Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto
painel
Ano X nº 271 outubro/ 2017
Do começo O projeto básico é o salvador e o vilão das obras públicas, defini-lo corretamente influencia no cronograma da obra e na lisura do processo
AEAARP
Agricultura Agricultores adotam tecnologia para reduzir consumo Água Cobrança pelo uso da água começa a valer na bacia do Pardo Engenharia Semana técnica pauta a conectividade
palavra do presidente
Dentro e fora Há dois anos e meio, quando assumi a presidência da AEAARP, tínhamos um desafio: unificar os interesses, prosseguir com os investimentos de ampliação do nosso patrimônio e incrementar ações que perpetuem a entidade para além dos 70 anos de fundação que estamos perto de comemorar. A reforma física, estava iniciada. Terminada aquela ampliação, iniciamos outra reforma, que deixou a sede mais bonita e acessível, atendendo às exigências legais e aos padrões arquitetônicos atuais. A obra interna, filosófica, que ressignifica o associativismo praticado por nós há décadas, está em andamento. E está andando muito bem. A AEAARP é um espaço de defesa da nossa categoria, de geração de conhecimento e criação de oportunidades. Cada ação promovida tem como foco esses três pilares. Para chegar até aqui, fizemos a lição de casa: promovemos um profundo – e também dolorido, é verdade – diagnóstico interno, debatemos, planejamos e projetamos. O estágio atual é o da ação! Leitores da revista Painel já devem ter observado o quanto as coisas mudaram. Todos os meses, eventos técnicos e sociais agitam a sede. Não se engane: quando a gente chama para o Happy Hour, o AEAARP Cultural e para as semanas técnicas, o que queremos de verdade é promover relacionamento, oportunidade e conhecimento.
Eng. civil Carlos Alencastre
É a nossa vocação e objetivo.
índice
ESPECIAL 05
evento 18
Contrata rápido, contrata mal
10º Semana de Engenharia pauta a conexão
agricultura 09
conhecimento 20
Economia de água nas lavouras depende de sistemas de irrigação eficientes
Plantarum: #nósfomos ultural
agricultura 12
Normativa lista critérios de investigação de acobertamento
agua 14
Tem mudança na ART e no CAT
mecânica 16
Funções Avançadas #02 – INDIRETO
Social 22
Preservar a água no campo
crea-sp 24
CBH-Pardo começa a cobrar pela água
produtividade 25
Ar mais puro no campo
notas e cursos 26
painel
Rua João Penteado, 2237 - Ribeirão Preto-SP - Tel.: (16) 2102.1700 - Fax: (16) 2102.1717 - www.aeaarp.org.br / aeaarp@aeaarp.org.br
Eng. eletr. Tapyr Sandroni Jorge 1º Vice-presidente
Diretoria Operacional Diretor administrativo - eng. agr. Callil João Filho Diretor financeiro - eng. civil Arlindo Antonio Sicchieri Filho Diretor financeiro adjunto - eng. agr. Benedito Gléria Filho Diretor de promoção e ética - eng. civil e seg do trab. Hirilandes Alves Diretor de ouvidoria - arq. urb. Ercília Pamplona Fernandes Santos Diretoria Funcional Diretor de esporte e lazer - eng. civil Milton Vieira de Souza Leite Diretor de comunicação e cultura - eng. agr. Paulo Purrenes Peixoto Diretor social - eng. civil Rodrigo Araújo Diretora universitária - arq. urb. Ruth Cristina Montanheiro Paolino Diretoria Técnica Agronomia - eng. agr. Alexandre Garcia Tazinaffo Arquitetura - arq.urb. Marta Benedini Vechi Engenharia - eng. civil Paulo Henrique Sinelli
Horário de funcionamento AEAARP - das 8h às 12h e das 13h às 17h CREA - das 8h30 às 16h30 Fora deste período, o atendimento é restrito à portaria.
Eng. civil Carlos Eduardo Nascimento Alencastre Presidente
Eng. civil Fernando Junqueira 2º Vice-presidente
Conselho Presidente: Eng. civil João Paulo de Souza Campos Figueiredo Conselheiros Titulares Arq. e urb. e Eng. seg. do trab. Fabiana Freire Grellet Arq. e urb. Luiz Eduardo Siena Medeiros Eng. agr. Dilson Rodrigues Cáceres Eng. agr. Geraldo Geraldi Jr Eng. agr. Gilberto Marques Soares Eng. civil Edgard Cury Eng. civil Elpidio Faria Junior Eng. civil Jose Aníbal Laguna Eng. civil e seg. do trab. Luis Antonio Bagatin Eng. civil Roberto Maestrello Eng. civil Ricardo Aparecido Debiagi Eng. civil Wilson Luiz Laguna Eng. elet. Hideo Kumasaka Eng. mec. Giulio Roberto Azevedo Prado Conselheiros suplentes Arq. e urb. Celso Oliveira dos Santos Eng. agr. Denizart Bolonhezi Eng. agr. Jorge Luiz Pereira Rosa Eng. agr. José Roberto Scarpellini Eng. agr. Ronaldo Posella Zaccaro Eng. civil Fernando Brant da Silva Carvalho
Associação de Engenharia Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto
REVISTA PAINEL Conselho Editorial: eng. civil Arlindo Antonio Sicchieri Filho, arq. urb. Celso Oliveira dos Santos, eng. mec. Giulio Roberto Azevedo Prado e eng. agr. Paulo Purrenes Peixoto - conselhoeditorial@ aeaarp.org.br Conselheiros Titulares do CREA-SP indicados pela AEAARP: eng. civil e seg. do trab. Hirilandes Alves e eng. mecânico Fernando Antonio Cauchick Carlucci Coordenação Editorial: Texto & Cia Comunicação Rua Galileu Galilei 1800/4, Jd. Canadá Ribeirão Preto SP, CEP 14020-620 www.textocomunicacao.com.br Fones: 16 3916.2840 | 3234.1110 contato@textocomunicacao.com.br Editora: Daniela Antunes – MTb 25679 Colaboração: Bruna Zanuto – MTb 73044 Foto de capa: Freepik Publicidade: 16 2102.1719 Tiragem: 3.000 exemplares Locação: Solange Fecuri - 16 2102.1718 Editoração eletrônica: Mariana Mendonça Nader Impressão e Fotolito: São Francisco Gráfica e Editora Ltda.
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especial
Contrata rápido, contrata mal Desvios, denúncias, prisões, irregularidades, tudo o que o noticiário evidencia envolvendo obras públicas poderia ser resolvido no começo, com planejamento
Quase a metade (46%) das obras de creches e escolas públicas de programas do Governo Federal está atrasada ou paralisada. Esse é o resultado do levantamento divulgado pela ONG Transparência Brasil. Para Juliana Sakai, diretora de operações da Transparência Brasil e uma das autoras do trabalho, os problemas detectados
devem-se ao processo imposto pelo governo para a liberação dos recursos. Dois itens são padronizados: o cronograma da obra e o projeto inicial. Entretanto, essas medidas devem atender a um sem número de diversidades do país – comportamento, clima, solo etc. Nesses casos, completa Juliana, a falha no monitoramento dos
Como é
Como deveria ser
Contratação do projeto básico
Contratação do projeto básico
Licitação da obra
Contratação dos projetos complementares
Licitação Fonte: Eduardo Guimarães, arquiteto e urbanista
investimentos é causadora dos problemas. Ela explica o que todo engenheiro e arquiteto já sabe: as adaptações que podem ser necessárias geram novos custos, encarecem o investimento e abrem uma porta perigosa para a malversação dos recursos públicos. E tudo isso pode ser resolvido no começo, na concepção do projeto.
O arquiteto e urbanista Eduardo Guimarães, docente do curso de Gerente de Cidades na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) em São Paulo (SP) concorda. Ele explica que os problemas nascem na tendência de simplificar o processo, acelerando o início das obras. Pular etapas causa prejuízo. “Querem fazer o projeto em seis meses; depois ficam cinco anos construindo e a obra não termina”, exemplifica. Contratando rápido, acabam contratando mal. Para ele, sem os projetos complementares e com pressa, são grandes as chances de mudanças no decorrer do processo. Essa é a cultura do mercado como um todo. Na iniciativa privada, fala, a obra começa e depois os projetos complementares são concluídos, exigindo adaptações na execução. “No poder público a tendência é fazer isso propositalmente, abrindo margem para práticas que podem ou não ser idôneas”, opina. O arquiteto explica que a Lei Federal 8.666/93, que versa sobre as licitações, não contempla a qualidade do trabalho, exigindo a contratação pelo menor preço e não pela melhor técnica. “Contratar trabalho intelectual pelo menor preço é complicado”, opina. Ribeirão Preto tem fartos exemplos disso. O anexo da Câmara Municipal é, atualmente, o mais emblemático: foi orçado em R$ 6,5 milhões, consumiu R$ 9,7 milhões e está paralisada desde o final do ano passado. A construtora Cedro, vencedora da licitação para a construção do
edifício, alega que são necessários mais R$ 1 milhão para concluí-la. Dois laudos técnicos apresentados à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que analisou o caso são convergentes sob o ponto de vista técnico, segundo o engenheiro Arlindo Antônio Sicchieri Filho, diretor financeiro da AEAARP. De acordo com ele, as alterações exigidas no
projeto executivo em relação ao inicial influenciaram no andamento e no valor da obra, que ainda apresenta problemas e, por isso mesmo, precisa ter o valor revisto para poder ser concluída. “O fato é: se o projeto inicial é feito da forma adequada, atendendo parâmetros técnicos do local, da necessidade do investimento, de seu uso e dos materiais escolhidos para a edificação, há economia enorme de recursos públicos”, afirma Arlindo. A construção começou em 2015 e deveria ter sido concluída em 2016. O projeto, observa o arquiteto Celso Santos, é a primeira medida para a lisura de todo o processo.
Transparência
O caso avaliado pela Transparência Brasil refere-se ao Programa de Ações Articuladas (PAR) e ao Programa Nacional de Reestruturação e Aquisição de Equipamentos para a Rede Escolar Pública de Educação Infantil (Proinfância). O estudo focou especialmente nos problemas de obras atrasadas e paralisadas, recursos gastos e falta de transparência e controle das ações. Avaliou as documentações de uma década, de 2007 até 27 de julho de 2017, e concluiu: das 12.925 obras de novas creches e escolas pactuadas entre municípios e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), 37% (4.830) foram concluídas, 642 foram canceladas e restam 7.453 obras para serem entregues.
Das 7.453 obras que precisam ser entregues:
29% está parada 17% paralisada
Das 2.142 obras paradas:
A Transparência Brasil obteve informações sobre 1924 (90%), que gastaram R$ 1,5 bilhão.
Fonte: Transparência Brasil
Juliana Sakai, diretora de operações da ONG Transparência Brasil, fala que algumas das situações flagradas pelo grupo referem-se justamente à falta de consonância entre o objeto do convênio e a contrapartida da prefeitura. Em uma das situações, o terreno designado para a implantação da escola não atendia às especificações necessárias para a obra. “O governo manda o projeto inicial e a prefeitura aceita sem atender às especificações dos locais; adaptações geram custos que os municípios não têm como absorver”, explica. Ou, como explicou o arquiteto e urbanista Eduardo Guimarães, abrem a oportunidade para atos ilícitos.
Revista Painel 6
Fiscalização
A ONG Transparência Brasil acaba de lançar o aplicativo Tá de Pé, disponível para equipamentos móveis que utilizam
Foto: JFPIMENTA
Além do anexo da Câmara, há em Ribeirão Preto exemplos de atrasos e problemas em obras também sob a responsabilidade da prefeitura. Um dos mais polêmicos é a duplicação da Avenida Antônia Mugnatto Marincek, na região do Jardim Aeroporto. Idas e vindas na negociação entre o poder público e a construtora Prime Infraestrutura resultou no rompimento do contrato com apenas 8% da obra executada, orçada em R$ 25 milhões. A obra começou em junho de 2016 e deveria ser concluída em dois anos. Um dos problemas foi o atraso na desapropriação de áreas necessárias para a ampliação da pista. A decisão da secretaria de Administração prevê sanções à empresa e nova licitação deve ser anunciada em breve. O desafio da atual administração é iniciar as demais obras previstas para os recursos liberados por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e cujos projetos estão sendo elaborados pelo Consórcio Mobilidade, contratado há um ano por R$ 5.870.107. A cidade conquistou R$ 300 milhões em recursos federais em 2012, mas ainda bem pouco foi feito. As obras previstas referem-se especialmente à infraestrutura e mobilidade, como a da Avenida Antônia Mugnatto Marincek. Em setembro último, o atual prefeito, engenheiro agrônomo Antônio Duarte Nogueira Júnior, assinou a documentação no Banco do Brasil, em Brasília (DF), para o empréstimo dos R$ 37 milhões necessários à contrapartida municipal nas obras, principalmente desapropriações.
Obras que constam no PAC da Mobilidade
- Implantação de 56 km de faixas exclusivas com tratamento prioritário para o transporte público - Duplicação da Avenida Antônia Mugnatto Marincek - Implantação de sinalização ao longo dos 56 km de corredores estruturais - Implantação de mobiliário urbano e paisagismo ao longo da extensão do corredor - Padronização das calçadas em toda a extensão dos corredores estruturais - Implantação de 30 km de ciclovia integrada à rede de transporte coletivo - Implantação de Central Semafórica Inteligente com prioridade para o transporte coletivo - Viaduto no cruzamento das Avenidas Jerônimo Gonçalves e Francisco Junqueira - Ponte na Rua José Bonifácio com o córrego Retiro Saudoso - Ponte na Rua Visconde de Inhaúma com o córrego Retiro Saudoso - Ponte na Rua Barão do Amazonas com o córrego Retiro Saudoso - Ponte na Avenida Brasil com Avenida Thomaz Alberto Watelly - Ponte na Avenida Brasil com Avenida Mogiana - Viaduto na Avenida Antônio Diederichsen com Avenida Maria de Jesus Condeixa - Túnel no cruzamento das avenidas Antonio Diederichsen e Presidente Vargas - Túnel no cruzamento das avenidas Presidente Vargas e Independência - Transposição em nível na Avenida Nove de Julho com as avenidas Portugal e Antonio Diederichisen - Passarela entre rodoviária e o Centro Popular de Compras As pontes e o corredor da Avenida Saudade serão licitadas em 2017 e construídas em 2018, e as demais obras serão executadas durante 2018 até 2020. Fonte: Assessoria de imprensa da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto
o sistema Android. Juliana explica que desta forma todo cidadão se transforma em um fiscal. Os usuários podem fotografar e enviar as imagens por meio do aplicativo, tudo de forma anônima. Por enquanto, o aplicativo destina-se somente às obras de infraestrutura educacional, mas deverá ser ampliado no futuro. O sistema já é abastecido com informações AEAARP 7
de algumas obras e os usuários informam o andamento. As imagens são confrontadas com o cronograma, avaliadas por engenheiros parceiros do projeto, e os órgãos responsáveis são questionados. O Tá de Pé foi vencedor do Desafio Google de Impacto Social em 2016 na categoria voto popular. O prêmio foi utilizado para a construção do aplicativo.
Imagem: Agência Brasília
agricultura
Economia de água nas lavouras depende de sistemas de irrigação eficientes Apesar das novas tecnologias, equipamentos modernos e profissionais especializados, o Brasil ainda tem que avançar no consumo consciente da água na agricultura AEAARP 9
Imagem: Freepik
as práticas de manejo. Wagner explica que a maior parte da área irrigada no país – quase sete milhões de hectares – está nas mãos de grandes produtores. “Alguns já dispõem de assistência técnica especializada, pois perceberam o investimento é válido, e isso faz com que utilizem melhor a água”. Já os pequenos agricultores, apesar da menor participação no total de área irrigada, são em maior número e responsáveis por boa parte da produção dos alimentos de mesa como alface, cenoura, tomate etc. “Muitos não dispõem de assistência adequada e, individualmente, acabam sendo menos eficientes com a irrigação”, analisa o engenheiro agrícola. Wagner avalia que, antes de desenvolver qualquer nova tecnologia, é necessário convencer os agricultores da importância do uso eficiente da água e mostrar que podem lucrar muito com isso. Ele acredita que só depois disso, eles adotarão uma das soluções existentes. Revista Painel 10
Imagem: Freepik
Produtividade com sustentabilidade: eis um dos maiores desafios da agricultura do século XXI. É grande a oferta de equipamentos e técnicas de gestão do recurso hídrico na agricultura; porém, muitos agricultores ainda não utilizam as novas tecnologias. A agricultura irrigada consome cerca de 72% da água retirada dos rios, lagos e aquíferos do Brasil, segundo o engenheiro agrícola Wagner Vilella, coordenador de Planos de Recursos Hídricos da Agência Nacional de Águas (ANA). “Isso representa 912 metros cúbicos por segundo. É mais que toda a vazão que o rio São Francisco, hoje em estado crítico, tem em sua foz”, explica Wagner. Nos últimos 30 anos, aumentou o consumo de água na agricultura. Até mesmo no período de crise econômica, a agricultura irrigada cresceu cerca de 4% ao ano. Em termos de equipamentos, o Brasil é um dos países com irrigação mais moderna do mundo, segundo Wagner. Na opinião dele, o que falta é melhorar
A ANA criou o Curso de Manejo da Irrigação: como, quando e quanto irrigar? Acesse o material do curso que está disponível no endereço eletrônico da AEAARP, na área de Notícias.
www.aeaarp.org.br
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tos através de smartphones, com aplicativos cada vez fáceis de utilizar”. Usar a água de forma eficiente na irrigação é única maneira de reduzir a retirada dos recursos hídricos das fontes naturais. Para o presidente da ABID, tem muita coisa em andamento, mas o Brasil tem muito no que avançar. Já o coordenador de Planos de Recursos Hídricos da ANA acredita que não falta muito para o país ser mais eficiente no uso racional da água na agricultura. “Já demos alguns passos importantes, como a aplicação de leis e regulamentos da legislação de recursos hídricos”.
Ele cita a Lei 12.787/2013, que instituiu a Política Nacional de Irrigação, mas que ainda não foi regulamentada. “Nessa lei existem vários dispositivos que poderiam levar ao uso mais eficiente da água”. Por outro lado a Lei 9.433/1997, que estabeleceu a Lei das Águas, apresenta vários dispositivos regulamentados como outorga e cobrança, que acabam levando ao uso mais eficiente da água, tanto por uma questão formal (índices de eficiência exigidos na outorga), quanto econômica (quem gasta mais, paga mais). “A fiscalização desses instrumentos existe e está sendo aprimorada a cada ano, ao menos aqui na ANA”, finaliza Vilella.
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“A agricultura é irrigada pela natureza, através das chuvas, mas isso não acontece de forma perfeita”, acrescenta o engenheiro agrônomo Helvécio Mattana Saturnino, presidente da Associação Brasileira de Irrigação e Drenagem (ABID). Existem períodos de pouca ou muita oferta de chuvas, o que afeta criticamente a produção agrícola. “Cabe ao homem entender o ciclo hidrológico e organizar o fluxo hídrico ao longo do ano, através de sistemas de irrigação”. Existem condições para aproveitar toda a água que cai na propriedade, para que ela possa infiltrar melhor e recarregar os aquíferos, sem provocar erosão, e ainda de conduzir o excedente para reservatórios. A gestão dos recursos hídricos nada mais é do que reter a água da chuva nos períodos de abundância e usá-la nas épocas de seca. “Se o produtor não tomar cuidado, toda água se perde”, adverte Helvécio. Segundo ele, o Brasil tem potencial para multiplicar a área irrigada em até 10 vezes. Apesar da contínua evolução dos equipamentos de irrigação, Wagner acredita que os avanços mais significativos vêm acontecendo nas tecnologias e práticas para o manejo da água na irrigação. “Hoje, o irrigante pode receber os dados de manejo e controlar seus equipamen-
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agricultura
Preservar a água no campo
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Combinação de técnicas de plantio e tecnologia agrícola melhoram o desempenho do uso da água na agricultura
De acordo com o engenheiro civil Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, o plantio direto introduziu uma verdadeira evolução no uso da água na agricultura brasileira. A técnica, segundo ele, reduz em até 30% o consumo na irrigação. Arnaldo cita outro método que contribuiu significativamente para o manejo adequado da água: o sistema de gotejamento.
Após o recente estresse hídrico enfrentado pela região Sudeste do país, vários processos de gestão da água foram incentivados: bacias de contenção de água pluvial na zona rural (principalmente, próximas às estradas), terraceamento que controle o fluxo da água pluvial (técnica agrícola que evita erosão decorrente do escoamento da água) e melhoria dos equipamentos e métodos de irrigação existentes. “A agricultura, como todos os Revista Painel 12
outros setores, precisa organizar, repensar formas de cuidar do recurso hídrico e de armazenar águas pluviais para se preparar para os momentos de escassez hídrica”, avalia Jardim. No caso das hortaliças, uma cultura muito dependente de irrigação, pesquisadores estão trabalhando no desenvolvimento de novas cultivares mais resistentes ao déficit hídrico (que tenham a mesma produtividade, porém com
menor quantidade de água). “Temos que considerar que a maioria das espécies de hortaliças é de regiões de clima temperado e que, ao longo do tempo, evoluíram e foram selecionadas em ambientes com muita disponibilidade de água. Por isso, além da adaptação ao clima tropical, em cenários de escassez desse recurso, precisamos contar com a engenharia genética para dispor de materiais que suportem melhor o estresse hídrico sem baixar a produção”, explicou o agrônomo Marcos Braga, pesquisador da Embrapa Hortaliças e especialista em Irrigação e Drenagem, ao portal Embrapa. Outra medida para aumentar a sustentabilidade dos sistemas de produção é o reuso de água de esgoto tratada para irrigação de lavouras. No Brasil, depois do tratamento do esgoto, a água é devolvida aos rios. O engenheiro ambiental Carlos Eduardo Pacheco, pesquisador da Embrapa Hortaliças, disse ao portal Embrapa que “poderia ser dado um uso mais nobre para a água tratada, como a irrigação para produção de alimentos”. Segundo ele, quando água residual é aproveitada, evita-se a retirada da mesma dos rios e lagos e, por consequência, a perda que ocorre na rede de distribuição.
Segundo a engenheira agrônoma, Carla Paixão, professora no Centro Universitário Moura Lacerda, além das técnicas de manejo da irrigação, deve-se analisar o vento, a irradiação solar, a umidade do solo e o processo de evapotranspiração (perda de água causada pela evaporação do solo e pela transpiração das plantas) do local. “Às vezes, pode se jogar muita água e o solo não segura boa parte dela”, explica. A professora acrescenta que nesse caso podem ser aplicadas técnicas de sensoriamento remoto (análise da umidade do solo através de sensores). Também devem ser consideradas características das plantas em questão: a profundidade da raiz e a pilosidade das plantas (região da raiz que absorve água e nutrientes). “A planta precisa captar água sem esforço”, diz a engenheira agrônoma. Da área irrigada no Brasil, 54% é feita por aspersão do tipo pivô central (que acaba molhando a planta inteira, principalmente as folhas e, às vezes, não atinge a raiz), 6% gotejamento (processo de irrigação localizada, onde tubos gotejadores distribuem a água lentamente e diretamente na raiz) e o restante é por métodos mais antigos como, por exem-
plo, irrigação por sulcos (distribuição de água por pequenos canais paralelos às fileiras das plantas), segundo Carla. A professora exemplifica que um pé de café precisa de cinco litros de água. Pelo sistema de aspersão, a planta recebe cerca de oito litros. “Já o gotejamento, coloca 5,3 litros. A economia no volume de água proporcionada pelo gotejamento chega entre 30% a 50%”. Carla comenta que a região que tem se destacado no uso racional da água na agricultura é a Centro-Oeste. “Eles investem muito mais em tecnologia do que a nossa região”. Ela acrescenta que Israel é um dos países mais avançados nessa área e que muitas das técnicas utilizadas no Brasil vieram de lá. Para ela, a falta de água não é um caso eventual da falta de chuva, é a consequência de várias ações erradas e com vários culpados. “Muitos produtores não tem um agrônomo para acompanhar a lavoura. Outros não têm conhecimento na área e adotam práticas como, por exemplo, aumentar o uso de água acreditando que terá mais produtividade”. Ela alerta que vários estudos já comprovaram que o excesso de água não melhora a produtividade da lavoura.
Veja o levantamento da agricultura irrigada por pivôs centrais no Brasil e o estudo sobre a canade-açúcar irrigada na região Centro-Sul do Brasil, produzidos pela ANA, no endereço eletrônico da AEAARP, na área de Notícias. Assista também um vídeo que mostra como Israel enfrenta a falta de água potável e as tecnologias criadas por eles.
CRÉDITO PARA IRRIGAÇÃO
O Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (FEAP) criou uma linha de crédito rural específica para os produtores rurais do Alto Tietê modernizarem a irrigação de suas lavouras.
www.aeaarp.org.br AEAARP 13
água
CBH-Pardo começa a cobrar pela água
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Medida é prevista em lei desde 1997
É sabido popularmente que quando uma questão afeta a conta bancária, há reação. É o que depreende-se da frase: quando mexe no bolso, as coisas mudam. É mais ou menos isso que pretendem os órgãos gestores da água ao conquistarem a regulamentação da cobrança pelo seu uso. A medida prevista na Lei Federal 9.433, de 1997 (Lei da Água), já foi adotada em algumas bacias hidrográficas do país e só a partir de agosto passou a valer para os 23 municípios que compõem o Comitê da Bacia Hidrográfica do Pardo (CBH-Pardo). O engenheiro Carlos Alencastre, presidente da AEAARP, é secretário executivo do Comitê. Ele esclarece que a palavra conquista vale para esta explicação em razão dos longos anos de negociação que precederam o início da cobrança que, por enquanto, não atinge o uso agrícola. “Neste ponto as negociações não avançaram”, conta. A cobrança também não é aplicável aos municípios que utilizam a água do
rio Pardo, que é de domínio da União. Neste caso, a regulamentação deve ser feita pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH). Até o momento, em rios de domínio da União, a cobrança foi implementada nas bacias dos rios Paraíba do Sul, Piracicaba, Capivari, Jundiaí, São Francisco, Rio Doce, Paranaíba e na do Rio Verde Grande.
Quando todas as fases da regulamentação forem cumpridas, em 2019, o Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto (DAERP) deverá desembolsar perto de R$ 1,5 milhão por ano, que podem ser parcelados em 12 vezes. A cobrança, Carlos explica, refere-se à captação, consumo e lançamento de água, que custa em média R$ 0,03 a cada mil litros.
Quem vai pagar Índustria (urbana e rural)
SIM
Saneamento (privado ou público)
SIM
Aglomerados rurais
SIM
Uso agrícola para irrigação
NÃO
Uso de água de domínio da união
NÃO
Uso de água de domínio do estado
SIM
Água de domínio da união: águas que fazem divisa entre estados ou nascem em um estado e desembocam em outro. Água de domínio do estado: toda água subterrânea e dos rios que nascem e desaguam no mesmo estado. Exemplo: Aquífero Guarani - domínio do estado Ribeirão Preto - domínio do estado Rio Pardo - domínio da união Fonte: CBH-Pardo Revista Painel 14
Carlos esclarece que, pelo menos no caso do DAERP, a conta poderá acelerar o investimento em sistemas de contenção das perdas de água na rede de abastecimento. Em Ribeirão Preto (SP), pelo menos 60% da água captada é perdida no caminho entre os poços e o consumidor. Ainda que não chegue ao destino, esse volume estará na conta que o DAERP terá para acertar com o Comitê. O modelo da cobrança, entretanto, é o da logística reversa: o Departamento poderá financiar as melhorias do seu sistema pleiteando recursos junto ao Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FEHIDRO), através do CBH-Pardo, que receberá os recursos da cobrança.
Quem paga
Todos os entes, públicos ou privados, que captam, consomem e tratam a água estão sujeitos a esta cobrança, calculada levando-se em conta a captação,
consumo e o lançamento do esgoto nos corpos d’água. A cobrança dos efluentes de esgoto lançados é medida através de um parâmetro técnico - Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) - que determina a quantidade de poluição remanescente que é lançada. A Ambient, empresa responsável pelo tratamento do esgoto de Ribeirão Preto, por exemplo, pagará pelo efluente lançado cerca de 5%, tendo em vista que a eficiência do tratamento realizado elimina 95% dos poluentes. Nos dois primeiros anos – 2017 e 2018 – a cobrança terá descontos de 40% e 25%, respectivamente, considerando que os boletos de 2017 referem-se a cinco meses de uso. Empreendimentos que utilizam poços profundos e não estão ligados à rede pública também serão cobrados. Carlos explica que os boletos terão valor mínimo
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de R$ 30. Caso o consumo apurado não alcance este montante, a cobrança será acumulada para o exercício seguinte.
No Brasil
A Agência Nacional de Águas (ANA) esclarece que a cobrança é uma remuneração pelo uso de um bem público – a água. Não é um imposto. Os comitês de bacia são os organismos responsáveis pela regulamentação da cobrança, responsabilidade delegada pela Lei das Águas. É esta legislação que determina a destinação dos recursos: a recuperação das bacias hidrográficas em que são gerados. O Ceará foi o primeiro estado da federação a adotar este modelo, em 1996. Em todo o estado do Rio de Janeiro a cobrança já foi instituída, tanto para as águas de domínio da União quanto para as fontes sob responsabilidade do Estado. Em São Paulo, a cobrança começou a ser feita em 2007.
mecânica
Ar mais puro no campo
Imagens: www.flickr.com/photos/agrishowoficial
Em 2017, foi implantada nova etapa de legislação que limita a emissão de poluentes de máquinas agrícolas
O crescimento da frota de veículos no país nos últimos anos e a situação precária de manutenção foram determinantes para que órgãos ambientais criassem soluções para reduzir a emissão de poluentes veiculares, nas áreas urbana e rural. A primeira medida adotada pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), em 1986, impôs regras para veículos automotores dos ciclos Otto [ciclo termodinâmico que representa o funcionamento de motores de combustão interna] e Diesel. Agora as regras chegam também ao
campo, regulamentadas pela Resolução 433/2011, que faz parte do Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores (PROCONVE). A decisão determina que a tecnologia seja usada para controlar a emissão de gases poluentes por veículos automotores – incluindo a redução de consumo de combustíveis. Estender o PROCONVE para a área rural tem impacto direto na indústria, uma vez que os fabricantes devem entregar os novos produtos de acordo com a Resolução 433/2011. “Isso representa um grande passo na direção Revista Painel 16
da sustentabilidade e posicionamento dos produtos em patamares globais”, diz Antonio Megale, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA). De acordo com a resolução publicada em 2011, todos os modelos de máquinas agrícolas de 101 a 761 cavalos (novos, nacionais e importados) devem atender às exigências do PROCONVE desde o início de 2017. Já os equipamentos agrícolas de menor potência só atenderão as exigências a partir de 2019, conforme o calendário.
Calendário de implantação do PROCONVE Ano
Máquina agrícolas
2017
Todos os modelos com potência ou superior a
2019
Todos os modelos com potência ou superior a
Segundo a ANFAVEA, a resolução brasileira é similar a algumas regulamentações de outros países como, por exemplo, a norte-americana Tier 3 e a europeia Stage IIIA. O programa foi batizado de MAR-1 (abreviação de Máquinas Agrícolas e Rodoviárias Fase 1) e define limites de emissões de monóxido de carbono (CO), hidrocarbonetos (HC), óxidos de nitrogênio (NOx) e material particulado (MP). Se comparado com motores não certificados ou não regulamentados, a redução da poluição de material particulado desta fase do MAR-1 pode chegar a 85% e a de NOx até 75%.
MÁQUINAS NÃO CERTIFICADAS OU NÃO Homologadas
Segundo a ANFAVEA, a legislação não prevê data limite para comercialização das máquinas produzidas ou importadas antes da vigência da regulamentação da fase PROCONVE MAR-1.
75kW (101 cv) até 560 kW (761 cv) 19kW (25 cv) até 75 kW (101 cv)
Tecnologia disponível
Para atender aos novos limites de emissão de poluentes, cada empresa optou por tecnologias que melhor atendessem seu mercado consumidor. Segundo a ANFAVEA, as tecnologias que estão sendo mais empregadas no maquinário agrícola são: ▪ Sistema EGR (em inglês, Exhaust Gas Recirculation): que é a recirculação do gás de escapamento. Nesse sistema, o gás de escapamento retorna à câmara de combustão do motor, reduzindo a temperatura da combustão e a formação de óxidos de nitrogênio (NOx). Adicionalmente, é necessário um sistema de turboalimentação mais complexo. ▪ Sistema SCR (em inglês, Selective Catalityc Reduction): que consiste na redução catalítica seletiva; ou seja, reduz as emissões dos óxidos de nitrogênio (NOx) através de um catalisador. Com essa tecnologia, um reagente líquido, chamado de Arla 32, é pulverizado no gás de escapamento, gerando uma reação química no catalisador que, praticamente, neutraliza a geração de NOx. Segundo o Guia MAR-1, editado pela ANFAVEA, a tecnologia EGR reduz as emissões de NOx no interior do motor por meio da reinjeção de parte do gás de escapamento, enquanto a tecnologia SCR reduz as emissões de NOx fora do motor (no catalisador) através de reação química causada pela injeção do Arla 32. Ambas as soluções apresentam vantagens, o uso AEAARP 17
vai depender da aplicação de cada máquina. A ANFAVEA avalia que todas essas mudanças vão melhorar o desempenho das máquinas lançadas após o MAR-1. A associação analisa também que o custo de produção será maior, mas que o preço para o consumidor final deverá seguir a política de mercado de cada fabricante.
O Guia MAR-1 Tudo o que você deve saber, publicado pela ANFAVEA, está disponível no endereço eletrônico da AEAARP, na área de Notícias.
www.aeaarp.org.br Assim como os motores, o combustível também sofreu algumas alterações. De acordo com a publicação da ANFAVEA, essas novas tecnologias exigem um diesel que apresenta curva de destilação melhor definida, maior número de cetano e menor teor de enxofre, propiciando ganhos em emissões e desempenho. Esse novo combustível atende à Resolução 50, da Agência Nacional de Petróleo (ANP), publicada em 2013. O novo diesel também pode ser usado nos veículos antigos e terá o mesmo papel de reduzir as emissões de material particulado. Além disso, esse combustível contribui para reduzir o desgaste dos anéis e cilindros, aumentando a vida útil dessas peças, e a deterioração do óleo lubrificante.
evento
10º Semana de Engenharia pauta a conexão Nos três dias de evento, cidades inteligentes será a pauta única, abordada pelos maiores especialistas brasileiros no tema
A tecnologia transformou aparelhos de televisão e de celular em equipamentos de conexão. Ganharam um nome a mais: são as smart TVs e os smartphones. Para além dos eletroeletrônicos, agora há também a smart city, um modelo de construção, urbanismo, infraestrutura e serviços que conecta as pessoas. No Brasil, são conhecidas como cidades inteligentes. No Ceará já está em fase de implantação um modelo de cidade inteligente onde serviços, informação, infraestrutura, trânsito, tudo é planejado e converge para uma plataforma digital. A arquiteta Susanna Marchionni trabalha no escritório responsável pelo projeto e vai apresentá-lo na 10ª Semana de Engenharia da AEAARP, que pautará este tema nos três dias de palestras, apresentando experiências dos maiores especialistas brasileiros no assunto. A Smart City Laguna, projeto recém-
-lançado em Croatá, distrito de São Gonçalo do Amarante (CE), une tecnologia, planejamento urbano e sustentabilidade. A estrutura é planejada para atender 25 mil pessoas e será a primeira do mundo voltada ao público popular, aceitando inclusive com financiamento por meio do programa Minha Casa, Minha Vida. O projeto foi idealizado por uma startup italiana. De acordo com Susanna, o local é formatado para ser celeiro de oportunidades de emprego, além de proporcionar contato com a natureza, economia por meio do compartilhamento dos serviços, infraestrutura segura, trânsito eficiente, acessibilidade e inclusão social. No local já funciona o Instituto Planet, que mantém o Cine Planet e uma biblioteca infanto-juvenil, assim como o centro administrativo e comercial do
empreendimento. O conceito smart faz parte de uma nova revolução – aquela 4.0 sobre a qual a Painel publicou reportagem de capa na edição 269 – agosto de 2017 – o que, para Susanna, tornará mais eficientes três áreas urbanas: a de energia, de informação e a social. Na Smart City Laguna, estas três áreas são contempladas por parceiros. A cidade terá sinal de internet sem fio gratuita nas áreas institucionais, iluminação pública controlada por sensores, programa de bicicletas e carros compartilhados, playground e redutores de velocidade que geram energia elétrica, biblioteca pública e sala de cinema. A ideia é oferecer todos os serviços e evitar que a população se desloque para uma cidade vizinha. Um aplicativo vai oferecer as informações sobre os serviços da smart city.
Oportunidades em engenharia
Paulo Sinelli, coordenador técnico da 10ª Semana de Engenharia da AEAARP, afirma que o intuito do evento é mostrar ao público que, a revolução digital oferece oportunidades em todas as engenharias. “O modo de projetar, construir e criar tem de estar conectado às necessidades atuais e também às exigências sociais e ambientais que o nosso tempo requer”, avalia o engenheiro.
Revista Painel 18
Todos os moradores poderão baixá-lo gratuitamente no seu smartphone e personalizar o perfil de acordo com as suas exigências – consultar dados, monitorar gastos, consumos e utilizar serviços, como por exemplo, carros e bicicletas compartilhadas. Além disso, os usuários podem interagir com os demais moradores e manifestar opiniões a respeito dos serviços disponíveis.
Programação
No segundo dia do evento, a arquiteta Rochele Amorim Ribeiro falará sobre o tema do ponto de vista da sustentabilidade urbana. Ela propõe-se a questionar, por exemplo, quais são as características que definem uma cidade como inteligente. No mesmo dia, André Gomyde, designer e empresário, falará sobre cidades inteligentes e humanas. Ele preside a Rede Brasileira de Cidades Inteligentes e Humanas. Marcelo Mancini, mestre em Engenharia de Transportes pela Universidade de São Paulo (USP), graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), vai expor outras experiências sobre este tema no último dia do evento, 25 de outubro, quando o arquiteto Luís Oliveira Ramos, da Secretaria de Telecomunicações do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, também falará sobre as iniciativas governamentais nesse sentido. Inscrições no site da AEAARP
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conhecimento
Plantarum: #nósfomos 46 pessoas lideradas pela AEAARP conheceram um dos principais jardins botânicos do país
46 pessoas embarcaram na Jornada AEAARP ao Plantarum
Foi uma jornada de conhecimento e inspiração: assim o engenheiro agrônomo Alexandre Tazinaffo, diretor de Agronomia da AEAARP, sintetiza a Jornada AEAARP ao Plantarum, um dos principais jardins botânicos do país. A experiência foi compartilhada por 46 pessoas, um grupo composto por profissionais, estudantes e leigos. “A heterogeneidade do público garantiu ao grupo diferentes visões sobre o acervo do local”, observa. O Jardim Botânico Plantarum fica em Nova Odessa (SP). Na edição de outubro de 2016 (número 259), a reportagem da
revista Painel mostrou detalhes do local: cerca de 4.000 espécies abrigadas em nove hectares, agrupadas em jardins e dispostas de tal forma que a visita ao local pode ser por lazer, por conhecimento botânico, agronômico, histórico e folclórico. O botânico Harri Lorenzi, autor da maior parte da literatura disponível no país sobre espécies vegetais, guiou um dos grupos e mostrou pessoalmente as técnicas de conservação e manutenção do local. Todas as plantas são identificadas, por seus nomes científicos, popular, região de origem e risco de extinção. Revista Painel 20
Harri Lorenzi com o grupo da AEAARP
Imagem: Freepik
Chico-pires, exemplar remanescente da floresta original que existia no local até 1954
Durante a visita, os participantes foram apresentados também a lendas indígenas, representadas por estátuas colocadas no local. Uma delas, a do Curupira, chamou a atenção e a história completa está no vídeo disponível no Facebook da AEAARP. Siga => Facebook.com/AEAARP
Este foi um dos pontos que chamou a atenção do engenheiro agrônomo Luís Eduardo Sartori, além da identificação clara de todas as espécies. Johnny Munhoz, estudante de biologia da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto (USP-RP), animou-se em embarcar na jornada depois de assistir a uma palestra de Harri. “É um oásis para os polinizadores no meio do deserto das monoculturas”.
Próximos destinos: Inhotim, Belo Horizonte e EUA Em 2018, a AEAARP, por meio do convênio com o clube Friendship Force, vai realizar duas jornadas: a primeira para Belo Horizonte e Inhotim, em Minas Gerais, com saída prevista para o mês de abril. A segunda para os Estados Unidos, em Dallas e Memphis, com saída prevista para o mês de setembro. O Friendship Force, ou a Força da Amizade, tem 371 clubes em todo o mundo. O de Ribeirão Preto (SP) é um dos mais antigos do país. O propósito de seus integrantes é promover um tipo de turismo que transcende o lazer e inclui no roteiro a convivência entre aqueles que viajam e os que recepcionam os viajantes. O engenheiro mecânico Giulio Roberto Azevedo Prado integra o grupo de Ribeirão Preto, por meio do qual conheceu vários lugares no Brasil e no mundo. “O foco principal é a convivência. O convênio da AEAARP com o grupo vai proporcionar também conhecimento, uma vez que preparamos roteiros conectados com as áreas atendidas pela Associação”, explica o engenheiro. Veja detalhes na página www.aeaarp.org.br.
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social
De união e animação Neste ano, os engenheiros agrônomos escolheram o Pau Brasil para marcar o Almoço dos Agrônomos, realizado pela AEAARP há mais de 40 anos. De acordo com Alexandre Tazinaffo, diretor de Agronomia e um dos organizadores da festa, a espécie foi escolhida pelo simbolismo e por ser uma maneira de alertar a respeito do risco que ela corre de extinção. No mais, a festa foi como o engenheiro agrônomo Callil João Filho descreveu: “a classe, quando é unida, é animada”.
Almoço dos Agrônomos é realizado pela AEAARP há mais de 40 anos
José Mário Jorge, itor Branco de Araújo, Carlos Alencastre, Geraldo Geraldi Júnior, Vitor Branco de Araújo, Antônio Alexandre Tazinaffo, Carlos Henrique de Paula e Silva, Marcos Duarte Nogueira Júnior, Carlos Alencastre, Alexandre Landell, José Roberto Scarpellini, Denizart Bolonhezi e Tazinaffo e Callil João Filho Geraldo Geraldi Júnior
Jorge Rosa, Maria Eunice Rosa, Vera Figueiredo e João Paulo Figueiredo
Alessandra Romano, Maurício Romano, Tânia Mara Pereira, Rose Simão e Ercília Pamplona
Rodrigo Martins, Guilherme Pereira, José Pereira Silva Filho, Geraldo Fernandes Santos, Ricardo Oliveira e Evandro de Paula
Paulo Roberto Salvador, Clara Salvador e Maria Aparecida Z. Pinto
Revista Painel 22
Manoel Tavares, Benedito Gléria Filho e Alexandre Tazinaffo
Rosangela Saiki, Margarida Leite Fabinho e Sônia Clemente
José Messias Cardoso, Antônio Carlos Giovanini , Germano Rafael Bilotta Mariutti e João Batista Ferreira
Cesar Pereira, Landry Loesch, Maria das Graças Loesch, Rita Maria Pereira e Leonardo Pereira
Noboro Saiki, Navarro Araújo e Arlindo Clemente
João Batista Lorenzato, Sônia Mastrogiacomo e Marcel Monteiro
Amélia Muller, João Muller, Sérgio Veráguas Sanches e Márcia Aparecida Muller Sanches
Juarez Carvalho, Geraldo Geraldi Júnior, Antônio Carlos Giovanini, Dilson Cáceres e Gilberto Marques Soares
Marta Mariani, José Antônio Mariani e Leonardo Mariani
Márcio Silveira da Silva, Jéssica Scavazini Rezende, Ana Lúcia Toldo e Carlos Toldo
Lucimar Pereira, José André Pazeto e Alexandre Pereira Pazeto
Cora Coralina e todo o universo que cerca suas memórias foram transportados para a AEAARP no evento cultural dedicado à sua obra. A escritora e poetisa Mariza Ruiz e a contadora de estórias Tina Oliveira apresentaram a obra de Cora com a participação do escritor Luiz Fernando Valadares. O evento foi todo preparado para envolver os convidados na atmosfera dos poemas; até mesmo o cardápio remetia à culinária goiana, região onde viveu a poetisa. O AEAARP Cultural acontece todos os meses. A agenda está disponível no portal www.aeaarp.org.br.
Cláudia Sperge, Thomaz Geraldi Say, Rachel Geraldi Say, João Paulo Paionada Geraldi, Pedro José Tomaselli, Marli Tomaselli, Maria Paulina Geraldi Say, Thays Geraldi Say, Geraldo Geraldi Júnior, Camila Geraldi Tomaselli, Marta Geraldi e Gabriela Viana Geraldi
Mariza Ruiz, Luiz Fernando Valadares, Tina Oliveira e Ercília Pamplona
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Imagem: Freepik
crea-sp
Tem mudança na ART e no CAT Objetivo do Conselho é combater o exercício ilegal da profissão
RESOLuÇÃO 1.092, DE 19 DE SETEMBRO DE 2017 Art. 3º acrescenta os §§ 3º e 4º no art. 51, o art. 61-A e o art. 75-A da Resolução nº 1.025, de 2009,... § 3º A análise do requerimento para emissão de CAT aos responsáveis técnicos por obras ou serviços executados por Sociedade em Conta de Participação, deverá ser realizada pela Câmara Especializada relacionada à atividade desenvolvida, que observará a efetiva participação na execução da obra ou prestação do serviço.” (NR) § 4º A emissão de CAT aos responsáveis técnicos pela execução e fiscalização de obras deverá ser condicionada à apresentação do respectivo Livro de Ordem ao Crea.” (NR) [...] Art. 5º Atualizar os modelos de ART e de CAT, o Requerimento de ART e Acervo Técnico e os dados mínimos para registro do atestado constantes da Resolução nº 1.025, de 2009, publicada no Diário Oficial da União – DOU de 31 de dezembro de 2006 – Seção 1, pág. 119 a 121. Art. 6º Os CREAs terão o prazo de 180 (cento e oitenta) dias para se adequarem às disposições dos arts. 3º e 5º desta Resolução.
Resolução do CONFEA atualiza “os modelos de ART [Anotação de Responsabilidade Técnica] e de CAT [Certidão de Acervo Técnico], o Requerimento de ART e Acervo Técnico e os dados mínimos
para registro do atestado”. A decisão do Conselho, número 1.092/2017, altera a Resolução 1.025/2009, que “dispõe sobre a Anotação de Responsabilidade Técnica e o Acervo Técnico Profissional”. Revista Painel 24
Dentre as mudanças, a Resolução estabelece nova regra para a emissão de ART referente aos serviços prestados remotamente, a partir de um centro de operações. Nesses casos, o registro técnico deve ser feito no CREA da região onde se localizar o centro de operações. A CAT, de acordo com a decisão, “perderá a validade no caso de modificação dos dados técnicos qualitativos ou quantitativos nela contidos em razão de substituição ou anulação da ART”. A emissão da certidão aos responsáveis técnicos pela execução e fiscalização dos serviços passa a ser condicionada à apresentação do Livro de Ordem ao Conselho. Além disso, o documento que descrever os serviços de supervisão, coordenação, direção ou condução de equipe técnica deve conter também a identificação dos demais profissionais e respectivas ARTs.
Imagem: Freepik
produtividade
Fábio Gatti, especialista em Pacote Office
Funções Avançadas #02 – INDIRETO
Nessa segunda edição das Funções Avançadas, vamos demonstrar como utilizar uma função muito potente e com várias aplicações práticas: a função INDIRETO. De forma simplista, ela possibilita que você utilize textos para referenciar intervalos de células, tornando dinâmicas as pesquisas e os relatórios. Suponhamos a seguinte situação: você possui várias planilhas (abas) no mesmo arquivo; cada uma nomeada com as vendas do mês, de janeiro a dezembro:
As vendas estão organizadas por dia, separadas em 3 colunas: data, alimento e quantidade (qtd), conforme imagem a seguir:
Conseguimos realizar algumas análises mensais, fazendo cálculos para todas as planilhas. Mas a questão é: como conseguimos criar um relatório dinâmico, para que o usuário possa escolher qual mês deseja verificar, e aparecer o total em uma célula com fórmula pré-estabelecida? Uma das formas práticas e muito fáceis é utilizando a função INDIRETO. Criaremos uma planilha de relatório e nela inserirmos na célula A1 o texto janeiro. Na célula ao lado (B1), insiram o seguinte cálculo: =SOMA(Janeiro!C:C). Para tornar esse cálculo automático, com base no mês que for escolhido na célula A1, substituam a referência da soma por: INDIRETO(A1 & “!C:C”). O resultado final será o seguinte: =SOMA(INDIRETO(A1 & “!C:C”)). Agora faça testes: altere o nome da planilha para os outros meses e veja que ele altera a soma automaticamente. Da mesma forma, qualquer referência que desejar tornar dinâmica, pode-se substituir pelo texto correspondente, usando a função INDIRETO para convertê-lo. Sugerimos também a leitura da edição de fevereiro da Painel, para conhecer outras formas mais práticas de se Organizar Dados, sem a necessidade de separar meses por planilhas. Nas próximas edições falaremos um pouco mais sobre como tornar seus relatórios dinâmicos, os famosos Dashboards.
AEAARP 25
notas e cursos PRÓXIMOS EVENTOS AEAARP 19 de outubro AEAARP CULTURAL 23, 24 e 25 de outubro Semana de Engenharia 7 de novembro Rodada de Negócios Sebrae (participação da Aeaarp)
Destruído Dos terremotos que atingiram o México em setembro, restou o saldo negativo de 1,5 mil prédios históricos e igrejas danificados, além dos danos em infraestrutura e prédios particulares. Foi o maior abalo sísmico em 32 anos; devastou as regiões central e sul do país. Só para recuperar os edifícios históricos, estima-se que serão necessários US$ 445 milhões. Para reerguer o país, incluindo intervenções em infraestrutura e particulares, o investimento necessário fica perto de US$ 1 milhão.
23 de novembro AEAARP CULTURAL (Consciência Negra) 30 de novembro Happy-Hour 8 de dezembro Festa Profissionais do ano
novos associados Márcio Jose Bellizzi Engenheiro civil Salvador Noboa Filho Engenheiro civil
Indestrutível Sim, há um segredo por trás da durabilidade do concreto romano, famoso por resistir por milhares de anos e ficar mais resistente a cada ano, pelo menos aparentemente. Em 2014, uma equipe da Universidade da Califórnia em Berkeley (Califórnia-EUA) descobriu que os romanos usavam cinzas vulcânicas, cal, água do mar e um agregado de rocha vulcânica na receita de seu concreto, produzindo uma reação que o deixava forte. Faltava desvendar quais reações químicas faziam esse material ser tão resistente. A resposta: a filtração constante de água do mar corrosiva pelo concreto que, ao longo do tempo, desencadeou o crescimento de minerais raros e interligados que tornaram o material ainda mais duro. Antigos cais romanos são considerados mais resistentes hoje do que quando foram construídos, há mais de dois mil anos.
Vinicius Greco da Silva Engenheiro civil Guilherme Leira Filho Engenheiro de segurança do trabalho Nilton Guerreiro Cervi Engenheiro de segurança do trabalho Celso Francisco Faria Técnico em eletrotécnica Jose Galette Candido Técnico em eletrotécnica Ana Luiza C. Junqueira Marzola Estudante de arquitetura Carolina Bocardo Jarreta Estudante de arquitetura Daniel Sampaio Freitas Ferreira Estudante de arquitetura Eduardo Ferreira Jorge Estudante de arquitetura Isabela Rosa Lara Estudante de arquitetura
Escolha sempre a AEAARP na sua Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). Alínea 46 fortalece a atuação da sua entidade de classe.
Resistente Um engenheiro agrônomo alemão radicado em Portugal, Gerhard Zabel, estuda árvores que sejam mais resistentes ao fogo. O trabalho começou há 10 anos e foram os grandes incêndios ocorridos na Grécia que o inspiraram. Ele usa a sua propriedade, uma área de 36 hectares em Algarve, para desenvolver seus estudos. O trabalho tem colaboração de técnicos de vários países e é financiado pela comunidade. A ideia é desenvolver espécies que sejam menos inflamáveis e consigam segurar a propagação de incêndios.
46 Revista Painel 26
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