Revista Escritores brasileiros contemporâneos - nº.6 - agosto-setembro/2019

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ESCRITORES BRASILEIROS CONTEMPORÂNEOS Revista literária Edição 6

nº. 6

Agosto - Setembro/2019

Jornada do Patrimônio 2019 I Bienal Literária de Taubaté Agenda Entrevista Artes Poesia Paulo Bomfim (1926 - 2019), o Princípe dos Poetas Brasileiros


EXPEDIENTE Revista pertencente à Editora Matarazzo. Email: livros@editoramatarazzo.com / thmatarazzo@gmail.com Telefone: (11) 3991-9506. CNPJ: 22.081.489/0001-06. Distribuição: São Paulo - SP. Diretora responsável: Thais Matarazzo MTB 65.363/SP. Depto. Jurídico: Tatiane Matarazzo Cantero. Periodicidade: bimestral. Formato: A5 (14,8 x 21 cm). Tiragem: 1000 exemplares. Capa: Paulo Bomfim (1926 - 2019), ilustração de Camila Giudice. Edição 6 - Nº 6 - Ano I - Ago-Set/2019. A opinião e conceitos emitidos em matérias e colunas assinadas não refletem necessariamente a opinião da revista Escritores brasileiros contemporâneos. Blog www.editoramatarazzo. blogspot.com Encontro Versejando sem Fronteiras, 13/7/2019, realizado na sala de convenções do Hotel Carioca

EDITORIAL

O segundo semestre está bastante movimentado para a Editora Matarazzo e o Coletivo São Paulo de Literatura: lançamentos, saraus, participações em feiras literárias e culturais, na Jornada do Patrimônio 2019, na I Bienal Literária de Taubaté, entre outras atividades! Em julho encerramos o projeto Encontro Versejando sem Fronteiras. Até o mês de novembro estamos com três parcerias para realização de concursos poéticos. E assim vamos em frente, com muito carinho, dedicação, fôlego, coragem e superando as dificuldades que aparecem no caminho. O importante é nunca desistir! Nesta edição, o leitor encontrará matérias, poesia, cobertura de eventos, muitas fotos e novidades. Também trazemos um tributo ao poeta Paulo Bomfim, falecido recentemente. Grande figura humana que deixará saudades eternas nos corações dos seus amigos, fãs e familiares. Se você é escritor, poeta ou artista independente e deseja divulgar o seu trabalho, entre em contato e saiba como participar da nossa revista. Thais Matarazzo


O Encontro Versejando sem Fronteiras foi encerrado, em grande estilo, no Rio de Janeiro, em dois eventos: no dia 13 de julho, na sala de convenções do Hotel Carioca (Av. Gomes Freire, 430, Lapa), e no dia 14, no Sarau AACLIP, no salão paroquial da igreja do Bom Jesus do Monte, em Paquetá. A antologia Versejando sem Fronteiras foi lançada e compareceram vários participantes, Mônica Andrade veio do Pará representando o seu pai, o poeta Iran Lobato Andrade. A contadora de histórias e professora Verônica Marcílio, homenageada no concurso Versejando com Imagens, também este presente, assim como as fotógrafas Marcia Costa e Fahimi Gamini, que cederam fotografias para o certame poético. Verônica Marcílio

José Ramalho

Escritores brasileiros contemporâneos nº.6

Sarau AACLIP

Jornada do Patrimônio 2019 ** Sábado, 17 de agosto, às 9 horas, Oficina Roda dos Expostos de São Paulo; às 15 horas, Contação de histórias paulistanas, às 14 horas. Museu da Santa Casa de São Paulo, R. Dr. Cesário Mota Júnior, 112, Vila Buarque, tel. (11) 21767025. Grátis. ** Domingo, 18 de agosto, às 10 horas, Oficina Memórias paulistanas de Tatiana Belinky; às 13 horas, Oficina Versejando São Paulo. Biblioteca Infantil Monteiro Lobato, Rua General Jardim, 485, Vila Buarque, tel. (11) 3256-4122. Grátis. ** Nos dias 24 e 25 de agosto, a Editora Matarazzo, escritores e poetas estarão na I Bienal Literária de Taubaté. Também acontecerá a exposição Versejado com Imagens VII e a premiação do concurso. ** Setembro: lançamento dos livros O aroma intenso das pételas de Ygor Kassab, e Bárbara, a astronauta e Nove gavetas, de Thais Matarazzo, na Biblioteca Monteiro Lobato. ** Setembro: Exposição Versejando com Imagens VII, da fotógrafa Marcia Costa, nas bibliotecas Adelpha Figueiredo (Pari) e Biblioteca Hans Christian Andersen (Tatuapé). Acompanhe nossa programação pelo Facebook e Blog Editora Matarazzo.

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PAULO BOMFIM Thais Matarazzo Faleceu em 7 de julho passado, Paulo Bomfim, cognominado Príncipe dos Poetas Brasileiros. Nosso querido poeta e amigo nos deixou aos 92 anos. Com certeza, deixou imensas saudades aos que puderam privar da sua amizade. Mas, como ele sempre repetia, “os poetas não morrem, transformam-se em palavras”. Paulo Bomfim nasceu na capital paulista em 30 de setembro de 1926, descendente de bandeirantes e fundadores de cidades. Chegou a cursar a Academia de Direito do Largo de São Francisco, mas não concluiu o curso. Dedicou-se ao jornalismo e à literatura. Trabalhou em rádio e televisão. É autor de diversos livros:

Antônio Triste (1947), Transfiguração (1951), Armorial (1956), O colecionador de minutos (1960), O Caminheiro (2001), Insólita Metrópole SP nas crônicas de Paulo Bomfim (com organização Ana Luiza Martins), entre outros. Decano da Academia Paulista de Letras e integrante do Tribunal de Justiça de São Paulo. Tive a chance de conhecer o poeta em 2013, por intermédio da amiga Camila Giudice. Naquela época eu participava do programa Solo Tango da Rádio Trianon. Ele escutava o programa todo sábado, o apresentador Walter Manna sempre falava que o Paulo estava na audiência, entretanto, eu achava que não era verdade. Me enganei! Ele pediu à Camila para me levar para conhecê-lo no seu gabinete do Tribunal de Justiça, no centro. Agendamos a visita e fui recebida com muito carinho pelo poeta. Que felicidade! Desde então, tive a oportundiade de estar diversas vezes em sua companhia, sempre conversando sobre poesia, literatura e artes. Incentivada por Bomfim, passei a escrever crônicas e editei dois livros que receberam de presente prefácios do poeta. Sua sensibilidade e poesia estarão para sempre lançadas na minha alma! Saudades, poeta... Para saber mais sobre a careira de Paulo Bomfim, acesse: https://paulobomfim.com/

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Foto tirada por Ricardo Lou, em setembro de 2015, no Tribunal de Justiça de São Paulo

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Meu melhor amigo... nunca consegui me preparar o suficiente para sua partida... dói mais do que poderia imaginar... você sempre foi meu pedaço de alma, comungando dos mesmos sentimentos. Alguém que me entendia mais do que eu... que me deu o maior presente do universo de poder compartilhar da sua vinda à este planeta, dar muitas risadas, estar nos momentos bons e ruins... amamos tanto nossa São Paulo, aquela que você viveu e eu sentia saudades... a espadachim paulistinha e o poeta... Fizemos história, e me deu o mundo! Jamais pensei que te perderia... mesmo sabendo que aconteceria... confesso que não será fácil... metade minha se foi... mas saiba que sua memória será eterna! Foi amado e amou muitos! Está e estará sempre em meu coração! Um dia estaremos juntos novamente! Deus o receberá com todo amor que merece! Te amo eternamente, meu menino Paulo. Com todo meu amor e saudades, Camila Giudice.

Paulo Bomfim e Camila Giudice em julho/2018

Arte digital de Ulysses Galletti

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ATÉ LOGO, MEU MENINO!

A noite é calma mansamente navega o veleiro da saudade tendo por companheira a bela lua cheia de presença serena do poeta, amiga verdadeira! Thais Matarazzo


SAUDADES, POETA! Em memória do Príncipe dos Poetas Brasileiros Thais Matarazzo

Ponte da Saudade - Marcia Costa

Pardal - Ulysses Galletti

PÁSSARO SOLTO Thais Matarazzo

O meu canto é independente Voo à minha maneira Pouso na rua ou na fronteira E assim será até o meu poente. Tenho personalidade sincera Observo o cortejo, Escuto o cansativo arpejo, Aquela cena me desespera. Cruzo as nuvens passantes Procuro nova paisagem Valeu-me tal viagem Sou pássaro-navegante. E canto novamente Em inspirados trinados De anseios almejados É o meu canto independente!

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A noite vai chegar O frio congela o meu corpo. É domingo. Dia vazio. E eu estou aqui na Ponte da Saudade, porque já se faz saudade de alguém que partiu, ainda de breve partida. Posso o ver no mar, ele se tornou Poesia! Posso o avistar nas nuvens, ele verseja além-céu! Posso o ler nas palavras, ele se tornou Poema! Andei passos perdidos na Ponte da Saudade senti o desamparo até que a noite anunciou-se a lua veio saudar-me uma garça indicou-me uma estrela brilhando em forma de ternura!

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ODE AO POETA QUE PARTIU José D’Amico Bauab

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O Poeta partiu. Cantou a musa, que por ele logo se encantou. Traçou a sua linha até Manuel Preto. Em lira e prosa, humanizou São Paulo. O Poeta partiu. Partiu cansado, Após quase 93 ciclos terrenos. Mas o Nove de Julho permanecerá Porque Bomfim insistiu. O Poeta partiu. Partiu cansado, Mas viveu plenamente E escondeu o seu entardecer. Vai, Paulo, segue em paz! Guilherme e Ibrahim, ansiosos, estão à tua espera! Nós que, aqui persistimos, agradecidos a ti, Pranteamos a tua falta.

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José D’Amico Bauab: mestre em Direito Civil pela USP, pesquisador do Centro de Memória Eleitoral do TRE -SP e membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Ao lado, vemos, o poeta Paulo Bomfim e José D’Amico Bauab em julho/2018. Foto: Bruno Bettine de Almeida


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Acompanhe o trabalho poético de Silvinha Simões em: www.facebook.com/SilvinhaLetrasEArtes

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DONATO GODOY DA SILVA, o livro Por Adhemar Godoy Com muita alegria e carinho reuni em um livro as histórias contadas pelo meu pai, Donato Godoy da Silva, que ouvia desde menino. Meu pai é o meu ídolo, um homem trabalhador e cheio de coragem. Foi um desbravador! Meus pais nasceram no Rio Grande do Sul. No final do século XIX os meus avós, juntamente com suas

famílias, emigraram para o Mato Grosso do Sul, influenciados pelas propagandas do governo para colonizarem a região fronteiriça com o Paraguai, assim resguardando as divisas nacionais. A viagem foi difícil e demorada, uma epopeia! Saíram do Rio Grande do Sul e percorreram toda a distância até o novo destino em comboios de carretas com gado e mantimentos. Uma vez instalados no Mato Grosso do Sul, tiveram que reunir novas forças para construírem cidades. Nos primeiros tempos, os colonos faziam suas lavouras de subsistência, criavam gado, as famílias cresciam e a região interiorana ia tomando nova feição. Os pais do sr. Donato Godoy, Guilhermina e Maurílio, tiveram nove filhos, Donato é o primogênito, nascido em 1891, em Vila Rica, no Paraguai. Estabeleceram-se, com outras famílias colonas, em Porto Murtinho, MS. Daí em diante, novas aventuras esperavam pela família Godoy. Tudo isso e muito mais o leitor poderá conferir no meu livro. Quem quiser adquirí-lo, pode entrar em contato pelo e-mail: adhemargodoy@gmail.com A capa é da artista plástica Camila Giudice.


NOVE GAVETAS

A jornalista e escritora Thais Matarazzo estreia na literatura infantil com dois livros: Bárbara, a astronauta e Nove gavetas, ambos serão lançados na I Bienal Literária de Taubaté, um local especialíssimo, a Capital Nacional da Literatura Infantil. O primeiro volume foi inspirado na sua amiga Bárbara Brito, atriz, poetisa e contadora de histórias. Ela é carioca e uma pessoa muito divertida. Todos dizem que ela vive “no mundo da lua”. A personagem Bárbara gosta de astronomia, de poesia e de criar estórias, o seu amiguinho e parceiro é a garça Knut. Usando o poder da imaginação eles visitam a Via Láctea e conhecem vários planetas e estrelas. As ilustrações são da artista plástica Camila Giudice. Se você interessou-se pelas obras, entre em contato com a escritora: thmatarazzo@ gmail.com

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BÁRBARA, A ASTRONAUTA

Os poemas que constam neste título foram inspirados no quadro Cômoda, do artista Ulysses Galletti, que faz arte digital, com formatos geométricos e muito coloridos, despertando assim a atenção das pessoas. E a autora imaginou que para cada uma das nove gavetas poderia escrever um poema e os deixaria guardados até alguém descobrir e poder os ler... em um livro de tamanho especial (de bolso)! Então, Thais selecionou outros nove quadros de Galletti - de animais, paisagens e objetos curiosos -, para a produção dos poemas infantis, todos em formato de verso livre, que estimulam o pequeno leitor. Aliás, como sempre repetia a escritora Tatiana Belinky: “o livro que é bom para criança também é bom para o adulto. Eu não proibido ninguém de ler os meus livros, são para todas as idades!”.

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CATADORA DE LETRAS A Senhora Majestade: A Dona Palavra, Tem fiéis devotos Seres de sensibilidade

E tal Catadora de Letras Brilha como estrelas Carrega a voz da poesia Junta versos em sua romaria.

A dedicação é tamanha Regada de amor e ensinamentos Que o seu devoto não vacila Em nenhum momento.

Mestra da Dona Palavra Segue superando etapas Enriquece sua vivência A fiel devota, a Catadora de Letras!

A jornada não é fácil O devoto é experiente Aceita toda aventura Experimenta novos sonhos Multiplica conhecimentos.

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Esse poema “CATADORA DE LETRAS” me chegou com laço de fita nas cores do arco-íris, colorida e iluminada com a amizade. Minha gratidão à amiga Thais Matarazzo.

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Como fiel devota sigo refletindo sobre essa arte encantadora: A literatura... Todos nós somos escritores e leitores sem fronteiras na caminhada das letras. Estas quando captadas pelos dois, formam palavras que se ressignificam de acordo com a história de vida, a ideologia, as experiências, as descobertas, o modo pelo qual percebem e entendem as relações sociais, e ainda de acordo com o grau de curiosidade e aguçamento de cada um desses personagens literários. Dependendo do momento, do local ou da companhia, os pensamentos vão se encaixando de tal forma que as palavras adquirem sentido e encaminham os sentimentos que surgem por trás do olhar, do cheiro, do barulho e do toque do escritor e do leitor. A escrita não é um


Sou Glafira Menezes Corti, uma metamorfose ambulante. Professora irrequieta, e sonhadora, uma geminiana da gema, sem controvérsias. Decidida a mostrar a minha leitura de mundo, através da minha escrita, participei de várias antologias, jornais e revistas da Editora Matarazzo. Hoje tenho dois livros, “Tamborilando com letras” e “Pra Você”, verdadeiros rebentos, ousadamente publicados com imensa dedicação e muito prazer. Se quiser papear mais entre em contato: glafira@zipmail.com.br www.facebook.com/glafiramenezescorti

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ato solitário, ela só se realiza plenamente quando da posse do leitor. O processo de catação de letras não conhece censura ao evoluir na escrita, ele forma sintagmas criativos e únicos para cada catador. Somente ao serem registrados numa publicação é que ela, a censura, se estabelece a partir de alguns critérios convencionais e situacionais. A escrita será inserida e adaptada no caso, porém nem sempre pela vontade do autor. Tais critérios a que me refiro são de cunhos social, grupal e temporal. Na medida em que forem modificados a escrita será readaptada. O subsídio maior desse processo de catação de letras é a Vida Plena. O sentir, o olhar, o escutar e viver intensamente o desabrochar dos afetos, afetar e ser afetado. A escrita e a leitura são reflexos da experimentação dos afetos, de alegria, de tristeza, de esperança, de inquietação, de transformação, e principalmente da capacidade cooperativa entre escritor e leitor.

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POEMAS DE LUIZ ALEXANDRE KIKUCHI NEGRÃO ALGUMAS FOLHAS Junto todos esses versos Numa simples obra Mas apenas verso Tudo o que não se cobra!

Ainda é tempo pra viver Sem olvidar o dever De ser feliz e fazer outros também E ser gente de bem!

Reúnem-se as páginas no anverso Como a página se dobra Entende-se o inverso Ou o que se oculta – é a dobra!

Meu amor vem me ver Hoje que está pra rever As cores e a Estrela de Belém Nos cânticos, Amigos Presentes e do Além!

Com frases como uma cobra Entendem-se esses versos Uma minuciosa obra!

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Quase todo dia é escrita. Emerso Na imaginação que não soçobra 95% de árduo trabalho e 5% de inspiração componho esses versos.

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RECESSO

Sempre é bom se precaver Dos imprevistos, de assuntos nada a ver De não ser você mesmo. O que é que tem? Parece sem ter nem ser, porém Não é o que pode ver Mas o que se pode ainda viver!

Luiz Alexandre Kikuchi Negrão: participou da bela Coletânea Histórica Para Sempre 32 - volume II, com o artigo Os Ideais Democráticos de 1932, pela Editora Matarazzo. Escreveu poemas como Netos de Hiroshima e A Luiz Poças Leitão Júnior, o Pocinhas, e pende de publicação alguns no projeto Folhas Vivas, bem como elabora o projeto Coração Brasileiro, biografia autorizada pela família do saudoso Dr. Emeric Lévay. Publicou inúmeros artigos em sites jurídicos.


Cris Arantes Sou admiradora das estórias de vida, da luta das pessoas para sobreviver e acalentar seus sonhos. Dedico-me a escrita faz pouco tempo. Observo o cotidiano das pessoas nas cidades e países que visito, serve de material para os meus contos. Fui boa aluna de Português, gostava de fazer redações, atas, resumos, contos, escrevia poemas e engavetava. Fiz aulas de violão e comecei musicar os meus poemas, na época me apresentava com o Grupo Musical Mosaico, em vários eventos e praças. Foi nesse espaço que me descobri enamorada pela poesia. Comecei a publicá-las nas redes sociais. Um dia fui prestigiar a minha amiga Glafira Menezes Corti num Sarau da Editora Matarazzo e o microfone era aberto, li um poema meu, fui aplaudida e fiquei irremediavelmente apaixonada por esse caminho, escrever e mostrar um pouco da minha alma, meus sentimentos, meus amores. Essa foi a mola mestra que me impulsionou a continuar. Hoje escrevo, coloco melodia em alguns poe-

mas e os distribuo por esse mundo de Deus. Participo de todos os saraus que consigo. Já participei de seis Antologias, cinco revistas e dois jornais e de alguns concursos literários. Assim vou trilhando o meu caminho na música e na literatura, com muito amor. Tenho uma vasta Coletânea de poemas, dizem que preciso fazer meu livro solo, não tenho pressa, quero estar com tempo para fazê-lo com todo o cuidado e dedicação, afinal um livro que a gente faz é como um filho que foi parido do coração.

Facebook: Maria Cristina Arantes Instagram: cris_arantes20 E-mail: mariacristina.arantes@gmail.com

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MEU TRILHAR NAS LETRAS

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MEU PAI

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Crônica classificada em 1º lugar no Concurso Municipal de Literatura de São Vicente, SP, em 2013

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Meu pai. Lembro-me: eu, uma criança no seu colo, segura, mimada, ali sentada, uma fadinha. Seus braços me circundavam, suas mãos em mim apoiadas eram minha proteção, afago! Ouvindo a sua voz, suas palavras que emanavam de um coração que transbordava ternura, afeto! Um homem sério, mas também a expressão de um jeito jovial, adolescente, que me fascinava com aquele momento descontraído, de atenção, só alegria! Os dias se passavam, eu crescendo, mas seu colo, ali, sempre pronto a me esperar, receber sua filha num momento de ventura, felicidade, mas também no rolar de minhas lágrimas. Eu, a filhinha querida, amada, idolatrada. À minha frente um pai vivaz, atencioso, carinhoso. Eu, o olhava, contemplando o seu rosto de traços perfeitos, corpo esbelto, cabelos castanhos e ornados por um chapéu de lã, abas curtas, cor da noite. A impressão é de que tudo estaria como um jardim, sempre florido, perfumado. Borboletas como anjos a voar, num constante júbilo pelo prazer que a vida lhes dá. Um cotidiano de harmonia. Mágico! Um dia, meu pai abre a porta e vem ao meu encontro, cumprimentar-me. Eu, que acabara de chegar de viagem, há mais de duas décadas residindo em outro estado. Meu Deus, como acredi-

tar? Aquele jovem homem, galã, meu herói, meu ídolo, hoje um ancião. Apesar de seu sorriso jorrar felicidade pelo encontro com sua filha, seu cabelo é apenas alguns fios grisalhos, seu físico apoiado por uma bengala, sua meiga face tomada por profundas marcas pelos anos que se foram. Um homem que um dia ostentou uma vibrante energia e uma beleza incomum, agora está consumido, exaurido pelo tempo. Caí em pranto! Soluço, dor, tristeza. Meu pai toma-me pela mão e sentase no sofá; eu, no seu “colinho”. Um passado ali, presente! Uma criança, mas com uma diferença: consciente. A vida, a vitalidade é um sopro. Somos tudo, não somos nada. Que sejamos infinitos, façamos histórias e que as letras nos eternizem em uma pagina! Rossidê Rodrigues Machado: é Mestre e Doutora em Filosofia e Psicologia; Mestre em Educação, Administração e Comunicação; Especialista em Educação Ambiental; Bacharelado e Licenciatura em Geografia; tem curso de inglês, desenho e artes plásticas; participação em mais de três dezenas de Antologias Literárias; autora de dez livros solo (poesia, conto, crônica, pensamentos, literatura infantojuvenil).


FOTOGRAFIA COMO ELEMENTO DE INSPIRAÇÃO PARA CONCURSO POÉTICO Texto e fotos: Nana Tavares por preservar a beleza de casarões históricos do tempo do Império.

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A fotógrafa e professora de fotografia, Marcia Costa, participou pela primeira vez, juntamente com outros fotógrafos, da 6ª edição do Concurso Poético Versejando com Imagens, da Editora Matarazzo, no qual diversas fotos de sua autoria foram fontes de inspiração para escritores. As premiações dos poemas aconteceram em junho, na Câmara Municipal de São Paulo e em julho, no Hotel Carioca, no Rio de Janeiro. O sucesso foi tanto que a fotógrafa foi convidada pela Editora Matarazzo para realização do Versejando com Imagens VII, desta vez, somente com fotos de sua autoria, com premiação e exposição na I Bienal Literária de Taubaté, que acontece nos dias 24 e 25 de agosto, no município de Taubaté, em São Paulo. Marcia está engajada, também, no Concurso Poético Paquetá em Prosa & Verso, uma iniciativa do Coletivo Cultural Borboletas Voadoras e do Coletivo São Paulo de Literatura, que está homenageando a Ilha de Paquetá, bucólica ilha no Rio de Janeiro, conhecida

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TSURU*** Muito Prazer! O meu nome é Thiago Vou contar para vocês o que eu mais gosto de fazer Dobrar o papel é o meu lazer Só tenho oito anos, mas, faço tudo sozinho Eu sei que sou um menino bonzinho Um dia assisti no youtube e gostei Aprendi rápido e testei Comecei pelos mais fáceis a imitar Agora já consigo fazer o TSURU Diz a lenda japonesa que se eu fizer mil Meu desejo irá se realizar Meu coleguinha da escola quis aprender Mas, logo desistiu das dobraduras Eu acho que a gente tem que gostar Ficar feliz ao ver o pássaro voar

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Quando na sala de aula vejo alguém jogar um papel no lixo Logo penso: que desperdício Não faça isso! Que falta de juízo Termino a lição e fico fazendo os origamis na minha cabeça

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O papai e a mamãe me incentivam A vovó quis aprender e de cara queria fazer o Tsuru, vê se pode! Eu disse a ela: comece pelos mais fáceis Ainda não tem habilidade! Aqui me despeço de vocês Um dia eu volto pra contar: Mil Tsurus, realizei o meu desejo A Paz e Bem no mundo! ***Poema de Margaret Cruz, ganhador em 3º lugar do concurso literário infantil Tic Tac promovido pelo Coletivo São Paulo de Literatura.


Obras arte digital de Ulysses Galletti www.facebook.com/Galeria-de-Arte-Digital-Ulysses-Galletti-2234767160173541/

Cão

Retângulos Justapostos

João de

Elise

Barro

Pássaro Amarelo

Ave Maria

Papagaio

Nocturne


► Releitura da obra Nina. Autor Ivo Petrov Mosaico em vidro Medidas 64 X 64

Santa Ceia Mosaico em vidro Medidas 77 x 120

► Rosas pela paz Mosaico Picassiette Medidas 75 x 55

► Ramalhete Mosaico Picassiette Medidas 89 x 74

Encomendas: samiract@ yahoo.com.br

RESSIGNIFICAÇÃO Samira Chicri Torga Colen O amor nos faz respirar mansinho e nas atribulações da vida, ressignificar o que nos tira do caminho. Em dias de desentendimentos busquemos sabedoria para ressignificar sentimentos. Busquemos leveza nas palavras, atos e ações. Tudo isso nos poupará das armadilhas e contradições. Respirar é o melhor remédio. Respiremos de mansinho e calmamente ressignifiquemos o que nos deixa em desalinho. Acreditar na vida e em sua constante mutação. Muitas coisas mudarão independente da nossa opinião. Transformemos o rancor em perdão. O ódio em compreensão. A fala gritada em mansidão. A vida nos convoca habilidade na ressignificação. Samira Chicri Torga Colen: é mineira, natural de Belo Horizonte. Mora em São Paulo. É advogada, poetisa e artista plástica. Adora escrever, fazer mosaicos, pintar e desenhar. Participou da antologia Versejando sem Fronteiras (Matarazzo, 2019).


Fotos: Gilberto Cantero

Na sala Sérgio Vieira de Mello, na Câmara Municipal de São Paulo, aconteceu a sessão comemorativa Encontro Versejando sem Fronteiras, iniciativa do vereador Quito Formiga. O evento foi uma parceria da Editora Matarazzo e do grupo Escritores sem Fronteiras, a apresetação foi do nosso querido Rodrigo Gutenberg. Foram entregues placas e certificados aos dez contemplados no concurso Versejando com Imagens VI. Foram homenageados vários escritores e poetas. Foi apresentada a peça As linhas de Dolores, de Carmem Toledo, contando no elenco com a presença de Denise Duran, irmã de Dolores Duran. Vieram especialmente para o evento: membros da Academia Taubateana de Letras, ATL; organizadores da I Bienal Literária de Taubaté, e a professora e fotógrafa Marcia Costa, do Rio de Janeiro. Compuseram a mesa de autoridades: Geraldo Nunes, Jefferson Silveira, Marta Perin, Thais Matarazzo, Hilda Milk, José D’Amico Bauab, Glafira Menezes Corti, Ricardo Hidemi Baba e Ingrid Ribeiro de Souza.

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O jornalista Geraldo Nunes durante sua apresentação no “Encontro Versejando sem Fronteiras”, 29/6/2019

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Brincar e sonhar é um convite ao mundo da imaginação, do faz de conta e do encantamento da Literatura permitindo que a criança (a criança interior de cada um) brinque e sonhe com as divertidas rimas e ilustrações a partir de recortes e colagens. Os poemas estão na versão bilíngue: Português/Espanhol e com letras maiúsculas para auxiliar no processo de alfabetização.

BAILARINA A BAILARINA BAILA LINDA

Realize uma tarde de autógrafo na sua escola ou Feira Literária em SP e RJ. E-mail: isisdeusagrega@bol.com.br

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Facebook: Isis Santana

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Isis Santana, conhecida como Isis San no mundo da Literatura Infantil é guerreira, um tanto negra, tanto índia, isto é, brasileira, fez das pedras passagens; os nãos, resistência. Nascida e criada na periferia de SP, Professora de Educação Infantil da PMSP e mãe de dois pentelhos animados. “Tentei resistir, mas brotam do chão, do último ventinho e do fundo do meu coração. Amigos, estou embarcando no mundo da imaginação. Sem passagem de volta”.

Próximas participações:


Elenco da peça “As linhas de Dolores”

Denise Duran e a poetisa Margaret Cruz, contemplada em 1º lugar do Concuso

Rodrigo Gutenberg foi o cerimonialista do Sarau Cai na Roda

Ganhadoras do concurso “Dolores Duran”

Fotos: Gilberto Cantero

Ocorreu na tarde de 22 de junho de 2019, no Salão Nobre no Museu da Santa Casa São Paulo, a entrega dos certificados às ganhadoras do concurso poético Dolores Duran: Arte das Palavras Femininas - parceria do Museu com o Coletivo São Paulo de Literatura, o Sarau Cai na Roda, e lançamento da antologia Versejando sem Fronteiras. A apresentação foi do cerimonialista Rodrigo Gutenberg. Denise Duran esteve presente, representando a família da nossa homenageada, e cantou para os presentes, sendo acompanhada ao piano por Cristina Costa. As linhas de Dolores foi encenada, um tributo à cantora e compositora Dolores Duran (1930 - 1959), assinada por Carmem Toledo. No elenco estiveram: Maria Flor, Hilda Milk, Gilberto Cantero, Ygor Kassab e Karin Gama, que interpretou Dolores. O Museu da Santa Casa é um espaço fantástico! Agende uma visita: (11) 2176-7025 / museu@ santacasasp.org.br

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Dolores Duran: Arte das Palavras Femininas

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Grupo de poetas, escritores, leitores e amigos que participaram do Sarau, exposição e batepapo “Tatiliques” na Biblioteca Hans Christian Anderse. Fotos: Gilberto Cantero

Isadora Grammont foi uma das contempladas no concurso Tic Tac Exposição Tatiliques

Animadíssima foi a manhã de 20 de julho, na Biblioteca Hans Christian Andersen, no Tatuapé, em São Paulo. Aconteceu a premição do concurso poético Tic Tac, promovido pelo Coletivo São Paulo de Literatura, e o Sarau, bate-papo e exposição Tatiliques, um tributo ao centenário da escritora Tatiana Belinky. Agradecemos à equipe da biblioteca pela parceria com os nossos projetos e pelo carinho e atenção como fomos recebidos. A biblioteca fica na Av. Rangel Pestana, 4142, tel. (11) 22953447.

EU SEI Ricardo Hidemi Baba Eu sei que não sou o príncipe encantado O genro tão sonhado Um ideal de cunhado Eu sei que estas rodas não conduzem uma carruagem Mas meu coração mergulhado em coragem Traz a fé que me move a lutar Eu sei minha capacidade vou provar!

Ricardo Baba foi um dos ganhadores do concurso Tic Tac


Marcello Laranja

Autor dos livros Caminhando, cantando e contando - lançado em dezembro de 2015. Caminhando, cantando e contando II - lançado em abril de 2019. Caminhando, cantando e contando III - (no prelo) com lançamento previsto para abril de 2020. Contato: marcellomc.laranja@gmail.com

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É santista, escritor, radialista, estudioso de Música Popular Brasileira, fundador e presidente do Clube do Choro de Santos. Integra o catálogo de autores da Editora Matarazzo. Dentre outras obras, participou das coletâneas Vamos falar de Santos? - vol. I, II, III, Vamos falar de São Vicente?, Vamos falar de São Paulo?, Vamos falar do Rio de Janeiro?, Vamos falar de futebol?, Vamos falar da Lapa?, Vamos falar de rádio?, Memórias Cariocas, Carioquices em verso e prosa, Rasguei a minha fantasia (história do Carnaval) e Hummmm que delícia...receitas de família (sobre culinária).

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REFLEXÕES

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Rosilda Portas

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Não obstante os constrangimentos e as dificuldades ocasionadas pelos 8.194 quilômetros que separam a cidade do Porto e a cidade de São Paulo (onde nasci), muitas vezes basta um pequeno movimento para despertar memórias dum tempo distante onde ainda criança frequentava a escola primária, lá no Grupo Escolar Manoel Borba Gato, no bairro da Pedreira. Sábado passado, 27 de julho, percorro de forma aleatória os canais da TV e deparo-me com a transmissão da cerimônia de abertura dos Jogos Pan-americanos, dessa vez a decorrerem em Lima. O primeiro fator a destacar é o colorido das imagens, uma perspectiva multidimensional da cultura, desde as canções, passando pelas tradições e os principais contributos no desenvolvimento e ao mesmo tempo na preservação de conceitos relacionados com a identidade dos povos americanos. E por um momento, regresso ao passado, há na minha frente um livro de leitura, talvez o do segundo ano, onde uma figura retratando mãos entrelaçadas falam sobre o Dia Pan-americano (14 de Abril), coincidentemente esta data no Brasil também é consagrada ao Dia do Café. A criança que naquele tempo jamais imaginaria sair daquele espaço e

passar a viver do outro lado do mundo, absorvia através do texto lido, a importância da união entre os povos, da comunhão de ideias, a existência de um mundo edílico... Hoje: “O que está em causa é a necessidade de se pensar, sem rodeios nem nostalgias, em como confrontar esta lógica de mercadorização dos espaços públicos, históricos e monumentais, com outras lógicas, nomeadamente a do espírito de comunidade e associação, das relações de afectividade e do espírito de lugar, dos objectivos de encontro, festa e entretenimento, ou mesmo as estratégias de emblematização das identidades (Fortuna e Peixoto, 2002)”. No entanto, ao ver as imagens de 41 delegações representando seus países, ouso acreditar que talvez ainda seja possível entrelaçarmos as mãos. Talvez em torno de uma xícara de café e cantar em conjunto a Canção da América, de Fernando Brant / Milton Nascimento, que começa assim: Amigo é coisa pra se guardar Debaixo de sete chaves Dentro do coração Assim falava a canção Que na América ouvi... Rosilda Portas: socióloga, jornalista, natural da cidade de São Paulo, SP, reside há 36 anos na Cidade do Porto em Portugal. Presidente da Código Simbólico - Associação Sociocultural.


Coletivo Cultural Borboletas Voadoras

Representando o Coletivo Cultural Borboletas Voadoras, a escritora e atriz Bárbara Brito, foi ao lançamento do livro “Poesia Reunida” da amiga e escritora Ana Paula Arendt, na Livraria Travessa, no Rio de Janeiro, em 26/7/2019.

Vemos: Matheus Poli e seu pai, Camila Giudice, Arnaldo Malagrine, Rodrigo Gutenberg e sua namorada, nas comemorações do 9 de Julho em São Paulo. Foto: Marina Malagrine O Coletivo São Paulo de Literatura se apresentou na Av. Paulista no domingo, 28/7/2019

Escritores brasileiros contemporâneos nº.6

Surgido em junho de 2019, no Rio de Janeiro, o Coletivo têm como objetivo divulgar a CULTURA e as ARTES. Idealizado por Bárbara Brito, e coordenado por Regina Brito, o Coletivo já conta com diversos poetas, escritores e artistas. Estão todos convidados a participar do primeiro Sarau do grupo: sábado, 28 de setembro, das 15 às 17 horas, no salão paroquial da igreja Bom Jesus do Monte, Praia dos Tamoios, 45, em Paquetá. E começando com força total, o Coletivo está promovendo o Concurso Poético Paquetá em Prova & Verso, em parceria com a Professora e Fotógrafa Márcia Costa, e o Coletivo São Paulo de Literatura. As fotografias concorrentes são de autoria de Bárbara Brito, Marcia Costa, Regina Brito, Regina Andrade e Lucas O. Amorim. As inscrições são gratuitas e estarão abertas no período de 25/7/2019 até 30/10/2019, os interessados devem solicitar o edital no e-mail versejandocomimagens@gmail.com Acompanhe a página do Coletivo no Facebook: www.facebook.com/coletivoculturalborboletasvoadoras

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POEMAS DE CRIS ARANTES**

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CRISTAL

DESAMOR

Nosso amor era cristal Brilhava como os seus olhos Suave como a luz das estrelas Intenso como a luz do sol Os anjos tocavam harpas Nas montanhas de nuvens As cores do Arco-íris cintilavam Para festejar nossos encontros Os céus se iluminavam Com a vibração dos carinhos Um dia veio uma tempestade Arrasando tudo que encontrava Sabe-se lá de onde, incontrolável Invejou as flores que se abriam no nosso caminhar Os passarinhos que cantavam para nos acordar Não pudemos fazer nada A tempestade era mais forte que o nosso amor!

O amor era grande, o alicerce não, era de papel Veio a enxurrada e levou Não sobrou nada, foi tudo para o chão, despencou morro abaixo Ficou preso no vão Entre o sopé E um vagão abandonado Que desilusão Falsas ideias Alheias à realidade Sucumbem no asfalto Dilaceram planos Sabotam romances Emergem na loucura do desamor.

** ERRATA: na última edição do Matarazzo em Foco, junho/2019, na página 11 os poemas Cristal e Desamor sairam com os títulos trocados.


CONCURSO TIC TAC O concurso foi uma promoção do Coletivo São Paulo de Literatura. Aconteceu durante o mês de julho. O tema foi a infância e os gêneros concorrentes foram o conto e a poesia. Foram 12 poemas contemplados, a entrega das placas e certificados aconteceu no sábado 20 de julho, na Biblioteca Hans Christian Andersen, no Tatuapé em São Paulo. Eis os poemas ganhadores: 1º lugar - O Sonhador - Lucas O. Amorim. 2º lugar - Sonho infantil - Ana Célia S. Santos.

3º lugar – Tsuru – Margaret Cruz. 4º lugar – Onigokko – Luiz Alexandre Kikuchi Negrão . 5º lugar - Aquarela da vida - Nazareth Ferrari. 6º lugar - Minha infância querida Maria Marlene Nascimento Teixeira Pinto. 7º lugar - Tic Tac – Regina Brito. 8º lugar – Gatinha Mimi – Cris Arantes. 9º lugar - Eu sei – Ricardo Hidemi Baba. 10º lugar - Vida de criança – Isadora Grammont. 11º lugar – Contos de um piá - Dermival Souza. 12º lugar - Brinquedo – Rai Gama.

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Ilustrações de Camila Giudice

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SONHADOR

SONHO INFANTIL

Lucas O. Amorim

Ana Célia Serafim Santos

Aquele menininho peralta que um dia sonhou em ser astronauta Também sonhou em ser bombeiro controlar os incêndios, salvar vidas Também queria cuidar de lírios e tulipas Sonhou um dia em ser jardineiro

Dino, o menino, importante queria ser. Pensou, penou, imaginou, como proceder? Correu com apreço, sem endereço ao amigo coelho A pedir-lhe conselho. O coelho como o olho saltado e o peito empinado, Falou-lhe com agrado: Muita comida comer, para sábio e importante crescer. Dino sentou-se à mesa e sem delicadeza Devorou até a sobremesa. Mais tarde pela rua andou, a lua notou, Mas nada parecia mudar aos olhos dos que estavam a passar. No outro dia bem cedinho, ansioso saiu pelo caminho. Encontrou um sapo curioso, de falar fanhoso. O conselheiro amigão de supetão, arriscou um palpitão: O segredo está no andar não muito devagar, Sem esquecer-se de saltitar. O menino saiu a praticar, acreditando triunfar. Porém não demorou e Dino se cansou.

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Aquele menino levado que queria virar delegado Também sonhou em ser desenhista desenhar pessoas, animais, diferenças Também queria ser um cientista descobrir remédios e combater doenças

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Aquele menino brincalhão que queria pilotar avião Também sonhou em ser mágico Aprender tudo o que fosse necessário Sonhou em trabalhar no zoológico para ser um ótimo veterinário Aquele menino sonhador cresceu, sorriu, chorou, caiu e se levantou um dia se tornou escritor E por causa disso, ele poderá ser tudo aquilo que um dia ele sempre sonhou.


TSURU Margaret Cruz Muito Prazer! O meu nome é Thiago Vou contar para vocês o que eu mais gosto de fazer Dobrar o papel é o meu lazer Só tenho oito anos, mas, faço tudo sozinho Eu sei que sou um menino bonzinho Um dia assisti no Youtube e gostei Aprendi rápido e testei Comecei pelos mais fáceis a imitar Agora já consigo fazer o TSURU Diz a lenda japonesa que se eu fizer mil Meu desejo irá se realizar Meu coleguinha da escola quis aprender Mas, logo desistiu das dobraduras Eu acho que a gente tem que gostar Ficar feliz ao ver o pássaro voar Quando na sala de aula vejo alguém jogar um papel no lixo Logo penso: que desperdício Não faça isso! Que falta de juízo Termino a lição e fico fazendo os origamis na minha cabeça

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Persistente, o garoto valente, saiu à procura De um emplumado que lhe desse a cura. O papagaio caprichoso, com um jeito orgulhoso Ditou a solução para àquela situação: Falta cor, falta vida, nesta pele embranquecida. O menino acreditando no remédio para o seu tédio, Lambuzou o corpo nu na tinta verde e azul. Dino, todo colorido teve acesso ao sonhado sucesso. Virou manchete nos jornais, notícia no rádio e televisão Comentário dentre toda multidão. Famoso ele ficou com o preço que pagou, mas será que compensou? Pouco tempo passou e Dino arrependido desejou: Que bom seria, voltar ao tempo Em que ninguém me percebia. Sem desanimar, o menino começou a meditar numa maneira para o problema solucionar. Porém, desta vez nada de conselho – pelo menos de ave, sapo ou coelho.

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O papai e a mamãe me incentivam A vovó quis aprender e de cara queria fazer o Tsuru, vê se pode! Eu disse a ela: comece pelos mais fáceis Ainda não tem habilidade! Aqui me despeço de vocês Um dia eu volto pra contar: Mil Tsurus, realizei o meu desejo A Paz e Bem no mundo!

ONIGOKKO Luiz Alexandre Kikuchi Negrão Pode ser ogro (oni) ou o lobo Ou policial ou fantasma Ou outro, sem afobo Diverte-se a criança. A mãe pasma! Com vários nomes ao redor do mundo A brincadeira une crianças Cansadas do moribundo Universo dos eletrônicos, que muitos brilhos lança.

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Correndo e rindo Os jovens crescem e respeitam O próximo conseguindo Seguir regras, que aceitam.

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O “Tá pronto, Seu Lobo?”, pegapega, “Os quatro cantinhos”, essa brincadeira Com boas lembranças, não se nega Cansa a criança bagunceira!


Nazareth Ferrari Oh, criança abençoada! Com alma de artista, Que vê o mundo colorido, E logo o quer pintar. Em seu sorriso puro, Candido como uma flor, Exala com toda certeza, Pureza, alegria e amor. E na aquarela da vida Vê o sol, vê as nuvens, Vê o rio, vê a mata, E repleta de talento Esta beleza retrata. Ah, quem me dera! Ser uma eterna criança, Fazer sempre da vida, Como tu fazes, Uma aquarela de cores.

MINHA INFÂNCIA QUERIDA Maria Marlene Teixeira Nascimento Pinto Suspiros ecoam nas minhas reminiscências, revendo fotos esmaecidas, esquecidas no álbum de recordações, ao lembrar da minha infância que jaz nas profundezas de mim. Ela se foi há muito (há muito mesmo!), mas deixou traços indeléveis, que me fazem reviver o passado, na minha cidade natal. Aos poucos, timidamente, vou divisando a casa onde eu morava... A casa da estação, assim chamada por todos, ladeada por um vasto quintal, que foi o palco dos meus brinquedos infantis. Jogando bolinhas de gude, empinando pipas, brincando de esconde-esconde, pulando amarelinha... Desfilando a alegria primaveril. Mas, o que mais me chama a atenção são os trilhos que passam bem em frente da casa, que nas suas letargias refletem o

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AQUARELA DA VIDA

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meu viver... Tento, em vão, pegar carona ao ver um trem passar, tentando retornar ao ponto de partida. Não, não consigo alcançar, pois o trem da vida não retorna, segue sempre em frente, célere, impassível a qualquer apelo! Desperto das minhas fantasias. Uma lágrima traceja o meu rosto. A saudade, impiedosa... Me faz refém!

TIC-TAC Regina Brito Menina, entre! Tá na hora do banho, Só tem tamanho. E pensa que é gente. Vou contar, um, dois, três... Calma, estou entrando! Brincando e brigando. É a minha vez. Sou feliz pois sou criança. Jogo piâo... Bamboleio até o chão. Que bela infância!

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Dia de sábado Almoço na casa da vovó É uma alegria só Visto o vestido com babado.

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Cris Arantes Mimi era uma gatinha branquinha, pelo macio, olhos azuis, uma lindeza. Havia sido abandonada numa estrada, juntamente com seus irmãos. Estavam numa caixa de sapatos, uns cobre os outros, famintos. Sua mãe provavelmente estaria morta, ou não, maldade jogar fora os filhotes dessa maneira. Peguei a caixa com os cinco, levei-os embora. Dei-os aos vizinhos e fiquei com uma fêmea, que dei o nome de Mimi. Apaixonei-me por ela, assim que a vi. Nunca tinha tido animais em casa, meus pais não concordavam, mas sempre quis, agora resolvi enfrenta-los; tive que tirar informações de como lidar com felinos. São animais dóceis, porém independentes, diferentes dos cachorros, que fazem o que você manda, os gatos fazem o que eles querem e pronto. Seria mais fácil convencê-los, porque não daria trabalho, não teria que levar para passear e a higiene da caixinha de areia eu faria a noite. Meu pai nunca gostou de gatos, tinha horror a eles. Foi complicado

que ele aceitasse a Mimi lá em casa. Assumi a tutela da gatinha e suas despesas também. Assim meu pai aceitou, mas não queria saber dela perto dele. Por incrível que pareça, toda vez que ele chegava do trabalho ela o esperava miando. Ele nem olhava, fingia que não era com ele, ignorava-a. Mas ela insistia, todos os dias roçava nas pernas dele e miava. Mimi cresceu, ficou linda, pelos brancos e brilhantes, seus olhos azuis eram motivo de admiração pelas pessoas que iam na minha casa. O tempo passou e quando papai ia assistir televisão, a Mimi corria e sentava ao lado dele pedindo carinho. Ele duro como uma pedra, não retribuía, mas tanto ela insistiu que ele sucumbiu aos encantos dela. Uma noite chegando em casa vejo estarrecido uma cena que não vou esquecer. Meus pais sentados vendo televisão e no meio dele, a gatinha mais sapeca do pedaço, a Mimi deitada e o desajeitado do meu pai acarinhando-a. Aprendemos que não devemos desistir dos nossos objetivos, temos que focar e lutar, um animalzinho se saiu vencedor e nos deixou essa lição!!!

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A GATINHA MIMI

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EU SEI Ricardo Hidemi baba Eu sei que não sou o príncipe encantado O genro tão sonhado Um ideal de cunhado Eu sei que estas rodas não conduzem uma carruagem Mas meu coração mergulhado em coragem Traz a fé que me move a lutar Eu sei minha capacidade vou provar!

VIDA DE CRIANÇA Isadora Grammont Crianças brincam, E brilham com seus sorrisos, Brincam de fantasia, Com seus amigos imaginários, Eles vivem com seus Brinquedos e agem Como se fossem seus melhores amigos, As luzes nos seus olhares São de deixar qualquer um feliz,

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Porque essa é vida de crianças.

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BRINQUEDO

Dermival Souza

Rai Gama

Dizem que nasci da cegonha Mas, que vergonha eu nem sei voar. Diziam que na barriga da mamãe Ouvia-se um canto de um piá

Numa casinha simples moravam dois irmãos, o mais velho se chamava Lucas e o mais novo Mário a família tinha oito pessoas contando com os pequeninos que viviam a brincar no fundo do quintal, todo final de ano eles sonhavam em ganhar algum brinquedo, mas a renda familiar era bem apertada e nem dava para o sustento de toda a família, eles jamais perderam a esperança e enquanto os brinquedos tão sonhados não vinham eles mesmos montavam os seus brinquedos com latas, madeira e chinelos velhos, a imaginação não tinha limites e a cada ano surgia modelos diferentes que desfilavam lado a lado com os brinquedos industrializados e tinha até criança querendo trocar, outras querendo comprar os brinquedos artesanais então eles respondiam: - Vão falar com os seus pais primeiro, não queremos confusão, viemos aqui só para brincar aí então um brincava com o brinquedo do outro até o sol se por e todos voltavam para as suas casas sonhando com os brinquedos misturando o simples e o sofisticado da forma mais inocente possível, os dois meninos eram de família humilde e não tinham

Todo dia fazendo estripulias Todos corriam quando se ouvia O seu cântaro lá de braços e pernas Mexendo pra lá e pra cá Até que venho à cegonha Trazendo-me no seu embornal Só não entendia porque o homem De branco me batia até me Fazer chorar Quando cortaram o cordão Minha vontade era da cama pular Quando olhei para mamãe Com os olhos em lágrimas Querendo um cheiro me dar Mudei de ideia, em seu colo Resolvi ficar

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CONTOS DE UM PIÁ

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dinheiro para quase nada, mas tinham uma imaginação danada e até mesmo a camicleta do Chazan e Xerife eles produziram com lata, madeira e chinelos velhos, vira e mexe cortavam e martelavam os dedinhos, nada os impediam, ficavam horas arquitetando as formas que os brinquedos teriam, em cada detalhe, nas horas vagam faziam bichinhos com maxixe e palitos e também confeccionavam bolachas e bonecos de barro, no quintal tinha um cajueiro que dava uma sombra e tanto para as crianças brincarem, as irmãs mais velhas se transformavam em mães e assim uma tarde inteira de paparicos e mordomias, era um mundo de sonhos e muita imaginação, os presentes novos nunca vinham e com o passar do tempo os pequeninos se alegravam com o que tinham nas mãos, a brincadeira não parava os pequeninos misturavam os brinquedos o dia inteiro, ali não tinha pobre e nem rico só crianças e alegria com a mais pura fantasia e diversão.

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Cliques do Sarau Tatiliques e entrega dos certificados do concurso Tic Tac


LANÇAMENTOS DA EDITORA MATARAZZO I BIENAL LITERÁRIA DE TAUBATÉ livros@editoramatarazzo.com / versejandocomimagens@gmail.com


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