KUAA - Complexo Educacional Indígena em Tenondé Porã | TFG USJT - Thamires Gomes

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K U A A

> COMPLEXO EDUCACIONAL INDÍGENA EM TENONDÉ PORÃ

Complexo Educacional Indígena em Tenondé Porã

Trabalho Final de Graduação II apresentado à Universidade São Judas Tadeu - USJT como requisito parcial para obtenção do título de graduação em Arquitetura e Urbanismo.

Orientador: Prof. Sérgio Matera

São Paulo - 2022

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“Se as pessoas não tiverem vínculos profundos com sua memória ancestral, com as referências que dão sustentação a uma identidade, vão ficar loucas neste mundo maluco que compartilhamos.”

Ailton Krenak Líder Indígena, ambientalista e escritor brasileiro.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais que sempre apoiaram e lutaram para que eu pudesse ocupar o meu lugar no mundo. Nada disso seria possível sem eles.

A minha irmã Thainá que esteve comigo tornando os dias mais leves.

As minhas amigas que acompanharam minha tragetória de formação e estiveram sempre na primeira fileira para me incentivar e apoiar.

A todos os professores que tive o prazer de conviver e aprender, mesmo com uma pandemia se fizeram presentes, e por isso sou imensamente grata.

E por fim, ao meu orientador Sérgio Matera, por todo apoio e ensinamento.

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RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo principal apresentar como a educação e capacitação dos povos indígenas Guarani Mbyá da aldeia Tenondé Porã, em Parelheiros, pode refletir na valorização da cultura, memória e fortalecimento comunitário.

Desse modo, através de estudos, análises e leituras apresentadas, será possível compreender como o ensino indígena pode ser transformador para a comunidade.

PALAVRAS CHAVE: Educação indígena - Tenondé Porã - Guarani MbyáCultura - Tradição

ABSTRACT

The main objective of this work is to present how the education and training of the Guarani Mbya indigenous peoples of the Tenondé Porã village, in Parelheiros, can reflect on the appreciation of culture, memory and community strengthening.

In this way, through studies, analyzes and readings presented, it will be possible to understand how indigenous education can be transformative for the community.

KEY WORDS:

Indigenous education - Tenondé Porã - Guarani MbyáCulture - Tradition

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Fig. 1 - Crianças Guarani Mbyá. Fonte: Ceci Jaraguá, 2021. Autor desconhecido.
INTRODUÇÃO GUARANIS EM SÃO PAULO O LUGAR ESTUDO DE CASO 1.1 Contexto e problemática ................. 10 1.2 Objeto ...................................................... 12 1.3 Objetivo ................................................... 12 1.4 Proposta .................................................. 12 1.5 Metodologia.......................................... 13 2.1 A cidade e os indígenas .................... 14 2.2 Cultura e costumes ............................. 18 2.3 Educação indígena ............................. 19 2.4 Arquitetura Guarani Mbyá ............... 24 3.1 Justificativa de escolha do projeto............................................................... 26 3.2 Insersão ..................................................... 28 3.3 Topografia ................................................ 30 3.4 Hidrografia ............................................... 32 3.5 Zoneamento............................................ 34 3.6 Transporte público ............................... 36 3.7 Escolas ....................................................... 38 3.8 Área de intervenção ............................ 40 4.1 Escola Autônoma Teko Jeapo na Tekoa Ka ’aguy Porã (aldeia mata sagrada)............................................................ 42 4.1.1 Conceito........................................... 42 4.1.2 Problemática.................................. 42 4.1.3 Implantação................................... 44 4.1.4 Programa......................................... 44 4.1.5 Técnicas e materiais construtivos............................................... 47 4.1.6 Considerações............................... 48 S U M Á R I O 02 01 03 04
PROGRAMA DE NECESSIDADES CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS CONSULTADAS 5.1 Proposta ............................................................... 64 6.1 Considerações Finais ........................ ............... 92 7.1 Referências Bibliográficas ............................ 94 7.2 Lista de imagens ............................................. 98 4.2 Moradas infantis Canuan - Fundação Bradesco...................................................................... 50 4.2.1 Conceito....................................................... 50 4.2.2 Problemática.............................................. 50 4.2.3 Programa..................................................... 50 4.2.4 Implantação .............................................. 52 4.2.5 Conforto Térmico .................................... 52 4.2.6 Técnicas e materiais construtivos ... 54 4.2.7 Considerações .......................................... 54 4.3 Centro de Capacitação Indígena Käpäcläjui.................................................................... 56 4.3.1 Conceito....................................................... 56 4.3.2 Programa..................................................... 56 4.3.3 Espaços......................................................... 58 4.3.4 Materiais Construtivos .......................... 58 4.3.5 Considerações........................................... 62 05 06 07 9

1. INTRODUÇÃO

1.1 Contexto e Problemática

Durante o processo de colonização e expedições das bandeiras em São Paulo, os povos indígenas foram escravizados e expulsos de suas terras, fazendo com que os mesmos fugissem e se escondessem em matas inacessíveis e desconhecidas pelos juruás (nome dado pelos Guaranis aos homens brancos). Anos depois vivendo como nômades, se instauraram no planalto paulista, na região de Parelheiros e Jaraguá. Como documento histórico Benedito Calixto em seus escritos testemunha a presença do povo Guarani na “Serra de Santa Cruz dos Parelheiros” desde a virada do século XIX para o XX. Hoje, ali se instauram os povos na Terra Indígena Tenondé Porã, uma área já demarcada, e que sobreviveu aos impactos da urbanização acelerada.

Atualmente, de acordo com o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010 a população indígena equivale a 0,1% do total de habitantes do Estado de São Paulo , totalizando cerca de 41.981 mil e dessas, somente 6,6% vivem em Terras Indígenas , reflexo das lutas e disputa pela demarcação de terras, e também a busca por oportunidades na cidade.

Ainda de acordo com o Censo de 2010 , 2.180 mil pessoas da população indígena do Estado de São Paulo têm de 0 a 14 anos , e estão no processo de aprendizagem, e segundo o Censo Escolar de 2014 realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) , apenas 42% dessas crianças e adolescentes estão matriculados em escolas do ensino infantil e fundamental , e somente 4% ingressaram no ensino médio . Logo, é nítido a defasagem do sistema educacional indígena no Estado de São Paulo, já que o número de crianças e adolescentes, tem ultrapassado o número de matrículas realizadas. De acordo com a FUNAI (Fundação Nacional do Índio) ao todo, existem 40 escolas indígenas , e de acordo com o Governo do Estado de São Paulo , atendem cerca de 1800 alunos de diferentes etnias como Guarani Nhandewa, Guarani Mbya, Terena, Krenak e Kaingang.

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Fig. 2 - Crianças e brincadeiras Fonte: Tenonde Porã, 2021. Autor desconhecido.

1.2 Objeto

A educação escolar indígena é de extrema importância para a sobrevivência e a manutenção da cultura. Em entrevista para a Secretária de Educação , Marília Gonçalves Chiappeta (Supervisora de ensino da diretoria de Caraguatatuba) afirma que:

“Para eles é questão de conforto, a criança não precisa sair da aldeia, enfrentar o trajeto e ter contato com as escolas dos “juruás”. Quanto mais a criança ficar na aldeia, melhor na preservação de sua língua e cultura.”

(CHIAPPETA. Marília. Educação Indígena: conheça as ações da Secretária da Educação. Secretaria da Educação. 22 de abril de 2012)

Com a Constituição de 1988 foram estabelecidos princípios de diferenciação, interculturalidade, especificidade e bilinguismo para o ensino, e a partir de então, houve avanços com a criação do Núcleo de Educação Indígena e o Termo de Ajustamento de Conduta , entre o MEC (Ministério da Educação), Secretaria Estadual de Educação de São Paulo, Secretaria Municipal de Educação de São Paulo e FUNAI (Fundação Nacional do Índio).

Contudo, mesmo com as políticas públicas, ainda há uma deficiência na infraestrutura das escolas e formação dos professores, o que por muitas vezes acaba refletindo em um ambiente escasso e com educadores não-indígenas, dificultando o aprendizado, já que além da interculturalidade o bilinguismo é também imprescindível.

1.3 Objetivo

O Complexo Educacional Indígena em Tenondé Porã traz consigo debates sobre a valorização da cultura e autonomia dos povos Guarani Mbyá . Tem como objetivo a reafirmação das identidades étnicas, recuperação das memórias históricas, o acesso às informações e valorização dos conhecimentos. Além dos objetivos específicos, sendo eles:

- Integração das tekoas (aldeias em guarani) existentes na Terra Indígena de Tenondé Porã, com a criação do Complexo Educacional, abrangendo o ensino infantil, fundamental, médio e técnico.

- Valorização da cultura e memória arquitetônica , com a utilização da arquitetura indígena Guarani Mbyá.

- Capacitação específica para os habitantes de Tenondé Porã, proporcionando autonomia dos habitantes.

1.4 Proposta

Frente a isso, a proposta apresentada do Complexo Educacional Indígena, através de sua arquitetura e uso do espaço, irá integrar a tekoa em suas próprias linhas desenhadas, criando espaços não só de estudos, como também de interação da aldeia, com áreas livres e de permanência. Com o objetivo de tornar o aprendizado uma experiência satisfatória, divertida e confortável, explorando os espaços das mais variadas formas.

A seguir, mapa mental sintetizando a forma como o trabalho foi elaborado:

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Costumes

Cultura

COMPLEXO EDUCACIONAL INDÍGENA

Educação Indígena

Fig. 3 - Diagrama Tema, elaborado pela autora.

1.5 Metodologia

O método utilizado consiste na análise de dados teóricos, projetuais e territoriais, para melhor compreendimento das problemáticas e necessidades do Complexo Educacional Indígena em Tenondé Porã.

Finalidade: Aplicada Estudo do assunto para aplicação na prática

Objetivo: Descritiva e Exploratória Pesquisa bibliográfica e coleta de dados.

Abordagem: Quali-quantitativa Analisar críticas a partir de bases teóricas e verdades a partir de estatísticas

Indígenas Lugar

Método: Hipotético Dedutivo Estabelecer hipóteses para solucionar o problema e pesquisa por confirmação da hipótese

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Evolução Parelheiros Problemáticas Tenondé Porã Tekoa Guarani Mbyá Arquitetura Crianças e adolescentes

2. GUARANIS EM SÃO PAULO

2.1 A cidade e os indígenas

Antes da chegada dos europeus na América Latina, os Guaranis habitavam e transitavam entre áreas que hoje conhecemos como Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina , esses povos que se dividem em etnias como Mbyá, Nhandewa e Kaiowá , viviam sem fronteiras de países ou estados, e andavam por seus territórios livremente. Além dos conflitos diretos travados entre ocidentais e indígenas por posse de terra, os habitantes sofriam também com a escravização e trabalho forçado (OTERO, 2011).

E em 1910 foi criado pelo Estado brasileiro, o Serviço de Proteção aos índios (SPI) , no qual retiravam os Guaranis Mbyá de áreas com potencial econômico e os alocavam em pequenas áreas próximas aos Postos Indígenas . Os povos muitas vezes resistiam e fugiam das imposições do órgão indigenista, e retornavam as áreas antes ocupadas.

De acordo com o relato gravado para os Relatórios Circunstanciados de Identificação e Delimitação das Terras Indígenas , coordenado por Spensy Pimentel, Karai que já viveu no Paraná, no litoral paulista e atualmente reside na T.I. (Terra Indígena) do Jaraguá explica o motivo da saída do Paraná para São Paulo:

“...Naquela época, tinha aquelas coisas de trabalho forçado, trabalho escravo. Então, muitos que vinham para cá era para fugir desses trabalhos escravos que tinha naquela época. Porque, você morava ali, mas para você visitar outra aldeia tinha que pedir permissão do chefe [do Posto Indígena]. Ele, sim, faria uma autorização escrita, colocava o prazo, o tempo que você ia ficar na aldeia. Então, você falava: “vou ficar vinte dias”, e eles colocavam no papel. Aí, você levava o papel para o cacique da aldeia e avisava. Quando estava faltando mais ou menos um dia para vencer, o cacique dizia que já era hora de voltar: “está acabando seu prazo de ficar aqui”. Se caso não retornasse nesse prazo, a própria Funai mandava o pessoal ir buscar a pessoa para ela retornar. Aí, na chegada, ela tinha um castigo por não ter obedecido a ordem do chefe ali. Então, devido a isso, meus pais, quando nós viemos, viemos escondidos.” 1

1 Informação retirada do Esta fala foi gravada em português por Fabio Nogueira da Silva durante o GT de Identificação da T.I. Jaraguá, mas não foi incluída no RCID T.I. Jaraguá.

TESTA, Adriana. Caminhos de saberes Guarani Mbya: modos de criar, crescer e comunicar. São Paulo, 2018. p. 48.

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Fig. 4 - Família Tenondé Porã. Fonte: Flickr, 2010. Autor: Rodrigo Zanotto

Tenondé Porã, localizada na zona Sul de São Paulo, a 70 quilômetros da Praça da Sé e Próximo à Serra do Mar, surgiu de processos migratórios, principalmente do Paraguai e Argentina. De acordo com Ladeira; Azanha (1988, p.15) os Guarani Mbyá habitantes da T.I. Tenondé Porã são aqueles que “descendem daqueles grupos que não se submeteram aos encomenderos espanhóis e tampouco às missões jesuítas, refugiando-se nos montes e nas matas tropicais da região do Guairá dos Sete Povos .”

Cabe também enfatizar, a constante luta pela demarcação de terra , desde 1940 os Guaranis se tornaram alvo de posseiros e com a construção da rodovia Rio-Santos na década de 1970 a especulação imobiliária teve um aumento significativo em todo o entorno, fazendo com que os indígenas tivessem que defender suas terras. Somente com a criação do Centro de Trabalho Indigenista (CTI) em 1983 , que houve elaboração de medidas para demarcação das Terras Indígenas , incluindo a Tenondé Porã. Contudo, mesmo após o reconhecimento de suas terras os povos ainda enfrentam desafios com a mancha urbana crescendo desordenadamente, e constantemente há invasão de terra por loteamentos irregulares e especulação imobiliária.

Nos dias de hoje, os Guaranis são os únicos que ainda vivem em aldeias na cidade de São Paulo, e de acordo com o Terras Indígenas no Brasil somam o total de três mil pessoas , divididos entre as principais: Tenondé Porã, Krucutu e a Tekoah Itu.

Em Parelheiros, habitam cerca de 1,2 mil Guaranis, e a aldeia é formada por oito grandes famílias, que vivem da subsistência, assistência social e trabalhos dentro da própria tekoa, ofertados pelas escolas e postos de saúde. Esses moram em casas de alvenaria construídas pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano de São Paulo (CDHU).

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Fig. 5 - Casas em Tenondé Porã. Fonte: Tenondé Porã, 2021. Autor desconhecido. 17

2.2 Cultura e Costumes

Os Mbyás se identificam desde seus ancestrais pelo uso do tambeao (veste de algodão que seus antepassados teciam), hábitos alimentares e expressões linguísticas. Os mesmos se reconhecem como Ñandeva ekuéry, que significa “todos os que somos nós” e se consideram como uma grande família vivendo em unidade.

Vivem em tekoas (aldeias em guarani), e nelas sobrevivem, com o plantio, caça, busca por matéria prima para confecção do artesanato e a colheita de ervas medicinais. Além disso, a tekoa representa o espaço sócio político dos indígenas , onde ali constroem suas casas, celembram no pátio de festas e realizam cerimônias na Opy (casa de reza em guarani).

De acordo com Brighenti (2005):

“O tekoha, para o Guarani, talvez seja a síntese da concepção e da relação que esse povo mantém com o meio ambiente. No plano físico poderíamos dizer que o tekoha é a aldeia, é o lugar onde a comunidade Guarani encontra os meios necessários para sua sobrevivência. É a conjugação dos vários espaços que se entrecruzam: o espaço da mata preservada onde praticam a caça ritual; espaço da coleta de ervas medicinais e material para confeccionar artesanatos e construir suas casas; é o local onde praticam a agricultura; é também um espaço sócio político, onde constroem suas casas de moradias, a casa cerimonial/Opy, o pátio das festas, das reuniões e do lazer. Não é possível conceber o tekoha sem a composição dos espaços, ou apenas um dos espaços; nesse caso, não poderão viver a plenitude e assim se quebra a relação que mantém com o meio, produzindo o desequilíbrio”. Brighenti (2005)

As tekoas são construídas no período das quatro voltas da lua, o que de acordo com a tradição é o período necessário para a preparação da terra, plantio, colheita e construção de novas casas (ZANIN, 2006). Assim, os guaranis mantêm o ciclo e vivem em harmonia e em espirito com a natureza.

A aldeia vive em unidade, tendo o pajé como figura de maior respeito, é a ele que se recorre

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Fig. 6 - Vivência na aldeia. Fonte: Tenondé Porã, 2021. Autor desconhecido.

desconhecido.

em situações complexas vividas no cotidiano, além de ser o intermediador do mundo espiritual com o mundo físico, atua na maioria das vezes na Opy o principal espaço da tekoa.

A Opy é construída de pau a pique, com telhas de palha e somente uma porta de entrada, sem janelas, para que os espíritos indesejados não entrem no espaço. No local acontecem rezas, curas, rituais religiosos e também a transmissão da cultura indígena para os mais novos, através de canções, danças e histórias. De fato, é o lugar sagrado e que mantem viva a identidade Mbyá .

Os Guaranis em conjunto com as celebrações nas casas de reza, usam da música e dança como uma forma de manifestação da sua identidade, e cantam enquanto confeccionam os artesanatos, na escola e nas brincadeiras, de uma forma com que possam adorar ao deus nhanderú e a natureza.

O artesanato atualmente é a principal fonte de renda dos habitantes, e possui relação com o mundo espiritual e também a terra, com simbologias de proteção e saúde, os colares produzidos são essenciais nas vestes diárias.

Dessa forma, é possível identificar a rica cultura dos Mbyás em suas tekoas, vivendo em união, se mantendo através da subsistência e expressando a fé na casa de reza.

2.3 Educação indígena

De acordo com o Censo Escolar de 2014 realizado pelo INEP existem 1.764 alunos matriculados em 40 escolas indígenas da educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e educação de jovens e adultos (EJA), atendendo estudantes das etnias Guarani Nhandewa, Mbya, Terena, Krenak e Kaingang.

Partindo de um comparativo com as matrículas realizadas e a quantidade de crianças e jovens indígenas em São Paulo, é possível identificar uma grande defasagem. Segundo a SESAI (Secretaria Especial de Saúde Indígena) , atualmente há 4.961 indígenas em 50 aldeias no estado de São Paulo, juntamente com os dados do Censo IBGE 2010 é possível identificar

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que desse total 2.180 são indígenas entre 0 a 14 anos, quase metade da população que necessitaria acessar a educação infantil até a fundamental.

Logo, fazendo um comparativo das 1.605 matrículas realizadas no ano de 2014 a defasagem é de 26% em relação ao total de alunos que deveriam ser atendidos. Em relação ao ensino médio , no ano haviam apenas 5 escolas indígenas em todo o estado , sendo registrada apenas 86 matrículas , seguindo da mesma forma, de acordo com o Censo 2010 existem 312 habitantes de 15 à 17 anos , totalizando um desfalque de 72%

Assim, é nítido como os ensino para jovens das aldeias ainda é uma problemática, e com isso, muitos deles acabam saindo das tekoas em busca de escolas, e cursos técnicos, enfrentando discriminação, currículo fora de sua realidade e problemas de locomoção. O coordenador geral de Educação Escolar Indígena da Secretaria de Educação Continuada, Gersem Baniwa afirma:

É importante ressaltar o valor a educação escolar indígena na aldeia, ela é a base para a estruturação dos povos, reafirmando seus valores e histórias. Através dela é possível que crianças e jovens entendam seu lugar e possam reivindicar seus direitos, lutar contra a desigualdade e facilitar o diálogo intercultural com diferentes agentes sociais.

Foi em 1988, através da Constituição que a educação indígena foi reconhecida como comunitária, bilíngue, intercultural, específica e diferenciada . E em 1997 com a criação do Núcleo de Educação Indígena em São Paulo ela pode receber um tratamento específico.

E por fim, em 2003 foi firmado o Termo de Ajustamento de Conduta , entre o MEC, a Secretaria Estadual de Educação de São Paulo, a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo e a FUNAI, afirmando que a educação indígena passaria a atender os preceitos constitucionais e à política nacional.

Criação de novas escolas;

Criação de cursos superior de formação intercultural de professores indigenas;

E com isso, houve uma positiva melhora para os indígenas, assim listadas: “Hoje, as crianças indígenas, quando terminam o 5° ano, têm que se deslocar quilômetros a pé ou às vezes em péssimas condições de transporte público para estudar em escolas não indígenas na vizinhança, sofrendo todo o tipo de preconceito, racismo e violência, além das dificuldades financeiras para pagar um ónibus e tudo mais”

(BANIWA. Gersem. Desafios da Educação Indígena: Mais Escolas e Mais Professores. Instituto Unibanco. 19 de abril de 2021)

População indígena de 0 à 14 anos no Estado de São Paulo

Defasagem de matrículas no ensino infantil e fundamental indígena

Elaboração de uma Política Estadual de Atenção aos Povos Indígenas

Defasagem de matrículas no ensino médio indigena

Fig. 7 - Gráficos população indígena e matrículas.

Fonte: SESAI, Censo 2010 (IBGE) e Censo Escolar 2014 (INEP), editado pela autora.

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44% 26% 72%

Porém os problemas referente à estrutura física dos edifícios e à formação de professores sempre retornam à comunidade.

De acordo com Gersem Baniwa (2021), ainda faltam professores indígenas com formação de nível superior para lecionarem para estudantes a partir do 5° série . Para os anos anteriores a qualificação é através de cursos de ensino médio que habilitam para o magistério da 1° a 4° série, porém, para o ensino fundamental anos finais e ensino médio é necessário a realização do curso superior em Licenciaturas Indígenas , atualmente cerca de 90 etnias estão matriculadas em todo o país , esse baixo número de professores e suporte na rede de ensino reflete diretamente no acesso à cursos técnicos e superiores para os indígenas.

Hoje, na aldeia Tenondé Porã existem duas escolas, uma de ensino infantil CECI Tenondé Porã e de ensino fundamental e médio, a Escola Estadual Indígena Guarani Gwyra Pepo . O CECI (Centro de Educação e Cultura Indígena) foi um projeto que surgiu em 2004, através da luta indígena dos povos Guarani em São Paulo, onde todo o plano e projeto arquitetônico foi elaborado em conjunto com a população, tem como objetivo a interculturalidade e a reafirmação dos valores indígenas . Os centros possuem salas de aula, de informática, uma rádio comunitária e refeitório.

Os CECIs atendem crianças de 0 a 5 anos e não há divisão de turmas, e por isso há uma proximidade de familiares, entre irmãos e até mesmo bebês acompanhados de suas mães. Atualmente, existem 3 unidades na cidade de São Paulo, em Jaraguá, Krukutu e Tenondé Porã.

A Escola Estadual Guarani Gwyra Pepo está localizada também na aldeia, e conta com 15 professores e aproximadamente 290 alunos. Diferente do CECI, o prédio atualmente está debilitado e não atende as necessidades dos alunos.

Fig. 8 - Localização dos CECIs na cidade de São Paulo. Fonte: Secretaria Municipal da Educação, editado pela autora.

Atualmente a comunidade não possui nenhum tipo de escola de capacitação, e a escola técnica pública mais próxima, a ETEC Carolina Caminhato Sampaio, está a aproximadamente à 30 quilômetros de distância da aldeia, um trajeto de 2 horas de transporte público.

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CECI Tenondé Porã
CECI Krukutu CECI Jaraguá Fig. 10 - Percurso Aldeia Tenondé Porã até ETEC Carolina Caminhato Sampaio. Fonte: Google Maps, editado pela autora. Fig. 9 - Alunos na Escola Estadual Guarani Gwyra Pepo. Fonte: Flickr, 2015. Autora: Jaqueline Phelipini
0 8 16km 0 7,5 15km

Fig. 11 - CECI Tenondé Porã Fachada. Fonte: Ceci/Ceii Tenondé Porã, 2015. Autor desconhecido.

Fig. 12 - CECI Tenondé Porã Interna. Fonte: Ceci/Ceii Tenondé Porã, 2015. Autor desconhecido.

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Fig.

Fig. 14 - Interior Escola Estadual Indígena Guarani Gwyra Pepó. Fonte: IFSC/USP, 2017. Autor desconhecido.

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13 - Fachada Escola Estadual Indígena Guarani Gwyra Pepó. Fonte: IFSC/USP, 2017. Autor desconhecido.

2.3 Arquitetura Guarani Mbyá

A arquitetura dos Mbyás é fortemente sustentável, do modo vernacular é utilizado somente materiais e recursos do próprio ambiente da construção. E por isso, lutam constantemente pela preservação do meio ambiente.

Na Terra Indígena de Tenondé Porã além das construções tradicionais indígenas, existem também as habitações provenientes do CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano de São Paulo), que foram projetadas em conjunto com a população e a FUNAI (Fundação Nacional do Índio), respeitando seus costumes, hábitos e usos. A construção das casas se tornou necessária devido a escassez de recursos naturais nas aldeias , impossibilitando a criação das ogas (casas em guarani) da maneira tradicional.

É importante ressaltar como a arquitetura é influenciada pela cultura e religião dos Guarani. Nos mitos, de acordo com Costa (1993, p.115) a “primeira terra” (Avy Tenondé) que era imperfeita e foi destruída por um dilúvio, era plana e suportada por dois paus ou hastes de milho. Mas uma dessas hastes foi retirada, causando um terremoto. A “segunda terra”

(Avy Apy) onde hoje vivem, imperfeita e que será destruída pelo fogo, possui fundamentos (rapyta) de pedra (itá), e por isso não será possível a destruição pelo fogo. Essa fundação é de pindó (espécie de palmeira sagrada pelos Mbyás), ela é encontrada facilmente nos locais em que vivem, e pode ser utilizada na parede, cobertura e estrutura . Segundo Costa (1993), a palavra ita em Guarani significa tanto “pedra” como também “estrutura”, logo, usando o pindó como equivalente à pedra.

Os materiais construtivos dos Mbyá são derivados da Mata Atlântica. E basicamente usam de espécies arbóreas como estrutura e vedações ; espécies de taquara, capim ou folhas de palmeira como cobertura ; e o barro como revestimento lateral das paredes

Citando as principais técnicas construtivas, o cedro ou yary em Guarani, é utilizado como pilar , tendo o tamanho necessário para a sustentação das casas, tem relação com a divindade Yvyra Nhamandú (CADOGAN, 2003), e é associada com a criação e sustentação do mundo.

Porém, há pelo menos uma construção tradicional na aldeia, essa seria a casa de reza, utilizando dos recursos naturais e simbólicos.

A taquara-mansa ou tekua eteí em Guarani, é utilizada na forma de feixes macerados que formam uma espessa camada de cobertura , pode ser utilizada também inteiriça ou em trama como vedação na lateral das paredes , as ripas da cobertura que apoiam as telhas também são de taquara. O material tem relação com a heroína chamada Takuá Vera Chy Ete (CADOGAN, 2003).

O cipó, também chamado de yxpó pelos Guarani tem a função de estabilizar a estrutura com técnicas de encaixe e amarração, segundo

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Fig. 15 - Moradias Indígenas CDHU. Fonte: Governo do Estado de São Paulo, 2012. Autor: Fabio Knoll, editado pela autora. Fig. 16 - Casa de Reza em Tenondé Porã. Fonte: Tenondé Porã, 2021. Autor desconhecido, editado pela autora.

Zanin (2006, p.122) é exemplificado através da expressão Mbyá: “o cipó é nosso prego”.

O pau-a-pique consiste em madeiras roliças posicionadas lado a lado verticalmente e horizontalmente, amarradas com cipó, e criando uma trama que deve ser preenchida com terra crua.

Os pisos das casas são feitos também da terra crua, também chamada de yvy em Guarani, o uso possibilita o fogo de chão e aumenta o isolamento térmico interno.

A posição das casas em relação ao sol também está ligada diretamente às suas crenças, pois o sol (Nhamandú) é a divindade principal. E por isso, as construções são posicionadas para o oeste, pois no amanhecer recebe o olhar de Nhamandú por trás, e no final do dia o olhar diretamente pela entrada da casa. A posição estratégica faz com que as ogas possam ser protegidas da maior incidência solar e dos ventos fontes.

pela cobertura, mas como a água de chuva não entra nas fibras, devido a inclinação acentuada que permite o escoamento da água.

Fig. 18 - Croquis esquemáticos das ogas ou oó (casa) dos Mbyá. Fonte: Dissertação Programa de PósGraduação em Engenharia Civil da UFRGS, 2007. Autora: Letícia Thurmann Prudente.

Fig. 17 - O percurso do sol ( Nhamandú ) pelas orientações ( Karaí ), zênite ( Jakairá ) e oeste ( Tupã ). Fonte: Dissertação Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da UFRGS, 2007. Autora: Letícia Thurmann Prudente.

Além disso, em relação ao conforto ambiental a ventilação cruzada é possível graças a tecnologia e material da cobertura. O ar entra pela porta, é aquecido pelo calor do fogo de chão, sobe pela pressão e sai pela cobertura. Vale ressaltar como a ventilação ocorre saindo

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3. O LUGAR

3.1 Justificativa de escolha do projeto

De acordo com o Censo 2010 do IBGE , vivem em São Paulo cerca de 12.997 índios espalhados na cidade e em Terras Indígenas . Desse total, estima-se que 1.200 indígenas se encontram em Tenondé Porã.

Sendo atualmente a maior Terra Indígena da cidade de São Paulo, Tenondé Porã tem cerca de 15.969 hectares , e abriga 8 tekoas , sendo Tenondé Porã (ou aldeia da Barragem) e a Krukutu as mais populosas. Ainda, sem um levantamento exato sobre a quantidade de crianças e adolescentes em Tenondé Porã, é possível identificar através de documentários, reportagens e artigos que o volume é significativo.

0 7,5 15km

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16 16
55 55
71
84
113
140
-
- 71
- 84
- 113
- 140
- 243 243 - 341 341 - 583 583 - 1002
Fig. 19 - Distribuição da População Indígena. Fonte: IBGE, Censo 2010. Editado pela autora. 0 40
80m
Fig. 20- Tekoa Tenondé Porã. Fonte: Google Earth, 2021. Editado pela autora 27

3.2 Inserção

Parelheiros está localizado no Extremo Sul da cidade de São Paulo , e sua divisa está cerca de 10km do mar. O distrito é de extrema importância para o município, pois nele está inserida a área de proteção aos mananciais , além dos remanescentes de Mata Atlântica, equilibrando as correntes térmicas e precipitações da cidade através de sua biodiversidade preservada. Sua rede hídrica contempla três bacias hidrográficas: Capivari, Guarapiranga e Billings. As duas represas fornecem água para cerca de 25% da população da cidade.

Fig. 21- Município de São Paulo. Fonte: Geosampa, 2021. Editado pela autora.

28
0 7,5 15km 0 2

PARELHEIROS

29
4km
Fig. 22 - Parelheiros. Fonte: Google Earth, 2021. Editado pela autora

3.3 Topografia

A área é formada por diferentes níveis topográficos, caracterizando o terreno em fundo de vale, planícies e pequenas colinas.

A aldeia em específico está localizada em área onde as curvas de nível variam entre 770 à 780 m , possuindo uma variação pequena de declividade.

Aldeia Tenondé Porã

30
797 m 796 m 794 m 793 m 791 m 790 m 788 m 786 m 785 m 783 m 781 m 779 m 778 m 776 m 774 m 772 m 770 m 768 m 766 m 764 m 761 m 759 m 756 m 753 m 748 m 0 200 400m

Fig. 23 - Mapa topográfico. Fonte: Topographic map, 2021.

31
400m

3.4 Hidrografia

A Terra Indígena Tenondé Porã está localizada entre as duas represas Billings e Guarapiranga , e por isso também é conhecida como “aldeia da Barragem”.

Além de abastecerem a cidade de São Paulo, as represas também são lugares para a pesca e lazer dos moradores, e por isso os Mbyá cuidam e lutam pela sua preservação.

32
Aldeia Tenondé Porã Hidrografia
0 200 400m
Fig. 24 - Crianças pescando na represa. Fonte: Ceci/Ceii Tenondé Porã, 2019. Autor desconhecido, editado pela autora.
400m
Fig. 25 - Mapa de hidrografia. Fonte: Google Earth e Geosampa, 2021. Editado pela autora
33

3.5 Zoneamento

A área de intervenção está localizada em uma ZEPAM (Zonas Especais de Preservação Ambiental) , por ser uma Terra Indígena já demarcada. A ZEPAM é uma área destinada a preservação ambiental e tem como objetivo a conservação da biodiversidade.

A demarcação da ZEPAM na aldeia Tenondé Porã é de extrema importância para a preservação do meio ambiente e também para impedir as especulações imobiliárias

ZEIS 1

ZEPAM

ZM

ZPDS

34
Aldeia Tenondé Porã
0 200

de

31
400m
Fig. 26 - Mapa zoneamento. Fonte: Geosampa, 2021. Editado pela autora

3.6 Transporte Público

36
Linha de ônibus Ferrovia
Paradas de ônibus 0 200 400m Aldeia Tenondé Porã Fig. 27 - Mapa de transporte. Fonte: Google Earth e Geosampa, 2021. Editado pela autora 37

3.7 Escolas

A aldeia de Tenondé Porã, possui duas escolas indígenas para os habitantes, sendo uma de ensino infantil a CECI Tenondé Porã , e de ensino fundamental e médio, a Escola Estadual Indígena Guarani Gwyra Pepo . Ou seja, já existe um núcleo educacional, mas ainda com a falta de um ensino de capacitação e uma melhor infraestrutura da construção.

Fig. 28 - CECI Tenondé Porã vista pedestre. Fonte: Google Maps, 2021. Editado pela autora.

38
0 200 400m
Aldeia Tenondé Porã Escolas Fig. 29 - CECI Tenondé Porã. Fonte: Facebook, 2016. Fig. 30 - Aluno na Escola Estadual Indígena Guarani Gwyra Pepo. Fonte: Flickr, 2015. Autora: Jaqueline Phelipini.
39 400m
Fig. 31 - Mapa de escolas. Fonte: Google Earth e Geosampa, 2021. Editado pela autora

3. Área de intervenção

O terreno escolhido está localizado no centro da aldeia Tenondé Porã , ou também conhecida como aldeia da Barragem e tem aproximadamente 5 mil m 2

Por ser um terreno central, amplo e já com um nicho escolar indígena localizado, foi escolhido para a elaboração do Complexo Educacional Indígena , onde o acesso será facil para os Mbyá, e poderá concentrar alunos do ensino infantil até o técnico.

40
Terreno 0 20
40m
Fig. 32- Área de interveção - Fonte: Google Earth, 2021. Editado pela autora
41

4. ESTUDO DE CASO

4.1 Escola Autônoma Teko Jeapo na Tekoa Ka’aguy Porã (aldeia mata sagrada)

Autor: Francisco Lang

Orientador: Danielle Caron e Eugenia Kuhn Ano: 2018-2

Tipo de projeto: Trabalho Final de Graduação

Universidade: Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS

Localização: Maquiné, Rio Grande do Sul

4.1.1 Conceito

O projeto final de graduação elaborado por Francisco Lang tem como objetivo a expansão e adequação dos espaços e edificações que envolvem a Escola Autônoma Teko Jeapo localizada na Tekoa Ka’aguy Porã , onde residem indígenas da etnia Guarani Mbya.

4.1.2 Problemática

A princípio, o projeto teve como desafio a falta de identidade nas construções , os processos pedagógicos que não condiziam com os costumes indígenas , a escassez de materiais construtivos na aldeia e a perda do domínio das técnicas construtivas da população .

E por isso, foi de extrema importância a aproximação com a comunidade, entendendo suas necessidades e utilizando a arquitetura como materializadora de sonhos.

42
43
Fig. 33 - Escola Autônoma Teko Jeapo 01. Fonte: premio iab rs, 2018. Autor: Francisco Lang Fig. 34 - Escola Autônoma Teko Jeapo 02. Fonte: premio iab rs, 2018. Autor: Francisco Lang

4.1.3 Implantação

A implantação do projeto foi desenhada de forma com que integrasse os espaços em conjunto, tornando o centro como ponto de encontro, conversa, danças e canto, e como raízes se espalham as construções.

4.1.4 Programa

Juntamente com a comunidade, o autor buscou compreender as necessidades diárias para elaboração do programa, e assim foi definido:

Cozinha/refeitório: espaço amplo para refeições coletivas.

Banheiros: espaço deve conter chuveiros com água quente, e também espaços previstos para máquina de lavar roupas.

Plantios: cultivo de plantas medicinais, hortas para subsistência, retomada do cultivo ancestral conhecido como Maytã, cultivo agroflorestal com árvores nativas para recuperação do ecossistema local e a plantação de árvores frutíferas diversas.

Geração de energia: geração de energia de forma autônoma, além de espaços para uso de utensílios tecnológicos, afim de auxiliar no aprendizado das crianças.

ESC. 1/500

44
45
Fig. 35 - Implantação Escola Autônoma Teko Jeapo. Fonte: premio iab rs, 2018. Autor: Francisco Lang

Fig. 40

4.1.5 Técnicas e materiais construtivos

O projeto teve como premissa a utilização da arquitetura Guarani e todo seu caráter de sustentabilidade social, econômica, ambiental e cultural. Logo, tem como partido a autoconstrução por meio de ações coletivas, como os mutirões. Os materiais construtivos devem ser do próprio entorno da aldeia, como madeira, taquara (bambu), palhas e pedras.

A fim de unir a materialidade com método construtivo, é possível fazer a utilização da técnica de pau a pique, muito comum entre os Mbya.

As técnicas analisadas foram:

Piso de arenito: o piso foi eleito por ser encontrado facilmente na região, ter bom índice de permeabilidade e proporcionar desenhos irregulares no piso.

Parede de pau a pique: é um método comum para a cultura guarani.

Cobertura de Capim Santa Fé: facilmente encontrado na região do sul do Brasil, Uruguay e Argentina, possui uma longa durabilidade, de aproximadamente 20 anos.

Fig. 36 - Arenito. Fonte: premio iab rs, 2018. Autor: Francisco Lang

Fig. 37 - Pau a pique. Fonte: premio iab rs, 2018. Autor: Francisco Lang

Fig. 38 - Cobertura Fonte: premio iab rs, 2018. Autor: Francisco Lang

46
- Esquema estrutural. Fonte: premio iab rs, 2018. Autor: Francisco Lang

Fig. 39 - Croqui Fluxos. Fonte: premio iab rs, 2018. Autor: Francisco Lang

47

4.1.6 Considerações

O projeto é de fato inclusivo e soube traduzir a cultura Guarani em sua arquitetura, desde seu programa de necessidades, implantação e técnicas construtivas.

Para o projeto do Complexo Educacional em Tenondé Porã, levo como referência a autonomia dos espaços, materiais e técnicas construtivas da dos povos Mbyá .

48
49
Fig. 41 - Escola Autônoma Teko Jeapo 03. Fonte: premio iab rs, 2018. Autor: Francisco Lang

4.2 Moradas Infantis Canuan - Fundação Bradesco

Arquitetos: Aleph Zero, Rosenbaum

Ano: 2017

Área construída: 23344 m 2

Localização: Formoso do Araguaia – Tocantins –Brasil

4.2.1 Conceito

O projeto teve como objetivo implantar 45 unidades de dormitórios na fazenda em Formoso do Araguaia, fazendo com que as crianças se sentissem de fato em um lar , respeitando suas origens cablocas e indígenas.

4.2.2 Problemática

Em conversa com as crianças e adolescentes que residiam no espaço, a principal queixa era a falta de pertencimento ao lugar e como não conseguiam se sentir de fato em casa. Além da questão do conforto térmico , devido a sua localização o ambiente era extremamente quente e sem ventilação.

4.2.3 Programa

O projeto conta com duas vilas, cada uma com 45 unidades de dormitórios para 6 alunos cada. Em conjunto com os quarto, estão também os espaços de convívio, trazendo assim a sensação de lar para as crianças, esses são: sala de tv, espaço para leitura, varandas, pátios e redários.

50
51
Fig. 42 - Moradias Infantis Canuan 01. Fonte: rosenbaum, 2017. Autor: Leonardo Finotti – Tomie Ohtake

4.2.4 Implantação

A implantação do projeto é composta pela disposição de duas vilas, uma feminina e outra masculina, nas extremidades da fazenda. Essa forma cria um espaço que norteia a paisagem e libera o centro da fazenda , para que seja futuramente ocupado apenas pelas atividades educacionais.

4.2.5 Conforto Térmico

O projeto conta com estratégias para o maior conforto térmico da edificação, dentre elas:

1- Beirais de 4 metros que garantem a proteção contra a radiação solar nos períodos mais quentes do dia;

2- Pé direito de 8 metros que facilita ventilação ;

3- Blocos de dormitórios soltos da cobertura posicionados de forma que geram 3 pátios internos, auxiliando na ventilação e incidência solar ;

4- As faces dos dormitórios voltadas para o exterior são vedadas por tijolos em disposição de muxarabi, auxiliando na circulação dos ventos ;

5- A ventilação cruzada promove a remoção do calor por acelerar as trocas por convecção e também contribui para melhoria da sensação térmica dos ocupantes por elevar os níveis de evaporação;

6- O resfriamento evaporativo se dá pelo processo de evaporação da água, que retira o calor do ambiente.

Fig. 43 - Moradias Infantis

Canuan 02. Fonte: rosenbaum, 2017. Autor: Leonardo Finotti –Tomie Ohtake

Fig. 44 - Moradias Infantis

Canuan 03. Fonte: rosenbaum, 2017. Autor: Leonardo Finotti –Tomie Ohtake

Fig. 45 - Moradias Infantis

Canuan 04. Fonte: rosenbaum, 2017. Autor: Leonardo Finotti –Tomie Ohtake

Fig. 46 - Moradias Infantis

Canuan 05. Fonte: rosenbaum, 2017. Autor: Cristobal Palma

Fig. 47 - Moradias Infantis

Canuan 06. Fonte: rosenbaum, 2017. Autor: Leonardo Finotti –Tomie Ohtake

Fig. 48 - Moradias Infantis

Canun 07. Fonte: rosenbaum, 2017. Autor: Leonardo Finotti –Tomie Ohtake

52
1 2 3 4 5 6

Fig. 49 - Implantação Moradias Infantis Canuan . Fonte: rosenbaum, 2017.

53

4.2.6 Técnicas e materiais construtivos

Os arquitetos buscaram na origem das casas das famílias das crianças materiais que trouxessem o aconchego. Nessa análise, foi destacado a utilização do adobe , e com isso, trouxeram para a edificação tijolos construídos na própria obra com argamassa de argila , tendo em vista que é um dos vários exemplos de materiais naturais que não só cumprem a mesma função dos artificiais, como também o fazem de maneira mais eficiente a condutividade térmica da argila é 0,80kcal/hmC.

Também foi utilizada a madeira laminada colada de eucalipto, um material isolante térmico natural de baixa condutividade térmica, auxiliando no conforto térmico do edifício.

As telhas são termoacústicas compostas por duas chapas metálicas preenchidas com poliuretano injetado , e as paredes de bloco de concreto revestidos com argamassa de argila.

4.2.7 Considerações

O projeto tem como ponto forte a adequação à paisagem local , e também ao conforto ambiental. Utilizando materiais e estratégias que atendesse às demandas do local quente na maior parte do ano, dessa forma otimizando o consumo de energia elétrica e fazendo o maior aproveitamento das áreas. Além disso, o desenho do projeto se adequa ao espaço , onde não existem barreiras visuais, e por um instante parece se camuflar no horizonte da fazenda, fazendo com que os olhares consigam transpassar o espaço, devido a transparência do projeto.

Dessa forma, utilizo como referência as estratégias adotadas para o conforto térmico do edifício, e também sua relação com o entorno, utilizando materiais, aberturas e alturas que se camuflassem na paisagem.

54
Fig. 52 - Moradias Infantis Canuan 10. Fonte: rosenbaum, 2017. Autor: Leonardo Finotti – Tomie Ohtake Fig. 50 - Moradias Infantis Canuan 08. Fonte: rosenbaum, 2017. Autor: Leonardo Finotti – Tomie Ohtake
55
Fig. 51 - Moradias Infantis Canuan 09. Fonte: rosenbaum, 2017. Autor: Leonardo Finotti – Tomie Ohtake

4.3 Centro de Capacitação Indígena

Käpäcläjui

Arquitetos: Entre Nos Atelier Ano: 2014 Área construída: 470 m2

Localização: Reserva Indígena de Tayutic de Grano de Oro, na província de Cartago, Costa Rica

4.3.1 Conceito

O projeto consiste em um Centro de Capacitação com alojamento e age como facilitador de interação entre os moradores, visitantes e também como incentivador para o desenvolvimento de projetos locais sustentáveis e em harmonia com o entorno.

O Centro faz parte de um sistema estratégico de integração rural para o fortalecimento comunitário que inclui caminhos, grutas e trilhas. Além disso, uma rede de pontes de pedestres que ampliam a acessibilidade de certas partes que se tornam críticas em certas épocas do ano devido às chuvas.

4.3.2 Programa

O Centro de Capacitação possui um programa de necessidades realizado com os arquitetos e moradores, onde todos os membros da comunidade puderam opinar e falar sobre suas necessidades. O programa é distribuído entre setor administrativo, setor educacional e de serviço.

Sala de Informática Sala Multiuso Sala de Aula Biblioteca

Secretária Sala de Espera Sala de Apoio Sala de Uso Múltiplo

Refeitório Cozinha Sanitário Masculino Sanitário Feminino

56
EDUCACIONAL ADMINISTRATIVA SERVIÇO Fig. 53 -Centro de Capacitação Indígena Käpäcläjui 01. Fonte: ArchDaily, 2014. Autor: Ingrid Johanning 57

Espaços

O Centro de Capacitação possui um alojamento que auxilia na integração dos nativos com os visitantes, favorecendo o desenvolvimento de projetos sustentáveis para a área.

O térreo é aberto e nele está concentrada as atividades operacionais do centro , espaço para serviço, salas de aula e oficinas.

No primeiro pavimento foi elaborado um espaço para atividades da comunidade e estadia dos visitantes.

4.3.4 Materiais

O projeto utilizou materiais que conversassem com o entorno , e trouxesse identificação à comunidade. O principal material utilizado para vedação e estrutura foi a madeira , e desenhando a fachada foram utilizadas madeiras formadas por tramas, que produzem diferentes texturas , alterando o aspecto em cada fachada da edificação.

58
4.3.3

Fig. 54 - Esquema materiais construtivos. Fonte: ArchDaily, 2014. Autor: Ingrid Johannin

59

EDUCACIONAL

ADMINISTRATIVA SERVIÇO EDUCACIONAL

Fig. 55 - Programa de necessidades 01. Fonte: ArchDaily, 2014. Autor: Ingrid Johanning, editado pela autora

60

EDUCACIONAL

Fig. 56 - Programa de necessidades 02. Fonte: ArchDaily, 2014. Autor: Ingrid Johanning, editado pela autora

61

4.3.5 Considerações

O projeto conta com materias e técnicas construtivas simples , uma organização linear e um programa de necessidades necessário para o funcionamento da unidade. A edificação se comunica e respeita o entorno , e teve grande participação da população na elaboração do projeto.

Como base, utilizo o projeto para compreender o programa de necessidades de um centro capacitacional e também toda sua materialidade e relação.

62

Fig. 57 - Centro de Capacitação Indígena Käpäcläjui 02.

Fig. 58 - Centro de Capacitação Indígena Käpäcläjui 03. Fonte: ArchDaily, 2014.

Fonte: ArchDaily, 2014. Autor: Ingrid Johanning Autor: Ingrid Johanning 63

5. PROGRAMA DE NECESSIDADES

5.1 Proposta

A partir da análise dos estudos de caso e do local onde o projeto está inserido, foi possível formular o programa para o Complexo Educacional Tenondé Porã.

A princípio, será necessária a retirada da Escola Estadual Indígena Guarani Gwyra Pepó , já citada anteriormente. O prédio não possui referência da arquitetura e cultura Guarani Mbyá, e consiste em uma construção padrão, replicada de outras escolas dos juruás.

O CECI Tenondé Porã será mantido , já que sua arquitetura e programa educacional foi elaborado em conjunto com a população da TI. Nele continuarão sendo atendidas as crianças Mbyás de 0 a 5 anos, dando continuidade as atividade já atribuídas.

O projeto em si, consistirá em dois novos núcleos de ensino indígena , o primeiro voltado ao ensino de capacitação, com cursos direcionados a área da saúde e da educação, podendo assim, inserir a população Guarani nas próprias instituições públicas da aldeia, como o posto de saúde e a escola.

O segundo núcleo, é o de ensino fundamental e médio, contando com a presença da arquitetura Mbyá, e integrando-se ao entorno.

O programa baseia-se nos costumes, hábitos e necessidades educacionais dos habitantes.

O quadro educativo contém espaços que auxiliam no aprendizado e busca ativa. As bibliotecas e salas de informática são de uso público da aldeia, no qual não só os alunos, mas também os moradores poderão fazer a utilização, já as salas de aula e laboratórios serão usados somente pelos estudantes.

Os espaços de convivência terão como principal objetivo a prática da educação Guarani e a integração da tekoa. Os refeitórios são de uso dos Mbyás, preservando a tradição da família no ambiente escolar. Será através da cozinha que a alimentação poderá ser feita não só pelos alunos, como também pelos moradores. A horta será de utilização comunitária, como também o espaço brincar, com dinâmicas e brinquedos da cultura Guarani.

Fig. 60 - Organograma. Elaborado pela autora.

64
Educacional ADM/Serviços Ensino fundamental e médio Convivência COMPLEXO EDUCACIONAL INDÍGENA Ensino técnico
Fig. 59 - Aluna indígena. Fonte: Flickr, 2008. Autor: Gilberto Teles 65

Ensino fundamental e médio

COMPLEXO EDUCACIONAL INDÍGENA

Educacional ADM/Serviços

Ensino técnico

Fig. 60 - Organograma. Elaborado pela autora.

Convivência

66

EDUCATIVO

QUANTIA

Salas de aula

Biblioteca Laboratório de Informática Laboratório de Enfermagem Laboratório Saúde Bucal Auditório

ADM/SERVIÇOS

Administração Diretoria Banheiros Depósito Cozinha Vestiário

CONVIVÊNCIA

Refeitório Espaço Brincar Horta Convivência Apresentação

12 unidades 2 unidades 2 unidades 1 unidade 1 unidade 1 unidade

312,8 m 2 64,6 m 2 64,6 m 2 32,5 m 2 32,5 m 2 32,5 m 2

2 unidades 2 unidades 14 unidades 1 unidade 1 unidade 1 unidade

QUANTIA QUANTIA

1 unidades 1 unidade 1 unidade 1 unidade 1 unidade

M 2 TOTAL M 2 TOTAL M 2 TOTAL

18,9 m 2 13,7 m 2 40,56 m 2 15,6 m 2 32 m 2 15 m 2 60 m 2 100 m 2 100 m 2 90 m 2 150 m 2

67
ADMINISTRATIVO BIBLIOTECA DEPÓSITO SALAS DE AULA SALAS DE AULA CIRCULAÇÃO CONVIVÊNCIA WC INFORMÁTICA ADMINISTRATIVO COZINHA LAB REFEITÓRIO SALAS DE AULA CIRCULAÇÃO CIRCULAÇÃO WC FLUXOGRAMA TÉRREO Fig. 61 - Fluxograma, elaborado pela autora 68
SALAS DE AULA CIRCULAÇÃO CIRCULAÇÃO WC VESTIÁRIO AUDITÓRIO BIBLIOTECA SALAS DE AULA INFORMÁTICA CIRCULAÇÃO REDÁRIO CIRCULAÇÃO FLUXOGRAMA 1 PAVIMENTO 69

ESQUEMA ESTRUTURAL

Fig. 62 - Diagramas esquemáticos, elaborado pela autora

70

ESTUDO SOLAR ACESSOS

VOLUMETRIA
71
7272

Fig. 63 - Implantação, elaborado pela autora.

73
73
20m
0 10
1 2 3 D G C G 1 2 3 1 A B 2 3 C D F A F

Fig. 64 - Planta térreo, elaborado pela autora.

1 B 2 3 A 75
5 15m
0
1 3 1 A 2 3 D A D 1 3 A A 76

Fig. 65- Planta 1 Pavimento, elaborado pela autora.

1 2 3
77 0 5 15m
1 2 3 1 A B 2 3 D E F G A B D C C E F G 1 2 3 1 A B 2 3 C D E F A B C D E F PLANTAS TÉRREO 78 0 5 15m
3 1 A B 2 3 C D A B C D 1 2 3 D E F G D C C E F G Fig.
Layouts, elaborado
79 0 5 15m 1 2 3 1 A B 2 3 D E F G A B D C C E F G 1 2 3 1 A B 2 3 C D E F A B C D E F
66 -
pela autora.
CORTE AA CORTE BB 787.8 787.8 CONVIVÊNCIA JANELA ARTICULADA CORTE AA CORTE BB 80
787.9 787.9 DIVISÓRIA RETRÁTIL DIVISÓRIA RETRÁTIL DIRETORIA AUDITÓRIO SALA 4 INFORMÁTICA BIBLIOTECA REDÁRIO SALA 1 SALA 2 SALA 3 REFEITÓRIO WC FEMININO WC MASCULINO WC ACESSÍVEL LAB ENFERMAGEM LAB SAÚDE BUCAL PAREDE DE PAU A PIQUE JANELA ARTICULADA VENTILAÇÃO TIJOLOS E SALA 1 VESTIÁRIO SALA 8 SALA 4 SALA SALA SALA 7 INFORMÁTICA DEPÓSITO BIBLIOTECA SALA 2 SALA 3 ADM PAREDE DE PAU A PIQUE GRAFISMO GUARANI VENTILAÇÃO TIJOLOS E
elaborado
81 0 3 6m
Fig. 67- Corte esquemático,
pela autora.
790.9 787.8 787.9 787.8 SALA 1
CC 82
CORTE DD CORTE

Fig. 68- Corte esquemático, elaborado pela autora.

790.9 790.9 787.9
83 0 3 6m
DIVISÓRIAS RETRÁTEIS 84

Fig. 69- Detalhamentos, elaborado pela autora.

PAREDE DE PAU A PIQUE 85
86
87
Fig.70 - Perspectiva, elaborado pela autora

Fig.73

88
Fig.71 - Perspectiva, elaborado pela autora - Perspectiva, elaborado pela autora
89
Fig.72 - Perspectiva, elaborado pela autora Fig.74 - Perspectiva, elaborado pela autora

Fig.75 - Perspectiva, elaborado pela autora

Fig.77 - Perspectiva, elaborado pela autora

90

Fig.76 - Perspectiva, elaborado pela autora

Fig.78 - Perspectiva, elaborado pela autora

91

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo do processo de pesquisa foi possível compreender a importância da cultura Guarani Mbyá para o aprendizado em sala de aula. Uma cultura rica que deve ser fortificada através das novas gerações. E através do ensino, os indígenas podem tomar seus espaços dentro e fora da tekoa, incorporando suas crenças e costumes em atividades diárias.

A arquitetura Guarani Mbyá é resultado do conhecimento adquirido por gerações antepassadas, que através do convívio em comunidade, não o perderam. Suas soluções de técnicas construtivas e materiais utilizados, são reflexo do espaço que habitam e também de suas crenças, para toda e qualquer intervenção existe uma motivação maior.

Logo, torna-se evidente a importância de resgatar elementos arquitetônicos que permitam a identificação do estudante indígena à seu espaço de aprendizagem, com aspectos que remetam a sua origem e cultura.

E através dos estudos levantados anteriormente nesse trabalho, foi possível elaborar da melhor forma o estudo preliminar para o Complexo Educacional Indígena em Tenondé Porã, levando em consideração os aspectos físicos e socioculturais, com o objetivo de tornar a aldeia autossuficiente, com profissionais que possam atuar e auxiliar internamente na tekoa, e crianças que sejam ensinadas de acordo com os preceitos da cultura Guarani Mbyá.

92
Fig. 79-Criança Mbyá. Fonte: Flickr, 2013. Autor: Aline Biz 67

7. REFERÊNCIAS CONSULTADAS

7.1 Referências Bibliográficas

APRENDI LÁ. Educação indígena e a legislação [S. l.], 19 jun. 2020. Disponível em: https://www. youtube.com/watch?v=1NxBPINEQdA. Acesso em: 10 mar. 2022.

BRIGHENTI, Clóvis Antônio. Integração e desintegração: análise do tratamento dispensado pelos Estados brasileiro e argentino ao povo Guarani de Santa Catarina e da província de Misiones . Dissertação de mestrado. Universidade de São Paulo. São Paulo, 2001.

CADOGAN, L. Tradiciones Guaraníes em el folklore paraguayo. Fragmentos de etnografia mbyá-guaraní . Asunción: Fundacion Leon Cadogan, Centro de Estúdios Paraguayos Antônio Guash, 2003

CANAL FUTURA. Como está a Educação Indígena? . Rio de Janeiro: Karen de Souza, 22 ago. 2019. Disponível em: https://www. youtube.com/watch?v=DOmilSsNCpo. Acesso em: 10 mar. 2022.

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COMISSÃO PRÓ-ÍNDIO DE SÃO PAULO (São Paulo). ÍNDIOS NA CIDADE . São Paulo. Disponível em: https://cpisp.org.br/indios-emsao-paulo/terras-indigenas/indios-na-cidade/. Acesso em: 14 mar. 2022.

COSTA, Carlos Zibel. O Desenho Cultural da Arquitetura Guarani . Orientador: Profa Dra Marlene Picarelli. 1989. 18 f. Artigo (Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 1989. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/ posfau/article/view/137037/132826. Acesso em: 30 mar. 2022.

DA COSTA , Lidiana Cruz. TERRITÓRIO E TERRITORIALIDADES DA COMUNIDADE INDÍGENA GUARANI MBYÁ TENONDÉ PORÃ . Orientador: Profa. Dra. Luciene Cristina Risso. 2014. 62 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em geografia) - UNESPUNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA, Ourinhos, 2014. Disponível em: https://repositorio.unesp. br/bitstream/handle/11449/156192/000891658. pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 31 mar. 2022.

FLORINDO, Karen Slindvain. ANTROPOLOGIA DO OUTRO: PERCEPÇÃO GUARANI SOBRE OS CENTROS DE EDUCAÇÃO E CULTURA INDÍGENA (CECI) NA TI TENONDÉ PORÃ 2017. 12 f. Seminário - Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, São Paulo, 2017. Disponível em: https://www.fespsp.org. br/seminarios/anaisVI/GT 16/Karen Florindo GT16.pdf. Acesso em: 1 abr. 2022.

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TESTA, Adriana Queiroz. CAMINHOS DE SABERES GUARANI MBYA: modos de criar, crescer e comunicar . Orientador: Profa. Dra. Dominique Tilkin Gallois. 2014. 328 f. Tese (Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014. Disponível em: https://www. researchgate.net/profile/Adriana-Queiroz-Testa/ publication/277664688 Grow with the flow Guarani Mbya ways of knowing/ links/556f47ae08aeab7772285250/Grow-withthe-flow-Guarani-Mbya-ways-of-knowing.pdf. Acesso em: 22 mar. 2022.

UNIFASE (Rio de Janeiro). Arte & Cultura - Mbyá Rekó: O Jeito de Ser Guarani. Rio de Janeiro: Maria Isabel de Sá Earp de Resende Chaves, 18 out. 2016. Disponível em: https://www.youtube. com/watch?v=QFx7mbik01I. Acesso em: 9 mar. 2022.

WEIMER, G. Arquitetura Popular Brasileira . São Paulo: Martins Fontes, 2005.

ZANIN, N. Abrigo na Natureza: Construção Mbyá-Guarani, Sustentabilidade e Intervenções Externas . Dissertação de mestrado. Pós Graduação em Engenharia Civil. Porto Alegre: UFRGS, 2006.

ZUIN, APARECIDA LUZIA ALZIRA. Comunicação e Mediação: estudos dos CECIs–Centros de Educação e Cultura Indígena . 5 f. Tese (Universidade Federal de Rondônia)Universidade Federal de Rondônia, Rondônia. Disponível em: https://silo.tips/download/ comunicaao-e-mediaao-estudos-dos-ceciscentros-de-educaao-e-cultura-indigena. Acesso em: 22 mar. 2022.

7.2 Lista de Imagens

Fig. 1 - Crianças Guarani Mbyá: https://www.facebook.com/cecijaraguasp/ photos/1751950051641634

Fig. 2 - Crianças e brincadeiras: https://tenondepora.org.br/project/ participacao-em-brincadeiras-e-jogosguaranis/

Fig. 4 - Família Tenondé Porã: https://www.flickr.com/photos/ rzanotto/4368160929/in/ album-72157623462510300/

Fig. 5 - Casas em Tenondé Porã: https://tenondepora.org.br/aldeias/tekoatenonde-pora/

ig. 6 -Vivência na aldeia: https://tenondepora.org.br/project/vivencia-naaldeia/

Fig. 9 - Alunos na Escola Estadual Guarani Gwyra Pepo: https://www.flickr.com/photos/ phelipini/24510050790/in/ album-72157664098006362/

Fig. 11- CECI Tenondé Porã Fachada: https://www.facebook.com/cecitenonde/

Fig. 12- CECI Tenondé Porã Interna: https://www.facebook.com/cecitenonde/ photos/2337007776427072

Fig. 13- Fachada Escola Estadual Indígena Gwyra Pepó: https://www2.ifsc.usp.br/portal-ifsc/ensinandofisica-em-tupi-guarani/

Fig. 14 - Interior Escola Estadual Indígena Gwyra Pepó: https://www2.ifsc.usp.br/portal-ifsc/ensinandofisica-em-tupi-guarani/

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Fig. 15 - Moradias Indígenas CDHU: https://www.cdhu.sp.gov.br/ documents/20143/37069/ ProgramaMoradiaIndigena.pdf/7dae6126b4b4-2b1d-f4db-ad7d3ae7c051

Fig. 16 - Casa de Reza em Tenondé Porã: https://tenondepora.org.br/aldeias/tekoatenonde-pora/

Fig. 17- O percurso do sol (Nhamandú) pelas orientações (Karaí), zênite (Jakairá) e oeste (Tupã): http://livros01.livrosgratis.com.br/cp100450.pdf

Fig. 18- Croquis Esquemáticos das ogas ou oó (casa) dos Mbyás: http://livros01.livrosgratis.com.br/cp100450.pdf

Fig. 24- Crianças pescando na represa: https://www.facebook.com/cecitenonde/ photos/2278134895647694/

Fig. 29- CECI Tenondé Porã: https://www.facebook.com/cecitenonde/

Fig. 30- Aluno na Escola Estadual Indígena Guarani Gwyra Pepo: https://www.flickr.com/photos/ phelipini/24779300316/in/faves-89491440@ N06/

Fig. 33- Escola Autônoma Teko Jeapo 01: https://premioiabrs.org.br/projetos/teko-jeapoescola-autonoma-mbya-guarani/

Fig. 34- Escola Autônoma Teko Jeapo 02: https://premioiabrs.org.br/projetos/teko-jeapoescola-autonoma-mbya-guarani/

Fig. 35 - Implantação Escola Autônoma Teko Jeapo: https://premioiabrs.org.br/projetos/teko-jeapoescola-autonoma-mbya-guarani/

Fig. 36 - Arenito: https://premioiabrs.org.br/projetos/teko-jeapoescola-autonoma-mbya-guarani/

Fig. 37- Pau a pique: https://premioiabrs.org.br/projetos/teko-jeapoescola-autonoma-mbya-guarani/

Fig 38- Cobertura: https://premioiabrs.org.br/projetos/teko-jeapoescola-autonoma-mbya-guarani/

Fig. 39 - Croqui Fluxos: https://premioiabrs.org.br/projetos/teko-jeapoescola-autonoma-mbya-guarani/

Fig. 40 - Esquema Estrutural: https://premioiabrs.org.br/projetos/teko-jeapoescola-autonoma-mbya-guarani/

Fig. 41 - Escola Autônoma Teko Jeapo 03: https://premioiabrs.org.br/projetos/teko-jeapoescola-autonoma-mbya-guarani/

Fig. 42 - Moradias Infantis Canuan 01: https://rosenbaum.com.br/escritorio/projetos/ moradias-infantis-canuana/

Fig. 43 - Moradias Infantis Canuan 02: https://rosenbaum.com.br/escritorio/projetos/ moradias-infantis-canuana/

Fig. 44 - Moradias Infantis Canuan 03: https://rosenbaum.com.br/escritorio/projetos/ moradias-infantis-canuana/

Fig. 45 - Moradias Infantis Canuan 04: https://rosenbaum.com.br/escritorio/projetos/ moradias-infantis-canuana/

Fig. 46 - Moradias Infantis Canuan 05: https://rosenbaum.com.br/escritorio/projetos/ moradias-infantis-canuana/

Fig. 47 - Moradias Infantis Canuan 06: https://rosenbaum.com.br/escritorio/projetos/ moradias-infantis-canuana/

Fig. 48 - Moradias Infantis Canuan 07: https://rosenbaum.com.br/escritorio/projetos/ moradias-infantis-canuana/

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Fig. 49 - Implantação Moradias Infantis Canuan: https://rosenbaum.com.br/escritorio/projetos/ moradias-infantis-canuana/

Fig. 50 - Moradias Infantis Canuan 08: https://rosenbaum.com.br/escritorio/projetos/ moradias-infantis-canuana/

Fig. 51 - Moradias Infantis Canuan 09: https://rosenbaum.com.br/escritorio/projetos/ moradias-infantis-canuana/

Fig. 59- Centro de Capacitação Indígena Käpäcläjui 03 : https://www.archdaily.com.br/br/759601/ centro-de-capacitacao-indigena-kapaclajuientre-nos-atelier

Fig. 60 - Aluna indígena : https://www.flickr.com/photos/ gilbertoteles/2556273434/

Fig. 79 - Criança Mbyá: https://www.flickr.com/photos/aline biz/10868762576/in/faves-89491440@N06/

Fig. 52 - Moradias Infantis Canuan 09: https://rosenbaum.com.br/escritorio/projetos/ moradias-infantis-canuana/

Fig. 53 - Moradias Infantis Canuan 10: https://rosenbaum.com.br/escritorio/projetos/ moradias-infantis-canuana/

Fig. 54 - Centro de Capacitação Indígena Käpäcläjui 01 : https://www.archdaily.com.br/br/759601/ centro-de-capacitacao-indigena-kapaclajuientre-nos-atelier

Fig. 55 - Esquema materiais construtivos : https://www.archdaily.com.br/br/759601/ centro-de-capacitacao-indigena-kapaclajuientre-nos-atelier

Fig. 56 - Programa de necessidades 01 : https://www.archdaily.com.br/br/759601/ centro-de-capacitacao-indigena-kapaclajuientre-nos-atelier

Fig. 57 - Programa de necessidades 02 : https://www.archdaily.com.br/br/759601/ centro-de-capacitacao-indigena-kapaclajuientre-nos-atelier

Fig. 58 - Centro de Capacitação Indígena Käpäcläjui 02 : https://www.archdaily.com.br/br/759601/ centro-de-capacitacao-indigena-kapaclajuientre-nos-atelier

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