PERGUNTA DO MÊS A AGENDA DO TRABALHO
DIGNO VAI SER BENÉFICA
PARA AS EMPRESAS?
P 4 E 5
NÚMERO 82 ABRIL 2023
EMERGENTE
MARTA AMARO:
UMA DESIGNER FORA DA ZONA DE CONFORTO P 31
DOIS CAFÉS & A CONTA YGREGO APOSTA
NAS MARCAS
PRÓPRIAS
PARA CRESCER P 6
A MINHA EMPRESA MANUEL SOUSA
LOPES A ABOTOAR O FUTURO HÁ DÉCADAS P 10
SERRA, CEO DA TROFICOLOR
“O UPCYCLING VEIO PARA FICAR”
P 20 A 22
HISTÓRIA MUNDOTÊXTIL:
COMO SE CONSTRUIU O LÍDER MUNDIAL DOS FELPOS
SERVIÇOS ESTÚDIO IMIGRANTE: UM ARQUITETO A
CONTAR HISTÓRIAS DA TÊXTIL
P 14
P 34
CARLOS
APOLINÁRIO
DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS
RUI
T 02 Abril 2023
A PÁGINA 3
TECIDO EMPRESARIAL ‘PUXA’ PELA COMPETITIVIDADE DA ECONOMIA
Por: Manuel Serrão
UMA AGENDA DIGNA DE CRÍTICAS
1. A nossa escolha para a habitual rubrica ‘A Pergunta do Mês’ é dedicada ao novo pacote de legislação laboral a que o governo entendeu chamar a Agenda do Trabalho Digno.
Sem especial surpresa face ao privilégio dado a medidas mais rígidas que afetam a necessária flexibilidade da contratação e das regras do mundo laboral, todos os empresários que o T ouviu sobre este tema não pouparam nas críticas.
De acordo com dados da União Europeia, desde 2016 que Portugal apresentou melhorias substanciais na área da inovação e do desenvolvimento de conhecimento tecnológico, o que tem sido crucial para aumentar a sofisticação do tecido empresarial. Não só do ponto de vista da ‘capacidade instalada’ – isto é, das empresas que já caraterizam a envolvente – mas também, e mais importante ainda, da capacidade de atração e captação de novos investimentos. Um pormenor que a Comissão de Coordenação da Região Norte (CCDR-N) decidiu destacar quando analisou os dados da União Europeia. Ora, estes dados indicam que o nível de competitividade do país face à média europeia aumentou 13%, o que permitiu ultrapassar Espanha no ranking europeu – segundo conclusões do Índice Regional da Competitividade da União Europeia, que acaba de ser divulgado.
Os dados indicam, como a CCDR-N também enfatiza, que, nos últimos seis anos, Portugal foi o país dos 27 que mais evoluiu no desenvolvimento de novas tecnologias de produção e na criação de processos inovadores (que é visível pelo número de novas patentes registadas). Nesse quadro, a região norte tem sido um dos motores mais ‘quentes’ dessa aceleração.
De facto, a inovação, uma das caraterísticas mais salientes da indústria têxtil e que os mercados internacionais já identificam como uma das suas ‘marcas de água’, foi considerada pela União (o estudo chama-se EU Regional Competitiveness Index 2.0) como a mais importante alavanca regional: “o Norte é uma das regiões europeias que demonstrou maior evolução no índice de competitividade”, refere o estudo.
É a quinta edição que a União Europeia publica do RCI, que tem como propósito aferir a capacidade de cada região de oferecer um ambiente atrativo para empresas e pessoas viverem e trabalharem, recorda a CCDR-Norte. Desde a sua primeira edição, em 2010, o RCI transformou-se num índice amplamente utilizado pelos empresários.
Segundo aquela estrutura regional, “fazendo uma análise dos indicadores que compõem o RCI, verificamos que a ‘Inovação’ se destaca como campo mais forte do Norte, onde obtém uma classificação que o posiciona acima da média da União Europeia”.
Verifica-se que a competitividade do Norte “melhorou em resultado do reforço de vários indicadores, como a qualidade e imparcialidade no fornecimento de serviços públicos, a digitalização da administração pública, a defesa dos direitos de propriedade intelectual, a estabilidade macroeconómica nacional (para a qual o Norte deu forte contributo), a esperança de vida, a menor taxa de mortalidade, a população com o ensino superior, a aprendizagem ao longo da vida, a taxa de emprego, a redução do desemprego, incluindo de longo-prazo, o aumento da produtividade do trabalho, a convergência das taxas de emprego masculina e feminina, o acesso e compras através da internet, o aumento das competências digitais, o emprego em serviços do terciário superior, a colaboração das empresas para a inovação, a inovação de marketing e organizacional, o emprego em sector intensivos em tecnologia e conhecimento, o registo de marcas, o aumento da proporção das receitas com produtos inovadores para a empresa e para o mercado”.
Segundo a Comissão Europeia, o nível de inovação da economia nacional passou de um estado de competitividade de apenas 62% da média da União Europeia em 2016 para 97% no final do ano passado. Aquela entidade afirma ainda que relevante para a ascensão da competitividade da economia nacional nos últimos seis anos foi a melhoria registada ao nível da ‘sofisticação empresarial’, como resultado da diversificação e sobretudo da especialização em sectores com elevado valor acrescentado por parte das pequenas e médias empresas. Neste contexto, e depois dos atrasos registados até 2016, Portugal é neste momento uma das dez economias da União Europeia com maior competitividade na ‘sofisticação empresarial’, ficando à frente de países como a Irlanda, Alemanha, Dinamarca e Espanha.
A parte má das estatísticas dizem-nos que Portugal continua a apresentar um nível de competitividade global abaixo da média da União Europeia. Nos últimos seis anos, subiu apenas um degrau no ranking, sendo agora o 15o país mais competitivo entre os 27 Estados-membros da União Europeia – uns degraus abaixo do meio da tabela. Como seria de esperar, o que ‘puxa’ o país para baixo são os indicadores da saúde, educação e qualidade e eficiência das instituições públicas. t
Como poderão ver nas páginas interiores esta iniciativa do Governo é mais uma Agenda digna de críticas do que um conjunto de novas leis destinadas a melhorar a produtividade e harmonia das relações entre trabalhadores e empresas.
2. Na capa da nossa edição 82 temos o CEO da Troficolor, Carlos Serra, que entre muitas outras opiniões atuais e interessantes nos revela a sua convicção que o upcycling veio para ficar. Já em relação à macrotendência da sustentabilidade reconhece com conhecimento de causa que o consumidor ainda não é um aluno aplicado.
O consumidor, como cliente que é, tem sempre razão, mas que ninguém duvide que também no caso da moda a vontade dos clientes será sempre influenciável pela oferta disponível. t
T
03 Abril 2023
EDITORIAL n
TT- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Mário Jorge Machado Diretor: Manuel Serrão Morada Sede e Editor: Av. Dr. António Macedo 196, 4450-617 Leça da Palmeira Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Bebiana Rocha Telefone: 969 658 043 - mail: br.tdetextil@gmail.com Registo ERC: 126725 Tiragem: 4100 exemplares Impressor: Invulgar Artes Gráficas Morada: Rua da Fonte Nova 1 Lt. 21, Tapadinho Número Depósito Legal: 429284/17 Estatuto Editorial: disponível em: http://www.jornal-t.pt/estatuto-editorial/
Ilustração: Cristina Sampaio
PERGUNTA DO MÊS n Mário Centeno tem trabalho publicado em que mostra que regimes mais flexíveis e menos rígidos são criadores de mais emprego e melhor emprego
MÁRIO JORGE MACHADO PRESIDENTE DA ATP
A AGENDA DO TRABALHO DIGNO VAI SER BENÉFICA PARA AS EMPRESAS?
As empresas e associações empresariais convergem na opinião segundo a qual qualquer alteração das Leis do Trabalho que insista na rigidez ou na diminuição da flexibilidade da componente do trabalho no conjunto da economia acabam por ter os efeitos contrários ao que pretende implementar. Uma ‘guerrilha’ antiga entre empresas e partidos – ou mais propriamente entre associações empresariais e os ministérios governamentais que têm impacto nas Leis do Trabalho, a começar pelo Ministério das Finanças.
Odesentendimento face à Agenda Para o Trabalho Digno, já em vigor, começa no que pode observar-se como um axioma: quanto mais rígidas são as leis do trabalho, menor apetência têm as empresas para contratar – o que induz pressão sobre a taxa de desemprego e acaba por influenciar negativamente, a prazo, a sustentabilidade da Segurança Social. As associações e as empresas ouvidas pelo T Jornal são claras sobre esta matéria.
Mário Jorge Machado, presidente da ATP, lembra uma ‘curiosidade’: “Mário Centeno, atual governador do Banco de Portugal, é especialista na área: tem trabalho publicado em que mostra que regimes mais flexíveis e menos rígidos são criadores de mais emprego e melhor emprego. A rigidez tem consequências muito negativas para a economia”, refere. Como diz, “infelizmente, quem faz as leis são pessoas que não têm nenhuma experiência empresarial. Como tal, fazem leis que dificultam o empreendedorismo. E ao
dificultá-lo, acabam por dificultar a criação de empregos e principalmente empregos de mais valor. A nova lei vai exatamente na direção oposta daquilo que devia ser feito”.
Portanto, o axioma não é verdadeiro para todos: “é a mesma coisa que tentar explicar a algumas pessoas que a terra não é plana. É lutar contra um dogma. Aparentemente, dar mais garantias de emprego parece uma excelente ideia. Esquecem-se que os negócios são dinâmicos: é preciso contratar, é preciso avaliar e há alturas em que é preciso emagrecer”, refere Mário Jorge Machado.
E dá um exemplo prático que só a fraca memória geral já fez desaparecer: “as pessoas esquecem-se que antes da Troika, os valores do desemprego andavam nos 8% a 10% - e só caíram para valores da ordem dos 7% graças à alteração da legislação laboral que o PS assinou com a Troika – no sentido de alguma flexibilização”, conclui o presidente da ATP.
Do mesmo modo, José Alberto Robalo, presidente da Associação Nacional dos Industriais de Lani-
fícios (ANIL) afirma que “tenho a impressão que tudo o que é legislação sobre o trabalho é feita um bocado em cima do joelho. Nunca é uma agenda onde as empresas tenham uma palavra a dizer. Parece-me um pouco ao sabor do que é politicamente correto em certas alturas, às vezes sem critérios económicos, sem critérios sociais”.
E também vai ao passado: “continuam a considerar as empresas – atrevia-me a dizer quase desde o 25 de Abril de 1974 – como inimigas dos trabalhadores. Na prática devia haver leis laborais que pusessem todos num plano de igualdade, que preservassem a economia. E ter leis do trabalho que permitissem o desenvolvimento rápido”. “Acho sobretudo que houve uma grande falta de diálogo com as associações patronais no sentido de todo este pacote laboral servir para ajudar a economia e não para causar mais entraves. Sempre numa perspetiva que as empresas estão contra os trabalhadores e que o que é bom para as empresas e mau para os trabalhadores. Nesse confronto, não me parece que a nova legisla-
ção vá ajudar o país”, conclui José Alberto Robalo.
António Amorim, presidente do CITEVE, toca numa questão essencial: a da capacitação do fator trabalho como forma de aumentar a produtividade. “O que é importante neste momento é criar condições para que os jovens tenham formação suficiente para acompanharem o desenvolvimento tecnológico. No CITEVE e no CeNTI estamos a admitir muita gente jovem a sair das universidades, tentando captar talentos, o que vai ser crucial. Estamos a viver uma revolução enorme em termos de desenvolvimento tecnológico. Vai ser tudo muito diferente da realidade de um passado muito recente. É preciso formar essas pessoas”, refere.
Sem esquecer o outro lado: “também é preciso dar condições para que os empresários e os empregadores tenham ferramentas para que possam reter essas pessoas. Já não falo no aspeto dos ordenados, porque têm vindo a subir – mas é preciso ter condições para que essas pessoas fiquem. Sem dúvida que os salários deviam
estar mais indexados à produtividade que às leis. Para pagarmos, temos de ter produtividade e valor acrescentado. Ou através do conhecimento ou do trabalho, é preciso que as pessoas acrescentem valor. Não é por decreto que vamos resolver o problema dos salários baixos. Não é com proteção do trabalho que se vão resolver os problemas”, afirmou António Amorim.
Para Ana Vaz Pinheiro, administradora da Mundotêxtil (580 trabalhadores) nem tudo o que é o novo quadro legal é negativo para as empresas. “Dentro das cerca de 70 medidas, haverá algumas que serão contraproducentes. Há outras que devem ser implementadas. Tenho muitas dúvidas quanto à bondade de algumas medidas”, refere. E dá um exemplo claro: “algumas medidas serão contraproducentes, nomeadamente no que tem a ver com os estágios profissionais. Acho que os estágios profissionais vão diminuir tendo em conta que passam a ser remunerados com um mínimo de 80% do salário mínimo nacional.
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Entendo que há essa necessidade até porque é um estágio ministrado numa idade em que já se está a entrar no mercado de trabalho – como acontecia até agora, integrando-os com uma contrapartida, estava a funcionar”. As consequências são, para Ana Vaz Pinheiro, que “em vez de termos 20 ou 30 estagiários, se calhar só vamos ter cinco ou seis”.
“Tudo o que seja licença gestacional, falecimento pelo cônjuge, os cuidadores informais, acho muito bem. A questão da igualdade entre homens e mulheres nomeadamente no que respeita às mesmas funções, acho que é importante. A maior parte destas medidas já estão incorporadas nas contratações do grupo Mundotêxtil". E conclui afirmando que “acho que, claro que sim, é importante combater a precariedade principalmente no trabalho jovem. Mas reduzir para quatro o número de contratações por trabalho temporário, acho que vai dissuasor na contratação de jovens”.
O CEO da Somelos (730 trabalhadores), Paulo Melo confirma que, com este tipo de rijidificação das Leis do Trabalho, “cada vez é mais complicado trabalhar em Portugal. Tem de haver algumas contrapartidas, tem de haver maior liberalização do mercado laboral porque se o ritmo que vemos atualmente continua – embora a taxa de desemprego seja pequena – não sei se no futuro irá ser melhor. Irá ser muito maior. Neste timing, não havia necessidade nenhuma de estas alterações estarem a ser introduzidas”.
Finalmente João Almeida, administrador da JF Almeida (805 trabalhadores), considera que “com leis menos flexíveis vai contratar-se menos, não havendo criação de postos de trabalho. Este tipo de leis só fazem com que coloquemos o pé no travão. Se há menos flexibilidade, não somos nós que vamos correr o risco, com estas oscilações do mercado, de contratar. Se houver mais falta de flexibilidade, vamos novamente para as contratações com empresas de trabalho temporário. Vai crescer outra vez a precariedade”. t
T 05 Abril 2023
Algumas medidas serão contraproducentes, nomeadamente no que tem a ver com os estágios profissionais: acho que vão diminuir
Ou através do conhecimento ou do trabalho, é preciso que as pessoas acrescentem valor. Não é por decreto que vamos resolver o problema dos salários baixos
ANA VAZ PINHEIRO ADMINISTRADORA DA MUNDOTEXTIL
ANTÓNIO AMORIM PRESIDENTE DO CITEVE
Acho sobretudo que houve uma grande falta de diálogo com as associações patronais no sentido de todo este pacote laboral servir para ajudar a economia
JOSÉ ALBERTO ROBALO PRESIDENTE DA ANIL
Gosta de dizer que não há negócios fáceis e basta pensar que a YGrego começou numa garagem “com espaço para pouco mais que um carro” tendo evoluído para uma unidade com quase três mil m2 para perceber a determinação que corre nas veias de Pedro Carvalho. A vida já lhe pregou alguns sustos, mas nenhum deles apanhou na curva o CEO da YGrego.
SEM MEDO DAS MARCAS PRÓPRIAS
DOIS CAFÉS & A CONTA A
Por: Mariana d'Orey
Taberna do Rústico
Ousa fazer diferente desde que se lembra de ser gente e foi também por isso, quando no final da licenciatura em Gestão de Empresas todos os colegas se perfilavam para trabalhar na banca, que Pedro decidiu sair da zona de conforto e criar um negócio próprio.
“Comecei a vender em sacos de plástico fatos de treino e t-shirts às lojas de pronto-a-vestir do Porto”, recorda, nostálgico. Era já a mesma determinação que leva a empresa a investir agora nas marcas próprias –mas já lá chegaremos.
Para esta aventura conseguiu desviar Maria João Las Casas, então colega de curso e atual mulher, com quem partilha a educação dos dois filhos (Maria de 20 anos e João com 18) e os negócios há mais de 25 anos.
O espaço de Pedro no mundo têxtil foi crescendo de forma orgânica e, a par das estruturas físicas, - “começámos numa garagem, passámos depois para casa da João, em 2001 fomos para um armazém com 150m 2 e finalmente passámos para as atuais instalações: primeiro com
um pavilhão, hoje em dia com três”, enumera – também a identidade da empresa foi sofrendo alterações ao longo dos anos.
“Inicialmente, apenas como YGrego, trabalhávamos fundamentalmente private label para o mercado interno, nomeadamente para uma linha baixa de t-shirts e básicos. Hoje em dia temos uma marca própria forte e bem definida, a Foursoul, e é com ela que queremos crescer”, revela o empresário natural de Fânzeres, Gondomar.
Dirigida essencialmente para o público feminino dos 35 aos 50 anos, a Foursoul representa atualmente cerca de 50% do volume de faturação da empresa.
A ideia, aliás, é alavancar o crescimento nas marcas atuais e naquelas que vêm a caminho.
“Por um lado vamos apresentar a Fé, marca de moda para um segmento médio de homem e mulher e ainda este ano vamos lançar uma marca júnior para meninas até aos 12 anos”, desvenda otimista o CEO da YGrego, que quer agora avançar com
solidez para a internacionalização das suas marcas. “Queremos ir devagar e mercado a mercado".
"O mais provável é que comecemos por Espanha, dada a proximidade geográfica”, justifica enquanto dá nota de um recente investimento de meio milhão de euros em novos equipamentos para a unidade fabril e contratação de recursos humanos qualificados.
De olhos postos nos mercados internacionais mas “sem querer cometer alguns erros que foram feitos cá dentro”, a YGrego tem atualmente 30 colaboradores diretos e cerca de 200 indiretos, produzindo uma média de dez mil peças por semana.
A expectativa é a de que as novidades a caminho dos mercados se possam traduzir num confortável crescimento orgânico da estrutura da empresa, que fechou o ano passado com um volume de negócios superior a 3,5 milhões de euros.
“Gostava muito de fechar 2023 nos cinco milhões e estou convicto que temos condições para tal”, remata o empreendedor. t
T 06 Abril 2023
Entradas Pão Rústico, azeitonas, queijo e presunto Prato Polvo no Forno com arroz malandro do mesmo Sobremesa Pão de ló caseiro Bebidas Água e cafés
Rua Central das Costeiras 129, 4585-903 Recarei
DA MARCA
PEDRO
CARVALHO FUNDADOR E CEO DA YGREGO E
PRÓPRIA FOURSOUL
FOTO:
RUI APOLINÁRIO
T 07 Abril 2023 REGISTER NOW
INOVAFIL RECEBE CONSÓRCIO NEW COTTON
GUIMARÃES PROMOVEU TÊXTEIS NOS PAÍSES BAIXOS
Uma delegação de representantes de Guimarães visitou os Países Baixos com o objetivo de estabelecer novas parcerias no sector têxtil, encontrar novas oportunidades de inovação e criatividade, informou a Câmara Municipal no seu site. A comitiva foi recebida pelo delegado da AICEP, Rui Paulo Almas, e por Clara Nunes, embaixadora de Portugal nos Países Baixos. “Durante o encontro abordou-se a possibilidade de uma relação mais próxima entre os dois territórios têxteis no âmbito da agenda da inovação, criatividade, do ensino superior, da arte contemporânea e do sector”, informava a autarquia em comunicado.
A Inovafil vai acolher no mês de maio a reunião de planeamento da segunda fase do projeto New Cotton, que tem em vista o desenvolvimento das peças com a fibra sustentável Infinna para a H&M. "A próxima reunião geral do projeto vai decorrer aqui em Portugal", revelou ao T Jornal o CEO da empresa, Rui Martins. "As empresas todas do projeto vão encontrar-se na Inovafil - Mundifios durante dois ou três dias para abordar as fases seguintes do projeto. O ano passado o encontro foi na Finlândia", referiu ainda. "Já apoiamos esta fibra finlandesa há alguns anos, antes de entrar para o projeto já tínhamos inclusive feito alguns desenvolvimentos internos", acrescenta. "A Infinna é uma fibra produzida através de pasta
de celulose que provém essencialmente de roupas pós consumo com alta percentagem de algodão, mas que também pode passar pela utilização de desperdícios agrícolas como excedentes de colheitas", explica Rui Martins.
Recorde-se que o projeto New Cotton, de que a Inovafil faz parte em conjunto com um consórcio de mais 11 empresas internacionais, está a dar forma ao projeto desde 2020 com o objetivo de reutilizar resíduos têxteis de consumo e transformá-los em fibras recicladas feitas à base de celulose. Desde outubro passado que essas fibras estão a chegar ao consumidor, por via da Adidas –um dos parceiros do consórcio.
As primeiras roupas com a fibra Infinna já estão no mercado onli-
ne. O projeto tem data de conclusão prevista para 2024 e Rui Martins, faz um ponto da situação: “já foi lançada a coleção da Adidas, que está à venda com uns fatos de treino feitos com a fibra da Infinited Fiber e algodão orgânico, feito na Inovafil. As peças foram desenhadas por Stella McCartney”. “Vamos iniciar agora a produção de peças para a H&M, sendo essa a segunda fase do projeto, que será apresentada muito breve”.
“Somos uma fiação com um grande conhecimento em misturas de fibra e produção de fios, também com fibras de celulose. O que fazemos é transformar as fibras vindas da Infinited Fiber em fio”, recorda o administrador, sublinhando que são a única empresa portuguesa representada neste projeto europeu. t
INOVAÇÃO COLOCA O NORTE EM DESTAQUE NA UNIÃO EUROPEIA
A inovação, uma das caraterísticas mais salientes da indústria têxtil e que os mercados internacionais já identificam como uma das suas ‘marcas de água’, foi considerada pelo último EU Regional Competitiveness Index (RCI) 2.0 de 2022, como a mais importante alavanca da economia regional.
“O Norte é uma das regiões europeias que demonstrou maior evolução no índice de competitividade”, refere o relatório.
É a quinta edição que a União Europeia publica do RCI, que tem como propósito aferir a capacidade de cada região de oferecer um ambiente atrativo para empresas e pessoas viverem e trabalharem, recorda a CCDRNorte, que
divulgou o relatório. Desde a sua primeira edição, em 2010, o RCI se transformou num índice amplamente utilizado pelos empresários para perceberem quais são, nos 27, as regiões ‘amigas’ dos negócios.
Segundo aquela estrutura regional, “fazendo uma análise dos indicadores que compõem o RCI, verificamos que a ‘Inovação’ se destaca como campo mais forte do Norte, onde obtém uma classificação que o posiciona acima da média da União Europeia”.
Verifica-se que a competitividade do Norte “melhorou em resultado do reforço de vários indicadores, como a qualidade e imparcialidade no fornecimento de
serviços públicos, a digitalização da administração pública, a defesa dos direitos de propriedade intelectual e a estabilidade macroeconómica nacional (para a qual o Norte deu forte contributo)”.
Outros vetores merecem igualmente referência: “a esperança de vida, a menor taxa de mortalidade, a população com o ensino superior, a aprendizagem ao longo da vida, a taxa de emprego, a redução do desemprego, incluindo de longo-prazo, o aumento da produtividade do trabalho, a convergência das taxas de emprego masculina e feminina, o acesso e compras através da internet, o aumento das competências digitais, o emprego em serviços do terciário superior”. t
STARTUP PORTUGUESA CRIA COURO
A Corium Biotech, startup sediada na UPTEC, instituição universitária do Porto, é pioneira mundial no desenvolvimento de couro exótico através de tecnologia de agricultura celular. O objetivo é acelerar a transição sustentável da indústria do luxo e da moda. A produção em laboratório de couro exótico surge a partir de células animais, através de tecnologia de agricultura celular, uma área em desenvolvimento exponencial.
53%
INDITEX REMOVE ETIQUETA PARA CUMPRIR NOVA LEI
A Inditex removeu o rótulo ‘Join Life’ e antecipou-se à legislação europeia que pretende banir as auto-certificações sustentáveis – e que foi recentemente apresentada pela Comissão Europeia. Esta medida é explicada no relatório de 2022 da Inditex, que revela que o grupo atingiu um patamar “no desenvolvimento da nossa estratégia em que não é mais necessário diferenciar os produtos das nossas coleções com esta marca”.
dos consumidores de produtos de luxo pondera diminuir o consumo no semestre segundo o estudo PwC Consumer Insights Survey
WOOLMARK LANÇA ‘CHALLENGE’ PARA JOVENS DESIGNERS
A Woolmark Company, em conjunto com a equipa da Luna Prada Pirelli, acaba de apresentar o seu Woolmark Performance Challenge num seminário interativo na ESAD. “Este é um desafio para os futuros jovens designers à resolução de problemas, facilitando o pensamento criativo e a inovação aplicada”. A organização refere nas redes sociais que o desafio é “o desenvolvimento de novos produtos para o mercado de desporto e de performance”, partindo sempre das propriedades naturais da lã merino australiana. Os finalistas têm como recompensa acesso a workshops exclusivos, mentoria durante três meses, um estágio no departamento de ‘style’ da Prada e um prémio monetário no valor de 10 mil euros.
T 08 Abril 2023
EM LABORATÓRIO
"Criar uma marca com os nossos conhecimentos é fácil, o maior desafio é montar a estrutura"
Álvaro Cunha CEO da Adilevel
T 09 Abril 2023 0 5 25 75 95 100 Anuncio T Jornal 235x279 mm ER 2019 segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019 10:53:52
O que faz? Produção e comercialização de botões e acessórios têxteis Área de produção: 8 000 m2 Colaboradores: 65 Início de atividade: 1927 Faturação: quatro milhões de euros Exportação direta: 30% Exportação indireta: 99%
VALÉRIUS EVOLUI NO SUPPLY CHAIN
A estratégia de gestão da cadeia logística (supply chain) do grupo Valérius permitiu a diversificação do seu negócio, mas também a evidenciação “junto dos clientes e dos stakeholders" da forte carga de inovação que nesse capítulo foi introduzida pela administração. Este pormenor estratégico foi usado por Fátima Pinho, CFO do grupo, para, no âmbito de um road show do Banco Português de Fomento (BPF) junto de empresários e de associações empresariais, explicar como a Valérius atingiu um forte posicionamento de mercado. E exemplificou a estratégia da empresa com a criação da Valérius 360, que concentra a gestão dessa cadeia e serve de ‘hub’ para o encontro de todos os que interagem com o grupo. Fátima Pinho recordou que o grupo, originalmente oriundo do sector têxtil, acabou por diversificar para o calçado, automóvel e papel e apostou na internacionalização da sua produção.
Abotoar o futuro com sustentabilidade
A Manuel Sousa Lopes, uma empresa quase centenária, é das mais antigas na Europa que produz botões, e nesta longa bagagem são os três netos do fundador, Diogo, Tiago e Dinis (todos Sousa Lopes) quem assume a responsabilidade de dar continuidade ao legado da família. Uma visão de gestão necessariamente mais atual, mas onde se mantém a vontade de ser cada vez mais eficaz.
Desde sempre ligada ao têxtil, a Manuel Sousa Lopes não ficou parada nem no tempo nem nos anais da sua própria história. Exemplo disso está num investimento de 250 mil euros em painéis fotovoltaicos, que irão gerar 30% do consumo, revelou Diogo Sousa Lopes, diretor comercial. E também, reforça a equipa , o resultado de uma forte apetência pela sustentabilidade.
O primeiro passo na ecologia da Manuel Sousa Lopes, remete-nos para há quase 30 anos, altura em que a empresa foi pioneira ao mandar instalar uma ETAR. “O nosso início na ecologia foi antes de vir a Greta [Thunberg], antes dela já tínhamos pensado na ecologia”, afirmou Tiago Sousa Lopes, diretor de produção da empresa.
Mas a sustentabilidade tem um valor, e o mercado tem de estar apto a pagar por isso. Para Tiago, “o mercado com valor acrescentado quer continuar a comprar o botão ecológico ao preço de quem compra um botão normal” e isso é matematicamente impossível.
Numa indústria onde não faltam desafios, os gestores da Manuel Sousa Lopes destacam a motivação de todas as horas: a sua relação com os fornecedores e clientes. “Se houver um entendimento, lealdade, amizade, proximidade, o desafio torna-se mais simples”, explicou Dinis Sousa Lopes, diretor financeiro da empresa.
E deu como exemplo a pandemia “todos nós temos períodos difíceis, e vimos que os nossos bons clientes, quando tiveram dificuldades mantiveram-se connosco”. Uma relação reconhecida há décadas – ou não se desse o facto de “mantermos ainda relações com clientes e fornecedores de há 60 anos atrás”, contou Dinis.
Com um posicionamento de nível elevado e um volume de negócios de quatro milhões de euros, o pacote de serviços na Manuel Sousa Lopes é muito completo – sendo esse também um dos seus trunfos. Não são somente fabricados botões, mas também acessórios têxteis. “O cliente chega aqui e nós arranjamos tudo para a peça menos o tecido”, comentou o diretor de produção. Até porque “além da nossa marca própria, a Sepol, também representamos várias marcas de renome internacional”.
Outro negócio de elevado potencial para a Manuel Sousa Lopes, surgido há cerca de 30 anos (vindo da Alemanha), é o das revistas de tendências, que “são um must da indústria têxtil”, afirmou Dinis.
Com um ano de 2022 extremamente positivo até outubro, a empresa já não mantém o mesmo otimismo em relação a 2023: as incertezas e a instabilidade tocaram a todos e a Manuel Sousa Lopes não é exceção. “Tem sido uma luta diária, muita incerteza quanto ao futuro, não só da nossa empresa, mas de toda a indústria portuguesa”, assumiu o diretor de produção. Face às adversidades a Manuel Sousa Lopes traçou uma nova direção: “estamos a procurar novos mercados, novos clientes, e novas indústrias. Temos outras indústrias cá em Portugal que podem utilizar os nossos produtos”, concluiu Tiago Sousa Lopes. t
Ana Tavares CEO da RDD Textiles
SEGUNDA MÃO DA KIABI CHEGOU AO INTERIOR DO PAÍS
O projeto de segunda mão da Kiabi vai chegar ao interior de país. Beja, Évora, Portimão e Pombal são as regiões selecionadas para tomarem parte na iniciativa, que tem como objetivo marcar a posição da marca na moda responsável e sustentável. O projeto foi lançado no ano passado: o 2ª Mão By Kiabi reforçou o compromisso para com o meio ambiente e tornando a marca mais inclusiva e solidária. A marca francesa apresenta agora espaços de roupa em segunda mão exibindo o seu empenho “em ter as melhores práticas de responsabilidade social e, consequentemente, oferecer uma solução adaptada a novos padrões de consumo mais responsáveis, para satisfazer as necessidades”.
8,8%
é a inflação nos países OCDE em março
AS NOVE LINHAS DECENIO PARA O VERÃO
A Decenio mantém as suas referências ao mediterrâneo na sua nova coleção prima vera-verão 2023 que se estende por nove linhas: Desert Noir, Mediterrano Green, Dune, La Damme qui Dance, Decenio Blue, Summer Ride, Le Rive Bleu, Salvia e Coral Sand. Cada uma com uma paleta de co res predominante. “A linha Desert Noir, por exemplo, é inspirada nos dias e nas noites do deserto. Uma homenagem à natureza onde predominam os tons bege e preto, cores que simbolizam os misté rios do deserto”, explica a marca. Para a empresa, qualquer uma das linhas segue um design sóbrio e sofisticado, alguns modelos mais soltos, feitos em materiais frescos e de toque macio, ideais para a entrada do calor.
T 10 Abril 2023
Manuel Sousa Lopes SA
R. Ernesto A. Carvalho 46 4760-553, Louro, Vila Nova de Famalicão
X A MINHA EMPRESA
"Acho que o têxtil vai ter uma mudança muito grande na forma como é produzido"
FOTO: RUI APOLINÁRIO
Maria Monteiro
T 11 Abril 2023 EVENTOS EXPOSIÇÕES CONGRESSOS FEIRAS STANDS 35 anos de experiência em montagem de eventos e exposições: ELEVE O SEU NEGÓCIO EM QUALQUER PARTE DO MUNDO ZONA NORTE +351 253 233 000 comercial@spormex.pt ZONA SUL +351 218 942 148 comercial.lx@spormex.pt events & exhibition s ww w.globalt endas.com +351 253 233 020 info@globaltendas.com
TENDAS PALCOS ESTRADOS MOBILIÁRIO ACESSÓRIOS
17 JANEIRO
Cavaco afirma que são falsas 95% das noticias publicadas sobre ele
26 FEVEREIRO
Início programação de Lisboa Capital Europeia da Cultura
10 MAIO Mandela investido presidente da África do Sul
20 JUNHO
Engarrafamentos e buzinão contra o aumento das portagens na ponte sobre o Tejo
12 JULHO
PS vence eleições europeias com 34,8% e dez deputados. PSD (nove deputados e 34,3%) fica em 2º
31 JULHO
Portugal ganha a organização do Euro 2004
13 NOVEMBRO
Suécia aprova em referendo a adesão à CEE
Os ventos não sopram de feição. A conjuntura internacional não ajuda, somando-se ao impacto da 1ª guerra do Golfo, as subidas dos custos do petróleo e das taxas de juro alemãs, provocadas pela gigantesco esforço financeiro da reunificação. Depois da euforia, do forte e prolongado crescimento que se seguiu à adesão à CEE, entre 1987 e 1991 (o período de ouro do cavaquismo), chegou a hora da ressaca. A recessão, que começou em finais de 1992, bateu forte à nossa porta, fazendo de 1993 um dos piores anos de sempre da nossa ITV. Como ainda há muita estrada para andar, o Modtissimo prossegue a sua cruzada
Portugal está no último lugar no ranking de produtividade da UE, abaixo da Grécia. Há uma relação entre produtividade e salários - quando ela é alta os salários sobem. O vosso país já não pode usar a desvalorização que é a dos países não competitivos se manterem em jogo nas exportações. Agora a única maneira de conseguir o crescimento dos salários e exportações é aumentar a produtividade
O futuro passa indiscutivelmente pela concentração na promoção e divulgação da imagem da fileira têxtil como um todo, de forma a contribuir para a melhoria da sua competitividade
Inês Branco administradora da Têxtil Nortenha
Deixar o básico | Com mais de 15 mil empresas e cerca de 300 mil trabalhadores, a industria têxtil e de vestuário é um sector preponderante e fundamental na economia portuguesa. Mas precisa urgentemente de mudar de paradigma e achar um novo caminho. O peso dos produtos de baixa qualidade no total das exportações é de quase 35%, muito acima do que acontece na Grécia (31%) ou Espanha (29%)
T 12 Abril 2023 1994
Michael Porter autor do Relatório Porter
1 JANEIRO
Com a entrada da Austria, Finlândia e Suécia, a UE passa de 12 a 15 países e a ter uma um população de 368 milhões de habitantes
20JANEIRO
CES aprova parece favorável ao encerramento dos hipermercados aos domingos
23 FEVEREIRO
Guterres substitui Sampaio na liderança do PS
26 MARÇO
Entra em vigor o Espaço Schengen, com a abolição de controlos alfandegários entre sete estados da UE: Bélgica, França, Alemanha, Luxemburgo, Países Baixos, Espanha e Portugal
4 ABRIL
Comissão Europeia autoriza o Governo a injectar 30 milhões de contos na TAP, para viabilizar a empresa
4 AGOSTO Milhares de pessoas manifestam-se no Porto contra a transformação do Coliseu em templo da IURD
A Selectiva Moda e a ITV arranjaram um novo aliado, o Portugal Fashion, que arrancou com estrondo a 27 de julho nas escadarias da sede da ANJE, onde desfilaram Claudia Schiffer, Carla Bruni e Elle Macpherson. Aproximar os criadores da indústria é o objetivo deste evento que dá visibilidade nacional e internacional ao sector têxtil e de vestuário português, que começa a ter a imagem de produtor de moda. O caminho a percorrer ainda é longo e sinuoso, mas o primeiro passo está dado.
Supermodels
Elle McPherson, Carla Bruni, Helena Christenssen, Claudia
Schiffer: as quatro supermodels que desfilaram na escadaria da ANJE, no primeiro Portugal Fashion
O Portugal Fashion foi mágico não só pelas suas proporções mas também pela força mediática que atingiu e pela forma como expressou a intenção de criar pontes entre o design e a indústria
Olga Rego estilista
19 SETEMBRO
Freitas do Amaral eleito presidente da Assembleia
Geral das Nações Unidas
1 OUTUBRO PS, liderado por Guterres, ganha legislativas com 43,8%, contra 34% do PSD. CDS com 9% ultrapassa a CDU (8,6%)
15 DEZEMBRO
Moeda única da UE é baptizada euro na Cimeira de Madrid
O sector não pode ser suportado pelos baixos salários, pouco valor acrescentado ou fraca terciarização. O futuro vai passar por unidades produtivas mais pequenas mas com maior flexibilidade
Paulo Vaz diretor-geral da APIM
O têxtil é um sector de mão-de-obra intensiva pelo que a redução do horário de trabalho tem sempre impacto importante sem que os industriais possam repercutir no preço. Além disso as empresas continuam a deparar-se com falta de mão de obra qualificada e pessoal motivado
T 13 Abril 2023 1995
Carlos Pimenta Machado presidente do Conselho do Sector Têxtil
Para além disso teve um papel impulsionador no desporto minhoto, não só ajudando a tornar o Vizela um clube referência na região, mas também estando ligado à Associação de Futebol de Braga. Também se notabilizou politicamente na Assembleia de freguesia de S. João de Caldas. D a sua pequena indústria nasceu a Mundotêxtil, que se tornou internacionalmente reconhecida como um dos principais produtores mundiais de atoalhados em felpo. Importa também salientar que a Mundotêxtil nasceu em 1975, uma data charneira para o processo de democratização do país. Nesta altura, José Pinheiro tinha intenções de estudar Economia na Universidade de Coimbra, mas acabou por mudar de ideias ao ser recrutado para a Escola Prática de Cavalaria, em Santarém. Mais tarde, regressou a Vizela e ajudou a criar uma Mundotêxtil progressista e dinâmica ao ponto de conseguir investir na investigação, desenvolvimento e design para dar resposta aos mercados mais exigentes – até porque a empresa exporta 98% da sua produção. Aliás, José Pinheiro associa-se à qualidade e às grandes marcas, como a Gant, Ralph Lauren e Calvin Klein, uma vez que são marcas que não tem estrutura para os têxteis-lar e procuram parceiros com o mesmo foco qualitativo. Para a edificar, a Mundotêxtil tem outras empresas dentro da sua estrutura, desde uma tinturaria a uma gestora de participações financeiras – tudo feito no sentido de que todo o aparelho produtivo e de pla -
"
Texto: Tiago Alves
Nascido no Minho, mais concretamente em Vizela, um epicentro têxtil, José Pinheiro cresceu e desenvolveu competências entre os tecidos e fios da empresa do seu pai Domingos e o Estádio do Vizela. Domingos Vaz Pinheiro foi um self made man à portuguesa, que começou como operário e, posteriormente, conseguiu estabelecer uma pequena indústria de fios.
Mundotêxtil: O mundo do têxtil a partir de Vizela
mo que sejam estruturais no país, como a questão da escassez de engenheiros têxteis e a dificuldade em captar para os seus quadros jovens talentos – apesar de hoje ser claro que a nossa indústria têxtil está em grande progressão. Quanto ao futuro da empresa, é evidente que passa por um modelo de negócio familiar no qual o privilégio vai para a qualidade, através do investimento constante em investigação, design, inovação, serviço, internacionalização, distribuição e sustentabilidade, pois o futuro passa pela utilização de materiais orgânicos e biológicos. E para a concretização deste objetivo, o investimento em Moçambique é estratégico, em virtude de ali se estar a produzir algodão biologicamente certificado.
neamento de negócio funcione. De facto, desde 1986 que a Mundotêxtil investe numa "lógica de grupo integrado e verdadeiramente focado na verticalização completa do negócio".
Atualmente, a empresa familiar que subiu a pulso conta com quase 600 colaboradores e é reconhecida pela sua gama média-alta de produtos que exporta para grandes marcas prestigiadas do sector em todo o mundo, mas principalmente França, Itália, Reino Unido, Dinamarca, Canadá, Estados Unidos e Suécia. Na
verdade, a própria Mundotêxtil tem marcas próprias no estrangeiro: nos Estados Unidos, a Bianca, a Blank na Alemanha e a Risart em Espanha, que contribuem para a construção de uma marca global que ao mesmo tempo mostra a capacidade e qualidade na nossa ITV. A primeira das marcas criadas foi a Bianca, nos Estados Unidos em 1996, de forma a conseguir
penetrar no esteio que é o mercado norte-americano.
Apesar desta aposta externa, José Pinheiro não desdenha a forma como se trabalha em Portugal e crê que a ITV tem ultrapassado muitos obstáculos, mes -
A própria imagem da marca, o seu website e design refletem essa estratégia, isto é, modernidade, sofisticação e elegância, tudo ingredientes necessários para um colaborador fazer parte do futuro da Mundotêxtil, que quer uma equipa jovem e dinâmica. E se o futuro é ao virar da esquina, o presente indica o caminho a seguir com elementos como Ana Vaz Pinheiro, que tem a pasta comercial e do marketing e Helena Vaz Pinheiro que lidera o sector da produção e controlo de gestão. Ambas prometem uma Mundotêxtil sempre com o pé no acelerador do progresso. t
T 14 Abril 2023
EMPRESA COM HISTÓRIA
T 15 Abril 2023
Com uma espécie de teaser anunciado na apresentação das coleções de Alta Costura em Paris no início deste ano, o amor à vida selvagem parece ter regressado com uma força violenta à Moda. Este mote foi dado pelo muito polémico desfile Schiaparelli, no qual Daniel Roseberry, diretor criativo da marca fez desfilar 3 criações que replicavam na perfeição as cabeças de um leopardo, uma loba e um leão - algo que faz disparar quase unanimamente a revolta dos internautas, indignados contra algo que segundo o criador tinha sido criado para celebrar a vida animal.
As propostas foram mal recebidas, como promotoras exatamente do contrário: caçadores de troféus, animais como produtos de luxo foram algumas das expressões usadas pelos espectadores indignados. Polémicas aparte, o eco deste desfile parece ter tido reflexões nas semanas de Moda seguintes, desta vez dedicadas ao Pronto a Vestir.
Em Nova Iorque, Colina Strada levou o conceito mais longe na sua apresentação, maquilhando de golfinho, cão ou gato os seus modelos com um resultado que faz jus ao seu amor pelos animais. Estampados de pêlos de vários animais ou répteis pontuaram toda a sua coleção, bem como uma foto de um animal de estimação numa t-shirt, com o próprio a rematar o styling da proposta- não fosse a coleção intitulada “Please don’t eat my friends”.
Em Londres, a estreia de Daniel Lee na Burberry foi fiel aos valores britânicos-a caça, o humor sarcástico-e apresentou estampados de patos em registo Wallpaper em saias, blusões e camisas de cariz utilitário. Já Christopher Kane escolhe para vestidos tubulares, com um corte feminino e sexy, imagens de ratos e porcos que desafiam como é seu costume a nossa perceção do “correto”- algo que a Moda precisa para avançar no seu próprio futuro.. t
FASHION FORWARD
APor: Luís Buchinho
AMOR SELVAGEM
POLOPIQUÉ TEM TINGIMENTO SUSTENTÁVEL
O tingimento natural é uma tradição que a Polopiqué decidiu adaptar “à atualidade, na qual necessitamos cada vez mais de alternativas sustentáveis para a indústria têxtil”. Com provas já dadas ao mercado, a solução despertou “um elevado interesse”. “Este tingimento natural possui uma excelente resistência química e térmica, estabilidade e também, em geral, menor toxicidade para o Homem e para o ambiente”, refere a empresa em comunicado oficial.
TIFFOSI CHEGA A PONTE DE LIMA
A marca portuguesa Tiffosi, pertencente ao Grupo Vila Nova, abriu uma loja em Ponte Lima, no Vila Retail Park, em Arcozelo. Esta nova abertura permitiu à marca de denim aumentar a sua presença em território nacional. A marca conta com 90 lojas em Portugal, Espanha e Luxemburgo. Com mais de 40 anos de existência, a Tiffosi está presente em mais 26 países, por meio de uma rede de 2.500 pontos de venda multimarca. A marca portuguesa encontra-se num processo de aperfeiçoamento das suas políticas de sustentabilidade.
PETIT PLI: A MARCA QUE CRESCE COM A IDADE
Em resposta à cultura descartável generalizada, a Petit Pli desenvolveu uma tecnologia de material exclusivo patenteado (TX TILE), inspirada em satélites implantáveis: a gama ‘LittleHumans’ apresenta roupas que crescem com as crianças, permitindo a expansão até sete tamanhos (48 meses). O conceito de ‘tamanho único’ da Petit Pli é exclusivo, adaptando-se às dimensões da criança, podendo a roupa ser puxada em duas direções conforme a necessidade.
T 16 Abril 2023
‘JARDIM’ DA JACARANDÁ É FEITO DE DESPERDÍCIO
Através da utilização de desperdícios têxteis e tecidos reciclados, a Jacarandá lançou uma nova coleção, designada ‘Jardim’, que se divide em dois drops. O primeiro foi lançado no passado dia 1 de abril e inclui vestidos coloridos e festivos. Em maio surgirá o segundo lançamento da campanha. No mesmo dia, juntamente com o primeiro drop, as peças da marca de Coimbra passam também a estar dispo níveis na Incroyable Concept Store, em Lisboa.
PORTUGAL VENTURES APOIA INTERNACIONALIZAÇÃO
A sociedade de capital de risco Portugal Ventures lançou-se pela primeira vez no apoio à internacionalização de negócios com alto potencial de crescimento. Através de uma iniciativa ‘Call Expand’, a sociedade pública pretende auxiliar as empresas que se encontrem em fase de preparação para expandir além-fronteiras. O ticket de investimento é entre 500 mil euros e dois milhões de euros para cada empresa que cumpra os critérios de elegibilidade neste programa: com produto desenvolvido e receitas nos últimos doze meses de, pelo menos, 250 mil euros.
MODTISSIMO 60+2 TEM DATA MARCADA PARA SETEMBRO
O mais importante certame português do sector têxtil, o Modtissimo, já tem data marcada para a sua edição 60+2: irá decorrer nos dias 13 e 14 de setembro deste ano e, mais uma vez, terá lugar na Exponor. A organização – a Associação Selectiva Moda – revela que as inscrições para os expositores estarão disponíveis brevemente e espera que a feira seja mais um momento de celebração de um sector que já se impôs a nível internacional.
O Modtissimo é o maior salão do sector têxtil português e o mais antigo de toda a Península Ibérica. Realizado duas vezes por ano – em fevereiro e setembro – reúne toda a fileira, desde produtores de fios a confecionadora, servindo de montra a um dos maiores clusters têxteis da Europa. Pelos seus corredores costumam passar milhares de visitantes.
Aliás, face ao peso dos números incontornáveis da edição que decorreu em fevereiro, as expectativas mantêm-se elevadas. Recorde-se que na edição 60+1 o total de visitantes fixou-se nos 5.163, que compara com os 4.854 da edição 60 (um crescimento de 6,4%) – quase o dobro do cres-
cimento da edição 60 face à edição 59 (3,7% relativamente aos 4.679 visitantes). Quanto aos compradores estrangeiros, foram 504 no Modtissimo 60+1 (mais 3,9% face aos 485 da edição 60, que já tinha crescido 2,1% em relação aos 475 da edição 59). A grande maioria das empresas presentes na última edição muniu-se de todas as novidades ao seu alcance para lançar um bom ano de 2023. Numa altura em que os negó-
cios estavam ‘na ressaca’ do segundo semestre de 2022, que não foi de todo o mais auspicioso, os expositores usaram o Modtissimo 60+1 para avaliarem o que podem esperar do ano em curso. No final dos dois dias do certame, as empresas afirmaram que não sentiam que haviam estado a perder tempo: os contactos exploratórios decorreram de forma muito dinâmica e os negócios posteriores estavam bem lançados. t
COMISSÃO EUROPEIA CONTRA AUTO-CERTIFICAÇÕES AMBIENTAIS
Uma nova proposta de diretiva anti-greenwashing emanada da Comissão Europeia proíbe rótulos auto-certificados sem verificação de terceiros ou monitorização regular, “uma vez que constituirá uma prática de concorrência desleal”, avança um documento da responsabilidade daquele organismo comum.
Neste sentido, a Comissão Europeia irá publicar uma lista atualizada dos rótulos autorizados na União Europeia, deixando de fora aqueles que se baseiam em diferentes padrões. Ou seja, haverá a impossibilidade de desenvolver esquemas nacionais de certificação pública, pois todos terão que ser certificados a nível europeu.
Se uma marca quiser fazer uma declaração relacionada com o impacto ambiental de uma peça de vestuário, terá que justificar e disponibilizar toda a informação ao público, seja por meio de QR code, link ou similar. Mais ainda, não podem ser feitas declarações comparativas com um produto da mesma empresa, nem com a de um concorrente.
Esta diretiva acrescenta também – mas não para as micro PMEs – que qualquer declaração explícita vinculada ao impacto ambiental de um produto deve ser argumentada seguindo certos critérios. Nomeadamente: especificar se a declaração se refere ao produto inteiro, a uma parte ou a
um determinado aspeto; confiar em evidências científicas reconhecidas com informações precisas e levando em consideração os padrões internacionais relevantes; demonstrar que o impacto é significativo do ponto de vista do ciclo de vida e separar as compensações de carbono das próprias emissões.
Se for relevante para o impacto ambiental, as marcas devem incluir informações sobre como uma roupa deve ser usada e lavada. Ou seja, se um par de calças tem a informação de que irá reduzir o seu impacto ambiental, a marca deve explicar como lavá-las corretamente para reduzir a contaminação durante o uso. t
SACOOR FLEXIBILIZA PAGAMENTOS ONLINE
O Grupo Sacoor desenvolveu novas opções de pagamento e uma solução de check-out user friendly da Klarna: a partir de agora, o website da marca portuguesa tem disponível a opção ‘payin3’, que permite que os clientes possam parcelar os seus pagamentos em três prestações sem terem de se preocupar com juros.
Através da parceria com a Klarna – serviço de banca de retalho, pagamentos e compras a nível global – “o Grupo Sacoor (Sacoor Brothers e Sacoor Blue) oferece aos seus clientes maior flexibilidade e controlo nas suas finanças”. Numa primeira fase esta opção só estará disponível para o mercado português. A empresa portuguesa de retalho de vestuário premium está disponível com mais de 100 lojas em 16 países em todo o mundo.
Em comunicado, Nuno Martins de Sousa, CEO da Sacoor Brothers Group Europa, afirma que “o nosso foco é o cliente, pelo que trabalhamos continuamente para fornecer a melhor experiência possível. É com entusiasmo que estabelecemos a nossa parceria com a Klarna para Portugal, de forma a oferecermos aos nossos clientes a opção flexível e simples ‘Pay in 3’. Pretendemos que os nossos clientes tenham a possibilidade de comprar e pagar como, onde e quando quiserem”.
Foi precisamente através da mais recente marca do grupo, a Sacoor Blue, que a empresa nacional apostou na internacionalização: partiu à conquista dos Emirados Árabes Unidos, instalando-se no City Centre Deira. Criada em finais de 2021, a Sacoor Blue já tinha chegado ao Médio Oriente, com a abertura de uma loja no segundo piso do Al Zahia City Centre. t
T 18 Abril 2023
"Precisamos de metas mais ambiciosas nas exportações, mas 2023 está a ser um ano mais dificil"
Bernardo Ivo Cruz Secretário de Estado da Internacionalização
sabemos umas coisas.
E V E N T O S Q Z H L C Y L A P L Z F J T H G Q J M
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T 19 Abril 2023 G N I S I D A H C R E M A P E N G A G E M E N T N E O E J P U B L I C I D A D E E I L H S A C I R T É M P A N T O N E L O P O S O D O A Z C U J Z D U E H A R I M T I A I I P V S O C I A L M E D I A N N G U R J H F I D E L I Z A Ç Ã O Y G E H T L T T Q I B R E E G A P G N I D N A L G O W E D B U F W R E P O R T T S S B T H U E A H Q E A G V I R S Z W W Q G A G I O R A N Ú N C I O F Y R E T E A A S W E N N N S R N B K J C K E R D M R U Z R C N Z N B A G I A S S L G F V I D E O K U T P P A R A T P D J K D V V T E P N M I Q F O A I E S R D T H M O J I E N O S L O S O B O E D I V F L A Y O U T K A T M B Q F E E D B A C K P I M O C K U P M I H W R P S Z N A I U N O R S S E M H M L Z N H S H T H B M N I B O D Y C O P T R C C R Z N O C Y P X B S T A G H N P M U F A A F E I I H K N O W H O W E A H Q N P A G E V I E W S Q L A O M T R N U T O P S V T Y A T A F I N I D A D E L D N A C L I P P I N G D M U L F M Z Z X M M R R A I E A R F O N H Z U K H E A V Y U S E R B P K E V V N I M K M G Q H O A I E S R G T D V C J R A O N I L G M E I R O I S C Y I X M G Z I E W O P I C F E A F V P N N E T S B T H N E E H Q C A G N
D E T Z S W Q Q R T G
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"PROXIMIDADE E CONFIANÇA É MUITO IMPORTANTE"
T 20 Abril 2023
FOTO: RUI APOLINÁRIO
Carlos Serra
O CEO da Troficolor, empresa fundada em 1956, passou incólume o pior período da pandemia e está apostado em manter um perfil de referência no competitivo mercado da moda. A aposta nas exportações é um dos planos centrais do seu posicionamento – que leva Carlos Serra a olhar com especial atenção para o lado de lá do Oceano Atlântico.
ADN da empresa resulta de muitas décadas de uma evolução em contínuo que transformou a Troficolor num ponto de referência onde os clientes contam com um serviço de largo espectro e a certeza de que, como parceiro, assume uma grande parte dos riscos do mercado. Uma caraterística essencial e fator diferenciador nestes tempos de forte incerteza.
Como foi o ano de 2022 na Troficolor?
Acabou por tornar-se um ano positivo, contra aquilo que eram as expectativas iniciais. Temos a vantagem de não sermos indústria. Já os nossos parceiros enfrentaram situações complicadas e tivemos que estar presentes para os ajudar por causa do grande aumento dos preços das matérias-primas, da energia e dos combustíveis. O ano acabou por terminar de uma forma simpática. O volume de negócios teve um aumento em relação ao ano de 2021, que também já tinha sido melhor que o ano de 2020.
Conseguiram já ultrapassar todos os problemas colocados pela pandemia?
Felizmente connosco os problemas foram suaves. O ano de 2020 começou muito complicado - tivemos que fechar alguns dias em março. Mas a partir de maio as coisas, contra as expectativas, foram animando – apesar de não termos sido das empresas que estiveram ligadas aos produtos Covid. O nosso negócio continuou ligado à área da moda. Cheguei a fazer algumas experiências, mas não correram bem. Houve muitos clientes nossos que en-
Overedaram por essas soluções como alternativa – máscaras e equipamentos médicos de proteção individual – quando deixaram de ter encomendas na área da moda.
Para que mercados mais vende?
Os mais importantes, até pela proximidade, são os mercados europeus: Espanha, França, Itália e Inglaterra.
Qual é a percentagem das exportações?
Em termos de volume de negócios, 95% é exportação. Uma parte é direta, cerca de 35% são faturados ao cliente final, os restantes 60% são faturados a empresas portuguesas que se dedicam ao private label (exportação indireta). O ano passado, passámos de 35 para 39 países. França tem por simpatia uma percentagem com algum significado, pois uma parte dos visitantes da Premiere Vision são franceses. Apesar de não fazermos qualquer feira em Itália, este mercado também tem algum peso. Inglaterra com o Brexit, as coisas arrefeceram um pouco – mas continuamos a ter negócios, vamos até fazer mais uma nova feira em junho, para além da The London Textile Fair. Em termos de feiras fazemos também a JITAC no Japão – e naturalmente o nosso MODTISSIMO. Este ano também fizemos uma experiência com o nosso agente numa feira em Madrid e em Vigo.
Fora da Europa, em que mercados estão?
Temos o Japão, temos alguma coisa nos Estados Unidos –estamos a tentar aproximarmo-nos um pouco mais deste mercado. Já trabalhamos com um agente em Nova Iorque mas percebemos que não é o suficiente para um mercado tão vasto quanto o americano. Temos também agentes na Coreia do Sul e em Taiwan. A Colômbia e o Canadá também são mercados onde queremos crescer.
A Troficolor, uma empresa familiar criada em 1956, tem-se vindo a desenvolver e adaptar às exigências cada vez maiores do mercado têxtil, especialmente em relação ao denim. O core business da empresa é fornecer Denim e tecidos PPT (preparados para tingir) para a indústria da moda. O modelo de negócio da empresa consiste no desenvolvimento de coleções próprias, através do departamento de design, tendo em conta as tendências de moda internacionais. Para a sua produção “estabelecemos parcerias com os mais diversos produtores do mundo, que tenham por base o cumprimento das normas laborais, ambientais e de qualidade, sendo estas coleções apresentadas numa base semestral”, refere a Troficolor – que, como diz o seu líder, assumiu já a função mais abrangente de consultor. “Não limitamos o nosso trabalho apenas à venda do produto, acompanhamos o cliente desde a seleção do artigo até à finalização do mesmo”. A ligação ao denim existe desde a origem da empresa. “As rápidas transformações no mundo dos tecidos resultaram em novas tendências e realidades que foram acompanhadas com atualizações constantes, através da criação de sinergias, da investigação de produtos inovadores, e da sua introdução no mercado”. A cada coleção bianual a Troficolor apresenta um vasto conjunto de novos produtos. Mas não vai avançar para a criação de uma marca. Que por acaso já teve: a City Jeans. Mas Carlos Serra é claro sobre essa questão: “pertencia ao negócio de família. Acredito que uma marca própria podia ser interessante, mas não está nos meus planos ”.
De que forma vão fazer a abordagem do mercado da América do Norte? Pensamos que terá que passar pela angariação de mais agentes que percebam e sintam o nosso produto para o comunicarem devidamente. Na Europa temos isso tudo: a proximidade, as feiras, agentes a trabalharem connosco já há muitos anos: a comunicação é muito mais fácil. Também já chegamos a muitos clientes através da nossa plataforma B2B, criada antes da pandemia. Quando se deu o confinamento, já tínhamos o B2B ativo, logo conseguimos chegar mais facilmente aos nossos clientes. Contudo não deixa de haver a necessidade de mantermos a humanização do negócio. O negócio tem de ter essa componente.
Comunicar a patine das velhas máquinas é aquilo que os norte-americanos procuram?
Sim. Também o mercado escandinavo tem muita apetência para este conceito vintage. Aliás, nesta altura o upcycling já está a ser “Moda”. Há quatro anos atrás, quando nós lançámos o conceito upcycling, um colega seu disse-me que estávamos a mostrar os “monos”. A moda é intemporal. Estou nesta área há 40 anos e dá para perceber que a moda é cíclica. Cada vez mais os norte-americanos falam nos deadstocks, o que é nem mais nem menos aquilo que já existe, porque é o mais sustentável. Fazemos isso internamente: todo o nosso espaço, a antiga Mabor, é um reaproveitamento do que existia. Demos a tudo uma segunda vida – porque não fazê-lo aos tecidos? É o mais simples e os clientes estão a ter uma apetência enorme por procurar esse conceito. O upcycling passou a ser moda – até agora seria uma vergonha usar coisas que fossem antigas, agora fica bem e será uma tendência a perdurar.
A Troficolor foi por isso pioneira em algumas frentes: o Upcycling, o B2B. Não conseguíamos estar presentes nas feiras todas, mas tínhamos necessidade de chegar a mercados como os Estados Unidos, o Canadá e outros mercados apetecíveis. Se não tínhamos os canais próprios, ou os melhores canais – que eram por exemplo os agentes – tivemos necessidade de dar suporte aos mercados onde estávamos. Conseguimos! Mas tudo isto não tira a necessidade de estarmos presentes nas principais feiras, de forma a termos contacto físico com o cliente, pois eles precisam dessa humanização.
O que é que estão a ‘tramar’ que ainda está fora do tempo e que vai ser a próxima moda?
Não sabemos (risos). Há uma coisa que já percebi que veio para ficar: o conceito do Upcycling, a reutilização (segunda-mão). O mercado está a aceitar, porque já perceberam que não fica mal usarem o usado. Mas isso terá um contra: vai arrefecer as vendas do que é novo!
Como é que 2023 está a correr? Está a ser um ano difícil?
Ainda não, mas já percebemos alguns sinais. Felizmente, não estamos muito concentrados num mercado específico, e por esse motivo ainda não o sentimos. Fechámos o ano passado com 800 clientes – cerca de 350 no mercado externo 450 no mercado nacional, o que nos permite essa diversificação. Não temos clientes com um peso excessivo, a faturação está distribuída de uma forma equilibrada. Mais do que aumentar o número de clientes, o nosso propósito é estabilizar e fortalecer a relação que temos com eles. São o nosso ativo mais precioso. O nosso negócio assenta numa parte no trading – produzimos em diversas partes do mundo e, quando estou a colocar encomendas,
T 21 Abril 2023
ENTREVISTA n
"Há quatro anos, quando nós lançámos o upcycling, alguém disse que estávamos a mostrar os 'monos'"
“O Stand Vintage”
É definitivamente um dos stands mais fáceis de identificar em qualquer feira onde esteja presente: a Troficolor muniu-se de um acervo vintage que vai desde as máquinas ao mobiliário, passando pelos… caixotes do lixo. Tudo soa a conservação, identidade e restauro, como se entrar num stand da marca fosse comprar um bilhete para entrar num museu da indústria. O lugar onde a Troficolor existe dá mostra de que os seus stands são apenas uma extensão da sua unidade de negócio: máquinas antigas, cones de fios antigos, secretárias antigas – onde se senta gente nova!
dou especial importância à relação que tenho com os meus parceiros, porque são eles que me dão suporte para que possamos manter a nossa imagem de qualidade e serviço junto do mercado. E com os nossos clientes fazemos o mesmo, é muito importante mantermos a proximidade e a confiança deles.
Quais são as mais-valias que a Troficolor apresenta a esses seus 800 clientes ativos?
Criatividade, sustentabilidade, qualidade e segurança no serviço.
O que pensa do tema da sustentabilidade?
Em relação a este tema, penso que carece de uma maior informação por parte de alguns players, entre eles, as marcas e o consumidor final.
Um exemplo.
Por exemplo, no caso do algodão orgânico, para que o produto final seja certificado, a norma GOTS obriga a que toda a cadeia produtiva, desde a plantação do algodão até à produção da peça, seja certificada, atestando o cumprimento das regras e a rastreabilidade do algodão orgânico. E a marca final não é GOTS? Não dá para perceber. E pedem-nos que toda a cadeia seja GOTS. Falta também parte pedagógica para o consumidor final. Se esse consumidor comprar uma peça GOTS, tem todo um conjunto de normas que foram cumpridas; mas se este a lavar em casa com outras peças não certificadas, lá se foi toda a cadeia! O consumidor procura agora também o algodão reciclado, mas à sua maneira – o que não é possível: as fibras recicladas têm as suas caraterísticas. Claro que o mais sustentável é o upcycling: a reutilização de tecidos que já existem: não têm custos energéticos associados – o que não acontece com o reciclado, que é necessário voltar a processar e produzir novas fibras, mas ao menos, evita que os tecidos
vão parar a aterros. O excesso de vestuário que é produzido no mundo é uma brutalidade e uma grande percentagem destes vai também parar a aterros ou é incinerado.
O que fazer para ensinar o consumidor final?
O consumidor final em relação a este tema da sustentabilidade ainda é mau aluno...
Olha mais para o preço. Exatamente. Fala muito naquilo que gostaria que as coisas fossem, ideologia... mas na prática não fazem muito por isso. Temos muita dificuldade praticamente em toda a cadeia - é o consumidor final quem dita o que o mercado está a pedir, mas alguns dos players que estão no meio também precisam de se informar melhor sobre este tema “sustentabilidade”.
Acredita que a UE venha a fazer alguma ação de proteção à indústria europeia?
Até agora, nunca lhes interessou fazer nada. Só vai interessar quando os principais países voltarem a ter indústria, caso a Alemanha, a França... Aí, vão fazer qualquer coisa. Se a indústria se mantiver na periferia, no sul da Europa, a nossa voz não tem peso.
Esse é o outro lado da promessa europeia: a reindustrialização Vale a pena acreditar nisso?
Devia objetivamente passar por aí. Tivemos o exemplo do que foi estarmos reféns da Ásia quando foi o problema da pandemia. As pessoas só não aprendem se não quiserem.
Não podemos estar no negócio pelo preço – isso seria ser um bocadinho curto.
O que oferece mais a Troficolor?
É importante o serviço. Temos por exemplo como ponto forte os stocks. Temos stock service para grande parte dos artigos da nossa coleção. É um modelo de maior risco para nós, mas tem maior conforto e segurança para o nosso cliente. O nosso risco acaba por ser um aspeto diferenciador e dá mais confiança ao cliente. O cliente precisa desse conforto, precisa de comodismo. Temos uma gama de produtos cada vez mais alargada, já somos quase uma mercearia. Mais uma vez, este posicionamento é um risco maior para nós, mas também é na prática diferenciador. Há muito poucas empresas a trabalhar com este modelo. E, claro, pretendemos ser o mais competitivos possível - queremos ganhar negócio, crescer com os clientes – mas tentando sempre antecipar as suas necessidades. Funcionamos também muitas das vezes como uma espécie de consultores.
Esse é um modelo de negócio atraente para a Europa, para o que está próximo. Consegue replicá-lo para os Estados Unidos, para o Canadá? Provavelmente sim, penso que a distância não seria um problema.
A Troficolor surgiu em 1956. Qual é o segredo da longevidade?
A única certeza é que estamos aqui. A receita nunca é a mesma estamos sempre atentos e disponíveis para as adaptações necessárias face aos desafios que vamos encontrando. Cada empresa tem o seu ADN – a forma como cada empresário transmite os seus valores à empresa. Temos que estar sempre atentos e abertos às mudanças. t
As perguntas de
Considerando as grandes mudanças que estamos todos a vivenciar nesta área, como avalia as suas habilidades de comunicação com os clientes e de que forma está a impactar positivamente os negócios?
Entendo ser extremamente importante e necessário mantermos a humanização do negócio, criar proximidade com os clientes, investir em relações de confiança por forma a anteciparmos as suas necessidades e estabelecermos verdadeiras parcerias.
Quais são os três adjetivos que usaria para descrever o vosso produto e o que faz o cliente estar apaixonado pela marca?
Criatividade / Qualidade / Serviço. t
José Armindo
Com as adversidades externas atuais, como encara 2023?
Vejo 2023 com alguns sinais de reflexão… desde 2020 que enfrentamos variadas dificuldades, mas felizmente temos conseguido ultrapassar. No corrente ano já percebemos alguns sinais mais adversos, por isso estamos atentos e focados em manter a qualidade e o serviço que nos caracteriza e manter a proximidade com os nossos clientes.
A diversificação dos mercados é importante. Em que geografias vai apostar?
É fundamental! Iniciamos a aposta no mercado externo já há alguns anos e procuramos manter um equilíbrio entre os mercados / clientes que trabalhamos. Os mercados europeus são os mais representativos e aqui iremos investir mais nos nórdicos, mas trabalhamos também com marcas de outros continentes, sendo nosso objetivo crescer nos Estados Unidos e Canadá.t
T 22 Abril 2023
António Cunha Diretor comercial da área internacional da Orfama
CEO da Inarbel
"Mais do que aumentar o número de clientes, o nosso propósito é estabilizar e fortalecer a relação"
T 23 Abril 2023
A MADRID TRAZ-NOS UM CORAÇÃO PARTIDO OU UMA HISTÓRIA DE AMOR
Tão enigmática como profética, a declaração com que Elias (Argentina) abriu a sua entrevista, sobre o que o teria motivado a trocar o seu país por Madrid, deixar-me-ia a refletir sobre a latitude da mesma.
Entre 2018 e 2019 preparei a instalação de arte “Travessia” para a apresentar na minha exposição individual na MATADERO, em Madrid, a convite de Mateo Feijóo, à altura Diretor Artístico daquela instituição. A obra compreendia um documentário e uma instalação de arte têxtil sobre as histórias de pessoas que cruzaram mares ou oceanos para se instalar em Madrid. O documentário é uma recolha etnográfica que se revelou fundamental para informar todo o trabalho artístico para a restante exposição. Foram aquelas conversas com imigrantes originários das Honduras, El Salvador, República Dominicana, Venezuela, Argentina, Perú, Marrocos, Angola e Senegal, que me permitiram,
a partir dos seus casos concretos, criar uma obra que conseguisse, simultaneamente, fazer com que a sua mensagem resistisse à passagem do tempo e não se circunscrevesse apenas às suas situações específicas, mas que pudesse ser, em qualquer momento das nossas vidas, um episódio da história de qualquer um de nós.
A instalação é composta por um mar de veludo vermelho, suspenso a partir do teto da MATADERO, a 14 metros do solo, sobre o qual estão suspensos dezenas de corpos, estabelecendo uma analogia com as vidas suspensas sobre um oceano em transição para um novo continente, onde o que irão encontrar é inesperado.
Creio que a atual crise da habitação é um indesejável teste às duas premissas com que abordei a instalação: intemporalidade e universalidade. Com efeito, ainda não estamos na situação limite de sermos empurrados para fora do nosso país, como os intervenientes no documentário e como nós – e eu própria –
há 15 anos. No entanto, estão as nossas vidas em suspenso, para ver como se alinham um conjunto de circunstâncias exteriores à nossa vontade e ação direta, para percebermos se podemos prosseguir com as nossas vidas ou, até, iniciar uma família. Há 15 anos e à medida que íamos perdendo o emprego, deixámos o país numa tentativa desesperada de não perdermos também a nossa casa, onde escrevemos as nossas histórias de amor, onde curámos corações partidos e hoje, depois de quase uma década de um propalado crescimento económico, a realidade é que a esmagadora maioria dos cidadãos não consegue sequer chegar a uma casa que possa defender – mesmo auferindo um salário.
A instalação de arte [nas imagens] e o documentário inauguraram na MATADERO em Outubro de 2019. Este último pode ser visto no YouTube: CROSSING, Cristina Rodrigues. O nome daquela exposição? “A Casa é a Catedral da Vida”. t
T 24 Abril 2023
Cristina Rodrigues
REMODELAÇÃO DE INTERIORES LOJAS SHOWROOMS MOBILIÁRIO
www.buildingdesign.pt geral@buildingdesign.pt 967 016 601
www.globaltendas.com info@globaltendas.com
T 25 Abril 2023 events & exhibitions
TENDAS PALCOS ESTRADOS MOBILIÁRIO ACESSÓRIOS
Por: Bebiana Rocha
Just Ceuta
Rua de Ceuta, número 38 4050-189 Porto
Produtos Vestuário e acessórios femininos para cerimónia e dailywear Publico Alvo: mulheres executivas entre os 25-45 anos Data de Abertura 2019 Outras Lojas Just Fashion (Porto - Rua Nova do Tronco, 528 ), Elisabetta Franchi (Lisboa – Av. Da Liberdade Galeria D), Elisabetta Franchi (Porto – Rua Pedro Homem de Mello, 264), VYP (Porto – Rua Pedro Homem de Mello, 266), Just Fashion Outlet (Matosinhos – Rua Roberto Ivens, 1305) e Elisabetta Franchi Outlet (Alcochete – Avenida Euro 2004)
BRAVIAN USA COLETES BALÍSTICOS NO VESTUÁRIO
A Bravian, marca de vestuário masculino da Latino Group, tem uma nova coleção que segue uma forte inspiração e herança na área militar. Tendo como moodboard o metaverso, a marca portuguesa avança com a utilização de materiais improváveis, como explica Andreia Silva, head of design: “Criámos uma cápsula 3D usando uma mesh que na área militar é usada em coletes balísticos. Estas peças têm uma vestibilidade fora do comum e apresentam um look diferenciado”. A ‘Mesh Militar’ é usada desde detalhes como bolsos e painéis termo colados até peças inteiras como um bomber
Uma loja que oferece elegância dos pés à cabeça
Foi com o objetivo de colocar a Rua de Ceuta como um novo ponto para compras de luxo e vestuário de cerimónia na cidade do Porto que a Just Fashion abriu em 2019 a sua quinta loja: a Just Ceuta. Um espaço com dois andares dedicado inteiramente ao universo feminino, que prima pelo atendimento personalizado.
“Abrimos na Rua de Ceuta porque achámos que o centro do Porto estava a precisar de mais oferta no segmento medio-alto, que é onde trabalhamos, e de um espaço que se afirmasse pela oferta de roupa de cerimónia”, contextualiza Pedro Tavares, diretor-geral da Just Fashion.
“A Just Fashion é uma empresa de representação de marcas de vestuário em Portugal. Somos distribuidores e agentes de marcas italianas e temos também uma presença no retalho com seis lojas. A Just Ceuta foi a nossa penúltima aposta”, refere. As dores de crescimento foram várias: o confinamento e o facto de a rua não ser identificada com o comércio pesaram, mas aos poucos foram ultrapassadas.
O conceito de loja foi renovado em novembro do ano passado e foram introduzidas novas marcas: “Começámos com oferta para mulher e homem, mas como o mercado português é muito mais aberto ao segmento de senhora, acabámos por ficar apenas com vestuário feminino. Tivemos
duas entradas nesta estação: Penny Black, do grupo Max Mara com um target mais elevado e com peças mais conversadoras, e também a BCBG, que está a ser relançada”, conta Pedro Tavares ao T Jornal. A Pinko, sobretudo na categoria de acessórios, também tem conseguido uma performance muito boa.
Neste momento, são 11 marcas que estão disponíveis em loja, com destaque para a marca própria de gangas My Fair by Just.O, 100% portuguesa e sustentável, e a recente marca da apresentadora Claúdia Vieira, a Obsidian, que lançará uma cápsula muito em breve.
“Na nossa loja cada marca respira por si. É possível perceber por cada corner a identidade e filosofia de cada uma”, esclarece aquele responsável. “De salientar também que uma cliente pode entrar de uma forma e sair de outra totalmente diferente. Temos todo o tipo de artigos para vestir as clientes de cima a baixo e o nosso ponto de honra é o atendimento de excelência”, acrescenta.
Os produtos que têm mais saída são sem dúvida os vestidos, sejam eles para cerimónia ou uso diário. Pedro Tavares destaca ainda a crescente preferência por saias e do denim, que surge nesta estação na figura de calças de cintura mais descida. Para os próximos meses, a Just Ceuta está já a preparar eventos para dinamizar o espaço. Fique atento às redes sociais. t
MANGO USA MATÉRIA-PRIMA NACIONAL…
A Mango lançou uma nova linha premium designada Capsule e as propostas da coleção incluem peças intemporais de edição limitada para ocasiões especiais confecionadas com materiais de alta qualidade de fornecedores portugueses, entre outros. Seda e viscose foram algumas das matérias-primas escolhidas no nosso país. Esta coleção será renovada duas vezes por mês, entre março e setembro.
… E DECATHLON TAMBÉM
A gigante francesa Decathlon, do grupo Mulliez, lançou a sua primeira coleção fabricada inteiramente na Europa, com destaque para a presença de matéria-prima portuguesa: poliéster reciclado, algodão e lã merino de ovinos dão forma à nova cápsula, a que a empresa chamou Minimal Editions. No total, significou uma redução na pegada de carbono na produção das roupas entre 60% e 80% em comparação com as produzidas na Ásia.
é a quota de exportação direta da JF Almeida
DAVID CATALÁN VESTE USHUAÏA
As fardas usadas pelo staff do Ushuaïa Ibiza Beach Hotel são agora assinatura pelo designer David Catalán, radicado em Portugal. A coleção assenta nos princípios do smartwear, que priorizam o conforto e sustentabilidade, aliadas ao design de autor. “Estou muito feliz por assumir esta responsabilidade”. O designer refere que “é uma grande oportunidade para mostrar o meu trabalho e continuar a dar visibilidade à minha marca".
T 26 Abril 2023
X
DE PORTA ABERTA
95%
“Mesmo entre os clientes do segmento moda há uma apetência por artigos mais técnicos”
Hélser Rosendo Diretor de negócios da TMG Textiles
IBIZA HOTEL
FOTO: RUI APOLINÁRIO
T 27 Abril 2023
O MEU PRODUTO X
Por: Bebiana Rocha
RFProTex
Desenvolvido pela Cottonanswer, CITEVE, FEUP, FCUP e Rede de Química e de Tecnologia (REQUIMTE)
O que é? Vestuário para uso geral com propriedades de atenuação da radiação eletromagnética emitida por dispositivos eletrónicos Principal Contributo: proteger contra problemas de saúde que possam estar associados à exposição constante de radiofrequências Estado do projeto: em fase final da construção dos protótipos, tem data de conclusão para este mês de abril
NEXTIL PRORROGA ENTRADA DA GROWTH INOV
O grupo têxtil espanhol Nextil anunciou que prorrogou o prazo para a assinatura final da entrada do fundo de investimento Growth Inov na portuguesa Playvest através da emissão de ações convertíveis de que resultará uma injeção de capital de quatro milhões de euros na empresa. O prazo inicial era até 20 de março e a prorrogação não afeta o restante dos termos e condições propostas por ambas as partes.
Coordenados que protegem contra radiações
Foi com o objetivo de proteger contra a radiação eletromagnética, mais especificamente a gama das radiofrequências emitidas pelos dispositivos eletrónicos, que a Cottonanswer, em conjunto com o CITEVE, FEUP, FCUP e o REQUIMTE, avançou com o projeto RFProTex.
Materializa-se em dois conjuntos (parte de baixo e de cima): um para homem, numa vertente lifestyle, e outro para senhora, mais desportivo. Diferenciam-se das propostas existentes no mercado pelo seu design moderno, leveza e conforto. “As soluções que existem atualmente no mercado usam bases metálicas, que são incorporadas nas estruturas têxteis, o que torna o produto final mais pesado e pode causar problemas de corrosão”, explica Fernando Pereira, docente de engenharia química da FEUP. “A FEUP tem um laboratório especializado em materiais de carbono, que sabíamos que tinham propriedades interessantes para a atenuação das radiações”, afirma.
“Pensámos essencialmente nos telemóveis quando estávamos a desenvolver os conjuntos. Há um relatório recente da Comissão Europeia que apresenta já algumas evidencias do impacto do uso de telemóveis no bolso das calças para os órgãos genitais masculinos, em termos de fertilidade”, contextualiza Ana Gonçalves, investigadora no departamento de Tecnologia e Engenharia do CITEVE. “Por isso criámos umas calças cujos bolsos são feitos de uma malha que atenua estas radiações eletromagnéticas”.
Em termos de distribuição de tarefas, a FCUP e a FEUP foram responsáveis pelo desenvolvimento
dos materiais com propriedades de atenuação que são depois aplicados na malha, em estreita parceria com o CITEVE. “A FCUP e a FEUP desenvolviam os aditivos e nós [CITEVE] íamos otimizando a formulação para garantir uma boa adesão ao substrato têxtil e resistência às lavagens”, explica Ana Gonçalves. “O Requimte e a FEUP trabalharam muito no desenvolvimento de materiais e o departamento de Física da Faculdade de Ciências na caracterização dos materiais”. O CITEVE apoiou também no design e construção dos protótipos.
Para Fernando Pereira, o grande desafio foi apresentar uma solução sem aumentar os custos do produto final e incorporar a proteção mantendo o toque e o design. "As peças que resultam deste projeto estão no nível excelente para uso geral, que são de 30 decibéis”, realça. Ana Gonçalves, do CITEVE, aponta ainda a solidez do revestimento às lavagens como outro dos desafios.
A Cottonanswer, líder do projeto, será responsável pela confeção final. A empresa de Barcelos faz um balanço positivo da parceria: “Estamos neste momento a trabalhar nos protótipos finais, esperamos chegar ao mercado no próximo ano. Estamos contentes com o projeto, achamos que é uma área com potencial dada a crescente utilização de dispositivos eletrónicos”, diz Patrícia Soares, responsável de qualidade. “Neste momento estamos a aplicar a solução em bolsos, mas pode ser aplicada em outros detalhes das peças, de futuro gostaríamos por exemplo de aplicar diretamente no estampado de uma t-shirt”, conclui. t
DIGIDELTA COM NOVAS CERTIFICAÇÕES
A Digidelta acaba de receber as certificações ‘TOP 5% Melhores PME de Portugal’ e ‘ID: Reconhecimento da idoneidade na Prática de Atividades de I&D’, confirmando que as suas práticas económicas-financeiras e o desenvolvimento da investigação geram valor acrescentado para a empresa e para o mercado. O selo ‘TOP 5% Melhores PME de Portugal’, atribuído pela consultora Scoring, coloca a Digidelta no topo do ranking das PME portuguesas, com um índice de Desempenho e Solidez Financeira (iDS) superior a 80% e notação 5, equivalente a ‘Excelente’. Já a certificação ‘ID: Reconhecimento da Idoneidade na Prática de Atividades de I&D’, avaliada pela Agência Nacional de Inovação (ANI), legitima a competência na realização de atividades de I&D no domínio das Tecnologias de Produção e Indústria de Produto
NOVENTA Y CINCO FOI FOTOGRAFAR EM PARIS
Com olhos na internacionalização, a loja multibranding de moda feminina Noventa y Cinco viajou “até Paris para fotografar 37 looks em 48 horas”, contou Raquel Santos, fundadora da empresa, ao T Jornal. A empresária juntou-se a três marcas emergentes disponíveis no seu estabelecimento e partiu à aventura. Meshmess, Sweetpepper e Clair Couture “são três marcas com um ADN muito próprio que se juntaram neste plano ambicioso”, revelou a fundadora da Noventa y Cinco.
7%
foi o aumento das exportações em fevereiro face ao homólogo de 2022
LATITID INSPIRA-SE NO SOL NASCENTE
A nova coleção da Latitid para a próxima estação inspirou-se na terra do Sol Nas cente (o Japão): apoiado nos seis sentidos – o sexto é o mote da marca, a atitude –designa-se Closer e aposta nas texturas, nos brilhantes, no tye-die e nas cores arrojadas. Arquitetura, elegância e sensualidade são as caraterísticas que se encontram nas peças da nova coleção da marca portuguesa de swimwear. O Japão surge nos pormenores, através de símbolos, como é o caso de alguns detalhes que fazem lembrar um quimono.
T 28 Abril 2023
“O made in Portugal pode ter uma importância muito grande nos Estados Unidos”
Ricardo Ferreira CEO do grupo Siena
T 29 Abril 2023
HELIOTEXTIL: O FUTURO É UNTD INDUSTRIES
A UNTD Industries é um projeto embrionado dentro da área de desenvolvimento da Heliotextil que “será uma espécie de tubo de ensaio das inovações e tecnologias desenvolvidas pelo projeto de base industrial”, explicou Paulo Videira da Costa, Art Director da UNTD Industries, ao T Jornal. Desde 2022 a UNTD “coordena um conjunto de unidades industriais das mais diversas áreas e co-desenvolve variadas estratégias, parcerias e complementaridades”, salienta.
Nesse mesmo ano, “como um manifesto prático de alguns dos seus primeiros desenvolvimentos e inovações têxteis”, o projeto lançou a sua primeira oferta de acessórios de lifestyle com a label UNTD, tendo entrado diretamente na rede de venda do maior distribuidor português no retalho de marcas de ação e lifestyle – a Despomar.
Focada na sustentabilidade, esse primeiro lançamento da UNTD “ofereceu um novo tecido feito de poliéster reciclado”, designado de NEO. “Este é um material inovador, sustentável e extremamente macio e leve que potencia um toque de conforto”. O NEO é composto por Seaqual Yarn, isto é, “100% por fios pós-consumo de poliéster reciclado (10% de plástico marinho reciclado + 90% de PET pós-consumo)”, esclarece Paulo Videira da Costa. Com o objetivo de desenvolver materiais e designs originais “que capitalizem o valor da marca, de forma a atrair investidores que catalisem e acelerem o crescimento”, a UNTD assume até 2025, o lançamento trimestral de novas coleções e artigos – de forma a acompanhar as estações. A 21 de junho de 2023 “pretende já apresentar uma nova oferta 2.0 da marca”, refere o Art Director t
SMARTEX ADQUIRE STARTUP E ABRE CENTRO EM ISTAMBUL
A Smartex, empresa portuguesa que responde pela tecnologia que permite reduzir a zero os defeitos da produção têxtil, anunciou a aquisição da Tuvis, uma startup turca que desenvolve inteligência artificial e soluções de controlo de qualidade visual em linhas de produção têxtil. Vai agora abrir um centro tecnológico em Istambul – passando a estar presente num país onde o sector têxtil é dos mais presentes na economia.
Na sequência da aquisição, a Smartex reforçou a sua presença na Turquia, que é também um
dos maiores mercados da startup nacional. A abertura de um novo centro de tecnologia é o próximo passo “em direção à missão da Smartex de agregar valor à indústria têxtil global, melhorando a experiência do cliente e lutando por um futuro sem desperdício”, refere a empresa em comunicado.
A Smartex “está entusiasmada com a abertura de seu novo Engineering Tech Center em Maslak, um dos principais distritos comerciais de Istambul. Como ponto de encontro global, Istambul é o local perfeito para atrair e
adquirir os melhores talentos da região”. O Tech Center “fornecerá um espaço para a equipa criar algo verdadeiramente único. A Smartex planeia contratar mais de dez funcionários com experiência em Engenharia de Serviços”.
Gilberto Loureiro, CEO da Smartex, diz que “esta aquisição é um movimento estratégico para expandir o nosso poder de engenharia globalmente. Com a ajuda de nossa crescente equipa em Istambul, temos a certeza que causaremos um impacto duradouro na indústria têxtil mundial”. t
MUNDOTÊXTIL REFORÇA PRESENÇA NOS EUA
SUSANA BETTENCOURT AVENTURA-SE NO PECHISBEQUE
Pechisbeque é o nome que tomou a nova coleção da designer Susana Bettencourt – que assim usa um termo antigo associado a objetos de pouco valor que tentam parecer nobres, e que foi o mote para o novo lançamento, que, evidentemente, é tudo menos pechisbeque. A coleção reflete o sentido metafórico da ilusão associada à expressão, ao mesmo tempo que brinca com a perceção visual das propostas. Uma espécie de pechisbeque de gama alta!t
A participação da Mundotêxtil na New York Market Week, no passado mês de março, pretendeu ser mais uma forma de o grupo reforçar a sua presença no mercado dos Estados Unidos. É que, “apesar da agitação geopolítica que obrigatoriamente se reflete no consumo do mercado norte-americano”, como refere a administradora Ana Vaz Pinheiro, os Estados Unidos continuam a ser de importância estratégica. “O mercado americano é reconhecidamente pragmático” e, como tal, a empresa de têxteis-lar de Caldas de Vizela continua a apostar em produtos de alta qualidade e design, sempre produzidos com consciência ambiental. “A sustentabilidade é considerada um critério essencial” para os norte-americanos, pelo que fibras como a aloé vera, o cânhamo, o poliéster reciclado e o algodão reciclado seguiram viagem para lá do Atlântico.
“A internacionalização é neste momento a sobrevivência das empresas ”
Paulo Faria
Diretor comercial da Paula Borges
FARFETCH LANÇA ACTIVEWEAR COM A NEW GUARDS
A Farfetch e a sua marca New Guards Group entraram no segmento de activewear com o lançamento de uma linha que chega ao mercado sob a sua marca conjunta, a There Was One (Two). Com materiais de alto desempenho, esta nova proposta enquadra-se no motivo geral das roupas básicas da marca, uma vez que cada peça foi cuidadosamente projetada para ser combinada com o resto da coleção, respondendo às necessidades dos clientes.
6.000
é o número de clientes ativos da Impetus
SALSA MOSTRA COMO SE VESTE A CONFIANÇA
A insegurança está a falar mais alto? Talvez faltem… umas calças Salsa. Este é o mote da nova campanha da marca de vestuário portuguesa que tem como objetivo dar uma dose extra de confiança a todas as mulheres que usam os jeans da insígnia. Um filme acompanha a chegada da CEO de uma empresa a um parque de estacionamento, onde dois colaboradores esperam ansiosamente para descobrirem quem vai sair do carro e ficam surpreendidos quando de lá sai uma mulher que aparenta ter imensa confiança. “A certeza que és a tua primeira escolha” é a mensagem da marca.
T 30 Abril 2023
EMERGENTE M
Por: Ana Rodrigues
Marta Amaro, Designer de Moda da Polopiqué
Família Pai, mãe, irmão e avó Casa Apartamento na Maia Carro BMW Serie 1 Formação Licenciatura em Design de Moda Portátil MacBook Pro Telemóvel iPhone 11 Hobbies Assistir a drag shows, ir ao cinema, andar de longboard, fazer upcycling da sua roupa e fazer workshops Férias As últimas foram no Alentejo Regra de ouro “Ser autêntica, ser fiel aos meus valores e aproximar-me mais da pessoa que ambiciono ser”
Crescer fora da zona de conforto
Marta Amaro entrou na Polopiqué há quase quatro anos como designer de moda de kidswear, mas nos dias de hoje faz parte da equipa de design de womenswear. Uma mudança inesperada que se tornou um desafio. Nada de preocupante: “mesmo que não saiba para o que vou, eu agarro o desafio, pois apenas fora da minha zona de conforto sou capaz de evoluir e isso motiva-me”.
Licenciada em Design de Moda pela Universidade da Beira Interior, a paixão pela moda vem desde tenra idade e, refletindo sobre isso, revela que “há um conjunto de fatores aleatórios que se conjugam e que em conjunto explicam o meu interesse pela moda”. As mulheres à sua volta foram o começo: a mãe que desenhava, a avó que pintava e a outra avó que trabalhava no secretariado de uma confeção têxtil. Juntas, fizeram com que contactasse diretamente com o mundo dos tecidos e das peças de vestuário. Com o crescimento, foi explorando a sua veia criativa e depressa entendeu que a moda seria o caminho. “Para mim, o cinema francês foi uma grande influência, sobretudo a Catherine Deneuve, a musa de Yves Saint Laurent que foi também uma grande referência para mim, a nível individual e enquanto diretor criativo da Dior”.
“Desde cedo que queria desenhar roupa, mas em criança não sabia o significado disso”. “Permite transmitir o que sentimos, mas não necessariamente o que somos”, revela. Para a Marta, “a roupa é o que conseguimos sentir ao vestir”. Assim, quando pensa em desenhar uma peça “quero permitir que a mulher se sinta confiante, confortável e se consiga sentir ela mesma”.
E foi em 2016 que iniciou o seu percurso profissional com um estágio na Disfunctional Shoes, uma empresa de calçado. Seguiu-se uma oportunidade na Ecovest, onde começou a desenhar vestuário para criança e aí “recolhi conhecimento de matérias-primas, de confeção, de desenho técnico”.
Com a passagem para a Gotrend, “os conhecimentos da Ecovest amplificaram-se”: começou como designer de moda de womenswear. A Gotrend tem sede na China – que visitou por mais de uma vez e onde conheceu “uma realidade diferente através do contacto com as diferentes matérias-primas, fornecedores e métodos de produção”. Tendo começado no kidswear acabou por transitar para o womenwear, “um mundo que proporciona uma dimensão mais alargada”.
Em 2019 chega a oportunidade na Polopiqué. “É uma empresa que tem muita história e que muito cresceu e que, admiro desde os tempos de estudante”. “Há um lado muito humano na Polopiqué que me acolheu muito bem e que me permite aprender todos os dias com toda gente”. “Espero acrescentar-lhes algo também”, conclui.
A monotonia não faz parte do seu dia-a-dia: a ambição contínua de aprender e absorver o máximo de conhecimento possível, dado o constante sentimento de que ainda tem muito para conhecer, defende-a disso. Ainda assim, a designer de moda não esquece o tempo de qualidade consigo mesma e com os seus, para que possa continuar a integrar-se em mais caminhos fora da sua zona de conforto e a crescer. t
T 31 Abril 2023
FOTO: RUI APOLINÁRIO
MUNDO VERDE a 6
Piscinas: cerca de 15 milhões de m3 de água, equivalentes a 60% dos gastos mensais da JF Almeida daquele precioso produto, já são reutilizados
FIO DE ANANÁS E ALGODÃO DA TEARFIL ‘INSPIRA’ RIFERTEX
A Rifertex “lançou a sua primeira malha de jersey composta com um fio 30% ananás e 70 % algodão da Tearfil”, revelou André Ribeiro, executivo de Operações da Rifertex, ao T Jornal. A nova mistura destaca-se pela sustentabilidade e por ser mais forte que o algodão.
Ainda que elaborada com fio da Tearfil, a nova malha “não resulta diretamente de uma parceria, mas sim de um pedido de um cliente”, acrescenta o executivo. A amostra de cerca de 15kg resultou de um pedido por esse fio específico da Tearfil, com “a Rifertex a produzir a amostra e a desenvolver questões técnicas da malha de forma a satisfazer o cliente”, salienta.
“Apesar do princípio produtivo ser o mesmo dos fios em algodão, a integração de fibras de ananás nas malhas ajuda a indústria têxtil a tornar-se cada vez mais amiga do ambiente e sustentável”, tendo sido também “uma oportunidade de experimentar esse fio nos nossos teares circulares”, conta André Ribeiro.
A Rifertex é uma das inú-
meras parceiras portuguesas da Smartex, tendo sido a empresa de malhas que ajudou os três fundadores da startup a aprimorarem o seu protótipo de diminuição do desperdício têxtil, ainda antes da Smartex existir como empresa.
“Os seus alicerces surgiram na Rifertex”, enfatizou.
“A Rifertex tem mantido há mais de uma década uma filosofia de aquisição de novos teares (modernos e eficientes) todos os anos, e assim planeia continuar a fazer”, explica o executivo de
operações, revelando ainda que o investimento em painéis solares “que reduzem significativamente os custos energéticos, já retornaram o seu investimento”.
Para 2023, a Rifertex pretende aumentar a capacidade instalada de painéis solares, continuar a sua parceria com a Smartex – “apoiando o desenvolvimento de novos sistemas de deteção de defeitos” – e continuar a aposta de aquisição de máquinas (teares) mais produtivos. t
HUMANA RECOLHEU 2.777 TONELADAS DE RESÍDUOS TÊXTEIS
No final do ano de 2022, a Humana Portugal recolheu 2.777 toneladas de vestuário e calçado usado em Portugal, recorrendo para isso à rede de 879 contentores distribuídos pelo país. Estes totais representam um crescimento de 2,8% em relação a 2021, altura em que foram recolhidas 2.700 toneladas.
As taxas de reutilização conseguidas pela Humana e pelos seus parceiros continuam altas: 59% das peças são reutilizadas,
sendo que 19% regressam a Portugal para revenda na rede de lojas Humana, com os restantes 40% a encontrarem clientes no mercado global. Dos materiais recolhidos, 33% foram encaminhados para reciclagem e 8% foram considerados resíduos e encaminhados para aterro ou incineração.
Os têxteis recolhidos foram encaminhados para gestores especializados em triagem seletiva, cerca de um quarto dos materiais foram processados por organiza-
ções da rede Humana (Espanha e Bulgária) e os restantes em centros de triagem fora da Europa.
As 19 lojas Humana – 13 em Lisboa e seis no Porto – realizaram vendas recorde em 2022, com mais de 2,2 milhões de peças vendidas, o que representa um crescimento de 83% em relação a 2021. Os proveitos das atividades de reutilização e reciclagem são investidos pela Humana em projetos sociais, tanto a nível local como internacional. t
FAFEDRY REDUZ MICROFIBRAS NOS OCEANOS
A Fafedry, empresa de tinturaria e acabamentos para peças de vestuário, denim e têxteis-lar, acaba de lançar as bases de um novo projeto, a que chamou CARE4Ocean – e que tem como finalidade reduzir as microfibras têxteis que vão parar aos oceanos. O projeto está ainda a dar os primeiros passos em ambiente interno, seguindo-se depois a identificação de parceiros como universidades e centros tecnológicos para levar a ideia mais longe. A empresa compromete-se a quantificar as microfibras têxteis retidas em processos de lavagem industrial, se possível por tipo de materiais e tipologia de produto.
ECOSYSTEX: EUROPA ENVOLVIDA NO SUSTENTÁVEL
A Ecosystex – Comunidade Europeia de Prática para um Ecossistema Têxtil Sustentável é uma nova plataforma que tem a missão de acelerar a colaboração no campo da sustentabilidade e circularidade têxtil. Entidades nacionais como o CITEVE, o INESC, a JF Almeida, a MTEX e a ERT estão envolvidos. A plataforma tem o envolvimento da The European Technology Platform for the Future of Textiles and Clothing (Textile ETP) e o apoio de várias agências da Comissão Europeia.
GRÁCIA SOFIA CRIA A PARTIR DE PAINÉIS SOLARES
O Atelier Grácia Sofia criou uma aplicação com flores luminosas feita a partir de desperdícios têxteis e painéis solares. “Este acessório pode ser usado por cima de um casaco e molda-se à peça e ao corpo de quem a usa. Podemos pô-lo a carregar durante o dia e à noite usar num evento”, sugere a criadora Grácia Sofia, em declarações ao T Jornal. A parte eletrónica não se vê, mas é possível notar os painéis solares incorporados com tecidos e fios que sobram da produção do atelier.
T
“A Good Earth Cotton é um programa de agricultura que apoia métodos de cultivo que respeitam o ambiente"
32 Abril 2023
Susana Serrano CEO da Acatel
"Ser esteticamente atraente e inovador, criar emoção e ter responsabilidade ambiental e social não pode ser incompatível"
Paulo Coelho Lima CEO da Lameirinho
T 33 Abril 2023
SERVIÇOS ESPECIALIZADOS
BPor: Mariana d'Orey
Estúdio Imigrante
Largo Alexandre Sá Pinto, 44 Warehouse A4, 4050-027 Porto
O que faz? É uma produtora especializada em filmes de arquitetura, cinema documental, surf e faz também publicidade Fundação 2012 Escritórios Porto Página online https://estudioimigrante.com/
RIOPELE FATURA 92,6 MILHÕES E REGRESSA AOS LUCROS
A Riopele fechou o ano de 2022 com um volume de negócios de 92,6 milhões, o que representa um crescimento de 40%, atingindo lucros de 1,2 milhões de euros – que comparam com os prejuízos de 1,72 milhões do ano anterior. Em comunicado, a empresa descreve o ano passado como “um ano histórico (…) marcado por uma grande agitação no plano internacional”. José Alexandre Oliveira, presidente da empresa, faz questão de vincar essa instabilidade: “A performance ao longo do ano foi bastante assimétrica, uma vez que as margens até ao terceiro trimestre, inclusive, estiveram sobre bastante pressão, verificando-se uma recuperação no último trimestre do ano”.
Estúdio Imigrante conta as histórias da moda e da têxtil
Nasceu por uma “certa casualidade” de interesses entre dois arquitetos apaixonados pelo cinema de arquitetura e pela fotografia, mas rapidamente o Estúdio Imigrante evoluiu para aquela que é hoje uma das mais conceituadas produtoras do Porto. Uma cidade que nao é conhecida pelo pioneirismo nesta área particular, mas que tem sabido ganhar o terreno que foi deixando para trás.
“O nosso percurso foi evoluindo para outras áreas, sobretudo para o cinema documental e daí para a publicidade foi um passo muito pequeno. O facto do nosso trabalho ser muito documental e associado ao lifestyle revelou-se diferenciador para a área da moda e da indústria têxtil."
"Não fomos nós que fomos atrás da publicidade, mas antes a publicidade que percebeu que lhe podíamos ser úteis”, revela Gustavo Carvalho, sócio único da produtora desde 2017.
Com um enorme cunho criativo, fruto do background de trabalho autoral, o Estúdio Imigrante tem estado envolvido nos projetos publicitários de grandes marcas de moda nacionais e internacionais. “O trabalho de publicidade é
normalmente intermediado por agências, são elas que têm os briefings criativos e que fazem intermediação com o cliente. No nosso caso, só há cinco anos é que trabalhamos com agências, fruto do crescimento do nosso estúdio e do tipo de clientes que hoje temos, mas até então o nosso trabalho sempre foi direto com o cliente."
"E mesmo agora, quando trabalhamos com agências, mantemos um input criativo que habitualmente as produtoras não são chamadas a ter”, explica Gustavo Carvalho.
Com quatro postos de trabalho diretos, mas com produções que chegam a 60 pessoas só da parte do Estúdio Imigrante, Gustavo Carvalho considera que o facto de estar sediado no Porto é uma enorme vantagem, já que aqui “o espírito associativo das produtoras portuenses permite juntar várias produtoras pequenas e fazer uma grande”.
Ao mesmo tempo que o facto de ter uma estrutura pequena permite à Estúdio Imigrante ter “uma leveza curatorial, ou seja, escolher os trabalhos que parecem ser os mais interessantes”, remata. t
Susana Serrano CEO da Acatel
COLOMBIAMODA/COLOMBIATEX MAIS SUSTENTÁVEIS
A ColombiaModa/ColombiaTex, as maiores feiras conjuntas da América Latina para o têxtil e vestuário, estão de regresso de 25 a 27 de julho, em Medellín. A Associação Selectiva Moda está como habitualmente a preparar a comitiva From Portugal para participar no certame. Os interessados devem preencher a ficha de inscrição. Com o mote ‘Tranciende’, a feira foca-se nesta edição em oferecer mais sustentabilidade aos visitantes, sendo mais de 50 as marcas responsáveis representadas. Cobrindo as categorias de jeanswear, moda infantil, moda formal e casual, marroquinaria, tecidos, acessórios, maquinaria e serviços.
milhões
de euros foram já aprovados no âmbito do Portugal 2030
KATTY XIOMARA COM ANTÓNIO SALGADO E ANALAR
A têxtil-lar António Salgado e a Analar, empresa de edredons e almofadas colaboraram com a designer Katty Xiomara na sua mais recente coleção, a ‘Vermillion’. Os tecidos da António Salgado foram transformados num cachecol, numa capa e numa mala, enquanto os acolchoados da Analar tomaram a forma de casacos. “A parceria surgiu através do Guimarães Marca, onde trabalhei com algumas empresas de têxteis-lar e tive oportunidade de conhecer de perto as suas fábricas. A António Salgado tinha fios com diferentes tonalidades de vermelho e disponibilizou-se para fazer um painel, enquanto a Analar aplicou a sua experiência de acolchoar e fez um desenho próprio que apliquei em casacos volumosos”, contextualiza Katty Xiomara.
T 34 Abril 2023
“As feiras estão no topo das nossas prioridades”
855
FIOS DA FILASA: RASTREÁVEIS DA ÁRVORE ATÉ AO PRODUTO
MARITA MORENO VENCE DOIS PRÉMIOS DE SUSTENTABILIDADE
As botas Michone Carob & Laureline Carob da designer portuguesa Marita Moreno foram premiadas pelos Global Footwear Awards. As botas venceram nas categorias sustentabilidade e processos de fabricação sustentável. Uma proposta 100% vegan cujo principal componente é o Alfarroba Tex – um biomaterial desenvolvido pela designer portuguesa Mónica Gonçalves. A sarja de algodão biológico com tingimento mineral e a sola em borracha com restos de fibra de banana e casca de café são os restantes materiais.
"O projeto From Portugal assume um papel importante"
Jonas Wand CEO da Foursource
DECENIO LAND LEVA EMPRESA ATÉ AO MUNDO DO METAVERSO
A Filasa, numa parceria pioneira com a Eastman, desenvolveu fios com a fibra celulósica ‘naia renew’, uma fibra com polpa de madeira que é rastreável desde a árvore até ao produto final. “Utilizámos a tecnologia air-jet nos primeiros desenvolvimentos, o que resultou num fio ideal para malhas”, contou Rita Monteiro, Designer Têxtil e Comunicação da Filasa, ao T Jornal.
A ‘naia renew’ é uma fibra celulósica “produzida num sistema químico de ciclo fechado a partir de 60% de polpa de madeira e 40% de poliéster reciclado”, explicou a designer têxtil. Nesse sentido, os fios produzidos com esta fibra “trazem luxo, conforto e facilidade de cuidado conectado com a sustentabilidade e a necessidade de redução da pegada ecológica do mundo da moda e dos têxteis-lar”, acrescentou ainda.
Da parceria requisitada pela empresa norte-americana Eastman à Filasa com a intenção de expandir o mercado em Portugal, resultou a produção de fios através da naia renew’. “Atualmente utilizamo-la em todos os nossos sistemas de fiação e para todas as finalidades e com resultados muito satisfatórios”, revelou.
Podendo ser “misturada com várias matérias-primas, desde o lyocell, ao modal, ao poliéster reciclado e tornando-se muito versátil para qualquer produto final”, a polpa de madeira utilizada na fibra é proveniente de florestas de eucalipto e pinheiro geridas de forma responsável, o que permite a rastreabilidade da fibra desde a origem até ao produto final.
Com a sua presença nas últimas edições da Première Vision Paris e do MODTISSIMO, a Filasa já mostrou a sua aposta sustentável, sobretudo com “fios produzidos à base de resíduos da indústria alimentar e farmacêutica, nomeadamente laranja, cogumelos, leite e menta”, salientou Rita Monteiro. Através de um processo ecológico, estes resíduos são transformados numa polpa, dando origem a uma viscose que, “como é caso do leite e da menta, tem características antibacterianas, por exemplo”.
Para 2023, a Filasa continua a elaboração da nova coleção “ainda dentro do mesmo conceito de desenvolvimento sustentável, onde apresentamos ainda mais fios bio-based e a partir de excedentes das diferentes indústrias”, conclui Rita Monteiro. t
VALÉRIUS 360 DESENVOLVE COLEÇÃO PARA A ARMEDANGELS
A Valérius 360 esteve por detrás da produção da nova cápsula da marca de moda alemã Armedangels. Uma coleção sustentável feita 50% de algodão orgânico e 50% algodão reciclado proveniente de desperdícios pós consumo. A matéria-prima é produzida inteiramente dentro da empresa de Barcelos, que depois fabrica t-shirts, sweatshirts, hoodies e sweatpants
“Na nossa viagem para fechar o ciclo na indústria da
moda cruzamos caminho com o parceiro de longa data Armedangels. A sua mais recente cápsula é um marco que mostra os esforços do sector no sentido de reinventar a roupa através da reutilização dos têxteis”, partilha a empresa nas suas redes sociais.
“A Valérius 360 é um fornecedor que partilha o mesmo comprometimento na redução do desperdício e reutilização de materiais que a Armedangels. Esta é uma cápsula que
prejudica menos, feita com materiais que prejudicam menos aqueles que mais se importam”, acrescenta a marca nas suas redes sociais, acompanhado de um vídeo que mostra uma visita às instalações da empresa barcelense.
O grupo está apostado em expandir os princípios da circularidade e da sustentabilidade numa perspetiva de comunidade de empresas capazes de as assumir como modelo de negócio. t
A Decenio chega ao metaverso com o lançamento da Decenio Land, colocando-se assim a par de outras marcas que têm representatividade nesse novo universo e atraindo novos segmentos de negócio, nomeadamente o dos segmentos mais jovens do consumo. O lançamento pode ser encontrado na plataforma Roblox. Esta é uma estratégia a longo prazo que vai permitir à marca portuguesa contar diferentes histórias, aliar o mundo virtual ao real e estabelecer o seu posicionamento enquanto marca jovem que tem a inovação como referência.
HALI STUDIO APOSTA NO SUSTENTÁVEL 100% PORTUGUÊS
A HALI Studio lançou 2o3, a sua nova coleção em pré-venda, que se inspira no próprio sistema da indústria têxtil e é focada no conforto e na possibilidade de vestir todos os corpos. Com produção 100% portuguesa e utilização de deadstocks, as técnicas de estampagem são também de menor impacto. Esta nova coleção junta-se à principal que oferece um conjunto de peças exclusivas que utilizam matérias-primas limitadas, de alta qualidade, provenientes de deadstocks de empresas portuguesas.
35%
das compras nas lojas dos centros comerciais são feitas ao fim-de-semana
NOVA LINHA BEACHWEAR DA IMPETUS UTILIZA FAST-DRY
O grupo Impetus acaba de lançar uma nova coleção, a beachwear, que recorre à tecnologia fast-dry, um tratamento especial aplicado à fibra que dispersa a água. Numa con tínua aposta na inovação, a tecnologia reduz os tempos de secagem e remove rapidamente a humidade do corpo. A coleção constitui-se por calções de banho, tangas e polos para homens de todos os estilos e idades. Inspirada em Cuba, a nova gama de produtos é versátil e alia a simplicidade com a modernidade dos padrões.
T 35 Abril 2023
Elsa Dionísio Fashion Business Consultant
MARCAS DE MODA NACIONAIS –DE ONDE VÊM E PARA ONDE VÃO
Independentemente da autoria e contexto que levam o projeto a converter-se em negócio, uma marca de moda carece de posicionamento, comunicação e canais de distribuição para atingir os resultados que (não raras vezes só) se alcançam e mantém através da internacionalização.
Da génese da constituição dos negócios das marcas de moda nacionais destacamos três vias: marca de autor, marca independente mais comercial e marca provinda do seio industrial.
Na moda de autor inscrevem-se nomes como Miguel Vieira, Fátima Lopes, etc. Até pouco antes da pandemia teriam a sua loja própria e estariam presentes em algumas concept stores nacionais e internacionais. Com a pandemia foi imperativo criarem o seu canal próprio de vendas digital. A apresentação destas coleções é feita durante as semanas de moda e não se deve esgotar no momento de comunicação do desfile. Rentabilizá-lo significa disponibilizar a coleção atempadamente a buyers, agentes e distribuidores (em showrooms físicos e digitais), durante as market weeks
As marcas independentes comerciais nacionais apresentam maior dinâmica nos diferentes canais de distribuição - lojas próprias, revenda, franchising, presença junto ao consumidor final.
Constituindo casos bem-sucedidos ao nível da expansão internacional, muitos desconhecem que marcas como a Parfois, Lion of Porches, Sanjo, Benamor, Mr. Blue, Oslo, são portuguesas.
Pelo volume de negócio e ampla implementação geográfica, a sua comunicação realiza-se através de campanhas de grande alcance. Encontram parceiros comerciais em feiras B2B, fazem prospeção de mercados e de grupos internacionais a operarem em moda.
Uma das grandes oportunidades comerciais é exatamente a criação e (boa) gestão das marcas nacionais, elevando-as e posicionando-as entre as insígnias que retalhistas internacionais procuram. É aqui que as novas marcas devem apostar pois expandir e internacionalizar não se limitam à presença digital (esta comunica o ADN, novidades, drops e collabs, mas não é a estratégia, o modelo de negócio per si omnicanal).
Portugal continua a posicionar-se como país de referência no privatelabel,sendo no seio de tal indústria que algumas marcas, repletas de características distintivas (design, qualidade, incorporação de materiais naturais, sustentáveis e inovadores, lead time, sustentabilidade financeira) têm surgido.
Nomes como Cristina Barros, Lemon Jelly, Burel Factory, etc. contam com showrooms, agentes nacionais e internacionais e estão presentes em retalhista multimarcas.
A pandemia incentivou a proliferação de mais “marcas da indústria” e a corrida aos negócios digitais, diretos ao consumidor final. Os modelos de negócio de uma marca são distintos dos modelos de negócio da indústria de subcontratação. O caminho do branding, da gestão da marca, da definição de modelos comerciais, parcerias e mercados a abordar são questões essenciais. t
EU GOSTO DE COR E DE FAZER BROWSING EM SANTA CATARINA!
Há dias relia o livro ‘Hungry City. How Food Shapes Our Lives” (2008) da Carolyn Steel, onde a autora estabelece uma clara relação entre a tipologia e meios de distribuição dos alimentos e a forma como evolui a planta das cidades ao longo da história de modo a responder a estas necessidades. Um dos núcleos basilares da cidade do Porto foi, sem dúvida, o Mercado do Bolhão. Os mercados, supermercados e mercados abastecedores, e os percursos que os alimentos fazem até chegarem a estes pontos de distribuição, moldaram a forma como as cidades foram desenhadas e como evoluíram as suas vias de circulação.
De uma forma análoga, os têxteis moldaram o território rural e urbano. Dos campos de algodão, de linho, e de seda, tingidos com banhos de cor, passando em fio pelos teares manuais e industriais, chegando em forma de tecidos ou peças de vestuário às elegantes lojas da cidade.
Uma das memórias mais marcantes da cidade do Porto são os passeios pelas Ruas de Cedofeita e de Santa Catarina com o único objetivo de fazer browsing das tendências de moda. Claro que atualmente os percursos que fazia pela cidade para ver as lojas de vestuário, ver as cores dos tecidos, as estereotomias dos padrões e, sentir as suas texturas nas mãos, deram lugar ao browsing no telemóvel ou no tablet onde as imagens perfeitas digitais vendem o produto, e dão, muitas vezes, lugar à deceção de receber por correio, na comodidade da nossa casa, uma peça têxtil com um toque áspero e sintético e uma cor, mais ou menos, deslavada. As lojas físicas eram poesia visual e táctil, onde podíamos experimentar “as modas” nos nossos corpos imperfeitos. Atualmente, somos conquistados por modelos virtuais perfeitos e recebemos uma experiência, por vezes, imperfeita mesmo à porta da nossa casa. Eu gosto de cor! Azul Klein, vermelho carmim, verde-água, azul-turquesa, amarelo açafrão. A cor transforma os lugares e transfigura as pessoas. As minhas expedições pela Rua de Cedofeita culminavam sempre na Feira dos Tecidos, onde podia ver as sedas, os algodões, as licras, os tules e os fascinantes jacquards. Todas as cores reunidas num espaço, exibidas em enormes cilindros de tecido e as infindáveis caixas com retalhos de vários tamanhos – os restos em promoção. Este lugar oferecia criatividade sem limites.
Foi publicado na revista Visão o artigo com o título “Retalho Camaleónico” (Campos, 2023), no qual a sua autora defende que: “O papel das redes sociais e dos influencers é cada vez mais relevante na comunicação com o seu público-alvo. A proximidade destes canais a uma audiência seletiva gera uma maior fidelização dos consumidores, uma maior interatividade e capacidade de conversão em vendas.”. O dinheiro envolvido no conteúdo gerado pelo usuário – influencer – tem vindo a contribuir para o surgimento de uma economia de atenção em que todos querem ser uma celebridade. Assim, uma série de anónimos, que se tornaram influencers digitais por autorrecreação, compram milhares de seguidores e likes numa busca incessante para conseguir aquele momento viral que lhes poderá trazer dinheiro e fama. A Joana Marques, com o seu programa de humor “Extramente Desagradável” tem dado um grande contributo para desmistificar a profissão de influencer. Acima de tudo, os têxteis são uma experiência real. Sentir o conforto de uma t-shirt de algodão, a frescura de uma camisa de linho, ou o deslizar macio do cetim, é algo que todos já sentimos na pele. Nem os posts da Shein, nem nenhum influencer me vão dizer como devo sentir, e, por este motivo, vou continuar a fazer browsingna cidade, percorrendo Santa Catarina e Cedofeita, em busca de sensações e modas expressas em narrativas têxteis. t
T 36 Abril 2023
Cristina Rodrigues Artista plástica e arquiteta
ACABAMENTOS
UPor: Katty Xiomara
A TAP é por estes dias a imagem de um país onde normalmente a simples verdade dos factos ganhou asas e voou. A verdade é que a verdade da TAP é uma verdade alternativa. Ou então é uma inverdade, palavra que, como se sabe, não existe porque há uma palavra que diz o mesmo, podendo ser usada com mais eficácia. Ou isto está mesmo a acontecer, ou então é tudo mentira!
Ases pelos ares
Estamos em plena temporada de ‘Lucha Libre’ na comissão de inquérito parlamentar. Os combates de longa duração têm apresentado uma coreografia pouco original e algo repetitiva de passa culpas e de inúmeras memórias que os ‘luchadores’ não conseguem precisar, mas o “não me lembro” parece ter caído em desuso, deixando de ser um dos movimentos mais populares, talvez por causa do promotor do evento ter manifestado uma insaciável procura da verdade, doa a quem doer…
Uns dos combates mais esperados foi entre afamada vedeta francesa Christine Widener mais conhecida como ‘Madame CEO’ e a incontornável Alexandra Reis apelidada de ‘Lady Ex’. Ambas deram o seu melhor a cada assalto de perguntas, com alguns golpes baixos e acrobacias inesperadas, mas sem vencedora ou vencida, deixando-nos a todos ainda menos esclarecidos.
Madame CEO apresentou-se saudosista, com as cores da TAP e qual super-herói, com uma capa esvoaçante e uma máscara fulgurante de raios e estrelas. No lado oposto do hexadrilátero, Lady Ex exibiu um visual em chamas, despido de acessórios supérfluos e pronta para a ação!
Como em qualquer combate de prestígio a apresentação das ‘luchadoras’ foi feita com pompa e circunstância, Lady Ex por exemplo, passou a pente fino todos os seus ex-títulos como: administradora da TAP, presidente da NAV, secretária de Estado, e toda uma longa lista de funções que foi acumulando por onde passou.
Por outro lado, percebemos que presumivelmente a Madame CEO teve uma ajudinha via online, onde lhe foi revelada toda a coreografia da luta, o que deve ter facilitado muitas daquelas acrobacias. Esta outra ex-administradora da TAP, também parece estar a cozinhar um elaborado plano de Vendeta por justa causa, que vai para além da sua rival.
De forma geral podemos concluir que foi uma luta interessante, embora inconclusiva, mas poderíamos destacar alguns movimentos, sendo fácil perceber, pelas bem aparentes dores de Lady Ex no fim da luta, que o seu golpe de cotovelo foi o mais utlizado.
“Nós também não conseguimos entender estas questões relacionadas com o perfil, nós também poderíamos, mas não o vamos dizer…. Nós também poderíamos dizer que esta história, não tem perfil de história bem contada, mas não o vamos dizer de forma alguma. Não, não o vamos dizer de forma alguma”.t
T 37 Abril 2023
OPor: Manuel Serrão
Turismo
R. Duques de Bragança 171 4750-272 Barcelos
JORGINHO ESSE GRANDE TURISTA DE BARCELOS
O projeto do restaurante Turismo, em Barcelos, nasceu em 2011. O edifício da Câmara Municipal estava ao abandono e os seus donos foram aliciados para abrir um restaurante. O Jorginho, protagonista principal desta série, já trabalhava como “tasqueiro” desde 1998 e era amigo de Carlitos (ex-futebolista) que foi o investidor.
Carlitos acreditou no projeto sem ver. Acreditou nas pessoas. No nosso Jorginho e no Chef Miguel Morgado para liderar as tropas.
O Turismo nasceu de uma remodelação toda feita por eles, à sua imagem.
Os primeiros seis anos foram de luta constante, muitas vezes com o coração nas mãos, pois as responsabilidades eram brutais. Mas uma das coisas que nunca faltou foi o sorriso ao cliente, produto de qualidade e muita resiliência. 12 anos depois, estão de coração cheio e com a certeza de que valeu bem a pena todo o caminho até aqui.
Agora já são reconhecidos pela cozi-
nha de excelência, serviço agradável e um espaço sobre o Rio Cavado que encanta.
O Chef Miguel Morgado dá como oferta gastronómica várias opções. Ao todo são cerca de 50 entradas diferentes, uns 12 pratos de peixe e uns dez de carne. Destacaria, sem dúvida, a Perna de Ganso com Risotto de Cogumelos, a Bochecha de Porco Preto Estufada em Vinho Tinto com Puré de Abóbora e Cogumelos, Arroz Biológico e o tradicional Galo na Púcara com Enchidos e Castanhas. Mas ainda o verdadeiro Arroz de Peixe, o Arroz Biológico com Espargos e Camarão Tigre, a Perna de Polvo com Beringela, Courgette, Endívia com Batata Migada, entre outros. Isto e muito mais é o que o Jorginho debita à mesa para os clientes de uma forma original e que é um espetáculo dentro do próprio espetáculo do Turismo.
Podia ser em qualquer parte do mundo... mas é em Barcelos. E isso também faz toda a diferença. t
TAMBÉM NOS VINHOS
A P&R CANTARQUER VITÓRIA
Quinta do Montinho | Alvarinho Reserva Vencer é um verbo que o CEO da P&R Têxteis cedo se habituou a pronunciar. Desportista desde tenta idade, Duarte Nuno Pinto levou depois esse espírito de vitória também para a sua empresa, onde produz têxteis técnicos com forte componente de inovação. Além de ter equipado já vários campeões olímpicos orgulha-se também de fornecer a camisola amarela para a Volta a França, num espírito de vitória que alarga agora também à produção de Vinhos Verdes da sua Quinta do Moitinho. Autêntico campeão é já o Alvarinho Reserva, um branco estagiado em barricas com corpo e estrutura que, gastronomicamente falando, está preparado para a alta competição. Mas há mais. Um Loureiro e outro Alvarinho (sem barrica) igualmente prontos para a competição, e até o todo-o-terreno e descomprometido Dilema, que é a marca de entrada da propriedade. E como, à imagem dos têxteis, também nos vinhos o empresário não prescinde da inovação, há ainda as frescas latas Dilema (Loureiro, Alvarinho e Rosé), que além de jovens e trendy são também funcionais e amigas do ambiente.
T
AS MINHAS CANTINAS
38 Abril 2023
MALMEQUER
Por: Ana Rodrigues
Isa Rodrigues é a responsável pela Qualidade, Design & Desenvolvimento da Coelima by Mabera. Nascida em Lisboa há 46 anos mas criada no Porto, onde reside, é casada e mãe de duas filhas de 11 e 14 anos. Licenciada em Engenharia Química pela FEUP, MBA pela antiga EGP (atual Porto Business School), frequenta atualmente a licenciatura em Ciências da Comunicação na FLUP – mas ainda tem tempo para o teatro amador. Trabalha na indústria têxtil há 23 anos, sempre ligada à empresa e à marca Coelima, onde entrou em 1999.
SOUVENIR
O VÉU DA SAUDADE
Quando me perguntam por um artigo têxtil com cariz emocional para mim é quase imediato pensar no meu véu de noiva. E não apenas porque é o véu que levei para o meu casamento o que, por si só, me leva a visitar memórias de um dia muito feliz. A história é ainda mais bonita e profunda. Infelizmente os meus pais já tinham falecido quando me casei. Acontece que um dia próximo à data do meu casamento decidi ir a casa dos meus pais arrumar uma série de coisas: roupas, livros, artigos de decoração, etc. Nesse dia encontrei as caixas de enxoval que a minha mãe tinha guardadas para os seus futuros netos. Eram três caixas porque somos três filhos.
Gosta Não gosta
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Recordo-me de ter aberto com muita emoção a minha caixa que, entre outras coisas, tinha lá dentro uma mantilha de renda de Bruges que a minha mãe tinha comprado anos antes e que eu desconhecia por completo. A origem desta mantilha é Bruges, cidade na Bélgica, onde se terá iniciado no século XVI esta forma específica de trabalhar a arte do tricot. É provável que a minha mãe a tenha comprado durante alguma viagem.
O mais incrível é que eu já tinha comprado o meu vestido de noiva - um macacão da Stella McCartney - que era exatamente do mesmo tom de bege que a mantilha de renda de Bruges que a minha mãe me tinha comprado. Uma enorme coincidência.
É óbvio que no dia do meu casamento usei como véu a tal mantilha e, de alguma forma, senti os meus pais por perto nesse dia tão importante para mim. t
T
39 Abril 2023
Mónica Machado Moreira Diretora Adjunta da Direção Comercial | Deputy Director da AICEP