EXPEDIENTE Revista pertencente à Editora Matarazzo. Email: livros@editoramatarazzo.com / thmatarazzo@gmail.com Telefone: (11) 3991-9506. CNPJ: 22.081.489/0001-06. Distribuição: São Paulo - SP. Diretora responsável: Thais Matarazzo - MTB 65.363/SP. Depto. Jurídico: Tatiane Matarazzo Cantero. Periodicidade: semestral. Formato: A5 (14,8 x 21 cm). Tiragem: 1000 exemplares. Edição 2 - Nº 2 - Ano I - Janeiro/2019. A opinião e conceitos emitidos em matérias e colunas assinadas não refletem necessariamente a opinião da revista Escritores brasileiros contemporâneos. Portal / Blog www.editoramatarazzo.com www.editoramatarazzo. blogspot.com
EDITORIAL
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segunda edição desta revista surgiu para atender a demanda de escritores e poetas que desejam divulgar seus trabalhos na capital paulista. A publicação será lançada e distribuída no período do projeto Encontro São Paulo de Literatura, organizado e coordenado pela Editora Matarazzo, de 19 de janeiro a 2 de fevereiro. Contamos com o apoio cultural do Centro Histórico e Cultural Mackenzie, FAZESP Cultural e da Câmara Municipal de São Paulo. O evento comemora duas efemérides: o aniversário da cidade de São Paulo e o natalício de quatro anos da editora. Agradecemos a todos os participantes deste número. Desejamos que 2019 seja um ano repleto de êxito para a literatura nacional! Thais Matarazzo
Participamos do “Sarau Artístico OAB SP” no dia 8 de dezembro passado. Uma confraternização divertida e amistosa da professora Camila Giudice, seus alunos do curso de Pintura da OAB; escritores, leitores e amigos da Editora Matarazzo. Foto: Gilberto Cantero
POEMA TRIANON Ana Jalloul
PAULO BOMFIM, PATRONO DA ACL
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“Príncipe dos Poetas Brasileiros”, o paulistano Paulo Bomfim é o patrono da “Semana Literária” do aniversário da Academia Contemporânea de Letras, ACL, que acontecerá todos os anos no mês de setembro, também marcando o natalício do nobre poeta. A ACL foi fundada por grupo escritores e poetas independentes, na Pauliceia, em 2 de setembro de 2018. No princípio do mês de dezembro passado, tivemos a oportunidade de conversar com Paulo Bomfim e poder revelar a homenagem. “Que felicidade! Esse é o melhor presente de Natal que eu poderia ter ganhado. Estou muito honrado em ser patrono da Academia Contemporânea de Letras. Envio um abraço aos idealizadores e todos os membros. Vida longa à ACL!”, disse o poeta. Paulo Bomfim também é patrono da cadeira nº 19 da ACL, ocupada pela acadêmica Margaret Cruz. Escritores brasileiros contemporâneos
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Trianon Seu peito bate em meio a selva de pedra. Sua brisa refresca a quem em ti se acolhe. Dos seus bancos provém o descanso e os beijos apaixonados. És o berço das aves o acolher da flora. E quem por ali tão depressa passa. Não conhece uma das maravilhas desta paulista avenida!
No “Sarau Artístico da OAB” foi lançado o livro “Regente de Sonhos” de Thais Matarazzo. Na capa consta a foto da pintura “Regente de Sonhos” da artista Creuza Cestari, aluna do curso de Pintura da OAB SP, ministrado pela prof. Camila Giudice. Foto: Gilberto Cantero -
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UM ANJO VISITA GABRIEL1 Sergio Geia
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le cumpria uma missão confiada pelo Departamento de Missões do Céu. Naquele dia, entrou em diversas casas, a maioria, casas modestas, de humildes moradores. Testemunhou a fé inabalável de muitos, impôs suas mãos carinhosas em homens, mulheres, crianças, até que no fim da jornada, aos quarenta e cinco minutos do segundo tempo, quando já se preparava para pegar carona numa nuvem veloz que passava, se deparou com Gabriel, um senhor bastante idoso que morava sozinho. O homem bebericava uma taça de vinho, esparramado sobre uma aconchegante poltrona em sua sala; na televisão, The Human Stain, filme baseado no livro A Marca Humana, de Philip Roth. Não estranhe o conhecimento desse nosso anjo sobre cinema. 1 crônica originalmente publicada em cronicadodia.com.br 4
Exceto por essas viagens, pouco tem a fazer. Ele fica lá em cima se divertindo com produções criadas pelo homem, cinema, livros, música, às vezes até pede licença ao Superior dos Anjos para descer e se embrenhar em teatros pelo mundo. Ele não perde um espetáculo da Broadway, do Teatro Oficina, é fã de Scarlett Johansson, assistiu a tudo do Woody Allen, adora Paulo Coelho. Pelo que ficou sabendo numa das reuniões antes de descer, Gabriel é um homem solitário e muito idoso, mas mesmo só, saltou aos olhos do anjo a dignidade com que ele envelheceu. Seus cabelos são finos e brancos, mas bem cuidados. Tem a pele lisa, hidratada, são poucas as rugas; seu banheiro está cheio de cremes antissinais, esfoliantes e outros produtos. Veste-se bem, roupas de alfaiataria, sapatos Oxford, novos e bem engraxados. Mexe-se com classe, os gestos são bem articulados, bebe um vinho argentino muito bom, e traz uma delicadeza que o anjo pouco
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viu em outros seres desse nosso planeta. Tão logo encostou suas mãos sobre a cabeça de Gabriel, o anjo descobriu seus segredos. Ainda que distraído com o filme, um pouco alterado pelo vinho, o anjo pôde perceber que Gabriel sofria de solidão. Ruminava o passado com grande dose de melancolia, lembrava de amigos que se foram, de partidas repentinas, mulheres que passaram em sua vida, más escolhas que fez. Trazia consigo uma enorme carga de arrependimentos, pensava que se pudesse voltar, faria tudo diferente. Gabriel bebericava o vinho, e se emocionava com as cenas de The Human Stain. Em alguns momentos os olhos até umedeciam. O anjo percebeu que ao mesmo tempo em que assistia ao filme, Gabriel fazia uma retrospectiva de sua vida, analisando dimensão por dimensão, pensando-se satisfeito com isso, com aquilo, insatisfeito com outro tanto, mas agoniado por não ter mais o tempo
necessário para transformar em créditos as dimensões cujo saldo visivelmente estava no vermelho. Sua saúde não era mais a mesma. Ainda que um enfarte o tivesse assustado, conseguiu recuperar-se, fazia exercícios, academia, corria, tinha uma alimentação regrada e saudável. Mas ainda que se sentisse bem, sabia que não poderia recuperar o tempo perdido, e que precisaria de outra vida para viver tudo de uma forma diferente. O anjo apiedou-se de Gabriel. Dentro de si, o anjo sabia que não dependia dele a concessão de uma nova chance àquele pobre homem só. Sem contar que já estava acostumado com esse tipo de drama. Os homens faziam escolhas erradas, tinham medo de arriscar, acomodavam-se em situações, não queriam mudar, e quando chegavam ao final da vida, na hora de fazer o balanço, descobriam que eram infelizes por não terem vivido aquilo que deveriam.
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Mas Gabriel era diferente, o anjo sentia. Não sabia explicar a razão, mas o anjo enxergava em Gabriel uma sinceridade atípica, um desejo alucinado de viver, uma energia limpa. Deitou suas mãos novamente sobre a cabeça de Gabriel, coisa que não fazia, e depois partiu carregado por uma nuvem gordinha, mais lenta que as demais, mas também com um regaço mais aconchegante. Viu que Gabriel, tão logo ele saíra, se levantou com disposição, bebeu mais do vinho, e começou a dançar Cheek to Cheek, embalado pela cena antológica de Anthony Hopkins e Gary Sinise. Pela primeira vez, o anjo sorriu. P.S.: No décimo quinto andar de um apartamento bem confortável em Perdizes, Gabriel Garcia Marquez da Silva desliga a televisão. Após deixar a taça vazia sobre a pia, segue até o quarto. Incomodado com a corrente de vento que entra pela janela, ele fecha o vidro, depois se deita na cama, enfiando-se entre as cobertas. No fundo, pensa ter 6
ouvido alguém falar, uma voz suave vinda de longe, mas logo Cheek to Cheek o embala, o corpo se aquece e tudo vai deliciosamente se derretendo até acabar.
Sergio Geia contista, cronista e romancista
Acompanhe as crônicas de Sergio Geia, acesse: www.cronicadodia.com.br
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abe quando você se encanta com pinturas e fotografias? Isto vive acontecendo comigo! Por isso, vivo “versejando com imagens”. Pela internet conheci algumas imagens das aquarelas da grã-duquesa Olga Alexandrovna Romanov (18821960), filha caçula do czar Alexandre III e da imperatriz Maria Feodorovna. Apesar de todo o luxo e opulência com que fora criada, Olga sentia-se como um “pássaro preso em uma gaiola dourada”, conforme contou
ao seu biógrafo canadense Ivan Vorres, memórias essas publicadas no livro The last grand duchess, lançado em 1965. Artista talentosa, Olga Alexandrovna produziu mais de 2000 pinturas e aquarelas. Obras de arte de beleza singular e atraentes, principalmente, as cenas rurais e naturezas-mortas. Tive contato com diversas dessas aquarelas via internet e me provocaram uma fascinação imediata. Inspire-me e compus alguns poemas, reunidos neste volume, diversos deles baseados nas histórias da própria grã-duquesa. Olga passou por situações tristes e violentas, e em todos os ciclos da vida, ela soube superar as conjunturas. Costumava dizer que sempre dava risadas, caso contrário, começaria a chorar e nunca pararia. Este é o meu primeiro livro solo de poesia e bilíngue (que orgulho!). A tradução é do talentoso Leandro Monteiro, também poeta. Ele já traduziu os poemas da obra infantil Ninho de Borboletas da amiga Karina Aldriguis; ambos são residentes em Taubaté, cidade pela qual eu sou apaixonada. O lançamento de Versejando com Olga acontecerá no dia 19 de janeiro, das 11 às 13h30, no Centro Histórico e Cultural Mackenzie, dentro da programação Encontro São Paulo de Literatura.
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versejando com olga Thais Matarazzo
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A TRAJETÓRIA DE UM JOVEM POETA EM ASCENSÃO: Abdul Assaf
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oeta, artista plástico e professor de Língua Portuguesa - oriundo de uma família de ascendentes libaneses e italianos vindas do estado de São Paulo nascido na cidade de Paranaguá, Litoral do Estado do Paraná. Escreve e publica seus poemas há nove anos e seu dom poético surgiu durante o curso de letras da Unespar a partir de 2009 e daí em diante, não parou mais de compor até os dias de hoje
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tendo escrito mais de 2133 versos compostos com mais de 130 poemas postados, visualizados e comentados por várias pessoas de todo o Brasil e do mundo. Ao analisar sua trajetória poética, Abdul Assaf soma ao longo destes nove anos de carreira mais de 682 publicações entre jornais, portais eletrônicos e antologias poéticas tanto a nível regional quanto a nível nacional contrastando cinco prêmios já conquistados, ambos em Paranaguá destacando a Menção Honrosa no 1º Concurso Nacional de Poesias Júlia da Costa promovida pelo Isulpar em 2010 (prêmio este conquistado em Paranaguá) e o Prêmio de Participação no Concurso Literário “Castro Alves”, realizado na cidade litorânea de Rio Grande, no Rio Grande Sul, e claro, de sua condecoração como membro do Centro de Letras “Leôncio Correia”, considerado umas de suas grandiosas conquistas. Considerado um poeta nato de alma e coração puro, em seu
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trabalho como professor e poeta, procura estar sempre incentivando a todos os seus alunos e professores sobre a importância do escrever bem estimulando a todos publicarem seus textos com intuito de tocar nos sentimentos das pessoas. Em suas palavras: A poesia mais do que intensa e infinita, ela nos toca a fundo em nossos sentidos muito além do que a imaginação conceda ou até mesmo, dignifica. O mundo com mais amor, alegria e esperança precisa de poesia e lirismo florescendo em nossas almas, e feliz é o poeta que inspira a vida por meio dos sentimentos e da sensibilidade das palavras que nos tocam! Para saber mais sobre sua trajetória, seguem os contatos: Blog: http://poetaabdul.blogspot.com/ Facebook: facebook.com/poetaabdul E-mail: assafa200@gmail.com Whatassap: (41) 99186-1485 Escritores brasileiros contemporâneos
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Tempo Errante
(A Vida e o Tempo Seguem Juntos) O tempo passa e a vida segue No percurso das ondas do mar É no balanço das águas Em que encontro o meu remanso No crescer das árvores Fortalece o meu viver Na fragilidade da flor Envaidece meu querer A força oculta do meu eu O vento sopra as folhas no infinito Levando para longe o que foi de ruim E o sol a brilhar, ilumina o meu ser A vida se sucumbe em outras vidas Que se dispõe de carinho e atenção A nutrição às suas almas Num olhar a sua volta Percebe-se o encantamento do tempo Clamando aos minutos e segundos Para que nada tenha sido em vão E suprindo a cada instante A felicidade e a alegria de viver
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A TRAJETÓRIA DE UM SONHO Marly de Souza
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scritora, educadora, revisora, colunista, palestrante, oficineira literária, nascida em 26 de junho, na capital de São Paulo; cursou Licenciatura Plena e Bacharelado em Letras, Bacharel em Direito, Especialização em Docência no Ensino Superior, dentre outros cursos; autora dos livros de poemas, contos e crônicas Pra onde o vento me levar, #tagarelando em Prosa e Verso e Revelando emoções; participou de diversas antologias da Editora Matarazzo e Editora Futurama; tem vários poemas premiados; foi revisora e colunista da revista, física e virtual, Atibaia Connection; participa do Coletivo Literário Kalúnia, desde 2017, em Atibaia; membro fundadora da Academia Contemporânea de Letras (ACL), em 2018.
Concurso promovido pela Associação dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo (AFPESP) - 4º lugar de 236 poemas - 2013, ganhou com o poema “Criança de Rua”
Livros que revelam muito a minha essência ao escrever sobre o amor, dor, paixão, sonhos, fé, amigos, família, natureza e acontecimentos ao longo da vida 10
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Marco Antonio - Arquiteto, pós-graduado em Designer de Interiores. Gosta de buscar o acervo imaterial nas cidades. Ana Camargo - formada em Administração de Empresas, pós-graduada em Gestão de Negócios e, Comércio Exterior. Possui cursos de especialização em Arte Sacra, Barroco e, Cidade de SP. Amante das óperas e da arte.
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omos ávidos por encontrar lugares nunca visitados e, os lugares já visitados são apreciados com um novo olhar. Já participamos de várias antologias da Editora Matarazzo. Destacamos aqui antologias sobre a cidade de SP: Vamos Falar da Avenida São
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João?, Vamos Falar das Avenidas Ipiranga & São João?, Vamos Falar de São Paulo III? e Vamos falar do centro de São Paulo - volume II. Também somos membros fundadores da Academia Contemporânea de Letras (ACL) e, administramos a funpage: Cultura e Elegância com Ana&Marco. Ao longo dos anos percebemos que muitas pessoas, acreditavam que a cultura era voltada apenas para um grupo seleto, algo inacessível. Foi então que decidimos criar um esaço para falarmos um pouco sobre cultura. Nossa página surgiu de forma modesta e despretensiosa, com o intuito de divulgar as várias vertentes da cultura, tais como: gastronomia, fatos históricos, museus, centros culturais, teatros, lugares históricos, arquitetura, obras de arte, música, literatura e viagens. Não há uma linha didática, buscamos desmistificar a cultura e a arte, trazendo ao alcance de todos. Nos acompanhe através de nossa funpage: www.facebook.com/culturaarteelegancia/
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Lembrança do Sarau Literário no Centro Histórico e Cultural Mackenzie, 15/12/2018
Lembrança da sessão de autógrafos realizada na Temos Livros, Av. São João, centro, em 22/12/2018. Fotos: Gilberto Cantero
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Organização: Editora Matarazzo. Parcerias culturais: FAZESP Cultural, Câmara Municipal de São Paulo, e Centro Histórico e Cultural Mackenzie, CHCM. Apresentação dos eventos: apresentados e coordenados, em parceria colaborativa, dos escritores e poetas independentes que integram as atividades literárias da Editora Matarazzo. Período: de 19 de janeiro a 2 de fevereiro de 2019. Objetivo: fomentar e divulgar a literatura em de São Paulo no período das comemorações do aniversário da cidade, através de bate-papos, oficinas literárias e saraus que promoverão o encontro de escritores e poetas independentes / contemporâneos com o público em geral. Por meio das atividades desenvolvidas, desejamos demonstrar que a escrita e a produção de textos, como processo de criação artístico-literária, estão ao alcance de todos os interessados, assim como incentivar o hábito da leitura. A proximidade do autor com o público é muito importante, uma vez que o escritor independente não possui muitas chances de poder propalar o seu trabalho ou participar de atividades culturais: o Encontro São Paulo de Literatura propõe essa meta. O evento também integra as comemorações do quarto aniversário da Editora Matarazzo, fundada em 15 de março de 2015. Informações: livros@editoramatarazzo.com / thmatarazzo@gmail.com / (11) 3991-9506. Acesse: www.faceboook.com/editoramatarazzosp // www.editoramatarazzo.blogspot.com / Escritores brasileiros contemporâneos
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PROGRAMAÇÃO Todas as atividades são gratuitas. Sábado, 19 de janeiro de 2019, das 11 às 13h30, Sarau Literário e lançamento das antologias Vamos falar de São Paulo? - vol. IV e Poesias contemporâneas X, e dos livros solos Inquietações filosóficas contemporâneas de Silvio Henrique Martins; Versejando com Olga (edição bilíngue) de Thais Matarazzo; e As almas da linha! de Ygor Kassab. Lançamento da revista Escritores brasileiros contemporâneos - nº.2 (distribuição gratuita). Local: Centro Histórico e Cultural Mackenzie, prédio 1, entradas pelas portarias: Rua Itambé, 135, ou R. da Consolação, 930, Higienópolis. Para adentrar o campus é necessário apresentar um documento de identificação com foto na portaria. Terça-feira, 29 de janeiro de 2019, das 15 às 17 horas, bate-papo Como me tornei escritora - dificuldades, desenganos e alegrias! com a jornalista e escritora Thais Matarazzo. Local: Biblioteca Fazesp, Av. Rangel Pestana, 300, 17º andar, Sé. Necessário apresentar um documento de identificação com foto na recepção. Quarta-feira, 30 de janeiro de 2019, das 15 às 16 horas, bate-papo A arte de escrever, com a escritora e poetisa Hilda Milk. Das 16 às 17 horas, oficina Apropriação Poética com Ana Jalloul e Ricardo Cardoso. Local: Biblioteca Fazesp, Av. Rangel Pestana, 300, 17º andar, Sé. Necessário apresentar um documento de identificação com foto na recepção. 14
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Quinta-feira, 31 de janeiro de 2019, das 15 às 16 horas, bate-papo A mulher na literatura, com Glafira Menezes Corti. Das 16 às 17 horas, bate-papo Cultura e Elegância com o casal Ana Camargo e Marco Antônio. Local: Biblioteca Fazesp, Av. Rangel Pestana, 300, 17º andar, Sé. Necessário apresentar um documento de identificação com foto na recepção. Sexta-feira, 1º de fevereiro de 2019, das 14 às 17 horas, Sarau Literário. Apresentação de escritores e poetas da Editora Matarazzo e do público presente ao evento. Local: Biblioteca Fazesp, Av. Rangel Pestana, 300, 17º andar, Sé. Necessário apresentar um documento de identificação com foto na recepção. Sábado, 9 de fevereiro, das 14 às 17 horas, Sessão Comemorativa ao 4º ano da Editora Matarazzo e homenagem aos escritores e poetas independentes paulistanos. Local: Câmara Municipal de São Paulo, 1º andar, auditório Prestes Maia (Plenarinho), Viaduto Jacareí, 100, centro. Necessário apresentar um documento de identificação com foto na recepção. *** Programação sujeita à alterações.
Ilustração de Camila Giudice (camilagiudice@ gmail.com). Escritores brasileiros contemporâneos
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FEIRA DA FOTOGRAFIA NO MUSEU DA REPÚBLICA Bárbara Brito**
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Feira da Fotografia é realizada no último domingo de cada mês, organizada pelo fotógrafo Cilano Simões no jardim do Museu da República, no Rio de Janeiro, RJ. A Feira é um atração cultural, nela são expostas fotografias e artes plásticas. Possui show de música e declarações de poemas. Já participei da Feira junto com minha mãe, Regina Brito (professora, escritora e artista plástica), com fotografias, artes plásticas e recitando poemas. ** Escritora, Fotógrafa e Artista Plástica.
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Fotos: Bárbara Brito
Antologia de Carnaval
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a Editora Matarazzo estará em fevereiro no Rio de Janeiro, vamos fazer o lançamento da antologia Carnaval em imagem, prosa & verso no Bar Ernesto, Largo da Lapa, 41, das 12 às 14 horas, no sábado, 23 de fevereiro; e no domingo, dia 24, estaremos participando da Feira da Fotografia no Museu da República, à R. do Catete, 153, Catete; além do livro, estaremos expondo fotografias da cidade de São Paulo, e vamos organizar um Sarau. Será uma ótima oportunidade para os autores divulgarem os seus trabalhos, num intercâmbio literário, artístico e turístico. Anote na agenda! Participe!
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SÃO PAULO Rossidê Rodrigues Machado
São Paulo, capital. Quem conhece esta cidade se encanta, fascina por este lugar. Não esquece, sempre volta para passear ou rapidinho muda pra lá! Longe não dá para ficar, em poucas palavras pode se explicar: Esta cidade tem coração de mãe, acolhe a todos que ali chegar. Como ser diferente? Esta capital é a mais populosa de nosso país. Ali você mora, passeia, se diverte. Trabalho tem pra todo mundo! Escola é o que não falta, pode se inscrever no curso que você quiser. Quando se fala de cultura: museu, cinema, teatro, biblioteca, Editora, bienal do livro e da arte, é a mais famosa da América Latina. Seus parques são um convite para quem curte o ar livre, a natureza. Pelas ruas e avenidas, seculares frondosas árvores é o seu paisagismo. As praças verdes e floridas, deslumbram, inspiram versos! É poesia! Seus filhos: crianças e adultos, sempre bem! Uma energia que só ali tem. Estar nesta metrópole é andar de mãos dadas com a paz, a felicidade! São Paulo, capital É um orgulho, a favorita dos paulistas e de todo povo brasileiro. Aqui é uma família, não há preconceito, discriminação, todos são irmãos! Sua história é a história, as emoções de gente que veio de todo Brasil. Seu segredo: Protetora, amiga, sempre um abrigo! Aliada da vida! Rossidê Rodrigues Machado: natural da cidade de Jatai-Go; Doutorado e Mestrado em Filosofia e Psicologia; Mestrado em Educação, Administração e Comunicação; Bacharel em Geografia; escritora, desenhista e artista plástica; autora de um Projeto Autônomo de Educação Ambiental; prêmios literários (troféu,comenda, medalha de ouro, prata, bronze e menção honrosa); participação em mais de três dezenas de Antologias Literárias; autora de dez livros solo (poesia, conto, crônica e literatura infantojuvenil). Escritores brasileiros contemporâneos
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EXTREMA POESIA
CAUSA MORTIS
Anne Mahin
Anne Mahin
Minha poesia é carne e sangue, sente as dores de peito aberto; expõe, de um coração roto, o seu ritmo alterado, incerto. Mas também é fruto maduro, em gosto de cura e alento, e traz o seu doce perfume entre alegres sibilos do vento. Minha poesia é lágrima escorrida, vulto de assombrosa tristeza, alarme da despedida premente, pelo aceno da morte em certeza. Mas também é voejo de pássaro, inteira liberdade em pleno infinito, arpejos suaves de notas solares, luares de céu estrelado e bonito. Minha poesia, enfim, se extrema, de tudo se farta, de tudo é tanto; não se acomoda, não se aquieta, transborda no gozo e no pranto.
Morri de amor... Ah, foi do que morri, sim, de um amor não correspondido, pois, de amor, só se morre assim: Quando se tem o coração partido. Morri de amor? Ora, morreu em mim cada fibra. Dentro, tudo está mesmo morto, nada pulsa, se agita ou vibra, em nada mais tenho conforto. Morri de amor! Como se morre de tédio e tristeza! Como se morre de assombrosa solidão, que se excede, dando-nos a certeza de que não se salvou pálida emoção. Morri de amor. E ainda que eu esteja neste mundo, já não estou inteira, completamente. Minha essência jaz, em coma profundo, num corpo vazio, de alma ausente. Morri.
O SURGIR DA ILUSTRAÇÃO Camila Giudice**
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inhas ousadas que fogem das palavras, reveladas pela imaginação de uma mente em criação. Aspectos mágicos, dos desenhos encantados, ilustram sonhos, desejos e ilusão. Dos traços erguem os sentimentos, que podem ser monstros, o mocinho, princesas, bruxas e o vilão. Do bico de pena sai a paisagem, a casinha ou uma suntuosa carruagem, que levam meus pensamentos, descritos pelas minhas mãos. E são tantos traços, gestos firmes, gestos rápidos. Para ser um traço delicado, basta mudar a numeração. Ponta fina, ponta grossa, colorido, preto e branco, um erro e até mesmo o borrão. A inspiração que às vezes transborda, Escritores brasileiros contemporâneos
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outras horas nos abandona, quando mais precisamos que esteja ali, segurando nossa mão. Mente ligeira, que não vê as palavras, suspira com cada história, pura fascinação. Depura os sentimentos, mistérios, e tudo que lhe prende a atenção. Um momento se destaca puro e forte, e será o de sua dedicação. Surgem as cores, ao som do “risc risc” do seu lápis, borrachas diminutas, horas e horas de transpiração. Mundo mágico, ali transformado e transportado. Para esta artista, também leitora ávida, só importa tocar o coração. ** Ilustradora e Artista Plástica. Contato: camilagiudice@gmail.com. Site: Bit.ly/Giudice_art
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SÃO FRANCISCO DE ASSIS Arnaldo Malagrine** As modestas sandálias e o bordão E uma sotaina semidesbotada Traz, a exemplo de Cristo, o coração A dividi-lo pela caminhada Em trabalho, em amor, em devoção, Com quantos encontrasse pela estrada... Em fraternais asceses de unção A fronte santa em luz aureolada Artífice da Paz e da Humildade Amava ainda seus irmãos menores A ovelha, o lobo, a santa natureza O Evangelho, o Bem, o Cristo e a Verdade Que resplandece em rosas multicores A explodir em luz, em vida e em beleza! ** Poeta, advogado, membro da Academia Contemporânea de Letras, ACL.
Apoio cultural Colégio Mosaico (11) 5564-7705 (11) 5563-5406 colegiomosaico@ ig.com.br
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CONFIANÇA
BALANÇO DO MAR
Cris Arantes
Cris Arantes
A confiança se esvaiu por entre os dedos do infinito percorreu luas e luas e se perdeu sem chance de ser restaurada sem caminhos a serem percorridos sem ilusões a desfilarem na passarela da desfaçatez
No balanço do mar viajo nos meus pensamentos quero te encontrar pra falar dos meus sentimentos Candura que embala na sutileza do momento olhares que falam ternura e sofrimento Amor vem comigo você é meu abrigo vamos correr o mundo Fazer parte da minha vida não pense na despedida nem só um segundo
Cris Arantes: professora licenciada em Pedagogia com especialização em Pré-escola. Poeta, cantora e musicista. Possui o CD Só por amor onde musicou treze poemas. Toma parte em apresentações e Saraus Literários. Participação em vários grupos de música popular brasileira. Participou de uma Antologia pela Editora Matarazzo Poesias Contemporâneas IX com três poemas. E também uma Antologia na Editora do Carmo com quatro poemas no livro Para Vinícius. E-mail: mariacristina@arantes@ gmail.com / Facebook: Maria Cristina Arantes Escritores brasileiros contemporâneos
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TEMPOS DE ESCOLA Conto de Thais Matarazzo
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entada sobre a soleira da porta de uma das casas dos colonos da Fazenda Esperança, no interior de Minas Gerais, Bitita mostra ao irmão caçula um caderno com estórias que ela escrevera. Ela lê para o irmãozinho que quer a todo custo tomar para si o caderno e continuar a narrativa à sua maneira, para de-
mostrar que ele também sabe usar a imaginação. Bitita segura firme a velha brochura e não deixa que Joãozinho tome -o de suas mãos. - Se você não ficar quieto, acabouse a estória. Não te conto mais nada! Menino atrevido. O pequeno de cabelo sarará fez beicinho de choro, mas sem a mãe por perto para mimá-lo, tomou postura e deu atenção a reprimenda da irmã. Bitita era a segunda filha de sua mãe, única menina de sete irmãos. José era o nome do padrasto, homem trabalhador e bronco - como todo agricultor da região - labutava de sol a sol, colecionava diversos calos nas mãos, mas o dinheiro era pouco... Bitita era a mais retinta dos irmãos. Pouco sabia sobre o seu pai biológico, apenas que era poeta, repentista e boêmio. Sua mãe dizia que ele não gostava de trabalhar. Chamava-se João e era natural de Araxá. Sumiu no mundo após o nascimento da filha. Ilustração: Camila Giudice
Sua genitora, Maria Carolina, conhecida como d. Cota, era a chefe da família, trabalhava como lavadeira, suas freguesas eram as senhoras do society da cidade de Sacramento. Era analfabeta, como seus antepassados. Seu pai, Benedito, ex-escravo, gostava de contar causos e acarinhava os netos. Bitita tinha por ele muita simpatia. Quando desentendia-se com d. Cota, corria para os braços do vô Dito, que lhe dava bons conselhos. - Menina, por mais pobre de dinheiro que você seja, nunca roube nada de ninguém. Trabalhe, seja perseverante... Nunca abaixe a cabeça para ninguém, respeito acima de tudo e lute pelos seus direitos! Articulava o preto velho entre uma e outra pitada do seu cigarro de palha. Bitita era inteligente, esperta e curiosa. Seu físico era mirradinho, não se considerava bonita, pelo menos era o que escutava das pessoas. - Cota, mas como sua filha é feia. A mais feia de todos. Deve ter puxado o pai! A menina, que não levava desaforo para casa, respondia bem malcriada. - Bruxa! Feia é você: não sou filha da sua mãe. Era a reação mais leve
que Bitita devolvia ao ofensor. E começava o bate-boca. Boa observadora, era perguntadeira ao extremo e queria saber de tudo o porquê. O que mais lhe causava revelia era receber ordens, de quem quer que fosse. - Mamãe, por que me insultam tanto? Por que fazem pouco de nós? É por que somos negros? - Cala a boca, garota. Você é mesmo chata e fala demais como dizem por aí. Para de perguntar. Cada um tem o seu lugar nesse mundo e ponto final. Advertia a resignada d. Cota. “Essa menina precisa tomar tino. Vou dar um nó na língua dela, meu Deus! Bitita precisa ser mais mansa ou vai se dar mal na vida!”, pensava a mãe em seu íntimo. Bitita era considerada “diferente” só porque tinha opinião própria. Falava o que via e o que sentia. Numa cidade provinciana, posicionar-se, não aceitar as regras e as tradições, é o mesmo que ser considerado um intruso. Um dia, d. Maria Leite, a esposa do proprietário da Fazenda Esperança, uma das freguesas de d. Cota, aconselhou a lavadeira a matricular a filha no Grupo Escolar “Allan Kardec”, fundado em 1907.
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As aulas eram particulares e d. Maria pagaria as mensalidades. Considerado o primeiro colégio espírita do Brasil, o “Allan Kardec” tinha como escopo a inclusão social e disseminar o ensino fundamental para jovens e crianças. A escola só possuía uma sala de aula. No primeiro dia de aula, Bitita, com nove anos, sentiu-se uma princesa: de vestido novo, sapatos, lápis, caderno e cartilha, tudo dado por d. Maria Leite. A menina estava toda prosa quando adentrou a escola. - Mamãe, até parece que sou gente! Ela exclamou. - Deixe de besteira, uai. Você é gente! Respondeu a mãe. - Mas não parece. Todos me xingam, me excluem, me desrespeitam. Não entendo o porquê. Eu não faço nada contra essas pessoas. São más e preconceituosas. Vai ver é porque eu pergunto demais ou falo “as verdades”... - Chega, Bitita. Entre, a aula vai começar. Vê se você se comporta e não me faça passar vergonha, hein? Recomendou d. Cota. Acostumada à liberdade da zona rural, andar de pés descalços, tomar banho no ribeirão, comer fruta do pé, andar a cavalo, sentir o vento no rosto... A rígida disciplina da escola 24
não caíra bem para a garotinha. Ao final da aula, a mãe foi apanhá -la. Disse que não queria voltar a estudar. - Ah, você vai regressar sim. Não vai fazer desfeita para d. Maria Leite que está arcando generosamente com os seus estudos. Você vai aprender a ler e a escrever. “Ser gente”, conforme você sempre repete. Quero te ver professora. Multiplicadora do conhecimento. O orgulho da família. Já pensou, Bitita? Suspirou a sonhadora d. Cota. No segundo dia de aula, Bitita chorou, esperneou, deu cambalhotas, tentou fugir da sala, mas a professora, responsável e contundente, conseguiu segurar a garotinha e lhe mostrou o benefício da instrução. Aos poucos, Bitita tomou gostou pelos estudos, pela escola, pelo espiritismo. Encantou-se quando aprendeu o B-A-BÁ e começou a desenhar seu nome civil: Maria Carolina de Jesus, homônima de sua mãe. Descobriu o mundo encantado dos livros, da literatura, das artes: foi amor à primeira vista! Nos livros, encontrava o “norte” para a sua vida, assim como nos sábios conselhos do vô Dito.
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Começou a ler tudo o que achava: jornais e revistas velhas, folhetos de propagandas, cadernos velhos etc. O que para uns era lixo, para ela era um tesouro! Mas, na cidade, a garota continuava a ser rejeitada por ser combativa, “respondona” e agora... gostar de livros! - Livros não são para pobres como você! A criaturinha se acha a tal. Coitada! Ela ouvia aquilo tudo horrorizada, mas não dava muita bola, pois sabia da importância da leitura, de adquirir conhecimento. “Eita gente ignorante”, refletia... Às vezes, quando a provocação era demasiada, partia para a briga. Em casa, gostava de passar para os irmãos menores tudo o que aprendia no grupo escolar. Isto é, quando ela possuía um tempinho livre, como qualquer criança do seu tempo, tinha que trabalhar para ajudar no sustento da família: catando lenha, cuidando da casa e dos irmãos, lavando roupa com a mãe, roçando o mato, trabalhando na colheita... Sua vida não era fácil! Muito trabalho e pouca comida. Uma tarde, numa das idas à casa sede da fazenda, Bitita acompanhou sua mãe, que fora entregar
uma trouxa de roupa lavada e passada. D. Maria Leite ponderou. - Bitita, estou muito orgulhosa de você. Soube pela professora do colégio que você é uma das melhores alunas da turma. Já escreve e lê com desenvoltura. Faz até versinhos. Gosta de recitar nas festas. Passou para o segundo ano com louvor. Parabéns! Ela exibiu o melhor dos seus sorrisos, mostrando os seus lindos dentes alvos como as nuvens do céu. A mãe ouviu tudo orgulhosa. - Sabe, d. Maria, sou muito grata por tudo o que a senhora faz pela minha menina. Desejo que ela se torne professora. Ela vai poder alfabetizar toda criançada da fazenda e aqui das redondezas, eita trem bão! - O quê? Eu trabalhar como professorinha de fazenda? Nunca! Eu quero é ser uma professora renomada, lecionar na cidade grande. Ser famosa! Escrever livros... - Mas o que é isso, Bitita! Você passou dos limites. Olhe para a realidade. Não sei de onde essa menina tira esses sonhos altos, pensamentos de ganância. Se conseguir se formar na Escola Normal já será um milagre. Disse a mãe já irritada com os “delírios” de Bitita.
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Pouco tempo depois daquele encontro, chegara o fim do ano. O trabalho nas fazendas do triângulo mineiro estava dificultoso. O seu padrasto recebera uma proposta para a família labutar nas bandas paulistas. Sem titubear, aceitou. Ajuntaram os seus cacarecos, que não eram muitos, e partiram para o novo endereço, porém, o destino era o mesmo: muito trabalho, pouco dinheiro, exploração, miséria, falta de perspectivas, tristeza e a repetição do mesmo ditado: “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. E, claro, Bitita não aceitava nada disso. A garota precisou dar adeus ao Grupo Escolar Allan Kardec, aos coleguinhas, à professora e aos estudos, mas não às suas ideias, ideais e aos livros! A vida seguiu. Nada foi fácil, muito pelo contrário, essa menina sofreu demais, como a maioria das mulheres brasileiras. Sua trajetória é longa, contudo, conseguiu o que almejava: tornar-se escritora, com vários livros publicados no Brasil e no estrangeiro. Conto em homenagem à escritora Carolina Maria de Jesus, incluido no livro “Leva-me contigo!”, de Thais Matarazzo. 26
SÃO PAULO Ricardo Cardoso Ah! Vila São Paulo de Piratininga, São Paulo da garoa, São Paulo dos bondes, São Paulo das ruas estreitas, cresce no ritmo acelerado, como os corações apaixonados. Ah! São Paulo, dos Teatros, Cinemas, casas de chá, cresce no ritmo acelerado, como os corações apaixonados. Ah! São Paulo, dos Palacetes, dos Nobres Condes, Condessas e Comendadores em seus lindos carros luxuosos, esbanjando elegância. Ah! São Paulo, dos boêmios, dos sambistas, das lindas mulheres em seus vestidos com seus chapéus de plumas e o elegante malandro cortejando nas noites da garoa. Ah! São Paulo da garoa, Ficou nas lembranças, nas músicas, nas histórias, daquele senhor sentado na Praça, contemplando o ritmo acelerado da Metrópole São Paulo. Ah! São Paulo, dos arranha-céus, Mirante do Vale, Martinelli, Altino Arantes, Birmann, entre tantos outros majestosos espigões. Ah! São Paulo, de tantas raças, tantas culturas, uma miscigenação perfeita. Ah! São Paulo da garoa, do sol, dos Palacetes, dos Arranha-céus, da diversidade do seu Povo. Ah! Como pulsa meu coração de Poeta na minha São Paulo!!!
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Da dir. para esq., vemos, Juca Felismino, José Carlos Teixeira, Miguel, Gael, Magali Gui, Sérgio de Castro, Thais Matarazzo e prof. Dutra. Foto: Gilberto Cantero
OS IMIGRANTES
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o próximo mês de março o programa Os Imigrantes completará dez anos de transmissão pelas ondas da Rádio Trianon 740 AM de São Paulo (www.radiotrianon. com.br). Vai ao ar aos domingos, das 19 às 21 horas, sempre com muitas atrações. A apresentação é feita pelo Comentador Manuel Teixeira, José Carlos Teixeira, Sérgio de Castro e prof. Dutra; Irma Casari cuida da produção; na técnica estão os operadores Juca Felismino e Neildo Neris. O programa conta com uma programação musical variada e selecionada pelo Comendador Teixeira. Os Imigrantes é um apoiador da literatura e Foto: José Carlos Teixeira
das artes em geral: divulga sempre, com carinho, todas as atividades da nossa editora e os nossos amigos escritores. É sempre uma alegria participar dos programas no estúdio da rádio no 1º andar do número 900 da Av. Paulista. E para agradecer toda a atenção e deferência recebidas, no dia 9 de fevereiro durante a sessão comemorativa que iremos realizar na Câmara Municipal de São Paulo, Os Imigrantes e toda a sua equipe serão homenageadas com um Diploma de Gratidão da Editora Matarazzo.
bares? Válvula de escape de tantos conflitos! Problemas de todos os tempos que terminam em pizza. Então, vamos festejar, divertir, Geraldo Nunes sorrir, sentir, planejar, conspirar, desabafar, amar com gritos e com calma. Até mesmo Jornalista, radialista e chorar, se necessário, dentro escritor. Participa das de um bar ao som de uma cancoletâneas da Editora ção romântica pode ser mais Matarazzo desde 2016. gostoso que estar no escuro da solidão dentro de um quarto NOS BARES DA VIDA evocando fantasmas construídos pela incompreensão dos nossos erros! uando Lucia Helena Gama lançou, A solução de muitos problemas está às em 1998, Nos Bares da Vida, escrevezes dentro de um bar, embora seja este vemos a ela uma crônica em homenagem também um lugar fácil para se arrumar a seu livro. O papel hoje amassado e enconfusão. A diferença entre os bares e contrado na gaveta mostra ainda uma reas igrejas, é que nestes Deus e o diabo alidade atual ao dizer assim: parecem estar juntos, quem sabe na mes“Bares existem em quase todas as esma mesa, ou na figura sentada à mesa do quinas e servem não só para o café e o lado. pão nosso de cada dia, mas para receLugar de se olhar e ser olhado. Ponto de ber à noite os frequentadores da ilusão, encontro para jogar conversa fora e lavar sempre em busca de um copo repleto de a alma na busca de novos desafios! alegrias momentâneas. Nos bares a vida se renova na comemoHá bares e bares, a roupagem se modifiração de cada conquista e no afogar das ca de acordo com horário e o lugar. Asmágoas diluídas pelo amargo gosto da sim também acontece com os rótulos das derrota. Nessas horas o garçom pode ser garrafas que vão se abrindo para transum grande amigo. E quem nunca entrou formar a tristeza no sonho possível. em um bar buscando encontrar amigos Todos deixam nos bares, um pouco de que atire a primeira pedra! si. São bares que já não existem, mudaBares, para uns quanto mais perto meram de nome, de endereço, de dono, de lhor! Para outros, quanto mais longe mefreguesia. Sua existência, porém, segue lhor. Os bares costumam ser, em alguns viva nas lembranças e como estamos no casos, mais úteis que um analista ou um tempo presente e o passado ficou para psiquiatra. Os bares pertencem ao muntrás, busquemos conhecer novos bares do e existem para alegrar os vivos.” para assim resolver o que ainda não foi Só mais uma coisa: “Procure não dar resolvido. vexames, beba com moderação”. O que seria de nós se não fossem os
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