REVISTA ESCRITORES BRASILEIROS CONTEMPORÂNEOS - Nº.4 Ano I - nº. 4 - Maio/2019

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ESCRITORES BRASILEIROS CONTEMPORÂNEOS Revista Literária Edição 4

Número dedicado à importância da leitura na infância e ao Dia das Mães

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Entrevistas Poesia Livros Saraus Lançamentos Concursos literários Agenda


EXPEDIENTE Revista pertencente à Editora Matarazzo. Email: livros@editoramatarazzo.com / thmatarazzo@gmail.com Telefone: (11) 3991-9506. CNPJ: 22.081.489/0001-06. Distribuição: São Paulo - SP. Diretora responsável: Thais Matarazzo MTB 65.363/SP. Depto. Jurídico: Tatiane Matarazzo Cantero. Periodicidade: bimestral. Formato: A5 (14,8 x 21 cm). Tiragem: 1000 exemplares. Capa: Tatiana Matarazzo Cantero e Giovanna Campos Matarazzo. Edição 4 - Nº 4 - Ano I - Maio/2019. A opinião e conceitos emitidos em matérias e colunas assinadas não refletem necessariamente a opinião da revista Escritores brasileiros contemporâneos. Blog www.editoramatarazzo. blogspot.com

Thais Matarazzo, Ana Jalloul e Ricardo Cardoso

O Sarau Cai na Roda teve a sua terceira edição no dia 13 de abril, realizado no Museu da Santa Casa de São Paulo. Foi um sábado animado e divertido! Além do tradicional sarau, aconteceu o lançamento do folhetim Além do Tempo... de Thais Matarazzo, com a presença dos amigos Ana Jalloul e Ricardo Cardoso - que inspiraram os personagens Madame Jalloul e Mister Cardoso -, e Brincar e Sonhar de Ísis San, ambas publicações da Matarazzo. O próximo Sarau Cai na Roda acontecerá em 16 de maio, na 17 ª. Semana Nacional de Museus, anote na agenda!

Sarau Cai na Roda, Museu da Santa Casa de São Paulo, 13/4/2019. Fotos: Gilberto Cantero


MARÍLIA PECLY

É a nossa entrevistada! Marília conversou conosco sobre a importância do hábito de leitura para as crianças, dentre outras curiosidades. Ela é Pedagogoga, Especialista em Neurociência e Psicologia Aplicada. Coordenadora da Educação Infantil e 1º ano do Colégio Presbiteriano Mackenzie SP. Certificada Internacionalmente em “Reggio Aprouch” - Reggio Emília - Itália. Esposa de Ilustrador e apaixonada por contar histórias! Escritores brasileiros contemporâneos: Qual a importância do hábito de leitura na infância? Marília Percly: A principal importância do hábito de leitura na infância se dá para uma melhor compreensão de mundo. O compreender da vida, a relação da linguagem e imagem, o exercício da própria imaginação, o aprender a ler e o gostar de ler, constituirão esta criança e isso se refletirá no adulto que ela virá ser. A falta de leitura nos mostra Escritores brasileiros contemporâneos

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a realidade da grande parcela da nossa sociedade com o empobrecimento mental. A leitura nos possibilita um ganho de viver e conhecer e ter estas inúmeras experiências diferentes, de leitura e contato com os livros, será parte importante do desenvolvimento da criança. Atualmente com os estudos da neurociência sabemos que os estímulos para a leitura começam antes mesmo de o bebê nascer, sendo acolhido num universo de cultura, de palavras, sendo introduzido na linguagem e 85% do desenvolvimento cerebral da criança acontece antes de ela completar 5 anos, por isso a importância do “ler imagens”, “ler situações”, ler palavras, ler textos e contextos. Dos 2 aos 6 anos, a leitura está, no ponto de vista das crianças, na construção do faz de conta, nas brincadeiras, na invenção de narrativas, na criatividade. O Era uma Vez, costuma ser uma palavra chave para entrar num universo diferente do cotidiano. O viajar para onde quiser e ser quem quiser!!! O IBGE nos mostra que 98% dos municípios brasileiros contam bibliotecas, então o que nos falta? Nos falta a prática social da leitura. E.B.C.: Além da escola, o estímulo de leitura deve ser fomentado em casa? M.P.: Em um ranking mundial de índice de leitura, o Brasil ocupa a 59ª posição dentre 70 países. Porque as pessoas lêem? As crianças lêem pois gostam e se encantam, a medida em que o tempo vai passando, a leitura entra como uma oportunidade para se aprender e se -

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atualizar em termos profissionais, isso tem muito haver com o modelo de escola que temos, que encara a leitura como ferramenta própria. A leitura não nasceu com a escola, a prática social de narrar histórias é muito anterior a própria escola, a escola traz isso como oportunidade de aprendizagem. E.B.C.: A ilustração é uma ferramenta importante para os pequenos leitores? M.P.: Antes mesmo de existir a escrita, está a capacidade de se relacionar-se com o mundo através das imagens. Os desenhos podem contar uma história paralela, enriquecem certamente a leitura e nos coloca de encontro aos nossos sentimentos e emoções. Ajudam a criança a elaborar, entender e apreender algo. Primeiro a criança decodifica as imagens e depois as palavras. Em especial, a leitura - ou contato com livros de imagens, farão um bem maior que é contribuir para o hábito leitor. Quando uma criança começa a pintar por exemplo, ela pinta alguns elementos da cor que ela acha interessante, ou até mesmo do lápis que está mais acessível, aos poucos ensinamos na escola que a terra é marrom e o mar é azul, a criança terá uma tendência de ir reduzindo isso as regras, então o que acontece ao longo dos anos na escola é também um abandono dos interesses das individuais das crianças dividindo o mundo entre os conceitos que apresentamos a ela, por isso a leitura de obras de imaginação são importantes para que possam extrapolar as barreiras e os limites do mundo que vai se impondo a ela. Pensando em educação inclusiva, é

cada vez mais responsabilidade e papel do ilustrador a construção de enredos que envolvam a identidade da criança, que ela se reconheça e se identifique primeiro, também com as imagens. E.B.C.: Na rotina escolar, a modalidade de leitura em grupo, moderada pela professora, é mais prazerosa e traz maiores resultados do que a leitura individual? M.P.: Uma situação não exclui a outra. Ouvir uma história bem mediada pelo adulto faz com que a criança sinta prazer em imaginar para além da própria história e aquietar-se em um livro para ler só, o permite extravasar também para além da história. O que ocorre é que temos a ilusão de que é fácil ler, não é fácil ler, o cérebro faz um esforço grande para ler, pois não é como a imagem ou a música por exemplo que temos rápida clareza sobre a informação, a criança tem que decodificar as letras e aí sim o cérebro nos passará uma informação quanto as palavras, frases, textos... Às vezes, exigimos, injustamente, que a criança “saia lendo”, precisamos ajudá-la neste repertório, pensar em incentivos e atrativos para que este momento seja cada vez mais prazeroso. O professor (ou outro adulto) se torna então o grande mediador com a grande importância de incentivar a criança a ler proporcionando a ela contatos agradáveis com o livro e a leitura. Aprender a ler para ler para aprender, pensando nesta afirmativa, quando os alunos estiverem em fase de aquisição da leitura, os momentos individuais são importantes pautados no viés pedagógico de acordo com vocabulário, gramática,


interpretação de texto e sua compreensão. Já o grupo nos remete a importância da oralidade, a conversação, repertório literário e mais de 6000 mil palavras serão oportunizadas através da leitura até os 6 anos de idade. E.B.C.: Qual a importância de selecionar os títulos para cada faixa etária? M.P.: Tem muitas coisas em torno da leitura que são disseminadas e que não condizem com a realidade da criança ou com a experiência em si. Este é um problema na formação de novos leitores pois as crianças escutam algo em torno da leitura que não corresponde com o que eles vivem. Então, ler é prazeroso, fantasioso, mas quando ela abre um livro que desafia mais, que traz uma linguagem mais resistente, que ele precisa acionar todos os seus recursos para poder ir adiante, a criança acha aquilo não prazeroso e começa a ter a crença de que não é leitor, de que não consegue, de que não tem este talento e isso será um grande engano, pois a leitura é para todos, de acordo com Antonio Cândido, leitura é um direito Humano, justamente por todas as vantagens que ela pode nos trazer e da forma que poderemos nos posicionar no mundo. Importante que a criança tenha a oportunidade de escolher o que quer ler, porém mediando e incentivando e especialmente selecionando os exemplares que estarão a disposição de cada faixa etária. E.B.C.: É importante no ambiente familiar os pais estabelecerem uma rotina do momento de leitura? M.P.: Além de vínculos afetivos que

se consolidam através dos momentos íntimos da família com a criança, um adulto parar toda sua rotina para contar histórias, criará marcas de memória para sempre na vida de uma criança. A voz do outro, a “voz do livro” fará com que a criança descubra o que é o pensamento. Ler para uma criança pequena é vê-la fazendo pesquisas, ela vai e volta, pedindo para contar mais de uma vez, pois, vai acompanhando a narrativa para conseguir fazer a aquisição da história. A contação de história não implica necessariamente em leitura, a imaginação adulta (as histórias inventadas), se ela se reporta a sua própria infância, ela é capaz de inventar belas histórias para contar as crianças. Para as famílias, a principal porta de entrada para os livros em casa é manter desperta ideia de imaginação, brincar com algo que se vê misturado a elementos que não se vê, mantém esse respeito pela imaginação, é isso que faz o interesse, a curiosidade e automaticamente e naturalmente eles vão escutando histórias e livros, e a leitura se torna o momento de prazer. Estudos mostram que a mãe é indicada como a pessoa mais importante na influência pelo gosto da leitura. Cria-se os filhos mais pelo exemplo do que pela palavra, aí dá-se a importância de as crianças verem os familiares com os livros. “Meus filhos terão computadores sim, mas antes terão livros, sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever, inclusive a sua própria história.” Bill Gates - Microsoft.


MAIRA, A ALEGRE CAMPEÃ Por Glafira Menezes Corti Maira Ranzeiro é atleta profissional de tênis de mesa, integrou a seleção brasileira por oito anos, é bicampeã latino-americana e primeira negra campeã brasileira nesse esporte. Também é musicista, compositora e escritora. Maira é a nossa entrevistada. Atualmente você exerce quais atividades? Sigo jogando tênis de mesa, também atuo como musicista, pandeirista do grupo de samba Samba de Rainha e como freelancer com outros cantores. Sou a idealizadora da Oficina de Pandeiro Maira Ranzeiro para mulheres. Como escritora estou participando de eventos com o meu livro Maira, a alegre campeã, em março participei de eventos no Sesc Paulista, Pinheiros (SP) e no Sesc Arena, no Rio de Janeiro; em abril estarei na Feira do Livro do colégio Estimoarte em Florianópolis, 6

SC, e é sempre muito bom poder estar perto das crianças conversando sobre literatura e esporte Como musicista e compositora você tem como objetivo principal atrair e conquistar as crianças? Atualmente o foco é conquistar os espaços para nós mulheres e alargar os caminhos já abertos. Mas tenho planos de compor músicas infantis, workshop, enfim, focar também no público infantil. Sou apaixonada pela música e pelo poder da arte, eu sempre gostei muito de ler e escrever. Pra mim foi natural compor, sempre amei me expressar através das palavras escritas. Com relação ao fato de ser musicista meu instrumento numero um é o pandeiro de couro, também toco outros instrumentos percussivos e estudo cavaquinho e violão. O que motivou a escrita do seu livro? Comecei a jogar tênis de mesa com 11 anos no Sesc Vila Mariana em São Paulo, me apaixonei por esse esporte, treinei firme, me dediquei e consegui integrar oito anos a seleção brasileira, tive a oportunidade de conhecer diversos países como Japão, Áustria, Espanha, Chile, dentre outros, sou bicampeã latino-americana, tricampeã dos Jogos Abertos de Santa Catarina e aos 15 anos me tornei a primeira negra campeã brasileira de tênis de mesa. Paralelo a tudo isso, fiz faculdade de Letras na UFSC e sempre tive o sonho de escrever um livro, porque sou apaixonada pelas palavras escritas e por livros hehehe, então entendi que seria

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uma ótima maneira de eternizar essa história e deixar um legado. Em 2017 fui novamente campeã brasileira, melhor atleta do ano e primeira colocada no Ranking Brasileiro, então entendi que era o momento de escrever e publicar o meu primeiro livro infantil: Maira, a alegre campeã, que tem várias intenções como espalhar alegria, mostrar os benefícios do esporte, a importância da família, trazer essa representatividade negra e feminina, mostrar que mulheres negras também são vitoriosa, dentre outras intenções. Qual foi o seu propósito ao escrever um livro voltado para o público infantil? Eu amo as crianças e acredito que as grandes Mestras e Mestres são as crianças a conexão é direta. Do mais também seu que as crianças são as adultas(os) de amanhã por isso quando criamos crianças com uma mentalidade de igualdade com certeza serão adultos conscientes.

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TOUR DAS TATIANICES

Emocionante é a palavra que melhor define este passeio em homenagem ao centenário de Tatiana Belinky (1919 - 2013). Tatiana foi escritora de literatura infantojuvenil, cronista, roteirista e tradutora de grandes obras russas e a responsável pela primeira adaptação para a TV, em 1952, de O Sítio do Pica-pau Amarelo. Organizado pelo guia de turismo Laercio Cardoso de Carvalho e a jornalista Thais Matarazzo, o tour contemplou os bairros de Santa Cecília e Higienópolis, locais onde a família Belinky residiu entre as décadas de 1930 e 50. Foi realizado em duas data: 19 e 27 de abril, uma visita especial foi ao Centro Histórico e Cultural Mackenzie, Tatiana e seus irmãos estudaram na Escola Americana na década de 1930. -

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POEMAS DE CRIS ARANTES POETIZAR

VIAGEM

Poetizando vou vivendo Inspiração recebo do céu Meu caminho vou tecendo Como a noiva o seu véu Cada ponto que eu faço Minha inspiração aflora Cada pérola que eu laço Tenho que montar na hora Bordar também é poetizar Com as palavras vou brincando Minhas fotos vou clicando Amar é primordial Inspiração é divino É o meu destino.

Teus olhos distantes Olhando o céu Não perceberam A minha presença Nem qual era meu papel Viajavam nas nuvens Entretidos com as figuras Que se formavam Como elas se aglutinavam Com os ventos do Sul Imagens que faziam Com o que o cercava Não ter importância Fiquei a esperar teu momento Tentei acompanhar-te Quando vi que nessa viagem Não seria possível Soltei minhas asas E voei.

Maria Cristina Arantes (Cris Arantes): professora licenciada em Pedagogia. Poeta, cantora e musicista. Possui um CD Só por amor, onde musicou treze poemas. Postagens de poemas em redes sociais e apresentações em Saraus Literários e Musicais. Participou de quatro Antologias pela Editora Matarazzo: Poesias Contemporâneas volumes IX-X, Baila comigo? e Carnaval em Prosa & Verso, e das três edições da revista Escritores brasileiros contemporâneas; e da Antologia Para Vinícius da Editora Do Carmo. É membro titular da ACL, cadeira 12: Florbela Espanca. 8

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A natureza egoísta de uma mãe Ana Paula Arendt* Ah, teus olhos brilham, Menina linda, Menina estrela. Brilham como esferas perfumadas do espaço vindas, neles há pó de ouro, faísca da água, universo em parcela. Por um segundo neles dou minha vida. E dou novamente, e uma vez mais em seguida. Eles me observam tão vívidos, dentro um turbilhão implacável. Giram uma roda silenciosamente improrrogável de vida com riso e estalos de flores. Meninas correndo, Correndo e brincando para esquecer de algumas dores. Virá o tempo em que as dores não serão esquecidas. Companheiras permanentes de doces vidas vividas. Mesmo assim, doloridas, quererás todas elas para si. As lágrimas escorrerão, mas mesmo assim não serão suficientes para que nenhuma outra sobre no mundo; para que os filhos corram e brinquem. Escritores brasileiros contemporâneos

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Eu as guardo todas no lago fundo onde se escondem as dores feito peixes, tímidas se alguém se aproxima que não seja para alimentá-las. As dores, minhas melhores amigas de sempre... Elas jamais me abandonam. Corre e brinca, minha Menina linda, pois tens pó de ouro, faísca de água, universo em parcela, implacável e improrrogável, girando uma roda com riso e estalos de flores: porque assim me fazes feliz. Pois no fim dos anos todos nós indagaremos: quanto tempo mais eu poderia correr e brincar? Quanto eu daria por um segundo a mais ao lado de quem, egoísta, guardava todas as lágrimas?

Ana Paula Arendt: pseudônimo literário de R. P. Alencar, é poeta e diplomata brasileira. -

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No dia 25 de maio de 2019, comemoramos 125 anos do nascimento do “Cantor das Noites Enluaradas” – PARAGUASSÚ – meu Patrono na ACL de São Paulo. Paraguassú, foi o nome bem brasileiro que Roque Ricciardi escolheu para livrar-se do “italianinho do Brás” como era conhecido nas rodas boemias no início do século XX. E foi assim que o “Cantor das Noites Enluaradas” encantou o Brasil inteiro e especialmente a sua querida cidade de São Paulo; a terra da garoa, dos lampiões de gás, das frias e cinzentas madrugadas, das flautas, dos cavaquinhos e violões que teciam madrigais às namoradas. Era o tempo dos bairros famosos por suas serenatas: Brás, Bexiga, Cambuci, Bom Retiro, Liberdade. Esse era o cenário de Paraguassú em 1908 quando iniciou 10

a cantar, contrariando sua mãe, que já havia destruído seu primeiro violão (que fora comprado por dez mil réis), na vã esperança de afastá-lo da música e da boemia. O segundo foi queimado por seu padrasto no forno de fazer pão. Mas sua vocação era maior, e não foi possível calar dentro dele a veia poética, a necessidade de transformar em poesia e canção tudo o que via sentia e vivia. Assim, já em 1912, fez sua primeira gravação e não passou muito tempo até que PARAGUASSÚ se tornasse um grande ídolo do rádio brasileiro, conhecido de Norte a Sul, com vasta discografia. Recebia cerca de 300 cartas de fãs por semana e cantava com maestria as composições do seu grande amigo Catulo da Paixão Cearense, que outorgou-lhe uma autorização registrada em cartório, para interpretar suas composições, dedicando-lhe além da grande amizade, estes versos: “Qual seria o anel do cantor Como tu, Paraguassú? Como tu, cantor do amor? Esse anel seria uma saudade brilhando Ou melhor, uma saudade cantando Na cravação de uma dor!” Paraguassú foi um dos jovens que formaram o grupo da “Rapaziada do Brás”, tendo em 1927 inaugurado o sistema elétrico de gravação, com o grande violonista Canhoto, e, quando

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em São Paulo havia apenas seis lojas vendedoras de discos, Paraguassú vendia mais de mil discos por dia. Em 1929 atuou no primeiro filme falado brasileiro Acabaram-se os Otários, onde interpretou música de sua autoria Bem-te-vi tendo vendido em três meses 45 mil cópias conquistando o “Disco de Ouro” da época, tendo atuado também em Campeão de Futebol, Coisas Nossas, Mágoa Sertaneja e Fazendo Fita. Criou um dos primeiros conjuntos de música popular brasileira, o Grupo Verde-Amarelo composto por Sampaio e Pilé nos violões, Fernando Chaves no bandolim, Carrara, Veríssimo e Atílio Grany nas flautas e o Garoto no banjo. Publicou os livros: Lira do Paraguas-

sú, O Cantor das Noites Enluaradas, Cancioneiro do Brasil e Buquê de Rimas, escreveu várias peças de teatro, compôs centenas de canções que divulgou percorrendo o Brasil de Norte a Sul, sendo autor também de vários métodos de violão, alguns vendidos até os dias de hoje, e numa triste madrugada de 5 de janeiro de 1976 foi levar sua música para outro plano. Sua frase preferida: “Eu vivi para cantar, nunca cantei para viver!”. Saudade! Neide Lopes Ciarlariello (sabichi@uol.com.br) Poeta e escritora paulistana, compilou a autobiografia de Paraguassú, seu avô, no livro Baú da Saudade (Matarazzo, 2016).


GALERIA DE ARTE DIGITAL ULYSSES GALLETI Alguns quadros da fase rebelde do artista. Página no Facebook: www.facebook.com/Galeria-de-Arte-Digital-Ulysses-Galletti2234767160173541/?modal=admin_todo_tour

Título: Luminária de mesa Código: UG201 Artista: Ulysses Galletti Ano: 2018 Dimensão: 50 cm x 50 cm Descrição: Pintura digital, reproduzida sobre tela. Histórico: Na luminária não existe ligação da base com a cúpula e o foco de luz é bastante direcionado. Tiragem desta obra: de 01/10 a 10/10. 12

Título: BULE DE CAFÉ Código: UG202 Artista: Ulysses Galletti Ano: 2018 Dimensão: 50 cm x 50 cm Descrição: Pintura digital, reproduzida sobre tela. Histórico: Bule de café sem alça e com a fumaça direcionando-se para baixo. Tiragem desta obra: de 01/10 a 10/10.

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Título: Cafeteira italiana Código: UG203 Artista: Ulysses Galletti Ano: 2018 Dimensão: 50 cm x 50 cm Descrição: Pintura digital, reproduzida sobre tela Histórico: A cafeteira possui o bico localizado na parte inferior, onde estava a agua, quando o certo é na parte superior onde está o café pronto. Tiragem desta obra: de 01/10 a 10/10.

Título: CABIDE PARTIDO AO MEIO Código: UG204 Artista: Ulysses Galletti Ano: 2018 Dimensão: 50 cm x 50 cm Descrição: Pintura digital, reproduzida sobre tela Histórico: Cabide partido ao meio, inutilizável. Tiragem desta obra: de 01/10 a 10/10.

► Título: Cadeira de madeira Código: UG205 Artista: Ulysses Galletti Ano: 2018 Dimensão: 50 cm x 50 cm Descrição: Cadeira com os pés do lado esquerdo cortado e se mantendo em pé. Tiragem desta obra: de 01/10 a 10/10. 13


LYGIA MARQUES KIGAR Por Cátia Kigar e Malcolm Forest Lygia Marques Kigar, 100 anos de vida, energia pura como muitos a classificam, uma vitalidade incrível. Carioca, nascida na Tijuca, viveu muitos anos em Santa Teresa. Família de origem diamantinense, com história de matriarcas, mulheres fortes como as mitológicas amazonas, de fibra e muita garra. Inteligente, sagaz desde a infância, aprendeu a língua inglesa antes dos cinco anos de idade, apenas ouvindo amiguinhos falar na pensão de seu avô. Aos 13 anos era simpazante dos paulistas e assim ganhou de seus colegas o apelido carinhoso de “A Paulistinha”. Trabalhou com um dos mais renomados neurologistas do Rio de Janeiro, o Prof. Dr. Austragésilo Filho, a quem até os dias atuais se refere com muito carinho. Seu colega, o Dr. Borges Fortes era admirador de sua inteligência e lhes deram um título de “doutora honoris causa em neurologia”. Sempre apaixonada por cinema, nas 14

décadas de trinta-quarenta conseguiu o autógrafo de Ty r o n e Power no Pão de Açúc a r quando em visita ao Rio em uma fotografia sua, e ainda hoje a guarda com a mesma admiração que tinha por ele em sua juventude. Carnaval, alegria, “Oh jardineira porque estás tão triste?” - uma de suas preferidas, uma carioca feliz e animadíssima. Além de suas características de espírito festivo, foi a grande companheira de Paul Donovan Kigar, a quem conheceu em 1944. Vindo dos Estados Unidos, ele fazia parte da marinha americana. Dona Lygia encontrou-se pela primeira vez com Mr. Paul no SPDC - Special Phonetic Drill Club, um clube de amigos que se reuniam para conversações em inglês. Uma troca de olhares

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e um sorriso tímido. “Paul era muito tímido”, diz dona Lygia, “mas tinha pinta de galã” e talvez a tenha inspirado como um ator de Hollywood. Desde criança, porém, dizia que iria se casar com um oficial da marinha norte-americana, como os que via elegantemente fardados, hospedados na pensão Diamantina de seu avô. Um romance e tanto, como muitas moças na época adorariam ter vivido! Sempre sensível, Lygia preocupouse todo o tempo com o próximo. A pessoas que passavam na rua, socorreu acolhendo com carinho e oferecendo alimentos. Trabalhou durante vários anos na “Promoção Humana” da paróquia de Santa Joana d’Arc, no bairro Jardim França, paróquia que viu inaugurar e que até hoje frequenta. Como uma verdadeira líder auxiliou famílias necessitadas, encaminhou pessoas doentes como alcoólatras a serviços de saúde para tratamento. Separava roupas e alimentos, incansavelmente, colocando-se a

serviço do próximo. Recebeu milagres de São Frei Galvão. Se perguntar à Dona Lygia qual o seu segredo para tanta vitalidade, ela dirá: ”Sempre vivi sem me preocupar com nada; esquentar a cabeça pra quê? Vamos ser felizes!”

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O DOUTOR E A LAVADEIRA Robinson Silva Alves - 1º lugar Em um dia de Janeiro Meu pai chama a parteira Pois seu filho vêm chegando Naquela segunda-feira Minha mãe muito forte Bela, valente e guerreira Me disse ao chegar Nasceu minha estrela

CONCURSO DIA DAS MÃES RESULTADO Promovido pela Editora Matarazzo, o concurso teve como jurados os poetas e escritores Karina P. Issamoto (Taubaté / SP), Regina Brito (Rio de Janeiro / RJ), e Ricardo Cardoso (São Paulo / SP). Os cinco ganhadores são: Robinson Silva Alves, Nazareth Ferrari, Maria Marlene Nascimento Teixeira Pinto, Dermival Souza e Felipe Sanna, os seus poemas estão publicados nesta edição da revista. Foram contemplados com Menção Honrosa: Paulo Silva, Leandro Monteiro, Jane Bakuri Ferreira, Felipe Nascimento Martins e Ana Camargo. Todos os dez poetas/poetisas também receberão certificados que serão entregues no Sarau Dia das Mães, na 17ª. Semana Nacional de Museus, em 18 de maio, das 14 às 16 horas, no Museu do Tribunal de Justiça de São Paulo, à R. Conde de Sarzedas, 100, Sé. Congratulamos os contemplados, os participantes e agradecemos ao júri pela colaboração neste concurso.

Cresci correndo Com os meninos na ladeira Vivi minha infância Em alegres brincadeiras Trabalhei desde pequeno No sábado lá na feira Nunca tive vergonha Nenhum tipo de besteira Um dia meu pai partiu Entregou-se à bebedeira Caiu no triste rio Despencou na ribanceira Nós sofremos muito Neste mundo sem porteira Minha mãe segurou firme Não perdeu as estribeiras Lavou roupa de ganho Enfrentou pesadas barreiras Sustentou a família Nesta história verdadeira Digo então de peito aberto Nesta vida estradeira Se hoje sou doutor Minha mãe foi lavadeira.


DIA DAS MÃES 2º lugar

ESTADO INTERESSANTE 4º lugar

Nazareth Ferrari

Dermival Souza

Entrei num jardim com muitas rosas Cada uma de uma cor Não sei qual te oferecer Para demonstra-te meu amor.

Teu corpo se transformará para recebê-lo. Eis que surge um novo ser dentro de seu ventre, feliz e todo contente. Que não vê a hora e o momento de estar em seus braços. Sentir seu cheiro, seus amassos, ter sua proteção e sua companhia. Ah! Mas, ele irá te dar muitas alegrias. Ele já te ouve lhe diga coisas boas, Amáveis e delicadas. E pense sempre positivo e lembre-se: Que está dádiva lê foi concebida, Por ser especial, merecedora. Mas ele vai lhe dar muito trabalho. Noites de sonos mal dormidas. Todo seu tempo consumira, Mas, a cada dia que se iniciar, ao ver aquele lindo sorriso gratuito Sua força se multiplicará. E toda e qualquer peripécia que ele aprontar, Soará como recompensa. A cada dia de tal forma que seu peito Encher-se-á de alegria, a cada dente que surgir a cada passo que ele der, seu coração se alegrará. Seja bem-vindo este lindo ser.

A amarela é tão bonita A cor-de-rosa, já dei para alguém A branca que me permita Gostar da vermelha também. Em meio a tantas cores Fica muito difícil escolher Penso então na mais perfumosa Para poder te oferecer. Porém um pássaro passou cantando E deixou-me um recado Escuta a voz do vento Que sopra pelo outro lado. E no jardim dos sentimentos O vento passou a assoprar - O AMOR é a mais linda rosa Que você poderá lhe dar.

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MÃE 3º lugar

Maria Marlene Nascimento Teixeira Pinto Hoje é o teu dia. Estou saudosa de ti! Quero estar nos teus braços, nos teus abraços infindos, me aninhando no teu regaço, como outrora, sentindo as tuas mãos, enrugadas, me acarinhando... Quero me perder no teu doce e angelical sorriso, no teu calor acolhedor. Mãe, sou o teu fruto, gerado no teu ventre divino, nas tuas noites mal dormidas, no teu amor incondicional. Sou a tua maior realização! Mãe guerreira, mãe heroína, mãe abnegada, que me fizeste gente, me tornaste gente! Mãe, todos os dias são teus, foste escolhida por Deus, travestida de anjo, encarnando a luz santa, para me guiar na escuridão, fazendo brilhar o meu chão, o meu destino. protegendo-me dos descaminhos, neste planeta abençoado. 18

Mãe de ternura... Ternura de mãe. Mãe sem hora. Mãe a toda hora... Fizeste das lágrimas, risos. Das dores, coragem. Grata por me escolher como filha tua. Amo-te agora... Sempre... Sempre... Sempre... Para sempre!

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IN UTERO 5º lugar

Felipe Sanna Mãe, No útero germina a semente do amor e da vida. Experiência transcendental. Comunhão inigualável. Momento em que estabelecemos uma profunda e íntima conexão, Consolidada ao longo de nossas vidas. Mãe, A essência que carrega em seu ventre, É morada de paz, amor, harmonia, aconchego, segurança, conexão e alimento. Afinal, o que queremos da vida Senão aquilo que sentimos plenamente No útero materno? Tal experiência está registrada em nosso inconsciente, Como uma silenciosa referência incompreendida. Mãe, Mesmo quando estou distante, Em lugares onde a sobrevivência, por vezes, Torna-se uma perigosa e insana tormenta, Sei que terei em seus braços um breve retorno ao útero. Ele se faz necessário! É quando você me diz serena: - Tenha calma, meu filho... no fim, tudo passa. Mãe, Atena solidária da justiça. Tão injustiçada em nossos dias. Eterna simbologia poética, Que inspira músicos, pintores e poetas. Mãe, Quem diria... Você também pariu este filho errático e boêmio, Que traduz em versos o amor de um maldito poeta... Por ti. Mãe! Escritores brasileiros contemporâneos

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20 ANOS DO CEMEL Criado em 6 de maio de 1999 sob a denominação de Museu do Tribunal Regional Eleitoral (MTRE) e inaugurado em solenidade de 12 de agosto desse ano, o Centro de Memória Eleitoral (CEMEL), em conjunto com o Arquivo Geral do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, tem promovido o acesso à informação de fatos e documentos da História e Política de São Paulo e do Brasil. Entre suas obras, estão os livros “Justiça Eleitoral – Uma Retrospectiva”, “Paulistânia Eleitoral”, a página “Paulicéia Eleitoral” e o documentário “Operários do Voto – Memórias de um lugar”. Prepara aos cidadãos o livro “Voto É Memória: A Imagem da Democracia Brasileira em São Paulo (1932-1965)” e documentário sobre Arquivologia. Em entrevista, José D’Amico Bauab conta-nos um pouco desta relevante Instituição. O que é o Centro de Memória Eleitoral (CEMEL)? O Centro de Memória Eleitoral (CEMEL) é a unidade do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo encarregada de captar, conservar e divulgar não só a narrativa de existência da instituição, mas também o 20

histórico das eleições ocorridas em território paulista. Para cumprir esses propósitos, um riquíssimo acervo documental composto de títulos eleitorais, atas de apuração de eleições, registros de candidaturas, entre outros itens arquivísticos, e objetos tridimensionais, como urnas de modelos diferentes, constituem o seu inestimável patrimônio cognitivo na construção da memória político -eleitoral de São Paulo e do Brasil. O que o CEMEL oferece à população? A tarefa primeira e precípua do CEMEL é a de abrir os arquivos da Justiça Eleitoral paulista para a cidadania, desde uma pessoa que, por simples curiosidade ou diletantismo, queira se inteirar de algum aspecto da vida institucional do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, naquilo que não esteja protegido pelo sigilo legal, até pesquisadores acadêmicos que encontram no acervo custodiado pelo CEMEL uma poderosíssima fonte primária de informações. Jornalistas também muitas vezes se socorrem do CEMEL a fim de encontrar elementos fáticos para suas reportagens investigativas. O CEMEL, porém, não tem suas atividades restritas somente ao atendimento de demandas oriundas dos

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públicos externo e interno (nesse último caso, dos órgãos da própria corte eleitoral). A produção de textos (artigos e livros), trabalhos audiovisuais (documentários e o registro do projeto de história oral) e exposições são iniciativas permanentes assumidas pelo CEMEL numa tentativa desafiadora de colaborar na construção de uma narrativa coletiva da vida político-eleitoral de São Paulo e do Brasil. Outrossim, ações educativas junto a escolas e instituições afins são executadas pelo CEMEL, quase sempre em parcerias, com o propósito de evidenciar o papel da Justiça Eleitoral na operacionalização do processo democrático do Brasil. Visitas monitoradas e a realização de eleições simuladas entre estudantes utilizando-se ora o voto em papel, ora o voto eletrônico, integram o rol dessas ações.

assumem importância capital perante as gerações presentes e futuras de cidadãos que assim saberão, no que costumo chamar de “pragmáticomemorialismo”, discernir as vantagens de uma sociedade democrática que faz suas opções pelo exercício do voto de seus membros, das vicissitudes ocasionadas em regimes ditatoriais já vivenciados pelas gerações anteriores. O aperfeiçoamento dos costumes político-eleitorais passa necessariamente por um olhar retrospectivo de crítica e reflexão e a nossa Justiça Eleitoral não pode ser colocada de lado nessa análise que a sociedade brasileira de hoje tem de fazer de si mesma.

Como as pessoas podem aprender estudando a Justiça Eleitoral? Conhecer as origens e a atuação da Justiça Eleitoral contribui decisivamente para o entendimento do processo civilizatório brasileiro. Sendo a Justiça Eleitoral não só operacionalizadora como também guardiã do sistema democrático no Brasil, o registro e a divulgação do seu papel

Qual é o futuro do CEMEL? O futuro do Centro de Memória Eleitoral Paulista é esperançoso no sentido de continuar contribuindo, como modesto mas operoso agente, no entendimento coletivo do que seja a democracia entre nós, como ela foi se edificando desde a criação da Justiça Eleitoral em 1932 e como podemos aperfeiçoá-la a partir dos acertos e erros havidos. Nesse sentido, o CEMEL tem a ininterrupta e provocante missão de alargar e aprofundar mais ainda as suas ações lastreando-se num sonho de resistência da cidadania brasileira.

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Poema de Paulo Bomfim1© CENTRO DE MEMÓRIA ELEITORAL Este Centro que é Memória, Esta memória que é voto, Este voto que é verdade, Esta verdade que é voz, Esta voz que é liberdade! Aqui um Centro que centra O coração das campanhas, Os comícios de paixão, O palpitar das legendas, As plataformas ao vento, O apurar dos embates! Aqui a democracia Faz do voto uma trincheira Contra toda tirania, E o eleitor lembra com orgulho Da mocidade que um dia Escreveu com sangue e alma A epopeia da Lei Naquele 9 de julho! Neste Centro que é Memória, Nas urnas dos corações, Há de ficar para sempre Este voto de esperança No porvir de nossa terra, Este voto de confiança, No ideal da cidadania, Na consciência e vigilância Da Justiça Eleitoral No Chão de Piratininga! 1 BOMFIM, Paulo. Centro de Memória Eleitoral, In Paulistânia Eleitoral: ensaios, memórias, imagens, Organização José D’Amico Bauab, São Paulo, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, CEMEL, 2011, página 357.


O Dia Nacional e Municipal do Choro foi comemorado com uma rica programação pelo Clube do Choro de Santos. A Editora Matarazzo marcou presença no evento, com lançamento de livros e antologias, é o 5º ano que participamos selando a parceria e a amizade com o Clube do Choro de Santos. Fotos: Gilberto Cantero.

As comemorações do Dia Nacional e Municipal do Choro e o 17º Aniversário do Clube do Choro de Santos aconteceram no dia 20 de abril. Foi uma data animada e agradável, o tempo quente e o céu firme colaboraram com o acontecimento. A Editora Matarazzo em parceria com o Clube do Choro realizaram o lançamento de livros e da antologia Causos praianos paulistas. Desta feita ficamos no calçadão do Boule-

vard XV de Novembro, 68, em frente a sede do Clube, no centro histórico da cidade, de onde avistamos o Museu do Café. Marcello Laranja, presidente do Clube do Choro, lançou o segundo volume do seu livro de crônicas Caminhando, cantando e contando, Thais Matarazzo apresentou ao público santista o seu folhetim Além do Tempo... Valeu e até 2020!


Elisabete Gonçalves Santo (Bel) Queria Eu queria poder acordar... Ao som do vagar eterno e Penetrar no próprio ego. Tocar com o tato sensível, Sentir as verdadeiras vibrações, Desprezar as impurezas para Crer num amanhã. Entregar-me à bondade, Viver a liberdade, mas Amar sem dedicação. Morrer na obscuridade, Para nascer com nova prosperidade. Ser querida, sem ser cativada às impurezas... Classificadas na vida. Queria poder estender as mãos, e De olhos fechados caminhar para Intuitivamente me encontrar Sem expor-me à solidão. Elisabete Gonçalves Santo, conhecida como Bel Gonçalves: paulista, formada em Matemática pela Universidade São Judas Tadeu, Empresária na Área Imobiliária. Possui publicações tais como: Crônica em Revista de Negócios, Conto - Infantil, e, participação com Poesias em diversas Antologias. 24

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POEMAS DE LUIZ ALEXANDRE KIKUCHI NEGRÃO ODE À MÃE “ENCANTADA”

ARQUIVOLOGIA

O vento sopra meu rosto saudoso. No meio da bela Orla de Santos Vem a lembrança da alegre Denise. Que precioso Guardar esse momento, entre tantos!

Pedra, palimpsesto, papiro, Papel e, recentemente, mídias e bits, guardam bem Imagens, vídeos, dados, sons... Respiro: É muita coisa! Devem ser protegidos também!

Seu jeito contestador e audacioso Conquistou o jovem Renato com seus encantos. E vieram a Naomi graciosa e o Davor prodigioso. É uma bela família! Livre de quebrantos. Trocou de trabalho e com o esposo E os filhos seguiu por inúmeros cantos Mantendo honestidade e jeito cuidadoso. Cumpriu bem sua Missão: sob seu manto A Família prosperou. De modo blandicioso Sobre a memorável Denise vem o derradeiro Canto! Homenagem a Denise Mendes Obata (1961-2019)

Do sol, mofo, insetos, também A proteção deve ser contra o esquecimento. Piro: Já imaginou tudo desaparecer bem Num incêndio? Às chamas me atiro? De início vem o registro consoante a tabela de temporalidade e recebem Sobrevida, digitalização e boa guarda. É o retiro Da Gestão Documental, sob responsabilidade de pessoas de bem. Das estantes nos arquivos deslizantes, retiro Pasta com um pouco da Cultura e História, também. É enorme evolução em relação aos antigos papiros.

Luiz Alexandre Kikuchi Negrão: participou da bela Coletânea Histórica Para Sempre 32 - volume II, com o artigo Os Ideais Democráticos de 1932, pela Editora Matarazzo. Escreveu poemas como Netos de Hiroshima e A Luiz Poças Leitão Junior, o Pocinhas, e pende de publicação alguns no projeto Folhas Vivas, bem como elabora o projeto Coração Brasileiro, biografia autorizada pela família do saudoso Dr. Emeric Lévay. Publicou inúmeros artigos em sites jurídicos. Escritores brasileiros contemporâneos

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BRINCAR E SONHAR Isis San iniciou em grande estilo o lançamento do seu primeiro livro: Brincar e Sonhar - poemas para crianças (Matarazzo), edição bilíngue, traduzido para o espanhol por Cidália Vieira. Ilustrado a partir de recortes e colagem pela própria autora. A escritora incentiva à leitura e o processo de alfabetização e letramento, descrevendo o universo infantil com diversão e imaginação. Os poemas estão em letras maiúsculas. Em São Paulo, o lançamento aconteceu no Museu da Santa Casa, no Sarau

Cai no Roda, com direito ao Espetáculo Circense com poemas da escritora Isis San, com os palhaços Manoé e Lentilha da A.E.C.100zala. Em Santos, SP, o lançamento ocorreu no Dia Nacional e Municipal do Choro, organizado pelo Clube do Choro, regado a boa música, serenatas e sarau ao ar livre. A autora seguirá com a divulgação de seu trabalho na Feira Literária da Universidade Federal do ABC, e outros eventos e oficinas. Acompanhe todas as programações da autora na página do Facebook: @EscritoraIsis, e-mail: isisdeusagrega@bol.com.br


RECORDAÇÕES O bonde corre nos trilhos Pelos caminhos do Brás Leva no bojo meus sonhos Os meus sonhos de rapaz O bonde corre nos trilhos Num balançar incessante Corta as artérias da noite Descendo a rua da fonte O bonde corre nos trilhos Sob o céu muito estrelado As rosas, o jasmineiro A voz de Paraguassú Nosso eterno seresteiro O bonde corre nos trilhos... A vida é um sonho fugaz Toca o bonde, motoneiro Nas alamedas do tempo Do velho bairro do Brás.

Arnaldo Malagrine: paulistano, advogado e poeta. Membro da Real Academia de Letras do Rio Grande do Sul, cadeira nº. 128, e da Academia Maceioense de Letras, cadeira nº. 77.

APOIO CULTURAL

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Foi inaugurado em 18 de abril, às 19 horas, na Biblioteca Mário de Andrade um novo espaço para a literatura, é o Sarauzódromo, uma sala multiuso que reabriu após reformas dos janelões que dão para o jardim da Praça Dom José Gaspar, no centro de São Paulo. O espaço surge como um palco para diversas programações envolvendo literatura e performance. Saraus, slams e eventos de poesia expandida são algumas das linguagens que ocuparão o espaço. A festa de inauguração contou com a presença das escritoras e poetisas Conceição Evaristo e Roberta Estrela D’Alva e foi prestado um tributo à Ruth Guimarães (1920 - 2014) - poetisa, cronista, romancista, contista e tradutora brasileira. Foi a primeira escritora negra que conseguiu projetar-se nacionalmente desde o lançamento do seu primeiro livro, o romance Água Funda, em 1946. Ruth foi eleita em junho de 2008 para ocupar a cadeira número 22 da Academia Paulista de Letras. Conceição e Roberta apresentaram leituras de trechos de obras, como o romance Água Funda e as cartas que a autora escreveu a Mário de Andrade, seu padrinho literário. O músico Pedro Zaidler acompanhou as leituras. Em seguida, apresentou músicas de Mário Andrade e Villa Lobos. Houve um bate-papo com o público, Con-

ceição e Roberta destacaram a importância de acontecerem mais eventos como esse valorizando a cultura negra em nosso país. Evaristo ressaltou a relevância da coleta dos espólios das escritoras e poetisas negras para que sejam depositados em bibliotecas e arquivos a fim da preservação do material para futuras pesquisas e exposições. Estiveram presentes dois filhos da poetisa Tula Pilar, falecida em 12 de abril passado, em Taboão da Serra, SP. Nascida em Minas Gerais, Pilar chegou a São Paulo e trabalhou como empregada doméstica durantes muitos anos, descobriu os saraus poéticos na periferia da cidade e deixou, então, extravasar a poesia que existia dentro de si e não parou mais. Era admiradora da escritora Carolina Maria de Jesus. A jornalista Thais Matarazzo e poetisa Hilda Milk estiverem presentes representando a nossa revista e registrando os flagrantes do evento.

Fotos: Hilda Milk


VERSEJANDO COM IMAGENS VI Esta edição do nosso Concurso será dedicada ao centenário de nascimento de Tatiana Belinky (1919 - 2013), foto ao lado, um dos principais nomes Foto: reprodução da literatura infanto-juvenil brasileira. Nascida na Rússia, ela chegou ao Brasil aos dez anos e construiu uma relação com as crianças mesmo antes da sua estreia oficial como escritora, aos 64 anos. Na década de 80, a autora se tornou crítica de peças infantis do jornal A Folha de S. Paulo. Lá, em 1983, publicou o seu primeiro conto, Quem casa quer casa, sobre o amor de um caramujo e uma lesma. Até o seu falecimento, em junho de 2013, foram mais de 250 livros voltados exclusivamente para os pequenos. Tatiana não se considerava poeta, afirmava ser “trança rima”, como seu pai a chamava. Seus poemas são recheados de bom humor, a sua especialidade eram os famosos Limeriques. Participe do Versejando com Imagens VI, é grátis!

Os cinco ganhadores terão publicados seus poemas na revista Escritores brasileiros contemporâneos nº.5 - edição de julho, receberão placas comemorativas e certificados. Serão entregues diplomas de “Menção Honrosa” aos contemplados de número seis a dez. Consulte o regulamento e conheça as pinturas e fotografias concorrentes na nossa página no Facebook Versejando com Imagens (@versejandocomimagens). O prazo do Concurso é de 4/3/2019 a 30/5/2019. Informações: versejandocomimagens@gmail.com Acontecerão eventos em São Paulo e no Rio de Janeiro como Saraus e Sessões Solenes para entreguar os prêmios aos contemplados e poetas/poetisas participantes da antologia Versejando sem Fronteiras (para saber como participar, escreva para livros@editoramatarazzo.com / thmatarazzo@gmail. com). É a Editora Matarazzo em mais uma empreitada em prol do fomento da Poesia e da Literatura. São nossos parceiros culturais: Academia de Artes, Ciências e Letras da Ilha de Paquetá, AACLIP; programa Arado Literário, da Web TV Atlântica; Cocreate - MKT Digital, grupo Escritores sem Fronteiras, Hotel Carioca, e revista Verniz Artes Visuais.

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Gilberto Cantero, Thais Matarazzo e Hilda Milk

Nos dias 23 e 24 de abril, a Universidade Federal do ABC (UFABC) realizou o Festival Literário da UFABC 2019. A primeira edição do evento contou com espaço para compra de livros, troca de livros usados, contação de histórias, roda de conversa com autores, além de uma vasta programação cultural, com música, dança, artes plásticas e apresentações artísticas. O evento aconteceu no campus Santo André, bloco Bloco E (Ginásio), à Av. dos Estados, 5001. Com entrada gratuita, o Festival Literário foi aberto ao público da Grande São Paulo. A edição contemplou os escritores e 30

poetas. Thais Matarazzo compareceu com os seus livros e antologias das quais é organizadora pela Editora Matarazzo. Agradecemos a professora e escritora Márcia Lúpia que nos alertou sobre o edital de chamamento, assim, pudemos realizar as nossas inscrições e sermos convidadas a participar. Também estiveram presentes: Glafira Menezes Corti, Isis San e Hilda Milk, que expuseram, entre outros títulos, obras publicadas pela Matarazzo. Foi importante a experiência neste evento: potencializamos às chances do público conhecer os nosGlafira e Thais sos trabalhos.

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CAMINHO E ESTRADA

AGENDA EDITORA MATARAZZO

Guerreira Xue Na beira da estrada tinha um caminho Um caminho que levava para o nada Um nada que beirava a estrada Numa estrada que sem atalho era tudo Um tudo, que ainda era nada Na beira do caminho tinha uma estrada Não tinha nada, e ainda assim era tudo E o caminho que não era estrada Me lembra que tudo, é melhor do que nada. Estrada que carrega um caminho Caminho que transporta uma estrada Esperanças malucas de um tudo Lúcidas certezas de muitos nadas.

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Quinta-feira, 16 de maio, das 15 às 17 horas, Sarau Cai na Roda, traga o seu poema e venha passar uma tarde agradável no Museu da Santa Casa de São Paulo, localizado à R. Dr. Cesário Mota Jr., 112, Vila Buarque. Inscrições prévias: museu@ santacasasp.org.br. Ingresso R$10,00. Todo o valor arrecado é revertido para as atividades do Museu e manutenção do acervo. A Editora Matarazzo apoia essa iniciativa. Sábado, 18 de maio, das 10 às 12 horas, lançamento do livro Abandonados na Roda - vol. II, de Thais Matarazzo, e premiação do Concurso Literário Roda dos Expostos em Versos. Local: Museu da Santa Casa de São Paulo, localizado à R. Dr. Cesário Mota Jr., 112, Vila Buarque. Sábado, 18 de maio, das 14 às 16 horas, premiação do Concurso e Sarau Dia das Mães e lançamento da revista Escritores brasileiros contemporâneos n.º4. Local: Museu do Tribunal de Justiça de São Paulo, à R. Conde de Sarzedas, 100, Sé. Sábado, 29 de junho, das 15 às 17 horas, Encontro Escritores sem Fronteiras. Premiação concurso Versejando com Imagens. Local: Sala Sérgio Vieira de Mello, Câmara Municipal de São Paulo, Palácio Anchieta, Viaduto Jacareí, 100, Bela Vista. Sábado, 13 de julho, das 14 às 16 horas, Encontro Escritores sem Fronteiras, auditório do Hotel Carioca, Av. Gomes Freire, 430, Lapa, Rio de Janeiro. -

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AGENDA CULTURA COLETIVO SÃO PAULO DE LITERATURA Na quartafeira, 1º de maio, o Coletivo São Paulo de Literatura vai estar na Tenda Literária da 60ª. Feira do 1º de Maio de Ermelino Matarazzo, zona leste de São Paulo. Haverá sarau, apresentações artísticas, tira-dúvidas literário e venda de livros dos poetas e escritores participantes. A apresentação no Sarau acontecerá por ordem de inscrição / chegada. A Tenda Literária estará sediada na Av. Milene Elias com a Av. Buturússu. Nossa participação é uma parceria com a 60ª. Feira do 1º de Maio e a Prefeitura Regional Ermelino Matarazzo.

No domingo 26 de Maio é a vez de estarmos na Freguesia do Ó, zona norte da capital paulista. Realizamos a 1ª. edição do Sarau do Ó, organizado pelo nosso Coletivo, estaremos das 14 às 17 horas, na Praça Antônia Espinosa Picerni (foto abaixo), próximo à estação de conexão (ônibus) Petrônio Portela, na Praça Pedro Blaserna. Traga o seu poema, livro ou número artístico para uma apresentação. Participe deste movimento literário e cultural! O Sarau do Ó conta com o apoio da Prefeitura Regional Freguesia / Brasilândia.

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Apoio Cultural

Realização

Fotos: Gilberto Cantero

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