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DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS
PAULO RIBEIRO Diretor comercial da Crialme
“COM A NOVA PLATAFORMA WEB SÃO OS CLIENTES QUE FAZEM O BACK OFFICE” FOTO: RUI APOLINÁRIO
P 20 A 22
CONCURSO
TÊXTEIS TÉCNICOS EM DESTAQUE NO FASHION FILM FESTIVAL P 28
PERGUNTA DO MÊS
EMERGENTE
A ENERGIA É O PIOR DOS CUSTOS DE CONTEXTO?
CARLA LOBO, A GESTORA DO TEMPO QUE TEM SEMPRE UM PLANO B
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P 33
DOIS CAFÉS E A CONTA
INOVAÇÃO
CARLA COSTA ADORA SER COSTUREIRA E AGORA ATÉ LHE PAGAM MELHOR
GREEN CIRCLE MOSTRA A EXTRAORDINÁRIA CAPACIDADE DA ITV PORTUGUESA
PORTUGAL FASHION LEVOU DESFILES ATÉ ÀS NAVES DA CÃES DE PEDRA
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MODA
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quality impact arquitetura e soluções de espaços
Rua do Cruzeiro, 170 R/C | 4620-404 Nespereira - Lousada T. 255 815 384 / 385 | F. 255 815 386 | E. geral@qualityimpact.pt
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CORTE&COSTURA
EDITORIAL
Por: Júlio Magalhães
Por: Manuel Serrão
Mónica Neto 33 anos Porta-voz do Portugal Fashion, no final do curso de Ciências da Comunicação teve que antecipar o estágio curricular na ANJE para dar apoio no Portugal Fashion 2007, um caminho até hoje sem retorno. Work hard, enjoy hard é uma espécie de lema de vida, mas confessa que a proporção está a ficar muito desequilibrada com cada vez mais trabalho e menos diversão.
LIÇÃO DE HUMILDADE
Quais são as principais dificuldades de ser a nova porta voz de um projecto com o historial do Portugal Fashion? Confesso que não consigo encarar esta novidade do ponto de vista das dificuldades, mas apenas numa ótica de desafio, com responsabilidade acrescida. Há um capital de confiança por parte de toda a equipa e um sentimento de forte motivação em torno da estratégia que estamos a desenhar. O desfile das marcas do Grupo Cães de Pedra na última edição foi uma aposta num local inédito. Qual é o balanço? Muito positivo. O Portugal Fashion conseguiu algo inédito: promover dois desfiles, com a garantia de qualidade e profissionalismo da fashion week, no coração do Grupo Têxtil Cães de Pedra. As instalações são fantásticas, a reação do público foi muito boa e o Portugal Fashion somou pontos na promoção da indústria, do made in Portugal e da capacidade de afirmação de marcas nacionais. Habituada a acompanhar os nossos criadores nas fashion weeks de todo o mundo, qual é a perceção que tem do reconhecimento internacional da moda made in Portugal? É uma perceção de valor acrescentado desde o design à confeção. A imagem do país produtor já não prevalece e o made in Portugal é hoje sinónimo de criatividade e diferenciação. É uma imagem de um país de lifestyle, moderno e rico na dicotomia entre inovação e tradição.
Nas ultimas edições, vários emergentes - Inês Torcato, Nicole ou David Catalan - deixaram o Bloom para se apresentarem na passerelle principal. São apostas ganhas? Sem dúvida. Diria que o primeiro case study foi o Hugo Costa, que nasceu no Bloom, ascendeu à passerelle principal do Portugal Fashion e acabou por conquistar a Federação Francesa e um lugar no calendário oficial da semana de moda masculina de Paris. A partir daí, o Bloom comprovou o seu papel de incubadora de talentos. Sophia Kah e os Marques d’Almeida foram duas grandes novidades na última edição. O Portugal Fashion quer aproveitar também os nomes que despontam no estrangeiro? O Portugal Fashion acredita que o seu apoio pode ajudar a crescer os negócios que nasceram globais, mas que são, na essência, empresas nacionais, 100% made in Portugal. São também bons exemplos de como a fileira moda portuguesa consegue conciliar design e estética com produção de qualidade, capacidade comercial e gestão de marketing.
Ao longo destas 37 edições do T, muitas têm sido as oportunidades para aprender muitas coisas, não só sobre a nossa ITV, mas também sobre o ser humano. Por ter acompanhado in loco muitos dos trabalhos aqui publicados, conheço hoje muito melhor o tecido humano de que é feita a nossa indústria - e sou também um homem mais rico por ter partilhado experiências de vida profissional que nunca mais esquecerei. Foi o que aconteceu com a entrevista que faz a capa deste T. A cara que os leitores enfrentam é a do diretor comercial da Crialme, Paulo Ribeiro, o homem que há 20 anos assume as principais responsabilidades na empresa e responde em primeira linha pelo seu desempenho e sucesso. Num momento em que tem uma oportunidade para comunicar essa posição e estatuto, Paulo Ribeiro fez absoluta questão de endereçar o maior mérito do sucesso da Crialme aos sócios, António Alves e Fernando Meireles, e ainda repescou os ex-sócios Sérgio Crivelli e António Meireles, que já nem sequer fazem parte da sociedade. Para além desta atitude no discurso direto, quis que ficasse bem claro que o principal ativo da empresa são os seus trabalhadores, que são quem realmente faz a diferença - mais que as novas tecnologias. Nunca é tarde para receber lições de humildade e mesmo achando que não estou propriamente a precisar, não quis deixar de a partilhar com os nossos queridos leitores, que são quem obviamente têm também o principal mérito do sucesso crescente dos nossos T Jornal, T Digital e agora também T International.
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- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Paulo Vaz Diretor: Manuel Serrão Morada Sede e Editor: Rua Fernando Mesquita, 2785, Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Cláudia Azevedo Lopes Telefone: 969 658 043 - mail:
Como define o apoio dos fundos comunitários no apoio à promoção internacional da moda e do têxtil nacionais? O contributo do Compete 2020 é fundamental para dar ao projeto a capacidade financeira para cumprir a missão de criação de valor para a fileira da moda. Uma maior disponibilidade financeira permite-nos apoiar mais substantivamente a internacionalização de criadores e marcas. t
cl.tdetextil@gmail.com Registo provisório ERC: 126725 Tiragem: 4000 exemplares Impressor: Grafedisport Morada: Estrada Consiglieri Pedroso, 90 - Casal Santa Leopoldina - 2730-053 Barcarena Número Depósito Legal: 429284/17 Estatuto Editorial: disponível em: http://www.jornal-t.pt/estatuto-editorial/
PROMOTOR
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n PERGUNTA DO MÊS Texto de António Freitas de Sousa
A ENERGIA É O PIOR DOS CUSTOS DE CONTEXTO? Uma parte não negligenciável daquilo que o economista Miguel Cadilhe celebrizou como ‘custos de contexto’ continua a impedir o desenvolvimento saudável da Indústria Têxtil e de Vestuário. O preço da energia em geral, e da eletricidade de forma mais vincada, está no topo dos custos e afeta de forma muito penalizadora a sua competitividade. Falta uma política e uma estratégia energética de médio longo prazo - todos o sabem e ninguém parece acreditar que venha a ser diferente num futuro próximo.
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“Falta uma política e uma estratégia energética de médio-longo prazo para o país e para a indústria”
“A eletricidade foi sempre sobrecarregada com uma série de taxas e taxinhas que fazem com que se procurem soluções alternativas”
PAULO MELO ADMINISTRADOR DO GRUPO SOMELOS
MÁRIO JORGE MACHADO CEO DA ADALBERTO ESTAMPADOS
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uma altura em que o setor da eletricidade está no centro das atenções dos portugueses – e pelas mais variadas razões – importa saber se o custo que lhe está associado continua ou não a ser um dos mais penalizadores da envolvente. Das respostas recolhidas pelo T Jornal junto de um painel de empresários e gestores, fica claro que os custos da eletricidade não só foram e continuam a ser penalizadores para a ITV, como ninguém parece acreditar que não continue a ser assim no futuro. Esta evidência resulta desde logo do facto de algumas indústrias da ITV nacional terem reconvertido a sua produção para a utilização de energias alternativas – bem antes da aposta nas renováveis – consubstanciada na utilização
de gás natural. “Na Adalberto gastamos três vezes mais em energia térmica que na elétrica: 40 mil euros para 120 mil em gás natural”, referiu Mário Jorge Machado, CEO do grupo, recordando que os segmentos da tinturaria e acabamentos finalizaram a reconversão “há muitos anos, dado que a energia elétrica é muito mais cara. A eletricidade foi sempre sobrecarregada com uma série de taxas e taxinhas que fazem com que se procurem soluções alternativas”. Para Mário Jorge Machado, este facto tem implicações diretas na competitividade das empresas – principalmente das que ainda não conseguiram sair do ‘espartilho’ da eletricidade: “o custo da energia torna a indústria menos competitiva. Todas as medidas que impedem que o mercado da energia seja mais aberto à concorrência criam condições para que os preços sejam menos
competitivos. Quem paga isso é a indústria – principalmente a exportadora”, afirma. Para João Peres Guimarães, representante da ATP na Euratex, não restam dúvidas sobre o que se passa: “o peso da eletricidade reflete, sem haver razões para isso – e devíamos lutar contra esse facto – o preço do brent, que também influencia o preço do gás. Em Portugal, entre 50% a 67% (dependendo dos anos) da eletricidade é produzida por renováveis, pelo que não faz sentido que o preço incorpore uma influência do petróleo. Se isso acontece só pode ser por haver um cartel. Há efetivamente uma cartelização dos preços”, assume. O ‘cantinho’ constituído pela Península Ibérica é propício: “acontece também em Espanha – a Península Ibérica está isolada em relação ao resto da europa. Os preços no mercado livre, que são fixados de 15 em 15 minutos, são
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“Reduzir custos com a energia através do défice tarifário não é solução”
“Vejo há muitos anos este tema como um exemplo de política pura. Temos de exigir que nos reduzam a fatura”
“Ao consumo propriamente dito acrescem outros encargos, que podem representar mais de metade da fatura paga pelas empresas”
“Não faz sentido que o preço incorpore uma influência do petróleo. Há efetivamente uma cartelização dos preços”
MANUEL GONÇALVES ADMINISTRADOR DA TMG
JOSÉ ALEXANDRE OLIVEIRA PRESIDENTE DO CA DA RIOPLE
PAULO NUNES DE ALMEIDA PRESIDENTE DA AEP
JOÃO PERES GUIMARÃES MEMBRO DO CONSELHO CONSULTIVO DA ATP
praticamente sempre iguais, o que significa que há uma cartelização. E se há cartelização, é o Estado que deve tomar medidas para acabar com essa situação inadmissível”. Felizmente há um novo e notoriamente aguerrido secretário de Estado da Energia, João Galamba. Ou talvez não: “não tenho esperança nenhuma em que o novo secretário de Estado venha mudar alguma coisa. O governo acaba por ter na mão o regulador, e coloca na Secretária de Estado alguém que vai ser ‘comido de cebolada’”, refe-
re João Peres Guimarães. Paulo Melo, administrador do grupo Somelos, recorda que “as taxas representam 38% do valor da fatura na energia elétrica e 18% no que se refere à fatura do gás. Falta uma política e uma estratégia energética de medio longo prazo para o país e para a industria”, que deve necessariamente passar pela “estabilidade de preços”. O quadro é negro: “o Mibel não funciona, é opaco, traduz o mercado ibérico mas não traduz o que se passa a nível de preços na Europa. Não se entende tam-
bém a questão de termos um IVA tão alto, sabemos que não é um custo, mas afeta as tesourarias das empresas”. O empresário, presidente da ATP, recorda ainda que “tudo isto afeta a competitividade das empresas industriais, grandes consumidores de energia”, mas adianta que “Portugal agora sabe o que tem que fazer, temos estudos realizados, mas somos muito lentos a agir. Esperamos que quando agir não seja tarde demais. O sector industrial do país, na qual se insere o sec-
tor têxtil, tem demostrado ao longo dos últimos anos uma vitalidade muito positiva, mas atenção que não aguenta com todos este acréscimo de custos, com que todos os anos somos sobrecarregados”. Para Manuel Gonçalves, administrador da TMG, “se existem países na Europa que conseguem um custo [na eletricidade] inferior, presumo que se deve a uma maior eficiência do seu sistema de produção e transporte de energia. Reconheço que Portugal foi um dos países que mais inves-
tiu nas energias renováveis, no entanto deveria tê-lo feito de uma forma mais eficiente”. A envolvente é pouco animadora: “os concursos eram lançados com tarifas fixas e os projetos eram ganhos por quem oferecesse um valor mais alto no licenciamento, ora isto não passava de uma manobra para financiar o Estado por conta dos consumidores de energia”, refere. E aponta uma solução: “reduzir custos com a energia através do défice tarifário não é solução, mas
por exemplo, criar condições para a compra dos parques de produção de energia renovável através de um fundo que é posteriormente adquirido pelos consumidores (individuais e industriais) pode ser muito interessante e contribuir para que, à medida que a energia renovável se torne mais eficiente, o retorno reverta a favor dos consumidores, para não falar do estímulo à poupança”. José Alexandre Oliveira, presidente do Conselho de Administração da Riopele, também descobre no setor influências perversas: “vejo há muitos anos este tema como um exemplo de política pura. Temos de exigir, como empresa, que nos reduzam a fatura, pois somos nós que apanhamos com as ‘turbulências’ do mercado elétrico”. E avança também uma solução: “a medida mais adequada para aliviar o aumento dos custos para a indústria seria baixar os impostos sobre a energia, que representaria uma descida imediata e benéfica, enquanto não se define uma reforma mais global. A energia é, em suma, um custo de contexto fundamental que enfrentamos e que condiciona a nossa competitividade no mercado global”. Este condicionamento está claramente identificado, como diz Paulo Nunes de Almeida, presidente da Associação Empresarial de Portugal: “ao consumo propriamente dito (incluindo a potência) acrescem outros encargos relativos à ‘Tarifa de Acesso’, aos ‘CIEG – Custos de Interesse Económico Geral’ e às taxas, impostos e contribuições, que conjuntamente podem representar mais de metade da fatura paga pelas empresas. Convenhamos, por mais eficientes que as empresas possam ser do ponto de vista do consumo da energia elétrica, será muito difícil ‘combater’ uma parcela que é exógena à sua atividade”. t
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DOIS CAFÉS & A CONTA Hippopotamus
Parque de Exposições de Villepinte Paris
Pratos: Salada Caeser (com tomate cereja, frango e parmesão), chateaubriand com batatas fritas e molho de mostarda Bebidas: Dois copos de cerveja 1664 e dois cafés
Carla Costa
Tinha seis anos quando, de repente, ficou órfã de pai, presumivelmente vítima de doença contraída na guerra, em África. Foi criada em Ribeirão por uma ama que era costureira e que apesar de ter oito filhos, ainda arranjou tempo para tomar conta dela e de Sandra, a sua irmã mais nova. Mudou-se para Guimarães, onde a mãe recompôs a vida após três anos de viuvez, e deu por terminados os estudos escolares no 6º ano. “Tinha de ir trabalhar”, explica. Debutou com 14 anos, numa empresa de malhas, a Triamitex, onde aproveitava a hora do almoço para aperfeiçoar a arte da costura. Aos 15 anos conheceu o marido, Ricardo, no autocarro (ela ia trabalhar e ele estudar, para a Escola Industrial) e nunca mais se largaram. “Cada vez gosto mais dele”, confessa Carla, mãe de três filhos: João, 21 anos, que anda no 4º ano de Engenharia Electrotécnica na FEUP, Pedro, 20 anos, que está no 2º ano de Medicina (Porto) e Carolina, 11 anos, que estuda num colégio em Vizela.
UMA COSTUREIRA IRREQUIETA
FOTO: RUI APOLINÁRIO
44 ANOS COSTUREIRA
Além de ter a virtude de fazer-nos saber o que Carla sabe fazer muito bem (alta costura), o Cosido à Mão teve o mérito de ser o gatilho para um segundo fôlego na carreira da vencedora do concurso da RTP, que abriu um atelier em Guimarães e se prepara para lançar, na primavera, uma coleção de criança que levará o seu nome na etiqueta. “Nunca estou satisfeita. Quero sempre mais. Independentemente do que fazemos, temos de o saber fazer muito bem, para sermos diferentes e melhores que os outros”, declara esta costureira irrequieta, que almoçou connosco em Paris, na Première Vision, onde estava a usufruir do prémio do T para a vencedora do concurso. “Ando a tentar fugir da carne”, diz Carla, explicando a opção por uma salada num restaurante de bifes - e acrescentando estar deslumbrada com os tecidos que vira durante a manhã. “Ganhar o Cosido à Mão abriu-me portas para comprar materiais espetaculares, que antes não conseguia arranjar. E além de ter mais trabalho, o principal é que agora me pagam melhor”, conta Carla, que assim
dá razão à irmã Rosa Maria, que é debuxadora e a empurrou para o concurso. “Telefonou-me a dizer que me ia inscrever, que eu tinha de ir ao concurso, que era burra porque não me valorizava e trabalhava de graça”, recorda. Não trabalhava de borla, mas quase. Após três anos de aprendizagem na Triamitex, Carla juntou-se a uma colega da confeção, compraram umas máquinas e começaram a trabalhar em casa, por conta própria. “Havia muito trabalho a feitio”, diz. Aos 21 anos casou-se com Ricardo, o primeiro e único namorado, um eletricista tão dragão como ela (passaram a lua de mel em Génova, para verem o Porto disputar com a Sampdoria os quartos de final da Taça das Taças), que no entretanto se estabeleceu com uma empresa de material elétrico. E quando começaram a aparecer os filhos, não deixou de trabalhar, mas a mãe tinha sempre prioridade sobre a costureira. À medida que os filhos cresciam, sobrava cada vez mais tempo para a costureira que se entretinha a fazer arranjos para lojas
de marca, “não de graça, mas a preço de saldo”, pelo prazer de poder virar do avesso os vestidos e os casacos - e assim aprender as técnicas usadas pelas marcas famosas. “Eu estava a voltar a ter tempo quando apareceu o programa”, explica. Pressionada pela irmã, falou ao marido, que lhe deu luz verde (“Para mim tudo quanto tu fizeres está bem feito”). Foi a primeira vez que passou um mês fora da família. “Acabou por ser bom. Eles estavam muito agarrados a mim. Aprenderam a viver sozinhos. A desenrascarem-se”. Mas foi duro. “A mim custou-me muito. Levantava-me às 4h30 e trabalhava até à noite. Sábado vinha a casa mas voltava logo no domingo”. Mas, como se provou, ela tinha capacidade e energia para isso e muito mais. Agora, pensa nas linhas com que vai coser o seu futuro. Confessa que não tem qualquer mal entendido com a vida. “Adoro ser costureira”. E não consegue perceber a mentalidade das miúdas novas que preferem estar numa loja a aturar toda a gente, a ganhar o salário mínimo e a trabalhar aos fins de semana, a aprender uma arte tão bonita como a dela. t
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sensational exceptional original de 8 a 12. 2. 2019 A extraordinária variedade do mercado internacional dos bens de consumo. Um olhar sobre o sector Living, com os estilos e os designs mais espectaculares para mobilar a casa e decorá-la. Esta é a feira que transporta o seu negócio para o futuro. Informações e bilhetes: ambiente.messefrankfurt.com Tel. 21 793 91 40 info@portugal.messefrankfurt.com
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1. O MODTISSIMO ATRAI CADA VEZ MAIS COMPRADORES ESTRANGEIROS. NESTA 52ª EDIÇÃO FORAM MAIS DE 500, ORIUNDOS DE MERCADOS TÃO DISTANTES COMO O JAPÃO, A COLÔMBIA OU OS EUA
FOTOSINTESE
PROVA VIVA DA SAÚDE DA ITV “A Indústria têxtil é uma indústria com futuro”, garantiu Caldeira Cabral durante a sua visita, enquanto ministro da Economia, à edição 52 do Modtissimo, que se realizou a 26 e 27 de setembro na Alfândega do Porto. “Esta feira é a prova viva da saúde da ITV e a demonstração que o setor encontrou uma vida nova na inovação”, acrescentou o agora ex-ministro. Com um aumento de 30% dos compradores estrangeiros, o mais antigo salão têxtil da Península Ibérica ultrapassou as expectativas que já eram enormes. “Foi um estimulo para voos ainda mais altos”, conclui o organizador Manuel Serrão.
5. PAULO GOMES, CURADOR DO SHOW CASE GREEN CIRCLE - UMA ESTREIA QUE VEIO PARA FICAR
6. O GREEN CIRCLE MOSTROU AO MUNDO QUE ESTAMOS NA LINHA DA FRENTE DA ECONOMIA CIRCULAR NO CAMPO DA MODA
10. O MINISTRO DA ECONOMIA FOI O PORTADOR DO PRÉMIO INTERNACIONALIZAÇÃO DO IAPMEI QUE DISTINGUE A CAMPANHA FASHION FROM PORTUGAL DA ATP, EM PARCERIA COM A CÂMARA DE FAMALICÃO
11. PROGRAMA DE CONFERÊNCIAS E SEMINÁRIOS ESTEVE MUITO CONCORRIDO, COMO É COSTUME
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4. O ESPAÇO ITECHSTYLE, BY CITEVE, É O QUADRO DE HONRA DO QUE DE MELHOR FAZ A NOSSA ITV NO CAPÍTULO DA INOVAÇÃO
2. O LOOK DAS HÔTESSES ERA IRRESISTÍVEL: LENÇO DE PADRÃO LEOPARDO NA CABEÇA, T-SHIRT MODTISSIMO, CAMISA AO XADREZ ENROLADA À CINTURA, BOTAS BY CATARINA MARTINS
3. FERNANDO MERINO (ERT) ANALISOU, COM ATENÇÃO E DEMORA, OS TECIDOS, PRODUTOS E ACESSÓRIOS CANDIDATOS AOS ITECHSTYLE AWARDS
9. “O MODTISSIMO É UMA BASE RECONHECIDA INTERNACIONALMENTE COMO ESTANDO AO NÍVEL DAS MELHORES DO MUNDO”, AFIRMOU CALDEIRA CABRAL
7. O FÓRUM DE TECIDOS É UM PONTO DE PARAGEM OBRIGATÓRIA
8. OS COMPRADORES ESTRANGEIROS ENCONTRARAM NA ALFÂNDEGA UM CONJUNTO DIVERSIFICADO DE EXPOSITORES QUE EXIBIRAM A QUALIDADE DA PRODUÇÃO NACIONAL
12. A ALUNA DA ESAD TATIANA RIBEIRO VENCEU O CONCURSO UPCYCLING BY TAP QUE PROMOVE A REUTILIZAÇÃO DE MATERIAIS PARA A CONFEÇÃO DE VESTUÁRIO
13. O PASSEIO DOS CLÉRIGOS É O EPICENTRO DA NIGHT OUT, A NOITE MAIS TRENDY DO PORTO, POTENCIADA PELO ESPUMANTE M&M
14. O INCESSANTE AMBIENTE DE TRABALHO NOS STANDS PERMITE ANTEVER NOVO SUCESSO NO MODTISSIMO 53 , QUE JÁ TEM DATA (27 E 28 DE FEVEREIRO) E LOCAL (O AEROPORTO SÁ CARNEIRO) MARCADOS
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BERG PATROCINA CAMPEONATO DO MUNDO DE TRAIL A Berg Outdoor, a marca para desporto ao ar livre da Sonae, é a patrocinadora principal do Campeonato do Mundo de Trail Running, que se vai disputar em Portugal, em Miranda do Corvo, no dia 8 de junho de 2019. Este campeonato, que se apresenta como o principal evento mundial de ultramaratonas em montanha vai trazer a Portugal cerca de 1600 atletas, oriundos de mais de 55 países.
‘IT JEANS ME’ É A NOVA ASSINATURA DA SALSA No âmbito da nova campanha da Salsa, que escolheu o tema ‘Where do you fit? ’, a marca especializada em jeans decidiu também alterar a sua assinatura – que passou agora a ser ‘ It Jeans Me ’, através da qual quer transformar os seus produtos num verdadeiro estilo de vida. Além das novidades da estação, a nova campanha é também o ponto de partida para um novo ciclo da Salsa, reforçando o seu posicionamento como marca de jeanswear. ‘Where do You Fit?’” é a questão que a marca coloca, através de uma campanha que desafia cada um a encontrar o que o move e a perseguir os seus sonhos e paixões, sempre confortável na sua própria pele. “Queremos que os nossos clientes sintam que os seus jeans são parte da sua vida, a sua segunda pele; que sintam que as roupas que usam não os definem, mas sim que eles próprios, através das suas experiências de vida, definem o que escolhem usar. Queremos inspirar a comunidade através do nosso jeanswear – autêntico, inovador e inclusivo – e chegar a um público entre os 25 e os 35 anos, que procura a peça especial que o faça sentir
MCDONALD’S DESAFIA JOVENS ESTILISTAS E CRIADORES
BRILHANTE DIAS ELOGIA TÊXTIL COMO EXEMPLO A SEGUIR
A McDonald’s, com a colaboração do CITEVE, está a promover um concurso, destinado a estudantes e jovens designers, para o desenvolvimento de novas fardas a serem usadas pelos colaboradores dos restaurantes da cadeia em Portugal. A cadeia norte-americana espera que os concorrentes apresentem ideias e conceitos originais destinados às diferentes funções de cada loja.
"Se eu quisesse dar um exemplo de uma indústria que representa a combinação necessária entre tradição e modernidade falava da ITV portuguesa”, afirmou em Paris Eurico Brilhante Dias, Secretário de Estado da Internacionalização, na conferência “Portugal: your reliable business partner”, que decorreu no âmbito da escolha do nosso país como Focus Country da Première Vision Manufacturing.
"Vejo no Brexit uma oportunidade. Vamos ver como vão reagir as pessoas. Nós sempre trabalhamos bem com a Inglaterra até antes de Portugal entrar no euro" José Carlos Castanheira CEO da Goucam
C&A COM MODELO SUSTENTÁVEL DE JEANS A C&A lançou um modelo sustentável de calças de ganga, certificado com o nível Gold da Cradle to Cradle, que atesta que todos os materiais utilizados na produção das peças de roupa se inserem num sistema produtivo circular e são totalmente sustentáveis. Com esta nova linha, a C&A torna-se assim na primeira empresa retalhista do mundo a vender jeans sustentáveis.
30 ANOS DE PAULO VAZ NA ITV REUNIDOS NUM LIVRO
realmente confiante”, afirma Rita Calheiros, Brand & Marketing Director da Salsa. A Salsa quer continuar a ser reconhecida como a marca de jeans especializada em fits técnicos que melhor ves-
te no mundo, ao mesmo tempo que mantém a aposta nos mercados prioritários através da abertura de 15 novas lojas e a remodelação das nove já existentes – em Portugal, Espanha e França. t
O agora ex-ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, fez questão de estar no lançamento do livro “Da tradição se fez futuro/30 anos de indústria têxtil portuguesa”, do director geral da ATP, Paulo Vaz, que assim assinalou os seus 30 anos de ligação ao associativismo têxtil. O ato, que teve lugar na Alfândega do Porto, no final do primeiro dia do Modtissimo, incluiu uma tertúlia que juntou Paulo Nunes de Almeida (o primeiro presidente da ATP e atual presidente da AEP), e António Souza Cardoso, o histórico ex-diretor geral da ANJE e agora empresário da HOP.
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A MINHA EMPRESA Por: António Gonçalves
Lurdes Sampaio
R. do Comércio 315, 4760-739 Vilarinho das Cambas Vila Nova de Famalicão
O que faz? Tecidos de malha com forte tendência para a inovação e uma ampla gama e variedade de produtos (materiais/estruturas) Fundação Setembro de 1990 Trabalhadores 15 Principais mercados Alemanha, França e Estados Unidos Clientes importantes Kenzo, Balmain, Massimo Dutti, Filippa K Volume de Negócios 2,5 milhões de euros
PV DISTINGUE TEARFIL COMO SMART CREATION EMBASSADOR A Tearfil foi selecionada pela Première Vision como Smart Creation Ambassador, tendo tido os seus produtos ecologicamente responsáveis expostos em destaque na Smart Library da feira do parque de exposições de Paris Villepinte. “O mundo precisa ir além da moda rápida e descartável. A mudança começa connosco, com decisões simples mas impactantes. A coleção de fios Infini foi concebida para reduzir a poluição de plásticos que contaminam dramaticamente as nossas águas e a vida marinha, dando-lhe a oportunidade de fazer parte da solução ao permitir escolhas de moda mais sustentáveis”, explicou a Tearfil, acrescentando que a Infini é uma marca da Triwool by Tearfil Textile Yaris.
"Estamos bastante dependentes do Magreb e os mercados dos Norte de África são muito ingratos, procuram muito o preço e não são fiéis como outros mercados que temos, como a Alemanha ou a Espanha" Serafim Fernandes CEO da Solinhas
ATP E MODATEX APRESENTAM RESULTADOS DO EDTEX
O segredo está na antecipação Engenheira têxtil de formação, Conceição Sá é hoje o rosto da empresa criada pelos pais. Maria de Lurdes Silva Sampaio, a mãe, foi a grande impulsionadora de tudo. Depois de uma carreira pelo comércio de tecidos, passou para a área das malhas e em 1990 cria a empresa, em nome próprio e em parceria com o marido. “No início era algo muito pequenino, quase uma brincadeira, eram só os meus pais e ambos tinham empregos próprios” relembra a filha, que foi crescendo lado a lado com a empresa. Desde os 16 anos que começou a ajudar no negócio e o mundo dos tecidos acabou por lhe traçar o destino, afastando o primeiro sonho de vir a tornar-se farmacêutica. Passados quase 30 anos, e com a empresária ao leme há mais de 15, a empresa cresceu, abriu-se aos mercados externos e está hoje na vanguarda da inovação e da sustentabilidade. Um percurso gradual, que lhe permite realizar um volume de negócios de 2,5 milhões por ano e vender para clientes de renome internacional, como a Kenzo, a Balmain ou a Massimo Dutti. O segredo do sucesso parece estar na antecipação das grandes tendências internacionais - já há mais de 10 anos que a empresa Lurdes Sampaio via o seu futuro nas fibras ecológicas. “A sustentabilidade foi uma aposta nossa desdeoinício.Jáem2009,quandoparticipámospelaprimeira vez na Première Vision Paris, levamos umas dez ou onze estruturas em algodão orgânico” afirma Conceição Sá. Esse número foi crescendo, e hoje mais de 60%
do catálogo da empresa é composto por malhas construídas a partir de materiais sustentáveis, como o tencel, a seda orgânica, o cupro, a urtiga ou até mesmo o fio de pêlo de Iaque, recentemente introduzido no mercado pela Inovafil, e já aproveitado para a mais recente coleção da Lurdes Sampaio. “O mercado é cada vez mais exigente e é necessário apresentar novidades quase diariamente” reitera Conceição Sá, que tem investido no desenvolvimento de novas soluções. “Nós próprios temos o trabalho de sugerir parcerias para novos produtos. Não estamos à espera que as venham apresentar, sugerimos nós, desde fios aos acabamentos" afirma a empresária. Exemplo disso é a recente parceria com a empresa Foot by Foot, no desenvolvimento de uma malha orgânica preenchida por espuma reciclada, um produto inédito no mercado. Para além de totalmente sustentável, esta nova malha mantém os níveis de respirabilidade e as propriedades anti-bacterianas e anti-estáticas dos artigos utilizados anteriormente. O sucesso da empresa verifica-se através da consolidação da presença em vários mercados, como a Alemanha e a França, mas ao mesmo tempo também entrar nos Estados Unidos, Rússia e países bálticos. Atualmente, as exportações diretas representam mais de 30% da faturação da empresa, mas muitas das confeções portuguesas com as quais trabalha também destinam os seus produtos a grandes marcas europeias. t
O Modtissimo foi o evento escolhido para fecho do projeto EDTEX – Parceria Estratégica Internacional para a Educação e Formação Têxtil, que teve início em 2016 com o objetivo de melhorar o equilíbrio entre as necessidades dos empregadores da ITV no que respeita a mão-de-obra qualificada e os programas educacionais das escolas e centros de formação especializados na área têxtil. Do projecto resultou um estudo comparativo dos sistemas de qualificação nacional e dos programas educacionais das escolas de Portugal, Espanha, República Checa e Polónia, os países envolvidos na iniciativa.
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de euros é o investimento feito pela Familitex numa nova unidade de tinturaria e acabamentos, instalada em Famalicão
DFIT, DE MULHERES PARA MULHERES Chama-se DFIT Apparel e é a nova marca portuguesa de roupa de swimwear e fitness. Da autoria da modelo portuguesa Diana Pereira e com o lema “Clothing for the World”, a DFIT afirma-se como uma marca virada para o mundo e que quer levar o nome de Portugal aos quatro cantos do planeta. Todas as peças da marca têm fabrico português, com recurso às melhores matérias-primas portuguesas e às melhores confeções para as comporem, garante a fundadora.
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ALBERTO TAVARES LIDERA OPERAÇÃO GLOBAL DA OLBO & MEHLER A Olbo & Mehler e a Mehler Engineered Products anunciaram que vão unir as suas atividades e operações globais numa única empresa para agilizar a resposta ao mercado. Este novo projeto do grupo alemão vai ser liderado pelo português Alberto Tavares, o CEO da unidade do grupo sediada em Famalicão, que desempenhará as funções de CEO do novo segmento unificado Engineered Products, com fábricas espalhadas em vários países, nomeadamente Portugal, Estados Unidos, Alemanha, China, Índia e República Checa, e que, em 2017, representou 165 milhões de euros de vendas.
80 milhões de euros foi o volume de negócios alcançado no ano passado pelo grupo Paulo de Oliveira, que emprega mais de 1200 pessoas e tem cerca de dois mil clientes em carteira
HECTOR HERRERA NA CAPA DA GQ
A edição de outubro da GQ México dedica toda a imagem de capa ao futebolista Hector Herrera, um trabalho que pretende sublinhar a importância da imagem na afirmação das marcas. “A imagem hoje em dia é importantíssima” afirma o jogador numa longa entrevista, acompanhada por uma sessão fotográfica em que aparece com diferentes looks. Herrera fala ainda da sua vida em Portugal, da família e da mudança de imagem de que foi protagonista. A acompanhar o novo visual, o jogador mostra também confiança renovada na sua carreira no FCP. t
BORDADOS OLIVEIRA EM GRANDE NO ITECHSTYLE Com metade dos seis acessórios nomeados finalistas do iTechStyle Awards 2018, a Bordados Oliveira foi a empresa que mais se destacou nas escolhas do júri, que reuniu durante o Modtissimo e teve em cima da mesa para análise 30 tecidos, 12 produtos e 27 acessórios. LMA, Inovafil e JOAPS, na categoria de tecidos, Scorecode, Adapttech ,Washdecolor e UMinho (um projeto de final de curso de Engenharia Têxtil), na categoria de produtos, e Lipaco, Envicorte e Bordados Oliveira, na categoria de acessórios, compuseram a lista de finalistas da 2ª edição do Modtissimo, selecionados por um júri composto por José Morgado (CITEVE), João Gomes (CeNTI),
Ana Ribeiro (Cluster Têxtil), Pedro Sousa (UMinho/APETT), e Pedro Guimarães (Modatex). Estas amostras finalistas juntam-se às escolhidas na primeira edição do ano do Modtissimo – Têxteis Penedo, P&R Têxteis, Oldtrading e Barcelcom (tecidos); YKK e Bordados Oliveira, com duas amostras (acessórios), e Têxteis António Falcão, Têxteis Penedo e LMA (tecidos) – completando assim a lista que servirá de base para a eleição dos vencedores 2018 em cada uma das três categorias a concurso. Os vencedores serão conhecidos durante a iTechstyle Summit, que reunirá no início de abril do 2019, no Terminal de Cruzeiros de Leixões. t
QUEM É RICCARDO TISCI, O NOVO CRIADOR DA BURBERRY? Natural de Puglia, Itália, aos 44 anos Riccardo Tisci tem a difícil tarefa de reinventar a prestigiada marca Burberry – depois de ter conseguido um dos lugares mais cobiçados, mas também mais duros do setor. O desafio não é fácil – até porque tem pela frente um ilustre desconhecido (o Brexit) que pode, de um momento para o outro, alterar profundamente os pressupostos do próprio negócio.
FÁTIMA LOPES DESFILOU EM VISEU Depois da Paris, onde apresentou a sua nova coleção de primavera/verão para 2019, Fátima Lopes deslumbrou também em Viseu, com um desfile no Expocenter, no âmbito da festa “Os melhores anos”, uma iniciativa do Grupo Visabeira que este ano celebra o 25º aniversário. Lotação esgotada para apreciar as novidades outono/inverno 18/19, “uma coleção completa, pensada desde o casual até à toilette e alta-costura”, afirmou a estilista durante o evento.
GENTE CHICK É OUTRA COISA
CITEVE FOI A MARSELHA DEBATER O FUTURO DAS TECNOLOGIAS Os 28 maiores centros tecnológicos da Europa reuniram-se em Marselha, França, no início de outubro, para debaterem os grandes desafios tecnológicos que se deparam ao setor e a internacionalização – entre outros temas. A associação – que o CITEVE, Centro Tecnológico do Têxtil e Vestuário, lidera há três mandatos consecutivos – tem como uma das suas prioridades a análise técnica de novos equipamentos e a
sua pertinência em termos de produção e, por outro lado, a promoção e a articulação de projetos conjuntos e transnacionais de interesse para o setor ao nível europeu. Braz Costa, diretor-geral do CITEVE explicou que uma das principais conclusões dos três dias de trabalho foi a necessidade de coordenação das equipas de trabalho que estão neste momento a avaliar as potencialidades que encerram os
novos produtos têxteis, alguns deles em fase de investigação. Portugal vai liderar este processo através de Ana Ribeiro, diretora-executiva do Cluster Têxtil, que, segundo Braz Costa, “passará a coordenar a ação dos grupos especializados” em diversas áreas – como a certificação e a performance têxtil – no sentido de uniformizar o trabalho e torná-lo eficaz em termos de utilização pela fileira do setor. t
Caracteriza-se por oferecer ao mercado produtos exclusivos, onde os padrões se evidenciam, daí que a CHICK’PIU tenha escolhido a máxima “gente chick é outra coisa” como lema identitário. Nascida em 2014, a CHICK’PIU é uma marca totalmente portuguesa, criada por um jovem designer de Guimarães e movida pelo sonho de criar um conceito novo e diferente no marcado do vestuário. Com um estilo onde os padrões se evidenciam, a marca tem registado uma evolução constante no volume de produção.
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PORTUGAL FASHION DESFILA NAS NAVES DA CÃES DE PEDRA
Foi uma divertida e animada invasão que tomou conta da empresa Cães de Pedra, espaço onde instalou a passarela para os desfiles do Portugal Fashion das suas marcas. Muita gente conhecida a captar a luminosidade dos holofotes, mas sobretudo um ambiente muito fashion e dinâmico que tomou conta das naves da empresa. Lion of Porches e Decénio apresentaram as suas coleções Spring/Summer 19 num contagiante jogo de cores e silhuetas, que não deixaram ninguém indiferente. Com o tema Unforgettable Bloom , o estilo british da Lion mostrou uma inspiração vintage na sua linha mais sofisticada, enquanto que a linha mais desportiva destaca a inspiração náutica. Jovem e versátil é também a proposta da Decénio Mediterrano, que combina peças tailored e slimfit que remetem para o luxo descontraído, o conforto e a funcionalidade. Para lá da novidade de viajar até ao ambiente criativo da Cães de Pedra, em Fajozes, Vila do Conde, o Portugal Fashion acolheu 48 desfiles, totalmente dedicados ao melhor da moda nacional, em três dias. “Foi uma edição muito dinâmica e motivante, que permitiu uma liga-
ção especial entre o evento e a própria cidade”, sintetizou Mónica Neto, porta-voz do Portugal Fashion. A edição deste ano ficou também marcada pelos 30 anos de carreira de Júlio Torcato e pelo regresso, após uma pausa de cinco anos, da estilista Maria Gambina, incapaz de resistir ao apelo da criatividade e, desta vez, em parceria com a Tintex, a Lemar e a Valérius. E como são as crianças e as novas gerações o futuro, para a 44.ª edição, a organização – a cargo da ANJE (Associação Nacional de Jovens Empresários) e da ATP (Associação Têxtil e Vestuário de Portugal) – revelou que a próxima edição do Portugal Fashion, em março de 2019, será marcada pela moda infantil. ‘ Kids are coming, wait for us next season ’, podia ler-se numa faixa que dominava a escadaria do edifício. Ainda não é certo se as coleções de criança serão apresentadas em formato de desfile ou com o recurso a outra solução, mas a ideia já faz parte do próximo alinhamento: “são as empresas que nos pedem para abrirmos mais essa frente de interesse”, refere Mónica Neto. t
SCOOP REUTILIZA 150 QUILÓMETROS DE STOCK EM COLEÇÃO SUSTENTÁVEL Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma! O princípio de Lavoisier parece estar a ser levado muito a sério pela Scoop, com uma aposta decisiva na economia circular. “ I used to be, now I am ” é a sua colecção sustentável com a qual se propõe recuperar 150 kms de stock acumulado nos armazém da empresa. Ou seja, as peças
que “já eram” voltam para ser moda e sustentabilidade. “O conceito é reutilizar materiais mortos, para fazer peças novas”, resume Daniel Pinto, director de desenvolvimento e estratégia da têxtil de Famalicão, acrescentando que a colecção nasce a partir de “um armazém de 600 m2, cheio de stock, num total de 150kms de peças”.
Para já, a Scoop criou uma colecção de 15 peças de vestuário diferentes, cada uma com características próprias, mas todas resultantes de antigos excedentes de produção. A coleção foi já apresentada com grande sucesso numa das maiores feiras de moda da América, a Magic Las Vegas, e, em novembro, volta aos EUA, a Los Angeles, para a Remode. t
SMART INOVATION CRIA ETIQUETA QUE IDENTIFICA TECNOLOGIA A Smart Inovation desenvolveu uma etiqueta para as marcas suas clientes colocarem nos artigos e através da qual comunica ao consumidor final a funcionalidade presente em cada produto. A etiqueta menciona as características gerais, as vantagens e os benefícios do produto e destaca a (nano)tecnologia da Smart Inovation: pequenos grãos de areia em estado liquido que transportam princípios ativos que acabam com bactérias, ácaros e mosquitos.
FORMAÇÃO É ESSENCIAL PARA A ITV
O RETORNO ÀS ORIGENS DA FRED PERRY
A formação e o desenvolvimento profissional dos colaboradores estão no centro das preocupações de 62% dos empresários. A conclusão consta do estudo ‘The State of Skills in the Apparel Industry 2018’, da consultora Alvanon, que salienta que a contratação de trabalhadores especializados é a principal preocupação de produtores, retalhistas e marcas ligadas à ITV.
O sportswear, a grande tendência dos últimos anos, é a grande influência da Authentic, a nova coleção de Outono Inverno da Fred Perry, que se foca precisamente nessa categoria de vestuário. Um retorno às origens, tendo em conta que a história da Fred Perry começou precisamente na área do desporto, em 1952, tendo sido a primeira marca de herança britânica a misturar sportswear com streetwear.
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pessoas trabalham na RDD, a empresa laboratório responsável pelo projeto Valerius 360
TÊXTEIS JÁ TEM GALERIA PRÓPRIA NO MUSEU DE ARTE ANTIGA A nova galeria do Museu Nacional de Arte Antiga é exclusivamente dedicada ao têxtil, e irá exibir, para além de exposições temporárias, uma coleção composta por 4.600 peças, reunidas ao longo de mais de 180 anos. A exposição inaugural evoca a própria cronologia da constituição da colecção e revela que as primeiras compras de têxteis datam do início do século XX.
FARFETCH: BANDEIRA DE PORTUGAL EM WALL STREET A bandeira de Portugal e o símbolo da Farfetch flutuaram em Wall Street, onde está sediada a praça forte dos mercados financeiros mundiais. A tecnológica de e-commerce de moda de luxo, fundada pelo português José Neves, foi nesse dia admitida à cotação, depois de um encaixe de 885 milhões de dólares com a venda de títulos da empresa. A foto da fachada da Bolsa de Nova Iorque foi divulgada pelo então secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos, na sua página de Facebook.
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TENOWA
RIOPELE Gama de produtos produzidos a partir de resíduos gerados na indústria têxtil. Deste modo reduz-se o consumo de matéria-prima, água e energia. Tenowa significa economia circular pela reciclagem e reutilização de restos têxteis. É apenas um dos exemplos de produção verde da empresa, que investe também nas fotovoltaicas.
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GREEN CIRCLE VEIO PARA FICAR
TECIDOS DE TECIDOS
RECUTEX
GARRAFAS DE PLÁSTICO
JOAPS MALHAS
Otimização da vida útil dos plásticos: as garrafas de plástico são recolhidas e passam por uma série de etapas de limpeza e esmagamento até se obterem flocos de plástico que, através de um processo mecânico, são convertidos em fibra de poliéster. O fio de poliéster reciclado é usado para tecido e permite reduzir em 20% o consumo de água, 50% o consumo de energia e 60% a poluição do ar.
ALGODÃO E CORTIÇA
PENEDO/SEDACOR
Nova produção de fibras a partir dos resíduos obtidos na produção de tecidos. Tem o propósito de produzir fios da mesma cor, aproveitando a cor dos resíduos, protegendo deste modo o ambiente, uma vez que reduz de consumo de água, produtos químicos e energia. Ultrapassa a fase de tinturaria, o que se torna um forte contributo para o meio ambiente.
Tecido fabricado com o fio de algodão revestido a cortiça, usando os resíduos granulados. Deste modo, além do aspeto decorativo, aumenta-se a resistência do tecido aos microrganismos e recupera-se uma matéria-prima natural (a cortiça), que de outro modo não seria valorizada.
URTIGA DOS HIMALAIAS
DEMI
FILASA
O tecido sustentável Demi é constituído por uma mistura de fibras longas de algodão com rose fiber (uma viscose obtida a partir do caule das rosas, uma das inovações mais surpreendentes em termos de investigação). Este tecido tem uma aparência sedosa e brilhante e, melhor que tudo, é biodegradável.
Combina fibra RefibraTM com fibra de urtiga proveniente dos Himalaias. A Refibra usa como matéria-prima a madeira de plantações florestais sustentáveis e o algodão reciclado de resíduos de materiais têxteis. A fibra de urtiga dos Himalaias vem de uma planta 100% sustentável que cresce a uma altitude de 1800-3000 metros sem a necessidade de replantio.
SOMELOS
WATERMARBLE
WASHEDCOLORS Os tecidos e malhas tingidos pelo processo Wetamarble são sustentáveis e diferem dos processos convencionais, devido à alta economia de água no processo de tingimento. O processo WetaMarble permite uma economia de 90% de água, comparado ao tingimento convencional. Os tecidos tingidos por este processo parecem marmoreados, tornando-os distintos e atraentes.
RE.BORN
PENTEADORA Os tecidos Re.born surgem da necessidade de repensar o uso de matérias-primas que não podem ser incorporados no produto final, em alguma fase do processo de fiação. Estes tecidos são feitos com um mínimo de 50% de fibras 3R (reutilizar, reduzir e repensar o uso do material) das unidades de fiação da empresa.
Preocupação central da generalidade da indústria têxtil, a produção com o recurso a materiais sustentáveis tem vindo a crescer à medida a que a própria inovação também estende a sua investigação para caminhos que não deixam de ser surpreendentes. O lançamento do Green Circle by iTechStyle durante o Modtissimo de setembro passado foi um inegável sucesso, tendo sido um dos locais mais visitados e comentados ao longo dos dois dias da feira. Notícias e referências que têm sido veiculadas em diferentes meios de comunicação, nacionais e internacionais, provam a oportunidade da aposta. O mais relevante é que este espaço foi genericamente considerado como uma extraordinária montra da capacidade das empresas têxteis e de vestuário de Portugal em produzir artigos inovadores na área da sustentabilidade e da economia circular. Este sucesso resultou da dinâmica estabelecida entre os vários intervenientes no Green Circle by iTechStyle, nomeadamente a Associação Seletiva Os tecidos Re.born permitem diminuir as emissões de CO2, o consumo de água, produtos químicos e energia.
SEAQUAL
LMA
Usados três materiais susten-
Moda, que criou as condições para a sua realização, o CITEVE, que enquanto responsável técnico acompanhou e orientou todo o processo junto das empresas, Paulo Gomes, da Manifesto Moda, responsável por todo o desenvolvimento criativo do espaço, os criadores – pela disponibilidade para produzirem peças com os materiais têxteis sustentáveis – e principalmente as empresas têxteis e de vestuário Portuguesas, que forneceram os materiais e/ou artigos finais, mostrando um setor ativo e com soluções inovadoras e sustentáveis. O êxito do Green Circle by iTechStyle, para além de validar a relevância da sua presença anual no Modtissimo, exige que esta montra ultrapasse as fronteiras nacionais, estando já prevista a sua presença em eventos internacionais orientados para a temática da sustentabilidade e da economia circular, o que acaba por ser uma certificação do que foi feito em torno do projeto. A seguir, alguns dos exemplos de novos produtos apresentados no Modtissimo. táveis. O tecido em PES/WO é produzidos com lã Merino biológica, sem tratamento com cloro, com poliéster reciclado. O tecido PES/EA é fabricado com poliéster reciclado Seaqual, produzido a partir dos plásticos retirados do mar. O tecido PA/PES é fabricado com poliamida reciclada misturada com o poliéster Seaqual.
FIO DE CÂNHAMO
INOVAFIL
O cânhamo é uma planta de cultura de crescimento muito rápido, tendo um alto rendimento de fibra por hectare. Esta planta também não esgota o solo, adicionando matéria orgânica rica à terra e ajudando a reter a humidade. Além disso, o cânhamo gasta muito pouca água. Aliado ao algodão biológico, este fio resulta numa mistura de fibras sustentáveis.
BOTÕES
LOUROPEL Botões produzidos com o recurso aos mais diversos e inesperados materiais: ureico e farinhas de milho e trigo; melanina com cortiça: granulado de resíduos de cortiça; brusé: fibras vegetais; resíduos de serrim e resina de poliéster reciclada; fibras de cânhamo reciclado; casca de arroz; fibras vegetais de papel reciclado; e fibras de algodão reciclado.
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“SOUBEMOS REINVENTAR PROCESSOS E FAZER A APOSTA CERTA NOS FATOS POR MEDIDA”
FOTO: RUI APOLINÁRIO
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n ENTREVISTA Paulo Ribeiro 50 anos, nasceu em Paços de Ferreira, filho de uma doméstica e do dono de um armazém de materiais para a construção civil. Estudou no Colégio da Formiga, em Ermesinde, em regime de semi-internato. No final da adolescência, o seu envolvimento numa start-up industrial têxtil (uma fábrica de meias em Santo Tirso) foi frustrado pela chamada para a tropa. Casado com uma educadora de infância (que tem sociedade numa papelaria), têm uma filha, que estuda Gestão em Braga e que, quando acabar o curso, planeia ir para o estrangeiro, conhecer realidades diferentes.
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s “máquinas” que fazem a diferença são as pessoas que trabalham à mão e têm um know-how único - afirma Paulo Ribeiro, 50 anos, Commercial Department Manager da Crialme. A crise de 2008 fez tremer a Crialme?
2009 e 2010 foram anos complicados. A classe média retraiu-se quando a Lehman Brothers abriu falência, a GM balançou na corda bamba e, de um dia para o outro, a Catterpilar mandou 20 mil trabalhadores para casa. As pessoas deixaram de comprar fatos?
Aguentaram. Ficaram na expectativa. Em vez de comprar mais um fato, muita gente optou por adquirir uma camisa... E os distribuidores resolveram escoar o que tinham em stock antes de fazerem mais encomendas. Foi um período difícil...
Um período de incerteza que nos afetou porque tínhamos mais de 800 trabalhadores incluindo uma empresa de confeção para senhora em Figueiró dos Vinhos - e 15 fábricas a trabalhar para nós a tempo inteiro. Como atacaram a questão?
Quando se tem de gerir num período de grande turbulência, a primeira coisa a fazer é rodear-nos de pessoas com espirito positivo. Como aprendi com o Herr Kullman, um alemão que foi diretor de produção da Profato, a solução para enfrentar uma a crise é apagar o "s" de crise - e criar :-)
O que é que resultou desse esforço criativo? Qual foi a receita?
Colocamos o foco no fabrico de fatos por medida, que já valem cerca de 70% de toda a nossa produção. O ADN da Crialme é esse - o da aposta na qualidade e em acrescentar cada vez mais valor ao produto que fazermos. Como foi a transição de um modelo para o outro?
Foi uma transição lenta, mas muito segura, uma evolução em que contámos com o apoio dos clientes - aprendemos sempre muito com eles. Nós sempre fizemos pequenas séries. Mas tivemos de nos ajustar aos novos tempos e estamos preparados para encomendas de 100 peças. Esse ajustamento já está acabado?
Os trabalhos de reestruturação da Crialme já duram há oito anos e não só não acabaram como nunca vão acabar. Trata-se de um processo permanente de automatização dos processos para ganharmos tempo, tornando tudo mais rápido e aumentando a nossa competitividade e rentabilidade. A mudança do modelo produtivo obrigou a grandes investimentos?
Nos três últimos anos investimos mais de quatro milhões de euros. Ampliamos as instalações, a que foram acrescentados novos espaços - um de armazém e outro administrativo -, passando a ocupar mais de dez mil m2. Melhorámos bastante o showroom bem como a loja de fábrica, que é uma ferramenta que ajuda o negócio com os clientes de alfaiataria. E no que toca a equipamentos?
Comprámos soluções de software de corte automático de duas cabeças. Um investimento superior a meio milhão de euros que nos permite uma maior flexibilidade e qualidade no processo de corte e dar uma resposta adequada à elevada
"Somos uma alfaiataria de referência que trabalha com as melhores e maiores marcas do mundo"
Quando voltou da tropa, feita em Tomar, foi trabalhar para o armazém de materiais de construção do pai, mas cedo reparou que não estava sentado na sua cadeira de sonho - e não necessariamente por ganhar pouco porque, como ele próprio reconhece, “a família paga sempre mal”. E as circunstâncias da vida acabaram por lhe pôr a têxtil outra vez no caminho - e desta vez para o resto da vida (tudo leva a crer). A Crialme (de que era acionista o pai da rapariga por quem Paulo se apaixonou e casou) precisava de alguém para organizar a área comercial e a exportação. E ele agarrou a oportunidade com ambas as mãos. “Resolvi experimentar e fiz bem. Estes 20 anos têm sido uma experiência fantástica em que aprendi muito com António Alves - um empreendedor por natureza que já trabalhava na têxtil antes do 25 de Abril e deu um contributo inestimável na área financeira - e Fernando Meireles, filho de alfaiates, a quem a empresa deve toda a sua competência técnica”, recorda.
rotatividade de modelos e às pequenas quantidades. O caminho é esse?
A nossa estratégia consiste em apostar cada vez mais na confeção por medida e no trabalho manual, com pormenores introduzidos à mão nas peças. Na alfaiataria para homem, somos uma empresa de referência a nível mundial pela nossa flexibilidade e capacidade de adaptação às tendências da moda. Não estão preocupados com o facto dos homens usarem cada vez menos fato?
Nós estamos direcionados para um nicho de mercado de média/ alta gama, constituído por pessoas que não deixarão de usar fato e apreciam as peças personalizadas que fazemos. Além dos tecidos, podem escolher os botões, o forro, os pespontos. E temos outras armas. Quais?
A nossa tecnologia permite-nos ser muito rápidos na capacidade de resposta. A encomenda chega de manhã e à hora do almoço já está em produção. Uma encomenda normal demora entre 20/30 dias a ser entregue, um prazo que desce se for uma encomenda urgente. A rapidez é fundamental?
Quando se trabalha por medida, a rapidez é um fator de competitividade decisivo. Quando encomendamos agora um fato não é para o usar no próximo verão, mas sim já, neste inverno. Fazer 70% da produção por medida deixa-vos satisfeitos?
Estamos a apontar aos 200%:-) Agora a sério, o objetivo é aumentar essa percentagem, mas não nos podemos esquecer que precisaremos sempre de ter confeção em série para equilibrar a produção. Vão alargar o leque de produtos para atenuar a dependência ao fato de homem?
Temos feito muitos blusões
por medida e provavelmente vamos crescer nessa área. Também fazemos sobretudos. E temos parcerias com fábricas de camisas. Termos as medidas dos nossos clientes na plataforma digital facilita esse passo. Está nos vossos planos diversificar para a roupa de senhora?
Trata-se de um conceito distinto, mas é um segmento com um mercado muito grande. Não nos seria muito difícil fazer roupa clássica para senhora. É uma possibilidade, não uma prioridade. O que pretenderam com a remodelação da plataforma digital?
É mais um passo na eficiência e automatização dos processos. O novo software de gestão de produção permite aos clientes fazerem os pedidos diretamente na plataforma digital - no fundo são eles a fazerem o trabalho de back office - e analisarem, em tempo real, em que ponto está a sua encomenda, alertando-nos logo se, por algum acaso, ela encalhar. Terem registado marcas próprias significa que vão deixar de trabalhar apenas em regime de private label?
Estamos a fazer uma coleção que apresentamos aos nossos clientes, que mostra não só o que somos capazes de fazer industrialmente, mas que também conta uma história, apresenta uma harmonia de cores e uma seleção própria de materiais. É mais um serviço que prestamos. Está fora de questão uma marca própria para consumo externo?
Neste momento estamos a desenvolver uma coleção em parceria com um alemão. Não é impossível que um dia trabalhemos uma marca própria. Mas não é um assunto prioritário. É um desafio complicado?
Trabalhar uma marca obriga a
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O Cri de Crialme dedica-se às pizzas Talvez não saiba, mas o Cri de Crialme corresponde às três primeiras letras do apelido de Sergio Crivelli (na foto), o italiano que dá o nome a um badalado restaurante de Matosinhos. Após ter debutado na hotelaria, Sergio passou pela têxtil, onde deixou a marca na razão social desta fábrica especializada em fatos de homem e localizada em Sobrosa, Paredes. O italiano, que no entretanto deixou a empresa e se focou nas pizzas, foi um dos fundadores da Crialme, em 1984, a par de António da Costa Alves (o al) e Fernando Meireles (o me), os acionistas que
ter uma estrutura nova, com experiência e know-how na área da distribuição, bem como uma abordagem completamente diferente do marketing. Cada um deve fazer o que é bom a fazer e nós somos bons a produzir. Mas isso não nos impede de ir fazendo experiências. Exportam toda a vossa produção, 40% para os Estados Unidos, 60% para a Europa. Estão contentes com esta geografia?
Gostaríamos de ter mais clientes. De manter todos os que temos e de arranjar mais, mais pequenos e em mais mercados, para diversificar riscos. O preço ainda é um fator decisivo?
O preço é sempre um fator importante, mas a nossa aposta prioritária é na qualidade de produção, do serviço e no cumprimento do prazo de entrega. Nós somos muito competitivos quando se está a falar do melhor ponto de equilíbrio entre qualidade e preço. A primeira vez que estou com um potencial cliente, a última coisa de que lhe falo é do preço - e faço isso propositadamente. Que percentagem dos tecidos que compram são fabricados em Portugal?
Muito pequena. Compramos fundamentalmente a empresas italianas e inglesas que estão preparadas para entregas rápidas de pequenas quantidades. A meio da tarde de 6ª feira encomendámos um tecido e ontem, 2ª feira, ao fim do dia, ele já cá estava. Os fornecedores portugueses não dão essa garantia?
Demoram muito tempo a reagir, provavelmente porque não investem em stocks permanentes. Além disso, a maioria dos clientes diz-nos expressamente o tipo de tecido que quer que usemos na confeção. Não tem uma visão muito risonha do resto da ITV...
Nada disso. Antes pelo contrá-
"Cada um deve fazer aquilo em que é bom - e nós somos bons a produzir"
rio. As empresas do setor estão a fazer um excelente trabalho. A têxtil portuguesa está claramente no bom caminho - por alguma coisa é que bate sucessivos recordes de exportações. Só que na área da alfaiataria por medida não encontramos fornecedores que satisfaçam as nossas necessidades. Sofrem com a escassez de mão de obra qualificada?
Nas confeções, o trabalho qualificado é uma arte que leva anos a aprender e demora muito tempo até atingir o estágio de perfeição que ambicionamos na Crialme. E há áreas, como a modelagem, em que nem sequer existe formação. Como resolvem isso?
Temos de ser nós a dá-la. Não temos outro remédio. Investimos em dar a formação dentro de portas e dessa maneira temos conseguido satisfazer as nossas necessidades. A crescente automação de processos atenua esse problema da falta de pessoal qualificado?
Os equipamentos ajudam bastante, mas ainda não foi inventada uma pílula que se dissolva num copo de água e a seguir, por um golpe de magia, apareça feito um fato por medida :-)
dividem em partes iguais o capital da empresa (António Meireles, o fundador, deixou no entretanto este negócio). A Crialme começou por fabricar calças (a primeira encomenda foi destinada ao exército austríaco) para marcas como a Giorgio Armani, Ermenegildo Zegna ou Paul and Shark, antes de, no final do século XX, alargar a sua oferta aos casacos. Actualmente faz um volume de negócios de 15 milhões de euros (100% exportado), emprega cerca de 550 pessoas e tem uma capacidade produtiva média de 450 fatos por dias - dos quais 70% por medida.
que fazem a diferença são as pessoas que trabalham à mão e têm um know-how único. A energia é o custo de contexto que mais penaliza a vossa competitividade?
Investimos 200 mil euros num aproveitamento fotovoltaico, que prevemos que nos dará uma auto-suficiência na ordem dos 40% no que toca à nossa fatura energética mensal, que anda nos oito mil euros. Júlio Torcato Designer
Paulo Vaz Diretor geral da ATP
Essa limitação não vos tem impedido de investir?
Tendo a alfaiataria uma forte componente emocional, que implica a interação entre o cliente e o artesão, como se ultrapassa esse problema ao industrializar o processo?
O que levou a Crialme a passar de confecionador em série a confecionador de fatos por medida? Foi o mercado que vos impulsionou nesse sentido?
Não há outra hipótese. Concluímos agora um ciclo de investimentos de três anos, mas não parámos nunca de renovar o parque de máquinas, de adquirir novos equipamentos. Para ter sucesso tem de se estar permanentemente a investir na melhoria da qualidade da produção, o que tem sido possível porque os acionistas reinvestem os lucros na empresa.
Por muito boa que seja a tecnologia, a componente humana é sempre o fator decisivo. Com muito trabalho, muita dedicação e a mentalidade de não nos darmos nunca por vencidos quando as dificuldades aparecem. Não podemos fazer tudo ao mesmo tempo, mas já disponibilizamos aos nossos clientes um enorme leque de alterações.
O que é que a Crialme vê quando se olha ao espelho?
O que falta evoluir para otimizar a chamada costumização industrial na área da alfaiataria?
Então qual é o principal razão de queixa?
Não termos acesso aos programas comunitários, como o Portugal 2020, por sermos considerados uma grande empresa. Dá vontade de dividir a Crialme por dez para contornar este obstáculo.
Uma alfaiataria que trabalha com as melhores e maiores marcas do mundo. Uma empresa que privilegia o trabalho manual aliado à inovação tecnológica, que soube reinventar os seus processos e fez a aposta adequada ao investir na produção de fatos por medida. O futuro é radioso?
Ou seja...
No nosso segmento da alfaiataria há muito trabalho manual, minucioso e personalizado que confere requinte e acrescenta valor ao produto. As máquinas
As perguntas de
Temos a estratégia certa, mas sabemos que há muitas dificuldades no caminho, que esperamos ultrapassar continuando a investir em pessoas e equipamentos. t
É muito difícil encontrar alguém que faça, como nós fazemos, tantas alterações por medida ao desenho do vestuário, para satisfazer todos os pedidos dos clientes. Nunca nos damos por vencidos. Há que reinventar a tecnologia para podemos ir ainda mais longe. Mas a verdade é que se acharmos que não podemos fazer mais nada de novo, o nosso trabalho perde a piada toda... t
O que nos impulsionou foi o espírito Crialme, que é partilhado por toda a gente na empresa e nos leva a ter sempre vontade de ir mais além, fazer coisas diferentes e saber onde está o valor acrescentado. O modelo produtivo da Crialme costuma ser citado como exemplo da introdução da industria 4.0 nas atividades tradicionais? Como foi a transição de um modelo para outro?
A transição foi lenta, segura, contínua e feita em equipa. Quando surge um problema, todos nos envolvemos na busca de uma solução, um processo facilitado pela rapidez com que circula a informação na nossa empresa.t
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DE PORTA ABERTA Por: Cláudia Azevedo Lopes
Castelbel
Palácio das Artes R. de Ferreira Borges 4050-292 Porto
Ano de criação da marca 1999 Ano de abertura da loja 2018 Produtos Sabonetes, velas e difusores Clientes 90% são turistas, que representam o core de vendas Loja online www.castelbel.com
FERRACHE JUNTA OUTONO E MODERNIDADE A celebrar 30 anos de existência, a Ferrache apresentou um novo catálogo de moda feminina pautado pela conjugação entre clássico e contemporâneo. Os modelos, inspirados no outono, misturam cortes clássicos com padrões floridos e geométricos, com um toque de “anos 70” e outro de contemporaneidade. Com presença já em mais de 60 países, a marca é um caso de sucesso da moda portuguesa a nível internacional.
STARTUPS MOSTRAM SOLUÇÕES INOVADORAS PARA O TÊXTIL Foram oito as startups (três do Famalicão Made IN e cinco da UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto) que apresentam soluções inovadoras e com valor acrescentado para o setor têxtil, numa sessão que decorreu na área de I&D da Riopele sob o formato de pitch. Agilis M2M, Foodintech, Healthy Road, Ideia.m e Sarkkis - pela UPTEC - e IOTech, Kortex e Swonkie pelo Famalicão Made IN - fizeram as suas apresentações perante uma plateia de empresários, mentores e potenciais investidores em representação de empresas como Continental ITA, TMG, Raclac, Samofil, Celoplás, Famasete, NH Clima, Hindu e a anfitriã Riopele.
50 %
foi o aumento registado nas vendas da Apertex, derivado do alargamento da oferta da empresa ao segmento da roupa de banho
Cheirinho a Portugal O que faz um produto da Castelbel ser tão especial? Certamente que cada um de nós terá uma resposta para esta pergunta. É o ambientador da casa da mãe, as velas que perfumam o Natal, e os sabonetes frutados que dão vida aos dias mais cinzentos. É também por isso que levar um produto da Castelbel para casa é levar um pouco da nossa história coletiva – um pouco do espírito de Portugal. E ainda por cima, um pedaço de história que cheira maravilhosamente bem. Pegar num produto Castelbel é segurar nas mãos um presente – que nos é oferecido por todos aqueles que trabalham diariamente para criar estas peças tão especiais. Começa nas fragrâncias, as mais deliciosas, passa pela embalagem, que aqui é mais do que mero papel de embrulho e adquire quase estatuto de obra de arte – com os padrões florais e de frutos, as imagens de animais, as ilustrações variadas e as mais exóticas cores –, e acaba nos retoques finais, que podem ser uma fita de tecido ou um cordel que ata todo o conteúdo e que alerta para a preciosidade do mesmo. É portanto mais que natural que a recentemente inaugurada e primeira loja da Castelbel ultrapasse a designação de loja e assuma o papel de experiência museológica, prestando homenagem a todo o trabalho da empresa, fundada por Aquiles Barros, engenheiro químico, que começou com 17 trabalhadores e que hoje emprega 170. “Estivemos muito tempo no Hotel Infante de Sagres mas essa loja era do hotel. Quando o hotel entrou em obras, tivemos de fechar e foi aí que começamos a pensar em abrir um espaço nosso. Aparece a oportunidade para ocupar-
mos este edifício fantástico, e assim surge esta loja, que é uma afirmação de marca e pretende mostrar um pouco da atividade da fábrica aos nossos clientes”, explica Aquiles Barros ao T. Um objetivo que é cumprido na perfeição. Mal entramos na loja, deparamos-mos com o espaço onde, numa mesa de madeira e mesmo em frente aos nossos olhos, as artesãs da empresa procedem ao embalamento dos sabonetes, num espetáculo de destreza, rapidez e perfeição. À volta estão à venda todos os produtos da marca – velas, sabonetes e difusores – de todas as coleções da Castelbel e da submarca Portus Cale, a linha premium da empresa, que se apresentam tanto nas fragrâncias clássicas como em novidades que mudam de estação para estação, e que têm como denominador comum o enaltecimento da Portugalidade. A visita continua no segundo piso, onde para além de uma parede totalmente dedicada à exposição de antigas embalagens, sabonetes e moldes da marca, está a piece de resistance desta loja: a máquina de personalizar sabonetes. O processo é simples: o cliente escolhe o sabonete e nele pode gravar uma mensagem personalizada, serviço que se estende também à embalagem – disponível em três padrões. “Adoro-te mãe” e “It’s a boy!” são algumas das frases que já foram pedidas pelos clientes. Mas há uma que se destaca: “O cliente pediu-nos para gravarmos a mensagem “Queres casar comigo?” no sabonete e para esculpirmos uma ranhura onde ele colocou um anel de noivado! Foi, portanto, um pedido de casamento com um sabonete nosso. Foi muito especial.” t
PVH COM PARQUE INDUSTRIAL MODELO NA ETIÓPIA As fábricas da PVH Corp. na Etiópia, já empregam 15 mil trabalhadores, quase 90% dos quais são mulheres, e foram distinguidas pela administração americana, pelo seu compromisso com a gestão sustentável e preocupações ambientais, e pela forma justa de tratar os funcionários. Proprietária das marcas Calvin Klein, Van Heusen, Izod, Arrow, Speedo e Tommy Hilfiger, entre outras, a PVH Corp. está a colocar a Etiópia no mapa-mundo do vestuário e é a principal presença num parque industrial modelo, em Hawassa.
COTTONANSWER VESTE O LAÇO DA LUTA CONTRA O CANCRO DA MAMA
A Cottonanswear aderiu à Onda Rosa, a campanha promovida pela Liga Portuguesa Contra o Cancro, para sensibilizar colaboradores e visitantes para a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do cancro da mama. Para além do laço gigante com o qual vestiu as suas instalações, a empresa vai distribuiu flyers pela comunidade, começando pela sua própria equipa – constituída por mais de 160 pessoas – e passando por clientes, fornecedores e parceiros comerciais.
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MARE DI MODA 6 a 8 de novembro – Cannes Bianchi & Sarmento, East Ocean, Lemar, Luipex
MEDICA 12 a 15 de novembro – Dusseldorf Barcelcom, Fitor, Lipaco, Oasipor, Têxtil António falcão, Trotinete
EXPOTEXTIL PERU 8 a 11 de novembro – Lima Ribera, Vilamoura, Natcal
PERFORMANCE DAYS 28 e 29 de novembro – Munique A. Sampaio & Filhos, LMA, Sidónios Malhas, Tintex
AGENDA
RIO SUL QUER DESAGUAR NO LIBANO E EM GUADALUPE É com roupa de cama e almofadas decorativas que a Rio Sul quer desaguar no Líbano e em Guadalupe, as novas geografias de exportação para a empresa do Porto. O grosso do negócio decorre dos mais de 30 anos no mercado português, mas é com a aposta na presença em feiras internacionais que tem crescido nos mercados externos, que representam cerca de 40% do volume de negócios.
"A Zippy orgulha-se de ter muito produto feito em Portugal, desde malhas circulares a tricotados, puericultura e têxteis lar" Margarida Nascimento Diretora de produto da Zippy
DEZ AO ATAQUE NA WHO’S NEXT “Paris is always a good idea.” A frase celebrizada por Audrey Hepburn tornou-se o lema da indústria têxtil nacional, que atacou na parisiense “Who’s Next” com dez marcas: Blackspider, Concreto, CristinaBarros, Kalisson, Bagoraz, Le Cabestan, Luís Buchinho, Maloka, Paul Brial e Mellem. Todas viajaram até à capital da moda com o apoio do projecto “From Portugal” da Selectiva Moda.
25%
do mercado europeu de outdoor está na Alemanha
EM PORTUGUÊS É QUE ESPANHA SE ENTENDE A moda e o têxtil português marcaram forte presença na capital espanhola, com um batalhão “From Portugal” de cerca de vinte marcas e empresas a representar a ITV nacional na Momad Metropolis, um dos principais eventos de moda de Madrid. E mesmo que os espanhóis sejam conhecidos por se fazerem ouvir em todo o lado, o português acabou, assim, por se fazer ouvir com toda a força pelos corredores do certame.
MUITAS ESTREIAS NO ATAQUE À LITUÂNIA
Foi uma comitiva recheada de estreias que representou a ITV nacional na Baltic Fashion & Textile, em Vilnius, na Lituânia. Entre as 9 empresas apoiadas pelo projeto “From Portugal”, apenas a Lipaco já conhecia os cantos à casa, e as restantes partiam à descoberta de um novo mercado. Dilina, Familitex, Joaps, José Abreu & Filhos, LMA, Myako, Solinhas e Têxteis Giestal, foram as estreantes na feira, numa clara demonstração de como os têxteis nacionais procuram cada vez mais diversificar na sua estratégia de internacionalização. t
MAROC IN MODE COMO PORTA DA EUROPA PARA A SAMOFIL Exportar é o caminho, mas nem sempre as lógicas de mercado seguem os percursos mais óbvios. A última edição da Maroc in Mode, em Marraquexe, foi prova disso mesmo, com a comitiva portuguesa a contactar com muitos compradores de marcas europeias. “Logo no primeiro dia encontrámos muitas marcas europeias, especialmente italianas, francesas e espanholas, que confecionam em Marrocos e procuram fornecedores mais próximos” explica Marco Vieira, gestor comercial da Samofil, que esteve na feira ao abrigo do projecto “From Portugal”, da Selectiva Moda. A empresa de Famalicão encontrou em Marrocos uma rampa de lançamento para os mercados externos. “Começámos este ano, participámos em duas feiras e conseguimos já muitos contatos, é um mercado que absorve bem as malhas que produzimos”, afirma Marco Vieira.
No entanto, se Marrocos é uma boa praça de negócios para as malhas, a empresa, que possui uma estrutura vertical que inclui tecelagem, tinturaria, estamparia e confeção, traça um plano internacional mais ambicioso, que passa pela a presença nas principais feiras europeias. Na Maroc in Mode, para além da
têxtil de Vila Nova de Famalicão, as cores portuguesas mostraram a capacidade inovadora através do showcase tecnológico do ItechStyle. Bastante conhecedor do tecido industrial marroquino, com o qual já celebrou parcerias, o centro de investigação levou à Maroc In Mode uma seleção de produtos inovadores da ITV nacional.t
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RDD, LATITID E FALCÃO EM DESTAQUE NO FFF
R. LOBO QUER CRESCER MAIS E FAZ PONTARIA AO MERCADO ALEMÃO Um aumento considerável da sua quota de exportações para o mercado alemão é um dos principais objetivos da R. Lobo, que investiu cerca de 750 mil euros em equipamentos (designadamente de corte automático) e na mudança de instalações para um edifício industrial mais espaçoso em Vila Nova de Sande. A empresa especializada em vestuário feito em jersey circular aposta agora no crescimento do seu volume de negócios.
"Não queremos ter marca própria, porque não queremos concorrer com os nossos clientes" Paulo Rodrigues Diretor Industrial da Fiorima
António Falcão, da Falcão Fibras, recebeu o prémio do filme mais votado pelo público das mãos de Marina Sousa, da revista Máxima
que é um projecto que está no bom caminho e não O filme “Move”, da Falcão Fibras, a moda de pára de crescer”, enquanto para Manuel Serrão, banho da Latitid e a inovação sustentável da responsável máximo do FFF, este foi um ano que RDD (grupo Valérius) destacaram-se nos préultrapassou todas as expectativas. “Ultrapassamios da 5ª edição do FFF - Fashion Film Festival. Cada vez mais competitivo e participado, mos expectativas quer em termos de inscrições, o concurso cinematode qualidade dos filmes e até de presença de púgráfico promovido pela LISTA DE PREMIADOS Selectiva Moda no âmblico, que já começa a dar mais atenção ao cinema bito da Porto Fashion TÊXTEIS TÉCNICOS de moda”, reforçou. Week, destaca-se no MELHOR FILME - “Co-Create”, da RDD A 5ª edição do FFF calendário internaciofica, assim, marcada nal como referência no PRÉMIO FFF MÁXIMA (VOTAÇÃO DO PÚBLICO) também pelo grancinema de moda. “MOVE” - Falcão Fibras (Têxteis Técnicos) Único no género de número de filmes em Portugal, o festival em competição, quer conta agora também FILMES DE MODA DE MARCA nacionais como incom a parceria do ICA MELHOR FILME - “Cómo, cuándo, dónde”, da ternacionais. Entre as – Instituto do Cinema Latitid mais de 120 produções e Audiovisual, atrai pro- MELHOR FOTOGRAFIA - “Gonçalo Peixoto - SS18” que se apresentaram a concurso, estavam redutores e realizares de de Tiago Ribeiro todo o mundo e teve MELHOR REALIZADOR - “Nós” de Lena Wan, para presentados 15 países pela primeira vez em Cuscuz diferentes, tais como a Lisboa e aberta ao púItália, a Coreia, o Brablico a cerimónia de en- FILMES DE MODA INTERNACIONAIS sil, os EUA ou a Índia. trega dos prémios, cujos MELHOR FILME - “Lola's Manifesto” de Cristian Não foi, por isso, nada fácil a tarefa do júri, holofotes destacaram Velasco e Gsus Lopez este ano composto também um público re- MELHOR REALIZADOR - “Free Your Mind” de pelo realizador inglês cheado de figuras e pro- Anthony Capristo para Nike Alex Turvey, a diretora fissionais da moda e da MELHOR FOTOGRAFIA - “Europa II” de Rafael Reparaz do Barcelona Fashion indústria têxtil. Film Festival, Eva A par dos filmes da Font, a estilista Katty RDD (“Co-Create”) da Xiomara, o realizador Latitid (“Cómo, cuán- FILMES DE MODA DE AUTOR José Pedro Sousa, o dido e dónde”) e da Falcão MELHOR FILME - “Rebellion” de Tiago Ribeiro MELHOR REALIZADOR - “The Funambulist Fibras, os aplausos da retor do CITEVE, Braz Dream” de Inês von Bonhorst plateia sublinharam tam- MELHOR FOTOGRAFIA - “Divas” de Tiago Ribeiro Costa, e o diretor da rebém o trabalho dos venvista Máxima, Manuel Dias Coelho. cedores nas diversas cateO Fashion Film Fesgorias, com destaque para ALIVE MOBILE a estreante Alive Mobile. MELHOR FILME - “Mickey”, de Pedro Pacheco tival é uma iniciativa Com o FFF, a moda e o da Associação Selectiva Têxtil afirmam-se como Moda em parceria com um dos grandes centros internacionais do cinema a produtora audiovisual Farol de Ideias, sendo de moda. Estela Rebelo diretora executiva do FFF, realizado no âmbito do projecto PFN , apoiado destaca “a notoriedade e credibilidade do festival, pelo Compete 2020 e pelo Portugal 2020. t
FAMALICÃO DEBATEU ECONOMIA CIRCULAR
E SE TIVERMOS DE PAGAR PARA IR AO PROVADOR?
Os têxteis estiveram no centro do encontro sobre inovação e economia circular promovido pelo município de Famalicão. Focada em três temas basilares: o têxtil; a água; e os novos modelos de negócio e novos empregos, a conferência incluiu ainda sessões de trabalho teórico-praticas, com a participação de especialistas e apresentação de casos práticos.
Acontece cada vez mais: os consumidores vão às lojas, provam o vestuário e regressam a casa para comprar online. Com isto, as lojas físicas perdem negócio mas mantêm os custos da operação, um movimento que já tem nome: showrooming. Por isso, há já estabelecimentos a cobrar a quem quer usar aquele pequeno metro quadrado rodeado de espelhos.
10 mil
quilómetros de tecidos são vendidos anualmente pela Adalberto
TÊXTIL PORTUGUÊS NA PRIMEIRA DIVISÃO MUNDIAL
O secretário de Estado Nelson Souza pediu para o deixarem “ser um bocado presunçoso” para elogiar a capacidade de afirmação, potencial de inovação e de exportação da ITV nacional: “Vemos um conjunto de empresas que se posiciona no segmento médio alto e está na primeira divisão mundial da indústria têxtil e do vestuário”. A manifestação de orgulho do secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão veio na sequência da visita aos expositores portugueses na Première Vision, ciceroneado pelo presidente da ATP, Paulo Melo.
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O PENSAMENTO DE THIMO SCHWENZFEIER
O apelido é um tanto complicado de pronunciar, mas é bem mais simples e direta a mensagem que trouxe Thimo Schwenzfeier, o diretor da NEONYT que esteve no Modtíssimo a apresentar a feira de moda ética e sustentável que irá ter lugar em Berlim, em meados de Janeiro. E como já quase ninguém duvida de que o futuro é ético e sustentável, também a poderosa Messe Frankfurt – que organiza a feira de Berlim - quis juntar-se à onda verde na Alfândega do Porto, mostrando que o objetivo é lançar um hub global e fornecer uma ampla plataforma para um estilo de vida sustentável e orientado para o futuro da indústria da moda. Sobre o que viu no Modtissimo e da forma com a indústria portuguesa está a olhar para estes novos desafios, Thimo garante que a ITV portuguesa está na vanguarda em termos de inovação e qualidade, mas tem ainda dificuldade em mostrar ao mundo a importância daquilo que por aqui é feito. Mais autoconfiança e melhor marketing, é o que recomenda. Por tópicos, eis o pensamento do director da NEONYT, Thimo Schwenzfeier. ITV portuguesa Quando na Europa central se fala de empresas portuguesas, toda a gente tem consciência que Portugal representa o state of the art no produto têxtil. E falamos de produto de alta qualidade e de sustentabilidade. Quando na Alemanha se fala hoje de grandes marcas, todas produzem em Portugal e fazem questão de o destacar como marca de qualidade. Inovação Portugal está claramente no Top Five mundial da inovação. Diria apenas que têm de se focar um pouco mais em termos de marketing, têm que contar a história, ser capazes de mostrar aquilo que está a acontecer. Outra grande vantagem de Portugal é que tem produtos inovadores a preços ainda bastante acessíveis e um bom posicionamento na cadeia. Promoção O têxtil português é tão inovador na forma como aborda o setor e como está a produzir, que também a forma como o apresenta e comunica deveria ser um pouco mais state of the art, com mais autoconfiança. Quando estamos na Alemanha, nos EUA ou na Intertextile em Changai, vemos sempre empresas portuguesas, mas a forma como se apresentam é ainda um tanto antiquada. Em vez de apresentações conjuntas,
era preciso mostrar mais showcases, tal como vemos aqui no Modtissimo. Green Circle Isto sim, é um verdadeiro showcase. É superinteressante ver as roupas, os tecidos combinados no produto final. Uma nova área [no Modtissimo] totalmente comprometida com a sustentabilidade, onde estão empresas grandes e bem conhecidas que estão profundamente mergulhadas nas soluções sustentáveis, como é o caso da Tintex. É que quanto maiores são as empresas empenhadas em processo sustentáveis, maior é também o efeito no ciclo global de produção. iTechStyle Gosto da ideia de combinar produto e moda como forma de mostrar o que há de novo em termos de tendências, de sustentabilidade e de tecnologia. Com este destaque e prémios para produtos inovadores, o que se vê é que o sistema têxtil e de moda estão bem combinados em Portugal. Vê-se que há um trabalho forte e coordenado, que estão todos no mesmo barco e a puxar para o mesmo lado, o que ajuda e fortalece a indústria portuguesa. Produto ou discurso? Sustentabilidade não é uma moda ou tendência passageira. A produção ética e sustentável é hoje uma realidade levada muito a sério. O que vemos é um conjunto de fornecedores que estão na cadeia de valor do têxtil desde o início e estão agora na vanguarda das soluções sustentáveis. As marcas e designers estão ao corrente daquilo que é hoje possível oferecer. Futuro Não há dúvidas de que nos próximos, cinco, dez, vinte anos, a moda ética e sustentável vai estar na linha da frente como o único modo de produção. E vemos isso até pelos feedback dos consumidores, dos média e da imprensa em geral. As pessoas estão sedentas por este tipo de soluções e o que querem de verdade são bons exemplos e boas práticas de produções sustentáveis e amigas do ambiente. Fast-fashion Também o setor fast-fashion - onde tudo é lucro e cada cêntimo é dinheiro – acabará por ter que se render à sustentabilidade. Porque todos queremos ter a garantia que não estamos a destruir o planeta e que as empresas são ética e ambientalmente responsáveis. t
CRISTINA BARROS JÁ EXPORTA MAIS DE 70% Com criação e execução 100% portuguesa, as vendas ao exterior da marca de moda da Blackspider já representam cerca de 70% do seu volume de negócio, que no último ano rondou os 2 milhões de euros. França e Espanha encabeçam uma lista de mais de 20 países onde a marca Cristina Barros já se encontra representada, num mapa que preenche praticamente toda a Europa, mas que também já toca em geografias distantes, como o Cazaquistão e o Turquemenistão.
INOVAÇÃO NO TOPO DA AGENDA DOS EXECUTIVOS
CHINA REDUZ TARIFAS À IMPORTAÇÃO TÊXTIL
Um estudo da Mercer Portugal conclui que 94% dos executivos portugueses revela que a inovação é parte central da sua agenda para 2018, mas apenas 35% têm equipas dedicadas ao tema. Por outro lado, o estudo indica que a digitalização é uma das principais alavancas para a criação de organizações mais ágeis e competitivas, especialmente em setores como a ITV, onde a resposta rápida é fundamental.
A China baixa de 11,5% para 8,4% as tarifas que aplica à importação de produtos têxteis, uma medida que beneficia as exportações têxteis portuguesas para o gigante asiático, que nos últimos tempos têm crescido a um ritmo muito acelerado. Segundo dados do INE, as vendas de produtos têxteis para China aumentaram 62% por cento no primeiro semestre, o terceiro maior crescimento absoluto, atrás da Itália e dos Países Baixos.
"Muitas marcas europeias regressaram a Portugal porque fizeram todo o circuito dos países baratos e não conseguiram encontrar bom e barato" Baltazar Lopes Diretor Geral da Albano Morgado
DEEPLY TAMBÉM QUER SURFAR A ONDA DE INVERNO
Com vestuário confortável que relaciona a memória afetiva com a ligação que a marca mantém com a natureza e com a vida saudável, a Deeply também quer surfar a onda e Inverno. Para que os longos meses de frio não sejam um impedimento para o surf, a coleção “Transition” propõe uma exclusiva linha de “padding jackets, windbreakers e softshells”, que utilizam tecnologia específica para proteger os surfistas dos dias frios e chuvosos.
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MTEX SUMMIT MOSTRA TECNOLOGIA TÊXTIL MADE IN PORTUGAL O presente e o futuro das tecnologias de Labeling, Packaging e Dye Sublimation foram o tema central da Mtex Summit 2018, que contou com a presença de representantes de empresas têxteis de todos os continentes. A par da apresentação das novas soluções tecnológicas e do programa de inovação da empresa, os participantes puderam também visitar as instalações e centros de produção e desenvolvimento da Mtex, uma empresa do grupo New Solutions que se dedica ao fabrico de máquinas de impressão digital têxtil, com tecnologia inovadora.
"Em termos de design, não temos limites de cores. Podemos fazer um milhão de cores numa toalha de mesa" João Paulo Silva Sócio-gerente da JPS
ESTUDANTES DO MODATEX MEDALHADOS NOS EUROSKILLS
Beatriz Soares e Bruno Feliciano, estudantes do Modatex, conquistaram a medalha de excelência em Tecnologia de Moda nos EuroSkills, os campeonatos europeus de profissões que decorreram em Budapeste. Mais uma distinção para o centro de formação português, numa prova onde participaram 12 equipas e onde a dupla lusa teve de aplicar os seus conhecimentos na produção de uma gabardine, do primeiro esboço ao resultado final. t
KORTEX QUER MUDAR O MUNDO E JÁ SABE COMO! Apresenta-se como uma startup tecnológica e propõe-se ser um hub industrial e funcionar como uma espécie de pivot para a economia circular. A ideia é revolucionar a forma como circulam os produtos industriais, apontando sempre a um novo destino no final do seu ciclo de vida útil. Fazer com que os produtos têxteis incorporem informação que aponte à sua reconversão/ reutilização é uma das propostas da “plataforma que impulsionará a dinamização de ecossistemas industriais para a economia circular”, tal como igualmente se anuncia. Criar disrupção, evitar que o resíduo tenha o aterro como destino e fazer com que seja antes visto como um recurso é a ideia que está na alma desta startup que nasceu enquadrada pelo Fama-
licão Made In e dá os primeiros passos na incubadora da Riopele. Ou seja, a Kortex quer mudar o mundo. E já sabe como o fazer. Falando perante a plateia de empresários presentes no encontro Famalicão Circular, Rui Abreu, fundador e mentor da ideia, deu até como exemplo o fabrico de uma tonelada de tecido cujo processo possa correr mal. O que fazer para evitar que se converta em resíduo e tenha o aterro como único destino? É essa a proposta Kortex: criar uma simbiose de plataformas industriais que agregue e partilhe informação como a localização, condição e disponibilidade desses materiais. Chamam-lhes recursos inteligentes porque, em vez de resíduos, que fazem mover o novo conceito de economia circular. t
A. FIÚZA E A UMINHO JUNTAS PARA AJUDAR OS FUTEBOLISTAS A A. Fiúza & Irmão concluiu um investimento de 1,5 milhões de euros na reorganização da produção, formação e equipamentos, e continua a aposta nas meias funcionais, tendo em curso, em parceria com a UMinho, o desenvolvimento de um produto inovador destinado aos jogadores de futebol. O 2C2T-Centro de Ciência e Tecnologia Têxtil da UMinho está a desenvolver com a Fiúza
umas peúgas para futebol que além de fazerem compressão (o que facilita a recuperação dos músculos) incorporam sensores que medem o esforço muscular, recolhendo assim informação preciosa para melhorar a metodologia de treino e aumentar a performance desportiva. O investimento de 1,5 milhões de euros no aumento da capacidade produtiva permitirá à empresa, que fabrica 3,5 milhões
de pares de meias/ano, fechar o corrente exercício com um volume de negócios superior a 3,5 milhões de euros, mantendo assim um crescimento anual na ordem dos dois dígitos. Fundada há 35 anos pelos irmãos António e João Fiúsa, à época técnicos especializados em teares circulares, a A.Fiúza fornece marcas de referência a nível mundial do mundo da moda e desporto de alta competição. t
AVERSE TRAZ-LHE BOAS RECORDAÇÕES “Quem não tem boas recordações do tempo da escola? É onde tudo começa!” – é este o tema da nova coleção da Averse, a marca própria de sportswear e moda urbana do grupo bracarense Gabritex, que apresenta uma linha de t-shirts e sweatshirts feita integralmente em Portugal e sempre com o logótipo da marca estampado na frente. Entre as opções femininas destaca-se a t-shirt com estampado floral.
FOCOR ATENTA À SUSTENTABILIDADE DO TINGIMENTO TÊXTIL A Focor concluiu uma parceria com a empresa coreana OhYoung para fazer chegar ao mercado uma gama de corantes reativos mais amigos do ambiente, quer pela poupança de energia e de água, quer pela redução sistemática dos reprocessamentos. O grupo diz que a utilização dos corantes reativos SUNFIX tem vindo a aumentar de modo significativo à medida que a indústria constata a fiabilidade da gama e num contexto de legislação ambiental mais restritiva na Europa e na China.
LACOSTE APOSTA MAIS NO ESTILO QUE NO GÉNERO
Fiel à sua capacidade de absorver o ar dos tempos, a Lacoste reduziu os últimos vestígios de uma moda hiper sexualizada para revelar uma permeabilidade real entre o guarda-roupa masculino e feminino. Sem reivindicações ou provocações, a marca apresentou uma coleção Primavera/Verão 2019 que aposta mais no estilo do que no género e, com uma forte inspiração vintage, combina peças intemporais e sazonais.
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M EMERGENTE Carla Lobo Administradora da R. Lobo Família Casada com um engenheiro mecânico (conheceram-se na universidade), têm duas filhas, a Leonor, 15 anos, que gosta de Biologia, e a Clara, 11 anos Formação Licenciada em Administração Pública (UMinho), fez o mestrado em Contabilidade de Gestão e é especialista em Contabilidade e Auditoria Casa Apartamento junto ao Parque da Cidade, em Guimarães Carro Carrinha BMW 350 Portátil Asus (“uso pouco”) Telemóvel iPhone 6 Hóbis “Os básicos: divertir-me com a família, jantar com os meus amigos" Férias Este ano estiveram em Aix-en-Provence, no sul de França Regra de ouro “Ter sempre um Plano B (e quando não tenho fico zangada…)”
FOTO: RUI APOLINÁRIO
A gestora do tempo tem sempre um plano B Era uma ideia fixa que tinha desde miúda - ser gestora de uma empresa. “Nunca me imaginei a fazer outra coisa”, confessa Carla Lobo, 43 anos de idade, 22 de têxtil, uma aventura integralmente vivida na R. Lobo, a empresa de Guimarães especializada em jerseys circulares que o pai, Rui, ex-diretor comercial de uma fábrica em Felgueiras, fundou em 1991. Não teve de fazer muitos desvios num caminho de antemão traçado. Apenas alguns ajustamentos, exigidos por aqueles acasos em que a vida é fértil, coisas de somenos importância para ela, mulher prevenida, habitualmente munida de um plano B - e não raro também de um plano C, não vá o diabo tecê-las. Como falhou por algumas décimas a entrada na FEP (no final de um percurso escolar em que passou pelas escolas João de Meira, Martins Sarmento e Francisco de Holanda), acionou o plano B e fez Administração Pública na Universidade do Minho. Tinha 23 anos, quando, no final do curso, recebeu o primeiro salário, como monitora da cadeira de Contabilidade de Gestão, e iniciou uma carreira académica - em que fez escala na Católica antes de deitar âncora no Instituto Politécnico do Cávado do Ave - interrompida no ano passado, quando já era professora adjunta. “Era demais - as aulas, as minhas filhas, a fábrica”, explica. Mas no início, quando a têxtil era menos exigente e ela não tinha concentradas nas suas mãos todas as responsabilidades da empresa, Carla conseguiu ser multitask, num alucinante final de século em que além de dar aulas, debutou como estagiária na R. Lobo, constituiu família e ainda arranjou tempo para fazer o mestrado e progredir na carreira académica. “Sou bastante eficiente a gerir o tempo. E muito focada em tudo quanto é quantitativo e económico - nos rácios e números”, diz a gestora, olhando-se ao espelho. Não estava falado, mas escrito em tinta invisível, subentendido entre pai e filha (ainda por cima única), que mais cedo ou mais tarde ela iria concretizar na R. Lobo o sonho de ser gestora de uma empresa. Era inevitável. “Não estou nada arrependida. Ao fim e ao cabo ajusta-se ao plano”, lembra. “Comecei - com muita paciência, pois trabalhar com o pai nunca é fácil :) - a aprender as diversas áreas de negócio. Primeiro as compras, depois a parte comercial, finalmente a financeira que é a que mais me atrai. Adaptei-me bem, gosto do que faço”, garante. 1996 foi o ano em que iniciou o estágio na R. Lobo. Focando-nos nos números, como ela faz, não é difícil concluir que já leva na têxtil 22 anos, ou seja, mais de metade da sua vida. “Já aprendi muita coisa, mas ainda tenho outro tanto para aprender”, avisa. 2003 foi o ano em que, por razões de saúde, o pai teve de se afastar - e ela, subitamente, teve de se ajustar a este solavanco na vida e assumir as rédeas de uma pequena empresa que se preparava para enfrentar a tempestade desencadeada pela adesão da China à OMC. A aposta na exportação e a subida constante na cadeia de valor foram as armas que usou para manter a cabeça fora de água. Em 1998, a R.Lobo apenas exportava 40% do seu volume de negócios. Dez anos volvidos, em 2008, essa percentagem subira para 70%. Este ano já está bem para lá dos 90%. “Pôr o foco nas exportações foi uma decisão acertada. Reforçamos a equipa comercial e começamos a ir às grandes feiras internacionais, à procura de novos clientes. Já não estaríamos cá se não fosse essa decisão”, refere Carla, acrescentando que a ITV mudou muito nestes últimos 22 anos: “Se o setor não tivesse evoluído como evoluiu, hoje já não havia cá têxtil. Tínhamos sido varridos”. “Quando comecei, o nosso trabalho era incomparavelmente menos exigente. Havia tempo para produzir. Não havia o stress que há hoje. Agora temos de estar muito mais focados. Não há margem para erros. Quando sentem que deixamos de ser parceiros de confiança, os clientes vão-se embora”, conclui Carla Lobo, uma gestora que faz questão de ser eficiente a gerir o tempo - porque sabe que o tempo é o único capital das pessoas que têm como fortuna a sua inteligência. t
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X O MEU PRODUTO Por: António Gonçalves
Insight Wearable
Desenvolvido pela Adapttech – Adaptation Tecnologies
O que é? Um sistema tecnológico composto por uma liga dotada de sensores, um scanner e uma aplicação mobile Para que serve? Encurtar e facilitar o processo de adaptação da prótese à perna do paciente Estado do Projeto? Em fase de certificação
CAMISAS DA LITORAL PRODUZIDAS NA RIBUL Ao lançar a colecção de camisas Outono/ Inverno 18, a Litoral destacou o facto de serem confeccionadas pela Ribul, o mais antigo fabricante português de camisas e blusas. Conhecida por lançar produtos totalmente Made in Portugal e escolher apenas fornecedores locais, a Litoral responde também às preocupações de responsabilidade social e ambiental. Por um lado, a redução da pegada ecológica com a poupança de combustíveis em deslocações e, por outro, destaca e assegura o selo de qualidade que é dado pela ITV nacional.
"A indústria tem de caminhar no sentido da robotização. Isso colmatará a falta de pessoal e de eficiência. A solução é produzir mais com menos pessoas" João Carvalho CEO da Fitecom
TINTEX FINALISTA NOS FUTURE TEXTILE AWARDS
Inovar sem meias-medidas Facilita o trabalho a ortoprotésicos, melhora a qualidade de vida dos pacientes e poupa tempo a toda a gente. O sistema Insight da Adapttech está entre os nomeados para os ITechStyle Awards e promete revolucionar a forma como são desenhadas as próteses das pernas. Criada por dois antigos estudantes da FEUP, Mario Saenz Espinoza e Frederico Carpinteiro, a Adapttech olhou para o processo a que os pacientes com próteses são sujeitos e viu muita coisa a melhorar. O problema passa pelo método utilizado, quase de tentativa e erro, em que são por vezes necessárias várias sessões, medições e reavaliações até atingir a adaptação perfeita entre a prótese e o corpo do paciente. Nos entretantos, o paciente caminha com algum desconforto e, por vezes, movimenta-se com limitações. O objectivo da start-up é reduzir tudo isto a apenas uma sessão. Para isso criaram um sistema tecnológico, composto por uma liga com sensores incorporados, um scanner e uma aplicação móvel. Em apenas 90 segundos, o scanner cria um modelo 3D do encaixe da prótese. Depois, com a liga vestida, são registados todos os movimentos do paciente e apuradas as medidas exatas. Durante este processo, a aplicação móvel permite uma interacção em tempo real e o ortoprotésico consegue prevenir qualquer falha na medição ou erro de cálculo. Ao final da
primeira e única sessão, a prótese já estará totalmente adaptada às necessidades do paciente. Para o desenvolvimento desta liga, a que a Adapttech deu o nome de Insight Wearable, a start-up contou com a ajuda do CITEVE, garantindo que apenas utiliza têxteis feitos em Portugal. “O revestimento em tecido é importante para que o sistema se torne mais confortável e visualmente apelativo. Queríamos evitar aquele aspecto de instrumento médico” explica Diogo Lopes, designer da empresa. Mas para além de ter surpreendido o júri dos ItechStyle Awards, para os quais está nomeado, o produto tem colhido larga aceitação, quer em apresentações a nível internacional, como junto dos centros ortopédicos, especialmente pelos pacientes onde foi inicialmente testado. “É muito simples e ajuda-nos a conseguir um maior conforto e mais qualidade de vida” afirma Marta Ferreira, uma das primeiras pacientes a experimentar o produto. Por enquanto, apesar de começarem a surgir interessados, o projecto encontra-se ainda em fase de certificação. “A certificação de dispositivos médicos é um processo bastante rigoroso e obriga sempre a algumas alterações” explica Diogo Lopes. No entanto, a previsão é que comece a ser comercializado ainda antes do final deste ano, ou no início do próximo. t
A Tintex parece já ter lugar marcado nos têxteis do futuro. Pelo menos é a opinião da World Textile Information Network, que incluiu a empresa lusa entre os finalistas dos Future Textile Awards 2018, na categoria de Melhor Inovação em Têxteis Sustentáveis. Mais um reconhecimento internacional na área da sustentabilidade para a têxtil de Vila Nova de Cerveira, que na mais recente edição da Première Vision Paris recebeu o galardão Tuscan Ethical Fashion e teve duas amostras nomeadas para os PV Awards.
100 mil
euros foi quanto a JPS investiu num novo equipamento que permite estampar digitalmente em larguras até 3,20 metros
PERFUME DE BALI NA LOJA DE GIO RODRIGUES
Após ter passado uma temporada em Bali, Gio Rodrigues decidiu fazer uma renovação na sua loja, situada na rua 31 de Janeiro, no Porto. Foi nessa ilha da indonésia que o designer, inspirado pelas energias do local e pela natureza – que se renova eternamente e nunca para de avançar –, sentiu necessidade de renovar e de imprimir um novo rumo para a sua marca.
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OPINIÃO PROMOÇÃO DA MODA E GLAMOUR João Costa Presidente da Associação Selectiva Moda e Vice-Presidente da ATP
AMBIÇÃO ACRESCIDA PARA O FFP 4.0 Paulo Vaz Diretor-Geral da ATP e Editor do T
O Setor Têxtil e de Vestuário, e em especial a vertente do vestuário, tem na Moda e no glamour uma das forças impulsionadoras da sua dinâmica comercial. A realização de desfiles de Moda, de forma sistematizada e com dimensão mediática e promocional visível, não tem entre nós - diferentemente do que acontece com o setor de que emana e que a materializa -, uma afirmação histórica muito longa. Na verdade, os desfiles de Moda estruturados e regulares tiveram início, em Portugal, no princípio dos anos 90, há cerca de 27 anos - primeiro os da Moda Lisboa e depois os do Portugal Fashion. E, como em todos os projetos em que não há conhecimento desenvolvido e experiência adquirida, tiveram de iniciar e percorrer um caminho de edificação e de afirmação. Porém, os desfiles de Moda, pela atração e movimentação mediática que envolvem e pelo clima emocional que geram, representam um dos processos mais afirmativos das tendências - estilos, modelos, materiais e cores - e valorizadores da dimensão imaterial do vestuário e dos produtos têxteis. Ora, sendo a criação e a incrementação de valor o objetivo central da criatividade, inovação e diferenciação, facilmente se
A campanha de promoção de imagem da indústria têxtil e vestuário portuguesa nos mercados internacionais está de regresso. O programa “Fashion From Portugal”, que a ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal – concebeu e colocou em prática, durante 2016 e 2017, em quatro mercados-chave para o sector – Espanha, Alemanha, Países Nórdicos e EUA, esteve focado nos subsectores da moda e marcas, “private label” e têxteis-lar, tendo sido o seu objetivo o reforço da reputação global da etiqueta “made in Portugal” e o seu superior posicionamento na cadeia de valor do negócio à escala global. E se o mote da anterior campanha foi “designed in Portugal, produced in Portugal, dressed worlwide”, promovendo a reindustrialização e a valorização da proximidade da produção, informada pela inovação e o design, que os prémios europeus “European Entreprise Promotion Awards (EEPA)” distinguiram recentemente na categoria de promoção internacional, a da atual “Fashion From Portugal 4.0” aposta nos novos meios de disseminação e comunicação digital para consolidar a imagem in-
compreende a importância dos desfiles na promoção do STV. Mas, para terem impacto mediático, promocional e valorizador, os desfiles precisam de alcançar dimensão, eficiência organizativa, qualidade, elevado nível de atratividade e glamour. E isto exige níveis de investimento elevados, que, pela sua transversalidade e importância na valorização do país e da criação e produção nacional, requer uma participação de recursos públicos em medida apropriada. Dificilmente se atinge este desiderato, porque ainda é ténue a cultura convergente e de reconhecimento destes princípios e da sua relevância na economia nacional, ao nível dos decisores públicos. A ATP está associada ao Portugal Fashion, que é, desde o seu lançamento, de iniciativa, organização e responsabilidade da ANJE. E, dentro das suas possibilidades de influência, sempre procurou que este projeto, que desde a sua génese se tem pautado por uma participação harmoniosa de criadores e de marcas industriais - e essa é uma das suas razões diferenciadoras -, se afirmasse positivamente e alcançasse o prestígio e reputação que o STV, e o nosso país, justamente merecem.
ternacional da Indústria Têxtil e de Vestuário nacional, elevando a fasquia da ambição ao usar o slogan: “Portugal: The New Trend Setter In Textile and Fashion Industry”, marcando um novo salto qualitativo no sector. De seguidores de tendências para criadores de tendências. Apresentado no passado dia 26 de Outubro, na Covilhã, com a estreia de uma das suas principais ações: a edição em inglês para os mercados internacionais do “T Jornal”, o “Fashion From Portugal 4.0” irá desenvolver um vasto conjunto de iniciativas, ao longo de um ano, entre as quais se destacam a criação de uma rede social dedicada aos profissionais do têxtil e da moda espalhados pelo mundo, o vídeo de segurança da TAP centrado na moda nacional, e um conjunto de ações de comunicação, orientadas a jornalistas e decisores, em mercados tão diversos como a França, Alemanha, Espanha e Colômbia, acompanhando as principais feiras que a “ASM - Associação Selectiva Moda” organiza nesses países, reforçando a notoriedade das empresas nos certames aí realizados. A Indústria Têxtil e Vestuário portuguesa
realizou um notável desenvolvimento nos últimos dez anos, recuperou de uma crise, que, por muito pouco, não a aniquilou, reinventou-se com novos drives, como a moda e o design, a engenharia do produto e a inovação tecnológica, valorizou-se com a intensidade de serviço ao cliente e com uma maior presença internacional, sem nunca perder de vista a sua capacidade de permanecer competitiva, muito embora hoje o preço já não seja central para captar e fidelizar clientes. Este esforço de upgrade não pode ser descontinuado ou enfraquecido, pois está muito mais por fazer do que aquilo que foi feito. Saibam agora as políticas públicas alocar os necessários recursos, alinhando a estratégia sectorial, unificada e consistente, com a estratégia geral para economia portuguesa, evitando andar a distribuir benesses por diversos atores, tantas vezes por simples razões de política menor, premiando muitas vezes aqueles que continuam carentes de mostrar trabalho e ter histórico, em detrimento de quem já realizou e deu mostras, acabando por ter como único resultado o enfraquecimento da dinâmica do esforço empreendido e prejuízo da eficácia das ações.
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Paulo Nunes de Almeida Presidente da AEP – Associação Empresarial de Portugal
João Nuno Oliveira Coordenador da Agenda Estratégica para a Indústria 4.0 do CITEVE
O ELEVADO CUSTO DA ENERGIA
PANOS E BITS
Muito recentemente, num outro artigo de opinião, sublinhei que, num mundo globalizado e altamente concorrencial, a capacidade competitiva das empresas é o fator decisivo. Sublinhava este aspeto a propósito da enorme preocupação pelos elevados custos da eletricidade pagos pelas empresas em Portugal, acima da média europeia para todos os escalões de consumo industrial. Esta situação, de per si muito preocupante, está agora a agravar-se. No momento da renegociação dos seus contratos, as empresas estão a ser confrontadas com aumentos muito significativos, na ordem dos dois dígitos, face aos contratos anuais anteriores. Este agravamento tem um peso negativo enorme na competitividade interna e externa das empresas, sobretudo no quadro da internacionalização crescente do seu volume de negócios. Tenho transmitido que o nosso tecido empresarial não está em condições de poder comportar tais acréscimos, pelo que se esta situação vier a confirmar-se, de forma generalizada, colocará sérios entraves ao crescimento económico. Uma fatia substancial da fatura energética paga pelas empresas pouco ou nada tem a ver com o seu consumo efetivo. Por mais eficientes que as empresas possam ser do ponto de vista do consumo da energia elétrica, será muito difícil “combater” uma parcela que é exógena à sua atividade, que inclui tarifas de acesso, custos de interesse económico geral, taxas, impostos e contribuições. O Têxtil e Vestuário, um setor que conheço bem, é um dos principais consumidores industriais de energia elétrica. Ocupava, em 2016, a 11ª posição no ranking do consumo (a primeira era o “Consumo Doméstico” seguido pela indústria de “Fabricação de pasta, papel e cartão”) e a 7ª do consumo em alta tensão. Nas indústrias transformadoras, ocupava a 6ª posição no consumo e a 2ª no segmento em baixa tensão. A realidade é esta! Quando estamos a falar de setores com elevado consumo de energia elétrica, a perda de competitividade é ampliada. No caso particular do Têxtil e Vestuário, estamos perante um setor com uma representatividade muito significativa na economia nacional, 20% do emprego e 11% do VAB da indústria transformadora. Acresce a importância para o equilíbrio das contas externas, dado o seu excedente comercial, que ultrapassou os mil milhões de euros em 2017 e cerca de 826 milhões de euros nos primeiros oito meses deste ano. O ano de 2017 foi o melhor de sempre em termos do valor exportado pelo setor, acima de 5,2 mil milhões de euros, ou seja, cerca de 10% das exportações globais de bens, demonstrando uma capacidade competitiva acrescida. Até agosto já ultrapassou os 3,6 mil milhões de euros. Reafirmo, Portugal tem que continuar a apostar na produção de bens e serviços transacionáveis, competitivos à escala global, como forma de potenciar o crescimento económico. Há motivos, mais do que suficientes, para se perceber que não podemos correr tão elevado risco de perda de competitividade. De uma forma direta, estaríamos também a colocar em causa o alcance da meta de 50% da intensidade exportadora, que tanto ambicionamos para Portugal. t
A quarta revolução industrial, ou “Indústria 4.0”, vem carregada de promessas e de dificuldades, de incentivos e de chamadas de atenção. A transformação dos negócios pela utilização de tecnologia cada vez mais sofisticada é, talvez, a caracterização mais forte que se faz deste movimento, e é por isso que o termo “transformação digital” é usado como sinónimo de “indústria 4.0” (i4.0). Mais do que um estado ou um destino, a i4.0 é um caminho ou uma jornada. Afirmar-se que já se está ou que já se chegou à i4.0 não é a forma mais interessante de integrar este movimento. A i4.0 é, mais do que a tecnologia, uma cultura e práticas organizacionais, e nem terá a mesma tradução para todas as empresas. O tema é algo líquido, como todos já constataram. É algo que se tenta agarrar com as mãos e que teima em fugir pelos dedos. Alguns aspetos são, no entanto, relevantes para possuir uma cultura i4.0, e é para esses que este texto chama a atenção, sem prejuízo de tratar o tema por outras dimensões. Comece-se pela junção entre tecnologia e negócio, pois na i4.0 estes dois polos de atenção estão fundidos num só, ou seja, não é possível discutir a organização sem equacionar a tecnologia e vice-versa. As iniciativas de i4.0 não são apenas de tecnologia ou de “informática”, são iniciativas que têm uma natureza e um impacto organizacional e, por conseguinte, devem ser promovidas, suportadas e lideradas pelo topo da gestão. Continue-se pelos dados. A i4.0 é pautada por uma elevada quantidade de dados, pois com o advento da internet das coisas, a quantidade de sensores que produzem dados aumenta, sejam os sensores de uma máquina industrial, o telemóvel de um colaborador ou o sistema de localização de um veículo. Saber lidar com dados e saber fazer perguntas são competências que os colaboradores da empresa terão que ter. Agora a experimentação. Experimentar é a forma de superar as muitas dúvidas que as iniciativas da i4.0 vão levantar. Esta abordagem implica utilizar pessoas, recursos e espaços para experimentar, implica dialogar com prestadores de serviços para validar a viabilidade de uma solução e implica gerir a experimentação como um projeto. Aliás, a i4.0 reclama uma abordagem por projeto. Por último, a questão cultural focada na mudança. A i4.0 vai requerer mudança na organização. Para a mudança ser bem-sucedida, esta deve contar com a participação de todos. Por isso, as iniciativas de i4.0 não podem ser o produto de um departamento de tecnologias de informação e não devem ser apresentadas como um facto ou uma imposição. A discussão sobre i4.0 valoriza frequentemente mais o papel da tecnologia. Sendo uma parte importante da equação, é necessário reconhecer que a tecnologia atua em contexto e que isso é a organização. Este texto procura equilibrar os pratos da balança, ao não abordar a internet das coisas, a inteligência artificial, a realidade aumentada e outras tecnologias e aplicações. De qualquer das formas, o têxtil e o vestuário são, e serão mais ainda no futuro, um negócio de “panos e bits”. t
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U ACABAMENTOS Por: Katty Xiomara
Despida de polémicas ou censuras – até para afastar os fantasmas de Serralves – a nova ministra da Cultura veste-se com duas indumentárias exclusivas criadas pela nossa Katty. Mesmo muito especiais. Dois looks cheios de liberdade criativa para uma entrada em grande, e aos quais não falta até uma subtil homenagem à comunidade LGBTQA+. Primorosa a nossa Katty!
Graça Fonseca com look mais colorido para a versão geringonça Parece que o nosso Costa, no intuito de se preparar para o inverno, decidiu fazer uma limpeza de outono, colocando novas caras para enfrentar velhos problemas. Ou pode ser simplesmente uma tentativa de fazer atualizações gratuitas no sistema da geringonça! São vários os ministérios alvo, mas a pasta da Cultura parece ser uma das mais afetadas, tendo já passado por duas desinfeções. É certo que tudo está ainda muito fresco para podermos fazer conjeturas. Na verdade Graça Fonseca ainda não teve tempo de aquecer a cadeira. Ou melhor, não teve tempo de a deixar arrefecer, tentando evitar uma queimadura de terceiro grau num assento ministerial ainda quente com a polémica do caso Mapplethorpe em Serralves. Ao que parece, a entrada será em grande e deixando as polémicas de parte, preparámos dois looks cheios de liberdade criativa e sem censura. Um conjunto de inspiração “pijama” camisa e calções em seda estampada com micro padrões geométricos, umas meias altas com efeitos quadriculados muito bem calçadas numas fantásticas sapatilhas que nos fazem lembrar uns caterpillar de brincar e umas dispendiosas Balenciaga de tons pastel. O segundo look faz uma subtil homenagem à comunidade LGBTQA+ com um padrão xadrez construído por intersecções de rainbow stripes numas culotes de cinta subida, com uma blusa em seda lavanda transparente de gola redonda e laço/gravata, fechando com um elegante Fedora de feltro. Sentimos grande prazer em vestir a nova ministra no oposto da sua natureza discreta. Isto porque a cor é uma boa forma de celebrar a sua ousadia e franqueza ao assumir a sua tendência sexual sem floreados nem fofoquices. Ela que num gesto simples demonstrou a coragem de que muitos são incapazes, coragem que lhe será agora tão necessária para assumir esta pasta ministerial ainda a arder. t
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O AS MINHAS CANTINAS Por: Manuel Serrão
Cozinha do Manel Rua do Heroísmo, 215 4300-259 Porto
SE EU FOSSE UM DIA O TEU COMER A Cozinha do Manel é um dos heróicos restaurantes da zona de Bonfim/Campanhã, no Porto, ou não estivesse ele na Rua do Heroísmo. A vitelinha e as tripas são as heroínas que mais se recomendam. Cozinho? Sim, também gosto. Mas não se deixe o leitor enganar pela sugestão do nome. Não está em causa a minha cozinha, mas sim a desse templo do Porto e arredores, que assentou arraiais na "baixa" e de lá não só não sai... como de lá ninguém o tira. Mas já tentaram, em tempos, com as intermináveis obras do Metro do Porto. Para estacionar o melhor é em plena Rua do Barão de Nova Sintra, que é onde qualquer portuense aterra sempre que tem problemas de águas. Municipais, bem entendido. É Preciso Ter Calma.
Quando decidimos ir à Cozinha do Manel e lá chegamos, todos lampeiros, sem mesa reservada... é preciso ter calma. Se fomos cautelosos, reservamos mesa e sentamo-nos mal chegamos, mortinhos por nos lançarmos à vitela, ou ao cabrito com umas batatinhas e um arroz de forno que nos aquece todos os sentidos convocados para este jogo. Mas é preciso ter calma... porque as entradas não podem ser ultrapassadas. Nem pela direita alta, nem pela esquerda baixa. Fazer Aquilo Que Ainda Não Foi Feito.
Foi o que eu pensei (mas não cantei, para conforto dos restantes convivas...) no dia em que lá entrei com um incontornável desejo de vitelinha. Daquela que se parte com uma colher, ou até com um prato, se quisermos imitar o exagero dos aficionados do cochinillo de Àvila, quase a chegar a Madrid. "Hoje temos umas tripinhas que estão uma delícia" disse solícito um dos colaboradores do Ma-
nel e mandei-as apresentar à entrada, que era uma coisa que ainda nunca tinha feito. Não Posso Mais.
Como as tripas estão de comer e chorar por mais, esqueço-me de que era suposto serem só uma entrada e avanço por elas dentro, até dar de cara com a vitelinha assada, que já vem com cara de sobremesa. É fundamental que se diga que a vitela nunca se apresenta a solo ou acústica, como alguns artistas agora fazem para tentarem contornar a crise. Neste restaurante, que é sério e à antiga portuguesa, ninguém alinha nessa moda espanhola de servir carne sem acompanhamentos que se vejam. Com a vitela, (como com o cabrito), vêm as batatas que se deitam com ele na assadeira, mas aparece depois o arroz, de forno, uma espécie de amante fugidia, que aparece e desaparece da mesa, sem nunca sair da mão de quem o serve. A desculpa oficial para este esconde, esconde é a vontade de o manter quente. Mas a minha verdade oficiosa é que, ficando, ele desapareceria até que na mesa já ninguém pudesse mais. Quem Me Leva os Meus Fantasmas.
A sobremesa para mim é sempre um tempo fantasmagórico. Aqui, como nos outros restaurantes onde a generosidade do prato de resistência não se questiona, a sobremesa é para mim um momento de contemplação. Em que me satisfaço a ver o que os outros pediram ou até só a ver o que a casa oferece. De tudo o que nos dão na Cozinha do Manel costumo ceder ao requeijão com doce de abóbora. Sem arrependimento registado. Pode o Céu Ser Tão Longe?
E aqui tão perto...? O melhor é perguntar ao Pedro Abrunhosa, que ele por lá anda há muito mais tempo do que eu. t
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c Por: Cláudia Azevedo Lopes
MALMEQUER Cristina Castro, 54 anos, é a Relações Públicas do CITEVE há quase 29 anos. Atualmente vive em Famalicão, mas nasceu no Porto e estudou Línguas e Secretariado no ISCAP. Casada, tem três filhos: a Joana, com 31 anos; a Xana, com 29 anos, e o João Pedro, com 17. No tempos livres gosta de “Dolce far niente”.
SOUVENIR
OS DIAMANTES SÃO ETERNOS
Gosta
Não gosta
Da família, acima de tudo Viajar Dançar Ver o mar Mimos Ficar no sofá nos dias de chuva a ver um bom filme Férias Cozinhar Amigos Comida tradicional Lealdade Pessoas educadas Conduzir sozinha a ouvir música bem alto Um bom copo de vinho maduro tinto Pessoas elegantes Benfica Jantar em Família Sair com os amigos Natal Jogar às cartas Carteiras Restaurantes onde se come bem Ouvir música Chocolate Cinema Dióspiros Pessoas simpáticas Calçado confortável Doces Conventuais Adormecer no sofá Sol Receber flores Estar com os três filhos Ler Aprender coisas novas Calor Dar e receber presentes Futebol Beijinhos e abraços dos filhos Tomar banho com água bem quente Ser mãe Cozido à portuguesa Desafios Queijos Música clássica Figos Romances e dramas Comida picante Música brasileira Perfumes
Injustiças Violência Desiludir quem amo Cheiro a suor Hipocrisia Ratos Ter frio Passar a ferro Pessoas mal educadas Filas Narizes empinados Tirar a loiça da máquina Pessoas falsas Nortada Estar doente Ser injusta com alguém Quando me chamam “Menina” Trânsito Sopa fria Tomate Barulho e confusão Trovoada Mentiras Ter pesadelos Iscas de fígado Imagens de crianças mal tratadas Lambebotas Levantar-me de madrugada Fanatismo Piercings Pessoas que não sabem ouvir Discutir política e futebol (nunca se chega a consenso) Violência Faltas de respeito Tomar banho de água fria Vulgaridade Sushi Teimosia Ouvir o som dos mosquitos quando tento adormecer Filmes de terror Despedidas Desarrumação Vento na praia Estender a roupa Moelas Monotonia Ver quem amo doente Circo Perder o controlo Comida sem sal
A peça mais especial da minha vida é o biquíni de diamantes: marcou a história, está no Guinness Book de 2000, marcou a minha vida, a minha carreira. Foi o biquíni mais caro do mundo, feito em ouro e diamantes, e na altura foi avaliado em um milhão de dólares. Marcou a minha vida por ter sido a primeira criadora da história a desfilar como manequim, logo com uma peça tão exclusiva, primeiro em Paris e depois na Moda Lisboa. Na verdade foi uma jogada de marketing: estava em Paris desde março de 1999, a competir com as maiores multinacionais do mundo, o que não era fácil. Não tendo o poder financeiro das grandes marcas, tinha de ter ideias. A peça voltou a ser usada num Festival de Cannes por uma manequim na passadeira vermelha. Na altura, fui desafiada para desfilar em Paris e eu, para acabar com a conversa, disse que só o faria se fosse vestida de diamantes – e acabou por ser isso mesmo que aconteceu. Desenhei o biquíni, encontrámos uma multinacional instalada na praça de Antuérpia, a Exibing Diamonds, que patrocinou o desfile – porque consideraram a ideia genial. Foi preciso fazer um enorme seguro e o biquíni viajava dentro de uma mala blindada rodeada por guarda-costas. Até que eu percebi que a maneira mais segura de andar com ele era dentro de um saco de plástico de supermercado – e foi assim que passei a transportar o biquíni. A peça pertence nesta altura à empresa.t
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CASSIANO FERRAZ [CASSIANO FERRAZ] www.cassianoferraz.com
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