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MANUEL GONÇALVES Membro do Grupo de Alto Nível do Cluster Têxtil
FOTO: RUI APOLINÁRIO
“A ITV PODE E DEVE SER MUITO MAIS DO QUE ROUPA”
DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS
P 22 A 24 PERGUNTA DO MÊS
DOIS CAFÉS E A CONTA
A MINHA EMPRESA
CÂNDIDO CORREIA EMPRESÁRIO POR AMOR
TRIWOOL DE OLHO VIVO E PÉ LIGEIRO
A DITADURA DA COR ESTÁ DE VOLTA?
CÉLIA MACEDO: O CÉU CAIU-LHE EM CIMA DA CABEÇA
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EMERGENTE
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MODTISSIMO 50 FOI BONITA A FESTA, PÁ! P 8 A 11
DENIM
PIZARRO TEM UMA MÁQUINA QUE FAZ MILAGRES P 36
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FASHION KIDS ADVERTISING PRODUCT FOOD
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WWW.CASSIANOFERRAZ.COM
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CORTE&COSTURA
EDITORIAL
Por: Júlio Magalhães
Por: Manuel Serrão
Beatriz Bettencourt 22 anos Designer - É a estrela que desponta na moda em Portugal. Venceu o concurso PFN, desfilou nas três últimas edições Bloom e tem marca própria desde 2015. Fez o curso de design de moda na ESAD, um estágio na Throttleman (com prolongamento na Decénio), e faz agora o mestrado em Marketing da Católica. Entretanto, ganha músculo no ginásio e ouve Tame Impala.
ASSADO OU COZIDO
Os jovens designers de moda dos dias de hoje já perceberam que a sua arte também tem de ser um negócio? Penso que cada vez mais o ensino de Moda procura consciencializar-nos de que embora esta possa ser uma arte muito própria, mais do que isso, ela é design. E como tal, para além de algo novo, tem de ser comercial. Os jovens designers já perceberam que é necessária esta aliança para que a "sua arte" seja um negócio viável. Que importância teve na tua carreira emergente ganhares o Concurso de Jovens Criadores do PFN, Portuguese Fashion News? O concurso do PFN na minha opinião foi um ponto de partida para o início da minha marca de autor. Foi quando senti que o meu potencial foi reconhecido e deu-me um incentivo extra para "andar com isto para a frente" e dedicar-me a 100% àquilo que mais gosto de fazer. Podemos afirmar que o Bloom para ti é um trampolim para a passerelle do Portugal Fashion? É sim, porque trabalho e dedico-me diariamente para tal. Mais do que um "sonho", é um objetivo! Pensando no teu futuro, imaginas-te a trabalhar só coleção de autor ou gostavas de também trabalhar na indústria? Eu já tive experiência de trabalho no ramo da indústria
e gosto bastante. É também desafiante, mas é claro para mim que o meu foco é a moda de autor. É a minha zona de conforto, a minha identidade, onde posso ser eu mesma... Foram os estilistas que puseram Portugal na moda, ou foi Portugal que pôs os criadores portugueses no foco da curiosidade mundial? Acho que funcionou em sinergia, tanto os designers com os seus conceitos e identidades, como também Portugal por ser um país pequeno mas cheio de qualidades e com a cultura que tem. A partir do momento em que as cidades portuguesas são consideradas dos melhores destinos para turismo europeu, a moda acabou por lucrar também. No entanto, é a inovação constante dos nossos designers que faz a "moda portuguesa".
Não conheço ninguém que tenha ficado indiferente à tragédia dos incêndios que este ano devastou meio Portugal. Como em muitas coisas na vida, uma coisa é ouvir contar, outra, bem diferente, é meter os pés ao caminho e ir ao terreno ver com os nossos olhos o que ficou - e ouvir da boca das vítimas que conseguiram sobreviver os relatos das situações vividas na primeira pessoa. Foi isso que fizemos numa visita à Albano Morgado, na Castanheira de Pera, onde um milagre salvou o grosso da fábrica, mas não conseguiu salvar um armazém cheio de matéria prima e, muito mais importante, as vidas de três dos seus colaboradores, o que aqui lamentamos profundamente. Albano Morgado e Baltasar Lopes contaram-nos o inferno que viveram, os tremendos sustos por que passaram , mas também a reacção que todos tiveram para trazer a empresa à normalidade no mais curto espaço de tempo possível . Esta têmpera não me espantou porque sei que é gente desta que trouxe a ITV até onde ela brilha hoje, aqui e em todo o mundo. Mas não resisto a contar um episódio que ajuda a conhecer o ADN desta indústria vencedora. Quando o incêndio chegou às imediações da fábrica, num sábado à hora de jantar, só lá havia um vigilante, que teve de acorrer a todos os princípios de fogo, gastando nessa luta todos os extintores da fábrica. Quando várias horas depois o Albano Morgado conseguiu entrar na empresa e o viu negro de fumo e cinzas da cabeça aos pés, perguntou-lhe porque não se tinha protegido no reservatório de mil litros de água que lá existe e o herói -Domingos Agria - respondeu assim: Ó senhor Albano, então para não morrer assado, ia morrer cozido? t
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- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Paulo Vaz Diretor: Manuel Serrão Morada Sede e Editor: Rua Fernando Mesquita, 2785, Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Juliana Duque Telefone: 927 508 927 - mail:
No mundo globalizado que temos, ainda faz sentido falar-se de uma moda portuguesa ou é melhor concentrarmos- nos todos na moda feita em Portugal? Penso que na moda feita em Portugal, porque cada vez mais a moda é algo divergente. A moda surge de dentro mas o seu foco é ser expandida para fora, neste caso para o mundo. Pelo que acabamos por assistir a uma globalização da mesma. Acredito também que a cultura influencia bastante e é por isso mesmo que a moda feita em Portugal tem um cariz muito próprio, que desperta a atenção do público internacional. t
jd.tdetextil@atp.pt Registo provisório ERC: 126725 Tiragem: 4000 exemplares Impressor: Grafedisport Morada: Estrada Consiglieri Pedroso, 90 - Casal Santa Leopoldina - 2730-053 Barcarena Número Depósito Legal: 429284/17 Estatuto Editorial: disponível em: http://www.jornal-t.pt/estatuto-editorial/ PROMOTOR
CO-FINANCIADO
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n PERGUNTA DO MÊS Textos de Raposo Antunes
A DITADURA DA COR ESTÁ DE VOLTA? Cor e moda são duas faces da mesma moeda. E mantêm uma relação biunívoca de amor correspondido. A moda dita a cor, mas a cor também dita a moda. Os últimos anos têm sido marcados pelo regresso da cor da moda. Esse é o entendimento de diversos especialistas ouvidos pelo T. Todos comungam dessa ideia, mas quase todos também contestam o uso da palavra ditadura, preferindo classificar essa tendência como natural - ou até mesmo democrata. “A cor está de volta, sim. A ditadura não. A cor é democrática”, garante Isabel Branco, coordenadora de moda do Portugal Fashion
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“Sim, a ditadura da cor está de volta. E ainda bem”
“A oferta de cores inesperadas cria novas oportunidades para exprimir sentimentos”
“Nunca houve uma ditadura da cor. A cor é uma forma de comunicar”
PAULO CRAVO DESIGNER E COORDENADOR DO BLOOM
CONCEIÇÃO TEDIM DEPARTAMENTO TÊXTIL DA FOCOR
RITA BONAPARTE DESIGNER E COORDENADORA PFN
esse movimento se prolongou depois pelos anos 70 e 80. “No fundo, era também um sinal de emancipação da própria mulher porque a cor é uma forma de comunicar, e é também uma forma de as mulheres se sentirem mais seguras”, recorda, não deixando de sublinhar que ela própria sempre sentiu “um fascínio” pela cor, embora não tenha uma preferida. Em seu entender, “sempre houve tendências de cor”, embora as pessoas nas últimas décadas não estivessem tão receptivas a segui-las. “O público, designadamente nos dois últimos anos, está mais recetivo a isso”, diz. E isso é seguir a tendência de vários criadores que apostam nas mesmas cores para os seus trabalhos. Exemplos? O vermelho e o caqui (verde tropa) para o próximo inverno. Os amarelos e o azul cobalto para o
verão do próximo ano. “Em épocas de crise, a moda é um contraponto. E as cores fortes são a resposta”, observa a designer, não deixando de enfatizar a ideia que essa tendência “é uma necessidade de comunicar e de chocar”. “É como as frases impressas nas t-shirts que agora estão na moda, permitindo a quem as veste comunicar”, exemplifica. Paulo Cravo, designer de moda e coordenador da plataforma Bloom/Portugal Fashion, não tem medo do peso das palavras. “Sim. A ditadura da cor está de volta e ainda bem”, diz. “É visível em diversas marcas a aposta na cor para a próxima estação de verão”, adianta. E não é só pelo facto de ser verão que a cor tem tendência a aparecer - “hoje em dia podemos notá-la no inverno trabalhada de forma diferente
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xpressões políticas à parte, nos dois últimos anos “regressou a ideia de seguir as cores que ditam a moda”, considera Rita Bonaparte, 35 anos, coordenadora do Portuguese Fashion News (PFN) e por duas vezes vencedora do concurso dos Jovens Criadores (2001 e 2002). Licenciada em Design de Moda no IADE, estágio com Fátima Lopes e trabalho no atelier de Ana Salazar, Rita garante que “nunca houve uma ditadura da cor”. Remete para os anos 60 essa ideia de “seguir as cores”, um movimento que atribui à britânica Mary Quant (criadora da minissaia) que se terá inspirado nas correntes pictóricas dessa época que apostavam em cores fortes. “Foi uma forma da mulher se tornar mais independente”, explica Rita, acrescentando que
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e enquadrada na estação fria”. Para este designer, a cor é um trunfo fundamental nas coleções, “ela pode aparecer em diversos formatos, look total, de forma gráfica em contraste com outras cores, estampados e em acessórios”. “Posso afirmar que a cor pode ser o sucesso de uma coleção, assim como um desastre, é preciso saber trabalhar a cor. Um exemplo da cor são as coleções da Calvin Klein, após a entrada do novo criativo Raf Simons onde a cor aparece em grande força, nas diversas formas: blocos de cor, estampados e efeitos gráficos, que são trabalhados no seu máximo”, aponta. Outro exemplo de “explosão de cor” é a coleção do designer Pedro Pedro, “uma coleção com cores vibrantes e metálicas, onde se misturam com um equilíbrio perfeito, transmitindo energia
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“De momento, há uma tendência para esquecer o neutro, o preto e o branco”
“O ressurgimento da cor serve para nos emocionar e estimular, pela sua energia”
“Se todos gostássemos do preto, o que seria feito do amarelo?”
ISABEL BRANCO COORDENADORA DE MODA DO PORTUGAL FASHION
TERESA PEREIRA DEPARTAMENTO DE MODA E DESIGN DO CITEVE
TERESA MARQUES PEREIRA BRANDS DEVELOPMENT MANAGER DA VALERIUS
para quem a veste e para quem a vê, a cor também tem esse poder de identificar personalidades, estados de espírito e transmitir sensações ao ser humano”. Em jeito de profecia, Paulo Cravo diz mesmo que “a cor sempre será um elemento de destaque na moda, a cor é usada de igual forma em todas as estações, a cor apresenta-se como uma “ditadura” que é bem-vinda”. “É paradoxal falar-se em ditadura da cor para referenciar uma potencial maior oferta de produtos coloridos no mercado de fibras e têxteis. Ou simplesmente para referenciar maior oferta de cores inesperadas, que até criam novas oportunidades de expressar sentimentos”, contrapõe Conceição Tedim, do Departamento Têxtil da Focor. E explica porquê: “Nem mesmo as tendências são axiomas absolutos, mas antes simples
sugestões que se insinuam ao mercado. Quanto maior a oferta de cor, mais democratizante se torna a ligação emocional ao consumidor!” Também Teresa Pereira, diretora do departamento de Moda e Design do CITEVE, rejeita a expressão ditadura, mas admite que “a cor está de volta, muito otimista e sofisticada”, até porque “a cor cada vez mais se interliga com a matéria e a forma emergindo novas cores muito contemporâneas”, acrescentando que este ressurgimento da cor serve “para nos emocionar e estimular, pela sua energia, proporcionando uma dose de espontaneidade”. “Cores que se inspiram e se influenciam na natureza, cor e nuance que explora grande diversidade de tonalidades que nos confortam e envolvem, cor que nos remete à tranquilidade
de uma energia espiritual positiva. Use a cor de forma criativa para associações únicas pessoais e exclusivas. A ditadura da cor encontra-se nos olhos da humanidade”, conclui a especialista do CITEVE. Teresa Marques Pereira, Brands Development Manager da Valérius, responde à pergunta do T com mais duas interrogações: “De volta? Mas alguma vez ela foi embora?”. E passa a explicar: “A cor faz parte de nós, da nossa perceção da visão, é algo tão familiar que nem damos por ela”. Quanto aos consumidores, Teresa considera que estes “não são fiéis apenas à ‘cor favorita’ mas sim à sua perceção da cor consoante o seu estado de espírito, porque a cor é um elemento indissociável do nosso quotidiano”. “Eu acredito em todas as cores e na sua função em cada momento, sou do lema ‘White
is the new black’, contudo respeito que se elegem cores socialmente aceites ou impostas como ‘cores bases’, como o preto e o azul marinho”, confessa, acrescentando ainda que acredita “no arrojo e na mudança e não numa ditadura”. E deixa mais uma interrogação: “Afinal se todos gostarmos do preto o que será feito do amarelo?”. Isabel Branco, coordenadora de moda do Portugal Fashion, resume: “A cor está de volta, sim a ditadura não. A cor é democrática”. E adianta que “muita cor e a mistura das mesmas está nas próximas coleções de verão sem dúvida”. Dá o exemplo da SS18 do Pedro Pedro. “Há uma tendência para esquecer de momento o neutro, o preto e o branco e focar nas cores vivas e cores fluorescentes... Juntá-las e criar uma energia única que só com elas se consegue”, conclui Isabel. t
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DOIS CAFÉS & A CONTA Turismo
Rua Duques de Bragança 4750-272 Barcelos
FOTO: RUI APOLINÁRIO
Entradas: Camarões ao alho com malagueta; tempura de camarão com sweet chili; mil folhas de manga, mozzarella e presunto serrano com vinagrete de pimenta rosa; tostado de queijo chèvre com mirtilo e compota de cebola roxa; mexilhões grazinados com crosta de ervas Pratos: Perna de polvo no forno à lagareiro, batata migada e legumes assados e perna de ganso confiada com risotto de cogumelos Bebidas: Casa de Paços (branco), água e café
EMPRESÁRIO POR AMOR Foi por amor que se tornou empresário. Algures no verão de 1982, quando conheceu Nicole - uma bretã de visita a Barcelos com umas amigas - não podia imaginar as consequências desse coup de foudre. Apaixonaram-se, mas no final das férias ela voltou a Nantes e o namoro teve de continuar à distância, numa época em que não havia nem mails, nem Whatsapp, nem Skype. Iam matando as saudades em longas chamadas telefónicas - gratuitas pois Nicole trabalhava nos PTT o que lhe permitia ligar à borla.
Sempre que podia, Cândido arranjava boleias para França em camiões TIR, que partiam da Areosa, e ia ter com a amada, num tempo em que à míngua de auto-estradas, a viagem demorava três dias. Em 1985, não aguentou mais e decidiu emigrar. Os primeiros tempos em Nantes foram complicados. Como não conseguia arranjar trabalho, resolveu começar num negócio onde tinha umas luzes e conhecimentos - o dos trapos. Pediu 30 mil francos emprestados ao Crédit Agricole, comprou uma Ford Transit e começou a vender nas
CÂNDIDO CORREIA
52 ANOS CEO DA GIVEC Filho de Carminda, costureira, e de Florindo, afinador de máquinas, nasceu com sangue têxtil a correr-lhe nas veias, em Barcelos, no ano de 1965. Ainda mal se equilibrava nas pernas quando se mudou para o Porto, onde os pais arranjaram empregos a ganharem mais umas coroas - ela na Fábrica do Ameal, ele na Beta, em S. Mamede. Tinha 18 anos quando debutou como jornalista, na secção desportiva do Primeiro de Janeiro, onde se demorou três anos e foi colega de Álvaro Braga Jr e Manuel Tavares - e integrou, a equipa dos enviados especiais do matutino ao Europeu de França, em 84. Voltaria a França, em 85, mas já como emigrante, deitando âncora em Nantes, onde mantém residência. “Desde 2012, passo seis meses cá e seis meses lá”, resume. Casado com Nicole, a bretã que lhe deu a volta à cabeça e à vida, têm dois filhos: Clarisse, 28 anos, que trabalha na Givec, e Daniel, 22, que está a concluir os estudos em França, na Escola do Comércio.
feiras, em França, a roupa de que se abastecia nas fábricas de Barcelos. Andou quatro anos nesta vida, até passar a vender cuecas e meias por junto, em sociedade com um amigo de Toulouse, o Vidal que deu o V a Givec - iniciais de Grupo Industrial Vidal e Cândido. O momento decisivo foi em meados dos anos 90, quando decidiu dar o salto decisivo na cadeia de valor. Separou-se de Vidal - substituído no capital da Givec pela sua irmã Isabel que estava em Barcelos e dominava o know how da produção têxtil - e imprimiu um novo fôlego ao negócio ao abalançar-se a criar marcas próprias, com identidade e personalidade desenhadas ao pormenor. Primeiro surgiu a Kalison ( corruptela do nome da filha Clarisse, que em bebé dizia chamar-se Kalisse), depois a Bagoraz (para tamanho grandes) e a Le Cabestan (linha sazonal de beira mar, para aguentar as vendas no verão). No essencial t-shirts de uma linha clássica, feitas a pensar numa mulher madura (mais de 35 anos), urbana e ativa, que privilegia o conforto e a qualidade à moda. “As feiras são uma escola de vida. Quem for bem sucedido nas feiras tem condições para triunfar em qualquer lado”, afirma Cândido Correia, 52 anos, que escolheu almoçarmos um verdadeiro banquete no restaurante Turismo, com vistas para o Cávado. Nos dez anos em que andou pelas feiras e a vender cuecas e meias, Cândido aprendeu tudo sobre os consumidores finais e as cadeias de distribuição. E é nesse conhecimento que alicerça o sucesso da Givec, que faz um volume de negócios de 20 milhões de euros, 100% exportados e 100% com marcas próprias, com uma equipa de 55 pessoas que se encarrega da criação, corte, controlo do processo e comercialização - e coloca integralmente a produção em empresas das redondezas. “Nunca fomos à China comprar o que quer que seja”. garante. “O segredo do nosso sucesso? Acima de tudo é conhecer exactamente quem são as nossas clientes. O produto que apresento é diferente. Não tem nada a ver com o que vende a Zara. Na Givec sabemos que o que interessa não é o tipo de mercado, mas o tipo de consumidora, e que são os designers que têm de se adaptar ao gosto da cliente - e não ao contrário”, conclui Cândido, um jornalista que por amor virou empresário. t
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TUDO SOBRE MODA, Á DISTÂNCIA DE UM CLIQUE!
WWW.PORTALDEMODA.PT
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MODTISSIMO 50 FOI BONITA A FESTA, PÁ! Não faltou nada. A 10ª Porto Fashion Week brilhou a grande altura com o recorde de mais de 100 lojas aderentes à Night Out, a crescente internacionalização do Fashion Film Festival e da qualidade do concurso fotográfico Fashion People. E a edição 50 do Modtissimo esteve como o aço, com os seus 6 500 compradores e 400 coleções a cantarem os Parabéns a Você à Selectiva Moda, pelos seus 25 anos de vida. A realização, em simultâneo, no Porto, da Convenção da Euratex, foi a cereja em cima do bolo. A secretária de Estado da Indústria, Ana Lehmann, adorou tudo o que viu. Como diria Chico Buarque, foi bonita a festa, pá, fico contente!
1. BASTAVA PASSAR PELA MARGINAL, JUNTO À ALFÂNDEGA, PARA FICAR A SABER: LÁ DENTRO DECORRIA A EDIÇÃO 50 DO MODTISSIMO 5. TELMO SILVA VENCEU O PRÉMIO DE MELHOR FOTOGRAFIA DE FILME DE MODA
4. FOTO DE FAMÍLIA DO FASHION FILM FESTIVAL (FFF): MIGUEL VIEIRA, DITTE MARIE LUND, BRAZ COSTA, DAVID MCGOVERN E CLAUDIA BARROS
10. AO MESMO TEMPO QUE O MODTISSIMO ABRIA NA ALFÂNDEGA, NO PORTO PALÁCIO ARRANCAVA O CONGRESSO DA EURATEX
9. KLAUS HUNEKE, PRESIDENTE DA EURATEX, DIRIGE-SE À CONVENÇÃO, REAFIRMANDO A SUA CONFIANÇA NO FUTURO DO SETOR
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3. COM ESTA FOTO, LOURENÇO MORAIS VENCEU A CATEGORIA ESPECIAL DO FASHION PEOPLE DEDICADA AOS 10 ANOS DA PFW
2. O MODTISSIMO É A ÂNCORA DA PORTO FASHION WEEK (PFW), QUE ENGLOBA O CONCURSO FOTOGRÁFICO FASHION PEOPLE
8. TCHIM, TCHIM! O ESPUMANTE M&M FOI MAIS UMA VEZ A BEBIDA OFICIAL DO NIGHT OUT
6. UMA IMAGEM DO TROFÉU QUE TODOS OS VENCEDORES DO FFF LEVARAM PARA CASA
7. A NIGHT OUT FOI UM TREMENDO SUCESSO, COM MAIS DE CEM LOJAS ADERENTES
12. MAIS DE 6 500 COMPRADORES ESTIVERAM NO MODTISSIMO
11. A TÊXTIL PORTUGUESA É UM EXEMPLO PARA A EUROPA, GARANTIU O MINISTRO CALDEIRA CABRAL
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14. A RIOPELE APRESENTOU NO ITECHSTYLE VESTIDOS FEITOS COM TECIDOS RECICLADOS, QUE USAM NOS ACABAMENTOS DESPERDÍCIOS DA INDÚSTRIA AGRO-ALIMENTAR
13. LOGO NA SALA DE ENTRADA, COMO É COSTUME, O ITECHSTYLE, REALIZADO EM PARCERIA COM O CITEVE, ATRAIA AS ATENÇÕES DOS VISITANTES 18. A GARRAFA DA SANDEMAN (À DIREITA), VESTIDA POR NUNO CARVALHO, VENCEU O CONCURSO PORT WINE FASHION
17. ...UM CERTAME QUE ALÉM DE NEGÓCIOS TAMBÉM CONTEMPLA AS CONFERÊNCIAS ONDE SE CULTIVA A REFLEXÃO E TRANSMISSÃO DE CONHECIMENTO
23. EURATEX E MODTISSIMO JUNTARAM À MESA 580 PESSOAS NA SALA DO ARQUIVO DA ALFÂNDEGA
22. MANUEL GONÇALVES (TMG) FEZ A APRESENTAÇÃO DO CLUSTER TÊXTIL AO MUNDO, NO FINAL DO PRIMEIRO DIA DO MODTISSIMO
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16. UMA GRANDE AZÁFAMA NOS STANDS É UMA DAS CARATERÍSTICAS DO MODTISSIMO…
15. ODETE COSTA, ANA LEHMANN, JOÃO COSTA, BRAZ COSTA, PAULO VAZ E ANTÓNIO AMORIM PROMETEM ESTAR NA ITECHSTYLE SUMMIT, EM FINS DE FEVEREIRO 21. OS FÓRUNS SÃO UM CLÁSSICO DO MODTISSIMO
19. MAIS DE 500 COMPRADORES ESTRANGEIROS MARCARAM PRESENÇA NO MODTISSIMO 50
20. CERCA DE 400 COLEÇÕES ESTIVERAM PATENTES NA ALFÂNDEGA
25. O DISCURSO DE PAULO MELO FECHOU O JANTAR, MAS NÃO AS COMEMORAÇÕES DOS 50 MODTISSIMO, 25 ANOS DE SELECTIVA E 10ª PORTO FASHION WEEK, CUJO PONTO FINAL SERÁ NA GALA AGENDADA PARA A NOITE DE 23, NO CASINO DA PÓVOA. O MODTISSIMO 51 JÁ TEM DATA E LOCAL: O AEROPORTO SÁ CARNEIRO, A 21 E 22 DE FEVEREIRO
24. A MESA DE HONRA DO JANTAR: O PRESIDENTE DA ATP, PAULO MELO, E O VICE-PRESIDENTE JOÃO COSTA, LADEIAM A SECRETÁRIA DE ESTADO DA INDÚSTRIA, ANA TERESA LEHMANN
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ANA PAULA E JOÃO PENSAM INDÚSTRIA Ana Paula Rafael (Dielmar) e João Brandão (ERT) integram o núcleo inicial de 40 empresários fundadores de um think tank que pretende ser um espaço de debate sobre a indústria em Portugal. António Amorim (grupo Amorim), Rui Nabeiro (Delta), José Ramos (Salvador Caetano), António Portela (Bial), Paulo Fernandes (Altri/Cofina), Arlindo Costa Leite (Vicaima) e Adelino Matos (ASM) são alguns dos fundadores deste think tank, que é coordenado por João Vasconcelos, ex-secretário de Estado da Indústria.
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"Há três fatores que levam as marcas espanholas a fabricar em Portugal: A rapidez na resposta, os custos de produção e a qualidade produtiva, que é assente numa cultura têxtil forte" Jorge Pereira ceo da Lipaco
CORDEIRO & CAMPOS INVESTE 1,5 MILHÕES A Cordeiro & Campos está a investir 1,5 milhões de euros numa nova fábrica, localizada no Parque Industrial de Oleiros, em Vila Verde, que empregará 120 pessoas e deverá começar a laborar em meados do próximo ano. Fundada em 1982, em Barcelos, a Cordeiro & Campos começou por trabalhar a feitio, mas agora é parceira das marcas francesas de luxo. Este Verão, recebeu o nível 3 da certificação STeP by Oeko-Tex.
ALBANO MORGADO FAZ BEM À PRIMEIRA E DECLARA GUERRA AO DESPERDÍCIO Fazer bem à primeira, eliminar o desperdício e valorizar o produto são o alfa e ómega da estratégia da Albano Morgado para se manter competitiva num setor como o dos lanifícios, que num passado recente teve de acomodar o disparar do custo da matéria-prima. “Nos últimos quatro anos o preço da lã duplicou, o que nos obrigou a trabalhar com margens mais reduzidas e a um esforço permanente de melhoria da eficiência no processo produtivo”, explica Albano José Morgado, 49 anos, CEO da empresa. Com sede em Castanheira de Pera, a Albano Morgado sofreu com os incêndios do início do Verão, que atingiram as suas instalações fabris e ceifaram a vida de três dos seus 85 trabalhadores, tingindo de luto as celebrações do 90 o aniversário. Os tecidos tradicionais - burel, surrobeco e samarra - são a especialidade da Albano Morgado, que, no entanto, além de tecidos com fio de lã cardada (que produz internamente) também produz tecidos com fio de lã penteada. Cerca de 65% da produção é exportada, sendo que França, Alemanha, Reino Unido e Suécia são os seus principais mercados. “Era impossível sobreviver trabalhando apenas para o mercado interno”, confessa Albano José, que há cerca de dez anos dirige a empresa fundada em 1927 pelo seu avô Albano Morgado (1901-1976). A aposta na exportação, iniciada sistematicamente no início deste século, é a mais significativa impressão digital que a terceira geração de Morgados já deixou na vida da empresa. “Foi muito difícil começar, No ano 2000 exportávamos apenas 10% da produção”, confessa Albano José, que se tornou um veterano de feiras como a Première Vision ou a Munich Fabric Start. Em 2008, quando ele assumiu o leme da Albano Morgado, a percentagem de tecidos exportados já ia nos 30%. No entretanto, os valores de exportação mais do que duplicaram.
"Onde perdi o casaco é que tenho de o encontrar", era a máxima de Albano Antunes Morgado
O sucesso desta aposta reflete-se no volume de negócios da empresa, que anda nos cinco milhões de euros e deve conhecer um crescimento de 5% no final deste exercício. Nos últimos nove anos, as vendas quase se multiplicaram por dois - eram de 2,8 milhões de euros em 2008. “Não perdemos mercado
interno. Aumentamos as exportações”, explica. A herança do bom trabalho da segunda geração de Morgados, que legou uma empresa com um parque de máquinas moderno e sem endividamento, ajudou Albano José a aguentar a turbulência dos anos em que a crise das dívidas soberanas e a
intervenção da troika no nosso país se veio juntar à outra, no setor, que se seguiu à adesão da China à OMC “O meu pai e o meu tio tiveram a visão estratégica de, no início dos anos 90, com o apoio do Pedip e recorrendo a capitais próprios, reequiparem e modernizarem por completo a fábrica, elevando a sua produtividade sem sobrecarregarem a empresa com elevados encargos financeiros”, reconhece Albano José. Esta visão estratégica da segunda geração, bem como as apostas bem sucedidas da terceira geração na exportação e na qualidade (“Crescemos pela qualidade, não pela quantidade”), são o segredo que permite à Albano Morgado ser a única sobrevivente da dúzia de empresas do setor de lanifícios que outrora prosperaram em Castanheira de Pera. A edição de um livro com a história da empresa e a realização do jantar de Natal na fábrica são alguns dos pontos altos das comemorações dos 90 anos sobre a data em que Albano Antunes Morgado, com 26 anos de idade, se aventurou a iniciar a sua atividade industrial com dois teares de madeira. Albano Antunes já trabalhava por conta própria desde os 18 anos, quando o pai, vendedor de tecidos, sublinhou a chegada do filho à maioridade oferecendo-lhe os instrumentos para se fazer à vida: um macho e uma carga de fazenda (tecido que daria para confecionar uns 20 fatos). Montado no macho, o jovem Albano começou a rumar ao Alentejo, onde vendia tecido a metro nas feiras e a alfaiates, cultivando uma clientela e acumulando uma poupança que em 1927 lhe possibilitou abalançar-se a começar a fabricar os tecidos que vendia. O caminho não foi sempre a subir. Albano Antunes Morgado teve os seus reveses, mas nunca desistiu. “Onde perdi o casaco é que tenho de o encontrar”, costumava dizer o fundador da Albano Morgado e avô do seu atual presidente. t
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A MINHA EMPRESA Triwool
Rua Professor Augusto Nobre 451 4150-119 Porto
Trabalhadores 26 Volume de negócios 17 milhões de euros Atividade Fornece, em regime de private label, as principais cadeias e marcas mundiais de moda, sendo especializada em malhas circulares Capacidade instalada 20 mil peças por semana Tipologia do produto Fitness, yoga, corporate, moda
VENDAS DE SEAMLESS DA CUSTOITEX CRESCEM 150% A grande procura pelo mercado de tudo quanto não tem costura (malhas seamless) está a fazer crescer o volume de negócios da Custoitex, que já ultrapassou os dois milhões de euros. Os collants ainda valem 60% das vendas da empresa, mas o segmento que mais cresce, à extraordinária taxa de 150%, é o seamless (não só para desporto, com efeito compressão, mas também para moda), onde se incluem os bodys.
COMPANHIA DAS AGULHAS TAMBÉM É LIVRO
TORY BURCH COM TOALHAS MORETEXTILE
A Companhia das Agulhas vai lançar um livro e abrir uma loja online, para vender material de costura e tecidos. Fundada em 2015 por Sofia Craveiro, que foi engenheira do ambiente durante 15 anos, a Companhia das Agulhas é uma escola de costura com sede em Lisboa, que emprega 12 pessoas.
O grupo MoreTextile produziu as toalhas que adornaram o desfile da designer norte-americana Tory Burch na New York Fashion Week. A história de Tory começa em 2004 quando abre uma pequena boutique no bairro de Nolita, em Manhattan. Ao longo dos anos, a marca Tory Burch tornou-se um negócio global com mais de 200 lojas de New York a Paris e Xangai.
Olho vivo e pé ligeiro Nos últimos cinco anos, o volume de negócios da Triwool tem crescido a um ritmo trepidante, de 30% a 40% ao ano, mas o melhor ainda está para vir, de acordo com Pedro Barros, o Sales Manager da empresa: “As nossas expetativas para 2018 são muito grandes. Vamos mudar para instalações maiores e duplicar o número de trabalhadores”. As novas instalações, na Via Rápida para Leixões, terão 1 300 m2, uma área cerca de quatro vezes superior à de que dispõe na sua atual sede, em Marechal Gomes da Costa, nas traseiras de Serralves, junto ao Modatex. “Para crescer precisávamos de uma área maior, de modo a podermos ter um bom showroom e uma área desafogada para os designers trabalharem”, explica Paulo Barros. O otimismo da Triwool para o próximo ano baseia-se no facto de ir abrir dois novos mercados (“O mercado inglês está no ponto de rebuçado”, explica o Sales Manager) e de ir começar a fornecer outras insígnias do grupo Inditex, além da Zara, que já é sua cliente. Para corresponder ao trepidante crescimento da procura, a empresa, que até há cerca de um ano só se abastecia junto de fabricantes portugueses, começou a colocar parte da produção em Marrocos e na Tunísia. “As marcas estão a deixar o Oriente mas para sobreviverem precisam de poder apresentar preços baixos aos consumidores. Por isso marralham com os fornecedores até doer a alma. A parte má do regresso dos compradores é o hábito que ganharam de esmagar os preços”, conta Paulo Barros.
A Triwool tem um grande equipa de designers que prepara coleções diferentes para os seus diferentes clientes a um ritmo cada vez mais alucinante, para corresponder à voracidade dos consumidores por novidades. “A Inditex abanou por completo a estrutura do negócio da moda. Todas as 5ª feiras entram coisas novas nas lojas da Zara. Quem não acompanhar este ritmo fica para trás e está condenado a desaparecer”, afirma o Sales Manager da Triwool, que espera fechar o ano com um volume de negócios de 20 milhões de euros. Hoje em dia, se uma blogger influente publica a foto de uma camisa, as suas seguidoras não tardarão em ir às lojas procurar uma igual para a comprar. E quem não a tiver, não vai vender. Para poder continuar a oferecer preços competitivos aos compradores, a Triwool está a deslocalizar para o Norte de África as operações que incorporam mais mão de obra. Para acompanhar o ritmo da fast fashion, está a reforçar a sua equipa de designers, que semanalmente apresentam novas propostas à sua carteira de clientela. “O segredo é a criatividade. Se não formos criativos, o cliente não precisa de nós”, garante Pedro Barros. Para manter os clientes satisfeitos, a Triwool não pára de tentar melhorar a sua oferta de serviços e o controle de qualidade de toda a produção que coloca. Olho vivo e pé ligeiro é a receita da Triwool para prosperar num mundo cada mais competitivo e num setor - a moda - que anda cada vez mais depressa. t
"Quando comecei, as mulheres costuravam e os homens mandavam. Era mesmo assim…" Conceição Dias CEO do grupo Sonix/DiasTêxtil
NGS MUDA DE INSTALAÇÕES PARA ANTIGA FÁBRICA DA EICAL A NGS mudou de instalações para uma área de três mil metros quadrados, em Barcelos, localizada junto à fábrica da antiga Eical, que adquiriu em parceria com a Gabritex. Fundada em 1998 por Nuno Cunha e Silva, José Quintas e Clemente Oliveira (todos eles ex-Tebe, empresa onde adquiriram o know how) a NGS emprega atualmente 24 pessoas, tem um volume de negócios de 10 milhões de euros e está a equacionar montar uma empresa para acabamentos especiais, com uma tecnologia que não há em Portugal.
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dos 53 milhões de euros do volume de negócios da Impetus correspondem a vendas com marca própria
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SMBM VIRA-SE PARA A EXPORTAÇÃO E APOSTA NA MARCA FIFITEX Ao ver cinco dos seus fios selecionados para o Fórum da Première Vision, a SMBM iniciou com o pé direito a campanha de internacionalização, que contempla a aprendizagem da presença nas maiores feiras europeias. A empresa de Moreira de Cónegos passou a ter produção de fios após a aquisição da Fifitex - a marca própria da SMBM, que tem uma parceria com a designer Susana Bettencourt, que usa exclusivamente fios seus. A SMBM fechou 2016 com um volume de negócios de quatro milhões de euros.
"O tecido técnico, comparado com o tradicional, pode custar duas vezes e meia mais. É um mercado em crescimento, em que a relação entre cliente e fornecedor tende a ser mais estável do que quando estão em causa apenas tendências de moda" António Teixeira administrador da Penteadora
OLBO & MEHLER DE OLHO NA MOBILIDADE ELÉTRICA A Olbo & Mehler tem em curso um projeto de investigação envolvendo a mobilidade elétrica e o desenvolvimento de um produto específico para baterias e um outro especialmente direcionado para o mercado norte-americano, de acordo com a revista Exame que na sua edição de Outubro publica um trabalho de três páginas dedicado a esta empresa de capital alemã, gestão portuguesa e com o seu coração industrial a bater em Lan-dim, Vila Nova de Famalicão. “Uma têxtil todo-o-terreno” é o título da reportagem da Exame, da autoria da jornalista Margarida Cardoso, que refere que os projetos de i&d da Olbo & Mehler decorrem em parceria com a Universidade do Minho e o CEIIA (Centro de Excelência para a Inovação da Indústria Automóvel). Dirigida desde 2014 por Alberto Tavares, um economista da escola Sonae (grupo onde trabalhou durante 22 anos na área industrial) que aposta na inovação, a Olbo espera fechar o ano com um volume de negócios de 57 milhões de euros, totalmente feito nos mercados externos. “Aqui, o objetivo não é pensar no trabalho diário, mas no futuro, ir ao encontro do que
UE QUER AUMENTAR TRIBUTAÇÃO DAS DIGITAIS
SFERA ABRE LOJAS EM ALMADA E NO MONTIJO
As empresas digitais pagam nos países membros da UE menos de metade do valor dos impostos pagos pelas empresas tradicionais. A Comissão Europeia considera que a melhor solução para resolver esta distorção será um entendimento global, mas promete avançar sozinha em caso de impasse.
A Sfera (Grupo El Corte Inglés) abriu mais duas lojas em Portugal, no Fórum Montijo e Almada Fórum, ambas com áreas próprias para o vestuário de senhora, homem e criança. A Sfera está em pleno período de expansão internacional e soma oito lojas no nosso país.
DAMA DE COPAS E IMM-LAÇO LANÇAM CALENDÁRIO SOLIDÁRIO
irá ser preciso, pensar em entrar em segmentos onde os têxteis ainda não estão presentes, procurar clientes que podemos con-
"Se não conseguirmos estar alguns passos à frente no presente, teremos certamente dificuldades dentro de cinco anos" Alberto Tavares CEO Olbo & Mehler
quistar para os têxteis. A aposta na inovação tem de ser forte, porque se não conseguirmos estar alguns passos à frente no presente, teremos certamen-te dificuldades dentro de cinco anos”, confiou Alberto Tavares à Exame. Em Famalicão, a Olbo começou por fabricar tecidos para as telas de transporte da indústria mineira. Mas no entretanto não tem parado de subir na cadeia de valor e hoje faz, entre outras coisas, um tecido em aramida para coletes à prova de bala, é fornecedora da indústria aeroespacial e tem gigantes como a Continental e Dunlop na sua carteira de clientes. t
A marca portuguesa especializada em bra fitting e consultoria de lingerie associou-se ao Fundo iMM-Laço no lançamento do Calendário Solidário 2018 – Unidas pela Cura. Calendário e postais encontram-se à venda nas lojas Damas de Copas e parte das receitas reverte para o iMM-Laço, que apoia a investigação na área do cancro da mama.
20 milhões
de euros é o volume de negócios que a Olmac espera atingir em 2020
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COMPETITIVIDADE NO FÓRUM O Governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, e o presidente do Fórum para a Competitividade, Pedro Ferraz da Costa, são as figuras de cartaz do Fórum da Indústria Têxtil que vai decorrer já em finais de Novembro. Nesta sua XIX edição, o encontro é dedicado às questões da competitividade e do crescimento. O encontro, que vai ter lugar no dia 29 de Novembro, no auditório do Citeve, conta ainda com a participação do economista Daniel Bessa, que se encarregará dos comentários e conclusões, cabendo ao presidente da ATP, Paulo Melo, o discurso sobre o estado do setor, no final dos trabalhos. É com a exposição de um plano estratégico para
a ITV no horizonte de 2030 que o secretário-geral da ATP, Paulo Vaz, fará o enquadramento dos debates, apontando também para os números e dados que comprovam o percurso de sucesso que o setor têxtil tem trilhado nos anos mais recentes, tendo concretizado já os objetivos que tinham sido traçados para 2020. Os painéis e debates sobre competitividade, crescimento e financiamento preenchem os trabalhos, contando com a presença de especialistas e representantes de várias empresas. O antigo ministro da Indústria, Mira Amaral, Nuno Gonçalves, da Estrutura de Missão para a Capitalização das Empresas, e Jaime Andrez, do Compete 2020, contam-se entre os vários participantes. t
COM TECIDO FITECOM ANDA À CHUVA E NÃO SE MOLHA Um tecido com um aspeto e tato perfeitamente normais mas que é 100% impermeável por estar recoberto por uma membrana e ter recebido tratamentos hidrofóbico e oleofóbico é a grande novidade da última coleção da Fitecom. “Anda à chuva e não se molha. Pode deixar cair café que não faz nódoa. Os líquidos não entram nem molham”, explica o CEO da Fitecom, que fez à nossa frente (ver foto) uma demonstração bem sucedida das propriedades do seu tecido. A modernização permanente é o virtuoso vício da Fitecom, que todos os anos investe pelo menos um montante superior a 5% da sua faturação na aquisição de novos equipamentos - o que tem como resultado que o seu parque de máquinas ainda não tenha sequer chegado à adolescência: a sua idade média oscila entre os dez e os doze anos. “Anualmente investimos entre meio a um milhão de euros em máquinas”, conta João Carvalho, CEO da Fitecom, que este ano comprou uma nova ramela e dois contínuos. Para 2018 está já programado um investimento de um milhão de euros na área de acabamentos. A Fitecom espera fechar este exercício com um volume de negócios a rondar os 13 milhões de euros, um crescimento notável relativamente aos 11 milhões faturados em 2016, um exercício em que sofreu as consequências do aumento do preço da matéria-prima. “Ao contrário de muitos dos meus concorrentes, fiz refletir logo no preço dos tecidos o aumento dos preço das lãs. Houve gente a fazer loucuras em termos de preços, mas
84%
do investimento público em Portugal é feito com fundos comunitários do Portugal 2020, a maior percentagem de toda a UE, acima da Croácia (79%), Lituânia (74%) e Polónia (61%)
LUANDA RETIRA À ALASSOLA A GESTÃO DA ÁFRICA TÊXTIL O governo angolano revogou o contrato de gestão da África Têxtil à Alassola, acusada de “incompetência absoluta”. Criada nos anos 80, em Benguela, a África Têxtil recebeu um forte investimento estatal na sua reabilitação e reequipamento. Tinha retomado o funcionamento da componente fiação, empregando135 pessoas (do total de 1 200 previstas), mas o plano contemplava que até ao final do próximo ano estivessem a funcionar as secções de tecelagem, confeção e tinturaria.
"Nunca podemos esquecer que a Alemanha é o segundo maior país têxtil da Europa. A ideia que passa é que a Alemanha não faz têxteis. É a maior mentira pois tem uma atividade muito intensa" Braz Costa diretor geral do CITEVE
LIPACO QUER DUPLICAR PESO DOS FIOS TÉCNICOS NAS VENDAS Os fios técnicos - refletores, para desporto e roupa de trabalho, estampados e reciclados - são a grande aposta da Lipaco, que já faz 20% do seu volume de negócios de três milhões de euros neste segmento. Elevar para 40% o peso dos fios técnicos na sua faturação é o objetivo da empresa liderada por Jorge Pereira, que tem em curso um investimento de 1,5 milhões de euros e o aumento em 50% da sua capacidade instalada da sua fábrica situada na Zona Industrial do Bouro, em Esposende.
TRANSPORTES PÚBLICOS INSPIRAM NOVO LOGO DA BALENCIAGA
João Carvalho, CEO da Fitecom, demonstra a impermeabilidade do novo tecido
eu não alinhei nisso. Prefiro vender menos do que perder dinheiro”, afirma João Carvalho, um engenheiro têxtil, que foi professor na UBI e começou por trabalhar por conta de outrém antes de se aventurar a ser empresário. Os ventos, no entretanto, mudaram. “Em Setembro, na Munich Fabric Start e Première Vision, ninguém me veio dizer que os nossos preços eram altos. Eu sei que temos
uma relação qualidade/preço muito competitiva”, acrescenta o CEO da Fitecom, que além do negócio nos lanifícios também é um grande produtor de vinho (Quinta dos Termos). A modernização permanente não é a única mania de João Carvalho, que também tem o vício da novidade e faz questão de apresentar 250 padrões novos (para além dos clássicos básicos), por estação. t
A Balenciaga (grupo Kering) apresentou o seu novo logotipo este domingo, em Paris, durante o desfile de sua coleção de pronto-a-vestir para a primavera-verão de 2018. O novo logo, modificado sob a orientação do diretor artístico Demna Gvasalia, permanece sóbrio e é inspirado na clareza usada na sinalização instalada nos transportes públicos.
RYAN MARIA YASMIN FAZ ROUPA QUE CRESCE COM AS CRIANÇAS Usando os conhecimentos adquiridos num curso de engenharia aeronáutica e no programa de inovação do London’s Royal College of Arts, o designer Ryan Maria Yasmin surpreendeu o mercado ao apresentar uma linha de roupa que cresce com as crianças, podendo ser usada desde que eles são bebés de quatro meses até serem crianças de três anos.
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BERG OUTDOOR ATIRA-SE AO MERCADO HOLANDÊS Com presença já em mais de 15 países, a Berg Outdoor lança-se agora à conquista do mercado holandês. A multinacional portuguesa de artigos para desporto ao ar livre passará a ter lojas próprias naquele país a partir do início de 2018, que anuncia como “mais um passo na estratégia de crescimento e expansão do footprint, chegando a novos mercados”.
TROFICOLOR NA EX MABOR E COBIÇA NOVOS MERCADOS A Troficolor mudou o seu centro de gravidade para a Trofa para a antiga fábrica da Mabor, em Lousado, no coração industrial do Vale do Ave, um movimento que se insere no quadro de num investimento de cerca de um milhão em euros em modernização e eficácia. “O nosso foco está no melhoramento constante do serviço e acompanhamento ao cliente, pois o sucesso dele é o nosso sucesso”, explica Carlos Serra, o CEO da Troficolor, que deverá fechar o ano com um volume de negócios de 4,5 milhões de euros. Criada em 1956, a empresa dedica-se no seu essencial à transformação e desenvolvimento de tecidos de denim, que produz não só em paragens tão diversas como a Turquia, China, Índia ou Paquistão, mas também em Portugal. “Vivemos num mundo global.
Mas na Troficolor não perdemos nunca de vista o princípio sagrado de que em todo este processo o essencial do valor seja acrescentado em Portugal”, afirma Carlos Serra. Duas vezes por ano, a Troficolor apresenta em Londres, Paris, Tóquio e Porto as coleções desenhadas pelo seu gabinete criativo, que ganhou mais espaço e condições de trabalho com a mudança para as novas instalações, que têm uma área de oito mil metros quadrados e albergam um showroom e outras funcionalidades, como um espaço interativo onde são apresentadas aos clientes propostas de tecidos, lavagens e acabamentos. O departamento de design é um dos três pés em que assenta o trabalho da equipa de 18 pessoas da Troficolor - criativos, controlo de qualidade e comerciais. “Estamos num processo permanente de evo-
lução do controlo de qualidade dos nossos produtos”, garante o CEO da Troficolor. Cerca de 90% da produção da empresa é exportada: 35% de exportação direta, para grandes clientes internacionais, como a Max Mara, Armani ou grupo Inditex, e 55% indireta. A Troficolor está presente em mais de 30 países, não só da Europa (Espanha, França, Itália, Alemanha, Inglaterra, Áustria, Sérvia, República Checa, Polónia, Hungria, Roménia e Lituânia) mas também nos Estados Unidos, Marrocos, Japão, China, Coreia do Sul e Turquia. Esta ampla geografia não satisfaz o ambicioso Carlos Serra que tem em curso negociações para abertura de novos mercados, tais como México, Brasil, Colômbia, Tailândia, Rússia, África do Sul, Austrália e Nova Zelândia. t
TEXSER COMEMORA 85 ANOS Quando, no já longínquo ano de 1932, o jovem José Pimenta se abalançou a criar uma fábrica com um par de teares estava muito longe de imaginar que 85 anos depois os seus descendentes, amigos e clientes iriam estar a festejar o aniversário desta data no stand do Modtissimo 50 da Têxtil de Serzedelo, com vinho verde e queijo, provenientes das quintas da família. A Textil de Serzedelo (Texser) nasceu em Gondar, Pevidém, e foi à beira das águas do rio Selho que medrou, antes de mudar a maquinaria, com a ajuda de carro de bois, para o local onde ainda labora, na terra que lhe deu o nome. Têxtil e agricultura foram e continuam a ser as duas bases em que assenta a vida da família Pimenta. José, avô de Carla (a terceira geração, atualmente no co-
mendo da empresa) e bisavô de José João (a quarta geração que já começou enfarinhar-se nos negócios) vivia da terra antes de se meter na indústria e nos trapos. A família Pimenta ainda vive na Quinta do Cerdeiro, onde morava José, o fundador da Texser, e mantém-se fiel às raízes agrícolas - tendo inclusive alargado a área de atuação no setor primário, adquirindo a Quinta dos Ingleses e acrescentando o queijo ao negócio do vinho verde. A Texser fundada por José, foi desenvolvida pelo seu filho Abílio, e chegou ao século XXI com a terceira geração já ao leme, empregando 70 pessoas e fazendo um volume de negócios de cinco milhões de euros, dos quais mais de 40% correspondem a exportação direta. t
MIGUEL VIEIRA PENSA NO ONLINE
A NOSSA MODA APAIXONA SUZY MENKES
Numa altura em que comemora os 30 anos e carreira, o designer Miguel Vieira já tem claro que quer orientar o negócio para o público que compra pela internet. O objetivo é aumentar as vendas, mas sem que isso afete as lojas multimarca em que assenta boa parte da distribuição das suas coleções. Os desfiles são, obviamente, para manter.
A editora internacional da Vogue e crítica de moda Suzy Menkes tem andado atenta aos criadores portugueses, em desfiles dentro e fora do território nacional. “O mais interessante aqui é que a maioria da roupa é de design português, é realmente fabricada em Portugal. Isto é um ponto extra para a moda em Portugal”, referiu a editora.
"Portugal é um país forte neste setor, com uma indústria e confeção muito cuidada, uma mão de obra barata e uma boa especialização nos tecidos e nas confeções" Ángel Asensio presidente da Federação Patronal Espanhola da Confeção
T PATROCINA “COSIDO À MÃO” DA RTP1
São 15 candidatos, todos costureiros amadores. No final de cada episódio sai um. É este o formato do novo programa da RTP1 – sábados 21h15 - intitulado “Cosido à Mão”, que é apresentado por Sónia Araújo e tem como jurados Susana Agostinho e Paulo Battista. Dura 13 semanas e, no final, haverá um vencedor, cujo prémio tem o patrocínio do T e inclui uma passagem pela Premiére Vision Paris e um estágio numa fábrica têxtil.
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“JUNTOS VALEMOS MAIS DO QUE INDIVIDUALMENTE”
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n ENTREVISTA Manuel Gonçalves 44 anos, nasceu em Requião, Famalicão, mas com cinco anos mudou-se para Vila do Conde, onde ainda vive com a mulher (licenciada em Direito e responsável pela gestão da marca Lightning Bolt e pela Marca de desporto EmWey) e os dois filhos: António, 14 anos (que nas férias de verão já esteve na TMG a dar uma ajuda no marketing online), e Mariana, dez. Completou a primária (iniciada em Vila do Conde) e fez todo o secundário no Porto, no Colégio dos Cedros, após o que se licenciou em Gestão de Marketing, na Universidade Fernando Pessoa. O primeiro emprego foi no Millennium BCP
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Cluster Têxtil foi o que teve a maior taxa de aprovação dos projetos que apresentou no âmbito do Portugal 2020 - afirma Manuel Gonçalves, membro do Grupo de Alto Nível do cluster e administrador do grupo TMG. O cluster têxtil - no sentido da larga maioria de empresas do setor geograficamente próximas - já existe há muitos anos...
É um cluster natural. A nossa indústria têxtil e de vestuário (ITV) vive e convive bem com a coexistência num espaço físico relativamente pequeno de um elevado número de empresas. E a existência do cluster é um fantástico fator de competitividade. Por si só?
Durante os anos da crise, a primeira década do século XXI, quando demasiadas empresas desapareceram, o meu maior receio foi que perdêssemos a massa crítica indispensável para atrair as marcas para virem cá fazer as suas coleções/produções. Receio que não se confirmou...
Felizmente, a ITV conseguiu manter, concentrada num raio de 50 a 60 quilómetros, a oferta de um conjunto de especialidades que justifica a deslocação a Portugal dos clientes. Há potencial. Tirar o máximo partido dele é a missão do Cluster Têxtil?
Quanto maior for a interação entre as empresas, mais competitivos seremos. A nossa missão é explorar o potencial instalado, elevando os graus de eficiência coletiva de um conjunto de atores que individualmente
têm demonstrado o seu valor e a capacidade de ir mais além. O individualismo dos nossos empresários é um obstáculo à vossa ação?
Tenho notado uma maior abertura à colaboração entre empresas. Acredito que o individualismo e a preocupação excessiva com pequenos segredos como a salvaguarda da carteira de clientes, já pertencem ao passado. Não está a ser demasiado otimista?
Os empresários já compreenderam que só trabalhando em parceria conseguem resolver o conjunto de necessidades dos clientes. Um dos maiores atrativos da nossa indústria é a sua capacidade de oferecer boas condições às marcas para fazerem aqui toda a sua coleção - calçado e acessórios incluídos. Especialização + parcerias é a receita?
É cada vez mais difícil uma empresa ter todas as especialidades. Numa indústria de muitas variedades como a nossa, em que a confeção que faz as calças não é a mesma que faz os casacos, quanto mais nos focarmos numa especialidade, mais eficientes e competitivos seremos. Quem quer fazer tudo corre o risco de não fazer nada bem... Os compradores estão a voltar do Oriente, mas fazem uma grande pressão sobre os preços. Como se resolve isso?
A proximidade do Norte de África permite, no caso da confeção, deslocalizar operações que incorporem muita mão de obra não especializada. Mas o essencial da competitividade tem de assentar nos ganhos de eficiência, na inovação e aproveitamento das novas oportunidades. Que oportunidades?
Fabricar novos produtos para novas aplicações. A ITV pode e deve ser muito mais do que rou-
"Já é claro para todos que há empregabilidade e futuro na ITV"
A intenção inicial era estar apenas dois anos no BCP, um tirocínio considerado indispensável antes de ir trabalhar para a empresa fundada pelo avô e gerida pelo pai. Acabou por se demorar sete anos no banco. “Foi uma experiência muito enriquecedora”, diz, resumindo numa frase talvez demasiado modesta um trajeto variado, com escalas na área comercial, análise de crédito, mercado de capitais (CISF) e o gabinete da presidência (Jorge Jardim Gonçalves) - e que contemplou ainda dois anos a trabalhar na Wall Street, em Nova Iorque, onde estava quando dos atentados do 11 de Setembro, pelo que viveu o luto da cidade. Em 2004, ingressou na TMG, onde aprendeu a sobreviver no meio da tempestade da crise. “O segredo? Centrar o negócio em produtos nos quais podemos acrescentar valor e reduzir a vulnerabilidade ao fator preço!”
pa. Temos de nos inserir ainda mais noutras áreas, como por exemplo a mobilidade elétrica. Os automóveis têm de reduzir o peso e isso passa por substituir estruturas de metal por outras com base têxtil. Afinal o que é a fibra de carbono senão um têxtil em que é aplicada uma resina? Qual é o papel do Cluster Têxtil nesse agarrar de oportunidades?
Estamos a reunir empresas de diferentes subsetores, criando condições para que em conjunto inovem e façam produtos novos. Reunir num mesmo ambiente diversos know how e especiali-
dades é meio caminho andado para a inovação. Universidades e empresas ainda vivem de costas voltadas?
Não diria isso. Nos dias de hoje já vemos muitos exemplos de colaboração. Mas há espaço para melhorar e aumentar essa interação e trazer ainda mais a Universidade e centros tecnológicos para o meio empresarial, de maneira a converter boas ideias em bons produtos. O sistema científico é fundamental para essa alquimia?
A investigação nas empresas é limitada, porque elas estão prisioneiras de um dia a dia intenso que muitas vezes não lhes deixa tempo para refletir. Daí a necessidade de consolidar essa aproximação e trazer cada vez mais entidades a essa convivência. Não é demasiado frequente o erro de fazer produtos inovadores mas sem mercado?
Temos de ter uma atitude explorativa, de ter ideias fora da caixa e produzir coisas à frente no seu tempo. Mas nunca podemos perder de vista o mercado. Os recursos que a ITV tem ao seu dispor para investir em inovação são demasiado escassos para nos podermos dar ao luxo de os desperdiçar a inventar coisas sofisticadas, mas que não vendem.
de I&D em desenvolvimento no setor: o projeto mobilizador TextBoost. Uns pensam e outros executam?
Não é assim. A marca de água do Cluster Têxtil é reunir academia, indústria e centros tecnológicos na busca de novas soluções, a partir de diferentes visões e experiências. As mesmas empresas e instituições do sistema científico estão nos dois lados. Nos grupos temáticos a discutirem novas ideias. Nos projetos mobilizadores a concretizá-las. Por dar um exemplo de área de um dos nove grupos temáticos... O vestuário de Proteção Individual, que engloba segmentos específicos como o dos bombeiros e militares... Esta é uma das nove áreas que identificamos como estratégicas, onde existe espaço para inovar, outras são por exemplo a indústria 4.0, os Greentextiles ou os têxteis para o automóvel... Que avaliação faz do trabalho até agora feito?
O Cluster Têxtil foi o que teve a maior taxa de aprovação dos projetos que apresentou para a concessão de apoios à sua concretização, devido ao efeito positivo que terão na nossa economia. Essa é a melhor avaliação que recebemos ao nosso trabalho.
Qual é a mecânica de funcionamento do Cluster Têxtil?
Não há só empresas têxteis no Cluster Têxtil...
O cluster ainda está, e vai estar sempre, em construção. A dinamização operacional das ações está alojada no CITEVE, e é governado por um Grupo de Alto Nível, eleito pelos 58 membros fundadores. O verdadeiro motor do cluster é o conjunto de nove Grupos de Interesse Especial que já envolve mais de 150 profissionais. Estes grupos especializados trabalham a formulação de estratégias para o cluster, dinamizam a interação entre os membros e desenvolvem projetos. Muitos dos membros do cluster estão já envolvidos no maior projeto
Não. Temos, empresas de setores correlacionados com a têxtil. Como já disse, o futuro da ITV passará cada vez mais por novas oportunidades noutros setores, umas mais distantes, outras mais próximas. Como por exemplo...
O têxtil está por todo o lado - na construção civil, saúde, agro-pecuária, automóvel, aeronáutica... E essa presença será cada vez maior, em particular e no curto prazo, no mercado da mobilidade, que está a mudar e já não volta atrás.
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Portugal vai poder livrar-se do petróleo O investimento que a indústria automóvel já colocou para acabar com os combustíveis fósseis leva-me a concluir que o petróleo tem os dias contados. Até 2020, o carro eléctrico vai custar o mesmo que um a gasolina ou diesel - e com custos de manutenção e operação oito a dez vezes menores. A Tesla desenvolveu um sistema, com base em painéis solares e baterias, que garante a auto-suficiência energética de casa e carros eléctricos. Portugal tem excelentes condições naturais - sol e vento - para se livrar da dependência do petróleo mais cedo do que os outros países. Manuel Gonçalves
Pôr toda a gente a interagir, vai implicar uma revolução na mentalidade dos empresários e na cultura do setor...
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. E os tempos são muito diferentes. A cultura muda, nem que seja por necessidade. Nenhuma empresa têxtil pode viver sozinha. E um fator poderoso que vai acelerar essas mudanças é o facto de que quem avança em cooperação vai lucrar com isso muito mais do que quem persistir no isolamento. O exemplo vai ser um instrumento fundamental no esforço de evangelização?
O grande trunfo da nossa ITV é ter sido a única da Europa que sobreviveu à crise mantendo a massa crítica mínima para ser atrativa, mantendo uma oferta de especialidades suficientemente diversificada para satisfazer a multiplicidade da procura das marcas. Como se tira partido dessa vantagem?
Quando um cliente nos visita, devemos mostrar-lhe não só a nossa empresa mas também divulgar a oferta complementar do setor. Aos clientes que compram tecidos na TMG nós recomendamos logo as confeções onde podem mandar fazer as calças, as camisas, os casacos, e artigos em malha. A escassez de mão de obra especializada é um problema sério?
Ainda há uma grande concorrência quer por engenheiros (têxteis e outros), quer por boas costureiras ou tecelões experientes. Mas acredito que é um problema em vias de resolução, agora que já é claro para toda a gente que há empregabilidade e futuro na ITV. A secretária de Estado Ana Lehmann disse que trabalhar na indústria é sexy. Os jovens têm essa perceção?
Para a generalidade dos jovens
"A existência do cluster é por si só um fantástico fator de competitividade"
ainda é mais sedutor estar sentado na caixa de um supermercado do que numa fábrica à frente de uma máquina. Mas se no tempo do meu avô e do meu pai as condições de trabalho na indústria eram duríssimas e o que se pedia aos operários eram gestos repetitivos, hoje em dia já não é assim. O que mudou?
O produção aligeirou-se e automatizou-se. Os trabalhadores têm de saber inglês para dialogarem com as máquinas - e espera-se que participem no processo de melhoria contínua. Além da massa crítica, quais são as outras vantagens competitivas da nossa ITV?
A proximidade do consumidor tornou-se um fator crítico, em particular no vestuário. As marcas já perceberam que se querem os clientes nas lojas mais do que quatro vezes por ano - as duas coleções e os saldos - têm de estar sempre a apresentar novidades, o que é incompatível com um sourcing longínquo. Somos bons em flexibilidade e capacidade de resposta?
Soubemos ajustar-nos à necessidade de colocação agressiva de produtos novos nas lojas. Ganhamos capacidade de reação e um lead time cada vez mais curto. Adaptamo-nos à tendência dominante, em que os clientes não se importam de pagar mais para fugir às encomendas de contentores, para diminuírem o risco dos
monos e atenuarem os custos de imobilização. Tecnologicamente estamos mais avançados do que a concorrência?
As perguntas de
A Turquia e a China têm uma capacidade tecnológica tão boa ou melhor que a nossa. A nossa vantagem sobre a China é a proximidade. E temos beneficiado da instabilidade política e de segurança na Turquia e outros países. A imagem do país no estrangeiro tem melhorado?
E muito! Os clientes olham para Portugal como um país calmo e pacífico, com um excelente clima, habitado por gente simpática e evoluída, com uma boa capacidade industrial. Mas com um mercado interno muito pequeno...
O que faz com que seja muito difícil lançar marcas portuguesas. Admiro muito quem o tenha conseguido, como a Salsa e a Tiffosi. Se tivesse nascido na Alemanha, a Salsa seria hoje uma marca de referência no mercado global. Mas ser um mercado pequeno também tem as suas vantagens. Está otimista quanto ao futuro?
Mas não excessivamente. Estamos a beneficiar de uma conjuntura favorável. Não podemos pensar que agora é sempre a subir. Basta a Turquia resolver as suas questões internas e passamos a ter um concorrente de peso. Temos de estar preparados para enfrentar mais contrariedades e voltar a reinventar-nos. Como?
Para que os compradores estabeleçam duradouramente em Portugal a sua base de fornecimento é indispensável que as empresas sejam inteligentes e não se isolem em demasia. Juntos valemos muito mais que individualmente. t
António Amorim Presidente do CITEVE
Ana Ribeiro Diretora executiva Cluster Têxtil
Atração de talentos, formação e educação. Que desafios e que mudanças?
Quais os maiores desafios da ITV para os próximos 10 anos?
Atrair os funcionários certos para os cargos certos é o primeiro desafio. Retê-los e motivá-los, combinando os seus próprios objetivos de carreira com os da empresa, é o segundo. A ITV é muito volátil. Requer uma atualização constante dos conhecimentos e exige o domínio de um conjunto alargado de fatores intangíveis. A necessidade de adaptação às novas necessidades acarreta uma maior exigência na formação e treino dos recursos humanos. Com o aumento da diversidade de aplicações têxteis e mudança dos modelos de negócio tradicionais, conjugar o conhecimento têxtil com outras realidades torna-se cada vez mais desafiante. Promover a flexibilidade intelectual atraindo talentos de outros setores e promovendo formação noutras áreas será certamente chave para o sucesso empresarial. Até que ponto pode o Cluster potenciar o surgimento de mais iniciativas colectivas no STV?
A função do Cluster Têxtil é exatamente potenciar iniciativas ou projetos coletivos, não só no têxtil, como também no cruzamento com outras indústrias. t
É difícil olhar a 10 anos sem fazer futurologia, pois vivemos uma era de mudança. Muito por força da anatomia social da net, os processos horizontais estão a substituir os processos verticais. Esta mudança potencia o fim de muitas empresas, bem como o nascimento de muitas outras. A indústria terá como desafio, criar, através da automatização de sistemas e tecnologias, redes que controlam a cadeia de valor e tornar os processos produtivos mais eficientes. Em que medida o Cluster Têxtil poderá ter um papel fundamental na implementação de medidas que permitam responder a esses desafios?
Como elemento agregador, terá certamente a capacidade para detetar estes movimentos e em conjunto com as empresas potenciar o desenvolvimento de tecnologias capazes de preparar a ITV para um futuro que tende a aproximar o consumidor do produtor. Adicionalmente o desenvolvimento tecnológico de novas aplicações de estruturas têxteis, economia circular, eco-sensibilidade, etc, abre todo um conjunto de novas de oportunidades que o Cluster poderá dinamizar. t
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FEIRAS
A AGENDA
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MARE DI MODA 07 a 09 de Novembro - Cannes Bianchi y Sarmento; East Ocean; Lemar; Luipex PERFORMANCE DAYS 08 e 09 de Novembro - Munique A. Sampaio & Filhos Têxteis, S.A.; LMA; Sidónios Malhas
Fitor; INL - International Iberian Nanotechnology Laboratory; Lasa / MAF; Lipaco; MagicPharma; NUNEX Worldwide, S.A. INTERIOR LIFESTYLE LIVING 20 a 22 de Novembro - Tóquio Burel Mountain Originals; Carapau Portuguese Products; Ditto; Sugo Cork Rugs
MEDICA 13 a 16 de Novembro - Dusseldorf Barcelcom; CeNTI; Citeve; Custoitex;
ETHICAL MUDA DE POISO PARA A KRAFTWERK BERLIN O Greenshowroom e o Ethical Fashion Show Berlin vão mudar-se para a Kraftwerk, uma central de energia construída no início dos anos 60 e no entretanto desativada, já a partir das próximas edições, agendadas para 16 a 18 de Janeiro. “Estamos a mudar-nos para o coração da Berlin Fashion Week e a corresponder assim aos anseios de expositores e visitantes, que nos pediam um local com melhor acessibilidade”, explica Olaf Schmidt, vice-presidente da Messe Frankfurt.
"Se há 20 anos as empresas participavam nas feiras numa perspetiva meramente comercial, hoje sabem que é muito difícil venderem os seus produtos se não se venderem também a si próprias" Cristina da Motta representante da Messe Frankfurt em Portugal
PV PARIS ESTÁ CONTENTE COM AS ESTATÍSTICAS Apesar da contestação que se fez ouvir à data tardia da sua realização, a Première Vision está contente com as estatísticas da última edição, que registam um crescimento de 3% no número de expositores (1 954, contra 1 898 em Setembro de 16) e de 7,5% no de visitantes. A PV Paris ultrapassou a fasquia dos 60 mil visitantes, provenientes de 129 países. A França, com 16 mil visitantes, continua a garantir o principal contingente, seguida pela Itália, Reino Unido, Espanha e China.
A A. FERREIRA SEDUZIU FASHION TEAM Os produtos apresentados pela A. Ferreira na Première Vision foram selecionados pela Fashion Team de feira, ganhando assim direito a ter um vídeo no site do certame. No vídeo, a designer Ana Segurado explica a inspiração e as preocupações que a nortearam durante a criação da coleção. Liderada por Noel Ferreira, a A .Ferreira emprega 75 pessoas e vende quatro milhões de euros/ano. Tem uma marca própria de roupa para criança (Wedoble) que vale 15% das suas vendas.
NA JITAC EM LUTA PELO JAPÃO
A Jitac mudou-se para o Bellesalle Shibuya Garden mas as empresas portuguesas não arredaram pé. Albano Morgado, Burel Factory, Fitecom e Lemar, que foram até Tóquio no âmbito do projeto From Portugal, já são presença constante no certame, a par da Gierlings Velpor, da Riopele e da Somelos Tecidos, que enriqueceram a presença lusa numa das principais feiras nipónicas. t
OS DEZ NA A+A DUSSELDORF Uma das feiras mais importantes do mundo da segurança e saúde no trabalho, a A+A, recebeu dez empresas portuguesas, oito delas integradas no projeto From Portugal. No certame bienal estiveram a A. Sampaio & Filhos, a Axfilia, a Fall Safe On Line, a Gulbena, a Heliotextil, a HR Proteção, a Line Workwear e a Latino Group, que viajaram com o apoio da Selectiva Moda, e a Endutex e a Penteadora. A HR Proteção foi pela segunda vez ao salão, que este ano recebeu mais de 67 mil visitantes. Fernando Mateus, diretor-geral da empresa, faz um balanço positivo da par-
ticipação. “O nosso objetivo era mostrar toda a nossa área industrial, a diversidade, e não só um produto”, explica. “Há muitos clientes que deslocalizaram as produções na Ásia e que estão a redefinir a procura, para encontrar empresas capazes de prazos de entrega mais apertados, e nós captamos esse perfil”, comenta o diretor-geral da empresa de equipamentos de proteção individual. “Já contactamos com potenciais clientes. Este ano a localização do stand foi muito bem pensada, junto de um corredor central, o que potenciou a visita de mais pessoas”, remata. t
NA BALTIC PARA CONQUISTAR O NORTE A Baltic Fashion & Textile foi inundada por empresas portuguesas. A Fitor, a Lipaco, a Rampa e a Trifitrofa foram até Vilnius expor os seus produtos, mas ainda no âmbito do projeto From Portugal marcaram presença produtos da A. Sampaio&Filhos, a Brandbias, a Coltec, a Eurobotónia, a Island Cosmos, a Joaps, a Lemar, a LMA, a P&R Têxteis, a Ribera, a Sonicarla e a Tintex, que integraram o fórum iTechStyle, promovido pelo CITEVE e pela Selectiva Moda.
A Trifitrofa e a Rampa foram as estreantes desta edição, que contou com cerca de 420 expositores, oriundos de 22 países. A Rampa escolheu o certame pela sua localização estratégica, tal como explicou Paulo Martins, diretor comercial. “A feira foi escolhida pela sua localização geográfica, dada a sua proximidade de países como a Rússia, Suécia, Dinamarca, Noruega, Finlândia, Bielorrússia, Polónia, Letó-
nia e Estónia”, refere, acrescentando que há uma grande procura de fios acrílicos e com misturas de lã por parte destes mercados. O balanço final é positivo. “A participação na Baltic revelou-se positiva, tendo-se concretizado as nossas expetativas que passam pelo incremento da nossa presença no mercado Europeu e a abertura a novos mercados”, diz o diretor comercial, contando ainda que já tiveram alguns contactos e já estão na fase de envio de amostras. t
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Portugal
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Aqui se mostra, através do Lifestyle e das tendências, como chegar ao produto perfeito. Aqui se entende a importância e o significado de um espaço projectado por si próprio. Aqui se percebe como é possível converter a ocupação harmoniosa de um espaço de habitação numa verdadeira cultura. Living é a concretização do eterno sonho de um lar-doce-lar, num local onde se vive a criatividade e onde vibra a diversidade.
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“ESTÁ QUE SALE” O TÊXTIL EM PORTUGAL O têxtil português está em alta e na linha da frente. Ou seja, “está que se sale”, diz a Pinker Mo-da, a revista espanhola dirigida aos profissionais do têxtil e da moda depois da passagem pelo Modtissimo 50. A par dos números e do processo de renovação da ITV o artigo sublinha a coloca-ção estratégica do Citeve e da iTech Style logo na entrada do certame. “A maioria dos tecidos expostos são tecnológicos e ecológicos, propriedades que se estão a converter na carta de apre-sentação das principais empresas e tecidos de Portugal”, conclui.
“É sexy trabalhar na indústria” Ana Teresa Lehman secretária de Estado da Indústria
ANA SOUSA FOI O PONTO FINAL DO 41O PORTUGAL FASHION
A coleção de Ana Sousa para a Primavera/Verão 18 fechou, a 21 de outubro, a 41ª edição do Portugal Fashion, que tinha arrancado sete dias antes, em Lisboa, no Armazém 16 (Braço de Prata) e compreendeu 33 desfiles, com propostas de 17 criadores (emergentes e consagrados), oito jovens designes, seis escolas de moda, cinco marcas de vestuário e seis de calçado. O Museu do Carro Elétrico, o ex-Matadouro Municipal e e Cais Novo da Alfândega foram locais que se estrearam no roteiro portuense da moda. t
ATP REFORÇA COOPERAÇÃO COM MARROCOS O director-geral da ATP, Paulo Vaz, assinou um protocolo com a AMITH (Associação Marroquina da Indústria Têxtil e Vestuário), representada pelo DG, Mohamed Tazi, para reforçar a cooperação, na perspetiva de explorar as complementaridades entre os dois sectores em ambos os países, atendendo ao facto de a indústria de confeção portuguesa ter cada vez mais dificuldades em encontrar pessoal para trabalhar, tendência que se agravará para futuro. A assinatura do protocolo ocorreu paralelamente à realização da feira Maroc in Mode, em Marraquexe, na última semana de Outubro. Este salão destina-se sobretudo a promover a subcontratação local. A Associação Selectiva Moda esteve presente com um pavilhão português, na zona mais nobre da feira, em parceria com o Citeve, através do showcase tecnológico e empresas
inovadoras. Braz Costa, director-geral do Citeve, esteve igualmente presente, numa reunião conjunta com a ATP, a AMITH e o Ministério da Indústria Marroquino, para apresentar o projeto de instalar uma sucursal do Citeve em Marrocos, cujo plano está já avançado. Este país do Magrebe não possui uma estrutura similar ao Citeve, embora esteja particularmente necessitada. A sucursal do Citeve em Marrocos irá possibilitar apoiar a cooperação com empresas portuguesas que aí desejem desenvolver atividades, como já sucede com muitas e com tendência para crescimento. A visita do primeiro-ministro português a Marrocos, no início de Dezembro, para a cimeira anual, será um momento chave para cimentar esta relação e fazer arrancar projectos concretos. t
ATP FAZ LOBBYING EM BRUXELAS A ATP promove uma nova operação de charme e lobbying em Bruxelas no próximo dia 5 de Dezembro, no âmbito do seu programa Fashion From Portugal. Além de uma conferência focada na inovação tecnológica na ITV, decorrerão em paralelo uma exposição/fórum de empresas com a matriz I&D, e um showcoo-
king da AGAVI. O palco destas iniciativas será a Representação Permanente de Portugal em Bruxelas, e os convidados serão sobretudo entidades europeias, diplomatas, líderes de opinião e jornalistas. “Na sequência da acção que promovemos em Maio em Bruxelas junto das instituições europeias em
que mostramos a nova imagem do sector têxtil português e do Made in Portugal, vamos agora consolidar e sedimentar essa imagem e, ao mesmo tempo, ilustrar o futuro do sector com o trabalho de algumas empresas que apostam na inovação tecnológica”, explica Paulo Vaz, director-geral da ATP. t
HEIDI KLUM E LIDL JUNTOS PARA O NATAL
BIMBA Y LOLA APOSTA EM NOVAS LOJAS
Já diz o ditado: em equipa que ganha não e mexe. E, por isso, Heidi Klum volta a juntar-se ao Lidl para mais uma colecção de roupa low-cost – desta vez num estilo mais festivo. A nova colecção #Let’sCelebrate chega aos supermercados no dia 4 de Dezembro. As peças têm um toque de festa, com lantejoulas, veludo e até pêlo, e a preços sempte amigos da carteira, entre 10 e 30 euros.
Ainda não se sabe ao certo quando e onde, mas a Bimba y Lola vai expandir a sua rede de lojas em Portugal. Uma loja de rua no Porto e outra em Lisboa estão nos planos da marca espanhola, assim como a aposta em centros comerciais. Já este mês de Novembro passarão a ter um espaço no El Corte Inglès em Gaia e um outlet no Algarve.
MICAELA OLIVEIRA DESLUMBRA NA MALÁSIA
Uma coleção de 12 vestidos de cerimónia bastou para Micaela Oliveira conquistar a Malásia. Foi no quarto e último dia da World Fashion Week Malaysia que a estilista portuguesa levou as suas glamorosas criações até à passarela do luxuoso Palácio Golden Horses, na capital Kuala Lumpur. Entre a ecléctica assistência, destacavam-se as mais importantes figuras da monarquia local, com uma das suas jovens descendentes a fazer questão de adquirir um dos vestidos, que vestiu para cerimónia de encerramento do evento.
70 %
dos 131 513 trabalhadores da ITV são mulheres
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CLUSTER: 9,2 MILHÕES PARA 17 NOVAS SOLUÇÕES São 9,2 milhões de euros de investimento. 237 pessoas envolvidas. 32 novos postos de trabalho. 28 empresas. 15 entidades do sistema científico e tecnológico. 430 mil horas de trabalho. E a expectativa de aumentar em mais 100 milhões de euros as exportações das empresas envolvidas. Nada melhor do que os números para resumir o gigantesco fôlego das 17 novas soluções nas áreas da I&D que começaram a ser desenvolvidas a partir de 1 de Julho pelo TexBoost e deverão estar concluídas dentro de três anos depois no âmbito dos projetos mobilizadores previstos no Compete 2020. Investigação e desenvolvimento são as palavras-chave deste processo que se iniciou com um workshop no CITEVE, para o qual foram convidadas todas as empresas e entidades relevantes para a ITV. Dessa discussão alargada, as empresas lançaram ideias, surgindo então cinco áreas consideradas incontornáveis para abraçar projetos mobilizadores – a indústria 4.0; os novos materiais e a utilização das fibras naturais; novas estruturas técnicas inteligentes; têxteis electrónicos; e sustentabilidade e economia circular. José Morgado, diretor de Engenharia do Produto do CITEVE, foi designado como o pivot destes projetos mobilizadores do Cluster Têxtil. “A partir dessas cinco áreas, 43 entidades (28 empresas e 15 instituições de investigação) sediadas nas regiões Norte e Centro do país estão a desenvolver 17 novas soluções”, explica. Além das empresas têxteis há outros setores envolvidos como o dos couros, o da cortiça, o dos moldes e o das tecnolo-
gias de informação e comunicação. “O promotor de todo o projeto é a Riopele que delegou a sua gestão no CITEVE”, explica Morgado, que estima que destas 17 “novas soluções” resultem 12 patentes e 16 teses de mestrado e doutoramento. Quanto ao impacto, espera-se que o volume de negócios das 28 empresas envolvidas aumente mais de 20% ao nível interno e 28% em termos de exportação. Traduzido em euros, significa para esses parceiros, que exportam 340 milhões de euros nestas cinco áreas definidas por este projeto mobilizador do Cluster Têxtil, um crescimento para 440 milhões de euros, ou seja mais 100 milhões. “Todos os meses haverá reuniões com os diferentes parceiros das 17 novas soluções. E no final de Dezembro deste ano, será feito o primeiro ponto de situação dos desenvolvimentos de cada uma daquelas 17 ‘novas soluções’”, descreve o pivot do Projeto Mobilizador. Proporcionar o desenvolvimento de projetos conjuntos e inovadores, entre empresas e entidades do sistema científico e tecnológico é a missão do Cluster Têxtil, que aproveitou o Modtissimo 50 para se apresentar ao mundo. Manuel Gonçalves (TMG), António Falcão (Falcaogest), Paulo Melo (Somelos), Braz Costa (CITEVE), Hélder Rosendo (P&R Têxteis), Isabel Furtado (ATP), Fernando Merino (ERT) e Ana Ribeiro (diretora executiva), são oito membros eleitos para o Grupo de Alto Nível, que coordena o Cluster Têxtil. t
VÊM AÍ AS CROCS DE SALTO ALTO São a nova provocação do criativo da Balenciaga. Umas sandálias de plataforma elevada que Dema Gvasalia desenvolveu em parceria com a marca americana de calçado Crocs. Foram apresentadas na Semana de Moda de Paris, onde apareceram em brilhantes versões rosa e amarelo, com a inscrição da marca Balenciaga em evidência, mas só poderão ser adquiridas a partir de Março, com o lançamento da coleção primavera/verão.
TENOWA É A MARCA VERDE DA RIOPELE O grupo Riopele lançou uma nova marca, a Tenowa, dedicada exclusivamente aos produtos a produzir no âmbito do projeto R4Textiles. A última novidade nesta área é a reciclagem de restos de tecidos aos quais são incorporados nos acabamentos desperdícios agro-alimentares. Um vestido e um macacão de senhora utilizando já este novo material estiveram expostos no iTechStyle Showcase durante a 50.ª edição do Modtissimo.
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A FASHION FORWARD Por: Juliana Cavalcanti
Top trends para a Primavera-Verão 18
ALTERNATIVA ISLAND COSMOS AO HIJAB A Island Cosmos está a desenvolver um produto alternativo ao véu islâmico, que também pode ser usado por mulheres que estão a fazer tratamento de quimioterapia. “É uma alternativa leve e fresca ao véu islâmico”, explica Fernanda Valente, a empresária da Fernando Valente que está a lançar a Island Cosmos, um projeto direcionado para os nichos de mercado e têxteis técnicos.
CORTE INGLÈS JÁ ESTÁ ONLINE O El Corte Inglès grupo lançou em Portugal uma loja online , que engloba roupa de homem, senhora e criança, assim como acessórios, sapatos e artigos de viagem, num total de mais 60 mil artigos. Para já, os portes são gratuitos nas encomendas acima de 50 euros, assim como as devoluções feitas em loja. Há também a opção Click&Collect: fazer as compras online e recolhê-las nos armazéns de Gaia ou Lisboa.
Ok, eu sei que mal saímos da Primavera Verão 17 (aliás, com o calor que está ainda nem sinto que saímos...) – e já estou eu aqui a falar das principais tendências para daqui a meio ano, quando ainda vamos ter que enfrentar alguns longos meses de frio. Mas é para mim impossível não falar sobre este tema depois de termos mesmo agora passado pela Fashion Season, ou seja, foi um mês de desfiles e semanas de moda pelo mundo – inclusive em Portugal. Estamos com sede em filtrar o que fica de tudo o que foi visto – pois muita coisa é vista e todo tipo de tendência aparece. Cada um tem a sua própria interpretação, são sempre válidas. Não acredito na tirania da moda ou no certo e errado. Acredito naquilo que cada um absorve, na individualidade até para perceber o que nos é apresentado. Por isso quero aqui fazer o meu Top 5 Trends de acordo com o que eu sinto que terá mesmo força na próxima PV e tentar perceber um pouco do porquê destes caminhos da moda que está a mudar tanto ultimamente. Senti que as coleções refletiram a confusão e o fora de ordem que o mundo está.
Se formos analisar tivemos muita desconstrução, muita mistura – um pouco daquele look homeless em muitas coleções. Acho que a moda esteve a tentar mostrar que estamos confusos, que o mundo está sem um fio condutor seguro. Ou, por outro lado, podemos pensar que estão a quebrar tabus com o reforço da ideia que podemos e devemos usar a roupa da forma que quisermos – podemos misturar, reciclar, reaproveitar de formas diversas. É a filosofia da liberdade. Cada um pode olhar como fizer mais sentido para si próprio. Ao mesmo tempo tivemos muito brilho, excessos, tamanhos grandes (roupas oversize) – o que mostra uma necessidade de usar a moda como um escape, uma forma de diversão, de valorização do indivíduo. Mais uma vez, com tanto a acontecer no mundo é como se a moda viesse para aliviar, para nos entreter e tornar o nosso dia a dia menos pesado. Com esta breve análise, listo aqui então as minhas cinco principais apostas: • Oversize. Foi para mim a principal tendência. Apareceu em muitos dos mais reconhecidos shows, desde Celine a Balen-
ciaga. A ideia é o exagero, são casacos, tops, calças, vestidos em tamanhos desproporcionais ao corpo. XXXL é a nova medida! • Patchwork. Esta técnica tão antiga que mistura restos de tecidos tão diferentes, foi uma das que apareceu em inúmeros desfiles. Acho que Loewe foi a maior representante desta tendência; • Brilho. Sim, muito brilho. Seja ele com lantejoulas, tecidos metálicos, ou cetim, o que vale é refletir! • Franjas e fios soltos. Apareceu muito também – ou em longos fios que se transformavam em franjas densas ou com fios soltos isolados nas peças. Também apareceu muito em acessórios – bolsas oversize com franjas largas; • Mix and match. Aqui é quase como o patchwork mas sem a técnica exata. O que se viu muito foi a mistura total e absoluta de peças, tecidos diferentes, estampas... algo quase sem regra, sem precisar se preocupar com combinações de cores, formas.. é a tendência da liberdade na moda. Pronto. Agora é só esperar para ver o que realmente disto tudo vai para as ruas! Já estou ansiosa... t
BORDADO CONTRA DESEMPREGO O novo Centro de Interpretação do Bordado de Castelo Branco é um dos novos museus que compõem a oferta cultural com que aquela cidade tenta contrariar o desemprego e despovoamento, tornando-se um destino turístico cada vez mais atrativo. De caráter artesanal, o centro está instalado num edifício histórico, que já foi prisão, biblioteca e serviu de Paços do Concelho.
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DE PORTA ABERTA Por: Carolina Guimarães
Pacifique Sud
Galerias Lumiére Rua das Oliveiras, 72 Loja 6, Porto
Estilo outdoor, para desportos radicais Produtos roupa de homem e mulher, sapatos, malas, acessórios e artigos de surf (pranchas e ceras) Outras marcas Porside e Lona Ano de criação 2014 Pontos de venda Hotel Feel e Armazém 66 (Viana do Castelo), Trunks (Antas), Worskshops Pop-up (Rua do Almada) e The Yellow Boat Store (Avenida Brasil)
Repovoar as ruas com pequenas tartarugas Foi devido a um ataque de saudosismo que a Pacifique Sud renasceu – não das cinzas, mas da memória dos milenais. Enquanto trabalhava no espaço que outrora tinha servido de loja da popular marca de surf dos anos 90, João Freitas relembrou os seus tempos de juventude e decidiu relançar a marca, que havia acabado no início do milénio. A etiqueta da tartaruga começou assim a aparecer em pólos, t-shirts e calças de ganga – e mais tarde estendeu-se para uma coleção mais completa, com vestidos, camisolas e macacões para mulher e calções, camisas e casacos para homem. E tudo é desenhado dentro das portas de casa de João Freitas: é ele quem desenha as peças de homem e a sua mulher, Raquel Ribeiro, é a responsável por conceber as peças de senhora. Ambos conciliam este projeto com o trabalho numa consultora: ele na área da gestão financeira e ela na gestão de projetos. Apesar dos seus caminhos iniciais não fazerem prever o desafio que estava para vir o destino fez, previamente, o trabalho por eles: o pai de João trabalhou sempre no setor têxtil, pelo que este era um setor muito familiar para o (re)fundador da marca; já Raquel Ribeiro é formada em arquitetura e tirou design de moda na Academia de Artes e Moda do Porto, onde aprendeu design têxtil e modelismo, o que lhe deu noções preciosas e muito à vontade em frente da máquina de costura. Isto faz com que tudo o que está na loja tenha etiqueta made in Portugal: para além da conceção, também a confeção das peças é feita no norte do país.
O crescimento da marca tem sido gradual, mas global: não só a oferta de produtos foi aumentado, mas também o número de pontos de venda, o número de clientes e, consequentemente, de receitas. “Começa a criar-se outra vez uma rede de seguidores, uma ligação com a marca, e tem sido interessante testemunhar esse regresso”, conta João Freitas. Já só faltava mesmo uma loja própria: “Já temos muitas peças e os espaços multimarca onde estamos acabam por nunca mostrar toda a coleção. Daí surgiu a necessidade de termos um espaço próprio, onde pudéssemos mostrar toda a nossa gama de produtos”, diz. O local escolhido foi as Galerias Lumiére – um espaço que partilha não só a filosofia da Pacifique Sud como o espírito de renascimento: depois de vários anos de decadência, o espaço comercial está de novo a ganhar vida, com a ajuda da movida da cidade. A captação de clientes estrangeiros é também um objetivo, mas é no público português que a marca tem as lanças apontadas. “A nossa loja online funciona muito bem, mas o cliente português gosta de tocar, vir, ver e sentir. Depois até pode comprar pela internet, mas nas primeiras compras preferem ver o produto ao vivo, conhecer o estilo e os acabamentos”, diz, explicando a importância de ter finalmente um espaço físico. Repovoar as ruas – e o mar, o ar e os skateparks – com as pequenas tartarugas é a missão de João e Raquel, que foram teimosos e saudosistas o suficiente para não deixar morrer uma das marcas da sua juventude. t
MODA E TÊXTIL VOAM BEM ALTO COM A REVISTA DA TAP Em grande evidência na última edição da revista UP, a moda e a indústria têxtil voam bem alto a bordo da TAP. A celebrar os 30 anos de carreira, Miguel Vieira representa o “Talento Português” e é apresentado com “um dos mais internacionais designers portugueses”. Também director do T, Manuel Serrão, elege dez referências que fazem do Porto a capital da moda e do têxtil. Do Portugal Fashion, à Farfetch, passando pela Daili Day e a loja Marques Soares. Os destaques incluem ainda estilistas como Katty Xiomara e Luís Buchinho, a agência Best Models, as escolas Modatex e Esad e a manequim Francisca Perez.
270 MILHÕES DA TURQUIA PARA MAPUTO
HELDER É UM DOS ROSTOS DA ARMANI
O Governo de Ancara anunciou a abertura de uma linha de financiamento de 270 milhões de dólares destinada a apoiar os empreendedores turcos que estejam interessados em reativar a indústria têxtil em Moçambique.
O modelo português Helder (Central) é um dos rostos do catálogo da coleção Outono/Inverno da Giorgio Armani e a sua imagem não só consta no catálogo, como está em grande destaque nas montras das lojas da marca em Paris.
EXPORTAÇÕES PARA OS EUA EM DESTAQUE NO DINHEIRO VIVO As indústrias tradicionais portuguesas esperam bater máximos históricos de exportações neste ano, e o setor têxtil é um dos que tem mostrado maior dinamismo nas vendas ao exterior. “As exportações de têxteis e vestuário para os EUA estão a crescer mais de 14%, números que vêm tranquilizar a indústria, que chegou a temer os efeitos das medidas de Donald Trump”, destaca o jornal Dinheiro Vivo, num artigo sobre a nova dinâmica exportadora nacional.
"A nível de tecnologia queremos estar sempre na linha da frente" Cristina Galvão administradora da Villafelpos
SURF, SKATE E SNOWBOARD, A NOVA TRIOLOGIA DA DEEPLY Desde sempre focada na moda e material técnico ligado ao surf e bodyboard, a Deeply prepara-se para saltar da água salgada para a moda do skate e do snowboard. É a conjugação dos 3 S’s (surf, skate e snowboard), sempre numa linha ligada à natureza, desporto e lifestyle. A par do alargamento do raio de ação, a empresa do grupo Sonae anunciou também a adoção de um novo símbolo corporativo e o propósito de expandir o mercado para novos países.
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B SERVIÇOS ESPECIALIZADOS Por: Carolina Guimarães
Hop Consulting
Av. Marechal Gomes da Costa 116, Porto
O que faz? Consultoria e formação a empresas e ajuda na captação de apoios Áreas indústria, agricultura, turismo, moda, energia, entre outros Ano de fundação 2007 Colaboradores 30 Escritórios Porto, Lisboa e Bruxelas
PAULO MELO: TÊXTIL VIVE UMA REVOLUÇÃO SILENCIOSA O presidente da ATP, Paulo Melo, considera que o têxtil está a viver “uma verdadeira revolução silenciosa” que irá transformar o negócio nos próximos 10 anos mais do que aconteceu nos últimos 100. Uma revolução que passa por uma nova geração de consumidores e de decisores nas empresas, os millennials, cujos valores e comportamento são totalmente diversos dos existentes no passado, disse Paulo Melo na abertura do congresso Euratex, esclarecendo que não se trata de uma qualquer ameaça mas antes uma oportunidade para o setor.
“A energia, o gás e a água são custos que estão cada vez mais caros e têm hoje um peso impressionante na fatura das empresas de indústrias como a têxtil” José Alexandre Oliveira CEO da Riopele
Anjo da crise ajuda empresas a fazer a mala A HOP tem na ITV uma amizade especial. É assim que António de Souza-Cardoso, fundador e presidente do Conselho Geral, descreve a relação que esta empresa de consultoria com pronúncia do Norte mantém com as muitas empresas têxteis com quem trabalham, delineiam estratégias, dão apoio, consultoria e formação. Foi com a Associação Selectiva Moda que abriram o caminho no mundo da ITV e da moda e, nos últimos dez anos, tem sido junto e através dela que tem ajudado as empresas a suavizar os seus investimentos, nomeadamente recorrendo aos apoios do Portugal 2020. A captação de incentivos é, aliás, uma das especialidades da HOP que, em conjunto com cada um dos seus clientes, desenha uma estratégia de internacionalização e investimento. “Na área da internacionalização e financiamento, a consultoria é indispensável”, refere António de Souza-Cardoso. O grande objetivo da HOP é ajudar e incentivar as empresas a fazerem a mala, equipando-as com as ferramentas essenciais para terem sucesso no estrangeiro. “Há muitas empresas que querem ir para o exterior mas vão muito pouco preparadas e as feiras acabam por correr mal, fazendo com que desistam ou apenas consigam singrar passado uns anos. Nós temos um papel facilitador, queremos quali-
ficar as empresas”, diz o fundador da consultora. Para isso, tentam conhecer os mercados melhor que as suas próprias mãos, traçando os seus perfis, hábitos de compra e venda e fazendo visitas e aliando-se a entidades locais, como o AICEP, as embaixadas ou até empresas. “Vamos aos sítios para termos a certeza de que as experiências que fazemos vão resultar e temos parceiros locais, tanto institucionais como empresas, que são essenciais para minimizar os riscos”, afirma o presidente do Conselho Geral. Criada em 2007, a HOP vê-se quase como um “anjo da crise”. “Esta crise foi salva pela internacionalização e nós somos facilitadores desse processo. Exportar é vital para a economia portuguesa, que tem sido parasitada por economias mais maduras e tem muita dificuldade em se promover. Mas se Portugal já foi grande, pode voltar a sê-lo”, refere António de Souza-Cardoso. Para além de ajudar as empresas a levantar asas, a HOP recebe delegações exteriores que querem conhecer melhor o setor têxtil e de moda português. Tudo com um objetivo consonante: vender a imagem de um setor renovado, tecnológico e eficiente que pode, tal como no tempo dos descobrimentos, voltar a conquistar o mundo. t
GONÇALO PEIXOTO LANÇA LOJA ONLINE
FARFETCH VENDE VINTAGE DE VERSACE
Com apenas 20 anos Gonçalo Peixoto desfilou no passado mês de Setembro na London Fashion Week e acaba de lançar a sua própria loja online, onde se pode encontrar a coleção Outono/Inverno para compra imediata. O estudante de Design de Moda da ESAD diz que quer dar resposta às solicitações dos clientes que vivem longe dos pontos de venda ou não sabem onde podem encontrar as suas peças.
A Farfetch tem à venda mais de 500 peças originais desenhadas por Gianni Versace, para comemorar o 20º aniversário da morte do criador, que foi assassinado em Miami em 1997. A coleção “Versace Vintage”, que retrata os 20 anos de trabalho do criador da Versace, entre 1977 e 1997, surge após uma parceria da gigante online com a William Vintage, uma loja de peças de luxo vintage.
LONGRATEX QUER DUPLICAR FATURAÇÃO ATÉ 2020
Cerca de 40% das vendas da Longratex já são da Patachou, a marca própria de roupa infantil desta empresa com sede em Felgueiras, que fechou 2016 com vendas próximas dos cinco milhões de euros - , mas fixou como objetivo duplicar o volume de negócios até 2020 e aumentar para 70% o peso na faturação da Patachou.
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‘18 28 February, 1-2 March
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dos empregos menos criativos serão eliminados para dar lugar a soluções de inteligência artificial, segundo um estudo da Oxford University
LATITID VAI CHEGAR AO MEIO MILHÃO DE EUROS
Margarida e Vasco Pizarro, os dois irmãos, ladeiam Amy Leverton, a guru do denim que exibe um blusão com a sua imagem
PIZARRO TEM MÁQUINA QUE FAZ MILAGRES Não é propriamente milagre, mas a nova máquina da Pizarro, S.A. consegue fazer quase tudo em termos e estampagem. E nem só em denim, que é o forte da empresa de Brito, Guimarães. As últimas novidades foram à Kingpins Show, em Amsterdão a maior feira mundial especializada em denim, e o largo sorriso dos irmãos Pizarro não deixa margem para dúvidas. Na foto está também Amy Leverton, a autora de Denim Dudes que fez questão de visitar o stand e exibe um blusão com uma imagem sua, que os Pizarro imprimiram precisamente para demonstrar o potencial do novo equipamento. Considera-
da como uma espécie de guru mundial do denim, Amy é não só a responsável pelo fórum de tendências da Kingpin Show, como é também conselheira de marcas
"O novo equipamento permite imprimir em qualquer substrato, seja malha, algodão ou lã" Vasco Pizarro responsável pelo Marketing da Pizarro
como Levi Strauss & Co ou Vivienne Westwood. Além do denim, “o novo equipamento permite imprimir em qualquer substrato, seja malha, algodão, lã, ou qualquer tipo de tecido”, explicou Vasco Pizarro. A máquina, com uma nova técnica de impressão digital que foi desenvolvida internamente em colaboração com o fabricante, está a funcionar há cerca de meio ano mas o processo não está ainda concluído. “Estamos a aumentar a capacidade da área de desenho para alargar a mercados de peças maiores, como lençóis e colchas”, adianta o responsável pelo departamento de marketing da empresa. t
ERT E SIMOLDES QUEREM IDEIAS PARA INTERIORES DE CARROS A ERT e a Simoldes estão a organizar o “Call for Inovation”, um concurso que pretende estimular e promover ideias, materiais e produtos inovadores, com aplicações no interior de automóveis, com a finalidade de serem transformadas em negócio. O concurso é organizado com a parceria da Oliva Creative Factory e da Sanjotec, entidades dinamizadoras de um ecossitema criativo, tecnológico e empreendedor, sediadas em São João da Madeira. Nesta primeira edição, serão admitidas a concurso ideias inovadoras para o interior de automóveis, que apresentem aspetos relevantes relacionados com estilo, novos materiais e emoções, mas também com a tecnologia e a funcionalização de materiais. Caberá ao júri do concurso decidir sobre o enquadramento ou não de cada projeto nas áreas a concurso, assim como sobre a respetiva elegibilidade.
As áreas a concurso são as seguintes: Novas soluções para o interior automóvel; Conceptualização de novos interiores de automóvel; e Funcionalização de materiais para o interior automóvel. Podem concorrer pessoas singulares com mais de 18 anos, com capacidade jurídica, que se encontrem inscritos numa incubadora nacional ou em qualquer curso de ensino superior de uma instituição nacional. Podem também concorrer pessoas coletivas ou entidades equiparadas que se encontrem inscritas num parque de ciência e tecnologia, ou numa incubadora nacional. Os participantes podem concorrer individualmente ou em equipas (não existe número máximo de elementos). Em caso de concorrer em consórcio, a equipa deverá eleger um representante. Cada participante/ equipa pode concorrer com mais do que um projeto. t
A marca de swimwear Latitid espera fechar este exercício com uma faturação de meio milhão de euros e planeia abrir lojas próprias e apostar na exportação. Fundada pelas manas Inês e Marta Fonseca e Fernanda Santos, a empresa tem uma loja (sazonal) no Príncipe Real, em Lisboa, e abriu uma segunda loja (permanente) no Porto. “Ambicionamos ter uma rede em Portugal e até abrir alguma no estrangeiro. Só assim é que as pessoas percebem o conceito e identidade da marca, muito mais do que online”, afirma Inês Fonseca.
SELENA GOMEZ DÁ A CARA PELA PUMA
BELLA HADID COM PROJETO SOLIDÁRIO
A cantora e atriz Selena Gomez é a mais recente cara da Puma, estreando-se já na nova campanha Phenom. Segundo a marca, esta parceria será bilateral e completa: Selena não será meramente a cara da Puma, mas sim uma voz ativa e representativa da marca, enquanto a Puma assume o compromisso de se envolver na causas próximas da cantora.
As caras são internacionais, o projeto é português e ao todo são onze capas diferentes, com caras conhecidas de todos como Bella Hadid, Mert Alas ou Jessica Heart, fotografados por Philippe Vogelenzang para o projeto “Dream”. A ideia partiu de Paulo Meixedo e Filipe Fangueiro, responsáveis pela Dsection, uma revista de moda masculina internacional.
"Não queremos ser os maiores. Queremos ser bons" Albertino Oliveira diretor comercial da Sedacor
SINE DIE, CAMISAS À MEDIDA À DISTÂNCIA DE UM CLIQUE
Nasceu em Maio uma marca nortenha que faz camisas de homem e mulher à medida, totalmente personalizadas, mas dando a volta ao conceito das camisarias clássicas: para além de ensinar os clientes a tirar as suas próprias medidas, as encomendas são todas feitas online. Para além das camisas personalizáveis (a que deram o nome de Bespoke), existe ainda a loja Modus Vivendi, onde é vendida uma linha de camisas clássicas desenvolvida pela marca, onde o cliente pode comprar por tamanho.
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M EMERGENTE Célia Macedo Administradora da Intecol Família Casada com Bruno Mendes, ex-jogador do Rio Ave, tem uma filha, Letícia, 13 anos, e um enteado, Gabriel, também 13 anos Formação Licenciada em Relações Internacionais (UM, 2001), fez os cursos de Formação de Formadores e de Gestão de Formação, e tem uma pós gradução em Recursos Humanos (EGE) Casa Apartamento na Póvoa de Varzim Carro Volvo S 60 Portáteis Mac e HP Telemóvel iPhone Hóbis Estar com os amigos, ler e desporto (faz Pilates) Férias Para descansar é na praia. Este ano estiveram na praia de Galapinhos, em Tróia Regra de ouro “Não ter medo de nada nem de ninguém. É acreditar e andar para a frente”
FOTO: RUI APOLINÁRIO
O céu caiu-lhe em cima da cabeça Os irredutíveis gauleses da aldeia de Astérix e Obélix só têm medo que o céu lhes caia em cima da cabeça. Pois Célia nem disso tem medo - até porque o céu caiu-lhe mesmo em cima da cabeça e ela sobreviveu. Foi em 2010. Um grave problema de saúde atirou para uma cama de hospital o pai, Luís Macedo, que ficou largos meses incomunicável - e tinha na cabeça toda a parte comercial e financeira da Intecol, que fundara em 1985. “Os primeiros seis meses foram muito complicados. Trabalhei os sete dias da semana. De 2ª a 6ª, mantinha a fábrica a laborar. E passava os fins de semana a perceber as partes do negócio que não dominava”, recorda Célia, filha única de Luís. O céu caiu-lhe em cima da cabeça em plena crise têxtil (“Sempre que comprava fio, o preço estava mais caro, pois o algodão não parava de subir”) e com o país intervencionado pela troika. Célia assustou-se mas não se atrapalhou. Nascida em Joanesburgo, onde os pais (ambos naturais da Póvoa) se conheceram, veio para Portugal com três anos, quando os pais - Gracinda tinha um salão de cabeleireiro e Luís era empresário no setor do mobiliário - concluíram que a África do Sul não era o país ideal para a filha estudar e crescer. Os Macedo deitaram âncora na Póvoa, onde o pai, depois de ter encarado dedicar-se à criação de coelhos, acabou por investir as poupanças na produção de collants, entusiasmado por um cunhado que trabalhava na Têxtil António Falcão. Em miúda, Célia gostava de ir para a fábrica, que ficava ao lado de casa, e de andar no meio das empregadas, a ajudar a fazer as caixinhas com os collants dentro. Mas não lhe passava pela cabeça que o seu futuro ia passar por ali. Quando chegou a altura, escolheu o curso (Relações Internacionais), que lhe parecia mais adequado ao sonho de fazer carreira na diplomacia. Concluído o curso, só sabia o que não queria. Não queria ir trabalhar para a fábrica do pai nem para a banca - mas quis o destino quis que o seu primeiro emprego remunerado fosse no Crédito Agrícola, onde se demorou apenas seis meses antes de se apaixonar pela formação. Em 2002, licenciada e casada, estava posta em sossego a dar formação quando o pai a chamou. Precisava dela para supervisionar os trabalhos de certificação da empresa com a ISO 9001. Se a Célia não aceitasse, teria de contratar uma pessoa. “Vim contente. Até porque podia continuar a dar formação, que era a menina nos meus olhos”. recorda Célia, que em nove meses garantiu a certificação da Intecol, onde ficou, ocupando-se da Qualidade e Recursos Humanos, até que oito anos depois o céu lhe caiu em cima da cabeça, com o internamento de urgência do pai - e o seu afastamento forçado e prolongado da empresa. Muito provavelmente, tal como aconteceu a Obélix, Célia caiu no caldeirão da poção mágica quando era criança - e isso explica como é que logrou manter com a cabeça fora de água a Intecol, cujo leme herdou em circunstâncias dramáticas e numa conjuntura adversa. Não se limitou a aprender todos os segredos do negócio. Também traçou um rumo estratégico, que contemplou a aposta em produtos diferenciados (“Se fazemos o mesmo que os outros, estamos condenados à batalha do preço”) e acabar com a dependência das grandes cadeias de distribuição, em particular de um cliente holandês que chegou a pesar 80% na faturação da Intecol. A estratégia estava a resultar, quando uma boa notícia (o restabelecimento do pai e o seu regresso à empresa) acabou por ter a nefasta consequência de proporcionar um choque de gerações. Como Luís não estava sintonizado com os novos ventos, Célia achou por bem afastar-se. Andou por fora dois anos, entre o venda de imobiliário, a exportação de mobiliário e a direção comercial de uma têxtil. Até que o pai caiu nele - e chamou-a de volta, entregando-lhe o posto de comando. No início deste ano, Célia retomou a revolução que iniciara na Intecol - riscou os supernercados da carteira de clientes, está a fornecer o SNS inglês com meias medicinais, tem em curso a duplicação da capacidade instalada e prepara o lançamento de uma nova marca própria. Medo? Ela não tem medo de nada, nem de ninguém. “É acreditar e andar para a frente”. t
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X O MEU PRODUTO Smartbed O que é? Lençol com capacidade de detetar a presença de fluídos Patente Pendente Aplicações Roupa de cama direcionada para puericultura e geriatria Prémios 1.º Prémio no Natural Fibrenamics Green Award 2017 e finalista dos itechStyle Awards 2017
ARQUITETURA É MAIS UMA APOSTA DA BUREL MOUNTAIN ORIGINALS A Burel Mountain Originals vai abrir na Ribeira das Naus, em Lisboa, uma loja voltada para a arquitetura, nicho de mercado em que está a apostar após ter assinado nos EUA um contrato que a associa a projetos de arquitetos. Com inovações como o burel resistente ao fogo, soluções voltadas para a acústica e propostas para aplicação em decoração com mais de 50 cores, o envolvimento da Burel nas soluções arquitetónicas tem antecedentes, pois já equipou as paredes da Microsoft Portugal.
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são as patentes da TMG Automotive, algumas delas desenvolvidas em parceria com a BMW e a Daimler
OS LAMINADOS DA FOOT BY FOOT SÃO UM FATO POR MEDIDA
Um descanso para os pais O Smartbed é um lençol inovador que foi desenvolvido pela Lasa a pensar em oferecer uma solução simples e segura, facilitando aos pais a informação, em tempo real, relativa à possibilidade dos filhos estarem em contacto com líquidos (urina ou vómito), fazendo assim uma intervenção quando é realmente necessária e salvaguardando o descanso tanto dos pais como dos bebés. Este lençol tem incorporado um avançado sistema têxtil com capacidade de detetar a fuga de fluídos (urina ou vómito), alertando em tempo real um dispositivo móvel, através de um sistema inalambrico. O produto foi desenvolvido a pensar nos bebés e crianças, mas poderá ser aplicado em lençóis destinados a idosos ou a pessoas com necessidades especiais, como por exemplo acamados. Em termos de desenvolvimento, o produto é um protótipo completamente pronto e testado, estando neste momento numa fase de pré-industrialização. “Atualmente estamos no mercado em busca do parceiro para industrializarmos a solução eletrónica e de software ”, diz Ricardo Silva, adjunto da administração da empresa. “No que toca à comer-
cialização, temos tido diversos contactos de empresas interessadas no produto, sendo que este só será oficialmente apresentado na próxima Heimtextil (que irá decorrer em Frankfurt entre 9 e 12 de Janeiro)”, acrescenta. Apesar de só ter formalizado o seu Departamento de Inovação e Desenvolvimento há cerca de três anos atrás, o grupo LASA tem no seu ADN o espírito da inovação de quase meia década de história. Neste momento e dada a confidencialidade que estes assuntos exigem, o grupo Lasa está envolvido num projeto mobilizador e em conjunto com 43 entidades, das quais 28 empresas e 15 entidades do sistema científico nacional. “Estamos a desenvolver um projeto de I&D no âmbito de sistemas avançados têxteis de conforto para aplicação em roupa de cama”, adianta Ricardo Silva. O grupo Lasa está também envolvido num projeto, em co-promoção com o CITEVE e o CeNTI, que utiliza a nanotecnologia e as tecnologias de produção avançadas, visando apresentar uma nova gama de fios, através da Filasa, com especial enfoque no desporto (Sportech) e no vestuário de proteção (Protech). t
“Estarmos disponíveis para trabalhar os laminados como um fato à medida do cliente é o nosso fator de diferenciação. O cliente chega com uma ideia de desenvolvimento, nós concretizamo-la”, afirma António Pereira, sócio gerente da Foot by Foot, que para aumentar a capacidade produtiva acaba de investir dois milhões de euros e ainda vai aplicar mais 300 mil euros num novo equipamento.
"A volatilidade reinante assusta, mas nós temos uma carteira de clientes espetacular, a nossa reputação no mercado e respeitamos os compromissos" Inês Branco administradora da Têxtil Nortenha
JOSÉ NEVES NOMEADO PARA MELHOR LÍDER EM NEGÓCIOS DE MODA O fundador da Farfetch foi nomeado para a categoria de melhor líder de moda nos Fashion Awards, os prémios de moda britânicos que distinguem as melhores personalidades nesta área. A decisão será conhecida a 4 de Dezembro, numa cerimónia no Royal Albert Hall, em Londres. Na mesma categoria que José Neves estão Adrian Joffe, da retalhista Dover Street Market; Guram Gvasalia, da Vetements; Marco Bizarri, presidente executivo da Gucci; e Ruth & Tom Chapman, da plataforma de moda online Matchefashion.
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OPINIÃO A EURATEX E O COMÉRCIO MUNDIAL João Peres Guimarães Representante português no Board da Euratex
DORES DE CRESCIMENTO Paulo Vaz Diretor-Geral da ATP e Editor do T
A balança de bens da UE relativa à ITV desde há muito que apresenta um saldo anual negativo. Em 2016 foi-o no montante de 65 mil milhões de euros. As importações mais expressivas provêm da China, Bangladesh, Turquia e Índia, por esta ordem. Mas para além dos valores absolutos convém destacar a aceleração anual. E enquanto as exportações chinesas estagnaram, o Bangladesh, o Paquistão e o Vietname tiveram crescimentos entre os 5% e os 8%. Este pormenor serve para salientar um dos aspetos mais importantes da atuação da Euratex: o acompanhamento e empenho na elaboração dos acordos comerciais com países ou blocos terceiros pois, o comércio internacional é, na opinião da maior parte dos associados, o fator de negócio mais importante. A vertente política sobrepõe-se sempre aos interesses meramente comerciais e industriais e a aceleração das exportações por parte dos três países atrás referidos é disso bom exemplo: ao conceder-lhes o estatuto de países beneficiários de uma política comercial conhecida por GSP+ esses países viram a maiorias das suas quotas de exportação e tarifas extintas ou fortemente reduzidas. Isto não significa que a Euratex não tenha lutado para evitar estas concessões a países que não cumprem minimamente com os critérios para atribuição desses benefícios; mas foi como ir para uma batalha de blindados dentro de um tanque em que o canhão não funciona: defender a honra numa batalha previamente perdida. Entretanto, noutros lugares geográficos, a situação tem tido resultados mais interessantes: é o caso do CETA, o acordo comercial com o Canadá e o quase
A ITV está a viver um prolongado período de expansão que promete continuar, de acordo com os últimos indicadores. Mas nem tudo corre de feição. Os problemas de competitividade nacional prevalecem e da resposta a eles depende o futuro do país. Mesmo com as dificuldades conhecidas, nos últimos anos, os drives do crescimento, os fatores críticos de competitividade (inovação, design ou serviço), impuseram-se e determinaram uma evolução positiva. Contudo, podemos estar a chegar ao limite desse esforço. O custo do dinheiro continua elevado e no acesso ao financiamento a vida continua complicada para quem mais necessita de capital – o stock de crédito às empresas continua em queda: mais de 8%, de acordo com o Banco de Portugal. O custo da energia e dos encargos ambientais é superior em Portugal a praticamente todos os países da UE, não pela variação do preço do petróleo ou do gás, mas pelos custos adicionais que vêm na
concluído acordo com o Japão. Já na bacia do Mediterrâneo, as negociações têm-se revelado desmotivadoras: após mais de cinco anos de reuniões estamos praticamente no ponto de partida. Este seria um acordo comercial muito importante para Portugal no estado atual de evolução da nossa ITV, uma vez que estão em causa, sobretudo, as definições das Regras de Origem (RO) – que, convém esclarecer, nada tem a ver com o Made-In! As RO têm como finalidade servir as alfândegas com regras que lhes permitem definir que tipos de produtos estão, ou não, abrangidos por determinada taxa ou quota limite. A Euratex defende que, para obter origem, um produto deve ser submetido a pelo menos duas operações dentro da cadeia de produção e vê a atividade de tinturaria e acabamento como uma operação pois é esta que atualmente maior contributo tecnológico e inovador apresenta. Ora, um dos problemas que a ITV europeia enfrenta é o facto de que essas atividades não são contempladas com uma classe distinta dentro das chamadas posições pautais. Isto complica a atividade das alfândegas que não têm obviamente técnicos têxteis capazes de distinguir essas diferenças. E vários países da África mediterrânica usam esse argumento para não aceitar a nossa posição. Mesmo perdendo algumas batalhas numa guerra em que a ITV Europeia serve sempre de carne para canhão, têm sido as posições defendidas e bem fundamentadas pela Euratex que, no seio da Comissão Europeia, têm evitado males maiores. A realização pela ATP do 6º Congresso foi, também, a manifestação do nosso apoio ao seu trabalho.
factura, destinados a pagar investimentos nas energias alternativas e o défice energético. Finalmente, se o custo moderado do trabalho constituía o elemento da equação que possibilitava um equilíbrio positivo, também este está ameaçado pela subida exponencial dos últimos anos, por razões de opção política (vide salário mínimo e efeito de arrastamento em toda a grelha salarial das empresas), mas, igualmente, pelo facto de a escassez de mão-de-obra determinar aumentos significativos nos custos com pessoal. Estas são verdadeiramente as dores de crescimento que o sector está a viver. O sucesso da sua recuperação, nos últimos oito anos, reflete-se agora na dificuldade em manter a dinâmica positiva, especialmente quando falamos do capital humano. Sem pessoas não há empresas - e sem pessoas qualificadas e motivadas não é possível pensar em empresas que crescem e se desenvolvem no sentido desejado:
mais valor acrescentado, mais rentabilidade e mais exportações. Se não conseguirmos enfrentar estes problemas não poderemos continuar a ter a ilusão que a indústria manterá a rota de crescimento de que hoje nos orgulhamos. É uma tarefa comum, que exige entendimento estratégico de todos os seus stakeholders, Estado incluído, com políticas públicas adequadas, elevando a produtividade por via da qualificação de trabalhadores. Também ao sector lhe compete reagir, procurando no exterior o que não encontra já no país, libertando-se da dogmática anacrónica do nacionalismo produtivo, pois o que importa é que o centro de competências e o domínio do negócio fique em Portugal, deslocalizando para onde for mais conveniente as actividades produtivas que, no nosso território, já não são possíveis desenvolver. Faz parte das dores de crescimento, mas sem a sua superação não há desenvolvimento e nem sequer futuro.
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Braz Costa Diretor Geral do CITEVE
FIQUEI A PENSAR NO MEU PAÍS… A digitalização da manufatura, chamada genericamente indústria 4.0, é um tema visto pela indústria têxtil e do vestuário em Portugal como um comboio que dificilmente conduziremos mas que, ao mesmo tempo, não podemos deixar de apanhar. Nas páginas do Jornal T, já tive oportunidade de defender que não sendo Portugal um país à partida posicionado como origem das tecnologias de produção que levarão à digitalização da manufatura, será obrigatoriamente um early adopter, porquanto a nossa competitividade, sobretudo nos processos de confeção, dependerá sempre de elevados níveis de produtividade física. Em inúmeras conversas que tenho mantido com empresas portuguesas, este conceito é geralmente abordado com alguma distância, mas com expectativa e curiosidade. As empresas adotam geralmente uma posição de espetadoras, à espera que os fornecedores de bens de equipamento lhes venham propor soluções, para então avaliar eventuais investimentos. É cauteloso e, nessa medida, não estará errado este posicionamento. Idêntico posicionamento tenho encontrado em conversas com empresas de outros países europeus, perfeitamente alinhadas com o sentimento português. No entanto, há cerca de duas semanas tive oportunidade de conversar em simultâneo com o CEO da gigante chinesa Esquel e com o diretor-geral da, também gigante, alemã Hugo Boss sobre indústria 4.0 aplicada a operações de confeção, até à completa automatização da confeção. Não poderia ter melhores interlocutores quer pela sua excelência profissional, quer pela dimensão das suas empresas, mas também pela diferença das suas localizações geográficas. Bem sei que o leitor se estará a interrogar sobre a motivação que terão estas duas empresas no conceito da indústria 4.0, já que a primeira tem origem num país de mão de obra ainda relativamente barata, porventura não muito preocupada com o peso no custo do trabalho, e a segunda tem origem num país que não apostará especialmente em operações de confeção no seu país, dados os elevados custos da mão de obra local. Ao contrário, ambas as empresas apresentaram os seus desenvolvimentos ao nível da automatização completa de operações de confeção, devidamente suportadas por vídeos das suas instalações piloto, onde se pode constatar ser já possível confecionar alguns tipos de peças sem intervenção de mão de obra, recorrendo a sistemas intensos em cabeça de obra. Conclusão: estas duas empresas são verdadeiramente early adopters, mas não ficaram à espera que os produtores de bens de equipamento lhes viessem propor soluções. O que tem em comum estas duas empresas é que decidiram avançar com instalações piloto completamente automatizadas, definindo os seus objetivos, envolvendo-se no desenvolvimento de conceitos, e chamando ao processo os fornecedores de bens de equipamento para desenvolverem sistemas especialmente adaptados às suas visões. Fiquei a pensar no meu país... t
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ESTATUTO EDITORIAL A missão do T Jornal consiste em ajudar a progredir e prosperar a comunidade têxtil portuguesa, entendida como um universo alargado que vai dos fornecedores até consumidores, dos empresários aos quadros e trabalhadores, passando pela indústria e não esquecendo comércio, moda, criadores, feiras, universidades, escolas, centros de formação, estudo, tecnológicos e de investigação. O T Jornal cumpre a sua missão ao partilhar e divulgar informação e conhecimento, através das mais diversas plataformas ao seu alcance, desde a mais tradicional e física (um jornal mensal em papel, com cerca de 32 páginas, distribuído por assinatura, com uma tiragem de 4.000 exemplares) até às mais desmaterializadas, como redes sociais, contemplando ainda um sítio próprio e publicações regulares no universo digital, bem como a presença, com espaços próprios, em outros órgãos de Comunicação Social. Propriedade da ATP, o T Jornal é um árduo defensor do processo de consolidação associativa que só estará concluído quando toda a fileira tenha uma só organização e fale a uma só voz, pelo que apoia todos os esforços desenvolvidos no sentido da unificação da representação do setor. O T Jornal acredita que o processo de modernização permanente da indústria têxtil, vestuário e moda portuguesa a tornará cada vez mais inovadora, criativa, qualificada e competitiva a nível internacional, contribuindo assim decisivamente para o progresso do nosso país, ao criar emprego e riqueza. O T Jornal acredita que o futuro próspero e sustentável de Portugal exige a criação de condições para a sua reindustrialização, pois é a indústria que reboca a investigação e o desenvolvimento de novos produtos e tecnologias. O T Jornal acredita que para o desenvolvimento harmonioso do nosso país e para o maior bem estar dos seus habitantes não há outro caminho senão uma aposta firme elevação permanente da qualificação dos portugueses e no reforço da competitividade das empresas, no investimento e nas exportações. O T Jornal acredita que não há crescimento saudável da economia sem contas públicas equilibradas, o que exige uma profunda reforma que emagreça o Estado e descentralize o poder, de modo a que ele possa ser exercido pelas regiões de uma forma mais eficiente. O T Jornal compromete-se a assegurar o respeito pelos princípios deontológicos e pela ética profissional dos jornalistas, assim como pela boa fé dos leitores.
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U ACABAMENTOS Por: Katty Xiomara
Calções tufados em cetim brilhante. Roupões lustrosos. Botas justas e meias esticadas. Katty não poupa nem nas matérias-primas nem nos pormenores quando se trata de equipar o aprumado playboy de Lisboa e o economista rebelde do Porto para a grande contenda laranjinha que vai decidir quem fica com o cinturão de pesos pesados no PSD
Rio e Santana equipados para a grande contenda A luta pelo novo cinturão laranja dos pesos pesados aquece a comunidade jornalística, dando ao PSD um renovado tempo de antena. De um lado do ringue temos o aprumado playboy de Lisboa - Pedro Santana Lopes, que já deu provas da sua força, conquistando o cinturão de pesos pesados em 2004 no PSB (Palácio de S. Bento), embora com uma titularidade de curta duração, perdendo-o rapidamente em 2005. Revelando-se esta uma prática recorrente do nosso campeão, que também deixou escapar a titularidade municipal conquistada em 2005 na CML. Do outro lado do ringue temos o mais temido dos oponentes, o economista rebelde do Porto - Rui Rio, que conseguiu manter o seu título de campeão municipal portuense durante 12 anos consecutivos entre 2001 e 2013. Ele, que muitas vezes é acusado de ser frio e intransigente, sobe o tom das ameaças ao seu opositor, que teima em ignorar as investidas. Na verdade, descobrimos que os pensamentos do grande Santana para com o Rio, se assemelham aos do Tyson para com ao Holyfield… "É ele é o homem com quem eu quero lutar… Ele é o tipo de adversário que me faria voltar a ter interesse pela modalidade, não sei se consigo apaixonar-me por ela novamente, mas estou pronto para ter um caso amoroso de alguns meses…” Seja quais forem os tons dos insultos, dos elogios ou das formalidades, o certo é que as apostas estão ao rubro! Talvez por esse motivo tenhamos a noção clara de que a imagem de cada oponente será pensada e talvez até coordenada entre as partes. O T desvenda o que para muitos poderá ser uma surpresa; dois oponentes sérios numa posição única de luta pela supremacia. Tendo em conta a geração dos nossos lutadores temos de concordar que a contenda será absorvida por um espírito nostálgico e adotará sem dúvida a tradicional indumentária do boxe; os característicos calções tufados em cetim brilhante e o roupão lustroso com botas justas e meias esticadas. O colorido será obviamente dominado pelos laranjas diferenciando-se por diferentes intensidades. Estamos todos ansiosos por ver quantos assaltos os nossos campeões aguentam e quem sairá vencedor! t
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O AS MINHAS CANTINAS Por: Manuel Serrão
Mundo Rua da Picaria 56 4050-478 Porto
PORTO COM MUNDO Toda a gente que tem andado pela Baixa do Porto nos últimos tempos sabe que ela está “mundial". Mundial é uma palavra antiga para expressar o que se diz hoje com "brutal" - a movida portuense está brutal. Claro que sair nessa zona recuperada do Porto, numa noite cálida de fim de semana, não é o fim do mundo, nem o fim do mundo em cuecas, mas é uma experiência que nem todos aguentam. É preciso ter fôlego, ou muita onda. Aquilo que de mais positivo trouxe
esta revolução na noite do Porto, para além da óbvia ressurreição de um centro histórico que era um crime continuar pasto de travestis e outros artistas do género, foi a possibilidade de devolver aos portuenses e a quem nos visita uma noite a horas decentes. Sem impedir nem prejudicar todos aqueles que gostam de só acabar a noite quando já está a começar um novo dia para muitos outros. Agora é possível ir jantar a horas de jantar e continuar a festa a beber um
copo, ouvir música e até "abanar o capacete”, logo de seguida, sem ter que voltar a casa para fazer horas até às duas da manhã, como era no tempo em que a noite se animava na Zona Industrial. É exatamente tudo isto que pode fazer no novo restaurante Mundo, na rua da Picaria, que também é bar, também tem animação logo a seguir ou durante o jantar e... imagine onde pode provar a gastronomia de vários pontos longínquos deste nosso mundo, sem sair da mesa deste Mundo que lhe falo.
Foi a pensar no mundo de pessoas de todas as proveniências que adoram visitar-nos nestes dias, mas também nos portugueses cada vez mais viajados, que têm muitas saudades de culinárias que foram conhecendo e gostando nas suas viagens, que os criadores deste Mundo escolheram as ementas para o novo negócio que lançaram. Como os nossos homens das Descobertas, estes criadores vieram dar um novo Mundo... ao mundo que já é a atual movida portuense. t
Novembro 2017
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c Por: Carolina Guimarães
MALMEQUER Joana Santos, 27 anos, comercial da QuickCode e da Lightwear. Portuense de gema, mora na cidade onde nasceu. Até aos 21 anos jogou ténis no Boavista e, pelo meio, deu aulas da modalidade e trabalhou numa escola de surf. Formou-se em Gestão de Desporto (ISMAI). A têxtil só surgiu mais tarde, quando fez o mestrado em Gestão de Marketing (IPAM) onde conheceu a empresa que a fez render aos trapos. Solteira, tem um animal de estimação: o Mimo, o seu Yorkshire.
SOUVENIR
AS REEBOK PUMP DE RUI DRUMOND
Gosta
Não gosta
Cheiro a gasolina tecnologia e inovação exigências do mundo têxtil mapas em Excel Apple profissionalismo e organização restaurante Gaveto ameijoas à bolhão pato jogar padel em Monserrate pessoas resilientes e com garra cavalheirismo jeans Zara viajar com amigas conhecer novas culturas (Kuala Lumpur, Costa Rica, São Tomé) correr no calçadão do Rio de Janeiro massagens reiki café sem açúcar Instagram ténis (Roger Federer e Serena Williams, o rei e a rainha do ténis) open mind passear o Mimo (o meu yorkshire) concertos Nos Alive velocidade andar de mota e vespa pessoas comunicativas e de bem com a vida gargalhadas espontâneas ouvir falar italiano perspicácia beber chá antes de dormir peles morenas marketing batom vermelho sushi músicas brasileiras Ed Motta experimentar novos sabores e texturas ler um bom livro de suspense adrenalina (de cortar a respiração) Sidney Sheldon trabalho em equipa boa conversa de amigas FCPorto – azul e branco é o coração usar roupa preta havaianas de uma boa conversa Modern Family vinho branco Titular dançar música latina arte moderna (Serralves) pessoas educadas e humildes praia e sol beber uma caipirinha ao final da tarde abacate fazer carneirinho no mar trabalhar desafios desafiantes ir ao ginásio às 7h da manhã antes de ir trabalhar
Cozido à Portuguesa da confusão da rotunda AEP (mais conhecida como rotunda dos Produtos Estrela) conduzir com chuva de errar/falhar de injustiças e ingratidão pessoas prepotentes e arrogantes desigualdades sociais desorganização no trabalho sair de casa sem os meus óculos de sol de acordar tarde filmes de ficção científica usar saltos muito altos do som do meu despertador Al Qaeda ficar a cheirar a fritos pombas de ter frio, principalmente nas mãos de fazer a cama de me atrasar ou desmarcar compromissos de ler romances lamechas Nicholas Sparks de cerveja nem de tremoços de quem maltrata os animais Benfica de pôr gasolina berraria e “peixeirada” de estar muitas horas sentada do pára-arranca da avenida da Boavista programas políticos lambe botas guarda-chuva campismo meia branca jantar cedo aos fins de semana vestidos de veludo música clássica Kim Jong-Un hipocondríacos de perder nem a feijões mosquitos de me sentir sufocada de etiquetas nas camisolas falta de educação na mesa queixinhas cheiro de laranja nas mãos nortada Anatomia de Grey bolas de Berlim com creme burpees e elevações na barra má energia e pensamentos negativos pessoas que estão sempre a reclamar (por tudo e por nada)
As sapatilhas sempre foram a perdição de Rui Drumond, cantor que participou na primeira edição da Operação Triunfo, corria o ano de 2003, e que dois anos mais tarde representou Portugal na Eurovisão, em Kiev. O mais novo de três irmãos, era também o mais poupado: “Os nossos pais não tinham capacidade de nos dar muitas prendas, por isso eu juntava sempre o dinheiro que me davam no Natal, nos anos e as mesadas para comprar algo mais caro”. Os primeiros ténis que o marcaram foram uns Reebok Pump, que comprou usando dinheiro que poupou durante mais de um ano. Mas o esforço compensou: “quando cheguei a casa com eles postos, os meus irmãos ficaram a olhar para mim de boca aberta, a perguntar como é que eu tinha comprado algo tão caro”, conta, gracejando: “enquanto eles gastavam tudo, eu juntava!”. Durante muito tempo, comprou os ténis na altura do Natal (“oferecia-os a mim mesmo!”) mas ainda hoje admite ter uma coleção vasta em casa. “Às vezes penso que alguns deles já não são para serem usados por homens da minha idade... mas hoje em dia tudo na moda é aceite, por isso continuo a usá-los”, afirma. O cantor, que durante vários anos foi a voz por detrás das músicas do programa Dança Comigo, voltou às luzes da ribalta em 2014, quando ganhou o “The Voice Portugal”. Mais recentemente atuou no jantar de celebração das 50 edições do Modtissimo, na Alfândega do Porto. t
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