painel Ano XI nº 276 março/ 2018
Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto
Melhor caminho?
A acessibilidade para além das necessidades especiais: as cidades não estão preparadas para pedestres
Solo
Técnicas para evitar erosão e conservar áreas agricultáveis
Ergonomia
Design e conforto na concepção dos mobiliários
Mulher
As pioneiras na engenharia e na agronomia
Ciclo
palavra do presidente
Eng. civil Carlos Alencastre
Nesses primeiros meses de 2018, a AEAARP iniciou um projeto inovador, o Futuros Profissionais. Começa com palestras sobre mercado de trabalho, empreendedorismo, a função de uma associação de classe e o que a AEAARP oferece aos jovens que cursam engenharia, arquitetura, agronomia, cursos superiores de tecnologia e cursos técnicos. É o primeiro passo, o embrião de uma grande ação que nos propusemos a desenvolver para marcar os 70 anos da entidade. Depois de percorrer todas as instituições de ensino superior e técnico, vamos convidar esses jovens colegas para participarem de conversas sobre carreira e mercado, o que os especialistas chamam de mentoring. Os mentores seremos nós, que já andamos um bom caminho em nossas profissões e podemos dividir essa experiência com quem está chegando agora. O que chama a atenção nesse projeto é a possibilidade não só de ensinar, mas, sobretudo, de aprender. Você pode pensar: o que um jovem, universitário, pode ensinar a um profissional experiente? Talvez, não a técnica. Mas, certamente, muito sobre a vida e como as pessoas se relacionam atualmente. As questões que levaram à fundação da AEAARP, por exemplo, são bastante semelhantes: valorização profissional, combate ao sombreamento e à atuação de leigos. A pauta é semelhante, mudaram as ferramentas e a forma como a sociedade se relaciona. O relacionamento é a chave que abre portas e revela oportunidades. A AEAARP oferece aos jovens a possibilidade de se relacionar com o mercado, com pessoas estabelecidas profissionalmente e que têm muito a compartilhar. Em troca, recebemos vitalidade, um novo olhar sobre a vida e uma nova forma de nos colocarmos no mercado. É um ciclo virtuoso, para o qual todos estão convidados a participar.
painel Rua João Penteado, 2237 - Ribeirão Preto-SP - Tel.: (16) 2102.1700 Fax: (16) 2102.1717 - www.aeaarp.org.br / aeaarp@aeaarp.org.br
Eng. civil Carlos Eduardo Nascimento Alencastre Presidente
índice
Eng. eletr. Tapyr Sandroni Jorge 1º Vice-presidente
especial 05 Somos todos pedestres
Arquitetura 12 Design x conforto
Design de mobiliário: alem da estética
14
AGRONOMIA 16
É melhor conservar do que recuperar
História 19
Eng. civil Fernando Junqueira 2º Vice-presidente Diretoria Operacional Diretor administrativo - eng. agr. Callil João Filho Diretor financeiro - eng. civil Arlindo Antonio Sicchieri Filho Diretor financeiro adjunto - eng. agr. Benedito Gléria Filho Diretor de promoção e ética - eng. civil e seg. do trab. Hirilandes Alves Diretor de ouvidoria - arq. urb. Ercília Pamplona Fernandes Santos Diretoria Funcional Diretor de esporte e lazer - eng. civil Milton Vieira de Souza Leite Diretor de comunicação e cultura - eng. agr. Paulo Purrenes Peixoto Diretor social - eng. civil Rodrigo Araújo Diretora universitária - arq. urb. Ruth Cristina Montanheiro Paolino Diretoria Técnica Agronomia - eng. agr. Alexandre Garcia Tazinaffo Arquitetura - arq.urb. Marta Benedini Vechi Engenharia - eng. civil Paulo Henrique Sinelli
As festas na AEAARP
Conselho Presidente: Eng. civil João Paulo de Souza Campos Figueiredo
trabalho 20
Conselheiros Titulares Arq. e urb. e eng. seg. do trab. Fabiana Freire Grellet Arq. e urb. Luiz Eduardo Siena Medeiros Eng. agr. Dilson Rodrigues Cáceres Eng. agr. Geraldo Geraldi Jr Eng. agr. Gilberto Marques Soares Eng. civil Edgard Cury Eng. civil Elpidio Faria Junior Eng. civil Jose Aníbal Laguna Eng. civil e seg. do trab. Luis Antonio Bagatin Eng. civil Roberto Maestrello Eng. civil Ricardo Aparecido Debiagi Eng. civil Wilson Luiz Laguna Eng. elet. Hideo Kumasaka Eng. mec. Giulio Roberto Azevedo Prado
Na área tecnológica, mulheres quebram barreiras
produtividade 22 Funções Avançadas #04 - Feriados Móveis
Carreira 23 AEAARP e Sebrae-SP inspiram jovens profissionais
CREA-sp 24 Decisão estabelece diretrizes para fiscalizar o acobertamento
estatuto
Documento foi atualizado
25
notaS e cursos 26
Conselheiros suplentes Arq. e urb. Celso Oliveira dos Santos Eng. agr. Denizart Bolonhezi Eng. agr. Jorge Luiz Pereira Rosa Eng. agr. José Roberto Scarpellini Eng. agr. Ronaldo Posella Zaccaro Eng. civil Fernando Brant da Silva Carvalho REVISTA PAINEL Conselho Editorial: eng. civil Arlindo Antonio Sicchieri Filho, arq. urb. Celso Oliveira dos Santos, eng. mec. Giulio Roberto Azevedo Prado e eng. agr. Paulo Purrenes Peixoto - conselhoeditorial@aeaarp.org.br Conselheiros titulares do CREA-SP indicados pela AEAARP: eng. civil e seg. do trab. Hirilandes Alves e eng. mecânico Fernando Antonio Cauchick Carlucci Coordenação editorial: Texto & Cia Comunicação Rua Galileu Galilei 1800/4, Jd. Canadá Ribeirão Preto SP, CEP 14020-620 www.textocomunicacao.com.br Fones: 16 3916.2840 | 3234.1110 contato@textocomunicacao.com.br Editora: Daniela Antunes – MTb 25679 Colaboração: Bruna Zanuto – MTb 73044 Publicidade: 16 2102.1719
Associação de Engenharia Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto
Horário de funcionamento AEAARP - das 8h às 12h e das 13h às 17h CREA - das 8h30 às 16h30 Fora deste período, o atendimento é restrito à portaria.
Tiragem: 3.000 exemplares Locação: Solange Fecuri - 16 2102.1718 Editoração eletrônica: Mariana Mendonça Nader Impressão e fotolito: São Francisco Gráfica e Editora Ltda. Painel não se responsabiliza pelo conteúdo dos artigos assinados. Os mesmos também não expressam, necessariamente, a opinião da revista.
AEAARP 5
especial
Somos todos pedestres Para garantir cidades mais caminháveis é preciso unir esforços de todos os envolvidos: poder público, profissionais da área técnica e cidadãos
Calçadas em Ribeirão Preto (SP)
S
egundo pesquisa da consultoria
associado à falta de qualidade das calçadas
Diante da urgência de se criar cidades
Green Mobility, no Brasil, 30% das
brasileiras, que receberam nota média de
inclusivas, resilientes e saudáveis, um
viagens cotidianas são realizadas
3,40 – em uma escala de zero a 10.
grupo de arquitetos e urbanistas criou a
a pé. A informação foi divulgada pela TV
Calçadas confortáveis, seguras e aces-
organização social Cidade Ativa. O grupo
Câmara, durante o programa Participação
síveis são sonhos de qualquer pedestre.
se apresenta como pedestres, ciclistas
Popular, que discutiu a situação das cal-
Do estacionamento ao comércio, da casa
e usuários do transporte público, que
çadas no país com especialistas de várias
ao ponto de ônibus: em algum momento
busca incentivar comportamentos mais
áreas. O estudo apurou que 63% dos
do dia, todos são pedestres. Cidades
ativos focados na transformação da pai-
entrevistados gostariam de aderir a esse
caminháveis são feitas para as pessoas,
sagem (através de pesquisas e projetos
meio de locomoção. De acordo com os
na linguagem dos especialistas. Criar ou
que modificam o ambiente construído)
especialistas, o baixo índice dos que usam
adequar cidades com esse conceito não é
e na transformação das pessoas (criando
a caminhada para se deslocar pode estar
fácil, mas já está previsto na Política Na-
campanhas e disseminando conheci-
cional de Mobilidade Urbana, que exige a
mento). “Vivemos as ruas, o espaço
Assista ao programa completo
priorização do pedestre. Além de ser um
público, a cidade. A Cidade Ativa está
no endereço eletrônico da
meio de transporte saudável e sustentável,
em cada um de nós. Juntos podemos
AEAARP, na área Notícias.
os modais não-motorizados (bicicleta ou
trabalhar para mudar o lugar em que
andar a pé) contribuem também para a
vivemos, deixando que esse processo
redução de gases poluentes.
nos transforme também”.
www.aeaarp.org.br
Revista Painel 6
10 DICAS DE COMO CONSTRUIR UMA BOA CALÇADA O engenheiro Alexsander Maschio, gerente Regional Sul da Associação Brasileira de Cimento Portland, listou 10 situações que devem ser analisadas antes de construir uma calçada.
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AEAARP 7
Revista Painel 8
Passeio público localizado na Avenida José Adolfo Bianco Molina, em Ribeirão Preto (SP)
e coordenador de Ensino e Formação
lixeiras etc.), espaço para vegetação e ou-
do CAU-SP, as calçadas precisam de no
tros. Sem contar que em zonas comerciais,
mínimo 1,20 m de largura, porém o ideal
a grande concentração de vitrines de lojas
seria 1,50 m. “Com 1,20 m é possível
acaba estimulando as pessoas a pararem
cruzar um usuário de cadeira de rodas e
ou reduzirem o ritmo da caminhada, o que
uma pessoa caminhando. Com 1,50 m é
dificulta ainda mais a fluidez no espaço.
possível o cruzamento entre duas cadei-
A inclinação dos passeios públicos é
ras de rodas”. Ele acrescenta que o espaço
outro detalhe importante e que, muitas
deve estar livre de qualquer obstáculo
vezes, é ignorado. “Devem seguir a to-
(inclusive raízes e galhos de árvores), ter
pografia natural da área e ter no máximo
piso resistente, contínuo e sem trepida-
3% de inclinação transversal. Quando a
ção (provocada por pedras irregulares,
inclinação excede essa porcentagem, as
causando desconforto ou acidentes às
cadeiras de rodas pendem para o meio
pessoas com mobilidade reduzida).
fio”, explica José Antonio. Atualmente, a
Em muitos casos, os passeios públicos
responsabilidade pelas calçadas é com-
ainda são divididos com outros objetos
partilhada entre poder público e privado.
ou situações que reduzem ainda mais o
Ambos têm que fazer sua parte para que
espaço: mobiliário urbano (equipamentos
os passeios públicos tenham fluidez e
instalados nas ruas como postes, placas de
atendam a todos os tipos de usuários. Mas
sinalização, hidrantes, pontos de ônibus,
qual é o papel que cada ator desempenha?
CIDADE ATIVA No portal www.cidadeativa.org, o grupo mantém um blog com informações sobre o tema, divulga o calendário dos eventos promovidos e apresenta todos os participantes e colaboradores.
CAMINHABILIDADE NO ENTORNO DAS ESCOLAS Os engenheiros civis Luiz Henrique Souza da Rocha e Thays Ribeiro Fávaro foram a campo e avaliaram a caminhabilidade no entorno de algumas escolas da região de Ribeirão Preto. O trabalho intitulado Avaliação da caminhabilidade no entorno de escolas: estudo de caso na Região Metropolitana de Ribeirão Preto foi apresentado por eles como Trabalho de Conclusão de Curso, em 2017, na Universidade Paulista (UNIP) de Ribeirão Preto.
O arquiteto Benedito Abbud é outro defensor de cidades mais verdes, sustentáveis e humanas. “O carro se tornou
Os profissionais fizeram o mesmo trajeto que muitas crianças e jovens percorrem a pé até chegarem às escolas. Segundo a publicação, “medo, insegurança e desconforto são sentimentos que assolam os estudantes no caminho casa-
o principal ator do desenvolvimento das
-escola, o aumento constante dos índices de acidentes, grandes fluxos de veí-
cidades. Está na hora de criar cidades
culos, calçadas estreitas, ambientes degradados e mal iluminados, presença de
para pessoas e para o convívio social”,
pedintes, entre outros fatores, contribuem ainda mais para que seja criado um
disse ele durante palestra na AEAARP.
sentimento de repúdio quanto a andar a pé ou de bicicleta”.
Ele comparou a largura das calçadas de
O engenheiro civil Marcelo Augusto Amancio, professor da UNIP - Ribeirão
hoje com as da época medieval, quando
Preto e orientador do trabalho, observa que mesmo que o poder público seja
eram utilizadas carroças como principal meio de transporte. “Nas cidades temos grandes prédios, muitos carros e calçadas estreitas. As pessoas andam nos resquícios de espaços que sobram”. Segundo, o arquiteto e urbanista José Antonio Lanchoti, professor universitário
responsável apenas pela fiscalização, faltam condições para cumprir suas próprias regras. “É preciso melhorar o cumprimento da Lei da Mobilidade Urbana, que determina que o sistema de mobilidade deve estar em todo segmento do município e que privilegie o modal de transporte não motorizado”. Veja o trabalho completo no endereço eletrônico da AEAARP, na área Notícias.
www.aeaarp.org.br
AEAARP 9
Poder público
lidade. “A Lei Federal 13.146/2015 respon-
O poder público é o único órgão que tem
sabiliza quem produz os espaços (projeto,
a função de fiscalizar as calçadas. Cada
execução e fiscalização) caso eles não
prefeitura pode criar suas diretrizes: có-
garantam a acessibilidade”, complementa
digo de obras, plano viário e outras legis-
José Antonio. Os projetos executados de-
lações que possam nortear a construção e
vem ser fiscalizados e caso desrespeitem as
conservação desses espaços. Em Ribeirão
normas técnicas, os responsáveis técnicos
Preto (SP), por exemplo, não há lei especí-
que recolheram a ART ou RRT poderão
fica de calçadas e, segundo José Antonio,
ser denunciados aos respetivos conse-
algumas diretrizes estão apenas no Plano
lhos: CREA ou CAU. Além da fiscalização
Viário da cidade. “Todo regramento fica
periódica feita pelas prefeituras, o órgão
por conta da NBR 9050 [norma brasileira
também atende denúncias dos usuários.
sobre acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos]”.
REVISÃO DAS LEIS MUNICIPAIS O atual Código de Obras de Ribeirão, de 2007, prevê que haja calçada de proteção ao redor das edificações ou lotes quando houver pavimentação asfáltica (e a calçada deve ser mais alta que a rua), que não se tenham degraus ou desníveis abruptos e atendam as normas de acessibilidade. As calçadas devem, no mínimo, estar cimentadas em toda sua extensão. Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, o Código de Obras de Ribeirão Preto está no pacote de 12 leis complementares que passarão por revisão em até um ano após a promulgação do Plano Diretor, que está na Câmara Municipal para deliberação. Veja todas as leis que serão revisadas na área Notícias, no endereço eletrônico da AEAARP.
www.aeaarp.org.br
COMO RECLAMAR EM RIBEIRÃO PRETO Quem detectar problemas nas calçadas pode alertar o poder público pelo telefone 156, no portal da prefeitura (www.ribeiraopreto.sp.gov. br) na aba Fala Cidadão, ou pelo aplicativo de celular Fala Cidadão, onde é possível acrescentar imagens às reclamações. Segundo o diretor do Departamento de Fiscalização Geral Antonio Carlos Muniz, as respostas às reclamações são sempre imediatas, dentro das demandas prioritárias de cada setor. Depois de confirmar o problema, a prefeitura encaminha um pedido de reparação imediata ao proprietário do imóvel. Caso não seja atendido, é enviada multa no valor de R$ 1.285, com prazo de 30 dias para recorrer. “Se houver reincidência ou descumprimento, será feito um relatório para a Secretaria de Negócios Jurídicos para medidas judiciais cabíveis”, explica Antonio Carlos.
Calçada localizada na Rua do Professor, Ribeirão Preto (SP)
mais rigoroso e criar parcerias com os conselhos profissionais. “Não estamos buscando culpados. A intenção é ganhar parceiros para a construção de novas cidades: mais acessíveis, democráticas e participativas”. Conselhos profissionais Todo o projeto ou obra deve ter um responsável técnico, devidamente habilitado para a função. Portanto, cabem a esses profissionais conhecer as leis e
José Antonio observa que a função
seguir as normas técnicas. “Vejo ex-alunos
principal das calçadas é a mobilidade ur-
e profissionais mais antigos muito preocu-
bana. “Mesmo que a permeabilidade do
pados com a questão da acessibilidade e
solo seja bem-vinda, não podemos tirar a
buscando normas que não viram durante
qualidade da caminhabilidade para garantir
suas formações. Mas, nem todos são
Os projetos apresentados às prefeitu-
a permeabilidade”. Ele acrescenta que com
assim. Vemos calçadas muito inclinadas
ras – seja pelo engenheiro ou arquiteto
a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
em áreas de acesso às garagens ou com
– devem seguir as legislações municipais
Deficiência (13.146/2015), o poder público
mais espaços para vegetação do que para
e, quando há omissão, a norma de acessibi-
deverá ampliar seu papel fiscalizador, ser
circulação”, diz José Antonio.
Revista Painel 10
nheiro ambiental Thiago Cesar Marchetti
código de defesa do consumidor. Já os
Vieira, chefe da UGI de Ribeirão Preto
mais antigos não têm essa formação, por
do CREA-SP, o conselho é responsável
isso precisam se atualizar”. Ele acrescenta
por fiscalizar o exercício profissional dos
que a responsabilidade de uma obra tam-
engenheiros. Toda obra ou projeto tem
bém é compartilhada com o proprietário
uma ART e lá está descrito qual a respon-
do imóvel.
sabilidade do profissional e se foi seguida a NBR 9050, por exemplo.
Calçada localizada na Rua João Alves Silva Júnior, Ribeirão Preto (SP)
MACRO E MICROCAMINHABILIDADE Para descrever a qualidade de uma calçada, são usados os conceitos macro-caminhabilidade e microcaminhabilidade. Enquanto a macro-caminhabilidade analisa as características de maneira geral (densidade populacional e dimensão das quadras, por exemplo), a microcaminhabilidade analisa características perceptíveis pelo pedestre e que influenciam sua caminhada (qualidade da calçada, existência de semáforos nas vias, etc.), explica o engenheiro civil Marcelo Augusto Amancio.
Proprietários e cidadãos
O CREA também autua obras que não
Além de ser de responsabilidade do
apresentem um responsável técnico, além
proprietário dos lotes ou imóveis, a conser-
de comunicar a prefeitura. O conselho tan-
vação e o bom uso dos passeios públicos
to realiza fiscalizações aleatórias quanto
dependem também do respeito ao espaço
atende denúncias. É possível registrar de-
público por parte de todos os cidadãos.
núncia pessoalmente na sede do CREA ou
Segundo José Antônio, a população precisa
no endereço eletrônico (www.creasp.org.
ser educada para reduzir os problemas
br), na aba fiscalização: denúncia on-line.
das calçadas. “Se não existem calçadas
No caso de denúncia, serão apuradas as
nas rotatórias, por exemplo, é porque as
responsabilidades técnicas de cada profis-
pessoas não devem circular por lá. Não é
sional envolvido. O conselho tentará re-
seguro. As calçadas devem contornar as
solver o problema e se não conseguir, um
rotatórias. As pessoas se recusam a adotar
processo será encaminhado para a Câmara
o caminho mais seguro e buscam caminhos
de Engenharia Civil, órgão responsável por
mais curtos”, finaliza.
julgar a situação. Caso seja confirmada imprudência, negligencia ou ação antiética, o profissional será processado e pode sofrer desde uma advertência até a suspensão ou cancelamento do registro profissional. Para os arquitetos, o processo de denúncia, apuração dos fatos e perda do registro profissional é similar. A diferença está apenas no nome do documento que registra a responsabilidade técnica do arquiteto, a RRT. O arquiteto e urbanista José Roberto Geraldine Junior, presidente do CAU/SP e da regional do CAU/SP de Ribeirão Preto, acrescenta que a denúncia pode ser feita apenas no site do CAU (www.causp.gov.br), na aba serviços online: denúncias. Para José Roberto, os jovens profis-
Caso haja alguma negligência ou impru-
sionais têm um domínio maior sobre a
dência profissional, as denúncias podem
acessibilidade se comparado aos que estão
ser feitas em várias instâncias: prefeitura,
no mercado há mais tempo. “Os recém-
Ministério Público, conselhos profissio-
-formados acompanharam de perto a Lei
nais (CAU e CREA). Segundo o enge-
de Mobilidade Urbana, estatuto da cidade,
Calçada localizada na Alameda João Paulo II, Ribeirão Preto (SP)
AEAARP 11
Revista Painel 12
Arquitetura
DESIGN X CONFORTO Da escola Bauhaus, na Alemanha, aos cursos de arquitetura, urbanismo e design em Ribeirão Preto: ergonomia é qualidade de vida, beleza e oportunidade
D
esign e conforto andam juntos quando se trata da concepção do mobiliário. Um dos professores
da escola Bauhaus, o arquiteto Ludwig Mies van der Rohe, fez história ao explorar a beleza e o conforto simultaneamente. Ele desenvolveu cadeiras que são refeEssência Móveis
rência de design em todo o mundo, como a Brno (1930), e são comercializados até hoje por possuírem uma estética atual.
Cadeira Brno nos dias de hoje
Essência Móveis
Ludwig Mies van der Rohe
A cadeira Aeron, idealizada algumas
ergonomia permite adequar o bem-estar
décadas depois pelos designers Bill Stumpf
ao aproveitamento do espaço, proporcio-
e Don Chadwick, revolucionou a forma
nando segurança, conforto e produtivida-
de projetar uma cadeira. A ergonomia foi
de. “Quando sentamos em uma cadeira
o princípio do estudo. Ela foi pensada
para realizarmos uma tarefa existe uma
sistematicamente em cada articulação e
fusão homem, equipamento e operação a
movimento para não ter apenas a função
ser realizada. Isso envolve características
principal do objeto, mas também interce-
físicas da anatomia humana, antropome-
der positivamente na saúde postural de
tria, fisiologia, biomecânica e sua relação
quem se sentasse por longos períodos.
com a atividade física e processos mentais
O arquiteto e urbanista Domingos
(cognitivos) – tais como percepção, memó-
Guimarães, docente no curso de Arquite-
ria, raciocínio e resposta motora – e seus
tura e Urbanismo do Centro Universitário
efeitos na interação entre o ser humano
Moura Lacerda, explica que o estudo da
e os elementos do sistema”.
AEAARP 13
e qualquer atividade em que o homem tem um gasto energético na execução. “A ergonomia é amplamente aplicada na arquitetura, mesmo que intuitivamente, por meio de normas e regras para concepção de um projeto, como o Código de Obras, a NBR-9050, que trata de acessibilidade, conforto lumínico e até da definição de cores e eletrodomésticos”, explica. Domingos Guimarães
De acordo com ela, para conceber um
Desenhos ilustrativos sobre estudo da ergonomia
espaço ou uma edificação, é necessário um diagnóstico detalhado e profundo do usuário ou grupo de usuários que irá trabalhar e usufruir do local. Assim, é possível elaborar um programa de necessidades,
Estudo da ergonomia
construções, tende a adequar o objeto, a
atendendo às demandas do público que,
O conceito de ergonomia consiste no
casa e a sua cidade ao seu modo de uso na
Denise enfatiza, são as necessidades reais.
conjunto de disciplinas que estuda a orga-
tentativa de obter qualidade de vida. Den-
“Às vezes, temos que ir fundo no co-
nização do trabalho no qual existem inte-
tro de um ambiente, seja de trabalho, lazer
tidiano desse determinado cliente para
rações entre seres humanos e máquinas.
ou descanso, são vários os elementos de
conseguir informações que nortearão o
A expressão origina-se dos termos gregos
estímulos sensoriais a serem explorados
projeto. Tendo em mãos as necessidades
“ergon”, que significa trabalho, e “nomos”,
que influenciam no comportamento do
e expectativas, aí sim partimos para a
que são regras ou normas.
usuário proporcionando novas experiên-
adequação do local às regras e normas
No Brasil, a ergonomia teve origem nas
cias: cor, textura, iluminação, temperatura,
de concepção de espaços. Muitas pessoas
áreas de Engenharia de Produção e Dese-
mobiliário, circulação, etc. “Uma perfeita
veem o Código de Obras e as Normas de
nho Industrial, voltada ao conhecimento
adequação dos elementos ambientais
Acessibilidade como vilões na hora de
das medidas humanas, normas e padrões
produzidos contribui positivamente na
projetar, mas eles são verdadeiros aliados
para a população brasileira. “É uma ciência
realização das atividades e na promoção
na aplicação da ergonomia, segurança e
inovadora, que nasceu da necessidade de
do bem-estar do indivíduo”, destaca.
conforto ambiental. Sem levar esses con-
humanizar a relação homem e trabalho, con-
Todo projeto arquitetônico segue a
siderando que trabalho também é a ação de
Norma Regulamentadora 17 (NR-17), do
sentar, ler, escrever, comer”, diz Domingos.
Ministério do Trabalho, que estabelece
Para o arquiteto Domingos, o campo da
ceitos em consideração, a arquitetura se torna insalubre, fria e sem vida”.
Na arquitetura, a ergonomia utiliza
parâmetros que permite a adaptação das
ergonomia adquiriu vasta abrangência nos
técnicas da antropometria (conjunto de
condições de trabalho às características
últimos 60 anos. Mas, ainda hoje, muitas
técnicas utilizadas para medir o corpo
psicológicas dos trabalhadores, de modo
pessoas não sabem muito bem qual seu
humano) para adaptar o ambiente de tra-
a proporcionar conforto, segurança e de-
significado. “A ergonomia é a base para
balho ao ser humano e criar objetos que
sempenho eficiente.
esse mundo em constante mudança no
sejam fáceis e confortáveis de manusear
Para a arquiteta e urbanista Denise
comportamento da sociedade, que nos
ou que se adaptem ao corpo humano.
Cristina Vieira, docente do curso de
leva a adotar novas atitudes e novas
“Para o profissional que planeja, projeta
Design de Interiores do Senac Ribeirão
posturas na indústria da construção e
e executa ambientes construídos na área
Preto, quando se trata da palavra trabalho,
do design. A qualidade ambiental e o uso
de arquitetura, engenharia, urbanismo
muitos interpretam como um exercício
de novas tecnologias proporcionam a
e design, a ergonomia é fundamental”,
remunerado em ambiente corporativo.
interação entre objeto e pessoa, possibi-
explica Domingos.
Mas, na verdade, o termo é muito mais
litando novas experiências e provocando
amplo, já que, segundo ela, trabalho é toda
emoções”, define.
Ainda segundo ele, o homem, em suas
Revista Painel 14
Arquitetura
DESIGN DE MOBILIÁRIO: ALÉM DA ESTÉTICA
Denise Cristina Vieira
Estudo ergonômico vale para peças exclusivas e para as que são produzidas em grande escala
O
Estudo de mobiliário
design de mobiliário é uma ver-
Na prática, o estudo de mobiliário
problemas com inadequação de materiais,
tente que lida com a concepção
baseia-se inicialmente em um programa
durabilidade e resistência da estrutura”, esclarece a docente.
dos objetos e inclui vários tipos,
de necessidades do usuário, o local onde o
além de projeto de interiores. A intenção
móvel será colocado e o quanto se quer in-
Existem estudos para design exclusivo
do profissional de designer de móveis é
vestir nos materiais que irão compor esse
nos quais apenas uma peça ou uma série
a de criar um mobiliário de acordo com
objeto. O processo envolve investigação
com um número reduzido é produzido.
aspectos funcionais, como a ergonomia,
e desenvolvimento, bem como a projeção
Também há estudos específicos para a
e aspectos estéticos compatíveis com o
do protótipo até a peça final do produto.
indústria moveleira, que produzirá em larga
usuário. Segundo a arquiteta e urbanista
Atualmente, existem vários tipos de ma-
escala visando a comercialização. “Mas, seja
Denise Cristina Vieira, docente do curso
teriais com diferentes valores — madeiras
uma peça exclusiva ou em larga escala na
de Design de Interiores do Senac Ribeirão
nobres e madeiras industrializadas, aca-
indústria moveleira, é fundamental o estu-
Preto, situado em um contexto artístico,
bamentos, estrutura — que são utilizados
do ergonômico. Design de móveis é pura
o planejamento depende de tendências
sem abrir mão da qualidade e da vida útil.
ergonomia; não existe projeto de mobiliário
gerais e modismos e procura fornecer
“Logo que um estudo é definido, parte-se
sem se pensar em ergonomia”, afirma.
diretrizes para novas tendências ou mu-
para a execução do protótipo para veri-
Um exemplo, segundo a docente, é o
danças de estilo.
ficação de possíveis erros na execução,
estudo de uma mesa exclusiva desenhada
AEAARP 15
à mão. Ela explica que é preciso compreen-
mesa de trabalho foi realizado todo um
der as necessidades do usuário, considerar
estudo ergonômico”, salienta.
a altura da cadeira ou banqueta a que ele
Segundo os profissionais da área, é preciso considerar a função e o conforto para o usuário. “Acredito que um projeto
se acomodará e o local para armazena-
Forma e função
arquitetônico ganha a sua forma a partir
mento de materiais.
“A forma segue a função”, definição do
de um programa de necessidades e um
“Para o projeto foi indicada uma gaveta
arquiteto modernista Louis Sullivan, é um
partido arquitetônico, levando em conta,
com dimensões que atendam vários tipos
princípio do design funcionalista asso-
além da ergonomia, o conforto ambiental
de papéis, material muito utilizado pelo
ciado à arquitetura e ao design moderno
como um todo. Como arquiteta e urbanis-
usuário e ainda um regulador de ângulos
do século XX. Significa que a forma é
ta, não posso simplesmente trabalhar com
para atender as necessidades do trabalho
resultado da funcionalidade do objeto ou
materiais e formas sem levar em conside-
a ser desenvolvido. O estudo também
do espaço, não do capricho pessoal ou da
ração o clima e as características do local,
considera a devida altura da cadeira, um
tradição histórica. O que quer dizer que,
pensando apenas na forma e impressão
descanso para os pés para manter a cir-
para atender às necessidades gerais da
que a obra causará pela sua aparência
culação sanguínea nas pernas e evitar um
sociedade, o projetista deve configurar
e beleza. Mas, sim, preciso avaliar seu
esforço da coluna. O que quero mostrar
a forma a partir da função específica do
conforto, usabilidade e sustentabilidade”,
é que para um desenho de uma simples
objeto a ser produzido.
alega Denise.
Design Universal Atualmente, o tema Design Universal é o mais presente nas discussões sobre ergonomia. A expressão foi usada pela primeira vez nos Estados Unidos, em 1985, pelo arquiteto Ron Mace, que influenciou a mudança de paradigma no desenvolvimento de projetos urbanos, de arquitetura e design, inclusive de produtos.
Livro Diretrizes do Desenho Universal na Habitação de Interesse Social no Estado de São Paulo
O Design Universal é um conceito que propõe o desenvolvimento de ambientes, objetos e produtos que possam ser utilizados por diversos usuários, incluindo crianças, idosos e pessoas com restrições temporárias ou permanentes. Está diretamente relacionado ao conceito de sociedade inclusiva e sua importância tem sido reconhecida pelo governo, empresários e indústria. “Quando falamos de inclusão, pensamos em incluir todas as pessoas. Quando tratamos de um projeto exclusivo, acredito que estamos excluindo pessoas”, alerta a arquiteta e urbanista Denise Cristina Vieira, docente do curso de Design de Interiores do Senac Ribeirão Preto. No Design Universal, o profissional estuda uma série de questões que geralmente não são abordadas em um projeto comum. Nesse trabalho, ele precisa considerar todas as possibilidades de uso e por usuários muito diferentes. Isso inclui questões sociais, históricas, antropológicas, econômicas, políticas, tecnológicas e principalmente de ergonomia e usabilidade. Os sete princípios do Desenho Universal
1. Uso equitativo
2. Uso flexível
3. Uso simples e intuitivo
4. Informação de fácil percepção
5. Tolerância ao erro (segurança)
6. Esforço físico mínimo
7. Dimensionamento de espaços para acesso e uso abrangente
Revista Painel 16
AGRONOMIA
É melhor conservar do que recuperar
Imagem: André Almagro
Com a grande quantidade de solos agricultáveis degradados no país, é chegada a hora de tirar as técnicas de conservação da teoria e aplicá-las no campo
Voçoroca em um estágio mais avançado do processo erosivo. Neste caso, já atingiu o lençol freático - Campo Grande (MS)
A
os que acreditavam que nesta
Erosão, salinização e poluição dos solos
aumento no custo do tratamento para
terra “em se plantando tudo
são os principais problemas encontrados
abastecimento público, desvalorização de
dá” – referência a um trecho
no Brasil. “A degradação resulta na dimi-
terras, aumento no preço dos alimentos e
da carta na qual Pero Vaz de Caminha
nuição da fertilidade do solo, aumento da
perda de biodiversidade”, explica o enge-
descreve o Brasil –, vale o alerta da
turbidez da água e, consequentemente,
nheiro ambiental André Almagro.
Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, sigla em inglês): o Brasil tem aproximadamente 30% do seu solo degradado. Esse solo, portanto, é impróprio para a agricultura. A média mundial também não é animadora, pois segundo o levantamento, metade dos solos agricultáveis do planeta está degradada. O estudo mais recente da FAO é de 2015.
PRODUTIVIDADE NO CAMPO O manejo inadequado têm prejudicado grandes áreas agricultáveis. De acordo com o e-book Como aumentar a fertilidade do solo? – Minimizando impactos e aumentando a produtividade, do engenheiro agrônomo Marihus Altoé Baldotto, do ponto de vista físico, a compactação e a erosão do solo são os problemas mais expressivos que a agropecuária brasileira enfrenta. Segundo a publicação, estimase que mais de 500 milhões de toneladas de solo são perdidas anualmente no Brasil. Veja o material completo no portal AEAARP, na área Notícias.
www.aeaarp.org.br
AEAARP 17
Conservar ou recuperar? Em geral, produtores rurais investem mais nas técnicas de recuperação. Segundo André, muitos só utilizam técnicas conservacionistas após algum prejuízo, mesmo que pontual, na propriedade. Até a década de 1970, a mecanização do solo e o uso de grades e arados eram intensos. Com o tempo, esse sistema deu espaço
5 PASSOS PARA FAZER TERRACEAMENTO COM TRATOR E ARADO Assista ao vídeo da Embrapa detalhando o passo a passo da construção de terraceamento no portal da AEAARP, na área Notícias.
para outros mais sustentáveis como o plantio direto, por exemplo. Ainda que os custos com técnicas conservacionistas sejam mais baratos e eficientes, muitos produtores preferem remediar em vez de conservar. André comenta que sistemas de terraceamento (criação de terraços destinados à atividade agrícola em áreas muito inclinadas), por exemplo, custam aproximadamente R$ 100 por hectare. Em contrapartida, pela erosão do solo e o custo de recuperação superam, e muito, esse valor. “Estudos apontam custo superior a US$ 7.000 por hectare
Fonte: Embrapa Agropecuária Oeste e Embrapa Tabuleiros e Costeiros com edição d’A Lavoura
para recuperar encostas e US$ 2.000 por hectare para recuperar o solo”.
www.aeaarp.org.br
Técnicas e práticas agrícolas Para os que prezam a conservação do solo, além do terraceamento, podem adotar outras técnicas como plantio em nível e plantio direto. Essas técnicas não são permanentes, precisam de manutenção periódica. “Um terraço sem manutenção, por exemplo, pode estourar
Imagem: André Almagro
e desencadear processos erosivos mais
Sistema de terraceamento usado como prática conservacionista - Campo Grande (MS)
intensos do que se não houvesse o terraceamento, pois o volume de água retido é muito grande”.
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prejuízos financeiros e ambientais gerados
Revista Painel 18
Desafios
voçorocas, plantio de leguminosas para
PRÁTICAS CONSERVACIONISTAS O engenheiro ambiental André Almagro listou os tipos de práticas conservacionistas do solo: ▪ vegetativas: plantio direto, rotação de culturas e manejo de pastagem. ▪ edáficas: controle de fogo, calagem (mistura de cal e outros produtos para adubar e equilibrar a acidez da terra) e adubação (verde, química ou orgânica). ▪ mecânicas: terraceamento, plantio em nível, subsolagem (descompactação de camadas adensadas da terra) e construção de sulcos de drenagem.
recuperar a fertilidade do solo, plantio
Técnicas de conservação e políticas
de mudas arbóreas para recuperar matas
públicas já existem. O que falta, segundo
ciliares e reestruturação do solo. E o
André, é a implantação dessas políticas
tempo de trabalho dependerá do grau de
e criação de mais programas de cons-
degradação”.
cientização dos produtores rurais. André
Intensidade da chuva, tipo de solo,
complementa que parcerias entre ór-
declividade, comprimento da rampa, uso
gãos municipais, estaduais e nacionais,
e cobertura do solo e as práticas adotadas
universidades, ONGs, setor privado e
são os principais fatores que influenciam
produtores rurais são essenciais para
o processo erosivo. Regiões que reúnem
a aplicação efetiva das tecnologias
o maior número desses itens são mais
existentes.
propícias para erosões. “Áreas com chuvas intensas, relevo declivoso, solo descoberto e sem manejo tem maiores taxas de perda de solo”, acrescenta André.
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS
Segundo o engenheiro ambiental, a região de Ribeirão Preto (SP) apresenta
A conservação dos solos não gira em
chuvas com potencial moderado à erosão,
torno apenas de questões financeiras.
25% menor em relação à média do país.
“Uma grande voçoroca não voltará a ser
Por apresentar culturas temporárias (cana-
uma área produtiva”, diz André. A recupe-
-de-açúcar), a região tem taxas de perda
ração natural de áreas degradadas pode
de solo que variam entre muito baixa e
levar milhares de anos, porém as técnicas
moderada em grande parte da área. “No
disponíveis aceleram a recuperação do
entanto, como existem locais com declive
equilíbrio do sistema. Mas, isso não signi-
acentuado e solo mais suscetível à erosão,
fica que a área voltará ao estado original.
pode ocorrer áreas com altas taxas de per-
“O solo erodido pode ser recuperado com
da de solo, principalmente, se as técnicas
técnicas de estabilização de encostas de
conservacionistas não forem adotadas”.
Na esfera federal, a Agência Nacional de Águas (ANA) é o órgão envolvido na conservação de solo e água, através de políticas de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA). Em 2001, a agência criou o Programa Produtor de Água, que orienta, apoia e certifica projetos que buscam reduzir a erosão no meio rural.
Outra barreira para ampliar o uso de técnicas mais sustentáveis é a falta de conhecimento de alguns agricultores. Muitos acreditam que a aplicação de apenas uma técnica resolve todo o problema do solo. Segundo o engenheiro ambiental, quando o sistema de plantio direto (SPD) começou a ser aplicado nas
Voçoroca em um estágio mais avançado do processo erosivo - Campo Grande
Imagem: André Almagro
lavouras, muitos acreditavam que isso já era o suficiente para acabar com a erosão. “Apesar de o SPD aumentar as taxas de infiltração e proteger o solo, ele tem pouco efeito sobre a enxurrada, por exemplo”, alerta André.
AEAARP 19
História
As festas na AEAARP
O
hábito de reunir associados
digo, libertos do matrimônio.
para comemorar é antigo na
[...] Não poderia deixar de ficar assinalada
mente festivas aconteciam duas vezes
AEAARP. Não raro, as festas eram
a exibição coreográfica do colega Antônio
por mês e as esposas dos associados
registradas nos livros de atas. Ocorre que
Pascoal, por ocasião desta reunião, que deu
eram convidadas. Elas foram as primeiras
essas ocasiões não eram somente festivas:
sábia lição de como não dançar o halygali.
mulheres a frequentarem os encontros
os profissionais se reuniam em restaurantes,
Livro de Atas 2, 24/10/1963. pp. 8v-10
da AEAARP. Na primeira oportunidade,
por exemplo, e aproveitavam para “esticar”
Por um período, reuniões exclusiva-
o engenheiro Francisco Claudio Innecchi
a noite. O ex-presidente José Braga de
O restaurante tradicional da cidade na
considerou que as discussões sobre as-
Albuquerque assumiu a redação das atas em
época, localizado no Bosque Municipal
suntos da AEAARP eram enfadonhas para
um período e deixou registrados encontros
Fábio Barreto, recebeu inúmeras reuniões
elas. Sugeriu que esses debates fossem
com textos divertidos:
da AEAARP, em uma época em que a sede
abolidos nessas ocasiões. As mulheres se
própria era sonho distante. No centro da
opuseram e o episódio ficou marcado na
[...] reuniram-se os membros desta As-
cidade, a Cantina 605 também abrigou
história da associação como o primeiro – e
sociação no Restaurante do Bosque, em
jantares da entidade que, no início dos
o último até meados dos anos 1980 – no
jantar de congraçamento que contou com
anos de 1960, eram convocados como
qual houve manifestação feminina em
a presença de oito casais e cinco libertinos,
reuniões e assembleias.
uma reunião da entidade.
Revista Painel 20
Trabalho
Na área tecnológica, mulheres quebram barreiras
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Maioria na arquitetura, minoria na engenharia e na agronomia, as mulheres conquistam espaços nas universidades e no mercado de trabalho, ainda que exista muito espaço a ser ocupado
N
o passado, restrições impos-
do CAU-BR, elas representam 61% do
demonstram que o número de mulheres
tas às mulheres no campo
total de profissionais em atividade no
matriculadas em cursos da área tec-
da educação as afastaram de
país, ante 39% de homens e trata-se de
nológica cresce anualmente: em 2015
várias carreiras, especialmente das
uma tendência que vem se consolidando
correspondiam a 30,3% das matrículas
tecnológicas. Talvez isso justifique até
ao longo das últimas décadas. A predomi-
em cursos de engenharia civil.
hoje o reduzido número de mulheres
nância feminina é maior entre arquitetos
Quando a engenheira agrônoma Marta
engenheiras e agrônomas. Mais de 1,1
mais jovens. Se entre os profissionais com
Rossi ingressou no curso na Universidade
milhão de profissionais têm registro no
idades entre 41 e 50 anos as mulheres são
Federal de Lavras (MG), em 1983, 93,3%
Sistema CONFEA-CREA no país; destes,
pouco mais que a metade (57,4%), entre
da turma eram formadas por homens:
pouco mais de 190 mil são mulheres -
os 20 e 25 anos essa taxa é de 78,3%. Os
eram 75 homens e 5 mulheres. No curso
16,42% do total.
homens são maioria apenas na faixa aci-
de Agronomia do Centro Universitário
Na arquitetura e urbanismo o cenário é
ma de 61 anos, na qual são 71% do total.
Moura Lacerda, do qual ela é coordena-
diferente. De acordo com o último censo
Dados do Censo da Educação Superior
dora, 16% dos alunos matriculados são
AEAARP
mulheres. A turma que se matriculou
que são de alguma maneira misturados, as
neste ano aumentou um pouco esse
mulheres ocupam as posições com menos
percentual: tem 18% de mulheres.
responsabilidades, menos seguras e me-
“Antigamente, existia um preconceito
nos bem pagas; e até mesmo quando a
muito grande com as mulheres, principal-
profissão é majoritariamente feminina, os
mente em relação aos serviços fisicamente
homens ainda se encontram em posições
pesados, locais de trabalho distantes e
de gerência”. Neste caso, mesmo que a
falta de condições estruturais. Mas, com
pesquisa seja um campo de trabalho onde
o advento da tecnologia, novas máquinas
as mulheres têm mais inserção na agrono-
e áreas que foram surgindo, a participação
mia, por exemplo, há disparidade entre o
da mulher no curso vem aumentando”,
plano de carreira dela e de seu colega do
avalia Marta.
gênero oposto.
Nathália Nicola
21
Evelyna Bloem Souto
Segundo ela, o mercado aceita mais a participação feminina na área de pesquisa.
História
“Essas atividades exigem um trabalho mais
A primeira mulher a se formar en-
trução da usina hidrelétrica Governador
minucioso e delicado. Mas, estamos em
genheira no Brasil foi Edwiges Maria
Pedro Viriato Parigot de Souza (antiga
fase de ascensão, pois há poucas ocupan-
Becker Hom’meil, em 1917, pela Escola
UHE Capivari-Cachoeira), na região me-
do cargos de alta chefia”, explica.
Polythecnica do antigo Distrito Federal –
tropolitana de Curitiba (PR).
Mas, ainda assim, mulheres são minoria.
hoje Escola Politécnica da UFRJ. Enedina
Na agronomia, a pioneira foi Veridiana
Maria Gabriela Evangelista Soares da Silva,
Alves Marques foi a primeira engenheira
Victoria Rossetti, formada em 1937, pela
mestranda na Universidade Federal do Rio
negra do país, formada em 1945 pela
ESALQ, em Piracicaba (SP). É reconhecida
de Janeiro (UFRJ), escreveu um artigo no
Universidade Federal do Paraná (UFPR).
como uma das maiores pesquisadoras
qual analisa a participação feminina nas
Ela tinha 32 anos quando se graduou.
no mundo em doenças que atingem a
ciências exatas – “A mulher pesquisadora e
Trabalhou no Departamento Estadual de
citricultura. Foi presidente da Comissão
sua invisibilidade nos campos da matemática
Águas e Energia Elétrica do Paraná e fez
Permanente de Cancro Cítrico de 1975
e da física”, apresentado em um congresso
parte da equipe de engenheiros da cons-
a 1977. Teve mais de 300 trabalhos pu-
em Florianópolis (SC) em 2017. Segundo
blicados ou apresentados em congressos
ela, o acesso das mulheres às universi-
nacionais e internacionais e recebeu de-
dades passou a ser legalmente aceito a
zenas de prêmios e homenagens.
partir de 1879.
Dentre todas as pioneiras, a história da engenheira Evelyna Bloem Souto, a
Real Academia de Artilharia, Fortificação e
primeira engenheira civil formada pela
Desenho), a primeira escola de engenharia
USP de São Carlos (SP), é uma das mais
do Brasil, criada em 1792, a primeira mu-
emblemáticas: no final dos anos 1950,
lher a graduar-se foi a guatemalteca Fran-
como bolsista na França, ela precisou se
cisca Fernandez Hall Zuniga, em 1950, que
vestir de homem e até desenhar bigode
se formou em Engenharia de Fortificação e
e barba no rosto para conseguir visitar
Construção. Atualmente, na graduação há
um canteiro de obras em um túnel na
64 mulheres no universo de 497 alunos.
fronteira entre França e Itália. Já forma-
Maria Gabriela avalia questões de gênero — o papel da mulher e do homem socialmente aceitos na família e na sociedade — e de hierarquia, tanto na escolha da carreira quanto na ascensão profissional, para afirmar que “mesmo nos empregos
Enedina Alves Marques
Creative Commons Divulgação
No Instituto Militar de Engenharia (IME,
da, Evelyna atuou no Departamento de Geologia e Mecânica dos Solos do Estado de São Paulo, mas foi contratada como bibliotecária. Meses depois, quebrando preconceitos, é que foi promovida ao cargo de engenheira.
Revista Painel 22
produtividade
Funções Avançadas #04 Feriados Móveis Fábio Gatti, especialista em Pacote Office
M
al acabou o Carnaval e já temos ovos de Páscoa
primavera boreal, adotado como sendo 21 de março.
espalhados por todos os lugares que passamos. Nós
Imagine agora, com tantas variáveis, como calcular essa data?
vivemos direcionados às programações e aos planos
Existem várias formas, usando desde tabelas de apoio até o Algorit-
futuros.
mo de Meeus, e vamos demonstrar que no Excel é muito mais simples:
Os feriados, além de movimentarem o mercado com as tradições e festas, também são uma dor de cabeça para vários profissionais que têm de gerir pessoas, datas e horas, principalmente, se tratando dos famosos feriados móveis.
• Cálculo da Páscoa: =ARREDMULTB(DATA(Ano;5;DIA(MINU TO(Ano/38)/2+56));7)-34 Substituir a palavra Ano por 2018, por exemplo.
Nessa edição, vou falar um pouco sobre os feriados móveis, como calculá-los e algumas dicas práticas para organização e previsão de dias úteis mensais.
• Cálculo da Páscoa: =ARREDMULTB(DATA(Ano;5;DIA(MINU TO(Ano/38)/2+56));7)-34 Substituir a palavra Ano por 2018, por exemplo.
Um pouco de história Voltando à Páscoa... Ela é uma festividade religiosa cristã que celebra a ressurreição de Jesus, ocorrida no terceiro dia após sua crucificação, sendo a festa cristã mais antiga. Com base nela, são calculadas as outras festividades cristãs: Sexta-feira Santa e Corpus Christi. A Semana Santa do Calendário Católico foi fixada durante o Concílio de Niceia, em 325 d.C., como sendo o primeiro domingo após
Considerando que inseri o cálculo na célula B1, utilizamos essa referência para os próximos feriados: • O Carnaval ocorre 47 dias antes da Páscoa, logo o cálculo é: =B1-47 • A Sexta-feira Santa: =B1-2 • Corpus Christi: =B1+60
a primeira Lua Cheia, que ocorre após ou durante o equinócio da Outras datas festivas que variam anualmente são Dia dos Pais e Dia das Mães. Ambas ocorrem no segundo domingo do mês de agosto e maio, respectivamente. Os cálculos são: • Dia dos Pais: =DATA(Ano;8;ESCOLHER(DIA.DA.SEMANA(D ATA(Ano;8;1));8;14;13;12;11;10;9)) • Dia das Mães: =DATA(Ano;5;ESCOLHER(DIA.DA.SEMANA( DATA(Ano;5;1));8;14;13;12;11;10;9)) Substituir a palavra Ano por 2018, por exemplo. Tudo no Excel pode ser automatizado. TUDO! Ganhe produtividade ao conhecer melhor a ferramenta, sobrando tempo para Designed by Freepik
fazer o que realmente importa em nosso trabalho.
AEAARP 23
Carreira
AEAARP e Sebrae-SP inspiram jovens profissionais Oportunidade, network e empreendedorismo são as pautas dos encontros com estudantes de engenharia, arquitetura, agronomia e de cursos superiores de tecnologia e de cursos técnicos
I
Estudantes do Centro Universitário Moura Lacerda conheceram a AEAARP
Na Unaerp, as palestras aconteceram nos períodos da manhã e noite
nspirar é a palavra-chave do projeto
e de trabalho se misturam a partir do
entidade – “muito organizada e com
Futuros Profissionais, desenvolvido
momento em que você escolhe uma
sede extremamente funcional”, em sua
pela AEAARP em parceria com o Sebrae-
carreira. Participar de uma entidade de
opinião – e para que se familiarizem com
SP. Estudantes de engenharia, arquitetura
classe e buscar novas experiências e
a profissão escolhida.
e agronomia, de cursos superiores de
oportunidades faz parte da construção de
O engenheiro agrônomo Callil João
tecnologia e cursos técnicos de Ribeirão
uma rede de relacionamentos eficiente e
Filho, diretor administrativo da AEAARP,
Preto, participam de encontros com
duradoura”, afirma.
participou do encontro com os estudantes
consultores e profissionais com carreiras
O engenheiro Giulio Azevedo Prado
de agronomia do Moura Lacerda. Tratou-
consolidadas que falam sobre mercado,
aposta no ambiente da AEAARP, em
-os como “colegas” e contou a sua história
oportunidade e empreendedorismo.
eventos técnicos e sociais, para fortalecer
de 65 anos de profissão (agora já apo-
Alunos da Unaerp e do Centro Univer-
a rede de relacionamentos profissionais –
sentado), demonstrando especialmente
sitário Moura Lacerda já participaram do
ou networking, como ficou popularizado
a relevância da escolha. “O trabalho dos
projeto. Ruth Paolino, diretora universi-
no mercado. “É nesse ambiente, que tem
profissionais das áreas técnicas produzem
tária da AEAARP e docente na Unaerp,
oportunidades técnicas, com palestras e
riquezas e movem esse país; a formação
destaca que os encontros são oportunos
workshops, e também sociais, com festas,
continuada, o contato com colegas da
para que os estudantes, calouros ou vete-
eventos culturais etc., que criamos boas
área, de todas as gerações, enriquece
ranos, conheçam a história daqueles que
oportunidades de trabalho e estágio, por
a atividade profissional, e é isso que a
já têm grande experiência no mercado
exemplo”, destaca.
AEAARP oferece aos associados”, fala.
e também as oportunidades oferecidas
Marta Maria Rossi, coordenadora do
No Centro Universitário Barão de Mauá
pela associação de Ribeirão Preto, uma
curso de Agronomia do Centro Uni-
as palestras acontecerão na segunda
das mais importantes do país no Sistema
versitário Moura Lacerda, opina que o
quinzena de março. Será também nesse
CONFEA/CREA e CAU.
encontro com a AEAARP e o Sebrae-
mês que o evento será realizado na Unip,
-SP permite aos alunos conheceram a
Faculdade Anhanguera, Etec e Fatec.
“As relações profissionais, pessoais
Revista Painel 24
crea-sp
Decisão estabelece diretrizes para fiscalizar o acobertamento
A
Decisão Normativa n° 111, de outubro de 2017, do CONFEA, estabelece diretrizes para a aná-
lise das ARTs registradas nos conselhos Designed by Freepik
de classe e os procedimentos para a fiscalização da prática de acobertamento profissional. No Artigo 2°, a decisão explicita que “cada Câmara Especializada do CREA indicará bimestralmente a atividade e o serviço técnico que serão objeto de fiscalização pormenorizada para averiguação de ocorrência de infração por acobertamento profissional”. Para cada indicação das câmaras especializadas, o setor de fiscalização do CREA-SP deve selecionar o profissional com o maior número de ARTs registradas nos últimos 12 meses e proceder a fiscalização detalhada daquelas atividades. Caso o profissional selecionado já tenha sido objeto de fiscalização de acobertamento nos 12 meses anteriores, o setor de fiscalização deve pormenorizar a fiscalização de outro profissional. A critério do CREA-SP, poderão ser escolhidos um ou mais profissionais. Uma das análises qualitativas que serão adotadas pela fiscalização é verificar o número de ARTs registradas em nome do profissional e avaliar a viabilidade técnica de sua efetiva participação nesses trabalhos.
As penalidades aos profissionais vão de multa a processo disciplinar, no caso de
Acervo Técnico que forem constatados como irregulares.
serem constatadas várias reincidências.
A íntegra da Normativa está disponível
Os CREAs também anularão a ART e o
no site do CONFEA - www.confea.org.br.
Decisão Normativa N° 111/2017 Art. 4º O CREA deverá oficiar ao profissional identificado, por meio de correspondência com aviso de recebimento (AR), ou outro meio legalmente admitido, abrindo o prazo de quinze dias para que este preste comprovação da efetiva participação na obra ou serviço relativo a cada ART que restar sem baixa. § 1º Com o intuito de caracterizar a sua efetiva participação como responsável pela atividade e serviço técnico registrados na ART, o profissional poderá apresentar, conforme o caso, além de outros documentos julgados cabíveis, o seguinte: I – esclarecimentos sobre a sua efetiva participação, informando detalhes do projeto, do andamento dos trabalhos, das próximas etapas e do material empregado; II – cópia do contrato de prestação do serviço; III – cópia dos projetos devidamente assinados e aprovados pelos órgãos competentes; IV – laudos e outros documentos relacionados à obra, ao serviço ou ao empreendimento; V – licenças ou alvarás relacionados à obra, ao serviço ou ao empreendimento, emitidos pelos órgãos oficiais competentes;
AEAARP 25
Estatuto
Documento foi atualizado Principais mudanças são alterações na diretoria e na descrição da representatividade da AEAARP nos conselhos de classe
O
conselhos; para ser votado, sim.
Estatuto da AEAARP foi atua-
trados e em dia no Conselho. A mudança
lizado. Segundo o engenheiro
neste texto atendeu ao Artigo 34 da reso-
▪ A diretoria passa a ter somente um
Roberto Maestrello, que foi
lução 1.070/2015 do CONFEA. O texto
vice-presidente a partir do próximo
eleito pelo Conselho Deliberativo como
também contempla outras representações
mandato — atualmente são dois — e fica
coordenador dos estudos de atualização,
que serão designadas conforme orienta-
facultado ao presidente nomear diretores
foram necessários alguns ajustes no texto
ção prevista nos estatutos respectivos
adjuntos quando julgar necessário. Essa
para explicitar, por exemplo, as exigências
ou instrumentos constitutivos e, na sua
possibilidade pode ser usada, por exemplo,
àqueles que representam a associação no
inexistência, indicados pela diretoria.
para gerenciar projetos.
CREA. Foram realizados oito encontros,
▪ Para o sócio titular não será mais exi-
▪ Está expresso no Estatuto que no
dos quais participaram conselheiros da
gido que o profissional esteja em dia nos
início de cada ano a entidade divulgará os
entidade, diretores e associados interes-
conselhos de classe – CREA-SP e CAU-SP.
nomes daqueles que a representam nos
sados em colaborar. As mudanças foram
Roberto explica que essa alteração atende
conselhos de classe e do município, bem
aprovadas pelo Conselho Deliberativo
às necessidades daqueles que estão apo-
como a agenda de atividades junto a esses.
e pela diretoria e referendadas por uma
sentados, que poderão votar nas eleições
▪ O documento continua a incluir o
assembleia de associados.
da AEAARP, desde que estejam em dia
presidente da entidade entre aqueles que
com a Associação. Porém, para ser votado
podem vir a presidir uma assembleia na
A pedido da Painel, Roberto listou as
como diretor ou conselheiro, entretanto,
hierarquia de substituições ao presidente
▪ O novo texto do Estatuto deixa explí-
o registro nos conselhos continuará a ser
do conselho. Na ausência de todos, deverá
cito que para representar a AEAARP no
exigido bem como estarem em dia com
ser o conselheiro que tiver mais idade.
CREA-SP, o engenheiro ou o agrônomo
seu Conselho e com a AEAARP. Resumin-
eleitos devem estar devidamente regis-
do: para votar, não precisa ter registro nos
principais mudanças:
A íntegra do documento está disponível no portal da AEAARP.
Revista Painel 26
notas e cursos
70 anos, 70 árvores
A AEAARP plantou 70 árvores no Parque Maurílio Biagi no mês de fevereiro: uma para cada ano da entidade. A atividade foi coordenada pelos engenheiros agrônomos Alexandre Tazinaffo e Geraldo Geraldi Júnior.
Novos Associados Manoela Moreira Engenheira civil Adilson Satoshi Tobinaga Engenheiro mecânico Mariana Garcia Ribeiro Duo Estudante de agronomia Guilherme Yuri Pereira Estudante de agronomia Barbara Conte Estudante de arquitetura
Todas as mudas foram plantadas com supervisão dos
Helena Lara Barbosa Estudante de engenharia civil
agrônomos da Associação. “Há uma planta para cada ambiente,
Ana Carolina da Silva Estudante de engenharia civil
e essas características precisam ser observadas quando vamos introduzir uma muda”, disse Tazinaffo.
Escolha sempre a AEAARP na sua Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). Alínea 46 fortalece a atuação da sua entidade de classe.
46
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