Top Carros ed 02

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janeiro/fevereiro/março 2015

— índice — CAPA

CAPA

Exposição de carros antigos movimenta o mercado e traz, como trunfo, uma coleção de automóveis guardados em galpões por 50 anos. PÁG. 68

Não importa a origem dos concorrentes: seu vizinho de Stuttgart ou aquele de Maranello. O novo Mercedes veio para vencer. PÁG. 99

Leilão Vintage: Rétromobile agita Paris

Mercedes AMG GT: Desafiando os ícones

A foto de capa Leilão Vintage foi invertida para que a Ferrari 250 GT, vendida por R$ 54 milhões, tivesse mais destaque. Acima, a versão original

Duas opções que vão empolgar públicos diferenciados e atender todos os gostos. Sem abrir mão do nosso layout exclusivo, ao unificar visualmente a primeira e a quarta capa, e alcançou enorme sucesso na primeira edição de TOP Carros. Para encher os olhos.

TOP Power

TOP Estilo

Audi S8 ABT Power S inocente na aparência. Preparadora alemã especialista em britânicos: Range Rover Arden AR 9. Oettinger chegou ao Brasil. PÁG. 22

Bike estilosa BMW Cruise M, óculos Mercedes-Benz, novo perfume Ferrari, par de esquis da Audi, malas MINI e relógio IWC inspirado na F-1. PÁG. 28

Em busca do ouro

Lançamentos

Lançamentos

Fabricantes de grande produção correm atrás do lucro que os carros de alta gama proporcionam. Negócio é invadir territórios. PÁG. 48

Land Rover Discovery Sport, PÁG. 58. BMW i3, 114. Ford Mustang, 132. MINI w5 p e Countryman, 142. Jeep Cherokee, 160. Mitsubishi Outlander PHEV, 174

Audi A8, PÁG. 192. Nissan GT-R, 198. Porsche Cayenne, 204. Fiat 500 Abarth, 210. Honda Civic Si, 218

Proposta tentadora

Navegação inteligente

Para acelerar e ficar elegante

Corrida ao topo do mercado

Carro, moto e barco de uma vez

Estúdio Gray Design oferece três opções exclusivas para desfilar em terra e mar. PÁG. 94

Para ficar elegante

Novidades em avaliação

Rápido ao destino Waze e TomTom driblam congestionamentos com a internet e colaboração de pessoas no trânsito. PÁG. 108

TOP Colunistas Clássicos, Direito e Conectividade

Alfa Romeo 6C 2500 Sport Berlinetta, PÁG. 34. Seguro de responsabilidade civil, 140. Colaboração entre indústrias, 230.

Mais novidades em avaliação

Não pode faltar

Mulheres também exigem Guia prático para que elas tenham o máximo em segurança, conforto e conveniência ao analisar os itens de um veículo. PÁG. 124

Divas do cinema

Carros que contracenam Trilogia divas, carros e cinema gera cenas que não saem da cabeça dos fãs da sétima arte. De Grace Kelly a Sophia Vergara. PÁG. 38

Customização

Foco na personalização Tanto no SEMA Show, em Las Vegas, como no Bubble Gun Treffen, em Águas de Lindoia, criatividade é o destaque. PÁG. 88

Aventura fora de estrada

No deserto de Atacama Belas paisagens e visão noturna limpa do céu. Guias competentes e um bom veículo 4x4 são essenciais. PÁG. 152

Carros de entrada

Motos de entrada

Várias rodas à frente Blindagem Moto elétrica é para 2016

Carro blindado de fábrica

Certos equipamentos são indispensáveis, e ao escolher um carro pequeno completo é necessário ficar bem atento. PÁG. 170

BMW C600, Honda CB500X e Triumph Bonneville são para quem quer começar ou recomeçar com muita classe. PÁG. 180

Harley LiveWire não se trata de simples scooter, mas uma motocicleta elétrica a bateria para iniciar nova era. PÁG. 188

Mercedes-Benz S600 Guard, produzido em linha de montagem à parte na Alemanha, resiste até a minas terrestres. PÁG. 224

Atenção na hora de comprar Três modelos de alta estirpe


— equipe —

Fernando Calmon

Bob Sharp

Josias Silveira

Andreas Heiniger

Engenheiro e jornalista especializado desde 1967, Calmon, 67 anos, começou com o programa Grand Prix, na TV Tupi. Foi editor de Automóveis de O Cruzeiro e Manchete e diretor de redação da Auto Esporte. Também produziu e apresentou o programa Primeira Fila em cinco redes de TV. Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, estreou em 1999 e hoje é reproduzida em uma rede de 105 jornais, revistas, portais, sites e blogs. É correspondente no Brasil do site inglês Just-auto.

Carioca de 71 anos, mas radicado em São Paulo há 36, é um misto de jornalista, técnico e piloto, além de ser formado em Construção de Motores e Máquinas. Atua na imprensa automobilística desde 1973, e já trabalhou na Fiat, Volkswagen, General Motors e Embraer, nas duas primeiras em área técnica e nas duas últimas, como gerente de imprensa. Atualmente trabalha para revistas do Brasil e do exterior e é editor do site Autoentusiastas.

Costuma dizer que aprendeu jornalismo na Escola de Engenharia Mauá. Ou seja, mais um engenheiro que virou suco, ou melhor, jornalista. Josias, 67 anos, fez dezenas de revistas e foi um dos criadores de Duas Rodas e Oficina Mecânica. Tem paixão por carros e motos e até agora não descobriu se foi um hobby que virou profissão ou o contrário. Escreve sobre duas, quatro e até mais rodas há mais de quatro décadas, inclusive como colaborador da Folha de S.Paulo.

O suíço radicado no Brasil desde 1974, Andreas Heiniger é unanimidade quando o assunto é fotografia e profissionalismo. Apaixonado pelo o que faz e com uma simpatia cativante, o seu currículo está ligado à fotografia automotiva e inclui clientes, como Volkswagen, GM e Fiat, além de outros trabalhos publicitários e editoriais para marcas como Natura e Havaianas. Andreas também conta com obras autorais como a série Vaqueiros, coleções expostas pelo mundo e prêmios como Clio Awards e Cannes Lions.

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PUBLISHER CLAUDIO MELLO SILVIA COTURRI: Assistente de Direção PROJETO GRÁFICO MARCELLO SERPA MARCUS SULZBACHER: Diretor de Criação de Designer (Almap) PEDRO ZUCCOLINI FILHO: Designer (Almap) BRUNO BORGES: Designer (Almap) DIRETOR DE FOTOGRAFIA ANDREAS HEINIGER REDAÇÃO TOP CARROS FERNANDO CALMON: Diretor de Redação BOB SHARP: Editor Técnico JOSIAS SILVEIRA: Editor Adjunto RENATA ZANONI: Assistente de Redação LETÍCIA IPPOLITO: Revisão Geral ARTE ROSANA PEREIRA: Editora-Coordenadora MARIANA DIAS: Assistente de Arte ALINE GO MES: Finalização LUCIANO LEME: Tratamento de imagens PAULO BELEZA, MARCIO GUEDES e SERGIO FACUNDINI: Retoque de imagens COLABORADORES ANDRÉ DANTAS, BORIS FELDMAN , CLAUDIO DE SOUZA, DORIS BICUDO, EUGÊNIO BRITO (Editor UOL Carros), GINO BRASIL, HAIRTON PONCIANO VOZ, LUÍS PEREZ, MARIO LAFFITE, MARCELO COSENTINO, NORA GONZALEZ E RAUL MACHADO CARVALHO (Texto) BRUNA LUCENA, FERNANDO QUEIROZ, JOSILDO MELO (assistentes de fotografia) FECO HAMBURGER (Fotos) PUBLICIDADE GABRIELA TOCCHIO: Diretora Comercial HERMANN DOLLINGER, JULIANA VÁLIO E NATHALIA HEIN: Executivos de Conta MARKETING GRETHA ARGYRIOU: Gerente FINANCEIRO ANTONIO CEZAR R. CRUZ (financeiro@topmagazine.com.br): Diretor MARCELA VALENTE (marcela@topmagazine.com.br): Assistente Circulação: REGIANE SAMPAIO (regiane@topmagazine.com.br) Atendimento ao Leitor: sac@topmagazine.com.br Assinaturas: assinatura@topmagazine.com.br Números Atrasados: (11) 3074 7978 Assessoria Jurídica: BITELLI ADVOGADOS Pré-impressão e Impressão: GRÁFICOS BURTI / Distribuição: DINAP S.A. contato@revistatopcarros.com.br TOP Carros é uma publicação da Editora Todas as Culturas Ltda. Rua Jesuíno Arruda, 769, 1˚ andar, Itaim Bibi, 04532-082, São Paulo/SP. Tel.: (11) 3074 7979. As matérias assinadas não expressam necessariamente a opinião da revista. A revista não se responsabiliza pelos preços, que podem sofrer alteração, nem pela disponibilidade dos produtos anunciados.

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— TOP Power — Audi S8 ABT Power S, rei da estrada Incrivelmente rápido, mas sem abrir mão de conforto digno de uma primeira classe. O Audi S8 preparado pela ABT Sportsline é uma prova inexorável de que se pode ter um superesportivo sem desconforto, barulho ou aperto. Esse sedã grande de luxo, como é na essência, se mostra tão rápido quanto Ferrari ou Lamborghini. “Como sempre, a cronometragem é precisa: nosso S8 chega aos 100 km/h em 3,6 segundos. E sua velocidade máxima é de 290 km/h”, afirma um orgulhoso Hans-Jürgen Abt, presidente da preparadora que leva seu sobrenome. Esse desempenho tão avassalador é possível graças ao pacote ABT Power S de nova geração, que inclui um software especial, além de um silenciador desenvolvido para não alterar as características do modelo de série. Seu motor de 4 litros TFSI V8 biturbo entrega 684 cv (originalmente são “apenas” 527 cv) e absurdos 85 kgfm de torque. Testado não só em dinamômetro, mas também em estradas, ele se mostrou extremamente confiável – a ponto de vir com garantia de dois anos ou 100 mil quilômetros. No visual, o Audi S8 ficou praticamente intocado. Mas sempre é possível deixá-lo com aparência mais esportiva, a começar por rodas de liga leve, também da ABT. O carro da foto, por exemplo, é equipado com rodas de 21 pol. DR “Mistic Black”. Também estão disponíveis as “Gun Metal”, de 20 pol. de aro.

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1. Interior incorpora espírito esportivo 2. Rodas de 21 polegadas e discos carbocerâmicos 3. Por fora sedã até que parece sóbrio 4. Distintivo “S8” é credencial de arrojo 5. Quase impossível acreditar: 3,6 s de 0 a 100 km/h

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— TOP Power —

Golf GTI preparado pela Oettinger Potência de 290 cv e 44,9 kgfm de torque, aceleração

Oettinger foi fundada em 1946, já se chamou Okrasa,

de 0 a 100 km/h em 5,9 segundos. São as credenciais

e se tornou mundialmente uma referência em motores

do Golf GTI da preparadora alemã Oettinger. Essa grife

para o Fusca. Hoje, é especialista em Volkswagen, Audi,

chega ao país por meio da importadora independente

Seat e Skoda.

Strasse, representante exclusiva também da Brabus, outra preparadora alemã especialista em modelos Mercedes-Benz. Em ambos os casos a empresa trata diretamente com os interessados. No caso do Golf Oettinger, são três opções de pacotes definidos especialmente para o mercado nacional, com

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valor de entrada de R$ 139 mil. A opção completa elava o preço para R$ 179 mil. Os valores podem variar em

1. Impossível ficar indiferente ao visual do Golf GTI da Oettinger 2. Range Rover Arden AR 9: 588 cv de potência

razão da cotação do euro.

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O poderoso Range Rover Arden AR 9 Especialista na preparação de automóveis britânicos, a

sistema de escapamento de alto desempenho todo em

Arden oferece um pacote aerodinâmico inovador para o

aço inoxidável, composto por um silenciador frontal, um

Range Rover, capaz de deixá-lo muito mais feroz, sem abrir

traseiro e catalisadores esportivos. Assim, não só enfatiza

mão das características desse SUV que já é um ícone.

o característico som de V-8 como amplia a potência do

O kit de conversão Arden AR 9 impressiona à primeira

Range Rover em cerca de 25 cv. Com incremento total na

vista pela dianteira que inclui luzes diurnas de LED e grade

ordem dos 40 cv, o SUV britânico atinge 588 cv.

de aço inoxidável construídas artesanalmente. O conjunto

Pode vir com rodas Arden Sportline de 22 pol. ou Dakar

prossegue pelas laterais, de modo fluido, até a traseira,

II, na mesma medida. Em combinação com o módulo que

onde escapamentos de ponteiras duplas (são duas em cada

baixa as suspensões em aproximadamente 2,5 cm, ajudam

um dos lados) de alto brilho reforçam o visual esportivo.

a melhorar bastante a estabilidade.

Na lateral, a barra luminosa, que pode ser acionada por

Por dentro, para complementar o pacote, há diversos

controle remoto, chama a atenção.

itens de personalização, entre eles costuras exclusivas e

Especialmente para o modelo, a Arden desenvolveu um

pedaleira de alumínio.

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— TOP Estilo —

BIKE PROJETADA POR ENGENHEIROS DA BMW Nada como driblar o trânsito carregado das grandes cidades pedalando uma bicicleta esportiva, rápida e elegante da BMW Cruise M. Não, não é só uma bike estilosa. Seu projeto Neck New Bull leva a assinatura de engenheiros da BMW responsáveis pelos automóveis da marca bávara. Com rodas de aro 26 que suportam pneus Continental CruiseContact, a magrela alemã tem inserções em kevlar. Freios a disco, 30 marchas e selim Selle Real Settal S1 completam o pacote. Está disponível nas cores preto e vermelho.

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PROTEÇÃO SOLAR COM ESTRELA Inventora do automóvel, a Mercedes-Benz também tratou de democratizar um apetrecho muito procurado nestes tempos de sol forte. São óculos escuros estilo aviador, unissexes, com armação preta e lentes azuis com proteção UV 400. O toque da marca alemã aparece em um logotipo da estrela de três pontas estrategicamente posicionado em 3D nas hastes. A apresentação não é menos impecável: vem em um estojo de couro preto, também com o conhecido logotipo. Produzido pela Rodenstock exclusivamente para a marca.

ESTILO GT DA FERRARI INSPIRA FRAGRÂNCIAS Os amantes do Gran Turismo inspiraram a divisão Cavallino da Ferrari Perfumes a criar uma coleção premium masculina, digna de colecionador. A Ferrari Essence Collection é a mais pura e elegante representação do espírito do Gran Turismo Ferrari – é uma luxuosa coleção de fragrâncias com a paixão pela excelência como essência, expressada pela atenção aos detalhes e materiais mais nobres e refinados. A Ferrari Essence Collection traz fragrâncias exclusivas – cada qual com matéria-prima distinta – e algo em comum: a paixão pelos superesportivos Ferrari. O frasco de 100 ml custa R$ 550.

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— TOP Estilo —

ESQUI DA AUDI REVOLUCIONA MANUSEIO

MALAS MINI APROVEITAM MELHOR O ESPAÇO

Elaborado pelo Centro de Design da Audi, em Munique, o

Um estilo de vida cosmopolita é o que oferece a coleção

esqui feito de compósito de fibra de carbono foi desenhado

de malas MINI, para quem está sempre em movimento,

com a mesma obsessão pelo requinte, desempenho e

seja nos negócios, seja no lazer. A coleção apresenta uma

qualidade dos automóveis da marca. Para começar, eles

grande variedade de cores, formas e tamanhos. Mas uma

herdam as qualidades de aderência da tração quattro, com

coisa todas têm em comum: o fantástico aproveitamento

estrutura simplificada, porém de altíssima resistência. O

dos espaços internos, como acontece nos carros MINI.

peso baixo também garante uma performance sem igual.

Feito by Puma, a MINI Sport tem tecido ripstop, com capacidades expansíveis, fazendo dela uma excelente opção para a mobilidade do dia a dia, seja uma aula de yoga ou uma viagenzinha curta de fim de semana.

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ESTILO LIVRE DE CAMPOS MAGNÉTICOS Precisão digna da altíssima tecnologia de Fórmula 1. É o que entrega a nova coleção Ingenieur dos relógios IWC, que homenageia a parceria de sucesso com a Mercedes AMG Petronas. Aliás, a história dessa verdadeira joia começou nos anos 50, justamente a década em que nasceu a Fórmula 1. A caixa foi inspirada nos carros da categoria, pois é feito em compósito de fibra de carbono. Seu trunfo é trabalhar com exatidão mesmo em áreas sujeitas à influência de campos magnéticos – em que engenheiros, sempre cercado de aparelhos, costumam trabalhar.

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— TOP Classics —

Carro & Cadafalso — Benito Mussolini presenteou sua amante Claretta com um Alfa Romeo que a levaria, seis anos depois, para sua última viagem, antes de ser fuzilada – junto com o ditador – pelos partisans — por Boris Feldman A Alfa Romeo foi, antes da Segunda Guerra Mundial (como a Ferrari anos mais tarde), a marca italiana famosa pelos carros de competição e esportivos luxuosos. Até Enzo Ferrari pilotou esses carros, da escuderia do Cavallino Rampante, antes de estabelecer, em 1947, sua própria fábrica, em Maranello. Em 1939, o fabricante de Milão produziu apenas 13 unidades da 6C 2500 Sport Berlinetta encarroçadas pela Touring, que utilizava alumínio para reduzir peso e proporcionar melhor desempenho. As carrocerias leves (Super Leggera) da Touring marcaram presença durante dezenas de anos. O conjunto mecânico era sofisticado, com motor de seis cilindros em linha, duas árvores de comando de válvulas, 2,45 litros de cilindrada e 95 cv de potência. Freios hidráulicos e suspensão independente nas quatro rodas eram também avançados na época. Um desses Alfa Romeo foi presenteado por Benito Mussolini para sua amante, Clara Petacci, filha do médico do Papa e 29 anos mais nova que o ditador fascista conhecido como Il Duce. Extremamente ciumento, Mussolini contratou o oficial nazista Franz Spögler para ser motorista da amante. Mas foi Marcello, seu irmão, quem dirigiu o carro em sua última viagem de Milão para o Lago di Como, na fronteira da Itália com a Suíça. Usava placas da Espanha para despistar os partisans. Dali, na tentativa de escaparem vivos, ela seguiu com o ditador na direção da Áustria, mas foram capturados por aqueles guerrilheiros comunistas e fuzilados em 27 de abril de 1945, em Mezzegra. No dia seguinte, os corpos de Benito e Claretta

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foram pendurados de cabeça para baixo na frente de um posto

Depois de meticulosamente restaurado por especialistas na

de combustível em Milão.

marca, o Sport Berlinetta foi premiado em diversos concursos,

Este Alfa Romeo 6C 2500 foi adquirido por um oficial norte-

o de Villa d’Este (Itália) e Pebble Beach (EUA), entre eles. Quem

americano, levado para os EUA e abandonado numa fazenda

não teve a sorte de se deitar com Mussolini e ganhar o 6C 2500

do estado de Nova York depois de quebrar uma biela. Adquirido

pode tentar arrematá-lo nos vários leilões que se realizam

em 1970 (por US$ 300), foi restaurado por um colecionador que

todos os anos nos dois lados do Atlântico. O mais recente foi da

percebeu ter comprado uma dupla raridade, pois desconfiou

canadense RM Auctions na Rétromobile, em Paris, realizada de

tratar-se do carro de Clara Petacci. Para se certificar, procurou

4 a 8 de fevereiro. O Alfa não foi vendido dessa vez, o maior lance

Franz Spögler, o ex-motorista do automóvel. E matou-se a

foi de 1,8 milhão de euros, 100 mil abaixo do preço de reserva.

charada pela origem alemã das ferramentas encontradas no

Quem ficará com essa raridade duplamente famosa?

porta-malas. Certa vez o automóvel tinha sofrido uma pane na estrada, Spögler pediu socorro a um comboio do exército alemão e os nazistas deixaram as ferramentas (de presente para Il Duce)

Boris Feldman é jornalista e colecionador

para uma próxima necessidade.

de automóveis antigos.

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— Happy end — Divas e carros sempre deram química no cinema. Com ou sem pressa, elas arrebatam os corações até dos galãs mais durões e mostram que não tem pra ninguém POR DORIS BICUDO

As feministas que me desculpem, mas quem de nós,

E por falar em divas ao volante, Cameron Diaz fez muito

mulheres, não suspirou, ou até mesmo foi às lágrimas, ao

bem seu papel em O Amor Não Tira Férias, de 2006. A atriz

ver Richard Gere a bordo de uma limusine – com direito a

vive uma editora de trailers americana workaholic que vai a

ramalhete de flores – chegando para resgatar Julia Roberts

Londres em uma troca de casas. Entre algumas trapalhadas

em Uma Linda Mulher? Mais uma vez, peço perdão às

até o final feliz ao lado de Jude Law, ela faz barbaridades ao

minhas colegas para vir a público confessar o quanto gosto

dirigir o MINI de Iris, irmã de Jude, na mão inglesa.

de um final feliz. Ah, Vestida Para Matar também é delicioso

Fora das telas, as musas também não nos decepcionam. Rita

na tela grande. Já repararam como a trilogia divas, carros e

Hayworth, por exemplo, adorava dar pinta com o Lincoln

cinema gera cenas memoráveis? No melhor estilo recordar

Continental que ganhou de presente de Orson Welles.

é viver, vamos dar um rolê pela Era de Ouro de Hollywood.

Assim como Elizabeth Taylor e seu Lincoln Continental

A primeira cena com que nos deparamos é Grace Kelly

Mark II, customizado com o violeta de seus olhos. O

dirigindo seu Sunbeam Alpine pelas estradas do principado

mimo foi encomendado pela Warner Bros. pelo excelente

de Mônaco, em Ladrão de Casaca. E, de quebra, Gary Grant

desempenho da atriz em Assim Caminha a Humanidade, de

na carona. Como bem lembrou meu amigo Mario Mendes,

1956. Sorry, mas isso é só para quem pode, mesmo.

editor da Veja e aficionado por cinema, dois filmes não

Como os tempos são outros, Ellen DeGeneres presenteou

poderiam ficar de fora desta matéria.

a si própria com um Porsche 911Turbo prateado e ainda

Segundo ele, a deliciosa comédia Como Roubar um Milhão

por cima declara que se casou com o “Portia” pelo simples

de Dólares, com Audrey Hepburn dirigindo e estacionando

motivo de gostar da velocidade. Do outro lado do mundo, no

o Autobianchi Bianchina vermelho em frente a um hotel

melhor momento diva-ostentação, a estrela de Bollywood

particular, em Paris. Muito bem lembrado por ele também,

Imran Khan mandou adaptar de acordo com seu way of life

Anouk Aimée ao volante de um big Cadillac conversível em A

um Ferrari vermelho. Pagou caro, mas gostou do resultado.

Doce Vida, de Federico Fellini. No filme ela vive uma socialite

Beyoncé Knowles também realizou o sonho e desfila por

e contracena com Marcello Mastroianni. Sorte dela...

L.A. com seu Rolls-Royce conversível de US$ 1 milhão.


foto Latinstock/Š Bettmann/Corbis/Bettmann by Corbis

A diva Brigitte Bardot posa em St. Tropez com seu Renault Caravelle em 1962



foto Latinstock/Š Sunset Boulevard/Corbis/Historical by Corbis Cena do filme Um lugar ao sol do diretor George Stevens, que foi protagonizado pelo ator Montgomery Clift e pela atriz Elizabeth Taylor, em 1951


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foto Michael Ochs Archives/Corbis/Latinstock


Mais cool, Katy Perry escolheu um Audi preto avaliado em US$ 50 mil. A verdade é que carro e poder, assim como carro e liberdade, sempre dão boa química. Nos anos 1990, Thelma e Louise largaram uma vida monótona e colocaram o pé na estrada em busca de algo novo. Se enrolaram, mas acharam o que buscavam: liberdade. Além de Susan Sarandon e Geena Davis, podemos dizer que o velho Ford Thunderbird conversível da dupla também foi protagonista dessa trama. Comovente. Um antigo Hudson 1948 também é o fio da meada para uma das mais bonitas histórias de amizade do cinema, protagonizada por Jessica Tandy e Morgan Freeman em Conduzindo Miss Daisy. Na linha risos e lágrimas, qual seria o papel de uma Kombi? Fundamental em Pequena Miss Sunshine, lançado no cult Festival de Sundance e vencedor de dois Oscar. A família da pequena Olive faz uma verdadeira “DR” durante os três dias de viagem entre a Califórnia e o Novo México, onde ela irá participar do concurso que leva o nome do longa. Os homens não resistem quando mulheres e carros contracenam juntos. Certeza de boa química e ótima bilheteria. A receita é muito bem aproveitada na saga do agente secreto 007, James Bond. O Aston Martin DB5, dirigido por Sean Connery, participou de 007 Contra Goldfinger, em 1964, e fez tamanho sucesso que ganhou lugar garantido no ano seguinte em 007 Contra a Chantagem Atômica. Vários anos depois, Angelina Jolie protagonizou uma de suas cenas mais calientes ao tentar seduzir o ladrão de carros vivido por Nicolas Cage em 60 Segundos. E por falar em química, a de Jack e Rose (Leonardo DiCaprio e Kate Winslet) foi tanta que até embaçou o vidro do Renault

— Carros lançados nas telas de cinema viram objeto de desejo de homens e mulheres — 1 1. A elegância da atriz Marilyn Monroe dentro de um carro fotografada em 1955

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visitado pela dupla, em Titanic. Sedutora até hoje, a

Muito atual, e nem por isso menos glamoroso, um food

Pantera Cor-de-Rosa dirigiu seu Panthermobile... rosa por

truck Ford é o pivô da reconciliação de um casal em Chef.

nada menos que oito episódios da série. Ficou milionária e

A voluptuosa Sofía Vergara volta aos braços do ex-marido

nunca perdeu seu ar blasé.

por conta de um caminhão de sanduíches. Quem sabe esteja

No início dos anos 70, os road movies marcaram época

embutido nessa mensagem que as mulheres também podem

entre o público americano. Diferentemente do que se podia

ser seduzidas por uma boa refeição... Complexo, não?

esperar de Hollywood, esses filmes envolviam anti-heróis

Mas uma coisa é certa: assim como em uma boa lábia, o sexo

fugindo da polícia ao volante de um carrão com motor V-8.

feminino também se liga em um belo carro. E, ao que parece,

Nessa época, as atrizes poderiam ganhar menos destaque do

não só no cinema a coisa funciona...

que os possantes. O Impala 1966 amarelo quatro portas de

— Alguns automóveis se tornaram marca registrada de personagens memoráveis, como a sinergia vista entre 007 e o Aston Martin —

Fuga Alucinada fez muito marmanjo suspirar pelo possante, assim como a atriz Susan George, que contracenou com o guapo Peter Fonda. Se o tapete vermelho é símbolo de Hollywood na tela grande, alguns carros da mesma cor fazem parte de momentos icônicos, como o famoso Chevrolet Malibu conversível 1964 de Pulp Fiction, o Playmouth Belvedere 1957 de Christine, o Carro Assassino, o Ferrari 348T da

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série Magnum , o Corvette 1958 de Hot Rods to Hell e o Ferrari 250 GT conversível vermelho – que registrou recorde de preço em leilão, embora fosse uma réplica – de Curtindo a Vida Adoidado, só para citar alguns.

1. Cena do filme Bullitt, com a atriz Jacqueline Bisset e o ator Steve McQueen de 1968, a bordo de um Porsche 356 2. A chegada do casal Angelina Jolie e Brad Pitt, na premiere do filme O preço da coragem, no Festival de Cinema de Cannes, em 2007

foto Latinstock/© Sunset Boulevard/Corbis/Historical by Corbis


foto Getty Images

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— Guinadas rumo ao luxo — Marcas generalistas seguem caminho do lucro em rota aberta pelas luxury brands nos últimos anos POR EUGÊNIO AUGUSTO BRITO



Natural de Veneza, Marco Polo tornou-se lenda e parte

Maior mercado para carros do planeta, a China é o principal

integrante do panteão cultural ocidental ao relatar as

destino dos fabricantes de qualquer parte do mundo. Mas

aventuras de sua passagem de quase 25 anos pela chamada

com a queda de vendas na Europa, emergentes como Brasil,

Rota da Seda, na Ásia, no final do século 13. Enquanto

Índia e Rússia também entram na rota das grifes sobre rodas.

europeus buscavam mercadorias novas e raras no Oriente,

China, principalmente, e Brasil são aposta da PSA,

mas pouco assimilavam do cotidiano local, o mercador e

controladora de Peugeot, Citroën e DS, esta última elevada

aventureiro fez fama ao descrever com detalhes paisagens

recentemente à condição de marca-grife para modelos mais

e riquezas culturais de locais como Paquistão, Afeganistão,

incrementados, luxuosos e esportivos da empresa francesa.

Mongólia e China. Tudo isso antes de os navegadores sequer

O novo posicionamento da DS, que retoma nome e status

começarem a pensar no outro extremo do mundo: a América.

de um modelo emblemático da Citroën lançado em 1955, foi

Pois esse período de descoberta está em voga novamente:

anunciado no Salão de Paris, em setembro último, e já no

as aventuras de Marco Polo podem ser vistas na série

recente salão de Genebra tinha estande à parte pela primeira

homônima, que estreou no começo de dezembro como

vez. O comando será a partir do escritório de Xangai, na China.

superprodução do Netflix, serviço online de vídeos que

Chamado pomposamente de DS World, agirá em conjunto

quebrou barreiras entre exibidores e público. A busca pelas

com o complexo formado pelo centro de desenvolvimento e

riquezas do Oriente motiva novamente os europeus, desta

pela fábrica propriamente, ambos em Shenzhen.

vez da indústria automotiva: marcas generalistas (as de alta

Segundo o presidente da marca Yvés Bonnefont, o objetivo

produção) miram forte no segmento premium e apontam

inicial é dobrar o portfólio da antiga Citröen DS e seus três

para direções até pouco tempo atrás “desconhecidas”.

modelos globais (DS3, DS4 e DS5), além do sedã DS5 LS,

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— Alfa Romeo (da Fiat Chrysler), Vignale (da Ford), DS (da PSA) e Initiale (Renault) são grifes que vão dar assunto nos próximos anos —

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1. Materiais exclusivos, tecnologia de ponta e design único são atrativos de carros das novas grifes 2. Conceito Divine mostrou novos rumos da DS, alçada à condição de marca no Salão de Paris 2014, pela Citroën 3. No Brasil, primeira aparição da DS se dá com o novo DS3 e seu belíssimo conjunto óptico com setas fluidas

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— A expectativa do segmento premium é ampliar mercado nos EUA, Europa, China e Brasil —

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1. Ainda embrionária, Renault Initiale surgiu como monovolume futurista no Salão de Frankfurt de 2013 2. Marca de grife francesa ainda não ganhou as ruas, mas conceito deu origem à nova geração da Renault Espace 3. Ford também anunciou grife Vignale em 2013 como novo topo da gama, nos moldes das antigas versões Ghia 4. Visual exclusivo, acabamento especial e serviços únicos em lojas selecionadas fazem parte da experiência Vignale

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exclusivo para a China. A partir daí, é tentar conquistar o mundo. Ou quase. Vender muito e rápido é o que faz a PSA e sua DS olharem para o Oriente. Mas o principal expoente do Ocidente, os EUA, não está na alça de mira, como explica outro executivo do grupo, Maxime Picat: “A China é o maior mercado no mundo, e participar dele acelera qualquer estratégia de internacionalização. Os EUA são focados em produtos específicos, e quem não está lá até este momento, que é o nosso caso, tem poucas chances”. Na mostra de Paris, uma dica do que vem por aí foi o protótipo DS Divine, mais um crossover ( já há o DS5, real, e o DS Numero 9, também conceitual) que brinca com formas de sedã, cupê executivo de quatro portas e fastback. No conjunto óptico, LEDs e luzes fluidas, como no DS3; nas lanternas, a iluminação se mescla a formas geométricas oscilantes num jogo de efeitos curioso, mas também confuso. Dentro da cabine, painéis removíveis permitem alternar entre estilo mais esportivo (couro, metal) ou luxuoso ao extremo (com tecido, madeira e detalhes entalhados com muito dourado), lembrando móveis à Luís 15. Novo topo Na Europa, o mercado automotivo como um todo respirou aliviado em 2014 após oito anos de quedas quase que constantes. Por outro lado, o segmento de luxo observou altas de 25% a 35%. Se em anos anteriores Mercedes-Benz e Audi miraram consumidores mais jovens e menos endinheirados, BMW e Jaguar Land Rover também avançaram na mesma direção. Já a elevação de emplacamentos das chamadas luxury brands nos EUA deve ficar no patamar de 8%, enquanto as vendas gerais não passaram dos 5% de alta (comparadas a 2013). Essa guinada rumo aos segmentos de topo, bem mais lucrativos, despertou outras generalistas. Assim, Ford e Renault apostam em estratégias semelhantes na Europa: desenvolver abordagem não apenas no ato de dirigir, mas que envolva o cliente em outro tipo de “experiência”. Mais que atendimento diferenciado, chega quase a um estilo de vida. O comprador quer se sentir um cliente único, a mesma percepção que se espera encontrar no universo das marcas de topo alemãs ou inglesas. Similar, também, foi o momento de apresentação desse conceito de atendimento: o Salão de Frankfurt de 2013 viu o

53


surgimento das grifes Ford Vignale e Renault Initiale.

compravam modelos de topo de gama da Ford e de outros

A iniciativa da marca francesa da aliança Renault-Nissan,

fabricantes de alta produção, agora é a vez dessas marcas

que já tem a marca Infiniti como representante do segmento

afetadas seguirem o caminho inverso para retomar vendas

de alta gama, ainda é embrionária. Na feira alemã, apareceu

e voltar a crescer com vigor na Europa.

na forma de um conceito de monovolume, que se revelou como a nova geração da Espace no Salão de Paris, mas sem

Rumo à América

desenvolver (ainda) a tal experiência de atendimento.

Italiana como Marco Polo, a Fiat traça rota oposta à do

No caso da Ford há uma linha definida pelo nome Vignale,

navegador e ruma também para a América. Decisivo para

antigo estúdio italiano de design, já fechado, mas no portfólio

isso foi o passo dado logo após a crise econômica de 2008 e

da marca de Detroit. Representará séries especiais e

concretizado apenas agora em 2014: o processo de compra

completas de modelos como Mondeo (o Fusion europeu), já

total da Chrysler e de suas submarcas. Ao controlar a gigante

confirmado; C-Max e S-Max (minivans derivadas de Focus

americana, a Fiat viu a chance de se aventurar em águas por

e Mondeo, respectivamente, ainda na fase de protótipos).

onde nunca soube como navegar.

Não só: a divisão Vignale envolve lojas especiais em locais

Em mercados emergentes, mas também em pontos da Europa,

escolhidos a dedo, sobretudo na Alemanha e Inglaterra.

a estratégia da novíssima FCA (Fiat Chrysler Automobiles)

Nelas o cliente terá acesso a roupas e acessórios conectados

é reforçar a presença da marca Jeep. Dessa forma, Brasil

à linha automotiva, bem como a ingressos para espetáculos.

(2016) e China (2016) receberão o SUV compacto Renegade,

Também será atendido com hora marcada e atenção de

primeiro modelo da Jeep fabricado fora dos EUA.

concierge quando requisitar revisões e reparos.

Para a terra do Tio Sam, porém, a meta é diferente, mas

Trata-se de um contra-ataque. Se Audi, BMW, Mercedes e

igualmente ousada: tirar a Alfa Romeo do zero e chegar a 150

até Land Rover cresceram ao atrair consumidores que antes

mil unidades emplacadas ao ano até 2018. Se tiver sucesso, o

54


— Alfa Romeo vai para o tudo ou nada nos Estados Unidos: meta é entregar 150 mil unidades até 2018 —

volume americano responderá por quase metade das vendas globais projetadas (400 mil unidades) para a nova fase da marca, que também ganha status de divisão de luxo da FCA. Claro, é impossível fazer isso sem produtos. Assim, Sergio Marchionne, presidente global do conglomerado, aponta não um, mas oito novos projetos a serem desenvolvidos até 2018, além do já conhecido 4C, carro esporte em escala de produção mínima. Espera-se que 200 sejam vendidos de janeiro a dezembro deste ano. Em junho, deverá ser a vez de um sedã médio-grande inédito, para concorrer com BMW Série 5, Audi A6, Mercedes Classe E e Jaguar XF, entre outros. Os próximos passos também estão definidos: um SUV médio, do porte de Audi Q5 e BMW X3; um SUV grande, rivalizando com Q7 e X5; e um sedã grande.

2

Se há planos promissores, a realidade ainda é uma incógnita.

1

A própria reestreia da Alfa Romeo em nova fase já teve data anunciada três vezes. Agora, no entanto, com a Fiat vendendo

1. Cupê esportivo 4C inicia ofensiva da Alfa Romeo na terra do Tio Sam. Depois dele, oito novos modelos virão 2. 4C Spider, versão conversível do esportivo italiano, foi o primeiro anúncio de 2015. Além dele, marca prevê sedã e SUV este ano

metade de sua participação na Ferrari e a FCA já listada em bolsa de valores, fundos não vão faltar.

− 55


— Desfile no gelo — Land Rover Discovery Sport Si4 MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO POR MARCELO COSENTINO

4 cilindros, 2.0 turbo GASOLINA 240 cv e 34,6 kgfm AUTOMÁTICO, 9 MARCHAS INTEGRAL 4,59 M 2,74 M 7 981 L 70 L 770 km (estimado) 1.841 kg R$ 179.900



Os olhos de Gerry McGovern brilham ao falar do Discovery

que subiram um palmo no Sport. Nas ruas, talvez fique

Sport. O designer inglês de 60 e poucos anos assina as

conhecido como “Evoque grande”, tamanha a similaridade

linhas do utilitário. Tarefa complicada: a Land Rover

entre eles.

sempre foi mais reconhecida pela capacidade off-road do

Na traseira, mais personalidade com lanternas maiores e

que propriamente pela beleza de seus carros. Até que veio

redesenhadas. As saídas de escapamento nas extremidades

o Evoque, outra criação de Mr. McGovern, e reverteu esta

dos para-choques são circulares e a silhueta da traseira

lógica. Desde então, é possível sair do asfalto com valentia,

mais quadrada, como no Toyota SW4. A razão é funcional:

conforto e sem perder a elegância.

comportar a terceira fileira de bancos, já que há versões de

Os ingleses escolheram a gélida Islândia para a apresentação

5 ou 7 lugares.

mundial do utilitário, o substituto natural do Freelander

Começa o passeio e tudo o que se ouve são os largos pneus

2. Em pleno inverno e com dias curtíssimos (seis horas de

235/55 R19 em contato com o asfalto. O motor a gasolina

sol com sorte), o cenário não parece convidativo. Engano: a

2-litros de quatro cilindros com turbo e injeção direta

ilha tem asfalto bom e ruim, gelo, pedras, cascalho, riachos

trabalha em silêncio. A origem, no entanto, é americana:

e neve, muita neve. Ou seja, ambiente ideal para mostrar do

variante do EcoBoost, da Ford, usado em carros como o

que é capaz.

Fusion. No Discovery Sport brasileiro há boas chances deste

A aventura começa no aeroporto de Keflavík, onde mais

motor quatro-cilindros virar flex, preferência do mercado

de vinte unidades estão perfiladas. Na penumbra das 16h,

nacional. Outra opção, o diesel 2,2-L de 190 cv.

mal dá para diferenciá-los de um Evoque parado próximo.

O câmbio ZF nove-marchas – o mesmo do Evoque e

Um olhar mais atento revela que mudam apenas a grade,

Grand Cherokee – faz trocas rápidas como o pensamento.

o formato dos faróis principais e a posição dos de neblina,

A 100 km/h e em nona, o motor ronrona a 1.600 rpm e o

60


— Na Islândia, Discovery Sport encara trilhas de neve com o conforto de um sedã de luxo. Em 2016, será feito no Brasil —

1

2

1. Posando na imensidão, um dos habitats do Discovery Sport 2. A dianteira lembra bastante o Evoque, mas os faróis são um pouco maiores

61


— Sistema Terrain Response não faz milagres, mas é suficiente para aventuras leves. Motor 2.0 turbo com 240 cv tem força de sobra —

computador de bordo acusa um consumo médio de 13 km/l. Há opção de trocas manuais por meio de borboletas atrás do volante, porém com tantas marchas é fácil se perder. Uma dica? Deixe o robô no comando. Quando convocado, o quatro-cilindros de 240 cv e 34,6 kgfm atende prontamente. Acelerando a fundo, o câmbio entende que o motorista quer adrenalina e passa a esticar as marchas. Aí, o grandalhão de 1.841 kg desperta. Em 7,2 segundos vai de 0 a 100 km/h. Dê-lhe asfalto e chegará a 200 km/h, velocidade máxima limitada pela marca. Neste momento a direção de assistência elétrica, tão leve na hora de manobrar, fica mais pesada. A tração, sempre integral, traz o sistema Active Driveline, que envia a força para as rodas dianteiras ou traseiras dependendo do tipo de piso, velocidade e aderência. Chega

2

uma curva e o utilitário se mantém firme na pista, sem

1

sustos ou oscilações apesar do centro de gravidade alto. Méritos para a nova suspensão traseira multibraço e os

1. Utilitário tem 9 cm a mais de comprimento do que o Freelander 2, seu antecessor 2. O acerto da suspensão é firme, sem comprometer o conforto

amortecedores de ajuste automático conforme o terreno.

62


Grosso modo, o modelo é baseado na plataforma EUCD, de origem Ford, que serve desde a perua Volvo V60 ao minivan familiar Ford S-Max. Quando estreou no Evoque, em 2011, a base foi 90% redesenhada e até mudou de nome: LR-MS. Em dado momento a estrada de asfalto ruim acaba e começam as trilhas de cascalho cobertas de gelo e neve. Hora de acionar o sistema Terrain Response da marca, com cinco modos de atuação: normal, grama-neve-cascalho, lama, pedra e areia. Basta pressionar um botão no console central, esperar uma luzinha amarela dois segundos e o SUV muda de personalidade. Na localidade de sugestivo nome Cold Valley, a eletrônica faz correções para o utilitário andar na linha sobre piso escorregadio. São diversos assistentes, como o controle eletrônico que reduz o torque e/ou aplica o freio em rodas individualmente para que não girem em falso, garantindo tração, e o controle de rolagem que detecta quando a carroceria começa a inclinar demais e freia as rodas internas para manter tudo sob controle. Apesar de não ter sido feito para trilhas pesadas, neve acumulada é vencida com facilidade. Bons ângulos de entrada (25°) e saída (31°) ajudam na missão. Um riacho de água congelante aparece à frente e o Discovery Sport, com a típica fleuma britânica, passa tranquilamente. Pode cruzar áreas alagadas com até 60 cm de profundidade. No Brasil, tal versatilidade garantirá bom desempenho em lama e areia, embora sem caixa de redução. Ao abrir a porta, o motorista se depara com um interior caprichado, porém não inédito. Volante, quadro de instrumentos, central multimídia, veio tudo de outros Land Rover. Inclusive o botão cromado do seletor de câmbio, que emerge no console central ao se dar partida. Os materiais são de qualidade e a construção, impecável, embora naturalmente um degrau abaixo do Evoque em sofisticação. Achar a melhor posição para dirigir é fácil, graças às múltiplas opções de regulagens, todas elétricas, e os bancos são macios. O motorista vai obrigatoriamente no alto, em posição que pode incomodar quem tem pernas curtas. As três fileiras são dispostas como em um teatro, com diferença de poucos centímetros de altura em relação ao assoalho entre elas. Para acessar a última é preciso certo contorcionismo. Uma vez lá atrás, sem surpresa: espaço apenas para crianças. Os executivos da marca mal escondem o otimismo quando

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o assunto é o Brasil. Desde o ano passado, o grupo constrói sua fábrica em Itatiaia, a 180 quilômetros do Rio de Janeiro. Só existem outras duas linhas de produção da Land Rover fora da Inglaterra: uma na China, em parceria com a Chery, e outra na Índia, que monta o Freelander em CKD e tem forte influência da Tata, marca indiana dona do grupo Jaguar Land Rover desde março de 2008. Discovery Sport será o primeiro Land Rover fabricado aqui, em 2016. Na sequência deve vir o Jaguar XE, novo sedã médio da marca e concorrente de BMW Série 3 e Mercedes Classe C, que também serão nacionais. Por último, devese produzir um inédito jipinho com tamanho de EcoSport baseado no conceito Defender Concept 100. A marca ainda não confirma nenhum dos dois.O novo SUV começa a ser vendido aqui entre abril e maio importado da Inglaterra. Preços começam em R$ 179.900, como anunciado pela marca no Salão de São Paulo, ano passado. Bom de guiar, confortável e mais barato do que o Evoque (o que pode atrapalhar suas vendas), o Discovery Sport chega como o modelo mais racional da marca. É forte, mas suave. E tem a tradicional resistência Land Rover. No asfalto ou na lama, o desfile é certo.

— Importação da Inglaterra começa entre abril e maio com versões de cinco ou sete lugares e preços a partir de R$ 180 mil — 1 4 2 5 3 1. O novo sistema de entretenimento da versão topo de linha HSE Luxury é fácil de operar 2. Acabamento é primoroso, mas ainda está um degrau abaixo do Evoque em sofisticação 3. O porte do Discovery não sugere que possa ser um carro de sete lugares 4. Sobre neve, uma série de auxiliares eletrônicos ajudam a manter o utilitário na linha 5. Teto panorâmico dá sensação de amplitude. Motorista assume posição de dirigir elevada

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— Surpresas da Rétromobile — Coleção abandonada em velhos galpões é resgatada e vai a leilão milionário em Paris POR BOB SHARP


foto Artcurial Auction House


Trata-se do maior evento de antigomobilismo da Europa.

no interior, no oeste da França, em Deux-Sèvres. Ela

A 40ª edição do Salão Rétromobile, em fevereiro último, no

pertencia ao magnata dos transportes Roger Baillon que,

Pavilhão 1 do Paris Expo Porte de Versalhes, reuniu mais

apaixonado por automóveis, nos anos 1950 começara a

de 500 veículos em 46.000 metros quadrados. A exposição

comprar veículos com o objetivo de construir um museu.

abre a temporada europeia dessa paixão que não para

Seu filho Jacques compartilhava a mesma paixão. A

de crescer, o carro antigo. Tem de tudo lá: sonho, êxtase,

maneira de descobrir carros para comprar era perfeita:

informação, investimento, artistas para se conversar,

seus motoristas é que o avisavam sempre que viam algo

fabricantes de automóveis, vendedores de peças e de

que valesse a pena.

miniaturas, clubes, federações, além de restauradores e

Mas quando a Baillon Transports começou a entrar em

comerciantes de automóveis. Diversão e entretenimento

dificuldades financeiras nos anos 1970 para finalmente

são garantidos.

fechar em 1978, Roger teve que vender 50 carros dos seus

Mas este ano o Rétromobile teve uma novidade nada

109 e deixou o restante guardado da melhor maneira que

pequena e que deu um colorido todo especial ao evento:

pôde, alguns em garagens fechadas, outros em simples

estava lá o acervo da Coleção Baillon, 59 carros europeus

barracões com teto de zinco corrugado. Como disse Pierre

dos anos 1930 a 1960 que estavam guardados em galpões

Novokoff, um dos especialistas da Artcurial, “era alguma

com pouco ou nenhum cuidado, a marcha do tempo se

coisa entre um cemitério de metais e um museu”.

encarregando de deteriorá-los ao longo dos últimos 50 anos.

Roger Baillon morreu em 1996 aos 82 anos e Jacques, em

A casa leiloeira Artcurial Motorcars, promotora e

2013. Forem seus dois filhos que, aconselhados por um

organizadora do Rétromobile, foi informada no dia 30 de

amigo, entraram em contato com a Artcurial Motorcars

setembro do ano passado da incrível coleção que estava

revelando a existência dos carros e manifestando interesse

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fotos Artcurial Auction House

— O mundo antigomobilista ficou atônito ao saber da notável coleção de Roger Baillon abandonada há 50 anos no interior da França —

1 2 3

1. A maioria dos carros estava no mais completo abandono sob barracões de madeira 2. Foi difícil acreditar ver uma raridade como esse Bugatti 57, de 1937, nesse estado 3. As marcas do tempo estavam em praticamente todos os carros da grande coleção

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foto Artcurial Auction House

Ferrari 250 GT SWB California Spider 1961, ex-carro de Alain Delon, leiloado por € 16,3 milhões / R$ 54 milhões


em oferecê-los para àquela empresa para serem leiloados

Outro achado foi o Talbot-Lago T26 Grand Sport SWB

— o que aconteceria justamente alguns meses depois nesta

carroceria Saoutchik 1948. Havia outro da mesma marca,

40ª Rétromobile.

também T26, mas um Record Cabriolet, do mesmo

A empresa, então, organizou um catálogo luxuoso com

encarroçador, único exemplar no mundo, carro que

quase 500 páginas em que a Coleção Baillon foi o destaque.

pertenceu ao casal Salah Bey Drabi e à Princesa Nevine

Além de fotos no local onde estavam as relíquias sobre

Abbas Halim, ela da família real do Egito.

rodas, levou vários exemplares para locação em estúdio. Havia

realmente

carros

valiosos,

mas

a

maioria

Leilão

encontrava-se em estado lastimável. Dos bons, o Ferrari

O

250 GT SWB (short wheelbase, chassi curto) California

internacionais que acorreram ao Salão. As vendas

Spider 1961 que havia pertencido ao astro do cinema

totalizaram € 46.165.983, numa maratona de mais 11 horas

francês Alain Delon, um Ferrari que ninguém sabia seu

dividida em duas partes. O infatigável maître Hervé Poulain

paradeiro, estava simplesmente desaparecido do círculo

bateu o martelo em 89% dos lotes diante das mais de 3.500

de antigomobilistas. Outra preciosidade era o Maserati

pessoas espremidas no superlotado salão para tomar parte

A6G 2000 Gran Sport Berlinetta carroceria Frua 1956,

do histórico leilão que começou pelos 59 carros da Coleção

pois só três exemplares restaram.

Baillon. Quase 1.600 pessoas se inscreveram para dar

74

leilão

causou

alvoroço

entre

colecionadores


— Descobertas de carros guardados durante décadas não são raras, mas essa impressionou pela variedade e pelo valor histórico de boa parte deles —

lances, além de outras 1.000 conectadas à plataforma para lances online. A venda atraiu entusiastas do mundo inteiro, cerca de 30 nacionalidades ali representadas para celebrar, mais uma vez, a história do automóvel, num evento de porte jamais visto na França. No balanço final registraram-se 10 preços de leilão recordistas mundiais. O ponto mais emocionante foi a chegada da inconteste

foto Artcurial Auction House

estrela do leilão, o Ferrari 250 GT SWB California Spider 1961, que subiu à passarela enquanto o salão mergulhava na escuridão. Muitos prenderam a respiração à medida que os lances eram dados, antes de explodir em aplausos quando o

1

martelo de leiloeiro foi batido em € 16,3 milhões, incluindo a comissão. Foi o maior lance da história da Artcurial.

A perplexidade de ver tantos carros preciosos juntos associou-se à indignação de muitos, como o estado deplorável deste Talbot Lago T26 Cabriolet 1948 encarroçado por Saoutchik

Roger Baillon, o grande empresário fanático por carros, salvou do sucateamento um vasto número de carros entre

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foto Artcurial Auction House

Uma visão chocante, este belo e clássico Talbot Lago T26 Grand Sport Coupé 1949, carroceria Saoutchik; foi leiloado por 1,7 milhão de euros no estado


— A Artcurial Motorcars sempre realizou grandes leilões na Rétromobile, mas o desse ano foi ímpar e inesquecível —

1950 e 1970, e seus herdeiros obtiveram € 25,15 milhões. Os 59 carros de “achados em celeiro”, como dizem os americanos, foram todos vendidos, chegando a 2, 4, 6, até 10 vezes o valor de suas estimativas de preço, incluindo dois valores de recorde absoluto. A exibição pública, organizada como homenagem ao museu com que Roger Ballion sonhava, atraiu cerca de 15.000 visitantes por dia, muitos vindos de fora da França só para ver essas “belas adormecidas”. O leilão incluiu a pré-compra, pelo Museu do Automóvel de Compiègne, de um Panhard-Levassor Dynamic X76 coupé junior,

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foto Artcurial Auction House

provavelmente de 1936, que confirmou a importância

A segunda parte do leilão teve outros 117 carros de várias

cultural do evento.

origens, entre contemporâneos e clássicos, apresentados

Alguns especialistas, entretanto, têm dúvidas se quem

no

comprou exemplares mais deteriorados conseguirá

Batalhas de lances e aplausos prosseguiram durante

retorno financeiro – e lucro no caso de eventual revenda –

mais cinco horas. Três modelos foram vendidos por

depois da custosa e sempre longa operação de restauração.

mais de 1 milhão de euros.

Muitas peças deverão ser refabricadas e/ou garimpadas

Consenso entre os antigomobilistas europeus, se a

ao redor do planeta. De qualquer modo nesse meio é difícil

Rétromobile já era cheia de charme, a desse ano foi

achar alguém que rasgue dinheiro ou apenas compre sem

ainda mais enriquecida graças a coleção esquecida de

pensar ou conhecer muito bem o mercado de raridades

Roger Baillon.

salão

lotado

de

compradores

mecânicas. O tempo dirá com quem está a razão.

1 1. Um raro Delaye 135 M Cabriolet 1948 com carroceria Faget-Varnet. Só há três no mundo incluindo este; dois estão nos EUA

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entusiasmados.


— Seus desejos à la carte — Designer especializado no mercado de luxo oferece “pacotão” de carro esporte, moto elétrica e iate por 1,28 milhão de euros POR CLAUDIO LUÍS DE SOUZA

94


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Um estúdio de design baseado na Suécia lançou a proposta:

alternar música para consumo exclusivo do piloto com

em vez de sair por aí procurando um supercarro, uma

ruído de motor para ser ouvido ao redor.

supermoto e um barco que combinem entre si, que tal adquiri-

O barco é o Avalonne. Iate de pequeno porte com motor a

los num pacote único, com visual combinando e preço até que

diesel e para oito pessoas no deck, além de alojamento para

camarada? A ideia é de Eduard Gray, britânico dono da Gray

quatro no andar inferior.

Design e de sua nova divisão de veículos, a Zeus Twelve. O

Em entrevista a TOP Carros, Eduard disse que já tem

combo, batizado Gold & White Collection (porque os três

uma encomenda da Thorium, com entrega marcada para

veículos são brancos com detalhes dourados), é oferecido por

fevereiro de 2015. Mas é uma venda isolada, não da Gold

1,28 milhão de euros (pouco mais de R$ 4 milhões), e pode ser

& White Collection. Esta moto será o primeiro produto

entregue aos interessados já em 2016.

totalmente funcional do Zeus Twelve, pois até aqui seu

O carro chama-se Scionne e será feito sobre a plataforma

trabalho resultou apenas em protótipos, alguns levados

do esportivo britânico Lotus Elise, com motor de 217 cv e

até a fase de testes físicos. Afirmou que a persistência

promessa de acelerar de 0 a 100 km/h em 4,6 s. A velocidade

da crise financeira global iniciada em 2008 atrapalhou

máxima fica em 234 km/h.

especialmente a parte de seus negócios que ele demonstra

A moto recebeu o nome Thorium, como o elemento químico.

adorar: embarcações de luxo.

Sua propulsão será elétrica, capaz de levá-la da imobilidade aos 100 km/h em 3,9 s. A autonomia passaria dos 260 km, e

Público-alvo

o tempo necessário para repor 95% da carga seria de apenas

O pacote Gold & White, quando olhado com mais cuidado,

uma hora. Seu sistema de som Bang & Olufsen poderá

parece sob medida para cativar aqueles milionários árabes

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— Carro, moto e barco de uma só vez. Uma solução para poucos direto da Suécia. Aceitam-se encomendas —

que envelopam Ferraris e Lamborghinis e trocam barris de petróleo por Bugattis e Bentleys cravejados de diamantes. Mas o fato é que Gray observa com atenção outros pontos do planeta em que o mercado de luxo está em ascensão. Principalmente o que se passa em parte dos chamados BRICs, mais especificamente Brasil, China e Índia, que ele considera muito promissores. (Ele não quis revelar se já tem algum potencial cliente em nosso país.) “Existem diferentes interpretações de riqueza em diferentes culturas, e isso permite o desenvolvimento de produtos que se afastam de uma ideia tradicional e única de luxo”, explicou. Para um milionário ocidental, é importante que seu iate tenha uma ampla área para banhos de sol. “Com os chineses, é o contrário: eles querem muita sombra e um

1 23

fluxo de ar refrescante”, contou. 1. O esportivo Scionne vai usar a base do inglês Lotus Elise para chegar a 234 km/h. 2. Iate Avalonne pode alojar quatro pessoas na parte inferior; no deck ensolarado, a capacidade é para oito 3. Motocicleta elétrica Thorium oferece som Bang & Olufsen que envolve o piloto com música ou cria ruído de motor

Há uma coisa, porém, que não muda no desejo dos clientes abastados de qualquer parte do mundo: a exclusividade. Por isso, o estúdio Zeus Twelve pretende produzir apenas 12 unidades de Scionne, Thorium e Avalonne (36 veículos

97


ao todo). Como a venda de uma Thorium já está garantida,

um “exemplo fantástico de forma e função funcionando em

sobram 11 chances de comprar a coleção completa.

harmonia”. E derreteu-se: “Ao lado do Aston Martin DB9 e

“É possível combinar algumas especificações dos três

do Bentley Continental GT, o Model S seria o carro que eu

veículos”, avisou Gray. Mas não será possível completar o

gostaria de assinar”. Mas o que tem para hoje, e até acabar o

pacote quando algum deles esgotar a primeira e única dúzia.

estoque, é o Scionne mesmo.

A ideia do combo de carro/moto/barco foi esboçada em

— Para Eduard Gray, mercado de luxo é mais variado do que se pensa: “Um chinês e um ocidental querem coisas bem diferentes” —

2011, quando ele tinha apenas quatro anos de experiência no setor automobilístico e inscreveu um projeto no desafio de design que a Michelin promove anualmente no Salão de Detroit, nos EUA. A proposta dele era o par formado por um supercarro e um megaiate, construídos com materiais semelhantes e cores combinando. Disso para a Gold & White Collection deve ter sido um mero passo. No vasto portfólio de carros imaginados e desenhados pelo projetista, destaca-se o superesportivo Vapour GT, que aproveita a junção de trem-de-força da Ford (motor Duratec de 2 litros, sobrealimentado) com chassi em fibra de carbono

1

da britânica Caterham. Mas a maior paixão automotiva dele pouco tem a ver com

1. O ousado Vapour GT, apesar do nome sugestivo de propulsão ambientalmente correta, prevê motor Ford à combustão

máxima performance. “Sou muito fã do Tesla Model S”, disse Gray. Ele considera o sedã elétrico da fabricante californiana

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— Sem medo de acelerar — Mercedes-AMG GT MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO

4 litros, V-8 biturbo GASOLINA 510 cv e 66,3 kgfm TRANSEIXO, AUTOMATIZADO, 7 MARCHAS TRASEIRA 4,57 m 2,63 m 2 351 litros 85 litros 1.028 km 1.540 kg R$ 950.000 (estimado)

POR JOSIAS SILVEIRA FOTOS ANDREAS HEINIGER




Conte até quatro. Antes de terminar, em apenas 3,8 s, já se

seu alvo favorito: o Porsche. Até no preço mira o 911 Turbo.

está a 100 km/h. Continue contando. Pouco depois de chegar

Estima-se que o GT S, topo de linha, custará R$ 950.000, no

aos 10, o velocímetro deste carro esporte de dois lugares já

segundo trimestre de 2015. A versão de entrada, com 462 cv,

marca 200 km/h. E tem muito mais: vai continuar o “soco

chegará no segundo semestre.

nas costas” da aceleração de um V-8 de 4 litros com dois

Até em aerodinâmica, o AMG GT persegue o lendário

turbocompressores. O novíssimo Mercedes-AMG GT S fura

911: o aerofólio traseiro traz regulagem eletrônica de

a barreira dos 300 km/h, indo a exatos 310 km/h.

posicionamento em função da velocidade. Muito diferente

Para começar, o GT não é um projeto apenas do fabricante

de um “veículo de pista”, há refinamento, silêncio e luxo,

alemão. Trata-se de uma criação da divisão esportiva e

com direito a uma cabine de comando no melhor estilo

de competição AMG, um sofisticado produto que herda

aeronáutico, todos os controles à mão. E há quatro saídas

soluções de seu antecessor, o SLS.

centrais, juntas, de ar-condicionado no painel frontal,

Visto de frente, lembra a linhagem de esportivos bipostos

característica pouco vista.

clássicos da Mercedes. Já a traseira arredondada remete a

O

102

“manche”

no

console

central

comanda

câmbio


— Um carro de pista amansado para as ruas, que vai aos 310 km/h. Com mais de 500 cv, traz muita tecnologia para domar a cavalaria —

automatizado, de sete marchas e dupla embreagem, montado junto ao eixo traseiro (tecnicamente um transeixo) para garantir melhor distribuição de peso. Nas rodas de trás estão 53% do peso, para melhor tração, e 47% na frente. Só o ronco do V-8, naquele tom de barítono, denuncia o desempenho de tirar o fôlego. Curvas e manobras precisas, dignas dos melhores carros de competição, acelerações incríveis sempre com o longo capô apontando para a direção correta. Programado no modo Race (que ajusta eletronicamente suspensão, câmbio e rendimento do motor), poucos motoristas conseguirão aproveitar todo o rendimento da usina de força que fornece 510 cv no GT S (entre 6.000 e 6.500 rpm). O imenso torque “de locomotiva”

103


(66,3 kgfm) se mantém constante de 1.750 rpm a 5.000 rpm. Também graças à eletrônica, existe o outro lado da moeda, o modo “Velejar”, nome hodierno para roda-livre: o GT S se torna mais ecológico, econômico e confortável até os 160 km/h. Um típico modo para relaxar e olhar a paisagem nas estradas, com o carro aproveitando o embalo enquanto o motor fica em marcha lenta. Depois de se habituar à fera, é possível até personalizar os hábitos ao volante. Afinal, um carro assim é fruto direto do gerenciamento eletrônico de praticamente tudo para garantir tração, evitar derrapagens, otimizar manobras, acelerações e frenagens. Em uma definição simples: sem eletrônica, só poderia conviver com as pistas de competição. Construção sofisticada Para se chegar a um resultado dinâmico e estético assim, o melhor da tecnologia mais que centenária da Mercedes foi utilizado. A carroceria, toda em alumínio, pesa apenas 231 kg. Diminuir peso é fundamental para garantir desempenho. Curiosamente, apenas a tampa do porta-malas é de aço, por razões estruturais. No chassi, combinação de alumínio, aço e magnésio (nas longarinas de apoio do motor) garante resistência e um peso total de apenas 1.540 kg em ordem de marcha, ou seja, tanque cheio e pronto para acelerar por aí. O motor tem bloco de alumínio, é ultracompacto, leve (só 209 kg) e com duas soluções incomuns em um V-8 “de rua”: dois turbocompressores montados no meio do “V” dos cilindros (como no rival BWW) e cárter seco. Neste caso, tanto para diminuir a altura do motor, pois o reservatório à parte para o lubrificante mantém o centro de gravidade mais próximo do chão, quanto para garantir o suprimento mesmo nas curvas de alta velocidade, quando a força G afastaria o óleo do captador. Aliás, cárter seco é a mesma solução de sempre dos... Porsche 911.

embreagem, que deixa a próxima marcha (tanto para cima

No console está o centro nervoso de muita tecnologia. Ali se

como para baixo) já engatada, sendo a troca efetiva realizada

seleciona a personalidade do AMG GT em cinco regulagens

em décimos de segundo. Os freios contam com quatro

básicas: Comfort, Sport, Sport Plus, Race e Individual

grandes discos (39 cm de diâmetro na dianteira e 36 cm

(duas últimas só no GT S). No modo Individual, tudo pode

na traseira), mas há opção de discos de cerâmica, e aí os

ser ajustado pela tela central tátil do painel para seu jeito

dianteiros são ainda maiores (40,2 cm).

preferido de dirigir.

Com tudo isso, a eletrônica também proporciona um “momento

Além disso, no manche do câmbio, há a possibilidade de

da verdade”. O ESC, controle de estabilidade, pode ser desligado,

colocar o sistema em M, para mudança manual sequencial

e o GT fica totalmente “por conta” do piloto para dirigir em

das marchas. Conselho: escolha a função automática,

uma pista. Mesmo sabendo que o autobloqueio do diferencial

pois a troca é mais rápida graças à configuração de dupla

traseiro está garantido e o ESC voltará automaticamente em

104


— O GT S pode ser ajustado ao gosto do dono: do comportamento ecológico até um desempenho típico de pistas de competição —

105


— As primeiras unidades só agora estão sendo entregues na Europa. Aqui previsão é para o segundo semestre —

emergências (derrapagem excessiva, frenagem muito forte etc.), as mãos do candidato a piloto suam frio. Ao volante se tem um touro bravo, apesar da grande precisão e obediência nas manobras. Ele obedece cegamente, e aí mora o perigo. Obedece inclusive a uma tomada de curva malfeita ou uma frenagem tardia. Mas talvez nessa situação se perceba claramente o porquê de se pagar quase 1 milhão de reais para se diferenciar de automóveis “normais”. No outro extremo, saiba que este V-8 biturbo faz parte da família BlueTec, de motores ecológicos. Numa pilotagem normal, a fábrica indica consumo médio de mais de 12 km por litro.

Equipe: Assistentes de fotografia: Bruna Lacerda, Fernando Queiroz e Josildo Melo Retoque: Paulo Beleza (Photoflow)

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— Contra o tempo perdido — Driblar o trânsito engarrafado e chegar mais cedo é a intenção tanto do navegador TomTom Go 600 como do aplicativo Waze POR ANDRÉ DANTAS

O dispositivo de GPS TomTom Go 600 e o aplicativo para telefones inteligentes Waze são soluções distintas, mas investem na escolha da melhor rota em tempo real. Está em curso uma mudança de utilidade dos aparelhos de GPS. Para evitar congestionamentos, nada como sistemas conectados via dados móveis. O trânsito nas cidades vem se tornando mais lento. Segundo dados da TomTom, o motorista perde, em média, o equivalente a até 14 dias de trabalho/ano, e o prejuízo à economia do país é da ordem de R$ 170 bilhões. As interfaces dos dois são fáceis de usar, focadas no usuário leigo. O Waze está em um celular que precisa desempenhar muitas funções, em geral com limitações de resolução e tamanho de tela. Já o TomTom é um dispositivo dedicado e tem tela de alto brilho de 6 polegadas e cores contrastantes. O reconhecimento das informações é fácil, mesmo por rápida olhada. Ambos devem ser bem posicionados para não prejudicar a visão. Eles aceitam comando por voz, fator de segurança, porém para usá-lo o Waze exige toque na tela com três dedos, o que diminui a funcionalidade. Seu repertório é bem restrito e, em compensação, aproveita o eficiente reconhecimento de voz do sistema operacional. TomTom possui repertório de mais de 40 comandos, porém o processo é mais longo, embora fácil. No caso, há alguma dificuldade de reconhecimento de voz, dependente de certo treino.



Por ser um aplicativo, a conexão do Waze com a internet é algo natural. Já o TomTom precisa do telefone como uma ponte para dados móveis por meio de Bluetooth. A conectividade é ao mesmo tempo a força e a fraqueza de ambos. Waze é completamente dependente da internet. Sem esta, o aplicativo sequer gera rotas. Já o TomTom pode operar offline, como um GPS passivo, quando ausente a conexão de dados. Para ambos, a má notícia é a tendência do fim da internet móvel ilimitada. Os programas até trafegam poucos dados, mas com franquia mínima padrão de apenas 10 MB/dia, é fácil o motorista perder a orientação online no meio do trajeto. A solução é comprar um plano da operadora mais caro. Diferentes filosofias O TomTom opta por orientação de certa forma conservadora. Fez acordos com prefeituras que implantaram controle eletrônico de tráfego e coleta automaticamente dados de empresas e usuários que utilizam seu navegador. Já o Waze nasceu na filosofia de rede social. Cada usuário é um sensor para o estado do trânsito, interage e gera alertas de perigo na pista, chuva, acidentes, radares etc. Ambas objetivam capilaridade de avaliação instantânea do trânsito, mas dependem do número de fontes de informação. Quanto mais fontes, melhor: ponto para o Waze. Para os testes, o mesmo smartphone oferecia conexão Bluetooth ao TomTom também rodava o Waze, solução simples e prática. Primeiro, em um feriado, avaliamos como cada um atuava sem congestionamentos. O TomTom tende a gerar rotas próximas ao que o motorista tomaria sem orientação por vias expressas e poucas curvas. Já o Waze busca se aproximar da linha reta entre origem/ destino e traça um roteiro cheio de quebradas. Nessas condições, o Go 600 é mais agradável com tempos de viagem semelhantes. Uma das vantagens do TomTom sobre o Waze é o reconhecimento de zonas de perigo. Suas rotas podem contornar uma zona de alto risco de assaltos, enquanto o Waze é menos preciso nesse aspecto. No segundo teste, além de circular em horários de congestionamento,

houve

diversas

simulações

e

comparações entre as rotas geradas. O Waze se esforça no sentido de manter o motorista a maior parte do tempo em vias livres, evitando ao máximo zonas congestionadas. Rotas assim geradas podem ficar muito longas e de sensação

110


labiríntica. Já o TomTom adota caminhos mais diretos, mesmo por vias de trânsito pesado, tentando compensar pela menor distância percorrida. As estratégias não são perfeitas e oferecem resultados diferentes. O Waze indica tantas conversões que o motorista pode se desorientar. O TomTom passa por áreas de trânsito lento, que podem travar e sem condições de escapar com facilidade. A conclusão sobre a escolha ideal, portanto, não é um ou outro, mas ter os dois, estudando as rotas oferecidas e escolhendo a melhor a cada caso pelo horário de chegada. Como funcionam conectados, ter smartphone com conexão móvel é mandatório. O Waze é um aplicativo gratuito e se torna a alternativa direta ao motorista, embora incomode a

— Navegação inteligente que desvia dos congestionamentos para traçar a melhor rota alternativa é tendência irreversível —

publicidade na tela. Já o TomTom tem preço de R$ 900 (Go 500/5 pol.) a R$ 1.500 (Go 600/6 pol.), inclusos atualização vitalícia de mapas (Mercosul e EUA) e serviços de trânsito.

1 2

1. Grande rede colaborativa fez do Waze um aplicativo bastante usado para evitar trânsito pesado 2. Navegador TomTom também faz cálculos de rota em tempo real para eleger o melhor caminho

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— Receita de futuro no presente — BMW i3 MOTOR MOTOR DO GERADOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS BATERIA/ TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO

POR BOB SHARP

ELÉTRICO 2 cilindros, 647 cm³ GASOLINA 170 cv e 25,5 kgfm (combustão) 34 cv e 5,6 kgfm (elétrico) NÃO EXISTE TRASEIRA 3,99 m 2,57 m 4 260 litros 22 kW·h/9 litros 335 km 1.315 kg R$ 235.950



A receita do seu primeiro elétrico de produção em série i3 é radicalmente diferente de tudo que a marca da Baviera fez até hoje e mostra a ousadia da BMW. Começa pela construção, em que a estrutura monobloco deu lugar à carroceria separada do chassi. Este é plano e de alumínio, enquanto o esqueleto da carroceria em si é feito em compósito de fibra de carbono com painéis externos em plástico SMC. As duas partes são coladas, processo usado amplamente na indústria aeronáutica com total segurança e sucesso. A razão de utilizar o compósito de fibra de carbono é manter o peso do i3 o mais baixo possível, já que a bateria de íons de lítio por si só pesa bastante. O carro elétrico BMW se apresenta em dois formatos. Um somente a bateria, que alimenta o motor elétrico de 170 cv; outro com um motogerador de 34 cv para carregar a bateria de 22 kW·h e maior autonomia. O i3 só elétrico pesa 1.195 kg, o “REX” (de range extender, extensor de autonomia), 1.315 kg. A BMW importa apenas a segunda versão em razão das condições de uso no Brasil e inclui rodas de 20 polegadas, bancos de couro e acabamento do painel em madeira. Sem REX o carro custa 4% menos no exterior.

— Dirigir o i3 é experiência totalmente nova. O pequeno hatchback se mostra surpreendente na cidade e muito rápido na estrada —

Sensação nova Ao sentar ao volante do i3 pela primeira vez, a informação chega direto ao cérebro: este não é um carro comum. Como instrumentos, apenas duas telas isoladas e não incrustadas num painel. Uma, menor e bem à frente, monitora autonomia elétrica ou com o gerador funcionando, além da leitura digital da velocidade. A outra, bem no meio do painel, é a central multimídia que inclui navegador GPS. Com a chave de presença por perto, até num bolso, aperta-se o botão Start/Stop e... nada acontece. Seleciona-se então D pela borboleta única de comando junto ao interruptor e é só acelerar para iniciar a rodagem. Há apenas uma posição de andar para a frente (D), outra para dar ré (R), com um neutro (N) no meio. Não existe câmbio. Mais sensações novas: a desenvoltura, a facilidade com o que o i3 acelera, impressiona. De 0 a 60 km/h decorrem apenas

1 2 3

3,9 s; mais 4 s e já se está a 100 km/h. A essa velocidade numa estrada, pretendendo-se ultrapassar, a manobra é feita com

1. Interruptor do motor elétrico e seletor de marcha à frente/ré ao alcance dos dedos 2. Ver o i3 deslizar pelas ruas da cidade, sem produzir ruído, é muito prazeroso 3. Um interior à altura do avanço deste BMW elétrico

rapidez notável e sem o motor e o carro denotarem esforço anormal. Para se ter ideia da aceleração do i3 na estrada, ele vai de 80 a 120 km/h em apenas 5,5 s, tempo de carro esportivo dos bons. Isso porque, mais do que os 170 cv, o elevado torque

116


117


de 25,5 kgfm é constante em qualquer rotação do motor ou

centers. Também facilita estacionar ou sair de vagas, ainda

velocidade do carro. É uma sensação realmente nova, mas há

mais pelo seu pequeno comprimento, de 4 m.

outra, a frenagem regenerativa. Logo que se levanta o pé do acelerador, o motor elétrico passa

“Bateria descarregada”

a ser gerador e para fazer isso freia o carro (gerar energia

Como tudo que é alimentado a pilha ou bateria, inclusive

elétrica requer potência). E como freia! É preciso dosar a

telefones celulares, chega uma hora em que se fica sem carga.

tirada de pé do acelerador para não desacelerar demais. Ou

Problema? Não quando veículos elétricos como o i3 contam

seja, dificilmente se precisa recorrer ao pedal de freio para

com um motogerador a bordo. Caso a bateria se esgote no

diminuir velocidade ou mesmo parar, logo que se acostuma

meio do caminho, basta ligar o motor a gasolina do gerador

a uma pequena antecipação. Com ambos os motores e rodas

para manter um mínimo de carga e continuar a viagem. Não

motrizes atrás, o comportamento do i3 é bem familiar a

com o mesmo desempenho, pois o motor bicilíndrico de 647

quem conhece BMW.

cm³ desenvolve apenas 34 cv, mas dá para manter o veículo

Ao parar num semáforo, o motor elétrico, obviamente,

a 100~110 km/h – a propósito, a velocidade máxima do i3 é

também para de funcionar. Isso é inerente ao seu tipo de

limitada a 150 km/h para poupar energia. O problema é que

funcionamento, não à atuação artificial do Start/Stop

o tanque de gasolina comporta apenas 9 litros, e nesse ritmo

(sistema desliga/liga o motor de combustão comum), cada

o consumo, de 13 a 15 km/l, não dá para ir muito mais longe.

vez mais aplicado nos carros de hoje. Andar na cidade com

Abro um parêntese para explicar por que um tanque tão

o i3 é mesmo uma nova e agradável experiência. O pequeno

pequeno. Para merecer incentivos fiscais, bônus do governo

diâmetro mínimo de curva – 9,9 m – torna muito fácil andar

e outras vantagens em alguns países, a autonomia usando

pelos geralmente apertados estacionamentos de shopping

qualquer extensor por meio de motor a combustão não pode

118


— É notável a integração do BMW i3 ao ambiente urbano, sentida assim que se dirige um —

exceder aquela em modo apenas elétrico. Como, porém, essa condição não existe no Brasil, fica a sugestão para a BMW oferecer opção de um tanque de gasolina maior nas unidades destinadas ao nosso mercado, para sossego de quem precisa rodar mais. Para carregar a bateria pela rede elétrica, basta abrir o capô dianteiro, pegar o cabo ali acomodado e ligá-lo a uma tomada residencial ou posto de recarga. O problema é o tempo, 16

1 2 3

1. O BMW i3 se integra muito bem à paisagem das grandes cidades 2. Dirigindo com calma e sem ligar o ar-condicionado, o i3 chega a rodar 170 km só com eletricidade 3. Em vez do tradicional painel com instrumentos incrustados, dois mostradores tipo tablet

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horas a 110 volts ou oito horas a 220 V. Mas já há pontos de recarga espalhados na Europa, e não tardarão a chegar aqui, em que uma operação de 30 minutos repõe 80% da carga. Esta operação rápida, no entanto, deve ser menos utilizada para não comprometer a vida da bateria. E o custo para rodar em modo elétrico? Para “encher o tanque” de 22 kW.h gasta-se em torno de R$ 9 (R$ 0,40/

— A BMW empregou no i3 o melhor da tecnologia de construção leve, utilizando compósito de fibra de carbono e alumínio —

kW·h com impostos). Essa energia dá para rodar, em média, cerca de 170 km; portanto, cada km custa 5 centavos de real. Um automóvel comum que faça 12 km/l e gasolina a R$ 2,80 o litro terá custo/km de 23 centavos. Ou seja, o i3 gasta quase 80% menos. E no caso da cidade de São Paulo haverá a vantagem adicional de carros elétricos serem dispensados do famigerado rodízio pelo final de placa. Mas nem tudo são flores. Ao partir para um i3, em vez de um carro comum de R$ 100 mil, por exemplo, será preciso rodar 700.000 km para amortizar a diferença de preço entre os dois contando apenas com economia no custo por quilômetro. Mas quem não se preocupa com o ROI, return on investment, terá no i3 um carro muito seguro, espaço interno próximo ao de um sedã Série 3, mas com dimensões externas de compacto e diferente até na abertura reversa das portas traseiras. E, mais do que nunca, poderá vivenciar o comportamento de um típico BMW.

1 2 1. Mesmo não tendo radiador na dianteira, a tradicional grade “duplo-rim” da BMW garante a pronta identificação da marca 2. A carroceria não tem coluna central e as portas traseiras são de abertura reversa, garantia de fácil acesso ao banco traseiro


— Quando os sonhos se tornam realidade — Carroceria coberta de cristais Swarovski, geladeira no banco traseiro para manter o champanhe na temperatura correta, tapetes persas – tudo pode ser personalizado para tornar um veículo absolutamente único POR NORA GONZALEZ

Um carro totalmente coberto por cristais Swarowski pode

do banco traseiro do veículo. Entre as personalizações,

ser considerado uma excentricidade. E é. Mas a estudante

algumas acabam virando item de linha, como o porta-copos

russa Daria Rodionova personalizou um Mercedes CLS

que esquenta ou esfria a bebida, hoje disponível em vários

350 para circular pelos arredores de Londres com 1 milhão

modelos da marca (e também no concorrente Chrysler

de cristais em toda sua parte externa – ao custo de mais de

300C), ou a geladeira que faz parte dos modelos da classe S.

US$ 40.000, fora o preço do veículo, de quase US$ 100.000.

“Para atender especialmente às mulheres que chegam com

Pode parecer um caso isolado, mas não é. Ele é apenas

compras, os modelos da classe S têm abertura do porta-

mais exótico, pois quando se trata de atender os desejos

mala sem necessidade de uso de chave ou dispositivo. Basta

de consumo, algumas marcas não medem esforços para

portar a chave no bolso e passar o pé embaixo do para-

realizar os sonhos de seus clientes. Fabricantes de veículos

choque traseiro que o porta mala se abre automaticamente”,

de luxo mantêm departamentos completos à disposição

explica Evandro Bastos, gerente de Marketing de Produto

de pessoas que buscam exclusividade e que funcionam

da Mercedes-Benz do Brasil. Simples assim, sem precisar

como uma ilha da fantasia, onde praticamente tudo pode

usar as mãos. Delas ou dos seus motoristas.

se converter em realidade.

A Renault também investe no público feminino e mantém

No caso da Mercedes-Benz, o lugar onde esses sonhos se

um programa específico para atender essa fatia de

realizam se chama Performance Studio e fica na cidade

mercado. “No Brasil, 85% das decisões de compra são

alemã de Affalterbach. Para lá são enviados os pedidos de

influenciadas por mulheres, e 45% de nossas vendas

concessionários da marca em todo o mundo. E as mulheres

são feitas diretamente para mulheres”, explica Sandra

já são responsáveis por uma parte significativa dos pedidos.

Domahovski,

Os menos raros são cores específicas, mas revestimentos

Connectivity da Renault. De acordo com pesquisas feitas

como tapetes persas já foram atendidos, assim como

pela montadora, enquanto os homens se preocupam mais

minigeladeiras embutidas à disposição dos passageiros

com o status que um veículo proporciona, as mulheres

Regional

Program

Manager

CBU

&



— Maserati by Ermenegildo Zegna: a tecnologia encontra a alta-costura —

veem no carro uma expressão de autonomia e liberdade e prezam muito a segurança e a praticidade. E o público feminino é mais atento ao acabamento, aos detalhes, ao toque do revestimento. Mas mulher quer também aproveitar ao máximo o tempo dentro do veículo e preza muito itens de conectividade que lhe permitem trabalhar desde o carro ou mesmo controlar o andamento da casa ou os filhos à distância. Mulher também pede guarda-objetos onde pode deixar seus cosméticos (de preferência, com chave) e espelho com iluminação no quebra-sol para retocar a maquiagem, itens que acabam sendo utilizados e valorizados pelo público masculino para guardar óculos de sol (caso do porta-luvas com chave), arrumar uma lente de contato ou mesmo pentear o cabelo (caso do quebra-sol com espelho e luz). E o que dizer quando a sofisticação encontra a segurança?

3

É o caso dos faróis do Classe S cupê da Mercedes-Benz,

12

com 47 cristais Swarovski cada um que ajudam na reflexão 1. Tecidos e acabamento exclusivos da Ermenegildo Zegna em série limitada da Maserati 2. A geladeira entre os bancos traseiros fez tanto sucesso que virou item de série do Classe S 3. O sistema touchpad nos Mercedes-Benz permite navegar no computador de bordo com mais segurança para o condutor

da luz – e, claro, dão um charme adicional ao modelo. O mesmo veículo vem equipado com central de conectividade touch pad – lembra um mouse inserido entre o banco do motorista e do acompanhante. “Num carro ele é mais

126


prático e seguro do que o sistema touch screen, em que

com a Benefit Cosmetics, e o carro vem com um estojo de

o motorista tem de colocar o dedo na tela para mudar os

maquiagem recheado de itens da marca.

comandos”, diz Bastos.

O Volvo XC 90 é provavelmente um dos poucos veículos

Os fabricantes são um pouco reticentes quanto a criar

em cuja concepção e design houve a participação efetiva

carros especialmente para mulheres porque levam em

de mulheres desde seu início, e é também um dos mais

consideração o fator revenda, que pode diminuir pelo

vendidos para o público feminino no Reino Unido. A

espectro mais limitado de potenciais compradores. Mas

fabricante sueca decidiu ouvir essa parcela de clientes e

não significa que não lancem versões específicas. Fazem

saber o que elas gostariam de ver incorporado no carro.

isso, sim, embora de tempos em tempos, quase sempre

Assim, o modelo já vem de fábrica com cadeirinha no

em edições limitadas e com objetivos (até mesmo de

assento traseiro especialmente desenhado para crianças,

marketing) bem específicos.

mesa que permite que se desenhe ou brinque também

A Citroën, por exemplo, arriscou bastante e lançou no

nos bancos traseiros e geladeira que permite que se

Reino Unido um veículo com vistas ao público feminino

transportem com segurança mamadeiras e papinhas em

– bem feminino, aliás. O DS3 Pink é exatamente isso, com

algumas versões do carro.

diversos detalhes rosa por fora, rodas e muitos detalhes da mesma cor. E para que não haja dúvidas sobre a qual

Alta-costura

fatia de público se destina, entre os bancos do motorista

Quando o caso é de atender os detalhes e mimar o cliente

e do acompanhante tem um porta-trecos com lugar para

de alto poder aquisitivo, a Maserati tem um modelo que

todo tipo de cosmético e espelho extra para ajudar nos

atende os dois públicos: o Quattroporte Ermenegildo

retoques. O modelo é um desenvolvimento em conjunto

Zegna Limited Edition. A fabricante de carros de luxo se

127


uniu a um dos maiores ícones da moda para lançar um dos

também preza o luxo e a exclusividade, agora com motor V-6

seus modelos mais personalizados e estilosos, tanto externa

de 410 cavalos. Embora não tenha sido criado para mulheres

quanto internamente. Tudo no modelo foi pensado para

exclusivamente, o toque de seda do acabamento interno foi

ser exclusivo, desde o reduzidíssimo volume produzido

mencionado por muitas como um item diferenciado.

(somente cem unidades) até o uso de couro legítimo e tecidos

Mas nem todos os itens que podem sofisticar um carro de

exclusivos para a cabine, que incluem seda com estampa

mulher são exclusivos de modelos de luxo ou importados.

Chevron marrom e cinza. Como se fosse para lembrar que

Os nacionais Ford Ka e Fiat Idea podem ser equipados

tudo foi pensado em torno do luxo e da exclusividade, o carro

com retrovisor sensorizado para facilitar a manobra

vem com um kit com 19 itens Zegna como um saco de couro,

de estacionar o carro. Assim, quando a marcha à ré é

óculos de sol e lenço de seda com a mesma estampa Chevron

engatada, um sensor comando o retrovisor externo direito

do acabamento interno do carro, mas sem esquecer um

que se move de maneira a mostrar o espaço entre a roda e

belíssimo desempenho, graças ao motor V-8 de 532 cavalos

o meio-fio. Ao se voltar a marcha para outra posição que

e velocidade máxima de 310 km/h. E para pisar com estilo,

não a ré, ele vai para a posição normal e também pode

os tapetes têm couro legítimo.

ser desativado para manobras nas quais não é necessário

Como uma evolução desse modelo, a Maserati acaba de

esse ângulo de visão. Sinal de que itens que facilitam a

mostrar seu carro conceito Maserati Ghibli S Q4, também

condução por mulheres não são exclusividade dos modelos

desenhado em conjunto com Ermenegildo Zegna. Os

de luxo – embora seja entre eles, assim como a fantasia, que

detalhes de tecido em seda e couro legítimo no interior do

a maioria se encontra

Quattroporte também estão presentes nesse modelo, que

— A sofisticação do interior do Mercedes-Benz Classe S continua no exterior. Seus faróis têm 47 cristais austríacos —

1 2

1. O acabamento interno ergonômico e macio é fundamental para as mulheres 2. Os faróis com cristais Swarovski ajudam na segurança, pois distribuem melhor a luz

128


— Check list feminino —

Espelho com luz no quebra-sol – ajuda a retocar a

Regulagem de altura do banco do condutor –

maquiagem, mas também no caso de uma lente de contato.

fundamental para quem troca de motorista ou deixa o carro com manobrista. De preferência, com memórias

Acabamentos cuidadosos, que não desfiem meias nem

que gravam a posição não somente do banco, mas

roupa delicada – item fundamental em todo tipo de

também dos espelhos em função do motorista. Guardam

carro, seja ele popular ou de luxo, nacional ou importado.

todas as informações de ajuste de banco de acordo com

Pesquisas revelam que mulheres acham este item

cada motorista. No mínimo, três.

fundamental. Regulagem de altura do volante – assim como as Porta-objetos de vários tamanhos – ajudam a guardar e

regulagens do banco do motorista, permitem que

encaixar diversos objetos com segurança tanto no caso de

mulheres, normalmente mais miúdas do que os homens,

mulheres executivas como mulheres mães ou mulheres

possam dirigir com conforto e segurança.

donas de casa. Direção hidráulica – questão de praticidade e para evitar Lugar para guardar permanentemente maquiagem – as

cansaço no público feminino, em sua maioria menos

montadoras já descobriram que mulher quer praticidade

musculoso do que os homens.

e, se possível, evita carregar coisas. Prefere deixar no carro para o uso diuturno. Porta-luvas com chave – considerado item fundamental

— Pesquisas mostram que a mulher quer carros bem acabados, mas também busca praticidade —

para a guarda de objetos quando se deixa o veículo com manobristas. Pedais antiderrapantes – questão de segurança e de conforto. Não podem atrapalhar a direção com saltos altos

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— Pronto para conhecer o mundo — Ford Mustang MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO POR CLAUDIO LUÍS DE SOUZA

5 litros , V-8, ASPIRADO GASOLINA 441 cv e 55 kgfm AUTOMÁTICO, 6 MARCHAS TRASEIRA 4,78 m 2,72 m 4 380 litros 60,5 litros 488 km 1.691 kg R$ 250.000 (estimado)



— Pela primeira vez a Ford vai vender o Mustang oficialmente fora dos EUA, em nada menos que 120 países. Brasil está na fila e o recebe até 2016 —

1 2 1. Cabine do novo Mustang foi modernizada e teve ergonomia aprimorada, com destaque para o volante mais robusto 2. Os dois pares de lanternas verticais na traseira têm décadas de histórias para contar

134


O que é o Ford Mustang? E, principalmente, o que é a nova

dotado de motor V-8/137 cv, lançado no longínquo 1949.

sexta geração desse esportivo, lançado em setembro último,

O modelo da Ford surgiu 15 anos depois, em 1964, mas

nos Estados Unidos? O cinquentenário modelo foi, até agora,

obteve um sucesso tão arrebatador em seus dois primeiros

um dos símbolos do excepcionalismo americano, aquela

anos de vida (560 mil emplacamentos em 1965, 607 mil em

visão de superioridade, não importa em que área ou assunto.

1966) que rapidamente virou sinônimo desse tipo de carro

O Mustang se encaixava nela devido à receita 100% local

– a mais perfeita tradução do que o público americano da

de carro extraforte, conteúdo austero (ou seja, barato) e

época desejava ter na garagem. Nunca mais vendeu tanto.

projetado para disparar em linha reta no embalo do motorzão

Em 2008, caiu abaixo do patamar de 100 mil unidades/ano

V-8 e da configuração de tração traseira – a qual, hoje, é

e não conseguiu recuperar.

exceção na gama das marcas de volume. Não admira que

Em 2013, último ano cheio da quinta geração agora substituída,

a sua produção se concentre numa única fábrica, em Flat

alcançou modestos 77 mil emplacamentos nos EUA, desde

Rock, Michigan (estado onde fica Detroit).

sempre seu único mercado. Perdeu do Chevrolet Camaro que,

Ao contrário do senso comum, ele não foi o primeiro muscle

lançado em 1967, mantém uma trajetória menos consistente

car, termo em inglês para descrever carros parrudos e

(difícil relacionar uma geração à seguinte). Mas se firmou ao

nervosos – exatamente como um Mustang. A honra, segundo

chegar à quinta geração totalmente reinventada, como opção

historiadores, coube ao esquecido Oldsmobile Rocket 88,

quase lúdica em razão do filme Transformers, a partir de 2010.

135


Cidadão do mundo

Tradição

A reação da Ford foi exemplar. O Mustang 2015 foi

Mas a Ford não foi insensata a ponto de rasgar a cartilha

concebido para ser um produto global, vendido em cerca

em pedacinhos. O Mustang 2015 mantém a versão GT

de 120 países. Pela primeira vez em sua história, supera

com motor V-8 aspirado de 5 litros, capaz de gerar 441 cv

o “complexo de americanidade” que, aos olhos de alguns

e um brutal torque de 55 kgfm. É o modelo de que todos na

mercados, pode soar ofensivo. Porém, seu moderno motor

empresa falam com orgulho, por ser uma espécie de suma do

turbo EcoBoost de 2,3 litros, 4 cilindros em linha, 310 cv,

que acreditam ter de melhor em sua engenharia. É também

foi feito sob medida para mercados globais que “não

o que ronca forte e grave quando provocado – o “tímido”

entendem” a proposta original do muscle car, de força e

EcoBoost emite ruído metálico e agudo. A expectativa é de

esportividade a preço acessível, ainda que isso signifique

que este responda por 40% de todas as vendas mundiais do

(e realmente significava) baixa eficiência energética.

novo Mustang.

O visual da nova geração é bonito, jogando com o paradoxo

Em novembro último, apenas dois meses após a apresentação

entre músculos e linhas alongadas/curvas (4,78 m de

mundial da nova geração, já se revelou uma variação ainda

comprimento), com uso inteligente de assinaturas em

mais forte do V-8, a Shelby GT350. Traz modificações

LED. A linguagem visual da marca está no conjunto óptico

aerodinâmicas e estéticas (carroceria mais baixa, capô

frontal: faróis horizontais, estreitos e “esticados” (como se

com saliência central), sinais de desenvolvimento feito

vê no Fusion atual). Não é exatamente “cara” de Mustang,

em conjunto com o restante da gama e, principalmente,

pois os tradicionais faróis circulares foram abandonados

sugerindo que há mais novidades no horizonte. A potência,

de vez. Já a traseira do cupê manteve os dois pares de três

ainda segredo, deve superar 500 cv.

lanternas, agora com funcionamento sequencial.

Foi mantida uma versão com motor V-6 de 3,7 litros e 304 cv,

A adoção de um estilo historicamente menos característico

cuja carroceria conversível é utilizada no vasto mercado de

segue a mesma lógica que impôs a oferta de um motor 4

aluguel de carros nos EUA. Desembarque em Los Angeles

cilindros, ou seja, vendê-lo também fora dos EUA. Deixá-

ou Miami, escolha a locadora e peça um Mustang: no pátio

lo menos “ianque” faz parte do truque. Equipamentos e

haverá várias unidades com esse motor e capota recolhida.

“tecnologices” que custam dinheiro e, em outros tempos,

Além do mercado rental, cumpre o papel de abrir a gama

poderiam ser considerados “frufrus” num carro feito para

do modelo com preço mais acessível. É boa pedida para a

queimar pneus, estão nos pacotes de série. Pela primeira

molecada que busca um primeiro carro mais assanhado e

vez há quatro modos de condução, ao gosto do motorista

para grupos, como os hispano-americanos, que nutrem o

(recurso típico de modelos premium). Erros foram

desejo de se integrar ao “American way of driving”.

corrigidos: agora os bancos dianteiros voltam à posição original após darem acesso ao sempre limitado espaço

Por aqui

atrás como todo cupê.

O Brasil o receberá via importação oficial pela Ford. Isso

A Ford também decidiu ceder à razão ao finalmente adotar

é certeza. E a operação bancada pelo fabricante significa

suspensão traseira independente, que seu concorrente, o

garantia de fábrica e serviço pós-venda mais organizado.

Chevrolet Camaro, tem desde 2010 e sempre se mostrou

Porém, a data ainda é um mistério. Depende de adaptação e

vantajosa. E o novo Mustang não decepciona nesse item,

homologação do motor V-8 ao combustível brasileiro. Além

ao contornar com previsibilidade e competência as curvas

disso, Ásia e Europa são as prioridades. Representantes da

sinuosas e desafiantes em uma bela estrada turística nos

filial brasileira desconversam sobre datas, e às vezes até

arredores de Los Angeles, onde jornalistas brasileiros e da

negam a decisão de importar. Provavelmente no final de

América Latina estiveram para o lançamento mundial do

2015 estará em concessionárias selecionadas. Preço ficará

ícone americano.

encostado no do Camaro cupê, hoje em torno de R$ 230 mil.

136


— Nas conversas com executivos da Ford nos EUA, chama a atenção o orgulho que sentem pela nova geração do seu carro mais famoso —

1 2 3

1. Quem deseja performance de puro sangue deve escolher o Mustang GT V-8, com arrancada feroz à base de 55 kgfm de torque e tração traseira 2. Mustang, o cavalo que dá nome ao modelo ornamenta o volante 3. Conversível não foi esquecido para agradar a todos os fãs

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— Questões de Direito —

A obrigação de indenizar — A responsabilidade civil objetiva é o elemento jurídico que garante a indenização das vítimas de acidentes automobilísticos —

por Gino Brasil Com o crescimento da frota de veículos em todos os lugares

prioriza a caracterização da culpa, para a determinação

do mundo, multiplicou-se a chance de envolvimento em

da responsabilidade civil, para um ambiente em que a

acidentes mais ou menos graves. Tal condição faz com

primazia é assegurar à vítima a devolução de seu status,

que passemos a ficar atentos a importantes aspectos

independentemente da existência de culpa nos atos lesivos.

que envolvem a condução e a propriedade de um veículo

Inexiste uma definição legal de culpa. Assim, na conduta

automotor, e entre eles está a necessidade de indenização

em que o agente foi negligente, imprudente ou imperito,

dos danos físicos e/ou materiais causados.

ocorre a culpa em sentido estrito, pois não se busca o ato

Essa obrigação decorre da responsabilidade civil, instituto

lesivo na conduta, mas ele ocorre por descuido do agente.

jurídico com raízes no direito romano e de que a grande

Quando já nascer ilícito, temos uma situação de ato doloso.

maioria toma ciência quando verifica sua apólice de

Em acidentes de trânsito, qualquer uma das classificações

seguro e entende que ali reside a obrigação de reparação

de culpa se enquadra na conduta do agente e, por essa

na hipótese de lesão ao patrimônio alheio ou à integridade

razão, eles são indenizáveis.

pessoal. A responsabilidade civil é um instituto muito

Com um conceito tão dinâmico e sempre aberto a

dinâmico, que evolui constantemente, refletindo sempre

inovações, a responsabilidade civil objetiva evoluiu e o

as novas facetas da sociedade em que se aplica o direito.

conceito passou a ser classificado em tipificado e genérico.

No Brasil, desde a promulgação do Código Civil atual

No primeiro enquadram-se as hipóteses em que a situação

pela Lei n. 10.406/02, a responsabilidade civil era

que a vítima busca indenização encontra descrição em

exclusivamente subjetiva, ou seja, em termos estritamente

um dispositivo legal. A genérica, por sua vez, não prevê

legais dependia da comprovação de culpa do agente do ato

legalmente a situação que caracteriza a sujeição do agente

lesivo para que houvesse a obrigação de indenizar.

em indenizar a vítima.

Com a evolução da interpretação legal, surgiu a

Evidentemente que o instituto comporta exceções e

responsabilidade civil objetiva, cuja preocupação primeira

excludentes, ainda que com alguma controvérsia sobre sua

é a recomposição do patrimônio da vítima dos atos

aplicação. Há correntes doutrinárias que entendem que

lesivos por meio de indenização pelo agente causador do

quando estivermos diante de situações caracterizadas pelo

dano, independentemente de sua culpa na concretização

estado de necessidade, legítima defesa, exercício regular

do evento. Assim, passamos de um cenário em que se

de direito, culpa excessiva da vítima, fato de terceiro e

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caso fortuito ou força maior, a obrigação de indenização do agente causador do dano fica afastada ou transferida a terceiro motivador do evento. Apesar

das

exceções

que

podem

ser

aplicadas,

na infelicidade de um acidente de trânsito estamos diante de uma hipótese de responsabilidade civil objetiva genérica, com a obrigação de indenização da vítima surgindo com o acidente em si, com a culpa pelo acidente sendo o fator determinante de quem será o agente indenizador, e não o elemento que determinará se será devida ou não a indenização. Logo, a obrigação de indenizar em um acidente automobilístico existirá desde sua ocorrência, garantindo assim à vítima a reconstituição de seu patrimônio e/ou danos físicos (inclusive morte), cabendo à culpa somente definir quem será o responsável por essa indenização.

Gino Brasil é advogado e tem os carros entre suas paixões

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— Liberdade de acesso — MINI Cooper Cinco Portas MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO POR BOB SHARP

3 cilindros, 1,5 litro turbo GASOLINA 136 cv e 22,4 kgf m MANUAL, 6 MARCHAS DIANTEIRA 4,09 m 2,59 m 5 278 litros 40 litros 975 km 1.145 kg R$ 139.950,00


MINI Countryman S MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO

3 cilindros, 1,5 litro turbo GASOLINA 136 cv e 22,4 kgf m MANUAL, 6 MARCHAS DIANTEIRA 4,09 m 2,59 m 5 278 litros 40 litros 975 km 1.145 kg A definir


Uma grande novidade da marca, já esperada pelos seus

cresceu em dimensões. A distância entre eixos aumentou

admiradores, foi atendida parcialmente apenas em 2010,

7,2 cm, o comprimento, 16,1 cm (para 3,98 m) e 1,3 cm na

mas com o crossover Countryman. Faltava o MINI normal

altura; a largura se manteve igual. O espaço para pernas

de quatro portas, ou cinco, como se costuma dizer na Europa.

também está maior em 3,7 cm e o de cabeça, mais 1,5 cm.

A comodidade de acessar o banco traseiro de moto prático

Agora são cinco lugares, não mais quatro, o que amplia o

e rápido é sempre valorizada, embora se distancie da ideia

leque de escolha e a flexibilidade de uso, embora se saiba

original do primeiro Mini (grafia da época), projeto imortal

que o passageiro central no banco traseiro sempre tenha seu

de sir Alec Issigonis.

conforto prejudicado em carros compactos e até nos médios.

Num primeiro momento, alguns poderão achar que as

Nessa posição, só crianças ou pessoas de baixa estatura

linhas puras do modelo inglês, que marcou uma era na

sofrem menos incômodo e, ainda assim, desde que a viagem

história do automóvel, foram maculadas, mas na realidade

não seja tão longa. Item bastante importante, o volume do

não há nada de muito diferente. Certamente o potencial de

porta-malas aumentou em 67 litros e passou a 278 litros.

aprovação será bem maior do que o de rejeição. Decisões

Pesa, com câmbio manual, 1.145 kg.

desse tipo, porém, tomam-se depois de longas pesquisas de

São cinco versões, três com motor a gasolina e duas a diesel

avaliação com consumidores tanto da própria marca como

(estas não virão ao Brasil). Todas têm câmbio manual ou

clientes em potencial.

automático, de seis marchas, este opcional. A gasolina, há

A mudança incluiu repensar a própria estrutura do carro,

o Cooper S 4 cilindros de 2 litros turbo de injeção direta,

estudar o melhor equilíbrio de linhas até chegar o dia de

192 cv e 28,5 kgfm de torque (30,6 kgfm em overboost); o Cooper,

estreia no recente Salão do Automóvel de Paris, em outubro.

3 cilindros de 1,5 litro, também turbo de injeção direta, 136 cv e

Para atingir todos os objetivos do novo projeto, o carro

22,4 kgfm (23,4 kgfm em overboost); e o One, 3 cilindros de 1,2

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— Faltava o MINI com carroceria de quatro portas para torná-lo mais prático e atraente —

1 24 3

1. O 5-portas ficou com jeito “esticado”, mas muito simpático 2. Ao criar o MINI, Sir Alec Issigonis não imaginaria vê-lo numa foto como esta 3. O eficiente motor turbo de 1,5 litro e três cilindros movimenta bem a versão Cooper 4. O visual mudou para melhor na opinião de muitos

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— O velho mote “prazer de dirigir” encaixa-se perfeitamente no MINI, graças ao seu projeto —

litro, igualmente turbo de injeção direta, 102 cv e 18,3 kgfm. Os de três cilindros são inteiramente novos e se inserem na categoria dos motores pequenos (downsized), projetados para máxima economia de combustível sem abrir mão do desempenho, graças tanto ao uso de superalimentação, que garante potência, quanto pela redução de atrito resultante de um cilindro a menos e todas suas peças associadas. A BMW organizou um teste-viagem, ida e volta, de Munique a Salzburg, na Áustria, distante 145 km, com o MINI 5 portas na ida e o Countryman na volta. Dirigi a versão Cooper 1,5 litro, que se revelou muito agradável, em especial por dificilmente se notar o funcionamento conhecido dos motores de três cilindros que já equipam vários modelos no Brasil entre VW, Ford, Hyundai e Kia, todos com

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motores de 1 litro. Os dados de desempenho desta versão informados pela fábrica são aceleração 0-100 km/h em 8,2 s e velocidade máxima de

1. Uma visão com a qual logo se acostumará, a porta traseira aberta 2. A distância entre eixos 7,2 cm maior fica bem percebida nesta foto 3. Grande instrumento central: tradição mantida, porém com mais utilidade agora

207 km/h, bastante bons. O consumo na cidade é de 16,9 km/l e o rodoviário, 24,4 km/l, muito bom para o porte e desempenho do veículo. Embora o padrão europeu de medição seja sabidamente brando, trata-se de um número de respeito. As seis marchas são bem longas, em sexta a 120 km/h o motor está a apenas 2.500 rpm; a primeira, particularmente, lembra a dos câmbios de competição, pois atinge 55 km/h. No câmbio automático há um ajuste de rodagem. Pode-se escolher entre os modos MID, o normal; Sport, reduzindo a assistência elétrica da direção, modificando o funcionamento do câmbio e deixando o acelerador mais rápido; e Green, em que as trocas de marchas mantêm o motor na rotação a mais baixa possível e ativa a função roda-livre na sexta marcha, para o menor consumo de combustível possível. O seletor de modos de rodagem é prático de usar, por alavanca giratória no pedestal da alavanca de câmbio. Há diversos itens de assistência ao motorista, como o mostrador projetado no para-brisa (head-up display), o de estacionamento, câmera traseira e controle de cruzeiro adaptativo com auxílio de câmera. Nos MINIS 2014 já tinha havido total reformulação do painel. No lugar do grande velocímetro central agora está o mostrador do rádio ou a tela do sistema multimídia, que inclui navegador GPS. Diretamente à frente do motorista estão, sobre a coluna de direção, o velocímetro; à esquerda, o conta-giros e à direita, o medidor de combustível. O 5 portas chega ao Brasil neste início de ano e preço a definir.

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MINI Countryman na volta Na volta de Salzburg experimentei o Countryman. Este crossover foi o primeiro modelo de quatro portas da marca inglesa, lançado em março de 2010 no Salão de Genebra e que dois anos depois recebeu o acréscimo da rápida versão John Cooper Works. A atualização de meia geração, de julho de 2014, O Cinco-Portas já esta à venda no Brasil com preços entre R$ 105.950 e 139.950. Já se produziram mais de 350 mil Countryman. Seu portfólio impressiona. São nada menos que 11 versões e sete motores de quatro cilindros: quatro a gasolina de 1,6 litro e três a diesel. Dos a gasolina, dois são de injeção direta com turbocompressor de dupla voluta, potências de 218 e 190 cv; dois, de aspiração atmosférica e injeção no duto de 122 e 98 cv. No caso do Countryman, o motor a gasolina menos potente corresponde ao Mini One. Em seguida vem o Cooper de 122 cv, depois o Cooper S de 190 cv e, finalmente, o John Cooper Works, de 218 cv. O câmbio manual tem seis marchas e todos podem vir opcionalmente com o automático de mesmo número de marchas. A tração é dianteira, mas o Cooper e o Cooper S oferecem a opção de tração integral

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— O crossover MINI Countryman lançado em 2010 é o primeiro modelo de quatro portas da marca inglesa —

chamada ALL4. O Cooper S, com câmbio automático, é o que será importado, mas a filial brasileira não descarta o Cooper S com caixa manual por ser mais acessível e competitiva. Versões de tração ALL4 não virão. O Cooper S que guiei na mesma autoestrada era automático. E anda muito: apenas 7,8 s para ir da imobilidade a 100 km/h e alcança 214 km/h (dados de fábrica). Chega a 180 km/h com facilidade — estava numa Autobahn. Mesmo em altas velocidades a estabilidade direcional é perfeita, apesar da maior altura de rodagem. Torque é elevado, 24,5 kgfm, e com o turbo em sobrepressão (overboost) ganha 2 kgfm. Sua massa, 1.335 kg, não é baixa. O consumo informado na cidade é de 10,9 km/l e na estrada, 18,5 km/l. A 120 km/h em

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sexta marcha o motor também gira a apenas 2.500 rpm, o que resulta em silêncio muito apreciado em viagens. Infelizmente, no caso de testar um carro, houve poucos desafios em razão do piso perfeito na Alemanha e de a

1. O MINI Countryman no seu habitat, o campo e as viagens 2. Porta-malas do Countryman acomoda convenientes 350 litros 3. O motor 2 litros turbo do Countryman Cooper S é potente: 190 cv 4. Visual robusto para agradar quem tem espírito aventureiro

autoestrada para Salzburg ser praticamente uma reta. Mas seu pedigree é bom e acredito que no nosso chão

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vá igualmente bem. No interior aconchegante o painel é dominado por enorme mostrador central onde está o velocímetro, para deixar clara sua origem, “marca registrada” do primeiro Mini. Mas bem diante do motorista há o indispensável conta-giros com uma janela em seu interior que exibe a velocidade em leitura digital. A posição de dirigir é perfeita, e a pequena altura do para-brisa sempre impressiona. De tão baixo não comportaria uma faixa degradê para diminuir a insolação (nem precisa). Embora seu tamanho impressione à primeira vista, não é tão grande, pois mede 4,09 m de comprimento com distância entre eixos de 2,59 m. A altura é de 1,56 m (1,54 m no esportivo JCW) e a largura, 1,79 m. Tem bom espaço para quatro ocupantes, inclusive no banco traseiro, que se pode ajustar em distância por 13 cm. Bom porta-malas, de 350 litros. Com altura de rodagem elevada e o maior curso de suspensão associado, é, de fato, uma proposição interessante para as condições de uso no Brasil. Segue, assim, o MINI sua brilhante carreira, até 1994 – 35 anos – na mão dos ingleses da BMC e depois do Rover Group – e de lá para cá de propriedade da BMW, sempre para encantar os entusiastas de automóveis.

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— Deserto não tão deserto — A atmosfera de cores e formas impressiona, sem contar a incrível visão noturna do céu limpo. Por isso, tantos telescópios no Atacama TEXTO E FOTOS FECO HAMBURGER



A região do Atacama é conhecida pelas belas paisagens e

Assim como no Wadi Rum, onde os beduínos trocaram

pela visão noturna do céu. A altitude e a baixa umidade

seus camelos por veículos 4x4, o carro é a melhor

do ar fazem do altiplano andino um excelente lugar

alternativa para percorrer o sul da Bolívia. Afinal,

para a observação das estrelas. Não à toa, muitos dos

esses utilitários de tração total, seguros em seu habitat,

observatórios astronômicos mais avançados do mundo

garantem um mínimo de conforto e abrigo.

estão ali instalados. Quando fui convidado a organizar

A partir da imigração na fronteira com o Chile, em uma

um workshop de fotografia no deserto do Atacama, fiquei

pequena casa em meio ao deserto, nosso grupo ocupou

animado com a travessia de 600 km entre San Pedro de

três utilitários 4x4, sob a direção de experientes e

Atacama, no Chile, e o Salar de Uyuni, na Bolívia.

simpáticos guias bolivianos, que mascavam folhas de

Além do próprio Atacama, eu já havia trabalhado em

coca para combater o cansaço provocado pela altitude.

desertos como o Wadi Rum, na Jordânia, o Negev,

Formações geológicas e composições minerais variadas

em Israel, e o Sinai, no Egito. Do cerrado desértico do

criam uma atmosfera de cores e formas impressionantes.

Jalapão, no Tocantins, às geleiras da Islândia, já percorri

A paisagem, dura e inóspita, também traz a exuberância

paisagens de tirar o fôlego. E a câmera fotográfica sempre

de bandos de flamingos que habitam lagoas coloridas.

ajudou a recuperá-lo.

Montanhas, vulcões e gêiseres pontuam um caminho em

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— A 5 mil metros de altitude, o caminho alterna estradas de terra e terrenos de areia onde o motorista tem que escolher sua rota —

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que a presença humana é bem tímida: poucos vilarejos com pequenas criações de lhamas, plantações de quinoa e algumas iniciativas de mineração. No terreno montanhoso do sul da Bolívia, uma correia dentada quebrada não foi obstáculo à viagem. Competentes e bem equipados com ferramentas adequadas, os guias bolivianos rapidamente consertaram o carro e chegamos à maior planície de sal do mundo. O Salar do Uyuni, com aproximadamente 10 mil km2 de superfície, impressiona pelo branco e imensidão. Atingindo 5 mil metros de altitude, o caminho alterna estradas de terra e terrenos de areia onde o motorista escolhe sua rota. A experiência na direção é fundamental para o sucesso da empreitada. Na travessia, fica evidente o quanto o deserto (ou será o tempo?) não é tão deserto assim, mas pleno de existência e de transformações. Viver e retratar tudo isso foi o objetivo alcançado por essa expedição. Olhando o material dos fotógrafos que participaram, salta aos olhos como uma mesma realidade pode ser vista, e vivida, de maneiras tão diferentes.

Feco Hamburger é fotógrafo e executou esse workshop especializado no exterior a convite da Casa neo10.

— A presença humana é bem tímida em meio às paisagens inóspitas pontuadas por montanhas, vulcões e gêiseres — 156





— Pronto para (qualquer) selva de pedra — Jeep Cherokee Trailhawk MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO POR HAIRTON PONCIANO VOZ

2 litros , V-6 GASOLINA 271 cv e 32,2 kgfm AUTOMÁTICO, 9 MARCHAS 4X4 SOB DEMANDA 4,62 m 2,72 m 5 700 litros 60 litros 688 km 1.862 kg R$ 210.000 ( estimado)



— É como se o Cherokee tivesse tirado segunda via do RG, agora com foto nova. Sem perder personalidade e capacidade off-road —

Ao longo do tempo, o termo “guerreiro” foi aplicado a tantos automóveis que o adjetivo ficou até meio banalizado. Frequentemente, é utilizado mais por questões afetivas do que por reais demonstrações de bravura. Poucos veículos são guerreiros de verdade. Pouquíssimos participaram de guerras. O Jeep é uma dessas exceções. O modelo, simples e robusto, surgiu no começo dos anos 1940, para servir às tropas americanas e aliadas na Segunda Guerra Mundial. Foi tão eficiente no conflito, ao mostrar resistência e facilidade para superar terrenos difíceis, que não demorou a encontrar recolocação profissional também em tempos de paz. Sua vida como civil teve início após a guerra, primeiramente pelas mãos da Willys-Overland. E o que o Cherokee tem a ver com o pioneiro Jeep? Tudo – ou quase tudo. A Willys-Overland,

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detentora da marca desde 1950, passou-a para as mãos da Kaiser em 1953, absorvida pela American Motors Corporation

1. Os faróis diurnos de LED são estreitos e ficam na parte de cima. Abaixo deles vêm os faróis de xenônio, e depois os de neblina. 2. Os para-choques da versão Trailhawk permitem melhores ângulos de entrada e saída, e a distância livre do solo também é maior 3. Pedra, areia, lama e neve não são obstáculos para o Cherokee. Basta selecionar o tipo de piso no comando interno e seguir em frente

(AMC) em 1970, e depois para controle da Chrysler em 1987. Esta, depois de adquirida pela Daimler-Benz, em 1998, ficou sob controle da Fiat em 2010 e com a fusão passou a se chamar este ano Fiat Chrysler Automobiles (FCA).

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O nome nasceu em 1974 pelas mãos da AMC. Assim a marca teve vários donos e deu filhotes como Wrangler – a evolução do primeiro modelo civil –, Comanche e outros. A familiaridade entre o novo Cherokee e o Jeep (literalmente) velho de guerra pode ser vista na dianteira, que ostenta a grade de sete elementos verticais, e no para-brisa, que reproduz um pequeno desenho com a inconfundível silhueta dos primeiros modelos. Aliás, são sinais de nascença que estarão também no Renegade, a ser produzido no Brasil em 2015. A evolução é visível tanto no aspecto como no comportamento. O modelo sempre ostentou linhas quadradas, com a frente alta e reta. Além disso, embora fosse bom no off-road, tinha suspensão muito macia, o que transmitia instabilidade no uso urbano. Mas a vida começa aos 40 – pelo menos para o Cherokee. O quarentão está melhor que nunca. Certa vez, numa conversa informal com jornalistas, um engenheiro da Fiat, ainda nos primórdios da união entre as duas marcas, disse que a fabricante italiana tinha muito a aprender com a Chrysler em conforto e acabamento. Em contrapartida, tinha muito a

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ensinar quanto ao comportamento dinâmico de seus carros.

A outra parte dessa avaliação foi feita bem longe de São

Dirigindo a versão Limited em São Paulo, chega-se à

Paulo. Andamos nos Estados Unidos com o Trailhawk –

conclusão de que a sinergia está funcionando. Não parece

versão topo de linha, mostrada no Salão do Automóvel de São

que você está em um carro de 4,6 m de comprimento e

Paulo e que chega às ruas no segundo trimestre acima dos

1,7 m de altura. Mostrou obediência em curvas rápidas, com

R$ 200.000. Além dos detalhes exclusivos no acabamento

pouca inclinação da carroceria. A direção de assistência

(caso do nome da versão bordado nos bancos), era preciso

elétrica é firme e precisa, além de esterçar bem em

constatar se a inscrição “Trail Rated” não era apenas enfeite.

manobras — seu diâmetro mínimo de giro, 11,5 m, é típico

Trata-se de uma espécie de selo de aprovação aplicado pela

de sedã médio. O motor Pentastar 3.2 V-6 de 271 cv tem

fábrica nos para-lamas para designar seus modelos com

tanta saúde que aparenta não sentir os 1.834 kg do modelo.

total aptidão para o off-road.

O câmbio automático ZF de nove marchas faz trocas com

Será que vale a pena pagar cerca de R$ 30 mil a mais em

muita suavidade. Só faltaram as borboletas no volante para

relação à versão Longitude ou uns R$ 15 mil extras sobre

completar a satisfação.

o Limited ?

Quanto ao conforto, também passa fácil no teste. O

Para desvendar a questão, rumamos para a região conhecida

acabamento é impecável, com superfícies macias ao tato. O

como Sand Flats, no nordeste de Utah, divisa com o

painel é elegante e o mostrador digital, configurável ao gosto

Colorado. Trata-se de uma imensa área tomada por cânions,

do motorista. Além disso, o carro reúne praticamente tudo

desfiladeiros e cavernas. No passado, era um território

o que se espera em um modelo de luxo, caso de bancos de

habitado por tribos de navajos e apaches. Hoje, não é preciso

couro com aquecimento e ventilação, tampa do porta-malas

rodar muito por ali para ver um Cherokee. Não o índio, o Jeep.

com acionamento elétrico, teto solar panorâmico, GPS etc.

As poucas ruas da pequenina comunidade de Gateway, no

A posição ao volante, típica dos SUVs, tende a agradar a

Colorado, são dominadas por longevos Willys e diversos

homens e mulheres. Por ser elevada, favorece a visibilidade.

Wranglers. É ponto de partida para exploração da região,

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— Veteranos de guerra tiveram problemas de adaptação quando voltaram para casa. Com os Jeep, a recolocação foi tranquila —

destino para quem gosta de esportes de aventura. Na região conhecida como Moab, em Utah, só existe asfalto nos vales, no fundo dos cânions. A estrada de pista simples e sinuosa vai acompanhando o traçado do Rio Colorado. Para cima, em ambos os lados, os paredões são avermelhados. Estados Unidos em estado bruto, como se vê nos filmes de faroeste. E lá estava eu a bordo de um Cherokee não mais em estado bruto – e isso é um elogio. Ao abandonar as linhas retas e previsíveis do passado, o SUV ganhou ar mais oriental, mas sem perder o que ele tem de melhor: a capacidade off-road – e isso não demoraria a ser constatado. A traseira lembra um pouco o Kia Sportage, incluindo lanternas de LED. Quanto à dianteira, quando surgiu, ainda em fotos, na internet, a polêmica se instaurou, com comentários frequentemente negativos. Pois, ao vivo, o carro agradou. O que pareciam ser faróis na parte superior, eram na verdade

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as luzes diurnas de LED. Os faróis (xenônio) ficam no 1. O modelo dispõe de controle de descida, capaz de frear individualmente as rodas para evitar derrapagem em declives fortes 2. O interior é luxuoso e bem acabado, e a posição elevada ao volante favorece a condução de homens e mulheres 3. Linhas modernas marcam a traseira do carro, com lanternas de LED e aerofólio

centro, acima dos faróis de neblina. A grade faz uma curva, acompanhando as linhas arredondadas do capô. O conjunto é moderno e elegante, nada rude. A versão Trailhawk é identificada por pequenos sinais

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particulares, caso dos ganchos de reboque pintados de vermelho e dos para-choques que permitem maior ângulo de entrada e saída. Assim que saímos do asfalto e paramos aos pés de uma imensa rocha lisa (a primeira das “slickrocks”, comuns na região), foi preciso acionar (quase) tudo o que o carro tinha a oferecer. A tração 4x4 é automática. Portanto, era hora de convocar a reduzida, por meio de um botão. O seletor no console permite preparar o carro para andar sobre neve, pedra, lama e areia. Além da reduzida, a versão Trailhawk dispõe de bloqueio de diferencial traseiro, mas ele foi utilizado apenas uma vez, para subir uma escadaria de pedra, em um dos momentos em que pensei que o carro não iria. Mas foi. Bem devagarzinho, o utilitário ia vencendo os desafios. Às vezes, tudo o que se via era o céu, por causa do grande ângulo da rampa. Outras vezes, tudo o que se ouvia era o contato dos pneus de uso misto com as pedras e seu ruído característico. Quando alguma roda perde o contato com o solo – situação comum nos dois dias de trilhas –, ouve-se também um tactac-tac por baixo do carro, motivado pela transferência de força para a roda que tem tração. E assim continuou sem pressa, deixando para trás impressionantes obstáculos. À noite, ao final do primeiro dia de trilha, chegamos a uma caverna. Dormiríamos ali, em barracas. Na manhã seguinte,

— No passado, índios navajos e apaches dominavam os estados de Utah e Colorado. Hoje, não é difícil ver Cherokees por ali. Não os índios, os Jeeps —

mais trilha. Sobe pedra, desce pedra. Patina um pouco aqui, levanta uma roda ali, e quando anoiteceu havia cumprido sua missão, após quase 300 km rodados, mais da metade fora do asfalto. Se vale a pena pagar o adicional pelo Trailhawk? Sim, se você anda pelos maus caminhos da vida, e precisa de toda a tecnologia off-road oferecida. Caso contrário, compre versão mais em conta (Latitude ou Limited) e gaste a diferença em uma viagem pelos cânions de Utah e Colorado.

1 2

1. Inscrição “Trailhawk” identifica a versão de maior capacidade off-road da linha Cherokee 2. O pernoite no meio da trilha foi feito em barracas montadas na boca de uma caverna, na região de cânions de Moab, em Utah

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— No mínimo do mínimo —

O que não pode faltar num carro, mesmo nos modelos de entrada POR BOB SHARP

Chegou a hora de comprar um automóvel novo de preço mais em conta para o filho ou filha que entrou na faculdade ou se formou. Mas será que esse carro tem o mínimo essencial? Enquanto na edição passada se listou o que verificar na hora de adquirir um veículo de luxo ou de alta gama focando não só itens de segurança, como também aqueles de conforto e comodidade, chegou a vez de ir atrás do que não se pode deixar de lado em um modelo mais acessível. É o que TOP Carros mostra agora.

170


ACIONAMENTO DA BUZINA

BANCO DO(A) MOTORISTA COM AJUSTE DE

Deve ser feito sem nenhum esforço, de maneira a se

ALTURA

poder dar toques breves, muitas vezes difíceis devido

O ajuste de altura do banco de quem conduz o veículo

ao acionamento ser muito duro. Pode atrapalhar numa

é importante por acomodar corretamente pessoas das

emergência ou buzinar-se erroneamente, com duração

várias compleições físicas, permitindo o posicionamento

grande e perturbadora.

correto dentro do veículo em relação aos comandos e, principalmente, ao para-brisa.

AJUSTE DE ALTURA DE ANCORAGEM DO CINTO Certifique-se de que a ancoragem do cinto de segurança

BLUETOOTH

na coluna seja ajustável em altura, pois desse modo se

Atualmente é um recurso que praticamente todo

consegue a posição mais favorável do cinto no corpo. Há

equipamento de áudio tem, mas certifique-se de que o do

caso de o cinto ter altura fixa e o banco ter regulagem de

rádio que vem de fábrica o tem, uma vez que se trata de item

altura: não é a mesma coisa.

de segurança (não segurar o celular com a mão) e também para não incorrer em infração de trânsito.

AJUSTE ELÉTRICO DOS ESPELHOS Conquanto seja bastante fácil ajustar o espelho esquerdo

COMPUTADOR DE BORDO

sem o recurso do acionamento elétrico, fazê-lo no direito é

Não é luxo mais. Fácil de usar, passa diversas informações

difícil e embaraçoso. Espelho mal ajustado é perigoso por

úteis ao ou à motorista, como autonomia com o combustível

não proporcionar a visão correta do que está ao lado e mais

no tanque, o consumo médio do veículo, a velocidade

para trás do veículo.

média de num trajeto, entre outras. Felizmente se tornou acessível, e muitos carros de baixo custo o têm.

APOIO PARA O PÉ ESQUERDO É o lugar para deixar o pé esquerdo, claramente definido

CONTA-GIROS

na região dos pedais, onde esse pé repousa naturalmente

É um instrumento importante, pelo qual se tem noção exata

quando não está sendo usado para acionar a embreagem.

do funcionamento do motor, de como produz potência.

É um detalhe, mas proporciona grande conforto ao dirigir e

Serve tanto para fins de desempenho quanto para dirigir

contribui para reduzir a fadiga.

gastando menos combustível. O conta-giros orienta a dirigir corretamente qualquer carro.

APOIOS DE CABEÇA AJUSTÁVEIS EM ALTURA Os apoios de cabeça, em especial os dianteiros, devem ser do tipo ajustáveis em altura, possibilitando posicionamento ideal em relação à cabeça e com isso proporcionando a melhor proteção possível para a região cervical em caso de impacto pela traseira.

— Há detalhes no automóvel que fazem toda diferença quando menos se espera, razão para se ficar atento a eles —

AR-CONDICIONADO Embora seja um item de conforto, é mais do que isso. Elimina o embaçamento dos vidros em segundos, um fator de segurança. Dirigir com temperatura agradável também é – além de trafegar com vidros fechados trazer segurança pessoal e menor consumo de combustível.

171


DIREÇÃO ASSISTIDA

LUZ TRASEIRA DE NEBLINA

Também conhecida por direção hidráulica, é um sistema

É uma luz traseira de alta intensidade que melhora a

que alivia peso do volante, útil ao manobrar. Mas há uma

visibilidade do veículo sob condições de pouca visibilidade,

importante vantagem adicional: reduzir o número de voltas

como nos nevoeiros ou até mesmo sob chuva forte. É um

para esterçar as rodas, o que se traduz em comodidade e,

item de segurança que não deve faltar no carro que o filho

principalmente, em segurança.

ou filha vai dirigir.

ESPELHO ESQUERDO CONVEXO

LUZES DOS INSTRUMENTOS, SÓ COM LUZES

Nesse tipo de espelho, o campo de visão aumenta bastante

EXTERNAS LIGADAS

em relação ao espelho comum, plano. Esse aumento do

Em alguns carros, a iluminação dos instrumentos é

campo de visão é o que garante que não haverá o temível

permanente, independemente de as luzes e/ou faróis

ponto cego à esquerda, não raro causa de acidentes. O

estarem ou não ligados. Evite carros assim, pois ao ficar

espelho direito sempre é convexo.

sempre ligada essa iluminação, pode-se achar que as luzes externas também estão e se pode esquecer de ligá-las.

ESTEPE OPERACIONAL Alguns carros utilizam estepe de características diferentes

PNEUS, SÓ NACIONAIS

das outras quatro rodas. É ruim, pois em caso de furo de

Com a globalização da economia, passou a ser comum

pneu o carro estará rodando com uma roda diferente das

fabricantes nacionais de automóveis importarem pneus de

outras três, o que é inconveniente e até perigoso. O pneu do

outras regiões para reduzir custo. Exija que o carro tenha

estepe deve ser de mesma medida dos demais.

pneus fabricados no Brasil, o que facilita a reposição e evita se ter pneus de marcas diferentes no carro.

FAIXA DEGRADÊ NO PARA-BRISA É uma pequena faixa escura na parte superior do para-

PORTA-OBJETOS

brisa, de 5 a 10 cm de altura. Pode parecer que não, mas

Procure adquirir carros que tenham um bom número de

proporciona conforto sob sol forte e até constitui elemento

porta-objetos, onde se possa colocar o telefone celular com

de segurança ao contribuir para evitar excesso de claridade

segurança para o aparelho, evitando quedas que podem

nos olhos, principalmente com sol de frente.

danificá-lo, bem como lugar para os vários objetos pessoais, como óculos de sol.

FARÓIS DE NEBLINA Item dos mais importantes num automóvel. O tipo de

REPETIDORA DO INDICADOR DE DIREÇÃO

facho desses faróis, com corte a baixa altura e bem aberto,

É uma luz lateral que acende junto com o indicador de

é fundamental para se poder dirigir no nevoeiro com um

direção (seta). Mesmo nos carros mais acessíveis costuma

mínimo de segurança. Exija que venha de fábrica, pois

ser disponível dentro de um conjunto de opcionais. A luz

montagens posteriores podem trazer problemas.

pode ficar tanto na carroceria quanto no espelho externo. O sinal de seta fica bem mais visível, é segurança.

FREIO A DISCO DIANTEIRO VENTILADO Todo freio a disco deve ser desse tipo, mesmo em carros

VOLANTE COM AJUSTES

de motor 1 litro. Se não tiver, numa situação de uso mais

É da máxima importância o volante de direção ter ajustes,

prolongado ou mesmo numa frenagem enérgica vindo em

pelo menos o de altura, para que possa encontrar uma

velocidade de viagem pode ocorrer superaquecimento do

posição de dirigir confortável e correta, fundamental para a

freio com redução drástica da ação.

segurança ao permitir alcançar os controles com facilidade.

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— SUV híbrido 4x4 radical — Mitsubishi Outlander PHEV MOTOR A COMBUSTÃO COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE MOTORES ELÉTRICOS BATERIA POTÊNCIA E TORQUE TRANSMISSÃO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO

POR BOB SHARP

4 cilindros 2,0 GASOLINA 121 cv e 19,4 kgfm ASSÍNCRONOS, IMÃ PERMANENTE 300 V, 12 kw·h 82 cv e 14/19,4 kgfm d/t Sistema operacional PHEV 4X4 4,65 m 2,87 m 5 713 litros 45 litros 600 km (sem regeneração) 1.810 kg R$ 190.000 (estimado)



176


— O Outlander PHEV é uma evolução do SUV 4x4 e permite modos de condução diferenciados —

Por que tantas apostas de vários fabricantes na propulsão híbrida? Podem-se apontar três motivos. Um, trafegar boa parte do tempo em modo só elétrico, sem emissões locais de nenhum tipo de gás, em áreas restritas nas cidades que as impõem. Outro, sai realmente em conta usar a propulsão elétrica, cerca de 1/5 do que se gastaria para o mesmo percurso num carro “convencional” movido a gasolina. Finalmente, não existe a ansiedade de autonomia dos carros puramente elétricos. Agora, junte-se uma das melhores soluções híbridas já vistas a um utilitário esporte, ou SUV, e temos o Mitsubishi Outlander PHEV (plug-in hybrid electric vehicle, ou veículo híbrido elétrico plugável), que será o primeiro da espécie no mercado brasileiro. A versão estará à venda no Brasil em março e seu preço ainda está por definir. A Mitsubishi prevê situar-se em torno de R$ 190.000. Fará companhia aos Outlander 4 cilindros de 2 litros e V-6 de 3 litros, ambos a gasolina e de tração integral. O PHEV é novo, lançado no mercado europeu em julho de 2013. Realmente notável é seu sistema de propulsão, que compreende o motor de 2 litros e 121 cv com torque de 19,4 kgfm (ciclo Otto convencional, e não Atkinson, como os demais híbridos) e dois motores elétricos, um dianteiro e outro traseiro, 82 cv cada e 14 kgfm o dianteiro e 19,9 kgfm, o traseiro. Os dois elétricos agem em conjunto ou separadamente, tudo administrado por um sistema operacional dedicado, inclusive o funcionamento do motor a combustão. O “agir em conjunto” se destaca na função 4x4, em que são quatro rodas motrizes sem absolutamente nenhuma ligação mecânica entre os dois eixos. Nada de cardãs ou caixa de transferência, o normal nos carros de tração 4x4. Um passo à frente mesmo. Igualmente notável é o PHEV dispor de um gerador de energia elétrica acionado pelo motor a combustão. Assim, numa viagem e notando que a bateria tem pouca carga, o motorista pode ligar o motor comum e o gerador para carregar a bateria e entrar na cidade apenas com o motor

1 23

elétrico. Ou então, sabendo que a bateria acusa pouca carga e desejar rodar só a eletricidade, ligar o motor, deixá-lo

1. Interior agradável e funcional, com todas as informações necessárias 2. Por meio de aplicativo baixável da própria Mitsubishi têm-se vários controles remotos do PHEV 3. Simplicidade de operar pela alavanca seletora

em marcha lenta na garagem: em 40 minutos, a bateria adquire 80% da sua carga, bastante para rodar 42 km, consumindo só 3 litros de gasolina.

177


A bateria de 12 kWh permite autonomia de até

usando o veículo e, na esteira, utilizar minimamente o

52 km e, também notável, leva o veículo a até 120 km/h.

freio. O período de adaptação é bem curto.

Com os 45 litros do tanque dá para rodar cerca de

Portanto, o PHEV é um SUV avançado, está em

540 km em rodovia, ou seja, com a energia a bordo rodam-

sintonia com o momento em que vivemos e apresenta

se quase 600 km.

características realmente atraentes. Mede 4,65 m de

Para o Brasil, a Mitsubishi decidiu por tensão de 220

comprimento, distância entre eixos de 2,67 m, e largura

volts apenas, o que leva a completar a bateria em 5 horas

de 1,8 m por 1,68 m de altura. Tem boa manobrabilidade,

(dobraria o tempo com 110 V). Numa estação de carga

com diâmetro mínimo de curva muito bom de 10,3 m, e tem

rápida, em 30 minutos é possível até 80% da carga.

19 cm de distância livre do solo. Pneus 225/55 R 18 em rodas de alumínio. A bateria está sob o assoalho,

Como anda

fortemente protegida contra impactos, e pode ficar

O desempenho desse Outlander satisfaz plenamente. Ao

submergida

acelerar a fundo o gerenciamento do sistema determina

distribuição de peso com veículo vazio é 55% dianteira

que os dois motores elétricos e o de combustão funcionem

e 45%, traseira, quase ideal, que se inverte por pouco

juntos, contando-se com 82 + 82 + 121 cv, que segundo

quando carregado.

o fabricante resulta em 200 cv reais no total. Todo início

Itens de segurança ativa incluem prevenção ou atenuação

de movimento é elétrico e a aceleração 0-100 km/h leva

de colisões frontais abaixo de 30 km/h, aviso de mudança

11 segundos. Mas capacidade de acelerar dos motores

de faixa não intencional, controle de cruzeiro adaptativo,

elétricos é de tal ordem que, para dar um exemplo,

controle de tração e de estabilidade, assistente de partida

de 120 a 140 km/h são gastos apenas 6,5 segundos. O

em rampa e os obrigatórios freios ABS, mas com assistente

comportamento em curva é irrepreensível.

de frenagem. Na segurança passiva, há airbags frontais,

Conta-se com a regeneração de energia ao frear, quando os

laterais, de cortina e de joelhos para o motorista. Nos testes

motores elétricos invertem função e passam a gerar energia

de impacto Euro NCAP, pontuação máxima em todos os

elétrica para carregar a bateria de tração. Inclusive, pode-

quesitos. E, claro, há o sistema de infortenimento completo,

se ajustar essa regeneração e o respectivo efeito frenante

além do cômodo comando elétrico da porta de carga.

em seis níveis. “Aprendendo-se” a usar com eficiência a

Boa pedida, essa novidade? Certamente, e mais ainda

força regenerativa consegue-se carregar bastante a bateria

para os ecológicos.

— Um utilitário esporte prático e avançado em questão de propulsão, capaz de proporcionar um bom serviço —

2 1

1. Linhas clássicas do segmento, bem equilibradas. A porta de carga é acionada eletricamente 2. Casamento de veículo e paisagem, ambos significando emissões zero

178

num

alagamento

sem

problema.

A



— LiveWire, a Harley do futuro — Marca americana mostra a primeira moto elétrica de um grande fabricante. Reúne ecologia com a emoção de pilotar uma esportiva POR JOSIAS SILVEIRA

Anos atrás, era super cool ver o então governador da

Ela reserva muitas surpresas, a maioria inesperada em uma

Califórnia, Arnold Schwarzenegger, chegar com seu jipão

Harley. A começar pela aceleração, literalmente capaz de

Hummer. Os tempos mudaram. Na mesma Califórnia, agora

tirar o fôlego e encolher barrigas: de 0 a 100 km/h em 4 s.

cheia de pontos de recarga, o chique é chegar sem barulho,

Mas nem todos conseguem fazer isso. É preciso manter a

dirigindo um veículo ecológico movido a eletricidade. A mais

roda dianteira no chão e condicionamento de atleta para a

que centenária Harley-Davidson surpreendeu ao aderir a

visão não escurecer durante a aceleração brutal. Por outro

esta onda verde e já mostra sua LiveWire, um “Fio Vivo”.

lado, esta compacta e ágil moto – inclusive com suspensão

Mesmo sendo praticamente a primeira moto elétrica de um

de amortecedor único e regulável na traseira – é tão fácil de

grande fabricante (BMW tem uma scooter assim na Europa,

pilotar quanto uma scooter. Basta acelerar (com cuidado) e

por 15 mil euros), a Harley preferiu um produto que unisse

frear. Aliás, frear pouco, pois a função regenerativa muito

ecologia e emoção. Segundo o fabricante, a LiveWire está

potente também recarrega as baterias de 300 V. Dá para

mais para guitarra elétrica do que um carro para ecochatos.

rodar no trânsito urbano praticamente só com o acelerador.

Aliás, com este “protótipo” – praticamente pronto para as

As cidades serão seu habitat, já que, como qualquer veículo

ruas – não se consegue chegar em silêncio. Ruídos do motor

elétrico, tem alcance limitado, apenas 85 km. Depois, só

e transmissão são amplificados, e o som é de turbina de jato.

procurando uma tomada. Claro, a maneira de dirigir pode

Flórida elétrica Ainda que o lançamento só ocorra em

diminuir a autonomia. Mas, bastam pouco mais de três

dois anos, a fábrica produziu pouco mais de 30 unidades para

horas se recarregam as baterias totalmente zeradas. Para

usar em turnês de avaliação e pesquisa pelos EUA e Europa.

melhor controle, o painel estilo tablete (tela tátil, mesmo

Rodamos em Miami, onde alguns clientes VIP também

com luvas) mostra dados instantâneos sobre o consumo de

testaram a novidade. Assim como no Projeto Rushmore, que

energia elétrica e autonomia. E ainda velocidade, distância

modernizou a topo da linha, antes de a moto elétrica sair a

percorrida e até temperatura da central eletrônica e do óleo

empresa quer escutar os motociclistas. Pelo sorriso de quem

da caixa de engrenagens cônicas, necessária para mudar o

descia da LiveWire após o test-ride, a aprovação foi geral.

sentido de giro do motor longitudinal em 90° e possibilitar



a transmissão para a roda traseira, por correia dentada,

estão componentes de gerenciamento eletrônico e caixa

como em outras Harley. A velocidade da LiveWire, com

de engrenagens que contam com pequenos radiadores e

seus 74 cv, é de 150 km/h, limitada eletronicamente devido

ventiladores elétricos. Quase por instinto se procura pelo

à legislação americana para veículos elétricos. Muito ágil

escapamento, no caso inexistente. A suspensão é firme,

e obediente, teria condições de facilmente ultrapassar

esportiva em excesso até para as boas estradas americanas.

200 km/h. Só que comprometeria muito a autonomia.

Assim como detalhes de fios aparentes, a suspensão será

Mesmo em manobras, difícil acreditar que pese 210 kg

reestudada antes do lançamento, bem como a posição dos

(mais da metade é das baterias). Cafe Racer século 21

retrovisores e a adoção de freios ABS. Em razão da ação

O estilo naked, ou pelada, define um modelo compacto

regenerativa muito potente para recarga das baterias, as

e esportivo, bem diferente das outras Harley. Uma das

rodas travam com facilidade quando usados os dois freios

fontes de inspiração para suas linhas vieram das Cafe

a disco. Rodar com a LiveWire traz um gostinho de futuro,

Racers, motos preparadas para rachas de rua na Inglaterra

principalmente para quem assistiu o filme Tron (1982), no

nos anos 1960. Agora é uma releitura de visual futurista,

qual uma moto cheia de néon fazia um ruído de turbina

completado pela iluminação toda por LEDs, inclusive pelo

semelhante. Talvez por isso estará em um novo filme – Os

baixo consumo de eletricidade. O motor, central, se ajusta

Vingadores 2 (The Age of Ultron) – em 2015. Pesquisas

no quadro, completado pelas baterias na parte superior.

com consumidores, filme e tudo o mais facilitarão seu

Acima das baterias, inclusive dentro do tanque falso,

lançamento comercial.

190


— Compacta e com visual futurista cheio de LEDs, a LiveWire tem aceleração de esportiva: faz de 0 a 100 km/h em 4 s —

1

2

1. Autonomia de 85 km e recarga em 3,5 horas 2. Capa de alumínio do motor amplifica o ruído de turbina

191


— Luxo também pode ser rápido — Audi A8

MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO POR BOB SHARP

4 litros , V-8 biturbo GASOLINA 435 cv e 61,2 kgfm AUTOMÁTICO, 8 MARCHAS 4 RODAS PERMANENTE 5,13 m 2,92 m 5 520 litros 82 litros 1.150 km 1.920 kg R$ 558.990



Avantajado e pesado, tem 5,13 m e 1.920 kg, e distância entre eixos de quase 3 m. Entretanto, pula da imobilidade a 100 km/h em 4,5 s, faz curva como gente grande, acomoda cinco adultos com folga, no porta-malas de 520 litros cabe a bagagem de todos e o estepe é igual às outras quatro rodas. Esse conjunto, dos mais virtuosos no mercado mundial, chama-se Audi A8. Ele possui velocidade máxima limitada intencionalmente pela fábrica a 250 km/h. A versão que TOP Carros conheceu e avaliou tem motor V-8 de 4 litros biturbo e 435 cv. Mas há outras. A Audi oferece ainda opções longas do A8, de 5,26 m de comprimento (entre-eixos de 3,12 m), que objetivam máximo espaço no banco traseiro, mas com motores diferentes. Uma, 3 litros V-6 com compressor de 310 cv, outra, 6,3 litros de 12 cilindros na peculiar configuração em “W” (três unidades de quatro cilindros unidas pela base), biturbo, 500 cv. Esta, entretanto, só por encomenda. Todos os A8 têm a consagrada tração integral Quattro e vêm com câmbio automático epicíclico de oito marchas e tiptronic, que permite trocas de marchas sequenciais pelas borboletas junto ao volante. Notável é que nenhum dos motores de alto desempenho (injeção direta) requer gasolina de alta octanagem e, portanto, funcionam normalmente com gasolina comum (de preferência aditivada). O A8, topo da gama de sedãs Audi, já completou 20 anos. Foi a primeira carroceria monobloco, totalmente em alumínio, entre veículos de produção em série. A segunda geração veio em 2002, em 2009, a terceira geração, que há um ano passou por reestilização. Depois foi apresentado o S8, em 2011, versão de alto desempenho com um V-8 biturbo de 4 litros e 520 cv na carroceria de entre-eixos normal. Dirigir um carro dessas características chega a produzir um descompasso entre visão e sensação, tal o seu desempenho sob comando do pé direito e comportamento determinado pelas mãos. Os pneus são largos Pirelli PZero 245/45 R1 7Y, corretamente dimensionados. A resposta de direção pelo elegante e jeitoso volante de 37,5 cm de diâmetro faz esquecer tamanho e peso do veículo. Em meio ao tráfego, desvencilhar-se dos outros carros lembra a agilidade de uma motocicleta quanto à aceleração. Em fração de segundo, o câmbio, via pedal do acelerador, entende a intenção e determina a marcha correta para a situação. Trocar de marcha manualmente passou a ser mero diletantismo ou quando se precisa obter freio-motor, como

194


— Audi A8, lançado há 20 anos, vem sendo atualizado e constitui um dos melhores sedãs grandes que o dinheiro pode comprar hoje —

1 4 2 3 1. Interior que dá as melhores boas-vindas a quem escolheu o A8 2. Tudo à mão no elegante console, com uma alavanca seletora de câmbio muito fácil de usar 3. Porta-malas para ninguém ficar sem poder levar sua bagagem– nada menos que 520 litros de capacidade 4. Pureza de linhas que são um convite a entrar nele e sair mundo afora

195


numa descida de serra. O rodar é extremamente confortável e preciso, graças à suspensão com molas pneumáticas que permitem até elevar a altura de rodagem se necessário, como ao trafegar sobre piso hostil. Luxo é a palavra de ordem no A8, que concorre diretamente com BMW Série 7 e Mercedes-Benz Classe S. Onde quer se olhe e toque transparece a alta qualidade de construção. Acabamentos mesclando compósito de fibra de carbono e alumínio, amplos bancos dianteiros revestidos de couro Valcona e dotados de ajustes elétricos em todos os eixos com três memórias no do motorista, além de massageador, atestam

requinte,

complementado

por

cortinas

de

acionamento elétrico nos vidros da coluna central para trás. O banco traseiro também conta com ajuste elétrico do encosto. O revestimento do teto é em alcântara e há o sempre conveniente teto solar de vidro, inclinante e deslizante. Todos os vidros são atérmicos. As portas têm assistente de fechamento, o volante de ajuste elétrico nos dois planos conta com levantamento automático para entrar e sair do veículo e, claro, o ar-condicionado automático é quadrizona. Espelhos retrovisores externos de ajuste elétrico e rebatíveis têm aquecimento e são incluídos na posição memorizada do banco do motorista. Até o ajuste de ancoragem dos cintos dianteiros é elétrico e contido nessa memória. Na segurança veicular, o importante sistema de visão noturna da Audi, mesmo na escuridão, permite detectar vultos, como animais na estrada e “outros” que ficam à espreita para assaltar, como pode acontecer ao se pretender embicar o carro para entrar na garagem, permitindo

— Poucos carros atualmente têm identidade visual tão marcante quanto os Audi, com seu emblema dos quatro anéis entrelaçados —

manobra evasiva a tempo. Há também o sempre útil controle automático de velocidade de cruzeiro adaptativo, que leva o carro a parar caso o tráfego pare e depois reacelera. Dispensável dizer que o A8 dispõe de central multimídia de alto respeito, com o melhor do existente no mercado, GPS e o fantástico sistema de áudio Bose. Esse Audi mostra realmente que luxo e desempenho podem caminhar (bem) juntos.

1

1. Atrás dessa grade está um motor V-8 de 4 litros e 435 cv, capaz de levar o A8 de 0 a 100 km/h em apenas 4,5 s

196


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— A estrela do sol nascente — Nissan GT-R MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO

POR BOB SHARP

V-6, 3,8 litros, biturbo GASOLINA 545 cv e 64 kgfm AUTOMATIZADO, 6 MARCHAS INTEGRAL 4,67 m 2,78 m 2+2 315 litros 74 litros 842 km 1.740 kg



Se o Nissan GT-R não será vendido no Brasil, por que TOP

de Tóquio, mas só chegou aos Estados Unidos e Canadá

Carros foi até Mogi-Guaçu, no autódromo Velo Città, para

em julho de 2008 e à Europa e resto do mundo em março

dirigi-lo? É que se apresentou uma oportunidade única de

de 2009. Em 2013, passou por leve reestilização. Nos EUA,

conhecer de perto, de dirigir essa obra-prima da Nissan,

custa a partir de US$ 101.770.

trazida ao Brasil apenas para ser exibida no recente 28º

A Nissan sempre foi focada em carros de alto desempenho,

Salão do Automóvel de São Paulo. A filial brasileira achou,

desde que lançou uma versão esportivada do sedã Skyline

com razão, que o carro merecia ser mostrado à imprensa

em 1969, chamando-a de GT2000. Depois veio o Skyline GT-

local e convenceu a diretoria da Nissan no Japão a autorizar

R, que se tornou uma lenda. Dezesseis anos mais tarde, em

uma sessão de avaliação naquele belo autódromo particular.

1989, novo Skyline GT-R, de seis cilindros em linha, 2,6 litros

O Nissan GT-R – ‘GT’ de grã-turismo e ‘R’ de competição

biturbo e 280 cv, suspensão independente nas quatro rodas

,em inglês – é a junção de uma expressão e de uma letra

e tração integral.

que simboliza a combinação de desempenho esportivo com

O novo GT-R destinou-se a ser o melhor que a Nissan

conforto à capacidade de ser um carro rápido como um de

poderia fazer em questão de desempenho puro, no mesmo

competição. Foi lançado em dezembro de 2007 no Salão

nível dos velozes carros esporte europeus. Uma passada de

200


— O Nissan GT-R foi concebido para ser um supercarro japonês, no mesmo nível dos europeus —

olhos nas suas características mostra como chegaram a isso. Motor V-6 biturbo de 3,8 litros, duplo comando e quatro válvulas por cilindro, bloco e cabeçotes de alumínio, tudo reunido para desenvolver 545 cv e torque de 64 kgfm. A potência do motor dianteiro longitudinal chega à unidade câmbio-eixo motriz no eixo traseiro por árvore cardã de compósito de fibra de carbono, de onde sai outro cardã, do mesmo material, para acionar as rodas dianteiras. O esquema foge do tradicional, mas o carro é bem equilibrado: 53% do peso na dianteira e 47% na traseira. Com largos pneus 225/40 ZR 20 na dianteira e

1

285/30 ZR 20 atrás, e distribuição de torque entre os eixos que vai, automaticamente, de 0% na dianteira a 100% traseira,

1. Linhas dão forma à função dentro da maior pureza tecnológica

ou, caso o motorista queira, 50-50%, o GT-R se lança para

201


frente sem patinagem de rodas e atinge 100 km/h partindo

três padrões de ângulos das rodas e a traseira multibraço, em

da imobilidade em estonteantes 2,8 segundos, chegando a

dois, segundo a preferência do motorista. Os amortecedores

315 km/h, segundo o fabricante. O câmbio de seis marchas

Bilstein, alemães, têm três modos de ajuste: Normal,

é automatizado de duas embreagens com trocas manuais

Comfort e R. Estes modos atuam também no controle de

exclusivamente por borboletas atrás do volante fixas à coluna.

estabilidade e na curva de abertura do acelerador.

Críticos do GT-R ou “Godzilla”, apelido herdado do seu

Os freios, Brembo, com pinças de seis pistões na frente e

antecessor Nissan Skyline, agora mais justificado ainda

quatro atrás, têm montagem radial, para se flexionarem

pelo desempenho e o fato de ser japonês, alegam que o carro

menos. Grandes discos dianteiros de 390 mm de diâmetro e

é muito pesado, 1.740 kg, em especial no dia a dia em baixa

traseiros de 381 mm completam o conjunto.

velocidade, o que não foi possível avaliar. Mas a filosofia do

Dirigir o GT-R em pista é uma grande sensação, como se

seu criador, Shiro Nakamura, é de que automóveis pesados

pode imaginar. O motorista dispõe de um mostrador no

têm a natural e desejável (para maior aderência) força

centro do painel com informações de pressão do turbo e do

vertical descendente adicional sobre os pneus (downforce,

óleo do motor, temperatura do óleo do câmbio e distribuição

em inglês) que, de outra forma, seria conseguida por asas e

da tração. Gráficos mostram posição da direção, do pedal do

spoilers responsáveis por piorar o arrasto aerodinâmico.

acelerador e da força de desaceleração do freio. A aceleração

Bem, ele pode estar certo e ser adequado à potência

é brutal, e a precisão com que faz as curvas impressiona até

exuberante do GT-R, embora Nakamura não tenha

quem está acostumado com carros dessa estirpe. A posição

dispensado de todo os auxílios aerodinâmicos: a parte

de dirigir é perfeita.

inferior produz 100 kg de downforce na dianteira e 40 kg na

A fabricação do GT-R em Tochigi, no Japão, é de apenas

traseira a 200 km/h, e o aerofólio traseiro gera 100 kg dessa

1.000 unidades por mês. O motor é produzido em

força àquela velocidade.

Yokohama em condições especiais de limpeza. Cada

A suspensão dianteira por braços triangulares de

unidade recebe uma plaqueta com o nome do engenheiro

comprimentos desiguais superpostos pode ser regulada em

responsável por sua montagem.

202


— Não há como não admirar este carro esporte, feito para andar rápido em todos os seus detalhes —

1 2

1. Interior cuidadosamente desenhado para proporcionar máximo conforto ao se explorar suas virtudes 2 . O fantástico motor V-6 de 3,8 litros biturbo é montado por um só engenheiro

203


— Topa tudo e chega renovado — Porsche Cayenne Turbo MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO POR JOSIAS SILVEIRA

Biturbo GASOLINA 520 cv e 76,4 kgfm AUTOMÁTICO, 8 MARCHAS INTEGRAL 4,855 m 2,895 m 5 670-1.780 litros 100 litros 1.100 km 2.185 kg R$ 679.000



Na estrada beirando o mar do Caribe, na mexicana Cancún,

desafiador, ele entrou na última curva a mais de 240 km/h.

surge um pedaço do paraíso para quem gosta de acelerar:

Mais que o visual renovado, o refinamento de detalhes,

uma estrada sinuosa de uns 4 km, pista dupla fechada para

inclusive de eletrônica, define o renovado grandalhão da

o trânsito, onde se pode sentir do que um Cayenne é capaz

Porsche. Além dos modos de pilotagem Conforto e Sport,

no asfalto liso.

no modelo 2015 há ainda o Sport Plus, que monitora motor,

Primeiro, vamos com a versão S, motor biturbo de 3,6

câmbio automático de oito marchas, suspensão e direção.

litros e 420 cv, o mesmo V-6 de seu irmão menor, o Macan .

Ou seja, um programa ainda mais completo de controle

Depois de algumas curvas, perde-se o medo e o acelerador

de estabilidade e da tração integral com opção para

vai mais fundo. Na última curva do trecho, o velocímetro

pilotagem bem esportiva.

mostra 225 km/h, o carro grudado no asfalto ainda um

Você dirige, mas a eletrônica é que cuida da pilotagem e

pouco molhado da chuva.

segurança. Algo como “acelere que os chips cuidam do

No trânsito normal, o Cayenne Turbo – com seu motor

resto”. No asfalto, apesar dos 4,85 metros de comprimento e

V-8 4,8 litros de 520 cv, também biturbo – não parecia

2.185 kg na versão V-8, ele se comporta ainda mais como um

muito mais rápido que o V-6. No entanto, no mesmo trecho

esportivo – para desgosto dos puristas, que só consideram “um verdadeiro Porsche” os pequenos bólidos de dois lugares da fábrica de Stuttgart. Como disse Jerry Seinfeld, comediante americano e

1 2

colecionador da marca, no lançamento do Macan, em Los Angeles, “a maior vantagem dos SUVs da Porsche é que

1. As grades dianteiras trazem persianas com controle eletrônico 2. Com mais de 2 toneladas, faz de 0 a 100 km/h em 4,5 s

eles mantêm a saúde financeira da empresa, que pode fazer carros realmente esportivos cada vez melhores”.

206


Mas a Porsche aprimorou muito o Cayenne, melhorando o consumo do motor maior em 36% em relação às primeiras unidades de 2002, enquanto a potência aumentou 25%, segundo o fabricante. Difícil não classificar como esportivo um veículo de mais de 2 toneladas que vai da imobilidade aos 100 km/h em apenas 4,5 s e chega aos 279 km/h. Exemplo da ajuda eletrônica: basta tirar o pé do acelerador que o carro “entende” e desacopla o câmbio, como se estivesse em ponto morto. Qualquer toque no acelerador ou freio o faz reengatar a marcha. Também para menor consumo, há até a nova grade dianteira, com persiana que se fecha automaticamente em maior velocidade para diminuir o arrasto aerodinâmico.

— O Cayenne ganhou mudanças visuais e também aperfeiçoamento nos motores e na eletrônica. Para o Brasil, inicialmente só vem o V-8 de 520 cv —

Aliás, com tanta eletrônica, surgem opcionais como o Parking Assist, que usa quatro câmeras para montar uma imagem perimetral na tela central do painel, auxiliando em manobras. Quando equipado com suspensão pneumática, basta abrir o porta-malas e apertar um botão para a parte traseira abaixar mais de 5 cm e facilitar a colocação de bagagens. A lista de equipamentos de conforto é bem grande e inclui ainda a área de segurança. O controle de velocidade de

207


cruzeiro alerta sobre um veículo mais lento à frente e aciona

Visual renovado

os freios, caso o motorista não reaja. Outro sistema avisa a

A repaginação visual seguiu a mesma filosofia da

presença de um veículo ao lado, sempre que se muda de faixa.

mecânica, conforto e segurança. Houve refinamento, sem

Em resumo, é muito fácil se acostumar com tanta mordomia

revolução. Afinal, não se mexe em time que está ganhando

de auxílio ao volante, a ponto de se estranhar um carro

e o Cayenne representa cerca de 60% das vendas mundiais

“normal” ao sair deste Porsche.

da marca alemã. Estreou uma nova frente com mudanças no capô, grade,

Topa tudo

para-choque e faróis. Na traseira, novidades nas lanternas,

Só que um SUV precisa justificar o “U”, de utilitário, nessa

para-choque e saídas de escapamento. A ideia foi dar uma

categoria. E em estradas de terra, areia ou mesmo trilhas, o

impressão de maior largura em um veículo bem alto

Cayenne justifica sua versatilidade. Enfrenta obstáculos sem

(1,70 m). Assim, aparenta ser mais baixo e harmônico.

dificuldade graças às suspensões de curso longo e tração nas

O interior evoluiu em sofisticação: novos materiais, volante

quatro rodas. Novamente vale o “vigilante eletrônico”, que

multifuncional e quadro de instrumentos mais completos.

garante melhor tração e contato das rodas com o solo, entre

Opcionalmente, há revestimento de madeira nobre, a raiz

outros recursos.

de nogueira. Bancos traseiros agora são quase individuais e

Sua maior limitação está exatamente nas rodas (aro 18 pol no

podem receber ventilação, como já existe nos dianteiros, que

V-6 e 19 pol no V-8, com aro de 21 pol, opcional), equipadas com pneus mais voltados para asfalto. Se houvesse pneus mistos, no

contam também com aquecimento.

velho estilo cidade & campo, certamente poderia até encarar

Por enquanto, só chegou ao Brasil o Cayenne Turbo e seu

barrancos. E sobra a pergunta: quem, além da fábrica e dos

motor V-8, por R$ 679 mil. A versão S, com V-6, chegará

jornalistas, tem coragem de colocar um Porsche em lamaçal?

apenas em meados de 2015.

208


Grande e ecológico Em meio às novas versões do Cayenne, uma apresentava algo diferente. Com pinças de freio pintadas de verde, arrancava sem ruído de motor. Trata-se do E-Hybrid, primeiro híbrido plugável entre os SUV Premium. Utiliza as mesmas soluções mecânicas do sedã-cupê Panamera híbrido, inclusive os dois motores. Um deles elétrico e o outro, a combustão, um V-6 de 3 litros, com compressor, que rende 333 cv. Combinados, há uma potência total disponível de 416 cv. Até 125 km/h pode-se rodar apenas com o motor elétrico, cujas baterias podem ser recarregadas em tomada. Em acelerações mais fortes, ou acima dessa velocidade, os dois motores funcionam em conjunto, mantendo o rendimento esportivo (0 a 100 km/h em 5,9 s e máxima de 243 km/h). Usando apenas o motor elétrico, a autonomia é de até 36 km, mas, assim que a carga das baterias chega a menos de 20%, o motor a combustão faz sua recarga enquanto se roda normalmente. O câmbio automático é o mesmo de oito marchas, e o consumo de gasolina pode chegar a 30 km/litro. Aliás, consumo, utilização dos dois motores e carga das baterias são monitorados por gráficos intuitivos no painel, o que ajuda a fazer um interessante joguinho eletrônico no melhor estilo “quem gasta e polui menos”. A vinda do Cayenne E-Hybrid depende de mudança na recente legislação, que ainda não beneficia os veículos com bateria recarregável também em tomada. Caso fossem incluídos na redução de impostos, chegariam ao Brasil com preço pouco superior ao do Cayenne V-8.

— Além dos modelos convencionais, agora existe o Cayenne E-Hybrid, com motor elétrico e também um V-6 a gasolina, somando 416 cv —

1 2 3 4

1. Painel e forrações no interior também têm novidades 2. No modo elétrico, gráficos mostram consumo e carga 3. Diferença externa é apenas um discreto logotipo 4. Estação de alta voltagem permite recarga mais rápida

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Emblema com um nome e logotipo famosos remetem a alto desempenho desde os anos 1950 POR BOB SHARP

foto Latinstock/© Brendan Fitterer/ZUMA Press/Corbis/Corbis Wire by Corbis

— Carlo Abarth, o criador —



fotos Latinstock / Corbis

Nascido Karl Albert Abarth em 15 de novembro de 1908,

500 Topolino, que foi um sucesso, e assim o nome Abarth

em Viena, cedo se envolveu com velocidade. Aos 20 anos já

começou a se impor no meio automobilístico. O Abarth

trabalhava na Moto Thun como mecânico e logo se tornou

204, carro esporte feito em associação com a Cisitalia, foi

preparador. Queria correr e substituiu um piloto machucado

um sucesso. O nome Abarth logo se tornou sinônimo de

para o GP da Áustria, classificando-se à frente dos principais

alto desempenho.

pilotos da época. Mas sua carreira de piloto de duas rodas foi

Quando a Fiat lançou o novo 500 em 1959, agora um carro

breve devido a um grave acidente, e partiu para o sidecar,

de motor traseiro, foi uma verdadeira democratização do

onde começou a se destacar como preparador.

carro de corrida e de rua preparado. Proprietários, mesmo

Durante a Segunda Guerra Mundial, mudou-se para a Itália

os mais jovens, podiam adquirir os kits Abarth, ou comprar

e obteve cidadania italiana, passando a se chamar Carlo

um 500 Abarth pronto. Os laços com a Fiat foram se

Alberto Abarth. Ainda correu de sidecar depois da guerra,

estreitando cada vez mais e, em 1971, a fabricante italiana

mas sofreu um novo acidente grave e resolveu se dedicar à

comprou a Abarth & C. Carlo Abarth faleceu em 1979, a

preparação de motores, até que, em março de 1949, resolveu

dias de completar 71 anos.

fundar sua própria firma, a Abarth & C., para participação

Com a morte de Carlo, a atenção da Fiat à Abarth foi

mais organizada nas corridas. Mas, apesar do sucesso nas

se esmorecendo com o passar dos anos, até Sergio

pistas, era preciso aumentar o faturamento, e Carlo partiu

Marchionne ser nomeado executivo-chefe do Grupo Fiat

para a linha de equipamentos especiais que levava seu

em 2004, quando decidiu revitalizar a marca Abarth,

nome e cujo logotipo era o escorpião, seu signo no zodíaco.

começando pelo Grande Punto Abarth em 2007 e lançando

Criou o primeiro kit de câmbio e escapamento para o Fiat

o 500 Abarth no ano seguinte.

212


— A preparadora deu vida aos pequenos Fiat e possibilitou que mesmo os mais jovens pudessem ter um carro de temperamento esportivo —

1 23 4 1. Simplicidade extrema nos populares Fiat dos anos 1950 2. Tampa do motor fixada aberta, solução Abarth para manter a temperatura dos motores de corrida 3. Tampa aberta virou moda em carros de rua 4. O Abarth 204, feito em associação com a Cisitalia, é uma das mais belas expressões da escola italiana de estilo

213


— Brinquedo de gente grande —


Fiat 500 Abarth MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO POR BOB SHARP

4 cilindros, 1,4 litro turbo GASOLINA 167 cv e 23 kgfm MANUAL, 5 MARCHAS DIANTEIRA 3,66 m 2,30 m 4 185 litros 40 litros 580 km 1.164 kg R$ 81.710


Por que brinquedo? Pegue um carro de porte pequeno, de

de 1,24 bar no modo Sport, selecionável por tecla no painel,

apenas 3,66 m, relativamente leve (1.164 kg), e coloque-lhe

comando que altera também a curva do acelerador e reduz a

um motor de 1.368 cm³ turboalimentado de 167 cv, o que

assistência de direção. Se desativado esse modo, a pressão do

lhe garante forte aceleração e elevada velocidade máxima.

turbo é de 0,8 bar. Apenas no modo Sport o motor desenvolve

Cada cavalo de força só terá que se encarregar de puxar

167 cv a 5.500 rpm e 23 kgfm de 2.500 a 4.000 rpm.

7 kg — literalmente, uma vez que a tração do 500 Abarth é

O câmbio de cinco marchas precisou ser reforçado com

dianteira. O resultado é a aceleração de 0 a 100 km/h em

engrenagens mais largas, solução que impediu a utilização

6,9 s e a capacidade de atingir a velocidade de 214 km/h. É

de um de seis marchas por questão de espaço. De qualquer

ou não um brinquedo?

maneira, motores turboalimentados têm elevado torque

O 500 Abarth, como os outros 500, vem da fábrica mexicana

e muita potência em toda a ampla faixa de utilização,

em Toluca por R$ 81.710, um pouco abaixo do seu principal

e por isso não exigem mais do que cinco marchas.

concorrente, o Citroën DS3, embora o MINI e o Audi 1,

Em velocidades de viagem, o motor segue bem sereno:

mais caros, também estejam na sua mira. Apenas o Abarth

3.300 rpm a 120 km/h.

mexicano tem controle de válvulas de admissão MultiAir, que são variáveis em levantamento e desempenham

Alterações no chassi

também o papel de borboleta de aceleração, sendo por isso

As molas dianteiras são 40% mais fortes e as traseiras, 20%. A

mais potente que a versão europeia.

altura de rodagem diminuiu em 10 mm e a direção ficou mais

A especificação Abarth inclui virabrequim de aço forjado

rápida. Os freios são por grandes discos ventilados de 284 mm

com mancais maiores. Bielas também são de aço forjado, e

de diâmetro na dianteira, contra 257 mm, atrás ficando os

jatos de óleo na base dos cilindros ajudam no arrefecimento

mesmos discos de 240 mm de diâmetro. Pinças flutuantes de

dos pistões, que passam a funcionar com elevada carga

um pistão são pintadas de vermelho. Rodas de 6,5 x 16 polegadas

térmica no motor turbo. A pressão de superalimentação é

são montadas com pneus Pirelli PZero 195/45 R 16V.

216


— É como se o Fiat 500 tivesse sido planejado para receber a preparação Abarth, pois tudo se encaixa à perfeição e agrada a todos os sentidos —

Além desse elenco de mudanças, o 500 traz controle de estabilidade, controle de tração e vetoração por torque (pequena frenagem da roda dianteira interna à curva), todos calibrados pela Abarth para o maior desempenho. O controle de estabilidade tem três níveis de atuação, facilmente selecionáveis pela tecla ESC. O motorista pode desligar o sistema e assumir a total responsabilidade pelas correções de trajetória. Ao se apertar a tecla Sport, localizada sob o rádio, o contagiros ganha destaque e no canto direito do quadro surge uma tela que mostra a posição da borboleta de aceleração do sistema de admissão, que vai de 0 (fechada) a 100% aberta. Outro instrumento também é ativado no modo Sport, o acelerômetro. Onde fica o velocímetro digital aparece a imagem do carro e à medida que ele for solicitado nas curvas, nas acelerações e nas freadas, surge a informação da aceleração medida em g no sentido em que ela estiver

1 24 3

ocorrendo. Exatamente como ocorre hoje nas transmissões das corridas de F-1, em que um gráfico semelhante surge na

1. Jeito de carro que é feito para ser aproveitado ao máximo 2. A vistosa capa do motor 1,4 litro turbo desenvolvido pela Abarth e o escorpião, logo da marca 3. Bancos envolventes e confortáveis, além de bonitos 4. Repleto de instrumentos e informações ao motorista-piloto

tela do televisor de vez em quando. É realmente sensacional poder-se medir o próprio desempenho numa curva. Esse Fiat 500 Abarth é mesmo um brinquedo de gente grande.

217


— O expoente está de volta — Honda Civic Si Cupê MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO POR BOB SHARP

2,4 litros, 4 cilindros GASOLINA 206 cv e 23,9 kgfm MANUAL, 6 MARCHAS DIANTEIRA 4,55 m 2,62 m 5 330 litros 50 litros 655 km 1.359 kg R$ 119.900



Foram três anos de ausência. Aquele Civic de ar e

Logo se percebe um Civic diferente, mais comprido e baixo

desempenho tão especiais deixou o Brasil e seus admiradores

e com distância entre eixos 8 cm menor. Ganhou ar mais

desolados. Pudera. Fabricado em Sumaré (SP), com motor

intimidador, que faz jus ao motor a gasolina de 2,4 litros

e câmbio importados do Japão, era a própria expressão da

– antes 2 litros – um pouco mais potente, pois passou de

pujança num sedã médio que já tinha bons antecedentes

192 para 206 cv. Ganhou torque também, de 19,2 kgfm a

no país. Mas agora a Honda brasileira resolveu reparar a

6.100 rpm foi para 23,9 kgfm a 4.800 rpm. Tudo serviu

sempre traumática decisão de tirar um carro de linha.

para proporcionar a quem gosta de dirigir aquilo que mais

Do Canadá chega o novo Si, mas com roupagem bem

satisfaz: muita força sem precisar esgoelar tanto o motor em

diferente. Em vez de um sisudo sedã de quatro portas, apesar

rotações elevadas, ou seja, ficou consideravelmente mais

dos anexos aerodinâmicos que lhe davam um ar dinâmico,

elástico. Arrancar forte quando o sinal muda para verde

é um elegante cupê de duas portas de visual realmente

ficou bem mais fácil.

esportivo. O problema da versão anterior era preço. Em

Há um pormenor que poderá desagradar a muitos, mas

2007 custava nada menos que R$ 99.500. Hoje, com dólar

certamente será deleite para outros tantos: o único câmbio

pelo menos 25% mais caro e recolhendo 35% de imposto de

disponível é o manual, de seis marchas, tal e qual é oferecido

importação, o cupê está saindo por R$ 119.900, o que o deixa

também no mercado americano, justo a terra do automático.

mais dentro da realidade do mercado.

Significa que o Civic Si cupê é um carro de três pedais para

220


— A versão de alto desempenho do Honda Civic tem uma pitada adicional de elegância, resultado da carroceria cupê de duas portas —

dirigir, o que já se pode dizer, à moda antiga mas com pura emoção. O câmbio bem escalonado permite trafegar em sexta marcha, em velocidades de viagem em autoestrada, com o motor em baixa rotação, pouco mais de 3.000 rpm. Para satisfação do/a motorista, as rodas estão maiores, eram de 17 e agora de 18 polegadas, e os pneus aumentaram em largura e diminuíram em perfil, de 217/45 foram para 225/40. Isso, mais a direção bem rápida e a suspensão calibrada para maior agilidade, garante o prazer de dirigir o novo Civic Si. Em situações-limite há o controle de estabilidade e de tração, que pode ser desativado se e quando o/a motorista quiser, além do esquema de vetoração por torque, a leve frenagem automática da roda dianteira interna à curva, que “puxa” o

1

carro para dentro dela. Para completar, o diferencial dispõe de autobloqueio do tipo Torsen, conhecido por sua precisão.

1. De qualquer ângulo que se olhe o novo Honda, percebe-se logo a fluidez de suas linhas

Eu disse ajudar no controle do veículo porque a suspensão

221


dianteira McPherson e traseira multibraço são perfeitas e

O novo Civic Si chega mais refinado e acolhedor, mantém as

“conversam” entre si, conferindo elevado grau de precisão

boas características de espaço interno, inclusive o assoalho

ao dirigir mais rapidamente. A direção com assistência

traseiro praticamente livre do túnel central e um porta-

elétrica proporciona o “peso” adequado em toda a

malas de tamanho razoável para um cupê, com 330 litros

faixa de velocidade.

de capacidade.

A decoração interna acompanha o caráter esportivo do Si,

A Honda está trazendo 100 unidades num primeiro mo-

o que inclui o grafismo dos instrumentos e informações

mento. Garante, assim, certa exclusividade ao proprietário

adicionais para quem está ao volante. No quadro dos

ou proprietária.

mostradores há uma interessante escala gráfica que informa, em porcentagem, o quanto de potência o motor está desenvolvendo num dado momento, e o indicador de troca de marcha por meio de quatro LEDs que vão se acendendo

— Atenção especial foi dada ao interior do Civic Si cupê, que está ainda mais elegante e acolhedor —

em sequência, de 500 em 500 rpm a partir de 5.000 rpm. É nesta rotação em que o motor muda de caráter graças ao sistema de variação de abertura e levantamento das válvulas chamado VTEC, uma tecnologia patenteada da marca. A Honda brasileira tem por hábito não divulgar números de desempenho, procede de mesma maneira nos mercados americano e canadense, mas com o baixo e excelente coeficiente aerodinâmico (Cx) 0,27 pode-se estimar, sem errar muito, que atinge mais de 220 km/h e acelera

1

da imobilidade a 100 km/h em cerca de 8 s. O consumo, segundo dados da Honda dos EUA, é 8,3 km/l na cidade e

1. O caráter esportivo do Civic Si cupê é realçado pelo grande aerofólio na traseira

13,1 km/l na estrada.

222


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— Blindagem de fábrica no mais alto nível — Desafios de engenharia para construir um carro de luxo com excepcional proteção balística e resistente até a minas terrestres POR RAUL MACHADO CARVALHO



Violência urbana em forma de assaltos, sequestros e em

questão de segurança relacionada ao peso, seja limitada

outros países até terrorismo levou a um mercado mundial

eletronicamente a 210 km/h. Conta com câmbio automático

de veículos blindados de fábrica, com as mais recentes

de sete marchas 7G-Tronic, pela primeira vez associado ao

inovações tecnológicas. Por isso, a Mercedes-Benz decidiu

motor V-12, e suspensão a ar.

ampliar sua linha específica, composta atualmente de

O S 600 Guard, seu sedã mais caro, foi concebido sob

modelos das Classes S, E, M e G, com o lançamento do S 600

princípios de proteção integrada. Reúne virtudes como

Guard no recente Salão de Paris.

resistência e estabilidade elevadas graças aos reforços

A estratégia da empresa foi projetar e desenvolver recursos

específicos da estrutura básica. Estudaram-se todos os

para aplicação direta em uma linha de montagem especial na

elementos na construção da carroceria, como o aço especial

sua fábrica alemã de Sindelfingen, a maior do grupo Daimler.

nas cavidades entre a estrutura e as chapas externas. A

Assim, o processo elimina todos os problemas que possam

solução de superposição de todos os elementos e sistemas foi

ocorrer na desmontagem e subsequente montagem de um

fundamental para garantir máxima proteção balística.

veículo para aplicação da proteção balística.

Basicamente, o nível de blindagem encomendado determina

O novo carro foi projetado para oferecer o melhor em cada

contra quais munições se estará protegido. Há duas categorias

detalhe, como o amplo uso de aço e manta de aramida

de proteção: contra armas curtas e longas. No caso do S 600

superpostos nos pontos críticos. Outra característica é o

Guard, foi-se muito além ao introduzir proteção especial

motor V-12 biturbo a gasolina de 530 cv que permite rápida

contra explosivos e minas terrestres, que reveste toda a parte

fuga da zona de perigo, embora a velocidade máxima, por

inferior e confere proteção superior inédita em viaturas civis.

226


— O Mercedes S 600 Guard foi projetado para oferecer o melhor em cada detalhe —

Diferenciadores na blindagem de fábrica O objetivo é o reforço específico da estrutura de base, já na fase de produção da carroceria monobloco de série. O galpão da divisão Guard, ao lado da fábrica principal, tem áreas de alta restrição de circulação, onde funcionários só podem entrar com senhas. “Não há pressa ou objetivo de produtividade a ser alcançado pelo ritmo tranquilo nessa linha de montagem especial”, explica Fernando Calmon, da TOP Carros, que visitou as instalações de Sindelfingen. Áreas envidraçadas, regiões fundamentais, são revestidas com policarbonato no lado de dentro para proteger os ocupantes contra estilhaços. A interação entre todos os

1 2

componentes evita perfuração balística e também os efeitos de uma carga explosiva de fragmentação, tipo granada,

1. Trata-se do primeiro modelo certificado para máxima proteção balística dentro das mais rígidas normas internacionais. 2. Com blindagem feita na linha de montagem, o trabalho é mais minucioso e eficiente

disparada a curta distância de ambos os lados. Trata-se do primeiro modelo certificado para máxima proteção dentro das mais rígidas normas internacionais.

227


Apesar de modificações estruturais abrangentes e extensas, o visual do S 600 Guard é praticamente igual ao do modelo normal. Tem as mesmas linhas que sugerem poder e status, além da aerodinâmica e faróis com lâmpadas de LED de alto desempenho e lanternas traseiras também de LED embutidas como pedras preciosas. Sem ser reconhecível por leigos como blindado, atende a uma das mais importantes exigências para os veículos com proteção especial: o máximo de discrição. Como se trata de um Classe S, modelo de topo da linha Mercedes-Benz, o S 600 Guard internamente é quase uma sala de estar. Há duas versões de interior, de quatro ou cinco lugares. A opção mais confortável abriga, no meio do banco de trás, um refrigerador para conservar alimentos e bebidas. Inclui fivelas dos cintos de segurança que se estendem para fora do assento para facilitar atá-los, além de os fechos serem iluminados. Os cintos de segurança traseiros laterais têm pré-tensionadores com airbags incorporados. Um console transforma o espaço atrás em escritório móvel com bancos dotados de aquecimento e até massagem energizante. O sistema de telefonia tem tela tátil, luz de leitura em LED e equipamento de ionização para melhor filtragem do ar. A nova suspensão pneumática com controle de amortecimento variável possui componentes redimensionados que levam em conta o aumento de peso do veículo. Na dianteira, as molas a ar são reforçadas e na traseira foram adicionadas molas de aço. Como no Classe S normal, o controle de nivelamento nas quatro rodas mantém altura constante com qualquer carregamento e compensa a menor distância livre do solo devido à blindagem do assoalho. Os freios do S 600 Guard são bem maiores e mais potentes

com visão de 360°. Não existe nenhuma lâmpada de filamento

que no modelo normal para compensar o maior peso. Os

de ponta a ponta do carro: são todas de LED.

enormes discos dianteiros receberam pinças de seis pistões,

A Mercedes-Benz dispõe de opcionais extras desenvolvidos

e os traseiros também têm maior diâmetro.

especialmente para o S 600 Guard: aquecimento de toda

Importantes num carro blindado, os pneus Michelin PAX

a área transparente do veículo; alarme de pânico de fácil

run-flat contam com sistema adicional de monitoramento de

operação; extintor de incêndio de grande dimensão de

pressão e permitem fuga da zona de perigo numa distância de

acionamento automático; sistema de fornecimento de ar

até 30 quilômetros, mesmo com os quatro pneus danificados.

fresco para proteger os ocupantes da entrada de fumaça ou

Há diversos equipamentos, como sofisticado controle de

gases; e energia hidráulica para o acionamento emergencial

cruzeiro adaptativo, auxílio à frenagem, assistentes de ponto

dos pesados vidros das janelas.

cego e de mudança involuntária de faixa, sistema de freio

Para o Brasil a fábrica importa apenas o modelo blindado

com reconhecimento de pedestres e freio de estacionamento

intermediário, Classe E 250 Turbo Avantgarde VR4,

elétrico. E ainda possui assistente de visão noturna e câmera

por R$ 339.900,00.

228


— Proteção especial contra explosivos e minas terrestres reveste toda a parte inferior —

1 1. Há uma linha de montagem especial na fábrica de Sindelfingen, na Alemanha, a maior do grupo Daimler

229


— TOP Conectividade —

Corrida tecnológica — Cooperação entre a indústria automobilística e a de telefones inteligentes é a única forma de os carros não comerem poeira — por Mario Laffite

Interação homem-máquina é um dos temas importantes

smartphones é avançada em termos tecnológicos e mesmo

na sociedade atual. No campo dos smartphones, temos

assim consegue ser simples e intuitiva, a interface nos

desenvolvimento muito avançado e popular. Ainda assim,

automóveis se apresenta, em muitos casos, desconfortável

acalorados debates sobre sistemas operacionais desses

e obsoleta. O controle por voz, então, ainda pior. Segundo

dispositivos, geram múltiplas fan bases. Sem dúvida, trata-

pesquisa da J.D. Power, nos EUA, é o principal motivo de

se do produto mais cultuado de hoje e indispensável.

reclamação por parte dos proprietários de carros novos. Já

Por outro lado, a indústria automobilística há 128 anos

nos telefones, funciona muito bem.

lidera pesquisas e dita tendências. Ao longo do tempo,

O desenvolvimento de aplicativos em smartphones é maior

o automóvel se tornou quase onipresente e símbolo de

que na indústria automobilística. Única saída para atender

avanço tecnológico. Mas, nos dias atuais, a vanguarda

o consumidor é cooperação entre os dois setores.

migrou para o smartphone. O carro ainda apresenta

enorme relevância, porém passamos muito mais tempo com os olhos nas telinhas do que com as mãos no volante. As múltiplas funções rendem aos pequenos companheiros o título de dispositivo de maior utilidade. Além disso, seus sistemas operacionais são padrão de intuitividade, e quase todos sabem usá-los com conforto e satisfação. Quando comparado ao dos veículos, o contraste é evidente. O automóvel também dispõe de múltiplas funções. Nos últimos anos, incorporou vários avanços tecnológicos que se tornaram indispensáveis. Mas certas funcionalidades são frequentemente ignoradas pelo consumidor. Devido à dificuldade em lidar com sistemas pouco amigáveis nos automóveis, cabe ao telefone executar novas funções. Nessa situação, enfim, o consumidor se vê atrapalhado pela incompatibilidade entre eles.

Mario Laffite é engenheiro mecânico e vice-presidente de Assuntos

Os dois parecem não combinar. Enquanto a tela dos

Corporativos e Marketing da Samsung Cia. América Latina

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