Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto
painel
Ano X nº 269 agosto/ 2017
A indústria 4.0 As dificuldades e oportunidades de um novo modo de produção na era da alta tecnologia
AEAARP
tecnologia Internet das Coisas, a base de uma nova revolução agronomia Transgenia, pesquisa e produtividade evento Happy hour atrai mais de 100 pessoas
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palavra do presidente Eng. civil Carlos Alencastre
Onde você quer estar em cinco anos? O questionamento, bem comum quando se trata de planejamento de vida ou carreira, mudou. Agora, devemos pensar onde queremos estar em um ou dois anos. A velocidade das mudanças comportamentais, de mercado e da economia é imposta pela tecnologia, aquela que nós, engenheiros, arquitetos e agrônomos, desenvolvemos para melhorar a produtividade e a qualidade de vida do cidadão. O Brasil, de tradição agrária, dá alguns bons exemplos ao mundo. A tecnologia agrícola desenvolvida nos polos de pesquisa públicos dialoga com a iniciativa privada e compartilha o conhecimento gerado com pequenos e grandes produtores. Aumentamos a produtividade na cana, nos grãos e em demais setores agrícolas. O objetivo é produzir mais em menos espaço. Experiências exitosas eliminaram quase que completamente o trabalho braçal na lavoura da cana-de-açúcar, conferindo novas características para essa indústria. No campo, o Brasil é 4.0. Na indústria, porém, o cenário é inverso. A iniciativa privada não dialoga com a academia de maneira que essa última possa investir em pesquisa e conhecimento. A maior parte da indústria nacional é movida à manivela, como bem observa o professor Otávio Marson Júnior, engenheiro, coordenador do curso de Engenharia da Computação na Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Essa vivência é experimentada somente por aqueles que têm oportunidade de sair do país em intercâmbios com outras universidades. E eles vão de avião, tecnologia que revolucionou as engenharias. No final do século XIX, Irineu Evangelista de Souza, brasileiro nascido no Rio Grande do Sul, foi à Europa – de navio, bem mais lentamente – em busca de investimentos para negócios agrícolas que mantinha aqui. Deparou-se com a efervescência da Revolução Industrial em sua segunda fase. Voltou cheio de ideias e tornou-se o primeiro industrial brasileiro. Fez a primeira ferrovia, introduziu a iluminação pública a gás nas ruas do Rio de Janeiro (RJ), investiu em estaleiros, na exploração do rio Amazonas, dentre tantas outras coisas. Ao mesmo tempo, tornou-se parlamentar, atividade que abandonou para tentar salvar suas indústrias da decadência (em vão). Este foi Visconde de Mauá, que experimentou um novo ambiente empreendedor no exterior, investiu no Brasil e foi derrubado por razões administrativas – ou políticas, depende da forma com que cada um lê a história. Ele ousou em uma época que o conhecimento não era compartilhado na mesma velocidade de hoje, quando o país ainda vivia sob os desígnios da coroa portuguesa e provavelmente contava-se nos dedos o número de engenheiros atuando por aqui. Para refletir: hoje, qual é a desculpa para ficarmos parados?
índice
ESPECIAL
05
Tecnologia
09
O labirinto da indústria 4.0
O papel estratégico da IoT
gestão 22
E agora?
Arquitetura 23
CAU/SP realiza workshop na AEAARP
Agronomia 16
Transgenia aumenta a resistência a insetos e às plantas invasoras
social
20
Happy hour AEAARP
produtividade
24
crea-sp
25
Funções Avançadas #01 – DESLOC
Blitz flagra leigos em funções técnicas
notas e cursos 26
painel
Rua João Penteado, 2237 - Ribeirão Preto-SP - Tel.: (16) 2102.1700 - Fax: (16) 2102.1717 - www.aeaarp.org.br / aeaarp@aeaarp.org.br
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Diretoria Operacional Diretor administrativo - eng. agr. Callil João Filho Diretor financeiro - eng. civil Arlindo Antonio Sicchieri Filho Diretor financeiro adjunto - eng. agr. Benedito Gléria Filho Diretor de promoção e ética - eng. civil e seg do trab. Hirilandes Alves Diretor de ouvidoria - arq. urb. Ercília Pamplona Fernandes Santos Diretoria Funcional Diretor de esporte e lazer - eng. civil Milton Vieira de Souza Leite Diretor de comunicação e cultura - eng. agr. Paulo Purrenes Peixoto Diretor social - eng. civil Rodrigo Araújo Diretora universitária - arq. urb. Ruth Cristina Montanheiro Paolino Diretoria Técnica Agronomia - eng. agr. Alexandre Garcia Tazinaffo Arquitetura - arq.urb. Marta Benedini Vechi Engenharia - eng. civil Paulo Henrique Sinelli
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Conselho Presidente: Eng. civil João Paulo de Souza Campos Figueiredo Conselheiros Titulares Arq. e urb. e Eng. seg. do trab. Fabiana Freire Grellet Arq. e urb. Luiz Eduardo Siena Medeiros Eng. agr. Dilson Rodrigues Cáceres Eng. agr. Geraldo Geraldi Jr Eng. agr. Gilberto Marques Soares Eng. civil Edgard Cury Eng. civil Elpidio Faria Junior Eng. civil Jose Aníbal Laguna Eng. civil e seg. do trab. Luis Antonio Bagatin Eng. civil Roberto Maestrello Eng. civil Ricardo Aparecido Debiagi Eng. civil Wilson Luiz Laguna Eng. elet. Hideo Kumasaka Eng. mec. Giulio Roberto Azevedo Prado Conselheiros suplentes Arq. e urb. Celso Oliveira dos Santos Eng. agr. Denizart Bolonhezi Eng. agr. Jorge Luiz Pereira Rosa Eng. agr. José Roberto Scarpellini Eng. agr. Ronaldo Posella Zaccaro
Associação de Engenharia Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto
REVISTA PAINEL Conselho Editorial: eng. civil Arlindo Antonio Sicchieri Filho, arq. urb. Celso Oliveira dos Santos, eng. mec. Giulio Roberto Azevedo Prado e eng. agr. Paulo Purrenes Peixoto - conselhoeditorial@ aeaarp.org.br Conselheiros Titulares do CREA-SP indicados pela AEAARP: eng. civil e seg. do trab. Hirilandes Alves e eng. mecânico Fernando Antonio Cauchick Carlucci Coordenação Editorial: Texto & Cia Comunicação Rua Galileu Galilei 1800/4, Jd. Canadá, Ribeirão Preto SP, CEP 14020-620 www.textocomunicacao.com.br Fones: 16 3916.2840 | 3234.1110 contato@textocomunicacao.com.br Editora: Daniela Antunes – MTb 25679 Colaboração: Bruna Zanuto – MTb 73044 Foto de capa: Freepik Publicidade: 16 2102.1719 Tiragem: 3.000 exemplares Locação e Eventos: Solange Fecuri - 16 2102.1718 Editoração eletrônica: Mariana Mendonça Nader Impressão e Fotolito: São Francisco Gráfica e Editora Ltda.
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especial
O labirinto da indústria 4.0
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Em um país que não encerrou a transição dos modos de produção da energia elétrica para a automação, a 4ª Revolução Industrial pode vir a significar oportunidade de empreender
No início do século passado, o mundo todo forjava a segunda fase da revolução industrial quando no Brasil a primeira fase do novo modelo de produção ainda engatinhava. Na Europa, as máquinas a vapor da primeira fase impulsionavam as indústrias enquanto o território brasileiro seguia como colônia de Portugal. Na sequência dos fatos históricos, a eletrici-
dade fez surgir novas indústrias também na Europa enquanto o Brasil seguia o Pacto Colonial, conjunto de regras que obrigavam os brasileiros a consumirem produtos originados do país colonizador e seus parceiros comerciais. Não fosse pelo fato do parágrafo anterior ter datado as fases, poderia ser tomado como retrato do cenário do Brasil AEAARP 5
de hoje – ou pelo menos grande parte dele. O engenheiro Otávio Marson Júnior, coordenador do curso de Engenharia da Computação da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP), fala que, no momento em que o mundo todo caminha se preparando para a versão 4.0 da revolução na indústria, grande parte do setor produtivo nacional ainda funciona à base da manivela.
especial
Irineu Evangelista de Souza, o Visconde de Mauá, foi pioneiro na industrialização do Brasil. A partir do final do século XIX, quando o país tinha característica agrária e de dependência da monarquia, investiu na implantação da primeira fundição de ferro, do primeiro estaleiro no país e na construção da primeira ferrovia brasileira (a estrada de ferro Mauá, no atual estado do Rio de Janeiro). Além disso, foi responsável pelo início da exploração do rio Amazonas e afluentes, assim como do rio Guaíba e afluentes, no Rio Grande do Sul, com barcos a vapor. É atribuída a ele a instalação da iluminação pública a gás na cidade do Rio de Janeiro, a criação do terceiro Banco do Brasil e a instalação do cabo submarino telegráfico entre a América do Sul e a Europa. Visconde de Mauá em gravura de 1844
Para ele e para Edésio Elias Lopes, engenheiro civil e docente no Instituto de Pós-graduação (IPOG), há falhas desde a formação no nível básico. E, para além do sistema produtivo em si, Lopes fala que o consumidor comum sequer está preparado para a terceira fase desse processo. Esse público, em sua visão, pouco sabe sobre o potencial dos equipamentos eletrônicos introduzidos com os avanços na telefonia e na internet. Do ponto de vista histórico, a primeira Revolução Industrial foi um movimento iniciado na Europa, especialmente no Reino Unido, a partir dos anos de 1760 que modificou os métodos de produção, do artesanal para as máquinas. É o período marcado especialmente pelo uso do vapor.
No mundo, a segunda Revolução aconteceu por volta de 1850, e o ícone dessa fase é o uso da energia elétrica nos processos produtivos. O terceiro período é mais recente, marcado pela introdução dos computadores. Na base da versão 4.0, estão a robótica, a Internet das Coisas (IoT), o Big Data, a computação na nuvem, a impressão em 3D, a simulação computacional e a cyber segurança, essencial no processo de transmissão de informações e dados entre as máquinas. “Em um contexto geral, o Brasil é iniciante. Em algumas áreas, é incipiente”, fala o professor Marson Júnior. Há, em sua visão, grande distância entre os setores acadêmico e produtivo. No exterior, exemplifica, a tecnologia nasce na universidade e vai para a indústria.
Primeira Revolução
Máquinas mecânicas, movidas a força da água e vapor
Segunda Revolução
Produção em massa, linha de montagem e eletricidade
Terceira Revolução
Computadores e automação
Quarta Revolução
Conectividade e sistemas cibernéticos
Revista Painel 6
No Brasil, conta, a indústria anda mais rápido que a pesquisa. A diferença é o que aprofunda o abismo do que é feito aqui e lá fora. O engenheiro Carlos Alberto Borges de Assis Filho tem 32 anos e pouco antes de sair da universidade, o que aconteceu em 2015, fez um intercâmbio em Indiana, nos Estados Unidos. Ele já trabalhava como técnico em telefonia quando dedicou-se à formação em Engenharia da Computação. Da experiência que obteve em um ano de estudo nos EUA, não viu nada sendo praticado aqui. Ou seja, tudo o que aprendeu lá, não usa aqui. Ele reputa isso ao atraso na indústria nacional. Na Engenharia da Computação, por exemplo, os investimentos no Brasil têm foco no software – o programa. No exterior, a indústria preocupa-se com o hardware – ou a máquina inteira. Assis Filho avalia que não há uma janela de oportunidade que impulsione os investimentos em novas indústrias, mais tecnológicas e inovadoras. Na condição de testemunha dos fatos, Assis Filho conta que em Indiana a tecnologia chega primeiro à escola. As
grandes montadoras de equipamentos eletrônicos instalam seus laboratórios nas universidades e depois industrializam os experimentos. “A capacidade profissional é igual”, enfatiza, referindo-se à qualidade dos profissionais de Engenharia. O que muda é a oportunidade.
A origem da robótica
Criados no final da década de 1940 pelo neurofisiologista William Grey Walter, Elmer e Ensie (ELectroMEchanical Robot e LightSensitive) abriram caminho para a tecnologia: são considerados os primeiros robôs inteligentes da história. A ação deles era simples, seguiam uma luz e desviavam de obstáculos dentro da casa. Isso aconteceu em Bristol, na Inglaterra. Segundo reportagem publicada pelo Jornal da USP, Gray Walter acreditava que organismos com sistemas nervosos simples também poderiam mostrar comportamentos complexos. Elmer e Elsie possuíam dois sensores, um de luz e outro de contato. Uma bateria os alimentava de energia. Apesar da simplicidade das tarefas desempenhadas por eles – desviar de obstáculos e procurar uma fonte de luz – marcaram o início da robótica móvel. Elmer e Elsie eram dotados de algum tipo de inteligência artificial que permitia a tomada de decisões durante um trajeto.
Mario Belesi, diretor da Dassault Systèmes, multinacional francesa que atua no segmento de 3D, avalia que a tecnologia é fundamental na equação que inclui eliminação do desperdício e aumento da produtividade. “A indústria da Internet das Coisas, a robótica e a manufatura aditiva – para
nomear apenas algumas – são cada vez mais vitais para o sucesso dos produtos e da linha de produção. As fábricas do futuro, vindas da 4ª Revolução Industrial, são marcadas pelo trabalho conjunto de seres humanos e tecnologia em um modo que combina o mundo virtual e físico”, ensina, emendando um questionamento: “as pessoas que fazem parte dessa equação estão preparadas para essas tarefas?”. Em sua visão, a próxima geração de engenheiros deve ser ensinada de forma interdisciplinar para que entenda não somente de sua área de conhecimento específica, mas também de como ela se une a outras disciplinas no objetivo de colocar novos produtos no mercado de forma rápida e efetiva. Seria, em território brasileiro, a conexão já experimentada por Assis Filho em sua temporada nos EUA. A mudança, avalia Belesi, está na abordagem do ensino da Engenharia. “Modelos de negócios totalmente novos estão emergindo enquanto o mundo virtual se torna mais integrado com o mundo físico”, completa. Ele corrobora a visão de Assis Filho: as iniciativas escolares ao redor do mundo têm aproximado os profissionais da indústria. Os primeiros precisam entender também nos bancos universitários o que a indústria precisa. Desta forma, sairão com a formação completa. “Cabe aos líderes e gestores motivarem esse novo ambiente de ensino para que o mercado conquiste um novo patamar de excelência”, avalia. Marson Junior fala que na universidade, os estudantes aprendem a prática em simuladores. Ainda que não seja o ambiente ideal – “é claro que a gente preferiria ter um laboratório de robótica” – a tecnologia encurtou distâncias e passou AEAARP 7
a ofertar aos estudantes daqui algumas das oportunidades que só poderiam ser vivenciadas em outros países. Segundo o professor, a característica 4.0 da indústria no Brasil é realidade em multinacionais como a Vale do Rio Doce, Petrobras e nas montadoras de automóveis que utilizam as práticas de suas sedes. Foi na Alemanha, país de forte tradição na indústria de máquinas, que o conceito 4.0 surgiu. Marson Junior conta que há alguns anos, o governo e os setores produtivo e acadêmico do país começaram a planejar como seria o desenvolvimento dali para frente. O termo foi empregado pela primeira vez em 2011 durante a Feira de Hannover. Surgiu naquele ano o conceito da indústria totalmente digitalizada, onde máquinas e pessoas – cada vez menos pessoas, é verdade – interagem. Sobretudo, nessa indústria do futuro as máquinas se comunicam. E, para além da produção, nessa nova realidade o produto é rastreado durante toda a vida útil, fornecendo remotamente informações relevantes que influenciaram no modo de produção e qualidade. Para dar conta do desafio, o Brasil precisa reformular toda a sua estrutura acadêmica, na opinião de Marson Junior. Para o professor Lopes, é necessário mudar o perfil educacional desde a base. Na visão de Belesi, o país precisa também ter engenheiros na versão 4.0 para dar conta dos desafios. E o recém-formado Assis Filho acredita que faltam oportunidades de investimento. E todas as opiniões revelam um país de potencial industrial, ainda que as fases da industrialização sejam retardadas em razão de características de produção, consumo e mercado que remetem ao Pacto Colonial citado no primeiro parágrafo.
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Man u Ava fatura nça da Ind ú Ava stria nça da
Oportunidade
A opinião do engenheiro José Rizzo Hahn Filho, fundador da Associação Brasileira de Internet Industrial (ABII), converge para a de Marson Júnior: há consenso entre os especialistas de que a indústria nacional está, em grande parte, na transição da linha de montagem e energia elétrica para a automação por meio da eletrônica, da robótica e programação. Isto é, a indústria nacional ainda transita entre os modelos 2.0 e 3.0. “Para termos uma ideia da nossa defasagem, precisaríamos instalar cerca de 165 mil robôs industriais para nos aproximarmos da densidade robótica atual da Alemanha. No ritmo atual, cerca de 1,5 mil robôs instalados por ano no país, levaremos mais de 100 anos para chegar lá”, contabiliza. Ele opina que o Brasil não precisará passar por todas as fases de modernização fabril pelas quais os países desenvolvidos passaram nas últimas décadas. “Podemos e devemos queimar etapas. O que não podemos fazer é ignorar essa revolução se quisermos preservar a indústria presente no Brasil
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Inte Ind rnet u das strial Coi sas
e prepará-la para esse novo panorama competitivo”, fala, no artigo publicado pelo Sebrae Nacional.
Há cerca de um ano, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços lançou estudo inédito sobre o futuro da indústria no país - Perspectivas de especialistas brasileiros sobre oportunidades e desafios para a manufatura avançada no Brasil. O trabalho, realizado em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC), é resultado de workshops realizados em sete estados brasileiros ao longo de 2016 dos quais participaram 300 especialistas em inovação. Veja na área de links da página da AEAARP o atalho para o documento.
www.aeaarp.org.br No cenário 4.0, exemplifica, tem vantagem competitiva aquele que oferece inovação e tecnologia e não mão-de-obra de baixo custo. Revista Painel 8
As turbulências econômicas e políticas tornam-se obstáculos, por isso é necessário formar lideranças e articuladores na indústria, no governo e nas instituições acadêmicas e de pesquisa. “Precisaremos também de níveis de investimento relevantes e da capacitação intensiva de gestores, engenheiros, analistas de sistemas e técnicos nessas novas tecnologias, além de parcerias e alianças estratégicas com entidades de outros países”, completa. Hahn Filho destaca que o modo de produção 4.0 apresenta oportunidades, uma vez que muitas das ferramentas sequer foram criadas. “Precisaremos de empresas e de startups focadas em Big Data, Analytics, nuvem, segurança e automação de conhecimento na área de software e em robótica avançada, manufatura aditiva, novos materiais, energias sustentáveis e simulação no campo da engenharia. Para empreendedores que já atuam em um dos segmentos diretamente impactados por essa revolução, vale investir tempo na formulação de um plano consistente para avaliar e aplicar as novas tecnologias em suas operações”, aconselha.
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tecnologia
O PAPEL ESTRATÉGICO DA IoT Especialistas comentam o poder da conectividade na área técnica e as novidades do mercado
O avanço da tecnologia sem fio, a produção de componentes eletrônicos cada vez mais eficientes e a facilidade de armazenamento na nuvem fizeram crescer um conceito essencial para a indústria 4.0: a Internet das Coisas (Internet of Things-IoT, sigla em inglês). Antes, a internet conectava pessoas, através de e-mails e redes sociais. Agora, a IoT conecta tudo à rede:
carros, aparelhos domésticos, indústrias, fazendas etc. Os objetos estão mais inteligentes e são capazes de compreender e analisar os dados gerados. Segundo especialistas entrevistados pela revista PAINEL, os principais resultados desse processo, que está apenas no começo, são produtividade, segurança, conforto, economia e qualidade de vida para as pessoas. AEAARP 9
Nos anos de 1980 e 1990, a automação consistia na instalação de sensores para monitorar processos industriais e comerciais. “Com o surgimento da internet, sua popularização, aliado à evolução dos meios de comunicação e à redução de custo de sensores eletrônicos, se tornou viável o que chamamos de Internet das Coisas”, explica o especialista em Engenharia Elétri-
tecnologia
ca Bruno Luis Soares de Lima, professor da Faculdade Impacta Tecnologia e da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Segundo o engenheiro químico Christiano Blume, consultor na área de telemática automotiva para veículos, a IoT tem novos serviços conectados, em praticamente todos os segmentos, capazes de aumentar a competitividade econômica, fortalecer as cadeias produtivas nacionais e melhorar a qualidade de vida. “Podemos citar exemplos de setores e ambientes que estão se tornando cada vez mais conectados: cidades, fábricas, saúde, veículos, rural, logística, hospitais etc.”. Um dos setores beneficiados com a IoT é a indústria automotiva. “A conectividade e a telemática [ciência que trata da transmissão, a longa distância, de informação computadorizada] deixaram de ser diferenciais das marcas de veículos e se tornaram qualificadores dos produtos”, analisa Blume.
Com o lançamento dos carros elétricos, a indústria automotiva passa a se conectar também com o setor elétrico. “Hoje, um automóvel elétrico pode se conectar ao
Big Data
sistema de energia de uma residência e utilizar sua carga armazenada para suprir o consumo de energia elétrica de alguns aparelhos eletrônicos”, diz o engenheiro eletricista Vinicius Leoni, consultor de uma empresa fornecedora de sistema fotovoltaico. Leoni analisa que a evolução no setor elétrico permitiu que as pessoas tenham autonomia para produzir, gerenciar e consumir sua energia elétrica. “Essa nova visão tira o homem da posição passiva e o torna agente ativo de seu cotidiano”, avalia o engenheiro eletricista. Em vários países, a comunicação entre usinas de energia e pontos de consumo já é realidade. A tecnologia é conhecida como smart grid; ou seja, redes de energia inteligentes. Com o monitoramento dos pontos de consumo é possível evitar falhas, realizar a manutenção dos equipamentos, antes mesmo que ele quebre, explica Lima. “A qualidade da distribui-
Com a conexão de vários tipos de equipamentos à internet é possível armazenar um grande volume de dados. Isso é o Big Data. “A principal questão é: o que será feito com esses dados?”, indaga Rodrigo Plotze, docente e pesquisador do curso de Engenharia da Computação da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Essa também é a preocupação do especialista em engenharia elétrica Bruno Luis Soares de Lima, professor da Faculdade Impacta Tecnologia e da Universidade Presbiteriana Mackenzie. “Com mais dispositivos conectados à internet como carros, casas e redes de energia, podemos correr riscos devido às invasões de hackers. E se um deles invadir o computador de bordo de um carro ou o software de monitoramento de uma usina hidrelétrica?”. Ele cita o caso recente de uma grande fabricante de smart TVs, que admitiu ser capaz de monitorar conversas nas residências através do aparelho. “Estamos na fase de quebrar a cabeça com a segurança e gerar negócios a partir dos dados provenientes da internet das coisas”, ressalta Lima.
Revista Painel 10
ção de energia poderá ser melhorada, reduzindo a quase zero as ocorrências de falta de energia”. Lima complementa que a evolução da IoT deve contribuir com o surgimento de cidades inteligentes. Segundo ele, um exemplo de infraestrutura para cidades inteligentes seria um sistema de monitoramento de distribuição de água que pudesse detectar vazamentos e situações de possível rompimento de canos.
Na arquitetura
O arquiteto e urbanista Luciano Baldo destaca que sistemas inteligentes de irrigação, climatização e iluminação contribuem para a sustentabilidade da residência, gerando economia, conforto e qualidade de vida para os moradores. Baldo cita também a importância da IoT na acessibilidade. “Um idoso, por exemplo, que tem dificuldade de locomoção, pode acender e apagar luzes, fechar e abrir persiana tudo com a ajuda da automação”. A segurança é outro setor a beneficiar-se desse processo tecnológico, segundo o arquiteto. Remotamente a pessoa consegue acompanhar a presença de desconhecidos em sua residência, ver se deixaram alguma luz acesa ou janelas e portas abertas. Segundo o engenheiro eletricista Hideo Kumasaka, o próximo passo da revolução tecnológica é a evolução de tudo o que já existe e que ainda está sendo lançado no mercado. “Acredito que haverá um ajuste em toda essa tecnologia, integração de sistemas, formatação e padronização de linguagens, normas que orientem essa padronização e produtos que sejam cada vez mais intuitivos e que possam ser usados por todas as gerações: crianças, adultos e idosos”.
Recentemente, o criador do Facebook Mark Zuckerberg lançou um assistente pessoal (inspirado no Jarvis do filme Homem de Ferro) que é capaz de controlar sua casa automaticamente e aprender os gostos e padrões dos moradores. O sistema utiliza técnicas de inteligência artificial, incluindo processamento de linguagem natural, reconhecimento de voz e rosto, entre outras funções. Veja na área de Notícias, no endereço eletrônico da AEAARP.
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As soluções tecnológicas também chegaram ao campo, aumentando a produtividade do agronegócio, melhorando a qualidade dos alimentos e automatizando os processos das lavouras. “A evolução das máquinas agrícolas atingiu níveis muito avançados no que se refere à tecnologia embarcada (eletrônica, automação, trem de força, agricultura de precisão etc.), utilizando de serviços remotos da tecnologia como GSM/GPRS e da nuvem, para a comunicação de dados”, complementa Blume. Segundo o diretor do Departamento de Indústria, Ciência e Tecnologia da Secretaria de Telecomunicações do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), José Gontijo, o Brasil perde 30% da produção agrícola AEAARP 11
tecnologia
no transporte de cargas, um problema que pode ser resolvido com o uso de tecnologias de rastreamento. “Estamos falando de uma produção de R$ 1 trilhão. Se conseguíssemos, com tecnologia, evitar ou minimizar essa perda, seria um ganho econômico muito importante”, argumentou Gontijo durante a ICT Week, encontro que aconteceu em Brasília (DF), em setembro de 2016, para discutir Internet das Coisas, dentre outros temas. Durante o evento, especialistas citaram novas ferramentas como, por exemplo, um sistema capaz de medir o teor de açúcar em uvas para saber o momento correto da colheita (veja na edição 267 da revista PAINEL a reportagem sobre Agricultura 4.0).
Mercado
Segundo o IDC – consultoria de indústrias de tecnologia da informação e de telecomunicações – até 2020, a IoT movimentará cerca de R$ 13 bilhões no Brasil. “Grande parte das startups no mundo está ligada à Internet das Coisas e certamente surgirão novas oportunidades de negócios ainda não estabelecidas”, analisa Lima. Porém, devido ao custo, nem todas essas soluções são usadas em larga escala. O problema são os preços de alguns componentes eletrônicos utilizados na produção dessas tecnologias, segundo Rodrigo Plotze, docente e pesquisador do curso de Engenharia da Computação da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). “A Internet das Coisas depende de componentes eletrônicos que, na maioria das vezes, são importados. Em sites estrangeiros é possível encontrar esses produtos por um terço do que pagamos aqui, porém as barreiras tarifárias aumentam, e muito, o custo”, diz Plotze. “Como toda tecnologia, com o passar do
tempo, o preço para o consumidor final será reduzido. Empresas como CISCO e IBM têm investido massivamente em soluções IoT”, analisa Lima. Segundo especialistas, a indústria irá mudar mais nos próximos 10 anos do que nos últimos 50. “Inovações tecnológicas nas áreas de conectividade, eletrificação, direção autônoma e IoT, assim como inovação no modelo de negócios, são as principais tendências até 2025”, avalia Blume, para quem a conectividade é uma “megatendência tecnológica”, que proporcionará receitas e lucros adicionais em vários setores da economia na próxima década. “Em um futuro não muito distante, a conectividade se tornará ferramenta essencial e desejada pelo usuário e não mais um acessório de luxo”, complementa Maurício Lavoratti, diretor de Engenharia de uma multinacional alemã de engenharia e eletrônica. Para ele, não haverá nenhuma máquina de construção, logística ou agricultura desconectada. Frotas inteiras estarão conectadas para melhor compreensão das operações. “A Internet das Coisas representa a era da tecnologia calma, não precisaremos de teclados ou interfaces complexas para interagir com os dispositivos. Por meio de sensores e atuadores os dispositivos vão interagir com o ambiente sem que percebamos”, complementa Lima, que cita a frase do notório cientista da computação Mark Weiser: “as tecnologias mais importantes são aquelas que desaparecem. Elas se integram à vida do dia a dia, ao nosso cotidiano, até serem indistinguíveis dele”. Revista Painel 12
Plano Nacional de Internet das Coisas
Um plano nacional de Internet das Coisas está em desenvolvimento no Brasil. “A IoT demanda estratégia de país que visa aprofundar, orientar o foco, coordenar esforços e propor plano de ação estratégico em ampla articulação nacional. Como o segmento rural é uma das prioridades do programa, podemos esperar para breve um plano de ação nacional de Internet das Coisas para o setor”, ressalta o engenheiro químico Christiano Blume. A consulta pública – aberta pela Secretaria de Política de Informática do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações para ajudar a construir ações voltadas para o desenvolvimento do mercado de IoT – teve 23 mil acessos únicos que resultaram em 2.288 contribuições da sociedade civil sobre grandes temas relacionados à IoT. Veja na área de Notícia, no endereço eletrônico da AEAARP.
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agronomia
Transgenia aumenta a resistência a insetos e às plantas invasoras Espécies transgênicas são mais competitivas no mercado, porém ainda há baixa aceitação pública O uso de plantas transgênicas na agricultura tem buscado soluções para um dos principais problemas enfrentados pelos agricultores: ganho de produtividade. As espécies transgênicas são mais resistentes a insetos e aos agentes químicos utilizados no controle de espécies invasoras e daninhas, o que diminui perdas de produção causadas por esses predadores. “Algumas plantas são produzidas para ser mais resistentes
a herbicidas e inseticidas ou à seca e doenças, por exemplo. Porém, elas são 99,999999% idênticas à planta original”, explica o engenheiro agrônomo Marcos Antonio Machado, pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Mesmo assim, a transgenia tem baixa aceitação pública o que, segundo Machado, deve-se a rejeição de ambientalistas que divulgam Revista Painel 16
pareceres contrários ao uso da técnica. O conceito da palavra transgenia é a inserção de um gene de uma espécie em outra, situação que não aconteceria na natureza. “O gene estranho é inserido para gerar uma característica importante que a planta receptora normalmente não teria. Por exemplo, a tolerância a insetos ou aos herbicidas”, explica Machado. De acordo com o engenheiro agrônomo Ivan Schuster, pesquisador na Dow Agroscien-
ces, a transgenia não envolve riscos para o meio ambiente, para a espécie modificada ou para a saúde humana e animal. “Os estudos de plantas transgênicas passam por rigorosa análise de biossegurança antes de serem autorizados para plantio comercial, isso garante que apenas produtos seguros sejam utilizados no mercado”, explica Schuster.
Os procedimentos que envolvem a transgenia devem seguir a Lei de Biossegurança – Lei 11.105/2005, cujos procedimentos são avaliados pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). A comissão é uma instância colegiada multidisciplinar que presta apoio técnico consultivo e assessoria ao Governo Federal na formulação, atualização e implementação da Política Nacional de Biossegurança relativa aos organismos geneticamente modificados (OGMs). A CTNBio atua também no estabelecimento de normas técnicas de segurança e pareceres referentes à proteção da saúde humana, dos organismos vivos e do meio ambiente, para atividades que envolvam a construção, experimentação, cultivo, manipulação, transporte, comercialização, consumo, armazenamento, liberação e descarte de OGM. “Os projetos e atividades com organismos transgênicos que ainda não tenham sido aprovados para uso comercial precisam ser aprovados pela CTNBio antes de serem iniciados. Essas pesquisas são fiscalizadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), IBAMA e Anvisa”, acrescenta Schuster. Fonte: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
Segundo o pesquisador do IAC, o Brasil é o segundo maior país do mundo que cultiva plantas transgênicas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. “O cultivo da planta transgênica é mais econômico, pois implica na redução de herbicidas ou inseticidas para combater ervas ou insetos. Quase sempre a transgenia aumenta a resistência aos patógenos ou aos insetos, fazendo com que a espécie seja mais competitiva quando cultivada”, diz Machado. De acordo com Schuster, o uso de plantas transgênicas na agricultura é viável economicamente, mesmo que as sementes transgênicas tenham preço maior do que as convencionais. Ele explica que a economia na produção é obtida por meio do controle das plantas daninhas e das lagartas e do aumento indireto da produção com a redução de perdas causadas por esses insetos e plantas invasoras. Schuster cita uma pesquisa realizada em 2016, pela PG Economics – consultoria especializada em agricultura e recursos naturais do Reino Unido – que demostrou que a cada dólar investido em biotecnologia, o retorno é de US$ 4,42 nos países em desenvolvimento e de US$ 3,12 nos países desenvolvidos. Segundo dados da ISAAA (International Service for the Acquisition of Agri-biotech Application), no ano de 2015, 94,2% da área cultivada com soja, 84,6% da área cultivada com milho e 73,3% da área cultivada com algodão no Brasil foram com cultivares e híbridos transgênicos, destaca o pesquisador. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) publicou uma lista de perguntas e respostas que envolvem a transgenia de plantas. Veja no endereço eletrônico da AEAARP, na área de Notícias.
www.aeaarp.org.br AEAARP 17
Vantagens e desvantagens
De acordo com Schuster, o uso de plantas transgênicas tem vantagens diretas e indiretas. Como vantagens diretas ele destaca a tolerância aos herbicidas com possibilidade de controle mais efetivo das plantas daninhas – que competem com as plantas cultivadas por água, luz e nutrientes – e o uso de herbicidas mais seguros ao ambiente. O controle das plantas daninhas na lavoura também facilita a adoção do plantio direto, principal prática agrícola utilizada para preservar o ambiente, especialmente, no que diz respeito à conservação do solo e dos rios e lagos. “Plantas transgênicas resistentes
a insetos reduzem drasticamente o uso de inseticidas nas lavouras, contribuindo significativamente para a preservação ambiental e para a redução dos custos de produção”, diz o pesquisador. Como benefício indireto, Schuster acrescenta a redução das emissões de gás carbônico. Segundo a PG Economics, em 2014, o cultivo de plantas transgênicas foi responsável pela redução da emissão de 22,4 milhões de toneladas de gás carbônico para a atmosfera. “Isso equivale ao mesmo benefício que seria obtido se fossem retirados 10 milhões de carros das ruas naquele ano”, avalia. “Não há desvantagens diretas do uso de transgenia nas plantas cultivadas. No entanto, os agricultores devem manejar as lavouras adequadamente para garantir que os benefícios obtidos pelas plantas transgênicas sejam preservados”, analisa Schuster. É recomendável que os produtores cultivem parte das lavouras com variedades que não tenham eventos transgênicos de resistência a insetos, para evitar o surgimento de raças de insetos resistentes a essa tecnologia. Além disso, há questões relativas ao mercado: se o agricultor comercializa apenas produtos livres de transgênicos, precisará tomar alguns cuidados para evitar que sua plantação seja contaminada com produtos transgênicos das lavouras vizinhas.
Fase de testes
Schuster explica que é muito comum o abandono de pesquisas relacionadas à transgenia que não apresentam resultados promissores. “Para que um novo produto chegue ao mercado, um número muito grande de produtos precisa ser testado inicialmente. A grande maioria das pesquisas é descartada por não atenderem as expectativas. Apenas uma pequena parte, que oferece os benefícios desejados, chega à fase comercial”. Enquanto não se obtém dados conclusivos sobre a segurança de um organismo transgênico para a saúde das pessoas, dos animais e sua segurança para o ambiente, as pesquisas precisam ser controladas, executadas em locais isolados e obedecerem normas de biossegurança.
Hoje, o Centro de Citricultura “Sylvio Moreira”, do IAC, pesquisa a modificação genética de citros resistentes a várias doenças e Schuster e sua equipe buscam obter variedades de soja e híbridos de milho transgênicos, utilizando cruzamentos de plantas transgênicas e convencionais. “Nesse projeto, estamos criando novas variedades de soja e híbridos de milho com resistência aos insetos (lagartas) e tolerantes a alguns tipos de herbicidas”, diz o pesquisador da Dow Agrosciences. Ele explica que as variedades de soja com tolerância aos herbicidas são usadas comercialmente no Brasil há 18 anos e resistentes aos insetos há quatro anos. Já, os híbridos de milho com essas características têm sido usados comercialmente no Brasil há 10 anos.
Transgenia altera caraterística nutricional das plantas? Em 2003, foi aprovada a Lei 4.680, que regulamenta o direito à informação, assegurado pela Lei 8.078/1990, quanto aos alimentos que contenham organismos geneticamente modificados.
Segundo Schuster, apenas quando o objetivo da transgenia é a melhora da qualidade nutricional é que há alteração nutricional nas plantas transgênicas. As espécies transgênicas em uso no Brasil não têm esse objetivo, sendo a composição nutricional dos alimentos transgênicos e convencionais equivalentes. Essa equivalência significa que a variação nutricional observada nos alimentos transgênicos deve ser igual ao dos alimentos convencionais. “Ou seja, se um alimento convencional tem variação no conteúdo de proteína de 10 a 12%, o alimento transgênico também deverá ter conteúdo de proteína variando de 10 a 12%. Se essa equivalência não for demonstrada, a planta transgênica não será aprovada para uso comercial”, explica o pesquisador.
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investimento R$ 120 (associados) R$ 150 (nĂŁo associados) AEAARP 19
*incluso: viagem, lanche, visita e almoço
social
Carlos Alencastre e Denise Ribeiro
Paulo Márcio, Gislaine, Juliana e Rodrigo Araújo
José Batista e Maria Ferrão Costallat Ferreira
Shirley e Genésio Abadio de Paula e Silva
Erika Letícia de Assis Iglesias e Leandro Iglesias
José Amador de Carvalho, Tulio Martiniano, Aline Rodrigues e Rosane Pereira
Maria Inês Cavalcanti e Rubens Biscaro
Denise Silveira e Bel Picarelli
Luciano Bicego Jr, Sandra Bicego, Pedro Bicego, Ronaldo Faião, Zalete Faião, Matheus Faião, Regina de Castro, Marta de Castro
Revista Painel 20
Alexandre Tazinaffo e Cristiane Atanes
Maria Estela, Marisa, Vilma, Eleonice, Maria José e Dajima
Laércio Pereira Cardoso, José Vasconcelos, Marco Antônio Tibério, Afonso Reis Duarte, Edson Akira Simabukuru, Waldo Vilani Júnior
Arlindo Sicchieri Filho, Márcia Pinheiro, Cleide Leite, Heloísa Taparelli, Lali Laguna, José Aníbal Laguna, Beatriz Labate e Maria Silvia Palolielo
Antônio Carlos Naccarato e Daniela Gabarra
Luiz Henrique Cruz, Carlos, Renata e Márcia Fernandes
José Ricardo Gilberto, Cidinha, Miele, Thales
João Paulo e Vera Figueiredo
Maísa Damaso, Amanda Caroline Rodrigues Dias, Ana Carolina Godoy Bernardes
Carlos Alencastre, Luiz Siena Medeiros e Wilson Luiz Laguna
Nancy Leandro e Márcia Registro
Kezia Heluany Dias, Lairce Antoniaze da Costa, Wilson Emílio da Costa Jr, Amilton Heluany Dias, João Pedro Heluany Dias, Maria de Fátima Heluany Dias e Samira Bueno
Mais de cem pessoas participaram da Happy hour de julho, que teve MPB e comida de boteco no cardápio.
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gestão
Adriano Bardella Monteiro consultor de negócios
E agora?
É notório que passamos por um período de turbulências, economia em recessão, poucos recursos e uma contração no consumo com impactos nos postos de trabalho. Para sobreviver a elas, precisamos reestruturar nossos negócios, encontrar um ponto de equilíbrio que esteja adequado à nova realidade, otimizando os recursos e suas aplicações. Porém, nos últimos tempos verificamos sinais de melhoras na economia. O recuo da inflação e a queda das taxas de juros criam uma atmosfera de otimismo. E nesse tempo nos perguntamos: quais as melhores estratégias que adotaremos para esse novo cenário? O início de qualquer planejamento é a análise detalhada de sua empresa, de seu produto e de seu mercado. Partindo deste princípio devemos definir claramente alguns pontos: - Como sua empresa é lembrada? Como é conhecida? Por que ela é admirada? - Qual a minha vantagem competitiva? Meu cliente vê o valor da minha empresa em meus produtos e serviços? - O caminho que meus produtos e serviços chegam aos meus clientes são os melhores? Como a empresa se comunica e alcança os seus clientes? É preciso também ter consciência de seus concorrentes, se eles passaram pela crise também adotaram estratégias coerentes. Entender o comportamento e as forças deles pode ajudar a definir alguns passos para o seu futuro. E por falar em futuro, seus planos de ação devem ter ciclos bem definidos. Você conhece o ciclo de sua empresa? Indústrias planejam seus ciclos de dois até cinco anos; empresas de tecnologia vivenciam ciclos a cada três meses. A
estratégia em ciclos facilita o planejamento e sua reação a novas mudanças do mercado. Durante esse processo é bom verificar como está sua relação com seus parceiros. Os seus fornecedores ajudam sua empresa a trabalhar? Como anda sua parceria? E a saúde de seu parceiro? E dos concorrentes de seu parceiro? No momento de crescimento é vital saber por onde começar a reestruturar, tendo em vista que os recursos necessários para atender as suas atividades define o custo, ou esforço, o que é necessário para aumentar o negócio e essa demanda crescente. Assumir compromissos com seus clientes sem poder atender essa expectativa compromete o relacionamento com o mercado. Todo compromisso deve ser cumprido quando, como, e da forma acordada. É neste ponto que o custo sem controle pode distanciar do resultado esperado. Se para expandir o faturamento é necessário comprometer parte de sua margem, esse novo negócio deve ser avaliado com cautela e exatidão no custo. Todo planejamento deve ter metas mensuráveis e tangíveis, passando por revisões periódicas. Na ocorrência de desvios indesejados, as ações devem ser implementadas. Existem alterações de cenários que fogem do domínio da empresa, mas um bom planejamento ajuda a tomar a decisão. E, quando tomada com base em fatos, reduz a possibilidade de falhas. Então concluímos que para fazer um planejamento eficiente precisamos nos conscientizar das próprias forças e fraquezas, das oportunidades e ameaças do mercado, criando uma visão a longo prazo. Lembre-se que para muitas empresas 2018 já começou.
Revista Painel 22
arquitetura
CAU/SP realiza workshop na AEAARP Evento gratuito atraiu dezenas de profissionais à Associação
O CAU/SP realizou na AEAARP o workshop Acessibilidade: contexto urbano contemporâneo. O treinamento abordou tópicos do Desenho Universal (conceito, lei e aplicações), a Lei Brasileira de Inclusão (Lei Federal Nº 13.146), exercícios interativos, e a discussão de projetos acessíveis
para residências, edifícios corporativos e patrimônios culturais tombados. O evento, realizado em várias cidades do estado, visa à capacitação dos profissionais que trabalham e residem nos municípios paulistas, para fomentar o conhecimento e garantir a construção de cidades sustentáveis e inclusivas, adequadas aos usuários em quaisquer faixas etárias, estatura ou capacidade. Ministrado pelos integrantes do Grupo de Trabalho Acessibilidade do CAU/SP, o treinamento é resultado de parceria com a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
AEAARP 23
Para a arquiteta e urbanista Silvana Serafino Cambiaghi, conselheira do CAU/ SP, o desafio da acessibilidade é tornar as cidades “mais amigáveis”. “Proporcionar a todo cidadão, tenha ou não deficiência, seja idoso ou criança, obeso ou não, que possa usufruir das cidades com as mesmas oportunidades. Ou seja, ter moradia digna, poder usufruir dos ambientes da casa com segurança e autonomia, sair às ruas, utilizar as calçadas, que devem ser mais seguras e amigáveis, que as travessias sejam pensadas com rebaixamentos ou faixas elevadas, que possibilitam circuitos a qualquer pessoas”. Ela foi uma das palestrantes do workshop.
produtividade
Funções Avançadas #01 – DESLOC Fábio Gatti, especialista em Pacote Office
A função DESLOC no Excel é uma função muito útil, porém pouquíssimo utilizada e conhecida, apesar de suas muitas utilizações práticas. Ela permite que o usuário consiga deslocar referências através da planilha, retornando uma célula ou uma matriz encontrada. Para entendermos melhor como utilizá-la, vamos primeiro conhecer a função e seus parâmetros:
A primeira parte da função, portanto, funciona apenas como deslocamento, a partir de uma posição inicial. Em uma base de dados de produtos, e seus respectivos valores mensais de vendas, criaremos a seguinte função: =DESLOC(A1;5;3) Desta forma, ele está deslocando 5 linhas para baixo, e 3 linhas para a direita, conforme vemos na imagem a seguir:
O resultado da função será 188. Simples, certo? Mas, não para por aí. A melhor funcionalidade do DESLOC está na segunda parte da função, quando você define a altura e a largura das células que serão encontradas.
Dessa forma, conseguimos criar intervalos dinâmicos, que crescem naturalmente, e a função estará sempre atualizada. Para explicar melhor esta etapa, vamos criar o seguinte exemplo:
Estamos somando os valores das células A2:A4, mas nada impede de novos valores serem adicionados abaixo, fazendo com que constantemente seja necessário atualizar essa função. Podemos então utilizar a função DESLOC, aninhada com a função CONT.VALORES, para definir qual o tamanho do intervalo. A função seria, então: =SOMA(DESLOC(A1;1;0;CONT.VALORES(A:A)-1;1))
Este intervalo gerado com o DESLOC e CONT.VALORES poderia ser inserido em um nome, e reutilizado várias vezes para outros cálculos, enriquecendo mais ainda o uso dos Intervalos Nomeados, que foi assunto na publicação de Janeiro deste ano.
Revista Painel 24
crea-sp
Blitz flagra leigos em funções técnicas Foram realizadas mais de duas mil diligências
A blitz do CREA-SP em 60 cidades da região de Ribeirão Preto teve os resultados divulgados agora e demonstram que há ainda empresas que contratam leigos para as funções de engenheiros e agrônomos. O engenheiro Araken Mutram, gerente da unidade regional do CREA-SP em Ribeirão Preto, conta que foram realizadas mais de duas mil diligências, com foco especialmente em grandes empreendimentos, centros de compras, obras públicas e eventos que atraiam grande público. Nesses, os fiscais constataram que 25% não tinham documentação correta e, destes, 50% das pessoas que trabalhavam eram leigas, ou seja, sem a formação exigida para a execução dos serviços. “O objetivo do CREA é fiscalizar a profissão para a defesa da sociedade”, frisa o engenheiro Vinicius Marchese Marinelli, presidente do Conselho. Neste sentido, completa Mutram, as fiscalizações de rotina e as blitz realizadas regularmente pelo CREA-SP têm cumprido a função, além de abrir espaço para a contratação dos profissionais. “Nesta blitz foram constatadas pelo menos 250 contratações irregulares, de leigos ocupando o lugar de um engenheiro, por exemplo. Combater esse tipo de irregularidade protege a sociedade e também o profissional”, avalia Mutram. AEAARP 25
notas e cursos PRÓXIMOS EVENTOS AEAARP 21, 22 e 23 de agosto Semana de Arquitetura 27 de agosto Almoço beneficente do dia dos pais
Diretores e conselheiros da AEAARP reuniram-se na entidade com o engenheiro Vinicius Marchese Marinelli, presidente do CREA-SP, e conversaram sobre parcerias com a Associação.
31 de agosto Happy-Hour
14 de setembro Sarau Literário 16 de setembro Visita Técnica Platarum 21 de setembro Happy-Hour 26 de setembro Rodada de Negócios Sebrae (participação da Aeaarp) 7 de outubro Almoço dos Agrônomos 16 de outubro Happy-Hour 19 de outubro Sarau Literário 23, 24 e 25 de outubro Semana de Engenharia 7 de novembro Rodada de Negócios Sebrae (participação da Aeaarp) 23 de novembro Sarau Literário (Consciência Negra)
Gilberto e Marisa Marques Soares, João Paulo e Vera Figueiredo, Elpídio e Tereza Faria participaram da celebração das Bodas de Ouro do casal José Carlos e Rosa Maria Gonçalves em São Sebastião do Paraíso (MG). José Carlos foi o Profissional do Ano AEAARP 2012 e Agrônomo do Ano da Associação de Engenheiros Agrônomos do Estado de São Paulo (AEASP) em 2017.
Wilian Jackson
13 de setembro Rodada de Negócios Sebrae (participação da Aeaarp)
novos associados Eleição no CAU Será no dia 31 de outubro, pela internet, a eleição dos membros dos conselhos de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/ BR) e dos estados – neste caso, o CAU/SP. O mandato vai de 2018 a 2020. O voto pode ser dado pelo computador, celular ou tablet conectado à internet, utilizando login e a senha do SICCAU. Devem votar todos os arquitetos e urbanistas que estiverem em dia com as anuidades do CAU até o dia 16 de outubro – o voto é facultativo para quem tem 70 anos ou mais.
30 de novembro Happy-Hour 8 de dezembro Festa Profissionais do ano
Escolha sempre a AEAARP na sua Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). Alínea 46 fortalece a atuação da sua entidade de classe.
Elza Luli Miyasaka Arquiteta e urbanista Mateus Azadinha Micalli Arquiteto e urbanista Jesus Henderson Mantoanelli Engenheiro agrônomo Rubens Mantovani Junior Engenheiro agrônomo Andre Luiz Neves Mazzetto Engenheiro civil Augusto Cera Junior Engenheiro civil Henrique Stella Lopes Engenheiro civil Lucineia Bueno Engenheiro civil Marcos Antonio Jeronymo Nastri Engenheiro civil
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Pascoal Antonio Bovino Engenheiro civil Alberto Augusto Rebelo Biava Engenheiro de minas Renato Mangolin Sbragia Engenheiro de produção mecânica Denise Andrea Garcia Técnico em edificações Carlos Henrique Luciano Técnico em eletrotécnica