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a aula

RICaRdO hIdeMI baba

Como costumava, naquela noite límpida de luar, fui à universidade de São Paulo assistir a uma aula do curso de especialização em psicologia política. Por algum problema que não me recordo, não houve aula, eu e duas amigas fomos procurar o coordenador, e o encontramos lecionando em um curso sobre “gênero”.

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Entramos na sala, o professor falava que os homens também sofrem com o machismo, pois aqueles que não se enquadram no padrão forte, atlético, rico e branco, são discriminados. Em um segundo momento, foi realizada uma rodada de relatos.

Cada relato me fazia refletir. Percebi que minha deficiência não se encaixava no padrão, e por este motivo, há tantos sofrimentos. Ouvi das mulheres, as quais tem salários reduzidos e são julgadas por sua aparência, escutei histórias de racismo e homofobia.

Como uma mística, antes do meu depoimento, uma moça colocou as dificuldades de se ter um parente cadeirante, no que se refere a calçadas esburacadas, lugares públicos sem acessibilidade e um sentimento de impotência.

Chegou a minha vez! Comecei relando que a questão do deficiente como protagonista sequer era abordada tanto pela academia quanto pela sociedade, levar este tema naquele espaço representava um avanço. Não se enquadrar no padrão social impõe barreiras para conseguir um emprego, mesmo com o avanço tecnológico, impede a ascensão social e dificulta os relacionamentos amorosos, isso dói! Viver batalhas impossíveis é dolorido! Percebi lágrimas no olhar daquele professor enérgico!

Escutamos os últimos relatos e o docente concluiu: - O machismo e o racismo estruturados no capitalismo geram sofrimentos e dores para todos!

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