Mete Dança

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ARMANDINHO, DODÔ E OSMAR

VALEU, FOLIÃO PIPOCA

ATÉ 2018

#451 / DOMINGO, 5 DE MARÇO DE 2017 REVISTA SEMANAL DO GRUPO A TARDE

NARIZ DE COGUMELO ADAM KURDAHL

Coreografia

DIGITAL

O FitDance, de Fabio Duarte, e grupos da periferia de Salvador levam a dança de rua para a internet

SÃO JOAQUIM VINHOS «


SALVADOR DOMINGO 5/3/2017

MILA CORDEIRO/ AG. A TARDE

#metedanรงa 18

Ubirathan Sรก, ex- Ballet Vip, atual coreรณgrafo do Ubithi


U Criados na periferia da cidade ou em academias – como o FitDance –, grupos disseminam as danças de rua em aulas na internet, transformando coreografias ensaiadas em espetáculos e alavancando o sucesso de novas músicas e artistas da Bahia Texto TATIANA MENDONÇA tatianam@gmail.com

ma mulher caminha com ar sexy, esvoaçando os longos cabelos. Num átimo, está dançando em meio a dois homens numa sala de vidro, com aparelhos de academia ao fundo. Os movimentos evoluem ao som dos versos de Bumbum Granada, da dupla carioca Zaac & Jerry (Vai taca, taca, taca, taca, taca, taca). Lançado em junho do ano passado no YouTube, o vídeo com a coreografia do funk-chiclete já foi visto mais de 48 milhões de vezes. É o mais popular do FitDance, um fenômeno criado por aquele cara de óculos escuros e jeito de poucos amigos que rebola à direita da tela, o publicitário e dançarino Fábio Duarte, 37. No Carnaval, o grupo se apresentou em camarote, saiu num bloco para chamar de seu – o Burburinho FitDance, cujos temas eram “Exército da Dança” e “Estrelas da Dança” – e transmitiu a festa ao vivo na internet, em parceria com a prefeitura de Salvador, como já havia acontecido no Réveillon deste ano. Essa espiada já revela como a empresa que ganhou vida em 2013 como um programa de aulas de dança, que guardava alguma semelhança com a Zumba, do colombiano Beto Perez, diversificou-se. Além de multiplicar-se das academias para apresentações em shows, o FitDance passou a contar com uma presença maciça na internet. As aulas coreografadas do grupo são acompanhadas no YouTube por mais de três milhões de pessoas, e os acessos aos 400 vídeos postados ultrapassam a marca de 820 milhões de views. Em meados do ano passado, um dos vídeos ganhou elogios públicos do cantor americano Justin Timberlake–nãoàtoa,osdançarinosrebolavamuma canção sua, Can’t stop the felling. Com a visibilidade, a empresa incluiu um novo segmento no seu modelo de negócio: tornou-se uma plataforma de lançamento de músicas. “Hoje quando a música de um artista entra no FitDance, toca muito mais do que na rádio. A gente entrega milhões de views na internet e faz com que essa música seja tocada milhares de vezesnas salas de aula de academias

de todo o país, unindo o mundo offline e online. O FitDance promove uma experiência. A conexão é muito maior do que com qualquer outra plataforma”, exalta Fábio, que às vésperas do Carnaval andava imerso em tantos afazeres que não conseguia esconder a cara de cansaço. A coisa funciona em duas pontas: os instrutores do grupo acabam sendo uma espécie de equipe de pesquisa de novos hits que estão surgindo em todo o país – “eles mostram o que está tocando, e aí vêm esses sucessos desconhecidos, como foi o caso da Metralhadora, por exemplo” – e os artistas das mais variadas vertentes passaram a procurar diretamente a empresa para divulgar as músicas que irão lançar. O valor pelo serviço custa a partir de R$ 15 mil e há vários “pacotes”: no formato mais completo, o grupo cria coreografia para a música, grava o vídeo para disponibilizar no canal do FitDance no YouTube, distribui a música para a rede de instrutores, faz promoções para estimular esses professores a tocarem a música nas aulas e premiam as turmas que mais interagirem com aquela canção com viagens e a chance de conhecer o artista. Além disso, produzem clipes – como o gravado no metrô para MC Beijinho e a sua canção de alforria Me libera nega – e também oferecem a “experiência” de que artistas dancem com eles, como aconteceu no final do ano passado com Preta Gil para promover sua nova música, Eu quero e você quer. O FitDance faz até “consultoria musical” para os artistas. “Para alguns, a gente diz: ‘Agora esse produto talvez não vá funcionar tão bem, esse aqui seria um caminho melhor para você seguir...’. Muitos artistas trazem opções de músicas para que a gente discuta junto o que daria mais retorno, pela visão que o FitDance tem de mercado”, explica Fábio. Pergunto se o grupo está decidindo o que a gente vai escutar, e ele diz que sim, para depois emendar: ”Não é que a gente estejadecidindo,estamosdescobrindojuntos...Nãoé um poder, é uma honra”. Com menos modéstia, afirma que o FitDance foi o responsável por fazer com que a “música baiana vol-

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tasse a ser tocada” nos outros estados do país. Sentado num banquinho no meio do estúdio acinzentado do grupo, num casarão da Pituba, Fábio conta que o embrião desse modelo foi a Troupe Dance, de Porto Seguro, que animava os turistas e locais com coreografias dos hits do momento. Ele já foi dançarino da trupe, como outros diretores do FitDance. “Desde aquela época, a gente já utilizava as apresentações como uma plataforma para divulgar as músicas que iam bombar no verão, e ganhávamos por isso”. A manha de fazer coreografias também viria daí. “Fomos responsáveis pela criação de todas as coreografias que foram lançadas no Brasil nesses vinte anos. As do É o Tchan a gente fazia em conjunto com Jacaré, fizemos Bomba, Mulher Maravilha, enfim...”. Apesar disso, não considera que sua escola seja a axé music, mas uma mistura de funk carioca e pagode baiano, que diz ter levado ao FitDance. Em sua visão, o grupo tem uma pegada do “gueto”. “Você não vai numa festa dançar zumba, mas vaidançarfitdance.Agenteestáconectadocomaculturadaruaetambémestamos conectados tecnicamente com o que funciona na sala de aula”.

Além de bombar nas academias, o FitDance produz clipes para artistas como MC Beijinho, que gravou Me libera nega no metrô de Salvador

ESTILO DE VIDA NoBrasil,sóumcanaldedançanoYouTubetemmaisseguidoresqueoFitDance. É o do professor carioca Daniel Saboya, que tem cinco milhões de seguidores, mas que funciona numa estrutura visivelmente menos profissional. Fábio não se intimida com os dois milhões de seguidores a mais da companhia do Rio de Janeiro, mesmo porque não acredita que o FitDance tenha concorrentes. “Existem canais ou programas que de vez em quando concorrem com uma ponta do FitDance, mas não com a empresa como um todo. A gente não é um grupo de dança, não é uma companhia. Somos uma empresa de estilo de vida. A pessoa acorda vendo o vídeo do FitDance, vai para o trabalho ou para a escola e fala sobre o FitDance, fica esperando o momento da aula para dançar fitdance e no final de semana, se junta com os amigos para dançar antes de irem para a festa e, quando estão na festa, todosvestidosdeFitDance”,diz,comoseestivessefazendoumaapresentaçãopara um potencial investidor. “Todos vestidos de FitDance” não é só uma maneira de falar. É claro que eles têm uma linha de roupas, com camisas, leggings, moletons e bonés, numa estética mezzo urbana, mezzo fitness (as peças para instrutores custam R$ 500). Para este ano, a meta é “internacionalizar” a empresa – que hoje possui 70 “colaboradores” e funciona numa pequena área da Agência Califórnia, que atende contas como Ambev e prefeitura de Salvador e tem Fábio entre os sócios. Ele planeja levar o grupo para Chile, Argentina, Estados Unidos, México e Portugal, além de expandir o FitDance Academy, equipe técnica responsável por capacitar os instrutores (hoje são dois mil professores e cerca de 200 mil aulas por ano) e também fomentar o FitDance Network (yes, tudo em inglês), que deve passar a oferecer nas redes sociais da empresa mais conteúdos relacionados ao universo da dança, indo além das coreografias. E se as coreografias na internet deram onda, natural que haja mais gente querendo surfar. Criado no ano passado em Feira de Santana, o Mete Dança tomou como batismo uma gíria baiana destinada àqueles que dançam bem e muito. O grupo tem à frente o bacharel em direito Danilo Alencar, 33, esguio e de cabelos aloirados, mas que dançar mesmo não dança nada. É o responsável por gerenciar aqueles passos, digamos. Ele conta que a ideia foi disponibilizar na internet coreografias de músicas de sucesso para ganhar visibilidade e reconhecimento no mercado. Os números ainda não chegam nem perto dos conquistados pelo FitDance, mas não são de todo modo inexpressivos. O canal do Mete Dança no YouTube tem 130 mil seguidores, e o vídeo mais popular, com a coreografia de Deu

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onda, do MC G15 (a do “pai te ama...”), foi visto mais de 1,8 milhão de vezes. Os vídeos, postados duas vezes na semana, são filmados por uma produtora associada ao projeto e neles revezam-se cinco pessoas, entre professores de dança e entusiastas. Para se inspirarem, buscam “referências” em outros canais brasileiros e gringos, como o coreano 1MILLION Dance Studio, que tem mais de quatro milhões de seguidores. A escolha das músicas que serão dançadas segue o critério principal de estarem fazendo sucesso. “Quanto mais aceitação do público, mais visualização na internet”, conta Danilo. E aí tome-lhe funk e pagode.


LUCA CASTRO / DIVULGAÇÃO

O grupo já começou a ser procurado por algumas bandas (“muitas de pequeno porte e algumas de grande porte”) para promover as músicas que irão lançar. Danilo diz, a muito custo, que para o serviço as negociações começam em R$ 5 mil. Para ele, o fato de não estarem na capital não influencia no crescimento dogrupo.“OYouTubeéumaplataformaquechegaao mundo inteiro. Nossos vídeos já foram visualizados em mais de 60 países”, gaba-se. Grupos de dança que existiam há mais tempo – e queguardamumaligaçãocomaruaqueultrapassaos discursos – também passaram a explorar a internet como ferramenta de divulgação dos seus trabalhos.

NestequadradoestáoBalletVip,criadohácercade10 anos. Sidney Guerra, 43, o diretor, conta que, antes de criar a companhia, dançava em bandas de pagode, como Degraus da Fama e Raça Pura (“aquela do Pinto do meu pai, lembra?”, como se pudéssemos esquecer). “Queria um grupo que misturasse todos os estilos dentro de um. Que tivesse pagode, dança afro, jazz”. Começaram no Calabar, passaram por academias e chegaram a ensaiar no meio da rua. Há pouco mais de um ano, estão abrigados numa sala do Colégio Edgard Santos, no Garcia. Os vídeos, a princípio, serviam apenas para aprimorar as aulas e eram feitos de celular mesmo. Quan-

do reparou que eram também um meio de ganhar visibilidade, Sidney resolveu investir em equipamentos profissionais. É ele mesmo quem filma, com gosto especial pelo zoom, as coreografias cheias de movimentos frenéticos, difíceis de acompanhar à primeira vista. Apesar dessa história de mistura de estilos, o forte ali é o pagodão. Mas não qualquer um. “Não trabalho com nenhuma música que tenha conotação de degradar a mulher. Tenho muito cuidado com isso, porque sou um educador. E se eu vir algum vídeo deles dançando na rua essas músicas, tem briga também”. Uma vez por ano, o grupo abre seleção para novos integrantes. A última aconteceu em dezembro passa-

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ADILTON VENEGEROLES / AG. A TARDE

Ballet Tome Love, do bairro Sete de Abril, começou com apresentações de colégio e hoje tem integrantes que dançam no Psirico

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do, quando oitenta pessoas concorreram a míseras quatro vagas. Pelas aulas-ensaio eles pagam R$ 30, que Sidney não chama de mensalidade, mas de “ajudade custo”parasom,figurino,locomoção.“Seapessoa já é profissional e vem aqui só para espiar o que a gente está fazendo, copiar, aí é mais caro, R$ 50”. Com idades entre 13 e 25 anos, os meninos e meninas vêm de diversos bairros da cidade e sonham em viver de dança. Volta e meia, costumam participar de clipes e fazer apresentações em shows – quando essas oportunidades surgem, ganham cachê. Eles também foram convidados pelo professor e coreógrafo Zebrinha para participar de um espetáculo em homenagem ao sambista Riachão, que terá direção de Elísio Lopes Jr. Um dos vídeos do Ballet Vip, com a coreografia do funk Convoca todas elas, foi visto pelo autor da música, o santista MC Dapenha, que fez questão de pegar um avião para vir conhecer o grupo e gravar um clipe com eles. Outro vídeo, de Sarra na pista novinha, caiu

nositeMeupagodeémassa,espalhou-senainterneteacabousendoexecutadano canaldeDanielSaboya,ondejácontacommaisde1,6milhãodevisualizações.“Ele me ligou do Rio pedindo autorização para reproduzir a coreografia. Não mudou nada!”, orgulha-se Sidney. Na sequência, diz que isso foi “bem diferente” do que fez aquele “referido grupo”, que teria se apropriado culturalmente dos passos da coreografia. Você já reparou quem é o “referido grupo”, não é? Quando ouve esse tipo de história, Fábio não se abala e costuma dizer que isso é coisa da “galera preocupada porque a gente conseguiu um destaque que outros nãoconseguem.Énormal”.Complementaarespostadizendoquequeminventaos passos são as pessoas nas ruas, não os grupos de dança – “e a rua está aí para todo mundo” –, e que há um procedimento interno no FitDance para que não vejam vídeos de nenhum grupo antes de criarem as coreografias, para não “poluírem a cabeça”. “A gente não busca só o passo que é bonito, mas aquele que organicamente é mais aceito pelo cérebro do aluno. Todo movimento é pesquisado. Às vezes, a gente repete intencionalmente o passo em outras coreografias para que o aluno consiga fazer aquele passo em diferentes momentos da aula. Isso faz com que ele aprenda sem perceber”. No Ballet Vip, os integrantes lidam com a pedagogia “bruta” de Sidney, que tem um jeitinho peculiar de ensinar e amar. “Eu tiro o couro mesmo. Sou muito chato e muito rígido”, diz, referendado por um coro uníssono. Os movimentos são pro-


MARGARIDA NEIDE / AG. A TARDE

positadamente rápidos e pesados. “É muito contratempo. Não vai no nosso passo, não. Aí é já pra não deixar sugar”, diz Vinícius Santana, 22, um dos dançarinos do grupo. Para ele, a dança de rua de Salvador é diferente porque tem um “ranço”. “A pessoa fica logo impressionada”.

DANÇA POPULAR CONTEMPORÂNEA “Apaixonado” pelo Ballet Vip, Zebrinha uma vez passou lá para buscar três bailarinos para um trabalho e saiu com oito. Para ele, não dá para classificar o que o grupo faz como dança de rua. “Eles têm um caminho de dança popular, com um vocabulário próprio. É algo que embevece os olhos, porque tem uma verdade ali. Para mim, é dança contemporânea inspirada na rua”. Já o trabalho do FitDance ele não acompanha de perto – “me interesso pelo que está da Lapa para Cajazeiras”, ri – mas defende a “comercialização da dança”. “Tem que ser, gente! E parece que está dando certo...”. O professor explica a popularidade dos vídeos de coreografias na internet pela dificuldade das gentes de terem acesso a espetáculos. “Com isso, ficam com o que está mais próximo, sem custo. Têm aquele material ali para ver, para estudar a partir da cópia, ao menos inicialmente”. OBalletVipdivideasaladeensaionoColégio EdgardSantoscomaUbithi,grupo de dança criado pelo dançarino Ubirathan Sá, 31, que antes era do próprio Ballet Vip. “Eu era o dono”, provoca. Conta que saiu porque buscava algo mais “pro-

fissional” e que não fosse “limitado” ao pagode. Professor de zumba, pensava em misturar mais movimentos de reggaeton e outros ritmos latinos. Há pouco menos de um ano, criou o Ubithi com um colega (o Thi do nome, que saiu para dançar no FitDance). Ele tratou logo de transformar a página que já tinha no YouTube no canal do grupo e passou a postar vídeos semanais que grava preferencialmente na rua, em cenários como Pelourinho e Rio Vermelho. Ubirathan também cobra R$ 30 por mês como ajuda de custo pelas aulas e participa com os alunos de clipes e shows. Pequenas bandas de pagode passaram a procurá-lo para divulgar suas novas músicas. Conta que costuma cobrar entre R$ 500 e R$ 300 pelo serviço. Luana Cruz, 22, que dança na Ubithi e ajuda a criar ascoreografias,sonhacomodiaqueogrupofiquetão conhecido que tenha até uma marca de roupas “oficiais”. Já Ubirathan deseja que o canal do grupo tenha mais acessos para que passe a ganhar pelos views do YouTube. “E também ter respeito dos maiores, ser

Nascido no Calabar há 10 anos, o Ballet Vip reúne um disputado elenco jovem com quem o professor e coreógrafo Zebrinha gosta de trabalhar

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O Mete Dança, de Feira de Santana, se apropriou de uma gíria baiana para batizar o grupo, que posta coreografias de músicas de sucesso

procurado por bandas grandes... É ser um novo FitDance”, diz, mas logo complementa que o FitDance “não tem identidade”. Para crescer, terão que fazer frente à concorrência. “Aumentou muito o número de grupos de dança com a internet. Hoje, todo mundo diz que dança”.

PARTICIPAÇÃO DECORATIVA MatiasSantiago,coordenadordedançadaFunceb, acompanha de perto esta cena, mas não acredita que a dança esteja, finalmente, ganhando protagonismo. “Para mim, continua com uma participação decorativa dentro da lógica da cadeia da produção musical. Não há um investimento, uma pesquisa de fato em torno do movimento”. Prova disso, diz, é que muitas coreografias ainda reproduzem quase que literalmente as letras das músicas, replicando discursos. “Isso é algo que, para a dança, já é cansado, ultrapassado até”. Não pense, no entanto, que ele desmereça essas produções. “Acho desperdício rotular ou desqualificar esta cena em relação a outras. Cada uma tem sua importância dentro do universo da dança”.

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Noprincípio doBallet Tome Love,dobairrode SetedeAbril, o que importavanão era nem a dança nem a música. Ambas eram instrumentos, pretextos, desculpas para “pegar as meninas”, explica Jones Rodrigues, 25, um dos nove integrantes do grupo, que aposta no pagode proibidão. “Na verdade, a gente vai mais pela batida do que pela letra... É a quebradeira”, desconversa. A história começou há cinco anos. A primeira apresentação foi no colégio, durante a semana da consciência negra. Já de cara viram que a coisa ia dar certo, porque tiveram até que remarcar o horário dos ensaios para a apresentação por causa do rebuliço das meninas que se juntaram na porta. “Foi uma gritaria, um alvoroço na escola. A coordenadora até falou em proibir! Aí a gente teve que fazer sigilo para poder ensaiar”. Pegaram gosto por virar artistas e passaram a participar de concursos de dança em bairros da cidade. No começo só ficavam em quarto, terceiro lugares, de repente, era só primeiro, primeiro, primeiro... Acharam que era hora de levar o trabalho a sério, de tentar viver de dança. Investiram o dinheiro dos prêmios em figurino e há quatro meses criaram um canal no YouTube. “Ainda está fraco. Só um vídeo nosso no Facebook que teve meio milhão”, conta Reinan de Jesus, 21, meio desapontado. Mas às vezes nem é preciso que uma multidão veja, apenas a pessoa que interessa. Um dos vídeos postados pelo grupo com a coreografia da música Malandro brabo, do grupo de pagode Hashtag, caiu nas mãos de Márcio Victor, do Psirico, e ele acabou convidando dois integrantes do Tome Love (Reinan e Felipe Passos, 17) para dançar com a banda. “A gente tem uma pegada muito forte. Já faz difícil mesmo que é para ser diferente. Iguais já tem muitos por aí”, diz Reinan. «

» VEJA VÍDEOS DE COREOGRAFIAS DOS GRUPOS EM ATARDE.UOL.COM.BR/MUITO

MÁRCIO FILHO / DIVULGAÇÃO


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