Ilustrada 2014

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EF Segunda-Feira, 8 de Setembro de 2014

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ilustrada

PROCURE SABER grupo de músicos que se reúne hoje tenta angariar novos membros

MODA Semana de nova York usa filmes e performances para exibir roupas

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Bob Dylan em 1966, ano em que teve um acidente de moto e sumiu do mapa

SegredoS do PorÃo Ivan fInottI

editor da “ilustrada”

O porão de Bob Dylan esconde tanta coisa que, há 23 anos, ele criou uma coleção de discos chamada “The Bootleg Series” (a série pirata) só para lançar suas raridades esquecidas. O 11º volume desse conjunto sai no dia 4 de novembro e é, de certo modo, a gênese dessa história toda. “The Basement Tapes Complete” é uma ampliação do LP duplo “The Basement Tapes” (as gravações do porão), de 1975. Serão seis CDs, com 138 músicas. Essas gravações são míticas, por várias razões.

Em 1966, aos 25 anos, Dylan era um dos maiores cantores e compositores do mundo, talvez o maior. Havia lançado sete LPs em cinco anos, discos que redefiniram o rock, tirando o gênero da ingenuidade adolescente e tornando-o brincadeira de adultos. Era copiado por artistas, admirado pelos Beatles, perseguido por fãs e sugado por seu empresário (que marcava dezenas de shows seguidos sem descanso). caiu

Na última sexta-feira de julho daquele ano, Dylan estava em sua casa ao norte de Nova York quando foi dar um passeio de moto e se esborrachou. Nunca ficou claro a gravidade do acidente, se ele exagerou ou não, o fato é que Dylan aproveitou a deixa e cancelou todos os compromissos pelos próximos 15 ou 16 meses. Mas não parou de com-

por ou tocar. No verão seguinte, em 1967, enquanto acompanhava os passos iniciais do primeiro filho e curtia a esposa ex-coelhinha da “Playboy”, reuniu sua banda em uma casa próxima e gravou as tais 138 músicas. No porão. Descia lá com um pedaço de papel, criava letras e ia tocando para ver se encaixava. Deixavam o gravador rodar, mas não havia engenheiro de som, nem nada que lembrasse um estúdio profissional. Metade delas são composições do próprio e a outra metade, versões de clássicos caipiras norte-americanos. Já que Dylan não lançava discos, seu empresário enviava as gravações para outros artistas, que gravavam em estúdio as canções do porão, como The Byrds ou Manfred Mann. No fim de 1967, o homem, já com 26 anos, lançou um novo disco, “John Wesley Harding”, pondo fim ao si-

lêncio, mas não à reclusão — ele só voltaria a excursionar seis anos depois. As gravações, só conhecidas entre os artistas próximos, passaram a ser discutidas por jornalistas (“Fita do porão deve ser lançada”, estampou a revista “Rolling Stone”, em 1968), e logo os fãs estavam loucos para colocar as mãos em alguma cópia. Desejo que foi logo sanado. Em 1969, apareceu na Califórnia o primeiro disco pirata do qual se tem notícia, “Great White Wonder”, com gravações do porão. A pirataria continuou até que, em 1975, o artista resolveu lançar “The Basement Tapes”, um disco duplo com 24 músicas. Apesar da má qualidade técnica, chegou aos dez mais, tanto nos Estados Unidos como no Reino Unido. E agora ganha esse reforço de mais de cem canções.

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Art Kane/Reuters

Em 1967, Bob Dylan desceu as escadas de uma casa de campo e gravou mais de cem músicas, que se tornaram míticas entre artistas e fãs; agora, elas serão lançadas em seis discos


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