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CONFRONTAÇÃO COM O RACISMO ESTRUTURAL

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racismo estrutural CONFRONTAÇÃO COM O

O uso massivo de imagens sem conexão com a cultura negra brasileira e a ausência de referências à natureza (como Carla bem pontuou: “a natureza também é uma tecnologia”) levantou a discussão sobre quais são as narrativas dominantes a respeito dos negros brasileiros. Embora o Brasil seja um país cuja população negra representa em torno de 108,9 milhões de habitantes 1 , ou seja, ela é a maioria no país, ainda assim há pouquíssima representatividade negra em espaços de poder, de educação, no mercado de trabalho e na tecnologia, entre outros. Essa é uma das marcas do racismo estrutural, que limita o acesso a direitos básicos e até ao direito de existir, já que pessoas negras têm 2,7 mais chances de serem vítimas de assassinato do que pessoas brancas, segundo o informativo Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil 2 , feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2019. Machado de Assis.

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1 Dia da Consciência Negra: números expõem desigualdade racial no Brasil | Agência Lupa 2 IBGE: população negra é principal vítima de homicídio no Brasil

Além das estatísticas que revelam o quanto o racismo é presente no Brasil, os estereótipos perduram no imaginário porque, entre os direitos básicos usurpados da população negra, está o direito de registrar e passar adiante as próprias narrativas. Existem muitos relatos sobre a escravidão e suas mazelas, mas pouco se fala sobre a história de luta e resistência. Da maneira como a História do Brasil é ensinada, parece que a escravidão não foi um processo de intensa violência e que os negros “aceitaram” essa condição de forma submissa.

Entre as muitas marcas que o racismo deixou na sociedade brasileira, a falta de símbolos e representações de pessoas negras além da figura do escravo é uma das mais cruéis. Personagens brilhantes como Machado de Assis e Teodoro Sampaio muitas vezes não são reconhecidos como negros. Outras figuras fortes, como Dandara dos Palmares e Carolina Maria de Jesus, só agora começam a alcançar alguma visibilidade. O contexto da sala de aula foi uma microesfera do que é a sociedade brasileira, na qual a maioria das pessoas que ocupam espaços de conhecimento são brancas e de classe média. E são essas mesmas pessoas que criam as narrativas que permeiam o imaginário popular, em um processo que mantém as estruturas sociais intactas e no qual o racismo é perpetuado.

Dandara dos Palmares.

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