Para entreter e facilitar texto juliana godoy
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FENEARTE 2012
De olho no conforto das milhares de pessoas que devem visitar o Centro de Convenções, a 13ª edição da Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte) contará com uma série de serviços de utilidade e entretenimento. A grande novidade é a mudança no estacionamento próximo ao Pavilhão de Eventos. Diferente de outras edições, este ano, o visitante entrará pela via local da Avenida Agamenon Magalhães. Já os caixas eletrônicos (Banco do Brasil, Caixa Econômica, Bradesco e Banco 24 horas) permanecem no mezanino, junto com oficinas gratuitas de artesanato. “Quem for para a Fenearte terá um nível de atendimento muito bom. Com acessibilidade, saídas facilitadas e maior
conforto para visitação”, garante Roberto Lessa, coordenador da 13ª edição da feira. Para não ter erro, confira a seguir os principais serviços que estarão sendo oferecidos nos dez dias de evento.
MUDANÇA Os que optarem estacionar no Centro de Convenções ou em uma das 500 vagas disponíveis da Fábrica Tacaruna é preciso atenção. Para evitar os congestionamentos no entorno, este ano a entrada de carros será feita pela via local da Avenida Agamenon Magalhães e a saída pela Avenida Professor Andrade Bezerra (continuação da Estrada de Belém). O inverso de anos anteriores. Também foram instaladas cancelas automáticas para deixar o serviço mais rápido e evitar fluxos intensos.
s e r v i ç o FUNCIONAMENTO 6 a 15 de julho Das 14h às 22 h *Horário ampliado nos dias 8, 13, 14 e 15: das 10h às 22h VENDA DE INGRESSOS Shopping Tacaruna e bilheterias do Centro de Convenções
p r e ç o s SEGUNDA A SEXTA R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia) SÁBADOS E DOMINGOS R$ 8 (inteira) e R$ 4 (meia)
PAGAMENTO Atenção também na hora de pagar o estacionamento. Haverá quiosques disponíveis ao longo da feira apenas para este fim. Na praça de alimentação, na área externa, estarão disponíveis 16 caixas, enquanto outros quatro ficarão distribuídos nos setores A e C da Fenearte. O pagamento este ano também poderá ser feito com cartão de débito, mas apenas com os de bandeira Visa.
EXPEDIENTE DIRETOR DE REDAÇÃO Ivanildo Sampaio (sampaio@jc.com.br) DIRETOR-ADJUNTO Laurindo Ferreira (laurindo@jc.com.br) EDITORA-EXECUTIVA Maria Luiza Borges (marialuizaborges@jc.com.br) DIRETORA COMERCIAL Roseane Gonçalves (roseane@jc.com.br) EDITORAS Cláudia Santos (csilva@jc.com.br) e Moema Luna (mluna@jc.com.br) REPORTAGEM Juliana Godoy (jgodoy@jc.com.br) e Rafael Dantas (rdantas@jc.com.br) Cláudia Santos e Moema Luna DIAGRAMAÇÃO Isadora Melo e Tomaz Alencar FOTOGRAFIA Michele Souza FOTO DA CAPA Júlia Carlos TRATAMENTO DE IMAGEM Alexandre Lopes, Claudio Coutinho e Jair Teixeira
OFICINAS Além de ver, os visitantes também poderão fazer seu próprio artesanato nas oficinas gratuitas que serão oferecidas durante a feira. Serão ensinadas várias técnicas de artesanato tradicionais e o resgate de trabalhos manuais. O público poderá conferir os processos de criação de brinquedos populares, mamulengo aliado a literatura de cordel, papel colê e cestaria. Também haverá duas oficinas com material reciclado: uma de costura com sobras de tecido para fazer bichos de pano e outra de instrumentos musicais feitos com garrafas PET, baldes e arames. Também no mezanino, haverá oficina com linhas e bordados.
SAÍDAS Este ano, assim como no ano passado, as pessoas poderão sair e voltar para a feira sem precisar pagar um novo ingresso. Mas isso só poderá ser feito pelos portões B e E. Para os que preferirem ir embora antes do final, os demais portões estarão abertos para saída.
DESCANSO
CATÁLOGO
Ao longo de todo pavilhão haverá oito praças de descanso para quem quer dar um pit stop nas compras. Com opções de alimentação rápida e alguns banquinhos, os lugares contam com decoração inspirada nas composições de Luiz Gonzaga. A ambientação dos espaços foi feita por alunos de cursos de arquitetura do Recife e jovens profissionais do segmento.
Quem quiser saber tudo sobre os expositores poderá adquirir no balcão de informações, a preço de custo, o catálogo da 13ª Fenearte. A publicação traz um breve perfil dos 40 mestres-artesãos que estarão expondo seus artesanatos e ainda os contatos de todos os participantes da feira.
ALIMENTAÇÃO Além da Praça de Alimentação, com mais de 2 mil m² e que contará com dez restaurantes, ao longo da Fenearte estarão dispostos estandes de alimentação artesanal, quiosques de alimentação rápida com carrinhos de pipoca, algodão doce e sorvete. Os visitantes também contarão com uma creperia, uma cafeteria, um bar e restaurante no mezanino.
RÁDIO FENEARTE Repetindo o sucesso do ano passado, a Rádio Fenearte, traz os sucessos da música regional, entrevistas, serviços e informações sobre a programação artística e cultural para os visitantes do pavilhão.
MEIO AMBIENTE O Programa Chapéu de Palha novamente se faz presente com a distribuição gratuita de mais de 20 mil mudas de espécies da Mata Atlântica aos visitantes.
ACESSIBILIDADE Para o maior conforto dos visitantes, a Fenearte, contará com rampas e corredores largos, além de disponibilizar cadeiras de roda e mapas do evento em braile para deficientes visuais.
Para quem vai para a feira, o mais indicado é apostar no transporte público ou em táxis para evitar os engarrafamentos. Mas para quem não abre mão de ir de carro, a dica é estacionar no Shopping Tacaruna. A partir de lá, das 14h às 22h, sairá vans gratuitas com destino ao Pavilhão.
Já sabe para onde que ir? A feira preparou um esquema de sinalização para que ninguém se perca dentro do pavilhão. Carpetes coloridos e sanfonas gigantes estarão espalhados com os números de cada rua. Além disso, três mapas interativos, com ação de toque, estarão disponíveis para que os visitantes localizem os expositores pelo nome, número do estande ou ainda pelo nome fantasia. Ainda será possível consultar toda programação.
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COMO CHEGAR
BARRO
SINALIZAÇÃO
Barro molda
a vida
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FENEARTE 2012
texto rafael dantas
A partir das representações do cotidiano rural , feitas de barro, Pernambuco começou a ser reconhecido pelo mundo. A semente do reconhecimento que envolve hoje os artesãos da Fenearte nasceu no final dos anos 40, quando pelas mãos de um colecionador da família Rodrigues os bonecos de Vitalino deixaram a Feira de Caruaru – consagrada pela música de Luiz Gonzaga – e seguiram para o Rio de Janeiro. A inspiração que até hoje dá vida aos personagens do folclore nordestino, as carrancas e as inúmeras representações animais, começavam a ganhar musculatura e um status global. O Rei do Baião cantava que entre as coisas que tem para vender na feira de Caruaru estão os “Bunecos de Vitalino,
Que são cunhecidos inté no Sul.” Hoje é justamente o legado do mestre caruaruense da cerâmica que está o artesanato que mais se aproxima dos personagens e cenários cantados pelo Velho Lua. “A produção do Alto do Moura é a que mais contempla os temas cantados por Luiz Gonzaga. Vitalino estava bem enquadrado nessa linguagem, que trata de temas regionais, do cotidiano do sertanejo. O sofrimento dos retirantes, os seus hábitos e costumes, são representados principalmente na primeira fase da sua arte”, apontou a professora do Departamento de Teoria da Arte da UFPE, Suely Cisneiros, que é mestre em arqueologia e especialista em cerâmica popular. Neto do Mestre Vitalino, Emanoel Vitalino
será um dos membros da família que segue a tradição do artesanato e que estará na Fenearte. Além de peças tradicionais do repertório do Alto do Moura, como as bonecas apelidadas por eles de Nêga Maluca e a retratação das cenas do cotidiano, algumas novidades serão apresentadas na feira. “Em homenagem ao centenário de Luiz Gonzaga, traremos pelo menos 250 réplicas dele para a feira”, adiantou. Ao todo, o estande da família trará ao Recife cerca de duas mil peças. Tão conhecido como Caruaru, mas com características bem distintas, outro polo do artesanato em barro pernambucano é Tracunhaém. No pequeno município, com pouco mais de 13 mil habitan-
A produção do Alto do Moura é a que mais se aproxima da temática de Luiz Gonzaga
tes, estão concentrados alguns representantes da ala dos mestres, como Zezinho e as famílias de Nuca e Maria Amélia. “A produção de Tracunhaém é conhecida pela arte santeira, monocromática. Quem fugiu um pouco dessa linha foi o mestre Nuca com os seus famosos leões”, diz o colecionador Gustavo Freire, que aponta o artesanato pernambucano como um dos três mais ricos do País.
A procura pelas peças da família Nuca, por exemplo, faz com que a família passe parte do ano negando encomendas para poder preparar os famosos leões para a Fenearte. Nos fundos da casa simples está o ateliê, onde o barro ganha forma nas mãos dos artesãos e vida no rústico forno. “A peça mais procurada é o leão com o cabelo cacheado. Neste ano, estamos investindo nos cabelos lisos, que foram
os primeiros modelos criados por meu pai”, disse Marcos de Nuca. Os cabelos dos leões, aliás, têm cinco variedades. Além do cacheado e liso, existem dois modelos trançados e um escamado. Outro animais fazem parte do repertório da família, como peixes, galinhas e girafas. Alguns só encontrados em Tracunhaém. Longe dos dois principais polos, as produções do barro se ramificam ainda em cidades sertanejas, como Petrolina, onde reinam as car-
rancas, ou na zona da mata e litoral, a exemplo de Olinda, com o trabalho dos mestres Nado e Thiago Amorim, e Goiana, representada pelo mestre Tog. “Goiana terá muita gente no salão de arte popular, levando as nossas representações tradicionais, como o trabalhador nordestino e as peças sacras”, diz o ceramista Tog.
“A produção de Tracunhaém é conhecida pela arte santeira, monocromática. Quem fugiu um pouco dessa linha foi o mestre Nuca com os seus famosos leões”
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Gustavo Freire, colecionador
POPULARES
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divulgação
Os artistas populares de Pernambuco terão um tratamento especial na 13ª Edição da Fenearte. Além do recorde de trabalhos expostos no Salão de Arte Popular Ana Holanda, que terá 65 peças, a organização da feira separou a primeira rua para esses expositores. “Esse é um reconhecimento a esses artistas que retratam os seus sentimentos e o seu cotidiano nas suas peças, mantendo a tradição e preservando a cultura pernambucana. Será uma rua fantástica”, diz Roberto Lessa, coordenador da Fenearte. Logo após a Ala dos Mestres, o espaço mais nobre da feira, a arte popular estará representada com 15 estandes. Três artistas de Igarassu sairão consagrados da
Fenearte, com os prêmios do Salão de Arte Popular. Após um concurso que avaliou 122 peças de 73 artistas populares de todo o Estado, Roberto Vital (com o totén O Rei do Baião), Márcio Lira da Silva (com o trabalho Brincadeira de Criança) e José Abias da Silva (com a peça Feira Livre) foram respectivamente primeiro, segundo e terceiro colocados. A matéria-prima usada por todos foi a madeira. As obras vencedoras da edição (premiadas com R$ 6 mil, R$ 5 mil e R$ 4 mil) farão parte do acervo do Governo do Estado de Pernambuco. A entrega da premiação acontecerá na abertura da Fenearte. De acordo com a agente de negócios e coorde-
Na arte popular, aspectos como beleza, identidade e criatividade são fundamentais para que o trabalho seja reconhecido
O Salão de Arte Popular Ana Holanda terá 65 peças e ocupará a primeira rua da Fenearte
nadora do Salão de Arte Popular, Rosana Martins, algumas características diferenciam o trabalho do artesanato e da arte popular. “No artesanato a peça é reproduzida em série para comercialização, são todas iguais, enquanto que na arte popular ela é única. Fatores como a beleza, a identidade e a criatividade são fundamentais para que
o trabalho seja reconhecido e selecionado para exposição”, afirma. Os trabalhos que concorreram ao prêmio – que foi julgado por uma comissão formada por colecionadores, estudiosos e pesquisadores de arte popular – poderão ainda receber a aclamação Silvia Coimbra, indicada pelo público geral, que poderá votar em
urna eletrônica nos dez dias do evento. As peças poderão ser comercializadas durante a exposição, com entrega apenas no final da feira. Segundo informações da coordenação do espaço, como o salão é uma grande vitrine para os visitantes da Fenearte, mais de 50% das peças expostas são comercializadas. “O intuito principal do salão é a divulgação do trabalho de forma diferenciada. Só o fato de entrar no salão já representa uma grande felicidade para cada um deles, que tem a honra de participar. Cuidamos dele com muita delicadeza, é muito elegante. É um diferencial. Além disso, todo recurso fica para o artesão”, diz Rosana Martins.
Reciclados na
galeria texto moema luna
Sustentabilidade também é um dos princípios que rege a Fenearte. A Galeria de Reciclados é o maior exemplo disso. Sob curadoria de Ticiano Arraes, designer de produtos, que trouxe para o evento o conceito dos três Rs dos resíduos sólidos: reciclar, reusar e reduzir, o espaço reconhece e expõe o trabalho de artis-
tas, artesãos e designers ecológicos a partir da 6ª edição do concurso, que premia os melhores nas categorias arte reciclada, artesanato reciclado e design reciclado. Embora a iniciativa seja voltada para artistas de todo o Estado, que residam em Pernambuco, é na Região Metropolitana do Recife que há uma
maior produção. Entretanto, este ano, dois dos três vencedores que receberam o Prêmio Franz Krajcberg foram do interior. De Garanhuns, na categoria artesanato, ganhou Wagner Porto, com a peça Fórmula; na categoria design o destaque foi para Iguana, de Maria Socorro da Silva, de Belo Jardim; e no Reci-
fe, foi considerado o melhor projeto o de Sócrates Mesquita, na arte reciclada, com a escultura Sapo. Ao visitar a galeria é importante prestar atenção às diferenças na utilização dos materiais. Ticiano explica que o lixo da zona rural é diferente do produzido na zona urbana. No campo, os artesãos usam restos de madeira, arame, casca de ovos. Nas cidades, peças de ferro velho, papel, plástico e PET dão forma às suas criações. No início do projeto, o material mais utilizado pelos expositores era o PET, que requeria mais consumo na sua transformação, como o uso de tintas, por exemplo, o que ia de encontro à proposta dos reciclados. Ticiano explica que na verdade o conceito de reciclado implica na transformação de um produto para que este volte a ser
o que era antes originalmente. Uma garrafa PET por exemplo volta a ser garrafa. Mas a ideia do trabalho da galeria é de reutilizar o descarte, dando a ele um novo uso, ou seja, obedece ao princípio da reutilização. Assim, a galeria trouxe o conceito de pensar a feira ambientalmente. Ao final da Fenearte, a Cooperativa Profissional de Catadores do Recife (Pro Recife), recolhe e comercializa cerca de dez toneladas de lixo geradas por artesãos e visitantes, a maioria composta por PET, metal e papel, gerando renda para os catadores. Paralelamente ao trabalho da equipe do Pro Recife é realizada a campanha Lixo Zero, com um grupo de atores que trabalham na conscientização da separação do material.
michele souza /jc imagem
“Com tubo de papelão faço o revestimento em palha de bananeira e casca de ovo, e transformo em barro. Uso também resto de madeira, palha de milho. Faço fofoca (técnica usada com retalhos), administro o Centro de Artesanato e coordeno a Associação de Recicladores e Artesãos de Belo Jardim. Administro minha casa e crio, com a ajuda da minha mãe, minha filha de seis anos.”
Sócrates Mesquita (Recife)
Wagner Porto (Garanhuns)
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“Trabalho com metal, aproveito elos das correntes das motocicletas, que compro por quilo nos ferro velhos ou encontro nas oficinas dos amigos. Para fazer a modelagem uso só verniz automotivo e solda elétrica.”
“Uso ossos de animais, latas, telas, madeiras nobres. Tudo sucata. Desde pequeno fazia meus próprios brinquedos. Hoje carros são uma temática muito constante no meu trabalho, como casamentos. Também sou mamulengueiro. Nasci em Olinda e há quase 12 anos moro na Barragem de Inhumas, área rural de Garanhuns.”
BARRO
Maria do Socorro da Silva (Belo Jardim)
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