriu a agenda de eventos técnicos da AEAARP em 2015

João Paulo Figueiredo

Sob a coordenação técnica do engenheiro civil João Paulo Figueiredo, presidente da AEAARP, a 6ª Semana de Tecnologia da Construção foi pautada por alterna|vas tecnológicas, sobretudo no que diz respeito ao sistema de transporte. Na palestra de abertura, o engenheiro agrônomo Antônio Duarte Nogueira Júnior, secretário de Logís|ca e Transportes do Estado de São Paulo, apresentou um relato sobre o setor e expôs os inves|mentos que serão feitos nos próximos anos. O engenheiro civil José Mario Andrello mostrou a aplicação e importância dos

sistemas de impermeabilização. Na úl|ma palestra, o engenheiro civil Mateus Araújo e Silva mostrou a experiência da implantação do modelo de transporte com Veículos Leves Sobre Trilhos (VLT) na cidade do Rio de Janeiro (RJ). João Paulo considera que o primeiro evento técnico do ano abriu com qualidade o ano de 2015. “Os inves|mentos nos eventos técnicos significam inves|mentos no futuro de nossas carreiras e de nossos colegas”, observa. Veja a seguir o resumo das palestras. Os vídeos com a íntegra estão disponíveis na sede da Associação. AEAARP

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O Sistema Logís|co de Transportes do Estado de São Paulo

Antônio Duarte Nogueira Júnior, engenheiro agrônomo e secretário de Logís|ca e Transportes do Estado de São Paulo Antônio Duarte Nogueira Júnior apresentou dados nacionais, estaduais e da região administra|va de Ribeirão Preto. Ele se concentrou principalmente nas informações acerca do sistema de transportes. Apresentou dados da Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) que demonstram que no quadriênio 2011-2014, Ribeirão Preto recebeu melhorias e manutenção na pavimentação do Anel Viário, a entrega do viaduto Henri Nestlé e o Trevo Waldo Adalberto da Silveira, mais conhecido como Trevão. Já no triênio 2015-2018, estão previstos R$ 228 milhões em in-

Antônio Duarte Nogueira Júnior Revista Painel

Estudantes e profissionais participaram do evento

ves|mentos rodoviários na Região Administra|va de Ribeirão Preto. Destes, R$ 68 milhões serão só para a cidade de Ribeirão Preto. Duarte Nogueira ressaltou que o estado de São Paulo tem 198 mil km de estradas e que apenas 1.055 km são rodovias federais – Presidente Dutra, Régis Bitencourt, Fernão Dias e Transbrasiliana. As outras dividem-se da seguinte forma: 22 mil km são rodovias estaduais, sendo que 6.600 km são administrados pela inicia|va privada e os 170 mil km que restam são municipais, dos quais 14.500 km são asfaltados e o restante são estradas de terra. O secretário faz uma comparação com Roma (Itália), que há dois mil anos |nha 100 mil km de estradas sob o comando do Império Romano, sendo que naquela época a região abrigava cerca de 43 milhões de pessoas. “Percebemos que pouco inovamos no que diz res-

peito à fonte de receita para construir rodovias. Faço este paradoxo para provocar os engenheiros e tomadores de decisão para buscarem mais inovação, parcerias, planejamento em longo prazo e qualidade nas obras”. “Temos que pensar na intermodalidade para melhorar a logís|ca de transporte e incrementar outros modais: ferroviário, hidroviário, dutoviário e aeroviário”, alerta Nogueira. Hoje, a movimentação ferroviária de açúcar produzido na região de Ribeirão Preto, por exemplo, representa 17,7% do total de produtos transportados por este modal no estado de São Paulo. Ribeirão Preto tem o quarto aeroporto mais movimentado do estado, ficando atrás dos aeroportos Internacional de Guarulhos, de Congonhas e Internacional de Viracopos. O secretário contou que, em janeiro deste ano, reuniu-se com o ministro da Secretaria de Aviação Civil para


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tratar das obras no Aeroporto Leite Lopes, de Ribeirão Preto, que contará com o deslocamento da pista, aumento do pá|o e do terminal de passageiros e, assim, tornar-se um aeroporto internacional. Duarte Nogueira finalizou a palestra afirmando que a Secretaria de Logís|ca e Transportes poderá contribuir muito para o diagnós|co do potencial da região de Ribeirão Preto no que diz respeito ao Plano Diretor de Logís|ca e Transportes (PDLT 2030).

Sistemas de Impermeabilização – NBR 9575/2010 – Solução e Projeto

José Mario Andrello, engenheiro civil e diretor da Petra Consultoria

A impermeabilização é uma das prin-

José Mário Andrello

cipais ferramentas de proteção das estruturas contra a infiltração de água. E existem várias normas para projetar e executar esse sistema de proteção. “É muito importante que todos esses conceitos sejam bem observados na hora de fazer e executar o projeto”, ressalta o engenheiro civil José Mario Andrello. A impermeabilização tem de estar prevista em todas as fases da obra: telhados e coberturas, terraços, calhas de escoamento da água, caixas d’água, piscinas, floreiras, paredes externas, esquadrias, peitoris de janelas, soleiras de portas, muros de arrimo. “Deve-se pegar os projetos de estrutura, hidráulico e elétrico e compa|bilizar com o projeto de impermeabilização. A falha de um, afeta diretamente no outro”, diz. Hoje, existem 24 sistemas de impermeabilização norma|zados, no entanto “existem inúmeros fabricantes no mercado, com mais de 500 produtos com

desempenhos variados”, complementa Andrello. A qualidade da mão de obra é outro fator determinante para a instalação eficaz do sistema de impermeabilização. “A contratação de empresa especializada é mais cara do que a de um empreiteiro, porém a empresa está capacitada e, além disso, ela emite a ART se responsabilizando por eventuais problemas”. O sistema de impermeabilização torna-se complexo porque envolve muitas normas. “É preciso conhecer as normas, os |pos de concreto, os materiais e os sistemas impermeabilizantes para garan|r o bom desempenho do produto”.

AEAARP


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A impermeabilização deve sempre ser feita com substratos novos, em locais limpos e sem sujeira e contaminações. “Já vi obras com dois ou três sistemas de impermeabilização aplicados um em cima do outro e que con|nuam vazando. Tem que arrancar tudo e refazer”. Andrello afirma que prever o escoamento da água de forma adequada garante em até 40% a eficiência de drenagem do sistema. Além disso, o engenheiro ressalta que o construtor sempre deve deixar um manual de uso para o proprietário. “O manual serve como guia. Por exemplo, se uma cozinha não tem ralo, não pode ser lavada. Ou o proprietário não pode re|rar determinado piso que está sobre um sistema impermeabilizante, porque poderá romper esse sistema e gerar danos futuros”.

Da chuva, do lençol freá|co ou por condensação, a água pode aparecer de várias formas e pode tornar-se um perigo para as construções. “Existem danos nas edificações que incomodam este|camente e são insalubres como, por exemplo, o mofo. Porém, há outros danos que são muito sérios como a corrosão de uma laje”. A alcalinidade do concreto, que chega próximo a 13, é o que protege uma estrutura da corrosão. “Para garan|r a qualidade de qualquer sistema de impermeabilização, o ideal é que os cantos das estruturas sejam arredondados, pois assim facilita o serviço e evita pontos falhos na aplicação”. Existem muitos |pos de infiltração: percolação da água, capilaridade, condensação. E para cada um desses existe um sistema de impermeabilização adequado. “Deve-se levar em conta o |po de estrutura, do substrato, se a obra é abrigada ou exposta ao tempo e as influências que ocorrerão pela ação da água, da umidade e dos vapores sobre a obra”, finaliza o engenheiro.

Projeto do VLT no Rio de Janeiro

Mateus Araújo e Silva, engenheiro civil da Consultoria Cita|s

José Aníbal Laguna Revista Painel

O engenheiro civil Mateus Araújo e Silva par|cipou do projeto do Veículo Leve sobre Trilho (VLT) que ligará o centro da cidade do Rio de Janeiro-RJ à região portuária do município, projeto conhecido como VLT carioca – Porto Maravilha. Com 28 quilômetros de extensão, o sistema de transporte terá

seis linhas, 42 estações com distância média de 400 metros entre elas. “A ideia do VLT carioca existe há, pelo menos, cinco anos”, diz. O projeto ligará importantes pontos da cidade como o Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Praça Mauá, Praça XV, Avenida Beira Mar entre outros. As caracterís|cas básicas deste projeto são: ambiente clima|zado, fácil acesso, integração com metrôs, trens e ônibus e baixa emissão de gás carbônico. “Europa e Estados Unidos u|lizam muito os veículos sobre trilhos. E essa ideia voltou com tudo para o Brasil com a promessa de revitalização do espaço urbano”. A região central do Rio de Janeiro sofreu forte degradação ao longo dos anos, comenta o engenheiro, e a inserção de um VLT é uma das soluções que contribuirá com a revitalização do espaço. “Além disso, esse transporte é ecologicamente menos degradante do que os ônibus”, ressalta Silva. Com o novo uso do solo e a mudança na mobilidade urbana, a expecta|va de emprego aumenta na região. “O padrão mais frequente de viagem é o trajeto casa-trabalho. Educação também é um forte polo gerador de viagens”. Para construir um quilômetro de VLT são inves|dos R$ 45 milhões. Já a construção de um quilômetro de metrô passa de R$ 80 milhões, segundo o engenheiro. Além do circuito feito pelos passageiros, a construção do VLT tem de prever o pá|o de manobra e como será feita a manutenção e o sistema operacional. “Quem paga essa conta? O usuário do sistema”. Em novembro de 2010, começaram


revistapainel 15

os estudos técnicos para a implantação do VLT carioca. Foram feitos cinco relatórios que abordaram os seguintes aspectos: estudo de demanda, projeto funcional, projeto básico, modelagem econômico-financeira e modelagem jurídico-ins|tucional. Silva atuou na primeira etapa deste projeto. A es|ma|va de demanda de passageiros é baseada em algumas premissas: definição dos |pos de viagens realizadas na área em questão, levantamentos de dados através de pesquisas e abordagem sobre o comportamento dos usuários. “Fazemos pesquisas para definir quem são os usuários potenciais do VLT”. Essas pessoas estão divididas nas seguintes classes: não-motorizados (andantes ou ciclistas), motoristas, passageiros (seja de táxi ou carona),

Mateus Araujo e Silva

ônibus, metrô e van. “O VLT concorre com esses outros meios”, porém tem algumas observações a serem levadas em consideração. O ciclista ou andante, explica o engenheiro, dificilmente migra para o modo de transporte motorizado. E o passageiro que recebe carona também. Portanto, esses grupos são desconsiderados nos cálculos dos futuros passageiros do VLT carioca. O Modelo Logit Mul|nomial serviu como base para a pesquisa de demanda do usuário do VLT carioca. Silva pondera que os principais fatores de escolha de um meio de transporte pelo usuário são tempo e custo. A pesquisa também revelou o comportamento dos usuários dos modos cole|vos (trens, vans, ônibus) e individual motorizado (automóvel, moto, táxi) da área do Porto Maravilha e es|mou o con|ngente de usuários que poderão migrar para o uso do VLT. Todo esse processo depende de algumas variáveis como, por exemplo, atributos dos modos de viagens (tempo, custo, conforto e confiabilidade), polí|cas públicas de transporte (u|lização de bilhete único), caracterís|cas do usuário (mo|vo da viagem: trabalho ou estudo, renda domiciliar). No caso do VLT carioca foram entrevistados 236 indivíduos da classe individual motorizado e 1994 pessoas da classe cole|vo.

ANUNCIE NA PAINEL

16 | 2102.1719

angela@aeaarp.org.br

AEAARP


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ENGENHARIA

Campo magnético contra o balanço

Em Shanghai, engenheiros usam um gigantesco ímã para estabilizar os 630 metros da torre de 121 andares

Engenheiros e arquitetos sabem bem que grandes construções não são estruturas estáveis. Em razão dos ventos, prédios muito altos podem passar por situações que promovam movimentação. Para resolver esta questão e evitar a fadiga dos materiais, os engenheiros responsáveis pelo projeto da torre Shanghai Tower (construída no distrito financeiro de Pudong de Shanghai, a maior cidade da China) decidiram usar um sistema ambicioso. Em vez de u lizar apenas os pêndulos, que são escolhidos geralmente para a compensação dos movimentos, eles instalaram um ímã gigantesco. Eles esperam que nenhum po de sensação seja sen da por quem es ver nos 121 andares da torre chinesa, mesmo entre aqueles que es verem no topo dos mais de 630 metros que fazem parte da obra. O sistema funciona da seguinte forma: cabos de aço seguram um pêndulo — com 1.000 toneladas de aço —, que é man do em inércia para a verificação de possíveis instabilidades. Para evitar que todo esse peso cause balanços ainda maiores, grandes amortecedores hidráulicos são instalados nas bases do pêndulo. Abaixo de tudo isso está o ímã. O objeto é composto por 125 ímãs de alto campo, aplicados sob uma grande estrutura de cobre (disposta em uma placa de 10 metros por 10 metros). Quando Revista Painel

Fotos Sinelab


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alguma instabilidade é sen da no prédio, o pêndulo acima se move e a va uma corrente elétrica no “prato de cobre”, que consegue criar um campo contrário às forças externas e mantém tudo no lugar correto. Toda a energia necessária é criada no próprio sistema. A a vação dos campos magné cos é capaz de transformá-los em energia elétrica, dispensando qualquer fonte externa. O resultado é estabilidade em toda a construção, mesmo com for~ssimos ventos, e racionalidade no uso da energia. Fonte: Insgtuto de Engenharia

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MEMÓRIA

O fim

do quiosque O primeiro espaço de convívio social da AEAARP foi demolido para dar lugar à ampliação do salão de festas

No final dos anos de 1980 a sede da AEAARP resumia-se a um andar, com salas que hoje são ocupadas pelo CREA-SP. O engenheiro Juarez Correia Barros Junior era o presidente. A en dade nha espaços para reuniões formais, mas carecia de um lugar para o convívio social. “O Juarez pediu ajuda para as construtoras e eu convenci aquela onde eu trabalhava em colaborar com a en dade”, lembra o engenheiro José Ba sta Ferreira, Revista Painel

recém-chegado à cidade. Ele conta que o inves mento foi o equivalente à metade do preço de uma casa de conjunto habitacional. O quiosque foi o primeiro espaço de convívio social da AEAARP, onde foram realizados encontros fes vos e reuniões. Para José Ba sta, essas oportunidades são importantes para criar afinidades, expor contrapontos e, desta forma, ampliar vínculos de amizade e profissionais. “Assim surgem

João Paulo Figueiredo e José Batista Ferreira


Destine 16% do valor da ART para a AEAARP (Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto)

Agora você escreve o nome da entidade e destina parte do valor arrecadado pelo CREA-SP ideias e diminuem as diferenças”, opina. José Ba sta lembra que anos mais tarde o propósito do quiosque foi estendido para o salão de festas. “Foi uma semente que prosperou, fru ficou”, conclui ao avaliar a demolição do lugar. A área passa a ser ocupada pela laje de ampliação do salão de festas e pela área de apoio para os serviços necessários à realização de eventos. “Há a necessidade de os associados

entenderem que todos os vetores podem construir algo posi vo, e isso vem do convívio, desde o estagiário até o empresário”, opina. O engenheiro João Paulo Figueiredo, presidente da AEAARP, lembra que par cipou de encontros realizados no quiosque. “A en dade precisa atender às necessidades dos tempos atuais, estar conectada com as mudanças e com o seu próprio crescimento, valorizando sempre as inicia vas que nos trouxeram até aqui”.

diretamente para a sua entidade

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PESQUISA

Reduzindo custos de certificação

Pesquisadores desenvolveram técnica para aumentar a precisão das informações de medidas inerciais

Projeto de pesquisa da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, do Ins tuto de Ciências Matemá cas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) visa o mizar a precisão e a confiabilidade das unidades de medidas inerciais — sensores compostos por um magnetômetro, um acelerômetro e um giroscópio — que não passaram por um processo de cer ficação. O projeto foi selecionado na primeira chamada do Programa em Pesquisa eScience, lançado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Dependendo da aplicação, os sensores precisam passar por um processo de cer ficação, porém isso os encarece muito. Esse po de procedimento é obrigatório, por exemplo, nos sensores das aeronaves que precisam transmi r um sinal altamente confiável para a Revista Painel

cabine de controle. Em contrapar da, existem sensores que, dependendo do uso, não necessitam de cer ficação como, por exemplo, aqueles usados em veículos terrestres e aéreos não tripulados de pequeno porte. O grupo de pesquisa coordenado pelo professor Marco Terra, do Departamento de Engenharia Elétrica e de Computação da EESC, conseguiu desenvolver técnicas para aumentar a precisão das informações das unidades de medidas inerciais. Chamadas de “Filtragem Robusta”, elas complementam a leitura dos algoritmos conhecidos como filtros de Kalman — um algoritmo pode ser entendido como um conjunto de ações que, quando executadas em uma determinada sequência, levam a um resultado específico desejado — e ajudam a minimizar alguns ruídos na transmissão de dados. “Os estudos desses algoritmos têm

sido publicados em revistas internacionais e têm contribuído com a teoria de sistemas de controle e de filtragem. Estamos agora aplicando essas técnicas na robó ca, em par cular em veículos autônomos”, comentou o professor.

Medidas inerciais

As leituras das unidades de medidas inerciais que não são cer ficadas, e por isso de baixo custo, apresentam em geral menor precisão do que as das unidades cer ficadas. Para aumentar a confiabilidade dessas medidas, a pesquisa busca implementar filtros recursivos robustos em FPGA (Field Programmable Gate Arrays) — um po de hardware que pode ser programado para uma ou mais funções específicas do usuário — no sistema embarcado que irá receber as informações das unidades de medidas inerciais e comandar as ações do caminhão autônomo com segurança.


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“Desenvolvemos a teoria de es ma va de variáveis em tempo real. Desse modo, assim que os dados são gerados, eles também são processados e uma interpretação é dada no mesmo instante para es mar o que vai ocorrer no futuro próximo”, explicou Terra. A pesquisa, que está em desenvolvimento, é aplicada em um caminhão autônomo — que dispensa motorista — para desenvolver es ma vas de variáveis em tempo real, como velocidade, distância e posicionamento. As unidades de medidas inerciais transmitem as informações captadas, e posteriormente o algoritmo faz a leitura de cada variável e transmite a um sistema que por sua vez realiza o comando final.

“A junção dos dados da unidade de medida inercial com a precisão da leitura através da ‘Filtragem Robusta’ pode dar a autonomia necessária para o veículo andar sem motorista ou ser um grande auxílio para prevenir acidentes aumentando a sua capacidade de dirigibilidade”, explicou o professor. O estudo será desenvolvido por um período de dois anos. “A expecta va é de que a pesquisa gere uma patente”, afirmou Terra. O projeto de pesquisa coordenado pelo professor Terra, chamado de “Sistema de referência de a tude, orientação e posição baseado em filtro de Kalman robusto implementado em FPGA” foi um dos quatro selecionados na primeira chamada do Programa em Pes-

quisa eScience. Lançado pela Fapesp, o programa pretende explorar avanços de estudos em computação que ajudem a vencer desafios cien~ficos e tecnológicos em outros domínios, e vice-versa. A inicia va da Fapesp, lançada em 2013, também busca organizar, classificar, visualizar e facilitar o acesso ao gigantesco volume de dados constantemente gerados em todos os campos de pesquisa, a fim de obter novos conhecimentos e fazer análises abrangentes e originais. O termo eScience muitas vezes é considerado sinônimo da ciência desenvolvida a par r da análise de grande quan dade de informações, pois resume o desafio de pesquisa conjunta. Fonte: Agência USP

AEAARP


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AGRONOMIA

Mais tecnologia,

menos agrotóxico As gotas produzidas pelo equipamento têm diâmetro de 40 micrômetros, o que aumenta a eficácia da técnica

Aldeir Chaim

O sistema de pulverização eletrostá ca desenvolvido pela Embrapa reduziu mais de 90% a quan dade de agrotóxicos comumente aplicada na pulverização convencional. Esta foi a conclusão de uma avaliação feita pela B&D Equipamentos Agrícolas que testou a tecnologia em estufas da empresa Kiara Foods para o controle da mosca-branca em hortaliças, praga considerada de dixcil controle e ataca diversas espécies vegetais. A Embrapa assinou recentemente um contrato de licenciamento para a produção e comercialização do pulverizador pneumá co eletrostá co. Os resultados dos testes surpreenderam o pesquisador Aldemir Chaim, da Embrapa Meio AmRevista Painel

biente (SP), que coordenou o desenvolvimento da tecnologia. “Além dos aspectos relacionados à economia para o produtor, deve ser levada em consideração a redução de impacto ambiental pela diminuição das perdas de agrotóxico e de resíduos nos alimentos,” pondera o pesquisador informando que a Embrapa deverá realizar mais testes em campo para comprovar esses resultados, inclusive u lizando o equipamento para aplicar produtos biológicos. “Com a pulverização eletrostá ca, as ninfas [insetos na fase jovem] que se escondem na parte inferior das folhas são a ngidas pelo químico aplicado,” diz Chaim. Ele explica que eficiência é

decorrente da atração eletrostá ca do agrotóxico: o produto possui uma carga elétrica oposta à da planta, o que provoca sua aderência mesmo nas áreas de dixcil acesso, como a parte de baixo das folhas, por exemplo.

Segundo o Ins tuto Nacional do Câncer (INCA), são consumidas 1 milhão de toneladas de agrotóxicos anualmente no país, o que equivale a um consumo médio de 5,2 kg de veneno agrícola por pessoa.


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INDICADOR VERDE Com pedido de patente solicitado em 2013, o bico pneumá co eletrostá co da Embrapa produz um dos maiores índices de carga de eletrificação de gotas já registrados no mundo para esse po de equipamento, o que resulta em maior atração à superxcie das plantas. Chaim detalha que o resultado também ocorre devido ao tamanho reduzido das gotas que o disposi vo da Embrapa produz. “Com diâmetro abaixo de 40 micrômetros, as gotas são levadas para o interior das plantas pelo próprio jato de ar que pulveriza o líquido proporcionando o a ngimento de regiões escondidas,” explica. Um fio de cabelo fino, por exemplo, tem cerca de 60 micrômetros de diâmetro. Outra vantagem da tecnologia no combate ao inseto é uma turbulência produzida pelo bico que provoca o voo das moscas. “Esses insetos em voo se chocariam imediatamente com uma gigantesca nuvem de minúsculas gotas eletrificadas, essa é minha hipótese para explicar em parte essa grande eficácia da tecnologia,” analisa Chaim. Além das vantagens econômicas, a redução da quan dade de agrotóxicos também resulta em menor impacto ambiental provocado por perdas e carreamento desses químicos bem como reduz seus resíduos nos alimentos. Para o pesquisador, o custo de desenvolvimento de novas moléculas de agrotóxicos é extremamente oneroso para

as indústrias. Não é raro o aparecimento de resistência das pragas a moléculas de agrotóxicos, o que gera grandes prejuízos financeiros para essas empresas, pois são obrigadas a re rá-los do mercado antes de recuperarem os seus inves mentos de pesquisa. Assim, uma tecnologia de aplicação de agrotóxicos mais eficientes, pode aumentar a vida ú l de comercialização dos agrotóxicos, bem como a eficiência no controle das pragas e doenças. O Laboratório de Tecnologia de Aplicação de Agrotóxicos da Embrapa Meio Ambiente estuda a pulverização eletrostá ca desde 1984. “Trata-se de um trabalho muito complexo que exige considerar variáveis como posicionamento de eletrodos, influência da vazão dos líquidos, riscos de fuga de corrente, entre outros”, detalha. Para complicar, as caldas de agrotóxicos apresentam condu vidades elétricas diferentes, que em alguns casos, pode gerar curto-circuito com uma fina camada líquida na ponta do bico, problema que compromete a eficiência na geração das gotas eletrificadas. Desde 2006, a Embrapa Meio Ambiente desenvolveu e testou em laboratório dezenas de protó pos de pulverizadores eletrostá cos. Dependendo do po de equipamento, da cultura e alvo ar ficial, a pulverização eletrostá ca proporcionava um aumento de deposição entre 30 a 70% em relação à ob da pelos pulverizadores convencionais.

www.aeaarp.org.br Veja na área de no~cias do site da AEAARP os resultados ob dos com os testes.

25% Vai ser a redução do impacto ambiental causado pela Torre Eiffel, com a instalação de duas turbinas eólicas com capacidade para gerar juntas cerca de 10 mil kWh de energia. Esse número será suficiente para alimentar o primeiro andar da edificação, onde estão localizados os museus, lanchonetes e restaurantes do monumento. As duas turbinas de eixo ver cal foram instaladas no segundo nível da torre, a 122 metros do solo, uma posição que maximiza a captura de vento, que pode acontecer a par r de qualquer direção. As estruturas foram pintadas de forma a se “camuflarem” na arquitetura da torre. O projeto faz parte de uma revitalização, que irá es mular a sustentabilidade e preservação d o s r e c u rs o s d o p l a n e t a . A renovação do monumento irá custar € 30 milhões (R$ 97 milhões). Fonte: info.abril.com.br

AEAARP


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CREA-SP

Para exercer a profissão em outra região,

tire um visto

O ar go 69 da Lei nº 5.194/66, que regulamenta as profissões nas áreas da engenharia, agronomia, geologia, geografia e meteorologia, determina que somente poderão par cipar de licitações empresas e profissionais que apresentem visto do Conselho Regional da jurisdição onde a obra, o serviço técnico ou projeto deva ser executado. Essa aplicação foi reforçada pela previsão con da no inciso I do Ar go 30 da Lei nº 8.666/93, que autoriza o órgão ou en dade licitante a exigir, para fins de qualificação técnica dos interessados, registro ou inscrição na en dade profissional competente. Conforme Resolução 413/93 do CONFEA, a pessoa jurídica registrada em qualquer Conselho Regional, quando for exercer a vidades em caráter temporário na jurisdição de outro Regional, fica obrigada a auten car nele o seu registro, concedido para os seguintes efeitos e prazos de validade: - Execução de obras ou prestação de serviços: não será superior a 180 dias e poderá ser concedido para a vidades parciais do objeto social da pessoa jurídica. Será válido para exercer as a vidades, com os respec vos responsáveis técnicos, na jurisdição do CREA onde serão executadas as a vidades técnicas. O responsável técnico da pessoa jurídica para cada a vidade a ser exercida na nova região, deve estar registrado ou com o respec vo registro visado no Conselho Regional onde for requerido o visto. Revista Painel

- Participação em licitações: será concedida até a validade da cer dão do CREA de origem da empresa somente para par cipação em licitações na jurisdição do CREA onde será realizado o cer-

tame. Esse po de visto não tem validade para a execução de obras ou prestação de serviços, cumprindo à pessoa jurídica, caso seja vencedora, solicitar seu visto para execução de obras.

Unidades dos CREAs Acre Alagoas Amapá Amazonas Bahia Ceará Distrito Federal Espírito Santo Goiás Maranhão Mato Grosso Mato Grosso do Sul Minas Gerais Pará Paraíba Paraná Pernambuco Piauí Roraima Rondônia Rio de Janeiro

www.creaac.org.br www.crea-al.org.br www.creaap.org.br www.crea-am.org.br www.creaba.org.br www.creace.org.br www.creadf.org.br www.creaes.org.br www.crea-go.org.br www.creama.org.br www.crea-mt.org.br www.creams.org.br www.crea-mg.org.br www.creapa.com.br www.creapb.org.br www.crea-pr.org.br www.creape.org.br www.crea-pi.org.br www.crearr.org.br www.crearo.org.br www.crea-rj.org.br

Rio Grande do Norte Rio Grande do Sul Santa Catarina São Paulo Sergipe Tocan ns

www.crea-rn.org.br www.crea-rs.org.br www.crea-sc.org.br www.creasp.org.br www.crea-se.org.br www.crea-to.org.br

(68) 3214 7550 (82) 2123 0852 (96) 3223 0318 (92) 2125 7111 (71) 3453 8990 (85) 3453 5800 (61) 3961 2800 (27) 3334 9900 (62) 3221 6200 (98) 2106 8300 0800 647 3033 (67) 3368 1000 0800 031 2732 (91) 4006 5500 (83) 3533 2525 0800 41 0067 (81) 3423 4383 (86) 2107 9292 (95) 3224 1392 (69) 2181 1095 (21) 2179 2000 / 2179 2007 (84) 4006 7200 (51) 3320 2100 (48) 3331 2000 0800 17 18 11 (79) 3234 3000 (69) 8413 3431


MECÂNICA

Motores de carros

feitos de plástico O uso do material reduz o peso do carro e é uma das úlgmas fronteiras da indústria na busca por este objegvo

Os plás|cos estão chegando à única parte dos automóveis que parecia ser território exclusivo dos metais: os motores. Engenheiros alemães e japoneses, trabalhando conjuntamente, construíram o primeiro bloco de motor de plás|co reforçado com fibras. Uma das formas mais simples de reduzir o consumo de combus{vel é diminuir o peso dos carros. A subs|tuição dos metais por plás|cos chegou a níveis elevados e a opção da indústria vinha sendo a de subs|tuir o aço por metais mais leves ou por fibras especiais. Nestes casos, pesava ainda mais o valor da matéria-prima. A equipe do Ins|tuto Fraunhofer, organização de pesquisa alemã, e da Sumitomo Bakelite, japonesa, especializada em plás|cos, apresentou um protó|po que tem demonstrado a viabilidade do projeto. “Nós usamos um compósito reforçado com fibras para fabricar um bloco de cilindros para um motor experimental monocilíndrico,”

conta Lars-Fredrik Berg, gerente de desenvolvimento do projeto. “O bloco de cilindro pesa cerca de 20% menos do que seu equivalente de alumínio e tem o mesmo custo,” acrescentou. Os desafios do projeto são os de fazer com que o plás|co resista a temperaturas extremas, alta pressão e vibrações, sem deformar ou trincar. Materiais com essas caracterís|cas são conhecidos há algum tempo, mas sua manufatura é complicada, exigindo a fabricação quase artesanal de cada peça, algo impensável para a indústria automobilís|ca.

Híbrido metal-compósito

Para trazer o material para a linha de produção, a saída encontrada foi a de construir uma peça híbrida, sem perder tempo com as partes mais delicadas. Isso inclui, por exemplo, a chamada camisa do pistão. “Primeiro nós analisamos o projeto

do motor e iden|ficamos as áreas sujeitas a maiores cargas térmicas e mecânicas. Nessas áreas nós usamos inserções de metal para reforçar sua resistência ao desgaste,” conta Berg. Os blocos de plás|co estão sendo fabricados com plás|cos termorrígidos granulados, acrescidos de fibra de vidro, em um processo de moldagem por injeção. O material é fundido, e solidifica-se depois de ser injetado no molde sob pressão.

Menos ruído e menos calor

Os testes do protó|po do motor de plás|co mostraram dois ganhos adicionais: ele emite menos ruído e irradia menos calor que os motores inteiramente metálicos. A equipe anunciou que já está trabalhando na construção de um motor mul|cilindro, que já deverá ter também o virabrequim de plás|co. Fonte: inovacaotecnologica.com.br AEAARP

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NOTAS E CURSOS

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Empresa alemã cria argamassa em placas Mörtelpad, que consiste em placas pré-fabricadas de argamassa, foi um dos produtos de destaque da BAU 2015, feira de arquitetura, materiais e sistemas para construção realizada em Munique (Alemanha). Produzida com recursos de origem mineral, a tecnologia permite a aplicação de argamassa na superscie de pisos e paredes de maneira prá|ca e uniforme. O Mörtelpad é composto por uma camada retangular de argamassa reves|da por um adesivo solúvel em água de cerca de três milímetros de espessura. Quando dissolvido, o material colante é absorvido pela massa, tornando-a homogênea para aplicação. Para aplicar a argamassa, basta umedecer a superscie, colocar as placas pré-fabricadas, cortando-as de acordo com o tamanho e formato necessários, e molhar a massa por cerca de cinco segundos. Algumas das vantagens do produto são: a redução do tempo de preparo e aplicação da argamassa, a eliminação de ferramenta auxiliar para fixação do material e a redução da geração de resíduos constru|vos. No site www.aeaarp.org.br há um vídeo que demonstra a aplicação do produto. Fonte: techne.pini.com.br

Rios

O Cole|vo Escafandro criou o projeto Rios (In)visíveis de São Paulo, que surgiu inicialmente como um trabalho de mapeamento, e devido a boa aceitação e divulgação nas redes sociais tornou-se um mapa colabora|vo aberto para as pessoas contarem suas histórias, mostrando outras perspec|vas do espaço urbano e das margens ocultas da cidade. No início foram usados dados do Plano Diretor de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais do Município de São Paulo (PMAPSP). Hoje, no site do projeto os visitantes podem fazer upload de fotos an|gas de rios e córregos e deixar um relato sobre o tema. O resultado é um mapa que mostra a cidade de uma outra forma. No site www.riosdesaopaulo.org é possível visualizar o projeto. Fonte: ArchDaily

História da engenharia nuclear Para comemorar os 40 anos de existência, o Ins|tuto de Engenharia Nuclear (IEN), montou uma exposição para contar sua história. A mostra está no Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast). Entre os tópicos expostos, em painéis e vitrines, estão: o primeiro reator nuclear de pesquisa construído pela indústria brasileira, a produção de radiofármacos para medicina nuclear, além da constribuição do IEN ao domínio da tecnologia do combus{vel nuclear e à segurança das usinas de Angra dos Reis. A exposição fica no Mast até o final de abril. O museu fica na cidade do Rio de Janeiro-RJ e no site www.mast.br é possível acessar várias informações sobre a história da ciência no Brasil. Revista Painel

A eficiência das lombadas no trânsito

O economista Florian Schumacher concluiu em sua tese de doutorado na Esalq/ USP que o custo de instalação de lombadas eletrônicas não é eficientes sob a maioria das condições de tráfego no Brasil. “A discussão desse tema é muito importante, porque os acidentes de trânsito são uma das principais causas de mortes e lesões corporais no Brasil e no mundo, e geram grande impacto econômico e social”, afirma. As convencionais, por outro lado, têm custos eficientes, mas apresentam em vários impactos colaterais como, por exemplo, o atraso de veículos de emergência e a penalização de pessoas portadoras de necessidades especiais. Um levantamento realizado pelo Sistema de Informações de Mortalidade, do Ministério da Saúde, revela que, em 2010, foram registradas 40.989 ocorrências de acidentes que terminaram em óbitos no País. Florian conclui que é necessário reduzir o valor de implantação das lombadas eletrônicas. Fonte: Agência USP


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AEAARP



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