T81 - Março 2023

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ANTÓNIO FARIA, CEO DA VITAL MARQUES RODRIGUES

“QUEREMOS TER UMA OPERAÇÃO INDUSTRIAL NOS ESTADOS UNIDOS”

MODTISSIMO OS PRIMEIROS ANOS DE UMA HISTÓRIA

QUE JÁ CONTA TRÊS DÉCADAS P 16

A MINHA EMPRESA APPARELX:

CHAPÉUS JÁ NÃO

HÁ MUITOS P 12

EMERGENTE PERDEU-SE UMA COMUNICADORA, GANHOU-SE

UMA DESIGNER P 31

PERGUNTA DO MÊS NO FINAL DO PRIMEIRO

PORTA ABERTA

UMA LOJA

E ATELIER

QUE QUER PASSAR AS FRONTEIRAS P 26

TRIMESTRE COMO ESTÃO AS EXPECTATIVAS PARA

O FINAL DO ANO?

SERVIÇOS

AXIS: UM NOVO

HOTEL NUM

EX-LIBRIS

DO (F.C.) PORTO P 34

DOIS CAFÉS & A CONTA

UMA EMPRESA

QUE TEM DOIS MOTORES

EM LINHA

FOTO: RUI APOLINÁRIO
P 4 E 5 NÚMERO 81 MARÇO 2023
DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS
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E 17
P. 20 A 22
T 02 Março 2023

A PÁGINA 3

EXPORTAÇÕES TÊXTEIS ATINGEM

518 MILHÕES EM JANEIRO

EDITORIAL n

AMBIÇÃO FUTURA E FEITOS PASSADOS

Apesar de uma conjuntura desfavorável, com uma redução significativa da procura internacional, os resultados das exportações de têxteis e vestuário, em janeiro de 2023, não foram tão negativos quanto se esperava, refere comunicado da ATP assinado por Mário Jorge Machado, presidente da ATP.

Em valor, as exportações atingiram os 518 milhões de euros, mais 5% que no mês homólogo do ano passado. De facto, em volume, registou-se uma redução de 12% face ao mês homólogo do ano anterior, tendo sido, em termos absolutos, os produtos incluídos na categoria “pastas, feltros e falsos tecidos, fios especiais, cordéis, cordas e cabos e artigos de cordoaria” os que registaram maior quebra (menos 2.426 toneladas, equivalente a menos 19%). Ainda em volume, os artigos que registaram maior subida, foram os tecidos de malha (mais 302 toneladas, equivalente a mais 12%)”.

Mas em valor, exportámos 518 milhões de euros de têxteis e vestuário, mais 5% face ao valor exportado em janeiro de 2022. Isto representa um aumento de 23 milhões de euros neste mês.

Os produtos mais afetados, em valor, foram as pastas, feltros e falsos tecidos, fios especiais, cordéis, cordas e cabos e artigos de cordoaria”, com uma quebra de 6,3 milhões de euros (equivalente a menos 17%), seguidos dos “outros artefactos têxteis confecionados”,

AS NOVAS RÚBRICAS DO T JORNAL

Num espaço necessariamente dinâmico como é o de todos os jornais, o número 81 do T Jornal apresenta duas novas rúbricas que vão acompanhar os seus leitores nos próximos meses.

Uma delas é da autoria de Cristina Rodrigues, artista plástica portuguesa nascida em 1980 na cidade do Porto. Doutora em Arte e Design pela Manchester School

onde se incluem os têxteis para o lar, com uma quebra de 4,6 milhões de euros (menos 7%).

O vestuário em tecido teve um crescimento de quase 23 milhões de euros (mais 32%) e o vestuário em malha um aumento de 6,5 milhões de euros (mais 3%). O vestuário em tecido também aumentou em quantidade (mais 16%), ao contrário do vestuário em malha que caiu 8%.

Embora saibamos que existe um efeito da inflação e do aumento do custo produtivo nestes resultados, acreditamos que, em muitos casos, também teremos um aumento de valor acrescentado nos produtos exportados.

O preço médio por quilo exportado subiu 19% no total, tendo as matérias-têxteis subido, em média, 16%, os têxteis técnicos 17% e o vestuário 14%. Já os têxteis-lar e outros artigos têxteis confecionados registaram uma ligeira quebra (menos 0,1%), confirmando as dificuldades sentidas em transpor o aumento dos custos produtivos para o cliente.

Em termos de mercados, há a assinalar um excelente desempenho em França, com um crescimento de 22% em valor e de 9% em quantidade. Por outro lado, Itália foi o destino que maior queda registou em termos de valor: menos 7,7 milhões de euros (equivalente a menos 19%). t

of Art (2016), MPhil em História Medieval e do Renascimento pela Universidade do Porto (2007) e licenciada em Arquitetura pela Universidade Lusíada (2004), Cristina Rodrigues ‘enrodilha’ a arte com o têxtil de uma forma inovadora e de grande beleza e irá desvendar os seus trabalhos nas páginas do T Jornal ao longo dos próximos meses. Ou talvez mais. Destaque merecem também as duas páginas sobre a história do MODTISSIMO, que já fez 30 anos

(não parece, pois não?) que, passam a constar dos próximos números do T Jornal – com o recurso à pena vertiginosa de Jorge Fiel, a quem a equipa do jornal saúda como o regresso do ‘pai pródigo’. Chegam uns partem outros: o T Jornal agradece reconhecido ao Júlio Magalhães, que assinou a página três do T Jornal dezenas de vezes. Mas será mais um até já do que um adeus porque a sua colaboração voltará em novo formato. t

Mais uma edição do T com muitas novidades. Onde se combina ambição futura com feitos passados. A primeira e a maior delas todas está plasmada na nossa capa. O nosso entrevistado deste mês, o Eng o António Faria da Vital Tecidos / Vital Home revelou-nos o seu objetivo ambicioso de vir a instalar uma unidade industrial algures entre os Estados Unidos e o Canadá, mercados que estão na primeira linha das suas prioridades de expansão. Outra novidade que nos acompanhará nas edições do T deste ano de 2023 é a parceria que estabelecemos com a artista plástica Cristina Rodrigues que tem usado na maioria das suas obras matérias e materiais têxteis. Já muito conhecida na estrangeiro, fruto da carreira que desenvolveu nomeadamente em Inglaterra e em Espanha, é com o maior prazer que o T se está a empenhar na divulgação das suas obras de arte junto da ITV portuguesa. Last but not the least, a partir deste T81, e durante 15 edições, vamos ter a publicação faseada da brochura que o nosso fundador Jorge Fiel aceitou escrever e produzir para assinalar os 30 anos da ASM e as 60 edições do MODTISSIMO. t

T
03 Março 2023
TT- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Mário Jorge Machado Diretor: Manuel Serrão Morada Sede e Editor: Rua Fernando Mesquita, 2785, Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Bebiana Rocha Telefone: 969 658 043 - mail: br.tdetextil@gmail.com Registo ERC: 126725 Tiragem: 4100 exemplares Impressor: Invulgar Artes Gráficas Morada: Rua da Fonte Nova 1 Lt. 21, Tapadinho Número Depósito Legal: 429284/17 Estatuto Editorial: disponível em: http://www.jornal-t.pt/estatuto-editorial/

PERGUNTA DO MÊS n

Texto: António Freitas de Sousa

Ilustração: Cristina Sampaio

NO FINAL DO PRIMEIRO TRIMESTRE COMO ESTÃO AS EXPECTATIVAS PARA O FINAL DO ANO?

Um misto de sentimentos: se por um lado há sinais evidentes de que as condições de produção industrial estão melhores que há um ano atrás, a verdade é que a forte diminuição do consumo em todos os mercados europeus – aqueles para onde segue o grosso das exportações do sector têxtil português – não permite antever um final de 2023 com um mínimo de certeza do lado positivo.

maioria das empresas converge nessa observação: as encomendas estão escassas neste início de ano e os volumes de vendas, que em alguns casos estão a crescer, são alavancados pela inflação e não pelo aumento da atividade industrial. Uma situação complexa que por um lado é um benefício para as empresas (porque entra mais dinheiro nos seus cofres), mas por outro implica uma possível diminuição da produtividade – uma vez que as fábricas estão a produzir menos com a mesma estrutura de custos.

Para Mário Jorge Machado, presidente da ATP, “o início está a ser muito mau, portanto há a expectativa de que o mau início possa vir a ter um fim melhor. As feiras internacionais melhoraram as expectativas para o segundo semestre – mas este primeiro semestre

Aestá a ser muito fraco”.

Dando voz a essa preocupação macro, o presidente da ATP revela que “há situações em que as empresas estão a procurar reduzir o número de horas trabalhadas porque há uma grande diminuição da procura – também ao nível do retalho. Não estamos a falar de uma situação que tem a ver com a indústria, mas com o consumo. Com a inflação, houve uma grande retração do consumo, que se verifica no cair do volume de compras (apesar da manutenção do valor) entre os 20% e os 30%”.

Revelando prudência de análise, Mário Jorge Machado diz ainda que, “se a atividade das feiras tiver algum reflexo no aumento das encomendas haverá alguma melhoria. Mas isto indicia também que pode haver um maior número de empresas à procura de soluções – o que as obriga a saírem mais porque estão numa zona de desconforto”. “O número de incógnitas que temos em

cima da mesa ainda é muito elevado relativamente ao comportamento dos consumidores europeus” – mas admite que “temos sinais positivos: a inflação está a baixar, o preço do gás natural e da energia teve uma queda enorme relativamente ao que era há um ano atrás, estando a inflação controlada, as taxas de juro não deverão aumentar muito mais”. E relata: “continuamos numa situação pior que aquela em que estávamos há dois anos atrás, mas melhor do que estávamos há um ano atrás”.

João Carvalho, CEO da Fite -

EM MÉDIA, É A DIMINUIÇÃO DO CONSUMO NA EUROPA EM 202

com, consegue engendrar uma forma de ser mais otimista: "o início do ano de 2023 não está a ser mau, não nos podemos queixar”, refere. Mas o responsável pela empresa de tecidos não deixa de ter dúvidas: “daí a fazer um vaticínio positivo para o final do ano” vai um passo demasiado grande. Admitindo que “com a pandemia aprendi a não fazer vaticínios”, João Carvalho admite, mesmo assim, que ao menos no seu caso “os mercados europeus estão a comportar-se melhor que o que estava à espera”. E dá alguns exemplos: “Espanha tem subido mais, a Inglaterra também”. No caso da Alemanha, “o mercado está a ser mais tardio”. No geral, diz João Carvalho, a Europa está “em linha com o período pré-pandemia”.

Também Hélder Rosendo, responsável de topo da TMG, diz que “o início do ano de 2023 está a ser melhor que o que eu esperava” – mas também admite que “no último

mês as expectativas pioram um pouco”. Tal como sucede com a Fitecom, “os tecidos estão a comportar-se melhor que as malhas”. Numa fase em que, apesar de tudo, “ainda não se sente o impacto das primeiras feiras do ano”, Hélder Rosendo considera que é preciso esperar para ver, antes de poder confirmar o sentido que acabará por caraterizar o ano de 2023.

Precisamente na área das malhas, a Tintex, refere o seu CEO, Ricardo Silva considera que “é preciso dividir um impacto no novo ano. Assim, tudo o que for intensivo em energia vai melhorar” – uma vez que os preços, não estando ainda aos níveis de 2021, já estão muito longe (para melhor) dos picos registados em 2022. “Janeiro foi para nós um mês bom, mas fevereiro já não foi tanto”, refere. Ou seja, “a instabilidade está a dominar os mercados, não conseguimos prever” com um mínimo de rigor como será o final do

T 04 Março 2023
25%

ano de 2023. Mesmo assim, admite “que nas malhas o início do ano correu bem nos Estados Unidos. E na Alemanha também se nota uma procura interessante”. Mas Ricardo Silva chama a atenção para um facto que merece a maior preocupação: “a confeção em Portugal está parada”, afirma. Ou seja, e como afirmava Mário Jorge Machado, as encomendas que impactam diretamente a montante do consumo estão a passar por um mau bocado.

“Tenho algumas dúvidas quanto ao segundo semestre”, admite por seu turno Virgínia Abreu, administradora da Crispim Abreu. Mas para já o sentimento é de otimismo: “vamos crescer muito bem até junho, com as encomendas para o verão a aparecerem em cima da hora”. Mas, passando o estio, talvez as nuvens voltem ao céu: “tem a ver com Portugal e a sua indústria serem competitivas”, refere, para adiantar que o

REAÇÕES DOS EMPRESÁRIOS DO SECTOR

quadro internacional não é fácil. Mesmo assim, obriga-se a que o otimismo saia vencedor: “não será como o ano de 2017/18, mas pode ser que 2023 seja melhor que 2022. Não estou preocupada: os meus clientes são muito fiéis”.

Já para Orlando Miranda, CEO da Olmac, “estamos um bocado apreensivos com o mercado, está estagnado, parado. A situação é transversal a todo sector têxtil, quer seja da parte do outdoor ou têxteis-lar. O mercado está saturado em termos de stock, houve um boom no pós pandemia, mas entretanto apareceu a guerra e está toda a gente expectante”.

Para António Faria, CEO da Vital Marques Rodrigues, “há uma quebra de encomendas que se notou principalmente a partir do mês de setembro ainda do ano passado”. E conclui também que “O arranque do ano revela muita incerteza”. t

T 05 Março 2023
"O comportamento dos consumidores europeus ainda é uma incógnita"
"Com os anos passados da pandemia, aprendi a não fazer vaticínios"
"Vamos crescer muito bem até junho", mas "tenho algumas dúvidas quanto ao segundo semestre"
MÁRIO JORGE MACHADO PRESIDENTE DA ATP JOÃO CARVALHO CEO DA FITECOM
VÍRGINIA ABREU ADMINISTRADORA DA CRISPIM ABREU

ALEXANDRA CARNEIRO HÉLDER GONÇALVES ADMINISTRADORES DA SPRING

Foi desde muito nova que Alexandra se familiarizou com os têxteis, quando ajudava a mãe costureira e por essa via alimentava aquela que é hoje a sua grande paixão. Cresceu na Alemanha e na bagagem trouxe o rigor dos alemães, que aplica minuciosamente. O primeiro emprego foi na Petratex, onde se cruzou com Hélder Gonçalves, com quem hoje é casada (têm dois filhos). Não será a sua antítese, mas Hélder é muito diferente – o que acabou por ser uma mais-valia. Ambos tinham em comum a insatisfação com as profissões passadas e isso foi o que despoletou um salto maior e uma curva de muitos graus nas suas vidas: da criatividade e do envolvimento de ambos nasceu a Spring – o início de uma aventura.

UMA DUPLA FORA DA CAIXA

DOIS CAFÉS & A CONTA A

TAPPER

Não foi de um legado de gerações passadas, mas antes uma ambição de casal que misturou paixão pela criação e um sonho muito próprio pelo mundo têxtil, que surgiu a Spring. Alexandra Carneiro e Hélder Gonçalves são o seu rosto há 21 anos e os seus indissociáveis pilares. Alexandra tem um papel fundamental na produção e na criatividade e Hélder é quem olha em frente, para o futuro da empresa. “Ela é o drone da empresa, está por cima a olhar por tudo”, segundo Hélder. Para Alexandra, o marido tem o comando: “está sempre a controlar todas as situações, a identificar os problemas, o que se pode melhorar e desenvolver, sempre com uma visão mais à frente. Com ele está sempre tudo controlado”.

A criatividade está presente não só no ADN do casal, como também no laboratório da Spring que é onde toda a magia acontece. “Nós não nos limitamos a esperar que os clientes nos mandem os dossiers com o que querem. Nós fazemos todo esse trabalho criativo. O cliente vê em nós uma empresa criativa”, afirma o casal.

Foi com as lacunas que sentiram no mercado das camisas, onde havia muita quantidade, mas fraca qualidade e falta de diversidade, que entenderam que o caminho seria por aí. Hoje, a marca oferece multiprodutos, mas o seu core é a camisaria.

A Spring cresceu gradualmente, de uma forma muito orgânica, sem grande exposição no mercado, mas isso de alguma forma é o passado: chegou em determinada altura a fase em que o casal decidiu dar ou-

tros passos. Habituados a fazer roupa para os outros, nomeadamente para marcas estrangeiras, arriscaram numa marca própria, a A line. “Achámos que este poderia ser o nosso futuro. Já que sabemos fazer, porque não termos a nossa própria marca? Parece fácil, mas não é. Mas por outro lado, ao estarmos por dentro, isto veio dar-nos muito know-how, isto é, como é que os nossos clientes fazem, quais as necessidades deles. E o facto de termos o design interno vem complementar o lado criativo: estarmos sempre acima das tendências. O resultado final acaba por ser uma alavancagem grande de conhecimento”, explica Hélder. Que acrescenta: “no dia que pararmos de fazer isso, vamos ser uma empresa normal de fazer roupa”.

Estando a estratégia bem presente em todos os passos que a Spring tem dado, todas as oportunidades são cruciais para dar asas ao crescimento da empresa. Um exemplo disso foi a fase da pandemia: um entrave passou a ser um instante favorável. “Focámo-nos nas certificações. Percebemos que o facto de sermos certificados, neste caso com certificação BCORP (com pontuação de 105,7 pontos), contribuiu para que a Spring fosse considerada pioneira e uma mais-valia na indústria têxtil, fundamental para encarar o futuro. Em termos estratégicos, enquanto indústria, na nossa ótica não me parece que haja outro caminho a seguir a não ser este”, explicou o casal.

E é neste ritmo de estar sempre mais à frente – mas também por uma questão

de autonomia na produção – que o casal achou conveniente investir numa unidade industrial, a Clothique que nasceu certificada e permitiu dar alguma segurança à empresa. Um investimento de cerca de 200 mil euros com o objetivo principal de habilitar a empresa para mais complexidade e, por essa via, atrair produção com valor acrescentado. A este projeto junta-se agora o próximo passo: um novo edifício multisserviços – que não dispensa uma cantina e um jardim: também tem de ser bom trabalhar na Spring.

O ano de 2022 fechou com um volume de negócios de seis milhões de euros, com as exportações a representarem quase a totalidade – os principais mercados são os nórdicos, a Alemanha e mais recentemente o norte-americano. “Com a nossa presença este ano na feira de Nova Iorque pela primeira vez, deparou-se-nos que existe facilidade em vendermos o nosso país como um mercado de proximidade. O que mais ouvimos é que os norte-americanos querem sair da China e querem ir para Portugal”, revelaram.

Com uma estrutura composta por 30 pessoas, “a nossa maior qualidade é a qualidade das pessoas, somos poucos, mas somos muito eficientes e focados”, refere o casal – que já está alinhado no próximo sonho: atingir os 10 milhões de euros de faturação em 2025. “O mais importante para nós é sempre o objetivo, o foco, o sonho e a estratégia. Se soubermos para onde vamos, o caminho é muito mais fácil”, concluem.t

T 06 Março 2023
Entradas Folhado de carne Peixe Linguini nero com dourada Carnes Coxa de pato Bebidas Águas, vinho Permitido Douro Cafés R.Jaime Leão Pinto nº132 4590-869 Paços de Ferreira FOTO: RUI APOLINÁRIO
T 07 Março 2023

FOTOSÍNTESE 6

UMA UNIÃO

QUE LEVA MAIS LONGE

Dois dias de recordes e satisfação generalizada marcaram o MODTISSIMO 60+1, que decorreu na Exponor nos dias 15 e 16 de fevereiro, numa edição que reforçou a aposta na internacionalização. A fasquia subiu com a presença de 5.163 visitantes, 504 deles compradores internacionais, e a apresentação de 346 coleções. A sustentabilidade continuou a ser o mote, a par da inovação, como vimos pelo programa paralelo de talks e fóruns.

T 08 Março 2023
Por: Ana 5. EM SIMULTÂNEO DECORRERAM AS ITECHSTYLE TALKS, QUE VERSARAM SOBRETUDO SOBRE OS TEMAS DIGITALIZAÇÃO, BIOECONOMIA E TENDÊNCIAS 6. ESPECIALIZADA EM TECIDOS TÉCNICOS, A LMA APRESENTOU EM PRIMEIRA MÃO UMA NOVA VERTENTE DE ALGODÕES – AS MALHAS TRADICIONAIS 11. NEM SÓ DE NEGÓCIOS SE FAZ O MODTISSIMO: TAMBÉM DE CELEBRAÇÃO E CONVÍVIO, COMO VEMOS PELO COCKTAIL ORGANIZADO PELA LMA NO PRIMEIRO DIA DE FEIRA 10. É DE “PEQUENINO QUE SE TORCE O PEPINO” E AQUI PARTILHAMOS UM ‘JÚNIOR’ A SER INTRODUZIDO AO MUNDO DOS TÊXTEIS 1. CORREDORES CHEIOS DESDE A PRIMEIRA HORA DISSIPARAM AS NUVENS DE INCERTEZA QUE SE HAVIAM INSTALADO PARA 2023. OS CONTACTOS CHEGARAM EM NÚMERO E QUALIDADE, COMO SE VÊ PELO PAVILHÃO 5, QUE ESTEVE LOTADO.

2. A AZÁFAMA FEZ-SE NOTAR NO STAND DA LEMAR, QUE ESTEVE A APRESENTAR OS SEUS MAIS RECENTES TECIDOS FEITOS A PARTIR DE RECICLADOS DE PNEUS DE CARROS

3. ENTRE AS INÚMERAS OFERTAS DA JOF, A SUA ETIQUETA ‘ECO RECYCLE’ BRILHOU E CONQUISTOU O JÚRI DOS ITECHSTYLE AWARDS NA CATEGORIA ACESSÓRIOS

7. A OLMAC LEVOU AO MODTISSIMO, ENTRE OUTRAS CRIAÇÕES, O SEU STUBBORN POLO SHIRT. UMA PEÇA DOIS EM UM CRIADA POR OLGA JONES (AO CENTRO NA FOTO), NOMEADO PARA OS FINALISTAS DO ITECHSTYLE AWARDS

8. OS TECIDOS ORGÂNICOS, LINHOS NATURAIS CERTIFICADOS E O 100% ALGODÃO FORAM AS ESTRELAS DA TEXSER, QUE NÃO QUIS PERDER A OPORTUNIDADE DE ESTAR PRESENTE

4. CARLOS SERRA, CEO DA TROFICOLOR, E A SUA EQUIPA ESTIVERAM A APRESENTAR UMA COLEÇÃO QUE DÁ UMA NOVA VIDA A TECIDOS INTEMPORAIS DE COLEÇÕES ANTERIORES

PARA

ANOS DE COLABORAÇÃO ENTRE A MESSE MUNICH E A ASM. ONDE TOBIAS GRÖBER, HEAD DO GRUPO ISPO, E TÂNIA BARROS, REPRESENTANTE DA MESSE MUNICH EM PORTUGAL, FIZERAM AS HONRAS

ALEMÃES, AUSTRÍACOS E ESPANHÓIS, OS COMPRADORES ASIÁTICOS VIERAM CONHECER AS NOVIDADES DO MADE IN PORTUGAL E A NOVA REVISTA ‘THE GREEN WAY FROM PORTUGAL’, DA AUTORIA DA ATP, AJUDOU NO PROCESSO

9. OS FÓRUNS FORAM “MUITO VISTOS E APRECIADOS”, SEGUNDO MANUEL SERRÃO, CEO DA ASM. A PAR DO FÓRUM DE TECIDOS, DESTACOU-SE AINDA O FÓRUM JOVENS CRIADORES E O ITECHSTYLE SHOWCASE

T 09 Março 2023
14. TODO O SUCESSO DO MODTISSIMO É TAMBÉM DA RESPONSABILIDADE DE TODA A EQUIPA ASM, LIDERADA POR MANUEL SERRÃO 13. A PAR DE 12. HOUVE ESPAÇO ASSINALAR OS 15

CONHECIDOS OS FINALISTAS DO ITECHSTYLE AWARDS

TINTEX TEXTILES INVERTE A LÓGICA DO SEU NEGÓCIO

A Tintex lançou recentemente coleções cápsula que se constitui como uma tentativa de se aproximar das tendências e novidades de mercado numa perspetiva de tempo longo. São as coleções Imotion, InMotion, uma drop com poliamida, e a woven, que traz uma aproximação das malhas ao tecido. As expectativas são otimistas: a empresa espera crescer ao longo deste ano, não só a nível do core, o B2B, mas também através do digital, com o e-commerce mais vocacionada para os designers e as start ups e que precisam de aceder a stocks de forma imediata.

Foi durante o MODTISSIMO 60+1 que foi conhecida a lista dos finalistas da próxima edição dos iTechStyle Awards, nas categorias acessórios, tecidos, sustentabilidade e produtos. Com várias dezenas de propostas, a inovação e sustentabilidade foram os critérios considerados para a seleção dos 19 finalistas.

Os finalistas escolhidos nesta edição da maior feira têxtil da Península Ibérica juntam-se aos finalistas escolhidos na edição de setembro de 2022. Na categoria acessórios foram escolhidos o ‘Botão Can of Sofa’ da Eurobotónia, o ‘Neckline Application’ da Grácia Sofia, o ‘Transfer OLED’ da Hugo Miranda e Bordados Oliveira, a ‘etiqueta Eco Recycle’ da JOF Leather Labels e o

‘fecho Natulon Plus Reciclado’ e o ‘fecho Magnet’ da YKK.

Nos tecidos, ‘Jhemp’ da Coelima by Mabera, ‘EA0140v40 B/2’ da Riopele, ‘Sequoia’ e ‘Technical Flannel E1179’ da TMG Textiles, ‘68540 Second Chance’ da A. Sampaio e ‘05558’ da Inovafil, foram os escolhidos pelo júri.

O ‘Poncho I22OLED‘ da Adalberto, o ‘Tapete HelpinTEX’ da António Salgado, o ‘Wear2Heal’ da Tintex Textiles, o ‘Coordenado’ da Gulbena, o ‘Sistema de Vestuário de Proteção’ da DIF Jacket, o ‘Stubborn Polo Shirt’ da Olmac e o ‘Geocylinder’ da Sicornete foram os produtos escolhidos para os iTechStyle Awards.

Os membros do júri – Fer-

nando Pereira (departamento de Engenharia Química da FEUP), Hélder Carvalho (departamento de Engenharia Têxtil da UM), José Morgado (diretor de Engenharia e Tecnologia do CITEVE), Pedro Guimarães (Modatex), Carla Silva (departamento de Química e Biotecnologia do CITEVE) e José Gonçalves (CeNTI) – reuniram-se para esta tarefa, que não se mostrou nada fácil face à qualidade e diversidade das propostas candidatas.

Por fim, na categoria Sustentabilidade – em que os selecionados foram conhecidos em setembro de 2022 – os materiais finalistas pertencem às empresas Adalberto, Burel Factory & Louropel, JF Almeida, Têxteis Penedo e Tintex. t

ACATEL POSICIONA-SE PARA SER REFERÊNCIA NO SECTOR

Uma sucessão de investimentos que vem acumulando há alguns anos colocou a Acatel em posição de assumir-se como “uma referência na indústria têxtil”, alinhada no sentido “da sustentabilidade em todas as vertentes”, disse ao T Jornal a CEO da empresa, Susana Serrano.

Aquela responsável afirmou ainda que os investimentos foram processados “na área das tecnologias”, nomeadamente em equipamentos que permitem um alinhamento com os princípios da sustentabilidade. As matérias-primas são também evidentemente sustentáveis. E as práticas industriais também. Neste capítulo específico,

MMRA APRESENTOU NOVO CONJUNTO DE MALHAS

A MMRA criou “para este ano malhas com cupro reciclado, textil paper, banana e ananás, algodão orgânico e poliéster reciclado. Além disso, apostamos também em composições de cupro, linho e cânhamo”, referiu Patrícia Silvia, export sales da empresa. A MMRA detém também as certificações OEKO-Tex, GOTS, GRS e OCS, “o que espelha a preocupação com o nosso planeta e a economia circular”, acrescentou em declarações ao T Jornal.

LEMAR MOSTRA PADRÕES EM VIAS DE TRANSFORMAÇÃO

A Lemar encheu o seu portefólio de novidades sustentáveis e entre elas conta-se um tecido que pode ser aplicado em calções de banho que, quando em contacto com a água, ganha um padrão. Rita Bacelar, do departamento comercial, explicou ao T Jornal que “o padrão tropical que se vê só permanece enquanto a peça estiver húmida”. Depois de seca volta a ficar lisa. Tecidos feitos com reciclados de pneus de carro ou com óleo de cacto também fazem parte das opções.

Susana Serrano destaca a verdadeira ‘alquimia’ que constitui o processo Colorfix – um tingimento que usa bactérias e que é em grande parte semelhante ao processo que permite a fermentação.

“Desta forma, os investimentos permitiram que nos posicionássemos como parceiros para chegarmos às grandes marcas, que exigem uma aposta sem restrições na sustentabilidade”, disse a CEO da Acatel.

Para Susana Serrano, os investimentos já realizados têm ainda por função “anteciparem aquilo que são as diretivas da União Europeia para a sustentabilidade com o horizonte de 2030” – o

que acaba por ser mais um motivo para chegar de forma mais rápida ao mercado que procura a linha da frente do que de mais inovador pode ser encontrado na indústria.

A presença na última edição do MODTISSIMO e de outros certames congéneres vai dando prova de que é isso mesmo que está a suceder. “Já tivemos visitas de interessados alemães, franceses e espanhóis“, o que prova a justeza dos investimentos realizados pela Acatel. A opção estratégica da empresa tem por isso, também, esta vertente de potencial de incremento das exportações –que se afigura como um segmento importante para a empresa. t

15

a 20%

é a perpetiva para o final de 2023 da quota de mercado dos EUA e Canadá na JF Almeida

ORFAMA ATENTA ÀS NECESSIDADES DO MERCADO

A Orfama apresentou recentemente as suas novidades 100% orgânicas e recicladas para demonstrar a sua resposta às necessidades do mercado e criar oportunidades de negócio. Com a procura por produtos sustentáveis, a empresa de Braga responde assim às necessidades sustentáveis e circulares. Clientes polacos, ingleses, franceses e espanhóis tiveram oportunidade de ficarem a conhecer estas novidades ao longo dos dois dias do MODTISSIMO 60+1 – o lugar para escolhido para promover os produtos e captar novos clientes.

T 10 Março 2023
"O caminho que temos feito é estreitar relações com as confeções, com as fiações, com os produtores"
Ricardo Silva CEO da Tintex Textiles
T 11 Março 2023

IMPETUS TESTA TECNOLOGIA COM ENTIDADES DA SAÚDE

A MINHA EMPRESA

O que faz? Confeciona chapéus e vestuário sportswear de homem e senhora Exportações 100% da produção, com especial relevo para o mercado francês Produção 200 chapéus por dia Trabalhadores 22 Volume de Negócios 630 mil euros

Apparelx: Uma empresa de se lhe tirar o chapéu

São dois os capítulos da história da Apparelx: o primeiro, o da herança, remonta há mais de vinte anos, quando os pais de Vítor Torres, atual rosto da empresa, decidiram criar a sua própria fábrica e confecionar, em regime de private label, vestuário para homem e senhora.

O segundo capítulo, marcado pelo rebranding da empresa de Moure, Barcelos, inicia-se em 2019, período pré-pandemia.

“Apesar de já trabalhar na têxtil há mais de dois anos, só me juntei aos meus pais há sensivelmente cinco anos. Foi nessa altura que iniciei o processo de rebranding que, para além de uma mudança no nome da empresa para algo mais internacional, implicou uma alteração do produto base a confecionar: de vestuário sportswear para chapéus”, explica Vítor Torres.

A transformação, apesar de profunda, surgiu graças ao acaso, quando uma parceria com a chapeleira HF Almeida, de São João da Madeira, abriu novas possibilidades de negócio.

“Já tínhamos a logística montada, uma fábrica com corte a laser, bordados e linhas de produção altamente otimizadas. Quando surgiu a possibilidade de dar às nossas fun -

cionárias formação na HF Almeida, não hesitei. Se as marcas de luxo produzem roupa em Barcelos, porque não fazem chapéus também?”, questionou o CEO da Apparelx.

A pergunta mereceu uma resposta do mercado muito para além das expectativas: logo no terceiro mês de trabalho dedicado aos chapéus a Apparelx já produzia a mesma quantidade de chapéus de gama média-alta que produz atualmente.

”Estamos a falar de cerca de 200 chapéus por dia o que, tendo em conta que fazemos modelos de raiz com muito detalhe e pormenor técnico, é excelente”, afirma Vítor Torres.

Com a maioria dos clientes em França, mas com uma carteira já considerável em Inglaterra, Alemanha, Dinamarca e Suécia, a Apparelx é um dos poucos fabricantes de chapéus na Europa e um dos únicos quatro produtores portugueses, pelo que a empresa espera “um grande crescimento” para os próximos anos.

“O passo seguinte é fazer uma transição total do vestuário - que é um mercado já saturado e com margens muito baixas - para a produção de chapéus”, remata o CEO da promissora empresa nortenha. t

ProtechDry é a primeira linha de roupa interior 100% em algodão especialmente criada para revolucionar a patologia da incontinência ligeira. Desenvolvido pelo Grupo Impetus, a peça de vestuário apresenta uma tecnologia patenteada e testada por diferentes instituições de referência na área da saúde. Segundo a empresa, a peça de vestuário interior para incontinência ligeira foi desenvolvida em malha multifuncional proporcionando conforto, segurança e bem-estar, durante todo o dia. Registado no Infarmed e recomendado pelas principais Associações de Urologia e Ginecologia, esta nova linha está disponível em farmácias, parafarmácias e na loja online. ProtechDry está inserido num projeto global de inovação, desenvolvido pela Impetus em colaboração com a Universidade do Minho com o objetivo de desenvolver produtos técnicos altamente inovadores.

João Amaral Responsável da Riopele Textile E-Motion

J-ANT APOSTA NO DESPERDÍCIO ZERO

A J-ANT é uma marca de slow-fashion portuguesa que está a produzir peças de vestuário com desperdício zero, através da utilização de naperons edredons, lençóis e desperdício têxtil em geral como matéria-prima. A essa opção, alia as técnicas amigas do ambiente como o smock, os bordados e o crochets. Produzidas à mão com recurso a tecidos usados, a J-ANT tem algumas peças que são 100% zero desperdício. Na coleção predominam tecidos naturais como o algodão, o linho, a lã ou a seda que originam peças únicas e inesperadas. A marca surgiu em 2020 no Algarve, pela mão da estilista Jéssica António e destina-se sobretudo ao mercado internacional, nomeadamente japonês, americano e britânico.

foi o crescimento na faturação da Olmac em 2022, face a 2021

UNIFARDAS COM NOVA COLEÇÃO PARA HOTELARIA E RESTAURAÇÃO

A Unifardas tem uma nova coleção de roupa profissional para as áreas de hotelaria e restauração, que inclui aven tais, calças, camisas, jalecas e muito mais. A prioridade da empresa da Maia é oferecer vestuário confortável, com corte moderno e máxima funcionalidade.

A Unifardas aposta também na diversidade da oferta, dando a escolher, por exemplo, entre gola chinesa ou redonda, punho de cozinheiro ou solto. O lançamento da nova coleção está integrado na HISI, marca que está disponível na loja online da Unifardas desde o início deste ano.

T 12 Março 2023
Rua Passos Micael N. 417 4755-360 Moure, Barcelos
20%
"Gostaríamos que o novo comboio de alta velocidade tivesse um cunho português"
FOTO: RUI APOLINÁRIO
T 13 Março 2023 0 5 25 75 95 100 Anuncio T Jornal 235x279 mm ER 2019 segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019 10:53:52

FASHION FORWARD A

Por: Dolores Gouveia

PRETO SEMPRE, MAS SUSTENTÁVEL

Michel Pastoureau, historiador francês e especialista na história das cores, no seu livro "Noir: Histoire d’une Couleur", traça a mudança de significados e de simbolismos do preto na cultura ocidental desde o mundo antigo até à atualidade.

O trabalho de Pastoureau destaca a natureza complexa e multifacetada (por um lado é associada a qualidades negativas, tais como, a maldade, por outro, a ideias positivas – a elegância, por exemplo) desta cor e como os seus significados evoluíram ao longo do tempo em resposta à alteração de contextos culturais, sociais e históricos.

O historiador afirma que na era moderna, o preto ganhou significados ainda mais diversos, em reflexo do seu estatuto de cor global, por vezes contestada, mas sempre presente; observa que no Ocidente, o preto é associado quer à high fashion quer ao street style, sendo usado para expressar uma abrangente gama de conceitos/atitudes/emoções – da sofisticação e poder à contestação e niilismo.

As propostas dos criadores, estação após estação, comprovam que o preto é uma opção incontornável. Um olhar rápido pelas coleções Outono/ Inverno 2023 e aí está em SACAI, PRADA, BALENCIAGA, ...

E o interesse por tonalidades de preto ou mesmo pelo ultra-black é transversal a todos os sectores da economia e do consumo: moda vestuário, arquitetura e interiores, têxteis para a casa, automóvel, tecnologia, comunicação e multimédia.

No entanto, as soluções de preto para aplicação em quaisquer materiaistêxteis ou não têxteis - têm uma faceta obscura: o facto de serem produzidos com recurso ao designado preto carbono, um pigmento derivado do petróleo e cujo processo produtivo liberta significantes quantidades de gases efeito estufa.

Procurar alternativas sustentáveis de tonalidades de preto, ou mesmo do desejado ultra-preto para o tingimento, revestimento ou impressão em têxteis afigura-se como uma necessidade e uma missão.

E este é um desafio já abraçado, por alguns dos muitos inovadores que recorrem à natureza, à ciência e à tecnologia, para oferecer ao ecossistema da moda opções com o menor impacto possível no ambiente.

Que soluções são estas?

Algae Black™ - da Living Ink Technologies - é uma alternativa bio, renovável e segura ao preto carbono. O inovador pigmento, que a empresa usa para criar o portfolio Algae Ink™, é produzido a partir de algas. O produto é carbono negativo.

BioBlack TX é o pigmento preto da NATURE COATINGS, que utiliza como matéria-prima desperdício de madeira de fontes com certificação FSC® e que é produzido através de um sistema circular, num processo closed loop /eco6 é um substituto direto para o preto à base de petróleo, com certificação Cradle to Cradle. Para a produção do pigmento, a HEMP BLACK utiliza cânhamo industrial que sequestra carbono 10 vezes mais eficientemente do que as florestas.

Para quando uma alternativa para esta cor – PRETO - produzida por micro-organismos?

PORTUGAL FICA MAL NA FOTOGRAFIA DO E-COMMERCE

Portugal está entre os cinco países da União Europeia com menor percentagem de cidadãos que fizeram compras online. Segundo os mais recentes dados do Eurostat, apenas 62% dos portugueses adquiriram produtos ou serviços online nos 12 meses que antecedem o inquérito. A média europeia aproximou-se dos 80%. Apenas a Itália, Chipre, Roménia e Bulgária tiveram resultados inferiores a Portugal. No outro extremo os dois países com maior taxa de e-commerce são Holanda e Dinamarca, que estiveram muito próximos dos 100%.

FARFETCH COM FORTE QUEBRA DOS LUCROS EM 2022

A Farfetch apresentou os resultados consolidados referentes ao ano de 2022 que indicam um lucro de 345 milhões de dólares, uma queda homóloga de 77%, e um volume de negócios de 2,3 mil milhões (mais 3% que no final de 2021). As variações cambiais, a invasão russa da Ucrânia, que levou à suspensão das operações na Federação Russa desde março de 2022, a pandemia do coronavírus na China, cujos efeitos ainda se sentiram no último trimestre, e o aumento de custos, foram alguns dos fatores apontados como condicionantes do desempenho no ano passado.

OS RAIOS UV QUE FAZEM A ROUPA MUDAR DE COR

Depois do vestido de spray criado diretamente no corpo da modelo Bella Hadid, no ano passado, desta vez o designer japonês Kunihiko Morinaga exibiu, novamente em Paris, roupas que mudam de cor. A sua marca, a Anrealage, usou raios UV que agem sobre tecidos sensíveis à luz e ao calor e revelavam estampados únicos nas peças inicialmente brancas. O efeito vem da combinação de tecidos feitos com pigmentos fotocrómicos (sensíveis a luz e calor) e luzes ultravioleta. As roupas também reagem aos raios UV da luz solar. Morinaga utilizou esta tecnologia pela primeira vez há uma década.

T 14 Março 2023
PRADA FALL 2023 SACAI
HEMP BLACK /eco6 BIOBLACK
BALENCIAGA FALL 2023
VOLLEBACK BLACK ALGAE HOODIE
FALL 2023
TX
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TENDAS PALCOS ESTRADOS MOBILIÁRIO ACESSÓRIOS

1 JANEIRO Portugal inicia presidência da CEE, com sede no Centro Cultural de Belém

12 JANEIRO Rússia e Ucrânia acordam dividir entre si a frota da URSS no Mar Negro

23 FEVEREIRO

António Guterres substitui Jorge Sampaio na liderança do PS

30 MARÇO

Mulheres são pela primeira vez incorporadas no exército português

6 OUTUBRO

Início das emissões da SIC, o primeiro canal privado a transmitir em Portugal

5 DEZEMBRO PCP elege Carlos Carvalhas secretário geral. Cunhal presidente do Conselho Nacional

13 DEZEMBRO

Cavaco inaugura a Via do Infante, entre Faro e Vila

Real de Santo António

Em Maastricht, a UE derruba as fronteiras à livre circulação de pessoas e mercadorias, criando o mercado único europeu. No Porto, nasce a Associação Selectiva Moda, uma parceria entre a Federation Française de la Maille e a APIM, uma união que dá logo três frutos: em fevereiro e setembro abrem as portas os dois primeiros salões Seletiv’Moda, na Exponor (Matosinhos), onde marcas de moda estrangeiras apresentam as suas coleções: e em outubro, no Solverde (Espinho), inaugura-se o MODTISSIMO, uma feira onde são apresentados tecidos e acessórios e que nesta primeira edição não conta com expositores portugueses

Render da guarda A primeira Portex, a mãe de todas as feiras têxteis, abriu as portas no Palácio de Cristal (Porto) a 7 de dezembro de 1980, num país em luto pela morte do primeiro ministro Sá Carneiro na queda de um Cessna em Camarate. Durante uma dúzia de anos, com a adesão do país à CEE exatamente a meio do percurso, foi uma ferramenta fundamental para o crescimento das exportações têxteis e o florescimento de uma industria que no seu essencial se dedicava à subcontratação. Este modelo esgotou. Em 1992, na busca de um paradigma alternativo para a ITV, há um render da guarda, com o fim da Portex e o nascimento do MODTISSIMO e da Selectiv´Moda

15 mil

contos 10 semanas

(cerca de 75 mil euros) foi o investimento na primeira edição do Modtissimo

Todas as empresas de sucesso controlam o design e a distribuição

é a dimensão média da carteira na nossa

"Enquanto segue políticas de longo prazo na educação e qualificação do trabalho, Portugal deve basear o seu emprego em salários relativamente baixos, orientando-se para a exportação no mercado europeu"

T 16 Março 2023
1992
Aliança Luso-Francesa Claire Uhalde-Roux e Pascale Gould Decauville, da Federation Française de la Maille, ladeiam Manuel Serrão: a equipa luso-francesa que arrancou com o MODTISSIMO Mercado Único | Assinado Tratado de Maastricht que institui a união política, económica e monetária da Europa comunitária Paul Krugman economista norte-americano Joaquim Cardoso Presidente da Maconde

20 JANEIRO

Bill Clinton investido 42ª presidente dos EUA

30 JANEIRO

Início das emissões da TVI, o canal da Igreja Católica

19 FEVEREIRO

Governo Cavaco não concede aos funcionários públicos dispensa de serviço na 3ª feira de Carnaval

21 MARÇO

CCB abre ao público em Lisboa

23 MAIO

Mulheres são pela primeira vez incorporadas no exército português

1 NOVEMBRO

Entra em vigor o Tratado de Maastricht, a CEE transforma-se em UE

12 DEZEMBRO

PS ganha autárquicas com 120 câmaras, à frente PSD (116), CDU (49) e CDS (13)

Logo na 2ª edição, com o MODTISSIMO ainda no hotel Solverde, os portugueses começam a chegar-se à frente - Riopele, Adalberto Estampados e Velpor constam da lista de expositores. Em outubro, já são oito os stands nacionais (entre os quais se conta o da Somelos) num universo de 35 expositores. É o início de uma tendência: os portugueses vão continuar a aumentar e os estrangeiros a diminuir

Qual é o sector que não está em crise?

Não é fácil encontrar bons comerciais no mercado, que sejam mais do que simples vendedores

15 mil (cerca de 75 mil euros) foi o investimento na primeira edição do Modtissimo

contos 10 semanas

é a dimensão média da carteira de encomendas na nossa ITV

António Falcão Administrador da Têxtil António Falcão

T 17 Março 2023
1993
José Robalo Presidente da ANIL

DO FIO DE LINHO AO CORPO ETÉREO DO SUDÁRIO

Em 2015 fui convidada a participar na Colombo Art Biennale do ano seguinte pelo curador britânico Alnoor Mitha que acabara de ser selecionado como o Curador Principal da mesma Bienal. A minha participação consistiria em conceber uma obra de arte para ser apresentada na Catedral de Colombo, no Sri Lanka.

O convite trouxe-me entusiamo e inquietação. Se, por um lado, teria a hipótese de pensar numa obra específica para um espaço – algo que sempre me estimula – por outro, nunca tinha estado no Sri Lanka, a cultura local não me era familiar e, por isso, era fundamental que a obra dispensasse palavras e conseguisse comunicar apenas pela sua existência naquele espaço.

O curador enviou-me os desenhos de arquitetura da catedral – plantas, cortes e alçados – e foi através desses desenhos que visitei pela primeira vez o lugar que viria a receber a instalação de arte com 23 metros de largu-

ra por 4,5 metros de altura, O Sudário.

Quis encontrar uma forma universal de contar algo que fosse inteligível pelos visitantes no Sri Lanka, uma história que lhes fosse familiar e decidi-me pela simbologia das catedrais, para lá da religião que representam. São lugares que o Homem concebeu e ergueu para se sentir mais próximo do divino, do espírito. Independentemente da fé que professam, todas as religiões creem na existência de uma alma humana que continua a sua vida para além do corpo físico. A ideia subjacente à criação d’O Sudário era representar o momento em que a alma atravessa o espaço terreno para uma dimensão desconhecida. Assim, a instalação de arte pode ser atravessada pelos visitantes.

Também a ação de fazer a obra de arte partiu de um lugar universal. Descobri, em Várzea de Calde, no Concelho de Viseu, uma comunidade que ainda hoje realiza todas as ações do ciclo do linho: plantação; colhei-

ta; fiação e produção do pano de linho, ou estopa, em tear manual.

Para produzir O Sudário estampei à mão, no meu estúdio, 120 metros de linho tecido pelas mãos das tecedeiras de Várzea de Calde. Cada uma das 14 peças de tecido foi adornada com franjas de seda e algumas unidas entre si com fitas de cetim entrançadas. O próprio processo de produção, que consistiu em longas horas de trabalho manual em têxtil, também é familiar às mulheres em qualquer parte do mundo.

Na simplicidade do conhecimento local encontrei uma linguagem universal que me permitiu contar uma história sem utilizar palavras. Parti da semente de linho e criei o corpo etéreo d’O Sudário.

Depois de exposta na Catedral de Colombo, no Sri Lanka, a obra de arte foi exposta na Sé Catedral de Viseu e posteriormente, na Sala 11, da MATADERO, em Madrid, Espanha.

T 18 Março 2023
Cristina Rodrigues

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T 19 Março 2023

"UMA DAS NOSSAS FORÇAS É A RAPIDEZ DE ENTREGA"

T 20 Março 2023
FOTO: RUI APOLINÁRIO

António Faria

ENTREVISTA n A

O CEO da Vital Marques Rodrigues é, aos 57 anos, o motor de uma empresa centenária que aposta na busca constante por inovação e melhoria contínua, combinando tradição com mentalidade empreendedora.

missão da Vital é criar e produzir malhas, tecidos e artigos de têxteis-lar que ofereçam os melhores designs e qualidade. Mas esse é apenas um dos lados da empresa: rapidez, confiabilidade e competitividade explicam por que razão a Vital acompanha as tendências e inovações dos mercados mundiais.

Que dimensão atingiu a empresa no final do ano de 2022?

Atualmente somos cerca de 130 trabalhadores em dois polos industriais e a faturação está no patamar dos 13 milhões de euros. Crescemos muito nos últimos dez anos: em 2008 éramos 23 pessoas e faturávamos 1,9 milhões, desde esse ano ficou uma de três irmãos como maior acionista e assim se mantém até aos dias de hoje.

Impressionante. Qual foi o segredo dessa evolução?

A diversificação. Para contextualizar, em 1911, a empresa foi criada por Etelvina de Jesus Machado e chamava-se “Manual de Tecidos de Algodão”. Em 1926, após o seu casamento com Vital Marques Rodrigues, alteraram a designação da empresa para Soc. Têxtil Vital Marques Rodrigues. Já em 1935, fundaram uma das primeiras fiações em Portugal, para ajudar as pequenas indústrias de colchas, que era então o que fazia a empresa. Com a chegada do filho

Leonel à empresa iniciou-se a produção de tecido para colchão. Em 2008, a minha ideia foi, por um lado, ir buscar as produções que tínhamos abandonado e por outro investir em novas gamas de produtos. Começámos com os felpos em plena crise mundial e com uma empresa à parte, mas ao fim de quatro anos fizemos a fusão com a Vital.

E continuou a diversificar.

Começámos com colchas e atoalhado de mesa utilizando as sinergias existentes, depois investimos nos felpos, nas mantas de bebé, nos tapetes artesanais e no final do ano passado avançámos com a produção de cobertores. Tivemos que mostrar aos nossos clientes que também fazíamos outros produtos e procurar novos mercados. O último investimento que fizemos foi na produção de lençóis jacquard que permite a sua personalização.

Qual é o negócio mais importante?

Neste momento é o setor de têxteis-lar. Inicialmente, o tecido de colchão correspondia a cerca de 70% da faturação, com os têxteis-lar a responder por 30%. Neste momento, é precisamente o contrário, imagino que por termos tudo: tecelagem, tinturaria e acabamentos. Há uma enorme concorrência de outros países como por exemplo a Turquia, mas temos conseguido crescer e uma das nossas forças é a rapidez da entrega.

As exportações são importantes na Vital?

Bastante: cerca de 70%. Os principais mercados são Itália, França, Inglaterra e Espanha.

Talvez se contem pelos dedos de uma única mão as empresas portuguesas com mais de 100 anos de existência. Em 1911, Portugal debutava no pequeno conjunto de países europeus que abraçava a república em detrimento da monarquia, e a Vital – que ainda não se chamava assim, tentava a sua sorte num quadro de forte incerteza política.

A república haveria de consolidar-se e a Vital também. As dores de crescimento foram ultrapassadas com empenhamento e com o acrescento metódico de inovação – quer ao nível do produto quer da indústria. O ano de 2008 foi fundamental na história da empresa: a administração percebeu que a chave da continuidade era insistir na diferença. Novos produtos para criar novos mercados, mas também para aproveitar os conhecimentos que entretanto a Vital tinha adquirido dos mercados. A aposta foi mais uma vez ganha e a prova disso está na dimensão que conseguiu atingir depois desse ano: já ultrapassou os dez milhões de euros de faturação e as exportações ganharam importância e volume. O passo seguinte já está no horizonte, mesmo que não seja no imediato: o investimento em interesses industriais fora das fronteiras do país. É capaz de ser temerário afirmar-se que a Vital chegará aos 200 anos de existência – mas ao contrário de quase todas as outras, a empresa pode afirmar que os primeiros 100 já passaram!

Inglaterra continua um bom mercado, mesmo com o Brexit e o Protocolo da Irlanda?

Houve uma paragem a seguir ao Brexit, mas agora há um novo arranque, que notei desde que Rishi Sunak assumiu o lugar de primeiro-ministro. Temos conseguido novos clientes e encomendas de Inglaterra e temos ganho força em novos mercados como Canadá e Estados Unidos.

Como explica esse crescimento do lado de lá do oceano?

A nossa força é a rapidez – que resulta de sermos uma empresa vertical. A América do Norte procura isso: as encomendas são, geralmente, todas urgentes. E mesmo na Europa a tendência mantém-se, com a crise os clientes não querem fazer stocks e quando fazem as encomendas precisam do artigo com urgência.

Qual é o peso da América do Norte no total das exportações?

Está próximo dos 15%.

É um mercado a crescer?

É para este ano um mercado prioritário e estratégico para a Vital e recentemente também o Norte de África.

Norte de África?

Estamos a crescer muito. Nomeadamente nos têxteis-lar – tanto na vertente hoteleira como de casa. Tínhamos um cliente desde há três anos e de repente, do final de 2022 até agora, temos cinco ou seis novos clientes com encomendas razoáveis.

O caminho das exportações é o mais correto?

Eu sempre tive a ideia de internacionalizar a Vital. Está a dizer investir na indústria fora de Portugal?

Sim. Muita gente pensa apenas em África, mas a minha ideia é diferente: na América do Nortenuma região que fique próxima quer do Canadá quer dos Estados Unidos. Sei que é preciso arranjar pessoas para fazer isso – e não posso esquecer que já tenho uma certa idade, mas é algo que tenho vindo a debater com a nova geração. Começar devagar, com um pequeno investimento, até porque os Estados Unidos estão a fechar-se cada vez mais ao que não é lá produzido e isso pode ser uma oportunidade.

Tem um horizonte temporal para esse investimento?

Talvez já seja com a nova geração. Acho que é um mercado que se pode e deve explorar até porque a ligação entre o Canadá e os Estados Unidos é indestrutível. É um sonho, todos nós temos um.

Toda esta transformação a partir de 2008 obrigou a investimentos de vulto.

Os nossos investimentos são feitos com cautela e tendo em vista o seu retorno através da redução dos custos de produção. Em média fazemos investimentos de um milhão de euros por ano, quer para produzir algo de novo quer para substituir produção subcontratada.

Também foge ao dinheiro do PRR?

Tenho um PRR de 2,7 milhões à espera de ser aprovado na área da energia e que se trata de uma inovação: uma caldeira

T 21 Março 2023
"Acho que 2023 estará alinhado com 2021 tanto em termos de faturação como de margens"

Teve que o admitir. À pergunta sobre quais seriam os seus interesses para além da Vital, foram os filhos, Filipe e Pedro que responderam: “não há mais nenhum, é só a Vital”. Tirou o curso de Engenharia, mas foi na tarimba do chão de fábrica que aprendeu tudo o que sabe. Com mestres de que ainda recorda os nomes e a quem agradece por lhe terem criado sabedoria e empenhamento. De um deles, ‘apanhou’ esse jeito: “era alguém que só via o trabalho à frente e eu acabei por ficar um bocado assim”, afirma António Faria. Talvez porque “desde os 26 anos que me habituei a ocupar lugares de gente mais velha” – tinha que se mostrar à altura. “Quase todos os fins-de-semana venho à empresa”, acaba por admitir. Aparentemente, só não o faz nos 15 dias de férias, uma ‘exorbitância’ que pratica todos os anos “Nessa altura viajo”.

de biomassa alimentada por painéis solares. Desde 2019 que temos investido em painéis solares o que nos permitiu escapar aos enormes aumentos da energia eléctrica, e estamos neste momento a fazer um reforço da nossa capacidade.

Toda essa capacidade instalada leva a crer que se prepara para produzir coisas novas. A ideia é essa. O próximo investimento previsto engloba duas máquinas de um milhão de euros, para instalar no novo pavilhão de mil m 2 , que iremos construir numa das unidades da empresa. É o passo a seguir, que nos vai permitir a produção de outras gamas de produtos – ou os mesmos artigos, mas com menores custos. Há uma guerra de preços tremenda, que acontece sempre que há um período de quebra de encomendas, e muitos clientes preferem baixar a qualidade do produto para conseguir um melhor preço. Para além disso, quanto maior e variada for a nossa oferta mais produtos podemos propor aos nossos clientes, o que nos permite fazer, posteriormente, investimentos naqueles que melhor resultam para os mercados com quem trabalhamos.

Com essa diminuição de encomendas, 2023 será um ano difícil?

O que noto neste momento é que 2022 foi um ano em que se faturou muito, mas não se ganhou dinheiro e o principal fator foi o custo da energia. Neste momento, a comparação que fazemos é com a faturação de 2021 – e está em linha. Acho que 2023 estará alinhado com 2021 tanto em faturação como em

margem. O preço dos fios desceu, mas está muito variável, o que introduz alguma incerteza no mercado. O ano de 2023 não será com certeza dos melhores anos, mas pode ser a transição para um ano bom, que esperamos que seja 2024 e por isso é que continuamos a fazer investimentos.

Que importância tem a sustentabilidade na produção da empresa?

É muito importante. Para além da questão das energias, temos um projeto com outra empresa para o aproveitamento do algodão que a produção desperdiça – e que será usado para voltar a fazer fio. Um projeto que também está no PRR. E ainda, temos também um tear para produzir artigos com o desperdício dos teares, o que torna a nossa oferta mais sustentável.

Acredita que o têxtil português tem futuro? Vamos ter uma oportunidade inesperada: a Turquia. A indústria turca ficou muito destruída com os terramotos que ocorreram em Fevereiro e vejo aí uma oportunidade para o mercado português crescer. Mas há coisas que têm de mudar, como por exemplo o ensino universitário, que tem de ter uma ligação maior à indústria – é preciso ter conhecimento prático, os alunos têm de sair melhor preparados para o trabalho. As empresas precisam de bons funcionários – e essa é, mesmo sendo por vezes criticado, uma preocupação que eu não deixo de ter. Os recursos humanos são das coisas mais importantes numa empresa e tenho a consciência que a experiência é uma mais-valia dentro da empresa.

Temos à nossa frente a próxima geração [os filhos Filipe e Pedro]. Como vai gerir a mudança?

Quero deixar-lhes uma empresa moderna e bem estruturada para que não tenham de fazer grandes investimentos nos primeiros anos e possam dedicar-se a explorar novos mercados. t

Em 112 anos de vida qual foi o pior momento para a Vital Tecidos?

Foi a queda do BES. Houve uns dias em que a pressão foi muita. Tínhamos dinheiro, mas não sabíamos se ele ainda existia. E depois há aquela situação: pode ter-se dinheiro e dívida num banco; se o banco fechar, o dinheiro desaparece, mas a dívida mantém-se. Cheguei a temer o pior e para nós foi mais difícil do que o ano da pandemia, pois apesar das incertezas faturámos mais que no ano anterior, também porque nos dedicamos à produção de máscaras certificadas e ao fornecimento de hospitais.

Quais as perspetivas para o futuro?

Sou um otimista que está sempre à procura de coisas novas. Continua a haver lugar para a indústria têxtil nacional, que não pode confundir-se com o caminho de outros países: pequenas quantidades e rapidez na entrega é o que distingue os portugueses. Também noto que a nossa indústria está a ganhar nome com a ajuda das feiras e da Selectiva Moda e o design português tem melhorado muito. E, claro, a aposta na sustentabilidade. Mas a sustentabilidade só é possível com a ajuda de todos: não pode ser a Europa e os americanos a lutar por um mundo melhor e o resto do mundo a ignorar o ambiente. t

Qual é o segredo da longevidade da Vital?

O segredo é o esforço tanto da administração como das pessoas que trabalham connosco. Desde 2008 que os lucros não saem da empresa: são sistematicamente reinvestidos e todos os que aqui trabalham sabem o que têm de fazer, todos são responsáveis. Todos funcionam em equipa – com autonomia e com responsabilidade. Vestir a camisola é o que permitirá que a Vital continue a crescer.

Como vê a Vital daqui a 10 anos?

Vejo uma empresa com cada vez mais produtos a colocar no mercado. Vejo uma empresa mais forte.t

T 22 Março 2023
As perguntas de
“O meu passatempo é a Vital”
"O segredo da longevidade da empresa foi investir em novas gamas de produtos"
"Muita gente pensa apenas em África, mas a minha ideia para investir no exterior é diferente: na América do Norte - numa região que fique próxima quer do Canadá quer dos Estados Unidos."
T 23 Março 2023

AGULHA DOIDA LEVA MAIS LONGE A TRADIÇÃO

A marca Agulha Doida lançou uma nova coleção de sacos de praia que conjugam o crochet, o bordado e a estrutura das redes de pesca. A fundadora, Sílvia Pais, revelou que o objetivo desta coleção é “chegar aos hotéis e perto dos turistas que procuram produtos com tradição, mas também conseguir mais fornecedores de tecidos e fazer parceria com a indústria para ter acesso a deadstocks”. As peças são todas confeccionadas à mão com deads tocks e as embalagens feitas de retalhos.

EURATEX QUER REDUZIR ENTRAVES À CIRCULARIDADE

A Euratex, Confederação Europeia do Sector Têxtil e 42 parceiros assinaram em Bruxelas o lançamento do projeto RegioGreenTex. O plano a três anos será liderado pela Euratex e quer identificar e reduzir as barreiras nas iniciativas circulares da indústria europeia têxtil e do vestuário. Entre as 43 signatárias, constam cerca de 24 PME’s, representando onze países da União Europeia.

O objetivo é defender os empregos têxteis europeus e apoiar a deslocalização dos têxteis na Europa, removendo os obstáculos à circularidade. O projeto visa por exemplo fornecer soluções às pequenas e médias empresas (PME’s) para que os resíduos têxteis se tornem valor através de novas utilizações.

O projeto apresenta um esquema que se destina a promover a rede europeia de reciclagem têxtil Rehubs, que pretende aumentar as recolhas têxteis europeias para 5,5 milhões de toneladas até 2025, contra os 2,8 milhões em 2019 –um ano em que cerca de quatro milhões de toneladas de resíduos

CALVI WHOLESALE COM IMPACTO NA ALEMANHA

Com o processo de apresentação do seu renovado modelo de negócio, a Calvi Wholesale está a aumentar a sua presença nos mercados e a Alemanha afigura-se como muito interessante. “Queremos angariar mais clientes” e o lado internacional do negócio da empresa continua a ser uma vertente muito importante, especifica Catarina Lopes, administradora da empresa. “A Alemanha é um dos principais países” do portefólio da Calvi, que tem ali uma porta aberta à Europa”.

ELAV CRESCE E ESTREIA-SE NO VESTUÁRIO

Foi na edição do MODTISSIMO 60+1, que Sofia Vale, filha do fundador e atual CEO da ELAV, decidiu alargar os horizontes da empresa, dando os primeiros passos no mundo da moda através da aposta no vestuário. A ELAV apresentou ali a sua grande inovação: a transformação de artigos inicialmente idealizados para têxtil-lar convertidos em vestuário. “Somos uma empresa têxtil-lar, mas cujo produto se adequa tão bem ou melhor ainda ao vestuário”, explicou Sofia Vale. Além disso, outras novidades marcam a atualidade da empresa, como a mistura de várias rendas diferentes no mesmo produto e a mistura da renda com linho.

têxteis foram incinerados na União Europeia.

Apoiado pela Comissão Europeia através do Instrumento Inter-regional de Investimentos em Inovação, o RegioGreenTex será coordenado pelo Conselho Europeu de Inovação e pela Agência Executiva das PMEs (EISMEA).

Ativa também na questão dos custos energéticos há quase dois anos, a

Euratex tem criticado regularmente a insuficiência dos dispositivos europeus nesta área específica ou a sua discrepância com as necessidades energéticas dos sectores têxteis nas várias geografias europeias. A confederação representa cerca de 154 mil empresas da indústria têxtil e do vestuário europeia, que gera 1,47 milhões de empregos e 53 mil milhões de euros em exportações.t

...E A GIATEX AVANÇA NO MESMO SENTIDO

Liderado pela Estamparia Adalberto e aproveitando o PRR, o consórcio Giatex pretende reduzir a utilização de água na indústria têxtil em 40%. “Queremos conseguir que a utilização da água no sector têxtil se torne circular”, disse Mário Jorge Machado, administrador da Adalberto e também presidente da ATP.

A indústria têxtil responde pela utilização de cerca de 40 milhões de litros de água por dia e a redução de 40% no seu uso no sector pretende não só “deixar menos água para tratar em termos de circularidade” – o que causa poupança económica –, mas também tornar a água mais

disponível para outro tipo de atividades, referiu Mário Jorge Machado, em declarações á Lusa.

“Um dos componentes muito importantes deste projeto vai ser a invenção de novas membranas que possam fazer a diferença nestes processos de filtração de água”, recorrendo também à sensorização e monitorização dos fluxos hídricos, mencionando também a parte da biologia, componente “importante na degradação dos materiais”, revelou Mário Jorge Machado.

Com uma tecnologia que pode ter “aplicação doméstica”, os processos de sensorização estarão “ligados a algoritmos que vão permitir fazer

uma aprendizagem”, para entender se “já não são necessários novos processos com mais água”, acrescentou.

“O grande objetivo é que esta circularidade permita sustentabilidade em termos da água, mas também em termos da sustentabilidade económica, porque sem a sustentabilidade económica o projeto não é viável para implementação em larga escala”, explicou. O desenvolvimento do projeto de mais de 20 milhões de euros e que faz parte das Agendas Mobilizadoras para a Inovação Empresarial, coloca “desafios técnicos e tecnológicos muito grandes”.

As rendas e o crochet produzidas pela marca vimaranense são o ex-líbris da empresa familiar, que conta com uma já longa tradição de mais de 40 anos e forte presença no mercado têxtil-lar. “Os nossos teares são antigos e diria únicos em Portugal, o que nos permite fazer artigos diferenciados”, afirmou a CEO.

A criação de produtos originais e criativos com base em técnicas tradicionais adaptadas de forma inovadora, surge como a filosofia da empresa. Foi por isso que uma das peças que mais sobressaiu no recente certame foi um casaco feito com uma renda habitualmente utilizada para as mantas. “Juntámos um veludo a combinar, um design super atual, e o resultado foi fantástico!”, contou.

A sustentabilidade é também um ponto importante na empresa: “O aproveitamento de todas as sobras de tecidos, a elaboração de sacos em algodão, aventais, almofadas, guardanapos, entre outros, são alguns dos exemplos que apresentámos”, apontou Sofia Vale, que acrescentou, “todos os pedacinhos que sobram são aproveitados e convertidos em algum produto útil”. t

T 24 Março 2023
"O futuro da moda passa por oferecer uma experiência híbrida e imersiva, assente em processos integrados e personalizados "
Especialista
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T 25 Março 2023 G N I S I D A H C R E M A P E N G A G E M E N T N E O E J P U B L I C I D A D E E I L H S A C I R T É M P A N T O N E L O P O S O D O A Z C U J Z D U E H A R I M T I A I I P V S O C I A L M E D I A N N G U R J H F I D E L I Z A Ç Ã O Y G E H T L T T Q I B R E E G A P G N I D N A L G O W E D B U F W R E P O R T T S S B T H U E A H Q E A G V I R S Z W W Q G A G I O R A N Ú N C I O F Y R E T E A A S W E N N N S R N B K J C K E R D M R U Z R C N Z N B A G I A S S L G F V I D E O K U T P P A R A T P D J K D V V T E P N M I Q F O A I E S R D T H M O J I E N O S L O S O B O E D I V F L A Y O U T K A T M B Q F E E D B A C K P I M O C K U P M I H W R P S Z N A I U N O R S S E M H M L Z N H S H T H B M N I B O D Y C O P T R C C R Z N O C Y P X B S T A G H N P M U F A A F E I I H K N O W H O W E A H Q N P A G E V I E W S Q L A O M T R N U T O P S V T Y A T A F I N I D
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Todos sabemos umas coisas.

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PORTA ABERTA

Loja Atelier Benedita Formosinho Rua detrás da Guarda, nº 40 1250-184 Setúbal

Produtos Vestuário para mulher Público-alvo Da jovem adulta à senhora de meia idade, que aprecia um estilo minimalista e elegante, o made in Portugal e com algum poder de compra Abertura 2018 Outras lojas Praça do Príncipe Real 26 1250-184 Lisboa

SALSA LANÇA NOVA IMAGEM E QUER CRESCER EM ESPANHA

A Salsa vai abrir uma nova etapa em Espanha: prepara uma mudança de imagem e de conceito de marca, que passa por recuperar a palavra jeans no nome e recolocar o denim de regresso ao centro do negócio. O objetivo é atingir a fasquia dos 60 milhões de euros de faturação no mercado espanhol, que poderá passar a ser o maior da marca. O novo conceito será estreado na flagship store no Paseo de Gracia, em Barcelona. A transformação da Salsa Jeans vai significar também a modernização das suas lojas, recuperando o azul original característico.

Uma loja atelier em transformação

Há quatro anos que Benedita Formosinho abriu a sua Loja Atelier em Setúbal, um espaço luminoso e acolhedor que mostra ao vivo e a cores todo o processo de criação desta marca portuguesa. A loja ganha agora uma nova vida com a remodelação do espaço e um aumento para o piso superior – uma expansão que acompanha o crescimento natural da marca.

“Abrimos a loja Atelier em 2018, coincidiu na altura com o lançamento oficial da marca. Desde cedo achei que seria importante investir num espaço para que pudesse trabalhar a marca a 100% e onde pudesse receber as pessoas. É um espaço relativamente pequeno, mas gosto muito de criar aqui: as montras deixam entrar muita luz e isso inspira-me muito para desenhar”, contextualiza a jovem criadora Benedita Formosinho.

O espaço é dividido entre uma parte de venda ao público, outra de criação e armazém. “Surgiu, entretanto, a oportunidade de o andar de cima estar vago, ficámos com ele e está neste momento a servir para guardar os rolos, stocks, moldes. O corte também é feito lá em cima e a parte de baixo está para loja”, explica a fundadora da marca. Tem ainda estúdio de fotografia, uma adição recente, como conta: “Há muito que queria uma parede para tirar fotografias às novidades. Está também aberto a outras marcas que precisem”.

Neste momento, nos charriots estão em expo-

sição ainda as peças de inverno, como casacos de lã e malhas. Mas em breve a designer garante que vão chegar novidades: casacos de algodão e calças mais frescas de sarja são dois exemplos. “Estão quase, quase aí. Gosto muito de ver as peças a saírem do papel”, sublinha em tom entusiasmado.

“Sinto que as pessoas já se identificam com o estilo minimalista da marca, já chegam à loja à procura dos tons claros”, acrescenta. Numa fase de franca expansão Benedita Formosinho continua, no entanto, fiel à sua essência: “vamos continuar com as peças que as clientes gostam. As malhas venderam-se muito bem, são 100% lã merino, muito suaves e leves. Continuamos também com a nossa camisa Ilite, uma peça clássica com um estilo oversized e uma parte plissada. Esta camisa já existe há muito tempo e está disponível na versão manga curta e manga comprida”, explica.

O público da marca está também cada vez mais alargado: jovens adultos e pessoas na faixa etária dos 40 anos são as idades mais frequentes, mas a própria designer adianta que já vendeu peças a uma senhora de 80 anos.

“Nesta loja de Setúbal, que é onde vivo, recebemos sobretudo clientes locais ou que vêm das proximidades. A marca conta ainda com uma segunda loja, localizada no Príncipe Real, Lisboa. Aí, o público é mais alargado: “recebemos inclusivamente turistas”, conclui. t

Fátima Sousa Administradora da Domingos de Sousa & Filhos

TÊXTIL UCRANIANA TROCA CHERKASSY POR GUIMARÃES

Para dar continuidade à produção de vestidos de noiva e de cerimónia, um grupo de dois trabalhadores e 16 trabalhadoras ucranianas instalou-se em Guimarães, na zona de Mesão Frio. A empresa, que antes se localizava em Cherkassy, faz parte do Maple Group, uma empresa com sede nos Países Baixos. A empresa exporta para 32 países, tem design próprio e funciona numa lógica de atelier.

6%

A MELHOR LOJA DE LINGERIA DE FRANÇA É PORTUGUESA

É no número 60 da Rue de la République, na cidade francesa de Pontarlier, que se encontra a Femina Lingerie, a loja de lingerie de um casal português que foi reconhecida com o ‘Prémio de Excelência’ no concurso Top 100 Boutique Awards. Stephanie Dias Abreu e Michael Abreu emigraram há dois anos para França, em plena pandemia, abrindo em 2021 a sua loja de 300 metros quadrados.

é taxa de desemprego em Portugal no final de 2022

SANJO CELEBRA 90 ANOS COM COLEÇÃO DE ANIVERSÁRIO

A celebrar 90 anos, a Sanjo comemora as suas nove décadas de evolução com a ‘Anniversary Collection’, uma coleção primavera/verão 23 que apresenta alguns dos designs mais icónicos da marca nacional, mas também lança peças de workwear, expressando a sua criatividade em novos patamares. Inspirada pelas subculturas juvenis, streetwear e na nostalgia, a Sanjo criou uma coleção que pretende apoiar e refletir a cultura portuguesa.

T 26 Março 2023
“Este início do ano está a mostrar-se prometedor, melhor do que esperávamos”
T 27 Março 2023

O MEU PRODUTO

Por: Bebiana Rocha

Stubborn Polo Shirt

Desenvolvido pela Olmac

O que é? um polo reversível, ultra leve e sustentável Principal Contributo: oferece a possibilidade de ter dois modelos numa só peça, permitindo economia de lavagens Estado do Projeto: Concluído, em fase de apresentação ao mercado

SCUSI QUER CONSOLIDAR MERCADO A MERCADO

A Scusi pretende para 2023 apostar em exposições/feiras e em trabalhar os mercados de proximidade. “Neste momento estamos a trabalhar para expor em Itália. O mercado dos Estados Unidos também é apetecível, mas para nós não é fácil, teríamos de ter um bom agente lá”, disse ao T Jornal Rosa Maria Coelho, CEO da empresa. Mas a empresa já tem a alternativa: “Queremos ir país a país”, consolidado posições antes de avançar para o mercado seguinte.

YGREGO INTERESSADA EM APOSTAR NA VERSATILIDADE

A YGrego Têxteis está a apostar cada vez mais na versatilidade da sua produção, tendo em vista os três segmentos de negócio mais importantes: a marca própria Foursoul, a produção exclusiva para a Sanjo na vertente do vestuário e a produção para private label “Queremos dar-nos a conhecer não só ao mercado nacional mas também expandir e encontrar novos parceiros no private label”, diz Carla Brito, diretora comercial, ao T Jornal. “Temos a mais-valia de conseguirmos produzir todo o range de peças, contamos também com estamparia própria, o que nos permite controlar toda a produção”, refere, convencida de que a produção portuguesa deve tirar partido da deslocalização da produção das marcas da Ásia para geografias mais próximas e éticas.

Um polo que é dois polos

Como se estivesse à frente do seu tempo, a Olmac imaginou um polo reversível, ultraleve e sustentável que pode ser usado no contexto de desporto ou de moda. Chama-se Stubborn Polo Shirt e foi vencedor dos ISPO Awards e, mais recentemente, apurado para finalista dos iTechStyle Awards. O próximo passo é continuar com as apresentações a clientes e passar efetivamente para a sua comercialização.

“O nascimento deste polo não foi propriamente fácil por ser reversível. O desafio aliás foi esse. Uma t-shirt é relativamente fácil, um casaco há já quem o faça, mas um polo, pela construção da carcela, não é tão fácil assim”, disse Olga Jones, sales director assistant. “O objetivo com este lançamento seria atingir clientes da área do desporto mas também uma vertente mais urban street, exatamente pela versatilidade que o polo apresenta”, resume.

A produção do polo junta algodão orgânico e poliéster reciclado, seguindo desta forma a procura do mercado por artigos sustentáveis. As etiquetas têm certificação GOTS e os transferes são também de um parceiro certificado.

O facto de se ter dois modelos numa só peça permite também uma economia nas lavagens, que Olga Jones não deixa passar despercebida: “Posso ir para o trabalho com o polo e no final ir jogar padel trocando de face, chego a casa e lavo só uma peça. Existe aqui uma rentabilidade”.

Já a pensar nas vendas, a empresa desenvolveu também etiquetas com código RFID: “podemos colocar nela toda a informação que quisermos, desde ‘Bem-vindo a este polo’ até à informações sobre o

artigo. Há ainda a possibilidade de enviar uma mensagem ao cliente, tudo depende do grau de personalização e de investimento que se quer”, completa.

As qualidades deste Stubborn Polo Shirt não se ficam por aqui: a respirabilidade é outro fator a destacar. “A peça é uma espécie de piquet e há um transporte da transpiração para o lado de fora. Quando estamos a praticar desporto, o algodão transporta o suor para fora”.

O sistema de abotoamento também é inovador: “é uma espécie de mola, funciona como as peças do lego, a peça não tem de ficar fechada completamente a par, o que acrescenta um fator importante que é ser prática para pessoas com fraca mobilidade”, refere Olga Jones.

Dos mais tradicionais às jovens marcas, a Olmac tem apresentado aos seus potenciais clientes esta nova solução, que pode ser personalizada em termos de padrões e que é já acompanhada por umas calças e um casaco, igualmente reversíveis.

As calças e o casaco são feitos com materiais portugueses, essencialmente lã. O casaco é composto por duas partes, ou seja, o cliente fica com quatro peças diferentes disponíveis: um casaco de fora (reversível) e outro de dentro (igualmente reversível). As calças têm uma proteção contra o vento e uma parte interior em lã para conforto extra.

“Penso que as novas gerações podem ver aqui um grande potencial. As marcas jovens com capacidade de risco certamente estarão interessadas”, diz Olga Jones. O principal mercado da empresa é neste momento o nórdico. t

LMA DESPERTA PARA OS ALGODÕES TRADICIONAIS

A LMA – especializada em tecidos técnicos – avançou para a apresentação de malhas diferentes: “Estamos a apresentar uma nova vertente de algodões – que não era uma área que tivéssemos: as malhas tradicionais”, revela Luís Sousa Dias, diretor comercial, em declarações ao T Jornal. Clientes norte-americanos, italianos, espanhóis e dos Países Baixos já tomaram contacto com a nova gama de produtos e a empresa portuguesa parece não ter razões de queixa.

3,5%

foi o crescimento da Zona Euro em 2022

JOSÉ PINTO CARDOSO RENASCE COM O DIGITAL

Os piores dias da pandemia parecem já ter ficado para trás e a José Pinto Cardoso, que se considera “a mais antiga alfaiataria da Península Ibérica”, está a regressar de um período em que toda a gente desatou a vestir fatos-de-treino. Para Carlos Costa, diretor comercial, criativo e mais o que tiver de ser, a grande aposta da empresa é agora “um configurador digital” que permitirá aos clientes subtraírem-se às provas e à presença física.

T 28 Fevereiro 2023
“Toda a gente quis incentivar a aposta do MODTISSIMO na internacionalização”
Manuel Serrão CEO da ASM
X
T 29 Março 2023

EUROPA QUER INCENTIVAR PROJETOS COMUNS

Paolo Gentiloni, comissário para a Economia e ex-primeiro-ministro italiano, considera que os projetos comuns na área das empresas devem ser uma prioridade, com o duplo objetivo central de aumentar a competitividade e de pressionar a coesão do território da União Europeia. As previsões económicas de inverno da Comissão Europeia sugerem um cenário menos negro que o esperado há apenas um trimestre, com a União Europeia e a Zona Euro a anteciparem que conseguirão escapar a uma recessão técnica, apesar da guerra e dos altos preços da energia. Agora, disse o comissário em entrevista conjunta a vários jornais, é preciso dar o próximo passo. Paolo Gentiloni disse que “a competitividade da nossa indústria, na minha opinião, precisa definitivamente” de nova alavancagem. “Não basta confiar

apenas nas respostas nacionais. As regras em matéria de auxílios estatais são flexibilizadas de modo a que cada país utilize os seus próprios recursos para fazer face aos desafios da competitividade”.

É nesse quadro que se inscreve a proposta do comissário: o investimento estatal em projetos empresariais será mais rentabilizado e mais perene se, ao invés de financiar uma empresa, o fizer a um conjunto de empresas. É de algum modo uma mudança de paradigma, referiu, dado que o sistema não faz parte das decisões de investimento – sempre focadas num universo uniempresarial. Mas os desafios propostos por fatores exógenos à própria União, salientou, devem ter uma resposta mais audaciosa, o que implica uma nova visão de conjunto. t

AEP DETETA CONTRATAÇÃO COMO FATOR NEGATIVO

Um inquérito da responsabilidade da Associação Empresarial de Portugal (AEP) afirma que um dos fatores de maior preocupação dos empresários para o ano de 2023 reside na contratação de mão-de-obra especializada, sendo esta a área para que perspetiva um maior agravamento durante o ano. Segundo o inquérito, 39% das empresas consideram que atualmente a dificuldade em contratar afeta de modo muito significativo a sua atividade. Pior: esta percentagem sobe para quase metade (48% das empresas)

RO ARCHIVE: ARTE EM

relativamente às dificuldades que se preveem sentir na contratação de mão-de-obra no final do ano.

A AEP auscultou cerca de 700 empresas durante o mês de janeiro para perceber os impactos que os diversos sectores de atividade estão a sentir neste início de novo ano – mas também para indagar sobre as perspetivas para 2023, “um ano revestido de incerteza devido à conjuntura atual e a um contexto económico vincado pela continuidade da guerra na Ucrânia, pela subida das taxas de juro e pela escalada

STVGODIGITAL LANÇA O CAMINHO PARA A INDÚSTRIA 4.0

da inflação”.

Além das questões de contratação, a AEP concluiu que “os empresários (cerca de 50%) consideram a ‘Inflação elevada’ e o ‘aumento dos custos com a energia’ como os mais significativos, seguidos de muito perto pelo ‘aumento dos custos de transporte/logísticos’ (cerca de 40%). Apenas a ‘dificuldade de contratação de mão-de-obra qualificada’ é apontada como tendo uma evolução negativa até ao final do ano, enquanto os outros três fatores melhoram neste período. t

O STVgoDigital é um programa de digitalização da cadeira de valor da ITV (STV em inglês), considerado estruturante pelo Cluster Têxtil. Estruturado em 5 PPS (Produtos, Processos e Serviços), é uma rampa de lançamento para a indústria 4.0. O projeto tem como objetivo englobar um conjunto de iniciativas de I&D de forte caráter coletivo e elevado efeito indutor e demonstrador, com o envolvimento de empresas da fileira têxtil e do vestuário e de outros sectores complementares, estando, por isso, alinhado com um dos pilares do Cluster Têxtil: Tecnologia e Moda – a indústria 4.0 e a digitalização. Os cinco pilares do programa, têm diretamente a ver com os maiores desafios que a indústria enfrenta neste momento. São os seguintes os cinco planos abordados pelo StvgoDigital: ID Sustentável e Circular 4.0 (PPS1); Cadeia de Abastecimento 4.0 (PPS2); Ecossistema da Moda 4.0 (PPS3); Trabalhador 4.0 (PPS4); e Inteligência Artificial para a ITV 4.0 (PPS5).

Ro Archive é uma nova marca de streetwear portuguesa que aposta na construção pela destruição: as peças desconstruídas da marca têm padrões coloridos feitos à mão, com silhuetas inovadoras e com um aspeto inacabado que se assemelham a obras de arte. As peças usam estampados inspirados no mundo do graffiti e da street art e são pintadas à mão. O artista responsável e fundador da empresa, Rodrigo Ramalho, assegura que cada peça é única e exclusiva. t

Luís Oliveira CEO da Wonder Raw

NOVA APP PROMETE POUPAR NAS FATURAS DAS PME

A software house portuguesa Maidot, fundada por Pedro Lima, acaba de lançar a APP Jenova, que promete gerar uma poupança que pode chegar a uma média de 120 mil euros por ano às PME industriais através da utilização de Inteligência Artificial na automatização de tarefas administrativas. A redução de desperdícios na produção e a otimização do agendamento dessa mesma produção são duas outras vertentes no controlo dos custos.

5.163

foi o número total de visitantes do MODTISSIMO 60+1

H&M E REMONDIS FORMAM ALIANÇA PARA A RECICLAGEM

A cadeia de moda sueca H&M anunciou uma nova joint venture com o grupo alemão Remondis para o lançamento de uma iniciativa têxtil circular: a Looper Textile. A missão da empresa conjunta será recolher, classificar e vender roupa e têxteis usados e indesejados, promovendo assim a sua reutilização. A H&M espera “participar mais diretamente no desenvolvimento da infraestrutura de moda circular. Com este pacto pretendemos estender o ciclo de vida de cerca de 40 milhões de roupas em 2023”, afirmou a empresa em comunicado.

T 30 Março 2023
“Vender e depois produzir é o caminho para a indústria da moda, que vai ter que se adaptar”
FORMA
DE STREETWEAR

EMERGENTE M

Por: Ana Rodrigues

Família O pai, a mãe e a irmã Casa No Porto, ao pé do Bessa Carro O da empresa, Dacia Spring Formação Licenciatura em Design de Comunicação, Mestrado em Design de Moda Portátil Toshiba Telemóvel Huawei P30 Lite Hobbies Ouvir a Rádio Observador no caminho até Barcelos, praticar um pouco de desporto (ultimamente, padel) e a culinária Férias As últimas foram na Noruega a ver as auroras boreais Regra de ouro “Ainda que seja sempre esperançosa, é preciso reconhecer quando se deve parar”

Uma paixão pelos fios e técnicas artesanais

Joana Guimarães, Designer Têxtil da Magma Têxtil, entrou em Design de Comunicação na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto em 2010. Mas foi nesse mesmo ano que, não conseguindo esconder o seu encanto pelo têxtil e pelas suas fábricas, se inscreveu no curso de Modelista do Modatex. A razão é simples: a sua bisavó era modista, a avó costureira e desde cedo a paixão brotou.

Apesar do início de formação mais gráfico e da impossibilidade de terminar o curso do Modatex, a designer têxtil diz que “sempre sentiu necessidade de trabalhar de forma criativa e artesanal diferentes materiais” e recorda com entusiasmo os seis meses de Erasmus na Turquia – que se transformaram em doze meses – de contacto com uma cultura e um design completamente diferentes daquele a que estava habituada. Das inúmeras artes que teve oportunidade de experimentar, Joana destaca o contacto com a cerâmica e olaria, a produção de peças em metal ou a arte da tapeçaria. Como recordação, viajou e regressou com um tear com o qual pôde continuar a desenvolver os mais variados tapetes. Com um último ano de licenciatura invulgar, o passo seguinte era enveredar pelo Mestrado em Engenharia Têxtil para contactar com o mundo de fábrica de que tanto gosta. Mas, por falta de inscritos, o curso não abriu e acabou no Mestrado em Design de Moda na Universidade da Beira Interior. Ainda assim, o contacto com processos fabris não lhe foi impossibilitado: o tear reto e circular ou os processos de tinturaria fizeram parte do seu percurso.

O esperado – para o primeiro ano de mestrado – seria o desenvolvimento de um projeto final: a criação de uma coleção. No entanto, teve a sorte de fazer um projeto totalmente focado no desenvolvimento têxtil, onde pôde contactar de perto com a indústria e desenvolveu uma coleção de tecidos e malhas. Para o segundo ano optou por um projeto de investigação – que vai até além do gosto pelo têxtil e foi para a área da biotecnologia – onde estudou a aplicação de pigmentos bacterianos: “Bio Fermented Colors - Pigmentos de Origem Bacteriana: Uma Alternativa Sustentável no Design de Moda e Têxtil” é o título da dissertação que lhe deu o canudo e que lançou Joana na complicada jornada que é arranjar emprego.

“Quer seja aqui, em Portugal, quer seja no estrangeiro, a procura não é fácil e a resposta é sempre a mesma: não tens experiência”, recorda a designer - “se ninguém abrir uma janela, entramos num ciclo vicioso”. Foi então que se abriu uma porta e acabou por começar o trabalho como Designer Têxtil na Trimalhas, onde esteve entre os anos de 2018 e 2021.

Ainda em 2021 aterraria na Magma Têxtil. Mais vocacionada para o high-end, enquanto Designer Têxtil da Magma, Joana é responsável pela criação das coleções e do seu respetivo propósito. O seu trabalho surge desde o que existe num início de coleção até à presença em feiras onde contacta com os clientes e consegue “compreender o impacto do trabalho que desenvolveu”.

Apaixonada pela liberdade e pela aventura que é viajar pelos quatro cantos do mundo, desloca-se diariamente do Porto até Barcelos na companhia da Rádio Observador para fazer aquilo que mais gosta: arriscar e inovar no mundo da têxtil em constante mutação. t

T 31 Março 2023
Joana Guimarães, Designer Têxtil da Magma Têxtil
FOTO: RUI APOLINÁRIO

MUNDO VERDE a 10%

dos investimentos das empresas são, em média, destinados a medidas para a promoção da sustentabilidade, segundo pesquisa da Google Cloud

COELIMA INUNDOU NOVA IORQUE DE SUSTENTABILIDADE

A Coelima by Mabera esteve presente na New York Market Week entre os dias 12 e 15 de março, no Hotel Andaz 5th Avenue, e em destaque esteve a coleção primavera-verão 24 “em três temas concetuais base: Blue Waves, Peace Offering e Natur Force, em que se destaca a continuidade de aposta nos produtos sustentáveis”, referiu ao T Jornal Isa Rodrigues, diretora de Design, Desenvolvimento e Inovação.

Na base desta aposta contínua da empresa na sustentabilidade destacam-se “as fibras recicladas de pré e pós consumo, as fibras orgânicas, fibras naturais como linho e cânhamo e fibras sintéticas de origem regenerada ou reciclada”, explica Isa Rodrigues. Quanto aos tingimentos, a diretora de Design, Desenvolvimento e Inovação salienta “a coleção cápsula de tingimentos naturais com corantes inorgânicos que trará inovação na forma e no conteúdo de produtos”.

Em carteira, a Coelima levou ainda a nova aposta para casa em jersey, uma “área que estamos a

começar a explorar”, revela, ao que se acrescentam “as ofertas de cama, que continuam a ser complementadas com coordenados para homewear e têxteis de casa de banho”. Funcionando a Market Week de Nova Iorque como um showroom fechado com marcação exclusiva com o cliente, existiu “uma preparação prévia de aquisição em clientes-alvo”, explica Paulo Almeida,

Diretor Comercial. A aposta é, assim, “sempre orientada para a fidelização da base atual de clientes e para conseguir captar novos alvos através de oferta diversificada de produto e inovação”. Mas há também a preocupação de “tentar perceber a evolução do mercado nos próximos meses e que feedback podemos recolher no reverter da procura e ajustar a oferta”. t

SCHOELLER APRESENTOU NOVA GAMA DE FIOS SUSTENTÁVEIS

A Schoeller – The Spinning Group esteve no CITEVE a apresentar uma inovadora gama de “fios sustentáveis que viajam”. “Não oferecemos apenas fios para automóveis. Oferecemos também soluções para aviões, autocarros, comboios, por isso é que preferimos a designação Traveltex e não automotive”.

Manuel Rodrigues, representante comercial da Schoeller em Portugal, explicou ao T Jornal que, com foco na sustentabilida-

VOLKSWAGEN PROCURA TECIDOS SUSTENTÁVEIS

A Volkswagen está à procura de novos materiais têxteis sustentáveis para os acabamentos do seu modelo ID, para aplicar ainda este ano. Têxteis para os assentos, para os tetos e para os tapetes estão na agenda da prospeção da marca alemã, que é cliente de Portugal há mais de uma década. A procura, que não se restringe, contudo, ao mercado nacional, resulta da aposta da marca alemã no segmento da sustentabilidade, passando neste momento pelo reaproveitamento dos grãos de café e também pela celulose.

de, esta oferta designa-se 'Novo Nível de Fios Sustentáveis'. Desenvolvido através de reciclagem PES e utilizando a natureza alpaca, o primeiro poliéster em destaque é conseguido através da reciclagem de garrafas de plástico PET e utilizando a cor natural da fibra alpaca. “Neste sentido, este fio não utiliza corantes para as cores, nem energia ou água para o tingimento”, explica Markus Rothmund, representante da Traveltex, em declarações ao T Jornal.

Por sua vez, o fio Sustainno –em destaque na edição 60+1 do MODTISSIMO – aposta na sustentabilidade e na circularidade. O Sustainno é conseguido através da reciclagem PES conjugada com lã, sendo um fio biodegradável e reciclável. Biodegradável em quatro elementos (em aterro, no lodo, no solo e nos oceanos) e também reciclável, “no sentido em que pode ser reutilizado vezes sem conta”, explica o representante da Traveltex. t

TAJISERVI LANÇA IMPRESSÃO ECOLÓGICA

A Kornit Presto, solução de impressão direta em rolo disponibilizada pela Tajiservi, foi recentemente analisada num estudo LCA (Life Cicle Assessment) e os resultados apresentam este sistema como uma opção sustentável. O modelo Kornit Presto Max permite uma tripla poupança. Segundo a empresa, o sistema induz uma “poupança de 95,63% de água, 83% de CO2 e 94,78% de energia”.

ACATEL DESCOBRE ALGODÃO RASTREÁVEL

O novo lançamento da Acatel é rastreável, chama-se ‘Rediscovery’ e é uma coleção impressa principalmente em substratos à base de fibra de algodão Good Earth Cotton com carbono positivo, algodão orgânico, linho ou mistura de ambos. Nada de mais sustentável. Segundo a empresa liderada por Susana Serrano, a utilização da tecnologia Fibretrace – que combina o rastreamento físico e digital – permite seguir o algodão proveniente das quintas onde é cultivado até ao seu destino final.

T
“A Good Earth Cotton é um programa de agricultura que apoia métodos de cultivo que respeitam o ambiente"
32 Março 2023
Susana Serrano CEO da Acatel
“A têxtil nacional tem-se reinventando utilizando tecnologias mais limpas”

REMODELAÇÃO DE INTERIORES LOJAS SHOWROOMS MOBILIÁRIO

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T 33 Março 2023 events & exhibitions

SERVIÇOS ESPECIALIZADOS

O que faz? Especialista em serviços de hotelaria O que é? É uma unidade do Grupo Axis, instalada no centro da cidade do Porto Espaço 53 quartos, com uma área total de 3500m 2 Equipa 10 colaboradores Preço a partir dos 100€ em época baixa Página Online www.axishoteis.com

DR. KID REFORÇA IDENTIDADE DA MARCA

Sem querer fugir à sua identidade e à qualidade que lhe está associada, a Dr. Kid apresentou a sua coleção de outono e inverno que insiste na sustentabilidade: novos fios biodegradáveis e naturais continuam uma aposta que já vem de trás. “Acredito que as pessoas estão muito viradas para a sustentabilidade, mas é específico e não é generalizado, pois gostam na mesma de ter moda”, afirma José Armindo, CEO da empresa. Ao T Jornal, comentou os desafios de 2023: “vai depender do comportamento do sector energético; se a energia e o gás baixarem, logicamente a matéria-prima baixa e o produto será mais competitivo”, explicou José Armindo.

O renascer de um ex-líbris da cidade do Porto

O número 325 da Praça Humberto Delgado, que durante meio século foi a sede do Futebol Clube do Porto, ganhou uma nova vida. Hoje, como Axis Porto Club, dedica-se ao sector do turismo, mas sem nunca esquecer a ligação ao clube. Localizado no coração da cidade, dispõe de 53 quartos – dos quais 24 são duplos, 15 são twin, 13 suites e uma master suite. Um bar e um restaurante, o Umami, completam a oferta.

A história do edifício portuense e a sua relação com o FCP remonta a 1933, quando o clube arrendou o primeiro andar do edifício na Avenida dos Aliados com o objetivo de instalar ali a sede e a secretaria do clube. A varanda da sede do FC Porto tornou-se um espaço que faz parte da memória coletiva da cidade, tendo sido palco de consagração de diversos campeões e vencedores. Anos mais tarde, em 1982, esses serviços passaram para o Estádio das Antas.

Foi então que “nasceu esta parceria com o Futebol Clube do Porto, que é o dono do edifício. Propusermos recuperá-lo, tendo sido requalificado com o intuito de homenagear a relação entre o clube e a cidade e contar parte da história azul e branca através de um investimento de cinco milhões de euros”, disse Filipe Silva, administrador do grupo Axis Hotéis.

O Axis Porto Club, um hotel de quatro estrelas com uma decoração onde o charme e a história estão em plena harmonia, distingue-se pelos detalhes que se espalham no espaço e que marcam a diferença: alguns tacos de bilhar (que remetem para uma antiga utilização das salas), uma escadaria (com um mapa da cidade do

Porto e citações do poema Aleluia, do também portuense Pedro Homem de Melo), um ecrã junto da receção onde os hóspedes podem descobrir mais sobre o Museu do Futebol Clube do Porto e umas esculturas alusivas ao clube (que retratam momentos históricos como, por exemplo, as conquistas da Liga dos Campeões).

“O Axis Porto Clube é muito mais do que uma ligação ao Futebol Clube do Porto. É um hotel com uma história que é importante destacar, mas, acima de tudo, um espaço com alma do Norte. Tivemos a preocupação de manter a sua identidade, e o nosso objetivo é fazer com que os nossos hóspedes se sintam em casa e respirem a hospitalidade do Norte”, garante Filipe Silva.

Apesar das referências ao clube, que estão apenas nos espaços comuns, o projeto de arquitetura e decoração de interiores resultou num ambiente sóbrio, elegante e citadino, pontuado com detalhes em madeira e mármore.

A localização é sem dúvida uma mais-valia que acaba por atrair não só o turista tradicional como também o turista de negócios. O mais recente exemplo ocorreu no mês de fevereiro, quando “tivemos várias reservas de empresas, que estiveram presentes no MODTISSIMO 60+1, com que estabelecemos várias parcerias. Acredito que tenha tido influência pela nossa localização nobre, mas principalmente pela qualidade que oferecemos enquanto grupo, na zona norte do país há mais de 25 anos”, explicou Filipe Silva.

Uma proposta, por isso, a considerar para quem não prescinde de estar no centro da cidade. t

JPG RESPONDE À PROCURA PELA SUSTENTABILIDADE

A João Pereira Guimarães (JPG) respondeu às exigências do sector têxtil e do vestuário mas também dos consumidores e apresentou uma coleção de malhas recicladas constituída por oito tipos de malha “que permitem resultados semelhantes às fibras normais”, refere a empresa. Os contactos estabelecidos com os mercados espanhol e inglês, mas também com o mercado português, apontam para uma procura pela circularidade e sustentabilidade, algo que é cada vez mais relevante e no qual “os clientes investem para se destacarem”, explicou Ricardo Maia, responsável da empresa em declarações ao T Jornal.

é o número de trabalhadores da Calvi

PAULA BORGES DÁ CONTINUIDADE AO SUCESSO

A Paula Borges acaba de estrear uma vertente nova da sua tipologia de produtos: artigos mais estruturados e cuidados, que têm origem num novo projeto realizado em parceria com a marca francesa Thierry Mugler. Depois do seu melhor ano de sempre, 2022, “o ano de 2023 é um ano transitório, saímos de uma pandemia, estamos envolvidos numa crise, mas esperamos que os resultados estejam perto do sucesso do ano anterior”, disse Paulo Faria, diretor comercial da empresa, ao T Jornal. “A nossa ideia principal e de base não é conquistar novos clientes, mas o que é facto é que eles aparecem e isso é bom sinal”. O mercado inglês destaca-se, mas novos clientes da Grécia e do leste europeu também estão a revelar interesse.

T 34 Março 2023
Axis Porto Club Hotel Av. dos Aliados 325 4000-067 Porto
“Talvez os próximos tempos sejam melhores que o antecipado”
135

OPINIÃO

TRANSPARÊNCIA E CRIAÇÃO DE VALOR NA ITV PORTUGUESA: UM NOVO CICLO?

ENERGIA EM ROTA FAVORÁVEL

JOÃO COSTA

Presidente da ASM

Membro do Conselho Estratégico

Nacional da Energia (CIP) e do Conselho Consultivo da ERSE

A cadeia de valor do têxtil e vestuário é conhecida por ser bastante complexa, global e competitiva, tornando-se bastante desafiante quando falamos de transparência, rastreabilidade e partilha de valor.

Nós, na indústria, no meio da cadeia, somos confrontados diariamente com um poder negocial esmagador por parte das grandes marcas e cadeias de retalho que nos impõem, sem grande margem de manobra ou poder negocial, um caderno de encargos exigente, que obriga a investimentos e exige recursos que nem sempre são recompensados pelo cliente.

A verdade é que as empresas do nosso sector têm aderido, algumas de forma voluntária, muitas pressionadas pelos seus clientes, a um conjunto alargado de certificações de processo e produto que, entre outros, acabam por melhorar a transparência dos processos, garantindo aos clientes que para além de um produto de qualidade, o pacote da oferta inclui o cumprimento de um conjunto alargado de requisitos sociais, ambientais ou outros, para além dos elementares compromissos legais impostos pelo enquadramento jurídico em que se enquadram.

Mas o que temos lucrado com isso? Potencialmente, não perdemos os clientes, ganhamos outros, continuamos a ter encomendas, produção, mas conseguimos um bom retorno do nosso investimento? Estão os clientes a pagar o devido pelo “made in Portugal”? Por todo o know-how, inovação, desenvolvimento, engenharia de produto, sustentabilidade, responsabilidade social, qualidade, flexibilidade, serviço, valor acrescentado que oferecemos?

Sabemos que há uma tendência para que o consumidor esteja cada vez mais sensível aos temas da sustentabilidade, circulari-

Desde o seu pico máximo de €320 por MWh, em agosto de 2022, que o preço do GN tem vindo, com altos e baixos de períodos curtos, em sistemática trajetória descendente, abaixo de €50 por MWh desde meados de fevereiro e um mínimo de 38€ em 20/03/2023. Idêntico comportamento, embora com descida menos pronunciada, teve o preço da eletricidade, que, desde os seus máximos de 2021/2022, na ordem de 360€ por MWh, tem andado, em geral, abaixo de 150€ desde janeiro/23.

Para a descida do preço da eletricidade contribuiu fortemente, devido às condições climáticas, o aumento da produção hídrica e eólica a partir de dezembro de 2022, e também o preço da GN. E para a descida do preço do GN contribuiu a sua menor utilização na produção de eletricidade, o menor consumo doméstico por efeito de um Inverno mais ameno, o menor consumo industrial por efeito da sua substituição, e a política de compras de GN da UE. Em Espanha, a procura de GN teve uma queda de 22% nos meses de agosto/22 a janeiro/23, por comparação

dade, responsabilidade social, mas na verdade também sabemos que pouca informação chega ao consumidor final e a que chega nem sempre é fiável, comparável e suficientemente esclarecedora para que ele possa tomar uma decisão informada. Aliás, apesar dos investimentos que foram feitos, nomeadamente ao nível das certificações e auditorias, pouco serão os consumidores que estarão devidamente informados sobre o que os diferentes selos e rótulos quererão dizer. Ou seja, há aqui algum caminho a fazer, ou por parte das marcas ou por parte dos detentores dos esquemas de certificações. É preciso ir até ao final da cadeia, o consumidor final, aquele que no final toma a decisão de comprar ou não. Toda esta transformação que temos vindo a fazer e que iremos continuar a fazer, nomeadamente ao nível da sustentabilidade e circularidade, não fará sentido se não for acompanhada por uma importante consciencialização e educação do consumidor final. A Estratégia Europeia para os têxteis sustentáveis aponta para essa necessidade e para a implementação de medidas nesse sentido. Mas deverá a indústria deixar que esta comunicação, informação e consciencialização do consumidor fique apenas nas mãos das marcas e do retalho? Que tipo de mensagem e informação irão passar?

Não temos nós, a indústria, uma história para contar? Informação para partilhar?

Informação tem valor. E esta pode ser uma boa oportunidade para a indústria conseguir arrecadar parte deste valor para si. Já sabemos que somos os melhores a produzir. Sem descurar esses créditos, agora é o momento de comunicar, partilhar informação, valorizar o “made in Portugal” e tirar o máximo proveito deste movimento. t

com o consumo médio do período homólogo dos últimos cinco anos. Está estabelecida a tendência de substituição do gás por outras fontes de energia.

E essa substituição é particularmente visível no domínio da indústria, onde isso é possível, pelo investimento crescente em sistemas de biomassa, o que em muito tem contribuído para a redução dos consumos de GN. A indústria têxtil, especialmente as tinturarias e acabamentos, tem vindo a realizar significativos investimentos nessa área. E, ao investimento na redução do consumo de GN, junta-se outro também de relevante importância. Trata-se do investimento na produção fotovoltaica de eletricidade, que tem vindo a ser intensificado.

Para 2023, foram mobilizados 4.500 M€ para conter os preços da eletricidade, sendo 2.500 M€ provenientes do Fundo Ambiental. Estas medidas de apoio e outras similares terminarão em 2024, de acordo com a Comissão Europeia. O Ministro do Ambiente e Ação Climática anunciou, na Comissão Parlamentar de Ambiente e Energia, em 8/03/2023, um conjunto de programas e ações na área da energia que

representam investimentos na ordem de 60.000 M€ (25% do PIB atual) até 2030. Capacidade Eólica: + 3.400 MW – Investimento: 4.500 M€; Capacidade Solar: + 6.400 MW – Investimento: 4.700 M€; Eólica Offshore: leilão até 10.000 MW – Investimento Expectável: 30.000 a 40.000 M€; Investimentos na Rede: 634 M€; Estratégia Nacional para o H2: Investimento de 7.000 a 9.000 M€; Eficiência Energética: Apoios de 780 M€.

Mesmo que a concretização dos investimentos fique aquém dos programas anunciados, a produção de eletricidade com utilização de fontes renováveis está a efetivar-se progressivamente. Em 2023, Portugal terá o dobro da capacidade de produção solar (fotovoltaica e térmica) de 2022, e a produção acrescida vai sentir-se especialmente no período de Verão. Em Espanha, a potência instalada para autoconsumo tem vindo a duplicar todos os anos desde 2018 – de 0,4 GW em 2018 para 5,2 GW em 2022. Em resultado desta dinâmica de investimentos, está estabelecida a tendência estrutural descendente do preço da eletricidade, o que contribuirá para a melhoria da competitividade da indústria nacional e europeia.t

T 35 Março 2023

MEDIDAS DA AGENDA DO TRABALHO DIGNO: PROGRESSO OU RETROCESSO?

Após meses de votações no Parlamento no âmbito da Agenda de Trabalho Digno foram, finalmente, aprovadas as alterações à lei laboral - alterações essas que visam mudar o paradigma do Direito do Trabalho. Ora, vejamos...

De entre as várias alterações aprovadas podemos realçar o incentivo que o Estado pretende conceder à contratação coletiva, enquadrando-a no âmbito das suas políticas específicas. O objetivo do Estado é, então, claro: promover a contratação coletiva, de modo que as convenções coletivas sejam aplicáveis ao maior número de trabalhadores e empregadores.

Recordemos, em termos gerais, que a contratação coletiva corresponde ao processo através do qual os empregadores e os representantes dos trabalhadores negoceiam condições específicas de trabalho, a aplicar à empresa ou ao setor.

Com esta alteração, o Estado pretende conceder às empresas outorgantes de convenção coletiva recentemente celebrada e/ou revista - considera-se por “convenção coletiva recentemente celebrada e/ou revista“ aquela que tenha sido outorgada ou renovada no período até três anos - mais benefícios, privilegiando-as, por exemplo, no quadro do acesso a apoios ou financiamentos públicos, onde se incluem fundos europeus “sempre que pertinente”, contratação pública e incentivos fiscais.

Esta é, no entanto, uma medida que acaba por ter um alcance vago e impreciso. É ao Governo a quem cabe decidir quando é que é, ou não, “pertinente” a aplicação de tal critério. Todavia, e ainda assim, é inegável que esta continua a ser uma alteração benéfica para as empresas com contratação coletiva pública, discriminando, porém, no acesso a fundos, aquelas empresas que não pretendam ter contratação coletiva.

No âmbito das alterações aprovadas, uma das medidas que tem gerado mais controvérsia é a da proibição do recurso a outsourcing durante um ano após o despedimento coletivo ou extinção do posto de trabalho.

De acordo com a proposta alvo de aprovação “Não é permitido recorrer à aquisição de serviços externos a entidade terceira para satisfação de necessidades que

foram asseguradas por trabalhador cujo contrato tenha cessado nos 12 meses anteriores por despedimento coletivo ou despedimento por extinção de posto de trabalho”, constituindo, a sua violação, uma contraordenação muito grave imputável ao beneficiário da aquisição de serviços.

Esta alteração visa impedir o recurso à terceirização para o exercício de funções que poderiam ser asseguradas por trabalhadores despedidos. Desse modo, ainda que esta pretenda, por um lado, combater a precariedade das relações laborais, acaba, por outro, por retirar às empresas a sua capacidade de gestão, flexibilidade e redução de custos.

Assim, podemos, desde logo, levantar uma questão: até que ponto é que esta proibição não colocará em causa princípios como o da livre iniciativa económica das empresas, sendo, dessa forma, sinónimo de uma verdadeira intromissão na gestão empresarial e, consequentemente, um retrocesso para as empresas?

Entre estas alterações existem muitas mais. O documento aprovado e que aguarda, agora, promulgação por parte do Presidente da República, para sua consequente publicação em Diário da República, conta com dezenas de alterações à lei laboral.

As medidas da Agenda do Trabalho Digno trazem consigo diversas mudanças, no entanto as mesmas ficam aquém das expectativas.

A CONTRATAÇÃO COLETIVA CORRESPONDE AO PROCESSO ATRAVÉS DO QUAL OS EMPREGADORES E OS REPRESENTANTES DOS TRABALHADORES NEGOCEIAM CONDIÇÕES ESPECÍFICAS DE TRABALHO, A APLICAR À EMPRESA OU AO SETOR

É opinião do Conselho Nacional das Confederações Patronais (CNCP) que estas medidas “dificultam a vida às empresas e aumentam a burocracia”.

Existe, assim, ainda um longo caminho a percorrer até ser promovida a necessária dignidade do trabalho, e um verdadeiro equilíbrio entre os interesses do trabalhador e da entidade patronal – os desta última que, aqui, parecem estar a ser postos em causa, numa altura em que o paradigma empresarial nacional vem sendo fortemente afetado por um contexto de absoluta incerteza económica e política que tanto o país, como o mundo, atravessam. t

T 36 Março 2023
José Carmo Teixeira Advogado na Aguiar-Branco & Associados

ACABAMENTOS U

Por: Katty Xiomara

Paixão nunca verdadeiramente saciada pelos socialistas há umas três ou quatro décadas, a educação continua a ser, nestes tempos de maioria absoluta que não precisa de nenhuma oposição para se (auto) flagelar, o ministro da tutela é por estes dias um homem assolado por muitas manifestações, alguns opróbrios mais bruscos e uma ou outra tentativa de enxovalho. Katty Xiomara prefere referir-se-lhe com a elegância do costume.

O mestre-escola

Continuamos na linhagem COSTA deste governo de maioria. Desta feita o nosso visado é o condecorado escuteiro João Costa, que na sua missão de Ministro da Educação e aos olhos dos seus tutelados professores, parece não conseguir cumprir uma das regras mais básicas do escutismo: a prática diária duma boa ação!

E apesar deste Costa até apreciar a ideia de um bom acampamento, lembrando a camaradagem própria de uma partilha de marshmallows torrados à volta da fogueira. O certo é que, a ideia de ter mais um cenário coberto de pequenos pontos de nylon colorido à porta do ministério, parece ter manchado esta sua paixão. Por isso, na tentativa de suavizar o clima, lá vai vendendo umas bolachinhas caseiras, para consolar os sindicatos e arrecadar um pouco de esperança para uma nova jornada de aventuras e desventuras. Uma estratégia muito usada, mais pelo político do que pelo escuteiro, a estratégia da espera.

A ideia é deixar que o tempo derrape e abra caminho ao cansaço, abrandando a pouco e pouco o interesse destes seus colegas professores. Até porque estas ideias loucas de progressão e descongelamento de carreiras e de tantas outras coisas, parecem não estar sequer, ao alcance do Ministro, que, aparentemente, encontra o caminho das negociações vedado pelo Ministro das contas certas.

Ele que na sua inocente visão de menino escuteiro, ainda há pouco tempo acreditava que cada vez mais pessoas procuravam na docência um caminho profissional… Hoje, na sua maturidade governamental, já deve ter percebido que os números revelam uma realidade bastante diferente, essencialmente porque, para a grande maioria, o amor pela arte não paga as contas.

As negociações deverão continuar, o que deixa em aberto muitas ou poucas possibilidades, mas dependendo do seu desempenho, talvez o Joãozinho consiga arrecadar mais um emblema para a sua faixa de escuteiro. t

T 37 Março 2023

Cancela Velha

Pr Movimento das Forças Armadas nº 36, 4630-224 Marco de Canaveses

MUITA COISA NOVA NO CANCELA VELHA

Há muita coisa nova nesse autêntico marco da gastronomia regional chamado Cancela Velha. Cada vez vale mais a pena ir a Marco de Canaveses só para almoçar ou jantar, seja para matar saudades do velhinho e sempre poderoso anho assado, seja para descobrir, ver e provar as novidades que passo a elencar.

O que não é novidade para ninguém é a excelência e simpatia do serviço da família Monteiro que se mantém unida no Cancela. O Manel com os seus 50 anos de hotelaria continua a pontificar na sala, porque “não sabe fazer mais nada", como diz, com muita graça. À frente dos tachos e panelas mantém-se a Fernandinha, verdadeira alma mater do Cancela como afiança o seu filho Miguel que em termos oficiais é o novo rosto do Cancela Velha. Mas a família ainda inclui a irmã Ana e o cunhado Rui que dá uma ajuda forte nos doces que aparecem na bandeja na hora da sobremesa.

Mas voltando às novidades, a

O VERDE TINTO DA FLOR DA MODA

maior é que o famoso anho assado disponível aos almoços de quinta e domingo, pode agora ser também apreciado nos outros dias na sua versão grelhado na brasa. O que desde logo nos obriga a duas viagens seguidas ao Marco para podermos tirar teimas sobre qual é o melhor. No meu caso a vitória pende para o lado do fabuloso arroz de forno que bebe dos sucos do anho que para lá escorrem.

Para acompanhar estes petiscos podemos sempre escolher um vinho entre os 400 que compõem a garrafeira do Cancela, desde os verdes que já não são verdes até ao vinho especial do Cancela Velha, feito em parceria antiga com a Casa Agrícola Águia de Moura de Murça que já provei e aprovei mais do que uma vez.

Para os mais corajosos também existem umas magníficas entradas regionais e nunca esquecer de pedir os grelos que a Fernandinha faz como ninguém. Os últimos que lá comi ainda não me saíram da cabeça. t

Quinta do Barco | Vinhão Não é só para a lampreia, mas nesta temporada um tinto da casta Vinhão é mesmo indispensável. Sim! Aquele verde tinto intenso e desafiante, que pinta as paredes das tigelas e enche também qualquer mesa de cor e alegria. E se para a lampreia o Vinhão é indispensável, então nada melhor que um vinho com o selo da comunidade têxtil, como é o caso da Quinta do Barco. A par da Flor da Moda Confeções, e das marcas de Ana Sousa e Temperatura, a família Sousa tem também na produção de vinhos verdes outra marca distintiva. Também em Barcelos, neste caso na margem direita do Cávado, em Manhente, a Quinta do Barco tem uma área de vinha de 26 hectares e está situada numa das zonas mais propícias à produção dos melhores Vinhos Verdes. O tinto de Vinhão é, claro, obrigatório, mas o grosso da produção está focada nos brancos com base nas castas Loureiro e Alvarinho, que são agora a menina dos olhos de João Sousa. Na loja online, o tinto é vendido a 8,80€ cada garrafa.

T
AS MINHAS CANTINAS
38 Março 2023

MALMEQUER

Susana Cunha de Guimarães tem – como a própria admite – o coração colado à boca e é por isso que a mentora da marca de roupa para dormir Cotton Moon, diz que a hipocrisia devia ser eliminada deste mundo. Aos 42 anos, vive no Porto, a cidade onde nasceu e pela qual é perdidamente apaixonada. Mãe de Santiago, 13 anos e Pedro, 5 anos, foi depois de um longo percurso como apresentadora de televisão que decidiu entrar no sector têxtil para criar a Cotton Moon.

SOUVENIR

Não vos irei falar de uma peça em específico que me marca, mas sim de três peças específicas que sinto que me caracterizam: o lenço, o blazer e os óculos. Na verdade, o lenço e o blazer andam de mãos dadas.

Não consigo vestir um blazer sem colocar um lenço no bolsinho igual ao forro do blazer ou num tom ou pantone que fique bem com o mesmo. É tal o hábito que já me faz confusão sair de casa sem o pequeno detalhe no bolso. Bem, sem o blazer também, pois é algo que junta o útil ao agradável: sinto-me bem a usá-lo e é prático para transportar tudo o que necessito sem nunca me esquecer de nada.

Gosta Não gosta

Família , Da minha casa, Da cidade do Porto, Sade, Roma, Filosofia, Praia, Marisa Monte, FCPorto , Ténis, Ser criativa , Michael Hutchence, Caminhadas , Pontualidade, Riscas , Louças, Índia , Ir à missa, Flores , Chocolate, Os meus cães , Sabrinas, Lareira , Pessoas Transparentes, Bom Gosto, Cantar, Boxe, Camisas de dormir, Crianças, Boas Conversas , Viana do Castelo, Honestidade , Feijoada, Cozido à portuguesa , Pinto da Costa, Jogar sueca , Ler, Voluntariado

Deitar tarde , Má educação, Benfica , Injustiça, Mentiras , Socialismo, Centralismo , Alturas, Hipocrisia , Submissão, Chegar atrasada , Passar o dia sem fazer nada, Montanha russa , Saltos altos, Falta de civismo , Bebidas alcoólicas, Meias Palavras , Fígado, Doce de Ovos , Futilidade, Falta de senso , Pessoas cinzentas

Aliado a estes dois elementos não posso deixar de esquecer os óculos, que sinto que também me caracterizam. Como é evidente, uso uma panóplia de óculos para criar as mais diversas personagens nos meus espetáculos, do Ray Charles e do Stevie Wonder até ao Bruno Mars. No entanto, sinto que também os óculos fazem parte de mim. Desde cedo que os uso para compensar a minha visão imperfeita. Cheguei a utilizar lentes de contacto quando ia atuar, mas rapidamente entendi que os óculos deveriam fazer igualmente parte de mim e, portanto, utilizo-os também como um acessório de moda e não só por necessidade. Por isso, aposto em modelos mais arrojados e até com lentes esfumadas para dar continuidade ao meu look

Estas são as três peças de que não abdico quer no meu dia-a-dia pessoal, quer para os espetáculos. Não diria que são mantras ou amuletos, mas antes elementos que sinto que já fazem parte de mim. t

T
LENÇO
O
QUE ANDA DE MÃO DADA COM O FORRO DO BLAZER
39 Março 2023
Fernando Pereira Animador
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