Mosaico de Séculos

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Dr. Marcelo o Falcão | CR RM-B BA 14439

Informe Publicitário

VANGUARDA DO TRATAMENTO DA OBESIDADE REDUÇÃO DE ESTÔMAGO POR ENDOSCOPIA

e meio e se mantém por dois a três anos. Após isso, a manutenção do peso dependerá da manutenção dos hábitos saudáveis de alimentação e atividade física regular.

Feita por um equipamento especialmente desenvolvido para a realização desse procedimento, a redução de estômago por endoscopia é um método seguro e eficaz de perda de peso para pacientes que não podem ou não desejam se submeter à cirurgia bariátrica convencional.

Por não envolver cirurgia, os riscos de sangramento, infecção e fístulas são menores que na cirurgia bariátrica. A redução do estômago por endoscopia é considerado minimamente invasivo, e os resultados demonstrados são muito bons.

Como funciona a redução de estômago por endoscopia? O procedimento é semelhante a um exame de endoscopia. Com o paciente sedado, o médico realiza a sutura interna do estômago, com a finalidade de reduzir o volume gástrico. Dessa forma, com o tamanho reduzido, o paciente tem saciedade mais precocemente e com uma quantidade menor de alimentos, isso facilita na realização de dieta para emagrecer. Além da redução do volume do estômago, ocorre um retardo do esvaziamento gástrico, ou seja, o alimento tende a ficar mais tempo parado no estômago do que antes do procedimento. Isso faz com que a pessoa se sinta satisfeita por mais tempo.

Para quem é indicado? A gastroplastia endoscópica é indicada para pessoas que precisam emagrecer e apresentam IMC entre 30 e 40 kg/m2 ou que tem alguma restrição para realizar a cirurgia bariátrica convencional. Pacientes com obesidade mórbida (IMC acima de 40kg/m2) podem ser submetidos à redução do estômago por endoscopia, porém, os resultados não são tão visíveis quanto na cirurgia bariátrica.

Para quem não é indicado? Não é indicado para pessoas que têm histórico de câncer de estômago em familiares próximos, pacientes com cirrose hepática, mulheres grávidas ou que pretendem engravidar nos próximos 12 meses e com doenças graves. Outras condições, como uso de medicamentos imunossupressores, fumantes, doenças do sangue ou em uso de anticoagulantes devem ser avaliados individualmente. Todas as pessoas devem passar por uma avaliação médica detalhada, com a realização de exames complementares, e discutir cada detalhe do tratamento com a equipe que irá acompanhá-lo.

Qual o resultado esperado? Assim como os fatores que levaram o paciente a ganhar peso são múltiplos, a resposta de cada pessoa ao procedimento também varia. Basicamente, o sucesso dependerá de disciplina, comprometimento e dedicação. Sem uma mudança completa do estilo de vida, dificilmente o emagrecimento será satisfatório e mantido em longo prazo. A experiência e os trabalhos científicos desenvolvidos nos Estados Unidos e na Europa mostram uma perda média de 20% do peso inicial após um ano do procedimento, o emagrecimento geralmente continua até um ano

#545 / DOMINGO, 27 DE JANEIRO DE 2019 REVISTA SEMANAL DO GRUPO A TARDE

Quais os riscos?

É reversível? A sutura é definitiva, não sendo possível a reversão do procedimento. Porém, ela não impede que, caso seja necessário, o paciente possa ser submetido à cirurgia bariátrica futuramente

Dura para sempre? Em longo prazo, a manutenção do peso dependerá exclusivamente das mudanças de hábitos, com alimentação saudável e prática regular de atividades físicas. Assim como na cirurgia bariátrica, caso volte a ter os maus hábitos antigos, o paciente poderá voltar a ganhar peso. Seja qual for o procedimento indicado pelo médico e escolhido pelo paciente, é fundamental que haja um trabalho conjunto com uma equipe multidisciplinar, a fim de auxiliar na criação de uma rotina com escolhas saudáveis, para que não ocorra novo ganho de peso.

Como é a preparação no dia anterior? No dia anterior, após realizar todos os exames e seu médico liberar, a dieta deverá ser líquida. Oito horas antes do procedimento, não deve ingerir mais nada, ficar em jejum. Alguns medicamentos já deverão ter sido iniciados dias antes, conforme orientação do seu médico.

E no dia do exame? O procedimento de redução do estômago por endoscopia dura em média duas horas, durante todo o tempo o paciente permanecerá dormindo, sob sedação, acompanhado por um médico anestesista. Logo após término, o paciente ficará em observação, e serão ministrados medicamentos analgésicos e para diminuir náuseas e evitar vômitos. A dieta líquida será iniciada algumas horas após o procedimento.

Após o procedimento, o que acontece? Esse é o período mais importante, o estômago precisa de repou uso para se acostumar à nova realidade, cicatrizar e impedir que ocorram pressão e tensão no local dos pontos. O paciente poderá ing gerir apena as líquidos por algumas semanas, progredindo lentamente parra alimenttos pastosos. A dieta e a reintrodução de alimentos é individua alizada, co om o acompanhamento de nutricionista, os alimentos sólidos s somente e poderão ser introduzidos em uma fase tardia. Na maioria dos casos, é preciso o uso de suplementos, como polivitamínicos, para suprir as necessidades diárias de todos os nutrientes.

Salvador/BA: (71)3035-5030 I (71) 3352-9000 - Feira de Santana/BA: (75) 3616-8888 I (75)3625-3956 - Camaçari/BA: (71) 3622-7555 I (71) 3622-5217

Mosaico de

SÉCULOS A atualidade das ideias do geógrafo baiano Milton Santos sobre o centro de Salvador


No centro do tempo Texto TATIANA MENDONÇA tmendonca@grupoatarde.com.br Foto RAUL SPINASSÉ raul.spinasse@grupoatarde.com.br

Publicada há 60 anos, a obra O Centro da Cidade do Salvador, de Milton Santos, ainda é uma chave para interpretar a cidade

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mas décadas poucas, Milton, e poderíamos ser colegas de redação, sentados os dois à frente de uma máquina de escrever naquele prédio imponente na beira da praça Castro Alves. E o senhor talvez não, mas eu estaria olhando o mar em busca de alguma inspiração. Preciso dela agora para contar do seu livro, aquele que escreveu juntando o que viu e assuntou perambulandopelocentronadécadade1950,alinoentornoonde o A TARDE funcionava e onde o senhor trabalhava – essa honra que haverá de nos engrandecer sempre. Achei curioso como o senhor, formado em Direito, professor e, por um tempo, jornalista, tornou-se doutor em Geografia com um estudo sobre o centro de Salvador defendido lá longe, na França. O que eles entenderam de nós? A mesma pergunta fica me assombrando ao ver aquele monte de turistas passeando no Pelourinho. O que eles entendem de nós nas poucas horas que andam por ali? Não deve ser muito. A gente mesmo que vive aqui tantas vezes se espanta. De ser uma cidade tão deslumbrante e tão perversa. Fiquei sabendo mais dela, me sentindo quase íntima, lendo o seu O Centro da Cidade do Salvador, apresentado em 1958 e lançado aqui no Brasil em 1959, há 60 anos, portanto. Salvador tinha então “mais ou menos 550 mil habitantes”, como o senhor escreve. Hoje, são mais ou menos 2.857.329 pessoas, pelas estimativas do IBGE. Mudou muita coisa, Milton, mas tem um tanto que permanece igual, como aquela sua descrição preciosa: “Salvador oferece àqueles que a ela chegam por via marítima o espetáculo de um presépio, suas casas parecendo empilhadas umas sobre as outras, bem como a viva e chocante impressão de contraste a quem percorre as ruas do centro: largas avenidas retilíneas, sobre as superfícies planas conquistadas ao mar, ladeada de altos e luxuosos imóveis de construção recente, na Cidade Baixa, ruas estreitas e sinuosas da Cidade Velha, enladeiradas, com velhos casarões degradados”. Cabe hoje ainda, perfeitamente. E ri do senhor, impaciente, com o converseiro do povo atrapalhando a passagem na rua Chile, que naquela época pré-shopping era a “vitrine da cidade”. “Para agravar ainda mais as más condições de circulação, há o costume que as pessoas guardam de ficar em pé, durante várias horas, sobre os passeios e mesmo sobre o meio-fio, na rua Chile e nas ruas adjacentes, a conversar incessantemente: marca-se encontro na rua e há grupos que se reencontram diariamente às mesmas horas para falar de política e de coisas amenas.

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Atravessar a pé a rua Chile, após as 17 horas, na hora do rush, não é coisa fácil”. As lojas luxuosas deram lugar às populares, o senhor sabe, mas há agora dois hotéis, o Fera e o Fasano, recém-reformados, que parecem dizer, majestosos, que a rua é verdadeiramente vocacionada à sofisticação, descontando-se os intervalos de penúria. O governador empolgou-se com a cena e disse outro dia que os casarões abandonadosnocentro–equeaprefeituraestima emcercade500–deveriamdarlugar a “hotéis de luxo”, após as obras que está fazendo em algumas ruas da região. O que ainda o poder público não pôs em prática é um programa sério de moradia na área. E o que é que pode mesmo sobreviver sem gente dentro? Persistiu uma tendência que o senhor já havia notado, de diminuição da população do centro – delimitado nos seus estudos como os distritos da Sé e do Passo, na Cidade Alta, e da Conceição da Praia e do Pilar na Cidade Baixa. “Se compararmos a população desses bairros com a da cidade inteira, vemos que ela não cessou de baixar desde meados do século XVIII, quando correspondia a 60% do total. Em 1940, não representava mais do que 7,9% e em 1950 cerca de 4,8%”. Hoje, se somarmos a população do Centro Histórico, do Comércio e do Santo An-

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Pedaços do tempo

FOTOS: ADILTON VENEGEROLES / AG. A TARDE

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A variedade dos traçados, as gerações de construções, esses pedaços do tempo cristalizados na paisagem urbana, significam muito mais que as preferências urbanísticas ou arquitetônicas de uma ou outra época: são o mosaico dos séculos, mas representam também a sucessão das técnicas, toda a evolução da vida urbana, a soma do passado e dos modernos modos de ser, cuja incorporação à vida urbana não se faz sempre segundo o mesmo ritmo. (O Centro da Cidade do Salvador, Milton Santos, 1959)


Pelourinho

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O andar térreo de todos esses edifícios é ocupado por comércios e artesanatos. Aí se encontram oficinas de vulcanização, bazares, alfaiates, joalheiros, casas que compram e vendem ferro-velho, consertadores de coisas várias, armazéns, armarinhos, restaurantes baratos, sapateiros, padarias, tipografias, fotografias, barbeiros de terceira classe, açougues, uma pequena fábrica de sabão etc. Nos andares mora uma população heterogênea que vive em condições mais do que precárias. (O Centro da Cidade do Salvador, Milton Santos, 1959)

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Baixa dos Sapateiros

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A rua tem os seus ritmos. Desde manhãzinha, ela é percorrida por veículos coletivos que levam ao coração dos bairros centrais, deixando na Baixinha uma verdadeira multidão de pequenos empregados, operários e domésticos. Mais tarde, os estudantes e os empregados no comércio misturam-se a estes, pois os cursos começam geralmente às 8 horas e as lojas se abrem às 8h30. Depois são os funcionários que utilizam os bondes e ônibus. E, em todas as horas do dia, gente que vem a negócio, donas de casa que fazem compras etc. (O Centro da Cidade do Salvador, Milton Santos, 1959)

tônio, dá menos de oito mil almas, ou 0,3% da população da cidade, de acordo com dados de 2010, também do IBGE. E está lá a sua explicação. “A população dos bairros centrais da cidade representa uma forma de utilização do velho quadro, as casas antigas, casas nobres e ricas hoje degradadas. Esse espaço é, entretanto, disputado por outras atividades, que pouco a pouco expulsam a população de certas ruas, agora ocupadas pelo comércio. Isso põe em relevo o valor dos efetivos demográficos aí presentes e evidencia a principal característica atual dessa população, isto é, sua pobreza”. Os cortiços que o senhor descreve, os palacetes envelhecidos transformados em residência de famílias vivendo em condições miseráveis, perduram no Pilar, no Passo, na Conceição da Praia. E ao Pelourinho – queosenhorchamoude“bairroleproso”,avidatransformada em “verdadeiro inferno” com pessoas morando em cubículos onde “não há luz, nem ar e inexiste higiene” – a expulsão chegou no começo da década de 1990. Foi revitalizado, propagandeiam, virou cenário para uma função que o senhor não previu entre aquelas listadas para o centro de Salvador (portuária, administrativa, comercial, bancária, industrial). Veio a turística, que de algum modo suplantou todas as outras. Os turistas chegam também pelo porto, feito mercadorias. O senhor iria se divertir com a cena deles aportando daqueles navios gigantescos, que mais parecem prédios, e tendo que atravessar um corredor polonês de gente oferecendo tours aos gritos, como se estivessem num pregão. O New York Times publicou no começo deste ano uma lista com 52 lugares do mundo inteiro para ir em 2019. Daqui do Brasil, só tem Salvador. E ela está lá em destaque justamente por causa do Centro Histórico, e dos equipamentos turísticos que ganhou nos últimos anos, como o Museu do Carnaval. A cidade recebeu, só no ano passado, 9,3 milhões de turistas. O que não é tão turístico assim, como a Baixa dos Sapateiros, vai se perdendo. O senhor escreveu que passava por ali o “fluxo mais considerável da cidade”, maior até que o da rua Chile, e agora a rua está no mais das vezes vazia, com os vendedores nas portas olhando o tempo passar. Ali no miolo, o Cine Jandaia, o Palácio das Maravilhas, perece, oco, abandonado. Era um dos 11 cinemas que havia no centro da cidade em 1956, imersos numa animação viva, como o senhor registra. Foi tombado em 2015 pelo governo do estado, e parece que vai até mudar de nome, mas até agora não há obra nenhuma à vista. Conversei com um colega seu, o professor Clímaco


Ricos e pobres

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Os palacetes e sobradões envelhecidos, que perderam seu antigo "papel" de residência dos nobres e da gente rica, conhecem agora outras utilizações. Alguns servem exclusivamente à residência pobre. Outras abrigam, no andar térreo, um comércio de transição ou artesanato e, nos outros andares, servem como residência pobre, nas ruas contíguas ao centro comercial, onde se beneficiam da paisagem dos transportes coletivos. (O Centro da Cidade do Salvador, Milton Santos, 1959)

Dias, e ele me contou que ainda usa, nas aulas que dá na Universidade Federal da Bahia sobre a geografia de Salvador, esse livrinho seu, que considera muito atual. Ele acredita que a obra marca sua saída de uma geografia mais descritiva para uma geografia humanista. “É uma arrancada para os trabalhos magníficos que ele produz na década de 1970 a 1990 quando passa a ser o que se auto-denomina, o Geógrafo do Terceiro Mundo”, disse sobre o senhor, baiano de Brotas de Macaúbas e vencedor do Prêmio Vautrin Lud, o Nobel da Geografia. Falou também sobre a sua teorização de que os pobres, por sua própria existência, são fatores de “transformação” nas grandes cidades. “Não precisam nem fazer a política formal”, salientou. Clímaco acredita que o que se mantém mesmo nesse intervalo de seis décadas que distanciam seu registro do lugar é a participação popular no centro de Salvador. “Quando vejo os grupos de samba, o cotidiano das pessoas batendo perna na Av. Sete, na Rua Chile, é Milton Santos falando ali. Isso é de uma permanência e de uma resistência absoluta. O centro continua a ser um lugar de resistência”. Sinto que o senhor haveria de concordar. «

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