Morte e vida

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38 SALVADOR DOMINGO 6/7/2008

Você tem onde

cair morto? S Texto TATIANA MENDONÇA tmendonca@grupoatarde.com.br Ilustrações TÚLIO CARAPIÁ tcarapia@grupoatarde.com.br

E eis que a “indesejada das gentes” chega, não tem como escapar. Se viver anda pela hora da morte, a encenação final não haveria de ser diferente. Muito foi pesquisar quanto custa deixar o mundo

endo ocorrência única, algum desavisado diria que não dá para falar em experiência quando se trata da morte. Mas quem trabalha vendo a devastação no rosto dos que ficam acaba entendendo mais do assunto. "Você já perdeu algum parente?", pergunta, com certo ar de superioridade, a gerente da funerária A Decorativa, em Brotas. É que a repórter queria saber a média de preços dos caixões. "Não é só isso, entendeu? Tem a remoção do corpo, a locomoção, a ornamentação e a documentação. Ninguém sai daqui com o caixão na cabeça".

Hum, claro. Mas, então, quanto é o "pacote fúnebre"? Ela diz que o mais barato custa R$ 550, a média fica em R$ 1.500. Vai encarecendo se o caixão vier de outros Estados, ou de outros países, como é o caso do mais caro da loja: R$ 6 mil. O que ele tem que os outros não têm: "É americano, mais pesado, tem mais madeira, duas portas de abertura...", como aqueles que a gente vê em filme. É esse caixão que está na entrada da funerária, dando as boas-vindas, se for possível falar assim. Pergunto se o negócio é lucrativo. “Lucro dá, né, como qualquer outro comércio”. De acordo com a Associação Brasileira


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