Painel - edição 283 - out.2018

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painel Ano XI nº 283 outubro/ 2018

Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto

Fazendo história

Noite solene de 1948 é revivida pela AEAARP no palco do Theatro Pedro II

Engenharia

Novas tecnologias para a energia fotovoltaica

Acessibilidade Muito além da adaptação

Agronomia

Integração Lavoura-PecuáriaFloresta cresce no Brasil



As associações de classe e sindicatos profissionais surgiram a partir dos anos de 1940 e 1950 para unir pessoas com objetivos convergentes. Foi um período de conturbações políticas e econômicas no Brasil e as lideranças políticas estimularam a união.

palavra do presidente

Eng. civil Carlos Alencastre

Sete décadas depois, é novamente disso que precisamos. E temos grandes vantagens em relação aos nossos antepassados. Nós conhecemos a história, nós conhecemos as cidades, dominamos tecnologias em diferentes áreas, compreendemos técnicas de gestão e de aprimoramento profissional. Enfim, nós concretizamos os sonhos daqueles homens – por que à época eram raríssimas as mulheres que se envolviam nesses temas – e conquistamos a valorização de nossas profissões. Tudo certo, não fosse a exigência cotidiana de seguirmos fortalecendo esse caminho. Ribeirão Preto passou por períodos turbulentos no período pré-eleitoral, quando várias lideranças políticas foram flagradas em atos ilícitos. O gigantesco desafio assumido pela atual gestão tem sido enfrentado com coragem, e as entidades de classe, como a AEAARP, são parceiras no processo, na reconstrução da cidade e na necessária consciência crítica que dá equilíbrio às ações. É o que, no Brasil, o momento exige de nós, engenheiros, arquitetos e agrônomos: equilíbrio, seriedade, serenidade e, sobretudo, união. É possível reconstruir se estivermos juntos.


painel Rua João Penteado, 2237 - Ribeirão Preto-SP - Tel.: (16) 2102.1700 Fax: (16) 2102.1717 - www.aeaarp.org.br / aeaarp@aeaarp.org.br

Eng. civil Carlos Eduardo Nascimento Alencastre Presidente Eng. eletr. Tapyr Sandroni Jorge 1º Vice-presidente Eng. civil Fernando Junqueira 2º Vice-presidente Diretoria Operacional Diretor administrativo - eng. agr. Callil João Filho Diretor financeiro - eng. civil Arlindo Antonio Sicchieri Filho Diretor financeiro adjunto - eng. agr. Benedito Gléria Filho Diretor de promoção e ética - eng. civil e seg. do trab. Hirilandes Alves Diretor de ouvidoria - arq. urb. Ercília Pamplona Fernandes Santos

índice

Diretoria Funcional Diretor de esporte e lazer - eng. civil Milton Vieira de Souza Leite Diretor de comunicação e cultura - eng. agr. Paulo Purrenes Peixoto Diretor social - eng. civil Rodrigo Araújo Diretora universitária - arq. urb. Ruth Cristina Montanheiro Paolino

especial

05

Para ficar na história

AGROPECUÁRIA 12 Integração Lavoura-Pecuária-Floresta

Tecnologia 16 Equipamentos fotovoltaicos mais “verdes”

acessibilidade 20 Independência para todos

CREA-sp 25 Resolução nº 1.105/2018

notaS e cursos 26

Diretoria Técnica Agronomia - eng. agr. Alexandre Garcia Tazinaffo Arquitetura - arq.urb. Marta Benedini Vechi Engenharia - eng. civil Paulo Henrique Sinelli Conselho Presidente: Eng. mec. Giulio Roberto Azevedo Prado Conselheiros Titulares Eng. civil Elpidio Faria Junior Eng. civil Edgard Cury Eng. civil João Paulo de Souza Campos Figueiredo Eng. civil Jose Aníbal Laguna Eng. civil e seg. do trab. Luis Antonio Bagatin Eng. civil Ricardo Aparecido Debiagi Eng. civil Roberto Maestrello Eng. civil Wilson Luiz Laguna Eng. elet. Hideo Kumasaka Arq. e urb. Adriana Bighetti Cristofani Arquiteta e eng. seg. do trab. Fabiana Freire Grellet Eng. agr. Dilson Rodrigues Cáceres Eng. agr. Geraldo Geraldi Jr Eng. agr. Gilberto Marques Soares Conselheiros suplentes Eng. civil Marcos Tavares Canini Eng. mec. Fernando Antonio Cauchick Carlucci Arq. e urb. Celso Oliveira dos Santos Eng. agr. Denizart Bolonhezi Eng. agr. Jorge Luiz Pereira Rosa Eng. agr. José Roberto Scarpellini REVISTA PAINEL Conselho Editorial: eng. civil Arlindo Antonio Sicchieri Filho, Arq. e urb. Adriana Bighetti Cristofani, eng. mec. Giulio Roberto Azevedo Prado e eng. agr. Paulo Purrenes Peixoto - conselhoeditorial@aeaarp.org.br Conselheiros titulares do CREA-SP indicados pela AEAARP: eng. civil e seg. do trab. Hirilandes Alves e eng. mecânico Fernando Antonio Cauchick Carlucci Coordenação editorial: Texto & Cia Comunicação Rua Galileu Galilei 1800/4, Jd. Canadá Ribeirão Preto SP, CEP 14020-620 www.textocomunicacao.com.br Fones: 16 3916.2840 | 3234.1110 contato@textocomunicacao.com.br Editoras: Blanche Amâncio – MTb 20907, Daniela Antunes – MTb 25679 Colaboração: Bruna Zanuto – MTb 73044, Flavia Amarante – MTb 34330 Comercial: Angela Soares – 16 2102.1700 Foto capa: Alberto Gonzaga

Associação de Engenharia Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto

Horário de funcionamento AEAARP - das 8h às 12h e das 13h às 17h CREA - das 8h30 às 16h30 Fora deste período, o atendimento é restrito à portaria.

Tiragem: 3.000 exemplares Locação: Solange Fecuri - 16 2102.1718 Editoração eletrônica: Mariana Mendonça Nader Impressão e fotolito: São Francisco Gráfica e Editora Ltda. Painel não se responsabiliza pelo conteúdo dos artigos assinados. Os mesmos também não expressam, necessariamente, a opinião da revista.


AEAARP AEAARP 55

Fotos: Alberto Gonzaga

especial

Para ficar na história Noite de Gala AEAARP 70 anos levou o público a reviver a instalação solene da associação em 1948

ma noite de emoções e de reverên-

U

Segundo documentos da época, a noi-

país, havia sido fundada 24 anos antes e

cia aos fundadores e à história da

te de celebração aconteceu no Centro

Ribeirão Preto sequer havia completado

AEAARP: esta é a síntese na Noite

Médico de Ribeirão Preto, com concerto

seu centenário.

de Gala AEAARP 70 anos, que atraiu grande

da Orquestra Sinfônica, solo da pianis-

O próprio Theatro Pedro II, palco da

público para assistir ao histórico encontro da

ta Olga Tarlá e transmissão ao vivo pela

noite solene deste ano de 2018, ha-

Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto e o

emissora de rádio PRA-7.

via sido fundado 12 anos antes, e a

Coral Som Geométrico, da Associação.

O engenheiro Carlos Quirino Simões,

A AEAARP foi fundada em abril de

então presidente do CREA-SP, compare-

1948; mas, foi em outubro daquele ano

ceu à cerimônia, assim como o prefeito

que os fundadores reuniram autoridades

da época, José de Magalhães.

Orquestra Sinfônica existia há apenas uma década. “Homenageamos a nossa instituição na condição de testemunha da história da

e convidados especiais para celebrar a

Para se ter uma ideia, o CREA-SP ha-

nossa cidade e, para além disso, também

união dos profissionais de engenharia,

via surgido a apenas 15 anos; a PRA-7,

protagonista”, fala o engenheiro Carlos

arquitetura e agronomia.

primeira emissora de rádio do interior do

Alencastre, presidente da AEAARP.


Revista Painel 6

O espetáculo O repertório da Noite de Gala AEAARP 70 anos contou com dez músicas que fizeram sucesso no cinema. Composições consagradas, como as de Ennio Moricone e de Carlos Gardel, foram executadas ora somente pela orquestra, ora também pelo Coral Som Geométrico.

Coral Som Geomérico com a Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto

A engenheira e maestrina Regina Foresti, emocionada com a oportunidade de levar o grupo ao palco da principal casa de shows da cidade, revela a ansiedade da preparação e a satisfação com o resultado final. “Os cantores, em sua grande maioria amadores, foram extremamente dedicados e comprometidos com o resulta-

Regina Foresti e Carlos Alencastre

Carlos Alencastre, Rodrigo Araújo, Arlindo Sicchieri e Giulio Roberto Prado

Carlos Alencastre e Antônio Duarte Nogueira Júnior

Arthur Ribeiro, Marcelo Ribeiro e Yago Marinzeck

Suzana Samorano

Marcos Canini, Edneia Araújo e Hideo Kumasaka

do”, elogia. Ela própria se juntou aos cantores no espetáculo, uma vez que a regência do coro e orquestra esteve sob o comando de Reginaldo Nascimento. A execução de cada música foi acompanhada pela exibição de um trecho do filme do qual a composição fez parte. “A produção, incluindo a presença de atores caracterizados como personagens, proporcionou o envolvimento de todos com o espetáculo”, observa o engenheiro Arlindo Sicchieri Filho, coordenador do evento e diretor financeiro da AEAARP. Em apenas uma música o filme não esteve no telão, mas por um bom motivo: no bis, orquestra e coro executaram a música tema do filme Cinema Paradiso enquanto o telão exibia imagens dos fundadores, dos ex-presidentes e da história da AEAARP.

Celso Santos, Milton Leite, João Paulo Figueiredo, O Homem de Lata, Doroty, Bela e Charles Chaplim Callil João Filho, Benedito Gléria Filho, Rodrigo Araújo foram caracterizados para a festa da AEAARP, com o e Hirilandes Alves saxofonista Bil garantindo o fundo musical ao fundo


AEAARP 7

Rodrigo Araújo e Juliana Araújo

Alberto Gonzaga

Carlos Alencastre e Denize Camara

Ercilia Pamplona e Geraldo Fernandes Santos

Maria Tereza Faria e Elpídio Faria Júnior

Paulo Márcio Araújo, Gislaine Araújo e Mariangela Penha

Mary Jane Vianna, Paulo Cesar Garcia Lopes e Rodney Viana com os personagens de A Bela e a Fera

Fabiana Grellet e Rangel Romão

Darrel Sicchieri e Arlindo Sicchieri Filho

Fernando Junqueira e Maria Inês Junqueira

Giulio Roberto Azevedo Prado e Ana Cláudia Marinceck

Maraisa Gonçalves de Lima e Gilberto Marques Soares

Flávia Costallat e Maria Batista Ferreira

Hirilandes Alves, Maria das Graças Oliveira Alves e Julia Dalla Alves

Luiz Eduardo Siena de Medeiros, Maria Cecília Medeiros, Shirley De Paula e Silva e Genésio Abadio de Paula e Silva


Revista Painel 8

Edson Forni e Maria do Carmo Forni

Edgard Cury, Evelyn Cury, Jesus Cunha e Iraci Veloso

Mara Mendes Castanheira Monteiro, Mary Jane Higham Vianna, Tânia Lima e Sandra Girotto Barreto Prado

Tapyr Sandroni Jorge e Regina Sandroni Jorge

Márcio Maccafini, Maria Helena Maccafini, Sandra Lacerda e Andréia Maccafini

Clélia Veloni e Valério Veloni

Alice Gonçalves, Simone Vinoles, Glauco Gonçalves e André Gonçalves

Larissa di Battista e Flávio Nantes

Tânia Muniz e Ricardo Muniz

Márcia Stuck e Renato Stuck

Thais Oliveira, Gustavo Sicchieri, Patrícia Oliveira e Samantha Sicchieri

Jorge Rosa e Maria Eunice Rosa

José Samorano e Araci Samorano

Alyne Mayumi Kumasaka, Hideo Kumasaka e Sueli Kumasaka

Daniela Antunes, Selma Foguel, Alexandre Fusco, Melissa Dorta, Solange Fecuri, Maria Lurdes Parente, Joseane Silva, Luciano Guidetti, Silvio Cogine, Angela Dorta


AEAARP 9

Thiago Marcheti e Thiago Aquino

Maurício Nassur e Márcia Nassur

José Marcos Barrichello e Doroti Torres Barrichello

Luciano Niccioli e Irene Sabatino Niccioli

Rodrigo Falcucci e Tatiana Falcucci Denizart Bolonhesi e Maria Lúcia Bolonhesi

Graciana Martins e Odalécio Martins

Cristiane e Alexandre Tazinaffo

Délia Campos e Eduardo Campos

Maria Eduarda Rosa Campos, Selma Mosca Cruz e Sandra Prado

Giulio Roberto Azevedo Prado, Ana Cláudia, Marilda Azevedo Prado e Renato Curotto Prado

Monike e Fernando Matos

Terezinha Verri e Otávio Verri

Maria Mercedes Furegatto Pedreira Freitas e Carlos Alberto Pedreira Freitas


Revista Painel 10

O brinde Antes de o espetáculo começar, diretores e conselheiros da AEAARP e autoridades ergueram um brinde aos 70 anos da entidade, na Sala dos Espelhos. “Nessa noite, escrevemos mais um capítulo da nossa história, que certamente marcará o futuro da AEAARP”, ressalta Giulio Roberto Azevedo Prado, presidente do Conselho Deliberativo. Em 1948, o concerto foi transmitido pela rádio PRA-7. Neste ano, a transmissão foi pelo Facebook e a íntegra pode ser conferida na página da AEAARP na rede social.

João Paulo Figueiredo, Welson Gasparini, Maurício Gasparini, Jorge Rosa e José Aníbal Laguna

Arlindo Sicchieri Filho, Callil João Filho, Gustavo Ribeiro de Oliveira, Jeanaiza Grigorenciuc e Fernando Junqueira

Welson Gasparini, Auri Stela Gasparini e Fernando Junqueira

Celso Santos, Tapyr Sandroni Jorge, Ricardo de De Biasi, Jorge Rosa, Hideo Kumasaka, Alexandre Tazinaffo

Marta Benedini Vecchi, Roberto Vecchi, Arlindo Sicchieri Filho e Regina Foresti

Ricardo Debiagi, Milton Leite, Luiz Antônio Bagatin, Elpidio Faria, Hideo Kumasaka, Giulio Prado e Renato Prado

Eduardo de Castro Souza, Marisa David Marincek, Beatriz Mendes e Daisy Lopes Veludo

Geraldo Geraldi Júnior, Maria Eunice Rosa e Jorge Rosa


AEAARP 11


Revista Painel Painel Revista 12 12

AGROPECUÁRIA

Integração LavouraPecuáriaFloresta Pixabay

Em 10 anos, área ocupada por ILPF aumentou em quase 10 milhões de hectares no Brasil


AEAARP 13

N

O sistema de produção integrada otimi-

Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e

za o uso da terra, aumenta a produtivida-

Rio Grande do Sul são os estados com

de e diversifica a produção. Além disso, o

as maiores áreas com ILPF, sendo o

método diminui a pressão para que sejam

último o que tem maior percentual de

abertas novas áreas produtivas, tanto para

área agricultável com algum tipo de

agricultura quanto para pecuária. Definir o

integração. No estado de São Paulo,

tipo de integração mais adequado depen-

dos quase 14,5 milhões hectares de

de das características da região e da pro-

áreas utilizadas pelo setor agropecuá-

priedade como, por exemplo, proximidade

rio, apenas 861.140 hectares recebem

com o mercado consumidor, logística,

algum tipo de integração, segundo le-

relevo, clima, aptidão das terras, maqui-

vantamento da Rede ILPF divulgado

nários disponíveis, dentre outros fatores.

pelo portal Embrapa.

os últimos anos, a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) tem ganhado cada vez

mais adeptos no Brasil e vem se consolidando como importante ferramenta para o setor agropecuário. De acordo com pesquisa divulgada pela Rede de Fomento ILPF, realizada pela empresa Kleffmann Group, em 10 anos, a área ocupada por ILPF aumentou em quase 10 milhões de hectares. Em 2005, apenas 1,87 milhões de hectares adotava algum sistema de integração. Em 2015, o número saltou para 11,47 milhões de hectares.

Veja a pesquisa completa na área Notícias, no endereço eletrônico da AEAARP.

www.aeaarp.org.br

Fonte: www.embrapa.br

áREAS SOB USO AGROPECUÁRIO (ha)

Sudeste

áREAS com interação (ha) (%)

Espírito Santo

1.186.482

118.121

9,96

Minas Gerais

19.217.726

1.046.878

5,45

Rio de Janeiro

1.016.170

11.981

1,18

14.916.482

861.140

5,77

São Paulo

Fonte: www.embrapa.br


Revista Painel 14

(SP), financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Segundo a zootecnista Flávia Fernanda Simili, coordenadora do projeto, o estudo analisa, simultaneamente, os sistemas ILP e o monocultivo de produção Breno Lobato

de milho grão e recria de bovinos de corte

ILPF com bovinos

da raça Caracu, em pastagem de capim-marandu. “Estamos avaliando o desempenho animal e os efeitos na qualidade do solo, o impacto ambiental e a viabilidade

Redução do impacto ambiental, recu-

cípios atendidos pelo escritório local não

peração de pastagens, rotação de culturas

existem registros oficiais de sistemas de

A área experimental do projeto mede

por necessidade técnica, aumento da ren-

ILPF. Segundo o agrônomo, isso acontece

18 hectares. A pesquisadora destaca que

tabilidade por hectare e diminuição do ris-

devido à aptidão da área que, em grande

o grande diferencial deste trabalho é o

co financeiro são alguns dos principais mo-

parte, é destinada à cana-de-açúcar.

fato de simular o que realmente aconte-

econômica dos sistemas”, explica.

tivos pelos quais pecuaristas e agricultores

De acordo com o zootecnista Acyr Frei-

ce em uma propriedade rural. Os dados

começaram a implantar a ILPF em suas

tas, pesquisador do Instituto de Zootec-

de campo foram finalizados em janeiro

propriedades. Segundo a pesquisa, dente

nia (IZ), da Agência Paulista de Tecnologia

de 2018 e algumas análises de solo ainda

as quatro possibilidades de configuração

dos Agronegócios (APTA), há um projeto

são processadas em laboratório. O próxi-

do sistema produtivo, a integração lavou-

para a criação de uma Unidade de Refe-

mo passo será a publicação dos resulta-

ra-pecuária é a mais adotada pelos produ-

rência Tecnológica (URT) na Fazenda Ex-

dos e a elaboração de um novo projeto

tores, com 83%, seguida pelos modelos

perimental de Ribeirão Preto, porém, ain-

de Integração Lavoura-Pecuária.

lavoura-pecuária-floresta (9%), pecuária-

da não há recursos para a implantação,

-floresta (7%) e lavoura-floresta (1%).

tampouco prazo para que isso aconteça.

A Rede ILPF (parceria público-privada formada pela Embrapa, cooperativa Co-

O estudo também revelou que 29% dos

Desde 2015, é desenvolvido o projeto

camar e pelas empresas Bradesco, John

produtores que aderirem à ILPF implanta-

“Impacto ambiental, produtividade e viabi-

Deere, Soesp e Syngenta) apoia 107 URTs

ram o sistema entre 2011 e 2015. Neste

lidade econômica de sistemas convencio-

distribuídas em todos os biomas brasileiros.

período, a área média com ILPF passou a

nal ou integrado de lavoura pecuária” no

Uma dessas unidades está localizada em

ocupar de 4,3% para 9,4% da área agricul-

Centro Avançado de Pesquisa em Bovi-

Bebedouro (SP), desde 2015, e outra está

tável das fazendas. Entre os pecuaristas

nos de Corte do IZ, unidade Sertãozinho

sendo implantada em Batatais (SP). Nesta, a

que implantaram a ILPF, a previsão é de que o espaço médio destinado à integração chegue a 20,6% da área agricultável das propriedades em 2030. Além disso, 84% dos pecuaristas disseram estar satisfeitos com os sistemas de integração. Região RP Segundo o engenheiro agrônomo Luís Gabriel Rezende Faria

Fernando Franco Zorzenon, do corpo técnico da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, em Ribeirão Preto (SP) e nos muni-

Experimento de ILPF


AEAARP 15

pastagem dividirá espaço com a cultura do milho em aproximadamente 60 hectares. A URT de Bebedouro foi instalada em seis hectares, divididos em um sistema de pastagem degradada, três de ILP (agropastoril), um de IPF (silvipastoril) e Breno Lobato

três de ILPF (agrossilvipastoril). Os modelos de ILPF implantados foram com eucalipto citriodora, mogno e teca, com o objetivo de comercialização de madeira nobre. O estado de São Paulo, por exem-

ILPF

plo, tem 9,5 milhões de hectares de solos arenosos degradados. De acordo com a Embrapa, os dados já apurados pela URT de Bebedouro demonstram que os sistemas de ILPF e ILP podem dobrar a eficiência de fósforo no solo, contribuindo para sua recuperação.

Conheça o site da Rede IPFL na área Notícias, no endereço eletrônico da AEAARP. Veja também o Manual URT ILPF, da Embrapa, que orienta a implantação de unidades de referência tecnológica de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta.

www.aeaarp.org.br


Revista Painel Painel Revista 16 16

Divulgação Sunew

Tecnologia

O OPTree tem em suas folhas o OPV laminado em vidro ou policarbonato. A tecnologia possibilita a captação da luz solar que é transformada em energia elétrica. Dessa forma, a energia é gerada de forma independente e sustentável, possibilitando o carregamento de celular e roteadores de internet por meio das suas entradas USB

Equipamentos fotovoltaicos mais “verdes” Terceira geração de painéis solares é considerada a forma mais limpa para gerar energia solar

O

Brasil é um dos países com maior potencial solarimétrico do mundo, segundo o engenheiro eletrônico Tiago Maranhão Alves. “Temos sol de norte a sul, mas aproveitamos pouco esse potencial”. Tiago é CEO de uma empresa brasileira

que produz e comercializa o OPV (Organic Photovoltaic), que é considerado a terceira geração de painéis solares. Diferentemente das tecnologias tradicionais, o OPV é composto por materiais orgânicos abundantes na natureza, recicláveis e atóxicos. “O OPV apresenta características de flexibilidade, leveza, semi-transparência e a menor pegada de carbono entre todas as alternativas, sendo a tecnologia mais sustentável”, explica o engenheiro. Segundo ele, a fabricação de OPV também apresenta baixa demanda energética (se comparado aos painéis de silício) e emite entre 10 e 20 vezes menos carbono que as tecnologias tradicionais. “Por isso, o OPV é a forma mais limpa de se gerar energia através da fonte solar”.


AEAARP 17

Gerações dos painéis solares

gia que a usina pode gerar em um deter-

Segundo o engenheiro eletrônico Tiago Maranhão Alves, os painéis fotovoltaicos são divididos em três gerações. 1ª geração: é composta por tecnologias que usam o silício como material base. “Estes painéis foram inicialmente concebidos para a geração concentrada em grandes usinas solares e apresentam características que limitam a expansão da geração distribuída como a opacidade, rigidez e peso”. 2ª geração: é composta por tecnologias chamadas filmes finos e trouxe mais flexibilidade para as aplicações. “No entanto, a maioria apresenta materiais tóxicos em sua composição ao ser humano, sendo o principal motivo para não conquistar grande parcela de mercado”. Apesar do ganho em flexibilidade, segundo Tiago, esses painéis têm propriedades de opacidade, o que limita seu uso. 3ª geração: é composta por material orgânico e utiliza polímeros semicondutores como peça-chave para a realização do processo fotovoltaico. “Essa tecnologia une conceitos de design e sustentabilidade e supera limitações das antigas tecnologias solares”.

plifica que se aplicar o OPV em 1% da

minado intervalo de tempo]”. Ele exemsuperfície alagada da Usina Hidrelétrica de Sobradinho (BA), a tecnologia garantiria a mesma potência instalada da usina em energia solar. “Esse exemplo ilustra o potencial que a fonte solar representa em termos de geração de energia, o que muitas vezes não é aproveitado”. Tiago acrescenta outra vantagem competitiva do OPV: seu baixo peso, que possibilita o uso de flutuadores mais leves e, consequentemente, mais baratos, além de que sua transparência permite a passagem da cia, espessura (0,3 mm), diferentes cores e

luz solar beneficiando a vida aquática.

possibilidades de customização”. Ou seja, é possível instalá-lo em fachadas, clara-

Produção de OPV

boias de vidro, estruturas leves ou flutu-

Seu processo produtivo é através da

antes, mobiliário urbano, entre outros.

impressão rolo-a-rolo (OPV utiliza esta-

O engenheiro observa que se uma re-

ções subsequentes de impressão que rea-

presa tiver 1% de sua área coberta com

lizam a deposição do material em substra-

o painel OPV é possível obter a mesma

to flexível como, por exemplo, o plástico

quantidade de energia gerada por uma

PET), semelhante às indústrias gráfica

hidrelétrica. “A capacidade energética

e têxtil, o que, segundo Tiago, oferece a

de uma hidrelétrica é definida por sua

possibilidade de fabricação em larga es-

potência instalada [quantidade de ener-

cala e preços competitivos. “É possível

Tiago Alves Maranhão é finalista no Prêmio VEJA-se na categoria Inovação. Ele desenvolveu placas fotovoltaicas sustentáveis e que se adequam a qualquer superfície

Tiago explica que a tecnologia do painel solar orgânico é recente se comparada às dos demais equipamentos solares. Os polímeros semicondutores, que compõem o OPV, têm estrutura básica formada por átomos de carbono e foram descobertos em 2000. Inicialmente, os materiais foram utilizados em telas de televisão e de smartphone. Agora, a tecnologia permite novas mercados, principalmente, para o setor fotovoltaico. “O OPV é disruptivo em suas características e se diferencia pela leveza (300 g/m²), flexibilidade, semi-transparên-

Divulgação Sunew

aplicações e, consequentemente, novos


Revista Painel 18

fabricar os insumos no Brasil, mas antes é

Falta conscientização

cessária para a sustentabilidade do nosso

necessário o interesse, principalmente da

Atualmente, a produção de painéis so-

planeta e das próximas gerações”. Segun-

indústria química, no desenvolvimento de

lares de silício é dominada pelo mercado

do ele, a adoção desses sistemas para

produtos de alto valor agregado”.

chinês. “A política estatal chinesa de sub-

geração de energia solar resultará no au-

processo

sídios para a indústria solar e os custos

mento da produção da nova tecnologia e,

produtivo dos painéis OPV é 100%

reduzidos com mão de obra e energia

consequentemente, menores preços.

brasileira, foi desenvolvido pelo Centro

fizeram com que a China dominasse o

Em junho de 2018, o Banco Nacional do

Suíço de Eletrônica e Mecrotecnologia

mercado mundial de produção de painéis

Desenvolvimento (BNDES) anunciou uma

(CSEM-Brasil) – centro de pesquisa

fotovoltaicos”, comenta o engenheiro. De-

mudança de regras de financiamento em

aplicada e desenvolvimento tecnológico

vido à política agressiva de custos do mer-

energia solar para pessoas físicas. A par-

– e, desde 2010 (quando o projeto foi

cado chinês e às barreiras tributárias no

tir de agora, no subprograma Máquinas

iniciado), contou com a participação

mercado brasileiro, a maioria dos painéis

e Equipamentos Eficientes, as pessoas fí-

de cientistas de 18 nacionalidades. A

instalados no Brasil é importada da China.

sicas terão acesso a financiamentos para

tecnologia foi patenteada pela Sunew,

Já o OPV, segundo ele, tem um processo

a instalação de sistemas de aquecimento

empresa

e

produtivo automatizado, com menos de-

solar e sistemas de cogeração (placas fo-

comercializa os painéis OPV. Sua fábrica,

manda de energia e é altamente escalável.

tovoltaicas, aerogeradores, geradores a

em Belo Horizonte (MG), está expandindo

“O Brasil é um mercado estratégico para

biogás e equipamentos necessários).

suas

tecnologia

usada

brasileira

operações

no

que

fabrica

internacionalmente.

a Sunew em função do alto índice de ir-

Tiago, que é CEO da Sunew, comenta que

radiação solar, por isso escolhemos o país

parte do processo de produção do OPV

para instalar nossa fábrica. Agora, estamos

é mantido em sigilo como trade-secrets

trabalhando para exportar nosso produto”.

(segredo comercial de um negócio) pela

Tiago avalia que a disseminação da

companhia. Segundo o engenheiro, a

tecnologia de OPV no Brasil depende da

empresa mineira tem a maior capacidade

conscientização das empresas brasileiras

produtiva de OPV no mundo, cerca de

e do governo. “Precisamos ser os agentes

400 mil metros quadrados por ano.

condutores da transição energética ne-

Saiba mais sobre o projeto do BNDES no endereço eletrônico da AEAARP, na área Notícias.

www.aeaarp.org.br Potencial brasileiro A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) divulgou, em agosto de 2018, que no primeiro semestre deste ano a geração solar no Brasil cresceu 88 vezes mais do que o mesmo período em 2017. A geração solar fotovoltaica alcançou 260 MW (megawatt) médios nos primeiros seis meses de 2018, frente aos 2,94 MW médios contabilizados no mesmo período do ano anterior. Os números foram levantados pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica. Divulgação Sunew

A

De acordo com informações divulgadas pela Intersolar South America 2018 (maior evento de feira e congresso voltado para o setor solar na América do


AEAARP 19

Sul, realizado em agosto de 2018, em São Paulo-SP), a América Latina está na fronteira global dos mercados solares não subsidiados. Com seus altos índices de insolação e uma demanda cada vez maior, o continente é uma das regiões mais atraentes para o desenvolvimento do setor. Segundo especialistas, até 2022, a América Latina representará 10% da demanda mundial de energia solar. Além disso, a Absolar identificou a possibilidade de redução da conta de luz dos consumidores brasileiros, por meio da contratação da fonte solar fotovoltaica em novos leilões de energia do

Fonte: Aneel / ABSOLAR, 2018. Última atualização 03/09/2018

Governo Federal, como forma de aliviar a pressão sobre os recursos hídricos, reduzir as recorrentes demandas das usi-

Em número de sistemas instalados, segundo a Absolar, os consumidores residenciais es-

nas termelétricas fósseis e, consequen-

tão no topo da lista, representando 76,7% do total. Em seguida, aparecem as empresas dos

temente, a emissão de gases de efeito

setores de comércio e serviços (16,1%), consumidores rurais (3,8%), indústrias (2,5%), poder

estufa do país.

público (0,8%) e outros tipos, como serviços públicos (0,1%) e iluminação pública (0,01%).

Segundo estudo da Absolar, os brasileiros poderiam economizar entre R$ 2 e 7 bilhões nas contas de luz em menos de cinco anos, por meio da complementação da matriz elétrica brasileira com a fonte solar fotovoltaica, especialmente, no subsistema elétrico da região Nordeste. A medida também evitaria a liberação de 15,4 a 17,9 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera no mesmo período. Capacidade instalada Hoje, o Brasil conta com pouco mais de 37 mil sistemas solares fotovoltaicos conectados à rede, o que representa mais de R$ 2,5 bilhões em investimentos acu-

Fonte: Aneel / ABSOLAR, 2018. Última atualização 03/09/2018

mulados desde 2012, e acaba de atingir a nova marca de 350 megawatts (MW)

Ainda segundo a Absolar, atualmente, o estado de Minas Gerais lidera o ranking nacio-

de potência instalada em sistemas de mi-

nal, com 22,10% da potência instalada no país, seguido por Rio Grande do Sul (14,16%),

crogeração e minigeração distribuída em

São Paulo (12,63%), Santa Catarina (7,09%) e Paraná (5,43%). Em Ribeirão Preto (SP),

residências, comércios, indústrias, produ-

segundo a CPFL Paulista, 143 sistemas fotovoltaicos estavam ativos até junho de 2018.

tores rurais e prédios públicos – segundo

E um desses sistemas está localizado na AEAARP. “O sol está em todos os lugares e preci-

informações da Absolar.

samos aproveitar todo esse potencial”, finaliza Tiago Maranhão Alves.


Revista Revista Painel Painel 20 20

acessibilidade

Independência para todos

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Conceitualmente, a acessibilidade sai do campo da adaptação e entra na pauta da inclusão; o ambiente deve ser adequado a qualquer pessoa e não adaptado aos portadores de necessidades especiais


AEAARP 21

L

egalmente, no Brasil, a acessibilidade é garantida. Em julho deste ano foi editado o último capítulo da legisla-

ção, o Decreto 9.451, que regulamentou o artigo 58 da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015) e estabeleceu novas regras referentes ao projeto e a construção de edificação nos condomínios. O decreto, por exemplo, obriga novos empreendimentos residenciais a incorporar recursos de acessibilidade em todas as áreas de uso comum e modificar unidades habitacionais de acordo com a demanda dos compradores. Todas as unidades, segundo a lei, devem ser adaptáveis e convertidas em totalmente acessíveis, quando solicitado pelo adquirente do imóvel, antes do início da obra. Para o arquiteto Eduardo Ronchetti, especialista em acessibilidade, o decreto, além de esclarecer muitas dúvidas sobre como as edificações devem ser acessíveis, é um avanço na implantação da acessibilidade nos condomínios. Mas, segundo ele, o mais importante é entender que é preciso garantir a condição de moradia para a vida independente de qualquer pessoa, inclusive para aquelas que têm limitações físicas. “Significa que os ambientes devem garantir condições, por exemplo, que vão desde a pessoa na cadeira de rodas conseguir abrir uma janela, alcançar uma tomada ou passar pelas portas até as condições para que as pessoas com deficiência visual, auditiva ou motora possam viver com mais autonomia, conforto e segurança”, explica. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 45,6 mi-

Fonte: IBGE

A arquiteta Paula Dias, especialista em

passeio estava presente no entorno de

acessibilidade e desenho universal, diz que

80% das moradias adequadas, 43% nas

as leis ajudam a população que se sente

semiadequadas e em somente 9% das

excluída. Mas, é necessário que sejam

inadequadas.

cumpridas. “Hoje, com raras exceções, não é o que acontece”.

Para Paula, os projetos de arquitetura são, em sua maioria, criados para atender

Paula tem um escritório de consultoria

às necessidades dos clientes, sejam eles

e projetos de acessibilidade e afirma que a

empreendimentos residenciais, comerciais

maioria das pessoas que procura seu traba-

ou públicos. “Não pensam em desenho uni-

lho precisa cumprir a lei de cotas ou atender

versal, que é para todos, com ou sem de-

às exigências de algum órgão público, em

ficiência”. Segundo ela, muitos arquitetos

razão de denúncia no Ministério Público,

ainda não conhecem, ou não têm interesse

na própria Secretaria Municipal da Pessoa

em conhecer, as normas de acessibilidade.

com Deficiência de São Paulo (SMPED) ou

“Ao meu ver, acessibilidade já deveria ser

Comissão Permanente de Acessibilidade

uma disciplina nas faculdades de arquite-

(CPA). “Muito raramente a iniciativa parte

tura e de engenharia”, argumenta.

do empreendimento”, explica.

Incluir recursos de acessibilidade no

A falta de acessibilidade, em sua opinião,

projeto não é oneroso, afirma a arquiteta.

começa nas calçadas, acessos e depois

“Um projeto que contemple acessibilidade

adentram os empreendimentos. A afir-

tem o custo estimado de 1% do valor total

mação é confirmada por dados do IBGE.

do investimento e no retrofit, ou seja, na

O último Censo constatou que apenas

adequação de obra já existente, o valor

5,4% dos domicílios brasileiros possuí-

estimado é de 25% do total do investi-

am rampas no entorno. O item calçada/

mento”, destaca.

8 itens obrigatórios em qualquer edificação 1. Acessibilidade na calçada 2. Todas as entradas devem ser acessíveis 3. Todos os ambientes de uso comum da edificação devem estar livres de barreiras físicas, como degraus e desníveis 4. A edificação deve ter um balcão de atendimento ou informação acessível

lhões de pessoas têm algum tipo de defici-

5. No mínimo um sanitário deve ser acessível e sempre que houver um sanitário de uso coletivo, deve haver um outro acessível com entrada independente

ência – visual, auditiva, motora, mental ou

6. Deve haver sinalização visual e tátil

intelectual – o que corresponde a 23,9%

7. 2% das vagas de uso comum devem ser reservadas para acessibilidade e mais 5% devem ser reservadas para pessoas idosas

da população brasileira. Esses números não incluem os idosos, que representam mais de 8% da população.

8. Se a edificação tiver elevador, no mínimo um deve ter as condições de acessibilidade definidas nas normas técnicas de acessibilidade Fonte: Eduardo Ronchetti, arquiteto


Revista Painel 22

O objetivo do projeto inclusivo é garan-

O desenho universal tem importância

pal falha de acessibilidade é a utilização de

tir o acesso e o uso dos ambientes para o

fundamental na elaboração do projeto.

portas de 60 cm de largura nos banheiros.

maior número possível de pessoas. Para

Qualquer edificação, ambiente ou pro-

“É como se dissesse que pessoas com

isso, é preciso conhecer as necessidades

duto concebido segundo os conceitos do

deficiência e obesas não deveriam estar

ergonômicas e antropométricas da popu-

desenho universal pode ser alcançado,

naquele local”, ressalta.

lação brasileira e projetar as edificações

manipulado e usado, independentemente

para atender a cada uma delas.

do tamanho do corpo do indivíduo, sua

“Para cada necessidade há um tipo de

postura ou capacidade de mobilidade. São

auxílio e a edificação deve atender a todas.

espaços que contemplam crianças, adultos

Uma vez que o projeto e a obra atendam a

altos e baixos, anões, idosos, gestantes,

todos os requisitos de acessibilidade defini-

obesos, pessoas com deficiência ou com

dos nas normas técnicas, a edificação estará

mobilidade reduzida.

Cartilha Uma cartilha edita-

preparada para se adequar a necessidade

Segundo a arquiteta Silvana Cambiaghi,

da maior quantidade possível de pessoas”,

presidente da Comissão Permanente de

orienta profissio-

Acessibilidade (CPA - São Paulo) e conse-

nais do setor sobre acessibi-

destaca o arquiteto Eduardo Ronchetti.

da pelo CREA-SP

lidade. O objetivo é informar sobre

Uma escada, por exemplo, deve ter

lheira estadual do Conselho de Arquitetura

corrimão em ambos os lados e em cada

e Urbanismo de São Paulo (CAU-SP), a

lado o corrimão deve ter duas alturas, ou

ideia é, evitar a necessidade de ambientes

seja, um a 92 cm de altura e outro a 70 cm

e produtos especiais para pessoas com

Veja a cartilha no endereço eletrônico

de altura. Desta forma, a pessoa que não

deficiências, assegurando que todos pos-

da AEAARP, na área notícias.

têm o braço esquerdo utiliza o corrimão

sam utilizar com segurança e autonomia

do lado direito. E da mesma maneira, a

objetos e espaços construídos.

normas técnicas e legislação em vigor para projetos, obras e serviços.

www.aeaarp.org.br

pessoa que não tem o braço direito utiliza

“A edificação, seu mobiliário e equipa-

o corrimão do lado esquerdo. As crianças e

mentos, deve ser acessível e utilizável pelo

as pessoas idosas utilizam o corrimão mais

maior número possível de pessoas, sem ser

Para ela, a acessibilidade deve ser ob-

baixo e as pessoas mais altas o corrimão

necessário realizar adaptações estruturais.

servada desde a concepção do projeto.

que está a 92 cm do piso. “Com isso, as

Um projeto não pode, portanto, ser con-

Tudo que é acrescido depois não terá a

necessidades de todas as pessoas estão

cebido tendo exclusivamente em conta as

mesma característica e será uma adequa-

sendo atendidas para que consigam subir e

necessidades de uma pessoa com caracte-

ção. “É preciso entender que acessibili-

descer a escada com autonomia, conforto

rísticas médias ou ideais”, explica Silvana.

dade é um valor. Um projeto acessível faz

A arquiteta Silvana destaca que a princi-

aumentar a procura pelo produto. Ainda

e segurança”, explica o arquiteto.

se vê uma barreira em construtoras e incorporadoras em pensar em projetos

DIMENSÕES EM METROS

com desenho universal; veem isto como custo adicional ao invés de um item de valorização”, argumenta. Para a arquiteta Flavia Ranieri, especialista em Gerontologia, o projeto pensado de forma preventiva proporciona, além de segurança, conforto, ergonomia e qualidade de vida para as pessoas. O ideal é que as soluções passem despercebidas

a) Em escadas

b) Em rampas Fonte: www.pessoacomdeficiencia.gov.br

e tenham a mesma linguagem usada no cotidiano, com menor impacto visual e, consequentemente, menos resistência


AEAARP 23

para implementação. “Infelizmente, muito de nossa arquitetura é feita pensando em pessoas independentes, ativas e com o funcionamento perfeito de todo o corpo e seus reflexos. Por isso, vemos muitos locais com soluções improvisadas ou necessitando de reforma para se ajustar

Secom - PMU

a um usuário com limitações”, lamenta.

Uberlândia (MG) foi considerada, em 2010, uma das 100 melhores cidades do mundo modelo em acessibilidade pela Organização das Nações Unidas (ONU). A cidade também recebeu o Prêmio Internacional de Boas Práticas, concedido pela ONU Habitat e pelo governo de Dubai (Emirados Árabes Unidos), por ter sido o primeiro município do Brasil a disponibilizar transporte coletivo adaptado em sua totalidade. Desde 2008, a frota de ônibus do transporte público é 100% acessível e ainda é oferecido serviço de transporte especial gratuito em vans para 690 usuários cadastrados.

Uberlândia (MG)

Cidade acessível Idari Alves da Silva, diretor de Acessibilidade e Mobilidade Reduzida da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano de Uberlândia (MG), acredita que o reconhecimento é devido à realização de um programa amplo, com ações em várias frentes e que vem sendo desenvolvido ao longo de 30 anos. “Trata-se de uma atuação diária e permanente para que a cidade avance cada vez mais na difusão da cultura da acessibilidade e no atendimento da legislação”, destaca. Na educação, as escolas municipais também se destacam no atendimento às

renda de até cinco salários mínimos, nove

análise de projetos (construção e reforma)

pessoas com deficiência: são 942 profis-

modelos de planta residencial, todas aten-

e na fiscalização e vistoria da acessibilida-

sionais especializados para atender mais

dendo os conceitos do desenho universal.

de em todas as obras públicas e imóveis

de dois mil alunos da educação especial,

Em 2017, a Secretaria Municipal de Pla-

comerciais, industriais e institucionais.

matriculados nas 112 unidades escolares.

nejamento Urbano implantou a Diretoria

Segundo Idari, 3.220 projetos deram en-

Na habitação, o Programa Planta Popular

de Acessibilidade e Mobilidade Reduzida,

trada na diretoria em 2017 e, neste ano,

oferece gratuitamente para cidadãos, com

que ampliou as atividades realizadas na

foram 2.410.


Revista Painel 24

Conheça os principais critérios de acessibilidade da NBR 9050 - Comunicação e sinalização: horizontal e vertical, incluindo a forma visual – realizada através de textos ou figuras; tátil, por meio de caracteres ou figuras em relevo e braille; sonora, realizada através de recursos auditivos. - Acessos e circulação: rotas de fuga, áreas de descanso, rampas e escadas, corrimãos e guarda-corpos, equipamentos eletromecânicos, circulação interna e externa, vagas para veículos, calçadas do entorno da edificação. - Sanitários e vestiários: localização, sinalização e quantificação, respeitando parâmetros da norma no que diz respeito à instalação de bacia, mictório, lavatório, boxe de chuveiro, acessórios e barras de apoio, além das áreas de circulação, transferência, aproximação e alcance; - Equipamentos urbanos: observando os locais de reunião, ambulatórios, comércio e serviço e atendimento ao público; - Mobiliário: bebedouros, telefones, mesas ou superfícies para refeições, balcões, bilheterias, equipamentos de autoatendimento e vegetação, observando altura, área de aproximação, quantidades, rotas acessíveis e sinalização. Fonte: Paula Dias, arquiteta

as pessoas que se sentem lesadas acabam buscando a solução por meio de denúncias no Ministério Público. “Existem muitas falhas nos projetos quanto à questão da acessibilidade, pois, infelizmente, nossos profissionais de arquitetura, urbanismo e engenharia não estão preparados para traçar e executar projetos plenamente acessíveis e com desenho universal. Caberá ao poder público criar as regras necessárias para aprovação, ou ainda, denunciar os profissionais pelo não atendimento e falta de ética profissional, junto aos conselhos de classe, como CAU e CREA”, alerta Silvana. Para ela, nos últimos anos os avanços em relação à acessibilidade no Brasil foram grandes. Mas, o país ainda está atrás

O que diz a Lei

são as responsáveis em regulamentar e fis-

de vizinhos como Chile, países europeus,

No Brasil, a Associação Brasileira de

calizar o cumprimento das leis municipais,

Estados Unidos, Canadá, que podem ter

estaduais e federais.

até menos leis de acessibilidade, mas têm

Normas Técnicas (ABNT), por meio da NBR 9050, estabelece critérios para a

O não cumprimento das normas acarre-

o direito garantido na prática. “Acredito

acessibilidade em edificações, mobiliário

ta multa. Mas, segundo Silvana Cambiaghi,

que temos muito mais a avançar e fazer

e espaços e equipamentos urbanos.

presidente da Comissão Permanente de

com que todas as nossas normas, leis e

As prefeituras, secretarias do deficiente

Acessibilidade (CPA - São Paulo), a falta

conhecimentos teórico passem para a

municipal e estadual e Ministério Público

de penalidades é um entrave e, portanto,

prática urbana e de edificações”, diz.


AEAARP 25

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crea-sp

RESOLUÇÃO Nº 1.105/2018 Discrimina as atividades e competências profissionais do engenheiro automotivo, insere o respectivo título na Tabela de Títulos Profissionais do Sistema Confea/Crea, para efeito de fiscalização do exercício profissional, e inativa o título profissional de Engenheiro Mecânico e de Automóvel

A

rt. 1º Discriminar as atividades

nicos, máquinas, instalações industriais

grará o grupo ou categoria Engenharia,

e competências profissionais do

e mecânicas, equipamentos mecânicos

modalidade Mecânica e Metalúrgica.

engenheiro automotivo, inserir

e eletromecânicos, equipamentos de

Parágrafo único. O respectivo título pro-

o respectivo título na Tabela de Títulos

ar condicionado, aplicados à indústria

fissional será inserido na Tabela de Títulos

Profissionais do Sistema CONFEA/

automotiva, em função estritamente do

Profissionais do Sistema CONFEA/CREA

CREA, para efeito de fiscalização do

enfoque e do projeto pedagógico do curso,

conforme disposto no caput deste artigo

exercício profissional, e inativar o título

a critério da câmara especializada.

e da seguinte forma:

profissional de Engenheiro Mecânico

Art. 4º As competências do engenhei-

e de Automóvel (código 131-03-00).

ro automotivo são concedidas por esta

I - título masculino: Engenheiro Automotivo;

Art. 2º Compete ao engenheiro au-

resolução sem prejuízo dos direitos e

tomotivo as atribuições previstas no

prerrogativas conferidos ao engenheiro,

II - título feminino: Engenheira Auto-

art. 7° da Lei nº 5.194, de 1966, combi-

ao engenheiro agrônomo, ao geólogo ou

III - título abreviado: Eng. Automot.

nadas com as atividades 1 a 18 do art.

engenheiro geólogo, ao geógrafo e ao

Art. 7º A partir da vigência desta reso-

5º, §1º, da Resolução nº 1.073, de 19

meteorologista por meio de leis ou nor-

lução o egresso de curso cuja designação

de abril de 2016, referentes a veículos

mativos específicos.

do título seja Engenheiro Mecânico e de

motiva; e

Art. 5º As atividades e competências

Automóvel que solicitar registro receberá

Art. 3º O engenheiro automotivo poderá

profissionais serão concedidas em con-

o título profissional de Engenheiro Auto-

atuar também no desempenho das atri-

formidade com a formação acadêmica do

motivo.

buições previstas no art. 7° da Lei 5.194,

egresso, possibilitadas outras que sejam

de 1966, combinadas com atividades 1 a

acrescidas na forma disposta em resolução

18 do art. 5º, § 1º, da Resolução nº 1.073,

específica.

automotivos.

de 2016, referentes a processos mecâ-

Art. 6º O engenheiro automotivo inte-

Art. 8º Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 2 de outubro de 2018.


Revista Painel 26

notas e cursos

A AEAARP entregou à Casa do Vovô a doação dos valores apurados na venda de convites da Noite de Gala AEAARP 70 anos.

Convênio AEAARP renova o contrato com a Unimed até 2030

O índice de reajuste neste ano foi de

6,37% O contrato, que venceria em 2020, foi prorrogado para 2030, mantendo o mesmo índice de sinistralidade contratual (medido segundo as despesas médicas).

No último período, o reajuste no aniversário do contrato do plano de saúde da Unimed (que acontece todo mês de agosto), foi de 6,37%, contemplando somente o índice Fipe Saúde, apurado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). A AEAARP tem cerca de quatro mil usuários na Unimed.

O engenheiro Arlindo Sicchieri, diretor financeiro da Associação, explica que quando a média anual de sinistralidade for maior que o índice estabelecido em contrato, a diferença é somada ao Fipe Saúde. Nos meses computados, a sinistralidade do contrato da AEAARP foi menor do que o previsto em contrato. “Não precisou somar a sinistralidade ao

O engenheiro agrônomo Callil João Filho, diretor administrativo da

índice oficial de reajuste”, reforça.

Associação, acrescenta que as negociações da entidade com a Unimed têm o objetivo de manter a viabilidade do convênio em condições atrativas para os associados. “Nossas conquistas devem-se ao esforço coletivo de todos os usuários do plano. Usando com sabedoria, todos ganhamos, e a prova é esta agora, com um índice de reajuste muito interessante para todos”, avalia.

Veja todas as modalidades do plano no portal da AEAARP, na área Convênios.

www.aeaarp.org.br




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