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junho/julho/agosto 2015
— índice — CAPA
CAPA
Cores das extravagantes às mais neutras refletem gostos e preferências de donos e colecionadores. PÁG. 108
Desempenho e emoção ao volante do sedã-cupê RS 7 Sportback e da station RS 6 Avant. PÁG. 98
Carros coloridos podem ter muita personalidade
Audi RS: grife faz 20 anos de sucesso aqui
A foto de capa foi invertida para que a imagem tivesse mais destaque. Acima, a versão original
Duas opções para atender a todos os gostos. Sem abrir mão do layout exclusivo de TOP CARROS, ao unificar visualmente a primeira e a quarta capas
TOP Power
TOP Estilo
TOP Classics
Porsche Panamera turbo Gemballa, Donkervoort D8 GTO Carbon Naked e Land Rover Range Rover pickup. PÁG. 24
Suíte assinada pela Bentley, relógio Baume & Mercier, case celular Hamann, mala Mercedes-Benz, caixa de som inteligente Sony, patinete MINI, jaqueta Jaguar, perfume Mercedes-Benz e bike Hermès. PÁG. 32
“Fusca” da Mercedes-Benz apareceu em 1934. PÁG. 42
Motor V-12
Exibição MINI
Lançamentos
Alex Atala
Exposição em Munique comemora os 55 anos da marca inglesa. PÁG. 64
Jaguar XE 2.0 Turbo, PÁG. 76. Bugatti Veyron, PÁG. 84. Volvo XC90, PÁG. 124. Rolls-Royce Ghost Series II, PÁG. 132.
Fazer manutenção, montar e desmontar motos e sair sem rumo são válvulas de escape do estrelado chef de cousine. PÁG. 116
Lançamentos
TOP Questões Direito
Lançamentos
Para quem gosta de acelerar
Sinfonia e desempenho de vanguarda Sonoridade típica dos motores 12 cilindros conquista gerações e resiste às pressões. PÁG. 54
Ensaio
Carro, amigos e surfe Imagens em Cambury, litoral norte de São Paulo, mostram eficiência e praticidade do SUV compacto Renegade. PÁG. 140
Sofisticação por todos os lados
No museu BMW
Mais novidades em avaliação
BMW 225i Active Tourer, PÁG. 154. Mercedes-AMG C63 S, PÁG. 158. Lexus NX200t, PÁG. 166. Touareg V-8 R-Line, PÁG. 172
Moto
Carros Elétricos
A naked italiana esbanja potência e tecnologia. PÁG. 208
Os desafios e as limitações são os mesmos depois de mais de um século. PÁG. 216
Ducati Monster
Bateria ou hidrogênio?
Paixão pelo antigos
Novidades em avaliação
Conheça os seus
Para onde vai o dinheiro das multas de trânsito? PÁG. 180
Musa da Porsche Luxo, estilo de vida e o Brasil
A tenista russa Maria Sharapova, embaixadora da marca de carros esporte, domina assuntos muito além das quadras. PÁG. 46
Paixão por velocidade
A onda de novos SUVs HR-V, PÁG. 182. Jeep Renegade, PÁG. 186. Peugeot 2008 Griffe, PÁG. 192. Suzuki S-Cross GLS 4WD, PÁG. 196. JAC T6, PÁG. 200. Subaru Forester XT Turbo, PÁG. 204
TOP Serviços
TOP Prazer
Clientela fiel confia neles. Carro blindado exige atenção especial à segurança. PÁG. 222
Chances de quem vai a pé ou de bicicleta são bem poucas frente aos conquistadores motorizados. PÁG. 226
Mecânicos de bairro e como dirigir um blindado
Carro e vida
— equipe —
Fernando Calmon
Bob Sharp
Josias Silveira
Andreas Heiniger
Engenheiro e jornalista especializado desde 1967, Calmon, 67 anos, começou com o programa Grand Prix, na TV Tupi. Foi editor de Automóveis de O Cruzeiro e Manchete e diretor de redação da Auto Esporte. Também produziu e apresentou o programa Primeira Fila em cinco redes de TV. Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, estreou em 1999 e hoje é reproduzida em uma rede de 105 jornais, revistas, portais, sites e blogs. É correspondente no Brasil do site inglês Just-auto.
Carioca de 71 anos, mas radicado em São Paulo há 36, é um misto de jornalista, técnico e piloto, além de ser formado em Construção de Motores e Máquinas. Atua na imprensa automobilística desde 1973, e já trabalhou na Fiat, Volkswagen, General Motors e Embraer, nas duas primeiras em área técnica e nas duas últimas, como gerente de imprensa. Atualmente trabalha para revistas do Brasil e do exterior e é editor do site Autoentusiastas.
Costuma dizer que aprendeu jornalismo na Escola de Engenharia Mauá. Ou seja, mais um engenheiro que virou suco, ou melhor, jornalista. Josias, 69 anos, fez dezenas de revistas e foi um dos criadores de Duas Rodas e Oficina Mecânica. Tem paixão por carros e motos e até agora não descobriu se foi um hobby que virou profissão ou o contrário. Escreve sobre duas, quatro e até mais rodas há mais de quatro décadas, inclusive como colaborador da Folha de S.Paulo.
Suíço radicado no Brasil desde 1974, Andreas Heiniger é unanimidade quando o assunto é fotografia e profissionalismo. Apaixonado pelo que faz e com uma simpatia cativante, seu currículo está ligado à fotografia automotiva e inclui clientes como Volkswagen, GM e Fiat, além de outros trabalhos publicitários e editoriais para marcas como Natura e Havaianas. Andreas também conta com obras autorais como a série Vaqueiros, coleções expostas pelo mundo e prêmios como Clio Awards e Cannes Lions.
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PUBLISHER CLAUDIO MELLO SILVIA COTURRI: Assistente de Direção CAROLINA ALVES: Gerência de Assuntos Corporativos PROJETO GRÁFICO MARCELLO SERPA MARCUS SULZBACHER: Diretor de Criação de Design (Almap) PEDRO ZUCCOLINI FILHO: Designer (Almap) BRUNO BORGES: Designer (Almap) DIRETOR DE FOTOGRAFIA ANDREAS HEINIGER REDAÇÃO TOP CARROS FERNANDO CALMON: Diretor de Redação BOB SHARP: Editor Técnico JOSIAS SILVEIRA: Editor Adjunto RENATA ZANONI: Assistente de Redação LETÍCIA IPPOLITO: Revisão Geral ARTE ROSANA PEREIRA: Editora-Coordenadora MARIANA DIAS: Assistente de Arte ALINE GOMES: Finalização LUCIANO LEME: Tratamento de Imagens MARCIO GUEDES e SERGIO FACUNDINI: Retoque de Imagens COLABORADORES ANDRÉ DANTAS, BORIS FELDMAN, DORIS BICUDO, GINO BRASIL, LEONARDO FÉLIX, MARCELO COSENTINO, RAUL MACHADO CARVALHO E ROBERTO MARKS (Texto) CLAUDIA BERKHOUT (Edição Ensaio) BETINA BERNAUER E CINTIA KISTE (Styling) MATHEUS WIGGERS (Produção Executiva) BRUNA LUCENA, BRUNO OBARA, FERNANDO QUEIROZ, JOSILDO MELO (Assistentes de Fotografia) FECO HAMBURGER (Fotos) PUBLICIDADE NATHALIA HEIN: Diretora de Projetos Especiais FLAVIA VITORINO: Diretora de Mídias Sociais HERMANN DOLLINGER: Executivo de Conta MARKETING GRETHA ARGYRIOU: Gerente FINANCEIRO ANTONIO CEZAR R. CRUZ (financeiro@topmagazine.com.br): Diretor MARCELA VALENTE (marcela@topmagazine.com.br): Assistente Circulação: REGIANE SAMPAIO (regiane@topmagazine.com.br) Atendimento ao Leitor: sac@topmagazine.com.br Assinaturas: assinatura@topmagazine.com.br Números Atrasados: (11) 3074 7978 Assessoria Jurídica: BITELLI ADVOGADOS Pré-impressão e Impressão: IPSIS GRÁFICA E EDITORA/ Distribuição: DINAP S.A. contato@revistatopcarros.com.br TOP Carros é uma publicação da Editora Todas as Culturas Ltda. Rua Pedroso Alvarenga, 691, 14˚ andar, Itaim Bibi, 04531-011, São Paulo/SP. Tel.: (11) 3074 7979. As matérias assinadas não expressam necessariamente a opinião da revista. A revista não se responsabiliza pelos preços, que podem sofrer alteração, nem pela disponibilidade dos produtos anunciados.
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— TOP Power — Holandês com performance nua Donkervoort é uma empresa holandesa que se inspira na inglesa Morgan na criação de automóveis esporte de visual vintage, mas surpreendentes pelo alto desempenho. Agora quebra seus paradigmas ao apresentar a nova versão Carbon Naked do esportivo D8 GTO. Além de comemorar 37 anos de atividades, essa edição especial é ainda mais exclusiva e revela de forma explícita o requinte da fibra de carbono superleve e ao mesmo tempo super-resistente. O material integra tanto a carroceria conversível como boa parte do habitáculo de dois lugares. Porém, para entregar a esperada durabilidade ao estilo dark, o D8 “pelado” passa por tratamento com protetor UV nas peças de compósito, além de uma camada de verniz especial. Montado em chassi híbrido – união de tubos de aço e alumínio –, seu peso é de apenas 690 kg. O “regime” é estendido até ao motor Audi de cinco cilindros, que perde 30 kg no retrabalho de peças como bomba de água e coletor de admissão. Com o 2.5 turbo disposto na dianteira, o D8 GTO é servido por 380 cv e 46 kgfm de torque. Combinada ao porte enxuto, essa força lhe confere aceleração de 0 a 100 km/h em 2,8 s e de 8,6 s para ir da imobilidade aos 200 km/h. Não é máquina para qualquer um guiar. Como se espera de um puro-sangue, tem tração traseira e câmbio manual de cinco marchas. É desprovido de qualquer auxílio eletrônico – como controle de estabilidade ou freios ABS. Direção assistida também está fora dos requintes oferecidos ao cliente de um Donkervoort. Segundo o fabricante, baixo peso não é motivo para dúvidas
1 2 3
em relação à rigidez estrutural de chassi e carroceria. A junção primorosa entre as duas partes é garantida pelo
1. Versão especial do D8 GTO tem carroceria toda em fibra de carbono. Para resistir aos raios solares, recebe camada de protetor UV 2. Embalado por motor Audi 2.5 turbo dianteiro, esportivo artesanal tem 380 cv: 0 a 100 km/h cumpridos em apenas 2,8s! 3. Com suspensão regulável e tração traseira, modelo não traz luxos ou controles de tração. Um carro de pista que pode rodar na rua
know-how adquirido junto a fabricantes de aeronaves. Aliás, diante de números tão vistosos de desempenho, pode-se dizer que o D8 GTO se confunde com um avião de caça que voa baixo.
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— TOP Power —
Gemballa Mistrale, joia rara Tornar carros de grifes como Porsche ainda melhores é uma tarefa da mais alta responsabilidade. A preparadora alemã Gemballa prova ser possível, em suas mais de três décadas de experiência com o mito alemão. O Mistrale é da última safra, série limitada em 30 unidades baseadas no Panamera Turbo. A premissa foi de reduzir o peso do sedã-cupê esportivo e aumentar a potência, sem perda de durabilidade. O regime só foi possível ao adotar maciçamente fibra de carbono, material usado nas quatro portas, saias laterais e tampa traseira. Para criar essas novas partes móveis e obter perfeito encaixe, utilizou-se equipamento de medição digital nas peças originais. O compósito também é matéria-prima dos novos para-
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choques. Na frente, além de incorporar luzes diurnas de LED, tem estilo típico de autódromos, com tomadas de ar maiores para direcionar e refrigerar melhor freios, intercoooler e motor. Para saltar de 500 cv para 731 cv, o V-8 de 4.8 litros recebeu turbos e resfriadores de ar maiores, escapamento mais livre e injeção eletrônica reprogramada. O resultado superlativo é expresso nas medições: 0 a 100 km/h em 3,2 s e máxima de 338 km/h – contra 4 s e 303 km/h do Panamera de fábrica. 1 3 2
Mistrale mostra que, apesar do desempenho de tirar o fôlego, não é preciso abrir mão do luxo: o cliente pode escolher materiais como aço inox, carbono ou couro e garantir toque
1. Com base no Panamera Turbo, foram feitas apenas 30 unidades do Mistrale. Preparação do motor V-8 rende 731 cv e 338 km/h! 2. Cabine pode receber couro Alcantara ou materiais ainda mais nobres 3. Para redução de peso, para-choques, tampas e portas são feitos de fibra de carbono
pessoal no interior. Dependendo do nível de exigência, a preparadora aceita usar até mesmo diamantes para abrilhantar o espaçoso habitáculo.
− 27
— TOP Power —
Range Rover picape para chinês ver A britânica Land Rover ainda não se animou a fazer,
recebeu um módulo de controle para rebaixar o carro em
mas a preparadora alemã Startech escolheu exatamente
até 3 cm ao toque de um botão.
o novo Range Rover Sport para transformar o SUV de
O habitáculo também teve atenção especial, com
luxo em picape exclusiva. A proposta estava no recente
acabamento ainda mais luxuoso em Alcantara e fibra de
Salão de Xangai, na tentativa de animar a extravagância
carbono. Manteve espaço para cinco passageiros, e o teto,
de chineses abastados.
mesmo encurtado, continua panorâmico. Há novos para-
Para garantir segurança e não aumentar o peso foram
choques e iluminação diurna por LEDs.
usadas mais de cem novas peças feitas em compósito
A pequena caçamba é quase um quadrado, com 110 cm de
de fibra de carbono, alumínio e aço. Com um projeto
comprimento, que pode ser ampliado com a abertura da
cuidadoso, a empresa garante que manteve tanto o espaço
tampa, por controle remoto, em mais 60 cm. Potenciais
interno quanto a rigidez estrutural.
clientes poderão usar o espaço de carga para levar
O motor 5.0 V-8 com compressor recebeu escape
equipamentos de golfe.
especial, e a potência aumentou em 16 cv, para 527 cv. Isso rende à picape de cabine dupla aceleração de 0 a 1
100 km/h em apenas 5,3 s e velocidade máxima limitada eletronicamente a 250 km/h.
1. Dono de uma estrutura reforçada, Range Rover Sport virou uma picape de luxo. Traz abertura elétrica da tampa traseira, suspensão esportiva e rodas de 23 polegadas
Foram usadas rodas de 23 polegadas em alumínio forjado e largos pneus 305/30. A suspensão a ar original ainda
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— TOP Estilo —
SUÍTE BENTLEY NA TURQUIA O luxuoso hotel The St. Regis Istanbul, integrante do
dois coolers para champanhe, o bar de madeira dentro
grupo Starwood Hotels and Resorts, acaba de inaugurar
do quarto e o banheiro com mármore do chão ao teto que
uma suíte desenvolvida pela marca britânica. Inspirada
impressiona por sua opulência. Sem contar as curvas da
no Bentley Continental GT, a acomodação tem design
acomodação, que remetem às rodas do carro. Uma noite
minucioso, e a aura de sofisticação reflete o cuidado
na suíte custa cerca de 5.100 euros. A parceria com hotel
por trás da criação de cada um dos automóveis da
já é de longa data e começou com a inauguração de uma
marca inglesa do Grupo VW-Porsche. Alguns detalhes
suíte na unidade de Nova York. starwoodhotels.com
marcantes remetem ao sedã, como as luminárias inspiradas nos faróis, o sofá feito em couro original com
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RELÓGIO BAUME & MERCIER A elegante marca de relógios lançou uma edição limitada da coleção Capeland Shelby Cobra. Conhecida por seus modelos artesanais, Baume & Mercier faz homenagem ao piloto e preparador Carrol Shelby, que há 50 anos ganhou o Campeonato Internacional de Construtores de GT da FIA e recuperou o prestígio do automobilismo americano graças ao Shelby Cobra 427. O relógio tem detalhes retrôs, linhas clássicas e conta ainda com funções de cronógrafo e taquímetro, acabamento polido e acetinado e ponteiros com o logotipo Cobra. baume-et-mercier.com
CARBON FIBRE CASE DA HAMANN Criado pela Hamann, especialista no refinamento de carros de luxo de modelos da Porsche, Lamborghini e outros, a capa protetora de celular é toda feita de fibra de carbono. Elegante e robusto, o modelo para o iPhone 6 tem menos de 0,4 mm nas bordas, o que garante fácil manuseio aos usuários, e o material de alta qualidade usado no revestimento o torna muito resistente a quedas. A capa de proteção também já existe para os modelos de iPhone 5 e 5S e custa 110 euros. hamann-motorsport.com
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— TOP Estilo —
MALA DE VIAGEM DA MERCEDES-BENZ Uma das marcas líderes em malas de viagem, a Samsonite criou uma linha especial para a Mercedes-Benz, que possui uma gama de produtos e acessórios para os fãs de carteirinha. O modelo Spinner 69 é feito com material resistente curv, desenvolvido pela Samsonite para maior resistência das malas, e tem tecido no revestimento interno, além de bloqueio do fecho com três dígitos para maior segurança. A cor south seas blue da mala é vista em diferentes carros da Mercedes-Benz e é ideal para quem deseja identificar rapidamente a bagagem. shop.mercedes-benz.com
SMART BLUETOOTH SPEAKER BSP60 SONY Um assistente pessoal robô que torna o seu dia mais fácil. Assim pode ser definido o SmartSpeaker lançado pela
Sony,
que
tem
alto-falantes
bluetooth
com
microfone acoplado para realizar chamadas, conexão pelo smartphone e rodinhas para seguir o cliente. Além disso, você pode fazer uma série de perguntas como a programação diária de reuniões e também solicitar a criação de um alarme e o pequeno aparelho responderá de volta. O aplicativo de controle de voz está disponível em inglês, francês, alemão, italiano, japonês e espanhol. sonymobile.com
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PATINETE MINI A MINI se juntou ao designer espanhol Jaime Hayon para o Salão del Mobile deste ano. Com isso, foram criados produtos para mostrar a visão do artista sobre a mobilidade urbana no futuro. O destaque foi o MINI Concept Citysurfer, uma scooter dobrável de 18 kg, acionamento elétrico e com emissão zero. Foram criados dois modelos, uma versão mais artística e lúdica, com pontos e listras gráficas brancas e azuis, e outro modelo elegante e com materiais de alta qualidade, que mostra ainda melhor o estilo de Hayon. Nesta versão, o cobre e os tons suaves de verde são dominantes, além dos punhos em couro, metal anodizado e detalhes de cobre polido que conferem modernidade.
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— TOP Estilo — PERFUME MERCEDES-BENZ A fragrância masculina lançada pela grife MercedesBenz Club é uma composição assinada pelo perfumista Olivier Cresp. Seu cheiro amadeirado aromático tem toque cítrico e remete a sensualidade. A fabricante de automóveis premium encomendou o estilo do frasco ao famoso designer Pascal Rivière, que desenvolveu um projeto futurista e levou em conta características de um carro (velocidade e agilidade), de um iate e de outros elementos que lembrassem o luxo. Assim se produziu um perfume jovial em cujo frasco está gravada a icônica estrela de três pontas. A embalagem de 100 ml custa cerca de R$ 290. excellenceimp.com.br
JAQUETA JAGUAR A jaqueta de couro marrom da Jaguar Heritage Collection promete conquistar todos os amantes da marca. Além do monograma da grife dentro de um losango em relevo gravado no peito da jaqueta há um desenho com o número 3 em sua manga. A edição limitada é feita na Grã-Bretanha usando couro legítimo e forro todo em poliéster e viscose. A parte interna é estampada com um desenho colorido de um modelo vintage D-Type em ação no circuito de Le Mans. A estilosa jaqueta foi produzida pela tradicional marca Pittards, reconhecida mundialmente por sua excelência desde 1826 na produção de artigos em couro e está disponível nos tamanhos XS ao XXXL. shop.jaguar.co.uk 36
— TOP Estilo —
BICICLETA HERMÈS A luxuosa marca francesa conta com uma linha de bicicletas artesanais vendidas em algumas de suas butiques e pelo site por aproximadamente 11 mil dólares. Elegantes e ao mesmo tempo práticas, exibem estilo vintage. Um dos grandes trunfos é o fato de serem feitas em compósito de fibra de carbono. Esse material superleve as deixou pesando apenas 10 kg. As bikes estão disponíveis em três cores: carvão vegetal, vermelho e branco. Os toques Hermès são visíveis também no assento, punhos e bagageiros feitos com o legítimo couro conhecido mundialmente pela sua excelência. hermes.com
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— TOP Classics —
O Fusca da Mercedes — O desempenho (na época) era muito bom, porém, motorista alto fica espremido atrás do volante, pois o motor ocupa espaço do banco traseiro —
por Boris Feldman O que é, o que é? Compacto, frente e traseira arredondadas,
As diferenças entre o Fusca da Mercedes e o da Volkswagen
duas portas, quatro lugares, motor traseiro de quatro
estavam no motor (o 130 H arrefecido a água) e suspensões
cilindros, produzido na Alemanha na década de 1930 e não
(Mercedes com molas helicoidais na traseira, lâminas de
é um Fusca? O famoso foi este, mas o primeiro automóvel
torção no Fusca). Os sedãs 130 H e 170 H (mais potente) não
do mundo produzido em série com motor traseiro foi
eram campeões de estabilidade com o motor “dependurado”
lançado pela Mercedes-Benz em 1934.
atrás do eixo traseiro. Os engenheiros queriam colocá-lo
A fábrica, já famosa naquela época pela produção
entre eixos, mas o banco traseiro não permitia.
de modelos sofisticados, caros e elegantes, decidiu
Criaram, então, um esportivo de apenas dois lugares,
desenvolver um modelo barato para enfrentar tempos
com o motor não atrás, mas à frente do eixo traseiro, o
bicudos e evitar a falência. Além da Daimler, também
Mercedes-Benz 150 Sports Roadster, de 1936. Uma ideia
Ford, Opel Adler, Standard, Steyr, Hanomag e outras
tão boa que é adotada até hoje em carros de competição e
ofereceram carros mais simples e acessíveis, todos com
esportivos de raça. Seu motor de 1.500 cm³ e 55 cv o levava
o nome genérico de “volkswagen” (em alemão, carro do
a excepcionais 125 km/h (na época...) graças ao baixo peso
povo). Antes até de o governo da Alemanha construir uma
e boa aerodinâmica.
fábrica para produzir o carro de outro projeto, de 1937, de
A disposição mecânica deu margem a soluções estilísticas
Ferdinand Porsche. Este seria o que viraria Volkswagen
no mínimo exóticas. Sem radiador na dianteira, seus
como marca e, em razão da guerra, teve sua produção
projetistas ousaram um farol central. A traseira é do tipo
iniciada efetivamente só em 1945.
“Boat Tail” (rabo de canoa). O porta-malas (dianteiro) ficou
O primeiro Mercedes-Benz com motor traseiro foi o 130
reduzido, pois o tanque vai sobre o eixo e comporta apenas
H (“H” de heckmotor, motor traseiro, em alemão), solução
uma grande valise. E o estepe? Dois, nas laterais.
pioneira que eliminou o cardã (peça que liga o motor
Não há dados exatos sobre quantos “150 SR” foram
dianteiro às rodas traseiras) ampliando espaço interno
produzidos entre 1935 e 1936, porém, alguns registros
e reduzindo custo, peso e perda de potência. Motor e
estimam apenas cinco unidades, duas delas efetivamente
transmissão na traseira permitiram também desenhar uma
entregues. Mas todas se perderam, exceto a que o museu da
dianteira mais aerodinâmica pela ausência do radiador.
fábrica comprou de volta na década de 1950.
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A Mercedes levou para Irvine (Califórnia, EUA) seus
e das molas helicoidais. No Sport Roadster, a mesma quarta
modelos com tração traseira para testes de alguns
marcha do tipo overdrive dos modelos “H” que também dirigi
jornalistas. É onde está uma espécie de concessionária da
e “arranhavam”. Mas no SR vermelho-vivo, engatava sem
fábrica dedicada aos antigos. Uma filial do Classic Center
nenhum engasgo, apesar dos mais de 70 anos de chão.
de Fellbach, na Alemanha.
“Pronto, cara, chega: você já andou muito no Sports
Confesso ser preocupante assumir o volante do exemplar
Roadster.” O diretor do Classic Center da Mercedes-Benz
único no mundo do 150 Sports Roadster. Mas sentar
estava aflito com a raridade, que foi da Alemanha para
ao volante da “fera” é experiência tão exótica quanto a
os EUA com seguro de US$ 1 milhão (só para constar:
própria. Não existe regulagem de banco, e o motorista mais
se o navio afunda, onde comprar outro?), e pede logo o
alto (como eu) vai quase espremido ao volante. Surpresa
brinquedinho de volta.
agradável é o danado ter bom desempenho... para a época, é claro. Anda tão bem que até lembra os primos ricos da Série “K” com compressor, obviamente muito mais pesados. Sem contar a ótima estabilidade. Mesmo indo não muito além de 100 km/h, é bom em qualquer situação, inclusive nas
Boris Feldman é jornalista e colecionador
curvas de baixa velocidade. Resultado do motor entre-eixos
de automóveis antigos
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— Musa da Porsche —
Tenista russa Maria Sharapova é o perfeito exemplo de mulher moderna e de sucesso nos dias atuais POR NICOLE POZZA
Há dez anos, alcançou a primeira posição no ranking do
Como você descreve sua trajetória no tênis?
tênis mundial (WTA) e tem sido a atleta mais bem paga
Tudo o que posso dizer é que estou muito feliz por estar
do mundo. Maria Sharapova é uma mulher completa:
entre as melhores tenistas do mundo e por ter ganhado
profissional
torneios Grand Slam mesmo após uma cirurgia.
sensacional
nas
quadras,
embaixadora
de marcas como Porsche, TAG Heuer, Evian e outras,
Quais são seus hobbies?
guerreira, confiante, bela e independente. Em entrevista
Gosto de desenhar e ler um bom livro. Também gosto de
exclusiva em maio último, quando era a tenista número 2
passar um tempo no Facebook para conversar com meus fãs.
do mundo, a musa fala sobre lifestyle, luxo e o Brasil.
E seus maiores sonhos? Sempre quis me tornar uma campeã no tênis. Eu me
Que significa luxo para você?
dediquei muito para isso, meus pais fizeram sacrifícios
Luxo é tempo!
para esse objetivo. Atualmente, meu sonho é continuar
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— "O luxo da Porsche é dirigir, provavelmente, os melhores carros esportivos do mundo" —
jogando até onde eu puder. Vencer o torneio de Roland Garros era um de meus sonhos, e significa muito para mim. Como se caracterizaria pessoal e profissionalmente? Eu simplesmente não desisto! Sou a mesma Maria Sharapova dentro e fora das quadras, exceto que, dentro delas, sou capaz de me concentrar e focar no jogo. O que acontece ao redor não me atinge. Então, talvez quem me conhece fora delas pense que sou diferente. Posso dizer é
1
que sou dura, sincera e fashionista! Do que mais gosta em você?
1. Maria Sharapova durante sessão de fotos como embaixadora da marca de Stuttgard
Meu cérebro!
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O que o tênis significa para você? Se existe luxo nesse
maneira de chegar a algum lugar é trabalhando duro. Se
esporte, o que é?
tiver certeza de seus objetivos e se for verdadeira com você
Tênis é um esporte que eu amo. Amo o exercício mental que
mesma, o sucesso chega em algum momento.
exige, amo competir. O luxo nesse esporte é quando se atinge
O que luxo e sofisticação significam para você quando se
certo nível profissional. Para mim, o luxo foi quando eu
pensa no tênis como esporte e lifestyle?
conquistei o torneio de Wimbledon pela primeira vez, com
O mais importante é ser um esporte verdadeiramente
17 anos, em 2004. Depois disso, tudo virou trabalho árduo.
global. Celebrado entre culturas e países diversos por
Qual é seu maior tesouro na vida? E o que considera perfeito
pessoas apaixonadas por esse esporte. Em vista de ser
para relaxar?
bastante rico em história, acaba por carregar um poder
Meus fãs ao redor do mundo são o mais importante, um
inigualável, que atrai muito as marcas de luxo.
verdadeiro tesouro. Sempre me apoiando quando estou bem
O que tem a dizer sobre a parceria com a TAG Heuer?
ou não. Para relaxar, gosto de passar horas em um SPA, com
É uma honra estar associada a uma marca com tanto
massagens, tratamentos de beleza, manicure e pedicure.
prestígio. Ao vencer meu primeiro Grand Slam, a
Você gosta de carros? Qual é seu favorito?
mídia repercutiu, e a TAG Heuer me convidou para ser
Sim, eu gosto. Meu modelo preferido é o 911 Carrera. É
embaixadora. Eu já era fã da marca, e me juntar a um
muito pessoal, pois ganhei como prêmio do torneio Porsche
time de embaixadores como Uma Thurman e Brad Pitt,
Tennis Grand Prix, em Stuttgart, Alemanha.
na época, foi uma incrível oportunidade. Também pude
Como descreve seus dois anos de parceria com a marca?
contribuir com eles em desenhos para óculos e relógios.
Tem sido uma experiência incrível desde o início, pois
Prevê retornar ao Brasil para os Jogos Olímpicos? E quanto
a Porsche é grande apoiadora do tênis e estou muito
ao Rio Open, pensa em competir?
orgulhosa de ser a primeira embaixadora da marca. A
Adoraria voltar ao Brasil. A minha experiência de ter jogado
empresa compreende muito bem a atleta e a mulher
lá foi incrível, e os fãs, muito calorosos. Meu calendário de
modernas, e isso mostra uma visão diferente a respeito da
torneios está cheio, mas com certeza estaria aberta a uma
experiência de luxo ao dirigir um de seus modelos. Além de
oportunidade dessas.
tudo é um dos melhores fabricantes de carros.
Quanto aos doces Sugarpova, já pensou em trazê-los ao Brasil?
O que há em comum entre tenistas e automóveis?
Em apenas dois anos, a Sugarpova cresceu aceleradamente
Penso que desempenho top, força e elegância são pontos
e já estamos em muitos países. Apesar das questões de
em comum que compartilhamos, apesar de ser difícil
logística para entrar em novos mercados, gostaria muito de
traçar um comparativo entre marcas e pessoas. Não diria
poder levar minha linha premium de doces ao Brasil.
que isso faz com que o relacionamento seja mais forte, mas para mim facilita. É quase uma identificação natural. No futuro, quais são seus planos com a Porsche? Amaria ampliar minhas próximas experiências com a marca, e também continuar trabalhando nos meus projetos personalizados. Sou apaixonada por design e branding. Realizamos tantas coisas juntos no ano passado... Não apenas o Panamera by Maria Sharapova, mas também as balinhas “Speedy”, o último Sugarpova lançado com formato do Porsche 911. Foram ações bacanas, e digo que não são as últimas. Você é uma jogadora de tênis corajosa e guia a própria vida com sucesso. Quais os segredos? Tudo tem a ver com determinação e disciplina. Planejo meus objetivos em curto e longo prazo e sei que a única
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−
— "Para mim, tudo tem a ver com determinação e disciplina. Planejo meus objetivos em curto e longo prazo" —
2 1 1. Tenista russa comemorando vitória em quadra 2. Sharapova posa para a Porsche
51
— Sinfonia em 12 cilindros — Motores V-12 sempre foram sinônimo de vanguarda, aliando potência e desempenho a funcionamento harmonioso, que tanto pode se refletir em rodar silencioso como num ronco excitante. Por isso, equipam requintadas limusines e velozes carros esporte POR ROBERTO MARKS
O renomado maestro austríaco Herbert von Karajan
vendidas cerca de 35 mil unidades, apesar de custar mais
costumava afirmar que o comendador Enzo Ferrari poderia
de US$ 5.800 (US$ 70.000 hoje). Na ocasião, o popular
ser considerado um compositor musical em razão da
Ford T valia menos de 300 dólares.
sinfonia perfeita propagada pelo ronco dos motores V-12 que fabricava. A Ferrari os produz há mais de 60 anos e,
Segredos da harmonia
apesar de também ter outras configurações, a fixação nessa
O fracionamento da cilindrada é um dos segredos do bom
opção era destacada pelo próprio fundador, que contava ter
funcionamento. A divisão por maior número de cilindros
sido “seduzido” pelo Packard Twin-Six nos anos 1930.
se reflete no menor volume unitário de cada um. Significa
Ele previu que se um dia fabricasse um automóvel seria
proporcionalmente menores dimensões e peso das peças
com esse motor. A Renault chegou a produzir um V-12
móveis, o que reduz as vibrações normais dos motores de
refrigerado a ar para aviões, mas a primeira a comercializar
combustão interna, em especial nas rotações mais elevadas.
um automóvel foi a Packard, há exatos 100 anos. Isso
Por isso sua árvore de manivelas não necessita de
contribuiu para o grande prestígio da finada marca
contrapesos complexos, como em outros tipos de motor.
americana na primeira metade do século 20.
Outra vantagem do número maior de cilindros: reduz o
Com 7.297 cm³, desenvolvia 160 cv a 3.000 rpm,
tempo de ignição entre eles, o que se traduz em suavidade
possibilitando a então surpreendente velocidade de
e no som “sinfônico”, ao qual se referia o maestro Karajan,
150 km/h. O modelo fez sucesso: de 1915 a 1922 foram
alternando tons graves e agudos.
56
— O carisma da Ferrari foi consolidado em grande parte pela aposta da marca nos motores V-12o —
1
2 3
1. Atuais modelos Rolls-Royce são equipados com o V-12 fabricado pela BMW 2. Já os motores V-12 que equipam os Aston Martin são fabricados pela Ford 3. Motor de 12 cilindros
57
Após o fim da Segunda Guerra, ao lançar sua marca em 1947, Ferrari encomendou ao engenheiro Gioachino Colombo o projeto de um V-12. Era um motor de apenas 1.497 cm³, o que resultava na capacidade cúbica unitária de apenas 124,75 cm³. Com base nesse número, arredondado para 125, é que se iniciou a tradição de nomear seus modelos por esse critério. O 125 GT, apesar do pequeno motor de 1,5 litro e modestos 72 cv, já confirmava que o comendador pensava grande. A aposta no V-12 é uma das razões do sucesso da marca do Cavallino Rampante. A vendetta de Lamborghini Ferruccio Lamborghini era um fabricante de tratores Foto Shutterstock
agrícolas em Sant’Agata Bolognese – vilarejo próximo a Modena –, quando, no início da década de 1960, resolveu adquirir um Ferrari Berlinetta 250. Como confiabilidade não era o forte da marca na época, Ferruccio aproveitava a amizade com Enzo para reclamar das mazelas do automóvel. Certo dia, o comendador respondeu rispidamente: “Se você é tão bom para achar defeitos no meu carro, por que não fabrica o seu próprio?” Foi o que Lamborghini fez. E, para
financeiros no fim da década de 1970, Lamborghini teve
isso, recrutou uma equipe de projetistas que Ferrari havia
que vender a fábrica. Depois de alguns controladores, a
dispensado alguns meses antes, como os engenheiros Giotto
marca foi adquirida pelo Grupo Volkswagen no fim da
Bizzarrini e Gian Paolo Dallara. O primeiro Lamborghini 350
década de 1990 e está sob tutela da Audi.
GT apresentado no Salão de Torino de 1963 já se destacava por também ter motor V-12, de 3.500 cm³.
Questão de prestígio
A vendetta se consumou com o lançamento do Miura,
Fabricantes de carros grandes e limusines de alta gama
em 1966. Considerado um dos mais belos e dinâmicos
também apreciam os V-12. Na década de 1930 algumas
modelos de carro esporte já fabricados, tornou-se um
marcas, além da Packard, desenvolveram modelos com
clássico não só devido ao arrojado desenho da carroceria
esse motor. Mas, após a Segunda Guerra, a tendência
em cunha, mas também ao V-12 de 4 litros montado
refluiu e só a partir da década de 1970 voltou com o Jaguar
transversalmente entre eixos na traseira. Com problemas
XJ12. Posteriormente, em 1986, a BMW desenvolveu um 58
— Honda construiu motores V-12 somente para a Fórmula 1, com os quais Ayrton Senna conquistou seu último título mundial em 1991 —
para a Série 7, o que obrigou a Mercedes-Benz a lançar a mesma configuração no Classe S e esportivos, no começo dos anos 1990. A maior novidade veio com o motor Volkswagen em W. A ideia foi de Ferdinand Piëch, quando ainda comandava o Grupo VW. Brilhante engenheiro, o neto de Ferdinand Porsche liderou projetos importantes, como o motor seis-cilindros boxer do Porsche 911, além do Porsche
1
917 e do Audi Quattro. Ele surpreendeu quando decidiu que a marca VW também deveria fabricar um modelo
1. Lamborghini também apostou no motor V-12 para iniciar sua trajetória de sucesso 2. Ilustração do motor
de prestígio. Para isso, bancou o projeto do sedã grande Phaeton com o inédito W-12.
2
− 59
Da linha de produção da Lamborghini saem atualmente
Ao lançar a segunda geração do topo de linha Série 7, em
duas versões do Aventador, ambas com o mesmo motor
1986, a BMW surpreendeu a concorrência direta, ou seja
V-12 de 6.498 cm³. O Aventador LP700-4 tem potência de
a Mercedes-Benz, oferecendo a opção de motor V-12, além
700 cv. O fabricante informa que o modelo pode acelerar
do tradicional seis-em-linha. A fábrica alemã de Munique
de 0 a 100 km/h em 2,9 s e alcançar velocidade máxima
fez aí uma espécie de declaração de guerra. Cansada de
de 350 km/h. Já o Aventador LP720-4, com 721 cv, está
viver à sombra da rival de Stuttgart, a marca bávara virou
saindo de linha e será sucedido pelo LP750-4 Superveloce.
o jogo e deu um passo fundamental na disputa do seleto e
Apresentado no Salão de Genebra, em março último,
exigente mercado de sedãs e limusines de alta gama que
potência da nova versão salta para 750 cv. Com tal nível
cresceu de forma particular na China. Atualmente, um
superlativo, o Superveloce acelera de 0 a 100 km/h em
moderno V-12 equipa a nova geração do Série 7 e também
nada menos que 2,8 s e supera os 350 km/h. As duas
para os Rolls-Royce com 5.972 cm³ de cilindrada, biturbo,
versões são equipadas com sistema de tração nas quatro
desenvolve potência de 530 cv.
rodas e oferecidas com duas opções de carroceria: cupê e roadster (conversível).
Atualmente a fábrica italiana de Modena oferece três modelos com o mesmo motor V-12 de 6.262 cm³, mas com
A centenária marca inglesa ganhou mais prestígio
“cavalaria” diferente. No FF, ou Ferrari Four – primeiro
internacional após o do filme 007 contra Goldfinger, em
automóvel da marca com tração nas quatro rodas –, a
1964. Mas o DB5, carro de James Bond, era equipado com
potência é de 660 cv. De 0 a 100 km/h o FF vai em 3,7 s,
motor de seis cilindros em linha. Na década de 1970, a
e a velocidade máxima é de 335 km/h. No Berlinetta F12
marca lançou um V-8 e, no fim dos anos 1980, quando a
a potência sobe para 736 cv, com aceleração de 0 a 100
Ford assumiu seu controle, desenvolveu um V-12. Com
km/h em 3,1 s e velocidade máxima de 350 km/h. O mais
ele, pretendia-se transformar a marca em concorrente
vanguardista é o LaFerrari. Além da produção limitada a
direto de Ferrari e Lamborghini. O motor projetado pela
499 unidades, é também o primeiro produto do fabricante
Cosworth se baseava na junção de dois blocos Ford V-6.
a contar com propulsão híbrida, pois combina o tradicional
Apesar de não ser mais a dona, a americana continuou a
V-12, cuja potência escalou para 796 cv, a um motor elétrico
fornecer o V-12 de 5.935 cm³ para os Aston Martins: DB
que fornece mais 164 cv. No total são nada menos de 960 cv.
9, Vanquish, Vantage e Rapide S. O mais potente é o do
Esse superesportivo acelera de 0 a 100 km/h em menos de 3 s,
Vantage S, com 573 cv. No Vanquish, 568 cv; no DB9, 552
alcança os 200 km/h em 7 s e a máxima supera os 350 km/h.
cv; já o Rapid S, versão de quatro portas, tem 553 cv.
60
Essa é uma das marcas que já construiu a maior gama de
A proposta da fábrica foi criar um motor potente e, ao
motores, para as mais diversas utilizações e combustíveis.
mesmo tempo, compacto, com a junção de dois blocos de
Mas V-12 para seus modelos de rua ela só passou a produzir
motor V-6. O W12 tem apenas 51 cm de comprimento. Sua
em escala na década de 1990, apesar de ter fornecido essa
primeira versão de 5.998 cm³ e potência de 420 cv equipou
configuração para aviões da Força Aérea Alemã, nas duas
o VW Phaeton, primeiro modelo de alta gama da marca,
Grandes Guerras. Existe até a versão controversa de que
lançado no Salão de Genebra de 2002. A VW, inclusive,
no começo dos anos 1940 foram fabricados dez automóveis
expôs o modelo no Salão do Automóvel de São Paulo no
600V e sete 600K com motor V-12 de 6.020 cm³,
mesmo ano para sondar o mercado brasileiro. O Phaeton
compressor e 240 cv. Agora, fabrica uma unidade de 5.980
continua sendo comercializado apenas nos mercados
cm³ biturbo, 530 cv, para a limusine S600L e a requintada
europeu e chinês. No entanto, o motor W12 também está
S600L Maybach. O mesmo motor, com elaboração especial
atualmente na versão topo de linha do Audi A8 (inclusive
da AMG, tem potência aumentada para 630 cv no S65 e no
a limusine), além dos modelos da inglesa Bentley, que
SL65 conversível, enquanto o SUV todo-terreno G65 tem
teve rápido crescimento. Com cilindrada aumentada para
612 cv. O motor também foi fornecido para modelos Pagani,
6,3 litros, a potência subiu para 500 cv. Recentemente,
Zonda e Huayra, fabricados em séries limitadas.
a empresa anunciou nova versão, biturbo, ainda mais potente: 608 cv. O Bentley Bentayga – primeiro SUV da marca inglesa – receberá esse motor.
Controlada pela Rolls-Royce desde o começo da década de 1930, a Bentley hoje pertence ao Grupo VW. A cisão
A tradicional marca inglesa construiu um V-12, de 1936 a
ocorreu em 2003, após uma disputa entre a VW e a BMW.
1939, para o Phantom III. Mas somente com o Silver Seraph,
Na separação, a Bentley continuou na fábrica de Crewe,
fabricado de 1998 a 2001, a marca voltou a oferecer um
enquanto a Rolls-Royce mudou para novas instalações
modelo com essa configuração de motor que era fornecido
em Goodwood. Agora, todos os modelos Bentley são
pela BMW justamente quando o Grupo VW controlou a
equipados com o motor VW W12 biturbo de 6 litros, com
marca por breve período. Ao assumir a administração da
potências diferentes. O modelo mais potente é o esportivo
R-R, em 2003, a BMW desenvolveu outro V-12 para a nova
Continental GT Speed, de 635 cv, enquanto a versão
linha. No Phantom, a cilindrada é de 6.749 cm³ e a potência,
básica Continental tem 575 cv e a limusine Flying Spur
de 460 cv. No Ghost, de 6.592 cm³ e biturbo, são 570 cv,
entrega 625 cv.
enquanto o cupê Wraith com esse mesmo motor, 632 cv.
61
— A grande mostra MINI — O passado e presente de um dos carros mais carismáticos da história em exposição encantadora POR BOB SHARP
Muitos não deram ou não dão conta de que três fatos mudaram profundamente a face da Inglaterra em 1959: a minissaia de Mary Quant, os Beatles e... o Mini. De repente, as ruas do país de Shakespeare e sede do império “onde o sol nunca se punha” começaram ser invadidas por um diminuto carro com rodas mais diminutas ainda, que se misturavam aos sisudos carros ingleses da época. Pois esse pequeno carro projetado pelo engenheiro grego Alexander “Alec” Issigonis vingou e segue entre nós surpreendendo e encantando. Não sem percalços. Ela mudou de mãos algumas vezes até parar em 1994 nas da BMW, a fabricante alemã de automóveis premium que em 2001 fez surgir uma geração totalmente nova do Mini. Neste momento passou a ter o nome grafado em letras maiúsculas: MINI. Talvez o mais notável é ser o carro de maior “carronalidade” — liberdade poética deste autor para ilustrar a personalidade de um automóvel — entre todos, embora disputando pescoço a pescoço com o Volkswagen Fusca, mas levando uma pequena vantagem ao cruzar o disco final. Se não, que outro modelo poderia ser usado pelo “Mr. Bean”, vivido pelo ator inglês Rowan Atkinson? Que outro carro representaria o comportamento atrapalhado e enigmático do personagem, que nunca precisou falar nos seus filmes impagáveis, de humor simples e profundo? Tudo isso inspirou a BMW a montar no seu notável museu em Munique uma monumental mostra de tudo o que o MINI despertou, em comemoração aos 55 anos do modelo. Ali está em exibição o que saiu da fábrica nesse período, de automóveis de série a exóticos e curiosos protótipos, aí incluindo filmes sobre o passado de glória, inclusive no automobilismo, dentro do que foi chamado The MINI Story. A mostra foi inaugurada no dia 27 de novembro do ano passado, seguida de uma grande festa no dia seguinte para o público ao preço de 5 euros, com direito a coquetel e visita, e que se estenderá até 31 de janeiro de 2016. TOP Carros e um pequeno grupo de jornalistas conheceram a exibição e todos ficaram impressionados. Tudo foi reunido no interior da grande taça defronte das
A organização cuidou de reunir mais de 30 Minis originais
quatro torres que forma o prédio de administração da BMW
— inclusive um exemplar do “Mr. Bean” — e um material
— as torres que representam os quatro cilindros do motor
informativo dos mais vastos, para ser degustado à medida
que marcou o início do crescimento da marca em 1962, o de
que se vai descendo pelo interior da taça. A visão emociona
1.600 cm³. Uma longa escada rolante leva ao topo da taça e
a todos que em 1959 já tinham ampla noção do que era
ali começa a exposição, para em seguida ir-se descendo em
o mundo daquele tempo, especialmente o mundo do
círculos até o piso térreo.
automóvel. Pode-se ver, por exemplo, como o volante de
66
— O Mini foi um carro revolucionário em todos os sentidos e marcou profunda mudança no conceito de carro inglês em todos os mercados do mundo — 67
1. Nenhum carro se integrou de maneira tão marcante quanto o Mini na Inglaterra do final dos anos 1950
68
— A mostra The Mini Story no museu da BMW, em Munique, ficará contando a história do pequeno grande carro durante mais de um ano —
direção do primeiro Mini de produção era tão enviesado. São mostrados desenhos e soluções dos primeiros Minis, com detalhada explicação sobre seu projeto e construção. A mesma atenção é dada ao MINI lançado em 2001. Veículos-conceito, protótipos, tudo é mostrado e quem se interessa por história do automóvel fica maravilhado. Ali se poderá ver desde um furgão de camping até uma esticada e enorme limusine Mini com uma banheira de hidromassagem na traseira. Verdadeira viagem histórica
1 3 2 4
numa atmosfera toda especial. Até os guardanapos de papel na praça de lanches trazem impressos os primeiros esboços do Mini feitos por Alec Issigonis.
1. Na mostra havia de tudo, até um Mini feito para a modelo Twiggy com um esquema de cores sui generis 2. Com o Mini, tudo é arte 3. Mini cromado? Até estudo e devaneios houve 4. Um dos primeiros croquis de Alec Issigonis de decora os guardanapos do bar
A facilidade da internet torna possível fazer uma visita virtual à mostra MINI, em português, pelo http://www. mini.com/theministory/index.html. Mini, a linha do tempo 1959 – Em agosto, a British Motor Corporation (BMC) apresenta um pequeno carro de 4 lugares com o nome de Austin Seven e Morris Mini-Minor – nasce o ‘Mini Classic’. Após Sir Alec Issigonis emprestar um Mini a John Cooper, este se entusiasma com as características esportivas do carro. 1960 – Apresentação do Mini Van, seguido do Austin Seven Countryman e do Mini Traveler. 1961 – John Cooper e sua associação com a marca levou a um histórico desenvolvimento: primeiro Mini Cooper surge nas ruas e nas pistas; picape Mini é apresentada; modelos Riley Elf e Wolseley Hornet são lançados. 1963 – Mini vence o Rali Alpino; lançamento do Cooper S. 1964 – Paddy Hopkirk vence o Rali de Monte Carlo com um Mini; primeiro off-road, Moke; o carro passa por modificação importante com a introdução da suspensão Hydrolastic (hidroelástica) desenvolvida por Alex Moulton (eliminada em 1971). 1965 – O primeiro com câmbio automático chega ao mercado; Timo Mäkinen vence o Rali de Monte Carlo; apenas seis anos depois de seu lançamento, Sir Alec Issigonis dirige a 1.000.000ª unidade a sair da linha de montagem. 1967 – O Mini triunfa pela terceira vez no Rali de Monte Carlo, desta vez com “finlandês voador” Rauno Altonen pilotando; Sir Alec Issigonis é apontado com membro da Sociedade Real, o mais prestigiado instituto científico da Grã-Bretanha. 1969 – Adicionalmente ao visual renovado, é lançada a linha Clubman; no outono, a British Leyland, nova proprietária 69
da marca, abandona as marcas Austin e Morris utilizadas pela BMC, que passa a ser apenas Mini; a série Mk II e o Cooper são descontinuados (mas não o Cooper S), bem como o são os sedãs com emblemas Riley e Wolseley. 1972 – O 3.000.000º modelo deixa a fábrica de Longbridge. 1984 – Para marcar o 25º aniversário, é lançada a edição especial Mini 25, baseada no Mayfair, uma produção limitada de 5.000 unidades. 1986 – Produzido o 5.000.000º carro da marca. 1988 – Sir Alec Issigonis, falece no dia 2 de outubro aos 81 anos. 1990 – O Cooper volta a ser produzido. 1991 – Lançado o primeiro modelo da marca com
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catalisador; o concessionário alemão Lamm cria o primeiro Mini conversível como automóvel especial. Foram produzidas somente 75 unidades, mas a ideia está viva até hoje. 1992 – Após mais de 30 anos de produção, a versão de 998 cm³ deixa de ser produzida. A partir de então só é disponível a versão de 1.275 cm³. 1993 – Inspirada pela aceitação do Lamm Cabriolet, a Rover, nova proprietária da marca, lança seu próprio conversível. Baseado no Cooper tem acabamento luxuoso e é o mais caro até então. 1994 – Trinta e cinco anos após o lançamento, Rover lança a edição especial Mini 35; 30 anos após o inesquecível triunfo, Paddy Hopkirk participa mais uma vez do Rali de Monte Carlo com um Mini e de novo com o número 37; em 29 de janeiro a BMW compra a fabricante britânica Rover. 1996 – O motor de 1.275 cm³ passa a ter injeção eletrônica de combustível multiponto; a produção do conversível atinge 1.081 unidades. 1997 – Trinta anos após a última vitória em Monte Carlo, o conceito ACV 30 alinha para a largada; a Rover apresenta o conceito Spiritual no Salão de Frankfurt. 1998 – O Mini Classic entra no Livro de Recordes Guinness: ao atingir a produção total de 5,3 milhões de unidades é o automóvel mais popular da Grã-Bretanha; o estilista de moda Paul Smith cria seu próprio Limited Edition. Pintura azul é especial e o carro se destaca pela elegante simplicidade. 2000 – Os últimos Minis deixam a linha de montagem: Seven, Cooper e Cooper Sport. Para o mercado alemão ainda é possível ter o Knightsbridge, mas em 4 de outubro de 2000 ocorre o momento do adeus. A unidade com
— Não poderiam faltar na excelente mostra alguns carros que marcaram a presença do Mini nos circuitos e nos ralis —
número de chassi 5.387.862 deixa a linha de montagem de Longbridge. 2001 – Chega o novo MINI já grafado em letras maiúsculas para marcar as mudanças. One e Cooper são revelados a um público maravilhado. 2002 – O Cooper S, versão mais esportiva e rápida, ganha as ruas. 2004 – A era do “sempre aberto” começa com conversível
1 2
que baixa a capota para o mundo; o XXL, versão aumentada de seis lugares, é mostrado durante os Jogos
1. Três exemplares do passado e presente esportivo da marca: Rali de Monte Carlo 2. Versões para Camping
Olímpicos de Atenas; a marca vai para as pistas com a estreia do MINI CHALLENGE.
71
2006 – Segunda geração é lançada. Novos motores garantem a sensação de se pilotar um kart, simultaneamente com o interior totalmente redesenhado. 2007 – Produzido o 1.000.000º MINI; Lançado o Clubman que reinterpreta o conceito shooting brake (perua de caça) de maneira moderna, com um destacado espírito de lazer e funcionalidade, o notável teto alongado e exclusiva disposição das portas. 2009 – Torna-se cinquentão; o movimento MINI United reúne 25.000 fãs do carro de 40 países para um grande encontro no autódromo de Silverstone para desejar Feliz 50º aniversário. O modelo demonstra seu potencial para aumentar ainda mais o prazer de dirigir por meio de outro e espetacular conceito, o Beachcomber. 1 3 2
2010 – Lançamento do Countryman. É a primeira vez que um MINI tem quatro portas e uma grande porta de carga na traseira.
1. Na entrada da mostra, um novo Mini 5-portas e um protótipo do Mini 4-portas, que não entrou em produção 2. A longa escada rolante que leva ao topo da taça do museu da BMW 3. Difícil não olhar para qualquer parte da exposição e não se ver algum tipo de arte
2011 – Prazer de dirigir numa nova dimensão: o conceito Rocketman funde valores tradicionais com tecnologia inovadora para definir o princípio fundamental da marca 72
— Fãs da marca e do mundo do automóvel não devem perder a oportunidade de conhecer tudo deste pequeno carro, tendo até 31 de janeiro de 2016 para fazer isso —
de uso criativo do espaço; a família aumenta com o lançamento do Cupê. 2012 – A estirpe continua a crescer. O mais novo membro é o Roadster, sexto modelo da linha e o primeiro automóvel de dois lugares conversível da história da marca; apresentado o primeiro Sport Activity Vehicle (SAV) no segmento de carros compactos, o Paceman, sétimo membro da família. 2013 – O Novo MINI em sua 3ª geração, excluindo o Mini, é apresentado na fabrica de Oxford e mantém a tradição de sensação de dirigir um kart que tantos apreciam. 2014 – Joan “Nani” Roma vence o Rali Dakar de 2014 com um MINI ALL4 Racing. É a terceira vitória do modelo inscrito pela equipe X-raid em quatro anos desde sua estreia em 2011; no Salão de Genebra de 2014 surge o conceitual Clubman, demonstração de nova filosofia da marca para um automóvel de classe mais alta; o Superleggera TM Vision é uma exclusiva interpretação de um dois-lugares conversível criado pela MINI e pela Superleggera. Modelo que mistura o tradicional com o moderno, a linha cresce com a introdução de uma nova variante de carroceria — o 5-portas.
− 73
— A fera ataca os alemães — Jaguar XE 2.0 turbo MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO POR CLAUDIO MELLO
2.0 turbo, injeção direta Gasolina 200/240 cv e 28,5/34,6 kgfm Automático, 8 marchas Traseira 4.672 mm 2.835 mm 5 450 litros 63 litros 820 km 1.535 kg R$ 170 mil
Fomos à fabrica da Jaguar na Inglaterra, experimentamos
candidatos à nacionalização estão Range Rover Evoque,
o XE no autódromo de Navarra e nas estradas da Espanha,
Land Rover Discovery Sport e o próprio Jaguar XE. Afinal,
para conhecer de perto o novo sedã britânico médio-grande.
segundo Thomson, o carro foi criado para agradar tanto
O enfoque do fabricante é concorrer principalmente com
nos EUA, como no Brasil e na China.
Audi A4, BMW Série 3 e Mercedes-Benz Classe C. O XE
O modelo de entrada chegará importado em setembro, a
2.0 turbo de entrada pretende conquistar os executivos. Já
partir de R$ 170.000, com motor 2 litros turbo de 200 cv.
o topo de linha dispõe de motor V-6 3.0 com compressor
Outra versão, também 2 litros, entrega 240 cv. O XE S,
para acrescentar um toque esportivo.
ainda mais esportivo, 3.0 litros V-6 de 340 cv, virá mais
Qualidades não faltam, tanto no autódromo como fora dele.
tarde. E quem gosta de um ronco de motor impressionante
E uma das tradições da empresa fundada em 1922 está no
– comparável ao V-8 com compressor do Range Rover –
estilo marcante. O carro teve entre seus criadores Julian
terá de esperar um pouco mais ainda.
Thomson, também responsável pelo Range Rover Evoque, sucesso mundial do grupo inglês. A frente do sedã mostra
Superlativos
um toque a mais de ousadia, outra característica da Jaguar,
A fábrica descreve o novo sedã com superlativos, que vão do
cujos automóveis sempre justificaram o nome da fera. Ou
Jaguar mais leve, esguio (coeficiente de forma aerodinâmica
seja, garante lugar bem em frente a um restaurante da
de 0,26 comprova) e ecológico, até ser o primeiro de sua
moda com seu belo desenho.
classe no uso de alumínio em larga escala. Claro que precisa
Desde 2008, a JLR (Jaguar Land Rover) não é tão britânica,
de muitas qualidades, pois o trio alemão a enfrentar também
pois pertence ao grupo indiano Tata Motors, que comprou
gosta de dar show de eficiência, luxo e tecnologia.
as marcas da Ford. Atualmente, constrói uma fábrica em
Os ingleses apostam em uma carroceria com mais de 70%
Itatiaia (RJ), cuja produção começará em 2016. Entre os
de alumínio e em um motor menor, com turbocompressor
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— Feito para concorrer com os alemães de luxo, o visual arrojado do novo Jaguar XR inglês garante lugar bem em frente a restaurantes chiques —
1 2 3 1. Perfil esguio ajuda o XR a ser o Jaguar mais aerodinâmico de todos os tempos 2. Motor turbo, tanto no 4 cilindros como no V6, garante rápidas viagens 3. Na dianteira, a enorme grade é bem típica da marca britânica
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80
e injeção direta, a tendência atual de downsizing. O inteiramente novo 2.0 litros de quatro cilindros alcança 240 cv e ótimo torque de 34,6 kgfm entre 1.750 e 4.000 rpm: dá para encarar qualquer um dos três alemães. Esse motor integra a estreante família Ingenium de construção própria e substituirá totalmente em duas etapas o EcoBoost herdado dos tempos da Ford (o novo, com potência também contida em 200 cv, só chega em 2016). A “leveza” da carroceira se percebe ao volante, na forma de obediência e rapidez em curvas, além da capacidade maior de frenagem. Segundo a fábrica, o consumo combinado (cidadeestrada) pelo critério europeu NEDC chega aos 13,3 km/l,
Há varias possibilidades de configuração: 18 cores de
muito bom para um sedã desse porte com tração traseira.
carroceria, 24 opções de acabamento interno e até 140
O desempenho é o esperado: 250 km/h de velocidade
acessórios. E ainda sete motorizações (incluindo diesel
máxima e aceleração de 0 a 100 km/h em 6,8 s, sem abrir
em alguns mercados), cada uma com outras três versões de
mão de conforto e segurança. Além dos controles habituais
suspensões e até 12 desenhos de rodas.
de tração e estabilidade, também adota a “mudança de
Além de estilo, desempenho e tecnologia, outro apelo está
personalidade”. Os quatro modos de condução (Eco, Normal, Piso Escorregadio e Dinâmico) adaptam as
no símbolo da marca, exatamente a imagem do grande
características dinâmicas de acordo com o tipo de estrada
jaguar saltando bem no centro do volante multifunções.
e o humor do motorista. Todos os refinamentos de alta gama estão presentes, desde o head-up display (que projeta informações no para-brisa) até o próprio carro frear em emergências,
— Tecnologia eletrônica de ponta garante conforto e segurança, em um sedã que pode ser regulado de acordo com o gosto ou o humor do motorista —
caso o motorista não reaja a tempo. Para este sistema, ao contrário do radar usado por outras marcas, adotou um recurso inédito nesse segmento com câmera estéreo (que lê distância e profundidade) para calcular a proximidade de veículos à frente e ajudar no controle adaptativo de velocidade de cruzeiro. Interior luxuoso em couro com visual esportivo e tela central tátil de 8 polegadas alinham- se aos recursos atuais de modelos concorrentes. Entre as novidades, o sistema de conexão wi-fi para permitir os ocupantes acessar a internet, um recurso que ainda depende de acertos para funcionar no Brasil. A tela central tem duplo uso: enquanto projeta informações para o motorista, permite ao passageiro da frente assistir a um filme, resultado da nova tecnologia Dual-View, já utilizada em modelos JLR.
1
2
Para o equipamento de som a empresa elegeu um fabricante também britânico, a Meridian, que desenvolveu um
1. Tela Dual-View permite a motorista e acompanhante verem imagens diferentes 2. Requinte do acabamento alcança até componentes mecânicos, como o motor
sistema refinado, com 11 alto-falantes, para criar ambiente personalizado para cada passageiro.
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— Fascínio de uma marca — Ettore Bugatti criou em 1924 o Tipo 35 e seu filho Jean Bugatti, em 1938, o Atlantic. O moderno Veyron Grand Sport Vitesse “La Finale” também se tornou uma lenda com a última unidade que acaba de ser produzida POR CARLOS “TOYA” PONZIO
A história do automóvel tem aspectos verdadeiramente
a região da Alsácia, na França, com parada obrigatória na
fantásticos. Um deles foi protagonizado por Ferdinand
cidade de Molsheim, por sediar a atual fábrica da Bugatti.
Piëch. O engenheiro austríaco de Viena, 78 anos, ex-todopoderoso do Grupo VW, renunciou recentemente ao cargo
Três períodos marcantes
de presidente do conselho de administração, mas continua
Inovação, design e, mais recentemente, estado da arte da
como acionista majoritário. O novo manda-chuva é o seu
tecnologia realçam a grife ao longo de sua existência. São
primo Wolfgang Porsche, também acionista controlador
três fases bem marcantes, e cada uma intimamente ligada ao
do conglomerado de 12 marcas, incluindo uma de veículos
momento histórico da marca e ao estilo pessoal de seus líderes.
comerciais leves, duas de caminhões e uma de motocicletas.
A era da inovação se iniciou com Ettore Bugatti, italiano
Piëch é filho de Louise Porsche, irmã de Ferry Porsche
filho de artistas, educado num ambiente de ênfase a
(fundador da marca que ganhou seu sobrenome) e neto
criatividade, escultura e desenho. Devido ao fato de
de Ferdinand Porsche, projetista de carros importantes e
sua adolescência ter coincidido com o nascimento da
históricos como o Fusca. Entre as decisões estratégicas da
motorização dos transportes, tornou-se fascinado por essas
sua gestão frente ao Grupo VW estava a de adquirir ícones
máquinas. Trabalhou em várias fábricas de automóveis,
como a casa de estilo Giugiaro, além de Lamborghini,
adquirindo conhecimentos de engenharia. Com parte de
Bentley, Ducati e algo muito especial, a Bugatti.
recursos poupados e também de recursos da família, em
Ele interpretou com rigor germânico o espírito e o
1º de janeiro de 1910 iniciou as atividades da Bugatti, em
conceito de Ettore e Jean Bugatti para criar o excêntrico
Molsheim, na França, país que escolheu para trabalhar e
Veyron. A ideia foi oferecer a um comprador muito
viver até sua morte, em 1947, aos 66 anos.
específico e endinheirado a emoção única de ultrapassar
No que tange à engenharia, sempre esteve atento à relação
a velocidade de 400 km/h.
peso/potência de seus veículos. “O peso é nosso inimigo”
A fim de conhecer tudo sobre a nobreza da companhia
foi uma de suas frases clássicas. Por essa razão, os carros
focada em modelos de alta gama, TOP Carros viajou para
projetados e montados com esmero eram rápidos e fáceis
de guiar ou mesmo pilotar. No marketing, dar acesso a um público privilegiado a modelos de alto desempenho, equiparados quase ao que seria mais ou menos um Fórmula 1 de seu tempo, foi um sucesso. O Tipo 35 B, com motor de oito cilindros em linha, lançado em 1924, ganhou grande reputação pois, além de vários Grandes Prêmios vencidos pela fábrica, pilotos iniciantes também conseguiam suas próprias vitórias. Assim, as conquistas da marca se multiplicaram rapidamente, deixando para trás vários concorrentes. A indústria automobilística muitas vezes desejou que automóveis de turismo possuíssem as qualidades dos carros de competição, porém poucos foram capazes de atingir essa meta com equilíbrio e competência. De fato, todos os Bugatti de competição geraram soluções que puderam ser aplicadas a seus modelos de rua. Inclusive no atual Veyron, um importante ponto de sua árvore genealógica. Inovar, criando eficientes joias mecânicas, e produzilas em pequenas séries era o maior prazer de Ettore. Conduzia seu negócio como um maestro soberano quanto ao design e visão da empresa, mas sempre teve admiração e respeito por seus funcionários. Considerava-os como uma segunda família. Porém, quando eles se juntaram às greves sucessivas na França, em meados de 1930, causaram-lhe um efeito devastador. Decepcionado por suas crias terem cometido uma espécie de traição, mudou-se para Paris e raramente voltava à fábrica. O segundo período de sua história centrou-se no estilo que a imortalizou. Assim, a Bugatti ficou ainda mais reconhecida graças a Jean Bugatti (1909-1939). O filho de Ettore herdou a fábrica em 1936, construindo carros igualmente notáveis como os de seu pai. Os modelos de Jean foram os mais belos já criados: Tipo 55, Tipo 57 e Atlantic representam até hoje ícones do design automobilístico reconhecidos por todos. Em 1939, um Bugatti conquistou sua segunda vitória na prova 24 Horas de Le Mans. O Tipo 57 Tank desenvolvido por Pierre Veyron, engenheiro e piloto da fábrica, conquistou, em parceria com Jean Pierre Wimille, o primeiro lugar na
— Bugatti Atlantic, com seu estilo diferenciado, rompeu com o cubismo dos automóveis de sua época —
corrida de longa duração mais importante do mundo. Por essa razão, o modelo da fase atual leva seu nome e guarda inspiração estilística. Uma releitura moderna de um desenho tão belo como clássico. Poucas semanas depois da vitória na prova francesa, a
86
1 1. Bugatti Veyron produzido de 2005 a 2015 e o Bugatti Tipo 57 SC Atlantic CoupĂŠ, de 1938
87
marca de família passaria por uma grande perda. Em 11
queria algo único que mantivesse os valores de inovação e
de agosto de 1939, Jean Bugatti testava o carro vitorioso
estilo diferenciado ditados pela marca fundada na França.
em uma estrada comum. Porém, ao desviar de um ciclista,
Mandou seus engenheiros e desenhistas criar um carro
bateu em uma árvore a cerca de 200 km/h. Teve morte
esporte que atingisse velocidade máxima acima de 400
instantânea com apenas 30 anos de idade. Até hoje há
km/h e acelerasse de 0 a 100 km/h em menos de 3 s, mas
um marco em sua homenagem no local do acidente.
que, ao mesmo tempo, pudesse ser dócil ao dirigir.
Ettore voltou para Molsheim para em poucas semanas
Um passeio no Veyron deveria ser algo diferente de uma
deixar novamente a cidade ao início da Segunda Guerra
pilotagem tensa dos modelos esportivos radicais. O ruído
Mundial. O Tipo 57 nunca mais foi reconstruído, e a
do motor poderia ser percebido, porém, sem se sobrepor
Bugatti era um sonho desfeito.
ao sistema de som ou expulsar definitivamente o silêncio
A marca chegou a reviver, em 1987, na Itália, mas nunca se
do habitáculo. O objetivo não seria criar só mais um novo
firmou e voltou a encerrar atividades. O terceiro momento
supercarro, e sim um modelo para uma viagem confortável
histórico abriu a era da tecnologia graças à iniciativa
ou para dirigir até um teatro com classe e relaxado.
de Ferdinand Piëch, em 1998. Era preciso ter coragem
Seu desenvolvimento tornou-se um grande desafio,
dentro de um grupo de marcas tão diversificado e que se
que nos foi confessado por um de seus engenheiros em
tornou o maior produtor de automóveis do mundo (perde
Molsheim. Exigiu um novo dinamômetro para testes
apenas para a Toyota, ao se somar a produção de veículos
com segurança de seu motor W16 quadriturbo (daí a
comerciais leves de ambos).
insígnia “16.4” – 16 cilindros, de dois V-8 estreitos juntos,
Ao ordenar a produção em pequena escala do Veyron, ele
e quatro turbocompressores). Depois de longo período de
88
— Veyron “La Finale” se despede em grande estilo: 1.200 cv, 0 a 100 km/h em 2,6 s e 430 km/h de máxima —
12 4 3 5 1. Jean Bugatti 2. Chateau de St. Jean 3. Ateliê da Bugatti, onde foram montados todos os Veyrons 4. Grand Sport Vitesse “La Finale”, número de série: 450 5. Assinatura do último Bugatti
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desenvolvimento, o Veyron estreou na pista de Laguna Seca, Califórnia, em 2003. A produção começou em 2005 e apenas 300 exemplares estavam previstos. A nova Bugatti A nova fábrica foi construída no mesmo local onde era a antiga Bugatti. O Chateau de St. Jean, comprado por Ettore para receber clientes, foi restaurado e abriga os atuais escritórios e um pequeno museu no térreo. A fabricação do Veyron é realizada em um verdadeiro laboratório automotivo chamado de “ateliê”. Nenhum de seus componentes é produzido no local e, assim, pouco se parece a uma fábrica convencional. As rodas são fundidas na Rússia, fabrica-se o chassi em compósito de fibra de carbono na Alemanha, pintura e partes da carroceria vêm da Itália. A área de montagem é o paraíso de todo aficionado por design e engenharia. Há quatro fases: acoplamento do motor ao câmbio, depois anexados ao chassi, a seguir o subchassi dianteiro e, finalmente, vem a carroceria (em alumínio e fibra de carbono) e acabamentos internos. A carroceria une-se ao chassi por meio de 14 parafusos de titânio (metade de peso do aço). Alguns desses chegam a custar 100 euros a unidade. Andando pelo polido piso do ateliê, percebemos cuidados especiais em todos os detalhes. O cliente que vem acompanhar a montagem de seu carro percebe qualidade e precisão. Do seu lançamento até 2015, a Bugatti quebrou paradigmas no segmento dos supercarros. Em março último se
— Se Ettore Bugatti estivesse vivo, ficaria maravilhado ao ver que valores de arte e tecnologia de sua marca foram fielmente respeitados —
1 1. Do primeiroVeyron ao 450°, todos os conceitos permaneceram intactos
92
93
— A família Bugatti, formada por artistas, educou os filhos em ambiente de criatividade. Escultura, desenho e pintura sempre muito valorizados —
completou a unidade de número 450 (50% mais que o previsto, em dez anos). O Veyron Grand Sport Vitesse “La Finale” tem motor de 8 litros, nada menos de 1.200 cv e torque inacreditável de 1.500 Nm (153 kgfm). Acelera de 0 a 100 km/h em 2,6 s e atinge a velocidade máxima de 430 km/h. Que ninguém duvide dessa marca, pois uma versão do Veyron foi cronometrada oficialmente a 431,072 km/h, a maior já atingida por um roadster (conversível de dois lugares). Despedida em alto estilo. A boa notícia vem de Wolfang Dürheimer, presidente da Bugatti. Ele anunciou a continuidade da fabricação dos supercarros, quando se pensava que a fábrica iria acabar. Em dez anos de atividade surgiram dois carros-conceito, demonstrando fidelidade aos valores originais. Um deles, apresentado em 2009, é o Bugatti 16C Galibier em homenagem ao Tipo 57 Galibier, nome de uma cadeia de montanhas nos Alpes franceses. Era um sedã esportivo, cinco portas, carroceria “fastback”, também com motor W16. Baseou-se no conceito do Tipo 41 Royale de 1926, que pelo extremo luxo ficou conhecido como o carro dos reis. Outro
modelo-conceito,
primeiramente
criado
por
94
Fabrizio Giugiaro em 1999 e redesenhado pela equipe da VW, sob o comando de Walter de Silva, é o Bugatti Chiron. Previsto para 2016 e flagrado já rodando com disfarce, o nome é uma homenagem ao ex-piloto Louis Chiron, que correu pela fábrica dos anos 1930 aos anos 1950. Trata-se de um carro-esporte de dois lugares, ao estilo do Veyron, com motor W16 de 1.500 cv (!), capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 2 s e alcançar nada menos de 460 km/h. Quanto vai custar seu sucessor ainda é uma incógnita. Mas estima-se que um Veyron “normal” não seja vendido por menos de US$ 2,5 milhões, ou algo em torno de R$ 8 milhões ao sair da fábrica. Se fosse importado para o Brasil pelas atuais regras e alta carga tributária, custaria até 2,5 vezes mais. Em relação ao “La Finale”, sabe-se que o valor deve ser maior até pela atratividade do último modelo produzido. Independentemente da escolha por parte da Bugatti para suceder o Veyron, tem-se a certeza de que o produto de seu trabalho será sempre algo único e caríssimo, dentro da mesma concepção de veículos criados pela família. Se Ettore Bugatti estivesse vivo, certamente estaria orgulhoso de ver seu nome proeminente na fachada da fábrica. Acredito também que ficaria maravilhado ao ver o Veyron e saber que a história e os valores de sua marca lendária foram fielmente respeitados e seguidos pela nova geração. Como dizem os bugatistas ao redor do mundo: Vive La Marque!
1
2 3 4
1. Interior de um Veyron remete a luxo, requinte e esportividade chique. Sem excessos 2. Tampa com a discreta inscrição “16.4” esconde o coração cheio de potência descomunal 3. Inscrição “La Finale” pode ser apenas a preparação de algo melhor que está por vir 4. Elefante empinado: obra de Rembrandt Bugatti (irmão de Ettore), escultor especializado em vida animal
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Audi RS6 MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO
4 litros, V-8 biturbo Gasolina 567 cv e 71,4 kgfm Automático, 8 marchas 4 rodas permanente 4,97 m 2,91 m 5 565 litros 75 litros 787,5 km 2.010 kg R$ 590.990
POR MARCELO COSENTINO
Audi RS7 Sportback MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO
4 litros, V-8 biturbo Gasolina 567 cv e 71,4 kgfm Automático, 8 marchas 4 rodas permanente 5,01 m 2,91 m 4 535 litros 75 litros 630 km 1.930 kg R$ 624.990
— Na flor da idade —
Há 20 anos, a Audi derrubava queixos ao oferecer no Brasil a RS 2 Avant, perua mais rápida do mundo à época. O primeiro carro com a sigla RS (de RennSport, ou “automobilismo esportivo”) tinha acerto mecânico feito pela Porsche e motor cinco cilindros com turbocompressor derivado do modelo Quattro nascido nos ralis. Era avassalador. Duas décadas depois, a perua RS 6 e o sedã-cupê de quatro portas RS 7 são uma espécie de herdeiros espirituais do veterano RS 2 – só que no superlativo. A dupla passou por leve reestilização em abril, adotando visual mais moderno sem perder a “cara de mau”. Mas o grande barato desses dois esportivos se esconde debaixo de seus compridos capôs. Quem imaginaria equipar esses carros de rua com um motorzão V-8 4.0 litros biturbo de impressionantes 567 cv, potência similar a de um Ferrari 458 Italia? A divisão RS, é claro. Para poder explorar tamanha força, o convite da Audi é para dirigir nas Autobahnen, as estradas sem limites de velocidade da Alemanha. Na região de Munique, a primeira volta é com a perua RS 6 em uma chamativa cor vermelha. É preciso exercitar o detalhismo para notar as diferenças no exterior: mudaram para-choques, lanternas e saias laterais. Os novos faróis, agora totalmente em LEDs, não só deixam o conjunto óptico mais bonito como iluminam melhor à noite.
com decisão para aprender sobre movimento dos corpos e
Apesar de ser uma station wagon, a RS 6 tem visual
conceitos de velocidade e aceleração. O torque de generosos
excitante e porte atlético. Chamam atenção os “carnudos”
71,4 kgfm está todo disponível entre 1.750 e 5.000 rpm,
pneus Dunlop 285/30 em vistosos aros de 21 polegadas.
permitindo arrancadas brutais. Babás eletrônicas como
Para não afetar a balança, para-lamas, capô, caixas de
controles de tração e estabilidade entram em ação ao
rodas internas e portas são em alumínio. O interior usa e
menor sinal de abuso. Há ainda um interessante sistema
abusa do compósito de fibra de carbono. Aço? Só no teto.
chamado COD (Cylinder on Demand), que pode desativar
O motorista senta rente ao assoalho, em posição esportiva.
até quatro cilindros para economizar gasolina.
Como em todo carro alemão, a ergonomia é destaque e tudo
Em uma região montanhosa da Áustria, a tração nas quatro
está milimetricamente ao alcance das mãos. O volante
rodas mostra a que veio. O diferencial traseiro esportivo
de três raios tem pegada perfeita e cobertura de couro
faz mágica: analisa giro do volante, pressão no acelerador
furadinho, uma delícia. Os bancos esportivos forrados por
e marcha engatada para “adivinhar” quando se vai entrar
camurça têm apoios laterais largos e firmes, muito úteis
forte em uma curva. Aí, tira o torque da roda que está do lado
para tocadas mais animadas.
interno da curva e joga para a do lado externo. Tudo isso em
Ao abrir o capô encontra-se o V-8 biturbo. Notam-se alguns
centésimos de segundo e sem que o motorista perceba. A
truques da engenharia: os dois turbocompressores ficam no
perua RS 6 Avant é comportada e surpreendentemente previsível.
meio do “V”. Assim se economiza em espaço, encurtando o
O Audi Drive Select oferece quatro modos de condução:
coletor de admissão, e os cabeçotes não esquentam demais.
Comfort, Dynamic, Auto e Individual. Dynamic, o mais
Na frente de tudo vai o intercooler.
esportivo, aumenta a carga nos amortecedores, deixa a
Em ação, a RS 6 dá aula de física. Pressione o acelerador
direção mais direta e a suspensão, 2 cm mais baixa. Já
100
— A perua mais rápida do mundo ganhou pequenas atualizações visuais, mas o grande barato ainda é o V-8 biturbo de 567 cv —
1 2
1. No modo Comfort, perua RS 6 é surpreendentemente confortável. Na pista, o modelo acelera muito forte 2. É preciso detalhismo para notar as alterações visuais, que trouxeram um toque de modernidade ao conjunto já impecável
101
o Comfort, o indicado para o mundo real, proporciona
altas velocidades, o carro é fácil de guiar e transmite total
arrancadas menos explosivas e rodar suave, ainda que a
segurança. Dinamicamente é exemplar: posição de dirigir
suspensão seja bastante firme.
precisa, direção rápida com peso ideal e suspensão firme
O câmbio automático com oito marchas faz trocas rápidas
sem maltratar a coluna dos ocupantes.
e precisas. Nas reduções ouvem-se “pipocos” do sistema de
O espaço é bom para cinco pessoas e, no banco traseiro,
escapamento. No para-choque traseiro, é possível ver duas
o caimento acentuado do teto não compromete o
largas saídas ovais, que na verdade são quatro. Duas ficam
conforto. Bancos em Alcantara com aquecimento,
sempre abertas e outras duas fechadas. No modo Dynamic,
som da grife Bang & Olufsen e head-up display são itens
ou quando se pisa fundo no acelerador, as outras duas
que agregam valor.
saídas abrem, o fluxo de gases aumenta e as ponteiras ovais
O RS 6 Avant já está à venda por R$ 590.990, enquanto
amplificam o belo som.
o RS 7 Sportback custa R$ 624.900. É uma quantia
No RS 7 Sportback a história é parecida. O motor V-8
considerável, mas que garante entrada em um seleto
biturbo é exatamente o mesmo, inclusive em potência e
mundo de esportividade, elegância e conforto, recheado de
torque. A maior diferença se dá pelo visual mais cativante.
impressões sensoriais e auditivas inesquecíveis.
Até na Alemanha o sedã-cupê de quatro portas é um provocador de torcicolo – não há quem não vire o pescoço
— Nos 20 anos da divisão RS no Brasil, a perua e o sedã-cupê de quatro portas mostram o lado mais ousado do fabricante —
para vê-lo. As mudanças visuais adotadas na dianteira da perua foram acompanhadas no modelo. Coloque o dono de um RS 6 em um RS 7 e é possível que ele nem note a diferença. Mudam apenas painel da porta, cores dos botões (laranja no cupê e branca na perua) e detalhes no acabamento. A central multimídia MMI Touch, bem fácil de operar e com até TV digital, é um pouco
1
diferente. Nessa atualização, a única novidade no interior é
2
o acréscimo de uma simples entrada USB. Pé no fundo mais uma vez e o RS 7 dispara. Como o
1. No interior, há fibra de carbono por onde quer que se olhe. A posição de dirigir é perfeita e o espaço na frente, muito bom 2. Atualizações visuais e até a mecânica são as mesmas no RS 7, mas a carroceria é ainda mais charmosa
isolamento acústico é excelente, o velocímetro marca 220 km/h com sensação de estar a 120 km/h. Mesmo em
102
−
103
LUZES DO FUTURO Em Ingolstadt, no QG da Audi, engenheiros trabalham em um enorme galpão escuro sem se incomodar com a penumbra. Trata-se do Audi Future Lab, departamento que estuda e desenvolve as luzes que equipam os carros da marca. Dali saíram, entre outros, os inéditos faróis a laser do superesportivo R8, com o dobro de alcance dos LEDs convencionais. Aqui beleza e inovação são fundamentais, mas a proposta deve trazer ganhos em segurança. As setas progressivas – que equipam A8, RS 6 e RS 7 – acendem aos poucos na direção em que o motorista vai virar. A ação, segundo a Audi, antecipa a percepção em relação à mudança de
movimentos variam conforme freadas, engate de ré e
direção em até um segundo.
acionamento das setas. Para o efeito, são usados OLED
Em algumas salas há espaço para devaneios. Uma das
(diodo orgânico emissor de luz) e vidro altamente polido
equipes, por exemplo, imaginou um farol que se desprende
com 1 mm de espessura. Essa tecnologia foi vista no conceito
do carro em movimento, vira um drone e sobrevoa a estrada
Prologue, mostrado em Genebra.
iluminando o caminho do alto. Outros setores mais realistas
Nem tudo no laboratório são faróis e lanternas. Especialistas
mostram tendências para o futuro e técnicas que logo
em interação mostram um veículo autônomo com
estarão nos modelos do fabricante.
iluminação no volante que avisa o status da viagem: se o aro
Uma maquete da traseira de um A3 troca as lentes
da direção estiver verde, o motorista pode relaxar. Se ficar
convencionais por telas pretas. Luzes percorrem essa
vermelho, o condutor deve assumir a direção devido a um
superfície no ritmo da velocidade do carro e as cores e
possível acidente mais à frente.
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siga-nos: /revistatopcarros
@revistatopcarros
— Look do dia — Os carros coloridos imprimem a personalidade de seus donos: do exagerado ao mais cool. Objetos de desejo de colecionadores, eles são capazes de transformar sonhos em realidade
© The Andy Warhol Foundation for the Visual Arts, Inc./ AUTVIS, Brasil, 2015
POR DORIS BICUDO
Andy Warhol Mercedes-Benz 300 SL CoupĂŠ (1954), 1986 Silkscreen, acrylic on canvas Daimler Art Collection, Stuttgart/ Berlin
© The Andy Warhol Foundation for the Visual Arts, Inc./ AUTVIS, Brasil, 2015
Uma característica de nós, humanos, é ter opinião. Eu,
começar. Ah, também amei os uniformes dos mecânicos:
pessoalmente, tenho uma análise para tudo. E para
calça e camisa cáqui. Alguns ainda arrematavam o look
todos, na maioria das vezes. Difícil mesmo é voltar
com um lencinho amarrado no pescoço. Luxo total.
atrás. Quando surgiu a pauta de fazer uma matéria sobre
Descobri também que Janis Joplin foi a feliz proprietária
carros coloridos, fiquei entusiasmadíssima. ‘‘Vou falar
de um Porsche 356 C, 1965, devidamente customizado
mal’’, pensei. Dar pinta por aí dentro de um possante de
por seu amigo Dave Richards. Até então, a única ligação
cor vibrante, na minha cabeça é como ir a uma festa
com o setor automobilístico que dava conta que a
vestida de outro tom que não seja o preto. Aos meus
roqueira tinha era do desejo por um Mercedes-Benz que
amigos
ela implorava a Deus em uma canção.
fashionistas
peço
desculpas,
mas
mudei
meu conceito depois de iniciar minha pesquisa sobre
Também fiquei sabendo que os ladrões não são capazes
o tema. Oh, céus, quem diria...
de roubar um carro colorido. Por motivos óbvios. Já
Vamos começar pelo vermelho. Cor linda para batons
imaginou cruzar com alguém na rua e ouvir que viu seu
e esmaltes e também para um Ferrari. Adoro Ferrari,
carrinho amarelo gema de ovo rumo ao desmanche? Por
assim como Chanel. Já visitei até a fábrica em Maranello,
falar em gema de ovo, vamos dar uma popularizada, voltar
na Itália. Fiquei impressionada com como os carros são
ao tempo e deparar com a Brasília amarela. Confesso
construídos em um paralelo entre o mais sofisticado
que tive uma. Digo também que nunca me senti muito à
da tecnologia e o artesanal. São tantas as opções para o
vontade dentro dela. Escolhas que a vida faz para a gente
comprador customizar seu carro que não saberia por onde
sem se preocupar muito com a nossa opinião. 110
© The Andy Warhol Foundation for the Visual Arts, Inc./ AUTVIS, Brasil, 2015
— Pintor, cineasta e expoente da pop art, Andy Warhol imortalizou com suas cores os carros Mercedes-Benz —
1 2 1. Andy Warhol Mercedes-Benz C 111 Versuchswagen (1970), 1986 Silkscreen, acryl on canvas Daimler Art Collection, Stuttgart/Berlin 2. Andy Warhol Mercedes-Benz Formel-Rennwagen W 125 (1937), 1986 Silkscreen, acryl on canvas Daimler Art Collection, Stuttgart/Berlin
111
Os esportivos que me desculpem, mas os tons fortes, na
Seguindo a linha carro-ostentação, o milionário árabe
minha opinião, só valem para os Porsche e Ferrari. Em
Humaid Abdalla ALbuqaish adora mostrar em seu
contrapartida, caem superbem para os utilitários. Se fosse
Instagram suas duas paixões: animais ferozes e carros de
comprar um 4x4, não hesitaria em escolher um verde-folha
luxo. Leões e tigres interagem com Ferraris vermelhos e
ou um azul-celeste, que ornam com as aventuras radicais.
Lamborghinis amarelos em total intimidade.
Para mim, carro colorido é como um All Star: só pode ser
Não importa o preço do sonho, o que vale é realizá-lo. De
usado aos fins de semana ou nas férias. No mais, o pretinho
um Fusca cor-de-rosa a um modelo de luxo criado sob
básico – ou cinza metálico – é a opção. Vamos combinar
medida, os adoradores de carros coloridos fazem parte de
que o seu sedã premium não tem nada a ver com a casa de
um seleto grupo que imprime suas personalidades de uma
praia. Assim como não é o caso chegar a uma festa black-tie
forma simples e direta: com apenas um olhar podemos
a bordo de um carro que não é de luxo. Certo? Duas regras de
definir o quanto vaidosos eles são de suas máquinas.
conduta para as quais não existem exceções.
Exibicionistas? Talvez. Mas, como a gente, apaixonados
Quantas vezes você, paulistano ou de outras cidades, já
por carros...
inúmeras. Mas não podemos generalizar o fato como um
— O americano, nos anos 1960, marcou sua carreira de artista plástico ao passar a usar cores fortes e brilhantes —
vexame urbano, já que o branco – assim como o prata – é preferência nacional. Pesquisa aponta que as tonalidades foram as mais populares de 2014. O preto, coitado, amargou apenas 13% das escolhas. Enquanto os vermelhos e azuis ficaram com 8% e 2%, simultaneamente. Na Europa, o branco também predomina com 25% e o preto, em segundo lugar, com 15%. Já nos Estados Unidos, os vermelhos, azuis e verdes continuam predominando entre os modelos esportivos. Mas se você que faz a linha conservadora quiser se arriscar a novas experiências, pode customizar seu possante como bem entender. Acaba de ser lançada uma tinta spray que, depois de seca, faz uma camada emborrachada sobre a pintura de seu carro. E sem danificá-la, segundo o fabricante. O produto chama-se Mundial Prime, e cada lata pode ser comprada por R$ 40, aproximadamente. Uma latinha, vale lembrar, não chega a render quase nada. As customizações, por sinal, podem ser muito perigosas, e não são imunes a micos. Imagine no primeiro encontro deparar-se com um carro ornamentado com a bandeira do time do coração? Dele, é claro. Mas como as coisas não estão fáceis para ninguém, a Rolls-Royce se prepara para entregar a maior venda de sua história: 30 unidades customizadas – ao gosto do comprador – do Phanton Extended Wheelbase
1
vendidas de uma vez só para o empresário chinês Stephen Hung. Os automóveis farão parte da frota do hotel que
1. Andy Warhol Benz Patent-Motorwagen (1886), 1986 Silkscreen, acryl on canvas Daimler Art Collection, Stuttgart/Berlin
ele deve inaugurar em 2016, em Macau. O luxo está estimado em US$ 20 milhões.
112
− © The Andy Warhol Foundation for the Visual Arts, Inc./ AUTVIS, Brasil, 2015
ergueu a mão para um carro branco que não fosse táxi? Eu,
113
— Sabor especial — Alex Atala aproveita para “saborear” seus raros momentos de lazer com as motos de seu acervo POR ROBERTO MARKS FOTOS LUDOVIC CARÈME
O mais premiado chef de cozinha e restauranteur brasileiro na atualidade, Alex Atala é também um apaixonado por motos e proprietário de uma pequena coleção de raridades em duas rodas. Entretanto, ele não se considera um colecionador no estrito sentido da palavra, ou seja: acumulador ou guardador de motos. “O que eu gosto é de achar um modelo interessante, que tenha história, e, mesmo que não esteja em bom estado de conservação, investir na sua restauração ou customização para depois desfrutar a sensação de liberdade que pode me proporcionar.” Um
dos
expoentes
da
vanguarda
da
cozinha
contemporânea mundial, que procura explorar todas as sensações que a gastronomia pode proporcionar, o criativo Atala é reconhecido internacionalmente por desenvolver propostas
gastronômicas
utilizando
ingredientes
tipicamente brasileiros, aliando técnicas clássicas e modernas. Entretanto, faz questão de diferenciar entre criar e inventar: “Na minha atividade não há espaço para invenção. O que eu faço é criar novas variações sobre o que já existe, procurando explorar todas as possibilidades”. Da mesma maneira, Atala define sua relação com as motos. “Eu gosto de apreciar as características de cada uma, independentemente de modelo, tipo ou origem. No fundo sou um apaixonado por todo tipo de moto e procuro respeitar suas características”, ressalta. A ligação com motos começou bem cedo – antes mesmo de se definir sobre o que pensava fazer na vida –, quando ainda estava na adolescência e um tio comprou uma Yamaha TT125 brasileira. “Com ela aprendi a pilotar e também levei meus primeiros tombos. Foi a minha primeira grande paixão”, lembra. Definindo o futuro Esta ligação se interrompeu quando, com 19 anos, Alex foi para a Europa. “A princípio era apenas uma viagem de lazer para conhecer o Velho Continente e adquirir vivência. Lá me interessei por um curso de gastronomia em uma tradicional escola da Bélgica, e isso acabou definido meu futuro”, detalha. Depois de formado, permaneceu vivendo mais alguns anos na Europa e, para ganhar experiência, trabalhou em restaurantes na França e na Itália, antes de retornar ao Brasil, em 1994. Uma das primeiras decisões que tomou no seu retorno foi comprar uma moto, mas não era um modelo moderno, e sim uma “veterana” inglesa, uma Triumph 1936 de 250
— Quando adolescente, Alex pilotava uma Yamaha TT125 de seu tio. Agora está restaurando uma moto idêntica, para relembrar os bons tempos —
cm³. “Foi paixão à primeira vista. Claro que não era para
“carburada” tem o tradicional motor bicilíndrico de 790
uso diário, com seu tradicional sistema de “mão inglesa”
cm³ e a outra, um raro exemplar da versão comemorativa
(pedal do câmbio no pé direito e freio no esquerdo), além
Steve McQueen, feita em 2012, tem motor de 865 cm³.
de hard tail (“rabo duro”, sem amortecimento), mas fiquei fascinado porque a moto preservava, inclusive, o estojo
Muito especial
com o jogo de ferramentas original”, lembra Alex com uma
O modelo Triumph de 2005, o das fotos, foi customizado
ponta de nostalgia.
por Ricardo Medrano, o Johnnie Wash, no estilo old school,
Pouco tempo depois, adquiriu a japonesa Honda CB750F,
e apresenta detalhes exclusivos como pneus de faixa
SuperSport, 1976. “A sete-galo eu usava para me locomover
branca Coker Classic 5.00x16.5 polegadas fabricados para
diariamente, e tudo corria muito bem até sofrer um
automóveis da época. A outra Triumph é um dos 1.100
acidente. Não foi grave, mas na época tinha nascido meu
exemplares numerados da edição especial Boneville, de
primeiro filho e achei melhor vender a motocicleta.
2012, para comemorar os 50 anos do filme The Great Escape
Pouco tempo depois, fizeram uma proposta irrecusável
(Fugindo do Inferno, em português).
pela Triumph e, como estava precisando capitalizar meu
Baseada na moderna versão Boneville T100, incorpora o
negócio, acabei vendendo a moto que está agora em Miami
visual da moto do personagem interpretado pelo falecido
e, segundo me falaram, muito malcuidada. Tanto que estou
Steve McQueen, que fazia manobras radicais para fugir
pensando seriamente em resgatá-la.”
do exército nazista, preservando, inclusive, o verdemilitar fosco original. Mas a mecânica é bem atual, com
Dez anos depois...
motor de refrigeração líquida e injeção de combustível.
Alex Atala só voltou a comprar uma moto dez anos depois, em
Curiosamente, apesar de a trama se passar na Alemanha, na
2004, quando adquiriu uma Harley-Davidson americana,
Segunda Guerra Mundial, a moto com a qual o personagem
a Softail FX de 1.450 cm³. Nesse meio tempo consolidou
tentava fugir era inglesa. Na verdade, o exemplar pertencia
seu nome no universo gastronômico internacional e abriu
ao próprio Steve McQueen.
o restaurante paulistano D.O.M., considerado um dos
Além de duas motos americanas e duas inglesas, Atala
melhores do mundo e recentemente condecorado pelo
também possui uma minimoto espanhola Montesa de
Guia Michelin com duas estrelas (o máximo é três) – o
50 cm³ e recentemente adquiriu uma Yamaha TT 125
único brasileiro a receber essa importante deferência.
nacional, que está restaurando e pretende relembrar os
Foram anos de trabalho duro, que exigiram dedicação
bons tempos da juventude com seu tio.
total aos negócios. Com a vida estabilizada, Alex conta que
Mesmo não se preocupando em ser um colecionador,
resgatou sua velha paixão pelas motos. “Minha ideia não
Alex afirma que pretende continuar no seu “garimpo”
era montar um acervo. Comecei negociando e até mesmo
e demonstra seu ecletismo com relação a preferências,
garimpando na internet. Assim, acabei trocando a FX por
fabricada nos anos 1980.
outra Harley, uma flathead ano 1946, 1.200 cm³. Depois fiz
“É outra moto que me fascina com aquelas tomadas de ar
um bom negócio comprando mais uma Harley, uma Electra
laterais. Ainda vou ter uma”, finaliza o chef.
Glide Shovelhead 1974, também 1.200 cm³. Não são as mais
−
indicadas no caótico trânsito paulistano, mas dão uma
— Eclético com suas motos, Atala também gosta das inglesas, como a Triumph Boneville 2005 de dois cilindros customizada no estilo old school britânico —
sensação única de conforto quando se pega estrada”, detalha. Alex destaca que, apesar de admirar as Harley, não faz parte de nenhuma “tribo”. “Em primeiro lugar porque minha atividade limita meu tempo. O que mais gosto é de pegar estrada sozinho ou no máximo com alguns amigos e rodar sem destino, sem obrigação de ir a um determinado lugar”, afirma. Já para enfrentar o trânsito paulistano, Alex conta com duas Triumph Boneville. A do ano de 2005
121
— Volvo volta a ser Volvo — Volvo XC90 MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO POR JOSIAS SILVEIRA
4 cilindros, compressor e turbo Gasolina 320 cv e 40,8 kgfm Automático, 8 marchas Integral 4,95 m 2,98 m 7 692 litros 71 litros 920 km 2.078 a 2.343 kg R$ 319 mil a R$ 363 mil
Basta ligar o novo XC90 e aparece o “Martelo de Thor”.
de 320 cv), e depois o D5 também 2.0, porém diesel
Aliás, dois martelos, um em cada farol, mostrando um
(duplo turbo e 225 cv).
toque sutil de volta às origens. As luzes diurnas de
Os preços vão de R$ 319.000 a 363.000 (T6 Momentum
LEDs mostram um símbolo bem sueco. “É o primeiro
e Inscription).
projeto desde que a Volvo voltou a ser Volvo”, dizem seus executivos. Inclusive sua plataforma modular deve ser a
Ao volante
base para novos modelos da marca nórdica. Depois de 11
Rodamos com as três versões, todas dóceis e obedientes
anos no grupo Ford, a marca foi comprada em 2010 pela
ao volante, graças também à tração integral. Toda a
chinesa Geely, que deu liberdade de ação aos suecos.
eletrônica de segurança facilita tudo. Mesmo assim, o
Lançado em Calafell (Espanha), o novo SUV demorou: o
SUV oferece prazer quase caminhoneiro ao se pilotar, já
anterior era de 2002 e saiu de linha em meados de 2014.
que é um grandalhão perto de 5 m de comprimento e 1,78
E o que já era grande ficou maior: ganhou 18 cm e chega
de altura. O interior acomoda bem cinco adultos, com
aos 4,95 m de comprimento. Com sete lugares e 125 kg
silêncio, espaço e muito luxo. O fabricante recomenda os
mais leve que o antecessor, mesmo assim passa de duas
dois bancos extras traseiros (dobráveis para o assoalho do
toneladas em ordem de marcha.
porta-malas) apenas para pessoas de até 1,70 m.
Entre as três opções, inclusive um híbrido plug-in, apenas
A estética é bem Volvo, inclusive nas tradicionais
duas chegarão ao Brasil. Em meados do segundo semestre
lanternas verticais que acompanham as colunas traseiras.
vem o T6 2.0 a gasolina (com turbo e compressor mecânico,
Diferentemente da moda atual de vidros pequenos, o XC90 126
— Com lançamento do novo SUV grande XC90, suecos se sentem em nova fase após a “era Ford” —
revive momentos luminosos com ampla área envidraçada. O mais tecnológico – híbrido T8 – oferece ainda mais prazer ao dirigir, pois se pode rodar em silêncio quase total ao se usar apenas o motor elétrico. Ou se tem um verdadeiro esportivo quando se somam os 400 cv dos dois motores (elétrico e a gasolina). O T6, apesar de potente (320 cv), apresenta o ruído agudo típico de um motor quatro-cilindros. Agora os vários Ts da Volvo significam faixas de potência, e não mais Turbo e número de cilindros. Assim, bate a saudade de um velho T5 (Turbo de cinco cilindros) bem mais suave e agradável aos ouvidos que o “T6” atual. É o preço do downsizing: menos cilindros garantem consumo e emissões menores. Continua a obsessão por segurança. O XC90 dispõe de radar e laser para antecipar frenagens e desvios em emergências, além de ajudar a seguir as faixas de ruas e estradas. Painel tablet Eletrônica e conectividade continuam crescendo em carros
1
luxuosos. Sumiram muitos botões do painel, deixando
2
apenas funções essenciais como o acendimento de luzes. O restante foi para a tela/tablet no centro do painel. Para
1. Contrariando as tendências, o XC90 tem grande área envidraçada 2. Interior luxuoso com muitos comandos no “tablet” central
quem não tem grande familiaridade ou habilidade com uma tela tátil, a vida fica um pouco mais complicada. Já os
127
mais jovens, da geração Z digital, vão se divertir bastante.
13 km/l (norma europeia). Quando se está numa marcha
De qualquer forma, algumas horas na garagem serão
“alta” (como sétima ou oitava), há certa demora ao se pisar
fundamentais para se habituar a tantas funções na tela
fundo no acelerador. O câmbio chega a puxar quatro ou
central de 9 polegadas e configurar tudo “ao gosto do
cinco marchas para baixo, e isso toma alguns segundos.
freguês”. Apesar de tanta eletrônica (para entrar basta a chave no bolso), logo se percebe a essência da marca.
No Brasil Os dois modelos T6 se diferenciam em equipamentos. O
Performance
Momentum vem com som Premium e dez alto-falantes, GPS
Mesmo grandalhão, é rápido, já que o motor 2.0 conta
e ar-condicionado digital com quatro zonas de refrigeração.
com dois compressores: um mecânico e um turbo. Assim
Traz bancos elétricos dianteiros e assento integrado para
se consegue um rendimento mais linear e rapidez de
crianças no banco traseiro, outra tradição da marca.
resposta em recuperações. Além dos 320 cv de potência,
Quanto à segurança, existe o “assistente de fila”, que
mais importante é o torque, que determina a capacidade
controla freio, acelerador e direção em congestionamentos.
de acelerar: são 40,8 kgfm entre 2.200 e 5.400 rpm. Isso
Também freia o carro automaticamente em cruzamentos
se traduz em boas acelerações: a fábrica indica 0 a 100
se detectar um veículo em sentido contrário. O City Safety
km/h em 6,5 s.
percebe carros, pedestres e ciclistas, mesmo no escuro.
Outra tendência atual aparece no XC90. O câmbio
Estaciona sem ação direta do motorista em vagas, inclusive
automático de oito marchas garante o motor trabalhar
perpendiculares. A Momentum usa rodas de 19 polegadas.
mais silenciosamente e boas marcas de consumo para
Já a versão Inscription vem com áudio ainda mais
um SUV grande. Segundo o fabricante, pode chegar aos
sofisticado, da Bowers & Wikins, de 1.400 W e 19 alto-
128
falantes. A suspensão com bolsas de ar permite regulagem de altura. Inclusive abaixa a traseira para facilitar acesso ao porta-malas. Além de cromados em partes da carroceria, traz rodas de 20 polegadas e head-up display, que projeta informações no para-brisa à frente do motorista. Inclui ainda alertas de tráfego lateral, colisão traseira e ponto cego. Com tanta eletrônica de segurança, se o motorista não conseguir sair de uma situação de risco, o carro mesmo tomará providências para evitar o acidente.
−
— Motorização, agora de quatro cilindros turbo, acompanha tendência de downsizing: motores potentes, mas também ecológicos e mais econômicos —
1 2 3 4
1. XC90 ficou maior, com quase 5 m de comprimento 2. No farol dianteiro, o Martelo de Thor 3. Alavanca de câmbio pode ser em cristal sueco 4. Nas longas lanternas, a Volvo manteve a tradição
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— Requinte sobre rodas — Rolls-Royce Ghost Series II MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO POR JOSIAS SILVEIRA
6,6 V-12 biturbo 48 válvulas Gasolina 563 cv e 79,5 kgfm Automático, 8 marchas Traseira 5,40 m 3,29 m 5 490 litros 82,5 litros NF 2.360 kg R$ 2,9 milhões
Ele se move como qualquer outro carro, veem-se o trânsito
que seu motor V-12 biturbo de “modestos” 6.6 litros e 563
e as pessoas lá fora, mas parece outro mundo. Silêncio,
cv vem dos BMW Série 7. A razão dos 12 cilindros está na
ausência de vibrações, não se percebem defeitos no asfalto,
suavidade de funcionamento, já que a atmosfera dentro de
parece que flutua em terra firme... Trata-se do “Baby Rolls”,
um Rolls deve ser sempre especial. Rodando na estrada, a
o novo Ghost Series II, porta de entrada da lenda britânica
120 km/h, na oitava marcha do câmbio automático, o motor
que agora chega ao Brasil.
gira a menos de 2.000 rpm e assim nem será percebido.
Suas qualidades mecânicas até ficariam em segundo plano. Um Rolls-Royce quer ser uma experiência única, acima do
Histórias e lendas
luxo de carros de grife. A busca é por requinte, nobreza e
Mesmo especialistas, como nosso colega de TOP Carros Bob
mesmo perfeição. Em cada detalhe. Desde o revestimento
Sharp, são surpreendidos por um Rolls-Royce. Visitando a
de couro manufaturado artesanalmente (de gado criado
oficina de um amigo, Bob viu um deles em manutenção. O
especialmente para o fabricante) até o Spirit of Ecstasy,
amigo mostra o carro, ele se senta no banco traseiro (onde estão
a Dama Alada que continua adornando o topo da grade,
as maiores mordomias) e Bob se surpreende com o requinte.
simbolizando uma marca com 111 anos.
“Agora veja o motor”, diz o amigo, enquanto abre o capô.
Agora com fábrica em Goowood, cerca de 100 km ao sul de
“Mas como? O motor estava funcionando e eu nem
Londres, boa parte dessa “joia da coroa” do Reino Unido é
percebi...”, diz o impressionado Bob.
alemã, já que pertence ao Grupo BMW desde 2008. Tanto
Diz a lenda que os mecânicos mais antigos da fábrica
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— A intenção da Rolls-Royce é fazer carros que proporcionem uma experiência única. Mais que luxo e requinte, um Rolls busca nobreza e até perfeição —
sempre levavam uma moeda junto com os equipamentos. Antes da revisão, colocavam a moeda sobre o motor. Independentemente de qualquer aparelho, o automóvel só estaria regulado quando a moeda ficasse absolutamente imóvel com o motor funcionando. Outra história ilustra o espírito da marca, mais para folclore. Um brasileiro importou um modelo nos anos 1970, quando a fábrica não tinha representante aqui. Viajando pelo sertão, o Rolls-Royce parou. Muito indignado, deixou-o em um posto, voltou para casa e ligou para o fabricante na Inglaterra. Eles só pediram o endereço de onde estava o automóvel. Menos de 48 horas depois, ligaram do posto para o dono do carro: “Chegou um inglês aqui, com uma mala de ferramentas,
1
e seu carro já está em ordem”. O Rolls-Royce voltou para casa e o dono ligou novamente para Inglaterra, para agradecer (e
1. Mesmo sendo um Baby Rolls, o Ghost tem 5,4 m de comprimento e motor V-12 biturbo
pagar) o mecânico que tinha voado especialmente ao Brasil.
135
Resposta britânica: “Sir, não enviamos nenhum mecânico”. O dono, então: “Como não? Meu carro estava quebrado e foi consertado lá no posto, no endereço que forneci”. Novamente o inglês: “Sir, um Rolls-Royce não quebra”. Carro de entrada Lendas à parte, quem admira este carrão imponente de 5,40 m de comprimento e mais de duas toneladas (2.360 kg) deve lembrar que o Ghost é o mais “simples”, um modelo de entrada. Mais de 90% destes “Fantasmas” (ou ghost, em inglês) são dirigidos pelos próprios donos, que gostam estar ao volante de uma lenda. Mais para o topo da linha, apenas metade dos proprietários se interessa em dirigir. Mesmo assim, o Ghost custa em torno de R$ 2,9 milhões. Um valor aproximado, pois não se sai dirigindo. “Cada Rolls é um Rolls”, dizem os executivos da marca, já que existem centenas de combinações de acabamentos, misturando materiais, cores e personalizações Na concessionária brasileira, em São Paulo, o comprador escolhe tudo numa tela de 65 polegadas em 3D para se sentir “dentro” do automóvel e aprovar seu interior. Aí,
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deixa um sinal de um terço do valor e no mínimo em seis
Um Rolls-Royce também tem o direito de ser rápido:
meses a unidade chegará. Portanto, além da disposição
a máxima é limitada a 250 km/h e de 0 a 100 km/h
para gastar R$ 3 milhões, é preciso paciência. Existe
leva apenas 4,9 s. Falta informação do consumo de
apenas um Ghost Series II ao Brasil e os outros serão
combustível... Alguém acha que o dono está preocupado
sempre por encomenda. A expectativa é vender aqui
com este pormenor?
cerca de 10 carros/ano. Mundialmente a marca bateu recorde em 2014: entregou cerca de 4.000 unidades de sete diferentes modelos.
— Extremo cuidado de acabamento se reflete em um interior com materiais muito especiais. Até o couro tem produção exclusiva —
Series II Este Ghost remodelado, lançado em outros países em 2014, recebeu retoques e alguns aperfeiçoamentos, resultado de pesquisas com os proprietários. A frente ficou mais encorpada e alta, lanternas e faróis são com LEDs e vieram ainda mais itens. Como as duas telas táteis 10 polegadas no banco de trás. Claro, as portas traseiras continuam abrindo ao contrário para facilitar a entrada. Ao lado do motorista, outra tradição: na lateral da porta aberta há um guardachuva para evitar que passageiros se molhem. No Ghost II foi incluído até sistema de telemetria por satélites (ainda em aperfeiçoamento no Brasil) que prevê o relevo da estrada à frente e já programa as marchas do câmbio automático, para que ninguém sinta os engates. O sistema de áudio também foi aperfeiçoado, contando com
1 2 3
18 alto-falantes, inclusive no teto, e a “modesta” potência de 1.300 watts. Tudo é da própria fábrica, já que não achou
4
uma marca com qualidade à altura de seus carros. Para o motorista, a tela no painel, além de dezenas de funções, traz
1. Instrumentos tradicionais escondem muita eletrônica 2. Para entrar mais facilmente na traseira, as portas abrem ao contrário 3. Um toque de requinte: relógio de ponteiros com assinatura da marca 4. Um grande sedã, que não passa despercebido nas ruas
GPS que alerta o caminho à frente com “visão noturna”, que mostra pessoas e animais por sensor de calor.
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−
— Brazilian Storm — O que é uma onda senão uma sequência de altos e baixos? Os brasileiros encaram o forte desafio e atingem a crista da onda TEXTO E FOTOS FECO HAMBURGER EDIÇÃO CLAUDIA BERKHOUT
Na contramão de quem se acostumou a surfar na internet, onde as experiências são mediadas por uma tela, os surfistas encaram o contato direto com a natureza e lidam o tempo todo com os altos e baixos: as tão procuradas ondas. Uma convivência que nem sempre é pacífica. Quando entra uma ondulação forte, o mar cresce e provoca arrepio até
— A garotada e os surfistas da antiga sabem que o mar é sempre mais forte e que o segredo está na entrega e no respeito à onda —
nos surfistas mais experientes. A garotada e os surfistas da antiga sabem que o mar é sempre mais forte. Da mesma maneira, quando o mar está sem ondas, a turma tem a paciência de quem sabe que não tem o controle. Talvez aí esteja um dos grandes baratos do surfe: o surfista sabe que o segredo está na entrega e no respeito à onda para o sucesso da empreitada. Mesmo que busque superar o seu limite, é o dele, e não o da onda. Para além das ondas gigantes de Portugal e dos tubos perfeitos de Pipeline, há sempre alguém em cada onda de nosso litoral, mais como um uma maneira de viver do que competindo por um título. Há aqueles que madrugam para descer a serra, descarregar a tensão do dia a dia e voltar pro trabalho em São Paulo ainda de manhã. Tem o grupo de amigos que
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acompanhamos para esta matéria: o Igor e o KJ, o Kevin, profissionais do freesurfe, que viajam o mundo atrás da onda perfeita. A Cláudia, que namora o Igor e divide seu tempo entre o trabalho e o mar. E o Mateus, que mora no litoral e começa a carreira de fotógrafo de surfe. Todos eles se encontram para surfar e celebrar a intensa convivência com a natureza.
— Palavras misteriosas como lip, floater, cutback e grabrail acompanham nomes cada vez mais familiares do grande público —
Gerações de todos os cantos do país foram fortalecendo progressivamente o surfe e pavimentando a estrada, ainda que líquida, para a chegada da atual safra de estrelas mundiais brasileiras. Palavras misteriosas como lip, floater e grabrail hoje acompanham nomes cada vez mais familiares do grande público: Gabriel Medina, Filipe Toledo e Adriano de Souza. Medina, de Maresias, é o atual campeão mundial da elite do surfe. Filipe Toledo, de Ubatuba, e Adriano de Souza, do Guarujá, são líder e vicelíder do campeonato mundial deste ano. Esses três surfistas, e mais tantos outros, estão na elite do surfe profissional
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e formam o que hoje a própria galera do circuito chama de Brazilian Storm. Nos campeonatos oficiais, o clima é tenso e competitivo. Mas no dia a dia vemos toda a turma, amadores, semiprofissionais e profissionais, dividindo a mesma praia, caindo na mesma água em busca tão somente de uma boa onda. E, depois, se encontram ainda nessa onda boa, pra ver o fim de tarde, bater papo e olhar o incessante movimento do mar.
— A galera usa uma tecnologia muito simples para atingir uma experiência muito poderosa de equilíbrio literal com a natureza —
Eu tentei surfar umas três vezes na minha vida. Infelizmente não tive talento para tanto. Hoje me satisfaço com um stand-up em águas tranquilas. Mas confesso que acompanho com admiração os surfistas na praia, nos vídeos ou mesmo fotografando esta matéria com a galera. Mais que a radicalidade das manobras ou o espetáculo das ondas, fico contente em ver essa turma usando uma tecnologia tão simples para atingir uma experiência tão poderosa de equilíbrio literal com a natureza. Em tempos acelerados e de cyber-espaços, eu admiro cada vez mais esse contato direto com a realidade, simples e honesto.
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Equipe: Styling Betina Bernauer e Cinthia Kiste Produção Executiva Matheus Wiggers Assistente de Fotografia Bruno Obara Agradecimentos: www.mormaiishop.com.br www.quiksilver.com.br www.ripcurl.com.br www.roxybrasil.com.br www.suunto.com
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— Compacto surpreendente — BMW 225i Active Tourer MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO POR BOB SHARP
4 cilindros 2,0 litros Gasolina 231 cv e 35,7 kgfm Automático, 8 marchas Dianteira 4,34 m 2,67 m 5 468 litros 51 litros 1.020 km 1.430 kg R$ 178.950
Quando o mundo automobilístico soube que a BMW
Não: reflexo dos novos tempos, em que se busca reduzir
preparava um modelo de tração dianteira, ficou perplexo.
consumo de combustível e as emissões de CO2. Dentro
Como seria possível, a famosa fabricante da Baviera,
dessa linha, os carros de tração dianteira são mais leves e
reconhecida mundialmente pela excelência dos seus carros
portanto eficientes que os de motor dianteiro e tração nas
de tração traseira, de comportamento dinâmico exemplar
rodas de trás. Sem contar o ganho de espaço interno.
desde 1962 (quando estreou o sedã 1600) e que evoluiu ao
Mas a BMW já avisava que a maioria dos clientes
longo de mais de meio século, com uma linha ampliada de
tradicionais da marca sequer saberia que o eixo motriz
sedãs, cupês, station wagons, SUVs e esportivos, lançar
havia mudado de lugar, ou seja, passado da traseira para a
agora um carro de tração dianteira?
dianteira. Isso não foi por acaso. Primeiro, a BMW é dona
Pois aconteceu, e foi durante o Salão de Genebra do ano
da fabricante do pequeno carro inglês Mini desde 1994, e
passado, quando milhares de visitantes se postaram diante
assim adquiriu todo o conhecimento sobre tração dianteira.
do estande da marca alemã para ver o Série 2 Active Tourer.
Segundo, o próprio desenvolvimento tecnológico levou
A fábrica o considera um monovolume, mas tem ares mais
a um nível de perfeição inimaginável 20 ou 30 anos atrás.
de um crossover.
Só mesmo piloto ou motorista muito experiente identifica
Traição aos seus princípios tão defendidos por décadas,
onde está a tração.
inclusive de divisão exata de 50% do peso total em cada eixo?
O BMW Active Tourer é oferecido com motores de três
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— A tração mudou de lugar, foi da traseira para a dianteira, mas no resto o BMW 225i Active Tourer é mais um digno representante da fabricante da Baviera —
e quatro cilindros, de nova geração, todos turbos com injeção direta e, pela primeira vez na marca, em instalação transversal. A versão importada para o Brasil é unicamente a 225i, um 4-cilindros de 231 cv de 4.750 a 6.000 rpm com torque de 35,7 kgfm, que dão ao modelo uma aceleração notável, como a 0-100 km/h em 6,8 s, e velocidade máxima convincente, 235 km/h. O motor, como os demais, é estado da arte em consumo e emissões, e conta com duas árvores contrarrotativas de balanceamento. O câmbio é automático ZF de oito marchas. Custa R$ 178.950. A oferta de motores na linha na Série 2 Active Tourer impressiona: além desse 225i, há o 3-cilindros/1,5 litro/136 cv (218i) e o 4-cilindros/2 litros/192 cv (200i), todos a gasolina, e quatro versões a diesel: 214d (3 cilindros/1,5 litro/95 cv), 216d (3 cilindros/116 cv), 218d (4 cilindros/2 litros/150 cv) e 220d (quatro cilindros/2 litros/190 cv). A boa aerodinâmica, com coeficiente de forma (Cx) de apenas 0,26, contribui em boa parte para o desempenho do modelo. As versões 225i e 220d podem ser dotadas de tração integral xDrive. As dimensões do Active Tourer são compactas, mas o comprimento de 4,34 m com altura de 1,55 m mostram um interior naturalmente espaçoso. O grande entre-eixos de 2,67 m assegura bom espaço para os passageiros do banco
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traseiro. O porta-malas acomoda convenientes 468 litros até o nível da cobertura e pode chegar a 1.510 litros com os
1. O fato mais notável do BMW 225i Active Tourer foi terem sido mantidas as conhecidas características dinâmicas da marca 2. O interior do novo BMW parece ter sido concebido para acarinhar seus ocupantes 3. Entretenimento até para quem vai atrás 4. Rodas nas extremidades e balanços bem curtos contribuem para a agilidade
bancos totalmente rebatidos. Vários controles eletrônicos melhoraram a segurança ativa. A excelência de processos produtivos torna o novo Active Tourer um concorrente de grande peso nessa categoria.
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— Um Classe C com DNA das pistas —
Mercedes AMG C 63 S MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO POR LEONARDO FÉLIX
V-8 biturbo, 4 litros Gasolina 510 cv e 71,4 kgfm Automático, 7 marchas Traseira 4,75 m 2,84 m 5 480 litros 66 litros 805 km 1.715 kg US$ 209.900
A manhã era de frio ameno, típico do fim de inverno no sul europeu. Em um salão improvisado na saída do aeroporto de Faro, em Portugal, uma fila de veículos aguardava, silenciosa, até a chegada de um grupo de jornalistas que iriam, após ansiada espera, experimentá-los. Não eram quaisquer carros: tratavam-se de unidades da nova geração do Mercedes-AMG C 63, vertente furiosa da família Classe C. Havia duas grandes expectativas acerca do lançamento. Primeiro, descobrir se a troca do lendário motor V-8 naturalmente aspirado de 6,2 litros por outro V-8, só que biturbo de 4 litros, com turbocompressores localizados no meio do bloco, provocaria alguma mudança na “alma” do esportivo. Segundo, conferir que tipo de emoções a inédita versão S poderia proporcionar. Ao acionar a partida por botão do C 63 S e pisar no acelerador, os ouvidos captaram a primeira boa notícia: o “veoitão” turbo pode até ser menor e mais “ecologicamente correto” que o antecessor, mas não deixa de urrar de forma imponente. É um ruído rouco, intercalado por estalos, fruto de um excelente trabalho na modulação do sistema de escape. O objetivo inicial seria conduzir o C 63 S em um trajeto
160
— O “veoitão” turbo de 4 litros libera um ruído rouco, intercalado pelos estampidos propositais no escapamento —
de mais de 150 km, passando por rodovias, estradas mais acanhadas e trechos urbanos, de Faro até o autódromo do Algarve, em Portimão. Ali, o Mercedes-AMG (caiu o nome Benz, nesse caso, a fim de salientar a participação dessa divisão da Daimler na preparação da versão) mostrou que nem as cidades nem mesmo as autoestradas estão à sua altura. Os 510 cv de potência (entre 5.500 e 6.250 rpm) e, principalmente, os incríveis 71,4 kgfm de torque (de 1.750 a 4.500 giros) gerados pelo V-8 – igual ao do MercedesAMG GT, com a diferença de ter cárter umedecido, já que possui um cofre maior –, sobram em qualquer situação de uso “civil”. Sim, a rigidez de torção impressiona nas curvas fechadas, mas o conjunto de suspensões, quase inteiramente modificado pela AMG (do Classe C comum só sobraram algumas partes), é duro demais – independentemente de o condutor eleger qualquer um dos três modos de regulagem
1 2
disponíveis. Rodões de 19 polegadas, com pneus de perfil
3
muito baixo, contribuem para a sensação de dureza extrema, 1. As grandes pinças de freios pintadas em vermelho dão o tom da AMG 2. Grade frontal exclusiva tem barra horizontal única e insígnia da AMG 3. Letra “S” na assinatura da versão indica: este aqui é o Classe C de 510 cv
mesmo em pavimentação de pouquíssimas ondulações. Fora isso, há o fato de que o barulho exagerado do motor
161
nem sempre soará como sinfonia: ao passar por vilarejos pacatos no meio do caminho, os estalos ecoavam a ponto de assustar alguns moradores. No entanto, a fábrica com certeza não ultrapassou os limites de homologação de ruído de passagem. Chegando ao Algarve, descobrimos que o C 63 S estava, enfim, em seu habitat. É instrumento perfeito para quem quer começar a “brincar” de ser piloto. Dentro do circuito fechado, tudo aquilo que incomoda ao conduzi-lo em uma rua comum se transforma em pontos positivos: dureza da suspensão, perfil baixo e largura dos pneus, força do motor, tração traseira... Tudo converge para viver com o C 63 S uma experiência única. Não fosse a ajuda constante das assistências eletrônicas, tais quais controles de estabilidade e tração, os 71,4 kgfm de torque tornam-se um desafio e poucos atrás do volante poderiam domá-los. É o caso de quem quiser minimizar a ação das “babás”, ao optar pelo modo “Race”. Desligálas totalmente só se recomenda para quem tem muita experiência e controle sobre as reações do carro. Acredite: ao fazer isso, a traseira quer desgarrar a cada saída de curva.
162
A transmissão Speeddhift MCT, de sete marchas, que substitui o conversor de torque por um moderno sistema de
duas
embreagens
controladas
eletronicamente,
cumpre seu papel de forma digna, embora às vezes pareça meio “perdida” em meio a tanta força disponível para administrar. Já os freios, com discos ventilados e perfurados de carbono-cerâmica, estão totalmente condizentes com a proposta do modelo. Quando se estaciona o três-volumes e, enfim, há tempo para descer e respirar, fica mais fácil esquecer o desempenho e analisar visual e acabamentos. É aí que, apesar de todo o trabalho da AMG, o C 63 S deixa transparecer que se trata de um.... Classe C. Por fora, apenas alguns detalhes estéticos separam a opção furiosa da família de um C 180, o sedã mais humilde de tração traseira da marca. Um deles é a faixa horizontal única ligada à insígnia da estrela de três pontas na grade frontal (que inclui um discreto emblema da divisão de desempenho AMG). Há ainda rodas de liga de alumínio com desenho exclusivo, diâmetro maior (19 polegadas) e pneus de perfil bem esportivo (245/35). Saias nas laterais e para-choques, além de elementos em compósito de fibra de carbono nas capas dos retrovisores, defletor traseiro e tomadas de ar – estas maiores que as das versões convencionais –, são outros elementos que separam
— Por dentro, o C 63 S procura se diferenciar do Classe C original com acabamentos e apliques na cor vermelha —
a linha C 63 dos irmãos “civilizados”. Conta ainda com um difusor na para inferior do para-choque traseiro, englobando as duas generosas saídas duplas de escapamento. Por dentro, o C 63 S faz lembrar ainda mais o Classe C original. Apenas o uso de revestimento em couro microperfurado com faixa central vermelha nos bancos, de costuras pespontadas no painel, portas, assentos e volante, e da enorme peça de plástico emulando fibra de carbono no console central tiram um pouco dessa sensação. Saídas de ar, volante pequeno com base achatada e traços do painel são idênticos aos de qualquer outro Classe C. A posição de dirigir também não é lá tão esportiva: os bancos dianteiros ficam sempre mais altos do que a proposta do modelo poderia sugerir.
1 3 2 4
Lançado recentemente na Europa, o novo Mercedes C 63 S chegará ao Brasil no segundo semestre deste ano. Para quem gosta e tem condições de guiar de vez em quando em
1. No console central, peça plástica emula compósito de fibra de carbono 2. Receita de esportivo genuíno: rodas, discos e pinças generosos 3. Relógio analógico no console central dá charme ao sedã 4. Costura pespontada, alumínio, borracha e couro: requinte nas portas
circuitos fechados, será um ótimo investimento: garantia de diversão pura. 163
−
— Um passo além do RAV4 —
Lexus NX200t MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO POR JOSIAS SILVEIRA
2.0 4 cilindros turbo Gasolina 238 cv e 35,7 kgfm Automático, seis marchas 4X4 on demand 4.630 mm 2.660 mm 5 580 litros 60 litros 552 km 1.850 kg R$ 216.300 e R$ 236.900
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Fácil perceber que os SUVs se tornaram moda, principalmente por aqui. Enquanto a categoria cresce 7% mundialmente, no Brasil o aumento foi de 16% no ano passado. Em 2015, com tantas novidades, o segmento vai crescer ainda mais. Por isso, também a Toyota resolveu dar sua mordidinha nesse segmento de alto luxo e lançou seu Lexus NX200t, um SUV com motor 2.0 turbo de 238 cv, cheio de equipamentos e desempenho, graças a recursos mecânicos e eletrônicos. Espera aí, Toyota ou Lexus? Como outros fabricantes, o gigante japonês, líder mundial em venda de automóveis e comerciais leves, opera com diversas marcas. Começa pela Daihatsu, passa pela própria Toyota e chega ao luxo com o Lexus. Há ainda mais uma marca, a Scion, mais voltada para a garotada nos Estados Unidos, com carros simples bem ao gosto dos estudantes. Alguns Daihatsu apareceram no Brasil na década de 1990, mas não foi uma operação da Toyota. Também são modelos mais simples, e essa marca opera em apenas alguns países. Em resumo, se Daihatsu é “Toyota de pobre”, o Lexus é “Toyota de rico”. E o novo NX200t, SUV mais Sport do que Utilitário, é definido pela marca como “Premium Urban Sports Gear”, ou seja, modelo mais voltado para asfalto e fora de estrada leve e ocasional. Feito para brilhar os olhos dos atuais donos de RAV4 (e até Corolla) topo de linha, visa ao mesmo público do Land Rover Evoque. Com o NX, a Lexus pretende quintuplicar suas vendas no Brasil, passando de 240 veículos vendidos em 2014 para 1.200 em 2015, e para isso amplia sua rede de oito para 15
— Marca de luxo da Toyota, a Lexus surgiu para concorrer com os alemães em especial. A marca quer crescer também no Brasil —
revendas. A Lexus tem uma operação ainda recente por aqui, atuando só desde 2012. Esportivo 4x4 Sua tração 4x4 é do tipo sob demanda (não permanente), o que ajuda em estradas de terra e garante segurança em curvas no asfalto. Normalmente atua só nas rodas dianteiras (também por economia de combustível), só que, quando necessário, traciona também as traseiras. Tudo isso é comandado eletronicamente, inclusive coordenando
1 2 3
com o câmbio automático de seis marchas. Mais que a potência, o torque em regime de rotações plano (35,7 kgfm entre 1.650 e 5.600 rpm) do motor quatro-cilindros
1. No painel já se percebe toda a eletrônica de um SUV premium 2. Volante multifunção e instrumentos com os tradicionais ponteiros 3. No console também se seleciona a forma de dirigir, do ecológico ao esportivo
turbo permite ótima aceleração em qualquer rotação, praticamente desde a marcha lenta.
169
A fábrica, além do cabeçote de duplo comando de válvulas
áudio, TV digital e conexão por Bluetooth.
e injeção direta, optou por combinar o tradicional ciclo
Esse pacote de tecnologia inclui iluminação nos conjuntos
Otto com de Atkinson, uma forma de se ter maior eficiência
óticos com 78 LEDs, nivelamento automático dos faróis
energética. Tradução da história: melhor uso do combustível
e iluminação lateral em curvas. Claro que também
resultando em mais economia e menor poluição. Dessa
desapareceu a velha alavanca do freio de estacionamento,
forma, a Toyota reserva para a Lexus as soluções mecânicas
substituída por tecla de comando elétrico.
mais sofisticadas. É possível selecionar a escala de
Todo esse cuidado se estendeu inclusive para a
rendimento do NX, escolhendo entre Eco, Normal e Sport.
aerodinâmica, com um Cx de 0,33, muito bom para um
Segundo o fabricante, o consumo de gasolina alcança média
SUV médio-compacto de 4,63 m de comprimento e
combinada (cidade/estrada) de 9,2 km/litro.
1,64 m de altura. Contribuem também para a aerodinâmica
Com tudo isso, o NX200t justifica seu visual diferente e
o spoiler dianteiro e defletores de ar.
até ousado, acelerando de 0 a 100 km/h em 7,2 s e chegando
O NX200t começa em R$ 216.300, mas há a opção do pacote
aos 200 km/h.
F-Sport, por R$ 236.900, que inclui bancos especiais em
No aspecto de conforto e interatividade, combina várias
vermelho e preto, teto panorâmico e head-up display, que
funções em tela de 7 polegadas no centro do painel para
projeta informações (velocidade, GPS etc) no para-brisa,
informações do computador de bordo, GPS, sistema de
para o motorista não tirar os olhos da estrada. 170
−
— Visual futurista e anguloso compõe um SUV mais esportivo do que utilitário, com o ótimo coeficiente aerodinâmico de apenas 0,33 —
1 2 1. Linhas são ousadas para se diferenciar também dos Toyotas 2. Lanternas em LEDs fecham o desenho arrojado da traseira do NX200t
171
— Almas gêmeas alemãs —
Volkswagen Touareg V-8 R-Line MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO POR BOB SHARP
V-8 3,6 litros Gasolina 360 cv e 45,4 kgfm Automático, 8 marchas Nas 4 rodas permanente 4,80 m 2,89 m 5 580 litros 100 litros 1.050 km 2.075 kg R$ 298.800
Ambos foram lançados na Europa em 2002 e compartilham
o já existente, da Audi. Na verdade, o Porsche V-8 estava
a mesma carroceria monobloco e trem rolante básico.
reservado também para o sedã-cupê Panamera, que só
Volkswagen Touareg, na realidade, é alma gêmea do
seria lançado sete anos depois. Hoje as quatro marcas
Porsche Cayenne, e estão na segunda geração. A Porsche
citadas integram a holding Porsche SE.
conduziu o projeto original e pela primeira vez um
A diferença entre Touareg e Cayenne é basicamente
fabricante de carro esporte produzia um verdadeiro SUV
desempenho, pois os Porsches dispõem de motores mais
(em 1986, a Lamborghini fez o utilitário abrutalhado
potentes. Mas ambos impressionam quando partem,
LM002, que não deu certo). O Cayenne recebeu motor V-8
passam e chegam. No SUV da VW há duas motorizações a
inteiramente novo, quando na época poderia aproveitar
gasolina: V-6 de 3,6 litros, 280 cv e 37 kgfm; e V-8 (origem 174
— Se há característica que encanta no VW Touareg, é sua natural e pura elegância, a par de grande eficiência e segurança — 1 1. No Touareg, o cliente pode escolher entre motores V-6 e V-8, ambos suaves e competentes
de carga e possibilitam variar a altura de rodagem desde a de embarque/desembarque, bem baixa, a mais três cm que o padrão para enfrentar terrenos difíceis. Ao atingir 100 km/h a carroceria baixa dois cm para maior estabilidade e menor arrasto aerodinâmico. O V-6 vem com pneus 265/50 R19 W e o V-8, com 275/45 R20 W, mas no uso tudo fica praticamente igual, a menos que se vá andar em velocidades realmente muito altas. A direção tem assistência eletro-hidráulica e é leve em manobras, com peso certo na estrada. São apenas 2,6 voltas entre batentes. Sobra espaço interno no Touareg. Três pessoas se acomodam muito bem no banco traseiro. A bagagem de todos cabe no grande porta-malas de 580 litros. Com 4,8 m de comprimento e distância entre eixos de 2,89 m, o Touareg é pesado, 2.023 kg o V-6 e 2.075 kg, o V-8. Porém aceleram rápido, 0-100 km/h em 7,8/6,5 s, na ordem, e alcançam 228 e 245 km/h de velocidade máxima. Não são Porsche Cayenne, mas andam muito bem. Consumo de combustível, em princípio, não constitui preocupação num veículo desse porte e categoria, mas em uso rodoviário normal consegue-se de 10 a 10,5 km/litro no V-8, e algo mais no V-6, 11 a 11,5 km/l (computador de Audi) de 4,2 litros, 360 cv e 45,4 kgfm, ambas de injeção
bordo). Não houve percurso de cidade na apresentação à
direta e combinados com câmbio automático de oito
imprensa, mas números de consumo na camarada norma
marchas Aisin, de origem japonesa. A tração 4Motion é
europeia NEDC indicam 7 km/l e 7,5 km/l, V-8 e V-6. Aqui,
permanente nas quatro rodas. A suspensão independente
lamentavelmente, a fábrica não forneceu os números de
nas quatro rodas por triângulos superpostos e os freios a
consumo oficiais. O tanque tem nada menos que 100 litros.
disco ventilado nas quatro rodas conferem rodar previsível e seguro, apesar de 1,71 m de altura.
Eletrônica que ajuda o motorista
O V-8 R-Line é dotado de molas pneumáticas que
O
garantem carroceria nivelada com qualquer configuração
multicolisão evita que numa batida contra uma defensa 175
Touareg
esbanja
recursos
eletrônicos.
O
freio
metálica o veículo continue em movimento sem controle,
o ar-condicionado automático em duas zonas frontais e
uma situação perigosa. Há proteção proativa dos
navegador. O preço, como não poderia deixar de acontecer,
passageiros, ativada na iminência de uma colisão que leva
é mais atraente do que o “primo rico” de Stuttgart. O V-6
os cintos de segurança dianteiros a se pré-tensionarem. Se
custa R$ 248.800 e o V-8 R-Line, R$ 298.800. Outra
uma situação crítica se revelar, as janelas e o teto solar são
vantagem do SUV da VW é contar com uma rede de
fechados. Há um programa de condução fora-de-estrada
assistência técnica bem maior.
em dois estágios que configura o freio ABS, o bloqueio eletrônico do diferencial traseiro e o controle de tração,
— Tem cara de bom de briga, mas seu forte é transportar pessoas com espaço, conforto e segurança —
além de ativar o assistente de partida em subida e os pontos de troca de marcha do câmbio. Outro recurso tecnológico, com ajuda de câmeras, permite observar todos os lados do veículo como se visto de cima, bastante útil em manobras. Opcionalmente o controle de velocidade de cruzeiro adaptativo mantém automaticamente a distância do veículo à frente, parando o carro, se necessário. O assistente frontal ajuda a evitar
1
colisões por meio de preparação para atuação enérgica dos freios encostando as pastilhas nos discos. De série, o alerta
2
1. A leitura do estilo frontal não deixa dúvidas de que se trata de um Volkswagen, nem precisaria do emblema 2. Capricho e cuidado saltam à vista no interior deste SUV, dono de um requinte ímpar
de veículos se aproximando pelos lados. Entre itens de conforto e comodidade no Touareg estão
176
177
— TOP Questões de Direito — O valor da punição — Código de Trânsito Brasileiro prevê a destinação dos valores arrecadados com a aplicação das multas. Mas ninguém cumpre — por Gino Brasil As temidas e indesejadas multas já são parte do nosso
Somente esse valor bastante alto, administrado e gerido
cotidiano, e fica cada vez mais difícil encontrar um
como deveria, parece ser mais do que suficiente para que os
motorista que não tenha sido autuado pelas autoridades de
índices de segurança melhorassem drasticamente. Como
trânsito. A arrecadação, que já é alta, aumenta ano a ano e,
corolário, a educação e formação de nossos motoristas
independentemente da razão que leve a isso, o importante
deveriam alcançar patamares exemplares, tornando nosso
é conhecermos a destinação desses valores para que sua
trânsito algo de que poderíamos nos orgulhar.
aplicação seja conforme previsto em lei.
Infelizmente, autoridades do Poder Executivo continuam
O Código de Trânsito Brasileiro prevê em seu artigo 320
com a mesma política de ignorar a boa gestão dos recursos
que a receita proveniente da cobrança de multas de trânsito
para se preocuparem apenas com a arrecadação. Todo o
será aplicada exclusivamente em sinalização, engenharia
dinheiro das multas entra em um caixa único, e destinações
de tráfego e de campo, policiamento e fiscalização. Mas não
previstas em lei são desrespeitadas. Deixam de lado a
somente nisso. A educação, em conjunto com a segurança
obrigação de fazer retornar os benefícios desses recursos
no trânsito, recebe tratamento específico com a garantia
à sociedade por meio de ações que aprimorem educação e
de aplicação de 5% do valor total arrecadado destinado
segurança no trânsito.
exclusivamente a esse fim. O fato de a arrecadação vir numa curva ascendente nos
Gino Brasil é advogado e tem os carros entre suas paixões
últimos anos não é surpresa para ninguém. Somente no município de São Paulo, as multas geraram quase R$ 900 milhões em 2014, alta de 5,6% em relação a 2013. A surpresa fica, como sempre, na gestão e utilização do dinheiro. Assim, além do montante que deve ser aplicado nas hipóteses citadas acima, ao olharmos para o que representa os 5% da arrecadação nacional de multas, considerando que somente São Paulo contribuiu para esse fundo com aproximadamente R$ 45 milhões, fica difícil crer que a destinação dos altos valores que entram nos cofres públicos está tendo a destinação prevista em lei.
180
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— Invasão na porta de entrada — Todos procuram ser a alternativa que o consumidor tanto aguardava POR FERNANDO CALMON
A verdadeira onda de SUVs compactos e crossovers –
certeza estão entre os que deverão ceder espaço.
quatro modelos novos em apenas um mês, no mesmo
TOP Carros avaliou Honda HR-V, Jeep Renegade,
segmento, nunca se viu antes – certamente terá
Peugeot 2008 e Suzuki S-Cross, na faixa de R$ 70.000
impacto em outras divisões do mercado brasileiro.
a 115.000 (ou mais), de portes semelhantes. Além do
Inclusive na porta de entrada para os modelos de
Subaru Forester XT e de um “intruso” chinês, JAC T6,
alta gama. Sedãs, stations e monovolumes com
um novo SUV médio a preço de compacto. Aprecie.
— HR-V acerta o alvo —
Honda HR-V 1.8 ELX MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO POR JOSIAS SILVEIRA
4 cilindros flex, 1,8 litro Etanol e gasolina 140 cv e 17,4 kgfm Automático CVT Dianteira 4,29 m 2,6 m 5 437 litros 51 litros 660 km 1.271 kg R$ 90.700
— Já no segundo mês, o Honda HR-V vendeu praticamente a soma de seus dois concorrentes, antes líderes do mercado entre os SUVs —
Quando o HR-V foi lançado, em março último, pretendia concorrer com o Ford EcoSport e o Renault Duster, SUVs compactos líderes da categoria. Ele nem concorreu: conseguiu ultrapassar os dois, vendendo cerca de 5 mil unidades já no segundo mês, praticamente a soma dos rivais. Independentemente de qualidade técnicas ou estéticas, revelou-se um sucesso em meio à crise geral da indústria de veículos em 2015. Enquanto o mercado caía mais de 20% até maio, a Honda cresceu 17% no mesmo período, graças ao HR-V. Mais crossover (mistura de estilos, com toques de minivan) do que SUV, acertou em cheio a preferência do consumidor. O visual samurai atraente, parrudo (com grandes pneus de aro 17) e mecânica confiável passam doses certas de luxo,
1 2 3 4
conforto e até ecologia. Agrada a quem faz escolhas racionais ou emocionais, dando ainda boa pitada de status, além de ser um modelo alto e
1. Visual samurai com grandes rodas deixa o HR-V encorpado e agressivo. 2. Rodas de aro 17 completam o Crossover / SUV 3. Tela central permite pareamento com celular 4. Cor do velocímetro mostra economia de combustível
“na moda”. Mostra competência como veículo multiuso, encarando buracos. Há ótimo espaço interno (para seus 4,3 m de comprimento) e sustenta boa velocidade de cruzeiro com economia de combustível. Porém, nada de aventuras
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por caminhos ruins e enlameados. Modelo internacional da Honda, em cada mercado recebe acertos. No Brasil, há pequenas diferenças estéticas e de acabamento. Adotou o motor flex de quatro cilindros 1.8 i-VTEC, o mesmo do Civic. Curiosamente, tem maior potência com gasolina (140 cv) e perde um “cavalinho” (139 cv) quando usa etanol. Algo desabonador frente à maioria dos motores flex. Segundo o fabricante, o HR-V exigiu calibração específica para conseguir categoria A do Inmetro, quanto ao consumo de ambos os combustíveis. Consegue manter médias acima de 10 km/l de gasolina, na cidade, com trânsito mais livre. Na estrada, acima de 13 km/l. Apesar de agradável de dirigir, não passa grandes emoções, já que o câmbio CVT, continuamente variável, é bastante eficiente, porém limita as reações do motor, deixando-o um pouco anestesiado em arrancadas ou retomadas. Para amenizar há o recurso das trocas de sete marchas virtuais no modo S. De 0 a 100 km/h leva razoáveis 11 s e alcança 175 km/h de máxima, segundo a fábrica. Freio de estacionamento elétrico automático de série é muito conveniente: mantém o veículo parado em subidas e descidas, além de evitar o creeping (avanço lento) na posição D ou R do câmbio. Se precisar manobrar, quando o creeping pode ajudar, basta apertar a tecla e retirar a função automática. No geral permite longas jornadas sem cansaço. Os bancos dianteiros deixam o motorista em posição elevada, para se sentir “acima do trânsito”, o que as mulheres adoram. Mas dirigir o HR-V deixa um pouco de sensação de “dançar com a irmã” para quem gosta de emoções e esportividade. Com tecnologia para garantir segurança em curvas e frenagens (discos nas quatro rodas e controle de estabilidade), consegue ótimo aproveitamento de espaço interno e conforto para todos os ocupantes, além do grande porta-malas de 437 litros. Os bancos permitem dezenas de configurações para levar muita tralha. No modelo de topo, EXL, a tela central tátil de 7 polegadas traz inclusive GPS integrado às informações de trânsito das principais capitais. Ar-condicionado digital (sem duas zonas independentes), indicador de consumo (com mudança de cor do aro do velocímetro) e outros recursos garantem modernidade ao HR-V. Prova de que a Honda conseguiu lançar um carro à prova de crises econômicas. 185
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— O Jeep para todos —
Jeep Renegade 2.0 MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO
4 cilindros, 2 litros turbo Diesel 170 cv e 35,7 kgfm automático, 9 marchas (1ª super-reduzida) 4x4 sob demanda 4,29 m 2,57 m 5 260 litros 60 litros 954 km 1.674 kg R$ 99.900 a R$ 116.800
Jeep Renegade 1.8 MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO POR RICARDO PANESSA
4 cilindros flex, 1,75 litro Etanol/Gasolina 132 cv (E)/130 cv (G) e 19,1 kgfm (E) / 18,6 kgfm (G) Manual, 5 marchas e automático, 6 marchas Dianteira 4,29 m 2,57 m 5 260 litros 60 litros 702 km (manual) 1.393 kg R$ 69.900 a R$ 80.900
Projeto de fôlego, o Renegade chegou ao Brasil dentro
82% (15,6 kgfm) já a partir de 1.500 rpm. Ainda assim seu
da estratégia de aumentar as vendas mundiais da
desempenho não é muito empolgante, considerando o peso
Jeep. Fabricado pela Fiat Chrysler Automotive (FCA)
alto: 1.439 kg. Segundo a fábrica, com essa motorização,
exclusivamente em Goiana (PE) e Melfi, na Itália, o irmão
o Renegade pode acelerar de 0 a 100 km/h em turísticos
caçula da família foi construído para rodar em estradas do
12,6 s (câmbio automático) ou 10,8 s, com o manual.
mundo inteiro. E também fora delas.
As respostas ao acelerador são bem melhores quando se
O modelo original, inspirado no velho herói da Segunda
apela à alavanca convencional, aliás, fácil de manusear.
Guerra Mundial, já escarafunchou os rincões brasileiros
Mas o desempenho cai nitidamente com o câmbio
anteriormente. Fabricado aqui de 1957 a 1982, primeiro
automático, pois fica ainda mais difícil assumir um peso
como Willys e depois como Ford, o Jeep literalmente
em ordem de marcha tão elevado. O vão livre do solo de
conquistou territórios. O Renegade, agora produzido em
21,2 cm, praticamente o mesmo da maioria dos SUVs dessa
Pernambuco, também tem a mesma aspiração – conquistar
categoria, é suficiente para trafegar por estradinhas de
territórios –, só que de forma mais abrangente.
terra sem preocupações. E também no dia a dia na cidade e
Lançado inicialmente em três versões de acabamento
fins de semana no campo, montanha ou praia.
(Sport, Longitude e Trailhawk), dois motores (1.8 flex
Afinal, o design quadradinho e a característica grade
e 2.0 diesel), três câmbios (manual de cinco marchas e
dianteira de sete fendas, típicos dos modelos 1942 “velhos
automáticos de seis ou nove marchas) e dois tipos de tração
de guerra”, por si só garantem ao usuário: “Você está a bordo
(4x2 ou 4x4 com bloqueio do diferencial e primeira marcha
de um Jeep... Não importa o que vá fazer com ele”.
reduzida), o Jeep mais acessível foi projetado para agradar uma ampla gama de consumidores em momento de grande
Jeep de verdade
oferta de SUVs compactos.
O Renegade 2.0 diesel 4x4 mostra bem a que veio. O motor
Pela pouca inclinação do para-brisa, altura total e traços
Fiat Multijet italiano tem turbocompressor com turbina
marcantes não se confunde com outros crossovers do
de geometria variável, 16 válvulas e duplo comando no
segmento tão em moda. Para usuários mais comportados,
cabeçote entrega 170 cv a 3.750 rpm e 35,7 kgfm, a 1.750
que preferem um SUV somente para ir ao trabalho,
rpm. A FCA indica ser capaz de acelerar de 0 a 100 km/h
levar crianças à escola e aproveitar fins de semana no
em 9,9 s, marca muito boa considerando seus 1.674 kg.
sítio trafegando apenas por lugares pavimentados e
A caixa de câmbio automática de nove marchas completa
fáceis de chegar, a Jeep oferece o Renegade com motor
o conjunto mecânico.
1.8 flex, câmbio manual ou automático e tração exclusivamente 4x2, na dianteira.
— São três versões de acabamento, dois motores (flex e diesel) e três câmbios (manual de cinco marchas e automáticos de seis ou nove) —
Os fãs do modelo original, cuja principal característica é a tração 4x4, torceram o nariz. Mas, depois de rodar com ambas as versões de entrada, a Sport 1.8 com câmbio manual de cinco marchas e automático de seis, ambas pacatas e urbanas, fica-se com ótima impressão que um SUV compacto de tração dianteira pode causar. Na verdade, no quesito mecânica, o Renegade 1.8 parece – mas não é – um autêntico Jeep. Mas, sem dúvida, conforto de rodagem é a palavra-chave. Não toma conhecimento da maioria dos buracos e obstáculos como lombadas e valetas. O motor 1,8 litros (na realidade 1,75 litros) 16V E.torQ Evo é
1
basicamente o mesmo utilizado pela Fiat em alguns de seus modelos, só que revitalizado. Produz 132 cv de potência
1. Versão topo de linha Trailhawk é a síntese da marca Jeep: tração 4x4, bloqueio de diferencial e primeiro de força... para chegar a qualquer lugar
(etanol, a 5.250 rpm) e 19,1 kgfm de torque a 3.750 rpm, com
188
189
— Versões mais comportadas, com motor 1.8 flex 4x2, mantêm aura aventureira, mas desempenho modesto —
A tração integral, exclusiva das versões com motorização 2 litros, faz também grande diferença. A tecnologia 4x4 herdada da nova geração do Jeep Cherokee torna o sistema mais avançado e “inteligente” do segmento. Atuando sob demanda, tem repartição de torque variável: pode enviar até 100% da tração para as rodas dianteiras ou dividir em até 40% com as rodas traseiras, de maneira automática e imperceptível. Não existe caixa redutora (como está regulamentado para motores diesel em veículos com capacidade de carga inferior a uma tonelada), mas a primeira marcha super-reduzida faz emulação. Em condições normais, o Renegade arranca em segunda marcha. O recurso inclui o controle de tração Selec-Terrain, que conecta até cinco modos de operação – Auto (automático), Snow (neve), Sand/Mud (areia/lama) e o exclusivo Rock (pedra), disponível apenas na versão Trailhawk –, além de bloqueio do diferencial traseiro. Recursos para serem utilizados em condições de off-road mais radicais nas quais o Renegade de destaca, de longe, dos outros concorrentes em suas versões 4x4.
190
Suspensões e acabamento Em termos dinâmicos, o grande mérito, em todas as versões, fica para o desempenho das suspensões, dianteira e traseira independentes, do tipo MacPherson, com molas helicoidais na frente e atrás. Firmes sem serem duras e macias sem serem moles, atuam em conjunto com a direção eletro assistida e proporcionam agradável sensação de conduzir, com poucas respostas das irregularidades do piso, muita precisão ao volante e impressionante capacidade de absorver impactos de obstáculos maiores. O interior, em qualquer versão, também merece destaque. Além de bem-desenhado, possui excelente acabamento e superfícies macias agradáveis ao toque que representam custo maior. Batizada de “Tek-Tonic”, a linguagem estilística da cabine mistura formas sutis com detalhes mais rústicos e funcionais, como o porta-objetos debaixo do assento do passageiro e o assoalho 2 em 1 no piso do porta-malas. Segundo a empresa de mídia americana WardsAuto, após analisar os interiores de 42 modelos de vários segmentos, a cabine do Renegade está entre as dez melhores do mundo. O espaço para bagagem, porém, de apenas 260 l é muito pequeno. O conjunto dessas características e o alto nível de tecnologia empregada, aliados aos recursos de segurança e conforto,
1
tornam o Jeep Renegade um veículo único. Apesar de ser o primeiro modelo a oferecer a opção diesel por menos de
23
4
R$ 100.000 (pode chegar a R$ 140.000 com todo o grande 1. Design quadradinho e grade dianteira de sete fendas caracterizam o modelo 2. Detalhe em X na lanterna traseira remete aos latões de gasolina dos Jeep “velhos de guerra” 3. Quadro de instrumentos é completo e tem boa leitura 4. Console central acomoda tela com sistema multimídia, controles do ar-condicionado e das opções de tração
leque de opcionais, inclusive acessórios Mopar), também devemos considerar que a diferença de preço para o motor flex e tração 4x2 exige tempo e quilometragem rodada excessivos para amortizar o investimento inicial.
− 191
— Na medida certa —
Peugeot 2008 Griffe MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO POR BOB SHARP
4 cilindros 1,6 litro Gasolina 173 cv e 24,5 kgfm Manual, 6 marchas Dianteira 4,16 m 2,54 m 5 355 litros 55 litros 660 km (etanol) 1.231 kg R$ 80.180
— Nem hatchback, nem SUV, o Peugeot 2008 está na medida certa. Sem sobra de tamanho mas com sobra de espaço interno —
O 2008 representa entrada da Peugeot numa nova arena, a dos crossovers e SUVs compactos. Chegou em abril último, dois anos depois de estrear no Salão de Genebra. Deriva diretamente do hatch 208 e se pode considerar como uma versão encorpada deste, ou seja, crossover legítimo. Já à primeira vista percebe-se não ser tão grande quanto os concorrentes, e isso agrada quando se pensa em uso urbano. As duas versões, Allure e Griffe, têm motor 1,6 litro, mas bem diferentes em desempenho. No Allure é o EC5M flex de 115/122 cv (gasolina/etanol) do 208, com sistema de partida a frio sem auxílio de gasolina. Oferece câmbio manual de cinco marchas ou automático de apenas quatro, com borboletas no volante. Já o Griffe dispõe do 1,6 THP turboflex e injeção direta de 165/173 cv (gasolina/etanol), porém pelo elevado torque do motor
1
2
não pode ter o automático do Allure. Então o câmbio é apenas manual de seis marchas, mas já no começo de
1. A Peugeot aplicou o melhor de seu estilo no 2008, que salta aos olhos de qualquer ângulo que seja visto 2. O teto panorâmico dá um toque especial ao 2008, tem 0,6 m² de área e cortina de acionamento elétrico
2016 ambos receberão o novo automático da Aisin de seis marchas, segundo fonte segura.
194
O Peugeot 2008 é interessante para quem deseja sair
exige apenas 8,3/8,1 s (gasolina/etanol), bem mais rápido
dos hatches e sedãs. Seu porte não mostra exageros, o
que todos os concorrentes, e pode chegar a 206/209 km/h
comprimento é de apenas 4,16 m e a distância entre eixos,
(g/e). Esse desempenho incrível se mantém com qualquer
2,54 m. Dimensões contidas estão também na altura,
altitude por o motor ser superalimentado.
apenas 1,58 m, incluindo o estrado de teto. Têm-se sensação
No interior se destaca o arranjo exclusivo de quadro de
agradável ao entrar no carro: mescla de “vestir” bem os
instrumentos em posição elevada, legível por cima do
ocupantes e bom espaço interno, numa receita equilibrada.
volante, cuja vantagem é desviar os olhos da via à frente
A dotação técnica inclui freio a disco nas quatro rodas
minimamente, novidade introduzida no 208. O volante
e seletor de tração em quatro modos, para otimização
lembra um “retângulo de cantos arredondados” de 35 cm
segundo o piso a percorrer, exclusivo da versão Griffe. Na
num sentido e 33 cm no outro, exigência da localização
realidade é um controle eletrônico de estabilidade mais
do quadro de instrumentos. Requer pequena adaptação
sofisticado. Todos os 2008 trazem central multimídia
no começo, mas depois dirigir o 2008 torna-se um prazer,
no centro do painel com tela de 7 polegadas, navegador e
ajudado pela direção eletroassistida que torna as manobras
sistema de áudio completo.
uma brincadeira — em velocidades de viagem o “peso” do
O Griffe se destaca bastante no desempenho graças ao
volante é perfeito.
motor turbo que já entrega torque máximo (24,5 kgfm) a
Tudo isso e mais o porta-malas de 355 litros deixam
apenas 1.400 rpm, para resposta imediata ao acelerador
caminho aberto para o 2008 encontrar seu lugar nesse
em qualquer marcha. A aceleração 0-100 km/h do 2008
segmento tão disputado do mercado brasileiro.
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— Inteligente e agradável — Suzuki S-Cross GLS 4WD MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO POR BOB SHARP
4 cilindros 1,6 litro Gasolina 120 cv e 15,5 kgfm Automático, CVT Nas 4 rodas 4,30 m 2,60 m 5 440 litros 47 litros 1.150 km 1.190 kg R$ 105.900
— Novo crossover da Suzuki se destaca pela eficiência e pelo prazer que proporciona ao dirigir, além de ser expoente em segurança ativa e passiva —
O Suzuki S-Cross foi lançado há apenas um ano nos mercados mundiais e chegou ao Brasil em abril. Tecnicamente um crossover, pode ser considerado um hatchback encorpado com 4,3 m de comprimento e 2,6 m de distância entre eixos. Por isso, todos os ocupantes ficam bem acomodados, e a capacidade do porta-malas faz dele um veículo bastante útil. Há quatro versões, todas com motor de 1,6 litro a gasolina de 120 cv e bom torque de 15,5 kgfm. Como pesa relativamente pouco, de 1.085 a 1.190 kg, anda muito bem, exemplificado pela aceleração de 0 a 100 km/h em 11 s e 180 km/h de velocidade máxima, com câmbio manual. Versão automática de variação contínua (CVT), sete marchas virtuais e borboletas no volante, perde um pouco: 12,4 s e 170 km/h, respectivamente. A Suzuki do Brasil não divulgou dados de desempenho, que foram obtidos no confiável catálogo da publicação suíça Automobil Revue. As quatro versões disponíveis são a GL e câmbio manual de cinco marchas (R$ 74.900); GLX e câmbio automático CVT (R$ 88.900); GLX 4WD de tração integral e CVT (R$ 95.900); GLS 4WD, mesmo câmbio (R$ 105.900). O nome
198
oficial do modelo é SX4 S-Cross, mas o que está realçado no emblema da porta de carga é apenas S-Cross, pois o modelo SX4 não existe mais. Além disso, a carroceria é totalmente nova em relação ao veículo anterior. O sistema de tração integral traz quatro modos de desempenho. O “Auto” transfere o torque do motor das rodas dianteiras automaticamente conforme necessidade, sem controle do motorista. O modo “Sport” atua sobre as trocas de marcha deixando o motor girar mais e muda a distribuição de torque, enviando mais para o eixo traseiro. Há o modo “Neve/Lama”, que promove melhor dirigibilidade em pisos de baixa aderência. E finalmente o “Lock”, que deixa a transmissão engatada em 4x4, útil em condições difíceis de tração. O sistema que a Suzuki chama de AllGrip (total aderência) age preventivamente. Evita que o motorista perca o controle do veículo em condições extremas, agindo na direção para desestimular movimentos errados do volante e nos freios mediante ação seletiva para otimizar tração ou corrigir trajetória. Tudo muito prático. Além disso, a boa distância mínima do solo ajuda no trafegar sobre piso irregular, pois é de 18 cm no GL, 17,5 cm no GLX e 19 cm, no GLS. A suspensão dianteira é McPherson com subchassi e a traseira, por eixo de torção, num inteligente arranjo que combina esse tipo de suspensão e eixo motriz. Os pneus mais largos são os do GLS, 225/50 R17, e todos Continental ContiPremiumContact de valor elevado. Resultado de todos esses elementos é um veículo muito agradável, fácil de dirigir e seguro mesmo para quem se excede um pouco nas curvas. Aliás, o S-Cross recebeu nota máxima em todos os quesitos de teste de segurança da Euro NCAP. O motor tem características interessantes. É uma moderna unidade de quatro cilindros, bloco e cabeçote de alumínio, duplo comando de válvulas com acionamento por corrente, variador de fase na admissão e tecnologias modernas como redução do atrito interno geral, inclusive bomba de óleo com duas fases de pressão. Dá prazer dirigir um carro sabendo-se ter um “coração” moderno.
1 2 3
Melhor de tudo é ser um veículo econômico, 11,9 km/litro na cidade e 13,2 km/litro na estrada (nota A Inmetro).
1. Desenho do Suzuki S-Cross é atraente e tem tudo para agradar a quem quer um crossover importado com fama de durável 2. Bem inserido na paisagem urbana, o pequeno diâmetro de giro de 10,4 m torna as manobras fáceis 3. Sistema de direção do S-Cross é variável: mais rápido com maiores ângulos de esterço
Com o cuidado observado na escolha das relações de câmbio, na estrada a 120 km/h o motor está a apenas 3.200 rpm (câmbio manual) e a 2.200 rpm (CVT), para conforto auditivo dos ocupantes.
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— Um estranho no ninho — JAC T6 MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO
POR RICARDO PANESSA
4 cilindros em linha, 2 litros flex Etanol/gasolina 160 cv/155 cv e 20,6 kgfm/19,6 kgfm Manual, 5 marchas Dianteira 4x2 4,47 m 2,65 m 5 610 litros 60 litros NF 1.505 kg R$ 71.990
A China não tem tradição em surfe, mas a JAC não perdeu a onda dos SUVs. Segmento em expansão em diversos mercados, em especial no Brasil, onde já representa mais de 10% das vendas totais de automóveis, os utilitários esporte formam um nicho à parte. E o T6 entra com uma proposta diferenciada: porte de médio-compacto (a exemplo de RAV4 ou CR-V) e preço de compacto (como outros dessa edição). Verdadeiro estranho no ninho no vórtice do tsunami de lançamentos desses modelos. Seu visual é moderno e particularmente atraente. Cabine espaçosa e confortável, porta-malas de respeito (610 litros), motor flex de 160 cv e câmbio manual de cinco marchas: nada de novo, mas um conjunto coerente. Preço é o grande chamariz: parte de R$ 70.000, completo. O modelo chinês tem 2,64 m de distância entre eixos, o que garante acomodar três adultos no banco traseiro com notável conforto. E espaço de sobra no porta-malas (610 litros) para levar a bagagem dos cinco ocupantes, como se fosse um modelo médio-grande. O visual, desenvolvido no centro de design da JAC em Turim, Itália, é moderno e bonito. Segue a tendência do segmento – perfil afilado, linha de cintura alta, ângulos arredondados –, o que dá certa aparência de automóvel ao T6, bem semelhante à maioria dos concorrentes. Oferece um conjunto mecânico de respeito. O motor é um 2.0 16V com variador de fase na admissão Flex, com bloco de ferro fundido, que gera 155 cv (gasolina) e 160 cv (etanol), ambos a 6.000 rpm, e dispensa gasolina para partidas a frio com etanol. A potência, porém, demora a aparecer e o torque, de 20,6 kgfm, só está disponível a partir de 3.000 rpm. Realmente não é o ideal no uso urbano e mesmo em estradas. Segundo o importador, com esta configuração acelera de
velocidades. Proporciona dirigibilidade agradável desde
0 a 100 km/h em 12,2 s e atinge velocidade máxima de
que deslizando sobre pisos bem pavimentados. Os 21
186 km/h. Falta, no entanto, câmbio automático, o que o
cm de distância do solo são adequados apenas para leves
deixa em nítida desvantagem em relação aos rivais diretos
incursões fora de estrada.
e indiretos. Nessa faixa de preço, é quase mandatório
Suspensões independentes nas quatro rodas, McPherson na
oferecer essa opção.
dianteira e multibraço na traseira com barras estabilizadoras nos dois eixos, vão bem no asfalto, mas são inconvenientes
Melhor no asfalto
ao trafegar na terra. Mais para firmes do que para macias,
O câmbio manual tradicional, de cinco marchas, não
evitam a inclinação excessiva da carroceria nas curvas de
tem engates tão precisos, porém a caixa de direção
menor raio, mas não escondem sua inaptidão para pisos
com assistência hidráulica (elétrica na maioria dos
esburacados, seja na terra, seja no asfalto.
concorrentes) fica sensivelmente mais firme em altas
A JAC não esconde isso. Pelo contrário, informa que a
202
— É opção atraente para o consumidor de espírito aventureiro, pero no mucho, pelo preço de R$ 70.000 —
plataforma do T6, um desenvolvimento específico, previu desde o início aplicação prioritária para asfalto. E se o objetivo foi esse, acertou. Por R$ 2.000 é possível ter câmera de ré e sistema multimídia com conexões HDMI e Bluetooth, leitor de MP3, entradas USB, SD Card e Auxiliar. Permite, por meio de cabo, conectar, espelhar e operar as funções de telefones inteligentes com sistema operacional Android na própria tela de 7 polegadas no centro do painel. A partir daí, a
1
navegação com reorientação automática de rotas menos congestionadas em aplicativos de larga aceitação, como o Waze, fica muito mais conveniente.
1. Conforto de rodagem, amplo espaço na cabine e no porta-malas (610 litros) são pontos altos do modelo
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— Japonesa aposta nos admiradores —
Subaru Forester XT Turbo MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO POR JOSIAS SILVEIRA
1.998 cm³, boxer, turbo Gasolina 240 cv e 35,7 kgfm CVT, 8 marchas simuladas Integral simétrica 4,59 m 2,64 m 5 505 litros 60 litros 480 km 1.502 kg R$ 136.500
206
Antes de contar sobre o SUV Forester, o best-seller da Subaru
se comporta em curvas quase como se fosse um automóvel
no Brasil, melhor explicar as características dessa marca.
baixo e ágil. Com seus 240 cv, permite uma tocada
Ao contrário de outros concorrentes, não busca grande
prazerosa raramente esperada de um utilitário esporte.
produção. Integrante da Fuji Heavy Industries, que vai da
Claro que a tração nas quatro rodas (sistema simétrico)
indústria pesada (como diz o nome) ao setor aeroespacial,
ajuda muito, assim como toda a assistência eletrônica
a fábrica de veículos é o cartão de visitas desse enorme
esperada em um SUV de luxo.
conglomerado japonês. Tanto que o slogan não oficial dos
O câmbio é um CVT (continuamente variável) com oito
primeiros modelos que chegaram ao Brasil, no início dos
marchas simuladas que podem ser trocadas por alavancas
anos 1990, era “feito por engenheiros para engenheiros”.
atrás do volante multifunção. Além disso, há opção de três
Certamente um exagero, mas basta procurar na tela no
modos de dirigir, do Intelligent (mais ecológico), passando
centro do painel do Forester para comprovar um pouco
pelo Sport e chegando ao Sport Sharp, o mais impetuoso. Há
disso: entre muitos dados, surgem gráficos que mostram
ainda o X mode, que controla o Forester no fora-de-estrada,
inclusive a pressão do turbo no motor, um boxer de 2 litros.
facilitando a vida de quem gosta de ação em terrenos difíceis.
Ou seja, diversão para engenheiro...
O desempenho não é divulgado pelo fabricante, mas a
Aliás, esse é um dos símbolos da empresa: motor “plano”
aceleração de 0 a 100 km/h chega em torno dos 7,5 s e a
como o do Fusca, com quatro cilindros horizontais opostos
máxima certamente ultrapassa os 200 km/h, em razão
dois a dois. Mas o nipônico tem refrigeração líquida,
dos dados de potência e torque conhecidos em modelos
comandos nos cabeçotes, injeção direta, quatro válvulas por
semelhantes de outros fabricantes.
cilindro... muita tecnologia. Entre as razões da escolha de
Além do conforto, espaço interno e silêncio ao rodar, o
um boxer que equipa praticamente todos os modelos está o
Forester cativa o motorista principalmente pelo prazer ao
fato de ajudar o carro a ter centro de gravidade mais baixo,
dirigir. Permite um dirigir de acordo com o humor do dono:
favorecendo estabilidade e dirigibilidade. Cá entre nós,
pé pesado ou leve no acelerador. Conseguimos até 10 km/l
parece certa cisma japonesa em adotar um motor diferente
rodando em torno de 110/120 km/h, com ar-condicionado
e mostrar competência.
desligado, mas isso é raro. Acontece apenas ao se admirar
Basta pegar uma serra com o Forester, já na quarta geração,
a paisagem. Numa viagem normal, usando a potência para
para entender um pouco a admiração da verdadeira
rápidas ultrapassagens ou subidas velozes de serra, a média
“seita” de subaristas. Um SUV alto (1,73 m), grande
fica em torno dos 8 km/l.
(4,59 m de comprimento), mas não muito pesado (1.502 kg),
Sua estética é mais de SUV do que crossover e com grandes rodas de aro 18 polegadas. Mas, ao mesmo tempo, não se afasta de um legítimo Subaru. Claro, tem controle de velocidade
— A Subaru, marca premium japonesa, tem verdadeiro fã-clube pelo mundo. E o Forester XT Turbo, um SUV esportivo, é seu best-seller no Brasil —
de cruzeiro, faróis de xenônio, LEDs etc., tudo que está na moda. Apresenta, porém, um visual diferente, meio samurai, cultuado pelos fãs. Novamente surgem os pormenores típicos de engenheiros apurados. Não só no capricho de acabamento, mas, principalmente, no cuidado mecânico, com todos os componentes, fios e tubulações bem diagramados, cheios de suportes, que sugerem durabilidade e qualidade. Exatamente por essas características, os subaristas se tornam fanáticos pelos seus produtos. Aproveitando essa paixão para entender melhor a relação dos consumidores com a marca, o importador brasileiro, o Grupo CAOA, criou
1
um “Conselho Consultivo de Clientes”. São 15 consumidores que se reúnem para falar de seus carros. Detalhe: vários
1. Com 240 cv, este Subaru com tração nas quatro rodas tem ótima estabilidade
deles têm mais de um Subaru na garagem. 207
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— Monstrinho na estrada — Já um pouco civilizada pela Audi, a Ducati Monster está chegando. Veja como anda essa lenda italiana com mais de 140 cv POR JOSIAS SILVEIRA
Existem dias em que para ser feliz basta um pouco de sol.
rodas, agora a marca Audi também conta com carros e
E bem na hora que sentei na Ducati Monster 1200 S, em
motos, tudo com um bom tempero de esportividade e
meio a uma semana chuvosa, o sol apareceu. Até o escape
luxo. Invejosa, a Mercedes-Benz comprou 25% da também
dissonante, devido às saídas individuais para os dois
italiana MV Agusta no final de 2014, com planos de assumir
cilindros em “L”, parecia mais alegre. Saí pela autoestrada
o controle desse fabricante de motos em pouco tempo.
pensando na vida... da moto. Um produto de uma marca italiana mais que tradicional, que fará 90 anos em 2016 e
Grife de pista
começou fabricando componentes para rádio. Já trabalha
Basta acelerar na estrada para aparecerem algumas das
com veículos de duas rodas por sete décadas, começando
razões do sucesso dessa nova fase. Em menos de 3 s já se está a
com bicicletas motorizadas no pós-Segunda Guerra.
100 km/h, e isso não é o mais impressionante do Monstrinho
Mas, hoje, quando se soltam alguns dos 145 cavalos da Monster,
de 1.198 cm³. A continuação dessa aceleração brutal para
vem também certo sabor alemão. Esclarecendo a salada de
ir até os 200 km/h é ainda mais surpreendente. Rodando a
pizza com chucrute: já faz três anos que a Ducati é parte do
100 km/h, a 1200 S chega aos 250 km/h em poucos segundos,
Grupo Volkswagen, reportando-se diretamente à Audi.
e não é fácil se manter sobre uma moto naked – “pelada”, sem
Pois é, esta nova Monster, cheia de eletrônica, já tem
carenagem – em velocidades tão elevadas.
um toque dessa nova parceria. A anterior que chegou ao
Por ter motores que parecem ter escapado das pistas de
Brasil (a 796) era mais simples, quase rude, bem diferente
corrida, a Ducati ganhou o apelido de “Ferrari das motos”,
desta moto naked que esbanja potência e tecnologia. Para
devido ao seu comportamento explosivo, até complicado
rivalizar com a BMW, que faz veículos de duas e quatro
para um motociclista normal. Aliás, o motor Testastretta
210
— Na versão 1200 S são 140 cv para empurrar uma moto leve e ágil. A eletrônica facilita a vida do piloto, que pode regular seu desempenho —
(testa estreita, ou cabeçotes mais finos) foi desenvolvido em competições, nas pistas da categoria Superbike. Mas agora a marca começa a mudar, e talvez seja essa a maior influência da Audi, que procura “civilizar” as italianas, trabalhando sua “usabilidade”. Ou seja, mesmo com um motor muito potente, com a ajuda da eletrônica é possível deixar o comportamento mais previsível. Pode ser pilotada por gente que não tem experiência em pistas de corrida. Tudo começa com um painel digital, onde se podem selecionar três tipos de rendimento, que definem “mapas” de
comportamento
do
motor
pelo
gerenciamento
eletrônico. Primeiro é o “cidade”, quando são liberados “apenas” 100 cv. É melhor começar por aí e pilotar assim por um bom tempo. Depois vem o modo “normal”, que entrega a potência total (145 cv, na Monster 1200 S, e 135
1
cv, na 1200), mas a “força” é liberada de forma progressiva,
2
sem grandes sustos para o motociclista. Finalmente vem a opção mais agressiva, a Sport, quando
1. O que chama mais atenção: o desenho italiano ou o enorme pneu traseiro? 2. Uma naked feita para as estradas, mas que esbanja agilidade também na cidade
a potência vem rapidamente, com direito a roda dianteira no ar e tudo mais. Recomendável só para os (bem) mais
211
experientes e com alguma vivência de competição. Nessa forma mais explosiva, a melhor comparação é a de estar sentado em um búfalo bravo, uma comedora de asfalto com muito apetite. É até fácil imaginar o resultado de uma mecânica tão potente em uma moto tão leve, já que pesa apenas 182 kg. Óbvio que existe muito mais eletrônica, inclusive controle de tração (ESC) e de frenagem (ABS), mas mesmo assim são necessários reflexos rápidos ao guidão. Praticamente tudo é regulável, com oito níveis de controle de tração, três níveis de atuação do ABS, além das três regulagens do acelerador ride-by-wire (sem o cabo tradicional), exatamente o que determina a forma de entrega de potência para a roda traseira. Existe até um recurso simples que ajuda os mais baixinhos: a altura do assento também é regulável. Com isso se consegue uma posição de pilotagem confortável, levemente esportiva com o corpo inclinado para a frente, sem forçar punhos ou ombros. Monstro em duas versões A linha Monster começou em 1992 e vem ganhando rendimento e refinamento através das décadas, até chegar nestes dois modelos de topo. A 1200, além de 10 cv a menos, vem com suspensões com menos recursos (mas também
— As soluções mecânicas se misturam com a ousadia estética para fazer uma Monster, que não consegue ficar incógnita na rua ou na estrada —
reguláveis) e freios mais simples. Custa R$ 64.900. Já a 1200 S traz suspensões com regulagens adicionais, freios mais potentes e chega aos 145 cv. Seu preço é de R$ 73.900. Visualmente as duas são bastante semelhantes, inclusive com o enorme pneu traseiro, projetado especialmente pela Pirelli (Diablo Rosso II) na exagerada medida 190/55 ZR 17. Esse pneu é sustentado por uma elegante suspensão monobraço de alumínio, o que completa o charme da traseira. Aliás, todo o design bem à italiana, com o quadro em treliças, faz da Monster algo bem diferente, que se destaca entre as motos grandes. Existem algumas diferenças em detalhes entre as duas versões, inclusive de equipamentos, como o para-lama dianteiro em compósito de fibra de carbono na “S”. Na parte
1 2 3
mecânica, a diferença também está em grifes: a 1200 S traz suspensões da sueca Öhlins, com curso maior, e freios da
1. Suspensão traseira monobraço e escape duplo com ruído dissonante 2. Transmissão usa a tradicional corrente 3. Muitos acessórios próprios para viagens
italiana Brembo. Na 1200 as suspensões vêm da japonesa Kayaba, outra grife de componentes mecânicos.
213
Cidade e estrada
que ali tem potência. Muita potência. Basta parar em um
Com tantas grifes e recursos, fica claro que o seu habitat
semáforo atrás de outra moto que logo se tem caminho
é a estrada, de preferência com bom asfalto e cheia de
livre. Ninguém gosta de ficar com um motor ansioso
serras e curvas. Porém, no uso urbano esta Ducati também
resfolegando nas costas. Melhor sair da frente.
é ágil e até fácil de pilotar, principalmente com o motor na
Aliás, a esportividade dessa mecânica – com quatro
regulagem “cidade”, liberando “apenas” 100 cv. Sua contida
válvulas e duas velas em cada cilindro – se manifesta
distância entre eixos (1,51 m) e o baixo peso facilitam as
exatamente no ruído do escape. Além do ronco grave na
manobras em ruas e avenidas. A maior desvantagem está
aceleração, na desaceleração surgem pequenos estouros
na posição do motor em L, com o cilindro na vertical
no escape. A fábrica diz ter trabalhado para eliminar esse
apontando para o banco, o que aquece as “áreas baixas” do
“estouro de pipocas” (excesso de combustível que queima
piloto em trânsito muito lento.
dentro do escape), mas felizmente ainda não teve sucesso.
E a maior diversão não está nem nos olhares curiosos
Quando se tira a mão do acelerador, vem um barulho de
para sua aparência agressiva: o ruído do motor, único,
“chupar gato na calçada” e algumas pipocadas. Uma
intimida até em marcha lenta. Além do barulho do escape,
delícia, uma sinfonia italiana de irreverência para quem
o próprio ruído mecânico do sistema Desmo (comando de
gosta de motores politicamente incorretos nesta época
válvulas desmodrômico) faz seu próprio show, avisando
com tantas regras chatas e certinhas.
−
— O que mais impressiona não é a rapidez com que a Monster vai aos 100 km/h, é a facilidade para continuar acelerando e ultrapassar os 200 km/h — 1 1. Característica “de pista” virou marca registrada da Monster: quadro de aço em treliça
— Encruzilhada na tração elétrica — Seja em carros híbridos, seja nos puramente elétricos, esse tipo de tração ainda precisa evoluir, especialmente no que tange às fontes de energia a bordo POR ANDRÉ DANTAS
Mesmo com a tração elétrica evoluindo a olhos vistos, o problema real está na fonte de energia e na forma de abastecimento. As baterias são a forma mais antiga e óbvia de alimentação. Diversas fontes podem ser convertidas em energia elétrica para recarregá-las. Porém, baterias permitem autonomia limitada (120 km, em média), são muito caras, volumosas e pesadas, têm recarga bastante lenta e outros inconvenientes. Trata-se de uma área tecnológica que pouco evoluiu por décadas. A Toyota anunciou recentemente sua desistência das baterias em razão de promessas não cumpridas pelos fornecedores. A maior fabricante mundial optou, então, pelo automóvel elétrico com geração de energia a bordo por meio de pilha a combustível (hidrogênio). Lançou este ano no Japão seu primeiro modelo de produção seriada (baixíssima) com essa solução, o Mirai. A Honda, depois de quatro anos de testes em quatro cidades americanas com o FCX Clarity, também terá em 2016, no Japão, um carro semelhante. A Hyundai já vende uma versão do ix35 que usa o mesmo recurso.
A pilha funciona como uma bateria, mas, ao contrário desta, os reagentes são externos. O hidrogênio é armazenado a altíssima pressão em um tanque, enquanto o oxigênio vem da atmosfera. A combinação deles gera eletricidade a bordo para o motor elétrico e apenas vapor d’água sai pelo escapamento. Abastecer um automóvel com hidrogênio é um processo semelhante ao de qualquer combustível líquido: rápido e prático. Tanto bateria quanto pilha a hidrogênio são fontes de controvérsia. No primeiro caso, basta plugar o carro na tomada durante a noite para uso durante o dia, exatamente como um telefone. No caso de automóveis, demanda muitas horas para recarga completa e sua autonomia é bem menor que a de um carro convencional. Para quem faz trajeto casa-trabalho-casa todos os dias, as horas noturnas e durante o dia no estacionamento podem ser usadas para recarga. Porém, em trajetos longos ou não planejados, representa sério inconveniente. Para muitos, torna o carro elétrico praticamente inútil. Por outro lado, a pilha a combustível ainda precisa evoluir bastante. Hidrogênio tem dificuldades para produção, estocagem e distribuição, e a infraestrutura de abastecimento é caríssima. As grandes petroleiras mostram interesse porque existem cerca de 700 mil postos de serviços instalados no mundo, a maioria em pontos estratégicos em cidades e estradas. Elas não querem perder esse mercado para produtores de eletricidade. Enquanto bateria e pilha a hidrogênio ainda não representam uma solução pronta, veículos híbridos têm se mostrado uma opção economicamente mais viável. Nestes, motores
— Os caminhos alternativos para os elétricos são baterias e pilhas a combustível —
elétricos e a combustão são responsáveis pela tração. No Toyota Prius, o modo elétrico é apenas auxiliar, quase só para tirar o carro da inércia no trânsito urbano. Afinal, essa é situação mais ineficiente do motor a combustão. Híbridos também podem ser plugáveis em tomada, mas custam bem mais caro e têm autonomia elétrica em torno de 50 km. Já no elétrico puro BMW i3, há uma segunda versão que inclui um pequeno motor dois-cilindros, a gasolina, acoplado a um gerador, responsável unicamente pela recarga da bateria.
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Mudança de paradigmas Hoje, muitos dos parâmetros aceitáveis estão baseados
1. Carregamento comum de carros elétricos pode levar oito horas 2. Há opções de carga rápida: “apenas” duas horas com equipamento especial
em veículo movido por motor a combustão. Porém,
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— Toyota desistiu de esperar os fabricantes de bateria solucionarem os problemas —
quando o paradigma muda, é possível que as exigências também mudem. Estávamos acostumados com celulares que mantinham a carga por até duas semanas e, quanto menores, mais atraentes. Vieram os telefones inteligentes, rapidamente passamos a aceitar a necessidade de recarregá-los todos os dias e a pedir telas cada vez maiores. O paradigma de hoje exige carros que precisam de reabastecimento em postos, em média, uma vez por semana. Talvez não seja um incômodo para algumas pessoas que um elétrico seja recarregado na tomada todos os dias, assim como não é para seus celulares. Também
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são comprados veículos maiores para acomodar a família e levar toda a bagagem nas férias, porém, na maior parte do
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ano, será utilizado para levar o motorista ao seu destino em condições de trânsito que cada vez mais complicadas.
1. Toyota Mirai usa pilha a hidrogênio para seu carro elétrico puro 2. Console de assoalho ganha novas funções e muita informação 3. Abastecimento por hidrogênio utiliza uma mangueira como hoje 4. Fuel Cell: mal traduzido em português como célula (na verdade, pilha)
Um carro elétrico pequeno, ágil, eficiente, fácil de manobrar e estacionar, capaz de atender quase tudo que o motorista
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deseja em termos de mobilidade urbana seria uma mudança radical. E muitos podem optar por isso no futuro, apesar da espera longa pela solução que vai prevalecer. Hoje, há uma encruzilhada no caminho para os elétricos: bateria ou pilha a combustível? Para obter hidrogênio, há vários métodos. Eletrólise de água que consome muita energia elétrica ou a partir de metano de origem fóssil, gás também gerador de efeito estufa e resultante de muitas atividades humanas. O tratamento de lixo das grandes cidades, entretanto, seria uma fonte importante de biogás. Se captado com baixos investimentos, mesmo que o rendimento de sua conversão em hidrogênio desperdice muita energia, ainda assim talvez se tornasse economicamente viável para alimentar parte da frota da própria cidade. Também se pesquisam alternativas para as pilhas até a partir de etanol, algo ainda embrionário, mas pode ser fonte primária de hidrogênio sem aumentar a temperatura da Terra. Baterias não estão livres de outros problemas, sem contar os de reciclagem. A energia elétrica depende de limite de oferta. Uma frota significativa de carros representaria uma carga extra que nenhum sistema elétrico nacional conseguiria absorver em pouco tempo. Existem painéis solares fotoelétricos instalados nos telhados das casas. Porém, são equipamentos caros e exigiriam anos para atingirem um volume significativo de geração de energia para casas e veículos. Enquanto essas alternativas – por enquanto não passam disso mesmo – podem complicar as coisas, também significam elevado grau de risco. A indústria automobilística talvez não tenha fôlego para apostar em duas soluções. E se escolher errado a conta será bem alta. Veículos híbridos com consumo igual ao da metade dos carros atuais retirariam uma enorme pressão sobre a inadequação dos combustíveis de origem fóssil e as demandas por redução de emissões de gás carbônico (CO2). Pode ser uma boa saída até a longa transição para o automóvel elétrico.
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— TOP Serviços —
Mecânicos de família
entre os mais acessíveis. Expirada a garantia existem alternativas, apesar do alto custo dos equipamentos de diagnósticos e de ferramental específico.
POR LUÍS PEREZ
Décadas atrás – não muitas –, o programa de fim de semana predileto de alguns apaixonados por mecânica era desmontar e montar o carro no quintal de casa. Era o tempo do carburador. Mais ou menos nessa mesma época, o atendimento às crianças era feito pela figura do médico de família. Essa é a diferença básica entre concessionárias ou grandes centros automobilísticos e os tradicionais mecânicos de bairro, que, a exemplo de algumas barbearias e alfaiatarias,
“Nosso conceito é tradicional, como o do alfaiate. Assim como a medicina, que em minha opinião andou para trás na questão do atendimento individualizado, muitos mecânicos não se atualizaram. Em comum entre as duas profissões há um ponto fundamental: experiência para o diagnóstico certo”, afirma Vinicius Losacco, 66 anos, engenheiro e mecânico há 47. Oficina fundada por seu avô completa agora 90 anos. Segundo ele, ao contrário do profissional de concessionária, que não vai querer desmerecer a marca para a qual atua, o que
resistem aos tempos modernos.
trabalha nas oficinas de bairro pode dizer ao cliente, da forma
Essa fidelidade ao mecânico de confiança está disseminada
mais sincera possível, qual modelo ele deve ou não comprar.
por proprietários de automóveis de alto preço e também
Ao contrário do que se pensa, ainda existem modelos
com potencial para dar defeito nos primeiros anos de uso. Conta que um cliente seu foi adquirir um determinado carro e ele alertou: “Se for mesmo comprar, leve também a garantia estendida, pois, quando o carro fizer 25 meses, vai quebrar”. Dito e feito: mais ou menos nesse prazo, houve um problema na direção hidráulica. “Ele voltou para me agradecer por economizar mais de R$ 2.000 que teria de
— Mecânicos de antigamente atendiam como os tradicionais médicos de família; os dois ofícios praticamente desapareceram —
pagar pelo reparo.” Ou seja, a relação é mesmo de extrema proximidade. “Meu
também em São Paulo, como Losacco -, que só atende donos
sogro era médico e identificava tudo o que acontecia com
de BMW. “Estamos há 44 anos com essa marca, pois antes
meus três filhos. Hoje é a especialização que manda.
nem existiam concessionárias”, afirma Gabriel Brantes, 22
Antigamente, com uma caixa de ferramentas, se arrumava
anos, sócio da oficina. Mas como assim!? Ele atende BMW
qualquer carro. Todo mundo tem de se atualizar”, diz.
há 44 anos, mas tem a metade dessa idade? “É que a oficina
Isso inclui tecnologias de diagnóstico. Nesse ponto, Losacco
começou com o meu avô, que continua trabalhando firme
levanta uma teoria: “Nós temos tudo o que as concessionárias
no negócio”, esclarece.
têm ou até melhor, pois elas ficam limitadas ao que a fábrica
“Somos uma alternativa às concessionárias”, conta Ricardo
lhes fornece”. Segundo ele, oficinas independentes foram
Mian, sócio da Mercescar, que está há 42 anos no mercado e
atrás da tecnologia e importaram softwares de fornecedores
se especializou em modelos Mercedes-Benz. Segundo ele, em
que atendem os fabricantes.
sua oficina o cliente encontra serviço executado em tempo
Para sobreviver, as mecânicas de bairro conquistam clientes
menor e com preço atraente. “Além disso, temos sistema de
fiéis. Losacco tem alguns há mais de 40 anos – trocam de
diagnóstico, com atualizações no exterior, tudo online.”
carro, mas não de mecânico. Seus serviços mais comuns são
Fabio Fukuda, 40 anos, mecânico desde os 15, se
revisão geral de itens de desgaste corriqueiro, como freios,
especializou no mercado de antigos. Recria em sua
suspensão, amortecedores, filtros, velas e acerto de motor.
oficina paulista peças que são de difícil acesso ou que
No seu caso, há ainda uma divisão de preparação eletrônica,
simplesmente não existem mais.
para quem busca desempenho mais esportivo.
Para Fukuda, a paixão leva alguém a investir alto em uma
Há ainda as oficinas de bairro especializadas em
oficina de bairro. “Precisa de equipamentos muitas vezes
determinadas marcas de importados, caso da Bavária -
exclusivos. Isso encarece a manutenção do negócio”, comenta. Para ele, a formação também é complexa em razão das características de cada modelo. “Hoje há carros que precisam de torque específico em roda e ferramenta apenas para trocar velas.” Fukuda diz ainda que os fabricantes tornam algumas operações uma espécie de caixa-preta. “Falta informação. Em
alguns
manuais
do
proprietário,
nem
existe
especificação do lubrificante.”. A filosofia do mecânico de bairro é atender da forma mais pessoal possível, com diagnósticos precisos e sem reparar mais do que o necessário. Como tem alguns custos mais baixos, também pode cobrar menos.
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— TOP Serviços —
Cuidados ao dirigir um blindado POR RAUL MACHADO CARVALHO
maioria dos carros blindados só os vidros das portas dianteiras se abrem, apenas pela metade. Exemplo foi a tentativa de assalto ao carro do vice-presidente da República, em São Paulo, porque o veículo rodava no centro da cidade com portas destravadas.
O condutor que assume a direção de um carro blindado –
Em estradas, ao contrário, deve-se circular com as portas
proprietário ou qualquer motorista – deve se conscientizar
destravadas para facilitar o socorro em caso de acidente.
da importância de um diferente comportamento ao volante.
No entanto, a maioria dos modelos modernos destrava
Novos hábitos devem ser introduzidos na rotina de guiar.
automaticamente as portas se os airbags inflam e, assim,
Primeiro passo é eliminar costumes como o de andar com
dispensam esse cuidado. Mas é sempre bom checar com o
portas destravadas e vidros abertos, pois uma abertura
fabricante do modelo.
mínima torna a proteção completamente ineficaz. Na
Para ensinar um novo tipo de comportamento, com
ataque. Depois de se recuperar do susto, deve-se reagir rapidamente, analisando o cenário ao redor e escolher uma possível rota de fuga. Veículos protegidos já não são mais somente um produto de luxo. Para enfrentar a violência diária, uma crescente parcela da população procura a blindagem como forma de autodefesa. Investimento em segurança pessoal protege a vida da família e não dá para esperar qualquer tipo de valorização do veículo. Ao contrário, a desvalorização do carro blindado é notória. Mas o que importa? Qual o preço da sua vida e a dos familiares? Todavia, a blindagem melhora certos aspectos. As portas são mais pesadas, mas há ganhos no isolamento acústico do habitáculo. Para se ouvir e falar melhor com o mundo exterior podem ser instalados microfone e caixas acústicas externas e internas. Pneus também podem ser blindados. Algumas empresas envolvem a roda com uma rígida fibra de náilon, com espessura aproximada de 6 cm, que não deixa a roda tocar no chão e o carro consegue percorrer cerca de 35 quilômetros a 80 km/h. O veículo pode ser segurado, e empresas especializadas oferecem garantia da blindagem, geralmente de três a cinco anos. Quase todas as locadoras dispõem de modelos de luxo blindados, fornecidos até com motoristas bilíngues. Manutenção também é fundamental, e há muitas oficinas especializadas. Em resumo, saber usar corretamente um carro blindado é muito maior responsabilidade, há diversas empresas que oferecem cursos de direção defensiva, preventiva e evasiva para motoristas de carros blindados. As simulações práticas para a direção evasiva, por exemplo, são importantes na hora da abordagem de um bandido, pois ensinam por onde e como fugir. O motorista deve sempre estar atento ao que se passa ao seu redor. Manter um espaço maior do que o normal entre o seu carro e o da frente é outra importante sugestão, pois viabiliza uma manobra de fuga em caso de ataque. Um bom treinamento ensina a não se deixar levar pelo fator surpresa nem ficar em estado de choque durante eventual
tão ou mais importante que comprá-lo.
— Na condução de um blindado, nada melhor que procurar cursos de direção defensiva, preventiva e evasiva ministrados por profissionais experientes do ramo —
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— TOP Prazer —
A paixão e as rodas — Chances de sucessos amorosos de quem vai a pé ou de bicicleta são mínimas frente aos conquistadores motorizados — por Ronny Hein
Desde meados do século passado, quando além de útil
os drive-ins e cinemas ao ar-livre, hoje abandonados por
tornou-se mais atraente, o automóvel é o melhor ator
questões de insegurança. Vieram então os motéis que, por
coadjuvante dos bons romances. Há sempre um deles no
aqui, servem ao amor, à traição, às loucuras e desatinos
caminho, às vezes como cupido, em outras como figurante,
— mas não prescindem dos automóveis, que são a chave
estacionado no cenário das paixões.
de suas suítes.
O carro, frequentemente, serviu de isca. Modelos polidos
A própria história de meu casamento começou no
e cromados capturavam o olhar das meninas antes afeitas
interior de um Corcel verde com teto preto de vinil. Um
ao footing nas praças dos subúrbios e do interior. Ao
carro que, exceto por problemas de cruzetas rompidas,
mesmo tempo serviam como facilitadores nas inibições
era muito confiável. Creio, olhando para trás, que os
masculinas. O que a boca não conseguia dizer sem gaguejar,
apaixonados foram até os responsáveis pelo incremento
um motor multiválvulas rugia eloquente.
da confiabilidade dos veículos. E é fácil entender por quê.
Em casos avulsos, um modelo conversível dizia mais sobre
Romance iniciado com carona e interrompido por motor
seu motorista do que seu próprio charme (quando havia).
que fervia ou pane elétrica não tinha, jamais, a menor
Falava de sua posição social, de seu bom gosto e de certo
chance de dar certo.
atrevimento muitíssimo apreciado. O teto escamoteável
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era convite implícito para uma carona e um destino ermo, com o silêncio da Lua e das estrelas abrindo, no horizonte, uma autopista rumo aos primeiros carinhos e, enfim, para o primeiro beijo. Muitos estudos ainda se escreverão para aprofundar o papel casadoiro dos automóveis e seu apoio definitivo na consolidação de histórias do amor. E neles se verá que um pretendente a pé ou em bicicleta quase sempre acabou ao léu, sem oportunidade sequer de candidatar-se a um papel que poderia ter sido seu e poderia ser mais adequado e apaixonado — não fosse a ausência do rufar de um motor.
Ronny Hein é jornalista, escritor, publicitário e diretor de redação
Para o carro (e passageiros enamorados) ergueram-se
da revista Forbes
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