Jornalismo participativo: o impacto do cidadão no jornalismo by Tiago Nogueira

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2º Ciclo de Estudos – Mestrado em Ciências da Comunicação Variante em Estudos dos Média e Jornalismo

Jornalismo-Participativo: O Impacto do Cidadão no Jornalismo 2014

Docente: Prof. Doutor Hélder Bastos Ciclo de Estudos: 2º Ciclo Unidade Curricular: Estudos de Jornalismo


Resumo O que é o Jornalismo? O que é um Jornalista? Quem é Jornalista? Quem faz Jornalismo? Estas foram as primeiras perguntas que se fizeram, no aparecimento do Jornalismo há muitos, muitos anos atrás, e que hoje, até para os mais entendidos na área, remete para a dúvida. O aparecimento da Internet, nos anos 60, do século passado, veio remover os pilares em que assentava o Jornalismo e desabou todas as nossas certezas. Mas porquê que há uma revolução no jornalismo? Tudo isto se deve ao facto de o cidadão estar cada vez mais interessado em participar na atividade profissional que é o jornalismo e descobrir a verdade, sem que esta seja contaminada. O jornalismo está em crise e há uma revolução no seu interior. Com o interesse do cidadão no jornalismo, há a emergência de novas formas que caracterizam o tradicional jornalismo que era antigamente conhecido. Emergem dois novos tipos de jornalismo, que se centram no cidadão, mas que são bem distintos. Emergem os dois modelos de jornalismo: o jornalismo-cidadão e o jornalismoparticipativo. O nosso argumento consiste em defender o jornalismo-participativo, uma vez que acredito ser o que mais se aproxima daquilo que é o expoente máximo do jornalismo, e o que contribui para um jornalismo rigoroso e imparcial. Porém, há que realçar e evidenciar que este tipo de jornalismo, o jornalismo-participativo, em que o cidadão participa, não pressupõe o cidadão como um Jornalista, mas sim como fase do processo Jornalístico, um interveniente essencial, neste processo de criação. Este é o nosso argumento de partida. Iremos contrariar o que alguns autores defendem, conhecido como jornalismo-cidadão, em que qualquer cidadão com acesso à Internet pode tornar-se um jornalista. Assim sendo, iremos defender a existência da participação ativa dos cidadãos no jornalismo, designando-o como Jornalismo-participativo, e iremos refutar que o facto de os cidadãos intervirem não pressupõe que sejam jornalistas, Jornalismo-cidadão. “Internet is the most important medium since the printing press” (Dan Gillmor, WeMedia) Palavras-chave Jornalismo, jornalismo participativo, cidadão, internet, participar.

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Abstract What is Journalism? What is a journalist? Who is a journalist? Who does Journalism? These were the first questions that were made in the appearance of Journalism for many, many years ago, and now, even the most skilled in the area, refers to doubt. The emergence of the Internet, in the 60's of last century, has come to remove the pillars on which rested Journalism and collapsed all our certainties. But why there is a revolution in journalism? All this is due to the fact that the citizen is increasingly interested in participating in professional activity that is journalism and discover the truth, without it being contaminated. The journalism is in crisis and there is a revolution inside. With the interest of the citizen journalism, there is the emergence of new forms that characterize traditional journalism that was formerly known. Emerge two new types of journalism, focusing on the individual, but are very different. Emerge the two models of journalism: citizen journalism and journalism-participatory. Our argument is to defend journalism-participatory, since I believe that to be the closest to what is the pinnacle of journalism, and contributing to a rigorous and impartial journalism. However, it should be noted and to demonstrate that this type of journalism, journalismparticipatory, in which the citizen participates, does not require the citizen as a journalist, but as the phase Press process, a key factor in this process of creation. This is our starting point. We will counter what some authors argue, known as citizen journalism, in which every citizen with Internet access can become a journalist. Therefore, we will defend the existence of active citizen participation in journalism, designating it as journalism-participatory, and we will refute the fact that citizens intervene does not imply that they are journalists, citizen journalism. Keywords Journalism, participative journalism, citizen, internet, participate.

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Mudança do Paradigma no Jornalismo

Apesar de alguns autores, como o caso de James W. Carey (Universidade de Columbia), defenderem que o jornalismo está a desaparecer de dentro da comunicação, não acredito que o fenómeno seja esse, e que nem lá perto ande. “Informação substituída por interesses comerciais. Desaparece a imprensa enquanto instituição independente”. Acredito sim, numa alteração no jornalismo, como o conhecemos, mas numa alteração para melhor. Numa evolução, em que a comunicação tenha dois sentidos. O antes e o depois da Internet. Devido às novas tecnologias da comunicação e informação, a comunicação mundial sofreu uma enorme evolução que permitiu o alavancar de uma nova fase, e o surgimento daquilo a que hoje chamamos de “aldeia global”. Há alguns anos, o jornalismo era feito, sempre, da mesma maneira. As notícias eram procuradas, editadas, escritas e impressas por jornalistas profissionais, sem que houvesse qualquer intervenção de outra fonte, nomeadamente a audiência (os cidadãos), e essa informação era distribuída em massa. Hoje, o paradigma alterou-se e a mudança é maior do que aquilo que parece. Diariamente se questiona o papel do jornalismo tradicional, como o conhecemos, uma vez que a difusão da informação é enorme. Mas afinal, para que serve o jornalismo? Qual a sua finalidade? O jornalismo contribui para uma cultura de informação independente, rigorosa, fiável e abrangente, tendo como finalidade a liberdade. Se os jornalistas são impedidos de desempenhar estas funções, há uma subversão da cultura democrática. “A Finalidade do jornalismo é definida pela função das notícias na vida das pessoas” (KOVACH, B.; ROSENSTIEL, T., 2004). O que é claramente visível, nos dias de hoje, é uma participação cada vez maior, por parte da audiência, uma vez que esta se interessa pelas notícias, por estar bem informada e que é mais fácil, intervir e manifestar a sua opinião e o seu ponto de vista, dando o seu contributo, caso seja necessário. Antes da Internet, a Imprensa movimentava enormes quantidades de dinheiro. O que mais tarde, acabaria por ser o oposto, uma vez que se começou a vender cada vez menos jornais, numa era pós Internet, onde se tornou Página 4 de 15


mais fácil, a audiência intervir, face a esta regressão. Já dizia Michael Schudson “Tudo o que pensávamos que sabíamos sobre o jornalismo precisa de ser repensado na era digital (…)” e que “O chão que o jornalismo pisa está a abanar, e a experiência para aqueles que trabalham no terreno e para os que estão de fora a estudá-lo é estonteante”. Em Portugal, face à Lei nº1/99 de 13 de Janeiro, sabemos quem é Jornalista e quem pode exercer esta profissão, mas em outros cantos do mundo, como é o caso dos Estados Unidos da América, não há definição oficial, nem exigências formais, e foi-se evitando ao longo dos tempos, uma vez que se temia que reduzisse a autonomia do jornalista. Mas afinal, há cidadão-jornalista ou não? Na minha opinião, não acredito que haja um cidadão-jornalista, mas sim um jornalismo participativo, como veremos à posteriori, pelas razões que irei apontar. Contudo, e concordando em parte com a citação de Jay Rosen, da New York University, “as pessoas antigamente conhecidas como a audiências” serão o elemento fulcral neste novo paradigma. É um fenómeno relativamente recente, e como referido anteriormente, foi possível graças ao aparecimento da Internet, como meio de comunicação, mas só após as eleições presidenciais de 1988, nos Estados Unidos da América, é que este fenómeno se iria massificar, face à crescente desconfiança dos cidadão em relação aos media noticiosos e à atividade politica. Acredito que haja uma grande diferente em jornalismo-participativo, como o denomino ao longo do trabalho, e o jornalismo do cidadão, que na minha opinião, são fenómenos completamente diferentes. Segundo Kperogi, jornalismo participativo pode ser também conhecido como “público”, “democrático” ou “pré-moderno”, sendo estas designações, o mais semelhante ao “participativo”. “A entrada em cena de novos atores, desde entidades e empresas jornalísticas a cidadãos, agora produtores, disseminadores e comentadores de informação, confrontou os jornalistas com a necessidade de reavaliarem as suas rotinas de filtragem e de valorização das notícias” (Bastos, H., 2012).

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Jornalismo participativo vs Jornalismo do cidadão Numa era de Internet, começaram a aparecer novas formas de comunicação, cada vez mais voltadas para o mundo digital, em que cada um tem o seu próprio espaço de divulgação, o seu tempo de antena. Assim sendo, defendo que há dois conceitos fundamentais, para a análise deste ensaio, mas que são completamente distintos. Em primeiro lugar, temos o jornalismo participativo, que é aquele que irei defender. O jornalismo participativo dá um passo em frente em relação ao jornalismo interativo por envolver de facto os consumidores no processo de recolha de notícias (Kperogi, 2011). Este modelo de jornalismo, como o próprio nome indica, permite que a audiência intervenha no processo de criação de notícias, mas nunca descuidando o facto de que é necessário um jornalista profissional a acompanhar o processo, dando o seu contributo para que seja criada uma notícia credível. Segundo Kperogi (2011), apesar de o jornalismo participativo permitir a participação dos utilizadores na recolha de notícias, é controlado por jornalistas profissionais. O jornalismo participativo usa o “publicar, depois filtrar”, em vez do tradicional módulo “filtrar, depois publicar” (Kperogi, 2011:318). Grandes organizações nacionais ligadas aos média já começam a cometer este erro, uma vez que partilham informações de fontes não oficiais e não fidedignas, que encontram na Internet, tendo como principal objetivo terem um exclusivo e serem os primeiros a repassar a notícia. Só que por vezes, essas notícias não têm qualquer ponta de verdade, e nem a própria audiência se deixam influenciar, perdendo assim a credibilidade que vêm ganhando durante longos anos. A noção que acredito estar mais próxima daquilo que considero ser o jornalismo participativo é a de J. D. Lassica e que passo a citar: “Chame-se-lhe jornalismo participativo ou jornalismo das margens. Dito de forma simples, refere-se a indivíduos que têm um papel ativo no processo de recolha de reportagens, análise e disseminação de notícias e informação – uma tarefa outrora reservada quase exclusivamente aos média noticiosos.” Creio que esta definição está muito bem estruturada, porque analisa os indivíduos com um papel fundamenta, em tarefas básicas do processo jornalístico. Tendo também a definição do jornalismo participativo por Bowman e Willis, dois dos maiores especialistas nesta área. Página 6 de 15


“O acto de os cidadãos terem um papel ativo no processo de recolha, reportagem, análise e disseminação de noticias e informação (…) o objetivo desta participação é fornecer informação independente, fiável, rigorosa, de grande alcance e relevante que uma democracia requer” (Bowman e Willis, 2008, cit. In Kperogi 2011:317). De acordo com o Bowman e Willis, este modelo incluí grupos de discussão, conteúdo gerado pelos utilizadores, blogs, publicações colaborativas, sistemas de partilha, e agregadores (Kperogi, 2011). O jornalismo participativo é o agregar do potencial da audiência, uma vez que o jornalismo não consegue estar em milhares de locais ao mesmo tempo. Através da informação disponibilizada pela audiência, que está no local certo, à hora certa, é possível criar notícias de última hora, através de telefonemas para as redações, carregar imagens de câmaras amadoras, visto este fenómeno ter sido desencadeado pelos próprios mass media, que pediam aos cidadãos para enviarem as suas fotos e os seus vídeos para serem usados na criação de notícias, sem que em contrapartida fossem pagos ou agradecidos pelo seu serviço. Casos noticiosos como o 11 de Setembro ou a guerra do Iraque, são o despoletar do Jornalismo participativo, como o conhecemos nos dias de hoje. “The Daily Morning News and Nasa, called upon the public to submit eyewitness accounts and photographies that might lead to dues (…)” (Bowman, S.; Willis, C., 2003). O jornalista do cidadão é algo diferente do jornalismo participativo, pois engloba o cidadão como um jornalista, coisa que ele não é, face à sua inexperiência e falta de formação para tal. O jornalista cidadão é “um indivíduo sem formação académica na área do jornalismo com uma vontade enorme de participação na esfera social. Apresenta conteúdos informativos (de texto, imagem e som), onde exprime novas perspetivas e informação que, de outro modo, não teria visibilidade na esfera pública” (Marques, 2008:18). A barreira que dividia o jornalismo da sua audiência começa a quebrar-se e “Entre a recolha de informação por parte do cidadão e a publicação da mesma, esbate-se a barreira, o filtro, constituído pelos jornalistas, que, até aí, detinham o controlo daquilo que era ou não tornado público em larga escala” (Couceiro, 2009: 7). Sendo assim, o jornalista perde a sua importância, deixando de ser o principal intermediário entre a verdade e a sociedade, “perde peso, aqui, o jornalista, que deixa de funcionar como gatekeeper”.

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O aparecimento do Blog “Blogs are in some ways a new form of journalism, open to anyone who can establish and maintain a website (…)” (Walter Mossberg, Wall Street Journalist). “Blogs and other modern media are feedback systems” (Dan Gillmor, 2005). Os blogs surgiram do “nada”, como fontes de informação não oficiais, em que grande parte da comunidade se socorria, para comentar os assuntos do momento, visto que não tinha como intervir no jornalismo, em grande escala. O primeiro, e um enorme, caso que surgiu desta fonte de informação foi o escândalo sexual que envolveu Bill Clinton e Mónica Lewinsky, em 1998, no Drudgereport. Os jornalistas de todo o mundo socorreram-se desta informação publicada por um cidadão para encetarem as suas próprias investigações (Marques, 2008). “It reflected the power of blogs, a form of participatory journalism that has exploded into popularity in recent years” (Dan Gillmor, 2005). Os blogs ganharam, aqui, a sua maior notoriedade e a sua imagem. Foi a partir deste momento que os mais variados blogs começaram a ser criados para debater assuntos do quotidiano, da política, da cultura, do cinema, da tecnologia, entre os mais variados temas. Gillmor acredita que os blogs são “uma fonte democrática de fazer jornalismo”, em que eu continuo a acreditar que não seja tão radical, ao ponto de fazer jornalismo, mas sim de contribuir para a criação e desenvolvimento do jornalismo participativo. Citando o exemplo do website OhMyNews, Dan Gillmor acredita que o blog está a revolucionar o modelo do jornalismo como o conhecemos, tornando-o mais numa conversa, num debate, numa discussão entre vários pontos de vista (2003, cit. in Kperogi, 2011: 318). “Há uma diferença entre aptidões e especializações entre os jornalistas, que são pagos, e os bloguistas, que não o são: os bloguistas sabem pouco de verificação independente de informação e de dados, não sabem como confirmar factos, nem como começar uma reportagem de investigação: os blogues podem ser bom complemento, mas não vão ser um substituto para o jornalismo de qualidade” (Paul Andrews). E como é claro e sabido, ou deveria ser, por todos, os blogs não vêm substituir, nem reivindicar o lugar que ocupam os grandes meios de informação, como é o caso dos jornais. Os blogs vêm dar

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uma “mãozinha” e relembrar os grandes meios de comunicação da importância da audiência em qualquer organização. A audiência é a parte mais importante de qualquer organização, nunca desfasando os seus interesses. A audiência quer saber de onde vieram essas notícias, se são credíveis, se a verdade está a ser toda contada ou não, se a entidade está a encobrir algum pormenor ou alguma organização ou pessoa singular, etc. A audiência quer fazer parte, quer sentir-se útil, e quer tirar o melhor proveito daquilo que vai ser feito. Já não vivemos numa era em que ficamos à espera que as coisas apareçam feitas, mas sim numa era em que queremos aprender a faze-las. Como? Porquê? O quê? Quem? Onde? Quando? São as perguntas que mais se fazem numa notícia e que a audiência quer saber, e que as respostas muitas vezes não são bem assertivas ou aquilo que querem ouvir. José Luís Onihuela, Professor na Universidade de Navarra, diz que os blogs podem ser um suporte de jornalismo, de literatura ou de qualquer outro género, mas não é jornalismo ou literatura pelo facto de estar publicado em formato weblog. A questão chave aqui não é saber se os weblogs são jornalismo, mas sim quem é jornalista. A redefinição do jornalismo e da função social dos media é um dos mais importantes efeitos da revolução dos weblogs. Em suma, e numa citação que creio ser das mais acertadas, por parte de Scott Rosenberg, do Salon.com, para concluir a importância dos Blogs para o jornalismo, “It should be obvious that weblogs won’t competing with the work of professional journalism establishment, but rather complementing it”.

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A atualidade do jornalismo O futuro do jornalismo tradicional caminha no sentido oposto, ao que até agora conhecíamos. A audiência passa de consumidor de noticias a criadores, ganhando uma dualidade de poderes. Alex Bruns chama a estes consumidores de notícias “produtilizadores” (“produsers”), pois têm o poder de tomar parte da produção noticiosa. Os jornalistas que antigamente iam ao terreno procurar notícias, procurar fontes credíveis, investigar novos casos e desvendar mistérios, passaram, na sua maioria, a jornalistas de secretaria e computador, uma vez que se preocupam em serem os primeiros a dar a notícia, em vez de, em primeira instância, procurarem o historial que está por de trás desta notícia. Navegar pelas redes sociais, pelos fóruns e blogs é, hoje em dia, mais fácil do que procurar no terreno. “Quase todo o trabalho, da recolha de dados ao contacto com as fontes de informação, é feito à secretaria e computador” (Hélder Bastos, 2012). Mark Deuze (2007) considera os jornalistas os watchdogs e disseminadores da informação, papel que futuramente virá a ser ocupado pelos bloguistas. Os bloguistas tornar-se-iam os watchdogs dos watchdogs Na atualidade, grande parte das notícias são divulgadas para os meios de comunicação por fontes não oficiais, por relatos de terceiros, paparazzis. Em qualquer parte do mundo, haverá um telemóvel, com uma câmara de filmar e com uma ligação à Internet, por Wi-Fi ou por 3G, que fará com que estejamos a ser observados 24 horas por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano, e que nos fará repensar duas vezes, antes de fazer o que quer que tenhamos pensado. “You can’t go anywhere or do anything and expect not to be seen, because everyone is a reporter now” (Steve Patterson, Ugasports.com). O online passará a ser um meio de divulgação de massas, de primeira instância, onde os utilizadores recorrerão em primeiro lugar para partilhar as suas histórias, para verificar a veracidade das suas fontes e para comentar, discutir e procurar informações da atualidade. A Internet foi a chave para a fechadura que faltava. Finalmente, após estes anos todos, a liberdade de participar na vida ativa da sociedade e de questionar foi retomada. “Participatory journalism is a healthy trend (…) raising new questions of trust and veracity” (Dan Gillmor, 2005). “The online audience has the means to become an active participant in the creation and dissemination of news and information” (Dan Gillmor, 2005).

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Neste momento, o jornalismo encontra-se numa fase em que necessita da participação ativa dos cidadãos para que seja possível informar em tempo real, de tudo que se passa no mundo. Cidadãos, não como jornalistas, mas sim como disseminadores da verdade e embaixadores das noticias, cobrindo em qualquer lado, em qualquer parte, durante o seu dia-a-dia. “The main concept is that every citizen can be a reporter” (Yeon-Ho, Editor/Founder of OhMyNews.com)

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Conclusão O jornalismo mudou e isso já nem é discutível. Mas mudou porque alguma coisa também mudou. As pessoas mudaram. Para melhor, para pior, já é uma questão discutível. Mas o que realmente interessa é que os cidadãos estão mais curiosos, e mais envolvidos na comunidade, e têm como missão colaborar na procura da verdade, para que estejam melhor informados. Os cidadãos já não são simples audiências que se deixam manipular. Já não são simples leitores de jornais, ouvintes de rádio, ou espectadores de televisão. Os cidadãos e consumidores são, agora, algo mais. São elementos intervenientes no processo de jornalístico, convertendo o jornalismo tradicional, num jornalismo-participativo, com dois extremos opostos. Por um lado os profissionais especializados, por outro os interessados na verdade nua e crua. Os cidadãos podem agora participar no processo jornalístico, sendo um interveniente fundamental para que as notícias sejam mais assertivas, detenham mais pormenores ou imagens inéditas e filmagens exclusivas. Os cidadãos, devido à Internet, podem agora escolher entre participarem na comunidade de duas maneiras bastante distintas. Podem escolher entre cooperar diretamente com os meios de comunicação, através de cartas, emails, comentários, mensagens, com o editor, o repórter, o redator ou qualquer outro interveniente no processo jornalístico, fornecendo notícias exclusivas que aconteceram de imediato, enviando vídeos, fotografias, descrições, entre outros. Ou podem escolher a via individualizada, partilhando o seu conhecimento, escrevendo as suas rúbricas, pensamentos críticos, através de fóruns, blogs ou redes sociais. São fontes, que certamente, os jornalistas irão recorrer à procura de informação, só que demorarão mais tempo a chegar até lá. Como tal, os cidadãos podem optar por participar ativamente no jornalismo, e na comunidade, através destes seus contributos. E é este argumento que eu, enquanto estudante da variante de Estudos de Média e Jornalismo, acredito ser acertado. Defendo que o cidadão deverá participar ativamente no processo jornalístico, mas de forma correta. Deverá procurar formas de estabelecer parcerias e de colaborar com as entidades competentes a fim de se conseguirem cobrir as principais notícias em tempo real, e de estar sempre em cima do acontecimento, em detrimento de se tentar estabelecer como um “jornalista” freelancer que procura a verdade. A cooperação entre os dois opostos é a chave para se atingir o culminar do processo jornalístico. Página 12 de 15


Contudo, autores como Cheila Marques, antiga aluna de Comunicação Social, acreditam que o cidadão no âmbito jornalístico é uma ameaça a este setor, uma vez que não sofrem qualquer tipo de pressão por parte de entidades legais e governamentais e as represálias não são tantas, como poderiam ser se estivessem vinculadas a alguma organização. Mas, como Dan Gillmor afirma, e que também defendo esta perspetiva ao longo do trabalho, os cidadãos/audiência/espectadores sabem sempre mais do que qualquer jornalista, seja qual for o assunto. No caso português já houve espaços reservados ao jornalismo-participativo, não cidadão como jornalistas, mas sim cidadão a contribuir para o processo jornalístico, como é o caso do Jornal de Notícias. Na atualidade, nos websites, onde se podem comentar, escrever críticas e submeter notícias de última hora, escândalos, entre outros. É de realçar, que até em programas em direto, há a possibilidade de a audiência intervir, ligando diretamente para as instalações, através de um número telefónico fixo, disponibilizado pela estação, e comentando o tema do momento. Em suma, neste trabalho procuramos aprofundar a evolução que o jornalismo veio sofrendo ao longo do tempo e, essencialmente, com o aparecimento da Internet, como um meio de comunicação fundamental, na atualidade. Distinguimos duas novas vertentes no jornalismo, o jornalista-cidadão e o jornalismo-participativo. Nitidamente, ao longo do trabalho, defendemos o jornalismo-participativo, uma vez que se defendêssemos os cidadãos como jornalistas, não haveria necessidade de se criarem instituições dedicadas à comunicação social. Como tal, defendemos que o cidadão deve ter um papel ativo na comunidade envolvente e na procura pela verdade e imparcialidade. Assim sendo, o cidadão é, e deverá continuar a ser, um elemento fulcral no processo jornalístico, e o paradigma atual do jornalismo é aquele que defendemos, o jornalismo-participativo.

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