T80 - Fevereiro 2023

Page 1

“O MADE IN PORTUGAL PODE SER MUITO IMPORTANTE NOS EUA”

EMERGENTE SÍLVIA ALMEIDA: A LUANA É A CULPADA DISTO TUDO

A MINHA EMPRESA AS MARCAS PEDEM MADE IN PORTUGAL E A MARJOCRI DEU O PASSO EM FRENTE

PERGUNTA DO MÊS COMO OLHA

PARA A CRESCENTE INTERNACIONALIZAÇÃO DO MODTISSIMO?

FOURSOURCE “QUEREMOS ESTAR NO MODTISSIMO, MAIS PRÓXIMO DOS PORTUGUESES” P 19

SERVIÇOS UMA FORMA INVULGAR DE IMPRIMIR

DOIS CAFÉS & A CONTA RDD FOCA-SE NOS NOVOS PROCESSOS E MATÉRIAS-PRIMAS P 6

HISTÓRIA COELIMA: UM FAROL INOVADOR DE RESPONSABILIDADE SOCIAL

NÚMERO 80 FEVEREIRO 2023
FOTO: RUI APOLINÁRIO
DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS
P 34
P 12
P 18
P 31
P. 20 A 22
RICARDO FERREIRA, CEO DA SIENA
P 4 E 5
T 02 Fevereiro 2023

CORTE&COSTURA

26 anos, Diretora Comercial e Marketing da Sasia – Reciclagem de Fibras Têxteis, empresa que há mais de 70 anos aposta no ramo da sustentabilidade. A acabar o mestrado em Direção Comercial e Marketing (ISAG), Mariana é o rosto da terceira geração da família aos comandos do negócio, onde ainda se cruza com o avô-fundador (Libório Silva) e acompanha o pai-administrador (Miguel Silva). “Tenho ainda muito para aprender com eles”, assegura, na esperança de poder continuar a desfrutar das idas trissemanais ao ginásio e tirar tempo para viagens de férias. Na última zarpou em cruzeiro a partir de Miami.

EDITORIAL n

SEMPRE A SOMAR

O nosso T Jornal chega agora à sua edição 80 que está a ver a luz do dia em simultâneo com a realização do MODTISSIMO 60+1. Talvez inspirado nessa numeração incomum posso contar aos estimados leitores que também aqui no jornal já estamos a preparar a nossa edição 80+1 do T Jornal, onde vão poder descobrir várias novidades em termos gráficos e de conteúdos.

Queremos estar sempre à altura da nossa ITV e dos nossos industriais e empresários do sector têxtil e vestuário, que também todos os anos nos surpreendem e motivam com as suas constantes inovações e novidades.

Como está a acontecer precisamente à hora em que escrevo este Editorial, com a participação das 53 empresas da comitiva ‘From Portugal’ na Première Vision em Paris, cujas principais novidades e avanços no mundo da inovação sustentável podem ser vistas de uma forma global no Fórum de Tecidos e no iTechstyle Green Circle, este na habitual parceria entre a ASM e o CITEVE.

Como tem acontecido nestas parcerias entre ASM, ATP e CITEVE, também nós aqui no T Jornal e digital queremos ser sempre a somar, adeptos fiéis que somos de que é a união que faz a força.

No final do primeiro mês de 2023, como acha que vai correr o ano?

O primeiro mês do ano superou as expectativas, mas prevemos que 2023 seja um ano de consolidação, devido a todos os fatores externos pelos quais estamos a passar. A inflação, aumento dos custos energéticos, a guerra, entre outros, são os fatores mais relevantes.

Os clientes da Sasia são todos do mercado nacional ou já vêm também de outras paragens?

A exportação atualmente representa cerca de 80% das vendas, porém o mercado nacional está em grande crescimento, devido à exigência de material reciclado no produto final, originando vários projetos de economia circular.

Em que medida é que as novas tendências ligadas à sustentabilidade influenciaram o crescimento da empresa?

Podemos afirmar que a Sasia passou de “lixo a luxo”. Já fazemos reciclagem têxtil há 70 anos para várias indústrias, desde fiação, colchoaria, ramo automóvel, construção, entre outros. Porém, para a maior parte das

pessoas é uma novidade. As novas tendências ligadas à sustentabilidade originaram uma crescente procura pelo material reciclado, maioritariamente marcas que querem reciclar os seus excedentes de produção, para voltar a incorporar nas suas coleções.

Em relação às grandes feiras internacionais do sector costuma participar como expositor ou só como visitante? E quais são para si as mais relevantes?

A Sasia participa como visitante em diversas feiras têxteis. A nível nacional estamos presentes em todas as edições do MODTISSIMO e a nível internacional, este ano estaremos na Interzum Cologne, na Alemanha e na ITMA, em Milão.

Tem sentido que nos grandes compradores internacionais há uma boa convicção sobre Portugal como um bom exemplo de produção de moda sustentável?

Sem dúvida, somos procurados por grandes marcas dos mais diversos países. Penso que esta procura se deve à boa reputação do país neste sector e ao excelente serviço e qualidade que oferecemos. No entanto é necessário continuar a trabalhar na imagem do país. t

Não deve ser por acaso que o lema do MODTISSIMO 60+1 é precisamente UNION. t

T
03 Fevereiro 2023
- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Mário Jorge Machado Diretor: Manuel Serrão Morada Sede e Editor: Rua Fernando Mesquita, 2785, Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Bebiana Rocha Telefone: 969 658 043 - mail: br.tdetextil@gmail.com Registo ERC: 126725 Tiragem: 4100 exemplares Impressor: Gráfica Funchalense Morada: Rua da Capela Nossa Sra. Da Conceição 50 - 2715-311 Pêro Pinheiro Número Depósito Legal: 429284/17 Estatuto Editorial: disponível em: http://www.jornal-t.pt/estatuto-editorial/ T T

PERGUNTA DO MÊS n

COMO OLHA A CRESCENTE INTERNACIONALIZAÇÃO DO MODTISSIMO?

Os dados do último MODTISSIMO, o 60º, não deixam dúvidas: estiveram nos pavilhões da Exponor 485 compradores internacionais, que contactaram com dezenas e dezenas das empresas presentes, ombro a ombro com os 4.854 os compradores nacionais.

ocaráter cada vez mais internacional da mais antiga feira têxtil da Península Ibérica decorre de fatores endógenos – é uma opção da organização, que surge como resposta aos anseios de um número crescente de expositores – mas também exógenos: a pandemia colocou semáforos vermelhos (que entretanto passaram a amarelo intermitente) nos caminhos de acesso ao extremo oriente e a União Europeia percebeu que pouco tinha ganho com a industrialização, nomeadamente no que tem a ver com a segurança de fornecimentos.

De qualquer modo, a aposta na internacionalização não é de agora: “Foi sempre uma das apostas da feira, principalmente a partir do ano 2000, sem pretensões de fazer concorrência às grandes plataformas continentais de Munique ou de Paris, mas ganhando o seu espaço”, disse Paulo Vaz, atual administrador da Associação Empresarial de Portugal (AEP) mas um eterno adicto ao

sector têxtil.

Um périplo por algumas das empresas que tradicionalmente se encontram no MODTISSIMO permite concluir sem reservas que a crescente internacionalização da feira é um acrescento em termos de incentivo à sua presença, mas também uma forma de reforçar aquilo que é há muito uma ‘quase-obrigação’ do sector: a internacionalização.

“Foi no MODTISSIMO que começámos a lançar o novo conceito da Calvi e testámos a sua aceitação nos mercados internacionais", disse Miguel Lopes, administrador e acionista da empresa, para recordar que esse primeiro passo lhe abriu as portas da Colômbia.

“O MODTISSIMO é e terá que ser um trampolim fundamental e crucial como elo de ligação” aos clientes estrangeiros que procuram “pequenas quantidades e coisas diferentes e muito difíceis de executar e, claro está, mais bem pagas”, refere Paulo Faria, administrador da Paula Borges.

“A internacionalização é neste momento a sobrevivência das

empresas nacionais que optam pela alta qualidade e produto diferenciado”, diz ainda.

Para Nuno Almeida, administrador da Idepa, “os visitantes internacionais no MODTISSIMO são sem dúvida uma mais-valia para o cluster têxtil português. O caminho de potenciar internacionalização às empresas levado a cabo pelo MODTISSIIMO é sem dúvida um facto e uma vantagem. "A Idepa desde há muito tempo tem seguido o caminho da Internacionalização com presença em mercados externos, e claro que também aproveitamos a nossa presença no MODTISSIMO para captar mais clientes internacionais e solidificar relações já existentes”.

Já para Ana Maria Magalhães, administradora da Troficolor, “o MODTISSIMO tem vindo a registar um aumento do número de visitantes de outros mercados, que procuram confiança e proximidade, bem como o know-how e a capacidade de inovação que a marca Portugal representa”.

“Sendo nós presença assídua no MODTISSIMO, naturalmente

beneficiamos com o facto deste evento atrair cada vez mais clientes internacionais, a cada edição recebemos novos contactos que na maior parte das vezes resultam em bons negócios”. Mas a empresária deixa um alerta sobre o ‘outro lado’ da internacionalização (o das empresas estrangeiras que veem vender a Portugal): “a internacionalização do MODTISSIMO é uma evolução natural do certame, mas que tem que ser feita com os devidos cuidados: a seleção de expositores estrangeiros deverá ser realizada de forma a que o seu número não asfixie o trabalho das empresas portuguesas”.

Para Mónica Afonso, administradora da Marjomotex, “a feira MODTISSIMO é importantíssima para o processo de internacionalização da Marjomotex. É das mais importante em que participamos e das que tem acrescentado mais valor em termos de carteira de clientes. Alguns dos principais clientes da nossa carteira atual vieram do MODTISSIMO e são de mercados europeus muito importantes para a nossa estratégia de negócio. Participar no MODTISSIMO é uma aposta ganha para internacionalização!”

Atenção merece também o alerta deixado por Susana Serrano, CEO da Acatel, para quem “o caráter internacional do MODTISSIMO não está suficientemente divulgado ao nível europeu” – o que vai contra “o grande potencial da feira. Há muita gente que não conhece o MODTISSIMO”, e isso só se resolve se os responsáveis da organização “tiverem uma estrutura de divulgação e de comunicação como têm algumas concorrentes, como por exemplo a Première Vision, de Paris”. Para Susana Serrano, até as parcerias com outras feiras poderiam servir de instrumento de divulgação do MODTISSIMO, tudo no intuito de chamar ao Porto cada vez mais compradores oriundos de outros países. Mesmo assim, refere, “as coisas têm vindo a melhorar de edição para edição”.

“O MODTISSIMO é um instrumento que ajuda muito a internacionalização, uma vez que passou a ser uma feira onde encontramos muitos compradores internacionais”, refere por seu turno o CEO da Lipaco, Jorge Pereira. Admitindo que as empresas de confeção e de tecidos talvez encontrem no MODTISSIMO motivos acrescidos para “estarem muito satisfeitos com a internacionalização” patrocinada pela feira, Jorge Pereira afirma que “a postura da organização nessa área é para manter e incentivar”.

Para Ricardo Ferreira, CEO da Siena, “o MODTISSIMO dá palco a muitas empresas portuguesas” que têm na internacionalização uma das suas opções estratégicas, “sendo por isso uma feira muito importante”. “Principalmente para as empresas de pequena dimensão, é fundamental a sua participação no MODTISSIMO porque é aí que conseguem interagir com os clientes estrangeiros”. “É muito importante pagar a deslocação de alguns clientes a Portugal, uma ferramenta que outros países usam; é fundamental continuar a fazer-se isso – porque daí retiramos muitos benefícios: vêm ao MODTISSIMO e aproveitar para depois ir conhecer as empresas, o que é muito importante”.

Finalmente, Mário Jorge Machado, presidente da Associação Têxtil e do Vestuário de Portugal (ATP) disse ao T Jornal que a internacionalização “faz parte do caminho de sucesso do sector têxtil nacional”, como faz ”igualmente parte do sucesso do MODTISSIMO”. A razão é, para Mário Jorge Machado, evidente: “a feira é a grande montra que Portugal tem para mostrar ao exterior o que o sector faz de melhor”.

Nada contra do lado das empresas: o caráter internacional do MODTISSIMO é, pela amostra, uma das caraterísticas mais importantes do certame e, pedem as empresas, deve não só continuar, como deve mesmo ser aprofundada. Assim se fará, assegura a organização. t

T 04 Fevereiro 2023
“A feira é muito importante para o processo de internacionalização da nossa empresa”
MÓNICA AFONSO ADMINISTRADORA DA MARJOMOTEX
T 05 Fevereiro 2023
“O caráter internacional do MODTISSIMO tem de ser mais divulgado”
“Há um aumento do número de visitantes de outros mercados, que procuram confiança e proximidade”
SUSANA SERRANO CEO DA ACATEL ANA MARIA MAGALHÃES ADMINISTRADORA DA TROFICOLOR
“A internacionalização faz parte do caminho de sucesso do sector têxtil nacional”
MÁRIO JORGE MACHADO PRESIDENTE DA ATP

ANA TAVARES 35 ANOS CEO RDD TEXTILES

Cresceu em Oliveira de Azeméis mas acabou por criar raízes no Porto, onde fez o curso de Engenharia Química (FEUP). Foi para a Universidade Leibniz, Hanover, investigar materiais para aplicações biomédicas. Ao fim de dois anos fartou-se da vida na Alemanha, “precisava de meter a cabeça fora da janela, apanhar ar fresco”, e a aragem empurrou-a para os caminhos da sustentabilidade têxtil. Na bagagem trouxe o método e o rigor dos alemães, que aplicou primeiro na Tintex, depois a Smartex, no CITEVE, e agora, desde o início do ano, na RDD Textiles. É o ar fresco que, no verão, a atrai também para os festivais musicais ou os passeios sem rumo em que se deixa perder pelas ruas do Porto.

DOIS CAFÉS & A CONTA A

Ana Tavares acredita que há uma revolução em curso na indústria têxtil e que dentro de uma década nada será como dantes. Pelo menos no que respeita às matérias-primas. “Acho que o têxtil vai ter uma mudança muito grande na forma como é produzido, as matérias-primas não vão ser as mesmas, resultando de fontes não convencionais”, avança, apontando para coisas como Lyocel feito a partir de resíduos, fibras celulósicas que substituam de forma perfeita o algodão e obtidas de fontes mais puras, à base matéria vegetal, biomassa florestal ou resíduos alimentares.

“Coisas que temos à mão e hoje ainda não vemos como matéria-prima mas como resíduos. Vai haver uma valorização dos materiais, há uma revolução em curso”, perspetiva a engenheira química que já andou pela Alemanha (Universidade Leibniz, Hanover) a investigar materiais para aplicações biomédicas, antes de regressar à pátria-mãe para ajudar na descoberta dos novos caminhos para a sustentabilidade têxtil.

Foi para caminhar na vanguarda dessa revolução que se juntou agora à RDD, a jovem unidade do grupo têxtil Valérius que em menos de meia dúzia

de anos (nasceu em 2017) encarna na perfeição o modelo de circularidade. Completado o ciclo inicial de inovação e desenvolvimento têxtil, a RDD subdivide-se agora numa área dedicada aos novos produtos que atingiram já a maturidade industrial, nascendo a CFM – Conscious Fabric Makers, para que a RDD regresse à matriz de nascença, ao desenvolvimento puro e duro de materiais e processos focados na sustentabilidade.

“Temos uma equipa renovada, focada no desenvolvimento de produtos, processos ou tecnologias que ainda não estão na escala produtiva. Apoiada nas potencialidades oferecidas por um grupo onde existem todos os segmentos têxteis, mas também ao serviço de outras empresas. O objetivo é encontrar soluções para aquilo que os clientes procuram, seja na vertente de produtos, processos, tecnologias, desenvolvimento de ideias ou análises de mercado nas várias vertentes. Pode incluir produto final ou consultadoria de processo, mas sempre com foco na sustentabilidade”, explica a nova CEO da RDD Textiles.

Como exemplo, a nova tecnologia que a RDD acaba de mostrar na Premiè-

re Vision e no Modtissimo, que permite tingir com a cor que foi “resgatada” de peças recicladas. Ou seja, a par da reciclagem dos tecidos, com a Recycrom - assim se chama a nova tecnologia – é agora também possível reciclar a cor, um processo que nem Lavoisier terá alguma vez imaginado. “São precisos muitos estudos e análises, é para isso que temos uma equipa multifacetada, gente da química, dos materiais e até uma doutorada em Biologia”, descreve Ana Tavares.

Mas também no que respeita ao desenvolvimento de novas fibras a RDD meteu já os pés a caminho avançando no sentido da tal revolução em curso. “São projetos mais voltados para o aproveitamento dos recursos naturais que para os sintéticos, o foco está na procura de novas fibras”, explica. É neste contexto que a RDD integra o projeto de bioeconomia apresentado pelo CITEVE que foi aprovado no âmbito do PRR, estando também já prevista pelo grupo Valérius a instalação de novos equipamentos dedicados à reciclagem química.

Ou seja, vem um mundo novo para a indústria têxtil e a RDD já meteu os pés ao caminho. t

T 06 Fevereiro 2023
Entradas Sopa de legumes Peixe Filetes de fanecas com arroz branco e salada Carne Costela Mendinha assada com batatinhas Bebidas água mineral e vinho branco Beyra Fonte da Cal Dois Cafés Restaurante D. Carlos Rua da estrada 377 4750-677 Silva, Barcelos
FOTO: RUI APOLINÁRIO
"RDD FOCA-SE NOS NOVOS PROCESSOS E MATÉRIAS PRIMAS"
T 07 Fevereiro 2023

FOTOSÍNTESE 6

A IMERSÃO DE CELÍNIO NO MUNDO FABULOSO DOS TÊXTEIS LAR

Pedro Celínio, secretário de Estado da Economia, estreou-se a 11 de janeiro na alta roda das feiras têxteis visitando os 69 stands e fóruns portugueses na Heimtextil. Ouviu lamentações (bastantes), sem nunca perder o seu ar sério e ponderado, viu o melhor lençol do mundo (da Lameirinho) e a melhor toalha do mundo (da Sorema), fez perguntas e saiu de Frankfurt muito melhor conhecedor da realidade da nossa ITV. A feira correu bem a quase toda a gente; ao fim do terceiro dia, 80% dos expositores declaravam ter atingido os objetivos que traziam de casa

DA

T 08 Fevereiro 2023
5. “SUBSTITUI O XANAX”, GRACEJA JOAQUIM DE ALMEIDA A PROPÓSITO DOS LENÇÓIS ANTI-STRESS QUE A JF ALMEIDA LEVOU A FRANKFURT 6. “A IDEIA Á FAZER MAIS COM MENOS”, EXPLICA XAVIER LEITE A PROPÓSITO DO INVESTIMENTO DE 1,5 MILHÕES DE EUROS DA PENEDO EM AUTOMATIZAÇÃO 11. PAULO COELHO LIMA (LAMEIRINHO) MOSTRA A PEDRO CELÍNIO, SECRETÁRIO DE ESTADO DA ECONOMIA, O MELHOR LENÇOL DO MUNDO, DE CETIM, COM 1600 FIOS 10. “METADE DOS FELPOS VENDIDOS NO REINO UNIDOS SÃO NOSSOS”, CONTOU ANA VAZ PINHEIRO, DA MUNDOTÊXTIL, AO SECRETÁRIO DE ESTADO 1. DESTA VEZ NÃO FALTOU NINGUÉM. APÓS O HIATO PANDEMIA, A HEIMTEXTIL VOLTOU AO SEU CALENDÁRIO HABITUAL DE PRIMEIRA FEIRA DO ANO E CONTOU COM A PRESENÇA DA ELITE DO TÊXTIL LAR NACIONAL

2. O MUNDO VIRADO DO AVESSO, SIMBOLIZADO PELA CAMA DE PERNAS PARA O AR PENDURADA NA PAREDE DO FÓRUM DE TENDÊNCIAS DA SELECTIVA MODA, FOI UM ÍMAN QUE ATRAIU VISITANTES

3. QUEREM SUSTENTABILIDADE? POIS AÍ VÃO, EM JEITO DE SALADA DE FRUTAS, OS LENÇÓIS DE FIBRA DE BANANA E ANANÁS DA J. PEREIRA FERNANDES

4. “É MUITO DIFÍCIL AGUENTAR COM SUBIDAS DE PREÇO DE 500% NO PREÇO DO GÁS”, QUEIXA-SE MÁRIO JORGE MACHADO (ADALBERTO)

7. SER SOCIAL E AMBIENTALMENTE RESPONSÁVEL NÃO É INCOMPATÍVEL COM CRIAR EMOÇÃO, GARANTEM SORRIDENTES CRISTINA CASTRO (CITEVE) E PAULO GOMES, NO GREEN CIRCLE

9. SOREMA FEZ NA HEIMTEXTIL A ANTESTREIA DA MELHOR TOALHA DO MUNDO

T 09 Fevereiro 2023
- UM JOGO DE TRÊS TOALHAS VAI CUSTAR MIL EUROS 8. ANA LARANJEIRA E ROSÁRIO RODRIGUES, DA POLOPIQUÉ, QUE APRESENTOU UMA LINHA COMPLETA PARA BEBÉ 14. ”PRECISAMOS DE MAIS VISIBILIDADE NOS ESTADOS UNIDOS, CANADÁ E ESCANDINÁVIA”, REIVINDICOU AO SECRETÁRIO DE ESTADO MÁRIO JORGE MACHADO, PRESIDENTE DA ATP 13. DOMINGOS BRAGANÇA, PRESIDENTE DA CÂMARA DE GUIMARÃES, VISITOU A FEIRA, ACOMPANHADO POR MARTA MOTA PREGO E FLÁVIO FREITAS 12. LASA SAIU DE CASA E APRESENTOU EM FRANKFURT UMA LINHA DE ROUPA PARA LEVAR PARA A PRAIA

ACATEL QUER EXPANDIR PARA A

CITEVE, FEBRENAMICS E LATINO EM ENCONTRO DA NATO

AMÉRICA E A ESCANDINÁVIA

A Acatel tem como um dos seus principais focos estratégicos para 2023 a procura ativa de novos mercados e isolou o Canadá e os países nórdicos como aqueles que melhores perspetivas abrem para a expansão internacional. Susana

Serrano, a CEO da empresa – que faz parte dos ativos do grupo Impetus – disse ao T Jornal que estes novos mercados potenciais ‘casam’ na perfeição com a estratégia de insistência na sustentabilidade e na inovação, que são um dos traços distintivos da empresa que dirige. “Queremos consolidar o que já ali temos”, disse, nomeadamente nos países nórdicos – que já fazem parte da lista dos mercados externos que a Acatel tem em carteira.

Uma das formas de aumentar a presença da Acatel será com o recurso às feiras. Para Susana Serrano, a presença num local que é por definição o ponto de encontro

mais evidente entre oferta e procura, “as feiras estão no topo das nossas prioridades”.

Será por isso ‘cara-a-cara’ que a empresa portuguesa irá dar a conhecer as últimas inovações que fazem parte do seu portefólio de sustentabilidade. Nomeadamente um novo sistema de tingimento à peça que, disse ainda a CEO da empresa, permite uma tripla diminuição do impacto ambiental: a redução dos químicos usados no tingimento, a redução até 80% da água usada no processo; e uma poupança até 57% em termos energéticos.

Com a pandemia a condicionar em muito ou mesmo a suspender de todo os movimentos das empresas ao longo de cerca de dois anos, a Acatel esteve presente na Première Vision já este mês, tendo levado a Paris o que de mais inovador existe no interior da Acatel.

Combinando inovação e alquimia, “pode dizer-se assim”, a empresa dirigida por Susana Serrano leva também a efeito um estudo aprofundado de um sistema de tingimento com o recurso a bactérias.

Mas a sustentabilidade não é o único trunfo que a Acatel pode apresentar ao norte da Europa e da América. A proximidade é o outro. Com as cadeias de abastecimento a entrarem em rutura (apesar de entretanto já se terem ‘curado’ parcialmente) também por causa da pandemia e a guerra da Ucrânia a aconselhar vivamente os negócios de proximidade, Portugal passou a estar no centro da circunferência que toca nos países do leste da Europa e na costa californiana dos Estados Unidos. E essa é uma característica que vale a pena ter em atenção enquanto elemento diferenciador da oferta nacional do sector têxtil e do vestuário. t

NA FORTEAMS LAB NÃO HÁ LUGAR PARA DEAD STOCKS

São já mais de uma dezena os novos produtos da linha upcycling lançada pela FORteams LAB no âmbito do seu programa acelerador e sustentabilidade. É através do projeto LOOP que a empresa se propõe reciclar, reutilizar e dar nova vida aos materiais, garantindo a recuperação de tudo o que não for vendido na temporada. “O que não venderem, nós recuperamos”, diz Pedro Santos, CEO da empresa líder em merchandising desportivo que fornece os maiores clubes e seleções de todo o mundo.

São cachecóis, t-shirts, bonés

ou outros artigos associados aos clubes que, uma vez passada a temporada, voltam à fábrica para darem origem a novos produtos. Como exemplo, a empresa aponta a nova linha de sweatshirts com cachecol incorporado que foi criada para clubes como o Olympique de Lyon ou o Hellas Verona, recorrendo à reciclagem de produtos de merchandising de épocas anteriores. A par disso, também foi feita uma nova linha upcycling, com bonés, gorros, t-shirts, pochetes, sacos de viagem ou para computadores, que resultam do aproveitamento dos

produtos fora de temporada. “Temos solução para todos os dead stocks”, reforça Pedro Santos. Esta é uma das vertentes do projeto LOOP, desenvolvido pelo Laboratório de Ideias e Inovação da FORteams com o objetivo de acelerar os processos no caminho para a sustentabilidade. Além da alteração da designação social –passou a FORteams LAB – passa também pelo aproveitamento e conversão dos resíduos da produção em nova matéria-prima e tem a ambição de atingir a neutralidade da pegada carbónica até 2030. t

GULBENA: 2022

É UM ANO PARA

MAIS TARDE RECORDAR

O ano de 2022 será para mais tardar recordar para a Gulbena: “Durante o período mais duro do confinamento, as pessoas só saíam de casa para fazer desporto. Esse fenómeno levou muitas marcas de pronto a vestir a adicionarem pela primeira vez o segmento de vestuário desportivo às suas coleções”, diz Helena Garcia, responsável da empresa. Essa é uma das razões para o aumento “brutal” da procura sentida por alguns produtos da empresa.

P&R TÊXTEIS FINALISTA DO PRÉMIO COTEC INOVAÇÃO

Especialista em vestuário técnico desportivo e parceira das maiores marcas mundiais, a P&R Têxteis foi uma das seis PME finalistas do prémio anual da COTEC – Associação Empresarial para a Inovação. Reconhecida pelo desenvolvimento de produtos de vestuário técnico desportivo para alta competição, a P&R tem fornecido equipamentos de alto desempenho para atletas e equipas olímpicas. Entre as empresas selecionadas, a P&R foi a única do sector têxtil.

Órgão consultivo de alto-nível que atua como ponto de encontro entre fornecedores e a Aliança Atlântica, o NATO Industrial Advisory Group, realizou o seu último encontro internacional em Gaia, onde estiveram o CITEVE, Fibrenamics e Latino (especialista em vestuário técnico). Mais de 50 entidades de 25 países, entre elas a Universidade da Beira Interior estiveram no encontro, que promove a partilha de informação entre a NATO, os aliados e a indústria, e reúne três vezes por ano, uma das quais fora do Quartel-General da NATO, em Bruxelas. 1%

é o valor aproximado do crescimento dos investimentos em Portugal em 2022

MODTISSIMO CONTRIBUI PARA ANO DE SUCESSO DA EXPONOR

Um total de 51 eventos que juntaram mais de dois mil expositores e 300 mil visitantes num ambiente cada vez mais sustentável. É desta forma que a Exponor mensurou a sua atividade no final de 2022. A organização destacou, entre outras, a presença significativa do MODTISSIMO. “Dos certames planeados por parceiros externos, o espaço de eventos foi novamente ocupado pelo MODTISSIMO, a primeira feira têxtil da Península Ibérica”, referem os responsáveis pela estrutura. Este ano voltará a acontecer o mesmo.

T 10 Fevereiro 2023
"As feiras são muito importantes para nos apresentarmos aos nossos clientes"
João Almeida Administrador da JF Almeida
T 11 Fevereiro 2023

A MINHA EMPRESA

Marjocri – Malhas e Confeções, Ldª

XEd. Portas de Santiago, 111 4615-174 Figueiró, Amarante

O que faz? Fabrico e revenda de vestuário Área de produção 2.000 m2 Armazéns de revenda Famalicão, Pombal e Porto Alto Exportação Cerca de 20% Plantel 17 trabalhadores diretos Clientes ativos 820 (revenda) + 20 (exportação) Volume negócios Cerca de um milhão de euros (2022)

ITMF IDENTIFICA DESANUVIAMENTO EM JUNHO

Segundo os resultados do 18º Inquérito Global da Indústria Têxtil do International Textile Manufacturers Federation (ITMF), as expectativas dos negócios para junho de 2023 são inesperadamente positivas: a diminuição global dos preços da energia e o fim da política Covid-Zero na China explicam porquê. Os resultados do 18º inquérito do ITMF confirmam que os pedidos diminuíram continuamente desde novembro de 2021 e que, em janeiro de 2023, esse indicador foi negativo em todas as regiões e sectores considerados, à exceção da América do Norte e Central e dos produtos de fibras. Este último viu os seus pedidos aumentarem, pela primeira vez, desde o verão passado. A alta inflação e o aumento das taxas de juro são os principais travões na economia global.

As marcas pedem made in Portugal e a Marjocri deu o passo em frente

Avançar para os mercados externos era uma ideia que há muito bailava nas cabeças de Joana Moura e Ricardo Vieira, mas acabou por ser com a paragem da pandemia que recebeu o impulso decisivo. Lá diz o ditado que é a ocasião que faz o ladrão, e como o súbito travão imposto pela pandemia tinha roubado atividade à Marjocri, houve que reagir.

“Começou a haver uma grande procura pelo produto português, pelo made in Portugal. Não só porque estava tudo a fugir da China, mas também pela confiança na qualidade, proximidade e facilidade de contactos”, relembra Ricardo, o filho do casal fundador que hoje comanda o negócio de braço dado com a mulher.

Fundada em 1980 por António Cardoso e Ana Machado, a Marjocri - que associa os nomes dos três filhos, Marlene, Jorge (que é o segundo nome de Ricardo) e Cristina – depressa se centrou na revenda por grosso de artigos em malha. A par da itinerância das feiras o negócio criou raízes com três armazéns de revenda, instalados em Famalicão, Pombal e Porto Alto.

“A minha sogra fazia os moldes, desenvolvia as peças e mandava confecionar, maioritariamente em malhas, mas depois evoluiu para os tecidos. Hoje na revenda temos vestuário de homem e senhora à base de malhas retas e tecidos”, conta Joana, para explicar que foi esta a base que permitiu à empresa avançar para internacionalização.

“Havia, e continua a haver, no centro e norte da Europa, uma grande procura por tricotados e como cá dentro os nossos clientes estavam obrigados a ter as portas fechadas decidimos avançar. Fomos à Munich Frabric Start

e ao MODTISSIMO e as coisas estão a correr muito bem”, lembra a empresária, enumerando clientes de países como Suécia, Alemanha, Áustria, França e Países Baixos.

“Fornecemos tricotados em regime de private label, escolhemos os materiais, desenvolvemos produtos e amostras. O lema é sempre a transparência, o cliente sabe sempre o que está a acontecer”, descreve Joana, explicando que com o avanço para o mercado externo a Marjocri teve que adaptar a sua estrutura dividindo-se agora em dois sectores. De um lado o Your Label, focado no private label; do outro, o MJC centrado no mercado interno e nos armazéns de revenda.

Com o Your Label, a Marjocri trabalha as marcas suas clientes. Um serviço completo, desde o design, desenvolvimento, confeção e estamparia digital, segundo o critério e conceito da marca. Ricardo explica que a prática mais comum é o desenvolvimento de pré-coleções, só avançando com a produção em função das encomendas.

Uma flexibilidade que resulta também da proximidade e cria as bases em que se estabelece o negócio. “O preço não é o principal foco, que está antes na qualidade, prazos e controlo do processo. O cliente acompanha tudo, fazemos vídeos de todos os passos”, explica Ricardo.

Foi assim que rapidamente os cerca de 20 clientes Your Label que já tem a Marjocri passaram a representar perto de 20% da faturação de cerca de um milhão de euros que deverá registar em 2022. Até porque ao contrário do que acontece no mercado interno, que se baseia ainda no fator preço, Ricardo Vieira projeta que até 2030 a exportação venha a pesar à volta de 70% das receitas da Marjocri.t

Fátima Sousa Administradora da Domingos de Sousa & Filhos

MINISTRO DA ECONOMIA VALORIZA POLÍGONO INDUSTRIAL DO NORTE

“Temos de dar toda a atenção ao nosso grande polígono industrial: Braga, Barcelos, Guimarães, Famalicão. Grande parte da produção industrial do país está aí”, disse o ministro da Economia, António Costa Silva – para quem a região é prioritária em termos de desenvolvimento. Num quadro em que uma parte dos empresários tem algumas dúvidas sobre a visão estratégica do PRR, a manifestação de interesse do ministro pode ser uma porta que se abre para o financiamento de projetos que estejam mais próximos das empresas. António Costa Silva esclarece que “a política industrial nacional tem de explorar todos estes projetos mapeados no grande polígono de Sines”. O Ministro da Economia afirma que a sua “visão é clara” e assume que irá dar “cada vez mais propriedade em 2023” àquele polígono industrial.

é taxa de desemprego em Portugal no final de 2022

PEDRO CILÍNIO EM PARIS PARA PERCEBER O SECTOR

A presença de Pedro Cilínio, secretário de Estado da Economia, na Première Vision Paris, que decorreu entre 7 e 9 de fevereiro, serviu para que o sector – e nomea damente o presidente da ATP, Mário Jorge Machado – lhe transmitisse preocupações “sobre a incerteza que carateriza o futuro do sector”. Com a inflação a implicar uma forte redução das encomendas, as ajudas provenientes do Portugal 2030 são uma ‘al mofada de ar’ que importa fazer chegar ao terreno quanto antes. “A visita do secretário de Estado permitiu-lhe um conhecimento mais aproximado do que é a realidade do sector têxtil e dos desafios que se lhe colocam”, no quadro “de uma das mais importantes feiras”.

T 12 Fevereiro 2023
6%
"Depois de um final de ano muito negro, este início do ano está a mostrar-se prometedor"
FOTO: RUI APOLINÁRIO
T 13 Fevereiro 2023

ATP ALERTA PARA OS PERIGOS DA RECESSÃO EM 2023

Apesar da indústria têxtil e do vestuário ter fechado 2022 com um volume de exportações recorde, próximo dos seis mil milhões de euros, o presidente da ATP, Mário Jorge Machado, tem vindo a repetir com insistência que não estão de todo ultrapassados os perigos de uma recessão de proporções desconhecidas em 2023.

Duas ordens de fatores contribuem para este alerta. Por um lado, o facto de a inflação global estar muito longe de estar controlada. Quando muito, salienta Mário Jorge Machado, será possível um controlo do seu crescimento, previsivelmente no segundo semestre do ano – o que não quer dizer, longe disso, que os juros comecem a descer. A ‘mãe’ da inflação – a guerra na Ucrânia – também não tem fim à vista e, como disse o presidente da ATP ao T Jornal, “enquanto a guerra durar não haverá um fim para a crise”.

Em segundo lugar, a ATP já percebeu junto dos seus associados que o volume de encomendas para 2023 está a evoluir em baixa, deixando antever um segundo semestre possivelmente de algumas dificuldades e um primeiro semestre “para esquecer” – que não será muito diferente do que já sucedeu no segundo semestre do ano passado. Ou seja, “são dois semestres seguidos perdidos em termos de encomendas”, ‘adição’ mais que suficiente para que 2023 seja encarado com todas as precauções.

Mário Jorge Machado afirmou que “os empresários estão a antecipar uma forte diminuição da procura e um 2023 difícil”. E adiantou que “já se notou uma diminuição nas compras à indústria na segunda parte do ano de 2022,

BUREL ESTREIA-SE NO VESTUÁRIO

que costuma ser forte para as exportações”.

A Rússia era um destino importante para muitas marcas internacionais e é, neste momento, um mercado praticamente fechado.

Em declarações a um jornal, Mário Jorge Machado recordou que, no último inquérito realizado pela ATP já depois das férias, o índice de confiança estava em forte queda: 60% das empesas tinha a carteira de encomendas em depreciação; e 80% antecipava uma redução das margens de lucro e mesmo das receitas.

As empresas trabalham “na incerteza e na instabilidade”, disse ainda – para afirmar que “o meu desejo para 2023 era que 2024 já estivesse a começar”. De qualquer modo, o presidente da ATP não perde a esperança em que o segundo semestre do ano em curso acabe por ser menos duro que o primeiro. Alguns indicadores mais recentes corroboram essa possibilidade. O FMI antecipou no final de janeiro uma melhoria das perspetivas de crescimento global, melhorando em algumas décimas o que antecipa ser 2023. Nesse contexto, convém recordar, serão os Estados Unidos a tomar a dianteira. Mas não sem antes, diz ainda o FMI no seu último relatório, a China dar o sinal de partida. Para a organização com sede em Washington, o fim da política Covid-Zero foi o ponto de partida para o regresso ao crescimento do antigo Império do Meio.

Até lá, será necessário que os empresários saibam ler os sinais que surgem de vários pontos importantes do mundo – nomeadamente das diretrizes da Comissão Europeia em termos das suas propostas para as empresas do bloco. t

FARFETCH E OUTLIER VENTURES ABREM DREAM ASSEMBLY CAMP

A Farfetch, a plataforma global para a indústria da moda de luxo, e a Outlier Ventures, o acelerador e investidor da Web3, abriram candidaturas para a segunda edição do Dream Assembly Base Camp, destinado a startups com potencial de crescimento. O programa de aceleração remoto de 12 semanas é destinado a startups da indústria do luxo e sectores de lifestyle

ATP ENSINOU A POUPAR EM SEDE DE IRC

A ATP, em parceria com Alea Capital Partners, organizou um webinar onde apresentou o investimento em fundos de inovação como ferramenta para poupar até 82,5% dos pagamentos em sede do IRC. O benefício fiscal pode ser obtido ao abrigo do Sistema de Incentivos Fiscais à Investigação e Desenvolvimento Empresariais (SIFIDE), em vigor desde 1997. Desde então, empresas investiram mais mil milhões de euros nestes veículos e obtiveram cerca de 800 milhões em poupanças no IRC. O webinar já ocorreu, mas o sistema mantém-se em vigor para os interessados!

CENATEX NA SEMANA DE PREVENÇÃO DE RESÍDUOS

Sob a égide ‘Têxteis circulares e sustentáveis, o lixo está fora de moda!’, a escola profissional Cenatex colaborou mais uma vez com o município de Guimarães na Semana Europeia da Prevenção de Resíduos (EWWR – European Week for Waste Reduction). A par de um desfile de moda no IDEGUI – Instituto de Design de Guimarães e da realização do Mercado da Segunda Mão, exclusivamente com produtos têxteis, o programa contemplou ainda três conferências.

milhões

foram atribuídos pelo PRR a dois consórcios do sector da IA

ESPANHÓIS DA NEXTIL ABREM CAPITAL DA PLAYVEST

A Burel Factory acaba de lançar a sua primeira coleção de vestuário, dando assim um passo na utilização da matéria-prima que a tornou conhecida em Portugal e num crescente número de mercados externos: o burel e as suas diversas e surpreendentes utilizações. A coleção de vestuário da Burel Factory tem “peças para toda a gente, vai desde casacos, a calças, a saias e a camisas”, salienta Isabel Costa, fundadora da empresa. As peças são feitas em lã, burel e com combinações, por exemplo, de lã e poliéster. t

O grupo espanhol Nextil assinou um compromisso com o fundo de investimento Growth Inov para a emissão de ações convertíveis da portuguesa Playvest, o que resultará numa injeção de capital de quatro milhões de euros na empresa. A Growth Inov é um dos dois fundos detidos pela Growth Partners Capital e do seu portefólio no mercado português constam ainda a TimeStamp, empresa de TI, e o grupo Saúde Atlântica. A Nextil terminou os primeiros nove meses de 2022 com um volume de negócios de 39,1 milhões de euros, menos 12,9% que em 2021.

T 14 Fevereiro 2023
“Se calhar, há 11 anos, era quase vaidade ter painéis no teto. Hoje é uma necessidade”
77
Samuel Costa Administrador da Diastêxtil
T 15 Fevereiro 2023

‘MATERNIDADE’ É A NOVA LINHA SUSTENTÁVEL DA MO

A MO aposta numa nova linha que se dedica à maternidade e é sustentável. ‘Maternidade’ tem artigos pensados para a gravidez e para o período pós-parto, onde a sustentabilidade e conforto se alinham. Pijamas, robes estilo quimono e camisas de noite constituem esta coleção sustentável que é cómoda e prática para responder às necessidades das fases da maternidade.

VIA OUTLETS REGISTAM RECORDE DE VENDAS

O balanço de 2022 dos centros Freeport Lisboa e Vila do Conde Porto Fashion Outlet aponta para o melhor ano de sempre no país em termos de vendas e regista um crescimento acumulado de 47% face a 2021. Os centros registaram um total de 7,4 milhões de visitantes. O Outlet de Lisboa cresceu 49% e o de Vila do Conde cresceu 45%, face a 2021 e mais de 11% e 9%, respetivamente, face a 2019. Por visitante, o gasto médio cresceu 25% no Freeport e 21% no centro de Vila do Conde, comparativamente a 2019.

AFLUÊNCIA À MILANO UNICA

SUPEROU AS EXPECTATIVAS

AEP PREOCUPADA COM OS NÍVEIS DE EXECUÇÃO DO PRR

“A execução do PRR sempre foi um aspeto a que a AEP atribuiu a maior relevância. Mas a sua importância é ainda em maior grau atendendo a que (de acordo com o cenário macroeconómico inscrito no Orçamento de Estado 2023) o crescimento económico assentará inteiramente num maior dinamismo do investimento (essencial também para a progressão prevista das exportações), sob o impulso da execução do PRR”, disse Luís Miguel Ribeiro, presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP).

“Estamos preocupados pelo risco descendente que a baixa execução do PRR provocará na evolução do PIB, por via de um menor efeito direto e indireto sobre a atividade económica, incluindo também uma deterioração da atratividade do país aos olhos dos agentes económicos nacionais e internacionais”, referiu ainda Luís Miguel Ribeiro em entrevista a um jornal nacional.

A Milano Unica voltou em toda a plenitude ao RHO Milano Fiera entre os dias 31 de janeiro e 2 de fevereiro e as expectativas da comitiva ‘From Portugal’ foram mais que superadas pela presença de clientes dos quatro cantos do mundo – da América, com compradores dos Estados Unidos, à Ásia, com sul-coreanos e japoneses, passando também pelos habituais compradores europeus, nomeadamente belgas e holandeses.

“Correu muito bem, mostrou-se uma feira muito internacional, mais diversificada do que durante a pandemia”, conta Rita Fonseca, comercial da Lemar. Holandeses, suecos, americanos, franceses e ingleses passaram pelo stand da empresa de tecidos para conhecer as suas novidades sustentáveis, desde tecidos bio a tecidos com fibras feitas de pneus ou óleo de cacto. “Recebemos clientes habituais mas também clientes novos, desde

boas marcas a marcas emergentes”, acrescenta.

Pedro Silva, do departamento de R&D da TMG, partilha a mesma opinião: “foi uma feira muito interessante, a melhor desde a pandemia, diria. Houve um regresso dos clientes importantes, a procura pelo sustentável continua a acentuar-se, nota-se também uma procura pelas nossas estruturas diferenciadoras e tridimensionalidade nos artigos”, resume. O mercado italiano esteve em força no stand da TMG, mas houve negócios a chegar de Espanha, Holanda, Reino Unido e EUA. Este último é um mercado em que a empresa está a apostar e a observar um crescimento assinalável.

A estreia da Casa da Malha no certame também não ficou atrás: “surpreendeu-nos a dimensão, muita gente, muita gente mesmo”, diz Mariana Moreira, do departamento de comunicação. Em termos de mercados representados estiveram italianos, os países nór -

dicos e EUA: “Marcas dos Estados Unidos mas com representação na Europa”, explica. “O objetivo com a participação era claramente o mercado italiano, os EUA não tínhamos muita expectativa que estivessem lá mas acabou por acontecer e ainda bem”, resume. “A maior parte foram novos contactos com qualidade”, sublinha. “A tendência da sustentabilidade foi notória, há quem procure os reciclados, os orgânicos, quem procure fibras novas, mas o foco foi a sustentabilidade”, realça Mariana Moreira.

A participar na feira milanesa estiveram a Albano Morgado, Casa da Malha, CFM – Conscious Fabric Makers, Fitecom, Le Europe, Lemar e TMG Textiles | MGL na comitiva From Portugal, às quais se juntam a Adalberto Textile Solutions, Paulo de Oliveira, Penteadora, Riopele, Somelos e Tessimax. t

Os dados parecem demonstrar de forma objetiva que as críticas têm razão de ser. É que “o balanço da execução do PRR continua a mostrar de forma muito clara que o programa beneficia ainda muito pouco as empresas”. Segundo os dados disponíveis do último boletim de monitorização do PRR (reportados a 11 de janeiro de 2023), do montante total já aprovado a beneficiários diretos e finais (11.624 milhões de euros), 24,3% corresponde às empresas (2.829 milhões), ficando apenas abaixo das entidades públicas (4.042 milhões, ou 34,8%). t

T 16 Fevereiro 2023
“A sustentabilidade exige um estreita colaboração entre todos”

visite-nos

S337

Technology in line with fashion

Pattern Matching

Alinhamento e reconhecimento automático de padrões

Printed Cut

Reconhecimento e correspondência para tecidos digitalmente impressos

Saiba mais! Agendar demo

T 17 Fevereiro 2023

"

Aprendiz de sapateiro ainda criança, Albano Coelho Lima foi ajudante de calandrador e chefe de armazém antes de se aventurar a ser empresário têxtil, aplicando as suas poupanças na compra de um velho tear manual, que foi o ponto de partida para a ascensão, declínio e queda do império Coelima - que deixa como principal legado uma inovadora e generosa política social

e

stávamos em 1922, quando Albano, o filho de meio de sete irmãos Coelho Lima, tentou a sua sorte ao aplicar as poupanças, religiosamente reunidas, na compra de um velho tear manual que pôs a trabalhar na sua própria casa - que na altura ninguém adivinharia se tornaria berço onde nasceu o que, algumas décadas mais tarde, se viria a dar pelo nome de Coelima e ser um potentado nacional e internacional dos têxteis lar, que chegou a empregar mais de 3 500 trabalhadores.

Nascido numa família humilde (e numerosa), Albano ainda era criança quando começou a ajudar o pai que era sapateiro, enquanto nas (poucas) horas vagas evidenciava os seus dotes musicais na Banda de Pevidém.

A música foi uma paixão que o acompanhou ao longo da vida, ao ponto de ter criado o Órfeão Coelima.

Ajudante de calandrador durante a adolescência, o fundador da Coelima ganhou experiência industrial como chefe de armazém da fábrica Francisco Inácio da Cunha Guimarães & Filho, antes de aos 32 anos se abalançar a ser industrial e trabalhar por conta própria. No início, Albano Coelho Lima comprava o fio e produzia as telas que vendia às fábricas. Ao longo dos anos 20, era esta a atividade essencial da empresa, que daria o grande salto em frente nas décadas seguintes, quando, já com a ajuda dos filhos, instalou no Lugar do Miral uma fábrica inovadora, apetrechada com quatro teares mecânicos - o início de um magnifico e moderno parque industrial que chegou a ter 100 teares, dos

Coelima: um farol inovador de responsabilidade social

principal legado da empresa são, sem dúvida, as preocupações sociais que Albano Coelho Lima evidenciou durante a regime salazarista - e que lhe valeram uma significativa homenagem póstuma, em 1989, dez anos volvidos sobre o seu desaparecimento, quando foi inaugurado na fábrica um monumento com um busto seu, integralmente pago pelos trabalhadores.

No tempo de um Estado Novo que podia ser tudo menos um Estado Social, a Coelima foi pioneira ao dispor de serviços sociais, permitir uma comissão de trabalhadores e instalar na empresa um posto médico, com serviços de medicina geral e familiar e medicina dentária.

A Coelima também foi inovadora ao criar uma cantina onde os trabalhadores faziam as suas refeições e um supermercado cooperativo com preços bonificados, onde os seus funcionários se abasteciam de géneros alimentares.

quais dois automáticos.

Após várias décadas de crescimento contínuo e exponencial, o declínio da Coelima coincidiu com o pós 25 de Abril, quando em vez de optar pela prudência, a empresa investiu fortemente, como o ilustra o facto de entre 1974 e 1980 ter duplicado o número de trabalhadores, de 1 500 para mais de 3 000.

“Crescemos mal”, diagnostica Adelino Coelho Lima, o último administrador da Coelima pertencente à família fundadora. Os ventos não sopravam de fei -

ção e a empresa acabou por ter de ser resgatada pelo Governo de Cavaco Silva, saindo assim das mãos dos descendentes de Albano Coelho Lima e iniciando um acelerado processo de downsizing

Os Coelho Lima, descendente de Albano, saíram da Coelima, mas o apelido Coelho Lima continua a ser incontornável na indústria dos têxteis lar, já que

a maior empresa portuguesa do sector, a Lameirinho, foi fundada nos anos 40 por Joaquim, irmão de Albano.

As proezas da equipa de ciclismo da Coelima tornaram o seu nome conhecido de todos os portugueses, mas o

A habitação foi a cereja no topo do bolo do projeto social da Coelima, com a construção, numa extensa área contígua à fábrica, de um bairro com residências unifamiliares, que os trabalhadores podiam adquirir com financiamento assegurado pela entidade patronal.

Uma das principais impulsionadoras do horário de trabalho diário de oito horas e da fixação de um salário mínimo, a Coelima foi ainda pioneira no estabelecimento de um fundo de pensões para os seus trabalhadores. Um belo legado para um homem que debutou ainda criança no mundo do trabalho, como aprendiz de sapateiro. t

T 18 Fevereiro 2023 EMPRESA COM HISTÓRIA

n

7 PERGUNTAS A JONAS WAND

“QUEREMOS ESTAR NO MODTISSIMO, MAIS PRÓXIMOS

DAS EMPRESAS PORTUGUESAS”

Jonas Wand, CEO da Foursource, diz que a grande vantagem competitiva do têxtil português é a sua capacidade para garantir um serviço de excelência e qualidade num prazo mais curto. A maior plataforma de sourcing B2B do mundo especializada na indústria têxtil e da moda tem mantido uma parceria privilegiada com a Selectiva Moda e o projeto From Portugal.

Em menos de cinco anos, a Foursource é a maior rede de mercado B2B do mundo na área de sourcing para têxteis e moda. Como explica uma afirmação tão rápida?

Desde 2016 que a Foursource cresce de forma dinâmica, quase como uma rede social, graças à interação real dos seus membros e da forma como eles se conectam. Em consequência da evolução contínua e das constantes mudanças do mercado têxtil, a plataforma Foursource tornou-se numa ferramenta importante que permite aos seus membros encontrarem de torna mais fácil as conexões B2B certas na indústria. A Foursource fornece aos seus membros uma experiência perfeita e oferece serviços e soluções adequadas para suas necessidades de abastecimento. E tudo num só lugar.

Como se faz essa ligação entre compradores e fornecedores?

Cada vez mais pessoas, também no ambiente B2B, procuram na Internet uma solução para os seus desafios ou para realizar o seu trabalho. Perante a necessidade de um novo fornecedor, ou de um produto específico com alguma certificação, ou no caso de uma rápida comparação de preços, o comprador pode utilizar a Foursource. Na plataforma os membros podem enviar solicitações de ligação, iniciar conversas, perfis de empresas favoritos, gerir a sua rede por meio de marcadores e favoritos, criar/responder a projetos de sourcing e muito mais. Queremos fornecer a solução mais simples e segura. A Foursource é o lugar onde está ao mesmo tempo toda a cadeia de valor têxtil.

Portugal tem sido um país chave na sua atividade. Como explica esta relevância da indústria portuguesa? Tem havido nos últimos tempos uma grande procura por parte da indústria têxtil no mercado europeu e Portugal destaca-se nesta procura. 50% dos compradores que trabalham com a Foursource são da Europa Ocidental e 20% são dos Estados Unidos da América. Através do seu know-how e grande tradição na indústria têxtil e da localização geográfica privilegiada, Portugal consegue garantir um serviço de excelência e qualidade, num

prazo mais curto. Portugal é atualmente o país com mais pedidos de cotação (RFQ) na nossa plataforma, seguido da Turquia. Portugal foi também o país mais procurado por compradores internacionais em 2022. Por isso decidimos investir na criação de uma pequena equipa de Customer Success em Portugal. Esta nova equipa oferece apoio local às empresas portuguesas, desde a aquisição de novos clientes ao desenvolvimento de novos negócios.

A Foursource mantém uma parceria com a Associação Selectiva Moda e o projeto ‘From Portugal’. Que vantagens específicas trazem?

A ASM desempenha um papel ativo na promoção e internacionalização das empresas portuguesas da indústria têxtil, sendo o projeto ‘From Portugal’ um fator fundamental para que muitas empresas alcancem os seus objetivos de internacionalização. A Foursource partilha o mesmo propósito, permitindo às empresas da área têxtil o acesso a uma rede global em contínuo crescimento e disponibilizando ferramentas que aumentam a sua visibilidade diretamente da sua secretária, sem necessidade de deslocações. O projeto ‘From Portugal’ assume um papel importante, pois o seu apoio estende-se ao mundo digital, o que motiva as empresas a digitalizarem os seus negócios. Esta parceria é muito importante para nós, pois reforça estrategicamente a nossa posição na indústria têxtil e garante uma presença acrescida de empresas portuguesas na nossa plataforma, que, como já referimos, são de grande relevância na Foursource.

Depois das duas edições do ano passado, a Foursource está mais uma vez presente na MODTISSIMO. Como vê a feira têxtil portuguesa?

A MODTISSIMO reúne grandes empresas têxteis portuguesas, apostadas na inovação, no desenvolvimento de novos produtos, na apresentação de coleções e tendências, e esta feira permite às empresas portuguesas dar a conhecer o que de melhor fazem. Queremos estar presentes no MODTISSIMO para estarmos mais próximos das empresas portuguesas, muitas das quais são membros da Four -

source. Uma demonstração da grande aposta de muitas empresas portuguesas na digitalização e inovação dos seus negócios.

Além do sourcing, a Foursource ponderava também avançar com a possibilidade de transações comerciais. Em que ponto está esse objetivo?

Ainda estamos no começo, mas vemos um grande interesse dos nossos membros. Atualmente, estamos a testar diferentes hipóteses com membros selecionados em todo o mundo. Recolhemos feedback do lado da oferta e da compra e queremos expandir ainda mais esse tópico em 2023. Novamente, o desafio é tornar isso o mais fácil possível para nossos membros.

Em termos de futuro, qual é o principal desafio para a indústria portuguesa?

Possivelmente veremos uma procura crescente, que pode exceder as capacidades disponíveis no país. Consequentemente, essa maior procura pode aumentar ainda mais os preços e a concorrência. Encontrar um equilíbrio pode ser um desafio.

Portugal é atualmente o país com mais pedidos de cotação (RFQ) na Foursource e foi também o mais procurado por compradores internacionais em 2022. A Foursource é o lugar onde está ao mesmo tempo toda a cadeia de valor têxtil. E esse é claramente um dos mais interessantes aspetos da interação entre a Foursource e as empresas portuguesas, que conseguiram angariar destaque internacional.

T 19 Fevereiro 2023
CEO da Foursource

"CADA PEÇA TEM DE CONTAR UMA HISTÓRIA DE SUSTENTABILIDADE"

T 20 Fevereiro 2023
FOTO: RUI APOLINÁRIO

ENTREVISTA n

Por:

CEO do grupo que agrega a Siena e a Rivexel, esteve desde sempre, há 30 anos, à frente do grupo, que agregou a empresa que era dos pais. Depois de um curso de Engenharia Têxtil concluído em França, tem em 2023 vários desafios pela frente.

par do investimento na automação industrial, para fazer face à falta de mão-de-obra a Siena quer reforça a subcontratação em Marrocos, onde quer ter uma base mais estável, com a abertura de uma filial e de uma plataforma logística.

Qual é a dimensão do grupo?

Somos duas empresas. Na Siena são 22 trabalhadores; na parte industrial, na Rivexel, são cerca de 80. A Siena tem um volume de negócios da ordem dos 10 milhões de euros. Fizemos 30 anos no ano passado. Tivemos um grande crescimento do volume de negócios em 2022: o nosso volume de faturação anda sempre nesse valor, mas a pandemia afetou-nos bastante. No ano de 2020 ainda trabalhámos normalmente – houve confinamentos mas conseguimos manter uma produção quase normal. Mas o ano de 2021, uma vez que não fizemos coleções, o volume de negócios caiu bastante, cerca de 40%.

Portanto, a pergunta é se 2022 já está alinhado com a pré-pandemia.

É isso: recuperámos completamente da pandemia.

Quais os mercados do grupo?

Nós só exportamos: não vendemos nada para Portugal. A maior parte dos nossos clientes são da União Europeia – com muito foco em Itália, França e Espanha. Temos também alguns clientes no Reino Unido, na Alemanha, alguns países nórdicos. Fora da Europa temos clientes nos Estados Unidos, no Canadá, no Japão.

Como estão a comportar-se

Acada um deles. Os Estados Unidos parecem ser o de melhor desempenho. Estão a começar a crescer. Curiosamente, respondi a um inquérito da ATP relativamente aos volumes de negócio para os Estados Unidos e a nossa subiu para os cerca de 300 mil euros, o que é um bom sinal. Acho que é um mercado em que temos de apostar. Teremos que ter mais missões empresariais para lá, porque eles não nos conhecem.

O desconhecimento é um problema?

Acho que faz sentido irmos para lá. Nova Iorque está a sete horas do Porto. Tradicionalmente compra na Ásia, o que é muito mais longe que Portugal. Faz todo o sentido que haja mais trocas comerciais.

Acha que os Estados Unidos ainda não se aperceberam que a Europa é mais próxima que a Ásia. Acho que ainda não se aperceberam disso! Curiosamente, começaram a descobrir o imobiliário em Portugal, já descobriram os nossos vinhos, pode ser que descubram os nossos têxteis.

O que é preciso fazer para que esse conhecimento lhes seja transmitido?

Promoção. A vários níveis. Desde a diplomacia económica até à participação em feiras. De alguma forma, aparecermos. Também marketing digital junto dos grandes operadores da moda, junto dos decision makers, para que apareçamos como sendo um país com muitas características: qualidade, sustentabilidade, tradição.

A que acresce a proximidade.

Isso mesmo.

Na Europa, que desafios deteta?

Na Europa, estamos a viver um momento complicado. Tivemos aumentos brutais do custo das matérias-primas, aumentos brutais das energias, aumento dos custos da mão-de-obra. To-

Com 30 anos de existência, o grupo pretende ‘reviver’ uma experiência em que não foi totalmente feliz: a criação de uma marca própria. Mas os tempos mudam e o racional dos negócios também. Depois da pandemia e com a forte influência planetária da inflação – que só muito recentemente deu mostras de, em parte, se deixar controlar – o mercado português deixou de ser um ‘objeto não identificável’ no panorama da economia dos Estados Unidos. Depois dos vinhos e ao mesmo tempo que descobrem as virtudes do imobiliário, os norte-americanos parecem estar disponíveis para perceberem, por um lado, que o país fica muito perto das suas lojas, e por outro, que a produção têxtil nacional é de elevada qualidade, flexibilidade e sustentabilidade. É neste novo quadro que a possibilidade de uma marca própria volta a ter racional de negócio. Aliás, isso mesmo fica provado pelo facto de, segundo o Instituto Nacional de Estatística, o mercado norte-americano ser, em termos do sector têxtil, um dos que mais cresceu ao longo de 2022. Entre Janeiro e Novembro do ano passado (os números totais só serão conhecidos dentro de dias), os Estados Unidos responderam por compras aos têxteis nacionais da ordem dos 439 milhões de euros, o que coloca aquele país em quarto lugar do ranking, apenas ultrapassado pela Espanha, França e Alemanha.

dos estes fatores estão a causar muita disrupção, muitas tensões com os clientes. Em toda a União Europeia. Não somos só nós que temos esses problemas – mas há países nossos concorrentes que têm tudo isso mas em menor escala. Temos as vantagens da proximidade, dos custos de transporte, mas o momento é complicado: há menos encomendas, temos fornecedores a pedir-nos trabalho (estão com quebras de produção).

Desde quando se verifica essa quebra de encomendas?

De Novembro para a frente comecei a notar um abaixamento de encomendas – numa altura que costuma ser de pleno pico. Provavelmente não teremos recessão, o que é excelente porque as notícias de uma possível recessão estão a afetar muito os consumos – as pessoas são muito sensíveis a isso. Como o nosso timing de produção é muito perto do timing de venda, notamos isso muito rapidamente.

A Alemanha entrou em recessão. É um mercado em retração?

De alguma forma sim. Há pouco estive com um cliente alemão e disse-me que as coisas estão normais: não estão brilhantes, mas também não estão catastróficas. Há ainda uma confiança mediana.

Como está o Reino Unido, depois do Brexit?

O Reino Unido tornou-se difícil, até por causa da questão alfandegária. Mais lento, mais complexo, com maiores custos. Foi uma péssima decisão para o Reino Unido – estão a convencer-se disso tarde demais. Não era um nosso mercado tradicional, mas temos alguns clientes com marcas de pequena dimensão. Havia uma feira muito interessante, a Fashion SVP, que deixou de existir – mas onde tivemos bons resultados antes da pandemia.

Tinha alguma exposição à Rússia?

Tínhamos dois clientes na Rússia. Por causa do bloqueio, mas também por questões de consciência da nossa parte, deixámos de trabalhar com eles.

Como caracterizaria a produção da Siena?

Basicamente tem a ver com malhas – uma tradição muito forte de Portugal. Fazemos também tecido, mas cada vez mais temos foco nas matérias-primas sustentáveis. Hoje, temos de alguma forma contar uma história de sustentabilidade por trás de cada peça. Reciclados, fibras naturais, poliéster reciclado com conhecimento da origem, biodegradável – temos de ter respostas para tudo. Temos as certificações necessárias. Mas há clientes que vão além disso e temos de estar preparados para responder. Não há forma de voltar atrás: não podemos fazer nada que não seja as melhores práticas. Nós próprios também sentimos nos custos energéticos que quanto menos energia gastarmos, melhor para todos nós. Tomámos medidas a esse nível, nomeadamente na área dos painéis solares – que cobrem o máximo possível. É uma preocupação que tem quatro anos. E vamos reforçar, porque há um aumento de consumo, onde vamos investir cerca de 50 mil euros. Todos os equipamentos que vêm para a fábrica são os que gastam o menor volume possível de energia. É duplamente um racional de negócio: pela exigência dos clientes e pela poupança de produção.

Tudo em private label?

Sim, não temos marca própria. Já tivemos, em 2001 – no âmbito de um projeto da ATP com uma associação da indústria de malhas alemã. Várias empresas aderiram e nós, durante cerca de dois anos, tivemos uma marca própria na Alemanha. Crescemos bastante muito rapidamente mas houve uma crise e o negócio começou a ficar complicado e decidimos

T 21 Fevereiro 2023
"O made in Portugal pode ter uma importância muito grande nos Estados Unidos"

Uma questão de ares condicionados

Já se sabia que a sustentabilidade é uma questão essencial para os clientes da indústria têxtil e do vestuário nacional. Origem da matéria-prima, rastreabilidade, pegada ecológica, caráter biodegradável da produção, tudo isso é sobejamente conhecido pela indústria nacional. Mas um cliente da Siena foi mais longe, muito mais longe, e quis saber se os aparelhos de ar condicionado que estão montados na linha de produção seriam ou não de última geração, incorporando todos os mecanismos necessários para serem (o mais possível) amigos do ambiente. Resultado: face à importância do cliente (um dos maiores grupos comerciais do mundo), a Siena tratou de mudar o que havia a mudar nos aparelhos e solicitar a correspondente certificação.

parar – até porque começou a prejudicar o negócio tradicional do private label

Não está para repetir a experiência?

Se calhar, nos dias de hoje, ter marca própria vale a pena. Estamos a pensar nisso: os canais de distribuição são fáceis. Está no nosso horizonte, até porque temos muitos tecidos que ficam na empresa e faz sentido fazer upcycling, uma prática considerada sustentável. Podemos criar muita coisa com o que já temos dentro de portas. É algo que um dia destes vamos pensar.

Um dia destes é este ano?

Por exemplo. Pode ser uma questão de termos alguém na empresa que tenha feeling para isso. Depois, é fácil.

Os Estados Unidos têm muita apetência pelas marcas europeias.

Sim. O made in Italy tem uma importância muito grande nos Estados Unidos, o made in Portugal há-de aproximar-se, certamente. É um mercado target para uma marca própria.

A digitalização tem acompanhado a sustentabilidade. É assim na Siena?

Precisamos de investir muito no marketing digital direcionado para o B2B – eventualmente com a marca própria. O contacto digital com os nossos clientes – por exemplo com uma newsletter, é uma prioridade para este ano.

Que outras prioridades para este ano?

Temos uma dificuldade em Portugal: mão-de-obra. Vale a pena investir em tecnologia, mesmo que mais cara, em tudo o que for equipamento industrial automatizado. Queremos por outro lado reforçar a subcontratação em Marrocos – onde precisamos de ter uma base mais estável, com a abertura, futuramente, de uma filial naquele mercado – uma plataforma logística para gestão da subcontratação. Estamos

também a procurar comerciais com um novo perfil – o mercado está a mudar.

Em termos de investimentos?

Para além da automação, vamos renovar as nossas instalações.

São áreas onde há apoio do Estado. Pensam recorrer?

Podendo fazê-lo, sim. Sabemos é que está tudo muito atrasado no que tem a ver com reembolsos. Há dois anos que esperamos alguns reembolsos, coisa comum. Há muito dinheiro do PRR e do Portugal 2030, seria criminoso não aproveitar, face às necessidades que existem.

O Banco de Fomento resolve alguns desses problemas?

A ideia é boa, mas tem de ser mais operacional. E mais real: o Banco de Fomento só é falado nas notícias, não temos uma perceção real da instituição.

A internacionalização é central nesses apoios. Acha que ainda falta fazer alguma coisa?

Há sempre coisas a fazer, até fazer mais. E é fundamental continuar-se esse apoio. A boa aposta que se pode fazer no nosso sector é a promoção em mercados onde queremos estar presentes.

Acredita nas promessas de reindustrialização da Europa?

É real – não é uma ficção. Mas temos um problema de mão-de- obra intensiva. O maior problema de Portugal é o pro-

blema demográfico. Dentro de dez anos vai ser um problema gravíssimo na nossa indústria. A imigração pode ajudar – mas não podemos ter critérios demasiado latos, temos de pensar no que são as necessidades do país. Não queremos vir a ter um problema de segurança, como existem em França, na Suécia ou na Alemanha.

O fisco já é amigo das empresas?

Ainda estamos muito longe disso. O Orçamento de Estado não tem margem para nada, não tem folgas. Temos um problema de dívida externa que o Governo tem muito pouca margem para resolver. Nesse campo, não esperamos nada de muito positivo do Estado nessa área.

No PRR havia a hipótese de ter feito mais qualquer coisa?

No PRR, o Governo usou o dinheiro em benefício próprio, da sua despesa. Pouco vai chegar à economia real. É uma oportunidade perdida. Há muita maneira de fazer as coisas de uma forma diferente. Um exemplo: as pessoas que fazem horas extraordinárias correm o risco de passarem de escalão do IRS – há aí uma grande carga ideológica. Podia ser uma grande ferramenta para ajudar a resolver o problema da falta de mão-de-obra.

Como também a há na área das leis do trabalho. A flexibilidade devia estar mais apurada. Há demasiada rigidez por um lado e por outro as pessoas estão completamente desprotegidas com os recibos verdes. Sei que temos todos de descontar para a segurança social e espero que todos possamos usufruir do que todos pagamos. Desde logo porque é também uma forma de o grupo agradecer aos seus mais de cem colaboradores: sem eles, as empresas não seriam as mesmas e não quero deixar de salientar isso mesmo. t

As perguntas de

No momento atual, quais as maiores dificuldades face aos aumentos energéticos e de que forma estes estão a perturbar os negócios? Obviamente perturbam, porque somos obrigados a subir os preços aos clientes. Não conseguimos passar esses custos na totalidade. Temos o argumento e temos a legitimidade de o fazer, mas quando não é possível, implica encolhermos as nossas margens.

Quais as estratégias que a Siena encontrou para contornar estas dificuldades?

Uma delas é precisamente encolher margens. Podemos tentar diluir os aumentos com outros parceiros, mas sabemos que também é difícil. Felizmente o custo do gás vai no sentido da normalidade mas houve momentos em que tivemos de comparticipar indiretamente no pagamento de algumas faturas. Tivemos de ser solidários com alguns parceiros – temos de pensar na sua viabilidade, para não haver quebras na cadeia têxtil, o que seria o pior. E esteve perto de acontecer. t

Preço ou continuidade, qual conta mais na estratégia de relacionamento com os seus fornecedores?

É a continuidade. É sabermos que temos um parceiro do lado de lá. Termos alguém que nos apoia quando precisamos de uma urgência, de aumentarmos prazos de entrega, de trabalho ao fim-de-semana, é um apoio de que precisamos. Do outro lado, quando há um problema, também precisamos de parceiros que assumam que causaram.

No que respeita à Tinturaria, qual a perspetiva de evolução do negócio em 2023?

Gostaria de dizer que as coisas estão bem. Há sinais contraditórios no que tem a ver com a retoma. Vamos esperar que 2023 seja igual ao ano passado. É esse o meu desejo, e estarei cá a lutar e a trabalhar para que isso aconteça. t

T 22 Fevereiro 2023
Alexandre Amaro Andrade Amaro - Malhas Nuno Silva Irivotêxtil – Tinturaria e Acabamentos Têxteis
"O problema demográfico vai ser gravíssimo na nossa indústria dentro de dez anos"
T 23 Fevereiro 2023 Anuncio T Jornal 235x279 mm ER 2019

VALÉRIUS INVESTE 1,8 MILHÕES NA

REESTRUTURAÇÃO DA DIELMAR

CITEVE, CENTI E FEUP VESTEM OS BOMBEIROS DO FUTURO

O consórcio DIF-Jacket – CeNTI, CITEVE e o Centro de Estudos de Fenómenos de Transporte da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto – já procederam aos ensaios ergonómicos e de fogo do futuro equipamento de proteção individual. A decorrer desde 2020, a investigação visa desenvolver um casaco para bombeiro com elevado desempenho para uma gama de cenários de incêndio observados em florestas portuguesas. O modelo numérico de transferência de calor e massa através do vestuário de proteção será combinado com um modelo de termorregulação do corpo humano de forma a prever o estado térmico do bombeiro para um dado cenário de incêndio florestal.

“Os nossos clientes são marcas de referência”

TAJISERVI COLABORA COM ALUNOS DO MODATEX

Depois do processo de insolvência da Dielmar em 2021 e aquisição pelo grupo Valérius, o plano de revitalização já conta com um investimento de 1,8 milhões de euros, revela a empresa de Castelo Branco em comunicado.

Segundo a empresa, este plano de revitalização permitiu a implementação de técnicas de produção mais eficientes e concorrenciais “aproveitando deste modo, o know-how e a motivação de uma equipa focada em conseguir o respeito e preferência de cada vez mais clientes”.

A renovação e modernização de equipamentos tendo em vista a duplicação da capacidade industrial instalada era a prioridade da Valérius para a Dielmar. Mas o primeiro esboço do plano implicava um investimento de cerca de 1,5 milhões de euros. Ou seja, o grupo fez um upgrade de cerca de 300 mil euros, para finalmente colocar a Dielmar de regresso ao primeiro plano do sector.

É ainda de realçar que a Valérius disse desde o primeiro momento que asseguraria os postos de trabalho a todos os colaboradores que entendessem proceder à ‘migração’ para o novo projeto. Na altura da insolvência, a Dielmar tinha cerca de 210 trabalhadores. Depois da aquisição por parte da Valérius – desde sempre a solução preferida pelo então ministro da Economia Pedro Siza Vieira – várias marcas internacionais deram conta da sua disposição em acompanharem o relançamento da produção. A Valérius pagou 275 mil euros pelos ativos da Dielmar.

O Governo não quis deixar de assinalar o ‘salvamento’ da Dielmar e o primeiro-ministro António Costa esteve de visita à fábrica de Alcains. “Esta visita teve como objetivo celebrar a reunião de esforços de várias entidades públicas e privadas iniciadas em 2022 depois do processo de insolvência em 2021”, refere fonte oficial do grupo têxtil. t

XIRIBITA REGRESSA AO MERCADO COM RECICLAGEM DE EXCEDENTES

A Xiribita, marca portuguesa com peças unissexo para os segmentos mais jovens, renasce duas décadas mais tarde com uma nova identidade. Ainda dedicada aos mais novos, a marca recicla excedentes de fábrica e apresenta propostas que identifica como neutras, confortáveis e práticas.

A coleção que assinalou o regresso da marca chegou ao mercado no final do ano passado e foi desenvolvida com o recurso à reciclagem do que sobra do labor têxtil – desde os restos de tecidos às linhas e botões. A Xiribita pretende

desenhar modelos unissexo que se adequem dos 3 aos 12 anos, apresentando uma paleta sóbria e minimalista.

Com o compromisso "com o ser humano, a natureza e a sustentabilidade", explica a empresa, a Xiribita pretende deixar de criar stock morto dentro da fábrica e redefinir-se priorizando conforto e tecidos de qualidade e demonstrando que o reaproveitamento de materiais não significa falta de valor.

Tendo surgido no mercado português em 1997, a Xiribita chegou a ter uma loja na Baixa do Porto. Os mesmos funda -

dores lançaram The Factory 84, uma companhia têxtil fundada em 2018 em Barcelos, que inicialmente era apenas comercial. Fundadora, em Braga em 2017, de uma outra marca, Maria Fanzeres foi incumbida de alterar o conceito da fábrica. Sob a égide do lema 'Let’s Be Human Together', mudou não só o rumo da The Factory 84, como apontou ao renascimento da Xiribita. Para já, os produtos encontram-se à venda através das redes sociais, mas o objetivo é criar uma concept store que aglomere todas as marcas da The Factory 84. t

A Tajiservi está a colaborar com alunos do Modatex, apoiando-os no desenvolvimento das suas coleções de final de curso. A empresa coloca à disposição dos formandos as suas tecnologias de impressão digital, bordados, linha tingida à medida, entre outros. "A Tajiservi tem todo o prazer em apoiar o futuro da moda e as novas ideias, por isso, colocamos à disposição todas as nossas tecnologias e consumíveis, para que consigam pôr em prática todas as suas ideias e acrescentem um grande valor às suas peças únicas", explica a empresa que fornece equipamentos e consumíveis para o universo têxtil.

5,1%

é o aumento dos salários previsto para as empresas púbicas

ALEXANDRA MOURA APOSTA COM A SEAMM NO METAVERSO

'Every Wear , Everywhere!'. Foi assim que a estilista de moda revelou a sua nova parce ria com o Seamm, um marketplace guarda-roupa virtual, que permite que as peças concebidas por Alexan dra Moura possam agora ser usadas por avatares no universo digital. "Graças à magia encantadora da Seamm, estamos agora em todas as dimensões". A marca homónima de Alexandra Moura divulgou já o seu primeiro lançamento - as calças Maple Joggers e o casaco Cómoda Biker - peças que fazem parte da coleção outono-inverno 2022/23 da designer, e que foram apresentadas em Milão e no Portugal Fashion. Para Alexandra Moura, "o drop Seamm X não se limita a uma época ou momento específico. O seu apelo é eterno e os designs são inspi rados pela curiosidade e exploração”.

T 24 Fevereiro 2023
T 25 Fevereiro 2023

X DE PORTA ABERTA

Susana Bettencourt Studio Store

Rua Doutor Avelino Germano, Largo António Leite de Carvalho 24 4800-150 Guimarães

Produtos Vestuário e acessórios para mulher Público-alvo Da jovem à senhora artista mais velha, que valorizam o conforto e identidade da malha Abertura setembro 2022 Loja online susanabettencourt.com

LAMEIRINHO ABRE AS PORTAS AO TÊXTIL DO FUTURO

Integrada na rede nacional de Test Beds com a 'Textile of the Future', a Lameirinho vai apoiar o desenvolvimento de novos produtos ou serviços realizados por startups e PME portuguesas. Até 2025, disponibilizará a sua capacidade tecnológica e será incubadora de projetos-piloto nas áreas de inovação e digitalização. Atuando em parceria com o Data CoLab, a empresa esclarece que “a finalidade será impulsionar e validar os produtos/serviços”. As áreas de atuação são a inteligência artificial, realidade virtual e aumentada, materiais avançados, robótica, IoT, ciências de dados – big data e manufatura auditiva.

“O objetivo é preservar o saber fazer português”

PERA LIMA QUER AUMENTAR VENDAS AO EXTERIOR

A Pera Lima, marca feminina 100% made in Portugal criada em 2021, quer apostar na internacionalização – alinhando para isso nos canais que potenciam essa estratégia: a adesão ao programa ‘From Portugal’, da Selectiva Moda, e à AICEP, entre outras formas de atingir os seus objetivos. A aposta da Pera Lima segue também por uma análise de plataformas B2B e B2C e pela seleção de mercados de relevo como EUA.

LUÍS CARVALHO CRIA COLEÇÃO PARA A KAPORAL

O criador Luís Carvalho acaba de apresentar a sua mais recente coleção cápsula que dá uma segunda vida a sobras de tecidos e jeans usados. "Como já tinha trabalhado com ganga, foi um bom desafio para mim fazer esta recolha reciclada com o meu próprio ADN", explica. Em aliança com a francesa Kaporal e vogando em torno do tema 'desconstrução-reconstrução', a coleção é composta por 11 peças.

Uma loja eclética e com identidade

Com quatro números de porta só para si e mesmo no centro da cidade de Guimarães, a designer Susana Bettencourt não podia estar mais satisfeita com os primeiros meses de vida da sua loja própria: “abrimos em julho do ano passado, a inauguração oficial foi em setembro, e funcionou logo. Temos um público muito eclético, que valoriza o conforto e a identidade das nossas malhas”, conta a criadora ao T Jornal.

“Desde que comecei a marca que há o objetivo de ter loja própria. A ideia sempre foi ser loja à frente e atelier atrás porque temos muitos processos manuais e é importante as pessoas testemunharem isso”, contextualiza. Com a pandemia, alguns problemas transformaram-se em oportunidades: várias lojas no centro da cidade ficaram disponíveis e Susana Bettencourt arriscou deixar a periferia.

“É a cidade certa para o tipo de produto que temos, artesanais e com processos que são interessantes para um turismo cultural. Guimarães também é uma cidade viva, com muitos eventos, e uma área com muito têxtil à volta o que faz com as pessoas valorizem a malha. No Porto não fazia muito sentido abrir porque já temos representação em duas lojas multimarca onde vendemos bem”, prossegue.

A loja está organizada por coleções e por cores.

Neste momento, podemos encontrar as últimas três coleções de inverno em exposição. “O que vendemos mais são as nossas peças com jacquards marcantes e padrões identificativos. Criamos também produtos à nossa forma básicos, temos gangas e t-shirts que começam agora a ter saída. Os vestidos também funcionam muito bem”, diz Susana Bettencourt, destacando que certas peças, quanto mais se fazem mais se vendem.

A designer assegura também roupa feita por pedido, que por exigir um maior trabalho de mão é feita no próprio atelier e pode ser produzida à medida do cliente. “Não são todas, temos de ter os materiais connosco, mas se tivermos podemos por exemplo fazer um casaco mais comprido, mudar a cor...”, explica a designer. “Acontece sobretudo com as peças que apresentamos nos desfiles, que são feitas à mão. Algumas vezes fazemos por medida, outras vezes os nossos moldes estão perfeitos, fazemos também vestidos para eventos, são as peças de autor”.

Para breve está o aparecimento de um novo site, mais intuitivo e com imagens de melhor qualidade. “Fizemos um rebranding da marca que iremos divulgar nas próximas semanas”, dá conta. A identidade vai continuar alicerçada na tecnologia e modernidade em fusão com o artesanato. t

50%

das pessoas estará em regime de teletrabalho em 2030, segundo o Fórum de Ética da Católica Porto Business School

UNIFARDAS DIVERSIFICA PARA AS BATAS ESCOLARES

A Unifardas, empresa especializada em vestuário profissional, lançou uma linha de batas escolares para criança, que se destaca pelo seu design moderno e funcionalidade. Entre outros fatores distintivos estão os bolsos para guardar materiais e botões fáceis de desapertar. A coleção foi "desenvolvida com tecidos de alta qualidade, são respiráveis e leves, o que permite que as crianças se sintam frescas e confortáveis".

T 26 Fevereiro 2023
Marta Fundadora da marca Sensihemp
T 27 Fevereiro 2023 EVENTOS EXPOSIÇÕES CONGRESSOS FEIRAS STANDS 35 anos de experiência em montagem de eventos e exposições: ELEVE O SEU NEGÓCIO EM QUALQUER PARTE DO MUNDO ZONA NORTE +351 253 233 000 comercial@spormex.pt ZONA SUL +351 218 942 148 comercial.lx@spormex.pt events & exhibition s ww w.globalt endas.com +351 253 233 020 info@globaltendas.com
TENDAS PALCOS ESTRADOS MOBILIÁRIO ACESSÓRIOS

O MEU PRODUTO

XPor: Bebiana Rocha

ImpacTex

Desenvolvido pela TMG, Inovafil, PolyAnswer, CITEVE e CeNTI

O que é? Um projeto que visa a incorporação de materiais com propriedades dilatantes em fibras, fios e revestimentos que possam ser utilizados na produção de estruturas têxteis Principal Contributo: Oferecer proteção contra impactos, com aplicação nomeadamente no vestuário para motociclistas Estado do projeto Em fase de otimização e produção de protótipos

BARCELCOM INVESTE MEIO MILHÃO NA SUSTENTABILIDADE

Barcelcom, têxtil especializada em produtos de compressão graduada, investiu meio milhão de euros em 2022 para se tornar uma empresa ainda mais sustentável e competitiva. A opção foi portanto a de dirigir os investimentos para as áreas da energia e da maquinaria de última geração. "Desde há uns anos, a empresa tem vindo a desencadear uma pequena revolução na sua cadeia produtiva com o objetivo de se tornar uma indústria que se baseia no conceito de economia circular", refere Nuno Mota Soares, project & business manager

Um blusão que impactosabsorve

Desenvolver vestuário de proteção com propriedades dilatantes e resistência ao impacto é o grande objetivo do consórcio TMG, Inovafil, PolyAnswer, CeNTI E CITEVE, no âmbito do projeto ImpacTex.

Com data de término prevista para maio deste ano, o blusão tem como público-alvo os motociclistas: “o problema dos protetores que existem no mercado é que oferecem pouca flexibilidade e conforto ao utilizador. A ideia é desenvolver um blusão com proteção integrada que absorva o impacto e proteja os motociclistas, sobretudo na zona dos cotovelos, costas, ombros e, no caso de todo o terreno, o peito”, explica Lúcia Rodrigues, do departamento de Tecnologia e Engenharia – Materiais e Estruturas Têxteis do CITEVE. O projeto envolveu toda a cadeia, desde a formulação polimérica à peça final.

A PolyAnswer foi responsável por trabalhar as formulações poliméricas que vão dar origem aos fios, sendo aqui que reside o principal fator inovador. “A PolyAnswer dedica-se ao desenvolvimento e produção de fluído não newtoniano com excelentes propriedades de absorção de impacto”, diz Pedro Pinto, Chief Executive. “O nosso material dilatante foi a base de todo o desenvolvimento. A sua utilização na produção de fibras e fios dilatantes para a produção de estruturas têxteis funcionais capazes de diminuir a energia transmitida no impacto bem como a utilização do fluído no revestimento de estruturas têxteis pela tecnologia Hotmelt e Coating foi conseguida graças ao desempenho do CeNTI e CITEVE”, descreve.

O CENTI prestou ainda apoio no I&D de formulações poliméricas à base de fluído dilatante, e desenvol-

ver (I&D) fibras e fios obtidos por extrusão utilizando as formulações desenvolvidas, e o CITEVE “no desenvolvimento de fios com propriedades dilatantes, coatings de base aquosa e estruturas têxteis. I&D de coatings de base aquosa e estruturas têxteis para proteção ao impacto do blusão para motociclismo e caracterização das soluções obtidas, nomeadamente de proteção ao impacto e à abrasão”, conta Lúcia Rodrigues. Quanto à Inovafil atuou ao nível da retorção dos fios: “Trata-se de um projeto de elevado potencial e complexidade”, refere o administrador Rui Martins. “O maior desafio do projeto é incorporá-los no substrato têxtil. A Inovafil irá testar a produção de fios fiados, os quais terão misturadas fibras produzidas pelo CeNTI, com o fluído incorporado”, explica. A TMG, promotora líder do projeto, foi preponderante no desenvolvimento da estrutura têxtil e prototipagem do blusão, em conjunto com o CITEVE. “Já trabalhamos nesta área, temos clientes no motociclismo e é importante em termos de valor acrescentado. O projeto foi desafiante, sobretudo, na incorporação de um fluido num fio, que por si só é volátil e complexo de conseguir”, conta Pedro Silva, R&D da TMG Textiles. “Estamos a garantir a parte final da operacionalidade de obter o fluído dilatante nos fios e ver como irá funcionar no mercado”. “O blusão é apenas um modelo demonstrador”, refere: a tecnologia “pode ser exponenciada a qualquer tipo de produto e aos segmentos das forças de intervenção, desportos de alto impacto ou mesmo no campo da saúde”. A ideia já foi apresentada em novembro passado, por ocasião da ISPO Munich. t

FAFEDRY SOMA A TINTURARIA À PROPOSTA DE VALOR

Conhecida desde 2007 como especialista em serviços de lavandaria e acabamentos, a Fafedry acrescentou agora a tinturaria à sua proposta de valor para empresas de vestuário, seamless e têxteis-lar. No seu ADN, refere a empresa, estão inscritos agilidade, foco, e inovação, necessários para o novo desafio. Em 2021, a empresa terminou um ciclo de investimento de aproximadamente dois milhões de euros: instalou equipamentos produtivos topo de gama, tendo como objetivo garantir a qualidade do serviço, a racionalização industrial e uma atividade ambientalmente mais responsável.

RIOPELE QUER SER NEUTRA EM CARBONO EM QUATRO ANOS

A Riopele anunciou o compromisso de se tornar operacionalmente neutra em carbono até 2027, o que se propõe atingir através de um conjunto de medidas e projetos tendentes a que todas as operações da empresa tenham um impacto ambiental nulo. Durante a última década a têxtil de Famalicão tinha já investido à volta de 35 milhões de euros nas áreas da transição digital e sustentabilidade. Recorde-se que a data em causa coincide com o 100º aniversário da empresa.

5% é a diminuição do consumo de gás em Portugal previsto para 2023

ANTÓNIO SALGADO COM NOVAS FIBRAS SUSTENTÁVEIS

A António Salgado acaba de apresentar ao mercado novidades sustentáveis feitas a partir de naia e circulose, duas fibras novas naquele segmento. A empresa especifica que a naia é uma "fibra circular biodegradável feita a partir de resíduos de difícil reciclagem desviados dos aterros” e a circulose é "uma nova matéria-prima produzida extraindo a celulose presente no algodão do vestuário descartado".

T 28 Fevereiro 2023
“Mais que negócios de proximidade, são precisos negócios inovadores”
Diretora executiva da ATP

Todos sabemos umas coisas.

U O L L N F Q L O N J

C L I P P I N G D M U L F M Z Z X M M R R A I E A R

F O N H Z U K H E A V Y U S E R B P K E V V N I M K

M G Q H O A I E S R G T D V C J R A O N I L G M E I

R O I S C Y I X M G Z I E W O P I C F E A F V P N N

E T S B T H N E E H Q C A G N D E T Z S W Q Q R T G

T I N K E I S J D F Y S D E C C F O V S Q T B E O P

B P J H A E I D I R U Z L M E L I B M G R A P N L C

R O I H S U G U A U P E I H I A N J K C V V B S 2 J

M I Q H E A H E S R G T N V T I G E O O I L M A S B

Mas para aprofundar estes temas, em prol dos benefícios para a sua marca, contate-nos: nomore.pt

EVENTOS | EVENTOS DIGITAIS E HÍBRIDOS | DESIGN | PUBLICIDADE CAMPANHAS DIGITAIS | GESTÃO DE REDES SOCIAIS ASSESSORIA DE IMPRENSA | APOIO À GESTÃO DE PROJETOS COFINANCIADOS info@nomore.pt (+351) 225 100 752 | Porto, Portugal

T 29 Fevereiro 2023 G N I S I D A H C
E M A P E N G A G E M E N T N E O
E E I L H S A C I R T É M P
O D O A Z C U J Z D U E H A
C
A L M E D I A N N G U R
E H T L T T Q I B R E
D B U F W R E P O R T
I R S Z W W Q G A G I O
A N Ú N
R E T E A A S W E N N N S R N
R U Z R C N Z N B A G I A S S L G
K U T P P A R A T P D J K D V V T E P N
O A I E S R D T H M O J I E N O S L O S O B O
U T K A T M B Q F E E D B A C K P
M O C K U P M I H W R P S Z N A I U N O R S S E
L Z N H S H T H B M N I B O D Y C O P T R C C
C
P
B S T A G H N P M U F A A F E I I H
E A H Q N P A G E V I E W S Q L A O M
A
A F I N I D
R
E J P U B L I C I D A D
A N T O N E L O P O S
R I M T I A I I P V S O
I
J H F I D E L I Z A Ç Ã O Y G
E G A P G N I D N A L G O W E
T S S B T H U E A H Q E A G V
R
C I O F Y E K A T P G Q J A Z P Y O I N Ã I H I B R A I N S T O R M M C L A R T E F I N A L T A R G E T O P O F M I N D D O A L L T Y P E R U I E E S T R A T É G I A D E C O M U N I C A Ç Ã O A T S Y P Ú B L I C O A L V O M R S F R Z X O X Q S E A E V E N T O S Q Z H L C Y L A P L Z F J T H G Q J M
B K J C K E R D M
F V I D E O
M I Q F
E D I V F L A Y O
I
M H M
R Z N O
Y
X
K N O W H O W
T R N U T O P S V T Y
T
A D E L D N A
Há mais de 17 anos a falar destas e de outras coisas.

MANGO E INDITEX DIVERGEM NO MERCADO PORTUGUÊS

Numa altura em que os conglomerados internacionais estão a tentar afinar as suas estratégias industriais, a Mango e a Inditex, concorrentes entre si, oriundas do mesmo país e clientes tradicionais da indústria portuguesa, divergem nessa resposta.

A Mango anunciou há pouco que são já 67 as empresas portuguesas que fornecem a gigante espanhola. A lista inclui pesos pesados do made in Portugal como a TMG Textiles, Endutex, Louropel, JF Almeida, Fitexar, Filasa, Gulbena, Trimalhas, Vilartex, Mundifios, Somelos, António Salgado, Otojal e Polopiqué. A lista que vem confirmar o peso crescente da produção portuguesa na oferta da gigante da moda, reforçando ao mesmo tempo o papel cada vez mais central da indústria portuguesa como hipótese de nearshoring na

fileira têxtil.

Do outro lado está a Inditex. A (ainda mais) gigante galega da distribuição tem vindo a diminuir a sua exposição à produção externa na sequência da alteração das cadeias de abastecimento potenciadas pela pandemia e pelas tensões sociais nos mercados asiático. Há um ano (os valores de 2022 ainda não são conhecidos), o volume de negócios nas suas fábricas próprias aumentou 50% face a 2020, para 1.170 milhões de euros. Inevitavelmente, uma parte deste crescimento resultou numa consequente diminuição da receitas de diversas empresas portuguesas. O aumento do volume de negócios nas suas unidades de produção (atualmente dez fábricas, todas localizadas na Galiza). t

TÊXTIL INDIANA QUER SER PARCEIRA DA UNIÃO EUROPEIA

A Índia prepara-se para ser uma alternativa à China no fabrico e vestuário e a Confederação da Indústria Têxtil Indiana (CITI) apresentou ao governo um ambicioso plano de investimentos com o objetivo de criar condições para o sector responder às exigências de sustentabilidade e rastreabilidade exigidas para poderem exportar para a Europa. A CITI espera que esses objetivos sejam acomodados no orçamento 2023-24 da Índia – designadamente com a

criação de um plano de incentivos às empresas que se proponham exportar para o bloco dos 27.

Internamente, o cluster têxtil quer também que o governo dê prioridade à criação do Fundo Nacional Têxtil, com o objetivo de financiar e promover investimentos na pesquisa e no desenvolvimento de nova tecnologia para a indústria têxtil e do vestuário. Recorde-se que, em outubro passado, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi,

VOUZELA INTERPRETA CULTURA DO LINHO E DO BUREL

ANTARTE CELEBRA 50 ANOS DO EXPRESSO

anunciou um plano global de investimentos e apoio à rápida instalação de grandes empresas no território indiano, que pretende posicionar o país como complemento à produção na China. A conetividade, infraestruturas, estruturas logísticas e de mobilidade são a grandes apostas. Mas a Índia conta com uma poderosa vantagem em relação à China: é que uma parte muito importante da população fala inglês, o que não acontece com o Imperio do Meio. t

A tradição e ancestralidade têxtil ganharam um novo espaço, com a inauguração do Centro de Interpretação do Linho e do Burel da Serra do Caramulo. Fica no concelho de Vouzela, na antiga escola primária de Sacorelhe. Denominado Tear, o novo espaço museológico acolhe salas especificas dedicadas ao linho e ao burel. A primeira mostra a história do linho, o processo de fabrico das peças e os instrumentos relacionados com a sua produção. Por sua vez, a sala dedicada ao burel coloca em evidência a capucha caramulana, um dos trajes mais representativos da utilização daquela matéria-prima.

O banco ‘Expresso with Antarte’ resultou de uma parceria única entre as duas marcas e permitiu a criação de uma peça de arte urbana que ficará como a tradução criativa dos primeiros 50 anos do jornal. Desenhado pelo Antarte Design Center, a empresa liderada por Mário Rocha, gastou 180 horas na sua criação. Os materiais para a produção do banco foram pensados ao pormenor sendo utilizadas como matérias-primas a madeira e o aço. t

Ana Roncha Especialista em marketing de moda

AS CINCO TECNOLOGIAS AMIGAS DAS EMPRESAS

São tendências tecnológicas que grandes empresas por todo o mundo estão a adotar e que a Unlimit (antiga Acredita Portugal) está convencida que podem ajudar também as empresas portuguesas. Inteligência artificial, blockchain, descarbonização, trabalho híbrido e cibersegurança são termos que se devem tornar familiares. Embora há muito já incorporado no domínio têxtil, o tema da descarbonização é dos que merece mais destaque: “Será o ano em que, mais do que a criação de políticas que encorajam a implementação destas medidas, será obrigatório o seu cumprimento”, frisa a empresa.

1,7%

do PIB foi investido em I&D em Portugal, em 2021

SECTOR DA MODA BENEFICIA COM A ECONOMIA CIRCULAR

A moda é um dos sectores que mais poderá beneficiar com as práticas relacionadas com a economia circular, conclui uma análise feita pela AICEP e pelo FutureCast Lab, do ISCTE. O estudo aborda ainda a interligação entre os conceitos de economia circular e a produção de vestuário. O estudo dedica ainda uma parte à importância das vendas através das redes sociais, “que têm vindo a tornar-se muito significativas no sector do vestuário. E destaca que “as vendas globais através de social commerce deverão aumentar de 500 mil milhões de euros em 2021 para 1,4 mil milhões em 2025”. A AICEP tem no ativo o projeto Tendências em Gestão e Marketing Internacional, desenvolvido em colaboração com o FutureCast Lab do ISCTE.

T 30 Fevereiro 2023
“A pandemia foi uma das crises mais transformadoras que a indústria da moda enfrentou”

EMERGENTE M

Por: Maria Monteiro

Família Vive com o marido, Joel, as filhas Luana e Lara (6 e 3 anos) e a companhia do Zini e da Kira, o gato persa e a cadela a merican staff Formação Tecnologia da Informação multimédia, no ISMAI Casa Moradia em Gaia (“construímo-la nós, fui eu que desenhei”) Carro Nissan Micra Portátil HP Telemóvel Xiaomi 12t Pro Férias “Fugimos para um sítio perto” Hobbies Ir para casa e brincar com as filhas Regra de ouro Aproveitar a família ao máximo

A Luana é a culpada disto tudo

Como a maioria dos jovens com dezoito anos, Sílvia Almeida não vislumbrava como fácil ou óbvio o rumo da sua carreira. “Eu e um primo, que trabalha hoje comigo, já tínhamos o projeto bem definido de que íamos abrir a nossa clínica veterinária”. Mas aconteceu um primeiro percalço: na incerteza de que caminho percorrer, acreditou nos testes psicotécnicos e deu início ao seu percurso no mundo das artes.

Não estando o espírito do empreendedorismo presente no seu núcleo familiar – os pais sempre foram aquele típico casal tradicional que trabalha a vida toda na mesma coisa – sair fora da caixa e arriscar foi meio caminho andando para o sucesso futuro. Os primeiros passos foram dados como designer gráfica, sendo freelancer em várias empresas. Mas o mindset mudou quando soube que estava grávida: algures em 2015, quando surgiram as preocupações na decoração do quarto da primeira filha, começou a desenhar coisas que na altura não encontrava no mercado e que fossem de encontro com o seu gosto pessoal: quadros, roupa de cama, bodies, alcofas, berços. Os esboços foram-se acumulando aos poucos, as coleções surgindo, até chegar a altura certa. E é então em 2020, pouco tempo depois de a pandemia ter começado, mais concretamente dia 1 de junho, Dia Mundial da Criança, que é lançada a marca Mrs. Ertha.

Dúvidas de que foi a filha Luana, que agora vai fazer seis anos, a grande impulsionadora do negócio (ainda antes de nascer), a mãe não tem. E foi novamente a Luana que decidiu dar mais um empurrão: numa altura anterior ao Natal, a filha queria ser presenteada com uma boneca que a representasse e que fugisse do típico padrão de beleza. Foi então que “pela primeira vez nos deparámos com essa pura e dura realidade: a falta de representatividade, que teve impacto na nossa filha”. “Fui para casa e foi daí que surgiu a ideia das Loretas”, as bonecas que vieram colmatar essa lacuna da falta de diversidade que existia no mercado, e que fizeram explodir a marca.

Hoje, a Mrs. Ertha é conhecida como uma marca de lifestyle para crianças, centrando-se nos acessórios, brinquedos e em alguns apontamentos de roupa. Toda a parte criativa passa pela Sílvia, que trabalha juntamente com fornecedores portugueses da área têxtil, mas também recorre à China e à Grécia. A preocupação pelo meio ambiente também está bem assente nos princípios da marca, que opta sempre por escolhas mais acertadas. “O nosso kit de banho, é composto por escovas de cabelo de pele de cabra 100% natural, e a nossa esponja de banho é colhida tradicionalmente nos mares da Grécia, é assim que eles fazem a preservação dos corais”, conta a CEO e fundadora da marca.

Ao olhar para o crescimento da sua marca, Sílvia Almeida considera-o como algo de natural: mais que planeado, foi uma necessidade própria que acabou por ser a catapulta para o sucesso. Partiu “de um lugar de amor”, como a própria o descreve. Numa perspetiva de futuro, o que Sílvia deseja atingir é um patamar confortável e de continuidade face ao caminho que percorreu até agora – para um dia as suas filhas terem asas para fazerem aquilo que quiserem. t

T 31 Fevereiro 2023
FOTO: RUI APOLINÁRIO

VERDE a 1,5 milhões

de euros foi o investimento da Têxteis Penedo para a instalação de painéis solares

DAS ETIQUETAS DA BOOTANI KIDS NASCEM FLORES

Para a Bootani Kids a sustentabilidade é assumida até às últimas consequências. Tanto que até as etiquetas são para lançar à terra e delas nascem flores. “Não há plásticos na nossa produção, todas as embalagens e envelopes são em cartão e papel reciclado e com atividades para as crianças”, explica Rita Domingues, fundadora da marca.

O conceito de sustentabilidade da Bootani estende-se também à resistência e durabilidade das peças. “O propósito é que as crianças vivam o mais possível em contacto com a natureza, e isso exige peças duráveis e resistentes. Os critérios de qualidade dos tecidos e da confeção têm que ser muito apertados”, avança a também criadora, que conta com a experiência de mais de uma década ao serviço de empresas do sector.

Quanto às etiquetas, explica que são feitas em papel reciclado que incorpora sementes. As instruções são para que seja rasgado em pedacinhos e lan-

çados na terra, donde nascerão flores. “Para envolver as crianças e criar o gosto pela natureza, o conselho é que sejam elas a pô-los num vasinho com terra. Depois é regar e esperar algumas semanas e começam a nascer flores brancas”, explica.

Mas não só as etiquetas. Também os envelopes não são para lançar ao lixo, contendo

R-COAT: DE GUARDACHUVAS A ROUPA

Desde 2021, 2172 guarda-chuvas foram salvos do desperdício pela R-Coat, uma marca de moda sustentável portuguesa, que transforma os tecidos dos guarda-chuvas em bolsas, casacos e chapéus. Disponíveis online e com produção sempre executada à mão por uma equipa de cinco costureiras e desenvolvida com matérias-primas reaproveitadas, a R-Coat depende dos materiais recolhidos em 30 pontos de recolha de guarda-chuvas espalhados por Portugal. Em Lisboa, a recolha é feita pela empresa. Nos outros pontos espalhados pelo país, a recolha é realizada pelos Umbrella Heroes, os voluntários que colaboram com a empresa. Com sede em Lisboa e fundada por Anna Masiello e Yasmin Medeiros, a sustentabilidade e o upcycling da R-Coat estão igualmente presentes na fase de envio, pois as caixas são reutilizadas ou recicladas e recicláveis e utilizam tinta natural e artesanal.

sugestões para que as crianças se envolvam em atividades com os seus cuidadores. Desenhos e propostas para recortes, puzzles, colagens ou pinturas. Na Bootani Kids tudo é concebido com foco na sustentabilidade e no ambiente. Até o nome, que evoca o estilo botânico e natureza que, a par das crianças, são as grandes paixões de Rita Domingues. t

PROJETO PILOTO EVITA 1,6 TONELADAS DE DESPERDÍCIO

BIOFABICS

Com o mote “eliminar o sacrifício dos animais e tornar a indústria da moda mais eficiente e animal-free”, Furoid – da spin-off portuguesa Biofabics graduada da UPTEC (Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto) – visa produzir folículos capilares de humanos, pelo de espécies em via de extinção e lã para tornar a indústria da moda animal-free.

É a partir da biópsia dos animais que uma grande quantidade de células de pele é produzida

QUER PRODUZIR

LÃ EM INCUBADORAS

o que, por sua vez, origina pelo através de um processo natural, ainda que aconteça no laboratório em incubadoras de grande dimensão e sem sofrimento ou morte de animais.

Com vários intervenientes, a spin-off portuguesa foca-se no organ-on-a-chip (um biorreator) que simula o ambiente em que se encontra um tecido ou órgão humano. A par da Biofabics que otimiza a cultura celular automatizada, o projeto conta com

mais dois parceiros europeus: o parceiro holandês que se debruça sobre a manipulação genética de células e o parceiro checo que produz membranas muito específicas onde é possível colocar estas células e fazê-las crescer.

O projeto Furoid arrancou em novembro do ano passado e nos objetivos dos próximos cinco anos consta a produção em grande escala e ultrapassar o desafio dos custos de produção destes materiais. t

Integrado na iniciativa ToBeGreen, o projeto piloto ‘Se não vestes, Valoriza!’ juntou 19 escolas do concelho de Leiria para recolher peças de vestuário e já evitou o desperdício de 1.635,28 quilos de roupa. O projeto coloca, nas diversas escolas envolvidas, um ponto de recolha para depositar os materiais têxteis que, posteriormente, são recolhidos e processados pela ToBeGreen. Essa triagem separa a roupa em bom estado para ser reutilizada e doada, das peças em fim de vida de acordo com o tipo de tecido e cores para que se tornem fio ou feltro.

T
MUNDO
“A Lameirinho já tem lençóis com misturas que incluem fibras de laranja"
Paulo Coelho Lima
32 Fevereiro 2023
CEO da Lameirinho
“Ser esteticamente atraente e inovador, criar emoção e ter responsabilidade ambiental e social não pode ser incompatível”
Paulo Coelho Lima CEO da Lameirinho
T 33 Fevereiro 2023

SERVIÇOS ESPECIALIZADOS

BInvulgar - Artes Gráficas

Rua da Fonte Nova 1 Lt. 21

4560-164 Penafiel

O que faz? Todos os serviços de artes gráficas, desde a impressão aos acabamentos Fundação 1996 Página Online invulgar.pt

GRUPO IMPETUS CRESCE QUASE

25% EM 2022

O grupo Impetus fechou o exercício de 2022 com um volume de negócios da ordem dos 50 milhões de euros, quase mais 25% que os 42 milhões do ano anterior. “Os dois últimos anos foram muito positivos para o grupo: a pandemia fechou as pessoas em casa e a roupa interior e de desporto passou a ser muito procurada”. A marca própria do grupo representa cerca de 35% do volume de negócios, sendo o restante private label. As exportações são, por seu lado, o destino de quase 100% da produção. Os mercados francês, alemão, espanhol, dinamarquês, finlandês e norte-americano são os que merecem destaque no portefólio do grupo.

Uma forma invulgar de imprimir

A empresa Invulgar Artes Gráficas, fundada em 1996 e situada num parque industrial da cidade de Penafiel, é uma gráfica comercial clássica “igual a tantas outras”.

A Invulgar nasceu pequena, “mas com o passar do tempo foi crescendo até se tornar numa empresa de certa magnitude, graças ao serviço e qualidade que oferecem”, como diz ao T Jornal o seu diretor comercial, Abílio Soares. É óbvio, diz, que quanto mais cresce uma empresa, maior é o nível de exigência. José Dias, igualmente administrador, que valoriza especialmente a qualidade, confia nos seus profissionais, “que sabem da forma como fazer as coisas até ao último detalhe”.

Um administrador e um diretor comercial não têm de ser necessariamente amigos para levar por diante com êxito uma empresa, mas tão pouco é uma desvantagem que o sejam de facto. Bem pelo contrário!

A história das empresas está cheia de casos em que as animosidades internas acabaram por ditar o fim prematuro de organizações empresariais – mas, ao contrário, não são muitos os exemplos de empresas que fecham as portas por serem geridas por amigos. José Dias, administrador e Abílio Soares, diretor comercial, são um bom exemplo disso, reforça a Invulgar – que neste capítulo cumpre o seu nome: é invulgar.

Ambos contam que há mais de 30 anos que mantêm uma grande amizade, que começou quando ambos, na mesma altura e na mesma gráfica, iniciaram a sua aprendizagem no ofício. Mesmo na hora aguda de decidirem as suas vidas quando a gráfica onde trabalhavam cessou a atividade, unidos pelo mesmo pensa-

mento e vontade, afirmaram essa amizade e, associados a outros colegas, montaram a sua própria empresa.

Apesar das dificuldades iniciais – “e muitas foram”, salienta a dupla – nunca o ‘duo dinâmico’ deixou de lutar lado a lado, aliados no mesmo desafio. E mesmo nos momentos em que o ambiente interno da empresa foi de algumas incompreensões e sofreu algumas mudanças, foi sem ressentimentos e sempre com grande espírito de cooperação, compreensão e amizade que alteraram na empresa o que tinha de ser alterado.

“Em mais de 30 anos que levamos trabalhando juntos, não me recordo de alguma vez termos brigado a sério”, comenta José Dias. E Abílio Soares concorda. “É óbvio que nem sempre estamos de acordo, mas a maioria das vezes encontramos rapidamente solução”, diz Abílio Soares, acrescentando: “para nós é algo natural pedir a opinião um do outro.

Considerados autênticos profissionais da indústria gráfica com valiosos conhecimentos técnicos do sector desde a impressão ao acabamento, burilados por anos de afinco na profissão, aliam ao saber o bom senso, a prudência, o esforço e o sacrifício para responderem aos problemas que o funcionamento imperfeito do mercado e da economia provocam no dia-a-dia das empresas.

Conscientes das suas responsabilidades como impulsionadores do desenvolvimento da Invulgar, a sua amizade de longos anos “vividos com o coração e a razão”, levá-los-á sempre a estar em perfeita sintonia no projeto que abraçaram, cada um contribuindo para o êxito da empresa. t

CAP_ABLE: CRIA O ROUPEIRO DOS ESPIÕES

A coleção ‘Manifesto’, da Cap_able, estreia da start-up italiana, inclui tops, sweatshirts, calças, camisas e vestidos que exibem um padrão – “adversarial patch” – projetado através de algoritmos de inteligência artificial (IA) para confundir o sofware de reconhecimento facial. O “adversarial patch” exibe duas possibilidades: ou as câmaras não conseguem identificar o utilizador ou pensam que o utilizador é um dos animais embutidos no padrão. “Estamos a criar peças de vestuário que dão uma possibilidade de escolha. Não estamos a tentar ser subversivos”, explica Rachele Didero, CEO da Cap_able.

50%

das micro e PME tem site mas apenas 33% faz vendas lá

ETMAD SUPERA AS EXPECTATIVAS DA TROFICOLOR

Entre 31 de janeiro e 2 de fevereiro, a Troficolor esteve pela terceira vez na ETMad, em Madrid, onde apresentou a nova coleção SS24. Com a recriação sustentável de bases já existentes e utilizando tecidos de coleções anteriores, o objetivo foi dar a conhecer os produtos da empresa e fortalecer a sua presença no contexto internacional. “Os resultados da participação nesta edição superaram as expectativas, além de reforçarmos os laços com os nossos clientes habituais”, conta Carlos Serra, CEO da Troficolor, ao T Jornal.

T 34 Fevereiro 2023
“Queremos continuar a fazer coisas novas e a estar na linha da frente”

OPINIÃO OPINIÃO

O ANO EM QUE O PRR TEM DE CHEGAR À ECONOMIA

Por mais bem informados que estivéssemos ou por mais imaginativos que fossemos, nenhum de nós poderia antecipar um ano como o de 2022. Até a guerra voltou à Europa com a invasão da Ucrânia pela Rússia - martirizando o povo ucraniano - e com ela sofremos o monumental impacto provocado por esta agressão. O conflito infetou rapidamente a economia global e elevou a inflação a um nível como já não havia registo em Portugal há três décadas: a rondar os dois dígitos.

O ano que terminou foi de grandes incertezas e dificuldades para os empresários. Vimo nos confrontados com a escalada do preço do gás natural, da eletricidade e dos combustíveis - na verdade, a subida atingiu a generalidade da estrutura de custos. A estas alteração súbita e profunda juntou-se o abastecimento intermitente de matérias-primas e a escassez de mão de obra, o que causou grandes dificuldades de produção.

Olhando para os valores agregados de 2022, para Portugal até poderia parecer que a situação é positiva, com o Governo a estimar um crescimento de 6,8%, com a dívida pública a cair e o défice orçamental a reduzir-se. A resiliência do mercado de trabalho foi mesmo um aspeto determinante para ultrapassarmos o impacto da Covid 19, com o desemprego a baixar até aos 5,9%. Contudo, nos últimos meses tem havido uma deterioração e o INE acaba de anunciar que, em novembro, o desemprego já tinha subido para os 6,4%. Certamente um sinal a ter em conta.

Mas o número relativo do PIB e o brilharete com as finanças públicas, bastante empoladas pela inflação, não podem fazer esquecer que Portugal foi dos países que mais caiu em 2020 -menos 8,4% do PIB, por efeito muito pronunciado dos confinamentos e da quebra da mobilidade e, consequentemente, do turismo. Mais: sabendo-se que a Covid-19 constituiu um choque exógeno que afetou o mundo inteiro, as respostas foram diferentes de país para país, com esforços orçamentais distintos, o que implicou que as economias recuperassem a diferentes velocidades.

Num relatório recente do FMI, confirma-se que, entre as economias avançadas, Portugal foi dos países onde os apoios públicos revelou-se mais limitada. O FMI reporta um contributo de 5,7% do PIB de 2020 em Portugal, enquanto a média da UE foi de 6,7%, tendo Espanha atingido os 14,4% e a França aos 15,2%. No nosso país, as empresas foram empurradas para moratórias e novos instrumentos de dívida, ainda que com garantia de Estado, que agora são particularmente penalizadoras por causa do aumento das taxas de juro.

A verdade é que Portugal não sai bem deste período e continua a deixar-se ultrapassar na União Europeia por outros Estados-membro, sem aumentos significativos de competitividade, com as empresas a esforçarem-se por resistir e sem a possibilidade de aumentos sustentáveis de rendimentos. Portugal não precisava apenas de recuperar da Covid-19, tinha mesmo necessidade de se transformar - infelizmente, 2022 não foi o momento da viragem necessária. Tenho a convicção profunda de que Portugal não pode assistir passivamente à confluência dos fatores exógenos desde o impacto da Covid-19 às consequências da Guerra na Ucrânia e não reagir em relação ao que estruturalmente está mal no nosso país e atrasa o desenvolvimento.

Assumidamente, o Acordo de Competitividade e Rendimentos assinado no início de outubro pelo Governo, as Con-

federações Patronais e a UGT constituiu um instrumento de política económica e social muito importante. O compromisso plasma uma série de matérias estruturais para o país e transmite uma mensagem tão positiva como relevante: a estabilidade e previsibilidade das políticas públicas e a sua coordenação com os agentes económicos são fatores diferenciadores essenciais. A concertação social surte e/surtiu efeitos e deve ser tida como essencial no processo do nosso desenvolvimento coletivo.

Apesar desta evolução, constatamos que a perturbação social voltou a agravar-se. Todos os dias, cidadãos e empresas são confrontados com greves e anúncios de greves que paralisam serviços públicos e parecem ter uma motivação sistemática que extravasa a defesa direta do interesse dos trabalhadores e não contribuem para a recuperação da economia.

Pela parte da CIP, as questões estão claras e sabemos exatamente quais os problemas que se colocam às empresas portuguesas e as políticas públicas necessárias. A inflação e as taxas de juros, o PRR e o PT2030, as condições do mercado de trabalho, o Acordo de Competitividade e a reforma da Administração Pública são elementos essenciais a ter em conta para que a economia nacional retome a convergência com a UE.

Dentro de algumas semanas termina o mandato dos atuais órgãos sociais da CIP e termina também este ciclo de 12 anos em que tive a honra de presidir aos destinos da Confederação Empresarial de Portugal.

Foram 12 anos de grandes mudanças em Portugal e no mundo. Estamos hoje mais fortes e penso que posso afirmar que a CIP esteve sempre do lado certo da história, esteve sempre à altura das suas responsabilidades e com um posicionamento pró-ativo em defesa da iniciativa privada, das empresas e do desenvolvimento do país. A essência da CIP, enquanto parceiro social, vai muito além de uma definição legal e orgânica: somos a voz das empresas portuguesas, apresentamos projetos e assumimos posições com peso na estratégia de desenvolvimento do país.

Sempre defendi o associativismo, designadamente o associativismo empresarial. É através da Confederação Empresarial de Portugal e das suas pessoas e equipas, a quem devo um justo agradecimento e em diálogo franco e construtivo com as outras confederações patronais que melhor defendemos as posições determinantes sobre o enquadramento económico do país, a liberdade de iniciativa e de escolha, a competitividade do país e o seu posicionamento em termos globais. A CIP soube afirmar-se internamente e é respeitada internacionalmente. O nosso envolvimento e peso nas organizações europeias a que pertencemos atesta esta nossa força e empenho.

Muito fizemos nestes 12 anos, e aproveito para agradecer o esforço e dedicação de todos, seja como empresários, seja como parte integrante desta grande organização que é a CIP. Fizemos o que devíamos, mas Portugal está ainda longe de ser um país amigo das empresas e atrativo para o investimento. O legado que deixo, que quero deixar, é também este ânimo forte para que a CIP, as suas mulheres e homens, continuem a lutar pelas empresas, pelo desenvolvimento do país e pelos trabalhadores. Estarei, como sempre estive, ao vosso lado nestas batalhas tão difíceis como essenciais para a liberdade económica e para o futuro de Portugal. t

T 35 Fevereiro 2023
“Portugal continua a deixar-se ultrapassar na União Europeia por outros estadosmembro, sem aumentos significativos de competitividade”

SUSTENTABILIDADE: UM DESAFIO TORNADO OPORTUNIDADE

A produção de algodão é um processo pouco sustentável e acarreta vários perigos para a natureza. Anualmente, são produzidas cerca de 26 mil toneladas de algodão, que exige o consumo excessivo de água e de pesticidas. A indústria têxtil, como uma das principais consumidoras deste tipo de fibra, procura constantemente a redução da sua pegada ambiental.

A equipa da Fibrenamics debruçou-se sobre esta problemática e identificou três possíveis caminhos para fazer frente a esta problemática: a utilização de fibras emergentes alternativas; a reutilização do desperdício de algodão durante o processo produtivo, numa ótica de economia circular; e a otimização da produção com recurso à manipulação das estruturas.

Foi neste contexto que surgiu o projeto TerryPlanet, em colaboração com a Mundotêxtil, que reflete a aplicação desta filosofia à produção de felpos. Este projeto resultou na criação de cinco protótipos de felpos inovadores.

O primeiro trata-se de um felpo desenvolvido com recurso ao desperdício obtido durante as etapas produtivas. O desperdício foi mecanicamente tratado e aplicado na produção de um fio que seria posteriormente utilizado na produção do felpo. A estrutura desenvolvida é constituída por 50% de material reciclado e 50% de material virgem e consegue igualar a performance de um felpo constituído integralmente por matéria virgem. Deste modo, conseguiu-se através de estratégias baseadas na circularidade dos materiais diminuir a utilização massiva de matéria-prima virgem.

Foram, também, desenvolvidos dois felpos com recurso a fibras emergentes alternativas. A seleção das fibras teve por critério de seleção o impacto ambiental do seu cultivo. Neste sentido, foram desenvolvidas duas estruturas diferentes, sendo uma delas constituída por 100% Aloé Vera e a outra por 84% Algodão Penteado/Bambu e 16% Tencel/Cânhamo.

Por fim, foi otimizada a produção com recurso a uma menor quantidade de matéria-prima sem comprometimento da sua durabilidade. Para tal, recorreu-se a técnicas de engenharia estrutural. As manipulações levaram à construção de mais dois tipos de felpos com igual desempenho aos comummente desenvolvidos, mas com recurso a uma menor quantidade de matéria-prima, mantendo índices de durabilidade equiparáveis ou até 20% superiores.

O projeto TerryPlanet oferece alternativas mais sustentáveis e amigas do ambiente. Um dos seus principais benefícios passa pela possibilidade de colocar no mercado produtos que permitam reduzir o consumo de algodão.

Num mercado pautado por consumidores altamente informados e ambientalmente conscientes, vivenciamos um momento histórico de mudança para o paradigma da indústria nacional. Indubitavelmente, a sustentabilidade empresarial é uma tendência que progride a passos largos para um requisito do mercado. t

QUANDO JUNTAMOS A ACADEMIA COM A INDÚSTRIA…

Quando juntamos a Academia com a indústria procuramos tentar perceber como é que esta aliança pode ser sustentada e duradoura. Entender quais são as necessidades da Indústria para direcionar essas preocupações à formação de novos perfis de diplomados, capazes de integrar o quadro de profissionais e especialistas que as empresas procuram, deve ser uma das principais preocupações das Instituições de Ensino Superior (IES).

Esta aliança, à qual são chamados diversos players da Moda, ao longo dos últimos dois anos, foi ganhando alguma consistência quando num único evento se debatem temas que interessam a todas as partes. Que competências são esperadas dos Designers de moda, recém-licenciados, para que a indústria, o meio profissional, os integre e reconheça a mais-valia da sua colaboração? Esta e outras questões têm sido discutidas em diversos painéis de especialistas da ITV das duas edições do Simpósio do Ensino da moda e a ITV.

A primeira edição, realizou-se na Universidade Lusófona, na cidade do Porto, onde a maior representatividade da ITV se verifica e onde associações, empresas, e outras instituições se encontram. Esta edição desvendou um conjunto de informações tão pertinentes que despoletou a necessidade de uma 2ª edição. Não foi preciso avançar demasiado no painel da manhã para percebermos que este assunto teria muito mais do que um dia para ser debatido. Porém, a riqueza do evento, foi o facto de se juntarem a uma mesma mesa, tantos participantes, e tão distintos, do mundo da Moda.

A 2ª edição realizou-se em Portimão, no ISMAT (Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes), seis meses após a discussão do 1o Simpósio e a Academia, entretanto, tentou colocar em prática algumas das ideias que se destacaram num primeiro debate. O 2oSimpósio veio validar, precisamente, a necessidade de se continuar a debater estes temas e já deixou em aberto a realização de uma 3ª edição.

O importante é destacar que tanto a academia como a indústria se revelam interessados em participar neste debate.

De facto, comparando com outros países da Europa, Portugal não regista uma grande proximidade entre estes dois importantes players da Moda. Procurar um ensino muito mais próximo da Indústria e que sirva mais e melhor as suas necessidades deve ser uma preocupação constante da academia. Só desta forma estamos a cumprir, de facto, o propósito da nossa existência.

Se verificarmos como atuam as IES de outros países europeus de referência, de imediato percebemos que esta importante aliança se integra nas estruturas organizacionais das instituições. A indústria lança, regularmente, temas e propostas de projetos reais a serem executados por estudantes. Desta forma, fica reforçada a relação entre a academia e a indústria ao mesmo tempo que se reforça a aposta numa formação sólida de profissionais aptos a integrar o mercado de trabalho. Esta formação consegue-se através da adoção de metodologias de ensino que, de facto, incluam a realização de projetos reais, proporcionando experiências reais junto dos potenciais empregadores que resultam, seguramente, na aquisição de competência que geram conhecimento sólido sobre o desempenho da profissão.

Não é só a Instituição e os estudantes que ganham com este processo, são os professores. O desafio lançado pela indústria, implica uma constante atualização e investigação aplicada por parte do corpo docente. t

T 36 Fevereiro 2023
Alexandra Cruchinho Professora da Universidade Lusófona, Investigadora do CICANT e Diretora da área de Design de Moda

ACABAMENTOS

Competia ao sacristão percorrer em plena missa todos os recantos das igrejas para pedir o favor da esmola dominical aos acólitos acantonados nos bancos das naves. Entre os que se achavam dispostos ao sacrifício financeiro e os que optavam por assumir postura distraída e passavam a vez, o pucarinho lá ia enchendo. O Eng. Carlos Moedas, ‘enfiado’ numa batalha que nem sequer era a dele, caiu sob a alçada da Katty.

O sacristão do aterro de Loures

No colo do Moedas caíram muitas coisas desde que entrou inesperadamente na câmara mais cobiçada do país. Uma delas, foi a preparação da cidade de Lisboa para o acolhimento de um milhão e meio, mais coisa menos coisa, de ordeiros jovens católicos para as Jornadas Mundiais da Juventude. Desafio que foi entusiasticamente aceite. Primeiro, porque não tinha grande opção e segundo porque viu neste chamamento a oportunidade de colorir o seu invejável curriculum com uma disciplina de santificação divina. De facto, terá de ser ele e mais ninguém a carregar condignamente esta cruz pelo calvário acima. E de cruz ao peito o Engenheiro Carlos Moedas prometeu aos lisboetas, aos portugueses e aos católicos, residentes e visitantes, liderar esta empreitada.

Começando pelo famoso palco, que, ainda sem a primeira pedra lançada, nem fitas cortadas, já ultrapassou certamente o nível do polémico. Aparentemente, mais pelo custo do que pela dimensão. Contudo, se fizermos bem as contas, este palco, que também é altar, deve querer apenas acompanhar a proporção dos custos. Vejamos: temos um palco de cinco milhões, para um sistema de áudio e vídeo de seis milhões e meio, e depois, temos mais oito milhões para acartar os contentores dali para fora. Comparando… Parece que o palco apenas tenta o seu equilíbrio nas contas.

Claro que não é tudo, até porque um antigo aterro é um terreno minado e muitos terão de ser os cuidados. Por isso, ainda temos mais umas despesas aqui e outras acolá, chegando à sumarenta soma de mais de uma centena e meia de milhões de euros, isto se não derrapar. O que, em teoria, daria um bom segundo prémio do Euromilhões, por cada jovem católico que nos visita.

Entre dobros, triplos, menos e mais, sabemos que pelo menos o palco já está em processo de revisão e já se vaticinam uns cortes e recortes até ficar pequenino, pelo menos no preço. Por outro lado, não podemos esquecer o pensamento sustentável de todo este processo, pois este local de culto será reutilizável. Não servirá apenas para o sagrado, mas também para o deleite do profano, e embora permaneça no segredo dos deuses, já existe uma interessante lista de ideias e nomes. Infelizmente, um já caiu por terra, pois o Ozzy Osbourne, Prince of Darkness, entrou oficialmente na reforma, anunciando recentemente a sua despedida dos palcos.

Para esta difícil liderança desenhamos um Moedas pronto para a empreitada, com o mínimo rigor na obediência das normas de segurança, mas tentando alcançar as elevadas expectativas das jornadas, num completo momento de oração e partilha. t

T 37 Fevereiro 2023

MATAR SAUDADES NUMA CASA DE PASTO

Estava mortinho por voltar a São Martinho. São Martinho do Campo é uma terra onde tenho gratas saudades dos meus tempos iniciais de ligação à família têxtil. A começar pela JMA, grande referência da região, sendo que ainda a tenho sempre bem presente porque é minha colaboradora na ASM há muitos anos, a Susana Almeida, uma das netas do fundador, infelizmente já falecido.

Há sempre uma boa razão para voltar a São Martinho, mas desta vez foi mais que uma, já que o Ricardo, da Siena, que me levou lá, juntou uma grupeta de amigos da região e do sector que tornaram o nosso almoço ainda mais interessante e simpático.

Era dia de Cozido à Portuguesa no Uíscas e ninguém teve coragem para recusar o desafio. Em boa verdade também não garanto que alguma recusa fosse considerada.

O Cozido estava poderoso e se não fosse dia de trabalho ou -

tro galo cantaria, até para fazer companhia ao que já vinha na travessa, acolitado por umas costelinhas e um salpicão de grande categoria, todos em destaque no conjunto das outras carnes habituais e das couves, super saborosas, a compor o ramalhete.

Qualidade também nos vinhos, em que escolhi e bem um espadal que há muito não via, nem bebia, em lado nenhum, mas acredito nos outros comensais, que gabaram de forma semelhante o tinto igualmente recomendado pelo anfitrião José Ferreira.

Dada a consistência do Cozido faltou espaço, que não vontade, para provar a famosa tarte de maçã do Uiscas, mas assim também fica um bom pretexto para lá voltar à primeira oportunidade.

Casa de Pasto Uiscas, a dar de comer e beber bem ao sector têxtil desde 2007. Já ninguém se lembra que tudo começou em anos de crise. t

DADAQUINTA TEXSER

VINHA DOS INGLESES/LOUREIRO A Têxtil de Serzedelo – Texser nasceu em Gondar, Pevidém, onde medrou nas margem do rio Selho até se mudar para Serzedelo, a terra onde criou raízes sólidas e acabou por adotar para a designação social. Houve então que recorrer aos carros de bois para a mudança da maquinaria, uma ligação entre o têxtil e a agricultura, atividades que se mantêm como base dos negócios da família Pimenta. José, avô de Carla (a terceira geração agora no comando da têxtil) e bisavôs de José João (a quarta geração a entrar nos negócios) vivia da terra antes de se aventurar na indústria. Fiel às raízes, a família Pimenta ainda se mantém na propriedade onde vivia o fundador – a Quinta do Cerdeiro -, bem como às atividades agrícolas, que até alargou quando adquiriu a Quinta do Ingleses, onde se dedica à produção de queijos e de vinhos verdes. Um dos expoentes desta propriedade, em Lousada, é o vinho branco Quinta dos Ingleses, da casta Loureiro. Leve, fresco e aromático, agrada à vista e satisfaz à prova, tal como o tecidos camiseiros que são a especialidade da Texser.

T
Casa de Pasto Uíscas Rua das Quintães, 155 4795|330 Roriz, Santo Tirso
O
Por: Manuel Serrão AS MINHAS CANTINAS
38 Fevereiro 2023

Raquel Pires, 38 anos, Departamento de Desenvolvimento e Amostras da FLM Têxtil. Apaixonada por inovação, criação e desenvolvimento, andou duas décadas pelos têxteis técnicos antes de mergulhar no swimwear. Adora viajar, fazer desporto e uma boa conversa à mesa, mas perde-se mesmo é com os vários hóspedes que alberga no seu T3: A cadela, Charlie (que a acompanha nos passeios no parque), o gato, Tico, a tartaruga, Zulmira, e dois porquinhos-da-Índia, Elvis e Zéquinha. Dão-se todos bem, mas o que vale é que o marido, Bruno, também é cúmplice.

ARCA DOS ANOS 60!

Cresci a ver a minha avó paterna a costurar e a bordar. Com ela aprendi a costurar e ainda hoje é um dos meus passatempos preferidos. A máquina de costura está sempre pronta a criar alguma peça, o meu pé colado no pedal para qualquer arranjo e a linha enfiada na agulha para alinhavar ideias e boas memórias!

Gosta Não gosta

Jazz , sair para jantar, animais , moda, desporto , teatro, bacalhau , montanha, viajar, copo de vinho, bolsas , maquilhagem, carros clássicos

Desonestidade , trânsito, roupa desconfortável , favas, maus cheiros , arrumar gavetas, mesquinhices , passar a ferro, amarelo , fazer dieta, ópera

Mas, a avó, além de viticultora e grande “fazedora de vinhos”, era uma excelente bordadeira, razão pela qual, em sua homenagem, todos os nossos rótulos têm um bordado minhoto. Lembro-me que teria eu 25 anos, era então recém-formada, com estágio da Ordem dos Advogados concluído quando me disseram que deveria usar fato ou blazer formal, sempre que me apresentasse em tribunal! Assim eram os usos e costumes da profissão! Fato, blazer, eu? Mas na verdade nenhum fato em loja tinha a minha alma ou representava a minha essência. Foi então que em desespero a minha querida avó Mariazinha abriu uma arca de roupa dos anos sessenta, pertencente aos meus pais, exibindo dois blazers da minha mãe (de quando teria mais ou menos a minha idade), lindos de morrer, que assentavam na perfeição, mas 25 anos depois, todos picados de traça.

A minha talentosa avó bordou flores, perfeitas, de variadíssimas cores, tamanhos e feitios, tapando, sem exceção, todos os buraquinhos de traça. Foram estes os dois blazers que orgulhosamente usei no início da minha vida profissional e que hoje estão guardados para o caso de, um dia que as minhas filhas precisarem abrir a arca onde as peças preferidas da sua mãe estarão e quem sabe também as salvará! t

T
MALMEQUER SOUVENIR
A
39 Fevereiro 2023
Joana Santiago Produtora dos vinhos Quinta de Santiago

THE GREEN WAY

FROM PORTUGAL
Cofinanciado por Co-financed by

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.