Roda dos Expostos em Versos - Concurso Poético

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Publicação digital. Contém os poemas concorrentes do concurso Roda dos Expostos em Versos promovido pelo Museu da Santa Casa de São Paulo em parceria com a Editora Matarazzo no primeiro semestre de 2019.


SUMÁRIO APRESENTAÇÃO por Editora Matarazzo................................................5 RODA DOS EXPOSTOS: O QUE É ISSO??..............................................6 Ingrid Ribeiro de Souza POEMAS PREMIADOS NO CONCURSO TESTEMUNHA .........................................................................................10 Carmem Toledo A RODA DOS EXPOSTOS .......................................................................12 Suely Moraes Michiute RUPTURA ...................................................................................................14 Marcelo Kassab ABANDONO...............................................................................................16 Leandra Carmen Cardoso Xavier SEGUNDO ETERNO ................................................................................18 Marco Antonio Ferreira da Silva RODA DOS EXPOSTOS EM VERSOS....................................................19 Regina Lucia Vasconcelos Barros CIRANDA CIRANDINHA.......................................................................21 Solange Colombara EXPOSTOS NA RODA .............................................................................22 Anne Mahin RODA DA VIDA E DA MORTE .............................................................24 Margaret Cruz OS SINAIS ...................................................................................................25 Elizangela Nivardo Dias POEMAS CONCORRENTES DO CONCURSO O OUTRO LADO DA RODA DOS ENJEITADOS...............................29 Ana da Silva Bezerra


MISERICÓRDIA: RODA DOS EXPOSTOS...........................................30 Antônio de Pádua Galvão RODA GIGANTE.......................................................................................32 Dermival Silva de Souza ADEUS MAMÃE .......................................................................................33 Edvanda Barbosa Gomes CLAMOR.....................................................................................................34 Glafira Menezes Cort REENCONTRO..........................................................................................35 Isis Santana de Freitas RODA DOS EXPOSTOS............................................................................37 José Hilton Rosa RODA DOS EXPOSTOS............................................................................38 Maria Nazareth Ferrari O MUNDO GIRA.......................................................................................40 Marcelo Toledo RODA DOS EXPOSTOS............................................................................41 Maria Florismar Lima Sobrinho A RODA DOS EXPOSTOS........................................................................42 Maria Marlene Nascimento Teixeira Pinto EXPOSIÇÃO DE ALMA ...........................................................................44 Raquel Lopes RODA DOS EXPOSTOS............................................................................45 Rossidê Rodrigues Machado A RODA DOS ENJEITADOS....................................................................46 Osmar Monte Nascimento RODA DA VIDA.........................................................................................48 Luiz Alexandre Kikuchi Negrão RODA DA SANTA CASA..........................................................................49 Pedro Paulo Penna Trindade RODA DOS EXPOSTOS............................................................................50 Wagner Menezes


APRESENTAÇÃO

A ideia para a realização do concurso Roda dos Expostos em Versos surgiu após nossas pesquisas nos livros de registro de Matrículas dos Expostos pertencentes ao acervo do Museu da Santa Casa de São Paulo. Foi uma das pesquisas mais emocionantes que realizamos. Deste trabalho surgiram as obras de contos Abandonados na Roda: destinos - volumes I e II, uma amálgama de pesquisa histórica e ficção. Então, conversamos com a equipe do Museu para a realização de um concurso sobre o mesmo tema. O resultado foi incrível: chegaram poemas lindos e cheios de emoção, escritos por poetas de todo o Brasil, como o leitor poderá conferir nesta edição digital, não somente os dez poemas premiados como todos os participantes. Ilustram esta obra imagens de domnínio público (com as devidas identificações), e as ilustrações da artista plástica Camila Giudice feitas especialmente para os livros Abandonados na Roda: destinos - volumes I e II de Thais Matarazzo. Foram jurados do concurso Roda dos Expostos em Versos: a escritora Hilda Milk, o poeta Ricardo Cardoso, e essa quem vos escreve. A organizadora foi a historiadora Ingrid Ribeiro Souza. Todos os poemas foram enviados diretamente para o e-mail do Museu. Thais Matarazzo Paulistana, jornalista, escritora, pesquisadora cultural Proprietária da Editora Matarazzo thmatarazzo@gmail.com / livros@editoramatarazzo.com

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Concurso Roda dos Expostos em Versos


RODA DOS EXPOSTOS: O QUE É ISSO?? Ingrid Ribeiro de Souza Roda dos enjeitados. Roda dos excluídos. Rodados abandonados. Roda dos expostos. Há quem conheça a história, há os que ouviram falar mais ou menos, tem também os que recordam te terem visto algo semelhante em algum filme ou novela, mais ainda há muitos que desconhecem totalmente esse fato! Pois bem, façamos uma breve viagem no tempo para entender o que levou a criação de tal mecanismo que tem o poder de chocar uns e emocionar outros. Desde o século IX na Europa, começando pela Itália, houve o surgimento de inúmeras instituições de amparo às crianças abandonadas mantidas por particulares, corporações e confrarias. Isso porque a questão do abandono de crianças tidas como “indesejáveis” sempre foi uma questão presente na nossa história. Basta lembrarmo-nos de infanticídios que acometiam crianças imperfeitas, mal formadas ou que constituíssem desonra ou afronta à família, que podiam ser mortas pelos pais depois do nascimento, ou ainda casos de abandono onde muitas crianças eram deixadas na rua à mercê de animais e mal tempo por mães desesperadas. Esses terrível espetáculo de crianças mortas de fome e de frio, ou devoradas por cães e porcos inspirou aos governos das cidades a ideia da criação da roda, que foram sustentadas pela igreja por meio de suas confrarias, desenvolvendo uma consciência social de responsabilidade para com os desvalidos, e dentre eles os expostos ou enjeitados. Tratava-se de um aparelho mecânico formado por um cilindro fechado por um dos lados, que girava em torno de um eixo e ficava incrustado nos muros de conventos. Foi devido à relativa proteção que proporcionava à criança contra os perigos já mencionados e a preservação do anonimato, Concurso Roda dos Expostos em Versos

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desejado por quem abandonava que as rodas foram adotadas nas cidades. Depois de recolhidos nas rodas, o mais comum era as crianças serem entregues a mulheres que se encarregavam de seu aleitamento, tenho em contra partida uma remuneração: essas eram conhecidas com amas de leite. Após o período com as amas ficavam sob a responsabilidade de particulares ou asilos de amparo à infância confiados às confrarias. Em Lisboa, a roda foi cuidada pela confraria da Misericórdia, criada no ano de 1498 pela Rainha Leonor de Lancastre, esposa de Dom João II, originando a “Confraria de Nossa Senhora de Misericórdia”. No Brasil, as primeiras Santas Casas surgiram logo após o seu descobrimento, precedendo a própria organização jurídica do Estado brasileiro, criado através da Constituição Imperial de 25 de março de 1824. Até esta data já haviam sido fundadas as Santas Casas de Santos (1543); Salvador (1549); Rio de Janeiro (1567); Vitória (1818); São Paulo (1599?); João Pessoa (1602); Belém (1619); São Luís (1657), Campos (1792), Porto alegre (1803) entre outras. Sobre a Santa Casa de São Paulo, há uma teoria que defende sua existência desde 1560, justificada pela elevação da condição da província a vila bem como a existência de uma carta escrita pelo Padre José de Anchieta onde o mesmo relata a existência de uma confraria da Misericórdia em São Paulo que se encarregou do sepultamento do índio Martin Afonso Tibiriçá. Essa teoria colocaria a Santa Casa de São Paulo em terceiro lugar entre as irmandades fundadas em nosso país. No Brasil as primeiras rodas dos expostos foram instaladas na cidade de Salvador na Bahia no século XVII, e no Rio de Janeiro no Século XVIII. Em São Paulo, a roda foi introduzida em 2 de julho de 1825 Século XIX, pelo primeiro presidente da província, Lucas Antonio Monteiro de Barros (Visconde de Congonhas do Campo), que na época também exercia a função de provedor da Irmandade da Santa Casa quando se deu a inauguração do hospital na chácara dos ingleses, junto à Rua da Glória. Quase 60 anos depois funcionando neste endereço, a roda foi transferida Concurso Roda dos Expostos em Versos

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para o novo hospital inaugurado no bairro no Arouche no ano de 1884, que ficara conhecido pela população como o “Castelo da Misericórdia”, situado no quadrilátero das Ruas Dr. Cesário Motta Jr., Marquês de Itu, Dona Veridiana e Rua Jaguaribe. As crianças deixadas na roda da Santa Casa em São Paulo tinham como primeiro destino às amas, mulheres de origem simples que residiam nos vilarejos mais pobres aos arredores da cidade, que as alimentavam mediante o pagamento da mensalidade de 4$000 réis conforme consta nos livros de registro mantidos hoje sob a guarda do Museu da Santa Casa. Contudo, um fato importante de ser ressaltar é que devido ao estado debilitado que muitas crianças chegavam, era comum virem a óbito logo nos primeiros dias de abandono. Pesquisas revelaram que em média 30% não resistiam. A partir de dois anos e meio, as crianças eras devolvidas aos cuidados da Sana Casa e encaminhadas ao Asilo Sampaio Viana, que foi construído para esse fim no ano de 1896 na chácara Wanderley (atual bairro do Pacaembu). O prédio existe até hoje! A roda sobreviveu a todas as dificuldades da história da Santa Casa, contudo uma discussão política iniciada na década de 1940 justificou que esta era um mecanismo que incentivava o abandono, fazendo crianças serem órfãs de pais vivos, sendo então proibida definitivamente sua utilização. A roda da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo foi a última a ser desativada no Brasil em 1950, entretanto, a irmandade continuou recebendo crianças até 1960, totalizando o registro de 4696 expostos. No ano de 2000, a roda passou por um processo de restauração para ser exibida no espaço expositivo do acervo. Hoje, a peça é atração do Museu da Santa Casa de São Paulo como um objeto nobre, não só pelo valor histórico, mas pelo seu significado social que representa muito bem uma das principais características da obra da Misericórdia, que a mais de quatro séculos em São Paulo trata o assistencialismo e os cuidados com a saúde com amor e caridade. Concurso Roda dos Expostos em Versos

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Para quem quiser ver de perto esse objeto ou realizar uma pesquisa nos livros que guardam essa história, vá até o Museu da Santa Casa que é aberto ao público de segunda à sexta-feira e um sábado por mês. Entre em contato e cofira o horário de funcionamento no site, bem como a programação cultural do Museu. Vale muito a pena conhecer mais um pedacinho da nossa história!

Bibliografia CARNEIRO, Glauco. O poder da Misericórdia: a Santa Casa na História de São Paulo, São Paulo: Press Grafic, vol. 1, 1986. MESGRAVIS, Laima. A Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (1599?-1884): contribuição ao estudo da assistência social no Brasil. São Paulo: Conselho Estadual de Cultura, 1976. Concurso Roda dos Expostos em Versos

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TESTEMUNHA (1º LUGAR)

Carmem Toledo Este bem que me ofertas, acolho Com meu corpo duro e frio, abraço Se me giram com o mundo, recolho Mas há algo que me falta: o laço Vejo lágrimas e gritos – humanos Não posso ofertar meu ombro – não tenho Ouço passos, sinto o tempo – os anos Mas jamais eu terei vincos – no cenho Os humanos eu acolho Mesmo sem criar um laço Se em meu fundo os recolho Lhes dou o primeiro abraço Não tenho ombro, nem cenho Os anos só observo Seus segredos eu mantenho Sua história eu preservo Esta carta que escreveste, com pranto Sobre o peito do rebento palpita O prenome que lhe deste – de santo Pretende lhe dar a sina – predita

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Quem sou eu para orar aos céus? - pecado Não sou criatura de Deus – das gentes Sou de ferro e de madeira – talhado Mas as mãos que me fizeram são quentes No peito palpita o pranto Da triste sorte predita Ela roga a algum santo Guarde esta vida finita Mas, ó, não posso interceder Testemunha de desgostos Estou aqui pra receber Sou a Roda dos Expostos

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A RODA DOS EXPOSTOS (2º LUGAR)

Suely Moraes Michiute Tão pequenina, inocente e desprotegida. Desejei nascer em uma família que me desse amor, Mas de repente, me surpreendi com a peça que a vida pregou, Quando a roda girou me desesperei Não sabia o que iria encontrar, Nem sabia o por quê , o que seria e nem para quê, Nem imaginava sofrer, mesmo sem saber de onde vim, E nem sabia para onde iria, sem destino Minha maezinha nem rosto vi , abandonou- me sem explicação, Fui entregue ao desconhecido, cresci sem saber minha identificação, O que seria ou o que poderia ser, a raiva usei com escudo, Minha proteção, perguntei-me várias vezes o porquê da rejeição. Deus em sua bondade infinita mostrou que tudo está no lugar, Não nos abandona , usa de sua luz para nos guiar, Mostrando que nada acontece por acaso, sempre tem um propósitos, O choro é transformado em sorriso, dor em força , fraqueza em fé e sonhos em realidade. Tão pequenina, cresci Foi superando os obstáculos que amadureci, A raiva agora é força, hoje tenho sabedoria, determinação e gratidão Com as conquistas veio a superação. Concurso Roda dos Expostos em Versos

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A paz e a humildade devem reinar , tornando-se a essência da vida, Sustentando nossos corações nas adversidades. Na humanidade precisarei acreditar, pregarei o valor do perdão Por um mundo melhor com menos crianças na roda dos expostos.

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RUPTURA (3º LUGAR)

Marcelo Kassab Nos teus braços estava seguro, Não entendia tuas lágrimas. Quanto mais eu sorria, Mais tu me abraçavas. Sentia que sofrias Pelas esquinas que passavas. Eras luz que se apagava A cada rua atravessada. Seus passos apressados, Culpados, envergonhados, Prenunciavam mais um enjeitado Na roda dos abandonados. A minha inocência te procurava, Mas teu calor já resfriava Na escuridão medrosa, De um cilindro que girava. Já não eram tuas As mãos que me amparavam, Nem mais eram os teus seios, Que minha fome, saciavam. Concurso Roda dos Expostos em Versos

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O carinho negado, O choro reprimido, Pelo desprezo iminente Ao futuro indiferente. Na roda dos expostos, Nos muros desta vida, Onde cortam- se os lços E descerram-se as feridas. São nas voltas deste mundo Que abrigamos nossas mágoas, Girando feito furacão, profundo! Sob a felicidade dissimulada.

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ABANDONO (4º LUGAR)

Leandra Carmen Cardoso Xavier No vão da memória, o badalar do sino, Anunciando a chegada e permanência de um pequenino. No muro da solidão, uma roda, expondo a fraqueza, o medo e a incessante desolação. Inocente que chora ao desgarrar-se do mais precioso seio que devido ao meio jamais o acalentará. Na caminhada da história, olhares certeiros, extremo preconceito que afeta o peito. Bastardo, palavra que choca e fere como uma picada de uma agulha na menina do olho, trazendo à tona lágrimas de sangue e dor. No fundo da alma, o temor da exclusão conduz a sentimentos de angústia e insatisfação. Valha-me, senhor... Quanto dissabor!! Como prosseguir com o abandono e a rejeição que corta o coração? Tamanho pesar parece nunca acabar. Insiste em perseguir a mente propagando mal-estar. Concurso Roda dos Expostos em Versos

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De repente, num lampejo de fé e gratidão, olha para o céu; ergue bem alto as mãos agradecendo a misericórdia de vivenciar o afeto solidário e gentil numa casa Santa por acolher, resguardar, permitir crescer e contribuir para o renascer da esperança , da dignidade à princípio maculada, porém no decorrer da existência transformada pelo resgate que promoveu o direito à vida.

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SEGUNDO ETERNO 95ยบ LUGAR)

Marco Antonio Ferreira da Silva

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RODA DOS EXPOSTOS EM VERSOS (6º LUGAR)

Regina Lucia Vasconcelos Barros Ao caminhar apressadamente, ouço meus próprios passos na penumbra da noite. Olho assustada ao meu redor e ao olhar para cima, me deparo com a lua a brilhar com intensidade e às estrelas a povoar o infinito do céu. Sinto o frescor do vento a acariciar o meu rosto. Olho novamente para o céu e me pergunto bem baixinho... o que estou a fazer... Me repreendo e sigo em frente. Sinto-me sozinha a caminhar pela estreita rua de pedra, ninguém ao meu lado, ao meu redor para testemunhar a minha dor, para ouvir meu silencioso pranto. Agora sinto você... em meus braços, em meu afago... Em meus seios a comprimir o teu rostinho... como queria te acarinhar pelo resto de nossas vidas, te ver caminhar, sorrir e cantar...meu coração. Te conduzir pela vida como um barco a navegar pelo oceano, cheio de riscos e encantos. Decido que não sou capaz de ter você em minha vida, terá outros amores, outros afetos, carinhos que não posso a continuar a ter dar, meu amor... sim, terás braços quentes e carinhosos, terás o mundo que não posso ter oferecer. Tomarás a melhor sopa, a melhor roupa e o melhor pão. Abaixo os meus olhos para você, te sinto chorar e por um instante te acalento, não posso e não devo me desesperar, tenho que seguir adiante, tenho que continuar nessa caminhada tão ingrata. Concurso Roda dos Expostos em Versos

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Sou eu mesma, o meu Juiz e a mim mesmo me condeno... levarei o teu sorriso, teu olhar, até mesmo o teu chorar para sempre e eternamente enquanto eu suspirar. Me aproximo da Santa Casa de Misericórdia, mais perto chego da roda dos expostos, coloco-te nela e com meu lamento silencioso a giro e não te vejo mais...Meu pranto é contido, somente a lua e as estrelas são testemunhas da minha dor...Ouço meus passos, caminho em desalento, corro para meu abrigo, sob a luz das estrela e da lua a me acompanhar... você foi para outro alguém, alguém que te fará companhia, como as estrelas e a lua fazem para mim...neste momento...de infinita dor. Adeus! Filho meu.

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CIRANDA CIRANDINHA (7º LUGAR)

Solange Colombara Minha cabeça gira Minha mente roda Onde estará meu filho Nesse momento, nessa hora? Roda dos desesperados Roda dos aflitos Ou apenas Roda dos amaldiçoados Dos injustiçados Dos perdidos. Pensando bem... Tanto faz... Quem somos nós Para julgar Somos todos condenados A esse vai e vem Prisioneiros de atitudes Que vão muito mais além. A roda gira Minha cabeça roda. Quanto amor desperdiçado Quanto sentimento bom jogado fora.

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EXPOSTOS NA RODA (8º LUGAR)

Anne Mahin Numa roda, gira a vida, Centelha de esperança; Em apressada despedida, Eis o destino da criança. Numa roda, gira a dor, A vergonha, o lamento De quem a rejeitou, Em desatino, desalento. Numa roda, gira o sonho. Mas se pode enfim sonhar? Pergunto, triste, exponho: – O futuro, como será? Numa roda, uma sina, Nua e crua, amarga verdade. Graças à intervenção divina, Evitou-se maior maldade. Numa roda, ali está O enjeitado, o desvalido. De quem se lembrará? Por quem foi esquecido? Concurso Roda dos Expostos em Versos

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Numa roda, noite muda, Madrugada, silente manhĂŁ... E o amor bem se desnuda, Pelas benditas mĂŁos das irmĂŁs.

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RODA DA VIDA E DA MORTE (9º LUGAR)

Margaret Cruz Não foi uma simples dicotomia: entre o oculto e o exposto Na verdade, em meio a enorme aflição Ela tentou esconder a sua humilhação Caminhou até a roda e pisou na lama do desgosto Nas suas tristes lembranças todos os dias a imaginar Aconchegou o pequenino em seus braços e não queria largar Tinha tanto amor oculto em sua cobiçada alma juvenil Tanto martírio exposto na disfarçada calma pueril Delicadamente ali depositou o seu tesouro A roda girou e ela ainda ouviu o seu choro A vida seguiu e como companhia apenas os seus pensamentos Muitas vezes quase pronta para revelar o seu segredo em lamentos Para quem as suas dores desabafar? Só Deus para lhe consolar Em suas orações pedia para ele lhe perdoar Na esperança do dia em que pudessem se reencontrar E num abraço apertado tudo calar!

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OS SINAIS (10º LUGAR)

Elizangela Nivardo Dias Enxoval Uma argolinha de ouro Na orelha esquerda Um cinteiro de chita E flores brancas miúdas Um barrete com raminhos Mais uma manta que leva Embrulhada Um lenço branco de linho A mãe e o pai Desejam que lhe ponham Nome de Antonio A todo tempo Que se possa buscá-lo Pelo nome E pelos sinais que leva Se for vivo Um lenço branco de linho E uma touca de cambraia bordada Pedido Esta se chama Isabel Peço que lhe conservem sempre Concurso Roda dos Expostos em Versos

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A medalhinha que traz ao pescoço Dentro da qual existe o sinal Do seu reconhecimento Um papel igual a este Deseja a mãe que se chame Vitorino Com um papel igual a este Se há de apresentar Quem o for reclamar Promessa Peço a caridade de conservar como relíquia sagrada A correntinha com a medalha da Virgem da Conceição No pescoço da criança É cumprimento de uma promessa Recortados Esse bilhete vai com os sinais recortados Uma parte com a criança A outra de mesmo teor A quem buscá-la.

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Tour d’abandon de l’Hôpital des Enfants-Trouvés, Paris, França. Ilustração do século 19. Domínio público


O OUTRO LADO Ana Paula de Camargo De ambos os lados um passado que assombra, num silêncio profundo, Noites longas, solitárias, vidas vazias, depois de um segundo, infundo, Corações dilacerados, histórias interrompidas, Sonhos não vividos, promessas nunca cumpridas. De um lado a lembrança sombria, um ato quase impensado, Obrigar-se a parar com a maternidade, tudo ficaria descompensado, Momentos de angústia, desespero, solidão, que as deixariam no chão, Sem direção, a opção do abandono seria a única solução. De outro lado, a tristeza do abandono, se intercala com a dúvida da dor e solidão, Um passado sem memória, sem história, sem pistas, realmente não há opção, Crianças desprovidas de reconhecimento, é algo sem lógica, Tiveram a maternidade negada, foram rejeitados pela mãe biológica, Para alguns a vida se refaz, recebem o conforto da família que os adotou, Uma história recomeçou, construíram novas famílias, carreiras, mas isto não bastou, Pois sempre carregarão consigo o rótulo adquirido de serem os filhos da Roda, Estes pouco brincaram de roda, mas sabem o real significado da Roda. Já as pobres mães, que deixaram seus filhos na roda, Através do anonimato, depois que viram o girar da roda, O sino tocou, o sonho acabou e, a vida não se regenerou. Concurso Roda dos Expostos em Versos

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O OUTRO LADO DA RODA DOS ENJEITADOS Ana da Silva Bezerra Na fria madrugada, caminha a triste mãe. Lágrimas no olhar, dor tão dolorida.... Em trôpegos passos, perdidos à elos, na solidão da rua Aperta em amoroso e último amplexo, o frágil fardo! Deposita na caixa em preces, uma pequena vida! No alto céu, a lua branca soluçou Estrelas cadentes derramaram-se em gotas de suave pranto.... O último raio da aurora esmaecida iluminou O infante inocente, adormecido em seu alvo pano. No silêncio que se fez longo, a pequena porta se fechou! Com mãos trêmulas ela gira a Roda que gira...gira... Ao som do sino, seu coração voa com grande esperança.... Do outro lado da Roda , o sol traz novo futuro. Mãos angelicais, raios de luz divina providência O poder da misericórdia, recolhe uma criança

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MISERICÓRDIA: RODA DOS EXPOSTOS Antônio de Pádua Galvão Pela minúscula fresta Pelo buraco da fechadura Busquei ver O não dito O não visto O inconfessável Não era cena grotesca Nem tão pouco Indecifrável Na portinhola Da roda dos expostos Da roda enjeitados Havia uma gotícula De abnegação E de misericórdia Foi na entrevisão Que enxerguei Um facho de luz

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E pegando no colo A inocente Alma Retirada da roda dos Indesejados Pela pobreza ou Vergonha moral Em tu roda interior Agasalha a criança Abandonada No berço do esquecimento Beija tu face E toma no colo Tu frágil e Singela inocência

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RODA GIGANTE Dermival Silva de Souza Hoje vou brincar na roda Vou cantar cantigas Dançar ciranda de mãos dadas Serei criança com os olhos Inebriados de alegria O peito cheio de esperança Quando a roda gira e me balança Abraçado a mão da caridade Protegido pelas abadias Não estou exposto à luz do dia Acolhido pela misericórdia Protegido pela eucaristia Desta casa Santa Que me acolhe e me abraça Embala os meus sonhos Da sentido as minhas fantasias De criança, de pureza e o viver Em harmonia, uma casa, Um leito, um ninho e um lar.

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ADEUS MAMÃE Edvanda Barbosa Gomes A noite estava fria... O céu todo estrelado iluminando com o seu brilho àquela noite obscura, O silêncio era total, apenas eu e mamãe perambulando e vagando pelas ruas rumo ao desconhecido. Após andar por alguns quarteirões eis que eu chegava ao meu destino improvável com a certeza que o meu cordão umbilical seria para sempre cortado quando na roda dos enjeitados por mamãe eu seria colocado, enquanto rodava a roda alguns soluços eu escutava e as mãos que antes me seguravam, aos poucos de mim se soltava; por não saber falar, adeus não podia dá e ao deitar-me na roda imediatamente a mesma começou a girar e girar, comigo apenas a sensação de mamãe a se distanciar, enquanto a distância aumentava eu podia ainda ouvir os soluços de mamãe que não parava de chorar! Meu desejo era acalentar, mas.. Como poderia eu acalentar um coração de uma mãe que deixava em uma roda seu arcanjo? Sem ter o que fazer, também comecei a chorar pois de mamãe eu não queria me separar.

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CLAMOR Glafira Menezes Corti De mim, hoje, nada terá, Um lar, um bem, um alguém Que possa de ti cuidar. Meu corpo ainda doído Grita de angústia e recua Sentido, está ofendido. Na rua não posso te deixar Sem eira nem beira permanecer. Não quero de mim te arrancar. O amor que tenho é sem medida. De tão grande me faz desapegar, Pedir a Deus mãe e pai o perdão . A tua vida gerei, e me transformei. A coragem de te deixar, Imperfeição moral, ao imaginar Tu noutro lugar, num lar, Carícias sem minhas mãos, Olhares de muita afeição. Crescer, sem me conhecer, Eu sempre a lamentar, pois Mamãe nunca irá me chamar. Concurso Roda dos Expostos em Versos

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REENCONTRO Isis Santana de Freitas Para você que não veio Te desejo Te amo Brigo Insisto Para você que não veio Imagino Babando Sorrindo Para você que não veio Te espero Te sinto Te batizo Meu filho Meu anjo Meu querido Para que não veio Ainda te almejo Ainda acredito Você não veio Então, fui encontra-los ... Quando comecei a poder Ter filhos Tive um atrás do outro Concurso Roda dos Expostos em Versos

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Quero som de crianças Menino chorando Menino brigando Menina aprontando Adolescente louca querendo saber Quem pegou o seu batom preferido E a outra desesperada para achar a sua tiara de unicórnio Quero ouvir: -Mãe, tô com fome! -Mãe, o Tonico me bateu ! -Mãe, cadê a minha meia branca com bolinhas pretas? -Mãe! -Mãe! -Mãe! Nem vou responder Pra ficar ouvindo ! Quero casa desarrumada, Bagunçada Quando a visita chegar, Vou dizer: -Pode reparar a bagunça - Eu tenho filhos!

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RODA DOS EXPOSTOS José Hilton Rosa Uma luz na esperança Luz entre os braços de Jesus O esplendor abraçou meu olhar Virgens aproximaram de mim Ajoelhei pedindo bênçãos O choro veio com emoções.

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RODA DOS EXPOSTOS Maria Nazareth Ferrari Misericórdia divina, Mãos abençoadas, Que acolhiam as crianças, Que na RODA DOS EXPOSTOS, Eram então abandonadas. Atitude que originou-se na Itália, Durante a Idade Média, Com intuito de diminuir a mortalidade Graças à benevolência, Das irmãs de caridade. O artefato de madeira, No Brasil também foi adotado, Primeiramente na Bahia, Pela Santa Casa de Misericórdia, Acolhendo os filhos rejeitados. Na calada da noite, O inocente ali era depositado, Um sino era acionado, Anunciando o recém-chegado. Um cilindro oco de madeira, Que 180 graus giravam, Concurso Roda dos Expostos em Versos

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Resguardava a imagem, Da face do abandono. E a silhueta, na escuridão da noite, Logo, logo, desaparecia... Deixando para trás: Traumas, ressentimentos, melancolias. Período triste que a história Em suas páginas grafou. Filhos da orfandade, Que as mãos de DEUS amparou.

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O MUNDO GIRA Marcelo Toledo O mundo gira O tempo todo Como uma roda Em um segundo você é exposto A qualquer dia, a qualquer hora Sem o calor, o carinho, o alimento Não o que nutre o corpo, o vital O amor que vem de dentro O primeiro pensamento De reprovação e julgamento Se esvazia rapidamente Dando lugar à compaixão, o perdão que se sente Não há castigo maior Dor e arrependimento Acolher, alimentar, aquecer e amar É mais fácil... Que qualquer julgamento Porque... O mundo gira O tempo todo Como uma roda Concurso Roda dos Expostos em Versos

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RODA DOS EXPOSTOS Maria Florismar Lima Sobrinho O que falar da roda giratória Para mim tem uma grande historia, Eu não vejo como uma roda do abandono, Nem do esquecimento, ou muito menos de enjeitado, Eu vejo como uma grande oportunidade de ser alguém aceitado. Eu me emociono ao falar da roda Pois ali dentro daquele objeto foi lugar de escuridão Para algumas crianças, mas em segundos se tornava claridão. Roda, meu porto seguro, meu abrigo lar transitório. Minha esperança de vida minha moradia provisória. Roda se torna até um nome doce de falar, Porque por alguns instantes era colo quente e aconchego de lar Está dentro dela era uma certeza de um abrigo certo Roda, um giro pela incerteza, caminho longo, mas não de deserto.

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A RODA DOS EXPOSTOS Maria Marlene Nascimento Teixeira Pinto No meio da noite, Na escuridão sem fim, Ouve-se o ruído de uma roda de madeira, Encrustada na parede de um convento, Girando ... Girando...Girando... É a roda dos expostos! Mais uma vida, ali depositada, Como um presente embrulhado às pressas... Ouve-se um choro, um lamento De mais um recém-nascido, Deixado ao léu, ao descaso, a esmo, Com fome, com frio, com dor! E a roda gira ao soar do sino. Um anjinho numa caixinha (ou seria um cestinho?), É largado, se debatendo, com as mãozinhas estendidas para os céus. Nas sombras surgem mãos abnegadas Que o tomam nos braços, nos abraços, Embalando, ninando, sacudindo, aconchegando! E o leva para dentro, Para o seu novo lar. Um ritual que se repete sempre, sempre! Roda do excluído, Do enjeitado, Do ilegítimo, Do deficiente, Concurso Roda dos Expostos em Versos

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Da pobreza... Roda dos expostos! Não importa! A roda se cala enfim. Passiva... À espreita... De mais um órfão do abandono. Até quando?

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EXPOSIÇÃO DE ALMA Raquel Lopes A exposição absoluta Não impede a ação que a perturba Com resoluta calma ou atitude inflamada A decisão tomada constantemente é uma só Expor à roda os impostos de rostos opostos A girar misteriosamente no círculo Constrangido por um erro Há de se cometer outro erro Rejeitar o caminho diferente dos “normais” Indicar na escura orfandade uma nova trilha para o pequenino Órfão de tanta coisa só por nascer Ele nem pode sequer escolher Há de aprender a conviver No mundo que exige força e argúcia E exposição de alma para sobreviver.

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RODA DOS EXPOSTOS Rossidê Rodrigues Machado Nos braços que deveria ser para cuidar, amparar, proteger, O recém nascido era levado e na Roda dos expostos atirado. Naquele cilindro que ali girava seu destino também rodava, Do outro lado o pequeno em outras mãos Deus confiava... Este inocente subtraído de seu lar, do amor de sua família. No impacto do abandono, um solitário! Uma porta se abre. Este rejeitado, filho de ninguém, ali é bem-vindo, é alguém. Sua existência é que faz sentido, não importa de onde vem! No dia a dia sobe um terno olhar, os cuidados das religiosas, Não lhe falta atenção, amor, a certeza de um seguro abrigo, Mesmo na Infância já dando o seu primeiro passo ao futuro. Amparo, formação: Seu passaporte para evolução, dignidade. Roda dos expostos, um retrato real que ilustra nossa história. Uma realidade que nos faz chorar, mas de um final humano... Santa Casa de Misericórdia abraçou esta causa: amar o próximo. Estendeu a mão, acolheu, salvou a vida de milhares de crianças!

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A RODA DOS ENJEITADOS Osmar Monte Nascimento Escondida pelas trevas da noite Ela caminha titubeante O vento frio é um acoite Em seu colo uma criança cambaleante. A menina para, olha não vê ninguém. Coloca a criança na roda, desparece na escuridão. Antes tocara o sino também E sente grande mágoa no coração. Do outro lado do muro Um anjo de branco acorda, Abre a porta ainda no escuro Recebe o bebe e o acomoda. Que decisão dolorosa Dessa pobre moça traumatizada, Deixar sua criança na roda Para que fosse bem criada. Seus pais não iriam entender Sua criança nascida de um pecado, E sem ter a quem recorrer Colocou sua criança na roda do enjeitado.

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A criança bondosamente acolhida, Pelas irmãs de caridade, Foi cuidada e bem querida Até atingir a maturidade. A história poderia ser diferente Se o aborto tivesse sido feito, Essa vida seria ausente Então a moça agiu direito. Quantas vidas salvou essa roda, Tantas histórias iguais a essa, Contadas cada uma a sua moda Que só a Deus se confessa. A roda salvou muitos humanos Que um dia foram rejeitados, E nunca lhes causou danos Porque então Roda dos Enjeitados? Seria melhor mudar Esse nome de tradição, Para melhor combinar Seria “Roda da Salvação”.

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RODA DA VIDA Luiz Alexandre Kikuchi Negrão Sem terem como ficar, Crianças São levadas à Roda dos Expostos, com o sino a tocar. Com o ribombo, vem a freira e alcança Estas pessoas e as deixa ficar. Gira a Roda, o sino balança... O destino incerto agora tem onde focar: Uma nova vida para as Crianças. Um belo placar! A Roda dos Enjeitados há tempos não avança E a Adoção é a lei a aplicar. Mas crianças restam em abrigos e a espera dos pais cansa... Abandono e morte são sangrias a estancar. Ainda a Roda relembra a Esperança Das Crianças por Amor e o Passado a invocar!

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RODA DA SANTA CASA Pedro Paulo Penna Trindade Para onde vou indo? Para onde me levas? Para onde e por quê? Para onde, minha mãe? Roda dos expostos Roda dos enjeitados Roda dos desmamados Roda dos desgraçados Sinto ausência paterna Sinto carência materna Sinto desunião fraterna Roda do sino que avisa Roda do choro no adeus Roda a roda, nunca mais!

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RODA DOS EXPOSTOS Wagner Menezes Na roda giratória da vida Deus não me quis desse lado Fui colocado do outro. Ao acaso safei-me dos demônios e do inferno visível das cidades E fui ungido em oração entre anjos, freiras e santos Com vazio, mas suficiente amor De quem não era pai nem mãe Mas significado. Fui feito gente Ganhei nome de santo Aprendi com o tempo que a roda dos expostos não para de girar Ela gira todo dia. Como um caminho de eterno retorno Entre dias duros outros alegres Tristes e com fantasias E ao final de tudo No seu giro definitivo Da vida para morte Restarei como caridade... No tempo.

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Mãe deixando seu bebê na Roda dos Expostos. Ilustração italiana, sem referência ao autor, século 19. Domínio público


Roda dos Expostos - Museu da Santa Casa de SĂŁo Paulo. Foto: Thais Matarazzo


Mãe deixa seus filhos gêmeos na Roda dos Expostos da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Ilustração: Camila Giudice.


As irmãs rodeiras recebem os bebês deitados na Roda. Ilustração: Camila Giudice.


Roda dos Expostos instalada em 1825 na Misericórdia de São Paulo. O antigo prédio localizava-se na Chácara dos Ingleses, na Liberdade. Ilustração: Camila Giudice.


Em 1840 a Santa Casa muda-se para à Rua da Glória, na Liberdade. Ilustração: Camila Giudice.



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