EMERGENTE
ELISABETE PEREIRA SAI AOS SEUS E A COSTELA TÊXTIL VEM-LHE DA MÃE P 33
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DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS
RICARDO FERNANDES CEO do grupo Cães de Pedra
“OS RECURSOS HUMANOS SÃO O ATIVO MAIS IMPORTANTE DE UMA EMPRESA”
PERGUNTA DO MÊS
A MODA DA SUSTENTABILIDADE VEIO PARA FICAR? P4E5
P 20 A 22
FOTO: RUI APOLINÁRIO
A MINHA EMPRESA
INOVAÇÃO
SANMARTIN INBICTUM NÃO DISPENSA O CINTO É O NOVO OVO E OS SUSPENSÓRIOS DE COLOMBO DA ITV P 12
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FROM NATURE TO FASHION
WEAVING SUSTAINABILITY FROM TREE TO YARN Made with sustainably sourced wood, Eastman Naia™ cellulosic yarn brings the richness of nature to produce naturally breathable and effortlessly elegant garments. A closed-loop production process enables Naia™ to recycle and reuse solvents and water, resulting in a yarn with extremely low environmental impact. Naia™ is committed to the highest safety, social, and environmental standards, collaborating to collectively build a more sustainable fashion industry. To find out more, please visit naia.eastman.com.
© 2018 Eastman Chemical Company. Eastman brands referenced herein are trademarks of Eastman or one of its subsidiaries or are being used under license.
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CORTE&COSTURA
EDITORIAL
Por: Júlio Magalhães
Por: Manuel Serrão
Gilda Mendes 46 anos É diretora geral da No More, a agência com pronúncia, e por isso a gastronomia e o lifestyle estão-lhe colados ao dia-a-dia. Mas também a moda, com passagem pelo Portugal Fashion, tendo sido uma das fundadoras do espaço MUUDA, a inovadora concept store da baixa do Porto. Adora a boa mesa, bons vinhos e o seu sonho era mesmo poder viajar sem parar.
OS RECURSOS DOS HUMANOS
O que é que a No More faz a mais que a possa tornar uma agência demais? Fazemos sempre mais do que esperam de nós. Adoramos ter ideias e pensar numa estratégia que faça a diferença no resultado dos nossos clientes. Nesse caminho, estamos sempre por perto, queremos garantir que sentem que podem confiar em nós. A No More é uma agência demais mas nunca é de mais contar com ela. Qual é a importância de fazer a diferença num mundo cada vez mais global? Chamar a atenção, conseguir lealdade. É mais global porque é mais digital e muito mais veloz. Mas sou sempre positiva, por isso acho que é uma oportunidade. Com essa globalização conseguimos chegar ao mundo inteiro com mais facilidade. Há mais concorrência? Há. Fazer a diferença terá um papel determinante no resultado. Num mundo mais digital, a humanização vai fazer a diferença. A ITV enfrenta o desafio forte da internacionalização. Que pensa disto a No More? As nossas empresas de têxtil e vestuário são das melhores do mundo. Temos o principal, que é o produto, e é preciso projetá-lo e fazê-lo chegar às redes certas para que possam crescer lá fora. Em várias empresas, o orçamento de comunicação ainda é visto como um gasto supérfluo. Mas faz toda a diferença quando o objetivo é posicionar uma marca… e isso, depois, vê-se nos resultados.
Trabalhar marcas é uma das competências da agência. Como está o panorama das marcas de moda nacionais? Muitas marcas portuguesas andam muito “bem vestidas”! Mas ainda há algumas, com menos preocupações com a imagem, que talvez precisassem de dar uma voltinha ao armário. Nos últimos anos, é clara a evolução da imagem das marcas de moda nacionais e a projeção que conquistam, fruto dessa melhoria. São mais arrojadas, com design mais original, estão mais competitivas, estão mais bonitas e apetecíveis. As redes digitais ajudam à projeção e é bom aproveitarem-se desta maré que pôs Portugal, todo ele, na moda! Durante muitos anos trabalhou a marca Portugal Fashion. Qual foi a importância desta marca para o upgrade da imagem da ITV nacional? O Portugal Fashion foi e continua a ser um grande palco de destaque para as marcas nacionais. Foi um cartão de visita, sem par, para a ITV nacional numa fase em que os canais de comunicação eram muito mais lentos e obrigavam a um esforço acrescido para comunicar e projetar as marcas. Fosse no mercado nacional, com a reunião de jornalistas e manequins internacionais, fosse nos mercados externos, ou com os desfiles nas principais capitais da moda internacional. O Portugal Fashion promoveu uma boa produção, um bom design e excelentes profissionais com uma umbrella brand que posicionou as marcas portuguesas para os mercados internacionais. t
Nesta edição especial que, sendo de Outubro sai ainda em Setembro, para podermos ter um T fresquinho no Modtissimo, há duas ideias que atravessam todas as páginas: os recursos humanos e a sustentabilidade. Podendo parecer coisas diferentes, na verdade são complementares e interdependentes. Humanidade é a melhor palavra que combina estas duas ideias e é exactamente em nome da Humanidade que a valorização dos recursos humanos pelo Ricardo Fernandes e a aposta na sustentabilidade como macro tendência da ITV têm o destaque que merecem nesta edição do T. Os recursos humanos, que é como quem diz, as pessoas, são os maiores causadores das diferenças competitivas no mundo global, mas também são os maiores inspiradores das preocupações atuais com a sustentabilidade. Para a ITV portuguesa, é música para os ouvidos. Os nossos melhores recursos são humanos e as nossas melhores empresas já fazem da sustentabilidade um objetivo principal em prol da Humanidade. No têxtil e vestuário não nascemos ontem, nem contamos morrer amanhã. t
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- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Paulo Vaz Diretor: Manuel Serrão Morada Sede e Editor: Rua Fernando Mesquita, 2785, Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Cláudia Azevedo Lopes Telefone: 969 658 043 - mail: cl.tdetextil@gmail.com Registo provisório ERC: 126725 Tiragem: 4000 exemplares Impressor: Grafedisport Morada: Estrada Consiglieri Pedroso, 90 - Casal Santa Leopoldina - 2730-053 Barcarena Número Depósito Legal: 429284/17 Estatuto Editorial: disponível em: http://www.jornal-t.pt/estatuto-editorial/ PROMOTOR
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n PERGUNTA DO MÊS Texto de António Freitas de Sousa
A MODA SUSTENTÁVEL VEIO PARA FICAR? Só a moda sustentável pode estar na moda. E se dúvidas houvessem, parecem estar hoje completamente dissipadas. A sustentabilidade já não é tema de análise teórica ou uma questão de ativistas ambientais, mas sim o motor de desenvolvimento, condição de gestão, inovação e futuro para marcas e empresas. E também de concorrência, que tem que ser assumida nas suas dimensões ambiental, social e económica. A questão que se coloca já não é, pois, a de saber se veio para ficar, mas antes como trabalhar o conceito e as opções práticas que lhe estão associadas.
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“A viabilidade de grandes fabricantes depende da capacidade de inovação sustentável. É um mercado que veio para ficar”
“É uma ferramenta essencial para mantermos vivas as nossas empresas. É o presente e será o futuro”
CRISTINA MOTTA MESSE FRANKFURT
ANA SILVA TINTEX
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um mundo onde a sustentabilidade está ainda longe de ser uma certeza – devido em parte à persistência de práticas que vão contra essa tendência inevitável em termos de preservação do planeta – o setor da Moda não podia deixar de dar uma resposta positiva ao manancial de desafios que a opção coloca. De uma fase em que persistiram dúvidas fundamentadas sobre a possibilidade de acrescentar sustentabilidade ao ra-
cional de negócios, os empresários parecem ter descoberto a fórmula certa: a sustentabilidade passou a ser uma ferramenta de desenvolvimento tão ou mais importante que os instrumentos tradicionais de gestão, e é um elemento essencial para a inovação. As diversas respostas obtidas à questão que se colocou em torno da sustentabilidade permitem aferir que o tema já não carece de mais análise teórica, uma vez que os empresários e as empresas já a incorporaram no seu dia-a-dia. Isso mesmo diz Braz Costa,
diretor-geral do CITEVE, para quem “já não haverá cético que considere que a entrada da ‘sustentabilidade’ para o dia-a-dia dos negócios têxtil-vestuário-moda seja uma moda passageira. A questão que se coloca hoje à ITV portuguesa é: como trabalhar o conceito e as inerentes opções e práticas”. “A sustentabilidade na moda já não é coisa para cientistas tidos como alheados da realidade, nem para ativistas alternativos. Só a moda sustentável poderá estar na moda”, enfatiza, para afirmar que não há outro caminho a seguir.
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“Há uma pressão por parte dos novos consumidores sobre as marcas. Mesmo na China existe um forte debate sobre o tema”
“A sustentabilidade na moda já não é coisa para cientistas nem para ativistas alternativos. Só a moda sustentável poderá estar na moda”
“Não se trata de uma moda, mas pode tornar-se cada vez mais num produto de moda”
“A necessidade de considerar e assumir o impacto que temos quando produzimos e consumimos é imperativa”
DOLORES GOUVEIA VALÉRIUS
BRAZ COSTA DIRECTOR-GERAL DO CITEVE
PAULO GOMES MANIFESTO MODA
DANIELA PAIS ELEMENTUM
Ana Silva, Head of Sustainability da Tintex, considera que “a sustentabilidade entrou no mundo da moda, tornando-se um pilar para a indústria e não apenas uma moda. Trouxe com ela novos conceitos e aguça o querer saber dos mais atentos. É, neste momento, o motor do desenvolvimento de novas soluções e modelos de negócio sendo um conceito transversal a toda a cadeia de valor”. O tema está no centro da questão: a sustentabilidade deixou de ser uma espécie de etiqueta que se acrescenta a uma peça de vestuário, e
tranformou-se num sistema de gestão que se está a tornar no elemento distintivo entre empresas. “Tornar a sustentabilidade um conceito intrínseco ao desenvolvimento de negócio permite-nos inovar de forma responsável e inclusiva, acrescentando valor aos produtos e serviços. É uma ferramenta essencial para mantermos vivas as nossas empresas, é o presente e será o futuro”, diz ainda Ana Silva. Cristina Motta, representante da Messe Frankfurt, considera, por seu turno, que “já
ninguém ignora que o futuro do planeta depende de nós, da nossa capacidade de alterar práticas há muito instituídas, desde a forma como consumimos ao modo como as fábricas produzem e como são distribuídos os seus produtos”. Cristina Motta coloca a questão do racional de negócio como central: “A viabilidade de grandes fabricantes depende da capacidade de inovação sustentável e, para as empresas emergentes, a produção sustentável tornou-se sem dúvida numa oportunidade de entrar mais rapidamente num
mercado que veio para ficar”. Já para Dolores Gouveia, responsável por esta área no grupo Valérius e pelo Fórum de Tendências da Modtissimo, o tempo em que a sustentabilidade era apenas um chavão já lá vai: “Acredito que a questão da sustentabilidade não é uma moda, mas antes uma macro tendência que tem vindo a ganhar expressão e cujo potencial evolutivo em termos qualitativos e quantitativos constitui algo de incontornável”. Ou, dito de outra forma: a sustentabilidade é também, atualmente, uma questão de concorrência. Ou seja, a aposta em práticas sustentáveis pode ser o elemento que determina, do ponto de vista empresarial, a capacidade de obter (ou não) novos negócios. “Este movimento, numa primeira fase abraçado pelos países e marcas do norte da Europa, tem vindo a estender-se a outras latitudes e atualmente mesmo na China existe um forte debate sobre o tema”, refere Dolores Gouveia, para quem “há uma pressão por parte dos novos consumidores sobre as marcas”, o que acaba por ter “um papel crucial no sentido de as fazerem repensar a sua forma de atuação e, por sua vez, pressionarem toda a cadeia de aprovisionamento, exigindo uma ação que se paute pela ética social e ambiental”. E deixa um importante recado: “As empresas têm que abraçar um novo paradigma porque não basta apresentar coleções com gamas de produtos sustentáveis. Têm que incorporar a sustentabilidade em todas as fases do seu negócio. Mais: a sustentabilidade, nas suas dimensões ambiental, social e económica, tem que fazer parte dos valores e princípios que regem a ação das organizações. Esse novo paradigma implica antes de mais uma alteração de mentalidades por
parte da gestão de topo das empresas”. E coloca o foco na essência: “O que me parece constituir uma moda é as empresas fazerem discursos sobre a sua oferta sustentável... uma necessidade que decorre da tal pressão exercida por parte dos parceiros e clientes e porque factualmente o mercado da moda sustentável e/ ou ética é um mercado com potencial expansivo”. Para Daniela Pais, da Elementum, “a moda da sustentabilidade, como todas as modas, vai passar, mas a sustentabilidade não! A necessidade de considerar e assumir o impacto que temos quando produzimos e consumimos é imperativa”. Aquela responsável considera que, “enquanto moda, a sustentabilidade tem vindo lentamente a assumir um papel cada vez mais importante e a provocar mudanças no sistema da moda. Trata-se de uma macrotendência que ainda não atingiu o seu pico e que quando terminar vai deixar profundas alterações”. Finalmente, Paulo Gomes, da Manifesto Moda e coordenador do espaço Green Circle do Modtissimo, afirma que a sustentabilidade não é uma moda: “É uma questão incontornável, à qual ninguém pode virar as costas. Da digitalização do sistema (complexo) de produção, para reduzir substancialmente a agressividade dos processos face ao meio ambiente e aos trabalhadores, à escolha de matérias-primas que se preocupem com a circularidade do sistema (reciclagem de fibras ou fibras bio-degradáveis, por exemplo), até à introdução contínua do design nessas propostas, tudo tem de ser encarado com urgência e seriedade”. E conclui: a sustentabilidade “não se trata de uma moda, mas pode tornar-se cada vez mais num produto de moda”. t
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DOIS CAFÉS & A CONTA La Cucina
MOC Lillientalallee, 40 Munique
Entradas: Pão com azeite Prato: Pennette com ragu de vitela à napolitana Bebidas: Uma cerveja, um copo de riesling e dois cafés
Daniel Simões
Nasceu e cresceu em Alvelos, Barcelos, onde ainda vive e trabalha. No final do secundário, feito em Barcelinhos, estudou Engenharia e Gestão Industrial na Lusíada (Famalicão). “Queria um curso que combinasse economia - as disciplinas de gestão e marketing - e engenharia”, explica. Quando fez esta escolha já estava a pensar que iria trabalhar para a empresa dos pais. “Tinha o bichinho e o gosto”, confessa Daniel, que fez toda a faculdade como trabalhador/ estudante, pois mal completou 18 anos, começou a trabalhar em part time na Top Trends, “a fazer o que fosse preciso, desde carregar uma caixa até fazer uma encomenda”. Outra coisa não seria de esperar do neto de uma avó materna que tinha um negócio de tecidos e de um avô paterno que carregava às costas uma espécie de hipermercado ambulante, vendendo nas feiras uma larga gama de produtos, que ia dos talheres à roupa.
A VIRTUOSA LOUCURA DO DRAGÃO
FOTO: RUI APOLINÁRIO
39 ANOS MARKETING & SALES MANAGER TOP TRENDS
Não há apenas uma maneira certa de fazer uma coisa e a prova dos nove dessa tese é a Top Trends, que começou a comercializar apenas roupa com a sua marca própria (MDS) e só depois, quase por acaso, passou também a vender em regime de private label. “Tudo começou há meia dúzia de anos. Estávamos no Modtissimo, a expor a nossa coleção, quando entrou no nosso stand um comprador francês, da Cotemer, que gostou tanto do que viu que nos perguntou se não estávamos interessados em vender para a marca deles”, recorda Daniel Simões, durante o intervalo para o almoço do segundo dia da Munich Fabric Start, onde a Top Trends estava a expor. Daniel identificou logo ali uma janela de oportunidade para abrir uma nova vertente da sua atividade, com os seus prós (as encomendas estão garantidas, pois o risco da venda fica do lado do cliente) e contras (as margens são mais pequenas), mas que tinha a vantagem de permitir à empresa crescer reduzindo a sua exposição a um único segmento do negócio de vestuário.
“Fazer o percurso ao contrário acabou por ser vantajoso, pois já tínhamos a sensibilidade do que é ter uma marca - o que a esmagadora maioria das empresas que apenas se dedicam à produção não têm”, afirma o filho de Joaquim Simões, que começou como vendedor ambulante, antes de sedentarizar o negócio com a ajuda da mulher Maria de Fátima. Falar a mesma língua que os clientes, saber ao pormenor o que eles precisam (“Às vezes, precisamos muito de fazer testes com séries muito pequenas”, esclarece) é uma vantagem comparativa para a Top Trends. Curiosamente, fazer private label obrigou a empresa a crescer, ajustando processos, indo ao mercado procurar novos clientes e aumentando o controlo sobre toda a cadeia de produção - o desenho, a modelagem e o corte das peças são feitos internamente, sendo a produção colocada em fornecedores que, com exceção dos de acessórios e marroquinaria (que são da Benedita), estão todos concentrados num raio de 30 km à volta de Barcelos. “Controlando internamente o cére-
bro da operação, ganhamos margem e competitividade no preço”, reconhece Daniel, que tem em curso uma negociação com duas marcas italianas de topo de gama que, a ser bem sucedida, permitirá à Top Trends passar a barreira do milhão de euros de vendas. No private label, Daniel sabe que o caminho não é estar nas grandes quantidades e a esmagar preços, mas a oferecer aos clientes produto de alta qualidade e de grande valor acrescentado. “Não é para estar sempre a pensar que tenho de tirar dois ou três cêntimos por peça para a conseguir vender”, explica. A marca própria evolui em paralelo. Em 2006, na sequência de um esforço para afinar o conceito e estilo próprio (“Não é um produto de massas, mas uma marca total look que alia moda ao conforto”), as letras MDS deixaram de ser as iniciais de Maria (a mãe), Daniel (ele) e Simões (o apelido da família), para corresponderem às iniciais de Mad Dragon Seeker - passando a integrar no seu ADN a virtuosa loucura do dragão que continua a sua busca incessante de uma coisa diferente. t
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1. A MUNICH FABRIC START NÃO PÁRA DE CRESCER. NESTA SUA 45ª EDIÇÃO, REGISTOU UM NOVO RECORDE DE EXPOSITORES (1050) QUE APRESENTARAM NA MOC 1800 COLECÇÕES PARA OUTONO/INVERNO 19/20
FOTOSINTESE
UM BOM PONTAPÉ DE SAÍDA A rentrée , em Munique, deixou sinais francamente inovadores. Se tudo leva a crer que este ano a nossa ITV vai voltar a bater o recorde absoluto de exportações alcançado em 2017, os indicadores avançados na Munich Fabric Start permitem-nos começar a encarar 2019 com um otimismo moderado. A feira correu bem à generalidade das 34 empresas que integraram a embaixada From Portugal. E o nosso caso de sucesso continua fora de portas - o CITEVE foi convidado a apresentar um showcase do melhor que fazemos em termos de inovação, tecnologia e novas tendências.
5. O MERCADO ALEMÃO É ESTRATÉGICO PARA A SOMELOS, QUE JÁ DECIDIU: PARA O ANO VAI TER MAIS UMA MESA
6. A APOSTA DA SANMARTIN NA EXPORTAÇÃO COMPENSA - NUNO LEMOS NÃO TEM A MÍNIMA DÚVIDA DISSO
10. KATHLEEN E HÉLDER, A EQUIPA DO FASHION FILM FACTORY, FICARAM ENCANTADOS COM AS EXPLICAÇÕES DE DOLORES GOUVEIA, NO STAND DA RDD
11. BEM LOCALIZADO, COMO DE COSTUME, E MUITO CONCORRIDO, COMO SEMPRE, O FÓRUM DE TENDÊNCIAS FROM PORTUGAL APRESENTOU UM BEST OF DO QUE OS PORTUGUESES EXPUNHAM
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4. GABRIELA MELO, RESPONSÁVEL PELAS COLEÇÕES DA SOMELOS, ARRANJOU UNS MINUTOS LIVRES PARA LER O T
2. NASCIDA EM TEMPO DE VACAS MAGRAS, A TRIMALHAS PROSPERA EM TEMPO DE VACAS GORDAS
3. JÁ SE TORNOU UM CLÁSSICO. NO STAND DA A. SAMPAIO, EM QUALQUER QUE SEJA A FEIRA, MIGUEL NUNCA TEM TEMPO PARA GRANDES CONVERSAS
9. UM PRODUTO LAMINADO, COM DOIS DIFERENTES PADRÕES DE LÃ COLADOS E QUE MAIS NINGUÉM FAZ NO MUNDO, FOI UMA DAS NOVIDADES DA FITECOM QUE JOÃO CARVALHO TROUXE A MUNIQUE
7. A VILARTEX ESTEVE NA ALEMANHA NO QUADRO DO SEU ESFORÇO PARA ATENUAR A SUA DEPENDÊNCIA DO MERCADO IBÉRICO
8. PARA A FASHION DETAILS, A MODA É MUITO MAIS QUE UM DETALHE
12. A CONVITE DA ORGANIZAÇÃO, O CITEVE APRESENTOU NA KEY HOUSE UM SHOWCASE DO MELHOR QUE A NOSSA INDÚSTRIA FAZ EM TERMOS DE INOVAÇÃO, TECNOLOGIA E NOVAS TENDÊNCIAS
13. RICARDO SILVA (TINTEX) APRECIA UMA DAS OITO MARAVILHAS QUE O CITEVE LEVOU A MUNIQUE: UM VESTIDO DESENHADO POR ALEXANDRA MOURA EM TECIDO FEITO COM CORK-A-TEX, UMA INOVAÇÃO PENEDO/SEDACOR
14. O VESTIDO DE NOIVA DESENVOLVIDO PELO CITEVE ILUMINA-SE MAL PRESSENTE ALGUÉM A DOIS METROS DE DISTÂNCIA E, COMANDADO POR UMA APLICAÇÃO, PODE MUDAR DE COR
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A VIDA VAI SER BOA PARA OS ENGENHEIROS DE FIBRAS TÊXTEIS O que é que vai estar a dar na têxtil no pós indústria 4.0? Ser engenheiro de fibras têxteis, por exemplo, de acordo com um estudo do brasileiro Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), que faz um inventário das 30 novas profissões que vão nascer nas oito áreas mais impactadas com a crescente automação e digitalização da produção industrial. Designer de tecidos avançados, técnico de projetos de produtos de moda e engenheiro de fibras têxteis são as três novas profissões de que a ITV vai necessitar, de acordo com o Senai, o instituto responsável pela formação profissional no Brasil.
GAMBINA ESTÁ DE VOLTA COM TINTEX, LEMAR E VALERIUS Após uma pausa de cinco anos, nos quais se dedicou ao ensino, a estilista Maria Gambina está de regresso e prepara-se para apresentar uma nova coleção, já em fase de execução, que está a ser elaborada em parceria com a Tintex, a Lemar e a Valérius, com recurso a materiais nacionais. A apresentação das novas peças será feita no Portugal Fashion. A nova coleção, para a primavera/verão 2019, irá ser mais prática, comercial e criativa nos detalhes e acabamentos, e será executada recorrendo a materiais inovadores e sustentáveis. “A SS19 vai ser muito Maria Gambina, com uma vontade enorme de crescer e se abrir para o mundo”, revelou a estilista ao T. A pausa na carreira, que decorria desde 2013, foi motivada pela falta de sentido que a designer via na sua marca, em grande parte provocada pelo cansaço de realizar de forma independente e sem parceiros todas as fases da produção das peças. “Senti que tinha que parar, que a forma como estava a levar a marca Maria Gambina não fazia sentido. Vivia de duas apresentações por ano e de vendas em loja própria. Era tudo produzido no meu atelier e quase tudo eram peças únicas”, revela ao T. “Optei por me dedicar em exclusivo ao ensino. Estes cinco anos tiveram várias fases. Nos primeiros
VENDAS DA PARFOIS CRESCEM 30% EM FRANÇA
D’AVÓ CELEBROU COM AMOR O DIA MUNDIAL DOS AVÓS
A marca portuguesa de acessórios Parfois viu as suas vendas no mercado francês aumentarem 30% em 2017, para se fixarem em mais de 22 milhões de euros, um resultado fortemente impulsionado pelas aberturas de lojas - quase vinte num ano. A rede comercial francesa tinha este ano 64 lojas, número que deverá crescer até ao final deste ano.
Com amor e solidariedade, foi assim que a D’Avó With Love, um projecto que une empresas têxteis e cidadãos séniores na elaboração de roupa para crianças carenciadas, celebrou o Dia Mundial dos Avós. O projeto originário de Braga levou a Lisboa um desfile patrocinado pelas têxteis-lar Bovi, Crishome, Lameirinho e Les Enfants de Terre de Coton.
"A indústria têxtil está bem e recomenda-se. É de tradição e futuro. Por vezes pessoas menos informadas falam de indústrias tradicionais como se elas não fossem progressivas" Ana Teresa Lehman Secretária de Estado da Indústria
BERG OUTDOOR NO SALON ULTRA TRAIL DO MONTE BRANCO A Berg Outdoor, marca portuguesa de artigos para desporto e ar livre, esteve no Salon Ultra Trail 2018, a feira de Trail Running enquadrada pelo Trail do Monte Branco, o maior evento de trail a nível mundial e que reúne os mais importantes agentes do mercado de Trail Running. Realizada em Chamonix, França, em finais de agosto, a presença da Berg corresponde à estratégia de reforço da internacionalização da marca, que já disponibiliza os seus artigos em cerca de 20 países e tem vindo a solidificar a sua ligação com o Trail Running ao apoiar vários atletas, equipas e eventos da modalidade.
anos nem conseguia entrar na minha loja, e desenhar só mesmo as orientações que desenvolvia com os alunos em sala de aula. Aos poucos a marca Maria Gambina começou a ficar longínqua”, completa. No entanto, algo começou a mudar há cerca de dois anos, quando decidiu fazer uma arrumação no atelier e doar a museus as peças que restavam, que estavam paradas e a deteriorarem-se e que, segundo Gambina “em termos criativos, de materiais, e de construção, fazia
sentido serem mostradas às novas gerações de designers”. Ao ver as suas antigas criações, algo voltou a despertar dentro da criadora. Quando deu por ela, estava a desenhar compulsivamente e a preparar o seu regresso, e agora deseja que esta seja a primeira de muitas coleções regulares. Quanto ao percurso na ESAD, a estilista vai continuar a coordenar todo o processo criativo e de produção dos concursos dirigidos aos alunos de Design de Moda. t
OS LOUCOS ANOS 30 REVISITADOS NO FASHION AND TEXTILE MUSEUM A moda dos anos 1930 vai estar em destaque na exposição “Night and Day: Fashion and Photographs” que abre a dia 12 de outubro no Fashion and Textile Museum, em Londres. Com mais de 100 looks originais, a exposição será focada nos temas sociais que definiram os estilos da década: a forma como as pessoas compravam, o que vestiam, a ascensão das lojas de departamento, ou a aceitação do uso de calças pelas mulheres.
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A MINHA EMPRESA Sanmartin
Rua do Solão 91 Gondim 4475-240 Maia
O que faz? Concebe e comercializa tecidos e rendas para alta costura, bem como acessórios de moda, área em que tem um marca própria (Stilissimo) Trabalhadores 35 Volume de negócios 4 milhões de euros (mais de 65% feito na exportação) Principais mercados Portugal, Itália, Alemanha, França, Polónia, Áustria, Bélgica, Espanha, Irlanda e Finlândia
MARA DESFILOU EM MIAMI A AMAMENTAR A FILHA É recorrente nos EUA a polémica sobre a amamentação em público. E mais controversa é quando a protagonista é uma modelo a desfilar na passerelle ao mesmo tempo que amamenta a filha. Mara Martín, de 32 anos, desfilou para a Sports Illustrated Swimsuit, em Miami, com um biquíni dourado e a filha Erica de cinco meses nos braços. No dia seguinte, o caso incendiou as redes sociais, com muitos a considerarem que amamentar em público é uma prática indecente, enquanto outros elogiaram o ato de Mara Martin.
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de euros é o investimento previsto pela Polopique numa fiação a instalar numa antiga fábrica em Moreira de Cónegos
PAULO MELO: RIGIDEZ LABORAL TRAZ MENOS RIQUEZA E EMPREGO Um regime flexível é essencial ao aumento da competitividade da nossa indústria – afirmou Paulo Melo, presidente da ATP, numa entrevista de duas páginas à Vida Económica. O aumento da rigidez laboral bloqueará a competitividade e, a prazo, vai significar menos riqueza produzida e menos emprego, argumenta Paulo Melo, lamentando que este raciocínio óbvio para muita gente não o seja também para pessoas com responsabilidades políticas e governativas.
Usar cinto e suspensórios A Sanmartin resulta do grito do Ipiranga dado por Luís Cunha Lemos, que no outono de 1981, com o nosso país a atravessar um sofrido intervalo entre duas intervenções do FMI (1977 e 1983), decidiu sair da M.Rua e criar a sua própria empresa, com a ajuda da mulher, Maria Adelaide. No momento de batizar o projeto, Luís foi buscar a inspiração a S. Martinho (o nome da terra transmontana onde ele e Torga nasceram) e afrancesou a grafia e a pronúncia numa manobra de marketing que se viria a revelar de grande alcance quando, no virar do século, a empresa tomou a decisão estratégica de apostar forte nas exportações. “No princípio e no seu essencial, a Sanmartin vivia do mercado interno”, recorda Nuno Lemos, 44 anos, filho do meio do casal fundador e responsável pela vertente de tecidos da atividade da empresa - Jorge, o mais velho, encarrega-se dos acessórios, enquanto que Paulo, o mais novo, preferiu a informática aos trapos. O mercado doméstico bastou para a empresa crescer e estabelecer as suas credenciais junto dos profissionais com quem trabalha, mas chegado o ano 2000, e já reforçada com o sangue novo da segunda geração, a Sanmartin mudou-se do centro da cidade para as atuais instalações na Maia. “Precisávamos de mais espaço para nos abalançarmos a exportar”, explica Nuno, licenciado em Administração e Gestão pela Fernando Pessoa, que não tem dúvidas em afirmar que “compensou” a aposta continuada na apresentação das coleções nas grandes feiras internacionais.
Cerca de 65% dos quatro milhões de euros do volume de negócios da Sanmartin são feitos fora de portas, sendo que os três principais mercados são a Itália, a Alemanha e a França. A Sanmartin sabe que não pode cometer erros para se manter com a cabeça fora de água num segmento de mercado tão exigente como o da alta-costura. Por isso, controla as fases decisivas do processo produtivo: a criação (tem um gabinete de design que desenha o produto, escolhe os materiais, e as combinações de cores) e os acabamentos (tinturaria e estampagem). “São cinco as fundações do nosso sucesso: design atual, qualidade superior, preços competitivos, atendimento eficiente ao cliente e um bom serviço pós venda”, elenca o responsável da Sanmartin, que está a construir uma marca própria - Stilíssimo - para a vertente de acessórios da sua atividade. Como hoje em dia só nos sentimos seguros usando cinto e suspensórios, a Sanmartin tem em cima da mesa uma série de projetos para reduzir a excessiva exposição ao mercado europeu,como o investimento nos Estados Unidos, a aposta no crescimento do peso nas vendas do segmento de acessórios (que vale apenas cerca de 1/3 da faturação) e a reformulação de todo o sistema informático, de modo a entrar no negócio das vendas online B2B. “Estamos muito entusiasmados com os Estados Unidos, onde temos um agente fantástico. Temos de nos pôr ao abrigo de eventuais flutuações no mercado europeu”, conclui Nuno Lemos. t
"A ITV atingiu um patamar que implica continuar a crescer com sustentabilidade. A tecnologia e a inovação são fundamentais para alcançar esses objetivos" António Amorim Presidente do CITEVE
EX-SEM ABRIGO FOI CAPA DA VOGUE PORTUGAL
A edição de Julho da revista Vogue Portugal tem como protagonista Vítor Leitão, de 62 anos, engenheiro de formação, que já foi sem-abrigo e agora trabalha como modelo. O engenheiro informático transformado em modelo, não tinha emprego e vivia nas ruas de Lisboa. Agora, foi notícia com a sua história nos principais jornais espanhóis, como o El País, o El Mundo ou o La Vanguardia, depois de aparecer na capa da Vogue Portugal deste mês. Foi o primeiro caso, e até agora único, de alguém que era sem-abrigo e foi agenciado pela Sonder, de acordo com o Observador, que conta a história de Vítor Leitão.
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quality impact arquitetura e soluções de espaços
Rua do Cruzeiro, 170 R/C | 4620-404 Nespereira - Lousada T. 255 815 384 / 385 | F. 255 815 386 | E. geral@qualityimpact.pt
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NOVE MILHÕES DE PEÇAS NAS MÃOS DA RANGEL FASHION
O RENASCIMENTO DA RED OAK A marca de vestuário Red Oak vai voltar ao mercado e já tem pronta a coleção de relançamento. A apresentação está prometida para o Modtissimo, na Alfândega do Porto, para chegar às lojas a tempo da próxima temporada primavera/verão. A internacionalização é também ponto assente, começando por uma loja online, mas para esta coleção de relançamento há já pelo menos 80 lojas multimarca espalhadas pelo país nela interessadas, garante Albino Abilheira, proprietário da Abilheira & Cunha Têxteis, que adquiriu a marca e aponta para uma receita de meio milhão de euros com a primeira coleção e uma facturação de cinco a seis milhões dentro de cinco anos.
"Os empresários já perceberam que os principais ativos são os trabalhadores" José Manuel Vilas Boas Ferreira CEO da Valerius
A Rangel Logistics Solutions desde cedo marcou posição no mercado, sendo reconhecida como um parceiro logístico global e movimentando mercadoria entre mais de 220 países e territórios por mar, terra e ar. A empresa criou em 2012 a unidade Fashion & Lifestyle, especializada no desenvolvimento de soluções de logística e de transporte ajustadas às especificidades da indústria têxtil, do calçado e da marroquinaria. A unidade exclusivamente dedicada ao setor da moda manuseia anualmente mais de nove milhões de peças de vestuário, sete milhões de pares de sapatos e expede mais de quatro milhões
de volumes. São já vários os produtores, marcas e estilistas nacionais e internacionais que confiam todo o seu fluxo logístico à Rangel. “A nossa resposta personalizada e integrada baseia-se em processos consolidados, qualidade de serviço e flexibilidade, acompanhando as dinâmicas e tendências deste setor”, explica Nuno Rangel, CEO da Rangel Logistics Solutions. Para além do transporte nacional e internacional, em regime de roupa pendurada e embalagens de cartão, a Rangel oferece soluções de valor acrescentado como a gestão de stock, o controlo de quantidade, a preparação de enco-
mendas, o sortimento, o embalamento, a etiquetagem e a entrega direta em lojas ou centros de distribuição. Mais recentemente, a empresa criou a unidade e-commerce, assegurando serviços integrados de transporte, logística, marketing e serviços de valor acrescentado de suporte ao desenvolvimento de negócios digitais. A rede global de parceiros da Rangel, com fortes ligações em mercados estratégicos como a Alemanha, França, Reino Unido, Holanda, Escandinávia e Itália, é um importante pilar no desenvolvimento internacional dos fabricantes, agentes e marcas portuguesas e europeias. t
HAVEMOS DE IR A VIANA VER OS DESENHOS DA CRISTINA SAMPAIO Havemos de ir a Viana, recomendava o poeta Pedro Homem de Melo e cantava Amália. E um bom pretexto para ir a Viana do Castelo é a exposição “Poética do humor”, que reúne na Biblioteca Municipal (by Álvaro Siza) trabalhos de Cristina Sampaio – a ilustradora que o T tem orgulho (e vaidade) em partilhar com jornais como o New York Times, o Expresso ou o Público. Não há pressa, pois a exposição está patente até ao último dia deste ano de 2018.
CONTEXTILE: LAMEIRINHO, SAMPEDRO E BORDALIMA PARCEIRAS As empresas Lameirinho, Sampedro e Bordalima são parceiras da Contextile 2018 – Bienal da Arte Têxtil Contemporânea de Guimarães, cuja quarta edição decorre até 20 de Outubro envolvendo 59 obras de 52 artistas de 26 países, expostas por diversos pontos da cidade. Envolver e incitar a cooperação entre a indústria têxtil e a criação artística contemporânea é um objetivo claramente definido pela Contextile, pretendendo demarcar Guimarães como Território de Cultura Têxtil.
STORYTAILORS NO FASHION INSTITUTE DE NOVA IORQUE
SPORT ZONE COM COLEÇÃO DE NUNO BALTAZAR
Com uma linha masculina e outra feminina, a coleção que o designer português fez para a Sport Zone é de inspiração athleisure e é marcada pelo revivalismo dos anos 70 e 80, presentes nos blusões oversized, nas riscas, nos apontamentos em dourado e na palete cromática, que combina o preto, o cinzento e os tons e texturas minerais com os garridos vermelho vivo e azul elétrico. Depois de Katty Xiomara e Miguel Vieira, esta colecão marca o terceiro ano consecutivo da parceria entre a Sport Zone e os designers nacionais, uma iniciativa desenvolvida em conjunto com o Portugal Fashion.t
A peça Corset Armour da dupla de estilistas portugueses Storytailors foi adquirida pelo The Museum at Fashion Institute of Technology, em Nova Iorque. A peça da dupla portuguesa vai estar lado a lado com trabalhos da Comme des Garçons, Gucci, Christian Dior e Charles James “Estamos imensamente felizes e orgulhosos!”, reagiram os criadores após a compra, que aconteceu no âmbito da exposição Pink: The History of a Punk, Pretty, Powerful Color. A mostra, que abriu a 7 de setembro, tem como objetivo analisar a evolução da cor rosa e de como o seu o simbolismo e significado variam segundo o tempo e o espaço.
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LOLA WANTS INAUGURA PRIMEIRA LOJA A marca de lingerie portuguesa Lola Wants inaugurou no dia 13 de Setembro a sua primeira loja física, na Av. António Augusto Aguiar, em Lisboa. Esta marca portuguesa chegou em 2017 ao mercado com o objetivo de revolucionar as tendências da lingerie feminina. “A ideia sempre foi aliar o conforto e a qualidade ao design arrojado e atual, diz Bárbara Magalhães, uma das criadoras da Lola Wants.
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"Queria ser futebolista. Os meus pais não queriam, mas eu queria. Mas também queria experimentar a moda. É um mundo mesmo diferente, onde ninguém sabe o que esperar" Maria Miguel Globo de Ouro Sic para Modelo Feminino
ENCOMENDAS DA PUMA E STANNO FAZEM A MFA SORRIR O regresso da Puma é apenas uma das boas notícias que a MFA-Manuel Fernando Azevedo tem recebido desde o início da primavera - e que se vem juntar à chegada dos holandeses da Stanno (grupo Deventrade) e da DE-Danish Endurance (especializada em equipamento de running e que vende exclusivamente online) a uma carteira de clientes onde já constavam marcas como a New Balance e a Hummel. Aos 700 mil pares de meias de futebol por ano encomendados pela Puma, há que adicionar o meio milhão da Stanno, marca particularmente forte na Benelux e Alemanha (onde equipa as selecções nacionais masculina e feminina de voleibol), o que deixa a MFA com esperanças de regressar aos 17 milhões de euros facturados em 2016. No ano passado, uma diminuição ligeira das encomendas levou a MFA a parar 60 teares do seu parque total constituído por 460 teares (divididos entre as fábricas de Santo Tirso e Famalicão), o que teve consequências no volume de negócios, que caiu para os 16 milhões de euros. Este ano, com o regresso da Puma e a chegada de novos clientes, a MFA já teve de reativar 38 teares e voltou a sorrir. Apesar disso, Manuel Flórido Azevedo opta pela
maior das prudências nas estimativas. “As vendas estão a crescer. No mínimo, vamos fechar o ano mantendo a produção de 24 milhões de pares de meias e as vendas de 16 milhões de euros”, declara Manuel Flórido, 57 anos, filho de Manuel Fernando Azevedo, 82 anos, o empresário (e ex-vendedor de enciclopédias) que deu o nome à empresa. As meias para desporto são o principal produto da MFA, que na sua fábrica de Oliveira de Frades faz os acabamentos para peúgas de tecnicidade muito elevada da marca suíça Jacob Rohner, tricotadas na unidade industrial de Santo Tirso. A MFA mantém ainda uma parceria com a marca irlandesa Ridgeview, que fabrica anualmente nas suas instalações de Avidos (adquiridas à Fitor e onde a empresa investiu um total de 7,5 milhões de euros) cerca de dois milhões de pares de meias de lã muito grossas. “O preço de venda ao público das meias que produzimos vai desde os quatro euros por dez pares até aos 60 euros por um único par. A diferença está não só nos materiais, mas também no tempo de tricotagem que pode ir dos 40 segundos aos sete/oito minutos por par”, explica Manuel Flórido. t
FARFETCH APONTA PARA ENCAIXE DE 637,5 MILHÕES EM BOLSA Depois do pedido de admissão à Bolsa de Nova Iorque, há cerca de um mês atrás, a Farfetch entregou agora ao regulador norte-americano o plano detalhado para a colocação em bolsa de 11% das suas ações, que aponta para um encaixe que pode atingir os 637,5 milhões de dólares (mais de 594 milhões de euros). O documento, hoje divulgado pela agência Bloomberg, detalha que a tecnológica dedicada ao comércio de moda de luxo fundada por José Neves pretende pôr à venda 37,5 milhões de ações, ou seja, de 11% do total de 285.280.580 ações da empresa. O plano aponta para um preço de venda entre os 15 e os 17 dólares, o que leva a Farfetch a estimar que o encaixe líquido com a operação ronde os 446,5 milhões de dólares. Isto, “assumindo que as ações serão vendidas no ponto médio do intervalo de preços do IPO [Oferta Pú-
blica Inicial, em inglês], de 16 dólares, mas também descontando os custos da admissão ao mercado”, refere o documento que remeteu à SEC – Securities and Exchange Commission, entidade equivalente à nossa CMVM – Comissão do Mercado de Valores Mobiliários. Coordenada pelos bancos de investimento Goldman Sachs, JPMorgan, Allen & Co e UBS, a entrada na Bolsa de Nova Iorque vem em linha com os planos de expansão da Farfetch assumidos depois da parceria estabelecida com o gigante chinês de comércio electrónico JD.com e da entrada no Médio Oriente através da associação ao grupo Chalhoub, do Dubai. Analisando os números, o jornal ECO estima que a Farfetch vai para a bolsa avaliada em quase quatro mil milhões de euros, ou seja, a valer mais do que vale actualmente o BCP. t
ALI JOHN JÁ ESTÁ ONLINE E LANÇA COLECÇÃO CÁPSULA A Aly John tem a funcionar desde o início do verão a sua nova loja online, “uma plataforma inovadora que disponibiliza todos os artigos denim criados pela marca”. Das mom jeans às skinny, todas as calças custam mais de 140 euros (nalguns casos chegam quase aos 400) e são feitas em Guimarães. A entrada no mercado digital era uma das metas anunciada pelo criador da marca, que pondera também o lançamento de peças para o público masculino.
ABYSS & HABIDECOR EXPORTA CADA VEZ MAIS PARA A CHINA Dedicado à produção de têxteis para casa e decoração no segmento luxo, o grupo Abyss & Habidecor exporta cada vez mais para a China, destino onde as vendas têm crescido a um ritmo de 20% ao ano. Com duas fábricas na região de Viseu, onde emprega cerca de 300 pessoas, o grupo empresarial de Celso Lemos está já presente em 25 cidades do gigante asiático, onde não vê qualquer tipo de concorrência. “A China faz em grandes quantidades, não é concorrência nenhuma. Nós somos uma empresa artesanal e eles não têm capacidade para fazer o que nós fazemos e todos os anos a nossas vendas para a China têm aumentado”, disse Celso Lemos, citado pela agência Lusa, durante um encontro promocional para os produtos portugueses organizado em Pequim pela embaixada portuguesa e pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP). Produzidos em máquinas manuais e com algodão egípcio Giza 70 – o que significa que foi plantado na década de 70 e tem, portanto, 40 anos – os artigos do grupo de Celso Lemos destinam-se exclusivamente ao segmento de luxo. Com a marca Abyss são produzidas toalhas e roupões de banho, enquanto a Habidecor produz os tapetes de banho, “que são luxuosamente macios”, diz a empresa.
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PEDROSA & RODRIGUES FAZ PONTARIA AOS EUA E ALEMANHA Fazer 15 a 20% das vendas nos Estados Unidos é um dos objetivos fixados pela Pedrosa & Rodrigues, que também está a fazer pontaria à Alemanha no âmbito deste esforço de diversificação de mercados. No ano passado, os EUA valeram cerca de 5% dos 16 milhões de euros do volume de negócios, todo feito na exportação, desta empresa de malhas que emprega 110 pessoas em Gilmonde, Barcelos. A incerteza que rodeia as consequências do Brexit é um dos fatores que está na origem desta estratégia de diversificação, até porque o Reino Unido é o principal mercado da empresa.
CÂMARA DE FAMALICÃO E AEP DÃO AS MÃOS
A Câmara de Famalicão e a AEP assinaram um protocolo de colaboração que facilita o acesso das PME do concelho aos projetos de apoio à internacionalização desenvolvidas pela associação empresarial. Os benefícios são vários, como a concessão de um desconto de 75% nas despesas não comparticipadas relativas à presença em missões empresariais e feiras internacionais, e de apoios em ações de mentoring empresarial em temáticas de internacionalização. t
JOÃO COSTA RECLAMA APOIOS PARA A PROMOÇÃO DA ITV
O balanço é globalmente positivo. As empresas, em geral, revêem-se naquilo que tem sido feito pela Selectiva Moda. Em termos gerais,
“Os têxteis técnicos e o CeNTI são um orgulho para Portugal”, escreveu a secretária de Estado da Indústria na sua conta do Facebook, onde partilhou a notícia sobre o projeto europeu Skhincaps que o Expresso publicou e o T já divulgara. Ana Teresa Lehman é uma fã da nossa indústria, visitando regularmente fábricas e feiras onde participam empresas e marcas portuguesas.
Com uma variação positiva de 2,4% em Junho, as vendas no comércio de moda em Espanha começaram a dar sinais de recuperação, o que representa uma boa notícia para a indústria nacional. Espanha é, como se sabe, o principal cliente na nossa ITV e o que por lá se passa acaba por ter repercussão direta nas exportações portuguesas.
de euros foi a faturação do grupo Moretextile em 2017, menos volume que no exercício anterior, mas com maior margem e mais valor acrescentado
ESTILISTAS RECRIAM COLETES DOS MÉDICOS DO MUNDO
Qual foi o objetivo ao instituir este Conselho Consultivo para a Internacionalização?
Qual foi o balanço que as empresas que integram o Conselho Consultivo fizeram das ações desenvolvidas até agora?
COMÉRCIO DE MODA EM ESPANHA CRESCE
70 milhões
O presidente da Associação Selectiva Moda (ASM) considera que os governos deviam dar mais apoios para a internacionalização da ITV portuguesa. Numa curta entrevista ao T Jornal, João Costa considera que as empresas que integram o Conselho Consultivo para a Internacionalização fizeram um balanço globalmente positivo da estratégia seguida pela ASM.
Pretende-se estar ainda mais próximo da opinião e conhecimento das empresas e também permitir que elas, através da participação neste Conselho, possam transmitir aquilo que são os seus objetivos, expetativas, qual é a sua dinâmica em ações de internacionalização e a que mercados dão preferência. No fundo, conhecer no essencial a conformidade entre as ações desenvolvidas pela Selectiva Moda e aquilo que são os objetivos e propósitos das empresas.
TÊXTIL E CENTI SÃO ORGULHO PARA ANA LEHMANN
acham que o trabalho e as ações desenvolvidas pela Selectiva Moda estão de acordo com aquilo que a elas se lhes afigura ser a dinâmica promocional externa e a participação em feiras que é conveniente. Embora com naturais observações aqui e ali e com sugestões numa ou noutra área, o que será tido em conta nas atuais e futuras ações da Selectiva Moda. O que faz falta para enfatizar a internacionalização da ITV?
As empresas consideram que ainda há um défice comunicacional. Querem mais comunicação, mais promoção, mais divulgação, mais afirmação da marca Portugal como um país inovador, com design e qualidade. Essa área da co-
municação precisa de ser reforçada e de um investimento mais forte, tudo isso para reforçar também a imagem da ITV e da moda portuguesa na cena internacional. Quer dizer que os governos deviam dar mais atenção e apoios para essa internacionalização?
Acho que sim. O apoio às feiras é importante, mas não é suficiente. Nós precisamos de uma intervenção mais integrada e forte no domínio da promoção. É importante que nas diversas vertentes onde a comunicação é possível se faça uma intervenção sistemática e de qualidade, que promova adequadamente a moda, as empresas, e a ITV, até porque estamos num sector que é um dos melhores do mundo. t
Doze peças criadas por Carla Pontes, David Catalán, Katty Xiomara (na foto) e Luís Carvalho, a partir dos coletes azuis da Médicos do Mundo (MdM), estiveram expostos, de 18 a 21 de Julho, no Palacete Viscondes de Balsemão, no Porto. As peças foram depois leiloadas no âmbito da ação Help is the Trend , com o valor a reverter para os projectos que a organização tem em curso.
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“CRESCEMOS A DOIS DÍGITOS NO ONLINE E EM MERCADOS QUE NUNCA NOS TINHAM PASSADO PELA CABEÇA”
FOTO: RUI APOLINÁRIO
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n ENTREVISTA Ricardo Fernandes 58 anos, nasceu e cresceu em Guimarães, onde vive, e é naturalmente adepto do Vitória, com camarote no Afonso Henriques. O mais velho dos dez filhos de Herculano Fernandes, o empresário do célebre armazém Herculano & Pimenta, Ricardo habituou-se desde miúdo a dar uma mão no armazém durante os tempos livres. Ficou com o bichinho do negócio e assim que acabou o liceu, optou por ficar a trabalhar lá. Casado, tem três filhos: o Ricardo (mais velho) já está no grupo Cães de Pedra, a Maria João (que está a fazer o estágio para ser advogada) e o Nuno, que está a acabar a pós graduação em Gestão Hoteleira.
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stamos atentos e preparados para crescer, mas para já a prioridade número um é a consolidação do que temos” - afirma Ricardo Fernandes, 58 anos, CEO do grupo Cães de Pedra. Evoluir da indústria para o retalho especializado foi o aproveitar de uma oportunidade ou o concretizar de uma estratégia?
Diria que foram as duas coisas em simultâneo. Surgiu a oportunidade de ficarmos com a marca Lion of Porches, que era na altura nossa cliente. Isso correspondeu ao nosso sentimento estratégico de que precisávamos de diversificar, de acrescentar outro ramo à empresa. Em 2007, o ano em que ficaram com a Lion of Porches, a ITV atravessava um período muito complicado. Foi por isso?
A indústria estava a passar um mau bocado, com as margens a descerem assustadoramente. Tínhamos de explorar alternativas de negócio, como, por exemplo, trabalhar uma marca própria e apostar no retalho especializado. Durante algum tempo conciliaram as duas atividades. Não se arrependeu de ter descontinuado a indústria?
Estávamos a ter problemas de competitividade. Tínhamos de concentrar os nossos recursos e energia numa só vertente. E uma empresa comercial não pode ficar refém de uma fábrica. Tem de ter mãos livres para procurar o melhor produto ao melhor preço. Foi uma decisão difícil?
Claro que há uma parte sentimental, mas não podemos deixar que ela contamine um processo de decisão que tem de ser 100% racional. A indústria é uma coisa
muito bonita, mas, para além de tudo, havia uma questão de espaço - em Selho, Guimarães, não tínhamos instalações que pudessem suportar o crescimento das duas atividades. O retalho especializado era um objetivo...
As margens são maiores, mas os desafios, os riscos e os investimentos que têm de se fazer são também muito grandes. Não foi por isso que mudámos, mas sim porque considerámos que não podíamos ficar agarrados às máquinas que tínhamos. Somos bons a produzir mas não na distribuição e criação de marcas, ao contrário dos espanhóis. Não teve medo de dar esse passo?
Tínhamos a noção disso e da grande responsabilidade que estávamos a assumir. Sabíamos que construir uma marca é muito diferente de gerir um vulgar comércio tradicional. Para começar há logo um grave constrangimento: o nosso mercado interno é demasiado curto. Fica caro construir uma marca?
Trabalhar uma marca é bem mais exigente do que estar na indústria. Exige grandes investimentos em notoriedade e visibilidade. É indispensável que a marca tenha uma alma e personalidade próprias - e que seja um projeto coeso dotado de uma estratégia adequada. A Lion of Porches tinha alma?
Sim, tinha um estilo já definido que nós tentámos sofisticar. Demos-lhe uma outra expressão, um cariz ainda mais british. Passou a ser de total look, alargamo-la ao segmento kids - e apostámos na criação de uma cadeia de lojas próprias e na internacionalização. É impossível construir uma marca sem lojas próprias?
A Lion of Porches só estava no canal multimarca. Ter lojas próprias é fundamental para ganhar visibilidade, dimensão, e sentir mais rapidamente o pulso ao consumidor. Temos de ser capazes de
"Compramos em Portugal cerca de 70%, mas acima de tudo pela qualidade. Se fosse só pelo preço íamos buscar tudo lá fora"
Tinha 21 anos quando o pai o atirou às feras. A família tinha uma posição numa fabrica de malhas (à época chamava-se Corteminor, nome que mudou para Cães de Pedra, o lugar para onde emigrou as suas instalações fabris). Não foi fácil. No dealbar dos anos 80 Portugal era uma mercado fechado com restrições às importações (os famigerados BRI), que dificultavam o abastecimento em matérias primas e equipamentos, num período em que vivíamos no intervalo entre as duas intervenções do FMI, que prepararam o país para a adesão à CEE. Mas o jovem Ricardo aguentou-se ao balanço e, como se vê, 37 anos volvidos, a história teve um fim feliz. O trabalho continua a ser o principal hobby deste empresário, que além de gostar de andar de mota (ao fim de semana) também aprecia (e pratica) uma boa caminhada.
perceber o sentimento do cliente, de percebermos se a roupa que fazemos lhes está a agradar. A internacionalização é indispensável?
Não há alternativa, com um mercado interno tão estreito como o nosso. É um desafio enorme, com muitos riscos, mas que tinha de ser assumido. Não podemos crescer mais cá dentro. A cobertura da Lion of Porches do país já está madura ou há algo mais que se possa fazer?
Podemos fazer alguns retoques na rede e abrir uma ou outra loja de rua. Em Portugal temos 40 lojas próprias, cinco outlets, dois corners no El Corte Inglés e estamos em 94 comércios multimarca. Qual é a geografia da vossa expansão internacional?
A expansão começou naturalmente por Espanha, onde temos doze corners nos armazéns do El Corte Inglés, além de duas lojas próprias. A nossa estratégia é franquear com parceiros locais e em mercados onde possamos ter alguma notoriedade para impor a nossa marca. É essa estratégia que explica a presença em mercados como os do Irão, Geórgia ou Líbano?
Lá fora, além dos corners no El Corte Inglès, de Espanha, temos uma rede de 19 lojas próprias em 9 países diferentes, uma geografia que inclui alguns mercados maduros, como Espanha, Luxemburgo, ou a Suécia, onde abrimos uma loja em Estocolmo em agosto. Isso não é contraditório?
Não. Temos de ser flexíveis. Nunca vamos sozinhos para um país. Temos de ter sempre um parceiro local. Ora, quando descobrimos um parceiro interessante num determinado país, agarramos a oportunidade e vamos para lá. Foi o que aconteceu na Suécia, onde também vamos desenvolver o canal multimarca e digital.
frente, mas creio que já alcançámos um bom nível de credibilidade e que a Lion of Porches é uma marca madura de roupa de lifestyle identificada com um estilo british e desportivo. Porque é que há quatro anos compraram uma segunda marca, a Decénio?
Como o volume de negócios no retalho começou a apresentar taxas de crescimento interessantes, decidimos aumentar a nossa presença não só através da expansão da Lion of Porches, mas também da aquisição de outra marca, a Decénio, que nos deu ganhos ao nível de sinergia, ao tirarmos partido da sua integração numa equipa pré-existente. Também tiveram de arranjar uma alma para a Decénio?
De lhe encontrar um estilo, uma personalidade. O desafio de uma marca é mostrar aos consumidores que é diferente das outras, que não é apenas mais uma. Um desafio complicado?
Complicado mas obrigatório. A Decénio obrigou a grandes investimentos na remodelação das lojas físicas e na evolução do conceito da marca. Tivemos de lhe descobrir um caminho novo, um estilo diferente, para acrescentar algo que as outras marcas não têm. Qual é o estilo da Decénio?
As coleções da marca tentam refletir um estilo mediterrânico, inspirado na vivência do sul da Europa, um casual chic, um lifestyle descontraído . A nossa preocupação tem sido interpretar bem o conceito mediterrânico e fazê-lo sentir nas roupas. Esse objetivo já foi atingido?
Temos tido a necessidade de ir fazendo algumas correções de trajeto, o que é natural, são as dores de crescimento. Os nossos objetivos ainda não foram alcançados a 100%, mas sabemos o que temos e o que queremos.
Está satisfeito com o que já conseguiram na Lion of Porches?
O que querem?
Ainda temos muito trabalho pela
O importante é a marca ter uma
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Quartel general em Vila do Conde showrooms do grupo - além de um laboratório de qualidade para o qual foram contratadas quatro novas pessoas. Estar a menos de 15 minutos do aeroporto Sá Carneiro, a pouco mais de cinco minutos de uma estação de metro, e integrada na Área Metropolitana do Porto - um centro de serviços abundante em recursos humanos qualificados -, são os grandes atractivos da nova localização. Empregando um total de cerca de 600 pessoas, o grupo Cães de Pedra espera fechar o corrente exercício com um volume de negócios próximo dos 50 milhões de euros. As antigas instalações do grupo, em Selho, serão alugadas ou vendidas.
O grupo Cães de Pedra aproveitou o verão para transferir o quartel general de Selho, Guimarães, para novas, mais amplas e modernas instalações em Vila do Conde, na antiga e reconvertida fábrica de fiação da Suzuki. “Em Selho não tínhamos espaço para fazer crescer o nosso negócio e tínhamos de melhorar as condições de trabalho dos nossos colaboradores”, explica Ricardo Fernandes. Cerca de 150 pessoas (administração, estilismo, marketing, online, logística , etc.) trabalham no novo quartel general da Cães de Pedra, que dispõe de uma área coberta de cerca de trinta mil metros quadrados (inserido no terreno com cerca de 93 mil m2), que albergam toda a logística e
personalidade e um estilo próprio compreendido pelo mercado. Temos 30 lojas próprias, todas em Portugal, e um volume de vendas de 18 milhões de euros. Calculamos que dentro de dois anos, o projeto estará consolidado a nível nacional e poderá viajar para o estrangeiro, dando inicio à internacionalização da Decénio. Como é que a imagem da Decénio se situa em relação à da Lion of Porches?
"A nossa ITV modernizouse, acompanha as grandes tendências e está mais flexível"
A Lion of Porches é uma marca mais desportiva, muito ligada ao estilo british e náutico. A Decénio é de estilo clássico atual, descontraído e, por isso, mais abrangente.
uma marca ter visibilidade e se poder afirmar entre as milhões de marcas que estão só no online. Temos assistido a grandes grupos digitais a comprar e montar lojas físicas, pois necessitam de ter uma presença real no mercado.
Ficam por aqui ou precisam de mais marcas?
Como é que estão as vossas vendas online?
Não fechamos a porta à possibilidade de termos mais marcas. Estamos atentos ao que se passa e analisaremos qualquer oportunidade que surja, pois uma nova marca pode trazer-nos economias de escala, novas sinergias.
Muito bem. Estamos a crescer a dois dígitos e já atingimos volumes bastante interessantes. Através deste canal temos conseguido vender em mercados que nunca nos tinham passado pela cabeça.
Já está identificado o segmento da nova marca. E se vai ser adquirida ou criada de raiz?
Talvez uma marca mais económica, mas ainda não sei. Poderá ser uma oportunidade de mercado a ditar a opção. Estamos atentos e preparados para crescer com a mudança do grupo de Guimarães para a Vila do Conde. Mas para já a prioridade número um é a consolidação do que temos. O crescimento exponencial das vendas online é uma ameaça para as lojas físicas?
Durante algum tempo houve quem temesse isso, mas hoje em dia já toda a gente percebeu que os dois canais vão coexistir. A notoriedade de uma loja digital necessita de ter uma presença física no mercado para poder ser conhecida e procurada na internet. É esse o caminho?
As duas vertentes do negócio são complementares. É preciso ter presença no mercado para
Como estão a recolher e a tratar de dados para perceber o que o consumidor quer?
Temos uma equipa especializada que monitoriza em permanência todos os dados recolhidos, para tentarmos perceber em tempo real como é que as nossas propostas estão a ser recebidas. Ter lojas próprias facilita esse trabalho?
Facilita, acabamos por sentir mais o negócio e a evolução das vendas. Mas curiosamente, o canal multimarca é a mais valiosa fonte de informação, pois permite comparar a performance das nossas coleções com a de outras marcas. O retalhista multimarca é quem sabe logo porque é que uma peça não se vende, se é pelo preço, pela vestibilidade ou por outra razão. Qual é o fator crítico para o sucesso de uma loja?
Ter boas coleções, ser uma marca desejada e ter bons colaboradores. Os recursos humanos são cada vez mais importantes numa
loja. os colaboradores têm de ser conselheiros de moda perante os nossos clientes.
As perguntas de
O nó da questão está na interação com o cliente?
A componente humana é determinante. Temos trabalhado muito com os coordenadores de loja para melhorarmos o atendimento, de modo a que seja ele seja feito com atitude e prazer de vender . Que percentagem das vossas compras são feitas em Portugal?
São cerca de 70%. Mas compramos essa quantidade acima de tudo pela qualidade. Se fosse só pelo preço íamos buscar tudo lá fora. Mas fazemos questão de não decepcionar o nosso cliente. Por isso mesmo acabamos de criar um departamento de qualidade - uma equipa de quatro pessoas que testa até à exaustão todos os produtos antes deles irem para o mercado. Que avaliação faz da nossa ITV?
Muito positiva. Tem-se modernizado, está mais disponível para acompanhar as grandes tendências e evolui no sentido da flexibilidade, tornando-se capaz de produzir pequenas séries com qualidade, marcando a diferença face aos produtores asiáticos. Ainda não está perto de se reformar, mas já começou a pensar como vai ser a passagem para a segunda geração?
É um assunto que encaro com naturalidade e que vai ser tratado com todo o profissionalismo. Não é por ser apenas filho do acionista que alguém vai assumir a gestão do grupo. A afirmação de que os recursos humanos são o ativo mais importante de uma empresa é cada vez mais verdadeira. O valor não está nas paredes mas nas pessoas que estão lá dentro. Como vê o grupo dentro de dez anos?
Sonho vê-lo mais forte, com as marcas completamente internacionalizadas, porque o nosso pais é pequeno demais para as nossas ambições. t
Paulo Melo Presidente da ATP
Com o conhecimento alargado que tem do setor, como vê a evolução futura da indústria têxtil portuguesa?
Vejo com otimismo, acho que a atual industria está muito bem preparada para os desafios futuros. Quem passou e ultrapassou os anos difíceis que tivemos estará certamente capaz de evoluir e de dar resposta às novas exigências dos mercados. No futuro, como vê o crescimento da Lion of Porches? Aposta mais na criação de marcas para homem ou em marcas de moda feminina?
A Lion of Porches tem de consolidar o seu posicionamento no mercado nacional e crescer nos mercados internacionais, e este será, com toda a certeza, o grande desafio. A nossa aposta é sermos uma marca que possa vestir uma família, por isso as três linhas - homem, senhora e criança - terão de ter um equilíbrio entre elas, são todas importantes e complementares. t
José Cardoso CEO O Segredo do Mar
Quais as vossas expectativas para o negócio online?
O nosso grupo já está a trabalhar em modo digital e temos uma máquina bem montada para assegurar o bom funcionamento da logística nas vendas online . O ritmo a que elas cresceram em 2017 é bastante animador: representam já 10% da faturação na Decénio e 15% na Lion of Porches. O desafio que colocamos a nós próprios é o de atingirmos rapidamente um patamar na ordem dos 20 a 30% de vendas feitas online . A expansão internacional tem-se revelado difícil para as marcas portuguesas, mas é inevitável para uma sobrevivência sustentada a médio prazo. Quais os projetos da Têxtil Cães de Pedra para o seu portefólio de marcas?
Temos um projeto bastante consistente de expansão internacional. Com mercados bem identificados e estratégias delineadas. E sabemos que o futuro do grupo passa por aí, pois é impossível sobreviver e prosperar se estivermos demasiado expostos ao mercado doméstico. t
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DE PORTA ABERTA Por: Cláudia Azevedo Lopes
FreshJealous
Largo Alberto Pimentel, 8 4050-024 Porto
Ano de criação da marca 2011 Ano de abertura da loja 2016 Produtos Vestuário feminino e masculino Estilo Casual com design arrojado que agrada “dos 15 aos 60 anos”
DIWIA TORNA POSSÍVEL VESTIR AMADEO A marca Diwia, da designer Diana Monteiro, colocou à venda uma linha de roupa feita com tecidos que reproduzem pinturas de Souza-Cardoso, um dos mais importantes artistas do modernismo português. A coleção, que reproduz os quadros “Menina dos Cravos”, “Música Surda” e “Máscara de Aço”, inclui vestidos, calças, saias, calções e camisolas, já se encontra disponível para venda no showroom da marca, em Amarante. A produção do tecido está a cabo da Norte, que possui a técnica adequada para estampar os tecidos respeitando as formas e cores das obras.
SUÍÇOS DA LANTAL CONCENTRAM PRODUÇÃO NA GIERLINGS VELPOR A Gierlings Velpor vai concluir em maio próximo um investimento de 2,5 milhões de euros em equipamentos que lhe permitirá quase duplicar as vendas, que deverão atingir os 16 milhões de euros em 2020. A empresa, que emprega 130 trabalhadores, prevê fechar este ano com um volume de negócios de nove milhões de euros. O crescimento exponencial das vendas fundamenta-se na decisão do grupo suíço Lantal (que assumiu há dois anos o controlo da Gierlings Velpor) de concentrar na fábrica de Santo Tirso toda a sua produção de tecidos para bancos de transportes públicos.
70 toneladas
As lojas não se medem aos palmos Tem pouco mais de 18m2 mas esse fator não é determinante para a história, pois se é verdade que os Homens não se medem aos palmos, está mais que provado que as lojas também não. No entanto, a história da FreshJealous não começa nesta loja mas sim nos bastidores da Moda Lisboa e do Portugal Fashion, onde Augusto Silva trabalhava como aderecista e tomou contacto – e o gosto – pelo universo da moda. Porém, a ideia de começar um projeto em nome próprio só surge quando é convidado para integrar o Muuda, onde ficou responsável pela extensão do espaço dedicada aos criadores nacionais. Estar rodeado por alguns dos mais talentosos nomes do sector – Luís Buchinho, Katty Xiomara, Nuno Baltazar – despertou nele a vontade de “desenvolver um projeto com o qual pudesse estar lado a lado com nomes tão bons”. Quanto ao conceito, queria desenvolver uma marca de roupa casual e de sportswear, com produção 100% portuguesa, cujo design fosse elaborado e arrojado. Ou seja, roupa básica e confortável com um twist que a transformasse em algo passível de ser usado em múltiplas ocasiões sem nunca ficar underdressed. Et voilá, estava criada a FreshJealous, uma marca fresca e nos antípodas dos lugares comuns, que marcou presença no Muuda - lado a lado com os "gigantes", como Augusto havia sonhado - até 2016, o ano em que Augusto percebeu que estava na altura de abrir um espaço em nome próprio e se deslocou para esta pequena mas charmosa loja no Largo Alberto Pimentel. A direção criativa fica a cargo do criador da marca, que a cada nova coleção faz parceria com um designer convida-
do. Estelita Mendonça, Sílvia Pinto Costa e André Ramos são alguns dos criadores que já colaboraram no projeto. Quanto ao futuro, 2019 vai ser um ano em grande: está planeadada a abertura de duas Pop Up Stores, uma na Rua das Flores, no Porto, e outra em Berlim, e vão dar inicio à internacionalização da marca para a Coreia do Sul. Um passo gigantesco a nível económico mas que para Augusto representou um risco enorme na manutenção da essência da marca. “Quando começamos, a ideia era criar peças quase exclusivas, ou seja, com poucos exemplares cada. Isso dá a certeza ao cliente que não irá encontrar ninguém na rua a usar uma peça igual. Para a Coreia, as nossas peças terão de ser produzidas em número muito maior”. Após muita reflexão, decidiu não comprometer a relação da marca com o cliente local. “A solução que encontrei foi desdobrar a coleção em duas partes: ambas produzidas totalmente em Portugal, mas uma pensada para ser produzida em massa e para a exportação; e depois ter a mesma coleção produzida noutro tipo de tecidos, mais exclusivos, para os clientes locais. Algo feito só para eles. Porque a marca foi pensada assim, para o cliente sentir que está a comprar uma peça que é quase uma edição limitada. Não quero que a marca se torne apenas mais uma no mercado, massificada. Se assim for, prefiro abandonar o projeto”. Neste momento, encontram-se disponíveis na loja as peças mid season, mas está para breve a chegada da nova coleção de outono/inverno, elaborada com a colaboração do ilustrador português Daniel Moreira e que tem como inspiração a lenda japonesa Akai Ito. t
por mês é a capacidade atual de produção da Sorema
INDITEX, H&M E BENETTON LÍDERES NA REDUÇÃO DE QUÍMICOS Inditex, H&M e Benetton são os bons exemplos nos esforços pela eliminação dos produtos químicos perigosos na produção de vestuário. A avaliação é da organização ambientalista Greenpeace, que considerou estes três grandes grupos de Moda como verdadeiros líderes na mudança de paradigma, excedendo até as expectativas iniciais, numa avaliação que é também positiva para a generalidade das 80 marcas que aderiram ao programa. Entre elas estão insígnias como Adidas, Mango, Primark, Nike, C&A ou Burberry.
COM A SOCKAPRO, A CANELEIRA VAI DENTRO DA MEIA
O antigo jogador do Benfica Nuno Gomes, Mikel (FC Porto), Francisco Geraldes (ex-Sporting), e Licá (Estoril Praia) fazem parte da equipa de futebol, ou melhor, dos onze jogadores de diversas equipas que testaram e aprovaram a Sockapro, uma meia com um sistema que permite incorporar a caneleira e que já está patenteada para toda a Europa. Na Sockapro, a caneleira fixa-se à própria meia, no seu interior, através de um sistema de elásticos, o que faz com que o jogador apenas necessite da meia para estar pronto para jogar.
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JITAC 16 a 18 outubro – Tóquio Albano Morgado, Fitecom, Lemar, Trend Burel/Burel Mountain Originals, Texser/A Textil Serzedelo, Riopele, Somelos
BALTIC TEXTILE & LEATHER 18 a 20 de outubro – Vilnius Dilina Têxteis, Familitex, Joaps, José de Abreu & Filhos, Lipaco, LMA, Myako, Solinhas, Têxteis Giestal
AGENDA
EMPRESÁRIO DOA UM MILHÃO CONTRA O BREXIT Julian Dunkerton, um dos fundadores da marca de roupas Superdry, contribuiu com um milhão de libras (1,10 milhões de euros) para apoiar o movimento People’s Vote, que quer a realização de um novo referendo sobre o Brexit. Com mais de meio milhar de lojas espalhadas por 46 países, a Superdry é uma cadeia de moda vocacionada para o estilo jovem e a preços acessíveis, cujas acções estão cotadas na Bolsa de Londres.
"É muito difícil sobreviver cá com uma marca de autor que não é comercial e não consegue competir com os preços da fast fashion. Neste caminho entra a internacionalização" Inês Torcato Designer de moda
PORTUGAL FASHION EM LONDRES E PARIS Com a sua estratégia de promoção da moda nacional, o Portugal Fashion apoiou os desfiles de primavera/verão 2019 de Alexandra Moura, Diogo Miranda, Luís Buchinho e as marcas Sophia Kah e Marques’Almeida, nas Fashion Week de Londres e Paris. Sophia Kah e Alexandra Moura desfilaram na capital britânica, enquanto a Cidade Luz foi o palco para as criações de Marques’Almeida, Luís Buchinho e Diogo Miranda.
VIEW PREMIUM SELECTION COM MAIS DE 360 COLEÇÕES Um portfólio de mais de 360 coleções de fornecedores reconhecidos internacionalmente foi a mais valia da VIEW Premium Selection, a feira que se realizou em Berlim nos dias 17 e 18 de Julho. “É uma sensação boa conseguir a cada ano superar o sucesso das edições anteriores: mais fornecedores, o espaço de exposição totalmente reservado e o aumento do tempo de permanência de designers influentes, de gerentes de produto e de compradores da Alemanha e do exterior”, congratula-se Sebastian Klinder, Diretor Executivo da Munich Fabric Start.
NA MAISON &OBJET COM O APOIO DE LEHMANN
A secretária de Estado Ana Lehmann foi uma das ilustres visitantes que entre os dias 7 e 11 de Setembro passaram pelos corredores da Maison&Objet, uma das principais feiras europeias de decoração e lifestyle. Em Paris, a secretária de Estado da Indústria visitou com visível apreço e satisfação os stands das nove empresas “From Portugal” e deixou mais uma demonstração de apoio e orgulho nos têxteis nacionais. Na imagem, a passagem da governante pelo stand da Burel. t
BOAS SURPRESAS NA INTERGIFT Há feiras que guardam surpresas inesperadas e esse foi o caso da Intergift, em Madrid, para a delegação da Rio Sul, têxtil-lar do Porto que teve no stand a visita de novos compradores, de mercados já conhecidos, mas também de destinos inéditos e algo exóticos, como é o caso do Líbano e de Guadalupe. “A presença em Madrid é sempre um ponto interessante e tivemos contactos promissores. Ainda é cedo, mas acreditamos que se vão materializar”, confia Joana Correia, gerente e responsável comercial da empresa, já de regresso a Portugal. No certame, os compradores mostraram-se especialmente interessados na coleção de artigos de cama e almofadas decorativas da empresa portuguesa. Mas a Rio Sul reatou também contactos com mercados de leste, como a Hungria e a Eslováquia, e manteve o foco no seu projeto de
internacionalização para os principais mercados europeus, com especial destaque para a Itália e a França. Mantendo forte presença em Portugal, a Rio Sul tem apostado no alargamento aos mercados externos, que representam já cerca de 40% da faturação da empresa. Em Madrid, os têxteis-lar na-
cionais voltaram a ter uma presença destacada, com 6 empresas portuguesas a integrar a comitiva “From Portugal” da Associação Selectiva Moda. Para além da Rio Sul, estiveram também presentes a Dilina Têxteis, a D.K.T, a Dolcecasa, a Têxteis Iris e a Têxteis Evaristo Sampaio. t
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GOVERNO DE MÃOS DADAS COM A ITV NA PREMIÈRE VISION
ENDUTEX ABRIU HOTEL NO BRASIL Apesar do vestuário técnico e da impressão digital estarem no centro da sua atividade, o grupo Endutex tem vindo a diversificar para a hotelaria, tendo agora aberto no Brasil, em Curitiba, um hotel Moov com 123 quartos, num investimento de 6 milhões de euros. Para 2020, está planeada a abertura de outra unidade no país, na cidade de Porto Alegre.
523 mil
pessoas visitaram em 2017 as 50 feiras têxteis promovidas nos vários continentes pela Messe Frankfurt
SET.UP GUIMARÃES, A SUPER INCUBADORA PARA BOAS IDEIAS Chama-se Set.Up Guimarães e tem o objetivo de fomentar o empreendedorismo e as ideias inovadoras na região. É a nova “super incubadora” do concelho, que se divide em cinco sub-incubadoras: PevFactory (área industrial), TecPark (área tecnológica), LabPac (área criativa), LandLab (base rural) e a Plural (área social). Estes pólos irão apoiar os empresários e potenciar o arranque e o desenvolvimento dos seus projetos.
Ainda a última edição da Première Vision não tinha arrancado e Portugal tinha já um lugar de destaque naquela que é uma das principais feiras têxteis do mundo. Em forma de reconhecimento da qualidade da produção nacional, a organização da feira concedeu a Portugal a insígnia de "Focus Country" na área de "Manufacturing", um convite muito bem recebido pelas cores lusas, que responderam com uma vasta participação empresarial, coroada pela visita oficial de dois secretários de Estado. Eurico Brilhante Dias, secretário de Estado da Internacionalização, e Nelson de Souza, secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão, percorreram os corredores da feira e visitaram os stands das 45 empresas que estiveram na feira ao abrigo do projecto “From Portugal” da Associação Selectiva Moda. No evento puderam ver representados os vários setores da ITV nacional, desde os fios às malhas, passando pelos tecidos e acessórios, com especial destaque para o sector de "Manufacturing" onde Portugal, por ser o país em destaque nesta edição, teve direito a uma área de exposição de 100m2. Com mais de 50 mil vi-
sitantes, a Première Vision Paris é vista pelas empresas portuguesas como uma oportunidade ímpar para contactar com compradores, empresários e designers de todo o mundo. “É o evento mais importante do género. A participação permite-nos consolidar mercados e apresentar os nossos artigos a novos clientes” explica Sara Pinto, directora comercial da NGS Malhas, uma das empresas portuguesas a marcar presença no pavilhão "Fabrics" da feira. Para além da dimensão da feira, também a notoriedade é um facto relevante para a indústria nacional. “Não vai quem quer, mas sim quem é selecionado para participar. É a feira com maior número de visitantes de topo” afirma Luís Marques, CEO da Etexba, outra das empresas presentes no setor dos tecidos. Toda a comitiva nacional preparou a apresentação de novidades na Première Vision e a economia circular teve um lugar de destaque, como tem vindo a ser habitual nas delegações portuguesas. “Há uma grande aptidão do mercado por materiais reciclados e sustentáveis” comenta Ricardo Ferreira, CEO da SIENA, uma das empresas presentes no es-
paço " Manufacturing" . Também Maria Sá, CEO da Lurdes Sampaio SA salienta a mesma tónica: “Temos uma aposta fortíssima em novas misturas e diferentes estruturas, apoiada na construção, usando fibras recicladas e orgânicas, uma aposta que representa já 60% dos nossos produtos.” Os materiais sustentáveis tiveram também grande destaque no stand da LMA, cujo lema é a “Eco Consciência”. “Estamos na feira para apresentar coleções e para ensinarmos o que temos” afirmou Alexandra Araújo, administradora da empresa. Vista como uma rampa de lançamento no processo de internacionalização, o estatuto e reconhecimento da PV Paris atrai cada vez mais empresas, e nesta última edição foram várias as empresas que estiveram a participar pela primeira vez, como foi o caso da RDD Têxtil. “Estamos muito orgulhosos por termos sido admitidos pelo comité de seleção da feira e a Première Vision certamente contribuirá para a visibilidade da RDD no mercado internacional” afirmou Elsa Parente, Business Development Manager, congratulando-se com a primeira presença em Paris da empresa criada em 2017. t
TÊXTEIS E DECORAÇÃO MOSTRAM-SE EM TORONTO
FASHNERD MOSTROU ROUPEIRO DO FUTURO
É a maior feira de decoração e lifestyle do Canadá e a indústria portuguesa não podia faltar à chamada. A comitiva “From Portugal” apresentou-se na recente Toronto Gift Fair com as empresas B. Sousa Dias, Ditto, Freitas & Dores, Burel, Sugo Cork Rugs e Tuntum, apoiadas pela Selectiva Moda e pela ATP.
No sentido de fortalecer o laço entre a moda e a tecnologia, a FashNerd, uma revista dedicada à moda tecnológica, apresentou na Munich Fabric Start o "roupeiro do futuro, preenchido com peças de marcas que têm conseguido de forma bem-sucedida criar artigos tecnológicos para serem vestidos e usados.
É A JUSTIÇA, ESTÚPIDO! QUEIXAM-SE OS EMPRESÁRIOS O sistema judicial continua a ser o maior obstáculo à nossa competitividade, de acordo com um inquérito do INE que ouviu 4248 empresários, perguntando-lhes quais as regras, procedimentos, ações e omissões de terceiros que condicionam negativamente o desempenho da sua atividade. Os empresários apontam o sistema judicial (em particular a duração dos processos), as dificuldades de licenciamento e o sistema fiscal, bem como a dificuldade de recrutamento de mão de obra, seja qualificada ou indiferenciada, como os principais obstáculos.
WEDOBLE NA COLOMBIAMODA A DEITAR UM OLHO AO CHILE Encontrar importadores para a Colômbia mas também para outros países sul americanos, como por exemplo o Chile, foi o que levou a Wedoble a participar na ColombiaModa. A marca de vestuário infantil da A.Ferreira & Filhos esteve representada pela brand manager Márcia Pacheco.
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4,7 MILHÕES PARA APOIAR EMPREGO TÊXTIL EM PORTUGAL A Comissão Europeia propõe-se a canalizar para Portugal 4,7 milhões de euros do Fundo Europeu de Ajustamento à Globalização (FEG) para ajudar antigos trabalhadores do setor têxtil e do vestuário e centenas de jovens desempregados a encontrarem emprego. Estas medidas serão complementadas por subsídios, quer para deslocação quer para formação. O custo total estimado destas medidas está fixado nos 7,7 milhões de euros, sendo a comparticipação do FEG de 4,7 milhões.
SOPHIA KAH QUER ESTAR EM TRÊS CONTINENTES
Londres, Estados Unidos e Médio Oriente. São estas as geografias para onde segue preferencialmente a nova coleção da marca Sophia Kah, criada por Ana Teixeira de Sousa. “É uma forma de homenagear a tradição portuguesa”, disse a designer para enfatizar a inspiração que passa pelo estilo de vida português, pelo verão e suas cores, mas também pelos bordados, uma antiga tradição de Guimarães, que Ana Teixeira de Sousa subtraiu aos lençóis para colocar nos tops. A Sophia Kah é uma marca 100% nacional – que já conquistou celebridades como Beyoncé, Keira Knightley, Florence Welch, Nelly Furtado e Kylie Minogue. t
MADE IN PORTUGAL É IGUAL A QUALIDADE, DIZ A MONOCLE A prestigiada revista Monocle, especialista em lifestyle e negócios, dedicou um extenso texto ao setor têxtil nacional, que apresenta como uma atividade que soube ganhar “prestígio global pela sua qualidade, inovação, criatividade e capacidade de resposta”. A revista não se esquece de salientar o papel que, nesse quadro, assumem os empresários do setor, considerados o motor da reconversão – desde os tempos em que, recorda a revista, a aposta passava pela produção de baixo custo. “Nos últimos dez anos, as empresas investiram em investigação e desenvolvimento” e o ‘Made in Portugal’ passou em definitivo a ser uma referência de qualidade. A Monocle destaca ainda que a produção está adaptada às exigências dos clientes – pelo que a rapidez e a flexibilidade são, deste pon-
to de vista, uma mais-valia que pouco se repete noutras geografias. Uma “rede de pequenos produtores (a maioria dos quais está localizada ao norte do Porto, perto da cidade de Braga) são capazes de rapidamente dar ordens e fabricar volumes menores”. A proximidade aos principais mercados europeus e norte-americanos, “o que significa tempos de entrega rápidos e economias de escala”, é, por outro lado, um dos elementos distintivos da produção de países como a China – algo que megaempresas como a Inditex gostam também de salientar. Como protagonistas desta mudança estrutural, a Monocle apresenta Sergio Neto, CEO da Petratex; José Alexandre Oliveira, presidente da Riopele; Ricardo Mano, CEO da ATB; Tiago Guimarães, managing partner da Shirtgate; e Paulo Melo, presidente da ATP. t
LMA APOSTA NA RECICLAGEM E PUXA DOS GALÕES AMBIENTAIS A reciclagem é a grande aposta estratégica da LMA, que reivindica ter já desenvolvida uma das malhas mais eco-friendly do planeta, feita com lã merino orgânica bluesign®, com tratamento non-cloro, e poliéster reciclado de alta qualidade feito de materiais 100% reciclados compostos por plásticos capturados do mar.
A malha eco-friendly da LMA é hipoalergénica, térmica, preserva os recursos naturais e reduz o desperdício de água. “Recursos renováveis e preocupações de produção responsáveis estão no topo da nossa agenda. Somos Bluesign® system partner e Oekotex Standard 100, certificações que atestam que o nosso
do nosso sistema produtivo corresponde aos requisitos ecológicos contemporâneos” explica Alexandra Araújo, administradora da LMA. Combinar a matéria-prima e acabamentos sustentáveis na produção de malhas e tecidos de alta performance é o desafio tecnológico permanente da empresa. t
ALASSOLA PARA PRODUÇÃO POR FALTA DE ALGODÃO
ESTUDANTES LEVAM MODA NACIONAL AOS EUROSKILLS
A falta de algodão levou à suspensão da produção da fábrica têxtil Alassola, na província angolana de Benguela. Com a produção limitada a fios de algodão, exportados para Portugal, a Alassola tinha também como meta fabricar têxteis lar, mas o fracasso do investimento de 56 milhões de euros no projeto agrícola, previsto para o Sumbe, obrigou à paralisação da fábrica.
Beatriz Soares e Bruno Feliciano estão ainda a concluir o curso de Técnicos de Desenho de Vestuário, no Modatex Lisboa, mas já têm honras de seleção nacional. Depois de terem vencido o Campeonato Nacional de Profissões, a dupla de estudantes foi escolhida para representar a arte e o engenho da moda nacional nos EuroSkills, de 26 a 28 de Setembro, em Budapeste.
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foi quanto cresceram em 2017 as vendas da Lipaco, que atingiram os 2,6 milhões de euros
DOIS ANJOS PARA PORTUGAL Pelos vistos, Sara Sampaio vai ter companhia lusa no desfile anual da Victoria’s Secret. Através da sua conta de Instagram, a jovem modelo Isilda Moreira anunciou a participação no aguardado desfile, revelando que um dos seus maiores sonhos se está quase a tornar realidade. Em vez de um, Portugal pode passar a ter dois anjos a desfilar para a Victoria’s Secret.
O MUNDO E A LIBERDADE NA NOVA COLEÇÃO DA TUC TUC
A diversidade cultural e os mistérios do planeta Terra foram a inspiração das propostas de outono/inverno 2018 da marca de roupa infantil Tuc Tuc, que apresenta duas coleções: Freedom, de roupa feminina, onde predomina a estética World Citizen; e a Polar, para rapaz, mais direcionada para a riqueza do planeta Terra e para o respeito pelo meio ambiente.
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INBICTUM É O NOVO OVO DE COLOMBO DA ITV
O mais recente e luminoso Ovo de Colombo da nossa ITV é a Inbictum, uma marca de moda e start-up tecnológica que percebeu que multiplica por 100 as suas hipóteses de sucesso se em vez de tentar impingir um produto qualquer ao consumidor, lhe perguntar primeiro de que tipo de roupa é que ele está mesmo a precisar. Com centro de gravidade na Zona industrial de S. Veríssimo, em Barcelos, a Inbictum deu nas vistas ao vencer o prémio Smartest Product do iTechStyle Summit 2018 com o icojactek, um casaco com revestimento de cortiça e um sistema eletrónico integrado que lhe permite conectar-se sem fios com um smartphone – e possibilitar-nos assim ouvir a nossa playlist no Spotify ou saber quantos quilómetros já andámos, entre outras coisas. Hugo Miranda, um jovem engenheiro eletrotécnico especializado em telecomunicações, é o CEO desta empresa e líder de uma equipa de cinco que
combina saberes de duas gerações e de diferentes disciplinas – os outros quatro são Susana Meireles (doutorada em Ciências Biomédicas), João Silva (programador), Marcos Alves (designer) e Maria Fernanda (confeção de protótipos). No stand da Barcelcom, na última ISPO de Munique, em vez do tradicional catálogo em papel estava um mupi, inventado e desenvolvido pela Inbictum, que dialogava com o potencial comprador, mostrando-lhe as caraterísticas de toda a gama de produtos da empresa – e enviando-lhe para o mail a informação sobre os produtos em que ele estava interessado. Ser um alfaite 4.0, criando e desenvolvendo roupas à medida das necessidades ainda não satisfeitas dos consumidores, é o pão com manteiga da atividade da empresa de Hugo Miranda, que inicia o ciclo de vida dos seus produtos perguntando a segmentos específicos do mercado o que é que lhes faz falta. t
CONVENÇÃO MUNDIAL DO TÊXTIL COM OS OLHOS EM PORTUGAL Modelo de inovação e “case study” único de regeneração da indústria têxtil, Portugal foi apresentado na Convenção Mundial da ITMF como exemplo para outros países. Na reunião, que decorreu entre 7 e 9 de Setembro, em Nairobi, no Quénia, o Diretor Geral da ATP, Paulo Vaz, apresentou a próxima edição da convenção, que terá lugar no Porto entre 20 e 22 de Outubro de 2019. A apresentação teve lugar perante uma plateia com mais de 300 conferencistas, de 40 países, entre os quais pontificava a delegação chinesa com mais de oito dezenas de delegados, o que revela a prioridade que o país está a dar ao investimento na têxtil em África.
Visto como um caso singular de regeneração da Indústria Têxtil e Vestuário num país desenvolvido, tendo por base a inovação, o design e o serviço, Portugal é apontado à comunidade mundial têxtil como modelo para outros países que desejam implementar políticas de relocalização da indústria transformadora. Com a realização no Porto da próxima convenção, a ITMF (International Textile Manufacturers Federation), regressa à Europa com o maior congresso mundial do setor têxtil, depois de quase uma década em palcos da Ásia, América Latina e África, demostrando assim a importância que Portugal
retomou no cenário internacional. Este é o maior congresso mundial do setor e realiza-se há mais de um século, tendo já por duas vezes decorrido em Portugal - em 1969 e 1993, no Porto -, com organização ATP (então designada Anitaf), que bateu Barcelona e Paris na corrida. “Será um momento de afirmação de Portugal como um produtor têxtil de grande qualidade e vai com toda a certeza ajudar os líderes europeus a acreditarem que a relocalização e reinvestimento na indústria não só é possível como desejável”, comentou Paulo Vaz, a propósito da escolha do Porto para o encontro que vai reunir gestores têxteis vindos de todos os cantos do mundo. t
LION OF PORCHES ABRE EM TIBLISI, ESTOCOLMO E LUXEMBURGO Estocolmo, na Suécia, e Tbilisi, na Georgia, são as novas bandeirinhas no mapa mundo de lojas próprias da Lion of Porches, a marca de moda desportiva do grupo Cães de Pedra, que fechou 2017 com vendas de 28 milhões de euros. Com mais uma abertura, programada para outubro, no Luxemburgo, a cadeia portuguesa eleva a sua rede internacional para 39 lojas próprias (mais 10 corners em armazéns El Corte Inglés, em Espanha, e sete showrooms: cinco em Espanha, um em Inglaterra e outro na Holanda), em 17 países diferentes.
ITV NACIONAL COM VIA VERDE PARA O JAPÃO EM 2019
NYCOLE LANÇA NOVA COLECÇÃO AO SOM DO HIP HOP
As taxas aduaneiras deixarão de ser um entrave para as exportações da ITV portuguesa para o mercado nipónico. A União Europeia e o Japão assinaram em Tóquio um acordo de comércio livre que deverá entrar em vigor no inicio do ano e prevê a eliminação das tarifas sobre produtos comercializados. O acordo vai permitir aos exportadores europeus poupar vários milhões de euros por ano.
Os ritmos do Hip Hop e as letras do músico King Krule foram o ponto de partida para a nova coleção da marca portuguesa Nycole. “Unknown” leva-nos numa viagem aos anos 90, quando a roupa era mais larga. Sediada no Porto, Nycole é uma das marcas emergentes da moda nacional. As suas coleções têm passado pelos principais palcos europeus através da plataforma Bloom do Portugal Fashion.
"Com as pessoas certas, tecnologia de ponta e uma estratégia bem focada foi possível produzir com acrescido grau de diferenciação e mais inovação nos produtos e processos" Isabel Furtado CEO da TMG Automotive
SARA SAMPAIO É A NOVA EMBAIXADORA DA JOE’S JEANS
A modelo portuguesa Sara Sampaio é a nova embaixadora da Joe’s Jeans, a marca norte-americana de ganga premium fundada em 2001 por Joe Dahan. O anúncio foi feito pela marca e a supermodelo de 27 anos é já o rosto da campanha de outono de 2018, que foi fotografada em Los Angeles pelo fotógrafo Mike Rosenthal. Sampaio segue assim as pegadas de Taylor Hill e Bella Hadid, duas anteriores embaixadoras da marca.
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FASHION NIGHT OUT COM MAIS DE 70 ESPAÇOS ADERENTES Única em Portugal, a Fashion Night Out, que irá decorrer a 27 de Setembro, promete ser memorável, contando com mais de 70 espaços aderentes, entre lojas de roupa, de decoração e design, restaurantes, bares, cabeleireiros e galerias de arte. Com epicentro no Passeio dos Clérigos, a Night Out é uma das muitas iniciativas da PFW – Porto Fashion Week , associadas à 52ª edição do Modtissimo.
IMPETUS DÁ AS BOAS VINDAS AO HOMEM DO SÉCULO XXI
O homem, e o papel que ele desempenha na sociedade mudou. Hoje em dia, um homem bem-sucedido é aquele que, para além da independência económica, é também um bom pai, marido, filho e amigo. Ora, se o homem mudou, a Impetus quis mudar com ele, e para celebrar e acompanhar as necessidades do homem do século XXI, adotou um novo posicionamento e uma nova imagem. Já implementada na nova coleção outono/inverno, as novas peças primam pelo espírito contemporâneo através de novos desenhos e cores, com os quais a Impetus se quer afirmar como uma referência no sector. t
NOVE RAZÕES PARA USAR A MESMA ROUPA TODOS OS DIAS De certeza que já reparou que Mark Zuckerberg usa quase todos os dias a mesma roupa no sentido da mesma peça, evidentemente, pois ao fim de algum tempo ninguém conseguiria estar ao pé dele. O inventor do Facebook não é o único nem sequer foi o primeiro a adoptar essa moda. Steve Jobs tinha exatamente a mesma mania, que já ganhou um nome: capsule wardrobe (guarda-roupa cápsula, numa tradução à letra). Uma tendência de que a poderosa chanceler alemã Angela Merkel é obviamente fã. Pois o site brasileiro InfoMoney deu-se ao trabalho de elencar nove razões (umas boas, outras nem tanto) para adoptarmos a técnica do guarda-roupa cápsula - um trabalho não totalmente desinteressado, uma vez que no final do inventário recomenda aos leitores uma aplicação especifica para investir o dinheiro que economizou. Menos decisões. Não ter de escolher a roupa todas as manhãs, poupa-nos a cabecinha que assim fica mais fresca para, ao longo do dia tomarmos, decisões realmente importantes. Os psicólogos identificaram um fenómeno que baptizaram de “decision fatigue” e defendem que a qualidade das decisões é prejudicada pela quantidade de escolhas que as precederam. Ganha tempo. Poupamos tempo todas as manhãs em frente ao armário e ao espe-
lho - e também nas lojas a comprar roupa. Evita stresses. Usar sempre uma farda testada evita a ansiedade e o stress diários de nos interrogarmos sobre se estamos a vestir uma roupa adequada. Poupa energia. Um guarda-roupa extenso implica gastos excessivos (e desnecessários) de energia na manutenção e organização - além de gerar mais roupa suja. Fomenta o bem estar. As pessoas que usam sempre as mesmas roupas tendem a estar naturalmente satisfeitas com a sua aparência, o que aumenta o seu bem-estar. Torna-se icónico. Adepta do guarda-roupa cápsula, a escritora Alice Gregory define o seu estilo como icónico, sinal de maturidade e “uma maneira barata de se sentir famosa”. Amealha dinheiro. Em 1930, uma mulher ocidental tinha, em média, nove coordenados no armário. Agora tem 30. As adeptas do guarda-roupa cápsula fartam-se de poupar dinheiro. Mais espaço. Armários mais pequenos e mais bem organizados libertam espaço em casa, que pode ser usado para fins mais convenientes. Uma vida zen. Drew Barrymore garante que tem uma vida mais calma e pacifica desde que a sua relação com a roupa mudou e se converteu ao minimalismo. t
VICTORIA’S SECRET AFASTA CEO E ENCERRA 14 LOJAS
LINGERIE E T-SHIRTS NA CABEÇA DE BALDAQUE
A Victoria’s Secret vai encerrar 14 lojas até ao final de 2018, uma decisão que de deve aos maus resultados financeiros. Também Denise Landman, CEO da Victoria’s Secret Pink, irá deixar o cargo no final do ano, segundo anúnciou Stuart Burgdoerfer, o CFO da L Brands, a empresa-mãe que detém a marca.
A comemorar os 30 anos do lançamento da sua marca, a estilista Anabela Baldaque deu uma entrevista à revista Caras, onde revela que entre os próximos projetos estão coleções de lingerie, t-shirts e calçado. O fascínio pela criação é o mesmo desde os tempos de criança, diz a designer.
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da produção da Coltec é destinada à exportação
EXÉRCITOS DE TODO O MUNDO ATENTOS AOS TÊXTEIS A defesa já não dispensa o têxtil, e cinco empresas nacionais estiveram em destaque na “AuxDefense Conference”, a primeira conferência mundial sobre materiais avançados para a defesa, que reuniu em Oeiras 200 investigadores de 30 países. O encontro decorreu no âmbito do projecto AuxDefense, um consórcio que associa a Universidade do Minho através da Plataforma Internacional Fibrenamics, o Exército Português e a Força Aérea Portuguesa a cinco empresas da região norte: Latino Group, LMA, Fibrauto, IDT Consulting e Sciencentris.
ALUNAS DO MODATEX PREMIADAS EM CONCURSO DE VESTIDOS
O Modatex conquistou, através das suas formandas, o 2º e 3º prémios no Concurso de Vestidos de Chita da Feira de S. Mateus, que decorreu dia 19 de agosto, em Viseu. Também o 1.º lugar foi atribuído às formandas do Modatex Susana Abrunhosa e Inês Santos, que concorreram em simultâneo mas a título particular. O 2º prémio foi para o coordenado das formandas Susana Abrunhosa, Sónia Lisboa, Inês Santos, Dimiliyana Velikova e Tânia Morais, enquanto o 3º lugar foi atribuído ao coordenado das alunas Elisabete Aguiar e Diana Vasconcelos.
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M EMERGENTE Elisabete Pereira Marketing & Sales da João & Feliciano Família Casada com Roberto Ribeiro, um designer técnico que trabalha na metalomecânica, e mãe de duas gémeas, a Lara e a Diana, que têm quatro anos Formação Curso profissional de Técnica de Secretariado (Cidenai, Santo Tirso) Casa Moradia em S. Martinho do Campo Carro Audi A4 Portátil HP Telemóvel Samsung J5 Hóbis Ouvir música, ir ao cinema, dar grandes passeios ao ar livre no parque Sara Moreira e fazer trabalhos manuais, como ponto-cruz Férias Não tem uma rotina, gosta de variar. Este ano foram para a Fuzeta. “As gémeas adoram praia e fazer castelos na areia” Regra de ouro “Nunca desistir. Se hoje o dia foi pior, amanhã será com certeza melhor. O que é preciso é ir em frente até chegarmos a bom porto”
FOTO: RUI APOLINÁRIO
Quem sai aos seus não degenera Quem sai aos seus não degenera. E não há a mínima dúvida de que Elisabete, 33 anos, comercial de tecidos de camisaria, sai aos seus. A costela têxtil vem-lhe da mãe, que fazia revista numa confecção (a Sofil, atual Felpinter). Já o jeito para a arte de vender, esse, ela herdou-o do pai, um vendedor ambulante de frutas e legumes. Ainda era uma catraia, com não mais que oito ou nove anos, quando, no final da escola, começou a ajudar o pai, acompanhando-o nas voltas que ele fazia pelas imediações de S. Martinho do Campo, onde ela nasceu, cresceu e ainda vive. “As pessoas da região já sabiam a hora e o local - Roriz, S. Salvador, etc - onde o meu pai parava. Eu adorava ir com ele no camião”, recorda Elisabete. A freguesia achava-lhe graça - e ela, com a prática, foi soltando a língua e aprimorando a sua técnica de argumentação. Destes tempos ficou a gostar de fruta (morangos e cerejas sempre foram a sua perdição) e com o verbo desenferrujado. Na escola, gostava de tudo quanto metesse números, o que ajuda a explicar porque é que em casa se entretinha a brincar fazendo de conta que era dona de um supermercado. Assim sendo, a ideia inicial dela era estudar algo relacionado com contabilidade e gestão (“desde muito pequena que sou uma pessoa muito organizada”, confessa) mas na vida as coisas nem sempre correm como nós queremos. À época não havia em Santo Tirso oferta de cursos profissionais nessa área e Elisabete acabou a aprender técnicas de secretariado. Em maio de 2002, o estágio curricular de final de curso, que a levou até à Arco, correu tão bem que logo a contrataram para ficar como assistente no departamento comercial. Como não é pessoa para perder tempo a olhar para trás, Elisabete não parou nunca de aumentar os seus conhecimentos e capacidades. Aperfeiçoou o inglês durante um curso pós-laboral de três anos no Instituto de Línguas de Santo Tirso - a que acrescentou posteriormente uma formação em inglês técnico. Satisfez a sede de saber como se faz uma colecção de moda fazendo uma formação em Design no CITEVE. E sempre que pode aproveita as oportunidades para melhorar o seu domínio de línguas estrangeiras (é fluente em inglês, francês e espanhol). Este esforço de valorização pessoal de Elisabete não passou despercebido na empresa, onde lhe iam sendo atribuídas cada vez mais responsabilidades, chegando a export manager. Mas ninguém diga que está bem. Em 2015, estava ela em casa grávida de duas gémeas, a Arco caiu. Apesar de ela e o marido (a empresa onde ele trabalhava fechou mais ao menos ao mesmo tempo) terem vivido momentos terríveis de incerteza, a coisa acabou por compor-se. O Roberto arranjou rapidamente emprego e Elisabete também, porque a TMG aproveitou a oportunidade para reforçar a sua força de vendas, integrando o departamento comercial da Arco. “Não era a minha maneira de trabalhar. Por isso pus-me à procura de um outro emprego e acabei por vir para a João & Feliciano, que é especializada em tecidos camiseiros, tal como a Arco, só que também faz jaquard”, diz Elisabete, em jeito de explicação para o facto de não ter aquecido o lugar na TMG, onde se demorou apenas sete meses, de janeiro a julho de 2015. O mercado não está fabuloso. A concorrência dos turcos dói. E há cada vez menos gente a usar fato e gravata. Dito por outras palavras, a vida já foi mais fácil para os fabricantes de tecidos para camisa, pois a clientela tradicional opta cada vez mais pelas malhas. Mas Elisabete não é uma mulher para se deixar abater pelas dificuldades. “Eu gosto muito do que faço”, confessa esta comercial, que entre as feiras obrigatórias (Première Vision e Munich Fabric Start), as outras (este ano, por exemplo, também foi à ColombiaModa, em Medellin, para medir a temperatura dos mercados sul americanos) e as visitas a clientes em França, Espanha, Inglaterra e Alemanha, dorme em hotéis - sem poder dar o beijo de boas noites às gémeas - mais de 60 vezes por ano. Mas quem corre por gosto não cansa. t
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X O MEU PRODUTO Por: António Gonçalves
Musgo
Desenvolvido em parceria pela Scoop, a Vime e a Lapa
O que é? Um casaco com um sistema de iluminação inteligente com fibras ópticas e ligação ao telemóvel Para que serve? Para evitar acidentes rodoviários com peões e ciclistas Estado do Projeto? Em fase de protótipo
O SEXO NÃO CONTA NA NOVA COLECÇÃO DE DIOGO MIRANDA Diogo Miranda apresentou uma coleção com peças de roupa e acessórios unissexo. O estilista que nos habituou a criações exclusivamente dedicadas à moda feminina, desta vez inovou e desenhou modelos versáteis para serem utilizados por ambos os sexos, em qualquer estação do ano. As peças foram pensadas para serem utilizadas no quotidiano, como camisas, calças e blazers, não existindo uma ideia de um corte masculino ou feminino, sendo o tamanho a única distinção desta nova coleção.
"A nossa estratégia comercial passa por eliminar os intermediários e negociar com quem tem venda direta ao público" António Leite Diretor comercial da Fateba
VER COMO SE FAZ EM FAMALICÃO
Musgo, o casaco salva-vidas É uma luz de esperança que promete reduzir o número de acidentes e atropelamentos na estrada. Concebido em parceria pela têxtil Scoop e as tecnológicas Vime e Lapa, o Musgo é um casaco inteligente, com um sistema de iluminação integrado, controlável pelo telemóvel e capaz de sinalizar a presença e antecipar os movimentos de quem o veste. A ideia surgiu por parte da Vime. Filipe Magalhães e José Panzina, fundadores da start-up, quando viram que 75% dos acidentes mortais com peões e ciclistas ocorrem no escuro, perceberam que era importante aplicar esta tecnologia em têxtil outdoor. A Scoop aceitou imediatamente o desafio, escolheu os materiais e desenvolveu o produto. Por fim, a Lapa forneceu o hardware. Desenvolvido ao longo de seis meses, o protótipo final corresponde a um exemplo paradigmático da capacidade criativa e inovadora da indústria nacional. O sistema de iluminação integrado pode ser controlado por telemóvel e é ainda complementado por sensores de movimento. “O casaco tem duas grandes vantagens: por um lado utiliza fibra ótica, o que permite ao utilizador controlar a cor e a intensidade das luzes, por outro utiliza sensores de movimento, que sinalizam por exemplo a travagem. É possível também localizar o casaco, bem como medir a velocidade a que circula, devi-
do à tecnologia da Lapa”, explica Daniel Pinto, diretor de desenvolvimento e estratégia da Scoop. Para além de tecnológico, a têxtil de Vila Nova de Famalicão optou ainda por tornar este produto sustentável, ao utilizar um tecido que incorpora partículas de carvão ativado obtidas a partir de cascas de coco. O nome Musgo vem exactamente desta ligação à natureza, para além de ser uma forma simplificada da expressão inglesa “Must Go”. A Scoop tirou ainda proveito da sua experiência em vestuário técnico para ski e outros desportos outdoor, conseguindo criar um casaco que possibilita a mobilidade, respirável, impermeável e capaz de eliminar odores e bloquear a radiação UV. O objetivo é demonstrar que para além de seguro e multifuncional, o Musgo adapta-se totalmente à prática desportiva. Em fase de protótipo, o projeto procura agora seguir para a produção industrial. Foi lançada uma campanha de crowdfunding – quem participar poderá ter o Musgo por metade do preço - mas entretanto surgiram também contactos de multinacionais interessadas no produto. “Como responde a um problema real, as reações são de admiração e desperta interesse em várias áreas, desde o desporto ao vestuário de trabalho, ou até mesmo para equipamento de forças de segurança e de equipas de emergência” afirma Daniel Pinto. t
Foi para ver como se faz em Famalicão que a Câmara de Comércio Luso-Britânica convidou os seus associados a participar numa visita a algumas empresas do concelho. “How It’s Made In Vila Nova de Famalicão” passou, entre outras empresas, pelas instalações da Salsa e pelo polo da Riopele da incubadora de empresas do Famalicão Made-IN. Afirmando-se como Cidade Têxtil, Famalicão é sede do concelho mais exportador do Norte de Portugal – e terceiro a nível nacional – e o mercado europeu é o destino de mais de 50% das suas exportações.
10 milhões
de euros é quanto a ERT vai investir na sua nova unidade industrial em S. João da Madeira
JÁ TEMOS UMA DOUTORA EM DESIGN DE MODA
A Universidade da Beira Interior atribuiu o doutoramento em Design de Moda, o primeiro na área em Portugal, a Clara Fernandes, que ao defender uma tese centrada na importância do perfil empreendedor dos designers de moda e a sua ligação com a Indústria Têxtil e do Vestuário, tornou-se na nova Doutora em Design de Moda.
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OPINIÃO QUE PAPEL TERÁ O TÊXTIL EUROPEU NO MUNDO? Mário Jorge Machado Vice-presidente da ATP
CONVENÇÃO ITMF REGRESSA AO PORTO Paulo Vaz Diretor-Geral da ATP e Editor do T
Para percebermos a evolução destes negócios a nível mundial, temos de saber quem está a investir em equipamentos e onde vai crescer o consumo. De acordo com os dados disponíveis pela ITMF, a zona da Ásia e a Oceânia representaram cerca de 90% do investimento em máquinas no ano de 2017, tendo a China a fatia de dragão deste valor. O consumo de fibras vai aumentar em cerca de 40% nos próximos 10 anos, com o algodão e a lã a registar crescimentos reduzidos e as fibras artificiais com crescimentos elevados, sendo a fatia de leão para o poliéster. Quem vai consumir todo este incremento? Sabemos que o consumo per capita de têxteis no mundo ocidental tem crescido pouco, tendo atingido em 2017 na Europa Ocidental 22,4Kg e na América do Norte os 32,6Kg. Mas, pelo contrário, o crescimento na China tem sido elevado, sendo atualmente de 20,1Kg e prevendo-se que atinja os 30Kg nos próximos anos. A India tem um consu-
As convenções que as organizações internacionais do setor realizam anualmente, nomeadamente, a IAF ( International Aparel Federation ), A EURATEX e a ITMF (International Textile Manufacturers Federation ), às quais a ATP pertence, são uma oportunidade soberana para se atualizar conhecimento e antecipar as tendências que vão marcar a indústria nos próximos anos. A recente conferência da ITMF, em Nairobi, ofereceu como grandes conclusões a consolidação do domínio chinês sobre o negócio global do têxtil, que domina com quota superior a 40%, sendo que os grandes investimentos em equipamento e tecnologia são ainda mais superlativos enquanto indicador. O salário médio de um operário têxtil na China ronda agora os 600 euros mensais e está a tornar-se demasiado caro para uma indústria que baseia a sua competitividade no preço e na massificação das produções, razão pelo qual os grandes conglomerados chineses estão a investir de forma intensa nos países vizinhos ou próximos, como o Vietname, o Laos, o Camboja ou o Bangladesh, e noutras geografias, como a Etiópia ou o Quénia, aproveitando os baixos salários locais – entre 40 a 110 dólares mensais. Era previsível que tal sucedesse; não era
mo de 5,8Kg e a restante zona asiática tem igualmente consumos mais baixos que a China, apresentando como tal um potencial de crescimento elevado. Com esta perspetiva, e no sentido de continuar a crescer, o têxtil e vestuário europeu tem de aumentar as vendas nesta zona do globo. Dentro das nossas vantagens competitivas, salienta-se a vontade de grande parte destes consumidores quererem comprar artigos europeus, quer pelo design quer pela qualidade do “made in Europa”. Este valor intangível do feito na europa é algo que, como europeus, devemos promover junto dos consumidores a nível mundial, para nos diferenciar e aumentar a apetência pelo orgulho de qualquer cidadão em possuir um artigo têxtil que foi produzido na Europa. Aqui, mais uma vez, o poder político tem um papel importante no apoio às empresas que promovem a criação e o fabrico na Europa como forma de criar riqueza neste continente.
previsível que sucedesse tão depressa. Outra das macrotendências tem que ver com a previsível estagnação da produção e consumo de algodão, de maneira global, compensadas pelo crescimento das fibras artificiais, como a viscose e, sobretudo, o poliéster. Todos os gráficos coincidem com o disparar do poliéster nos próximos vinte anos, a única matéria-prima – com produção concentrada na China - que poderá corresponder ao crescimento do consumo no mundo. Em menos de vinte anos, um chinês consumirá mais quilos de têxtil e vestuário por ano que um americano e um europeu, o que produzirá um novo paradigma de oferta e procura, relativamente ao qual continua a persistir uma relativa ignorância – ou negação - dos “stakeholders” da indústria e menos ainda pensamento estratégico para o enfrentar. E se a sustentabilidade domina o léxico da têxtil, levando mesmo a algumas iniciativas que pretendem combater a “audit fatigue” (fadiga das auditorias das marcas), que mais não fazem do que assegurar hipocritamente a sua desresponsabilização, a digitalização da indústria saltou para o topo das preocupações das empresas, pois está-se a entrar num terreno nunca percorrido, que oferece
grandes oportunidades, mas igualmente, na mesma proporção, riscos, muitos dos quais poderão ser fatais para as empresas, mesmo aquelas que sobrevivem há diversas gerações. Por esta razão e porque era fundamental voltar a trazer o Congresso ITMF para a Europa, em especial para Portugal, hoje visto como um “case study” internacional de uma indústria que conseguiu encontrar novos “drives” de desenvolvimento para ressurgir, a ATP candidatou-se com sucesso à organização da Convenção em 2019, que terá lugar no Porto de 20 a 22 de Outubro. Trata-se da terceira vez que o Congresso ITMF é realizado pela Associação ( em 1969 e 1993 designava-se ANITAF ), tendo igualmente a ATP sido escolhida para organizar, num curto espaço de sete anos, os três grandes congressos que marcam o setor à escala planetária, como foram o da IAF (2012), da Euratex (2017) e será o da ITMF no ano que vem, como corolário de um intenso trabalho para recolocar a ITV portuguesa no “mapa” do têxtil e vestuário global, desta vez posicionada superiormente, não pela dimensão, mas pela inovação tecnológica, pelo design e pelo serviço. Um evento que será “world class” e no qual o sector em Portugal deverá participar ativamente. Nisso confiamos.
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Braz Costa Diretor-geral do CITEVE
E SE ESCREVÊSSEMOS UMAS COISAS SOBRE SUSTENTABILIDADE? Já não haverá cético que considere que a entrada da ‘sustentabilidade’ para o dia a dia dos negócios têxtil-vestuário-moda seja uma moda passageira. A questão que se coloca hoje à ITV portuguesa é: como trabalhar o conceito e as inerentes opções e práticas. Nas últimas semanas, fizemos um trabalho de atualização sobre as estratégias (publicadas) de atores muito relevantes do negócio da moda ao nível global. Desde marcas de luxo, das mais conhecidas e influentes, que criaram grupos executivos ao mais alto nível dedicados à identificação de boas práticas de sustentabilidade, a gigantes do Fast Fashion que se juntaram a Stella McCartney na iniciativa ‘Make Fashion Circular’, adotando os seus princípios e compromissos. E o que verificámos é que existem traços comuns. Por um lado, a proatividade de fazer saber as suas estratégias para a sustentabilidade, numa atitude de (re)valorização das respetivas marcas, colocando as griffes de sustentabilidade ao nível das griffes de design e exclusividade (veja-se por exemplo http://equilibrium.gucci.com). Por outro, a abordagem omni, não apenas focada na sustentabilidade de matérias primas e processos de produção/ distribuição/abate dos seus produtos ou na rastreabilidade integral, mas igualmente em questões aparentemente colaterais como as condições de vida e desenvolvimento dos trabalhadores envolvidos ou mesmo a plantação de árvores (exemplo: participação em plataformas como www. treedom.net ) No entanto, todas se tentam diferenciar nesta matéria, numa autêntica disputa de criatividades através de iniciativas mediáticas, publicitárias mesmo. Verifica-se de novo a máxima que diz que não basta sê-lo. A sustentabilidade passou definitivamente para o domínio dos argumentos de venda e diferenciação positiva. Ainda assim, o que me chama à atenção é a tendência de formalização e publicação (que resulta em compromissos) das estratégias para a sustentabilidade das marcas. Significa que pensaram no assunto, que traçaram caminhos a seguir nesta matéria, no mínimo para a próxima década. E veio-me à cabeça que não seria má ideia que cada empresa da ITV portuguesa escrevesse, pelo menos para si, num papel, pequeno ou grande, o que se vê a fazer nesta área nos próximos anos. t
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Rui A. L. Miguel Presidente do Departamento de Ciência e Tecnologia Têxteis da UBI e Diretor do Curso de Doutoramento em Design de Moda
DOUTORES EM DESIGN DE MODA PARA A ITV No passado mês de julho realizou-se na UBI o primeiro Doutoramento em Design de Moda em Portugal. Este curso de formação avançada resultou de uma iniciativa em associação entre a Universidade da Beira Interior e a Universidade do Minho, que concentram no país o conhecimento de formação universitária nas áreas da moda e das tecnologias têxteis e vestuário. A sua primeira edição decorreu no ano letivo 2014/2015 e começou agora a dar frutos. A importância do Doutoramento em Design de Moda para os Departamentos de Ciência e Tecnologia Têxteis (UBI) e de Engenharia Têxtil (UM), e respetivas Unidades de I&D, é enorme pois valida e consolida as competências científicas e pedagógicas dos departamentos na área do design de moda. Este Doutoramento permite, assim, aprofundar a investigação científica em design de moda, dando sequência ao que se tem vindo a fazer nos mestrados, pelo que as atividades dos departamentos, nesta área, vão desde o ensino do “saber pensar e saber fazer” até ao patamar da investigação científica. Este nível de formação, visto do lado do exercício da profissão, tem uma importância acrescida, pois permite a melhoria do desempenho profissional dos designers de moda, com implicações diretas nos resultados das empresas e, portanto, na economia em geral, o que está relacionado com o entendimento crescente da contribuição da qualidade do projeto de design para o sucesso do negócio de moda. Qualquer que seja este negócio: por conta de outrem ou por conta própria. Neste sentido, potencia-se a criação do próprio negócio pelos designers de moda, quer seja através de marca própria, quer seja em prestação de serviços a empresas, o que conduzirá certamente a uma evolução positiva da qualidade do design de moda e a uma sustentabilidade do respetivo negócio, numa área tão competitiva. Em conformidade, embora o ensino superior na área do design de moda esteja carente de docentes com este grau de especialização, só faz sentido a formação de doutores em design de moda se estes forem absorvidos pelo tecido económico, nomeadamente pelas empresas da ITV. Pretende-se que designers altamente habilitados possam contribuir para a gestão das empresas considerando o design. O desafio para as empresas e para as universidades é serem capazes de atribuir aos doutores em design de moda outras responsabilidades para além da elaboração das coleções de moda sazonais. É serem considerados para a assessoria das administrações para a definição estratégica dos planos de design das empresas, envolvendo os produtos, mas também toda a rede associada de interligações paralelas, a montante e a jusante. O crescimento do setor da moda em Portugal, envolvendo as indústrias e as empresas comerciais, nomeadamente nas exportações de maior valor acrescentado, tem de ser sustentado por uma gestão que considere recursos humanos altamente habilitados. Compete aos principais players dinamizar a ligação universidade-empresa para que o trabalho conjunto possa contribuir para se atingir esse nível de excelência de formação superior. t
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U ACABAMENTOS Por: Katty Xiomara
È a mais avançada tecnologia têxtil aplicada à energia verde do Presidente da República. A nossa Katty preparou uma indumentária mesmo muito especial para que, depois dos banhos de natureza pelas praias fluviais, o Professor Marcelo se apresentasse condignamente na abertura do Green Circle, no Modtissimo. Luminescente e biodegradável!
Presidente Marcelo veste o espírito Green Circle Com o espaço Green Circle, o Modtissimo alerta para a necessidade da sustentabilidade, da aplicação de uma economia circular e de uma maior preocupação com o ambiente. E quem melhor do que o Professor Marcelo para inaugurar este novo espaço? Ele, que aproveitou as férias para andar em corridinho pelo Green Circle de Portugal, deleitando-se com a natureza e os banhos nas praias fluviais. Pensamos assim que a melhor forma de o nosso PR entrar de novo ao serviço seria recarregar baterias num ambiente mais urbano, industrial e até comercial, mas claro, sem esquecer a sua aprendizagem de verão. Para este efeito, a nossa ITV uniu esforços e, com a colaboração de várias empresas do setor, criou um guarda-roupa genial à altura das capacidades físicas e intelectuais do presidente. Assim sendo preparem-se para ver um Marcelo luzindo e usufruindo da mais avançada biotecnologia. O primeiro look é composto por uma peça extraordinariamente inovadora, com uma volumetria impactante que contrasta com a leveza da sua transparência. Uma peça 3D feita de pequenas partículas de bioplástico entrelaçadas e meticulosamente conjugadas para não condicionar o conforto e mobilidade do PR. Por baixo uma singlet e umas leggins de descanso de espessura mínima e compressão máxima, com uns sapatos sem atacadores de ajuste intuitivo e plataformas feitas de compostos termoplásticos biodegradáveis. O segundo fato é um macacão produzido com a fantástica fibra de kombucha, chá, café e leite, que adquire um tom natural e transparente, e deixa assomar umas meias de fibra luminescente e uma peça interior de extremo conforto. Para fechar o look, um chapéu do mesmo material com micro perfurado e claro, as sapatilhas intuitivas. Esperamos que esta seja a verdadeira visão futurista da ITV nacional e que o Presidente Marcelo assine por baixo. t
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O AS MINHAS CANTINAS Por: Manuel Serrão
Azeite & Alho R. Costa Gomes 353 4700-262 Real, Braga
UM REAL PERNIL Fui reencontrar o meu amigo Chef Ivo Loureiro reduzido a metade... num restaurante que é o dobro do anterior. De novo com a chancela do Azeite&Alho, a mudança dos ares marítimos da Apúlia para os ares interiores de Braga trouxe muitas novidades - mas a classe e o bom gosto de sempre. Nas novas instalações, o Chefe Ivo pode agora acomodar mais gente e disponibilizar-se até para receber grupos de comensais que precisem ou prefiram mais privacidade. Nesta viagem entre Apúlia e Real, freguesia de Braga, viajaram com ele muitas das delícias com que me encantava antes, como o pão acabado de fazer, o folhado de queijo, os enchidos caseiros, as empadas de caça, o arroz de fumeiro e o arroz de peixe, com que já sonhei várias vezes, por incrível que possa parecer. Mas quando mudamos alguma coisa de estrutural na nossa vida, como
acontece a um restaurante que muda de local e até de cidade, não é preciso (nem aconselhável) que mude tudo, mas alguma coisa tem mesmo de mudar. Sob pena de nem as pessoas que gostam que tudo mude para que tudo fique na mesma, gostem. Nesta nova encarnação do Azeite & Alho em Real/Braga, a nova atração dá pelo nome de pernil assado, pernil real chamo-lhe eu agora por ser em Real, mas também porque é realmente fabuloso, emergindo de um arroz de sarrabulho desconstruído, na melhor linha dos afamados arrozes cremosos do chef Ivo Loureiro. Confesso que vou a Braga menos vezes do que este Azeite&Alho merece e por isso prometi ao Ivo que vou rever as minhas prioridades geográficas sempre que o pernil irromper no meio dos meus sonhos, lado a lado com o arroz de peixe, que já desfila nos meus sonhos armado em Sara Sampaio gourmet. t
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c Por: Cláudia Azevedo Lopes
MALMEQUER Cristina Flores, diretora-geral da Iora Lingerie, tem 41 anos, nasceu e vive em Braga, onde estudou gestão de empresas na Universidade do Minho. Casada, mãe de duas filhas – a Maria, 9 anos, e Cristina, 5 anos – adora viajar e passar tempo com a família, que inclui o Pinho, o seu cão. A moda é a sua outra paixão: “Adoro moda, ir às lojas e ver coisas novas. Tenho o vício de tocar e mexer em tudo, não compro nada sem sentir o toque dos tecidos”.
SOUVENIR
QUE BELO PAR
Gosta
Não gosta
Da família, acima de tudo Viajar Ser simpática Roupa de marca Ir à praia Mimos Sentir que não tenho nada para fazer Férias Ir a lojas e mexer em tudo Honestidade Humildade Ser vaidosa Levar as filhas à escola Jantar á sexta-feira só com o marido Almoçar todos os dias em casa dos pais Um bom banho quente Cor-de-rosa Telemóvel Zapping de manhã e instagram à noite Estar em casa a olhar para a lareira nos dias de chuva e frio Paris Nova Iorque Comida Tradicional Restaurantes onde se come bem Ouvir música Chocolate Maçãs Um bom copo de vinho verde fresco Água fresquinha Naturalidade Conduzir Calçado raso Natal Ver revistas de moda Dormir a sesta Pele hidratada Flores Pessoas educadas Lealdade Café após o almoço Cinema Aprender coisas novas Ir às feiras internacionais ver novas tendências
Preguiçosos Intrigas Hipocrisia Antipatia Cobras Ter frio Discussões Má educação Lampreia Fala-baratos Narizes empinados Piercings Cheiro a suor Tirar a loiça da máquina Reality-shows Acordar com o despertador com volume alto De alturas Nortada Voos atrasados Comida picante Fast food Ginger ale Shots e licores Fazer fretes Trânsito De pessoas que falam sem saber Passar a ferro Hospitais Frustração Comida fria Burocracias Quando o computador encrava Injustiças Deitar-me tarde Televisão alta Má confeção Maquilhagem em excesso Mau humor Violência Perfumes Pessoas egoístas Cabelos e unhas sujos Falta de respeito pelos outros Arrogância Tatuagens Barulho Etiquetas na roupa De quem não luta pelos objetivos Informática
O actor de Voando Sobre um Ninho de Cucos e de The Shining dizia: “Com os óculos escuros sou o Jack Nicholson. Sem eles sou apenas um velho gordo”. De facto, não há acessório que dê mais identidade e estilo do que esse par. Até porque não há outro acessório que esconda o mais importante e imutável: o olhar. Os óculos são, assim, nesse jogo do “vejo-te sem ser visto” uma armadura mas também um segundo espelho da alma. Talvez por isso, também Patti Smith dizia: “Os meus óculos são como a minha guitarra”. E, oh se sabemos, como é a sua guitarra e do que ela é capaz. Também não sobrevivo sem óculos escuros. Além de uma ligeira fotofobia, esta é a peça que dá pinta instantânea e, ainda por cima, ajuda ao anonimato. Sendo que ainda seguram o cabelo, se necessário. Há sempre um par perfeito para cada visual e ocasião, mas a minha favorita é à noite, quando é evidente que deixam de ser precisos para serem apenas desejados. E é aí que mais representam o paradoxo - permitem que ninguém nos veja enquanto damos nas vistas. Em caso de emergência, podem-se deslizar até meio da cana do nariz. Bomba.t Joana Amaral Dias