POEMAS DO NELO - Elogio à vida - Poesias IV

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PREFÁCIO

POESIA IV

POEMAS DO NELO

Tudo tem um início, meio e fim. Cuide para criar um início íntegro, um meio constante, e um fim promissor. Bruno Bertoldo A vida me ensinou: Que tudo tem sua origem. Que tudo tem seu princípio. Que tudo tem seu fim. Ela também me ensinou que nada é para SEMPRE. João Dole Os poemas têm um fim didático, ético e moral, que canta os nossos sentimentos perante a beleza, não só da Natureza, mas a natureza humana. Reservado o direito de autor. Todas as imagens ou fotografias, a maioria são públicas, tiradas do Google; algumas são da minha autoria, outras são tratadas e transfiguradas por mim.

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DEDICATÓRIA

ÍNDICE TÍTULO

A magia existe! É um livro dedicado a todos os poetas, a todos os sonhadores e idealistas, aquelas que são sensíveis perante a natureza e as adversidades. Na vastidão do espaço e na imensidão do tempo, a alegria de estar neste Planeta é a de a cantar, de cantar o amor, a felicidade, a harmonia e a beleza e até os nossos defeitos. Portanto, é para todos vós!

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PÁGINA

Uma ribeira Menino e moço A luz dos teus olhos Quando foge o amor… Chove Coisas da vida… A nossa natureza Orar… Penedo da saudade O Menino Lágrimas O teu canto Novo Mundo A vida foge Lisboa Os ditosos A nossa História Aonde o mar começa Natal para quem? Pequenas coisas Longe de mim Fado Os outros

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Vidas Moral para quem? Firmamento Uma carta de amor Momentos Atroz A nossa vulnerabilidade Fadista não é quem canta Aquele caminho Alegres campos Mocidade cega Para a frente é que é o caminho! Um dia especial O contraste Tudo é diferente O Tempo Difícil de engolir A única tradição Cuidar Ode de mal dizer Enganos Tudo passa… Não penses assim Loucura Alegres paisagens Quando eu precisei de ti Primavera

41 43 45 47 49 51 53 54 56 58 60 61 62 63 65 67 69 70 71 73 75 77 79 81 83 85 87

Ao Fado

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A vós irmãos!

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Muitas mulheres são

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Juventude

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Ela

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No meio da vida

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A noite não é eterna

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Tive que te matar

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O despertar

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A loucura

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Já não sou o que era…

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Pioneiros

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Interlúdio

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Uma ribeira

Menino e Moço

Uma ribeira que pode ser um rio um fio de água sem brio que leva as águas para o mar e que não pensa retornar.

Mal ainda andava mal ainda falava me levaram da minha casa através de uma asa

Um fio de água que pode ser uma ribeira e com ela vai na esteira pensa desaguar a um rio um rio que agora tem o seu brio.

Aterrei noutra casa para muito longe tão longe da primeira casa quase como um monge.

Uma ribeira pode ser muitas coisas são coisas e loisas a ela lá vai parar a terra não deixa de arar.

Saí de África aterrei na Europa saí da negra cáfila mais tarde se tornou torta.

Pela ribeira de um rio à pesca vai o meu tio peixe que por ali passa animais vai à caça.

Menino e moço cedo me levaram caí num poço noutro troço travaram.

Por estas parcas águas descem muitas mágoas deixam que levem o seu pesar mas que não deixa de amar.

Não tinha escolha nem foi por aventura mas por doença tal ventura tropical e húmida foi a escolha

Sim, uma ribeira pode ser um rio faça calor ou frio é sempre uma ribeira um bom sítio de se estar à beira.

A escolha de clima ameno de um País sereno temperado de sal tal foi o aval.

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Menino e moço tive que mudar de troço bronquite me afligiu tal mal me atingiu Que tive que mudar de continente chorei apenas descontente levaram-me da casa de minha mãe ganhei avó, não ganhei mãe. Como criança Criei esperança De a ver novamente

A luz dos teus olhos A luz dos teus olhos escondem segredos avivam chamas ardentes por vezes em degredos mas não têm escolhos por vezes videntes. A luz dos teus olhos brilham estrelas negras são safiras consumadas mas que são amadas belas armações pretas belezas aos molhos.

De a ter solenemente Mas só de quatro em quatro Longos anos a via Alegria era imensa todavia

A luz dos teus olhos brilham dançando a imensidão alcançando um mar infinito de gratidão num belo coração são assim os teus olhos.

Fotografia ficava no quarto Pendurada na parede do quarto Mas uma criança não esquece Nem tão pouco enlouquece

São belamente expressivos a luz dos teus olhos vida própria têm rasgados, excessivos cativantes os teus olhos num belo rosto os tem.

Mas marcado fica no retrato.

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Quando foge o amor... O amor não foge nem a dor parte por culpa nossa por culpa vossa ela não parte assim de qualquer maneira nem é certeira, ele não foge sem ter um fim que alguém pôs fim tribulada era a vida que a dois não dava para ser vivida. Se não há felicidade a vida é uma infelicidade terá de ser repartida e de repartida terá de ser partida cada um para seu lado pois não dá em consorte cada um tentar a sua sorte. Cada um para seu lado para outro amor que não seja a da dor e que a alegria não se esgote para que a felicidade vote. Há sempre uma nova Primavera há sempre um sonho, uma quimera há sempre um gosto em ter do que é um ser amor a ferver é um querer sem querer 10

é um favor com fervor que não se deve perder mas sim perder-se nele e não fugir dele. Quando ele foge alguma coisa está mal alguma coisa vai mal e tudo nos foge. Perdemo-nos na solidão na solidão do coração.

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Chove Caindo gota a gota chovendo mansamente ou chovendo violentamente fraca ou forte cai à gota. É uma melodia que dá para embalar mas também enfadar porque queria alegria. Cinzento é o dia obriga a recolher e não a escolher não cria empatia. Chove, gota a gota mas há quem a recolha quando a água se esgota serve para tudo e para o trolha. Cansa durante o dia embala durante a noite tira a luz da alegria mas muita, corta como uma foice.

Chuva é companheira da tristeza embora faça bem à Natureza dá-nos melancolia nem dá para a folia. Chove suave, suavemente chove forte, fortemente a Deus sempre temente preces ao alto fremente. São algodões em rama gotas de líquido descendo ruidosa tal é a trama quando estamos tremendo. É música, é chuva é trovoada, é tempestade que molha a turfa que se perde a vontade. Há quem ame a chuva há quem odeie a chuva mas ela faz parte da Natureza não da nossa natureza.

Por vezes é música por vezes é lúdica mas ninguém gosta de tempestade nem de Sol emprestado. 12

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Coisas da vida... Nem tudo é alegria nem tudo é letria são coisas que tu viste e que é triste. É assim a vida que por vezes é atrevida são reveses da vida a meta tem de ser conseguida. Tristeza, avareza é a nossa natureza é a nossa mágoa clara como a água

São arrufos de amor são choros de dor são desventuras saudades e ternuras. Tudo são coisas da vida dia a dia nos cativa toda a vida nos ensombra do Sol estamos à sombra.

Coisas da vida… Coisas definidas Amar nos convida Simples coisas indefinidas.

Dá para magoar dá para afogar dá para crucificar amar para cuidar... Piedade, paixão dentro do nosso coração mas também de dor guerra e furor. Coisas da vida sentimentos e alentos temos de estar atentos o fado nos activa. 14

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A nossa natureza Orar... Vivemos na Natureza a nossa natureza em toda a sua rudeza que tem toda a sua beleza. O Sol, a bela terra a água e os penedos porque é que vivemos em guerra? A vida tem tantos segredos… É a nossa natureza desfazer esta bela Natureza transformá-la em crueza desbastar a sua beleza. Terra de aventuras das nossas desventuras que com tantas venturas desperdiçamos ternuras. Estragamos o que construímos pois tudo destruímos nada é duradouro nem a pepita de ouro.

Não sei falar em público muito menos no púlpito. Não sei declamar para muita gente porque sei o que a gente sente. Não fui talhado para em público falar mas para em silêncio amar. Não são meras bravatas pois faltam-me as palavras. É muita palpitação muita velocidade no coração a 120 não aguenta embora por vezes frequenta. Posso escrever posso descrever mas não declamar ou a clamar. Não sou púdico mas não sei falar em público. Nem em cima ou abaixo no púlpito por mais que seja dúbio.

Vivemos nesta bela Natureza em que toda esta beleza em toda a sua crueza é incapaz de resistir à nossa vileza. 16

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Penedo da Saudade Não é só a saudade também é felicidade é amor com ardor é paixão com fervor.

Doces e belas bonanças bonita, romântica paisagem a quem presto homenagem foram óptimas lembranças. Um jardim bonito

Foram sonhos vividos amores sentidos lembranças vividas almas abraçadas divididas. Penedo dos poetas Penedo dos escritores são como setas esculpidas por pintores. Sala dos amores sala dos poetas dos escritores não foram só atletas

o do Penedo da Saudade muitos vêm chorar as suas mágoas suas lágrimas em passadas águas. Dessa Coimbra que gosto tanto saudade em pranto nas lembranças embalo na penumbra do seu halo. Coimbra do Mondego que de longe aconchego

Foram médicos foram doutores foram sépticos todos deram louvores.

é a minha saudade é a minha vaidade.

Saudade do teu lugar quando ia lá com vagar raparigas namorando amando e beijando. 18

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O Menino Está na nossa doutrina cantada a concertina o Menino é de ouro para além do Douro. Nas palhinhas deitado em panos bem arrecadado com o bafo do burro e da vaca aquecido nas palhinhas deitado.

Renasce outra vez de quem a fez bela lembrança que traz a esperança. O menino é de ouro De ouro o meu menino No curral do touro Nas palhinhas está o Menino.

É a nossa tradição está no nosso coração é a nossa entoação em cânticos de emoção. É Natal, é festa da vida tudo nos atesta e convida é família que se junta convívio abunda. É presépio emotivo Natal festivo celebrar este nascimento brilham as estrelas no firmamento. O Menino é de ouro o presente é de ouro incenso e mirra a vida não mirra 20

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Lágrimas

O teu canto

Lágrimas de amor lágrimas de dor lágrimas de felicidade lágrimas de infelicidade.

O teu canto é um encanto é sedutora melodia que cantas com alegria.

Lágrimas são lágrimas nem sempre lástimas são lágrimas choradas são lágrimas coradas

É um mundo que fostes abrindo embalando em suaves tons que ouvem estes belos sons um mundo que fostes descobrindo

Para que não haja guerra nesta afamada linda terra depois de me ter visto não sei o que visto.

Encantando tantos da tua voz calorosa por vezes volumosa com muitos encantos.

Lágrimas de prazer lágrimas de fervor amar com calor mais do que um lazer

O teu canto faz sonhar para além de cantar é Sol que irradia é Sol que encandeia o dia.

São lágrimas faladas são lágrimas choradas com sabor a sal pois a vida tem sal!

Tal resplendor é tanto que o meu espírito é espanto perante tal encanto arrasado perante o teu doce canto.

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Novo mundo

A vida foge

Novo Mundo que nos fostes abrindo por longos mares cobrindo com a nossa vida imigrando o nosso futuro vaticinando.

Passam os dias passam os anos passam as alegrias tão pouco dos danos.

Novas águas e fogos descobrindo novas paisagens abrindo novas terras e céus descobrindo por outros mares bravos abrindo

É a fugacidade da vida por vezes atrevida por vezes triste e dolorosa outras é calorosa.

Tão resplandecente como o Sol tão longa a lista que é um rol que nos ergue o espírito de espanto que inventaram o esperanto.

Fogem ligeiros os nossos dias que anos são brejeiros nestes dias de alegrias.

É um novo Mundo para descobrir para cobrir num pensamento fecundo.

Uns bem vivem outros bem mal uma refeição frugal falta aos que sobrevivem.

São novas tecnologias são novas ideologias este nosso Mundo que por vezes é imundo.

Os que eram os primeiros serão os derradeiros derradeiros que vão para a sepultura sepultura sem cultura.

Mas é o nosso Mundo temos o dever de proteger o direito de o reger o direito de ter o melhor Mundo.

A vida foge suavemente dias e anos lentamente que não se dá conta mas que ela dá conta.

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Lisboa. Sim, fogem ligeiros os anos não queiram ser os primeiros iguais bens e outros danos os dias serão derradeiros.

Lisboa catita como uma pepita beleza ímpar bela sem par.

Vidas esquecidas Vidas lembradas Vidas aquecidas Vidas almofadadas. Da juventude à velhice Do farto cabelo à calvície Do aprender a andar À bengala para andar É um piscar de olhos

Lisboa amada Lisboa tramada rebelde e romântica de bela semântica. Lisboa das sete colinas amores de sinas canta o fado o choro fadado. Lisboa minha amada tão bela e afamada as colinas cantam vistas as encantam.

De trabalhos e abrolhos Atrevida e comedida.

Lisboa feliz e catita beleza em pepita sereia do Tejo para cá do Ribatejo.

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Da fugacidade da vida


Os ditosos Ditoso aquele que caminha ao Sol ele ilumina os simples e humildes pessoas a crianças assoas. Ditoso o tesouro que tens dentro de ti que na Terra cabe em si não há igual outro ouro.

Nesta rude vida que nem é sã não há perdão no coração tudo é um apertão parecendo a vida vã. Ditosos aqueles que vivem vivem com satisfação e gratidão apesar das agruras com que convivem têm santidade no coração.

Ditosos aqueles ou aquela gente que em sua simplicidade, sã rusticidade no trabalho labuta contente sem ver nenhuma atrocidade. Quem triste e de dura vida pouca alegria tem a do campo e também da cidade muitos nada têm assim tanto Tanto de comida ou de vida assim lamenta o povo Povo de miséria indevida trabalha e não tem nada de novo.

Não é assim tão fácil de dizer que os simples herdarão a Terra, pois ela está cheia de gente soberba e insaciável de riqueza, de explorar o próximo a gente simples e honesta. Não, os simples não herdarão a Terra de mão beijada. Terão de ser duros, se quiserem sobreviver.

Que pede alguma paz e justiça quando no mundo há tanta injustiça nem nas tuas artes tu partes tudo na vida são apartes.

A vida são lacunas preenchidas com lampejos de amor, dor e alegria.

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A nossa História A nossa História por vezes é clara outras uma simples apara mas é o que está na nossa memória. Somos portugueses por ti entoada numa noite de trovoada por mares desbravados feitos grandes desdobrados

De Ocidente a Oriente que a nós a oriente movimentamos o Mundo acto e pensamento fecundo. É esta a nossa História é esta a nossa demanda que a todos comanda escrita e cantada a nossa vitória. As nossas Histórias

Para além das tormentas que não lamentas fostes mais além na terra do vaivém. Somos portugueses somos fregueses de todo o Mundo pequeno e não corcundo. Somos aquilo que fomos somos aquilo que somos somos os mais bravos na lapela com cravos.

Não são só vitórias São derrotas e desesperos Peste, fome e apertos. São estrofes de cantigas de amigo Que estarão para sempre contigo É a História reescrita É a História agora descrita.

Assim está clara a nossa História assim está clara a nossa entoada que para além da memória alta empresa para nós está guardada. 30

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Aonde o mar começa Aonde a terra acaba e o mar começa aonde é o princípio e não um precipício aonde as ondas batem e no horizonte se curva ao marinheiro nada perturba pois não é o infinito nem o Mundo é pequenito. Neste rectângulo plantado à beira mar está banhado e que nada se acaba pelo contrário. é a continuação tal é a ligação que está no nosso coração País de marinheiros País de aventureiros para nós nada se acaba é sempre uma continuação uma mudança a que estamos habituados e que nunca fomos desacreditados.

à sempre uma promessa por fazer, uma vela por acender de tempestades e bonanças à sempre esperanças há um ir há um voltar há uma face a sorrir uma saudade por acabar um abraço por abraçar um amor que ficou uma dor que fintou é a vida neste cantinho que é um cadinho de misturas e de trabalhos e vidas a retalhos. Sim, é este o nosso cantinho a nossa casa em que se casa semeia-se constrói-se premeia-se e se destrói. Aonde a terra acaba e o mar começa.

Aonde o mar começa a nossa aventura começa para novos mundos abrir tudo aquilo que somos sementes pomos em todo o lado estamos a cobrir. Aonde a terra acaba e o mar começa 32

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Natal para quem?

Pequenas coisas

Não sei se haverá tréguas a muitas léguas deste País e noutros que estão em guerra em que o ódio ferra em que o pão chega a poucos haverá Natal? Porque apesar de ser Natal para muitos é fatal não respeitam nem o bem espreitam e aos tiros começam... Mesmo para um sem abrigo na rua ele tem abrigo enquanto eu... Eu estou consolado em casa muitos ao pé de uma tasca outros na rua ao relento num cartão e folha de jornal enrolado. Natal para quem se muitos nem isso têm?... Casa sem telhado casa incendiada nada é arremediada por ser um falhado ou talvez não... Natal para quem se nada têm. Nem um vintém…

São estas coisas e loisas com que vivemos no chão os pés poisas de tudo nos lembremos. São com estas pequenas coisas que nos levantamos são com estas pequenas coisas que fazemos a vida no dia a dia com tristeza ou alegria tudo na vida se paga a dívida e são com estas pequenas coisas que nos deitamos em sonhos deleitamos tanto da Natureza como da beleza são estas pequenas coisas que nos enchem que nos engrandecem que nos elevam pois a vida é cheia de pequenas coisas! De pequenas surpresas de pequenas empresas.

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Longe de mim Levo comigo os sonhos sonhos que inventei sonhos que inspirei por vezes risonhos

Os sonhos ficam comigo as ideias contigo é um passar da palavra é ideia que fica gravada.

Sim, levo comigo o que inventei pensamentos e lembranças pouco ou nada lamentei sonhos não fazem cobranças. Levo comigo os sonhos sonhos de que te desejei futuros a que nos propomos a ninguém invejei. Foi um eco da minha voz quebrando uma noz cujo conteúdo foi para longe pois o hábito não faz o monge. Sim, sonhos levei comigo foi mais do que um amigo foi mais do que ambicionei boas ideias patrocinei. Um rasto de mim que não tem fim um pedaço do meu corpo que vai ficando torpo. 36

O “outro” que não nós, mas que devia de ser, devia de refletir o que nós somos, o que devíamos de ser. Não é por uma questão de ser diferente, nem é uma questão de escolha. Reflete o que somos melhores e o que somos piores, como seres humanos. Não é de haver escolha, pois há sempre escolhas, entre buracos e labirintos, há sempre uma saída. Quando se fecha uma porta, há sempre uma janela aberta. É preciso humildade para reconhecermos quem somos e de querer seguir as pistas, uma luz ao fundo do túnel.

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O fado

Os outros

Fado é força É destino É saudade É dor e infelicidade É vida É amor e desamores É Lisboa É português A voz do fado É passado e futuro É imaterial Não tem preço É a voz de um Povo Ao som de uma guitarra portuguesa Acompanhado com uma viola. É a nossa cultura Que nos leva para a sepultura.

Olha para o lado para o teu redor e manténs-te calado um odor a fedor... olha para aqueles que nada têm pouco ou nada resta deles porque nada vêm. pois muitos tem casa outros nem palhota têm nem aquecem numa brasa nada têm do que convém. Há sempre mansos cordeiros explorados com dinheiros e sentes-te feliz por tal inumano de avental. Poucos na Terra leem milhões não sabem o que isso é a não ser a sua própria fé à comida eles veem... Poucos são os felizes muitos são os infelizes neste mundo desarmonioso e pouco caloroso.

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Vidas A este mundo vim parar mas a vida é mesmo assim não é só falar por falar miséria para uns, para outros um festim. Sim, a tantos outros descalços e rotos subnutridos e doentes pobres e pouco docentes.

Há certas alturas que tu não me aturas são azares da vida outras apenas perdida. Há sempre uma altura para partir há sempre um lugar para ir seja estranho ou não são ditados do meu coração.

Eu estou bem Tenho tudo o que me convém. Sou um sortudo Não me queixo, tenho tudo. Não me posso queixar Não me posso lamentar Mas também não posso deixar De criticar e comentar.

São coisas e loisas da vida que temos nas sinas que lemos em lugares aonde tu poisas Sempre alguma coisa na vida se perde um líquido fluido que se verte pensamentos esquecidos se perdem abraços e lágrimas que se vertem. São meras lembranças são sempre esperanças em que a vida prossegue de tudo aquilo que se consegue E que apesar disso e de não ser noviço a vida prega partidas muitas delas surtidas.

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É tudo apenas um mote para chamar a morte a vida tem de prosseguir tem que se conseguir. Nem tudo é um belo poema nem um bom tema mas é o que nos acontece que a teia da vida nos tece.

Moral para quem? Nem todos amam a sua alma de tão preconceituosos são que não sabem conservar a calma nem o palpitar do seu coração. Ama o teu físico, assim como a tua saúde não sejas tísico sê inteligente amiúde. Não te deixes levar anda conforme a vida te dita não ponhas a tua vida numa guita leva o corpo e a alma a lavar Pois a vida é harmonia são timbres como uma sinfonia são dons e tons que através dos sons A nossa vida avança mais do que uma esperança É de um corpo são e alma sã que a plenitude não é uma palavra vã. É a nossa condição mansa a alegria de viver se consome de tudo aquilo que se come se suporta a sua dureza que amansa.

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Firmamento Se ris e choras se estudas e coras se andas e dormes talvez te transformes Num puro de espírito sem dano num puro ser humano sem ser acto profano não será soberbo nem desumano.

Estrelas são aos milhares como aves pelos ares são belas e formosas muitas delas famosas. Os teus olhos são um firmamento são como duas brilhantes estrelas variam de brilho conforme o sentimento mas continuam a ser belas estrelas.

Há muitos sem alma Muitos sempre em tensão Não sabem manter a calma Bestas que merecem a prisão. O respeito é para todos Devia de ser para todos Assim como a educação A instrução do teu coração.

A vida é como uma cantiga da humanidade muito antiga do grunhido até ao falar palra ao longe até gritar. São mundos, são firmamentos são rasgos, são pensamentos são luzes cintilantes fugazes no céu iluminam sagazes. É o firmamento da humanidade que nem sempre tem humildade de ser e ver a sua pequenez perante o mundo franze a sua tez. Fala, canta, elogia e vive faça ruído ou grite toda ela é soberba e altiva por vezes aflitiva.

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É o firmamento em cima é o firmamento em baixo é o que somos da era divina não me baixo nem rebaixo. É todo o infinito num ser finito Sol em todo o seu esplendor cuja alma é o redentor.

Uma carta de amor Uma carta de amor é uma carta de sofredor que abana de calor pela paixão arrebatador. Uma carta de amor é uma carta de coisas sem sentido e sem valor mas é no coração que poisas... São pontadas de coração são palpitações de saudade é como se fosse uma oração ainda não partiu e sente já saudade. Uma carta de amor é uma carta com sabor a aromas estonteantes a viagens estimulantes.

O Homem não é Deus, mas gosta de fazer de deus. Já tem a tecnologia dos deuses antigos

Uma carta de amor é uma distância sofredora porque a ausência é dor dor que é flagedora.

Mas ainda não chegou ao patamar de cima.

Uma carta de amor é um pedacinho de nós num pedaço de papel vai a vapor que viaja numa casca de noz.

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Momentos É um sentimento de separação que aperta o coração mas é assim uma carta de amor que vai cheia de emoção. Parte um sentimento voa em sofrimento percorre no pavimento caminha pelo cimento. É a distância da saudade não tem vaidade tem a humildade de sofrer a esperança de valer De que um dia haverá alegria de estarem juntos e sós como muitos de nós.

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Momentos são tempos fazem farte dos tempos são momentos bons são momentos maus nem tudo são bombons nem tudo são vaus. Passamos bons momentos outros são como tormentos alguns são alegrias são tempos em fatias que da tormenta nos atormenta vem a bonança à nossa comenda. A vida passa de momentos a idade avança aos momentos Seja dia ou de noite ela que nos açoite felizes são os momentos desagradáveis são os momentos Mas a vida é mesmo assim nem sempre é um festim é miséria, é morte o momento se transforma num mote Momentos de fantasia Que por vezes nos fazem azia…

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Que damos tempo ao tempo por um escaço momento um minuto, uma hora tudo é o agora porque tudo não passa de momentos que nos devassa. Momentos que nos atravessa o corpo avançado e torpo o tempo não perdoa

Atroz A vida é uma casca de noz é uma pena atroz que na doença a morte nos vença. É a vida que grita mais alto no cimo de um planalto mas que na planície à sua superfície

os momentos também não é o fado da Madragoa a sina de Santo Antão.

Não é nada daquilo que se vê ilusão da sua mercê é na penumbra da luz que ela se revê e transluz Entre a vida e a morte o que está escondido o que não é respondido é a estrofe para o mote. Não há verdades absolutas algumas até são devolutas é a cegueira que nos traz o não querer ver que nos apraz É o lamentável, é o grotesco no que o corpo se transforma num exorcismo transborda a idade que se torna no burlesco.

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A nossa vulnerabilidade... É esta a nossa atrocidade corre o tempo em velocidade não damos por ele, corre mas ele dá por nós e morre. A vida é a noz que parte a voz que no corpo faz cós em cicatriz atroz. Vivemos à superfície Desta bela planície Mas o que se esconde A dor responde. É a nossa noz que por vezes é atroz mas sobrevivemos na esperança viveremos.

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É uma máscara que tentamos dissimular É uma dor que queremos esconder é uma devassa misteriosa que pode ser incurável não pode ser desculpável mas sim criteriosa do que é feito o nosso ser que não dá para divagar mas sim tentar responder... É a nossa doença que nos intimida que se esconde que não se vigia. Para que aconteça a probabilidade é infinita que apalpa e aponte o médico o corpo vigia. Vive-se num oceano de dor de tempestades de amor de bonanças de felicidade outras de tranquilidade. Mas é na miséria humana que vemos a nossa vulnerabilidade que por vezes é desumana mas é mesmo assim como actor.

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Fadista não é quem canta

É triste sina Que não é divina

Fadista não é quem canta

É o nosso destino

Mas quem fez o poema

Que por vezes é um desatino.

Para que alguém a canta Como mote e como lema

Sim, não é quem o canta É quem o sente

O choro de uma guitarra

Como se fosse um presente

O dedilhar de uma viola

que o choro mal espanta.

O fado não é uma farra Mas o destino como bitola.

É sentir na alma Não tem explicação

Fadista não é quem canta

É como se estivesse na nossa palma

Nem aquele que encanta

Na palma do nosso coração.

Com a sua bela voz O destino por vezes atroz.

É assim que sinto o fado O triste fado cantado

Fadista que canta

Que toca na alma

Canta o fado

No dedilhar de Alfama.

Por vezes malfadado A pobre vida que desencanta.

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Aquele caminho Aquele caminho que me mostravas quando era pequeno e lesto aquele caminho que desbravavas me indicavas com um simples gesto

Em toda a parte te vejo novos caminhos desejo obrigado por me mostrares grato por aprovares.

Dia de claro Sol se mostrava brincando no caminho do Céu vou descortinando através do véu saindo da sombra que a afugentava Via a vida com alegria eram momentos de melhoria que a inocência partilhava que a juventude maravilhava. Em toda a parte a vejo e a figuro andando ao Sol e não no escuro lembrança sentida da meninice cresci e deixei a pequenice. De espírito livre e aventureiro por vezes cínico e zombeteiro as agruras vou aguentando uma mão firme me vai guiando. Aquele caminho que me mostrastes aquele que segui e gostastes santas pisadas segui buscando novos horizontes me educando. 56

Há dentro de nós um poço. No fundo dele é que estamos, porque está o que é mais nós, o que nos individualiza, a fonte do que nos enriquece no em que somos humanos. Virgílio Ferreira A mente, muito mais do que o corpo, precisa de ser desafiada todos os dias. Não preste atenção ao que os outros dizem, ao que eles lhe dizem para ser. Escute sempre a sua voz interior, aquilo que gostaria de ser; de outro modo desperdiçará toda a sua vida. 57


Alegres campos Eram antigamente alegres campos verdes arvoredos plantados placidamente que com poucos panos não havia degredos.

mas não a maldade foram belos campos que o tempo degenera não há neles nenhuma felicidade. Não há nada de nada Que o tempo apagou E não me afagou

Outrora belos e vistosos até aonde a vista alcançava hoje são tão dolorosos tal paisagem ardida cinzenta e despida que antigamente abraçava...

Lembranças refugiadas no tempo Que já mal me lembro Mas alguma coisa ficou do nada.

Não há águas de cristal nem musa nem vestal desta natureza que foi natural que muitos sem licença fizeram mal incendiaram e mataram ao abandono votaram. Sementes queimadas de lembranças tristes já não é o mesmo que tu vistes de belas verduras deleitosas regando-as com lágrimas saudosas não apagam as chamas mal afamadas... Foram alegres campos que a Natureza regenera 58

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Mocidade cega

Para a frente é o caminho!

Mocidade cega, para onde tu vais? Que tempos conturbados tu segues? Não tomas os teus erros como certos não é pelo roubo não é pelo vandalismo e outras atrocidades que tu cometes que vais pelo bom caminho já que o discernimento tu perdestes. Tão novo e já com as asas cortadas todas elas afogadas por falta de educação dureza do coração ignorância estúpida e cretina tu segues e por seres cego danças mal ao som da concertina. Vais correndo e voando com o tempo e à prisão vais parar mal sabes correctamente falar até para te protegeres... Mocidade cega e desgovernada irreverente e criminosa duvido que foram os teus pais que te ensinaram te ensinaram a assassinarem não só a tua vida, como a dos outros teus semelhantes. Todos vós sois comediantes nesta trágica vida porca vida lamentável vida... Vidas perdidas sem fundamento…

Ao longo da vida nem sempre aconselhei bem, por vezes bem, outras não talvez por estar mal preparado ou por ignorância mas o que achei melhor na altura, dadas as circunstâncias. Mas é assim aquilo que nós somos vamos evoluindo ao longo da vida. Às vezes temos que dar tempo ao tempo às vezes trás remédio outras arrependimento outras fúria. A minha razão é a do coração. A minha razão é por vezes a inocência ou outra coisa qualquer... É a vida que nos vai ensinando ao longo do tempo é a idade e a experiência que vamos vislumbrando para a frente empurrando sem alguma inadvertência. Sem ofender ninguém sem molestar ninguém muitas vezes o fazemos nem sempre o que fazemos é inocente. Nem sempre há remédio para o que fazemos mas temos que seguir em frente superar, endireitar e olhar de frente pois para a frente é o caminho!

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Um dia especial

O contraste

Apesar de ser um dia como outro qualquer é um dia de alegria a felicidade do que se quer.

O contraste é por vezes um traste. É uma dualidade por vezes uma fatalidade mas a vida assim o dita vários destinos numa só fita.

É mais um ano que se festeja e pensar no que se deseja é uma linda ideia a que o corpo se sujeita. O tempo passa como ideia como se calça uma meia vivo o puro amor de que sou feito matéria fisiológica de que sou feito Mais um dia vivendo dando graças à vida pois este evento uma vez por ano se dá viva. Um dia especial um dia ministerial que pode ser divinal Sim! É mesmo um dia especial.

Gente boa sempre a passar por vários tormentos e maus fígados sempre a nadar maus para espantar num mar de contentamentos como deslumbramentos. O Mundo está mal ordenado muitos mal castigados por nada fazer é condenado outros crimes fazem nada fica concertado mortos no chão jazem... O mau não é castigado o bom não é justiçado e aqueles que a Deus pede a vida não se compadece de tais atitudes, de tais virtudes correm em águas turvas de vicitudes. É assim o contraste deste Mundo em que vives

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madrasta de vida que é um traste com que tu convives Verdade, Amor, Razão tudo não passa de uma ilusão. Ilusão que se constata o sonho perdido da realidade

Tudo é diferente Ao longo do dia de manhã à tarde se veria que o dia vai sendo diferente ao longo do tempo referente. De madrugada ao anoitecer vais ver muita coisa a acontecer.

no tempo que não tem data tal é esta fatalidade que não há qualquer merecimento confuso o mundo está perante tal fingimento…

Que grandes variedades vão fazendo as pessoas em horas apressadas de como as coisas vão convertendo em outras formas, algumas inesperadas tudo se vai transformando tudo se vai reformando. De um dia para o outro de um porto para outro porto o que o dia vai trazendo horas de trabalho já ordenadas tudo se vai fazendo tudo coordenado pelas coordenadas. São tais as quantidades tão diferentes as suas qualidades que no nosso dia a dia pouco há para a alegria tal é a vastidão de processos que nos fazem obsessos. É assim ao longo do dia servir e ser servido

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que tudo é diferente em que tudo tem alguma empatia e tem que ser comedido com alguma simpatia. É assim a nossa evolução mais do que uma batida de coração ao longo da nossa vida a nossa humanidade atrevida tudo tem um peso e medida a transformação da nossa vida.

O tempo O tempo muda tudo ao longo do tempo tudo transforma da primazia ao veludo o corpo humano transtorna. O tempo acaba com o ano acaba com o mês e com a hora o que foi e é o agora tudo vai pelo cano. A força, a arte, a fortaleza o tempo acaba com a fama e a riqueza o tempo acaba aonde mora e ao mesmo tempo chora. O tempo dá claridade ao dia dá tristeza à escuridão mas também dá a alegria e o conforto no coração. Mas com o abrandar do tempo desde que me lembro ele não pára e não apára não fica espetado como uma vara. O corpo vai enrugando ao longo do tempo tudo vai transformando ao barro, às cinzas vou sendo.

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Difícil de engolir Há tempestades, há bonanças há alegrias, há esperanças que o tempo dá ao tempo ao longo do tempo vamos vendo. O tempo por vezes é uma ilusão Por vezes é uma dor no coração Que com o tempo sara Ao longo do tempo apara. Tudo se vai transformando O tempo não perdoa Muitas vezes atordoa Contra a maré vamos remando. E assim que o nosso tempo vai doendo Que ao longo dos anos é definitiva Envelhece o corpo em contratempo Juventude lembrada e partida. Tempo que foi de sonho Tempo que foi perdido Tempo que foi interdito Tempo dos tempos proponho.

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Há coisas difíceis de engolir há coisas difíceis de se ouvir de ler ou de escrever aquilo que não se quer ver... É difícil de imaginar determinados acontecimentos engolir e aglutinar tais factos em apontamentos Neste mundo em revolução por uma vida melhor que o desespero da população a miséria e a fome é o pior... Mas estes factos não me mente nem ocioso ou cego de pensamento de espírito amplo e liberto para que nada seja coberto. Não se muda uma ditadura para uma democracia com amargura de um dia para o outro, ou aqueloutro nem se transforma o petróleo em ouro... Muito menos em pão com amargura do coração mas são estes os tempos que alguns vivem em contratempos. 69


A única tradição

Cuidar

A única tradição é o que vai no coração neste bonito e romântico dia que deve ser passado com alegria.

Pensava que não cuidava mas que se tinha de cuidar cuidar para receber e dar cuidar de quem cuidava.

Dia dos namorados são dias encantados que deviam de ser todos os dias e não um dia que adias.

A cuidar não se ofende a doença que se vence a vida que se tem muitas vezes sem vintém

A única tradição é simplesmente o amor amar sem aflição dar-se sem dor.

Eu vivo como tu vives tratando cada um como se fosse um todo o dom que atives

É apenas um dia entre tantos outros que alguns ficam loucos é apenas mais um dia.

Cuidamos a nós cuidamos a vós o amor nunca se força dá-nos mais força.

S. Valentim não é um festim como muitos pensam é o amor de S. Valentim que se aclama e não lamentam.

A fortuna que temos de tudo o que lemos é uma acção de graças que tira as desgraças.

Não é só chocolate nem vermelho escarlate mas o amor em potência o amor em reverência.

É assim a nossa vida tudo o que nos é devida é de cuidar e ser cuidado amar e ser educado.

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Não é fácil cuidar muitas lágrimas derramadas mas é a dor de cuidar que não podemos furtar Os espinhos de uma rosa que nos pica e faz doer o rancor que faz moer o diário de uma prosa. Do que custa cuidar não custa com amor não custa com fervor tudo se faz para cuidar.

Ode de mal dizer Neste pequeno País não há falta de ladrões e muito menos patrões, pois tudo acontece neste País. De quem leva a vida roubando de quem leva a vida sonhando e vivendo honestamente todos juntos vivem abusivamente. Há sempre estudos há sempre estupros pois engenho não falta bem ou mal nesta malta. Nem toda a gente é feliz neste pequeno País quando metade é honesto e o outro é lesto. Na vida nada falta ao petiz mas o que faz falta para animar a malta o dinheiro para este País. Tão mal gasto e desvalorizado pelos ricos e outros supostos poucos são repostos e a outros mal valorizado.

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Enganos É assim neste pequeno País que o mal está na raiz ladrões não faltam e tantos outros que ladram. Muda-se de patrão Não se muda de ladrão É assim que vai o coração Neste País de decoração… É tudo o que conta Neste País de faz de conta Tudo para lá aponta E não se desconta.

Não sei a quem eles enganam nem nas coisas que eles empanam tais são as falácias nos palácios e jogos em grandes estádios pão, vinho e jogos tudo entra pelos olhos. Não sei quem me engana raiva que me esgana se são os políticos se são os críticos não sei qual deles me engana todos eles em acção tamanha! Pobres corações enganados pensamentos estagnados caem que nem patos e andam esfarrapados e continuam iludidos por vezes confundidos Tal é a falácia descarada tais são as promessas tudo em grandes remessas em «verdades» mascaradas que levam à ilusão tudo numa mixórdia fusão. Todos eles nos enganam todos eles nos espantam

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todos nós caímos no engodo que nos aflige no goto e continuamos assim como se fosse um mero festim. A política é um engano Para todo o fulano Falsas promessas e transparências Todas elas sem referências Pois não haverá um ponto de partida Talvez uma meta repartida Por aqueles que nos governam Por aqueles que nos tentam Em que eles hibernam Enquanto votamos neles Em vidas que nos atentam Seguimos cegos o rumo deles.

Tudo passa... Um dia um objecto novo será antigo mas a teia de aranha vai contigo ao longo do tempo nos cortinados do que me lembro Tudo vai passando diante dos teus olhos algumas vezes com abrolhos outros serenos vai visando. A boa lembrança sempre fica contigo como se fosse um amigo é sempre uma aventurança. Mas as más lembranças são desgostos antigos que alentam as vizinhanças e afasta os teus amigos. Ainda hoje parece-me ouvir ao longe soluços indefinidos sons ao longe indistintos só na madrugada o sono veio cobrir. Tudo vem, tudo passa nem tudo é uma devassa tudo fica no pensamento como um deslumbramento

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Não penses assim É assim a nossa vida tudo vai passando de jovem a velho servida vamos com o tempo repassando Em que o céu e a terra será a nossa coberta que em pó nos aterra ao etéreo a alma é aberta.

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Não penses assim tão mal de mim pois eu não fiz nada de mal por estares tão agastada pois eu não sou um fim sou um meio para te servir de tudo o que há-de de vir. Eu sou como as nuvens esfarrapadas que libertam imaginação deslumbrando o coração. Parece-me que a nuvem por vezes se parece contigo assemelha-se ao teu vestido voluptuoso e vaporoso como uma flor suave da tua face que te presenteio nos teus belos olhos que deixei de ver aqueles olhos tão brilhantes aqueles dentes nacarados que o teu belo sorriso muitas vezes me surpreendeu. Não quis ferir-te não quis partir-te queria sempre amar-te e por isso te perdi. Não penses mal de mim como se fosse um mastim. Leva alguma coisa de mim para onde fores porque eu ao pôr do Sol 79


sempre vejo flores. O sangue mancha a alma a minha, na minha palma pois ela nunca mais voltará, nunca mais a encontrarei. Por isto tudo não penses mais em mim. Vai por mim Que vou fazer o mesmo. Haverá sempre uma pequena lembrança haverá sempre um fantasma que se esfarrapa como se fosse uma nuvem uma ilusão de uma esperança perdida que se transformou numa nova vida.

Loucura O nosso amor é loucura O nosso amor é ternura É paixão com fartura Não tem amargura. É a nossa loucura É a nossa ternura Um fogo cheio de paixão Um beijo em formação. É ferver em lume brando Uma luta corporal cobrando Estremeção e calafrio formando Fusão numa só carne amando. É paixão, é loucura Um beijo de ternura Que nos enlouquece Mas que nunca se esquece. É um abraço bem abraçado É um descanso no regaço Adormecendo nos seus braços Corações desenhados em traços É sempre uma abertura Uma simples conjectura Uma cumplicidade no amor Louca paixão sem dor. É um simples contentamento É um maravilhoso firmamento

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Num picante vermelho pigmento Numa lágrima sem fingimento.

Alegres paisagens

É como se fosse um pingente Num belo peito pendente Uma bela recordação Guardada no coração.

País de cores alegres vistosos e de poetas de planícies e de serras por todas estas terras.

É amor, é loucura É paixão, é ternura Amor que sempre teima Fogo que arde, mas que não queima.

Alegres campos, verdes arvoredos de gentes que labutam que pela vida lutam contornando os rochedos, Aram por esses prados milho e trigo com suor não é para fracos rústicos que não temem o pior. Belas paisagens e pastagens de silvestres montes para todo o lado que apontes verdes são estas as paragens Que nos alimentam tal é a variedade que não tem paridade a cultura fomentam. Verdes arvoredos de alegres campos brutos, rústicos tais gentes mas honestos e leais nos campos sentimentos que tu sentes.

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Quando eu precisei de ti É este o nosso País é esta a nossa raiz perante esta beleza da nossa Natureza.

Algures no Mundo Perante esta beleza De amor fecundo Sentir é a nossa natureza.

Quando eu precisei de ti e eu não te vi quando eu procurei por ti tu não estavas quando eu chamei por ti já tinhas partido quando clamei por ti a minha voz ecoou pelas paredes e recebi só o silêncio que bateu no vazio do quarto em todas as salas da casa e não te encontrei de olhar me fartei para todo o lado olhei e tive que enfrentar a realidade a triste verdade como se fosse uma fatalidade do sonho que apartei do abraço que apertei foi uma ilusão na minha mente em confusão. Ainda sinto o teu odor o teu perfume e a tua cor quando andavas pela casa ainda sinto o ardor o ardor com que arrastei a asa e tudo não passou de um sonho de uma bela ilusão que até foi realidade mas que não passa de uma dor uma dor fantasma como se fosse uma visão de um plasma

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Tão variada e garrida De Norte a Sul vais Perante esta corrida Olhando até parais De cortar a respiração De palpites de coração De saudade que se sente Não estando presente.


quando acordo para a realidade e que naquela casa estou sozinho comigo e com os sonhos no sofá do meu cantinho na parte escura da sala no silêncio que me cala acabou com o meu furor e deixei de ser um estupor de suposto amor de uma realidade da qual parti e de fantasmas de ti vi que por vezes me confundi de quando precisei de ti e não te vi.

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Primavera Já se sonha com a Primavera já se sente que está à porta mas ainda não entrou ainda não está resoluta se fica, ou se espera à porta ou se decide entrar... Junto ao rio ela já se veste de humos negro e de verde se veste e ao mesmo tempo me entristece pois algumas murcham enquanto outras desabrocham. Suas belas flores se abrem. Sobre a pequena ponte que atravessa o pequeno rio oblíquo incide ainda o Sol seus raios pouco aquecem mas nas paletes já de cores tecem que vai estendendo o seu rol pelo rio abaixo enquanto os salmões sobem não vejo mais ninguém de alegre não me rio que para além de mim, mais alguém não há nem existe nem há beira do pavilhão nem no pontão um velho barco espera por uma companhia que há muito não se via. Há muito não se atrevia.

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Ao Fado Da Severa a Marceneiro É como um trabalho de marceneiro Pois vai tudo a eito Planado e a peito. É o belo canto de Amália A beleza de Amélia O fado é paixão Como Anabela Beirão. O fado é o choro de uma guitarra Acompanhado do choro da viola Melhor do que uma cigarra Alta é a bitola. Pois tudo é um facto Tudo é belo cantado Por Moura ou Camané Como se fosse um acto de fé.

A tantos o fado é franco Como a Cristina Branco O fado é como um salgueiro No canto de Gonçalo Salgueiro. Não tropecem mais Pois poucos não são demais Por mais alguns conto E acrescentarei um ponto. A tantos desconhecidos E de sons parecidos Nunca serão esquecidos Tais nomes no fado vertidos. A todos vós Desde os meus avós O meu apreço Que o fado não tem preço.

Seja Carlos do Carmo Cuca Roseta ou outra fadista Nas ruínas do Convento do Carmo É a beleza do acorde fatalista. Pois o fado é o caminho Com a beleza de Carminho De uma alma trôpega Como a sede sôfrega. 88

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A vós irmãos! Como homens e de várias espécies de cores e credos e alturas podíamos ser como irmãos que no passado e no futuro vireis entre nós todos não volveis um duro coração pois se alguma piedade destes pobres haveis de entre todas as espécies somos nós humanos que curas às alturas entoamos uma canção que a nós alguém terá compaixão.

e de tudo aquilo que vai no coração do bem ou do mal seremos julgados. Por isso, a vós irmãos Homens de várias raças De vários credos e opiniões Vários caminhos no destino traças Temos vários caminhos Várias direcções Mas juntando os corações A sabedoria nos pergaminhos Em paz podemos viver Em harmonia podemos conviver.

Aqui nos vedes presos, antro de tentação que por convenção ou invenção no Planeta Terra vivemos e da nossa História nos lembremos que nos arrastamos e devastamos a nós, tristes ossos, formos cinzas e pó do mal que fazemos, esperamos alguma absolvição e dó. Que ninguém do nosso mal queira rir ou folgar pois o Tribunal Supremo nos julgará. Nos lembrará que a superioridade nos fará. Nós julgamos e seremos julgados das nossas práticas boas ou más tudo será e fará nos finados perseverança não é demais a vós irmãos clamamos para que nada devereis pois será como uma execução que a Justiça ditou e, que de resto bem sabeis que os homens não têm todos um juízo são 90

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Muitas mulheres são Muitas mulheres são o que dita o coração cultas ou não todas elas têm uma canção mulheres dos mil trabalhos de vidas a retalhos mas que não são iguais aos homens a não ser virtuais. Mulheres são, mulheres vão a todo o tipo de trabalho ganham menos que os homens mas de igual trabalho o dobro com os filhos no coração mais sensíveis que os homens. Mulheres são, pobrezinhas e anciãs não são matriarcas num País de patriarcas desejos e lutas vãs pela igualdade de género em que cada profissão é efémero das leis dos homens opinam são eles que a recriam. Mulheres são, muitas incultas muito poucas cultas a vida delas é em casa ter lida de casa cuidar dos filhos 92

por diversos trilhos é a cultura masculina falsa cultura feminina. Mulheres são, mas com outra visão nos dias de hoje é outra a divisão em igualdade de género e cultura será a irmandade futura em igualdades de direito em igualdades de estudo Direito a quem de direito! Justiça igual com direito a tudo. Mulheres são, pobrezinhas ou não Jovens ou anciãs Muitas não conhecem uma letra sequer Mas são mulheres de luta e bom coração Que rezam logo pelas manhãs E de forças de vontade requer A força de uma fé que não desfalece De renda ou de lã tece De roupa se veste para a labuta À noite se despe do sossego se refuta Nestas andanças e cobranças Ainda tem tempo para as danças Assim é a fé desta gente que não desfalece O desejo de viver e de morrer o tempo tece. Mulheres são de corpo e alma Humanas de fúria e de calma.

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Juventude

Ela

A juventude é uma virtude uma irresponsabilidade venerável em que há pouca atitude porque tudo é admirável.

Nos seus olhos ela traz amor nos seus olhos trás gentileza não há dor nem furor apenas vestida de beleza.

Como é bela a Primavera da vida Mas os anos jovens fogem sem parar que a aventura atrevida nos embeleze o sabor da vida

Qualquer homem que olhe para ela os olhos não se arredam dela àquele que saúda faz tremer o coração e fica feliz em adoração.

Que toda a alegria não se torne fugidia pois nada nos garante o dia que vem avante.

De amor pode padecer mas não pode tocar nem tão pouco se focar pois a outro ela está a torcer.

O que acontece hoje amanhã já passou pois que se goze hoje que ontem o vento levou

Neste mundo odioso tu lanças alguma luz nos deixa vaidoso que na noite ela reluz.

Pois a juventude não pode ser mantida nem o espírito e a alma contida continuaremos com esta virtude continuaremos com esta atitude.

Nos olhos dela à felicidade pois a beleza dela não esmorece tal é a sua capacidade que a nossa alma carece.

Juventude maravilhosa Juventude fabulosa Que não volta atrás Que saudade nos trás!

Regozija-te, pois tens o Sol tal beleza por ti morro apenas por ti corro de desejos imensos como um rol.

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Ela tem um pouco de tudo que por mar ou por terra até por ela se faça guerra de amores por ela não é absurdo. Se isto não é amor então será dor uma paixão de coração uma ode à adoração. Tudo isto é por ela Até se acende uma vela Como se fosse uma promessa Sim é um voto, uma promessa. É um sentimento É um contentamento É muito mais do que se pensa Pois tudo compensa.

No meio da vida No meio da vida da nossa vida encontram-se abrolhos e outros escolhos. No meio da nossa vida num caminho por vezes atrevida no meio da selva citadina é uma vida vespertina É uma selva por vezes escura por tudo o que se atura é árduo e doloroso viver outras vezes glorioso de se ver. Eu vou vivendo e crendo que o caminho é seguindo em frente a vida sendo pelos azares da vida abrindo. Foi assim que ao mundo vim desde o primeiro choro a vida não é de ouro muito menos um festim. A lutar pela vida entrei por caminhos enfrentei para subir lutei até o amor encontrei.

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Tudo isto é um dom que tem cor e som é a dança da lembrança que a vida tem esperança. É símbolo de poder divinal o poder da vida animal a semente que tem de sofrer singrar pelo Sol ao mundo viver. É no meio da nossa vida que tudo se passa às vezes é uma devassa mas a ela é submetida. No meio da nossa vida tanta coisa acontece que a teia do destino nos tece dores e amores nos é devida. No meio da nossa vida Alegrias e tristezas Furores e tremores é repetida São as nossas naturezas. Mas é assim e será assim o nosso meio de vida tumultuosa e conflituosa sem fim mas é o valor que temos pela vida.

A noite não é eterna A noite não é eterna nunca foi eterna mas que pode ser terna sem passar a perna. Não é só de descanso mas de amores e paixões de dores e de caixões a noite leva algum avanço. Não é só escuridão não é só podridão que se esconde e que não se aponte. A noite não é eterna mas de paixão terna algumas horas a dormir para o alvorecer provir. Chorosas por vezes na cama dura que o meu tesouro a cara escondo orai ao Céu que eu respondo e mergulho o corpo na terra escura. A noite não é eterna não dura para sempre ao contrário se rema nem sempre se aprende.

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A noite não é eterno o dia não é eterno mas o sol poderá ser pois aquece o nosso ser. Assim será este ciclo amoroso ou não ideias que reciclo no fundo do coração. Nada é eterno Neste inferno Nem no Inverno Tudo é efémero.

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Tive que te matar Tive que te matar antes que tu me matasses tive que te matar não por te amar mas porque fizestes a minha vida num inverno gelastes a minha alma em pleno Inverno tive que te matar para não me devastares não me gastares da tua impetuosidade maldade pura sem generosidade. Tive que te matar não por te adorar mas porque me violentastes me batestes sem razão e não me destes a liberdade. Tiraste-me a felicidade e não me destes igualdade a que tenho direito como uma igual. Sou uma cidadã com direitos igualdade de género igualdade de opções de sentimentos e corações e nem sempre as orações nos salvam. Tive que te matar porque sou mulher igual e independente não sou uma coisa não sou um ser inferior não sou um objecto 101


Um tapete para pores os pés, um brinquedo para tu brincares. Sou tão humana como tu és um suposto humano que se parece com uma besta pior do que uma vespa. Tive que te matar porque não podia suportar tal vexame, tal abuso pior do que um exame obtuso não te podia amar mais nem agravos demais. Tive que te matar não por te amar mas por te começar a odiar e não mais me esfolar. Tive que te matar Porque a isso me obrigastes para ganhar a minha liberdade ganhar a minha própria vida que é devida de tudo a que tenho direito um ser vivo por direito.

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O despertar Violetas queridas estão na tua mão rosas e outras estão a desabrochar por entre tantas bonitas flores a despontar por esses campos fora olhai os lírios, como são belos! toda a excelência e valor despertou pois a Primavera está achegar! Um mágico pincel lhes dá a vida cor e variedade suprema de uma extrema beleza que se veste a Natureza. É uma palete de cores uma palete de sons a vida desperta para a alegria para uma grande sinfonia para uma grande orgia de coisas novas e belas apresenta-se para novas vidas para novos horizontes. Sim! É o despertar que é preciso respeitar.

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A loucura De loucos todos temos um pouco. É o outro lado da moeda como se fosse uma seta. Parece o fim, mas não é pois do profano ou de divino tudo é uma questão de fé e dela somos inquilino. Só vejo loucas e loucos não são assim tão poucos mas o mundo é assim que de mal parece um festim. Custa ver a verdade custa sentir a felicidade se ela é verdadeira ou não depende do nosso coração.

O desespero está à porta a esperança está morta tal é o sinal da loucura cuja morte a procura. É como se fosse um pecador não um pescador não sabe de onde vem nem para onde irá, por aqui ou além. Não há limites não há fronteiras nas loucuras que imites nos precipícios ao fundo espreitas. Sim, somos todos loucos sim, todos somos toscos mas dentro desta loucura da perfeição estamos à procura.

A loucura é um apanágio não é um estágio do que a humanidade sofre e que muitos a encobre. Sim! O Mundo está à beira da loucura a sociedade está à beira da loucura até as intempéries estão loucas as vozes proféticas estão roucas. 104

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Já não sou o que era... Já fui criança já fui jovem estou a ser adulto com alguma lembrança não como um totem mas um pouco do oculto. Já não estou na aurora como fui outrora. Já não sou o que fui e não posso voltar atrás de tudo aquilo que se faz da vida que flui Da Primavera passou o Verão de palpitação em palpitação O Outono já chegou e a minha mente ainda não aprovou.

e despejar as nossas alegrias eu servi-te mais do que a todos os deuses adorei-te e lembrei-te muitas vezes pois já não sou o que fui e o sangue devagar flui. Já não sou o que era Já estamos noutra era Estamos noutro espaço Que às vezes choro no teu regaço As alegrias e tormentos As dores e os adornamentos Foi assim a nossa vida A vida bem vivida e devida.

Já não sou o que fui a juventude não flui fugiram pela janela aberta de nuvens o céu estava coberta. já fui um elegante equestre amor, tu foste o meu mestre já não posso nascer mais a definhar não queria jamais. Mas a vida é assim mesmo temos de levar a esmo e ver o Sol todos os dias 106

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Pioneiros Somos um Povo de marinheiros somos um povo de pioneiros somos também inovadores e de bons navegadores. Podemos contar longas viagens por vastas paisagens por terra ou por mar e às vezes por ar. Viagens perigosas viagens vertiginosas muitas vezes penosas mas também tenebrosas. Estamos à mercê do tempo dos seus vários humores que os homens têm temores muitas peripécias que não me lembro.

Somos um povo de marinheiros somos um povo de pioneiros que mundos demos ao Mundo a todo o Planeta circundo. Somos tudo aquilo que temos de ser o mundo é pequeno para o que queremos ver para lá dos horizontes haverá sempre novos horizontes. Um País pequeno que beija o mar Como se fosse um grande lar Que tem muito para dar Viajando para longe sem parar. Sim, somos um povo pioneiro Quase sempre o primeiro A qualquer porto chegar E até por lá estar e amar.

Iluminados por relâmpagos e estrondos estamos sempre prontos para enfrentar a borrasca mesmo que estejamos à rasca. Tudo se faz com trabalho suor, sangue e dor e não há nenhum atalho perante as tormentas e seu furor. 108

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Interlúdio Todos os dias é uma vitória todos os dias damos glória à vida que temos à vida que vivemos. São momentos de prazer são momentos de lazer são momentos de amor e de dor são momentos de frio e de calor. É uma vitória acordar acordar ao teu lado e sonhar acordado sem a morte nos estorvar. Tudo tem um nascimento tudo tem um interlúdio não é um infortúnio muito menos um lamento. Há muito tempo para o fim tão mau não será assim porque fingimos tanto proferimos a vida como encanto

Nascemos na Primavera vivemos por vezes numa quimera adultos em pleno Verão que nos aquece o coração. No Outono vivemos lentamente levamos a vida solenemente a caminho do Inverno agradecendo o amor eterno. Abençoo todos os momentos em que tivemos juntos a viver nunca foram tormentos foram abraços dignos de se ver. A vida é uma luta Por vezes injusta Mas é uma labuta Que não nos assusta. É neste interlúdio vivaz que a vida é eficaz é de louvar ao alto pois o momento é um salto. É a aprender vivendo e não morrendo um dia de cada vez amanhã é outro dia outra vez.

Todos vamos a caminho todos temos que seguir um caminho com agruras ou carinho o fim é voraz e faminto. 110

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