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contrar sua voz II

MaRI vIeIRa Instagram: @amarivieira Facebook: Mari Vieira

UM tetO paRa eNcONtRaR SUa vOz - II

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Inúmeras mulheres sofrem sistematicamente violência doméstica no Brasil. Não necessitamos de precisão estatística para sabermos que o país assiste quase inerte à violência de gênero. As notícias deste 2021 dão conta de que despencamos no ranque mundial de igualdade de gênero. São milhares de mulheres empobrecidas e enclausuradas sofrendo muitas vezes em silêncio.

O silêncio gerado pelo medo impede as denúncias e de levar adiante a busca por proteção e justiça. Dentre os fatores que silencia as mulheres a crise econômica que as tornaram ainda mais empobrecidas durante a pandemia é uma delas. Segundo dados do IBGE a crise financeira atingiu como navalha afiada na vida das mulheres, mais grave ainda é a situação das negras. O medo e a pobreza somam-se a outros elementos importantes: a fragilidade e a incompetência dos órgãos governamentais que deveriam defender e proteger as vítimas e a cultura de violência de gênero que tem raízes profundas na sociedade brasileira. Nenhuma mulher sofre calada porque quer, mulheres sofrem caladas por falta de opção. E isso há séculos.

Abri essa coluna citando Carolina Maria de Jesus e seu livro publicado em 1960. A data de publicação da obra cria um nó na garganta quando percebemos que nas últimas seis

décadas quase nada mudou, nem mesmo a sanção da lei Maria da Penha em 2006, foi suficiente para minorar aspectos da cultura que insiste em continuar violentando sistematicamente parte da população feminina do país.

A pandemia, ao confinar vítimas e agressores, talvez, apenas, tenha jogado luz a enorme poça de sangue que é regada, muitas vezes, pelos companheiros que elas escolheram para amar. Essa realidade me lembra um poema da escritora Catita, publicado em seu livro Morada de 2019 pela editora Feminas.

(des)Amor Confiada a ele, Descobriu-se Confinada.

Todo desamor que paira sobre a vida das mulheres no Brasil (e no mundo) me faz pensar que a pobreza e o silêncio imposto são apenas alguns deles.

Continua na próxima edição.

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