Revista Demetra 2013

Page 1



Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipisicing elit, sed do eiusmod tempor incididunt ut labore et dolore magna aliqua. Ut enim ad minim veniam, quis nostrud exercitation ullamco laboris nisi ut aliquip ex ea commodo consequat. Duis aute irure dolor in reprehenderit in voluptate velit esse cillum dolore eu fugiat nulla pariatur. Excepteur sint occaecat cupidatat non proident, sunt in culpa qui officia deserunt mollit anim id est laborum. Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipisicing elit, sed do eiusmod tempor incididunt ut labore et dolore magna aliqua. Ut enim ad minim veniam, quis nostrud exercitation ullamco laboris nisi ut aliquip ex ea commodo consequat. Duis aute irure dolor in reprehenderit in voluptate velit esse cillum dolore eu fugiat nulla pariatur. Excepteur sint occaecat cupidatat non proident, sunt in culpa qui officia deserunt mollit anim id est laborum

teresa POÇAS e simone BARROS _editoras-chefes





MODA HI-LO HI-LO AA MODA ADULTIZAÇÃO ADULTIZAÇÃO BrechóVirtual Virtual Brechó Cheirando aa Dinheiro Dinheiro Cheirando gadgets ee moda moda gadgets


D

e

M

e

t

R

A

08 con_

sumo


09 D

con_ sumo

e M e t R A

por cris MOuRA

Divulgação

O mundo da moda é cheio de seus termos e códigos. It, over, out, must have e trend são alguns exemplos. Porém, um que vem fazendo a cabeça dos fashionistas de plantão, atualmente, é o Hi-Lo.


Divulgação

sumo

D

e

M

e

t

R

A

10 con_

Derivado do High-Low, o estilo surgiu juntamente com as tendências do street style, ou seja, veio das ruas das grandes metrópoles e invadiu as passarelas das semanas de moda mundiais. High são as peças que possuem alto valor conceitual e aquisitivo, pois geralmente são elaborados por designers e grifes famosas. Já as peças Low, são as que vão de encontro com a sofisticação, por isso são básicas e de baixo valor aquisitivo, geralmente são confeccionadas por grandes magazines ou lojas de departamento. Essa tendência faz o uso da mistura de peças de diferentes estilos, materiais, modelagens ou até mesmo valor econômico, e através dessas combinações misturadas é que se torna possível elaborar looks com mais personalidade e autenticidade, sem gastar um valor muito alto. Afinal, quem disse que grife só pode ser usada com grife? E que as lojas de departamentos não possuem peças interessantes?


11 D

con_ sumo

e M

Ademais, jogue-se na produção e no tal do Hi-Lo.

Divulgação

A

Os elementos usados são os que vigoram na moda atual, de acordo com a temporada, mas o ideal é misturar peças de diferentes marcas e estilos, e depois dar um toque pessoal para o look ficar com a sua cara. Agora, usar o bom senso é fundamental, pois não é tão fácil quanto parece misturar roupas de grifes com as de lojas populares, e criar harmonia entre os estilos é o segredo principal.

R

Uma boa dica é investir nos acessórios de boa qualidade e um tanto nada básicos, isso vai fazer com que looks de peças baratinhas fiquem com cara de luxuosos. Se o investimento for em peças de grife, a regra básica é escolher a peça mais diferenciada da loja, mesmo que seja muito cara, se você tiver condições, vale a pena o investimento, porque isso possibilita a elaboração de produções únicas e diferenciadas.

t

A atriz Blake Lively é uma das it-girls que faz muito bem o uso do Hi-lo. Juntamente ao seu charme e elegância, ela desfila pelas ruas e eventos usando looks incrivelmente bem elaborados até os mínimos detalhes. Blake faz um mix de peças clássicas de alfaiataria com outras trabalhadas em brilho e bordados luxuosos.

e

A ideia principal dessa tendência é a originalidade, a fuga do óbvio e das modinhas passageiras, suprindo, assim, o desejo e necessidade de exclusividade dessa geração. Até porque, fica difícil ser diferente com a padronização das coisas que foram e vêm sendo criadas.


D

e

M

e

t

R

A

00

A


e M e t R A

por manu CORReIA

Quem nunca brincou com a maquiagem da mãe ou com o sapato do pai que atire a primeira pedra. Faz parte da infância criar fantasias acerca da vida adulta. Mas a partir do momento que isso deixa de ser apenas brincadeira e se torna constante, a saúde física e psicológica da criança pode ser comprometida

Vamos admitir: é adorável ver uma criança bem vestida, estilosa, com roupas diferentes do usual, como, por exemplo, um traje formal numa festa. Chegamos a chamá-la de “hominho” ou “mocinha” e dizer como ela está fofa. Mas e se virmos essa criança vestida de tal forma todos os dias? E se, além de vestir roupas mais sérias, ela também agir de forma mais séria? E se ela se preocupar mais com roupas e sapatos do que com brinquedos? A moda, como reflexo da sociedade, tem mostrado (e alimentado) uma imagem cada vez mais comum de crianças quem têm, de certo modo, sua infância encurtada, seja pelo meio, pela mídia, pela tecnologia ou pelos próprios pais.

Divulgação

13 D

A

con_ sumo

Com o boom dos looks do dia, os pais resolveram pôr seus filhos na onda também. Navegando pelos Instagrams e Lookbooks da vida, é possível observar essa nova geração de pequenos fashionistas conquistando milhares de seguidores e acumulando centenas de curtidas diariamente. Alguns dos mais famosos da rede tem cerca de 4 e 5 anos, como o @alonsomateo e a @hails_world, e outros, como a @ameliasofiablog, tem apenas um ano de vida e já “se descrevem” como mini hipsters. Eles têm cortes de cabelo estilosos, fazem caras e bocas para a câmera, vestem roupas de grife, peças de alfaiataria... Porém às vezes o mais estranho não é de fato a roupa, mas o conjunto entre moda e gesto e também o fato dos pais estarem usando os filhos como ferramenta de popularidade na internet. Os filhos são brinquedos dos pais e os pais são manipulados pelos filhos, que conseguem tudo que querem.


A sumo

D

e

M

e

t

R

A

14 con_

Alonso Mateo, um dos pequenos fashionistas, famoso no Instagram

Psicólogos afirmam que isso pode ser prejudicial ao desenvolvimento da criança. Os primeiros seis ou sete anos de vida são de extrema importância para a formação da mente dos pequenos, pois o que é vivenciado nesse estágio é marcante e determina certas tendências de comportamentos e personalidade. Então, se desde cedo a criança já começa a trocar brincadeiras por horas no salão de beleza ou em frente ao guarda roupa escolhendo o melhor look para postar na internet, fica visível que está se formando um ser humano superficial e, possivelmente, incapaz de resolver seus conflitos, pois é nessa fase que a criança aprende a lidar consigo mesma e com o mundo ao seu redor.

Assim começa a nascer uma geração de crianças que, além de agirem como adultos, também vivem como adultos. Num mundo cada vez mais competitivo, crianças gastam cada vez mais tempo em cursinhos preparatórios e aulas complementares do que brincando. Têm uma agenda lotada e são cobradas como adultos. Pelo menos as que têm poder aquisitivo para isso. Como se não bastasse, elas também estão tomando a frente de suas próprias empresas. E nada de barraquinhas de limonada: Moziah Bridges, aos 11 anos, já fez fortuna com sua loja online de gravatas borboleta e Isabella Barret, aos 6, toma suas próprias decisões em sua empresa de maquiagem e bijuteria para meninas, que fatura 1 milhão de dólares por ano. Além da saúde mental, a saúde física também está em jogo. Afinal, o corpo da criança ainda está em desenvolvimento e é muito frágil. A pele, uma pele perfeita e macia, que não precisa de nenhum produto de beleza, ainda não está preparada para receber maquiagem constantemente. As unhas e o couro cabeludo podem ficar irritados com o uso de certos esmaltes e produtos capilares. Por isso existem produtos especiais para o corpo de bebês e crianças. O que não significa que os pequenos não possam nunca ter contato com isso. O importante é ter cuidado e saber impor limites, para que a infância não perca sua essência e seja tomada por ideais consumistas e vaidosos.


e t R A

Outra campanha que causou polêmica foi a da Jours Après Lunes, marca francesa de loungerie infantil. Bom, só os produtos já nos chamam a atenção. Nas fotos, algumas meninas que ainda nem tem seios, aparecem só de calcinha e sutiã, maquiadas e com penteados e acessórios vintage e um tanto, digamos, burlescos. Dá pra imaginar o quanto isso foi alvo de críticas.

FÁBRICA DE BONECAS Aplique de cabelo, maquiagem carregada, dentes e cílios postiços, bronzeamento artificial. Nada disso é coisa de criança, mas tudo isso compõe a imagem de uma pequena miss apta a participar de um concurso de beleza infantil. Famosos principalmente nos EUA, esses concursos estimulam a competitividade e superficialidade em meninas que são treinadas desde bebês para serem perfeitas. Para isso, abusam da maquiagem, das perucas, enfim, de tudo que cria uma estética extremamente artificial. Há casos até de crianças de sete anos submetidas a cirurgias plásticas! As fotos de divulgação das concorrentes são tão manipuladas no photoshop que as garotas mais parecem pinturas digitais de pequenas barbies (muito cafonas, diga-se de passagem). Algumas usam dentes falsos porque banguelas são inaceitáveis. Mas não é aí que está a beleza da infância? Não para os jurados, que valorizam mais a beleza artificial do que a natural. Além disso, as garotinhas são erotizadas, vestem roupas inadequadas para a idade e fazem danças sensuais para o público. São obrigadas a sorrir o tempo inteiro e fazer carinhas angelicais. São quase mini pin-ups. Só que bem mais exageradas. Tudo isso é bem retratado no filme Pequena Miss Sunshine, no qual a pequena Olive sonha em ser miss, mas sua beleza e atitude não se encaixam nos padrões dos “beauty pageants”. As meninas que concorrem ao prêmio no filme são mesmo misses na vida real. Usaram as mesmas roupas e apresentaram os mesmos números a que já estão acostumadas. São pequenos corpinhos que desde cedo sofrem a pressão dos pais para serem as mais bonitas, as melhores porque “no mundo só há dois tipos de pessoas: os vencedores e os perdedores.” Honey Boo Boo, um pequena miss

Divulgação

Divulgação / Instagram

M

Depois disso, Thylane fez várias campanhas e se tornou muito cobiçada, por seu visível talento e beleza. Mas algumas foram longe demais. Fotos em que ela aparece de top less, com seios ainda em formação, posando como uma modelo mais velha, deram o que falar na rede. Para proteger a filha, a mãe de Thaylane decidiu deixá-la longe desses shoots por um tempo, e um tumblr dedicado à garota foi desativado.

e

A indústria da moda foi sempre atacada por transformar jovens garotas em super modelos. A maioria começa ainda criança ou pré-adolescente. Há dois anos a polêmica foi retomada com o caso Thylane Blondeau. A francesinha, na época com 10 anos de idade, foi estrela de um polêmico editorial da Vogue Paris. O shooting mostra meninas de mesma faixa etária vestidas com roupas sexy, saltos agulha enormes, jóias, maquiagem pesada e em poses sensuais, num cenário sério e luxuoso, fora de sua realidade. Tudo certamente proposital. A revista quis provocar e fazer com que o leitor se questionasse acerca de crianças adultas e eróticas no mundo da moda. E conseguiu, mesmo que tenha sido mal interpretada.

15 D

CARINHAS QUE FAZEM CARÃO

con_ sumo


con_ sumo

D

e

M

e

t

R

A

16

Any Bag Camera Bag Insert, da loja Photojojo


17 D

con_ sumo

e M e t R A

por Victor CAVALCAntI

Fotos: Divulgação

Divulgação

Frases como “olha só esse daqui, que lindo!”, “eu preciso levar este, combina em tudo com minha bolsa!”, “vou levar esse daqui, fica lindão nele”, associamos logo com peças de roupa, certo? Mas e se no caso, estivermos falando disto aqui:


sumo

Certamente você já viu vários desses por aí. No dia-a-dia, em lojas, desde coisas mais simples até transformações completas. Costumávamos desde sempre personalizar nossas roupas, bolsas, calçados, acessórios, por vezes até fazer do zero uma peça ou outra no caso dos mais destemidos. Mas hoje em dia, com esses aparelhos, chamados no geral de “gadgets”, que são tão parte de nós mesmos, que dizem tanto sobre o que somos e o que fazemos, nada mais natural que eles também se tornarem mais uma forma de nos expressarmos.

e

M

e

t

R

A

18 con_

D

E não só apenas os gadgets tomam novas formas e cores de acordo com nossos gostos, mas também tudo aquilo que o acompanha, seus estojos, acessórios, e tudo o mais ganha cara nova, ou às vezes velha, futurista, ou steampunk. Às vezes transformamos um aparelho em algo completamente diferente, de um iPod para um console portátil, de um Galaxy para uma câmera fotográfica. Como se confere nas galerias a seguir, as possibilidades só se limitam apenas até onde vai sua criatividade.

Fotos: Divulgação

USB Typewriter criada por Jack Zylkin

Os celulares, há menos de duas décadas atrás considerados “enormes e desengonçados”, hoje em dia fazem parte do look de muita gente. Até o nome se tornou mais fashion, sendo chamados de “smartphones”, verdadeiros computadores de bolso completos.


19 D

con_ sumo

M

Fotos: Divulgação

e e t R A

Pen drive Le Male Jean Paul Gaultier 2GB

Usuário do Reddit, Andrew5785 transformou seu velho NES, em um artefato com estética Steampunk

Desde o sucesso comercial do GameBoy, da Nintendo, várias pessoas se tornaram familiares com os consoles portáteis. Não só hoje temos uma gama diversa de consoles diferentes, como também de personalizações. É comum encontrar casemods de franquias de jogos queridas do público entre as modificações mais frequentes. Mas também encontramos desde estampas diferentes, até transformações completas, modificando inclusive o formato do console. As câmeras também não escapam dos casemodders, e não só possuem diversas opções de personalização, como também já vem prontas nas mais variadas cores, tamanhos, formas e estampas. Até mesmo grifes como a Louis Vuitton possuem bolsas exclusivas para as câmeras e seus diversos acessórios. E nossos pequenos armários digitais entram na brincadeira. Encontramos pendrives que vem em formatos diversos, muitas vezes sendo facilmente confundíveis com brinquedos (mas muitas vezes sendo brinquedos também!). São incrivelmente versáteis, podendo vir como pulseiras, jóias, chaveiros. Qualquer coisa que seja pequena e portátil, não se surpreenda, pode ser um pendrive disfarçado. E nesse mundo de muito mais coisas para tornar cada vez mais nossa cara, diversos acessórios acompanham a tendência. Bolsas, estojos, suportes, vale tudo para complementar a experiência. E então? Qual a nova tendência da moda?

Proenza Schouler Camera Bag de couro


D

e

M

e

t

R

A

20 con_

sumo


e

Divulgação

21 D

con_ sumo

e t R

O que te leva a comprar um perfume de marca: fragrância ou o valor social que ele tem?

M

por caroline kÜnZLeR

A

A França sempre foi o berço da perfumaria. No inicio do século XX o estilista Francês Paul Poiret teve a brilhante ideia de criar sua própria fábrica de perfumes e assim, passou a vender roupas ao lado de perfumes, o que acabou sendo uma inovação quanto ao conceito de estilo, pois além da sensação do tato ele adicionou a sensação olfativa à sua marca. Hoje em dia podemos dizer que 90% dos grandes estilistas tem atrelado a suas roupas perfumes que levam seus nomes. Pode-se dizer também que muitas dessas marcas sobrevivem da venda de seus perfumes e não da venda de suas roupas, pois é mais barato (mesmo sendo caro) comprar o perfume assinado pelo estilista do que comprar a roupa assinada pelo mesmo estilista, e ainda conseguir possuir o mesmo valor social que a marca traz gravada em si. Para melhor demonstrar esse tão aclamado valor social embutido nos perfumes de marca, as grifes utilizam o artifício da propaganda para mostrar ao consumidor o que estará ganhando ao consumir esse produto. Se pararmos para analisar esses aspectos, que giram em torno das propagandas de perfumes, podemos observar que todas as grifes relacionam ao seu perfume um status, de modo que a partir do momento que alguém adquire tal produto, está não só comprando uma fragrância mas também o status que aquele perfume vai lhe proporcionar. Muitas vezes as pessoas compram um determinado perfume não pelo seu aroma, mas justamente por essa falsa promessa de status social, pois é impossível, mesmo tendo um produto de marca, alguém conseguir dinheiro, fama e sucesso. Deixando um pouco de lado sua visão de consumidor, propomos a você leitor um momento de reflexão e análise de como as propagandas manipulam o consumidor para que ele sinta-se na pele do personagem retratado. Para isso faremos um estudo de cinco propagandas de perfumes diferentes.


sumo

ONE MILLION paco rabanne

t

R

A

22 con_

D

e

M

e

Quando assistimos a propaganda, vemos um homem muito bonito estalando os dedos e cada vez que ele o faz lhe é “concedido” uma coisa diferente como um carro luxuoso, uma sacola de dinheiro, uma linda mulher e muitas outras coisas, ou seja, use o One Million e tenha tudo num estalar de dedos. assista:ti assista: tinyurl.com/kvz8nso

NINA nina ricci Nesta propaganda, temos um conceito de garota bela, com ar de inocência, que sobe em uma pilha de maçãs para colher o último fruto, o perfume com formato de maçã. Essa propaganda remete ao fruto proibido, já que a garota tem esse ar de menina angelical que, inocentemente, sobe e colhe o último fruto que, a meu ver, seria o fruto proibido. Sendo assim, quem usar o perfume Nina passará uma imagem de uma inocência de uma forma bem Lolita, já que ela também tem o seu lado sexy. assista:tinyurl.com/lgebgnj

CHANEL N5 coco chanel Aqui temos a proposta de uma mulher linda e famosa que é desejada/querida por todos. E de repente some dos holofotes e deixa toda uma cidade em busca de noticias suas. Enquanto isso, ela está vivendo um amor com um homem comum, mas sabe que a qualquer hora terá que voltar para sua realidade e deixar seu amado para trás. Isso quer dizer que usando o perfume Chanel Nº5 você se sentirá como uma pessoa famosa e será desejada/querida por todos a sua volta. assista:tinyurl.com/6ayncc


D e

con_ sumo

23

M e t R A

KILLER QUEEN katy perry Já a proposta deste perfume é a rebeldia, pois vemos na propaganda a própria Katy Perry sendo vestida por serventes com espartilho, anágua para sustentar uma saia armada e longa e até uma peruca. Em um determinado momento, ela cansa-se de vestir-se como todo mundo e arranca a saia, joga a peruca no chão, mostrando seu lado rebelde contra o estilo “certinho” de vestir-se. Ou seja, use Killer Queen e desperte o seu lado rebelde. assista:tinyurl.com/knpahub

212 VIP carolina herrera A propaganda mostra uma festa privada onde só entra quem está na lista de convidados e não adianta tenta entrar, pois será barrado pelos seguranças, ou seja, se você comprar o perfume você será especial porque terá acesso às festas VIPs, já que ao comprar o perfume o consumidor adquire esse direito. Então podemos entender que o lema é compre o perfume e ganhe passe livre para as melhores festas. assista:tinyurl.com/lgebgnj


D

e

M

e

t

R

A

24 con_

sumo

B


25 D e M e t R A

B

con_ sumo

por cecília eLOY e jennifer MOnte ilust. carol MACIeL

Promoção, liquidação e desconto! As palavras que todos esperam ver estampadas nas vitrines para poderem usufruir de roupas de qualidade e com preços acessíveis. Todo brasileiro adora pechinchar, mas com os preços exorbitantes das lojas, o que dá para fazer é esperar pelos “meses de promoção”.


sumo

Para adquirir roupas boas com preços relativamente baixos, algumas pessoas encontraram como solução fazer compras em brechós e bazares. Comprar roupas usadas, de boa qualidade e em boas condições, com preço justo não parece uma má ideia. Os brechós tornam-se cada vez mais populares entre pessoas de todo o mundo. No Brasil, tiveram origem no século XIX por um mascate chamado Belchior que ficou conhecido por vender roupas e objetos de segunda mão no Rio de Janeiro, vindo daí a nomenclatura “Brechó”.

D

e

M

e

t

R

A

26 con_

Há quem pense que Brechó (ou bazar, como também é conhecido) é sinônimo de “coisa velha”, porém, nesse tipo de estabelecimento, podem ser encontradas uma diversidade incrível de roupas, acessórios e produtos em geral, desde clássicos e vintage até peças coloridas, diferentes, com estampas e tecidos de todos os tipos, nacionais e importadas, geralmente em boas condições e com preço acessível. Em países da Europa e nos Estados Unidos, comprar nesse tipo de estabelecimento já virou moda, entretanto, aqui no Brasil, ainda existe certo preconceito com a aquisição de produtos usados. Preconceito esse, que tem sido quebrado com o novo modelo de brechós, os virtuais. Com o passar do tempo e o avanço da tecnologia, muitas pessoas optam por comprar pela internet ao invés de ir de loja em loja procurando o produto desejado. A praticidade e comodidade andam entrelaçadas no mundo contemporâneo, e muitas lojas têm, na internet, uma grande aliada para vender mais produtos. Aos consumidores, possibilita realizar pesquisas de preços no conforto de sua casa. Com essa comodidade oferecida pelo meio virtual, surgiram não apenas sites de lojas, mas também blogs e páginas em redes sociais, que aderiram à graça de vender roupas e são, o que chamamos hoje, de brechós virtuais.

Nele, pessoas de todo o mundo trocam ou vendem produtos por um preço baixo, e com isso conseguem renovar seu guardaroupa e/ou recuperar parte do dinheiro gasto em uma mercadoria. Os usuários podem abrir sua própria página virtual em sites como o Tanlup.com, vender seus produtos no Enjoei.com.br ou, ainda, pelas redes sociais. Existem outros milhares de Brechós virtuais, para todos os gostos, bastando apenas ter o cuidado de verificar a autenticidade do site. Um público adepto dos brechós virtuais são os universitários, que não perdem a oportunidade de conseguir uma pechincha. Com a grande utilização das redes sociais, principalmente o facebook, grupos unem-se para vender e trocar roupas, acessórios e qualquer outra coisa que não queiram mais. Como é o caso do grupo do “Escambo”, formado por alunos da Universidade Federal de Pernambuco. Levando em conta as dificuldades encontradas nos brechós, um problema que quase sempre nos deparamos é o valor do frete. Alguns custam mais caro que o produto em si. Com isso, muitas pessoas acabam desistindo da compra, pois o preço acaba tornando-se inviável. Alguns sites como o “Use Abuse Brechó”, vendem roupas de marcas com preços bastante acessíveis, mas, na hora de pagar, o usuário depara-se com esse problema e, dependendo da região, chega a pagar o dobro do valor original. O que acaba ficando como dica para os usuários, comprem mais de uma peça por vez pois, dessa forma, o mesmo paga um frete único. Eu mesma, Cecília Eloy, já passei por isso. “Achei uma saia linda no Abuse Brechó, por R$ 19,90, decidi comprá-la, porém ao calcular o frete acabei desistindo da compra, pois iria sair mais caro que o valor da saia.”


27 D

con_ sumo

e M e t R A

Em relação a segurança, que é primordial, principalmente quando lidamos com internet, muitas pessoas tem receio de colocar dados pessoais em qualquer site de compras, o que dificulta na hora de adquirir produtos por meio de bazares virtuais, principalmente em blogs. Em exemplo, temos o Brechó Virtual “Desatola meu Guardaroupas” (e muitos outros), que utilizam um mecanismo um tanto inseguro, diga-se de passagem, de pagamento. O usuário, após escolher o produto, deve calcular o valor do frete e, posteriormente, transferir o dinheiro para a conta do vendedor, o que acaba deixando algumas pessoas com receio na hora de fazer a compra. Porém, não seremos generalistas, pois existem também muitos sites que utilizam formas seguras de pagamento como o pag seguro e o paypal. Em conversa com algumas pessoas, nos deparamos com opiniões diferentes a respeito desse tipo de compras. “Vixe, já comprei de tudo! Tripé, câmera de vídeo, cartão de memória etc. Graças a Deus nunca tive problema. Só buscava vendedores bem avaliados e me comunicava por mensagens e por telefone antes de efetuar a compra. A maioria dos prazos foram cumpridos, sem estresse.”, conta Mozart Borba. Em contrapartida, Rafael Ferraz diz que comprou 3 camisas na teeturtle, porém demorou cerca de 6 meses para que o pedido fosse entregue. Com isso, vemos que é preciso sorte e atenção, muita atenção, na hora de comprar pela internet. Enfim, lojas virtuais são uma tendência! E tudo indica que no futuro as pessoas não precisarão mais sair de casa para comprar coisas, pois tudo será pelo meio virtual, o que, de certa forma, já acontece. E com isso, os brechós virtuais vão conquistando seu espaço, afinal, comprar roupa e produtos baratos é sempre bom, e o vintage está sempre na moda.

Para deixar vocês por dentro, listamos alguns links bacanas de brechós virtuais: Use e Abuse Brechó useabusebrecho.com TeeTurtle teeturtle.com Enjoei enjoei.com.br Dress like a nerd dresslikeanerd.com.br Bazar Melisseiras bazarmelisseiras.com ModCloth modcloth.com



UBI UBI moda moda sem sem fronteiras fronteiras artigo artigo


D

e

M

e

t

R

A

30 aca_

demia

U


e M e t R A

Divulgação

31 D

U

aca_ demia

por Victor Cavalcanti Uma antiga fábrica têxtil, há tempos fora de operação, torna-se palco para novas criações, inovadoras, desconhecidas e sobretudo, artísticas. Como uma fênix renascida pelo projeto de alguns alunos do curso de Design de Moda da Universidade da Beira Interior (UBI), cujo objetivo é se tornar uma plataforma aberta para divulgação e troca de ideias sobre toda e qualquer forma de arte. Este é o “Expand Your Mind.”


Divulgação

demia

D

e

M

e

t

R

A

32 aca_

Abrangente em toda a sua proposta, o Expand Your Mind reúne projetos e criações de alunos de diversos cursos diferentes, das mais diversas áreas. São exibidos projetos não apenas do curso design de moda, mas também de design multimídia, cinema, fotografia, música, artes plásticas, todas as formas de arte que puderem encontrar. Hoje em dia, mesmo quem não faz parte da universidade pode participar e expor seu trabalho. O objetivo principal é simples, mas de utilidade enorme para o meio acadêmico: permite que os participantes exibam seus projetos para o mundo, possam aprender e trocar conhecimentos sobre a própria área e sobre outras áreas das artes. Torna possível que mais talentos sejam conhecidos, e aprimorados. Segundo o aluno do segundo ano de Design de Moda, Bruno Cunha, havia uma “necessidade gritante de expandir esse movimento a todos os cursos e agitar uma certa calma natural da Covilhã”. Para ele, falta visibilidade para os diversos talentos que estudam na universidade, devido à falta de conhecimento acerca da mesma. Também segundo Bruno, muitos de seus amigos sequer sabem onde fica a universidade na qual estuda, muito menos o potencial que seus alunos possuem.


33 D e M e t R A

Sendo uma plataforma livre, todo e qualquer interessado, mesmo que não seja aluno da universidade, pode exibir seus trabalhos e ver os trabalhos e projetos dos outros expositores. Segundo Bruno, é “uma oportunidade de se afirmarem e divulgarem seus trabalhos”. O evento principal do projeto costuma ser um desfile, este ano realizado no dia 24 de maio. Segundo Plácida Mentes, outra dos alunos envolvidos na organização e concretização do evento, o Expand Your Mind possui também a função de servir de solução “a falta de espaços de exposição e também de financiamento de uma mostra de arte”. Em sua opinião, este é um problema que leva muitos a não conseguirem apresentar seus trabalhos, sendo o projeto uma solução que tem tido bons resultados.

aca_ demia


demia

D

e

M

e

t

R

A

34 aca_

O projeto também possui a função de nivelar a todos, sejam artistas, ou pessoas que integrem o público, das mais diferentes áreas, de forma a ligar todos os participantes e com isso gerar novas ideias e mais conhecimento, de acordo com Bruno Cunha. Torna-se uma incubadora de ideias, novas visões e criações, sendo uma forma de criação e interação cultural necessária à universidade.

Nas palavras de Maria João Malakias, que faz parte das relações públicas do Expand Your Mind, parafraseando o tema do projeto, afirma que “o lixo de uns é o tesouro de outros”. Como tem ocorrido ao longo dos anos, o evento satisfaz as necessidades criativas de seus participantes, tanto artistas, quanto voluntários e organizadores. A fábrica têxtil abandonada serve hoje para dar nova vida a diversos projetos, criações e formas de arte. Retornou como uma fênix, e hoje em dia produz diversos produtos, muitos deles, que nunca sonhou produzir antes.


e

M

e

t

R

Fotos: Divulgação

D

aca_ demia

35

A


D

e

M

e

t

R

A

36 aca_

demia


37 D

aca_ demia

e M e t R A por flora LInS e helena neVeS São tantas opções de bolsas de estudo, países, Universidades e processos diferentes que fica até difícil saber por onde começar. Para conhecer mais sobre esses programas e suas vantagens, além da opinião de quem já participou e participa, vale a pena dar uma olhada nas próximas páginas.

Giulia Masutti /Divulgação

A formação acadêmica está sendo cada vez mais valorizada e requisitada no mercado atual, e para se destacar, os alunos precisam sair da zona de conforto e arriscar novos projetos. Uma das melhores formas de alcançar esse diferencial é passando uma temporada estudando no exterior. Porém, até pouco tempo, essa era uma opção para poucos, uma vez que as bolsas possuíam requisitos altíssimos. Para mudar essas condições, algumas instituições públicas e privadas têm investido cada vez mais nos estudantes, tornando as bolsas para diversas áreas mais acessíveis. O programa mais conhecido é o Ciência sem Fronteiras (CsF), um programa do Governo Federal em parceria com várias universidades ao redor do mundo que proporciona a experiência de, no mínimo, 12 meses no exterior, com direito a faculdade, hospedagem, passagens, auxílios de instalação, saúde e material, além de ajuda de custo mensal. Esse programa tem sido responsável pela chamada Graduação Sanduíche de milhares de estudantes em todo o Brasil. O processo de seleção é demorado, com várias fases e seleções, e os requisitos variam de acordo com o país.


demia

D

e

M

e

t

R

A

38 aca_

Departamento de Engenharia Têxtil da Univerdade do Minho

Outro programa que tem sido responsável por levar estudantes ao exterior é o Santander Universidades, que é mais antigo e tem como proposta criar uma aliança entre comunidade acadêmica e empresa, ele possui períodos mais flexíveis de tempo (tendo bolsas de 6 meses). São várias universidades conveniadas ao redor do mundo e, como o CsF, oferece não só programas para alunos de graduação, mas para o ensino superior em geral. São milhares de bolsas de estudos em diversos programas. Os maiores diferenciais entre elas são as áreas de conhecimento e a região que contemplam. As maiores semelhanças estão no amadurecimento profissional, cultural e social incontestáveis. Descrever essas experiências é uma forma de visualizá-las (superficialmente), na intenção de proporcionar uma noção dessas vivências foram escolhidas para essa matéria fontes não só de sites das instituições ou faculdades, mas também entrevistas com pessoas que passaram ou estão passando por essa experiência.

Como escolher? Não existe um lugar ou programa ideal para todas as pessoas, mas existem opções de Universidades conveniadas e de cursos diversos para serem escolhidos. Portanto, a melhor sugestão que pode ser dada quanto a esse assunto é que o interessado procure na sua instituição de ensino o departamento responsável por educação a distância e pergunte quais programas estão disponíveis para o seu curso. Uma vez tendo conhecimento desses programas, é hora de procurar os sites institucionais, ler editais, regulamentos, pesquisar os países ofertados e, dentro desses países, as Universidades e cursos. Essas Universidades, em geral, possuem sites próprios onde se encontram de maneira bastante acessível informações dos cursos, das disciplinas, da instituição, da cidade. Quais cursos na área de moda eu posso encontrar? As opções são variadas, vão desde cursos muito específicos a cursos mais abrangentes. E, para responder melhor essas e outras perguntas, entrevistamos as Designers Giulia Masutti e Mabel Guimarães. As duas optaram por caminhos bem diferentes: enquanto Giulia estuda na Inglaterra (através do CsF) o curso Printed Textile Design (traduzido ao pé da letra para Impresso Design Têxtil), Mabel estudou em Portugal (através do Santander) o curso Design e Marketing de Moda.


39 D

aca_ demia

E M T

Divulgação

E R

Giulia Masutti /Divulgação

A

Qual foi o principal motivo da sua escolha por esse curso específico, nessa Universidade? Giulia Eu queria muito estudar alguma área diferente dentro da Moda pelo fato de o meu curso no Brasil ser muito amplo e eu ter estudado um pouco de tudo. Eu tinha a impressão de que tinha aprendido muito, mas não sabia nada, então escolhi um curso que pudesse acrescentar algo à minha formação. Além disso eu queria ir para algum país de língua inglesa para que eu pudesse ganhar fluência no inglês, então acabei unindo o útil ao agradável: o fato de a Inglaterra ser um país de língua inglesa (e com um sotaque fofíssimo, digase de passagem) e Londres ser um dos centros mundiais de arte e moda. Mabel Na época eu tinha grande interesse em estudar materiais e processos têxteis com mais profundidade e, dentre as possibilidades, a escola que melhor atendia à minha necessidade era o curso da Universidade do Minho; sendo Guimarães parte de um pólo industrial têxtil e o curso de Design localizado no Departamento de Engenharia Têxtil da UMinho, a graduação oferecia uma grade repleta de disciplinas com este foco, além de uma excelente estrutura de laboratórios e ateliês que só enriqueceram a minha experiência. Estampa feita por Giulia Masutti


Quais foram/estão sendo as maiores vantagens dessa experiência? Giulia O inglês foi uma das melhores vantagens, melhorou muito, eu ganhei fluência, aprendi muitas coisas do vocabulário técnico e do inglês acadêmico por ter feito e apresentado muitos trabalhos em inglês. O contato com a estamparia também foi uma experiência maravilhosa que tive (e estou tendo) e ter conseguido um estágio na área me ensinou muita coisa. Além dos amigos incríveis que fiz e dos lugares fantásticos que conheci. Mabel A primeira vantagem que devo mencionar foi o conhecimento aprofundado em materiais têxteis que não pude obter no Brasil. Além disso, essa experiência trouxe grande amadurecimento; viver sozinha e por conta própria faz você enxergar sua rotina e seu orçamento de maneira diferente, quando retornamos encaramos certas responsabilidades com outros olhos. Aprendemos a administrar tempo e dinheiro e essas lições são muito valiosas. Você poderia citar alguns pontos que diferenciam o ensino da moda no Brasil e no exterior? Giulia É claro que há muitas diferenças entre o Brasil e o Reino Unido, mas como eu morava em São Paulo e tinha acesso à maior parte dos eventos culturais (isso inclui os eventos de moda), não senti um choque tão grande. Acho que o grande diferencial de Londres é que tudo é acessível. Os preços são acessíveis, tem muita coisa de graça, muita mesmo, e por ser um grande centro cultural e uma cidade super importante em vários aspectos tem visibilidade e recebe muita gente, muitos eventos, muitos investimentos que outras cidades do mundo não recebem. Tudo acontece aqui e todo mundo quer estar em Londres.

MabelGuimarães /Divulgação

D

e

M

e

R

demia

t

A

40 aca_

Prédio central da Universidade do Minho


e

Giulia Masutti /Divulgação

41 D

aca_ demia

M e t R A

Colegas de turma de Giulia Masutti

Mabel As disciplinas sempre tem um caráter prático muito importante, sempre aliando teoria à prática. Todo semestre há alguma disciplina que integra os conhecimentos das disciplinas daquele período, onde os alunos devem desenvolver algum projeto apresentando-o a uma banca de professores no fim do semestre. Esse formato ajuda a preparar os alunos desde cedo a desenvolverem projetos complexos e apresentálos de maneira criteriosa e profissional. Além disso, apesar de se tratar de um curso de design e moda, boa parte de meus professores eram engenheiros têxteis, então pude observar e estudar moda de uma maneira diferente da que encontrei no Brasil, onde já havia realizado um semestre de mobilidade acadêmica em uma Faculdade de moda local (FBV). No entanto, é importante lembrar que o foco de cada curso vai mudar de lugar para lugar, já que ele está ligado ao tipo de indústria local.

“Eu acho que o ideal seria uma mistura dos dois sistemas de ensino: o nosso é muito mais completo na teoria e o deles muito mais completo na prática, e você aprende muito fazendo tudo sozinho.”

De que forma você acha que o país influencia no aprendizado e na experiência? Giulia Eu tive muita dificuldade nas primeiras semanas de aula porque o ensino superior no Reino Unido, de uma forma geral, é muito mais centrado no potencial do aluno de aprender as coisas sozinho. O professor está lá para te orientar, tirar suas dúvidas e te indicar o caminho, mas você tem que correr atrás de tudo, eles não te ensinam nada, no sentido literal da palavra. Eu acho que o ideal seria uma mistura dos dois sistemas de ensino: o nosso é muito mais completo na teoria e o deles muito mais completo na prática, e você aprende muito fazendo tudo sozinho. Mabel A cultura é um fator muito importante neste quesito, logo de início pude perceber o quão exigentes os professores e alunos eram, o ritmo das aulas, a forma como os projetos eram desenvolvidos e até a maneira de se expressar eram bastante diferentes e tudo isso influencia tanto na maneira de ensinar como de aprender. Em Portugal, por exemplo, eu tive um pouco de dificuldade em me enturmar de início, pois eles eram bem reservados, mas com o passar do tempo a relação com os colegas e professores mudou bastante.


demia O que você diria aos estudantes que pretendem fazer intercâmbio durante a graduação?

Você pensa em aplicar, ou já aplicou, alguma de suas experiências dessa temporada fora? Se sim, como? Giulia Com certeza! Acredito que mais do que a experiência acadêmica e profissional eu ganhei uma experiência de vida equivalente a uns dez anos. Morar sozinho, aprender um novo idioma, ir para lugares onde você não entende uma palavra sequer do idioma local, ter que se virar, ter que se disciplinar, tudo isso parece fácil, mas é muito difícil. Com certeza eu vou voltar uma pessoa totalmente diferente, mais confiante, mais decidida, mais aberta a aprender novas coisas e conhecer novas pessoas e lugares. Ninguém é igual e a nossa cultura não é a única. Tudo isso sem falar nas coisas novas que aprendi na faculdade e no estágio.

Giulia Que não percam essa chance. Que gastem suas economias e que vão conhecer o mundo, se não pela experiência acadêmica que seja pela experiência de vida. Foi uma oportunidade incrível e que com certeza vai fazer toda a diferença no meu currículo quando eu voltar pro Brasil. Mabel Se tiver essa oportunidade, agarre-a! Há diversos programas de bolsas de estudos como Erasmus, Ciências sem Fronteiras ou as Bolsas Luso-brasileiras do Santander, que foi o meu caso. É uma perspectiva diferente que se obtém sobre os estudos, a Universidade, um outro país e até mesmo sobre o Brasil. Ir a Portugal me ajudou a entender muitas coisas sobre minha própria cultura e minha cidade. E por ultimo, esteja aberto a entender outras culturas e outras formas de pensar, não dá para imergir se você continuar a enxergar sempre do mesmo ponto de vista. Julgue menos e aproveite mais.

Mabel Logo quando retornei ao Brasil, iniciei o projeto de conclusão de curso onde desenvolvi uma coleção de calçados e acessórios baseados nos conhecimentos que obtive na disciplina de Design de Acessórios da UMinho. Assim que voltei, passei um semestre em São Paulo me dedicando a estudar calçados, o que ajudou bastante a desenvolver meu projeto; foi um período de descobertas muito importante para mim, quando percebi a grande paixão que tenho por essa área. Fui para Portugal determinada a estudar têxtil e acabei me apaixonando por calçados e acessórios. Você pensa em, futuramente, fazer um curso de extensão no exterior? No mesmo país ou em outro lugar? Giulia Sim, tenho muita vontade de fazer pós em Gênero e Sexualidade. Mas dessa vez gostaria de ir para NY. Mabel Sim, com certeza. Gostaria muito de voltar a viajar para estudar, me especializar um pouco; poderia ser tanto em Portugal como em outro país, mas depende muito do objetivo. A Itália, por exemplo, é um ótimo destino para quem gosta de moda, tanto vestuário/ têxtil (Milão, Roma), como Calçados (Florença, Arezzo, entre outras).

Mabel Guimarães / Divulgação

D

E

M

ET

R

A

42 aca_


43 D

aca_ demia

e M e A

Começo do inverno na Universidade do Minho

R

Todos os que tiverem interesse em uma bolsa de estudos no exterior devem procurar saber suas opções e, mesmo sendo complicado e demorado, devem investir nelas, afinal, não existem garantias sobre por quanto tempo mais esses programas funcionarão. Para saber mais visite a página da sua Universidade, acesse cienciasemfronteiras.gov.br, santanderuniversidades.com.br ou procure páginas e grupos no Facebook sobre esses programas. Boa busca!

t

Para encerrar essa matéria, um balde de água fria: nem todos os programas ofertam vagas para alunos interessados em Moda por não julgar o conteúdo de grande importância, e é preciso ter cuidado na hora de escolher para não acabar frustrado. A área chamada Industria Criativa (que engloba Design e as artes) está constantemente ameaçada por não ser considerada prioritária e pelo argumento de que já se investiu muito nesses cursos. Porém, quanto de investimento em educação é considerado muito? Como uma área do conhecimento pode ser considerada mais importante que a outra? E quais são os critérios escolhidos para essa avaliação?


demia

D

e

M

e

t

R

A

44 aca_

Decoração da loja Melissa em São Paulo para a nova Coleção 2013


Divulgação

45 D

aca_ demia

e M e t R A

por clarissa SOtteR O fator verde no design de moda: estudo exploratório em Recife – PE Este artigo relata um estudo exploratório realizado com designers de moda, em Recife-PE, que teve como objetivos entender a relação entre o fator verde e o produto com valor de moda, identificar o fator verde nesse mercado e analisá-lo como elemento agregador de valor aos produtos, sob o ponto de vista dos desenvolvedores. Design; valor de moda; fator verde. This paper reports an exploratory study developed with fashion designers, in Recife – PE, which aimed to understand the relationship between the green factor and fashion design, identify the green factor on this market and examinate it as an value added to the products, at the creator‟s point of view. Design, Fashion value, Green factor.


demia

D

E

M

E

T

R

A

46 aca_

Contextualização Na sociedade capitalista de consumo, onde a extração dos recursos por parte das indústrias suplanta a capacidade da Terra de se regenerar, enfrentar a problemática ambiental torna-se urgente, tanto por parte das empresas quanto pela sociedade. A conscientização sobre o problema fomenta a discussão e faz surgir novos comportamentos sociais. Seja por parte dos governos, através de fiscalização e legislações ambientais mais punitivas. Como também pelas empresas, que passam a seguir parâmetros de adequação ambiental e a investir em campanhas para se posicionarem como “sustentáveis” perante funcionários e clientes. Mas, principalmente, a partir dos consumidores, atores reguladores de todo o processo, que passam a optar por produtos desenvolvidos com responsabilidade socioambiental, o que essa pesquisa chama de “fator verde”. Nesse novo contexto, de “predileção por produtos e serviços verdes, os consumidores passam a procurar artefatos fora do eixo tradicional das mega lojas e estabelecem novas relações com os produtos adquiridos. Buscam designers que ofereçam produtos manuais, singulares, com apelo ideológico e não somente produtos de tendências e solicitações externas. Um ambiente que parece propício ao desenvolvimento de novos produtos, intrinsecamente mais sustentáveis e mais éticos, seria a cultura de Pernambuco e, por conseguinte recifense. Rica em expressões culturais e criações autorais, essa capital possui uma identidade forte, sendo palco de um grande número de ateliês com designers de moda talentosos, que buscam elaborar produtos em uma menor escala, cheios de peculiaridades e simbologia, guiados por parâmetros de responsabilidade socioambiental. Então, reforçando a importância do estudo das práticas produtivas localmente, tem-se a facilitação do olhar investigativo, como também a adequação a uma das práticas mais em voga nos estudos em sustentabilidade. Além de contribuir para o desenvolvimento da comunidade e das peculiaridades de cada região. Assim, baseado nas experiências do mercado e da academia, foi desenvolvido um estudo exploratório sob a orientação do Professor Doutor Hans Haechter, requisito parcial para a obtenção de titulo de mestre pela Universidade Federal de Pernambuco, Departamento de Design (Sóter, 2011). Aspectos metodológicos A pesquisa buscou, primeiramente, estabelecer um marco teórico para interrelacionar sustentabilidade e ecodesign com as discussões sobre produtos de moda. Posteriormente, adotou uma abordagem exploratória que reuniu conceitos e informações sobre o problema, assim como a livre geração de conhecimento.


47 D

aca_ demia

E M ET R Divulgação

A


demia

Kazazian (2005), Manzini & Vezzoli (2005), Veiga (2008), Santos (2010) e a norma NBR-ISO 14.0011 formaram o corpo teórico para embasamento no que tange a sustentabilidade ambiental. Os dois primeiros, ainda, foram responsáveis pela fundamentação do conceito de design sustentável.

D

e

M

e

t

R

A

48 aca_

No que tange o valor de moda, a dinâmica das tendências de moda e a prática do design com valor de moda, Lipovetsky (1997), Rech (2002), Montemezzo (2003), Barnard (2007), Ruthschilling (2009), foram fundamentais. Para direcionar o olhar investigativo foi elaborado um quadro de parâmetros de avaliação que englobasse produtos, processos produtivos e comunicação com o cliente. Esse foi baseado, principalmente nesses autores: Manzini & Vezzoli (2005); Kazazian (2005); Motta (2007); Datshchefski (2010). Esses parâmetros foram adaptados para o contexto do design de produto com valor de moda a partir de Fletcher (2008) e UDSAI (2010), e complementados pelas práticas investigadas pelo trabalho, assim como pela observação crítica dos pesquisadores. A partir desses parâmetros chamados de “fatores verdes” foi desenvolvido um questionário semiestruturado, aplicado em cada visita, tendo como entrevistados os(as) proprietários(as) e/ou designerns chefes, e sob o compromisso científico do anonimato. As marcas que apresentaram índice satisfatório compuseram a amostra final e receberam nova visita para coleta de imagens e aprofundamento do olhar investigativo. A amostra foi composta por ateliês que desenvolviam produtos com valor de moda, na Região Metropolitana do Recife – PE, entre julho e novembro de 2010. Foram considerados possuidores do “fator verde” os ateliês investigados que, faziam uso de ao menos dois parâmetros em cada uma das 4 fases descritas (caixas verdes) – somando um mínimo de oito parâmetros gerais; ou afirmaram fazer uso de mais de cinco elementos de uma mesma fase – somando no mínimo cinco parâmetros. Eis o quadro de parâmetros:


49 D

aca_ demia

e

PRODUÇÃO / CONFECÇÃO DO PRODUTO 1.Os produtos são desenvolvidos sob normas de segurança para os trabalhadores; 2.A empresa segue normas de segurança ambiental; 3.Há controle de resíduos e/ou refugos da produção ou a minimização destes; 4.Há controle de gastos energéticos e/ou de água ou minimização destes; 5.Há controle de químicos e/ou substituição destes por substâncias biodegradáveis e/ou solúveis em água; 6.Os produtos são confeccionados com a menor quantidade possível de matéria-prima sem prejuízo em qualidade; 7.Uso de energias alternativas como solar e eólica; 8.Reavalia o processo produtivo em busca de melhorias e/ou minimização dos processos e/ou dos recursos e/ou das sobras; 9.Os produtos são produzidos em escala pequena;

DESCARTE / FIM DA VIDA DO PRODUTO OU EMBALAGEM 1. São elaboradas campanhas de conscientização a respeito das práticas sustentáveis da empresa ou dos ganhos ambientais com a escolha dos produtos; 2. A empresa oferece reparo, manutenção, troca de componentes, possibilita a customização ou outros serviços personalizados para prolongar a vida útil do produto; 3. Os produtos são biodegradáveis e/ou recicláveis e/ou reutilizáveis e/ou podem ser refabricados; 4. A empresa oferece opções para os clientes devolverem os produtos após o uso para que estes sejam reaproveitados em alguma etapa da produção; 5. Os materiais utilizados no produto podem ser desmembrados para utilização de suas partes para reciclagem ou compostagem;

A

3. Opta por etiquetas e outros recicláveis, reaproveitáveis, reutilizáveis ou biodegradáveis;

R

2. Opta por embalagens recicláveis e/ou reaproveitáveis e/ou reutilizáveis e/ou biodegradáveis;

t

1. Obtém matéria-prima de fornecedores que respeitam a legislação ambiental e/ou possuem políticas ambientais próprias; de fontes recicladas e/ou reaproveitadas e/ou reutilizadas e/ou de baixo impacto ambiental; cultivada em comunidades e/ou de cooperativas solidárias e/ou baseadas no comércio justo;

e

PRÉ-PRODUÇÃO / ESCOLHA DE MATERIAIS E EMBALAGENS

1. Os produtos oferecem múltiplas possibilidades de uso; 2. O cliente pode realizar a manutenção adequada dos produtos e está é informada claramente; 3. Os produtos são confeccionados em comunidades e/ou em cooperativas solidárias e/ou baseado no comércio justo; 4. A empresa possui estratégias de distribuição que visem a diminuição do consumo de combustível; 5. A empresa possui distribuição por meio de veículos não poluentes; 6. Os produtos requerem pouca ou nenhuma lavagem; 7. Os funcionários recebem capacitação para a melhoria das práticas de produção, distribuição, manipulação e descarte do produto no que se refere à questão ambiental; 8. Há ganhos ambientais com o uso dos produtos em relação aos seus similares; 9. Há etiquetas informativas de composição e impacto dos componentes ao meio ambiente; 10. Há comunicação das práticas ecológicas;

M

DISTRIBUIÇÃO E USO / RELAÇÃO COM CLIENTES E COMUNIDADE


demia

D

e

M

e

t

R

A

50 aca_

Desenvolvimento da pesquisa Dos vinte casos estudados, sete foram classificados “verdes”. Dos ateliês que compuseram a amostra final, apenas um trabalhava com vestuário, enquanto os outros seis produziam exclusivamente acessórios. Fase 01 - Pré-produção: Quanto ao primeiro fator, referente à forma de obtenção da matéria-prima, todas as empresas entrevistadas pontuaram positivamente. Quanto à escolha de materiais, a designer da marca de vestuário afirmou usar tecidos de algodão orgânico, algodão certificado, fibra de bambu, entre outros menos nocivos ambientalmente. Assim como peças de bordado, crochê, renda renascença, e outras, provenientes de cooperativas de artesãs que são capacitadas pela equipe de criação da própria marca. Foi relatado, ainda, que a matéria-prima era proveniente, em sua maioria, de fornecedores que respeitavam a legislação ambiental e/ou possuiam políticas ambientais próprias. Três designers de acessórios afirmaram fazer uso de materiais de baixo impacto ambiental. Foi observado, pelos pesquisadores, a utilização de material natural como juta, sisal, sementes, conchas, cascas, fornecidos, segundo uma entrevistada, por moradores capacitados para respeitarem a biodiversidade dos locais de extração. Em outros casos observou-se o uso de fibras naturais como a palha de buriti, palha de piaçava e sementes. Observou-se, também, a reutilização de garrafas pet e de material proveniente de refugo da construção, refugo de confecções (retalhos), reuso de lona plástica de material publicitário, entre outros materiais. O segundo fator avaliado dizia respeito às embalagens. Todos os entrevistados afirmaram priorizar, ou utilizar exclusivamente, embalagens recicláveis. A matéria-prima principal era o papel, mas houve menção algodão cru, juta e pet recortado (figura 02). Nenhuma empresa investigada fazia uso de embalagens de plástico. Todas as marcas, para que a vida das embalagens fosse prolongada, faziam uso de configurações criativas. O mesmo foi observado nas etiquetas.

Fase 02 - Produção O primeiro fator dessa fase investigou se os produtos eram desenvolvidos sob normas de segurança para os trabalhadores. Cinco dos casos foram positivos. No que se refere às normas de segurança ambiental, segundo fator investigado, a maioria afirmou seguir algum tipo de parâmetro, principalmente no que concerne ao tratamento do lixo. Quanto ao controle de resíduos e/ou refugos de produção, ou minimização desses, todos os casos pontuaram positivamente no que se refere aos refugos. Nenhuma das marcas especificou sua forma de gerenciamento de resíduos. Houve, por parte da maioria, um compromisso com o meio ambiente na fase de gestão da produção, principalmente, na questão dos refugos. O que não podia ser aproveitado em uma coleção era guardado para a próxima (figura 03). No que concerne ao controle de gastos de energia e/ou água ou a minimização destes, cinco casos pontuaram positivamente, enquanto os dois restantes não relataram ser prioridade para a empresa. Foram mencionados coletores de água da chuva para uso interno, iniciativas para minimizar o uso de iluminação artificial, como a antecipação do horário da produção e o posicionamento das máquinas perto de grandes janelas de vidro, entre outros. No que se refere ao controle de químicos e/ou substituição destes por biodegradáveis ou solúveis em água, a maioria pontuou positivamente. Sobre o questionamento se os produtos eram confeccionados com a menor quantidade possível de material sem prejuízos em qualidade, a maioria afirmou não saber ou não fazer esse tipo de avaliação. Nenhuma empresa entrevistada afirmou fazer uso de energias alternativas, como a solar, eólica ou outras. Sobre a reavaliação constante do processo em busca de melhorias e/ou minimização das etapas, recursos gastos ou sobras, todos os casos pesquisados respondem de forma afirmativa. Todos registraram ser uma prática necessária, não só de melhoria ecológica quanto de economia efetiva para as empresas.


51 D

aca_ demia

e

Quando questionado se o cliente poderia realizar a manutenção dos produtos e se recebiam essa informação, cinco casos assinalaram que não, um afirmou desconhecimento, outro que apenas informava verbalmente na hora da venda. Foi, posteriormente, investigado se os produtos eram confeccionados em comunidades, por cooperativas, baseados no comércio justo ou a combinação dessas atitudes. A maioria afirmou que seus produtos eram fabricados levando em consideração o comércio justo. A empresa de vestuário afirmou trabalhar em parceria com mais de 35 cooperativas de rendeiras, capacitando-as e valorizando as peculiaridades de cada trabalho artesanal. Um das entrevistadas relatou ir além do comércio justo, oferecendo oficinas gratuitas de capacitação, em biojóias, para pacientes com câncer e seus familiares. Esses alunos passavam a ser seus fornecedores ou desenvolviam por conta própria seus produtos, complementando suas rendas. Apenas uma marca relatou possuir estratégias de distribuição visando à diminuição do consumo de combustível. Para completar a informação anterior, foi investigado se as empresas possuíam distribuição por meio de veículos não poluentes.

A pergunta seguinte buscou aferir se havia ganho ambiental com o uso dos produtos em detrimento dos seus similares. Quatro casos pontuaram positivamente, dois negativamente e um não sabia avaliar esse fator. Uma designer afirmou haver ganho ambiental com o uso de seus produtos, uma vez que os mesmos eram confeccionados a partir de elementos biodegradáveis, ao contrário da maioria dos similares do mercado. Outra destacou que o fato de ampliar a vida útil do pet era um diferencial da sua marca, que poderia ser considerado ganho ambiental em comparação aos acessórios produzidos com matéria-primas recém fabricadas. Sobre a existência de comunicação das práticas ecológicas ou sociais por parte das empresas, todas as marcas pesquisadas pontuaram positivamente. A empresa de vestuário afirmou comunicar através do próprio produto, uma vez que a maioria desses era, visivelmente, feita a partir de retalhos da produção e muitas vezes tecidos orgânicos. E, ainda, que suas tags e postais promocionais comunicavam o conceito sustentável da marca.

A

Outra marca se destacou por seus colares que podiam ser torcidos de diversas formas, sendo modelados de acordo com o gosto da cliente, transformados em tiaras de cabelo e até cintos.

Investigou-se, também, se os funcionários desses ateliês recebiam capacitação para a melhoria das práticas de produção, distribuição, manipulação e descarte dos produtos, quanto à questão ambiental. Nesse quesito, cinco marcas pontuaram positivamente. A empresa de vestuário afirmou ter recebido capacitação em forma de palestras no que concerne aos 5R: redução, reutilização, reaproveitamento, reciclagem e reeducação.

R

A marca de vestuário tinha a preocupação em oferecer peças como blusas e saias dupla-face, vestidos que viravam saia, entre outras variações em uma clara iniciativa de prolongamento da vida útil das peças. Outra, oferecia broches que podiam ser fivelas, colares que viravam pingentes, etc.

t

A primeira pergunta desta fase buscou aferir se as marcas ofereciam peças com múltiplas possibilidades de uso. Quatro pontuaram positivamente.

Quatro marcas relataram que, por produzirem acessórios, podiam se enquadrar como produto de pouca necessidade de lavagem. A fabricante de vestuário, afirmou não conseguir fazer esse tipo de avaliação, uma vez que cada cliente era responsável pela frequência de lavagem de suas peças, porém destacou que todas as instruções de lavagem estavam em suas etiquetas. A importância desse item de avaliação foi destacada por Fletcher (2008) alegando que o maior impacto ambiental reside na lavagem e que o maior ganho, no que se refere à sustentabilidade ambiental, reside na modificação das formas de lavagem e secagem, principalmente aquelas adotadas pelo cliente.

e

Fase 03 - Distribuição e uso

Apenas essa mesma marca se posicionou positivamente.

M

Todas as empresas se consideraram de pequeno porte, fabricantes de produtos manuais e que adotavam como estratégia de mercado a produção em pequena escala. Todas registraram ser essa, uma prática que agregava valor aos produtos e os diferenciava no mercado nacional e internacional.


demia

D

e

M

e

t

R

A

52 aca_

Segundo a designer, informar o cliente da singularidade da peça e convidá-lo a se tornar parceiro e multiplicador da ideia, era uma estratégia para estabelecer uma nova relação, mais íntima e carinhosa desse com o produto. Essa estratégia poderia contribuir para um maior cuidado e prolongamento da vida útil das peças. A maioria das empresas afirmou comunicar o fator verde por meio de suas embalagens, folders enviados para os clientes cadastrados através de mala direta, website das marcas, revistas de moda e bazares solidários que participavam. Houve um relato de que a comunicação das práticas verdes nem sempre se davam por meio da especificidade do material, visto que a maioria dos consumidores não percebia, a priori, que estes materiais eram naturais ou reutilizados. Porém, foi dito que, a partir do momento que o consumidor entendia o processo de fabricação desses produtos, ou seja, estabelecia comunicação com a marca, o fato de serem naturais ou reutilizados fazia com que esses ganhassem mais adeptos.

Ainda, visando a qualificar a investigação, foi perguntado se as criadoras consideravam essa comunicação “verde” um fator agregador de valor aos seus produtos. Todas afirmaram, prontamente, que sim. Uma delas destacou que os valores sustentáveis eram os principais agregadores de valor de sua marca. Enquanto outra ressalvou que esses valores ajudavam a galgar novos mercados, principalmente na Europa. Duas ressaltaram o preconceito a respeito do uso de material de descarte afirmando ser mais fácil vender suas peças no mercado do Sul e do Sudeste, assim como no internacional, do que em Pernambuco. Fase 04 - Descarte A primeira pergunta dessa fase buscou investigar se as marcas faziam campanhas de conscientização a respeito das suas práticas ecológicas ou dos ganhos ambientais na escolha de seus produtos. Apenas duas respostas foram afirmativas. A marca de vestuário participava de eventos especializados na divulgação de práticas sociais e ambientais


53 D

aca_ demia

e M e t R A

e relatava suas experiências em seu webblog, buscando passar os conceitos aprendidos para suas clientes e seus parceiros. Quanto à oferta de reparo, manutenção, troca de componentes, customização, entre outros fatores que prolongassem a vida útil dos produtos, a maioria confirmou usar alguma dessas estratégias. Ainda sobre o fim de vida dos produtos, foi questionado se os produtos ou partes deles eram biodegradáveis, recicláveis, reutilizáveis ou poderiam ser re- fabricados. Um caso afirmou desconhecimento. Todos os outros pontuaram positivamente. Observou-se que a maioria das entrevistadas precisou de alguns esclarecimentos a respeito do conceito de biodegradável, reciclável, reutilizável e refabricação para que respondessem à pergunta acima. Por fim, questionou-se se as empresas ofereciam opções para os clientes devolverem os produtos após o uso para que estes sejam reaproveitados

em alguma etapa da produção. Apenas uma empresa pontuou positivamente, sem especificar de que forma essa relação de devolução acontecia. Observações pertinentes Considerando cada fase do processo, observouse que algumas marcas se mostraram mais informadas a respeito das práticas verdes que outras. De forma que algumas práticas não eram seguidas pelas criadoras por não saberem como adaptar ou redesenhar seus processos. O cuidado com os desperdícios gerados ao longo do processo era feito, também, pela economia que representava para as empresas, independentemente de ser um elemento sustentável. Verificou-se que a empresa de vestuário trabalhava sua comunicação de forma mais eficiente do que as demais, aparentemente por investir em assessoria de comunicação, design e marketing e, ainda, por ser a empresa de maior porte dentre as demais.


demia

D

e

M

e

t

R

A

54 aca_

Cabe destacar que os ateliês investigados prezavam por uma escala pequena de produtos, todos ressaltados pelo trabalho manual e pelo valor dado aos artesãos que participavam do processo, sendo uma atitude intrinsecamente mais sustentável que a produção industrial em grande escala. É importante salientar que o valor de moda dos produtos investigados se fez na medida em que todos os casos se valiam das regulações do mercado, investimento em pesquisa e desenvolvimento de coleções, porém se afastavam dos excessos do modismo quando não seguiam obrigatoriamente tendências de estilo sazonais. Todas as empresas afirmaram focar mais na exclusividade e manualidade das peças como diferencial de mercado, em detrimento de seguir temporalidades ditadas pela moda. Conclusão e desdobramentos Pesquisas bem fundamentadas apoiam as grandes e pequenas empresas em seus caminhos rumo à sustentabilidade, enquanto no debate acadêmico são desenvolvidas sugestões, técnicas e métodos para se projetar e pensar o desenvolvimento sustentável. O caminho é longo e complexo, exigindo modificações culturais no âmago da sociedade de consumo. A criatividade do profissional de design com valor de moda pode contribuir, de forma inovadora e surpreendente, para uma sociedade mais justa com consciência de seu consumo e motivada a seguir caminhos sustentáveis. Neste contexto, o objetivo principal da pesquisa, investigar o fator verde no design de moda na Região Metropolitana do Recife, foi alcançado. Com um quantitativo de empresas/marcas classificadas como possuidoras do “fator verde”. Identificou-se que o mercado de produtos de design de moda ainda tem um longo caminho a trilhar no que diz respeito às práticas sustentáveis. As medidas referenciadas, por diversos autores e sintetizadas pela pesquisa como “verdes‟ são mais profundas na modificação do processo produtivo do que foi observado nos casos investigados. Porém, todas as empresas classificadas já pensam o produto como participante de um ciclo.

O mercado de moda em Recife parece ainda não repensar suas práticas produtivas nem sua relação com os clientes de forma inovadora, como sugerem autores estudados. Parecem, apenas, adequar práticas já antigas de concepção dos produtos para que estes recebam preceitos sustentáveis ainda superficiais e passem a ter o valor verde agregado. Porém, pôde-se observar que a consciência acerca do problema ambiental já faz parte da realidade de empresas de design com valor de moda, visto que, todas as 20 marcas entrevistadas, classificadas como “verde” ou não, alegaram ter essa preocupação e aceitam repensar suas práticas em prol de uma sociedade mais sustentável. As empresas não classificadas alegaram, ainda, nunca terem recebido capacitação adequada para que pudessem se tornar sustentáveis. É pertinente destacar que inúmeros obstáculos foram encontrados ao longo do desenvolvimento da pesquisa. Um deles foi a dificuldade de identificar e localizar os ateliês e, por conseguinte, obter as informações, haja vista que não há um cadastramento oficial de empresas/marcas (verdes ou não) no Estado de Pernambuco, nem na Região Metropolitana do Recife. A competição no mercado de moda assusta os responsáveis pelos ateliês, ao ponto de terem receio em abrir as portas de seus espaços e fornecer informações a respeito de suas marcas, o que dificultou o acesso para realização das entrevistas e reduziu o número de casos. A problemática ambiental ainda constrange inúmeros entrevistados, principalmente nos aspectos sustentáveis que eles não seguem ou não sabem como seguir. Sendo uma sugestão desta pesquisa o aumento do apoio governamental para estudos mais profundas na questão sustentável e principalmente, para capacitação dessas empresas a fim de que se tornem mais eficientes na questão.


55 D

aca_ demia

e

FLETCHER, Kate. Sustainable fashion and textiles, design journeys. London: Earthscan, 2008.

A

KAZAZIAN, Thierry. Haverá a idade das coisas leves: design e desenvolvimento sustentável. São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 2005. LIPOVETSKY, Gilles. O império do efêmero: a moda e seu destino na sociedade moderna. São Paulo: Ed. Companhia das Letras, 1997. MONTEMEZZO, Maria Celeste de F. S. Diretrizes metodológicas para o projeto de produtos de moda no âmbito acadêmico. Dissertação (Mestrado em Design), Universidade Estadual Paulista. Bauru: [s,n], 2003. MOTTA, Sérgio L. S. Motivações para o lançamento de um produto ecologicamente correto: um estudo de caso. Revista Gestão USP. São Paulo, v.14, n.1, p.31-40, janeiro/ março, 2007. RECH, Sandra R. Produto de moda: conceitos e definições. In: 4o CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO EM DESIGN. P&D DESIGN, 4, 2002, Fundação Armando Álvares Penteado: São Paulo, SP, 2002. RUTHSCHILLING, Anne Anicet. Design de vestuário de moda contemporânea : criação versus produção. Dissertação (Mestrado em Design e Marketing), Universidade do Minho, 2009. SANTOS, Susiane M dos. Design de serviços para a sustentabilidade: proposição de um modelo de design para o direcionamento da atividade projetual sustentável em serviços – o caso dos serviços turísticos de hospedagem. Dissertação (Mestrado em Design), Universidade Federal de Pernambuco. Recife, 2010. UDSAI. The University of Delaware‟s Sustainable Apparel Initiative. Disponível em: http://www.sai.udel.edu/. VEIGA, José Eli da. Desenvolvimento sustentável: o desafio do século XXI. Rio de Janeiro: Garamond, 2008. SÓTER, Clarissa; O fator verde no design de moda: um estudo exploratório na Região Metropolitana do Recife. Dissertação (Mestrado em Design) – Universidade Federal de Pernambuco. Recife, 2011.

R

DATSCHEFSKI, Edwin. The Eleven Principles of Total Beauty. Disponível em: http://www.biothinking.com/ btintro.htm.

t

Foi superficialmente investigado se a comunicação do fator verde agrega valor aos produtos de moda, sob a perspectiva do produtor/criador. Sugere-se aprofundamento da questão comunicativa do fator verde, assim como medir se este valor agregado é realmente percebido pelos clientes e se este influencia na decisão de compra. Por fim, acredita-se que esse estudo tenha sido apenas o início de um longo e fecundo caminho para pesquisas em design, moda e sustentabilidade. Muitos outros questionamentos podem resultar das questões aqui abordadas.

BARNARD, Malcolm. Moda e comunicação. Tradução Lúcia Olinto. Rio de Janeiro: Rocco, 2007.

e

Sugere-se estudar as embalagens dos produtos, as soluções verdes para estas e o que as empresas fazem para que o consumidor não as descarte. Ideias criativas foram observadas, porém não foram aprofundadas por esta pesquisa. Sobre a questão da lavagem, um dos principais fatores de melhoria ambiental, sugere-se que estudos mais aprofundados busquem atitudes criativas e dêem ênfase ao assunto.

Referências

M

Sugere-se estender os estudos relativos ao fator verde no design de moda para todo o Estado de Pernambuco, Região Nordeste e Brasil. Pontuando as diferentes práticas produtivas e os múltiplos caminhos para o design sustentável, tanto em pequenas quanto em grandes empresas. Assim como, direcionar o olhar, mais profundamente, para o fator verde no vestuário, haja vista que apenas uma empresa entrevistada se classificou como de confecção de roupas e este é o campo que mais gera empregos e investe em pesquisa no sistema de moda.



CALMA MONGA MONGA CALMA novos talentos talentos novos mercado mercado pernambucano pernambucano Com prazo de validade refazenda refazenda


Fotos: Reprodução / Facebook

D

e

M

e

t

R

A

58 empre_

endedorismo


59 D

empre_ endedorismo

e M e t R A

por amanda LIMA e mariana CORReIA Com o mercado de moda tradicional cheio de tendências mirabolantes e produtos “made in china”, um novo grupo de designers de moda traz frescor e criatividade mostrando que ainda podemos adquirir produtos diferenciados, com preços justos e em parte exclusivos, já que a maior parte dos seus trabalhos é sobre encomenda e com pouca quantidade de exemplares. Assim passamos a conhecer a J.ohs e a Fridas, duas empresas que nasceram graças à força de vontade e muito talento.

As duas trabalham com camisetas, porém com propostas diferentes, enquanto J.ohs segue uma linha mais hand made com desenhos super coloridos e com uma pitada de humor feitos a mão pelo designer e dono da empresa Josivaldo Santos, a Fridas segue a linha mais romântica focando em ícones pop como Audrey Hepburn e Marilyn Monroe de uma maneira bem feminina e atual. Para saber mais sobre o universo desses novos empreendedores fizemos uma entrevista exclusiva com Josivaldo Santos da J.ohs e as meninas da Fridas, essas novas apostas do design do mercado Pernambucano.


endedorismo

D

e

M

e

t

R

A

60 empre_

Como começou seu interesse pelo design de moda? J.OHS Meu interesse se deu com o contato que tive com o estilista Melk Z-da que me mostrou um universo novo de criação e prazeroso. FRIDAS Surgiu a partir da identificação e de algumas habilidades de cada uma com o universo da moda.

Como você via o mercado da moda antes de entrar no mercado da moda? e depois? J.OHS Antes, era um mundo muito distante do qual não entendia como se dava, o que gerava, achava até superficial. Depois vi que existe um mercado sério, não é só “diversão” tem que ser antenado, é preciso criar para vender, não só para ser exposto. Mas é um mercado do novo e do desejo. FRIDAS Concorrido, desafiador e dinâmico. Hoje, enxergamos o mercado da mesma maneira.

A ideia de ter uma marca própria surgiu a partir de que momento? J.OHS Quando eu estava terminando a faculdade, não estava visando ainda um emprego concreto, daí pensei que trabalhar para mim mesmo seria interessante e que eu poderia ter autonomia desse nicho que escolhi, o das camisetas. FRIDAS No fim do segundo período, numa conversa despretensiosa sobre qual produto poderíamos trabalhar de forma inovadora.

Quais são os principais desafios enfrentados por quem está começando agora? J.OHS Acho que é ter um bom investimento, produto ligado as tendências, personalização e ter um preço competitivo. FRIDAS Por ser um meio onde todos os dias são lançadas marcas com produtos dos mais variados segmentos, acreditamos que o maior desafio seja introduzir no mercado algo que seja “diferente”, inovador.


M

FRIDAS Alguns daqui do Brasil: Ronaldo Fraga, Glória Coelho, Alessa, Reinaldo Lourenço...

J.OHS Meu processo de criação começa com a pesquisa de tendências, pode ser um tema animal mais voltado para moda, pode ser também uma temática de personagens famosos mas que tenham interferências das apostas do momento e assim flui. Em seguida, defino quantas estampas vou desenvolver, a média são 10 estampas por coleção, podendo ter variantes de cor. Geralmente são três opções de cores. A estampa pode ter um processo artesanal, serigrafia ou digital. FRIDAS Começa a partir das pesquisas que fazemos em sites, blogs e revistas para sabermos como andam as tendências dentro e fora do Brasil. A partir daí, escolhemos o tema e começamos o processo de pesquisa para construção do painel imagético, para que sirva de inspiração na criação das estampas.

Qual a importância das redes sociais no seu trabalho? J.OHS Toda, começa com ela toda divulgação. A partir de uma eficaz divulgação, pode-se ter bons resultados na venda. FRIDAS É nossa principal ferramenta para divulgação e venda dos nossos produtos. Além de servir como “termômetro” pra medir onde estamos errando e acertando, tendo em vista a aproximação que temos com nossos clientes.

Josivaldo Santos

A

Como é o processo de criação das suas coleções?

R

FRIDAS A inspiração vem do cinema, da arte, da música... Tudo que faz parte do nosso universo, do nosso dia a dia.

t

J.OHS Design, cinema, música, desenhos animados, humor, personalidades e artes plásticas

e

Fotos: Reprodução / Facebook

e

J.OHS Alexandre Herchcovitch, Melk Z-da, Alexander McQueen.

O que te inspira na criação das suas estampas?

61 D

Quem te inspira como profissional?

empre_ endedorismo


endedorismo

D

e

M

e

t

R

A

62 empre_

Qual o diferencial da marca para atrair novos clientes? J.OHS O processo manual, modelagens diferentes e estampas não convencionais. FRIDAS A exclusividade das estampas, o investimento em editorial (valoriza a marca, passa credibilidade e profissionalismo) e a preocupação em lançar coleções que estejam compatíveis com as tendências da moda.

Atualmente você trabalha apenas com camisetas, você tem planos para diversificar seu negócio? J.OHS Estou trabalhando com novos produtos para o público moderno, como capa para iPhone, bolsas e mochilas, mas estão em teste ainda. FRIDAS Estamos trabalhando e estudando a possibilidade de aumentar nossa linha de produtos nos dois segmentos (t-shirts e decoração) em curto prazo.

Que dicas você daria para quem está começando agora e quer entrar no mercado de moda? J.OHS Se possível associar-se, dividir funções é importante, estar preparado para uma possível dificuldade nas vendas, não é um processo tão instantâneo assim como parece, depende muito da estrutura elaborada, ter um plano de marketing objetivo e ter foco no mercado e boas ideias sempre. FRIDAS Determinação, pesquisa e muito planejamento são itens indispensáveis para quem quer se aventurar neste mercado.

A equipe d’As Fridas

O mercado da moda em Pernambuco está crescendo? Como você vê esse mercado daqui a alguns anos? J.OHS Estando neste mercado, vejo um crescimento sim, apesar do mercado estar muito diversificado e rápido e você tem que estar sempre pronto para as novidades. FRIDAS Sim, e muito! Há muitos profissionais surgindo e investindo bastante, muita gente estudando, se especializando. O que torna o mercado cada vez mais competitivo e dinâmico. Diante desse quadro, não há como não pensar que em alguns anos o mercado da moda em Pernambuco estará bastante sólido e preparado para competir com os mercados do eixo RJ-SP.


e M e

Reprodução / Facebook

63 D

empre_ endedorismo

t R A Que previsões você teria para a moda futuramente, que tipo de mudança, transformação e criação você acredita que possa acontecer? J.OHS Acredito que os preços dos produtos estarão mais acessíveis e que a moda estará mais próxima, independente do poder aquisitivo. Acredito numa moda mais sustentável também. FRIDAS Ao mesmo tempo em que consideramos a moda cíclica, ela vem passando por transformações constantemente. Durante as décadas passadas existiu uma identidade no que se refere à moda, cada década foi marcada por um determinado estilo. A partir do século XXI isto foi perdido. Tudo passou a ser usado, todos os estilos, todos os modismos. E isto não deixa de ser um reflexo da sociedade pós-moderna/contemporânea que a gente vive. Ao que tudo indica, passada a primeira década do século, há uma preocupação generalizada no que diz respeito à moda sustentável. As pessoas estão cada vez mais conscientes no que diz respeito ao consumo de produtos que agridam menos o meio ambiente. Marcas que têm como principio a sustentabilidade ganham cada vez mais consumidores, uma vez que a indústria da moda é uma das que mais poluem. Além disso, outro fator importante é que hoje, nós que somos conhecidos como a sociedade de consumo, onde tudo é consumido de forma desenfreada e sem critério, tende a diminuir. As pessoas passarão a consumir produtos que lhe satisfazem, que trazem sentido. É muito ousado da nossa parte fazer tais previsões, mas diante do que temos visto, acreditamos que estamos percorrendo este caminho.

O que você pretende estar fazendo em 10 anos? J.OHS Penso em projetos na área do Design, podendo estar diretamente ligado à moda ou não. FRIDAS Uma marca bem consolidada e conhecida no mercado nacional.


Bรกrbara Cunha


e M e

Carlos Cajueiro / Divulgação

65 D

empre_ endedorismo

t R A

por junie tORReS A moda tem sido, para o estado de Pernambuco, uma grande área de empreendimento, além de valorizar as significações culturais e sociais tão importantes no estado. Desde o ano de 2009, o bom desempenho apresentado por Pernambuco em meio à crise econômica mundial, chamou a atenção para o potencial lucrativo do estado. Desde então, o mercado da moda pernambucana tem conquistado seu espaço tanto em território nacional como internacional.


Flora Pimentel / Divulgação

endedorismo

D

e

M

e

t

R

A

66 empre_

Bárbara Formiga

Jovens estilistas têm encontrado, na área em que desejam atuar, grande reconhecimento por seus trabalhos e assim mostram que Pernambuco está empenhado em produzir muito mais do que o fast fashion e artesanato caro. Essa nova geração apresenta conceito, criatividade, inovação, mantém a identidade cultural e toda a riqueza que ela traz consigo, e com tudo isso, mostram-se por dentro das novidades em âmbito global. Um exemplo desses novos profissionais do mercado pernambucano é a designer, compositora, cantora e ilustradora Bárbara Formiga. Entrevistada por Flora Lins, Helena Maranhão, Pollyana Navarro e Renata Motta, ela divide

o início da criação dos “Xus”, sapatos com ilustrações de sua autoria. “Fiz uns dois pra dar de presente. Quem via adorava e pedia pra comprar. Decidi fazer uma coleção e fotografar para fazer por encomenda. Hoje ele é vendido pela loja virtual e na loja da Calma Monga”, diz Bárbara. Ainda sobre os Xus, eles marcaram presença na nova coleção do estilista Melk Z-da chamada ZDa-Town, inspirados no oriente, temática proposta para o evento de lançamento. Segundo Bárbara, ela escolheu focar na cultura chinesa, Hong Kong mais especificamente, porque passou suas férias desse ano lá. Depois de coletar fotos e imagens tradicionais, textos, sons etc., a dualidade da modernidade da metrópole de Hong Kong e sua tradição inspirou cores, padronagens e texturas que foram usadas nos Xus. Os Xus masculinos foram usados no desfile de Melk Z-da no evento Recife Moda e Música.


t R A

Fotos: Divulgação

e

Legenda da foto legendada com texto da legenda da foto, nome de alguma pessoa legendada

M

Legenda da foto legendada com texto da legenda da foto, nome de alguma pessoa legendada

Entre as tantas áreas existentes no ramo da moda, Pernambuco hoje apresenta muito em cada uma delas e chama atenção internacional por tamanha inovação em suas produções. Talvez sejam nossas cores vibrantes e estampas coloridas somadas a nossa interpretação quanto ao “lifestyle” tropical do Brasil, o fato é que a moda criada por pernambucanos cresceu pra ser, estar e permanecer na moda.

e

Outra designer de destaque é a xará, Bárbara Cunha. Figurinista para as telas e palcos, graduou-se em Design pela UFPE e, apaixonada pelo ramo, procurou especializações no país e no exterior. Bárbara tem trabalhos em longas como “Deus é Brasileiro” e “O País do Desejo” além de curta metragens, peças teatrais e videoclipes. “O primeiro meio de apreensão que tem o espectador, a sua primeira forma de atingir essa criatura que é o personagem, é a visual. O personagem se mostra, assim inicialmente, sob seu aspecto, digamos, físico. Desse modo, compreendemos que o figurino e a composição visual do ator em cena estabelecem o primeiro processo de semiose.” Foi assim que Bárbara definiu a importância de um figurino em entrevista para Tomaz Alencar e Yuri Vaz.

67 D

empre_ endedorismo


empre_ endedorismo

Divulgação

D

e

M

e

t

R

A

68


69 D

empre_ endedorismo

e M e t R A

por pollyana nAVARRO e renata MOttA Magna Coeli, estilista da Refazenda, conta para a Demetra um pouco de sua trajetória empreendedora e da nova coleção da loja.

Há vinte e dois anos, a loja de moda Refazenda dissemina o conceito de um produto diferenciado, marcado por parcerias culturais com o toque do artesanato local. Magna Coeli, estilista da grife, notou que ainda não havia nenhuma loja com essa proposta no mercado e resolveu investir nesse nicho. A empresa, que tem uma relação de parceria com mais de trinta e cinco cooperativas de rendeiras há mais de cinco anos, dá bastante valor às suas peças, desenvolvendo uma relação em que ambos os lados da produção lucram. Não há refugo no ateliê de Magna. Cada pedaço de pano que sobra dos cortes é transformado em matéria-prima para outra peça. E assim surgem os patchworks originais, acessórios e detalhes exclusivos da Refazenda, tudo isso em nome do viés ambiental e sustentável.


endedorismo

Qual a sua formação acadêmica? Fiz Serviço Social, concluindo em 1979 e pós-graduação em Design de Moda, tudo pela UFPE.

Desde quando você trabalha com Moda? Desde os 12 anos de idade, comecei costurando pra mim com orientação de minha mãe, professora de corte e costura.

Você já tinha trabalhado em outra loja relacionada à Moda? Sim, fundei a marca Vagamundo, em 1981, de camisaria masculina.

Se sim, como foi essa experiência? Esta experiência durou 10 anos e foi muito desafiadora. Todo aprendizado aconteceu acompanhado de muito risco.

Como a Refazenda surgiu? O surgimento da Refazenda deu-se em 1991, com a intenção de fazer produtos de cama, mesa e banho, com sobras de tecidos das indústrias de confecção conhecidas.

Como começa o seu processo de criação das roupas? A criação começa com a intenção de entender os costumes e as vontades das pessoas em expressar algo através das roupas, ou seja, usar a tarefa de fazer roupa para expressar desejos das pessoas de falar com o corpo, os sinais de identificação, de personalidades, vontades, estéticas e outras.

De onde surgiu a ideia da parceria da Refazenda com as cooperativas de rendeiras? Surgiu da dificuldade de comprar matéria prima distante (Sul do país) e, ao trabalhar com as rendas, que estão próximas, deu-se a possibilidade de estreitar laços com este segmento de artesanato para o vestuário.

Como foi o processo de criação da nova coleção, Patrimônio Histórico da Delicadeza?

Divulgação

D

e

M

e

t

R

A

70 empre_

Eu já tinha um acervo de fotos valiosas de azulejos holandeses que queria transformar em estamparia. Então, com os movimentos por uma cidade melhor, achei oportuno desenvolver esta estampa como um slogan para apaixonamento e cuidado pelo Recife.


e t R A

Divulgação

M

“Patrimônio Histórico da Delicadeza”, Nova Coleção da Refazenda

e

“ACHEI OPORTUNO DESENVOLVER ESTA ESTAMPA COMO UM SLOGAN PARA APAIXONAMENTO E CUIDADO PELO RECIFE.”

71 D

empre_ endedorismo


Divulgação

endedorismo

D

e

M

e

t

R

A

72 empre_

Além de Pernambuco, a Refazenda já possui loja em São Paulo, existe a pretensão de abrir em outros estados? Sim. Estamos em negociação no Rio de Janeiro e, fora do Brasil, daqui a dois anos.

A Refazenda foi fundada em 1991, você imaginava que pudesse chegar tão longe? A ideia de uma marca que tem muito conteúdo a transformar, precisa de décadas para se consolidar e ver os resultados. Antes disso, é precipitação.

Pode nos contar um pouco de como foi sua trajetória empreendedora? Costumo resumir em poucas palavras: Teimosia, cumplicidade, curiosidade e autoestima.

Qual conselho você daria a um aspirante empreendedor? Desenhar um projeto de ideias. Ler muito sobre tudo relacionado a essas ideias. Ouvir poucas opiniões contrárias.

Quais foram as lições mais importantes que você aprendeu? Não depender de ninguém para subsidiar suas ideias, para serem firmes e fortes, elas tem que ser autossustentáveis.


73 D

empre_ endedorismo

E M ET R A


A R t e M e D

endedorismo

por flora LInS e helena neVeS

Vinda de uma proposta inovadora, com um estilo próprio e bem definido, a Calma Monga (chamada carinhosamente de CM por sua idealizadora) é uma marca forte, que vem ganhando espaço e conhecimento no cenário local. A empreendedora, Gabriela Fiuza, conversou com a equipe e falou mais detalhes sobre o projeto.

Renata Motta / Demetra

c

74 empre_


75 D

empre_ endedorismo

e M e t R A


endedorismo

D

e

M

e

t

Divulgação / Revista Eita!

R

A

76 empre_

Gabriela Fiuza da Calma Monga!

Ao abrir o site ou a página da marca no Facebook, qualquer um pode encontrar uma definição simples e clara: “A Monga enfurecida, retrata a mulher “multi”, que “rala” todos os dias para dar conta de si e das dores do mundo. A proposta não é deixar de ser mulher maravilha (a gente adora ser assim), e sim dar um freio na ansiedade que nos ronda a cabeça, com bom humor e sem tarja preta. A Monga trabalha com comércio justo, não usa produtos de origem animal e adora surpreender seus clientes com detalhes que fazem toda a diferença. Solte sua Monga e repasse a mensagem.”


77 D e

Como surgiu a ideia desse projeto?

empre_ endedorismo

M e t R

A CM surgiu no final de 2008, da minha necessidade de ter umas bolsas diferentes. Daí, como era época de natal e muitos amigos secretos, as amigas e as amigas das amigas começaram a fazer encomendas para presentear. Então foi aí que vi a ideia como um negócio e comecei a produzir.

A

A loja começou com uma proposta online que acabou se expandindo para uma loja física. Como foi essa transição? A decisão de ter uma loja física foi basicamente feita pelo cliente, que sempre pediu para provar as bolsas, ver mais opções, conversar comigo, etc. A minha casa estava virando uma loja, de tanto entra e sai de clientes que desejavam conhecer a marca de perto. No final de 2012, surgiu a oportunidade de vir para a Casa Rosa (casa da marca Trocando em Miúdos e CM) e não pensei duas vezes.

As vendas de vocês são de maioria online ou na loja física? Depois que a loja física chegou, a loja online ficou meio “abandonada”, então, hoje, a maior parte das vendas vem da loja física. Porém, como toda a comunicação é online, os clientes vem do on para off.

Como isso influencia no investimento de vocês nas duas áreas? Com a chegada da loja física, o foco, investimentos e atenção voltaram-se para ela. Agora, após quase 1 ano de loja física, estamos conseguindo investir nas duas. Aos poucos, o site vai sendo alimentado corretamente e volta a ter participação nas vendas.


endedorismo

D

e

M

e

t

R

A

78 empre_

O mercado feminino é muito extenso e variado, como vocês fazem para se destacar? Não basta apenas ter um produto de qualidade com um bom acabamento das peças, a cliente escolhe marcas com as quais ela pode se identificar. E é assim que a CM funciona. Vendemos, também, um estilo de vida, estamos ligados a movimentos que acreditamos como vegetarianismo, uso da bicicleta no dia a dia, longboard e esportes mais diferentes como o bike polo.

Como funciona a parceria da Calma Monga com outros designers? Somos parceiros de designers amigos que têm muito a acrescentar o nosso mix de produtos. Bárbara Formiga, por exemplo, ilustra os tênis à mão e desenvolve algumas estampas para a CM, tem tudo a ver com a marca. Procuramos designers que seguem uma linha moderna e produtos ligados à inovação.

A loja sempre vendeu todos os produtos que oferece hoje ou as opções foram se expandindo? Acreditamos muito na inovação. Então, sempre buscamos soluções diferentes para os produtos que usamos no dia a dia. Dessa forma, o mix está sempre aumentando, e os produtos que não foram bem aceitos pelo mercado são retirados de linha.

Como vocês enxergam o mercado pernambucano atual em relação à moda? São poucas as marcas locais que se sustentam, que só fazem moda. A grande parte dos empreendedores tem a marca e um segundo emprego. Acredito que o que falta mesmo é educação do consumidor para comprar local, de marcas locais fazendo o mercado girar.

Para conhecer melhor a Monga, acesse o site:

www.calmamonga.com.br


e

M

e

t

R

A

Fotos: Renata Motta / Demetra

D

empre_ endedorismo

79


D

e

M

e

t

R

A

80 empre_

endedorismo

C


e

Divulgação

81 D M e t R A

C

empre_ endedorismo

por Juliana frança “Nós chegamos para ficar!”, apesar de famosa e bastante utilizada, inúmeras marcas estão desafiando à lógica e vindo com o intuito de não se instalarem em lugar algum. As lojas “Pop Up!”, não é por acaso que seu nome vem da expressão em inglês mais conhecida nos computadores, como aquela propaganda em forma de janela, que passa um tempo, previamente programado, e logo em seguida desaparece. Essas lojas dificilmente permanecem por mais de seis meses e, por serem temporárias, podem também ser itinerantes.

A ideia que permeia o seu conceito começou a ser difundida há pelo menos oito anos, nos Estados Unidos e em alguns países da Europa. Um exemplo é a Target, com sua sede em Manhattan, Nova York, que, por não atuar anteriormente naquela região, teve enorme repercussão, atraindo um grande número de clientes. Outros exemplos são a Gucci e a Claire’s (loja de acessórios inglesa). A primeira já mantém lojas que vão de Nova York a Miami em seu circuito de lojas temporárias, enquanto a segunda criou uma loja para vender produtos exclusivos do filme “Alice no País das Maravilhas”, de Tim Burton. Não apenas ligadas à moda, o conceito “Pop up!” vai desde marcas de automóveis, a produtos de luxo e esportivos. São como pequenos negócios colocados à disposição para que haja uma avaliação de mercado e do próprio produto. Apesar do conceito temporário, algumas marcas têm constituído centros comerciais a partir das “Pop Up Store”. Tendo iniciado em países da Europa ou América do Norte, como era de se esperar, não ficaram restritas ao eixo de origem e, há algum tempo, expandiram-se e ocupam um espaço considerável no nosso território.


Divulgação

endedorismo

D

e

M

e

t

R

A

82 empre_

Legenda da foto legendada com texto da legenda da foto, nome de alguma pessoa legendada

O Boticário, antes mesmo da denominação “Pop Up Store” chegar ao Brasil, já andava com seu ônibus fazendo venda de produtos da sua marca. Ainda mais antiga, vinda dos anos 1990, existia a Mercado Mundo Mix, na Zona Norte de São Paulo. Lá, algumas lojinhas instalavam-se, DJ’s tocavam e gente moderna andava de um lado para outro. A MMM levava seu modelo de negócio para outras cidades, fazendo com que algumas pessoas acreditassem que foi ela quem difundiu as lojas temporárias no Brasil. Em 2009, as “Pop Up Stores” começam a mostrar, de forma mais intensa, que os brasileiros não estão atrás do que está acontecendo no mundo. Em meio a algumas outras lojas que já estavam começando a abrir suas sedes, a Nike chegou à Galeria do Rock em São Paulo para fazer sua primeira experiência como “Pop Up” por 60 dias, vendendo a coleção Movimento Canarinho, que retratava a cultura do futebol com peças exclusivas, além de vender o uniforme oficial da seleção brasileira. Em Recife, o número de marcas que acompanham a nova moda está crescendo. Grandes nomes, como a Johnnie Walker, tiveram o seu momento nos shoppings Iguatemi (São Paulo), Iguatemi (Brasília), Shopping Leblon e Rio Mar (Recife), colocando à venda somente produtos exclusivos da marca. A própria Tania Cesar, diretora de marketing da Diageo (conglomerado de marcas de bebidas com sede em Londres), disse: “Nas Pop-Ups, vamos oferecer um momento de compra diferente, realmente sofisticado”. A escolha do lugar e o momento não foram feitas de forma aleatória. A marca escolheu o período do ano novo para colocar à disposição produtos como JOHNNIE WALKER BLUE LABEL BY PORSCHE DESIGN, JOHNNIE WALKER PLATINUM LABEL e JOHNNIE WALKER GOLD LABEL RESERVE. Para colecionadores ou amantes da bebida, a notícia, como esperado, foi bem aceita. A Casa Futuro Natal, em Belo Horizonte, também mostra que sabe criar uma “Pop Up”. Ela vende produtos natalinos, sempre no mesmo shopping, porém em lojas diferentes, durante apenas dois meses ao ano. Além dela, há ainda uma série de marcas que


Fotos: Divulgação

e M e t

optam pelas lojas temporárias no Brasil: Louloux (boutique de sapatos); Pop Up Restaurant (restaurante); Slim (marca de produtos de decoração); Absolut Inn (bar, restaurante e livraria no mesmo espaço); Sub Up (divisão da grife de moda praia Sub e que vende acessórios) e Casa de Criadores Loja Pop Up (espaço para exposições de arte e apresentações musicais).

R A

Fugindo do comum, mas, ainda assim, sendo uma prática que cresce cada vez mais, “Pop Up Stores” podem aparecer em bienais, shows, fenearts etc. Dessa forma, o fluxo de pessoas é maior e, como consequência, o aproveitamento das lojas também. Recife, por exemplo, já contou com vários exemplos de estandes montados em eventos como o Abril Pro Rock, Coquetel Molotov e alguns shows de bandas. Nos últimos dois anos, o Abril pro Rock veio com a novidade do Abril pra Moda. Idealizado por Camila Lopes, Myrian Isis, Priscila Augusto e Fabi Girades. O evento conta com várias “PopUp Stores” funcionando no mesmo ambiente do show e contando com marcas como a Baba Yaga, Calma Monga, Cherry up, Pop Arretado, Renascida e inúmeras outras que se revezam durante os dias.

Legenda da foto legendada com texto da legenda da foto, nome de alguma pessoa legendada

Em entrevista à revista, uma das organizadoras contou que a grande “Pop Up Store” surgiu a partir de uma oficina que seria realizada somente para a montagem de um editorial. A equipe gostou do trabalho e expandiu as ações no evento. No ano seguinte, algumas alunas da oficina decidiram continuar com o projeto e selecionaram marcas de todo o Brasil que queriam estar presente no, já inaugurado, Abril pra Moda, sem custo para os expositores. “A vantagem de expor no Abril Pra Moda é que te beneficiam na divulgação da marca, porque, além dos visitantes, ainda há o público que lê jornal e acessa a internet. Sempre sai alguma notinha no jornal impresso ou em algum site importante de notícias. Isso vai dando credibilidade e visibilidade.”, diz Raquel Rocha, da Baba Yaga, que já esteve presente no APM, em exposições de moda e também no Ocupe Moda Cultural.

Legenda da foto legendada com texto da legenda da foto, nome de alguma pessoa legendada

83 D

empre_ endedorismo

Palloma Siqueira, dona da Sou Tee Bags e que também participou do Abril pra Moda, explica que entrar nesses eventos “é uma forma de expandirmos os nossos produtos para outros públicos e cidades que não tenham acesso a nossa loja física. Possuímos uma relação de companheirismo e normalmente sempre surgem algumas parcerias.”



edson edson matsuo matsuo sapatos sapatos em em pe pe


rfil

D

e

M

e

t

R

A

86 pe_

Decoração da loja Melissa em São Paulo para a nova Coleção 2013


87 D

pe_ rfil

e M e t R A

E A FÁBRICA DE SONHOS por manu CORReIA

Divulgação

Conheça um pouco do trabalho e da mente do homem por trás dos sapatos plásticos mais famosos do mundo. Plástico. Essa é a principal matéria prima do trabalho de Edson Matsuo, diretor criativo da Melissa e de tantas outras marcas da Grendene. Paranaense, estudou em São Paulo, onde se formou em arquitetura e urbanismo na Universidade Braz Cubas em 1979. Começou sua carreira na Grendene em 1984, quando foi contratado para projetar bicicletas, explorando novos usos para o plástico. Até que nasceu a idéia de fazer sapatos. Começou com a Rider, e depois, com o tempo e o sucesso de vendas, vieram outras marcas, outros projetos. Hoje ele se intitula, entre outras coisas, sapateiro . Antes de ir para a Grendene, Edson tinha uma empresa de design em São Paulo. Quando perguntado sobre a relação entre os conhecimentos de arquitetura e a área do design, ele diz que essa formação foi muito importante, mas poderia ter sido


rfil qualquer outra, em outra área, outro nível... O mais importante é “fazer o que gosta, gostar do que faz” e mergulhar de cabeça. “Acho que é mais ter um sonho e treinar realizá-lo com mais pessoas, independente se é uma personalização de moto, caricatura, ilustração, projeto de produto... Projeto de bicicleta ou de calcados”, diz ele. É claro que ele precisou adaptar seus conhecimentos e habilidades, mas encarou isso naturalmente, sempre com uma incansável curiosidade. Sinônimo de inovação, a Melissa hoje é conhecida e amada mundialmente. É até referência da década de 80 nos textos sobre história da moda. Mas Edson fala que a questão por trás da inovação e atualização é muito mais do que ver e seguir tendências. É buscar um olhar diferente e ser curioso. “Tendo uma visão diferente você pode fazer a tendência e buscar uma inspiração que faz sentido para você e para a equipe que você faz parte.” Ele comenta também que prefere ser uma metamorfose “caminhante” e que não tem compromisso com uma forma, um estilo, mas com várias maneiras de pensar (e caminhar). Assim como a Melissa, Edson tem uma relação especial com sonhos, afinal ele é o “guru dos sonhos de plástico”. Seguir os sonhos é praticamente um lema da marca. Tanto que em 2012 foi realizado o Melissa Caminho Dos Sonhos, evento que passou por São Paulo, Rio, Porto Alegre e Recife. O objetivo foi reunir “melisseiras” para que pudessem compartilhar seus sonhos com outras fãs e com parte da equipe da marca. Matsuo fala do seu conceito de sonho: “a definição de Sonho tem significado especial para cada um, e o comum a todos é de algo ainda impossível mas prazeroso. Existe o sonho de cada um, da equipe, da marca, da empresa.” Um dos vários mantras que ele segue é “sonhar o grande, fazendo pequeno: errando rápido, concertando rápido e aprendendo rápido”. Acerca dos novos designers que estão chegando agora no mercado, ele fala da necessidade de se buscar uma experiência vivencial contínua e não simulada ou já interpretada por alguém ou alguma ferramenta digital. Fala que deve ser feita essa busca sem fim, antes, durante e depois da formação acadêmica. “Quanto mais treinarmos mais reflexo teremos para responder às demandas e, em consequência, mais “sorte” teremos profissionalmente e pessoalmente”.

“TENDO UMA VISÃO DIFERENTE VOCÊ PODE FAZER A TENDÊNCIA.”

Divulgação

D

e

M

e

t

R

A

88 pe_


0 809 D

cha_ pe_ rfil peu

e M e t R A


90 pe_

Gabi Fonseca / Divulgação

D

e

M

e

t

R

A

rfil

D Gabi Fonseca coleção Verão 2014


91 D e M e t R A

D

pe_ rfil

por cecília eLOY e jennifer MOnte Entrevista exclusiva com as designers Juliana Beltrão, Gabi Fonseca e Bárbara Formiga


rfil

Como é o caso de Juliana Beltrão, que aderiu a esse método, reformulando sapatos e explorando novas possibilidades. Descobriu sua paixão por sapatos aos nove anos de idade, talvez pelo fato de sua família estar sempre envolta neste universo. Ainda criança, Juliana ia à feiras de calçados com a mãe, o que fez com que começasse a ficar fascinada pelo mundo dos calçados e decidisse trabalhar no ramo. Juliana Mendes de Holanda Beltrão, 28 anos, é dona da loja Juliana Beltrão no bairro da Jaqueira em Recife, da qual é proprietária há cerca de 9 anos. Seus produtos são famosos por seu estilo diferenciado. Inicialmente, seu pai tinha uma fábrica de sapatos, que foi herdada pelo pai dele, e sua mãe cuidava das finanças. Chegou a cursar uma faculdade no Rio de Janeiro por 1 ano, mas logo retornou para o Recife. Com a ajuda da mãe na parte financeira e com contatos, ela conseguiu abrir uma pequena loja na galeria Santo Antônio, na qual colocava modelos desenvolvidos por ela à venda. Quando o negócio começou a fluir, conseguiu um espaço na Jaqueira, onde passou um ano, até ir para a loja onde encontra-se atualmente. Seus calçados possuem um visual alegre e diversificado, com personalidade e ousadia, podendo ser encontrados em diversas cores e estilos.

O mercado da moda tem crescido consideravelmente nos últimos anos, e em Pernambuco não é diferente, chegando a um crescimento de quase 10% na última década. Cidades como Santa Cruz do Capibaribe, Toritama, Caruaru, etc. tem destaque na área, comportando grande parte dos profissionais formados em cursos de moda do Estado. O segredo é pensar na moda como um negócio, além da parte de criação, e estar atento as oportunidades do mercado. É com esse pensamento que algumas designers resolvem ingressar na área de design de calçados, que tem recebido bastante investimento nos últimos tempos. Designers de sapatos, como o nome já diz, são as pessoas que atuam na área de moda no desenvolvimento dos mesmos. O trabalho de desenvolver sapatos não é uma tarefa simples, sendo muito mais do que apenas desenhálos e mandar alguém fazer. Para criar um novo modelo, o designer precisa ter noção de escala, falar com um modelista e ter seus contatos com fábricas, sem falar, lógico, da criatividade para dar a “sua cara” aos sapatos. Entrevistando três designers de sapatos pernambucanas, pudemos entender mais sobre como funciona o trabalho com desenvolvimento e vendas. Um método muito utilizado por lojas é a ida à fábricas associadas para ver as opções de modelos e escolher o que mais agrada, e dessa forma produzir em massa e vender com sua marca. Sobre as designers, algumas se aproveitam desses artifícios para aumentar seu estoque e poupar tempo no desenvolvimento de um calçado. Umas utilizam um método diferente, procurando modelos já existentes e modificando a seu gosto, colocando tecidos diferentes, mudando as cores da costura e, conseguindo assim, vender sapatos com “sua cara” sem precisar desenvolver “do zero”.

Divulgação

D

e

M

e

t

R

A

92 pe_


93 D

pe_ rfil

e M e t R Divulgação

A

Legenda da foto legendada com texto da legenda da foto, nome de alguma pessoa legendada


Tiago Calazans / Divulgação

D

e

M

e

t

R

A

94 Gabi Fonseca


95 D

pe_ rfil

e e t R A

Divulgação

M

Em conversa com outra designer, vimos que uma grande dificuldade enfrentada é também o fato de ser difícil conseguir mão de obra qualificada, arranjar pessoas com treinamento e que sejam proativas. Gabi Fonseca, 25 anos, formada em Design pela Universidade Federal de Pernambuco, teve seu início na área de sapatos aos 19 anos. Ao apresentar Melk Zda ao pai, eles conversaram e decidiram convidá-la para assinar a coleção dos sapatos para compor as roupas do desfile de Melk para o Fashion Rio - Inverno 2008. Até então, nunca havia desenhado sequer um par de sapatos, mas algo lhe dizia para não deixar a chance escapar, então, ela agarrou a oportunidade. Devido a falta de mão de obra qualificada para produzílos, Gabi decidiu transferir a produção para o Rio Grande do Sul. Para ela, juntar criação com gestão de negócio foi extremamente difícil, principalmente quando se está sozinho. Ter uma equipe confiável para cuidar da parte burocrática é de grande ajuda e é o que ela mais sente falta. Muitos designers de calçados preferem produzir seus calçados no sul pela variedade de fábricas e pelo maior número de mão de obra.


Fotos: Divulgação

rfil

t

R

A

96 pe_

D

e

M

e

Sobre a designer Bárbara Formiga, ela recebe destaque por suas ilustrações à mão, tanto em tênis cheios de personalidade, quanto em paredes. Nascida em Recife, a designer e ilustradora, formada em Design pela UFPE, no curso técnico do SENAC e numa Pós em moda pela FBV, afirma que a moda sempre fez parte de sua vida. Desde criança, sempre foi estimulada pela mãe a pensar em suas roupas. Quando adolescente, desenhava com mais liberdade, e após se formar pelo Senac, montou juntamente com amigos seu primeiro ateliê: O Meketref. Seguiu um longo caminho até começar a produzir os Xus, seus tênis que começaram por diversão mas acabaram virando negócio. Os xus surgiram de sua paixão por tênis e sapatos em geral, em junção com as ilustrações. “Eles são telas usáveis”, afirma Bárbara. A respeito do nome dos tênis ela conta que, pelo fato de fugirem das padronagens comuns, mereciam também um nome diferenciado e exótico.

Sobre o processo de criação, Bárbara conta que já utilizou canetas de tecido coloridas para as ilustrações, tecido e tinta de tecido para criar texturas, mas já pensa em utilizar novos materiais nas próximas coleções. Em participação da nova coleção do Melkzda chamada ZDa-Town, ela conta sobre a inspiração dos Xus. Diz que “foram inspirados no oriente, temática proposta para o evento de lançamento.” Por último, conta que já recebeu propostas para trabalhar em outros produtos, mas que é melhor ir com calma. “Estou caminhando para os próximos passos, mas o que vem depois, ainda é cedo pra dizer.” Muitas experiências, diversidade, métodos diferentes. Cada dia nos deparamos com coisas novas nesse vasto mundo da moda. Resta-nos estarmos abertos a novas tendências, novos modelos e usufruir de tantos calçados incríveis. E para as designers, que as ideias possam fluir cada vez mais.

Bárbara Formiga


97 D

cha_ pe_ peu rfil

e M e t R A



Corpo Corpo perfeito perfeito MITOS MITOS indústria indústriadas dascores cores Nos mínimos mínimos detalhes detalhes Nos plus size


Divulgação

D

e

M

e

t

R

A

100 indú_

stria


C

M e t R A

A mídia e a indústria da moda são importantes instrumentos, quando o assunto é a influência exercida sob a sociedade em relação ao visual “ideal”, isso inclui roupas, acessórios e até mesmo o próprio corpo.

e

por thaís MARInHO

D

indú_ 101 stria


stria A mídia vem sendo um instrumento de influência na sociedade desde muito tempo. Sendo provida de um discurso extremamente influenciador, ela é responsável por boa parte da construção dos ideais coletivos. O culto ao corpo magro é um dos tópicos, entre muitos outros, no qual a mídia exerce influência primordial. Ele tem suas origens no início do século 20, porém o seu estopim se dá na metade do mesmo século quando a mídia, principalmente cinematográfica, contribui para a construção da ideia do corpo esbelto como um corpo ideal, um corpo a ser seguido como padrão por todas as mulheres. Para isso, a indústria cinematográfica incorpora o uso de maquiagem e roupas que valorizam o tipo físico magro em suas produções. Além do cinema, a propaganda no pós-guerra, onde o estilo esportista e ao ar-livre passam a ser exaltados, é outro fator que contribui para esse novo ideal corpóreo. Com essas novas preocupações a respeito da imagem do corpo, a mídia e a indústria da beleza passam a ter cada vez mais influência sob a sociedade e cabe agora à moda ditar novas tendências e estilos. Basta uma breve folheada em uma revista de moda de renome, ou assistir a três minutos de um desfile de moda, para perceber que o tipo físico imposto pela moda é único, imutável. As roupas confeccionadas especialmente para o corpo magro das modelos são de beleza inegável e lhes caem como luva. Porém esse cenário traz uma ilusão para os seguidores assíduos da moda; que para usar aquela bela peça de roupa é essencial ter o mesmo corpo da modelo, caso contrário a roupa perderá seu brilho. Isso traz, assim, a insatisfação e a necessidade de mudança por parte de pessoas que não possuem esse mesmo corpo, afetando de maneira brusca sua autoestima. Essa necessidade passa então para a prática, academias de ginástica passam a fazer parte do cotidiano das pessoas, e a modalidade das atividades físicas são diversas, indo de danças, aulas de yoga, à musculação, entre outros, constituindo, assim, o culto ao corpo como um modo de consumo. A atividade física, indiscutivelmente, traz inúmeros benefícios para a saúde consigo. O jogo vira, porém, quando ela se torna uma obsessão até que a meta do corpo extremamente magro seja alcançada. Contudo, é fato que muitas pessoas não conseguirão ter o corpo idêntico ao de modelos de capa de revista de moda. Estudos comprovam que apesar de não ser completamente gerador do tipo físico das pessoas, o fator genético pode contar com 35% a 40% de influência na formação do corpo, fazendo assim com que em alguns casos a busca do corpo imposto como ideal pela moda seja irrealista.

Como consequência direta desta busca sem o sucesso esperado, podem surgir problemas como a depressão e transtornos alimentares como a bulimia e anorexia naqueles que buscam radicalmente ter o mesmo padrão de beleza definido pela moda. O público mais afetado por esses problemas são adolescentes e jovens adultos, na grande maioria mulheres, pelo fato de possuírem maior contato com o meio fashion em geral e pelo fato do corpo estar passando por processo de mudanças devido à idade. Realizando exaustivamente exercícios físicos e dietas extremamente restritivas, e pondo em risco sua saúde física e mental, essas pessoas negligenciam a alimentação de modo a possuir o corpo igual ao dos manequins de vitrines de lojas. Um instrumento que vem crescendo de forma exponencial e que contribui para a disseminação dessa busca radical pelo corpo “perfeito” é a internet. Ela vem sendo um importante meio de transmissão de ideais da moda onde inúmeros blogs cultuam o corpo e buscam, muitas vezes radicalmente, chegar até ele a todo custo. Isso inclui medidas extremas como cirurgias, dietas radicais, pílulas para emagrecimento, laxativos, entre outros.

Divulgação

D

e

M

e

t

R

A

102 indú_


D

indú_ 103 stria e M e t R A Em um estudo sobre Adolescentes preocupadas em conquistar um corpo magro: Um estudo sobre discursos produzidos em diários eletrônicos por Maria Elisa Ribeiro (2006), blogs que informam e estimulam essa forma exagerada de emagrecimento crescem e se destacam cada vez mais. Eles pregam a anorexia e a bulimia como um estilo de vida e são chamados de pró-Ana e pró-Mia. A prática se expande para fóruns e chats, onde adolescentes podem trocar informações e conversarem a respeito dos seus transtornos alimentares com outros. Essas jovens geralmente têm uma relação de amor e ódio com a doença, o primeiro, pois amam o fato de que, segundo elas, estão no caminho para o seu corpo ideal, e odeiam, pois, os transtornos causam extremos distúrbios mentais, como culpa extrema seguida pela ingestão de alimentos, fome demasiada causando alterações de humor, compulsão por consumo exagerado de alimentos altamente calóricos pelo fato do corpo estar “com fome” e a resposta para essa fome é a vontade incontrolável de ingestão de carboidratos, levando assim ao vômito induzido pelo medo de engordar. São inúmeros os problemas que uma pessoa com transtorno alimentar pode sofrer. Diante desses fatos, é inegável que a mídia e a indústria da beleza sejam fatores contribuintes para essa busca incessante da magreza, e que esse padrão de beleza com corpos magros não é realidade de todos. Os métodos radicais de dieta apresentam alto risco à saúde, e em extremos casos até a morte. Cabe a cada um escolher a maneira de chegar ao corpo no qual se sentirá confortável e terá sua autoestima estabilizada. Mas é sempre importante ter em mente a priorização da saúde na hora de começar qualquer dieta.


stria

D

e

M

e

t

R

A

104 indú_

Verdade? Mentira? Boatos? Com a avalanche de informações acessíveis para todos atualmente, fica difícil escolher em quem confiar na hora de cuidar da beleza. É fato que existem inúmeros mitos mirabolantes circulando por aí, e muitas vezes, até mesmo inconscientemente, seguimos esses mitos mesmo sabendo que eles não fazem sentindo algum. Mas então, o que é verdade e o que é mentira? Selecionamos alguns dos mitos mais populares e tiramos essa dúvida para você!

MAQUIAGEM PREJUDICA A PELE MItO

CHOCOLATE CAUSA ESPINHAS MItO

A não remoção adequada dessa maquiagem, sim. Podendo, assim, fazer com que resquícios da maquiagem permaneçam na pele entupindo os poros e causando o aparecimento de acnes. A maquiagem pode até ajudar a hidratar sua pele caso ela for seca, e algumas bases protegem dos raios solares.

Segundo especialistas, o chocolate propriamente dito não causa espinhas, o que pode causar espinhas em alguns indivíduos é o excesso de consumo de gordura, presente também no chocolate, ativando a produção acelerada do sebo pelas glândulas sebáceas, fazendo assim que esse sebo se acumule nos poros da pele causando as temidas acnes. Outro fator de surgimento das acnes é a alteração hormonal que ocorre nas mulheres dias antes do ciclo menstrual.


D

indú_ 105 stria e M e t R A

DEPILAÇÃO COM LÂMINA ENGROSSA MItO OS PELOS O que acontece é que a lamina corta o pelo na sua parte mais grossa, aparentando assim o engrossamento dos fios.

TIRAR CUTÍCULAS PODE SER PREJUDICIAL ÀS UNHAS VeRDADe

FALTA DE SONO CAUSA OLHEIRA VeRDADe

Olheiras podem surgir por diferentes fatores, alguns deles são genética, estresse, cansaço e noites em claro! Elas são causadas pela dilatação dos vasos sanguíneos, fazendo com que a área em torno dos olhos escureça. Por tanto, sempre reserve bem suas horas de sono.

As cutículas protegem as unhas contra agentes infectantes e a má retirada delas pode facilitar a contração de doenças. Certifique-se de que o alicate foi devidamente esterilizado e evite os bifes!

REFRIGERANTE MItO CAUSA CELULITE

SOL EM EXCESSO ENVELHECE

O que causa as temidas celulites é o excesso de calorias ingeridas, fazendo com que os indesejáveis quilinhos extras apareçam e tragam consigo as celulites.

VeRDADe

É comprovado que os raios solares são responsáveis pelo envelhecimento precoce da pele assim como aparecimento de doenças de pele graves. Portanto, procure passar protetor solar sempre que for tomar sol depois das 10 horas da manhã e antes das 16 horas da tarde.

BANHO QUENTE DEMAIS RESSECA O VeRDADe CABELO

A água muito quente resseca os fios fazendo com que a camada de gordura que os protege seja completamente lavada.


D

e

M

e

t

R

A

106 indĂş_

stria


D

indú_ 107 stria e M e t R A

por carol MACIeL

Embora a ideia de colorir as unhas seja bastante antiga – e ostentada com símbolo de poder e riqueza nas sociedades antigas – a criação da fórmula do esmalte semelhante ao que conhecemos hoje aconteceu no ano de 1925, inspirada em tinturas para carros. No início dos anos 30, a Revlon lançou as primeiras variações de cores, utilizando pigmentos opacos nessa mistura. A crescente popularização do esmalte fez com que a indústria evoluísse em busca do aperfeiçoamento dos produtos. Com preços variáveis, o esmalte representa para seus consumidores um acessório acessível que reflete a personalidade e o estilo de quem usa – e, para os investidores, uma oportunidade ímpar de crescimento, o que para muitos tem dado certo – desde que saibam lidar com a incansável busca por renovação, característica deste mercado.

AS MARCAS E SUAS CARACTERÍSTICAS Ao lançar novos produtos, cada marca de esmalte procura atingir seu públicoalvo, o que vai refletir nas escolhas de cores, nomes, temas para as coleções, preços, embalagens e diversificação na composição da fórmula. Embora as mais famosas ditem as principais tendências, novos concorrentes tentam ganhar o mercado através de inovações, tentando chamar atenção do grupo, conquistar a simpatia e ganhar de novos clientes. Conheça algumas das marcas mais famosas, suas criações e principais estratégias.


stria

D

e

M

e

t

R

A

108 indú_

Internacionais:

As mais conhecidas e vendidas garantem qualidade diferenciada, embora com preço mais elevado.

ReVLOn

A marca que iniciou o comércio dos esmaltes coloridos que conhecemos hoje. Sua composição garante secagem rápida, facilidade para aplicar e durabilidade da cor. Promete também cobrir as unhas com uma película rica em nutrientes, estimulando seu fortalecimento.

O.P.I

Bastante conhecida e vendida internacionalmente. Embora seja mais cara, investe na qualidade da fórmula, considerada uma das melhores do mercado. Com uma vasta cartela de cores e inovações – foi esta marca que primeiro popularizou um esmalte craquelado – e o constante lançamento de novas coleções, tem conquistado cada vez mais fãs.

CHInA gLACe Impressiona pela inovação na seleção de cores, tem grande variedade de cores vibrantes. Embora seu tempo de secagem seja maior e sua aplicação menos fácil do que as demais, possui preço mais acessível e tem boa durabilidade da cor.


D

indú_ 109 stria e M e t R A

Nacionais:

Mais acessíveis ao público geral e com crescente qualidade nas fórmulas, são as primeiras opções da maior parte dos consumidores.

RISQuÉ COLORAMA

Uma das maiores e mais antigas no mercado brasileiro. Oferece boa duração das cores nas unhas. Sua linha hipoalérgica retira da fórmula substâncias químicas responsáveis pelos processos alérgicos causados por esmaltes.

Enorme variedade de cores e texturas. Tem uma boa duração das unhas, embora possa ficar opaco – o que pode ser corrigido com o uso de uma cobertura brilhante. Sua fórmula cumpre os rigorosos padrões europeus de níveis de substâncias tóxicas.

IMPALA

Variedade de cores e coberturas. Fornece uma boa duração do brilho. Possui uma linha de esmaltes infantis e acessórios para decoração e tratamento. Assim como a Risqué, também lançou uma linha de esmaltes hipoalérgicos e de maquiagem.


stria

D

e

M

e

t

R

A

110 indú_

ANATOMIA DE UM ESMALTE

nOMeS Cada esmalte de uma coleção deve ter um nome original,

que será registrado. Para escolher os nomes de cada novo lançamento, são promovidas reuniões com especialistas em marketing e moda da empresa, além de pesquisas com o público alvo. O nome escolhido precisa acompanhar as últimas tendências e pode ou não ter alguma conexão com a cor – desde que represente bem o conceito da coleção a qual pertence.

COLeÇÕeS Cada fabricante lança pelo menos duas coleções

anualmente, cada uma com um mínimo de seis cores. Foi criada a Nails Fashion Week, em São Paulo, em 2011, para lançar as principais tendências e novos lançamentos das marcas mais famosas.

ORIgeM DAS COReS Além de terem conexão com o nome e o tema da coleção, as cores dos esmaltes estão relacionadas com as últimas tendências da passarela e cores da estação. Tornaram-se populares também as coleções com cores e nomes inspirados em pessoas famosas e filmes. Neste caso, as cores e nomes devem capturar a personalidade da celebridade ou das personagens e características marcantes do filme.

eMBALAgenS Com a crescente preocupação com o meio ambiente

por parte dos consumidores, empresas de esmalte têm investido neste ramo como uma forma de atrair o público. Como é o caso da marca brasileira Maria Helena Misturinhas Limitadas que, desde o final de 2012, trabalha com embalagens retornáveis - oferecendo aos clientes a possibilidade de trocar 5 embalagens vazias por um esmalte novo.


D

indú_ 111 stria

e M e t R

Nutricelulose: Responsável por criar uma película, que cobre as unhas. Resinas e plastificantes: Para proporcionar brilho, resistência e durabilidade ao esmalte. Solventes: Encurtam o tempo de secagem e facilitam a aplicação, auxiliando para que se espalhe e cubra toda a unha. Corantes: Podendo ser orgânicos ou inorgânicos, dão a cor característica de cada esmalte. Agentes de Suspensão: Permitem que os corantes se espalhem na mistura, ao invés de decantar no frasco.

DAnOS A SAúDe

Deve-se dar atenção especial a formula de cada fabricante, para evitar componentes que podem causar uma reação alérgica ou danos à saúde por conta do uso prolongado, como é o caso do: Tolueno: É usado como solvente para facilitar a aplicação e diminuir o tempo de secagem. Embora seja encontrado na maioria das fórmulas, é responsável por 95% das alergias a esmalte. Formaldeído: Conhecido como ‘Formol’. É proibido seu uso por estar relacionado ao aparecimento de tumores, devido a uma exposição prolongada a este composto. Dibutilftalato (DBP): Usado como plastificante para prolongar a durabilidade. Seu uso em cosméticos já foi banido na Europa. Pode causar irritações.

É possível encontrar embalagens de esmalte com a denominação ‘3Free’ ou ‘Tox Free’, o que significa que sua formula é livre destes 3 componentes.

A

COMPOSIÇÃO geRAL Todo esmalte é composto de:


D

E

M

ET

R

A

112 indĂş_

stria


D

indú_ 113 stria e M e t R A

por aline feRnAnDA O Plus size, numeração acima da convencional para roupas e sapatos, está de cara nova: Lojas começam a acompanhar as tendências fashion, e agradam seus clientes antenados na moda. Na última década, as medidas da população tem aumentado tanto em relação à altura quanto ao peso. Com peças de numerações que não eram encontradas com facilidade em qualquer loja, estar na moda sendo um plus size era uma verdadeira caçada. Hoje, o mercado começa a reconhecer e investir no segmento da moda feita para quem está com um pesinho a mais, e que sabe que moda não tem número certo. A moda atual, com suas tendências e conceitos, valoriza a magreza excessiva e ao mesmo tempo, exclui outros tipos de beleza. Mesmo que grande parte das mulheres ainda recorra à dietas absurdas que acabam prejudicando seu corpo, outras estão a procura de peças que se encaixem em suas curvas, e para isso, existem as numerações de peças denominadas ‘plus size’ para dar folga à esse padrão rigoroso de magreza da moda.


stria

D

e

M

e

t

R

A

114 indú_

O termo plus size foi criado pelos norte-americanos para as peças com numeração acima da convencional, que seria do tamanho 44 em diante. Tanto homens quanto mulheres mais gordinhos usam essa numeração, ou ainda pessoas altas, que mesmo podendo ser consideradas com peso normal, podem precisar utilizar peças maiores pela própria proporção corporal. Nos Estados Unidos, onde o tamanho médio dos manequins é o 42, fashionistas começaram a perceber que não existia muito investimento em desenvolvimento de artigos da moda para o segmento. Foi criado então o Full Figured Fashion Week, semana de moda plus size, em Nova York, movimentando mulheres de todo USA. Seguindo o exemplo, foi criado no Brasil o Fashion Weekend Plus Size, que se tornou o principal evento de moda GG do país. Acontece a cada seis meses em São Paulo, desde 2010, e já está se preparando para a sua sétima edição, em fevereiro de 2014. No evento são exibidas moda praia, festa, lingerie, acessórios, dentre outros segmentos. Além de conversar com as plus sizes fashionistas, o evento também oferece um salão de negócios que atende aos lojistas do país, garantindo uma conexão entre quem cria e quem vende a moda GG. Existe todo um mercado que ainda precisa se adaptar à moda plus size no país. Tanto que modelos plus size por vezes começam a trabalhar por amizade com o dono de uma loja especializada, ou são descobertos por meio de redes sociais. Ainda assim, segundo os mesmos, é mais fácil conseguir emprego internacionalmente, onde o segmento já é bem mais desenvolvido. O crescimento de lojas e marcas especializadas no Brasil é um reflexo do que é visto no exterior que dá certo. Todavia, nem todas as lojas sabem montar uma coleção que esteja na moda ou com uma boa estratégia de publicidade para quem usa plus size.

Um exemplo de erro neste ramo é querer negar, nas campanhas publicitárias, a forma do corpo mais gordinho. Foi o que aconteceu na primeira campanha da coleção plus size C&A. Nas fotos tiradas da cantora Preta Gil, símbolo de beleza e estilo para as mais cheinhas, houve uma excessiva edição digital, onde ela perdeu suas formas com o uso do photoshop, e ganhou um corpo desproporcional, visivelmente falso. Claro que esse gafe não passou despercebida entre as consumidoras, e as imagens circularam na internet, entre blogueiras, amigas, e fashionistas plus size.


D

indú_ 115 stria e M e t R A Além do mais, há muito tempo pesquisas vem mostrando que estar magro não é sinônimo de estar saudável, e que sim, existem muitas pessoas acima do peso e saudáveis. Para modelos plus size, é critério ter taxas de saúde dentro dos padrões considerados necessários por médicos e nutricionistas para levar uma vida saudável. Enquanto algumas marcas brasileiras erram ao tentar atender a demanda, outras investem e abraçam a causa. Um exemplo é a marca especializada Eurico Flex, em São Paulo. A loja tem 65 anos de história, com calçados em números maiores para o plus size, dos mais gordinhos aos mais altos. Antes, como a maioria de lojas do tipo, não era vista exatamente como fashion, e os compradores escolhiam a Eurico por falta de opção. Mas em 2010 a marca se reinventou e suas coleções estão em sintonia com o que está nas passarelas, e a mudança trouxe resultados: Um aumento de 30% nas vendas.

Mesmo com o mercado ainda em crescimento, é possível estar na moda usando alguns números a mais. A época em que peças plus size eram consideradas sem graça ou fora de moda passou, já que os clientes se tornaram mais exigentes. Não querem comprar roupas apenas para suprir seu guarda-roupa com o essencial, e sim para ter seu próprio estilo. Desse modo, respeitam e amam o seu corpo, sem ter que se adaptar ao padrão imposto. Ter quilinhos a mais, tudo bem, deixar de ser fashion, “jamé”!*

A moda plus size é criticada, segundo alguns, por incentivar o excesso de peso e saúde baixa entre os consumidores. O fato de serem gordinhos os faria não ser considerados saudáveis, e por isso teriam de mudar seu corpo e seus hábitos. “Moda para gente assim? Nem pensar”. Essa se trata de uma ideia que além de errada, é formada apenas por falta de informação. Moda plus size não é feita para deixar as pessoas mais gordinhas, e sim para atender a quem já está usando um tamanho maior e respeita o próprio corpo.

*A expressão “jamé” é uma estilização da autora para o termo francês jamais, que significa nunca.


D

e

M

e

t

R

A

116 indĂş_

stria


D

indú_ 117 stria e M e t R A

por amanda LIMA e mariana CORREIA

“Existem elementos na moda que nem sempre podem ser vistos ao primeiro olhar, mas que são fundamentais para sustentar uma roupa com elegância. A lingerie é um exemplo. Escondida sob inúmeras camadas de panos durante séculos, virou objeto de protesto na década de 1960, quando as feministas queimaram sutiãs em praça pública em sinal de liberação, e ícone de sedução nos anos 1980, quando subiu aos palcos em evidência no corpo da popstar Madonna. Na década de 1990, apareceu sem pudores e chega a este novo milênio repleta de trunfos tecnológicos”. - Xico Gonçalves


D

e

M

e

t

R

A

118 indú_

stria As roupas de baixo foram durante muito tempo um assunto polêmico e delicado, segundo Freud as roupas íntimas estavam relacionadas diretamente a ideia do fetiche e sedução. Por muitas décadas as mulheres sofreram com vestimentas desconfortáveis que prejudicavam a saúde como os famosos espartilhos que serviam apenas como um padrão de beleza para agradar os homens. Com o passar do tempo a lingerie passou por uma série de transformações acompanhando as mudanças culturais e as exigências de uma nova mulher. Essas mudanças ocorreram principalmente durante o século XX. A evolução tecnológica possibilitou o surgimento de novos materiais, tornando a lingerie mais confortável e durável, duas exigências da vida moderna. A moda intima de maneira geral tem assumido uma importância cada vez maior para os consumidores, sendo cuidadosamente escolhida de acordo com suas finalidades. Assim, o setor do vestuário íntimo apresenta novas tecnologias que atendem principalmente a três propriedades: valorização estética e conforto, proteção e fácil cuidado. Desse modo, o mercado de moda íntima ganhou nos últimos anos novos enfoques e orientações com o aparecimento de modernas tecnologias de produção dos seus artigos, como: a lingerie sem costura, calcinhas contra celulite, calcinha anti-cólica, lingerie com algodão orgânico, se mostrando uma alternativa sustentável. Entre outros. Sem perder o estilo sempre se renovando juntamente com as temporadas de moda, com desfiles ousados, vide a Victoria’s Secret, e editorias super bem produzidos! A seguir vamos conferir algumas das novas tecnologias aplicadas às roupas intimas!

micro-cristais bioativos que absorvem o calor e o devolvem na forma de raios infravermelhos longos. Traduzindo, os produtos feitos com esse tecido auxiliam na circulação, aumentam a elasticidade da pele, ajudam na resistência muscular e – melhor de tudo – diminuem a celulite!

Desenvolvida pela fabricante de camisinhas Durex, a invenção permite sentir o “toque” do parceiro à distância. As peças íntimas possuem pequenos motores que ficam por entre o tecido que vibram quando a pessoa do outro lado, usando um aplicativo para o iPhone, toca na tela na região que deseja “passar a mão”. O toque é transmitido e chega ao parceiro usando a roupa íntima e que sentirá uma pequena vibração ou um leve toque.

A peça foi feita com o objetivo de modelar os seios de forma que as mulheres fiquem mais sensuais, sem marcar a roupa. Feito em silicone médico com detalhes em renda e tecido, o sutiã invisível tem uma cola especial da Alemanha, que se regenera sempre que for lavado e permite que não perca o efeito colante ao corpo. Segundo a marca, a nova peça pode ser usada até 200 vezes.

Apresentam a vantagem de serem feitas de uma matéria-prima de fácil reposição, que apresenta características antibactericida e termodinâmicas (se adaptam ao calor do corpo), além de permitir a transpiração natural.

Após casos de estupro na Índia chocarem o mundo, três estudantes de engenharia criaram um mecanismo que promete ajudar as mulheres a se protegerem caso sofram algum ataque. A invenção se trata de uma lingerie com um dispositivo que dá choque e assusta os agressores. O mecanismo possui um GPS ligado à roupa e emite mais de 80 descargas elétricas de 3.800 kV. Além disso, o aparelho também envia mensagens para contatos da vítima e à polícia comunicando os abusos.

Peça que não possui costuras ou elásticos, tudo é produzido através de ultrasom laser-edging que funde tecido, espuma e o arco do sutiã em uma única peça e dão acabamento no corte aplicando o fecho e as alças sem elástico ou costura. Produzido em Microfibra High Tech, o One-Piece-Bra não marca na roupa devido a sua superfície lisa por dentro e por fora, além de proporcionar um conforto inigualável.

“nÃO eXIStIRIA MODA


D

indú_ 119 stria e M e t R A Legenda da foto legendada com texto da legenda da foto, nome de alguma pessoa legendada

Mais do qualquer outra peça de roupa a lingerie é um dos itens indispensáveis no guardaroupa feminino, aliando conforto com sensualidade tornando as mulheres mais confiantes e seguras. As empresas do ramo estão investindo em novas tecnologias como foi explanado acima além de modelagens mais democráticas que sirvam para os mais variados tipos de corpo da mulher brasileira respeitando suas diferenças com muito bom gosto e originalidade.

SeM A MODA íntIMA” Christian Dior


D

e

M

e

t

R

A

120 indú_

stria

a trajetória da lingerie no séc. XX 1900

A partir de 1900, o espartilho começou a se tornar mais flexível. Os balés russos de Serge de Diaghliev faziam muito sucesso em Paris. E seus trajes neo-orientais inspiraram costureiros como Paul-Poiret e Madeleine Vionnet que inventaram roupas que formavam uma silhueta mais natural.

1920

Nos anos 20, as roupas íntimas eram formadas por um conjunto de cintas, saiotes, calcinhas, combinações e espartilhos mais flexíveis. E a lingerie passou a ter outras cores, além do tradicional branco.

1940

Segunda guerra mundial, as mulheres começam a confeccionar seus próprios soutiens com nylon de paraquedas e vestido de noiva antigos.

1960

Na década de 60, ocorreu a revolução feminista com queima de soutiens em praça pública, como uma maneira de protestar pela igualdade entre homens e mulheres.

1980

Lingeries viram item de sedução graças a Madonna que consagrou a exposição da lingerie, usando soutiens, corpetes e cintas-ligas como roupas, e não mais como underwear (roupa de baixo). O modelo de Jean Paul Gaultier virou sinônimo de poder para a material girl.

1914

Em 1914 o soutien foi devidamente reconhecido e patenteado nos Estados Unidos pela socialite novaiorquina Mary Phelps Jacob. Era feito com dois lenços, um pedaço de fita cor-de-rosa e um pouco de cordão. Nesse mesmo ano eclodiu a primeira guerra mundial, que levou as mulheres ao trabalho nas fabricas no lugar dos homens que partiram para o front. O trabaho faz as mulheres abolirem de vez o corselet já que precisavam de mais liberdade para se movimentarem nas fabricas.

1930

Em 1930, a Dunlop Company inventou um fio elástico muito fino, o látex. A roupa de baixo passou a ser fabricada em modelagens que respeitavam ainda mais a diversidade dos corpos femininos.

1950

o New Look do costureiro Dior, lançado em 1947, propunha a volta da elegância e dos volumes perdidos durante o período da guerra. Para acompanhar a nova silhueta proposta pelo costureiro, a lingerie precisava deixar o busto bem delineado e a cintura marcadíssima. Surgiram os sutiãs que deixavam os seios empinados e as cintas que escondiam a barriga e modelavam a cinturinha.

1970

As lingeries passam a ser feitas de lycra tornando-as mais confortáveis e adaptáveis aos mais diversos tipos físicos.

1990

A lingerie, assim como a moda, não segue apenas um único estilo. Modelagens retrô, como os caleçons, convivem com as calcinhas estilo cueca. Os sutiãs desestruturados dividem as mesmas prateleiras com os modelos de bojo. Tecidos naturais, como o algodão, são vendidos nas mesmas lojas de departamento que os modelos com tecidos tecnológicos.




fashion films films fashion vintage vintage moda modabike bike fashion show show fashion DIY DIY INDICAÇÃO INDICAÇÃO



por

yur

i V AZ

Nos últ do imo no mun s ano uni s, d v des agi ersal o da c ig a c i d n e e omo oni mat ners s i t s e s o e uas tan ta em ferram s com grafi ta a o e v mar , n í o t d imp g ort eos d a narr YouTu raças cas r e c e ânc be ati o ia e V a pre solver com uturi va par s i am enç meo e o e dit rs co a o ci . Enq a onl inves m tir ori ine uan ais o Ale nema, to p v i x r no hoj and fot tua esap e e ogr lme as se áfi r Wan nte mos sado g e cos a t r mod a p T e d a r esf om Fo rd, otagile s. ten do


tura

D

e

M

e

t

R

A

126 cul_

Cena do filme A/W 2009 de Ruth Hogben para Gareth Pugh

Quando em 2009 Tom Ford tirou do seu próprio bolso uma quantia de 7 milhões de dólares (modesta, para os padrões hollywoodianos) para investir em sua estreia como diretor em A Single Man (Direito De Amar), ele sabia que corria um grande risco, afinal, entrou de cabeça em um território pouco explorado e, praticamente, desconhecido para um fashion designer. O drama sobre o homem maduro que perde o marido em um acidente de carro e precisa lidar com a vida que continua, se assemelha a um longo ensaio fotográfico. A aposta do designer norte-americano, deu muito certo. Sucesso de crítica e bilheteria, foi precursor de um caminho extremamente interessante para o mundo da moda. O fashion film é a versão em vídeo de um ensaio fotográfico. Enquanto no cinema o diretor é aquele que possui a visão artística de sua produção, no fashion film, o designer é quem tem esse papel. Isso é algo que também o separa do simples comercial de televisão que, quase sempre, tem a mão pesada dos produtores, responsáveis pelo marketing etc. Os comerciais para o Chanel n¬¬¬�5 são um ótimo exemplo de filmes que ficam na linha tênue entre propaganda e fashion film. Com um orçamento de 42 milhões de dólares e estrelado por Nicole Kidman e Rodrigo Santoro, um desses “comerciais”, foi dirigido por, ninguém menos, que Baz Luhrmann, diretor australiano responsável por filmes como Moulin Rouge!, Romeo + Juliet, Australia e, mais recente, o remake de The Great Gatsby, além de vários curtas com temática fashionista como The Surreal Body e Naïf chic. A relação Filme vs. Moda (com a participação igualmente importante da música) na verdade não é coisa nova. Coco Chanel desenhou as roupas para o filme Sangue De Um Poeta, 1932, de seu amigo Jean Cocteau; Hubert de Givenchy é o responsável pela lendária personagem de Audrey Hepburn em Breakfast at Tiffany’s; mais a frente, Paul Schrad-

er, coloca Giorgio Armani em alta com seu filme American Gigolo, de 1980, Jean Paul Gaultier tem um impacto inegável na Nova Iorque do século 23 em The Fifth Element de Jean Luc Besson; assim como as irmãs Rodarte ajudaram Darren Aronofsky a fazer da bailarina Nina, em Black Swan, uma entidade perturbadora e, ao mesmo tempo, delicada. O primeiro marco importante, que impulsionou a transformação do Fashion Film de nicho à necessidade, foi a criação da MTV em 1981, a popularização do Music Video deu à música o exemplo que a moda precisava. O vídeo servia primariamente ao conteúdo musical, a narrativa depende da música, o diretor e seus métodos técnicos ficam em segundo plano. Além disso, artistas como Kylie Minogue, Gwen Stefani, Madonna, e muitos outros, representavam o laço amigável entre o universo da moda e da música em seus vídeos. No entanto, a moda ainda não tinha sua própria “MTV”, o meio impresso de veiculação supria a demanda, portanto não havia necessidade de explorar novas mídias. Aí que entra o segundo marco: a era digital trouxe um público diferente, que busca informação não apenas nas revistas e na televisão. A internet, com certeza, é o veículo favorito do Fashion Film. Eles estão presentes no formato de curtas, filmes de 3 a 15 minutos que podem ser lançados em canais no Youtube e acabam tendo milhões de compartilhamentos através dessa e de outras redes sociais. No ano 2000, o fotógrafo Nick Knight criou o SHOWstudio, website com o propósito de conectar ainda mais o universo da moda com a internet. Em 2003 o SHOWstudio liberou 11 fashion films inéditos de autoria do fotógrafo Guy Bourdin (1928-1991) produzidos num espaço de 30 anos. O site atribui a Bourdin o gênio de ser um dos primeiros a perceber como a moda pode ser traduzida em imagem em movimento.


cul_ 127 tura

M ET

“Le Sang D’un Poète”, de Jean Cocteau, 1930

A

“What’s in Vogue”, do fotógrafo Tim Walker,

“N.5 The Film” da Chanel, 2004

Cena do comercial J’adore da Dior, 2011

R

No fim das contas, o fashion film é uma ferramenta de marketing poderosa. Nomes como Harmony Korine (que dirigiu os curtas “Act Da Fool” e “Snowballs” para a marca Proenza Schouler) e Ruth Hogben (diretora do “A/W 2009” para o jovem estilista Gareth Pugh) foram escolhidos em nome da procura pela integridade do produto final. O mais importante para o Fashion Film é que se encontre um equilíbrio entre as visões do diretor e do estilista. O filme não é apenas uma tela onde se mostra um produto, pois o designer precisa trabalhar com a imaginação do diretor e, ao mesmo tempo, o diretor precisa evocar todas as ideias da coleção e entrar com a habilidade para transformar imagem estática em movimento. O papel do estilista é servir como fonte de inspiração. A união entre essas áreas tem se mostrado, cada vez mais promissora, uma aposta para os anos que virão.

E

É interessante notar que o Fashion Film tomou lugar do Music Video como meio preferido dos cineastas autorais. Diretores iniciantes ou recém iniciados se sentem atraídos pelo gênero graças a uma liberdade narrativa maior, que não fica presa às vontades dos músicos, além de menos problemas com o tempo. Todd Cole e Zaiba Jabbar são alguns dos diretores que iniciaram suas carreiras em music videos mas se encontraram realmente no mundo dos fashion films. As grifes encontraram nesse meio uma novidade excitante para apresentar suas coleções, ao mesmo tempo em que jovens designers, que não possuem capital para investir em grandes desfiles, se deram conta que podiam gastar muito menos e potencialmente atingir uma fatia grande do mercado através da internet.

D

Em 2005, Nick Knight convidou diversos fotógrafos de moda, designers, stylists e modelos para a produção de um vídeo de 30 segundos utilizando peças da coleção Outono/Inverno das coleções daquele ano. O propósito desse projeto, chamado de “Moving Fashion”, foi provar e reforçar a ideia de que a moda é melhor vista em movimento, e que o filme dá vida à moda de forma que uma revista nunca seria capaz de dar. O vídeo “What’s In Vogue”, de Tim Walker, faz literalmente isso.


D

E

M

ET

R

A

128 cul_

tura 1. “T by Alexander Wang + Azealia Banks” Ano: 2012 Duração: 0’54’’ Um filme de: Daniel Jackson filme feito para a coleção de outono de 2012 para Alexander Wang, com a participação da rapper Azealia Banks. Ótimo exemplo da presença ubíqua e essencial da música no fashion film. Link: www.youtube.com/ watch?v=vlhPf--Fgp4

3. “Electric Jungle” - Kenzo Ano: 2013 Duração: 0’55’’ Um filme de: Mat Maitland Um mundo caótico formado por colagens de estampas de peças da Primavera/ Verão da Kenzo, mais uma trilha sonora de electro pop transmitem em menos de 1 minuto a eletricidade selvagem da coleção. Link: www.youtube.com/ watch?v=vg4XjG_peXA

4. “Secret Garden Versailles” - Dior Ano: 2012 Duração: 3’36’’ Um filme de: Inez van Lamsweerde e Vinoodh Matadin Situado no palácio de Versailles, o cenário incomparável, a beleza impossível das modelos, as roupas impecavelmente produzidas e a música ideal (“Enjoy The Silence”, obra prima de 1990 da banda Depeche Mode no album “Violator”) confluem para produzir o mais excitante dos fashion films dos anos 10 do século XXI. Link: www.youtube.com/ watch?v=V6hKNZ4wX0o


t R A

Ano: 2011 Duração: 1’30’’ Um filme de: Jean-Jacques Annaud Estrelando Charlize Theron, no Galerie Des Glaces (Salão De Espelhos) do palácio de Versailles, homenageia atrizes de beleza e sensualidade lendárias. Marlene Dietrich, Grace Kelly e Marilyn Monroe são trazidas de volta à vida para o camarim onde Charlize se prepara para um desfile assistido por cerca de 200 figurantes, todos vestidos pela marca. Link: www.youtube.com/ watch?v=mXrWiJcmvBI

e

5. “Dior J’adore” Dior

M

5 fashion fashion films films essenciais essenciais

e

Ano: 2013 Duração: 1’16’’ Um filme de: Steven Meisel Criticando o mundo da moda com seus comerciais chatos, conta com a participação inesperada por Skype do designer israelense Alber Elbaz. Link: www.youtube.com/ watch?v=uX3EemfsKds

D

2. “Lanvin Summer / Ete 2013”

cul_ 129 tura


V V D

e

M

e

t

R

A

130 cul_

tura


D e M e t R A

V

cul_ 131 tura

por junie torres

Classe e elegância misturadas a um ar sedutor e ingênuo, assim é o Vintage. Uma recuperação do estilo de décadas passadas não só através de roupas e acessórios, mas também através da arquitetura, decoração, arte, cultura e design. Essa tendência surgiu por volta da década de 60 quando a moda se torna cada vez mais ligada ao comportamento. Por curiosidade é bom saber que já na década de 40, com boa parte do mundo em guerra e atingido pelo racionamento, as mulheres reformavam ou readaptavam suas roupas por necessidade. A recuperação do estilo que vai da década de 20 à década de 60 é o que costuma ser considerado Vintage. Atualmente, também inclui-se as décadas de 70 e 80, embora alguns estudiosos discordem, já que, na década de 80, o estilo retrógrado na Europa era algo comum. Para ser considerada Vintage, uma peça deve ter mais de duas décadas, estar em bom estado de conservação e expressar suas características representando assim um instante da história da moda. Por tais requisitos, uma peça Vintage se diferencia de um artigo retrô (algo novo que remete à moda antiga), de uma simples peça de segunda mão até mesmo de uma antiguidade. Isso justifica o seu valor comercial muitas vezes elevado.

É algo interessante perceber como hoje o estilo é digno de reconhecimento, inclusive no vestuário, porém em pouquíssimos casos os usuários sabem a origem da peça, do estilo, do designer que a criou, a década da qual fez parte e a própria história do artefato. Ao longo desta última década as pessoas continuaram a curtir o estilo, apreciando novas características e dando mais valor, não ao tempo da peça, mas sim ao efeito que ela causa quando compõe o look. Desse modo, não é comum que ao adquirir uma saia com ar vintage, com drapeados que realçam a cintura e outras formas femininas, quem a adquiriu procure a história da peça. É mais prático combinar a saia com outras peças do guarda-roupas, encontrar a composição ideal, fotografar e postar o look do dia no Instagram. Diante dessa realidade, imagine como seria desfilar nas ruas da cidade ou no shopping com seus amigos usando em seu look uma peça de Pauline Trigere. Você já ouviu falar sobre ela?


tura

“SÓ NÃO É VINTAGE QUEM NÃO QUER.”

D

e

M

e

t

R

A

110 cul_

Sua carreira como designer de moda se iniciou em New York onde criou sua primeira coleção com 12 modelos, em 1942, e em 45 produziu sua própria coleção de roupa e jóias, ganhando o prêmio COTY, que promove e celebra a moda americana, um dos mais importantes prêmios da moda. Trigere fez parte do Departamento de Figurinos e Guarda-Roupa de um ícone da década de 60, o filme Bonequinha de Luxo, e atualmente seus vestidos e joias vintage tem tido grande procura e marcado presença no corpo da atriz Winona Rider. Outra designer que marcou a história chama-se Ceil Chapman, a dita designer favorita de Marylin Monroe, ela também criou vestidos do gosto de Grace Kelly e projetou o enxoval de Elizabeth Taylor em seu casamento com Corad Hilton em 1950. Em seus trabalhos estão presentes os drapeados e as camadas


D

cul_ 111 tura

E M ET R A

as e feminin s a m r as fo . alçam que re cesso até hoje críveis u in s ão os oé fazem quem s ou não, o fat -se o d n e b e Sa tag ontra ers vin almente enc sceu n ig s e d u re stilo at rnet, c que o e o. Com a inte rocura ad ós, p valoriz e brech xposição d o r e o núm e peças. A e riza a d e troca ação que valo usa, seguiu in m de e comb dade de que s, sites g lo li b a n e entr perso ntos o ritmo m, e ta o mesm rios, Instagra s empresas A iá looks d eios virtuais. e ao longo a m d s n o a m ara outr m a de epassaram p s, a r e v r o r to a u abs d d a ão, pro ma déc da últi o de decoraç te. Não ar ad o merc ra, música e as estão u t od arquite ual a área, t as de q a is form stilo e a m import e mais sse e criando r a explorar e hoje em dia, a o, er. continu e desse mod não qu , a m c e ti u é q t es ge é Vinta só não


D

e

M

e

t

R

A

134 cul_

tura


D

cul_ 135 tura e M e t R A

por maria ALInne ...Corpo ao vento, pensamentos solto pelo ar, para isso acontecer basta você me pedalar. Faz pouco tempo, entrei na moda. Sou sua amiga bicicleta...

Divulgação

A bicicleta


tura

e

t

R

A

136 cul_

D

e

M

Basta ouvir esta música do compositor Toquinho para perceber que a ideia de tornar a bicicleta mais presente nas ruas saiu da letra e invadiu as grandes cidades e a vida de muita gente. Pois é cada vez mais comum ver pessoas adotando a bike como meio de transporte e lazer, deixando o carro e o coletivo para entrar na onda do cycle chic. Esse movimento começou em Copenhague, na Dinamarca, em 2006, espalhou-se por outras cidades da Europa e agora começa a crescer em cidades brasileiras. E para entrar no clima é só subir em uma bicicleta e espalhar o seu estilo por aí.

unCLe k R$299

Não foi só a bicicleta que entrou na moda, mas andar com estilo e conforto é algo que acontece, deixando de lado a ideia de que, para pedalar, é preciso usar roupa e bolsa esportiva. Têm muitas pessoas com estilo pelas ruas que mostra que dá sim, para aliar a “magrela” com moda em belas produções. ‘Não existe mais aquela ideia de roupa perfeita para uma volta de bike, existe roupa que nos deixa a vontade para uma perfeita pedalada. ’ Diz Thâmara Almeida, uma adepta do uso da bicicleta em nossa cidade. Que completou dizendo que pedalar hoje em Recife está mais fácil pela presença de bicicletas para aluguéis. “Mesmo sendo ainda de forma bastante tímida, Recife está proporcionando estações de aluguel e isso é muito bom para quem pensa em compra uma magrela, mas ainda tem dúvida, ou quer ir a algum lugar usando um transporte diferente de ônibus ou carro”. Ela se referiu ao projeto da prefeitura que instalou plataformas onde as bicicletas ficaram em pontos espalhados pela cidade, para que as pessoas possam alugar. Este projeto foi bem recebido pela população, já que é uma maneira diferente de conseguir se locomover com facilidade. Mas não deixou de acrescentar, que a nossa prefeitura ainda precisa dar mais atenção às ciclovias e a um programa de educação para os motoristas de carro e para os próprios ciclistas.

BAggu $38

ACeSSORIZe $68


D

cul_ 137 tura e M e t

IMAgInARIuM R$ 189

R A

ACeSSORIZe £35

E com a bicicleta pronta agora é só escolher a bolsa, problema na hora de decidir qual usar? Então, para quem entrou no clima das pedaladas e quer ficar bonito na hora de combinar a mochila com o figurino, vão aqui umas opções. Independente da hora e do clima, as mochilas caem bem com vários estilos. Práticas, fofas e versáteis, as mochilas ganharam destaque como acessórios de estilo e são encontradas em diversos modelos pra agradar as meninas mais exigentes, básicas, românticas e antenadas. Têm mochilas vintages, que são perfeitas para looks modernos e românticos. Para aquelas que curtem um modelo mais atual, use e abuse dos spikes. Para quem gosta de cores, as opções são enormes desde rosa mais clarinho até o neon. E para se divertir com as combinações, tem as mochilas com estampas de animal, prints e étnicas que estão com tudo. “Quando estava na faculdade eu sempre fui pedalando, e usar mochila era essencial, pois eu ficava mais livre e deixava uma roupa a mais na mochila para colocar por cima da camiseta quando chegasse à aula”, diz a artista plástica Thâmara Almeida que ainda usa a bicicleta como um plano B para ir ao trabalho na Caixa Cultural. Sabemos que muitas tendências saem das passarelas, mas a verdadeira moda bike é feita pelo jeito que cada pessoa usa e mistura peças com estampas. Fizemos, então, uma seleção de mochilas bem legais que encontramos e que vão deixar o visual super urbano e prático. Escolha a sua e pedale com liberdade!

RenneR R$89,90

JuLIA ARnOLD BeLLe R$299


D

e

M

e

t

R

A

138 cul_

tura


D

cul_ 139 tura e M e t R A

por heitor SILVA A influência dos principais ícones da música sobre a moda e os jovens através das décadas.

Com o início da quebra de valores tradicionais, a chegada do rock and roll e a criação dos primeiros vídeos clipes na década de 1950, a moda e a indústria fonográfica vem mantendo uma interação e uma influência no estilo de vida, principalmente, dos jovens. Isso se deu através dos movimentos de contracultura, onde a música foi usada como forma de protesto e a moda tornou-se uma forma de identificação de grupo e expressão de valores. Os ícones musicais foram - e ainda são - importantes nesse processo, pois são tidos como formadores de opinião e é com eles que os jovens identificam-se. Desde essa fusão entre moda e música, muitos foram os ídolos que ditaram estilos. Elvis Presley, o Rei do Rock, já na década de 1950, destacou-se como músico e ator, sendo imortalizado com suas roupas cheias de adereços, suas calças boca-de-sino, camisas de gola alta e acessórios chamativos: como anéis, colares e cintos largos. Mas, antes disso, no seu início de carreira, Elvis costumava usar um look composto por camiseta, jaqueta de couro e calça jeans. Esse estilo foi seguido por muitos outros artistas e ditou a moda dos jovens da década de 1960. Outra característica marcante do cantor era seu topete, que, até hoje, serve de inspiração para alguns artistas da música atual.


D

e

M

e

t

R

A

140 cul_

tura Logo em seguida, na década de1960, é a vez dos quatro jovens de Liverpool, The Beatles. No começo, George Harrison, John Lennon, Paul McCartney e Ringo Starr quiseram adotar um estilo mais rebelde, como Elvis Presley, mas acabaram aceitando a proposta do empresário Brian Epsteim, optando por ternos justos e gravatas. Seus cortes de cabelo, volumosos e de franjinhas, influenciaram vários adolescentes a irem ao cabeleireiro e aderirem ao estilo. Durante o longo da carreira, a banda optou por outros estilos, como uniformes militares coloridos, hippies, e trajes psicodélicos. No Brasil, no fim dos anos 1960 para o começo de 1970, começa um movimento de contracultura, a tropicália. A banda Os Mutantes e cantores como Caetano Veloso, Gilberto Gil etc., influenciaram a moda e o estilo de vida dos jovens. Suas roupas eram confortáveis, coloridas, com diversas estampas e acessórios de materiais naturais, semelhante ao movimento hippie.


D

cul_ 141 tura e M R A

E se a rainha do pop estava ditando moda, o rei do pop, Michael Jackson, não ficou de fora. Além de suas músicas e jeito de dançar, ele também conquistou o mundo com seus looks. Entre muitos de seus estilos, o mais marcante eram seus smokings, chapéus, luvas e sapatos.

t

Na década de 1980, quem chega para ditar estilo é a cantora Madonna, também conhecida como a rainha do Pop. Ela teve bastante influência no universo da moda e lançou muitas tendências. No início dos anos 1980, aderiu a um estilo mais rebelde, com cabelo volumoso, saias curtas, meias-calças rasgadas, luvas etc. Em 1990, fez sucesso com o corpete de bojo cônico. A peça serviu de inspiração para festas à fantasia. Também influenciou muitas garotas com o estilo chamado boyish, que consiste em usar peças de roupa masculina, entre muitos outros estilos lançados pela diva.

e

É David Bowie quem vai marcar a década de 1970. Conhecido como o Camaleão do Rock, por sua constante mudança de estilo, sua androginia, seus figurinos, criados por ele mesmo, e as cores exóticas em seu cabelo. Influenciou a moda psicodélica e instituiu o estilo glan rock: roupa com brilho, sapatos altos e maquiagem marcada.


tura

D

e

M

e

t

R

A

142 cul_

Nos anos 1990, era comum ver jovens com uma pegada grunge: calças jeans rasgadas, largas e peças de roupa xadrez; o cabelo geralmente comprido e bagunçado. Esse estilo teve influência de bandas como Nirvana, Guns’n’ Roses, Alice in Chains etc. Já o Pop estava muito bem representado pelas Spice Girls, com roupas coloridas, ligadas ao corpo e, as vezes, com barriga de fora. Atualmente há vários ícones que se destacam, tanto na música quanto na moda – em alguns casos muito mais pelo estilo que pelas canções – alguns chegam a ser donos de linha de roupas. Em 2001, surge Katy Perry, cantora de música pop e dance, que adotou um estilo retrô, com looks sexy, divertidos, coloridos, com acessórios em formato de boca ou coração. Katy usa roupas bem femininas, muitas vezes com estampas de bolinhas ou doces, assim como faz muito uso de perucas coloridas. Ela é considerada por revistas teens uma grande influenciadora da moda para garotas. Em 2008, o mundo conhece uma das maiores inspiradoras da moda conceitual da atualidade: Lady Gaga. Com seus looks bizarros, sempre consegue surpreender e provocar. Já nos deparamos com vestido de bolha, de pelúcia e até de carne. Além das roupas, influencia ainda com seus cabelos coloridos e maquiagens marcantes. No mesmo ano, destaca-se também a rapper Nicki Minaj, que chama bastante atenção com seu visual louco e colorido. Ás vezes é comparada com a cantora Lady Gaga, já que ambas usam roupas conceituais e bizarras, além das perucas coloridas. Nicki recebe destaque tanto pelo estilo quanto por sua música.


D

cul_ 143 tura e R A

Nesse movimento, fica fácil perceber o quanto é intensa a interação entre a música e a moda, ficando difícil separá-las. Se, por um lado, os fãs seguem o estilo de seus ídolos, por outro, o artista, busca, na moda, suporte para colocá-lo em destaque para seu público.

t

Para encerrar, em 2010 a boyband One Direction chega com um estilo cool, com looks que já foram bastante copiados. No geral, as roupas e acessórios do grupo são compostos por: colete, suspensório, blazer, gravata borboleta, calça skinning colorida, sneakers e t-shirts básicas. Tiveram tanta influência na moda que já foram até convidados a apresentarem-se em desfile.

e

Justin Bieber chega em 2009, influenciando o estilo dos garotos. Era marca do jovem cantor o cabelo com franja cobrindo a testa, corte adotado por diversos rapazes. Sneakers coloridos, coletes, jaquetas e blazers, jeans, correntes e boné cap foram tendências seguidas por seus fãs.

M

No Brasil, a banda em destaque foi a teen pop Restart. O grupo foi uma febre entre os adolescentes que começaram a seguir seu estilo: camiseta, calça skinning, basqueteira, óculos Ray Ban, tudo muito colorido, com cores sempre fortes e alegres.


D

e

M

e

t

R

A

144 cul_

tura


D

cul_ 145 tura e M e t R A

por pollyana nAVARRO e renata MOttA Saiba como criar um look feito totalmente por você!

Alguma vez você teve que se desfazer de um short do qual gostava muito só porque já tinha usado demais? A prática do DIY, uma abreviação de “Do It Your Self” que significa “faça você mesmo”, pode ser facilmente encontrada nos blogs de moda mais acessados da internet. O DIY surgiu no fim da década de 1970 e foi inicialmente associado ao anarquismo e práticas do movimento punk, de forma a rejeitar a ideia do capitalismo e consumismo. A técnica também está intimamente ligada à questão da sustentabilidade, já que as pessoas reutilizam ao invés de comprar novos artefatos. No mundo da moda, o “faça você mesmo” é geralmente ensinado a partir de fotografias, ilustrações ou vídeos, são passo-a-passos simples que não requerem muita habilidade e uso de materiais complexos. Para provar que você também pode criar um look totalmente DIY, trouxemos quatro exemplos utilizando materiais simples que você tem em casa:


tura

D

e

M

e

t

R

A

146 cul_

VOCÊ VAI PRECISAR DE:

ACeSSóRIO Tecido Arame Alicate Linha que combine com a cor do tecido escolhida Agulha

BLuSA SHORt tÊnIS Tinta de tecido Pincel fino Camisa básica Pedaço de papelão (pode ser de uma caixa de cereal, por exemplo) Tesoura Caneta Ferro de passar roupa Calça

Tesoura Agulha Água sanitária Luvas Esponja Gilete

Tênis branco Corante em pó (cor à sua escolha) Vaselina Fermento em pó Escova de dentes velha


D

cul_ 147 tura e M e t

extremidades do arame, tendo a certeza de achatar o

Costure uma linha reta para da borda) na parte superior.

Dobre o tecido longitudinalmente, o lado avesso do mesmo.

Vire o tecido do avesso e dobre um dos cantos de um

e repita o passo 5 com a outra extremidade do pano.

Envolva a faixa na sua cabeĂ a passando uma extremidade por cima da outra e torĂ a com

A

Corte o arame num tamanho de 40cm (o mesmo tamanho do tecido).

R

Corte o tecido de acordo com o template mostrado.


tura

D

e

M

e

t

R

A

148 cul_

Com a caneta, faÁa o desenho de um cervo no pedaÁo de papel„o. recorte com cuidado a parte interior do desenho para formar um stencil.

Disponha a camisa em cima de um local plano.

uma agulha, dependendo do seu gosto, vocÍ pode dei ar egue uma calÁa velha e com o au lio datesoura corte as pernas da mesma. e quiser, pode dei ar o forro dos olsos mostra.

menos.


D

cul_ 149 tura e M e t R A

Coloque o papel„o cortado por cima da camisa e pinte a parte vazada, repita o procedimento atÈ vocÍ achar que est· le gal.

Com a parte ·spe ra da esponja, passe um pouco de ·gua sani t·ria em algumas partes do short, n„o se esquecendo de usar as luvas

do outro lado, mas antes n„o se esqueÁa de limp·-lo com um pedaÁo de pano.

Espere secar por algumas horas e depois passe o ferro quente por cima de cada cervo. Isso ir· ajudar na

ara fazer os rasgos pegue a gilete e faÁa cortes pequevocÍ deseja.


tura

D

e

M

e

t

R

A

150 cul_

Misture o corante com ·gua quente, de acordo com as instruÁıes do pa cote.

epita o passo anterior, mergu ando cada e menos do t nis, para criar um degrad .


D

cul_ 151 tura e M e t R A

om um pano mido, es regue sua e mente so re a pintura, orrando as · reas mais marcadas para criar uma transiÁ o sua e do c aro ao escuro. Mergu e o pano em um copo com um pouco da mistura mais di u da, se necess·rio.

o oque os cadarÁos e est· pronto para usar


tura

D

e

M

e

t

R

A

152 cul_

More than Trends


D

cul_ 153 tura e M e t R A por débora POnteS

A moda se trata de um assunto multidisciplinar, que transita entre diversas áreas de conhecimento, como a história, a sociologia, a arte ou o marketing, e atua muitas vezes como o ponto de ligação entre essas áreas. Com tantas fontes de informações veiculando o assunto, como sites, blogs e revistas especializadas, os livros ainda se mantém objetos de grande apreço, portando pontos de vista de especialistas em moda e em temas relacionados. Viajar nesse mundo significa ampliar a visão, enxergar referências e criar, repleto de conteúdo, a sua própria linguagem. A seguir, algumas indicações de literatura de moda para quem queira conhecer, entender, ou se manter atualizado sobre esse universo tão amplo.


tura

Coolhunters: caçadores de tendências na moda Com uma linguagem acessível e uma infinidade de imagens ilustrativas, a autora Marta Domínguez Riezu realiza uma busca sobre o “cool” e suas implicações na sociedade ocidental. O que define quais as tendências se disseminarão? Onde elas podem ser encontradas? Qual deve ser a meta e modus operandi de profissionais que enveredam por essa vertente da pesquisa voltada para a moda? Buscando referências na moda, na fotografia, na arquitetura, decoração e no design o livro faz uma análise sobre as principais fontes de tendências na sociedade, nas ruas e no mundo virtual, enquanto discute sobre a importância de se pesquisar essas informações e o valor que elas têm para as organizações e empresas, e principalmente para o consumidor. Autora: Marta Domínguz Riezu Editora: Senac São Paulo 1ª Edição – 2011 122 páginas Fotos: Divulgação

D

e

M

e

t

R

A

154 cul_

Sociologia da moda A partir de uma abordagem de cunho sociológico, o autor alicerça nos estudos de diversos dos principais teóricos da antropologia, sociologia, comunicação, cultura e moda para fazer um apanhado sobre o comportamento de moda nas sociedades. Esclarecendo principalmente questões como a difusão de moda e disseminação das tendências, o papel dos estilistas nas cultura organizacional da alta-costura e do prêt-à-porter, o papel das marcas e a formação de um poderoso conglomerado de empresas que se tornaram impérios, somos apresentados a uma moda que não se limita às roupas, aos acessórios ou aos artigos de moda em geral. O livro faz perceber o quanto a moda ultrapassa o valor material dos objetos e se entrelaça à própria estrutura organizacional da sociedade. Autor: Frédéric Godart Editora: Senac São Paulo 1ª Edição – 2010 160 páginas

Coolhunters


e M

Fotos: Divulgação

D

cul_ 155 tura

e t R A Ensaios sobre Moda, Arte e Globalização Cultural A também socióloga Diana Crane, responsável por outras obras importantes para o estudo da moda, como o livro “A moda e seu papel social”, traz uma nova abordagem para se compreender a moda como cultura a partir da comparação com os valores que definem o mercado da Arte. Ela faz um contraponto sobre o posicionamento da moda no limiar entre a produção cultural e artística e a sua relação com a indústria e os consumidores, baseando-se nas transformações que ela sofreu entre a criação no mercado de luxo e a produção industrial voltada para o mercado. Nesse estudo também são apresentadas noções como a autonomia criativa do estilista, a partir do momento em que este também pode ser comparado a um artista. Autora: Diana Crane Editora: Senac São Paulo 1ª Edição – 2011 270 páginas

More than Trends Apesar do nome em inglês, essa é uma publicação nacional. Idealizado pelo grupo Catarina Coletivo Criativo, sediado em Santa Catarina, e responsável também pela veiculação da revista Catarina, o livro reúne observações sobre a pesquisa voltada para o comportamento e o consumo. O grupo de pesquisadores que desenvolveu o livro, conta com publicitários, designers, jornalistas, estilistas e produtores de moda, que a partir de uma abordagem multidisciplinar, apresentam ao leitor a importância de se detectar (e como fazê-lo) as informações que são posteriormente direcionadas para a indústria de moda. O livro só pode ser adquirido no site da própria editora. http://www.catarinacoletivocriativo.com. br/ Autores: Catarina Coletivo Criativo Editora: Catarina 1ª Edição: 2011 200 páginas


D

E

M

E

T

R

A

00 cha_

peu


00 D

cha_ peu

E M E T R A

editorial editorial do do caos caos



por tomaz ALenCAR É sobrepor conceitos, é sobre expor sua posição. É exposição. É mostrar quem você é ou, ainda mais, quem você gostaria de ser. Ser verdadeiro, ser verdade. É controlar o seu destino. É fugir da mentira que é o controle. Se contradizer. É dizer mais o que pensa, viver mais o que sente. Live fast die young como se fosse imortal. É ter seu carpe diem durante o happy hour. É o tempo que não passa no escritório, é o tempo que corre na sua timeline. É gritar entrando no trânsito às seis da noite e gritar saindo da festa às seis da manhã. É existir nos dias úteis e viver no fim de semana. É viver nos dias inúteis. É ter visão, é não ver televisão. É querer saber de tudo, é não saber de nada. É usar qualquer coisa como que planejada. É não vestir nada, é vestir sua própria pele. É ser antes o que derrama o leite a quem chora por ele. É inconsequência calculada, a consciência encabulada. É dor, mas é cor, é gasto, mas é gosto. É caro. Claro. Um remix de imagens, uma colagem de sons. Um glitch perfeitamente imperfeito. É uma projeção de realidades, uma concretagem de vontades. É o sonho nosso de cada dia que nos dai hoje. É o pó de estrelas que vira tudo, é o todo que vira pó. É a borboleta que se desdobra em furacão, a ideia em palavra, o verbo dito em feito. É pau, é pedra, mas está longe de ser o fim do caminho. É não parar. É não ter pausa, é não ter parágrafo, é não ter lógica e ainda assim fazer todo o sentido. É o caos.


D

E

M

ET

R

A

160 edi_

torial


D

edi_ 161 torial E M ET R A


D

e

M

e

t

R

A

162 edi_

torial


D

edi_ 163 torial E M ET R A


D

E

M

ET

R

A

164 edi_

torial


D

edi_ 165 torial E M ET R A


D

E

M

ET

R

A

166 edi_

torial


D

edi_ 167 torial E M ET R A




D

E

M

ET

R

A

170 edi_

torial


D

edi_ 171 torial E M ET R A


D

e

M

e

t

R

A

172 edi_

torial



D

e

M

e

t

R

A

174 edi_

torial


D

edi_ 175 torial E M ET R A




D

E

M

ET

R

A

178 edi_

torial


D

edi_ 179 torial E M ET R A


D

E

M

ET

R

A

180 edi_

torial


D

edi_ 181 torial E M ET R A


D

E

M

ET

R

A

182 edi_

torial


D

edi_ 183 torial E M ET R A


D

E

M

ET

R

A

184 edi_

torial


D

edi_ 185 torial E M ET R A




D

E

M

ET

R

A

188 edi_

torial


D

edi_ 189 torial E M ET R A


D

E

M

ET

R

A

190 edi_

torial


D

edi_ 191 torial E M ET R A


D

E

M

ET

R

A

192 edi_

torial


D

edi_ 193 torial E M ET R A




capa 4


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.