PATRÍCIA FERREIRA CEO da Valérius Hub
“QUEREMOS SER SUSTENTÁVEIS E TRANSPARENTES”
PERGUNTA DO MÊS
OS CUSTOS DA ENERGIA, TRANSPORTES E MATÉRIAS-PRIMAS PODEM PÔR EM CAUSA A RETOMA? P4E5
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N Ú M E RO 67 N OVE M B RO 2 021
DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS
EMERGENTE
RICARDO PASSOU PELA ALEMANHA ANTES DE CHEGAR À TINTEX P 31
EMPRESA
FEIRAS
OUTFIT 21, A EMPRESA COM TRÊS ILHAS E UMA QUE NASCEU PARA IMAGEM DE VANGUARDA, VESTIR O HOMEM O FROM PORTUGAL DO SÉCULO XXI BRILHOU EM DUSSELDORF
FOTOS: RUI APOLINÁRIO
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DOIS CAFÉS E A CONTA
É NUMA DUPLA PARCERIA QUE ASSENTA O SUCESSO DA ELASTONI P6
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CORTE&COSTURA
EDITORIAL
Por: Júlio Magalhães
Por: Manuel Serrão
Celeste Pereira 50 anos Diretora Comercial da Dune Bleue, solteira (mas ocupada), nasceu e cresceu em Famalicão onde se envolveu no mundo dos têxteis. O domínio do alemão e do inglês é um trunfo que a Dune Bleue não deixou escapar, resgatando-a da agência de moda infantil onde trabalhou vários anos. A par das viagens, das feiras e do contacto com clientes, adora os convívios em família ou com amigos. O pecado é mesmo um bom Capitão Morgan, ou seja o rum com cola que se obriga a beber bem menos vezes do que gostaria
UMA CARA BONITA Num momento em que não faltam temas para a ITV poder fazer uma cara feia, nada melhor do que brindarmos os nossos leitores com uma imagem de capa de uma cara bonita. Não será isso que nos fará esquecer os aumentos da eletricidade e do gás, nem as propostas de nova legislação laboral que motivaram a saída das associações patronais da Concertação Social. Vale a pena ir ler o que sobre isto escreveu o Miguel Pedrosa Rodrigues nas nossas páginas de opinião. Como não é pela sua beleza que a Patrícia Ferreira abrilhanta a capa desta edição. Aos 28 anos, muito mais que uma cara bonita, a CEO da Valerius Hub é uma das caras da mudança em que a nossa indústria está empenhada. Sem papas na língua, dando provas de uma emancipação que só deve orgulhar o pai (José Vilas Boas Ferreira) a Patrícia fez de cada pergunta uma rampa de lançamento para uma avenida da informação nunca antes navegada. Protagonista modelar de uma nova geração na ITV, Patrícia Ferreira sabe que não há segredos bem guardados. O que o futuro pede e ela pede ao futuro são partilhas de sucessos para se poderem festejar cada vez mais sucessos partilhados por quem os merece. t
Em termos de Dune Bleue já podemos falar de retoma pós-pandemia? Sim, sem dúvida, alcançamos no final de outubro o volume de negócios de 2019! Sente que o made in Europe e também o made in Portugal vão ter uma procura acrescida nos próximos tempos? Certamente, o efeito COVID-19 veio alterar o paradigma do procurement e esse efeito vai-se estender no tempo. Na vossa atividade o e-commerce tem alguma relevância e faz algum sentido? No nosso caso não tem relevância, mas para compreender isto é necessário conhecer a nossa realidade. A questão é que mais 70% dos nossos clientes promovem eles mesmos as nossas marcas nos seus e-commerce. Quais vão ser os mercados de exportação prioritários
em 2022? América do Norte. Produção responsável e sustentabilidade são temas caros à Dune Bleue? Sem dúvida. E a prova disso é o facto de em todo o nosso portfólio já fazerem parte quatro rótulos que atestam produtos sustentáveis e responsáveis: GOTS, OCS, GRS e RWS. Como correu a última A+A? Valeu a pena o regresso às feiras físicas? Foi a primeira vez que participamos nesta feira e por essa razão não temos elementos comparativos. No entanto, ultrapassou largamente as nossas expetativas. Quanto ao regresso às feiras físicas, foi muito positivo. Já nos faltava o contacto pessoal com os clientes. É importante salientar que as pessoas que agora frequentam as feiras o fazem com um objetivo de trabalho definido e não apenas com curiosidade ou para passear. t
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- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Mário Jorge Machado Diretor: Manuel Serrão Morada Sede e Editor: Rua Fernando Mesquita, 2785, Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Cláudia Azevedo Lopes Telefone: 969 658 043 - mail: cl.tdetextil@gmail.com Registo provisório ERC: 126725 Tiragem: 4000 exemplares Impressor: Grafedisport Morada: Estrada Consiglieri Pedroso, 90 - Casal Santa Leopoldina - 2730-053 Barcarena Número Depósito Legal: 429284/17 Estatuto Editorial: disponível em: http://www.jornal-t.pt/estatuto-editorial/
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“As empresas não estão apenas a ser prejudicadas mas sim completamente estranguladas”
PERGUNTA DO MÊS Texto: Cláudia Azevedo Lopes
CARLA PIMENTA TEXSER
OS CUSTOS DA ENERGIA, TRANSPORTES E MATÉRIAS-PRIMAS PODEM PÔR EM CAUSA A RETOMA? Se ainda dúvidas houvesse, as feiras internacionais, o ritmo das encomendas e das exportações vieram já provar que a retoma está mesmo em curso. Um cenário que seria perfeito para a ITV portuguesa, não fossem os aumentos exponenciais dos custos de contexto a lançar sombras sobre o futuro imediato. Com o preço da energia, matériasprimas e transportes numa escalada sem fim à vista, os empresários sentemse asfixiados e pedem que não se deixe cair um dos setores que mais contribui para o emprego e exportações do país.
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ncomendas não faltam, ou não tivesse a pandemia servido para fazer ver aos compradores que nada bate a qualidade e proximidade. Agora, o problema parece ser sobreviver aos aumentos brutais dos custos de contexto, que podem fazer com que as encomendas não cheguem sequer a sair do papel. “Estes aumentos nos custos da energia vão ter mais impacto nas empresas do que a Covid”, afirma, perentório, Manuel Gonçalves, Executive Board Director do TMG Group, para quem a energia é o principal custo de contexto e que aponta a especulação nos recursos energéticos, nomeadamente do gás natural, como a principal culpada destes aumentos sem precedentes. Uma situação que para o empresário pode a longo prazo ser aliviada pela finalização do Nord Stream 2 – o gasoduto que liga Rússia à Alemanha e que tornará mais fácil e rápida a chegada do gás natural russo ao resto da Europa –, mas que a curto prazo tem um impacto imensurável para a indústria. “Só vamos conseguir transferir os custos para o cliente lá para janeiro ou fevereiro, quando negociarmos os novos contratos. Até lá é suportar e estou certo de que muitas empresas não vão conseguir aguentar”, vaticina. Quanto a soluções, e porque este é um problema global, Manuel Gonçalves vira-se para a Europa. “Não me parece que o governo português possa fazer muito relativamente a esta situação, que, para mim, depende muito mais de políticas europeias do que nacionais. A europa tem de reforçar junto dos fornecedores que a especulação é inaceitável e não pode continuar, ao mesmo tempo que devem ser estendidos os apoios europeus para as empresas interessadas nas energias renováveis”, completa.
Para João Almeida, business manager da JF Almeida, estamos a falar de “custos, incontornáveis e com um crescimento nunca antes visto, que já estão a prejudicar seriamente a empresa e a fazer com que Portugal perca a sua competitividade relativamente à concorrência oriental”. Custos que a JF Almeida tem de colocar do lado do cliente, o que pode colocar em causa a competitividade não só da empresa como da própria têxtil nacional. “Não temos margem para absorver tais aumentos. E o maior problema agora é que os nossos clientes também não os aceitam, porque sabem que o consumidor final não irá pagar esse incremento. O consumo vai diminuir, é certo…”, completa o gestor, que aponta o excesso de procura pelo disparar dos custos energéticos e de matérias-primas. Sendo a JF Almeida uma empresa vertical, o peso destes custos nos diferentes setores varia, mas o gestor aponta a fiação e os acabamentos como os mais afetados. “Só os custos energéticos representam 40% dos custos totais, e o algodão, a matéria-prima que mais significado tem na empresa, tem registado nos últimos 12 meses aumentos de 70%. Este custo representa, aproximadamente, 35% dos nossos custos totais”. E se para a problemática do algodão o gestor não vê solução, já está a investir no reforço de painéis solares e energia a biomassa para substituir o gás. Já António Cunha, sales manager da Orfama, é da opinião que a intervenção do Governo na resolução desta problemática é essencial, nomeadamente com mecanismos de compensação e desagravamento da carga
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“Estes aumentos nos custos da energia vão ter mais impacto nas empresas do que a Covid”
“No caso do gasóleo, uma boa medida seria a possibilidade de deduzir 100% do IVA, em lugar dos 50% atuais”
MANUEL GONÇALVES TMG GROUP
ORLANDO MIRANDA OLMAC
“Não temos margem para absorver os aumentos e os clientes também não os aceitam. O consumo vai diminuir, é certo” JOÃO ALMEIDA JF ALMEIDA
fiscal. Para o empresário, estamos perante um cenário muito preocupante e que está a afetar de forma exponencial a competitividade do setor, numa altura em que as empresas ainda estão a tentar recuperar das duras consequências da pandemia. “As encomendas continuam a chegar a bom ritmo, mas todos estes constrangimentos à atividade estão a afetar a capacidade de resposta e de produção das empresas. Este é um problema que afeta toda a cadeia de valor, e para tentar segurar a carteira de clientes, as empresas estão a abdicar das suas margens, tornando-as assim economicamente mais frágeis e com menor capacidade de investimento”, revela o empresário. Para além dos aumentos de “cinco vezes mais” do transporte de um contentor da Ásia para a Europa – de três mil para 15 mil euros – e dos custos energéticos e taxas associadas mais elevados da União Europeia, as matérias-primas são a despesa que mais pesa nas contas da Orfama. “Temos tido aumentos na ordem dos 20 euros por quilo nos fios com misturas de seda e Alpaca, de 30 euros nos fios com misturas de caxemira e até mesmo 50 euros nos fios de 100% caxemira, o que é muitíssimo”, completa António Cunha. Opinião semelhante tem Orlando Miranda, Administrador da OLMAC, que defende que a intervenção governamental é essencial e tem até em mente
medidas muito concretas acerca de como o executivo pode apoiar os empresários nesta hora crítica. “No caso do gasóleo, uma boa medida seria a possibilidade de deduzir 100% do IVA, em lugar dos 50% atuais, assim como deveria existir um apoio percentual sobre os custos de transporte, quer nas importações quer nas exportações. Quanto ao gás e à eletricidade, seria necessário igualmente um apoio percentual sobre os custos suportados”, detalha o administrador, que teme que as subidas destes encargos deixem as empresas de pés e mãos atados quando se trata de competir com a concorrência estrangeira. “Pela sua localização geográfica, as empresas dos países de leste – que são uma forte concorrência – sofrem menos, especialmente nos custos de transporte. A maioria dos exportadores do setor têxtil não poderá incorporar estes aumentos nos seus preços de venda, uma vez que trabalham com encomendas firmadas com bastante antecedência, altura em que estes aumentos de custos ainda não eram conhecidos. Mesmo que fossem, muito di-
ficilmente poderiam ser incluídos nos preços de venda, sob pena de perdermos negócios. Resta acomodá-los nas nossas margens, já bastante esmagadas, com reflexo na nossa rendibilidade”, resume o empresário. Com os custos de contexto a representarem boa parte dos custos totais da empresa, Joaquim Cunha, CEO da Blackspider, não tem dúvidas que estes aumentos drásticos vão ter um impacto muito negativo no sucesso da indústria. “Estamos a competir com empresas que produzem em países onde esses aumentos não têm o mesmo impacto, uma vez que não cumprem as mesmas regras que nós na União Europeia”, explica o empresário, para quem o primeiro passo para fazer frente a esta problemática será a capitalização da empresa, de forma a ampliar o poder de compra e assim conseguir fazer face a todos estes aumentos. No entanto,
defende, a situação só se resolverá com mudanças mais profundas e definitivas: “teremos seriamente que pensar com a máxima urgência em voltar a industrializar a Europa”. Já para Carla Pimenta, “a falta de matérias-primas e o aumento drástico de preços, aliados ao atraso e escassez de fios e ao aumento da energia, inviabilizam o sucesso das empresas”. A CEO da Texser, que nos últimos tempos tem visto os custos de contexto sofrerem um aumento de 45%, que dificilmente se refletirá nos preços de venda, sente que “as empresas não estão apenas a ser prejudicadas mas sim completamente estranguladas”. Por isso, “talvez baixar
a carga fiscal a que estamos sujeitos, e regular os preços dos combustíveis” possa ajudar a mitigar a situação e a dar às empresas alguma margem de manobra, defende Carla Pimenta, que reforça ainda que o futuro da têxtil portuguesa passa pela “formação dos jovens, cativa-los e incentivá-los a trabalhar na indústria têxtil, pelo que as empresas deveriam ser apoiadas nesse sentido”. t
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A DOIS CAFÉS & A CONTA Restaurante D. Henrique Rua de S. Bento, 309 4770-222 Joane
Entrada Sopa de legumes Prato Cabrintinho assado no forno com batatas e grelos salteados Bebidas Água e vinho verde branco do Casal de Ventozela Sobremesa Rabanada e cafés
NUNO OLIVEIRA E ANTÓNIA RAFAEL
ADMINISTRADORES DA ELASTONI Ambos têm 44 anos e já eram casados antes da sociedade empresarial. Licenciado em Química, Ramo Têxtil (UMinho), Nuno tinha já larga experiência no setor, com passagem por Mabera e Carvema, enquanto Antónia, com formação em Design, já se ocupava na confeção fundada pelos pais. O desafio era modernizar a empresa e fazer evoluir o negócio, mas sem ter que dividir ganhos com a banca. Com prova superada, os lucros têm sido reinvestidos no fortalecimento da empresa. Um crescimento sustentado que tem também outro objetivo. Rodrigo (14 anos) ainda só pensa em futebol, Camila (12) mostra atenção à moda, mas ambos terão as opções facilitadas quando os pais tiverem que pensar na sucessão
A DUPLA PARCERIA QUE FAZ O SUCESSO DA ELASTONI
O cabritinho assado no forno e a escolha do vinho produzido por um dos parceiros locais foram o pretexto ideal para Nuno Oliveira apresentar a Elastoni. “Uma empresa que tem crescido 10 a 15% ao ano, quer manter a seriedade com que sempre esteve no negócio, com clientes fidelizados que respeitam o produto e um grupo próximo de parceiros e fornecedores”, sintetiza Nuno Oliveira, apoiado por Antónia Rafael, a outra administradora, com quem tem também sociedade conjugal. É que tal como o restaurante, a Elastoni desde sempre apostou também nos produtos de qualidade, com valor acrescentado, e apoiada numa relação de proximidade e confiança com os vários parceiros, um dos quais a empresa dos produtores do vinho que veio à mesa, a vizinha Lima & Companhia. “Aqui há uma forte relação e cumplicidade entre todos”, sublinha, dando conta que praticamente todos os parceiros e fornecedores da Elastoni estão num raio de cinco quilómetros. Fundada em 1980 pelos pais de Antónia e vocacionada para o underwear, a empresa apostou desde início na exportação de qualidade e valor acrescentado das peças, num percurso linear que precisava de um upgrade quando, em 2014, chegou a hora de pensar na sucessão. Com formação em design e a única irmã dedicada à medicina veterinária, é pura retórica dizer-se que Antónia teria outras opções.
Restava-lhe convencer o marido, já com largo percurso na têxtil. “Ou modernizávamos a Elastoni ou criávamos uma coisa nova”, explica Nuno, mostrando que o que aconteceu foi mesmo o nascimento de uma nova realidade, só que ancorada da estrutura da empresa. Um grupo que à Elastoni junta hoje a Angel Incentive e a Be Angel, a primeira dedicada à vertente comercial e desenvolvimento de produtos, a segunda como marca própria. Foi com as máscaras transparentes pensadas para a comunidade de mudos que o país ficou a conhecer a Be Angel – “não foi fácil combinar plástico e malha” –, mas foi graças à qualidade das suas máscaras têxteis que no ano passado (da pandemia) o grupo quase duplicou os cerca de três milhões de euros de faturação de 2019. Uma qualidade que levou o CITEVE a lançar-lhes o desafio de criarem as máscaras que permitiram que a comunidade de surdos pudesse também comunicar em segurança. Até os governantes estiveram na apresentação da Special Mask, como lhe chamaram, que passaram a ser usadas nas televisões e nas conferências de imprensa diárias das autoridades de saúde. “Ainda agora recebemos encomendas todos os dias, de escolas, professores e muitos serviços públicos”, conta Antónia. Um negócio, contudo, marginal, mas que deu notoriedade ao grupo que exporta
praticamente tudo que produz para marcas conceituadas do centro da Europa e países nórdicos. Produtos de grande valor acrescentado, como é o caso das T-Shirts que saem a quase cem euros e são vendidas em Paris ou Londres na ordem dos 300. “Levam aplicações especiais e acabamentos requintados”, explica Antónia, enquanto Nuno Oliveira conta também o caso de uma marca online de streetwear que uns novos clientes belgas – “muito jovens” – pediram para fabricar: “apostaram em coisas como os programas das irmãs Kardashian e em desportistas famosos e vendem para todo o mundo”. Com uma equipa que tem à volta de 40 pessoas – e uma relação de grande proximidade com todas elas – o segredo do grupo está na proximidade e fiabilidade dos parceiros e na capacidade e elasticidade internas. Com os clientes de sempre, a Elastoni conjuga a sua confeção com o apoio ao desenvolvimento de novos produtos, tanto para a Be Angel como para os clientes internacionais da Angel Incentive. E como Antónia toma conta das operações, Nuno pode ainda desdobrar-se como sócio e diretor-geral da Perfil Cromático (antiga Mabera), que é provavelmente a maior prestadora de serviços de tinturaria e acabamentos do cluster têxtil. No fundo, é mesmo na dupla parceria entre Nuno e Antónia que se apoia o sucesso da renovada Elastoni. t
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2. A MARJOMOTEX FOI A RESPONSÁVEL POR DAR PINTA AO STAFF. A GANGA ESTEVE EM DESTAQUE NA ESCOLHA DA EMPRESA DE CONFEÇÃO
FOTOSÍNTESE Por: Bebiana Rocha
1. COM O REGRESSO À ALFÂNDEGA, A AFLUÊNCIA DE COMPRADORES PROVOCOU CONCENTRAÇÕES À ENTRADA DO MODTISSIMO58
A RETOMA ESTÁ NO AR Proposto pelo MODTISSIMO, o voo de regresso aos bons negócios transformou-se numa excelente descolagem para a retoma do setor têxtil nacional, com o regresso aos contactos e a afirmação da ITV portuguesa como fornecedora privilegiada de qualidade. A edição 58 ficou marcada por novos recordes, quer no número de expositores, que ocupavam até os corredores, quer de compradores, cerca de quatro mil, sempre com foco nas propostas sustentáveis
7. A AFLUÊNCIA AO STAND DA LMA NÃO PASSOU DESPERCEBIDA ÀS CÂMERAS. A CEO ALEXANDRA ARAÚJO ESTAVA FELIZ PELA CONFIANÇA DEPOSITADA NO MADE IN PORTUGAL
6. O COLORIDO DA CONCRETO CHAMAVA ATENÇÃO, TAMBÉM COM PROPOSTAS PARA A MARCA DE CRISTINA FERREIRA
12. QUEM TAMBÉM NÃO TEVE MÃOS A MEDIR FOI A A. SAMPAIO & FILHOS, CUJAS MALHAS ATRAÍRAM OS COMPRADORES ESTRANGEIROS
11. NOVOS CLIENTES E NOVAS GEOGRAFIAS DE VISITA À LIMA & COMPANHIA, QUE ESTEVE SEMPRE EM ALTA ROTAÇÃO NOS DOIS DIAS DE FEIRA
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4. CADA VEZ MAIOR E COM MAIS QUALIDADE, O ITECHSTYLE GREEN CIRCLE MOSTROU MAIS UMA VEZ COMO A NOSSA ITV FAZ A VANGUARDA DA SUSTENTABILIDADE
3. A NOVIDADE DE TER UM PAÍS CONVIDADO – A ÁUSTRIA – DEU OS SEUS FRUTOS. O NÚMERO DE EXPOSITORES AUSTRÍACOS DISPAROU COM O APOIO DA ADVANTAGE AUSTRIA
5. OS NOVOS ESTAMPADOS FEITOS A PARTIR DE PIGMENTOS MINERAIS FORAM A APOSTA QUE ATRAIU AS ATENÇÕES PARA O STAND DA ADALBERTO
9. INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE SÃO A MARCA DO ITECHSTYLE SHOWCASE. O TOQUE É IMPRESCINDÍVEL PARA AVALIAR OS TECIDOS
8. A AVALIAR PELOS SORRISOS E BOA DISPOSIÇÃO, NÃO HÁ DÚVIDAS QUE SE FIZERAM EXCELENTES CONTACTOS NO STAND CRISTINA BARROS
10. APOSTADA NA PERSONALIZAÇÃO, A SANTOS CAMISEIROS ESCOLHEU O MODTISSIMO58 PARA VOLTAR À DINÂMICA DAS FEIRAS PRESENCIAIS
14. A ATENÇÃO AO CLIENTE NOTAVA-SE AO LONGE NO STAND DA SOMELOS, QUE REGISTOU UM CONSTANTE VAI E VEM DE CLIENTES
13. DO LADO DA LIPACO, A SENSAÇÃO FOI IGUALMENTE DE MISSÃO CUMPRIDA. VÍTOR SILVA, RESPONSÁVEL DE MARKETING, ESTEVE SEMPRE A MIL
13. PARA MEMÓRIA FUTURA, A LENZING IMPRIMIU T-SHIRTS COM UM ESTAMPADO ALUSIVO À INVICTA E AO MODTISSIMO. O REGRESSO AO NOVO NORMAL COM O TÊXTIL A SAIR DE NOVO POR CIMA
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DFT30, A SOLUÇÃO DE IMPRESSÃO ALL-IN-ONE DA MTEX NS A DTF 30 é a mais recente proposta da MTEX NS para o setor têxtil, uma tecnologia diferenciadora que proporciona num só equipamento os processos de impressão, aplicação e fixação do pó em filme de transferência. É também amiga do ambiente e com dois anos de garantia, diz a fabricante. A empresa com base em Famalicão apresenta o novo modelo como “uma tecnologia diferenciadora multifuncional, utilizando para isso duas cabeças de impressão distintas – CMYK e Branco”.
"Tenho encomendas que não consigo entregar porque me faltam trabalhadores para as executar" José Armindo Ferraz CEO da Inarbel
VAL:UE, A NOVA FEIRA PARA MARCAS E SOURCING DA MESSE FRANKFURT O ano 2022 vai ser de novidades para a Messe Frankfurt: para além de deslocar a Neonyt para Frankfurt vai lançar uma nova feira. Chama-se Val:ue e é dedicada à moda mainstream e vai incluir o segmento Apparel Sourcing in Fashion, focado nas empresas de qualidade que produzem em regime de private label . Uma área que em muito poderá interessar às empresas portuguesas, tendo em conta que é a primeira vez que uma feira de sourcing se encontra integrada num contexto de feiras de confeção e não de tecidos. As empresas interessadas em participar poderão contar com o apoio da Associação Selectiva Moda, no âmbito do projeto From Portugal 2021/22, naturalmente estendido também à Neonyt, que integrará pela primeira vez uma área dedicada a tecidos sustentáveis: a Advanced Fabrics@Neonyt. O objetivo da Messe é também consagrar Frankfurt como um dos principais polos da têxtil e da moda, e, para isso, o Grupo Premium irá também deslocar para Frankfurt as já estabelecidas feiras Premium e Seek, ao mesmo tempo que irá apresentar pela primeira vez o
EMPRESAS COM O PROJETO SOLIDÁRIO SACOS COM ASAS
EURATEX: ENERGIA E TRANSPORTES AMEAÇAM RECUPERAÇÃO
Fornecidos maioritariamente pela Troficolor, com bordados da Jonati, e em linha com a oferta sustentável do MODTISSIMO, a Associação ASAS distribuiu cerca de 300 “Sacos com Asas”, todos feitos com excedentes têxteis. Algumas empresas mostraram interesse em adquirir os sacos da associação para ofertas de natal, outras abordaram a ASAS para se tornarem fornecedoras de tecidos excedentários.
Os mais recentes dados económicos confirmam a recuperação da indústria têxtil e do vestuário europeia, mas a Euratex adverte que esse caminho pode ser interrompido. Os problemas atuais das cadeias de fornecimento e do aumento inesperado dos custos associados às energias são uma ameaça, refere em comunicado a federação europeia de que a ATP - Associação Portuguesa de Têxtil e Vestuário faz parte.
48%
do consumo de energia da Riopele é proveniente de fontes renováveis
The Ground, um festival B2C de moda jovem. Simultaneamente, a cidade acolherá pela primeira vez a Semana da Moda de Frankfurt – a Frankfurt Fashion Week – um mega evento sob o lema “Reform the Future”, que irá reunir em Frankfurt, de 17 a 21 de janeiro, os mais importantes eventos de moda europeus. Enquanto os desfiles e eventos de moda ocupam os lugares mais icónicos da cidade, decorrem em paralelo (18 a 20 de janeiro) as feiras da Messe Frankfurt permitindo
ao visitante encontrar tudo o que procura ao mesmo tempo e no mesmo local. A semana da moda acolherá três conferências para analisar o tema sustentabilidade a partir de diferentes perspectivas: Fashiontech, com foco no desenvolvimento sustentável na indústria têxtil e do vestuário; Fashionsustain, que reúne pioneiros e inovadores no que toca a sustentabilidade; e Frankfurt Fashion SDG Summit, onde serão debatidos os objetivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas. t
CABIDES ÁRVORE DA ANTARTE RENDEM QUASE 40 MIL AO CMIN Parceira habitual da Selectiva Moda, a Antarte promoveu o já habitual jantar-leilão Árvore Solidária, com o qual foram angariados cerca de 40 mil euros, que revertem na totalidade para o Centro Materno Infantil do Norte. O projeto criado pela marca em 2019 juntou desta vez as árvores decoradas por artistas e criadores como, entre outros, Katty Xiomara, Bordallo Pinheiro, Chakall, Francisco Laranjo, Joana Vasconcelos, Paulo Neves, Pedro Guimarães e Zulmiro Carvalho, que presencialmente ou através do envio de uma mensagem vídeo, fizeram questão de marcar presença nesta ação. Satisfeito com a adesão e os resultados do projeto Decorar para Humanizar, do qual faz parte a Árvore Solidária, Mário Rocha, CEO da Antarte, quis deixar claro que este é um projeto que vai continuar.
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FLM PREVÊ ATINGIR CINCO MILHÕES E 100 TRABALHADORES ATÉ 2026 Especializada na produção de moda desportiva, íntima e de banho, a FLM Têxtil, com sede em Guimarães, obteve a certificação ISO 9001, a norma mais utilizada mundialmente e referência internacional para a Certificação de Sistemas de Gestão da Qualidade. Um passo importante, diz a empresa, para, em 2026, atingir um volume de negócios de cinco milhões de euros e uma centena de funcionários. A empresa prevê ainda mudar-se para um novo espaço, o que permitirá acrescentar os setores de embalagem, distribuição, logística e gestão de marcas.
"As nossas funcionárias são o ativo mais importante da empresa" Margarida Maximo CEO da TMR Fashion Clothing
ESTAMPADOS SÃO A NOVA APOSTA DA SAN MARTIN
Com os casamentos, batizados e outras cerimónias em paragem forçada pela pandemia, a San Martin, empresa de tecidos e acessórios para a alta-costura, decidiu apostar nos tecidos estampados, um segmento bastante diferente do seu core business. Uma estratégia que deu um fôlego extra à empresa e cujo sucesso ditou que se mantivesse na nova coleção. “Os estampados abrem-nos as portas a um mercado mais variado. Ficámos satisfeitos com o resultado e agora é para manter, só temos a ganhar”, disse Nuno Lemos, Co-Owner da SanMartin. t
JF ALMEIDA DESENVOLVE ACABAMENTO ANTI UV Apesar de cobrirem o corpo, as fibras que compõem as nossas roupas deixam atravessar os raios solares, pelo que é preciso uma barreira extra para proteger as peles mais sensíveis, especialmente nos dias de maior exposição solar. Barreira essa que a JF Almeida acaba de criar: um acabamento anti UV, com um toque suave e amigo do ambiente. Este acabamento é feito à base de dióxido de titânio mineral que reflete os raios ultravioleta, impedindo assim que a pele absorva a radiação. “A construção têxtil tem um efeito limitador no UPF [fator de proteção ultravioleta] a ser alcançado e com a construção de tecido adequada os requisitos de padrões comuns podem ser cumpridos, dependendo do substrato, para UPF 30, UPF 50 ou UPF50+”, explicou a empresa.
O anti UV pode ser aplicado a diferentes materiais como o algodão, linho, poliéster e poliamida. A empresa acrescenta ainda que este é um acabamento Bluesign aprovado pelas normas GOTS 5.0, pela ECOCERT Greenlife e pelo nível 3 da Gateway ZDHC. Recorde-se que este é apenas um dos vários acabamentos da JF Almeida. Integra a categoria proteção, juntamente com o Cottpure5, desenvolvido para reduzir a proliferação de fungos, vírus e bactérias, e o Neflame, que dificulta a propagação do fogo. Para além da categoria proteção, existe a Aromatic, com aromas a lavanda, aloé vera e camomila, ou a Regular, de que são exemplos os acabamentos Easy Care e Hydropes, para melhor absorção, e os impermeabilizantes. t
PORTUGAL EM 5º LUGAR NA PRODUÇÃO DOS GIGANTES DA MODA Os gigantes da moda reduziram a sua dependência da China enquanto centro de abastecimento da produção na sequência da pandemia de Covid-19, e Portugal parece ser um dos países alternativos que está a ganhar com as alterações induzidas pela crise sanitária: segundo dados constantes dos balanços, as empresas portuguesas fecham o Top 5 dos mercados de produção, logo a seguir à China (que apesar de tudo ainda se mantém em primeiro), Turquia, Bangladesh e Índia.
A mudança de azimutes deu-se depois de as grandes empresas terem concluído que o sourcing associado aos negócios (custo total no processo de aquisição de produtos ou serviços) foi alterado pelas condições da pandemia e deixado de ser vantajoso. Os quatro maiores produtores de moda do mundo (Inditex, H&M, Fast Retailing e Gap) agregam agora, segundo dados coligidos pelo jornal espanhol Modaes, uma exposição (em número de fábricas contratadas) ao
mercado chinês de 18,79% (para 11.301 fábricas), quando há um ano essa percentagem era de um pouco mais de 26%. Mas, apesar da redução da concentração na China, o país continua a posicionar-se como o maior polo de produção daquelas quatro empresas. O segundo maior centro de produção da Inditex, H&M, Fast Retailing e Gap é agora a Turquia (9,64% do total), seguindo-se o Bangladesh (7,74%), Índia (6,13%) e Portugal (6,05% do total). t
ZONA DE LIVRE COMÉRCIO ABRE OPORTUNIDADES EM ÁFRICA O arranque oficial da Zona de Comércio Livre Continental Africana (AfCFTA) ampliará as oportunidades comerciais dentro e fora do continente africano, depois de 36 países terem retificado o acordo. A AfCFTA, que quer eliminar as tarifas sobre a maioria dos bens e serviços e liberalizar o comércio de serviços essenciais, tem o objetivo final de ter um mercado único com livre circulação de mão-de-obra e capital e, quanto ao comércio de mercadorias, o plano é que nos próximos cinco anos as tarifas aduaneiras se reduzam a zero para 90% das mercadorias. As tarifas sobre bens sensíveis a 7%, como o têxtil, açúcar e motociclos serão liberalizadas num período mais longo, e estão excluídas 3% das mercadorias.
PRODUÇÃO DE MÁSCARAS TORNOU-SE UM CASE STUDY A produção é agora residual, mas as máscaras vieram mesmo para ficar. As exportações continuam, como mais um produto do portefólio da ITV portuguesa, mas a agilidade, rapidez e eficiência com que fileira têxtil respondeu à situação de crise tornou-se em mais um case study que destaca o nosso saber fazer. Quem o diz é o Expresso, apontando que “a adaptação ágil da fileira têxtil à pandemia para oferecer máscaras ao mercado em dois meses, tirar trabalhadores do lay-off e continuar a trabalhar tornou-se um case study em 2020”.
98%
da produção de A Penteadora é para exportação
CONCRETO: NOVA COLEÇÃO É UMA QUEBRA NA MONOTONIA Evolution Woman é a aposta da Concreto para a estação FW21-22, uma nova coleção que representa o desejo de novidade e a quebra da monotonia. As propostas da marca portuguesa dividem-se em três subtemas: ground sky (céu da terra), neutral finery (elegância neutra) e multicolour (multicolor). As habituais malhas caneladas, sobretudos de lã e cardigãs estão nesta coleção com tons neutros e elegantes como preto, cinza e camel, enquanto as calças palazzo têm padrões abstratos e com cores contrastantes entre si.
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X A MINHA EMPRESA Outfit 21
Rua Heróis do Ultramar Soutocico – Arrabal 2424-001 Leiria
O que é? Fábrica de confeção de vestuário clássico masculino Fundação 2019, a partir de uma estrutura já existente há 38 anos Exportação Por enquanto, sobretudo para Espanha, mas com a ambição de alargar para outros mercados Marcas Pietro Produção 240 peças com manga por dia e idêntico número de calças Trabalhadores Perto de 200 Volume de negócios Dois a três milhões
WAY 2 TEX QUER APROXIMAR TÊXTIL DE PORTUGAL E BRASIL A enorme dimensão e potencial da fileira têxtil do Brasil tem ainda poucas ligações à sua congénere portuguesa – as taxas alfandegárias são o impedimento mais visível – e a função da Way 2 Tex, do universo da Febratex mas de direito português, é a de aproximar os empresários dos dois países. Como disse ao T Jornal a diretora executiva do Febratex Group, Giordana Madeira, “gerimos a internacionalização da fileira têxtil nos dois sentidos: dos empresários brasileiros para Portugal, porta de entrada na União Europeia, e dos portugueses para o Brasil. Queremos aumentar o conhecimento de cada lado em relação ao outro e melhorar os níveis de confiança”, sublinha.
"Em 2012 dependíamos a 80% de um só cliente, hoje anda à volta dos 25%" Simão Gomes Presidente da Sampedro
ITMF: INCERTEZA EMPRESARIAL DIMINUIU EM SETEMBRO
A empresa que nasceu para vestir o homem do século XXI Se fosse por escolha, dificilmente alguém encontraria um contexto mais adverso para avançar com uma nova empresa. Embora absorvendo toda a estrutura e experiência da Unilopes, Indústria de Confeções, Lda, fundada em 1982, a Outfit 21 iniciou a atividade em finais de Março de 2019, coincidindo precisamente com a explosão da pandemia de Covid-19. Ainda por cima, inteiramente vocacionada para o vestuário formal para homem, um segmento que o confinamento bloqueou por completo. “Avançamos para o fabrico de equipamentos de proteção, como batas e máscaras, mas ao mesmo tempo prosseguimos com a nossa primeira coleção, para o verão 2020, que apresentamos em junho”, descreve Aires Santos, o diretor comercial da nova empresa. Com uma estrutura antes exclusivamente focada na produção da marca Giovanni Galli – cujos donos eram os mesmos da Unilopes –, o objetivo prioritário passava pela conquista do mercado ibérico com uma marca própria. E com foco no país vizinho, já que “no fundo a Espanha acaba por ser o mercado doméstico, só que com outra dimensão e capacidade de compra”. Uma ofensiva cujo cavalo de Tróia acabou por ser uma marca residual já existente na empresa, a Pietro Donati, que a Outfit 21 assumiu como bandeira. Deixando cair o apelido, a Pietro entrou mesmo em força em Espanha, de tal forma que no final do ano as contas já apresentavam resultados comparáveis com os anteriores exercícios da Unilopes. Entretanto foi também lançada em Portugal, enquanto em Espanha cobre já todo o território, tendo passado dos dois vendedores iniciais para cinco.
“Nesta altura estamos já a fazer repetições e a repor stocks, o que acontece também para a Giovanni Galli”, explica o responsável comercial, dando conta do bom ritmo a que está a ser vendida a coleção de inverno 21/22. “Já começou em maio/junho, tem havido grande procura, muita mesmo”, rejozija-se. Depois do mercado ibérico, o objetivo é levar a Pietro até França, Reino Unido, Noruega, Itália, Suíça Marrocos ou os EUA, mercados para onde a Outfit 21 já trabalha, seja através da Giovanni Galli ou de outras marcas em regime de private label. Com uma equipa de três accionistas liderada por Mário Gaião, antigo diretor-geral da Dielmar, e uma profunda remodelação, a nova empresa manteve os cerca de 200 trabalhadores e fabrica por dia à volta de 240 peças de manga e idêntico número de calças. Fatos, sobretudos, parkas e gabardinas para homem, de perfil clássico e posicionamento médio-alto. “O objetivo da Pietro é posicionar-se progressivamente no segmento alto, subir na cadeia de valor. Queremos incrementar a qualidade e dignificar o produto em termos de confeção, fugindo da massificação e concorrência pelo preço”, frisa Aires Santos. E os tempos parecem começar a correr de feição. “Com as vendas da colecção de verão/22, os números têm sido mesmo muito significativos, mais do dobro de 2021”, avança o diretor comercial, apontando ao previsível crescimento decorrente da desejada estabilidade e normalização. Uma ambição inscrita à partida no nome da empresa, que agregando a ideia de exterior (out) e de ajuste (fit), deixa bem clara essa ambição de vestir os homens do século XXI. t
O 10º estudo sobre o impacto da pandemia nos negócios do setor têxtil internacional – da responsabilidade da International Textile Manufacturers Federation (ITMF) – revela que a envolvente está a evoluir de forma positiva, apesar da persistência de fatores adversos que importa ultrapassar. O estudo, denominado Corona-Survey, diz que “as expetativas de negócios para os próximos seis meses permanecem num nível relativamente alto: 48% das respostas indicam uma melhoria da envolvente até março de 2022, com apenas 13% a prever dias sombrios”.
BLANKY EXPANDE DO MERCADO IBÉRICO PARA A EUROPA Com um pé em Portugal e outro em Espanha: foi assim que nasceu o Blanky, o primeiro cobertor pesado criado por dois portugueses – Pedro Caseiro e Ricardo Parreira – que em setembro de 2020 lançaram no mercado ibérico uma solução inovadora e clinicamente comprovada para melhorar a qualidade do sono, com base no método Deep Touch Pressure (DTP). O próximo passo é o ‘assalto’ à Europa.
3,5%
foi o crescimento médio anual das vendas de TNT desde 2012
MAJATU STUDIO PROCURA PARCEIROS PARA CONFEÇÃO A Majatu Studio está à procura de novos parceiros têxteis para colaborar na preparação da próxima coleção de inverno. O foco está nos sobretudos e nas calças. A marca procura empresas ligadas não só às áreas dos tecidos, mas também às malhas tricotadas, que aceitem confecionar pequenas quantidades. “Estamos a começar, lançamos já duas coleções feitas com cetins, sedas e algodão orgânico, gostávamos de manter esses materiais e se possível começar a entrar nas ecopeles”, partilha com o T Jorge Ribeiro, um dos fundadores da Majatu Studio.
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A FASHION FORWARD Por: Luís Buchinho
Minimal Ideal Quando se juntam as duas décadas provavelmente favoritas de Miuccia Prada, os anos 60 e 90, o que obtemos? Algo muito próximo daquilo que foi apresentado na esmagadora maioria das propostas das principais marcas para a próxima estação de Primavera 2022. Linhas extremamente depuradas, onde o rigor e a austeridade da silhueta se pintam numa paleta retirada a uma caixa de lápis de cor, onde nenhum tom é negligenciado: desde os mais v ivos e v ibrantes, como o magenta, o fúcsia e o alface, áqueles retirados a um imaginário mais “masc ulino”– tons médios como o camel, khaki e cinza. O total look impera, colorindo a figura numa cor só, sendo no entanto permitidas algumas conjugações-desde que feitas em cores trabalhadas em torno do seu próprio tom. As formas recriam todo o imaginário ligado ao meio dos anos 90, numa fase em que a moda proc urava uma forma de comunicar e produzir simples e eficaz, numa atitude ainda de r uptura com os excessos decorativos carac terísticos dos anos 80: a ausência absoluta de detalhes, numa pro c ura de uma satisfação eficaz entre a sedução e o pragmatismo. O rev iver deste momento é mais audacioso, pois exibe o cor po de um modo mais literal: micro -saias, crop-tops , boleros e calças de cintura baixa desenham esta nova atitude, para uma consumidora que admira o arrojo e a simplicidade no vestuário. t
OWNEVER RECONHECIDA PELO MOVIMENTO SLOW FASHION A filosofia Slow Fashion da Ownever foi reconhecida pela plataforma Springwise, que assim coloca em destaque a aposta da empresa nacional em serviços que induzem a economia circular. O movimento Slow Fashion incentiva as pessoas a comprarem apenas o que precisam e a consertarem em vez de deitar fora. “A Ownever juntou-se a este esforço oferecendo-se tanto para a reparação das suas próprias malas como de qualquer outra marca”, explica a empresa.
INDITEX COM LUCROS ACIMA DOS 1,2 MIL MILHÕES NO SEMESTRE O grupo Inditex já praticamente recuperou para os níveis pré-pandemia: fechou o primeiro semestre do ano em curso com vendas de 11.936 milhões de euros, acima do mesmo período de 2020 e em valores muito próximos dos do primeiro semestre de 2019 (12.820 milhões), recuperação que também se fez sentir em termos dos lucros, que ultrapassaram os 1.200 milhões.
DESIGUAL PROPÕE SEMANA DE TRABALHO DE QUATRO DIAS A Desigual, empresa de moda catalã, propôs a adoção de uma semana laboral de quatro dias a mais de 500 funcionários, sendo que um desses dias de trabalho teria lugar em casa. A proposta vai ser votada pelos trabalhadores, sendo adotada caso receba 66% dos votos. A empresa ressalva que, numa primeira fase, as equipas das secções comerciais e de operações ficarão de fora do novo modelo, até que seja encontrado um mecanismo de rotação de horários.
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A Wise HS Protection é o seu aliado estratégico para fazer face à nova realidade da segurança e saúde do mercado global
SEGURANÇA
SAÚDE
NEGÓCIO
RENTABILIDADE
Foque‑se no seu core business, nós focámo‑nos nas novas diretrizes de saúde e segurança, ajudando‑o a rentabilizar ainda mais o seu negócio A Wise HS Protection concebe Planos de Contingência para eventos,num serviço integrado Chave na Mão, que cumpre as Normas da DGS, com acompanhamento permanente em: ► ► ►
auditoria técnica diagnóstico de necessidades implementação de procedimentos Safety & Security
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PUZZLE FAMILY DESTACA-SE COM CONJUNTOS MATCHY-MATCHY Pertencer a uma empresa familiar com mais de 35 anos de experiência no segmento premium têxtil foi um impulso importante para a criação da Puzzle Family, que nasceu com o objetivo de pôr a família toda a combinar nas mais diversas ocasiões. As propostas para cada estação chegam em pequenas coleções cápsula, que não ultrapassam as 100 unidades de cada peça (T-shirts, polos, calças, calções, pijamas), feitas a partir de excedentes de matéria-prima. O conforto está assegurado pelas fibras naturais como o algodão, o linho e a felpa.
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"O cliente vem a Portugal pela mão de obra qualificada, desenho, serviço, inovação e sustentabilidade" João Paulo Barbosa CEO da Source Textile
GRUPO ROQ À PROCURA DE NOVOS COLABORADORES Líder mundial na fabricação de máquinas de estamparia para a indústria têxtil, o Grupo ROQ esteve na StartPoint Summit da UMinho, o maior evento de emprego, empreendedorismo e formação da academia minhota, com o objetivo de recrutar para várias vagas. “Estamos à procura de sessenta novos colaboradores em diversas áreas e especialidades, com foco no reforço dos nossos departamentos de produção e engenharia”, explicou Fábia Martins, a diretora de recursos humanos do grupo que em setembro registou um crescimento homólogo de 20% e exporta acima de 85% para mais de 60 países nos 5 continentes.
INOVAFIL EM CONSÓRCIO QUE ESTUDA FLUIDOS NÃO NEWTONIANOS A Inovafil, em parceria com o CeNTI e com o CITEVE e num consórcio liderado pela TMG, está a estudar fluidos não newtonianos, característicos pela sua flexibilidade, para inserção no interior das fibras. O objetivo é desenvolver fibras para a produção de equipamentos de proteção individual e workwear. Os fluidos não-newtonianos têm uma viscosidade que varia conforme a pressão aplicada sobre a matéria. “Os fluidos não-newtonianos funcionam como a areia: se lhe espetarmos um dedo ela cede e o dedo entra no material. No entanto se lhe dermos um murro, ou seja, quando sujeita a impacto, ela fica rígida”, explica o CEO da Inovafil, Rui Martins. Uma tecnologia que já está a ser aplicada em caneleiras de futebol ou nas proteções dos motociclistas, que são flexíveis mas que enrijecem com o impacto, fornecendo proteção. Agora, o objetivo do consórcio é aplicar esta tecnologia nas fibras têxteis. “Isto pode significar grandes avanços na área dos têxteis de proteção. Mais conforto a peças
que forçosamente têm de ser rígidas para serem seguras. Dizia-nos aqui há tempos uma pessoa da área militar: o polícia já tem um colete à prova de bala. A bala já não entra e já não mata o polícia. Agora o problema é que ele tem de correr atrás do ladrão e com um colete muito pesado, torna-se mais difícil”, brinca Rui Martins.
O futuro é, segundo o CEO, desenvolver um colete com uma estrutura têxtil, ou têxtil com um polímero associado, com recurso a fluidos não newtonianos, o que vai permitir que o mesmo seja mais fino, mais leve e, consequentemente, mais confortável, mas que assegure a mesma proteção balística. t
MATÉRIAS-PRIMAS VÃO CONTINUAR A FALTAR ATÉ MEADOS DE 2022 A subida dos preços veio para ficar e as operações logísticas internacionais só irão normalizar a partir do segundo semestre de 2022. Até lá vão faltar matérias-primas, uma situação que tende ainda a complicar-se com a aproximação ao Natal, como advertem os transitários e agentes de navegação. “Acho que estamos a viver o maior período de stress na cadeia logística, o mundo nunca enfrentou nada de parecido com isto”, disse o diretor-geral da Agepor – Associação Portuguesa dos Agentes de Navegação, Belmar Costa, em declarações ao jornal Público, adiantando que
mesmo depois da normalização não é expectável que os preços regressem aos níveis que se verificavam antes da pandemia. É que o contexto adverso não vai desaparecer: falta de navios, falta de contentores, falta de motoristas, o Brexit, os custos energéticos e o aumento dos preços dos combustíveis vão continuar a incidir sobre a formação dos preços dos transportes. Paralelamente, a falta de matéria-prima para algumas indústrias continuará a verificar-se: “vai faltar matéria-prima para as indústrias laborarem, como já se está a ver nos semicondutores. E relativamente aos
preços duvido que alguma vez venham a normalizar”, reforça por seu lado o presidente da Associação dos Transitários de Portugal, António Nabo Martins. Tudo porque, explicam ainda, a procura de fretes internacionais está em alta, com centenas de navios à espera de poderem descarregar contentores nos maiores portos do mundo. Ora, como perante o pico de procura motivado pelo aligeiramento do confinamento pandémico não determinou o regresso das tabelas de preços pré-pandemia, estes responsáveis consideram que o aumento dos preços veio para ficar. t
ORFAMA INVESTE UM MILHÃO DE EUROS EM MAQUINARIA A Orfama acaba de finalizar um investimento de um milhão de euros em maquinaria Shima que vai permitir à empresa apostar ainda mais na diferenciação dos produtos e, consequentemente, aumentar as margens de lucro. A par da atualização dos equipamentos, a empresa levou também a cabo uma reorganização no chão de fábrica, de forma a melhor otimizar os seus processos produtivos, e espera atingir a meta dos seis milhões de euros de volume de faturação em 2021. Com este investimento, que tem vindo a ser levado ao cabo nos últimos três anos, a empresa mergulha na indústria 4.0 e torna-se capaz de oferecer uma produção integrada. “Estas novas máquinas permitem que não só a equipa da Orfama mas também o cliente acompanhe online todo o processo produtivo, de A a Z. Isto significa que sabe em tempo real qual o estado de cada produto que encomendou, se está finalizado ou não, quando será entregue. É uma mais-valia tremenda, pois o cliente sabe assim com que prazos está a trabalhar, quando deve voltar a encomendar, etc.”, explica António Cunha, Area Sales Manager da Orfama. Inglaterra, Alemanha, França, Holanda, Suécia e Dinamarca são os principais destinos de exportação da Orfama, que trabalha a 97% para o mercado estrangeiro. Os Estados Unidos e o Japão também fazem parte da lista de países onde a empresa, que direciona a sua atividade para mercados de nicho, já está presente.t
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FOTO: RUI APOLINÁRIO
"TEMOS UMA EQUIPA DE 30 PESSOAS A PENSAR EM INOVAÇÃO TODOS OS DIAS"
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n ENTREVISTA Por: António Freitas de Sousa Patrícia Ferreira Aos 28 anos e com formação em Economia (FEP), a responsável pela Valérius Hub tem juntado cada vez mais competências – e também mais colaboradores – a um projeto que acrescenta modernidade, inovação e flexibilidade a um setor que por vezes está excessivamente acantonado a valores que vão perdendo eficácia.
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om a sustentabilidade como pilar, a Valérius Hub procurou montar uma equipa multidisciplinar que na sua génese tivesse o setor têxtil e agregasse a inovação orientada para a digitalização e o e-commerce. O objectivo é ter uma variedade que permita apresentar todas as áreas, com empresas a operar em diferentes tipos de produtos. A Valérius Hub é um conceito pioneiro. Gostava que o resumisse e quais são os objetivos. Foi criada em 2020, foi pensada antes, e o que queríamos criar era um conjunto de empresas que defendessem o mesmo tipo de ideias e conseguissem ser ouvidas em grupo. Uma coisa é cada uma tentar chegar a um objetivo individualmente e outra coisa é tentarmos um objetivo em grupo. O que tentámos foi juntar pessoas com as mesmas ideias e que possuem o mesmo know-how mas que muitas vezes têm alguma dificuldade de comercialização ou que tinham algumas necessidades que podiam ser complementadas. Tentamos montar uma equipa multidisciplinar que na sua génese tivesse o setor têxtil e agregasse a inovação do que acreditamos que será a digitalização e o e-commerce – uma das bases. E, claro, a sustentabilidade como sendo o pilar da empresa. Um grupo interno e externo? Interno e externo. Também aí há inovação… Sim, juntar pessoas que não fazem parte do nosso dia-a-dia é importante para nós, e havia
áreas que não dominávamos mas que quisemos trazer: acessórios, chapéus, têxteis-lar, coisas que nós não dominávamos. É portanto uma espécie de marketplace físico, formado entre empresas internas e externas ao grupo. Foi difícil dar a entender o projeto e chamar empresas para o integrarem? Por acaso foi mais fácil do que aquilo que pensávamos. Desenhamos uma espécie de KPI [ferramenta de medição de desempenho] daquilo que sentíamos que uma empresa, para entrar, teria que cumprir. E dissemos: para uma empresa fazer parte deste hub, terá de responder a uma série de necessidades em termos de capacidade, sustentabilidade, auditorias sociais e alguns pontos que considerámos base – e que os nossos clientes entendem como o mínimo. Tiveram uma forte adesão? As empresas ficaram muito satisfeitas por fazerem parte deste hub, porque as ideias eram as mesmas, as sinergias eram maiores, podendo chegar a mais clientes com este apoio da Valérius Hub a nível comercial e de serviços que podemos prestar. Há muitas empresas que têm uma boa fabricação mas não têm design e se a nossa equipa de design, composta por 20 pessoas, puder dar um aporte nessa parte, sentimos que isso irá trazer valor-acrescentado para essa empresa. E para nós é um agrado que outras pessoas quisessem fazer parte do nosso hub. Que empresas estão neste momento convosco? No papel temos a Ambar, nos sapatos temos a Camport, no knitwear temos a Vestire, no têxtil-lar temos a Colmaco, nas têxteis de exportação temos a Erius, a Valérius, a Junius, a Supercorte, a Sartius, e temos uma série de empresas que operam em diferentes tipos de produto. Era importante para nós ter uma variedade
"Dantes trabalhava-se para o preço, agora para o serviço diferenciado" Uma comunidade para estabelecer um padrão de moda responsável e conduzir a indústria para um futuro sustentável. É desta forma que a Valérius Hub se apresenta e, para além da sustentabilidade, há um grau acrescido de inovação: o projeto destina-se à comunidade têxtil e da moda. Não é, por isso, um plano fechado sobre a empresa que criou a plataforma, mas antes um espaço aberto a outras empresas, que as ‘espicaçam’ a aderirem a uma associação virtuosa. E logo numa das áreas mais importantes da estratégia do setor: as exportações. De facto, a indução das exportações é um dos valores do projeto – e um foco essencial no mercado global, onde a concorrência é cada vez mais apertada, não só pelos preços praticados pelos produtores do extremo oriente, mas também pela Turquia, paredes-meias com a Europa. Num setor onde se contam pelos dedos das mãos os projetos que pretendem ser agregadores (estratégia cara ao Plano de Reconversão e Resiliência), a Valérius Hub assume também essa caráter disruptivo. Lançada apenas em 2020, a pandemia evidenciou que a associação de empresas estava focada no tipo de resposta que a Europa precisa de engendrar para encontrar uma saída para a crise. E a gestão tanto da cadeia de abastecimento da produção como dos stocks induz uma menor exposição ao maior problema que o setor enfrenta neste momento: o aumento dos custos energéticos, de transportes e de matéria-prima.
que nos permitisse apresentar todas as áreas, mesmo aquelas que não estavam presentes no nosso core. Continuam a ter apetência por juntar mais empresas ao hub? Sim, estamos continuamente à procura. Por exemplo, estamos agora à procura de pessoas na parte das gangas – sentimos que é um produto que usamos no ano inteiro, que não tem o mesmo tipo de sazonalidade de outros produtos. E mesmo dentro de áreas já representadas, à medida que sentimos que as empresas que já se juntaram já atingiram o limite da sua capacidade disponível para nós, procuramos outras. Mas damos sempre prioridade àquelas que se juntaram ao hub desde a primeira hora. Continuamos à procura em diferentes áreas. Que tipo de empresas procuram, no que tem a ver com a dimensão? Não somos limitadores em termos de dimensão, somos limitadores em termos do que são os pilares que consideramos como sendo base. Um dos pilares é que sejam uma empresa sustentável, que queiram incorporar o nosso fio 360, que tratem bem dos trabalhadores, que tenham todas as certificações ao nível social, que apresentem capacidade de resposta que se adeque àquilo que chamamos o fast to the market. Mas há de haver uma dimensão ideal a partir da qual a Valérius Hub não pode crescer mais? Vamos mudar de instalações porque estamos a crescer. No início éramos três, agora somos 15, na sustentabilidade era uma pessoa, agora são cinco – já estamos a oferecer outros serviços, por exemplo o LCA das peças para comercialização, temos análise de dados, temos acompanhamento comercial. Estamos a crescer e a introduzir novas unidades de negócio
só possíveis com este investimento inicial. Queremos ser sustentáveis em toda a cadeia de valor – assim como transparentes ao máximo. Temos a possibilidade de rastrear toda a cadeia, desde a fibra até à peça final. Estamos sempre a criar equipas e estamos a crescer com essas equipas para podermos prestar um serviço externo de qualidade. Do lado do mercado, como tem sido a resposta a este projeto? Tem sido muito boa. A pandemia acelerou o processo. Sentíamos antes da pandemia que as marcas de e-commerce iriam ser as que dariam o salto, mas não imaginávamos que fosse tão rápido como veio a acontecer. A pandemia acelerou cinco anos aquilo que era o nosso previsional. Houve um boom destas marcas, e como nós preparámos – tínhamos um estudo sobre e-commerce – reduzimos custos e introduzimos velocidade na entrega da mercadoria, apoiados num departamento de logística e um armazém que nos permite fazer o shipping para o ponto final, o B2B com os Estados Unidos. No passado, enviávamos a mercadoria para os Estados Unidos, os clientes pagavam taxas de 15% à entrada e depois reenviavam a mercadoria para os seus distribuidores na Europa – uma loucura quer em termos de distâncias quer de envios. O que fazemos neste momento é definir quais são as peças para a Europa, quais são para os Estados Unidos e fazemos envios diretos – em alguns casos diretos para as lojas. Temos aqui um poderoso acelerador. Sentimos que há uma necessidade nesse sentido, e que o e-commerce só funciona se os nossos armazéns estiverem próximos dos armazéns do cliente final. Aquilo que estamos a fazer são parcerias com armazéns, integrando-os diretamente. Estamos no Reino Unido, nos
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A Tanzânia é uma paixão Aos 28 anos e com o curso de Economia da Faculdade de Economia do Porto, Patrícia Ferreira tem nas viagens um dos seus maiores hobbies. A ele acede por duas vias: pelas férias, mas também pelo trabalho, que a obriga a constantes deslocações, algumas delas ‘desviadas’ para mais um ou dois dias de visita. Apaixonada pela Tanzânia (“até fiz uma tatuagem enquanto lá estive”), já tem prevista a próxima viagem: será no interior dos Estados Unidos. E como não viaja há dois anos, também já tem prevista a que se seguirá: o Brasil. (“Ainda”) solteira e sem filhos, o pouco tempo que não está ‘agarrada’ ao projeto Valérius Hub passa-o em saídas com os amigos. Mas o projeto está sempre lá. Um exemplo: quando nomeou a Tanzânia como destino de eleição, referiu-se-lhe como “aquele mercado” e não como “aquele país”. Ter detetado o erro é um bom sinal.
Estados Unidos e na Polónia, para servir os países vizinhos. Isso permite gerir também as devoluções... É um problema complicado? Muito. Na Alemanha, por exemplo, as devoluções são de 50% a 60% – isso acontece porque as pessoas compram dois ou três tamanhos, experimentam e devolvem o que não serve. O governo alemão obrigou a que todos os shipings e todas as devoluções fossem pagas pelas empresas. Assim, estamos a selecionar parceiros na Alemanha para nos recolher as devoluções e nos enviarem para Portugal. Uma parte do sucesso tem também a ver com a equipa de design, que tem um papel muito forte na escolha das matérias-primas inovadoras e na parte de apoio às novas técnicas e às novas tendências do mercado. Tanta diversificação permite que a empresa se defenda do excesso de exposição a um cliente? Esse é o nosso objetivo. Estamos sempre à procura de novos clientes – mas que se enquadrem no tipo de clientes com quem nós gostamos de trabalhar. O projeto começou em 2020, mas deve ter um primeiro balanço em termos de números? A Valérius vai faturar cerca de 38 milhões de euros. A Valérius Hub não tem uma faturação direta, mas podemos dizer que, em 2020, o que a Valérius Hub trouxe de novos negócios serão cerca de 10 milhões de euros de novos clientes que foram introduzidos através do hub. Num ano inteiro, qual será o impacto do hub? Estamos a pensar em crescimento contínuo. Mas cada novo cliente passa por um período de ganho de confiança e só depois se chega à fase de incrementar o volume de negócios.
"Temos pessoas a trabalhar para que em 2030 a Valérius seja uma empresa carbono zero" O projeto insere-se nas novas diretivas europeias para o setor: reindustrialização, cadeias de fornecimento mais curtas. Pensaram nisso antes de fazerem o projeto? Pensamos que temos de juntar as carruagens: um projeto que nos permita chegar próximo do cliente final, com um encurtar dos tempos – e essa é a perspetiva dos clientes. E tentamos todos os dias acrescentar inovação, temos uma equipa de 30 pessoas a pensar nisso. Há um investimento contínuo quer nas fibras quer nos tingimentos, no LCA, nas integrações. Estamos constantemente à procura do que vai fazer a diferença. O nosso foco é sermos os primeiros a resolver um problema – se depois disso formos imitados não nos interessa. Temos pessoas que estão a trabalhar para que em 2030 a Valérius seja uma empresa carbono zero. Na prática, em que é que essa equipa de 30 pessoas está a trabalhar neste instante? Temos por exemplo uma equipa que está a trabalhar no sistema em que a fábrica esteja preparada para, chegando a encomenda, dar a resposta de imediato, em três dias. Temos feita uma análise do que são as necessidades em termos de matérias-primas, temos uma seleção de chassis e uma linha disponível que vai ter estamparia, bordador, e que só vai fazer aquilo que é a encomenda, não fará stock. Estamos a trabalhar na diminuição em 90% de utilização de água
nos tingimentos e no uso dos químicos. Temos uma equipa a trabalhar na reutilização de desperdícios. Temos uma equipa a trabalhar na reciclagem química para remover os contaminantes para a reciclagem mecânica. Temos uma equipa que só trabalha com influencers, para antecipar o que está em voga no próximo ano. Conseguem montar uma marca? Facilmente. Para se lançar uma marca, é preciso no mínimo um investimento de 500 mil euros. Ora, como temos todo o percurso necessário já montado, podemos diluir esse custo ao longo de toda a cadeia. Foi importante para o projeto a imagem de qualidade do setor têxtil português? Sim, é um dos fatores-chave para os clientes confiarem no nosso trabalho. A imagem que os clientes exteriores têm de Portugal é que somos um país que apresenta qualidade quer na matéria-prima quer na manufatura. Isto serve como porta de abertura – mas se não dermos o serviço e a continuidade, o cliente volta a sair pela porta por onde entrou. Qual é o país que mais concorre com Portugal? A Turquia. Neste momento, é o concorrente direto – até porque tem matéria-prima. Tunísia e Marrocos só concorrem na manufatura. A China não é nossa concorrente direta. A divulgação do projeto recorre apenas ao digital ou usam os ‘velhos’ sistemas como as feiras? Nos países em que sentimos que o online não é suficiente estamos presentes nas feiras. Estivemos este ano nos Estados Unidos, no Canadá, porque há uma pressão da parte desses países para estarmos presentes fisicamente se quisermos entrar nos seus mercados. É uma questão de confiança. t
As perguntas de
José Vilas Boas Ferreira
José Pedro Ferreira
Presidente do grupo Valérius
CEO Valérius 360
Como é que a nova geração vê a velha guarda dos comerciais na abordagem aos clientes e a forma como apresentam e vendem o made in Portugal?
Como é que as novas gerações na liderança analisam a gestão dos seus antecessores na ITV?
Há muitas diferenças. Agora, são várias pessoas que contribuem para uma compra. Do outro lado, dos compradores, há uma grande juventude, que têm outros interesses, o que obriga a outra forma de estar. O que vendemos é valor-acrescentado em toda a cadeia e inovação. Face a um cliente, não lhe peço encomendas: ao contrário, pergunto-lhe se está disponível para iniciar um projeto. Antes trabalhava-se para o preço, agora para o serviço diferenciado.
Numa empresa, devem co-existir as pessoas com experiência, que transmitem conforto e segurança, e a geração que traz inovação, flexibilidade, e novas formas de abordagem dos mercados. Só a junção destas duas gerações é que nos permite ter uma empresa explosiva. Em muitas empresas, não na Valérius, as gerações mais velhas não permitem que as novas gerações cheguem ao topo. Aqui, o CEO permite essa diversidade, estando sempre lá para responder com o seu know-how e a sua competência.
Sustentabilidade ou customização, qual destes dois vetores terá no futuro mais valor-acrescentado para as marcas?
Na nova era da digitalização, como é que as marcas tradicionais se estão a adaptar, principalmente com a entrada de influencers mais próximos dos consumidores?
A sustentabilidade não vai ser um valor-acrescentado, mas uma obrigação. E a costumização é aquilo que vai aportar diferença. Quanto mais próxima uma marca estiver do consumidor final, maior será a indução de novas compras e a fidelização. Se calhar, daqui a dois anos vou dizer que a costumização já não é um valor-acrescentado, mas algo que já é também uma obrigação. t
Há marcas que vão acabar por desaparecer sob a influência dos influencers. Têm duas opções: ou se adaptam e utilizam os influencers naquilo que pode ser o seu valor-acrescentado, ou as marcas vão acabar por desaparecer. É preciso muito cuidado, porque estas novas vias de negócio estão a roubar quota de mercado às estratégias tradicionais, sem que estas, por vezes, sequer o percebam. t
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FEIRAS
QUATRO MAGNÍFICAS AO ATAQUE NA LONDON TEXTILE FAIR Burel Factory, Fitecom e Le Europe/La Estampa foram as empresas da comitiva From Portugal em mais uma edição London Textile Fair, às quais se juntou ainda a Adalberto Estampados. Uma espécie de quatro magníficas do têxtil e moda nacionais que avançam com o objetivo de reforçar e ampliar a sua presença no mercado britânico.
"Estar no MODTISSIMO é sempre uma aposta ganha, temos imenso retorno em todas as participações" Mónica Afonso Diretora-geral da Marjomotex
FROM PORTUGAL EM FORÇA NA JITAC, À CONQUISTA DO JAPÃO Um numeroso contingente de produtos de 14 empresas (Adalberto, Albano Morgado, Burel Factory, Fitecom, Lemar, Le Europe/La Estampa, Lurdes Sampaio, Paulo de Oliveira, Riopele, RDD, Troficolor, Tessimax, Texser e Vilarinho) marcou presença na JITAC – European Textile Fair, em Tóquio, Japão. Uma forte demonstração da retoma no têxtil nacional que esteve em destaque numa feira que pretende ser uma montra da produção europeia para o mercado asiático – de difícil penetração, mas capaz de gerar negócios por muitos anos.
97%
dos expositores da Messe Frankfurt querem regressar às feiras físicas
TEXTÊIS-LAR PORTUGUESES DESTACAM-SE NA INTERGIFT Depois da pausa pandémica, a Intergift voltou ao formato físico e com grande destaque para as representantes do têxtil-lar português. A comitiva From Portugal fez-se representar pelas já veteranas Dilina Têxteis, Irina & Sousa, Rio Sul e Têxteis Evaristo Sampaio, que regressaram em força aos negócios e evidenciaram o que de melhor se faz em terras nacionais.
TRÊS ILHAS E UMA PRESENÇA DE GRANDE IMPACTO NA A+A O balanço não podia ser mais favorável para as empresas portuguesas que marcaram presença na A+A, na última semana de outubro, em Dusseldorf, na Alemanha. Para além de um bom ritmo de negócios e de uma presença impactante, as empresas contaram também com o apoio da cônsul de Portugal, Lídia Nabais, que visitou todos os expositores nacionais naquela que é considerada como a grande montra mundial para equipamento de trabalho e segurança. Com uma imagem de vanguarda nos têxteis técnicos e três ilhas From Portugal, lado a lado com alguns dos maiores players mundiais, a comitiva portuguesa concretizou também bons negócios na Alemanha. Exemplo disso é o balanço feito pela Dune Bleue, que participou pela primeira nesta feira. “As nossas expetativas foram largamente superadas. Notamos que, assim como aconteceu noutras feiras depois da pandemia, os corredores não estiveram sempre lotados mas
quem vem é para trabalhar efetivamente. E isso é ótimo: poupamos tempo e energia e concretizamos negócios”, explicou Ricardo Faria, COO da empresa, que reuniu sobretudo com clientes europeus, com destaque para os países nórdicos. Para a A. Sampaio “foi sempre em crescendo” esta edição da feira. “O primeiro dia foi calmo, apesar de já ter sido interessante, mas os dias seguintes foram ao nível de edições anteriores”, relata João Mendes, dando conta que reuniu com clientes da Áustria, Brasil, Alemanha, Espanha e países escandinavos e bálticos. Com o olhar debruçado no mercado europeu, sobretudo França e Espanha, o representante da Unifardas, Bruno Azevedo, revela que também “surgiram novas oportunidades de negócio noutros mercados, com os quais conseguimos estabelecer parcerias comercias com sucesso”. Com o objetivo de “dar a conhecer o CITEVE Certificação em toda a Europa e, naturalmente, encontrar clientes” também o centro
tecnológico conclui a sua presença com nota alta. “Tivemos bons contactos e estes novos clientes é que vão depois puxar outros”, reflete Clara Rodrigues, gestora de certificação do CITEVE, esclarecendo que os contactos foram maioritariamente com europeus. Com uma comitiva From Portugal composta pela ASC Models, A. Sampaio & Filhos, Dune Bleue, Fall Safe, Sancar Premium Socks, Ultra Creative, Unifardas e Walkmore, às quais se juntava ainda a Endutex e o CITEVE, a participação das PME portuguesas na A+A Dusseldorf resultou de mais uma iniciativa da Selectiva Moda e da ATP no âmbito do projeto From Portugal, que visa promover a internacionalização das PME’S portuguesas da área têxtil e moda. O projeto é co-financiado pelo Portugal 2020, no âmbito do Compete 2020 – Programa Operacional da Competitividade e Internacionalização, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional. t
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X DE PORTA ABERTA Por: Mariana D'Orey
Dora Guimarães
Rua Dom Diogo de Sousa, 113 4700-444 Braga, Portugal
Ano de abertura 2017 Produtos Vestuário e calçado de senhora Público Para mulheres sonhadoras que procuram um estilo exclusivo e arrojado Marcas Coleções próprias Loja online www.doraguimaraes.com
CITEVE TESTA RESISTÊNCIA AO FOGO EM TÊXTEIS PARA AUTOMÓVEIS A UNECE – United Nations Economic Commission for Europe, através do IMT – Instituto de Mobilidade e Transportes, reconheceu o CITEVE para a realização de ensaios de testes ao comportamento ao fogo de materiais têxteis do interior de veículos automóveis ligeiros, como por exemplo estofos e têxteis de teto. O centro tecnológico é reconhecido “como Serviço Técnico segundo o Regulamento EU 858/2018 relativo à homologação e fiscalização do mercado dos veículos a motor e seus reboques, e dos sistemas, componentes e unidades técnicas destinados a esses veículos”.
"No Impetus Group queremos ser verticais, sustentáveis e transparentes" Susana Serrano CEO da Acatel
Onde os sonhos se tornam realidade Quem passa pelo centro histórico de Braga e se permite contagiar pelas vitrines das lojas, não tem como escapar ao mundo cor-de-rosa da loja Dora Guimarães. Ainda do lado de fora é fácil perceber, através dos pormenores que compõe a vitrine de brilhos, flores e tons quentes, que estamos prestes a entrar num mundo encantado onde os sonhos se tornam realidade. “Quem entra aqui percebe a minha personalidade: adoro preto porque é uma cor muito sofisticada e elegante, mas também tenho na coleção uma forte palete rosa, uma vertente sonhadora. Sou uma pessoa de detalhes e esta loja é o espelho de quem sou”, reflete Dora Guimarães, designer de moda e mentora da loja de vestuário e calçado femininos que fundou em abril de 2017. De pequena dimensão, a loja Dora Guimarães é facilmente comparável ao closet que, segreda-nos a mentora, “todas as mulheres sonham ter”: cortinados cor-de-rosa, luzes quentes, espelhos repletos de detalhes e confortáveis tapetes convidam a entrar e ficar. “Mais do que apenas vender, queremos dar uma experiência a quem nos visita. Queremos que não se esqueçam de nós, que se sintam bem aqui e a verdade é que temos clientes estrangeiras que sempre que vêm a Portugal fazem questão de cá vir à loja visitar-nos”, prossegue Dora Guimarães. Mas se a loja merece uma visita pela forma subtil como convida a entrar nos sonhos de menina, a nova coleção Outono-Inverno 21/22 representa
também ela um salto num mundo do imaginário. “É a maior coleção que alguma vez desenvolvemos, com mais diversidade de produtos. Em vez de recolher com a pandemia nós decidimos apostar”. E o resultado está à vista: dezenas e dezenas de pares de sapatos e sapatilhas com aplicações de lantejoulas, flores ou pêlo que dão um toque especialmente ao calçado feminino. Já no que diz à linha de vestuário, Dora Guimarães conta que, apesar de manter um carácter romântico, a nova coleção é marcada por uma linha mais urbana e streetwear. “Apresentamos algumas peças para um uso mais diário, como casacos, saias e vestidos mais práticos, mas sempre com alguns detalhes que tornam as peças distintivas”, avança a designer, que privilegia este ano os tons conhaque, para além do preto e da habitual palete de rosas. A acompanhar o crescimento da loja física que se localiza bem no centro da cidade bracarense está a componente online que tem vindo a crescer gradualmente. “A localização da loja não podia ser melhor. Antes de virmos para cá estava indecisa em abrir loja aqui ou no Porto, mas hoje sei que tomei uma boa decisão porque esta cidade tem um programação cultural fantástica e muitos turistas”, conta. A loja é também um chamariz para as vendas digitais uma vez que, confessa, “são muitas as pessoas que passam na loja, gostam e depois acabam por voltar aos seus países e comprar via online os nossos produtos, o que é maravilhoso”, remata. t
ESTADOS UNIDOS: COMPRAS DE MODA EM MÁXIMOS DESDE 2014
TWINTEX DÁ KIT ESCOLAR AOS FILHOS DOS COLABORADORES
No segundo trimestre deste ano, os gastos dos consumidores norte-americanos em roupa e calçado aumentaram 62% em relação ao mesmo período do ano anterior, e 20% quando comparado com o segundo trimestre de 2019, o que implica que este indicador já ultrapassou a fasquia pré-pandemia. O maior mercado mundial da moda atingiu valores de consumo que são os maiores em sete anos.
Há dez anos que a Twintex oferece um kit de material escolar aos filhos dos seus colaboradores. Este ano, a empresa apoiou mais de 60 famílias no regresso á escola, suavizando assim este período de custos acrescidos para as famílias. A empresa divulgou uma nota onde assinala que “comemora uma década desta iniciativa, já considerada tradição e que não viu tempo de pausa durante a pandemia”.
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milhões foram os lucros da Farfetch no segundo trimestre de 2021
ESTAMPADOS E PLISSADOS SÃO O NOVO FOCO DE BÁRBARA BARALDI
As estampas e os plissados estão no centro da nova coleção de Bárbara Baraldi. Para o outono-inverno, a estilista inspirou-se nos padrões étnicos que mistura com florais. O resultado é uma coleção romântica, jovem e feminina. A peça chave da coleção é o vestido, que surge com folhos e diferentes estampados, executados com recurso a estamparia digital. Já o relevo tridimensional dos vestidos e saias midi é dado pelos plissados, feitos na empresa portuguesa Envicorte.
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MOBILIÁRIO E OBRAS DE INTERIORES
Remodelação de interiores Lojas
Showrooms
www.buildingdesign.pt geral@buildingdesign.pt 967 016 601
www.globaltendas.com
events & exhibitions
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X O MEU PRODUTO Por: Mariana D'Orey
Safety BabyBed
Desenvolvido pela B-Mum em parceria com Miop Techonolgies
O que é? Sistema de segurança composto por uma base têxtil de lençol e um upgrade tecnológico de monotorização Para que serve? Reduzir os maiores fatores de risco associados ao síndrome de mortalidade infantil Estado do projeto? Prototipagem e desenvolvimento na componente tecnológica
HUUB ADQUIRIDA PELO GIGANTE DA LOGÍSTICA MAERSK A HUUB, a startup de tecnologia que opera na área da moda foi adquirida pela AP Moller-Maersk. O negócio representa a primeira aquisição portuguesa da empresa líder mundial em logística, com receitas da ordem dos 33 mil milhões de euros em 2020. Fundada em 2015, a HUUB gere as coleções físicas e os fluxos de dados de mais de 100 marcas de moda, num ecossistema onde fornecedores encontram marcas e marcas encontram clientes de uma forma simples e flexível. Os fundadores Tiago Paiva, Tiago Craveiro e Pedro Santos, que vão continuar a liderar a unidade de negócios, consideram que a Maersk é o facilitador de escala que permitirá à plataforma liderar no mercado de logística de comércio eletrónico”.
"Fiquei impressionada com o movimento do Modtissimo, tudo indica que vamos voltar a estar no mapa dos fornecedores do mundo" Alexandra Araújo Pinho CEO da LMA
EURATEX DIVULGA RECEITA PARA DEFINIR A NOVA ITV EUROPEIA
Os lençóis da B-Mum que podem salvar bebés Os números são avassaladores: só na Europa morrem por ano mais de cinco mil bebés vítimas da síndrome de morte súbita. As causas são ainda desconhecidas mas a ciência aponta a posição de dormir e a asfixia pela roupa da cama como dois dos maiores fatores de risco. É precisamente aí que a B-Mum atua ao desenvolver um sistema que reduz estes riscos para zero. “O Safety BabyBed é um sistema composto por uma base têxtil de lençol e, mais recentemente, por um upgrade tecnológico que nos permite minimizar dois grandes fatores de risco associados à síndrome de morte súbita: a posição de dormir e a asfixia pela roupa da cama”, explica Mónica Ferreira, CEO da B-Mum. O sistema, composto por um único lençol 100% algodão percal que, também do ponto de vista do design oferece maior praticidade ao fazer a cama, incorpora um sistema de segurança que faz com que o bebé permaneça de barriga para cima, como recomendado pelo Organização Mundial de Saúde, e não desça pela cama, correndo o risco de ficar asfixiado ao embrulhar-se nos lençóis. “O nosso sistema atua de forma preventiva e, graças às três molas laterais e às duas colocadas entre as pernas do bebé, não permite que os lençóis ultrapassam o limite da axila ou, no máximo do ombro, evitando a asfixia”, expli-
ca Mónica. O sistema, que é fixo também nas laterais, não permitindo que nenhuma peça fique solta na cama, garante ainda que o bebé não se destapa durante a noite. O uso do dispositivo intermédio de segurança que permite que o bebé fique seguro entre as pernas deve ser utilizado “pelo menos até aos seis meses e idealmente até ao um ano de vida”, esclarece. Criado em 2017 com o apoio do serviço de neonatologia e pediatria do Hospital de Guimarães, onde foi testado, o Safety BabyBed é um sistema patenteado que incorpora agora mais uma novidade: “um upgrade, desenvolvido em parceria com uma empresa portuguesa de tecnologia, a Miop Techonolgies, que comunica, através de um sinal sonoro, sempre que uma peça se desprende ou uma mola não ficou corretamente apertada”, explica a CEO da B-Mum. A empresária está neste momento em conversações com a Miop Techonolgies para que se possam “desenvolver novos upgrades que monitorizem outros parâmetros que não só garantam a segurança do bebé como facilitem o dia-a-dia das mães e pais”, acrescenta Mónica. Depois de em 2018 ter conquistado o primeiro lugar no prémio NET – Novas Empresas Tecnólogicas Têxteis, co-criado pelo CITEVE, o Safety BabyBed é agora um dos finalistas do iTechStyle Awards.t
Liderar a sustentabilidade nos têxteis, fortalecer a eficiência da indústria e aumentar a quota de mercado global, são os três pilares identificados como essenciais pelo Euratex, federação europeia do setor, para espaldar o relançamento dos têxteis e vestuário europeus e que em Portugal terá a chancela da ATP. Baseada na perspetiva da reindustrialização dos 27 – desta vez em modo digital e circular – a Euratex afirma que, para liderar a sustentabilidade, o setor deverá adotar requisitos e normas coerentes e harmonizadas no âmbito dos têxteis sustentáveis, desenvolver modelos de negócios realistas para a sustentabilidade e desenvolver a capacidade de reciclagem na Europa.
2500
toneladas foi a poupança de CO2 da JF Almeida com a separação e descarga de efluentes
OS PONCHOS SÃO A NOVA APOSTA DA BUREL FACTORY A constante procura da Burel Factory por criar peças que aliam a tradição ao design contemporâneo reflete-se agora no lançamento de uma coleção de ponchos. Esta peça versátil, que pode fazer parte do guarda roupa tanto de homens como mulheres, é totalmente feita em lã, proveniente de desperdícios das mantas da marca, um exercício no sentido do desperdício zero. A linha é composta por seis modelos de poncho: ecletic, multicolor, mondego, espinhado, piquet e visual, aos quais corresponde um padrão clássico. Alguns deles já estão esgotados.
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CONTEXTILE CONVIDA ARTISTAS A SUBMETEREM OBRAS TÊXTEIS
SEIS PERGUNTAS A: Jeanette Friedrich Diretora do ISPO Group Por: Mariana d’Orey
“PORTUGAL TEM REVELADO SER UM PLAYER MUITO IMPORTANTE”
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om a aposta do setor têxtil na qualidade, inovação e sustentabilidade, Portugal deixou definitivamente de estar numa localização periférica. Cada vez mais central para as grandes marcas e para a produção europeia, é ponto de passagem obrigatória para personalidades do têxtil e da moda, como demonstra a presença no MODTISSIMO da diretora do ISPO Group. Seis perguntas para saber o que pensa. Que importância assume Portugal na ISPO?
Portugal tem toda a cadeia de valor do setor têxtil. A ISPO é uma feira de tendências de moda e por isso temos lá representados todos os elementos: tecidos, sourcing, grandes marcas internacionais e muito mais. Portugal, por toda a diversidade que oferece, é um player muito importante para nós. É fundamental que seja parte do nosso evento. Na ISPO, por seremos uma feira mundial, temos a oportunidade de ter uma vista geral da indústria têxtil e por isso todos os segmentos do setor e todos os países são importantes para nós. Portugal é um desses importantes ativos da ISPO. Portugal tem-se destacado ao nível da inovação e dos têxteis técnicos. Pensa que essa estratégia tem repercussões nos negócios desenvolvidos na ISPO?
Sim, sem dúvida. Muitos dos nossos visitantes são designers de grandes marcas que estão atentos às áreas técnicas, nomeadamente
questão. Sustentabilidade não é só os materiais, é sourcing, são recursos, etc. Penso que há cinco anos atrás a sustentabilidade era quase uma imagem de marca mas julgo que agora estamos finalmente a perceber o que é ou não é sustentável e a começar a implementar mudanças. à custa do crescente estilo athleisure. Por isso, todos os players que trabalham têxteis técnicos estão no sítio certo quando estão na ISPO. Sem dúvida que a capacidade de inovar é fundamental nesta área em concreto e Portugal tem revelado ser um player muito importante. A sustentabilidade, que já era uma prioridade portuguesa, acelerou com a pandemia. Acredita que essa é uma macro-tendência que veio para ficar?
A sustentabilidade é um termo muito abrangente. Toda a gente fala disso, toda a gente quer incorporar sustentabilidade nos seus produtos, nas suas matérias, mas também nos seus processos e nos recursos dispensados. Mas este é um tema muito complexo e abrangente. Por exemplo, agora com todas as dificuldades de transações com a China, penso que esse tema vai ter ainda mais relevância e haverá muita discussão sobre este tema. Espero que mais países da Europa possam olhar para o caminho que Portugal tem trilhado... Pensa então que Portugal pode beneficiar e afirmar-se como um mercado de proximidade para a Europa?
Sim, é exatamente essa a
Que novidades pode desvendar sobre a próxima edição da ISPO?
Vamos ter um área nova dedicada ao consumidor final. Ou seja, vamos manter a feira clássica de B2B porque esse é o nosso target e não queremos mudar nada nesse campo. Em todo o caso sentimos que é importante ouvir o consumidor final, sentir o seu feedback e é nesse sentido que, de sexta a domingo, teremos um recinto aberto a visitantes. Neste recinto as marcas podem mostrar-se ao consumidor final e promover experiências, acções de entretenimento, shows de moda, etc. A ideia é aproximar a indústria do consumidor final.
A Contextile – Bienal de Arte Têxtil e Contemporânea de Guimarães, aproveitou a passagem pelo MODTISSIMO, para publicitar a abertura do concurso para a Exposição Internacional. O convite é dirigido a artistas nacionais e internacionais, sendo possível submeter candidaturas até 5 de março do próximo ano. A mostra está marcada para 3 de setembro a 30 de outubro de 2022, em Guimarães.
"Durante a pandemia tivemos clientes que vinham de propósito visitar-nos a Portugal" Gabriela Melo Diretora de Criação e Design da Somelos
SONAE VENDE CB4 À MARCA NORTE-AMERICANA GAP A Gap, uma das maiores marcas norte-americanas de vestuário, comprou ao grupo Sonae a CB4, empresa de desenvolvimento de software de inteligência artificial (IA) que desenvolveu um programa que melhora em loja a experiência do consumidor. O software da CB4 utiliza machine learning e algoritmos avançados de IA para identificar os produtos sobre os quais é exercida elevada procura específica nas lojas. Quando um produto não consegue vender a níveis de procura previstos, a CB4 envia um alerta sobre o problema ao gestor de loja e sugere formas de o corrigir.
447
milhões foi o volume de negócios da Farfetch no segundo trimestre de 2021
KEEP MOVING: VALÉRIUS 360 CHEGA A LONDRES E AO CANADÁ
Expetativas para esta edição?
As expetativas são boas. Sabemos que vai ser uma edição mais pequena e mais europeia uma vez que as restrições impostas pela pandemia dificultam a presença de expositores e visitantes asiáticos, nomeadamente chineses. Não era esse o nosso plano, gostaríamos de ter uma feira mundial como habitual, mas acreditamos que é um ano especial e que pode ter outras vantagens. Para Portugal, por exemplo, pelas razões já mencionadas, pode ser um ótimo momento. t
Keep Moving, o primeiro filme de moda da Valérius 360, está selecionado para o London Fashion Film Festival e Canadian International Fashion Film Festival. Através de uma narrativa simbólica a Valérius 360 pretende despertar os espetadores para o ciclo de vida das roupas e reciclagem dos têxteis. Com um curto vídeo a jovem unidade de reciclagem tenta ainda passar os seus valores, apresentar os seus produtos e serviços, inspirando em simultâneo a audiência a pensar mais à frente e deixar que as peças continuem o seu movimento circular em direção à sustentabilidade.
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M EMERGENTE Por: Mariana d'Orey
Ricardo Silva Diretor Comercial da Tintex Textiles
Mora Com a sua melhor amiga, a Malu, uma cadela da raça shiba Formação Mestre em Engenharia Química pela FEUP Casa Apartamento em Esposende Carro BMW Série 1 Portátil MacBook Pro Telemóvel i Phone X Hobbie Descobriu recentemente um novo vício, o paddle. É também fã de jogos de tabuleiro e videojogos Férias A regra é não ter regras nem rotinas. “Este ano fui para Palma de Maiorca com cinco amigos, o ano passado fui em família para o Algarve”, mas o Sudoeste Asiático e África do Sul estão na agenda Regra de ouro “What goes around, comes around”
Ricardo passou pela Alemanha para chegar à Tintex Costuma dizer-se que há dois tipos de pessoas: as que fazem muito e mostram pouco, e as que pouco fazem e muito mostram. Ricardo Silva, 32 de anos, encaixa sem hesitações no primeiro grupo. É um rapaz de poucas palavras, temperamento sereno e para quem a intempestividade é “um lugar sem interesse nenhum. Gosto de me dar bem com as pessoas, viver em paz sem grandes ondas, e acredito muito no conceito de karma: o que fazes aos outros volta a ti”, reflete o jovem empresário. E na verdade sempre foi assim. Nascido e criado em Esposende, mais concretamente na freguesia de Vila Chã, Ricardo é o neto e filho primogénito da família paterna. “Cresci com o meu irmão mais novo e mais dois primos. Íamos para casa dos meus avós a seguir à escola. Tenho muito boas memórias da minha infância”, conta Ricardo que, pelo facto de ter entrado para a escola já a saber ler e escrever, transitou direto para o 2o ano. Bom aluno, reservado e cumpridor, Ricardo seguiu depois o seu percurso escolar nas escolas de Esposende onde, já nessa altura, os seus interesses inclinavam para as áreas das ciências e matemáticas. “Sempre adorei química”, recorda. Sem nunca ter equacionado vir a trabalhar na Tintex Textiles, fundada pelo seu pai em 1998, Ricardo opta por Engenharia Química na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). “Em miúdo devo ter vindo à Tintex umas três vezes, se tanto. Não era uma área que me interessasse nem o meu pai falava muito da empresa”, lembra. Assim, o caminho, após concluir o mestrado, leva-o até à Alemanha onde acaba por trabalhar durante cerca de dois anos na empresa de pneus Continental. “Eu fui para lá apenas seis meses, para suprir uma licença de maternidade, mas gostei tanto que acabei por ficar dois anos a trabalhar num outro projeto de investigação e desenvolvimento”, pormenoriza. Estávamos em dezembro de 2014. Na Alemanha o frio apertava quase tanto como as saudades de casa, e foi num almoço de família que Ricardo, avesso a rotinas e fã de mudanças, decidiu mudar a vida. “O meu pai disse-me que queria apostar nos têxteis técnicos e nas certificações, eu também queria voltar para cá e então criou-se a oportunidade perfeita”, explica o jovem, que em Abril de 2015 assume funções na Tintex Textiles. “Estive quase dois anos na área da produção, a acompanhar os processos, a otimizar e só quando senti que estava tudo maduro é que passei para a área comercial”, justifica. Atualmente, para além de tinturaria e acabamentos, a Tintex Textiles tem também uma área de revestimentos e em 2017 fundou uma outra empresa de tricotagem , a HATA, que fornece a matéria-prima da Tintex. “É esta cadeia que nos permite ser hoje uma empresa com altos níveis de sustentabilidade. Criamos de raiz, explica o diretor comercial da empresa com sede em Vila Nova de Cerveira. Chegar mais perto do consumidor final é outro dos desígnios da Tintex Textiles que, com uma estratégia de comunicação bem definida, quer influenciar toda a cadeia de valor. “Da mesma maneira que há muitos anos fomos às marcas e não ficamos presos a meio do caminho na confeção, agora temos que chegar e comunicar com o consumidor final. Tem uma dupla vantagem: percebemos o que acontece no mercado, agimos mais rápido e influenciamos a comunicação das marcas estando junto delas”, acrescenta. A inovação está por isso no ADN da Tintex Textiles, o mesmo que corre nas veias de Ricardo Silva, que quer “fazer mais negócios em áreas diferentes, mesmo que sejam coisas pequenas, porque é de pequeno que as coisas crescem e, eventualmente, se tornam grandes”, remata. t
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a MUNDO VERDE
do consumo nacional de electricidade nos primeiros nove meses foi de energias renováveis
Mário Jorge Machado Presidente da ATP
SOBRI APOIA-SE NA TINTEX PARA CRIAR MALHA COM CORTIÇA Foi na Tintex que a SOBRI encontrou uma aliada para criar um novo tipo de malha com cortiça assente em princípios de circularidade. Sendo o potencial da cortiça quase inesgotável, nela Cristiana Rebelo, co-criadora da SOBRI, encontrou o seu propósito, avançando em parceria para a inovação que permita criar produtos de vestuário e acessórios com propriedades técnicas da forma mais sustentável possível. Ao longo dos últimos três anos têm trabalhado em conjunto na tecnologia B.Cork, um revestimento inovador aplicado sobre a malha, neste caso algodão orgânico, que confere propriedades extras aos tecidos, como impermeabilidade e elasticidade. “Este revestimento inovador é um poliuretano de base aquosa, sem solventes convencionais mas que ainda pressupõe uma base proveniente de combustíveis fosseis”, diz Cristiana, que prontamente explica o trabalho que têm desenvolvido no sentido de a diminuir: “No início
C&A COMEMORA 30 ANOS COM SUSTENTENTABILIDADE Para assinalar os 30 anos em Portugal, a C&A lançou no início de outubro uma campanha que divulga “Histórias com valor” relacionadas com o tema sustentabilidade. A startup portuguesa de financiamento de projetos verdes Go Parity foi um dos projetos ouvidos. O fundador Nuno Brito Jorge começou o vídeo por dar a conhecer a sua plataforma e sua visão sobre qual deve ser o caminho a sustentabilidade nas empresas, com destaque para a têxtil.
A CIRCULARDADE TÊXTIL NO PORTUGAL FASHION
do ano e de forma a chegar ao resultado que pretendíamos, a receita foi melhorada e em vez de serem colocados grânulos de cortiça utilizámos pó de cortiça natural na forma de camada de revestimento suportada por uma base de algodão cru. No revestimento B.Cork anterior tínhamos uma base com 40% de matéria verde, agora está nos 60%”. Ainda não é possível ter uma malha revestida com es-
tas características totalmente orgânica ou biodegradável devido à escassez de bio-polímeros para os substituir, mas passo a passo é possível aumentar a matéria verde utilizada e conseguir um equilíbrio entre durabilidade e sustentabilidade, explicou ainda Cristina. Com este melhoramento esperam lançar uma nova linha de produtos, que espera chegar ainda a tempo deste inverno.t
METADE DA COLEÇÃO DA LMA JÁ É SUSTENTÁVEL É uma empresa jovem, dinâmica e tem uma meta ambiciosa: apresentar uma coleção 100% sustentável já no próximo ano. Neste momento metade dos produtos da LMA já são eco-friendly, incorporando os princípios ambientais e circulares. “Quero muito que daqui a um ano quem entrar num dos nossos stands no MODTISSIMO ou outras feiras internacionais
"É preciso regras iguais para todos, não podemos ter uma Europa limpa e o Mundo sujo"
já só encontre produtos sustentáveis”, avança a CEO da empresa, Alexandra Araújo. Um novo statement e uma nova estratégia que pretende facilitar também os processos de comunicação com os clientes. “Já não vão precisar de perguntar se temos sustentável, tudo será sustentável”, explica a CEO. Aliada a esta nova estratégia, a LMA tem também uma
visão otimista para o setor têxtil nacional que Alexandra Araújo acredita que beneficiará da lógica de mercado de proximidade. “Há muitos clientes de grandes marcas que, por exemplo, só faziam meias em Portugal e que agora, com a questão dos fretes e a dificuldade de terem datas fixas para as entregas da Ásia, estão a reforçar as linhas de produtos feitos cá”, explica. t
Mostrar que o têxtil e moda portugueses estão no pelotão da frente do movimento sustentável era o objetivo do mais recente projeto da ATP, que ganhou vida no 49º Portugal Fashion. O “Sustainable Fashion From Portugal” reúniu em fórum ideias e produtos de empresas nacionais com reduzido impacto ambiental. Um showcase com tecidos da Albano Morgado, Acatel, Burel Factory, Lemar, LMA, NGS Malhas, RDD, Texser, Tintex Textiles e Troficolor, que em conjunto com um hub criativo de designers, artistas e influencers unem a sustentabilidade à moda.
" A reciclagem está na moda por força da sua incorporação cada vez maior na cadeia têxtil" João Valério Administrador da Recutex
UNIFARDAS APRESENTA COORDENADO ZERO WASTE A Unifardas tem um novo coordenado, Zero Waste ,totalmente confecionado com tecidos sustentáveis. TecoWork Ecogreen foi o nome dado à farda destinada ao setor da indústria, que esteve em exposição no iTechStyle Green Circle. O conjunto, composto por calça e blusão impermeáveis, resulta de uma combinação entre streetwear e workwear, e o design das peças foi concebido para proporcionar total conforto ao trabalhador, sendo simultaneamente funcional.
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B SERVIÇOS ESPECIALIZADOS Por: Mariana d'Orey
Virtual Tour 360
SM SENRA: REGRESSO ÀS FEIRAS PRESENCIAIS FAZ TODA A DIFERENÇA O regresso às feiras catapultou os negócios da SM Senra para um novo patamar. que esteve ‘adormecido’ durante a pandemia. Com a presença na Munich Frabric Start e no MODTISSIMO, a administradora está confiante: "Creio que vamos ultrapassar o nosso volume de negócios no final do ano”, um patamar de 1,5 milhões de euros que sofreu alguns percalços com a pandemia.
Avenida da Republica, 705 4450-242 Matosinhos
O que faz? Empresa especializada na produção de visitas virtuais Áreas Opera em setores tão díspares como têxtil, moda, imobiliário, eventos ou qualquer outra área de serviços Fundação Primeiro semestre de 2015 Equipa Oito colaboradores diretos (mais de 35 indiretos) Escritórios Matosinhos
"Somos orgulhosamente uma empresa portuguesa, que apoia a produção local" José Alexandre Oliveira Presidente da Riopele
O MELHOR DO 49 PORTUGAL FASHION O
Cinco dias, 35 desfiles e apresentações de quase 50 marcas e designers fazeram as contas finais da 49ª edição do Portugal Fashion. Uma edição que marcou o reencontro com o formato físico do evento de moda internacional portuense e que levou à passerrele as coleções Primavera- Verão 22/23. Pé de Chumbo, Miguel Vieira, Diogo Miranda, Susana Bettencourt, Sophia Kah, Vítor Dias, Maria Gambina, Katty Xiomara, Alexandra Moura, Alves Gonçalves, Inês Torcato, Marques’ Almeida foram alguns dos designers nacionais que participaram nesta edição.
AUSTRÍACOS DEIXAM DECLARAÇÃO DE AMOR AO PORTO E MODTISSIMO A organização perfeita e as boas apresentações dos expositores na feira encantaram os representantes da Áustria, o país convidado no MODTISSIMO. O relatório da presença da Advantage Áustria, com 24 empresas, conclui que “os feedbacks recebidos foram muitos positivos” e que o salão nacional é já “muito conhecido entre os jovens designers austríacos”.
Virtual Tour 360 abre as portas de fábricas e lojas Nasceu em 2015, fruto de um longo brainstorming entre um grupo de pessoas das mais diversas áreas ( design , web , gestão e fotografia) e teve como premissa a vontade de colocar a tecnologia da Google ao serviço das especificidades do mercado português. “No fundo, queríamos abrir as portas das empresas, das casas, das fábricas e das lojas portuguesas para que, quando se faz uma pesquisa no Google Maps, as portas desses espaços estivessem abertas e pudessem ser visitados em qualquer lugar do mundo e a qualquer hora”, conta Luís Alves, diretor da empresa. O primeiro passo foi dado junto do setor imobiliário, tendo a Virtual Tour 360 desenvolvido uma solução de visitas imobiliárias virtuais com a maior rede imobiliária do país, atualmente com cerca de 10 mil consultores. “Foi um passo importante que nos fez também trabalhar para hoje sermos uma Google Trust Agency em Portugal, um sinal da qualidade do nosso serviço, bem como da sua cobertura em termos nacionais”, explica ainda Luís Alves. Atualmente, a Virtual Tour 360 produz visitas virtuais em todo o país (incluindo a Madeira),
compatíveis com todos os dispositivos tecnológicos. Estas visitas podem ser posteriormente divulgadas nas redes sociais e sites das empresas, e ficam também disponíveis no Google Maps. “Para o setor têxtil pode ser muito interessante: imagine um empresário português estar numa feira com um cliente e, através do ecrã, puder fazer-lhe uma visita virtual à sua fábrica, mostrando os seus processos, as máquinas que tem disponíveis, a capacidade produtiva, etc”, exemplifica o diretor da empresa com sede em Matosinhos. O objetivo próximo é não só chegar a mais setores de atividade, de que é exemplo o têxtil, mas também alargar a empresa a outros países. “Iniciamos recentemente o processo de internacionalização em Espanha e vamos, muito em breve, fazer o mesmo em Itália”, esclarece Luís Alves, relembrando que esta é uma empresa 100% portuguesa e criada com capitais próprios. A Virtual Tour 360 está também a trabalhar em novas soluções 360 para produtos, como por exemplo roupa, que deverão ser conhecidas muito em breve.t
60%
das empresas acham que não vão ter acesso aos fundos da “bazuca”
A NOVA COLEÇÃO DE GIO RODRIGUES
Tons dourados, brilho, estampados geométricos e muito glamour marcaram o desfile de Gio Rodrigues. O designer apresentou no Porto a colecção Outono-Inverno 21/22 e encheu o espaço da Caetano Auto de profissionais da moda, influencers e gente conhecida. Esta coleção é a prova da versatilidade do designer: para além da linha de senhora, marcada pelos brilhos subtis e uma palete de dourados, vermelhos e laranjas, Gio Rodrigues apresenta ainda uma coleção de homem, com destaque para os tons alegres, e uma nova linha de underwear.
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OPINIÃO MATEM A GALINHA E DEPOIS QUEIXEM-SE QUE NÃO COMEM OS OVOS Miguel Pedrosa Rodrigues Vice-Presidente da ATP
As medidas de alteração à Legislação Laboral apresentadas na conferência de imprensa do Conselho de Ministros de 21 de Outubro acabaram por ditar – e muito bem – a saída em bloco dos representantes da concertação social. A forma como foram pensadas e divulgadas pelo Governo é inaceitável e, como se não bastasse, algumas constituem um autêntico atentado às empresas. Senão vejamos: 1) o condicionamento do acesso a apoios e incentivos públicos à existência de contratação coletiva dinâmica, ou seja, as empresas associadas da ATP
(que não estão obrigadas a cumprir um CCT - Contrato Colectivo de Trabalho, porque simplesmente este já não existe) deixam de ser elegíveis; 2) permitir que qualquer das partes suspenda a caducidade das convenções, ou seja, depois de assinado um CCT, vai ser praticamente impossível a sua eventual renegociação equilibrada porque deixará de existir um final para o contratualizado; 3) alargar a contratação coletiva aos trabalhadores em outsourcing que trabalhem mais de 60 dias na empresa e aos trabalhadores independentes economicamente dependentes; é
completamente irrealista que as empresas possam controlar esta exigência pela simples razão de que trabalhadores em outsourcing ou independentes não são funcionários da empresa; 4) tornar permanente o poder da ACT
de suspender processos de despedimento com indícios de irregularidade pode constituir um sério problema, dado que a mesma alteração também prevê 5) acesso a apoios públicos, incentivos financeiros e fundos comunitários condicionados ao cumprimento de normas laborais.
ENERGIA – AO SABOR DO VENTO João Costa Membro da direção da ATP e presidente da ASM
A crise energética, coincidente com o alívio da pandemia, que se tem materializado em acentuadas subidas dos preços do gás natural e da eletricidade no mercado grossista, está a criar dificuldades às empresas com maior intensidade na utilização de energia, especialmente Fiações, Tecelagens, Tinturarias e Acabamentos. A partir do início do verão, os preços do GN no mercado grossista – que em 2019/20 andavam na média dos 15€/MWh, e de janeiro até abril de 2021 entre os 15-20€/MWhn – iniciaram uma escalada que culminou nos 116€/MWh no início de outubro (mais de sete vezes superior ao preço médio de 2019/20), tendo, a partir daí, invertido a trajetória até valores da ordem dos 65-75€/MWh no início de novembro. A tendência é, porém, no sentido descendente para o resto do ano e para 2022 e seguintes. E o preço da eletricidade evidenciou idêntico comportamento. De um preço médio na ordem dos 40-50€/MWh até abril de 2021, atingiu um máximo de 297€/MWh no dia 7 de outubro. Tem igualmente vindo a declinar desde essa data, mas ainda se encontra, no início de novembro, em mercado diário, na ordem dos 170€/MWh, embora também
Não demora e temos uma coisa a engalfinhar-se na outra e um investimento apoiado de uma empresa, gerador de crescimento e emprego, correr o risco de ser inviabilizado por um qualquer indício; por fim, 6) reposição dos valores de pagamento de horas extraordinárias em vigor até 2012 a partir das 120 horas anuais não seria
o fim do mundo para as empresas e seria bom para os colaboradores, não se desse o caso de, por via da fiscalidade sobre as horas extras, o Estado levar fatia de leão. A tributação sobre as horas extraordinárias é um mal crónico que afeta empresários e colaboradores, e só o Estado e os partidos políticos é que não vêem. Serve isto tudo para dizer que a ITV Portuguesa é boa, sim, mas não é de ferro. Passamos por desafios há décadas e temos sabido ultrapassá-los, mas desengane-se quem acha que tal não tem sido conseguido com muito sangue, suor e lágrimas. É mesmo esforço e competência de todos, empresários e colaboradores, mas quem anda nisto há algum tempo sabe também que sucesso passado nada tem que ver com sucesso futuro. Parece que ao nosso Governo e partidos políticos não chega já uma pandemia? Uma concorrência asiática e turca numa guerra sem trincheiras aduaneiras, éticas, sociais e ambientais? Não chega já também o inacreditável aumento dos custos logísticos, das fibras, dos químicos, da energia e do gás? Perdoem-me a falta de paciência, mas depois não se queixem que não há ovos se insistem em matar as galinhas. t
com tendência descendente para o resto do ano e para 2022 e seguintes. A transição energética que tem vindo a operar-se na Europa – e na qual Portugal, por opção política do Governo, pretende ser campeão –, com orientações no sentido do abandono das centrais a carvão e com aplicação de taxas elevadas por emissões de CO2 (em que a produção a carvão, por ser a que mais emite, é a mais penalizada), deixou a produção de eletricidade muito dependente das renováveis, e em especial da eólica, e tornou as produções não renováveis demasiado caras. Portugal tem bastante potência instalada de produção eólica, na ordem de 5.500 MW, o que é bom quando há vento, porque os custos variáveis de produção são nulos, mas, pela sua volatilidade e intermitência, torna necessária a existência de centrais de backup que garantam a produção quando o vento falha. Como houve pouco vento nos últimos meses, a produção eólica foi bastante reduzida (por vezes menos de 20% da produção em meses normais), o que obrigou a intensificar a produção com GN, aumentando o consumo deste. A central a carvão de Sines, com 1.256 MW
de potência, foi encerrada a 15/01/2021, e a do Pego, com 628 MW, estava para encerrar a 30/11/2021. A partir de 1/11/2021, a Argélia encerrou o Gasoduto Magrebe/Europa, que passa por Marrocos, e que estava em funcionamento desde 1996, e pelo qual exportava 10.000 milhões de m3 de GN por ano para Espanha e Portugal. Pretende compensar este fornecimento através do outro gasoduto (que não passa em Marrocos) existente desde 2011, mas este já opera na sua capacidade máxima de 8.000 milhões de m3 por ano, e por aumento das exportações, por via marítima, de GN liquefeito, o que pode determinar o aumento do preço. Entretanto, o sobrecusto das produções de eletricidade em regime especial converteu-se em ganho, o que, juntamente com outros fatores, vai permitir uma redução das elevadas tarifas de acesso às redes. A redução apresentada pela ERSE ao Governo, é de 94% para MAT, AT e MT, e entrará em vigor a partir de 1/01/2022. Como as tarifas de acesso às redes representam, em MT, cerca de 40% da fatura (com preços da eletricidade normais), esta terá uma redução de cerca de 37% do seu valor, o que permitirá atenuar os custos das empresas. t
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Paulo Pereira Engenheiro Têxtil
Augusta Silva Gestora de Inovação em Estamparia e Coating no CITEVE
A ARTE DO TÊXTIL NÃO SE PODE PERDER
AS TENDÊNCIAS DO REGRESSO DA FESPA AO FORMATO PRESENCIAL
A iniciativa governamental que pretende restringir o recurso ao outsourcing de empresas que tenham recorrido ao despedimento coletivo ou extinção do posto de trabalho, poderá ser excessiva e irá colocar dificuldades. Os trabalhadores têm sido considerados pela generalidade do tecido empresarial como um custo a reduzir, mas ao mesmo tempo assistimos a queixas de empresários que não conseguem obter trabalhadores para garantir as operações. É conhecida a falta de costureiras, tecelões, afinadores e outros técnicos. Salvo raras exceções, o têxtil em Portugal tem procurado uma maior competitividade internacional usando a redução de custos, a externalização da produção e uma maior capacidade de resposta aos clientes. A estratégia parece correcta e consistente, mas enfrenta a capacidade asiática de fornecer o mesmo serviço, com maiores volumes de produção e melhores preços. Para compensar a falta de competitividade, temos vindo, a apostar na proximidade geográfica e a recorrer ao Norte de África para aquelas produções que não conseguimos fazer em Portugal, quer por preço quer por incapacidade de resposta. Falhamos também em perceber que os nossos clientes mudaram para estratégias mais sustentáveis. Na verdade, aquilo que eram marcas de entrada de gama, só o são nalguns países europeus, na generalidade do mundo são marcas de gama alta e estão a posicionar-se como tal. Portanto, necessitamos mudar mentalidades. A proximidade geográfica, que nos permitiu manter o têxtil, tem de passar a incluir uma proximidade pessoal. Num mundo pequeno onde tudo fica perto, efémero e está ao alcance de um click não podemos seguir o caminho de falsas interações pessoais, um qualquer manual de apoio ao cliente. Temos de estabelecer relações duradouras com todas as pessoas que fazem parte do eco-sistema da empresa. Não podemos esquecer que hoje a aldeia se chama mundo. Em Itália, que para muitos é um exemplo no têxtil, o artesão é valorizado. E um artesão é muito mais que aquele que faz artesanato, é aquele com capacidade de fazer. Posso contar a história de um arquitecto italiano que resolveu morar no Porto e precisava de colocar papel de parede na sua casa. Tentou contratar alguém em Portugal e não conseguiu. As pessoas estavam tão focadas em otimizar os seus contratos que nem tempo tinham para atender o cliente, ou para fazer um trabalho de menor escala. A solução encontrada foi trazer uma pessoa de Itália, nas suas palavras "um artista", que viajou juntamente com ele e ficou na casa dele. Por cá temos empresas que se organizam em torno de uma estrutura comercial e de planeamento, colocando as produções em unidades externas, de uma forma quase aleatória, como se fosse indiferente quem faz o quê. As relações pessoais e a valorização do conhecimento e experiência têm de importar, para não seremos ultrapassados por gigantes asiáticos com manuais de procedimentos que as simulam de uma forma descartável. t
Apesar da menor dimensão, a FESPA Global Print Expo voltou, dois anos depois, ao formato presencial (12-15 outubro, Amesterdão) apresentando os mais recentes desenvolvimentos ao nível das tecnologias de estamparia têxtil e impressão de grande formato, com destaque para as tecnologias digitais. E bem se pode dizer que foi um regresso bem-sucedido, quer pelo elevado número de visitantes (superior a 11 mil), quer de expositores, todos os de referência mundial, entre os quais os portugueses ROQ, Endutex, Meevo e Digidelta. Vários temas-chave surgiram como forma de dar resposta às atuais tendências, através de novas aplicações, mercados e modelos de negócio, com produtos estampados digitalmente à medida e de forma personalizada, o aumento de aplicações industriais e a decoração de interiores, sistemas de automação, digitalização e indústria 4.0. A maior tendência, talvez sem surpresa, foi a sustentabilidade, com produtos e inovações sustentáveis, para responder às crescentes solicitações do mercado de estampados com maiores credenciais verdes. Destaque na área da estamparia têxtil para a estamparia digital com pigmentos, para os substratos têxteis mais sustentáveis (poliéster reciclado, algodão reciclado, algodão orgânico, etc.), e para o papel transfer reciclado. Destaque também para a estampagem digital peça a peça, quer pela via de tecnologias de aplicação direta como através de sistemas híbridos que combinam a tecnologia convencional peça a peça com integração de sistemas de estamparia digital, e para a digitalização dos processos, microfábrica, transferes digitais obtidos quer por tecnologias em contínuo como por sistemas híbridos, e ainda para as certificações como GOTS, GRS e RCS. No domínio das tecnologias de estamparia digital em contínuo, foi notória a presença da EFI Reggiani que apresentou a tecnologia digital EFI Reggiani Terra Silver, uma solução mais simples que trabalha com pigmentos Terra da EFI, com 180cm largura, e velocidade até 190m2 por hora com oito cabeças de impressão de canal duplo, equipada com o novo sistema de recirculação de tinta. Divulgou também toda a sua linha de máquinas e tintas, tendo ainda destacado a nova máquina EFI Reggiani Hyper, lançada em setembro de 2021. Trata-se de uma máquina de estampar scanning (multipass) que pode atingir velocidades de 13 metros lineares por minuto. No campo da estamparia peça a peça (direct to garment), a portuguesa Roq teve como principal destaque a máquina de terceira geração digital ROQ Now, tecnologia híbrida, que combina a tecnologia de estampar convencional com o digital e a estufa industrial ROQ Sahara. Na área das aplicações mais técnicas, também a portuguesa Endutex apresentou substratos têxteis mais sustentáveis (Biotex collection - materiais 100% biodegradáveis, Cotton Sub (sublimação em algodão), Biotex PLA, RCY Line (materiais produzidos com poliéster reciclado e certificado GRS), entre outros. A Meevo afirmou a sua presença com a máquina contínua de aplicação de tapes em estruturas têxteis para caixas de luzes de decoração de interiores. Para os visitantes, o Printeriors, espaço destinado à apresentação de materiais estampados para decoração de interiores, foi outra das grandes atrações, com desenhos inspirados na natureza, estampados por tecnologias digital, onde predominaram os estampados em pigmentos e a sublimação, aplicados em substratos têxteis mais sustentáveis, reciclados e de origem orgânica. A próxima edição da FESPA terá lugar na Messe Berlim, entre 31 de maio e 3 de junho de 2022. t
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U ACABAMENTOS Por: Katty Xiomara
Inspirada nas capacidades escondidas de João Rendeiro, Katty Xiomara vislumbra já um excelente argumento para uma sequela do filme sul-coreano Parasitas. Imagina-o num personagem com look de dandy oitocentista, boina ao estilo Picasso, perfumado pelo seu cachimbo e desfrutando da sua própria companhia. Um ótimo falsificador é sempre também um grande artista
Um look de Dandy oitocentista para o nosso foragido João Rendeiro, fundador e ex-administrador do Banco Privado Português, hoje mais conhecido como “O foragido” é o nosso alvo nesta edição do T Jornal. Para alguns poderá ter sido bastante pertinente ter desaparecido poucos dias após a notícia dos Pandora Papers, uma feliz coincidência que para o comum dos mortais portugueses é pouco entendível e muito menos desculpável. Na verdade, tudo neste episódio faz prometer uma segunda, terceira e quarta temporadas. Informações frescas vão chegando e vamos descobrindo todas as capacidades escondidas desta personalidade enigmática. Sabemos agora que “O foragido” tem invejáveis capacidades artísticas, revelando-se um ótimo falsificador e aparentemente não só de arte. Pois o homem que alega ter saído do nosso país em legítima defesa, não deixou registo de passagem de nenhum passaporte com o seu nome, João Manuel de Oliveira Rendeiro. Provavelmente pode vir a descobrir-se que temos um argumento perfeito para a segunda parte do badalado filme sul-coreano Parasitas, inspirado, claro, na vida e obra deste afamado ex-banqueiro que provavelmente descansa, vivo e pulsante, admirando o seu retrato, como o de Dorian Gray. Só que não de imortal mas sim de fora da lei, no subsolo da sua própria mansão, rodeado das verdadeiras obras de arte arrestadas, as que restam… as que ainda não deram sinais de existência… numa garagem, numa leiloeira ou numa exposição…. Assim o imaginamos com um look de dandy oitocentista: um luxuoso roupão de damasco em tons púrpura, uns loafers de veludo vermelho e umas finas meias de seda. E a veia de artista exprime-se com um je ne sais quoi Beatnik, vestindo uma icónica Breton t-shirt ao estilo Picasso e uma boina de pintor. Imaginamo-lo assim… perfumado pelo seu cachimbo e regado com um bom vinho, desfrutando da sua própria companhia, tranquilamente afastado dos comuns dos mortais. Ou, talvez, estejamos completamente enganados e “O Foragido” esteja simplesmente à sombra da bananeira na pequena Belize. t
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O AS MINHAS CANTINAS Por: Manuel Serrão
Venga, Tapiscaria Ibérica Avenida Menéres, 621 4450-191 Matosinhos
VENGA, POR SUPUESTO J á t o d o s s a b e m o s q u e é co s t u me dizer e pensar que de Espanha nem bom vento, nem bom casamento. Gerações inteiras habituaram-se a estender este vento e este casamento a tudo o que mexe e viesse de nuest r o s h e r m a no s . Transpondo para a atualidade esta sabedoria de experiência feita, temos que aprender a dourar a pílula. Os novos ventos têm trazido de Espanha muitas e boas despedidas de solteiros que mesmo que sejam só vistas como promessas de casamentos, deixam cá muita animação e muitos euros. Que nenhum não casamento ou divórcio rápido nos tira. Mas também há novos tipos de casamentos que são capazes de contrariar este ditado popular. O restaurante Venga, em Matosinhos, é um bom exemplo disso mesmo. Por supuesto ! No Venga quem quer que venha, é bem recebido, seja qual for a sua nacionalidade. Sendo bem ser vido seja qual for a sua vonta-
ESPUMANTE NATURAL BY LIMA & COMPANHIA
de. Entre especialidades com sotaque espanhol, como as várias paellas, o pulpo à galega ou os revueltos, e os pratos tipicamente portugueses como as tripas à moda do Porto ou as pataniscas de bacalhau, todos que chegam ao Venga podem escolher em que lado da “fronteira” preferem comer e beber. Mas essa possibilidade de escolha não fica por aqui. Se o tempo permitir, também se pode escolher entre ficar dentro de portas ou numa esplanada literalmente no meio da rua. Em termos de bebida, os vinhos espanhóis apresentam-se ao lado de alguns dos melhores portugueses, quase de propósito para nos dificultar a escolha. A rematar deixo a informação que o dono está sempre por perto. Não na versão do chato que quer saber a cada momento se está tudo bem. Mas na versão correta de alguém que anda lá para garantir que vai estar sempre tudo bem. Uma espécie de seguro da qualidade do ser viço. t
CASAL VENTOZELA PET NAT Dedicada desde 1986 à produção e confeção de vestuário em malha, a Lima & Companhia é hoje gerida pela segunda geração da família Cortinhas. A par da têxtil verticalizada - tecelagem, tinturaria, corte automático, confeção, bordados, embalagem, e até mesmo produção de etiquetas e fitas fantasia – o fundador José Cortinhas fez crescer também, em Mogege, Famalicão, as vinhas do Casal de Ventozela, onde sempre produziu os Vinhos Verdes da sua predileção, com destaque para o tinto que ganhou fama junto dos apreciadores locais. Tal como na têxtil, a nova geração dos Cortinhas apostou também na modernização das vinhas e da adega, avançando para a criação da marca e para o caminho da exportação. Um projeto profissional que leva hoje os vinhos Casal de Ventozela até aos mais diversos mercados, dos EUA à Rússia, passando pela Ásia e, claro está, o grosso dos países europeus. A par do verde tinto, que os fiéis consumidores locais rapidamente esgotam, os brancos de Alvarinho e Loureiro posicionamse no segmento mais sofisticado dos Vinhos Verdes, tal como o elegante rosé de Espadeiro. Num estilo igualmente moderno mas recuperando a tradição, a grande novidade é branco com gás natural, muita frescura e grau moderado. Com carica em metal, agora chamamlhe Pat Net. Mas é um espumante natural, como sempre foi de tradição na região.
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c MALMEQUER Por: Cláudia Azevedo Lopes
Nuno Caiano, 56 anos, é sócio-gerente da Vestimpor e no seu percurso de vida já fez de tudo um pouco. Cresceu na Foz, foi oficial dos Comandos, licenciou-se em Ciência Política (na Fernando Pessoa) e até foi deputado municipal (no Porto). No entanto, o seu primeiro contacto com o mundo do têxtil e da moda foi como modelo, na Portex, nos idos dos anos 80, e desde então nunca falhou um MODTISSIMO.
SOUVENIR
O FASCÍNIO DA CAMISA DE COWBOY
Gosta Humor Persistência Gratidão Carácter Aeroportos David Bowie Tchaikovsky Robert de Niro Winston Churchill Barak Obama Concertos de Verão Jantares com amigos Do restaurante Broa Da simpatia do staff do restaurante Capoeira Uma boa gargalhada Do primeiro café do dia Lampreia à Bordalesa Camaradagem Férias na Patagónia (“uma viajem inesquecível com a minha mulher e afilha”) Um bom livro Revistas Padel Golf Vinho tinto Um Chablis no Café de Flore Risotto Amarone em Verona Jogging na Foz Sunsets Ouvir bons contadores de estórias Alfarrabistas Vestir bem Sapatos Church’s Sapatilhas Veja Comandos
Não gosta Pessoas mesquinhas Gente deslumbrada Pequenos poderes Demagogia Ingratidão Vulgaridade Movimento Woke (“desconfio”) Revisionistas Lâminas de barbear velhas Que me ultrapassem pela direita Falta de água no chuveiro Reality shows Nortada O “já vai” que demora… Burocracia Pepino Ovos-moles Licores Fast-food Uma bola topada no golf Mensagens de parabéns por WhatsApp Trânsito Cerveja sem álcool Frio Aperto de mão flácido Black Friday Toques inoportunos de telemóvel Que não limpem dejetos de cães
Talvez pela atividade ligada aos vinhos, na nossa família sempre houve boas amizades com outras associadas aos têxteis. E nem só entre britânicos ou de outras origens estrangeiras, contando, por exemplo, entre as amizades atuais nomes associados a empresas como a Riopele ou a TMG. Recordo, no entanto, com um carinho muito especial a família de Jacob Myhre, descendente de noruegueses mas já nascido em Portugal, que foi fundador da têxtil Myhre e Salgado. Lembro-me que nos anos 70 fabricaram para a Symington umas toalhas e T-shirts com publicidade. Tenho ainda no meu escritório uma dessas T-shirts, que me traz sempre boas memórias da simpatia e carinho dos Myhre. Antes de se terem mudado para Miramar, moravam na Foz, na moradia que é hoje o restaurante Buhle, e lembro-me das festas de fim de ano com salmão temperado em vinagre e outras comidas típicas norueguesas. Era então um adolescente, mas ficaram-me na memória recordações muito gratas do convívio com o casal Myher e os seus quatro filhos. Lembro-me particularmente da camisa que Kari, a mulher de Jacob, me ofereceu quando festejei os 15 anos. Eram tempos de pujança do têxtil português, e camisa a grande novidade de uma marca que eles criaram para exportação. Chamava-se Karjac e associava os nomes de ambos. Feita com uma ganga macia e num design que remetia para o imaginário dos cowboys americanos, um estilo que acabou por fazer furor entre os jovens de então. Uma novidade que, aos olhos de hoje, me tornou quase numa espécie de influencer de moda de então, mas que tinha outro pormenor que a distinguia e me fascinava. Não tinha botões, apertava com molas, o que era outra novidade, mas o que verdadeiramente me marcou foi a cobertura das molas em madre pérola, o que lhe conferia um efeito especial. E que não era propriamente o brilho, mas talvez a forma como eu sentia que brilhava quando saia com ela vestida. Rupert Symington
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