Top Carros ed 05

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— índice — CAPA

Bonneville Salt Flat A planície de sal para quem desafia os limites de velocidade. PÁG. 62.

TOP Road

TOP Power

TOP Estilo

Piquenique

Os perigos de uma estrada de cascalho no Alasca. PÁG. 22.

Classe G de 550 cv. Arden customiza o Range Rover Sport. Kit Falcon deixa BMW X6 mais picante. PÁG. 26.

Casas Bugatti em Dubai. Capa de celular da Bentley. Estilosos headphones da Frends. Essência contemporânea de Salvatore Ferragamo. Relógios Panerai. Malas Rimowa. PÁG. 32.

Descubra seu perfil e escolha o carro ideal para o passeio. PÁG. 42.

Mustang

Personagens de Bonneville

Estrada James Dalton

História de sucesso Esportivo da Ford nas ruas e na telona. PÁG. 48.

Salão de Genebra Mercado Pulsante

Cinco modelos que mais chamaram atenção. PÁG. 110.

Potência e customização

Estilo de vida

Aficionados por quebrar recordes de velocidade não medem esforço nem dinheiro. PÁG. 78.

Avaliados

O que há de novo no mercado

Elegância e atitude

Descanso ao ar livre

Goodwood

Ferrari 335

Carros de corrida clássicos em um grande evento. PÁG. 88.

Leilão multimilionário do Ferrari 335 Sport Scaglietti 1957. PÁG. 100.

Tradição inglesa

Avaliados

O que há de novo no mercado

Mercedes-Benz Classe E, PÁG. 124. Porsche 911 Turbo S, PÁG. 140. Dodge Charger SRT Hellcat, Audi Q7, PÁG. 130. PÁG. 148. Audi TTS, PÁG. 154. Novo Passat, PÁG. 134.

Quem pagou R$ 130 milhões

Avaliados

O que há de novo no mercado Mercedes-AMG C 63 S Coupé, PÁG. 158. BMW X1, PÁG. 190. Fiat Toro, PÁG. 194.

Avaliados

Ensaio

Aventura

Renault Alpine

Subaru Outback, PÁG. 210. MINI Clubman, PÁG. 214.

Correnteza, belas paisagens, técnica e companheirismo fazem parte da aventura. PÁG. 164.

Estão nos planos estratégicos da Jeep excursões motorizadas. PÁG. 178.

Releitura do carro de sucesso da marca francesa prevista para 2017. PÁG. 184.

Faraday Future

Moto

TOP Serviços

FFZERO 1 servirá de inspiração para modelos elétricos e nova proposta de compartilhar. PÁG. 200.

Icônica marca americana replica aqui uma rivalidade histórica. PÁG. 204.

O que há de novo no mercado

Não é proibido sonhar

Canoagem

Indian no Brasil

Chapada Diamantina

Pneus exigem cuidados nas nossas ruas. PÁG. 220. Como as mães podem lidar com crianças no carro. PÁG. 222. Blindado mais seguro do mundo. PÁG. 224.

Resgate do passado

TOP Colunistas

Direito, clássicos e prazer Classics. Potência do Mefistofele. PÁG. 40. Questões de direito. Descuido pode suspender habilitação. PÁG. 218. TOP Prazer. Luxo ajuda na hora da conquista PÁG. 226.


— equipe —

Fernando Calmon

Bob Sharp

Josias Silveira

Andreas Heiniger

Engenheiro e jornalista especializado desde 1967, Calmon, começou com o programa Grand Prix, na TV Tupi. Foi editor de Automóveis de O Cruzeiro e Manchete e diretor de redação da Auto Esporte. Também produziu e apresentou o programa Primeira Fila em cinco redes de TV. Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, estreou em 1999 e hoje é reproduzida em uma rede de 105 jornais, revistas, portais, sites e blogs. É correspondente no Brasil do site inglês Just-auto.

Carioca, mas radicado em São Paulo, é um misto de jornalista, técnico e piloto, além de ser formado em Construção de Motores e Máquinas. Atua na imprensa automobilística desde 1973, e já trabalhou na Fiat, Volkswagen, General Motors e Embraer, nas duas primeiras em área técnica e nas duas últimas como gerente de imprensa. Atualmente trabalha para revistas do Brasil e do exterior e é editor do site Autoentusiastas.

Costuma dizer que aprendeu jornalismo na Escola de Engenharia Mauá. Ou seja, mais um engenheiro que virou suco, ou melhor, jornalista, em 1972. Josias fez dezenas de revistas e foi um dos criadores de Duas Rodas e Oficina Mecânica. Tem paixão por carros e motos e até agora não descobriu se foi um hobby que virou profissão ou o contrário. Escreve sobre duas, quatro e até mais rodas há mais de quatro décadas, inclusive como colaborador da Folha de S.Paulo.

Suíço radicado no Brasil desde 1974, Andreas Heiniger é unanimidade quando o assunto é fotografia e profissionalismo. Apaixonado pelo que faz e com uma simpatia cativante, tem um currículo ligado à fotografia automotiva que inclui clientes como Volkswagen, GM e Fiat, além de outros trabalhos publicitários e editoriais para marcas como Natura e Havaianas. Andreas também conta com obras autorais como a série Vaqueiros, coleções expostas pelo mundo e prêmios como Clio Awards e Cannes Lions.

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PUBLISHER CLAUDIO MELLO DENISE SHIROMA: Assistente de Direção CAROLINA ALVES: Gerência de Assuntos Corporativos PROJETO GRÁFICO MARCELLO SERPA MARCUS SULZBACHER: Diretor de Criação de Designer (Almap) PEDRO ZUCCOLINI FILHO: Designer (Almap) BRUNO BORGES: Designer (Almap) DIRETOR DE FOTOGRAFIA ANDREAS HEINIGER REDAÇÃO TOP CARROS FERNANDO CALMON: Diretor de Redação BOB SHARP: Editor Técnico JOSIAS SILVEIRA: Editor Adjunto RENATA ZANONI: Assistente de Redação LETÍCIA IPPOLITO: Revisão Geral ARTE ROSANA PEREIRA: Editora-Coordenadora MARIANA DIAS: Assistente de Arte ALINE GOMES: Finalização LUCIANO LEME: Tratamento de Imagens BRUNA LUCENA E PAULO BELEZA Retoque de Imagens COLABORADORES BORIS FELDMAN , DORIS BICUDO, GUILHERME SILVEIRA, GINO BRASIL, JOSÉ LUIZ VIEIRA, KIKE MARTINS DA COSTA, NORA GONZALEZ , PAULO MANZANO, RAUL MACHADO CARVALHO, ROBERTO MARKS, RODRIGO MORA E RONNY HEIN (Texto) CLAUDIA BERKHOUT (Edição Ensaio) GIOVANA LYRA (Assistentes de Fotografia) FECO HAMBURGER (Fotos) MARIA EUGENIA (Ilustração) PUBLICIDADE NATHALIA HEIN: Diretora de Projetos Especiais FLÁVIA VITORINO: Diretora de Mídias Sociais HERMANN DOLLINGER: Executivo de Conta MARKETING GRETHA ARGYRIOU: Gerente FINANCEIRO ANTONIO CEZAR R. CRUZ: Diretor (financeiro@topmagazine.com.br) MARCELA VALENTE: Assistente (marcela@topmagazine.com.br) REGIANE SAMPAIO: Circulação (regiane@topmagazine.com.br) Atendimento ao Leitor: sac@topmagazine.com.br Assinaturas: assinatura@topmagazine.com.br Números Atrasados: (11) 3074 7978 Assessoria Jurídica: BITELLI ADVOGADOS Pré-impressão e Impressão: IPSIS GRÁFICA E EDITORA / Distribuição: DINAP S.A. contato@revistatopcarros.com.br TOP Carros é uma publicação da Editora Todas as Culturas Ltda. Rua Pedroso Alvarenga, 691, 14˚ andar, Itaim Bibi, 04531-011, São Paulo/SP. Tel.: (11) 3074 7979. As matérias assinadas não expressam necessariamente a opinião da revista. A revista não se responsabiliza pelos preços, que podem sofrer alteração, nem pela disponibilidade dos produtos anunciados.

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— TOP Road — FOTOGRAFIA ANDREAS HEINIGER


Estrada James Dalton, Alasca. Uma das mais perigosas do mundo, de Fairbanks a Prudhoe Bay, 670 km. Aberta trĂŞs meses no ano, estreita e sobre cascalho, sujeita a nuvens de poeira e nevascas inesperadas. Trecho de 90 km, sinuoso e perigoso, atravessa a cadeia de montanhas Brooks Range.


— TOP Power —

Classe G salta para 500 cv

Na prática, melhoram retomadas e acelerações. Vai de 0 a 100 km/h em 5,6 s – 0,2 s a menos que o

Com suas linhas charmosas, o Classe G 550, SUV

modelo original. A velocidade máxima, por questão de

grande “vintage” da Mercedes-Benz, já sai de fábrica

segurança, continua limitada a 220 km/h.

um tanto poderoso. Além do motor 4.0 V-8 biturbo, tem

Além do motor mais potente, o Classe G passa a usar

tração integral, diferencial autobloqueante, câmbio

rodas de 23 pol. de diâmetro que, apesar do tamanho, são

automático de sete marchas e construção robusta.

feitas de liga ultraleve e têm baixo peso. O escapamento

Tudo digno de um fora-de-estrada com personalidade

em aço inoxidável oferece até mesmo a opção de alterar

própria e marcante.

o ruído por meio de válvulas comandadas por teclas

Mas a Brabus, preparadora alemã especializada na

no volante. No habitáculo é refeita a forração, usando

marca, encontrou uma maneira de tornar o G ainda mais

couro nobre e camurça que “respiram”, como mastik e

atraente: oferece um pacote que faz a potência saltar para

alcântara, respectivamente.

500 cv. Para atingir essas exatas cinco centenas de cv, a

Para clientes que quiserem ir além, é possível escolher

empresa investiu em um módulo que modifica a Unidade

acabamento do motor em vermelho, bem como optar

de Controle Eletrônico (ECU, em inglês) original. Tal

por alterações drásticas. O pacote Widestar, mais

sistema aumenta levemente a pressão dos turbos e

ousado e caro, consiste no alargamento da carroceria

altera tempos de injeção e ignição. Confiável, o upgrade é

(widebody), alteração que é acompanhada por para-

acompanhado de garantia para rodar 100 mil km.

choques esportivos e sinalização diurna por LEDs.

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1 2 3 1. Design do jipe Mercedes fica mais esportivo com rodas levíssimas, de 23 pol., e para-choque com LEDs 2. Forração do habitáculo é toda refeita, com direito a nobres couros como alcântara e mastik 3. Por meio do aumento na pressão dos turbos, motor V-8 passa a produzir 500 cv, inclusive com garantia para rodar 100 mil km

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— TOP Power —

Falcon, o X6 para voar baixo

os 575 cv originais. A velocidade máxima do X6 35i permanece limitada a 240 km/h, mas a aceleração aos

Dono de um estilo peculiar, o BMW X6 recebeu novo

100 km/h é feita em 6,2 s, 0,3 s mais rápida. Os pacotes

pacote de preparação. Obra da renomada AC Schnitzer

de preparação incluem garantia mecânica de dois anos,

alemã, o kit Falcon foi apresentado no último Salão de

que pode ser estendida para três anos opcionalmente.

Genebra e confere notável melhora na performance

Além do motor mais potente, o kit Falcon inclui

da versão de seis cilindros em linha (35i) e do V-8

ainda mudanças estéticas de forma a tornar o SUV

Motorsport (linha M de fábrica).

mais “másculo” mesmo quando parado, segundo a

Por meio do aumento na pressão dos turbos e de novos

preparadora. O upgrade estético consiste em mudanças

mapas da injeção eletrônica, o motor 3.0 do 35i passa

reversíveis na extensa carroceria. Por meio de um

de 306 para 360 cv. Já o X6 M atinge 650 cv – contra

kit esportivo com saias laterais, entram em cena 28


defletores dianteiro e traseiro, além de diversas opções de escapamentos e ponteiras com ruídos distintos. No caso da versão “M”, o bodykit é todo feito de compósito de fibra de carbono. Para conter tamanho poderio, a suspensão recebe molas mais curtas e firmes, que deixam a dianteira 3 cm mais baixa e a traseira com até 2,5 cm a menos do

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solo. Igualmente, é possível escolher três modelos de rodas em liga leve forjada, nos aros 20, 22 e 23 pol. Para

1. Pacote Falcon acompanha novo kit estético e preparação para os BMW de seis e oito cilindros 2. Graças à suspensão mais baixa e aos para-choques mais robustos, X6 fica arrebatador

o habitáculo, a empresa oferece um kit de pedaleira e apoio de pé em alumínio.

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— TOP Power —

Range Rover Sport recebe nova pintura e rodas, além de preparação para produzir 650 cv

Range Rover ardido

seja, incríveis 650 cv. Para suportar o poder da receita, os pistões originais dão lugar a componentes forjados.

Com 40 anos de conhecimento em tornar esportivos e

As rodas escolhidas são do tipo multipeças com 22 pol.

SUVs ainda mais especiais, a customizadora alemã Arden

de diâmetro e incríveis 10 pol. de largura. O conjunto, de

criou um Range Rover Sport com seu espírito, o Arden

miolo escuro, ajuda na tração do SUV e de quebra rende

Rover R9.

um contraste “bandido” com a carroceria. A suspensão

As extensas mudanças começam com o alargamento dos

eletro-hidráulica original é mantida, e a preparadora

para-lamas e incluem uma nova pintura. O processo Red

aconselha rodar na posição mais baixa e firme.

Arden Tobago leva sete camadas de tinta especial e mostra

No sistema de freios, muda o diâmetro e também o

diferentes tons sob luz solar. Para ficar mais impressionante

material dos discos, agora de carbono-cerâmica, receita

e singular, a carroceria do R9 recebe painéis de compósito

vinda das pistas para os superesportivos de rua. Além de

de fibra de carbono. O para-choque dianteiro também

redimensionado, o sistema de escapamento passa a ser

muda, dando lugar a um modelo com tomadas de ar amplas,

todo de aço inox.

feitas com grelhas de aço inoxidável. A sinalização diurna

O interior do Range Rover recebe acabamento especial:

conta com LEDs de mais brilho.

pedaleira de alumínio e um revestimento em couro natural

Debaixo do capô, o V-8 de 5 litros passa a usar um

e alcântara. O console central não foi esquecido, pois recebe

compressor de maior capacidade, alteração que, em

aplicação de compósito de fibra de carbono. Apesar de

conjunto com o novo programa da injeção eletrônica,

singular, o pacote pode ser personalizado, como a pintura

produz torque acima de 80 kgfm, além de 138 cv extras. Ou

em cinza grafite metálico e outro desenho das rodas. 30


siga-nos: /revistatopcarros

@revistatopcarros


— TOP Estilo — POR RENATA ZANONI

BUGATTI VILLAS As primeiras casas em torno do carro esporte da Bugatti começaram a ser construídas em Umm Suqeim, estrada nos arredores de Dubai. As casas Ettore 971 Bugatti Villas foram inspiradas no desenho do Veyron e estão sendo construídas dentro do projeto Oxygen Damac Akoya, da empresa Damac Properties. Os

amantes do modelo provavelmente vão adorar o projeto, que inclui área toda envidraçada na sala de estar para exibição do veículo no interior. Com isso, os proprietários poderão admirar seus carros a partir do conforto de um sofá, e terão ainda vista para o Trump World Golf Club planejado por Tiger Woods. damacproperties.com

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CAPA DE CELULAR BENTLEY Lançamento lifestyle da Bentley, a nova geração do Signature Touch promete conquistar os amantes de carros da marca. Esse smartphone exclusivo assinado pela Vertu vem acompanhado por uma capa de couro em dois tons da Bentley: Beluga e Hotspur, além de costura com o logotipo da grife de automóveis em 3D. O aparelho conta com o aplicativo Bentley e oferece conteúdo

exclusivo aos usuários, como eventos especiais, acesso VIP e funcionalidades para integrar toda a coleção de carros. Entre as funcionalidades, o smartphone roda no Android 5.1 e dá acesso a serviços como Vertu Concierge, bloqueio do telefone remotamente e apagar o conteúdo em caso de perda ou roubo, câmera de 21 megapixels com foco automático e flash dual LED. bentleymotors.com

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— TOP Estilo — FRENDS HEADPHONE Lançada em 2011, a Frends deseja alinhar um estilo pessoal aos acessórios eletrônicos. Para isso, lançou uma linha de headphones que une conforto, qualidade do som e estética como nenhuma outra. Seu visual elegante conquista muitos adeptos, e os fones de ouvido podem ser encontrados em diferentes formatos, cores e modelos. Este modelo é o Frend Taylor Headphone, e custa cerca de US$ 200. wearefrends.com

PERFUME SALVATORE FERRAGAMO Intenso e para celebrar o homem contemporâneo, o Acqua Essenziale Blu é a nova fragrância da marca italiana. Na paleta criativa da maison, a cor azul sempre foi uma fonte ilimitada de inspiração, e aqui representa tanto a masculinidade quanto a modernidade. Seu aroma é fresco e intenso, e se torna essencial ao homem da atualidade decidido e sedutor. Entre os ingredientes usados destacam-se o cardamomo verde, a toranja, que dá energia, e a bergamota, que gera frescor à essência. Os valores variam conforme o tamanho do frasco, mas a opção de 100 ml custa R$ 372. ferragamo.com

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— TOP Estilo — RELÓGIO PANERAI Os dois novos modelos submergíveis da luxuosa oficina Panerai contam com Luminor 1950 case em titânio escovado, calibre cronógrafo automático com função Flyback e estão disponíveis com uma luneta giratória de titânio ou de cerâmica preta, além da função de cálculo de tempo de imersão. O modelo nesta imagem é o Panerai Luminor Submersible 1950 3 Days Chrono Flyback Automatic Titanio (PAM00615) e custa cerca de R$ 80.000. panerai.com

RIMOWA BOSSA NOVA Nova coleção de malas da marca de luxo foi inspirada na artista botânica britânica Margaret Mee, conhecida de Dieter Morszeck, executivo-chefe e bisneto do fundador da Rimowa. A coleção traz peças em um verde intenso e com detalhes em couro natural em tom de amarelo pastel. Esta é a primeira linha da marca alemã produzida no Brasil, e parte da renda arrecadada com as vendas mundiais será revertida à Instituição Saúde & Alegria, que desenvolve projetos socioambientais na Amazônia. rimowashop.com.br

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— TOP Classics —

Acelera, Satanás! — Esse endiabrado carro da Fiat foi projetado há mais de 100 anos e, com um inglês ao volante, bateu o recorde mundial de velocidade em 1924, a 235 km/h — por Boris Feldman Mefistofele é um personagem satânico aliado de Lúcifer. É também essa imensa usina de força sobre rodas com um motor de seis enormes cilindros, 21,7 litros de cilindrada (quase 22 motores de 1 litro dos nossos carros compactos enfileirados). Acelera como um diabo, ronca alto e faz fumaça por onde passa. Ele foi construído em 1908 para competições e se chamava Fiat SB4, até ser adquirido em 1922 pelo inglês Ernest Eldridge para tentar bater o recorde mundial de velocidade. Seu motor original (de apenas 18 litros de cilindrada) foi substituído pelo A12 da Fiat (aeronáutico), com 21,7 litros e 260 cv de potência. Não contente, o inglês deu-lhe uma “envenenada” para chegar aos 320 cv necessários para empurrar seus 1.800 kg até o recorde batido em 1924, na cidade francesa de Arpajon: 146,01 milhas por hora (234,97 km/h). E aí virou “Mefistofele”... Vade retro... A Fiat comprou o Mefistofele de volta em 1962, no interior da Inglaterra. Depois de reformado, está exposto em lugar de honra no museu da marca em Turim, o Centro Storico. O prédio, no centro da cidade, foi a primeira fábrica da empresa, no final do século 19. Onde? Na Via Chiabrera, esquina da Corso Dante Alighieri

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(quer endereço mais adequado para acomodar um

Fumacê

diabo do que na rua de quem escreveu O Inferno?).

É inútil tentar explicar a sensação de rodar no

Sua mecânica é simplória: o freio só atua nas rodas

Mefistofele, quando tive essa oportunidade anos

traseiras, que também recebem as duas correntes

atrás. No momento em que o motor sobe de giro é um

que cumprem o papel de transmissão. A caixa de

verdadeiro inferno (oooops...), fora o fumacê que vem

câmbio tem quatro marchas, todas à frente. Não

na cara. O torque é coisa de caminhão, e te empurra no

adianta gritar “vade retro, Satanás”, pois ele não tem

encosto como se fosse um Ferrari V-12.

engrenagens de ré...

A pista de Balocco, próxima a Milão (onde o Grupo

O consumo é coerente: 500 metros por litro de gasolina,

Fiat, atual FCA, testa seus carros), vai ficando pequena

se o motor estiver bem reguladinho.

para o Mefistofele. Quando ganha velocidade (não tem

Ao lado do piloto, fora do carro, três alavancas: do freio

velocímetro, só o conta-giros, que chega a 1.800 rpm),

de mão, de mudanças de marchas e uma menorzinha

ele vibra mais do que o motorista, e o freio poderia ser

que avança o distribuidor.

batizado de “atenuador de velocidade”. Estabilidade?

Bomba de gasolina não tem: você aperta um botão

Nem em linha reta...

no painel e o tanque vai se pressurizando. Motor de

Sensação final? Dos diabos!

arranque, nem pensar: é no “muque” mesmo, com uma imensa manivela.

Boris Feldman é jornalista e colecionador de automóveis antigos.

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— Hora de relaxar — Um dia de folga é sempre bem-vindo. Não importa o temperamento – do alternativo ao luxo total, os carros, assim como as companhias, devem ser muito bem escolhidos. Confira qual é a sua tribo e curta o seu passeio POR DORIS BICUDO



Dias de descanso, astral nas alturas e… pé na estrada. Que tal um piquenique com direito a paisagem paradisíaca? Nada mal se a gente planejar muito bem para que o nosso passeio não se transforme em uma roubada. Além da escolha da companhia, do cardápio e da toalha xadrez, entre outros itens fundamentais, o carro deve ser apropriado para não sucumbir às alterações climáticas, por exemplo. Além de não atolar seu esportivo, escolha o modelo mais apropriado à sua personalidade. Para os hipsters, aquele grupo que dispensa as tendências e elegeu os anos 1970 como marco da liberdade, nada melhor do que a Toyota Picnic, modelo lançado em 1996, com sete lugares, muito estilo e vida curta. Teve sua produção interrompida em 2001 e já nasceu com ares retrô. Por aqui, poderia ser substituído pela perua Kombi. As bicolores, óbvio. Na cesta do piquenique, muito suco orgânico e biscoito integral.

Já os românticos que procuram por paisagens plácidas

Esqueça o celular e invista em uma câmera analógica.

e locais pouco frequentados, sugerimos os minis. Pode

De uma ponta a outra, esbarramos com a turma que leva

ser um MINI ou um Fiat 500. Superconfortáveis para

o conforto a sério e adora ser notada. Enquanto esperam

viagens a dois. No máximo o totó – de porte pequeno

pela picape que a Mercedes-Benz irá lançar em parceria

ou médio – pode acompanhar na viagem. Para dar o

com a Nissan, prevista para 2017, outras caçambas

clima, uma toalha florida que deve ser colocada sobre

podem acomodar seu cooler sem perder o charme. E

um edredom acolchoado e bem macio. Invista em uma

bota charme nisso, se conseguir descolar uma Escalade

garrafa de champanhe e duas taças de cristal. Se estiver

EXT da Cadillac, que teve produção descontinuada em

dirigindo, lembre-se de esperar algumas horas até

2013. No lugar da cesta, invista num baú Louis Vuitton e

passar o efeito do álcool para que seu dia acabe tão bem

não esqueça de levar as Perrier, já que caviar Beluga dá

quanto começou. Ou melhor, quem sabe...

uma sede danada.

Os apaixonados por carros e esportes radicais devem programar seu piquenique para meados de 2016, data em que deve desembarcar no Brasil o F-Pace, primeiro SUV fabricado pela Jaguar. Entre as altas tecnologias que agregam a boa nova, o carro vai ter um novo modelo de chave, a Leisure Key. Trata-se de uma pulseira que substitui a chave tradicional e abre o veículo ao aproximar a mesma à letra “J”. Até lá, aprimore-se no surfe para não fazer feio na frente dos amigos e trate toda a tecnologia que o carro oferece da forma mais natural possível. Receita infalível para virar o herói da turma. Nada melhor do que um belo passeio para unir a família ainda mais. E que tal organizar um piquenique? Sem esquecer da cesta, da toalha xadrez e do tradicional frango assado, prepare junto com sua prole o passeio. O carro ideal é um Land Rover Evoque – de preferência

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o modelo conversível que está para desembarcar por

com pilha a combustível de hidrogênio para armazenar

aqui. Não esqueça de levar um bom DVD para acalmar

energia elétrica e vidros espelhados que impedem os

os ânimos durante a viagem. Outra boa ideia é abrir a

reles mortais de ter qualquer vislumbre de quem estaria

capota, colocar um som alto e todos cantarem juntos.

dentro do carro, entre muitos outros luxos. Este modelo

Tipo Hollywood mesmo.

é perfeito para popstars terem um pouco de privacidade

Se você se define como uma pessoa discreta, muito

e se arriscarem a curtir um piquenique. Mas demora um

elegante e, acima de tudo, exigente, o carro certo para o

pouco ainda a ser lançado. Por conta disso, não é indicado a

seu piquenique é um Bentley Bentayga. Por se tratar de

celebridades instantâneas. Quem poderia ter esse veículo?

um modelo fabricado na Inglaterra, mais precisamente

Esse é assunto para outra matéria.

em Crewe, o SUV carrega uma nobreza que vem de

No mais, capriche nas comidinhas – não esqueça do

berço. Em tempos de espionagem, vale a sugestão de

protetor solar e repelente – e, acima de tudo, na escolha

juntar um grupo de executivos – assim, como você – e

da companhia.

fazer uma reunião de negócios longe das câmeras e das

Bom passeio e até a volta!

mídias sociais. Dica valiosa: os celulares devem ficar guardados com o motorista que estará dirigindo o carro

— Conversível tem tudo a ver com piquenique, mas qualquer modelo serve —

e que, de preferência, não fale nossa língua pátria. Em tempo: todos sem uniforme. Invistam em bermudas e camisetas polos para manter a discrição. Levem bastante água, café e algum destilado... Alguém

se

lembra

do

DeLorean

DMC-12

que

transportou, em 1985, o personagem interpretado por Michael J. Fox para o longínquo ano de 2015, no longa

1 2

De Volta para o Futuro? Pois é, o tempo passou num piscar de olhos e ele se tornou uma brincadeira. Peça

3

1. Na cesta pode ter vinho, mas não para o motorista 2. Com muitas comidinhas para um perfeito piquenique 3. Carro e piquenique nunca saíram de moda

de museu. A Mercedes-Benz já anuncia para o fim desta década o modelo F105, que dispensa o motorista, equipado

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— Esportivo popular — O Ford Mustang foi um modelo que revolucionou o mercado nos anos 60 e ditou moda POR ROBERTO MARKS

Em linha de montagem ininterrupta há mais de 50 anos

prosperidade econômica, que acelerou o processo de

e com quase 9,5 milhões de unidades comercializadas,

motorização do país. Quando estes jovens chegaram ao

pode-se afirmar, sem nenhum exagero, que o Ford

mercado de trabalho, nos anos 60, o esportivo da Ford

Mustang é um dos mais sedutores automóveis já

atendia suas aspirações.

produzidos. Lançado em abril de 1964 (como ano-modelo 1965), foi o carro certo na hora certa, revolucionando o

Sucesso comercial

mercado e definindo padrões que nortearam a indústria

Além das linhas cativantes, o preço era bastante

automobilística nas décadas seguintes.

acessível e logo conquistou uma legião de fãs, seduzindo

Por sinal, a Ford algumas vezes surfou na “crista da onda”,

jovens e público de todas as idades, transformando-se

antecipando-se às tendências do mercado. Tradição que

em fenômeno de vendas. Somente no dia do lançamento

começou com o modelo T e seus sucessores: modelo A,

oficial, 17 de abril de 1964, os concessionários

de 1927, e o popular “Deuce”, primeiro Ford com motor

receberam mais de 20 mil encomendas, superando as

V-8, lançado em 1932, além da bem-sucedida família F

expectativas mais otimistas da fábrica, que previam

de picapes. Mas o Mustang foi a “tacada” mais arrojada

vendas em torno de 100 mil unidades no primeiro

da marca do oval azul, já que ocorreu em um mercado

ano de mercado. Quando isso ocorreu, elas já haviam

muito maior e bem mais competitivo.

ultrapassado as 300 mil.

Um dos segredos desse sucesso foi o fato de o carro

Em pouco mais de dois anos, em meados 1966,

introduzir o apelo de um esportivo popular que mirava

foi alcançada a marca de 1 milhão de unidades

como público-alvo a primeira geração de “Baby

comercializadas somente nos Estados Unidos. O mais

Boomers” – aqueles que nasceram nos Estados Unidos

curioso, entretanto, é que o esportivo era baseado na

na década de 1940 e cresceram em uma fase de grande

arquitetura de primeira geração do Falcon, um insípido



50 Foto: Cornis / Latinstock


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Foto: Getty Images

— O público-alvo foi a primeira geração de “Baby Boomers” – que nasceram nos Estados Unidos na década de 1940 —

sedã compacto lançado em 1960. Isso, entretanto, também contribuiu para o sucesso do carro, pois, além de compartilhar componentes comuns, a escala de produção dessa família possibilitou um preço básico bastante competitivo. Também por se derivar do Falcon, o Mustang foi definido como um dos pioneiros pony cars. Era o significado para carros compactos, logicamente para os padrões americanos, com design cativante, caracterizado pelo longo capô do motor e a traseira curta, além de detalhes esportivos e preço acessível. A Ford também aproveitou para colocar em prática uma pioneira e agressiva campanha de marketing, que possibilitava

1

ao comprador “customizar” o modelo a seu gosto, com a oferta de uma enorme lista de opcionais, o que era

2

1. O carro certo na hora certa para uma nova geração 2. O Mustang também atraiu o público feminino

incomum na ocasião.

52


GT de verdade No lançamento, era oferecido nas versões cupê e conversível. O modelo básico vinha equipado com um sóbrio motor de seis cilindros em linha de 170 polegadas cúbicas (2.800 cm³) de apenas 102 cv. Mas a Ford também oferecia opções de motor V-8 260 (4.300 cm³) com potência de 166 cv e 289 (4.780 cm³) com 213 cv. No segundo semestre de 1964 lançou a arrojada carroceria fastback e também passou a ser existir a opção do V-8 289 Hi-Po (High Performance) com 275 cv. Este motor era o preferido para equipar as versões do Mustang GT. Mas o verdadeiro grã-turismo apareceu em 1965, quando o especialista em desenvolvimento Carroll Shelby criou o GT350, popular Cobra, com o mesmo motor 289 Hi-Po e potência aumentada para 310 cv. Esse incremento de desempenho exigiu adoção de um novo eixo traseiro, do grandalhão Ford Galaxie, além de suspensão reforçada e sistema de freio

53


54


redimensionado. Shelby também desenvolveu uma

O charme de Eleanor

versão especial espartana, a GT350R – R de Racing –,

E mesmo já quase quarentão, continuou encantando

destinada às competições, na qual o motor 289 tinha

nas telas como no filme Gone in Sixty Seconds (título em

potência estimada entre 330 e 365 cv.

português, 60 Segundos), de 2000, remake da película

Dessa forma, o Mustang entrava na era dos muscle cars,

homônima filmada em 1974. Só que, em vez do Fastback

tendência que surgiu no mercado americano, também

1973 da fita original, que na verdade era um modelo 1971

em meados da década de 1960, e que transformava os

atualizado para 73, na refilmagem Nicolas Cage teve a sua

“inofensivos” pony cars em “feras” nas ruas e estradas

disposição uma réplica do modelo Shelby GT500 de 1967.

“anabolizados” por potentes V-8. E Shelby não parou por

O charme de Eleanor, como o carro foi apelidado no filme,

aí. Em 1967, colocou no mercado o GT500, Super Cobra,

deve ter chamado a atenção dos estilistas da Ford.

com o V-8 “big block” Ford 427 (7 litros) de 527 cv. Algo que é comum atualmente em muitos GTs, SUVs e até

— Com seu visual charmoso, o Mustang também se destacou nas telas de cinema. Isso devido a uma agressiva estratégia de merchandising da Ford —

sedãs de luxo, mas que há 50 anos era surpreendente. Astro de cinema Além do enorme sucesso comercial, seu visual charmoso também se destacou nas telas de cinema. Isso por meio de uma agressiva estratégia de merchandising da Ford. Já no segundo semestre de 1964, um conversível aparecia fazendo uma “ponta” no filme Goldfinger, da

1 2

série 007, tendo ao volante a Bond Girl Tania Mallet. Por sinal, outro motivo do sucesso do carro se deve às mulheres, que, na época, também começaram a ver o

3 4

1. “Arrepiando” nas ruas de San Franciso no filme Bullit 2. A charmosa réplica do Cobra no “remake” de 60 Segundos 3. Steve McQueen, o “piloto” em Bullit 4. Nicolas Cage, o “piloto” em 60 Segundos

automóvel como um sonho de consumo. Vale lembrar que sua primeira unidade comercializada foi no nome de uma jovem de 22 anos, Gail Wise, de Chicago, que ganhou o conversível dos pais como presente de formatura. Hoje, mãe de quatro filhos e já avó, ela e o marido ainda conservam o raro esportivo, devidamente restaurado. Voltando ao cinema, o Mustang teve participação destacada no filme Um Homem e uma Mulher, de 1966, do badalado diretor francês Claude Lelouch, com o ator Jean-Louis Trintignant e a belíssima atriz Anouk Aimée vivendo um romance a bordo do esportivo. Já em Grand Prix, também de 1966, James Gardner tem como carro de uso pessoal um Shelby GT350. Mas o filme que o consagrou definitivamente nas telas foi Bullit, de 1968, no qual o ator Steve McQueen “barbariza” pelas ruas de San Francisco a bordo de um fastback 390 (6.400 cm³) com 319 cv. A lista, entretanto, não parou por aí e é bem longa. Isso faz dele, em suas diversas gerações, um dos modelos que mais participou de filmes e seriados.

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— O Mustang é o modelo da Ford que mais tempo está em comercialização ininterrupta —

Apesar de muito bem-sucedido em mais de 50 anos de comercialização, com média de vendas superior a 150 mil unidades/ano, salvo raras exceções, não existe dúvida de que a primeira geração é que ficou marcada na memória coletiva. E, baseado nisso, o departamento de estilo da companhia foi buscar inspiração para desenvolver as linhas da quinta geração lançada em 2004. Era, claramente, uma releitura moderna do desenho de versões dos anos 1960. Na ocasião, o então vice-presidente de design da empresa, J. Mays, definiu este processo como “retrofuturismo”. E parece que seus sucessores gostaram da ideia, já que a nova geração, a sexta, lançada no fim de 2014, como linha 2015, mantém a mesma filosofia. Em particular, destacam-se as linhas do novo Mustang

1

Shelby GT350, 2016, que é equipado com motor V-8 aspirado de 5,2 litros, potência de 527 cv e câmbio

1. O novo Mustang Shelby GT350, 2016, tem potência de 527 cv 2. As seis gerações em 52 anos de produção

manual de seis marchas. Em nada fica a dever aos Cobras fabricados nos anos 1960.

2

− 58


59


— Bonneville, altar da velocidade — A planície salgada famosa pelos recordes de velocidade está correndo um sério risco TEXTO ROBERTO MARKS FOTOGRAFIA GUNTHER MAIER




A moto Indian Boartracker replica 175 cc conduzida pelo piloto e fot贸grafo Gunther Maier


— Veteranos frequentadores do deserto de sal comparecem todos os anos com seus hot rods —

A tradição se repete há mais de 60 anos: em três encontros com duração média de uma semana, em agosto, setembro e outubro, centenas de aficionados invadem um deserto de sal no oeste americano para tentar quebrar recordes de velocidade com todo tipo de veículo. De motos a caminhões, de sedãs familiares a hot rods, vale tudo, até mesmo híbridos movidos por turbinas de avião e de helicóptero. Ali, na planície salgada de Bonneville, fãs da velocidade se reúnem em uma animada confraria com o objetivo de superar limites. Bonneville Salt Flats é um deserto de 260 km², localizado em Utah, a 175 km de Salt Lake City. Estima-se que há 14 mil anos um fenômeno geológico transformou um grande lago pluvial pré-histórico na árida planície, que a ação do tempo consolidou em salina. Apesar de incursões isoladas de alguns aventureiros, a região só passou a ser verdadeiramente explorada na década de 1870,

1

2

quando se construiu a ferrovia Transcontinental Nova York–San Francisco.

1. Parte interna do Kraut Bros 1927 Roadster dirigido por Gunther Maier 2. Um típico hot rod acelerando no deserto salgado de Bonneville

Na ocasião, o célebre geólogo americano Grove Gilbert 66


67



Roadster com potĂŞncia estimada de 4000-5000 cv e recordista de sua classe com velocidade de 301 mph


— Apesar da primeira tentativa de quebra de recorde ter sido realizada em 1914, Bonneville só ficou popular muito tempo depois —

(1843–1918) foi um dos pioneiros a estudar as causas do fenômeno que gerou a salina. Ele batizou o local homenageando Benjamin de Bonneville (1796–1878), um francês que foi oficial do exército dos Estados Unidos antes de se tornar um dos primeiros exploradores do oeste americano. Reza a lenda que esse pioneiro caçador de bisões e mercador de peles jamais passou próximo da área que leva seu nome. Com a chegada da ferrovia, a grande reserva de sal começou a ser explorada. Mesmo assim, a desolada paisagem da planície continuou em sua tranquila solidão milenar, até que em 1914 foi realizada a primeira tentativa de quebra de recorde de velocidade. Em um Blitzen Benz com motor de quatro cilindros de 21,5 litros e 200 cv, o americano Teddy Tetzlaff superou a marca de 227 km/h. Mas, além de não conseguir quebrar o recorde mundial, também não teve sua marca homologada pelas autoridades do automobilismo esportivo. Longa polêmica Na ocasião, foi alegado que o piso de sal não era apropriado por gerar menor atrito do que o cascalho das rudimentares estradas da época e da areia de praias, como

O feito foi do britânico Malcolm Campbell, em 1935. Com

Daytona e Ormond, na Flórida, onde foram homologadas

o aerodinâmico monoposto BlueBird, no qual montou

as primeiras quebras de recordes. A polêmica perdurou

um motor Rolls-Royce de aviação com 36,7 litros e

até o começo dos anos 1930, quando o grande aumento

compressor, que gerava 2.300 cv, Campbell estabeleceu

da potência e velocidade convenceu os dirigentes de que

a marca de 301,129 mph (484,5 km/h). Daí em diante, a

o deserto salgado era o local ideal para a padronização

planície salgada de Bonneville testemunhou um grande

de recordes. E foi em Bonneville que pela primeira vez

número de registros recordistas, nas mais diversas

alguém conseguiu superar a barreira de 300 milhas por

categorias de veículos, e também se tornou uma espécie

hora (mph) sobre a terra.

de ponto de encontro dos malucos por velocidade. 70


Espaço democrático Essa popularização teve início em 1949, quando clubes de automobilismo e motociclismo se uniram para organizar uma semana de velocidade aberta para quem tinham o desejo de experimentar a sensação de superar limites. O sucesso da iniciativa fez aumentar anualmente o número de participantes. Diversas vezes, esses apaixonados

1

testemunharam quebras de recordes mundiais de velocidade. Mas a grande motivação é reencontrar velhos

1. 1955 Harley Panhead Sidecar

71



Os modelos denominados como “rat rods” não fazem parte da competição, mas vários participam da festa


amigos para mostrar e admirar os bólidos preparados na

para motos Indian com motor de até 850 cm³ de cilindrada,

garagem de casa.

alcançado 288 km/h. Em 1967, voltou ao lago seco para novo

Alguns, com recursos, investem verdadeiras fortunas,

recorde, de 295,4 km/h, com motor de 950 cm³.

mas a maioria costuma gastar a suada poupança apenas

A aventura de Munro foi contada, em 2005, no filme

para realizar um sonho. Exemplo desta perseverança foi o

The World’s Fastest Indian – Desafiando os Limites,

neozelandês Herbert Munro (1899-1978), que durante 20

aqui no Brasil –, com interpretação do renomado ator

anos preparou uma velha moto Indian na garagem de casa.

inglês Anthony Hopkins, e no qual também é retratado

Em 1962, já com 63 anos, conseguiu recursos para ir da Nova

o forte espírito de amizade e solidariedade que une a

Zelândia até Bonneville, onde quebrou o recorde mundial

peculiar confraria. 74


— A planície sofre as consequências após mais de cem anos de exploração de sal —

Mas essa tradição de camaradagem corre risco atualmente. Após mais de um século de exploração de sal, a planície de Bonneville está perdendo a estabilidade, e isso provoca rachaduras e buracos na pista. Mesmo com limitações impostas na exploração do sal na região, desde 2012, a situação continua crítica e, inclusive,

1

obrigou o cancelamento da programação em 2015 – e, até o momento, a deste ano também está ameaçada.

1. Kraut Brothers Racing com motor V-8 Chevy com mais de 1000 hp

75


— Sal & Pimenta — Em pleno deserto de sal de Bonneville, o fotógrafo Gunther Maier realizou um ensaio que faz um explosivo mix de potência e sensualidade TEXTO KIKE MARTINS DA COSTA FOTOGRAFIA GUNTHER MAIER

Ganhador de seis Oscars, Mad Max: A Estrada da

Gunther Maier é um alemão que nasceu em Ulm,

Fúria fez sucesso no mundo todo em 2015 trazendo

estudou design em Stuttgart, depois mudou-se para os

como destaque a maravilhosa Charlize Theron no

Estados Unidos e trabalhou durante anos como diretor

papel da guerreira Furiosa a percorrer uma paisagem

de arte em agências de publicidade em Nova York e em

pós-apocalíptica dirigindo um enorme caminhão-

Filadélfia. Fez trabalhos para grandes marcas, como

tanque. Substitua a famosa atriz sul-africana pela

Mercedes-Benz, IBM, Porsche, Jägermeister e Hitachi.

linda modelo Emilie, a carreta por um possante

Cansado da vida de “Mad Men”, resolveu mudar-se para

Buick Super Riviera 1952 inteiramente reformado e o

Santa Fé, no estado de Novo México, e incorporou à sua

deserto da Namíbia (usado pelo diretor George Miller

determinação germânica uma generosa dose de atitude

como locação para o filme) pelas planícies de sal de

norte-americana. “A rígida educação que eu recebi em

Bonneville, nos confins do estado norte-americano

minha infância, na Alemanha, me ensinou a seguir

de Utah, e aí surge esse magnífico ensaio fotográfico

as regras e a respeitar os limites. Por isso, confesso

realizado por Gunther Maier.

que, para mim, foi um choque e uma delícia quando

Não, as fotos não foram inspiradas no filme – na verdade,

desembarquei na América, onde o sucesso de um cara

são anteriores a ele –, mas a pegada é mais ou menos

é medido pelas regras que ele quebra e pelos limites que

a mesma. A sensualidade da gladiadora que controla

ele ultrapassa ao longo de sua vida! Meu profundo amor

a poderosa máquina presa por correntes e o cenário

pela Alemanha continua o mesmo, mas a verdade é que

inóspito compõem uma imagem que não ficaria nem

eu passei a me sentir muito mais feliz quando assimilei

um pouco deslocada se aparecesse em determinado

no meu estilo de vida essa liberdade e esse jeitão mais

momento na telona do premiado filme.

relaxado dos estadunidenses”, diz. Recentemente,



mudou-se para San Miguel de Allende, no México. Adaptando-se a esse novo ambiente, passou a adotar a alcunha de Carlos G. Maier. Suas paixões – além da fotografia, é claro – são as comidas com tempero latino, a vastidão das estradas do Oeste e a velocidade dos carrões e das motos. O deserto de sal de Bonneville é um de seus playgrounds prediletos. “O sal cria uma enorme tela branca para a minha arte. Eu me concentro e tento encontrar aquele detalhe, aquela minúcia que ninguém mais notou. Uma boa fotografia tem de contar uma história em um único frame”, filosofa Maier, que se revela fã de dois grandes mestres: “Joel Meyerowitz, por sua habilidade de fazer verdadeiras pinturas com a luz, e Sebastião Salgado, pela verdade brutal revelada por suas fortes imagens em preto e branco”. Algumas pessoas usam seus olhos apenas para ver. Outras, para falar. Os olhos de Carlos G. Maier são microfones para que a sua alma e para que as dos seus retratados se expressem. Seja por meio de fotos ou de filmes, pois essa figuraça trabalha também como cineasta. Em 2008, por exemplo, rodou em Havana o longa One among Thousands (Um entre Milhares), um documentário que registrou o retorno Cuba do músico Victor Alvarez, morador de Santa Fé que, quando criança, no início dos anos 60 do século passado, foi um dos 14 mil meninos e meninas removidos de Cuba pela CIA na chamada Operação Peter Pan, que desmantelou inúmeras famílias. A emocionante história de Alvarez voltando à sua terra 43 anos depois teve sessões lotadas quando exibido no Sant a Fé Film Festival e na mostra DocUtah. E, enquanto esteve em Cuba para captar as imagens do filme, Maier aproveitou para acompanhar a rotina de vários apaixonados por Harley-Davidsons que vivem na ilha de Fidel, com suas motos antigas em condições muitas vezes deploráveis. Essas imagens compõem o livro Harlistas Cubanos, que pode ser encomendado no site do fotógrafo. Por falar em Harleys, Gunther Maier já teve várias, mas

dia eu cruzei com um cara em Gilmore (onde ficava a

sua predileta era uma Heritage Deluxe. E esse amor

fábrica da Indian) especializado em montar réplicas de

pelas criaturas de duas rodas o levou também a construir

motos de rua com um visual ultracool. Nós começamos

a réplica de uma Indian Sportsmanflyer e correr com

a conversar e juntos entramos nessa empreitada. Rodar

ela em Bonneville com o número 35, como fez o lendário

com ela a 100 mph (milhas por hora) na pista de sal foi a

Burt Munroe ao honrar os deuses da velocidade. “Um

realização de um sonho”, recorda.

80


— Após uma grande reforma, o Buick Super Riviera 1952 renasceu como Bombshell Betty — 81


Entra em cena Bombshell Betty

da cidade de Phoenix, no estado de Arizona. Os Buick

Entre 2009 e 2012, Maier acompanhou a reforma

Super eram carrões produzidos pela General Motors

extrema que seu amigo Jeff Brock fez num velho Buick

entre os anos de 1949 e 1958, com duas ou quatro portas,

Super Riviera 1952 que ele encontrou praticamente

em versões sedã, cupê ou station wagon, conversíveis

abandonado em 2008, em uma serraria nos arredores

ou hardtop. Extralongos, os modelos Riviera tinham 82


O engenheiro Doug Anderson, dono da Automotive Machine Service, na cidade de Albuquerque, se lembra bem daquela tarde em 2009, quando Brock apareceu na porta de sua oficina com aquele monte de lata enferrujada e, na cara dura, perguntou: “Eu preciso colocar esse trambolho em condições de correr lá em Bonneville daqui a seis semanas. Tem jeito?” Alguns longos segundos depois, Anderson respondeu: “Não sei, mas vamos fazer o possível”. Muitas das modificações foram decididas por Sergio Juarez, que comandou a reforma e sugeriu a colocação de saias e outros elementos aerodinâmicos que reduziram sensivelmente a resistência do ar daquela enorme barca convertida em supermáquina de corrida. A transformação foi tamanha que, ao final dos trabalhos, esta verdadeira escultura em metal conquistou o status de obra de arte e ganhou um carinhoso apelido entre os frequentadores das pistas do salar de Bonneville: “Bombshell Betty” (algo como Bete Vedete, numa tradução livre). Antes de conceber esse impactante e veloz encouraçado, Jeff trabalhava como escultor em madeira e metal e sempre foi um aficionado por motocicletas de corrida. Além de visualmente impressionante e atraente, com sua mistura de linhas antigas e ultramodernas, Bombshell Betty é a protagonista das imagens deste ensaio fotográfico e tem um “motorzinho” de 5.200 cilindradas, 8 cilindros, 340 cv de potência e quatro marchas, capaz de mover o bólido a velocidades superiores a 165 mph (cerca de 265 km/h), correndo na classe XO/GCC, especial para coupês vintage com propulsores movidos a gasolina. É uma marca considerável para um carro tão antigo e pesado, mas nada que se aproxime dos recordistas de Bonneville, como o “míssil” sobre rodas Blue Flame, que em 1970 alcançou ali a espantosa velocidade máxima de 630,4 mph (1.014,5 km/h). Em cima de um foguete desses, nenhuma mulher conseguiria ficar de pé, segurando-o com correntes!

— Com motorzão de 340 cv, Bombshell Betty atinge até 165 mph (cerca de 265 km/h) —

5,34 m de comprimento e possuíam entre suas marcas registradas as três VentiPorts – entradinhas de ar nas laterais da parte dianteira, criadas para funcionar como entradas de ar para ajudar a arrefecer a temperatura do compartimento do motor. 83




— Noblesse oblige —

Lorde inglês organiza evento para apaixonados por carros e corridas TEXTO CLAUDIO MELLO FOTOGRAFIA ANDREAS HEINIGER



O “Paraíso” para os apaixonados por carros de corrida

E são centenas de carros, de todas as marcas que

realmente existe e, sem nenhum exagero, pode-se

se possa imaginar, tanto das mais raras quanto das

afirmar que ele tem nome e endereço: é Goodwood,

populares. O mais antigo, fabricado em 1905, estava

lugarejo localizado na região de West Sussex, extremo

funcionando perfeitamente. Divididos por categorias

sul da Inglaterra, a cerca de 100 km de Londres. Ali

e épocas de fabricação, eles disputam as corridas no

na Goodwood House, propriedade de Lord March –

sábado e domingo. São tantos carros com maravilhosas

Charles Gordon-Lennox, conde de March e Kinrara

histórias que, intercalados pelas inúmeras competições

–, foi realizada a abertura oficial da temporada de

programadas, tornam praticamente impossível poder

competições automobilísticas na Inglaterra.

apreciar tudo com a devida atenção, mas não deixamos

Este ano, o encontro foi organizado no fim de semana de

de aproveitar essa oportunidade.

19 e 20 de março, e TOP Carros foi a única publicação brasileira convidada para o evento, que reúne a “aristocracia” automobilística britânica, bem como muitos convidados importantes de outros países. É

— Carros raros e comuns de todas as épocas participam do evento —

uma oportunidade única para se apreciar na pista de corrida de 3,8 km, que circunda a propriedade, carros de todas as épocas, fabricados desde o começo do século 20. Algumas verdadeiras raridades devidamente preservadas por zelosos proprietários.

90


1

2

1. O painel e volante de um monoposto Ferrari dos anos 1950 2. Um popular Cooper-Bristol, modelo inglês do começo da dÊcada de 1950

91


— O Mercedes-Benz W196 Streamliner, uma obra de arte sobre rodas —

1

2 3

1. O Mercedes-Benz carenado foi revolucionário na Fórmula 1 2. A IWC desenvolveu versões especiais do cronógrafo Ingenieur especialmente para o evento 3. Ex-piloto de Fórmula 1, o alemão Jochen Mass pilotou o bólido

92


do evento e no qual não faltou scotch e champanhe. No dia seguinte, a festa também foi aberta aos “comuns”, que podiam circular tranquilamente pelos boxes do circuito para apreciar os carros e as provas, além de poder tomar o tradicional chá com bolo oferecido nos quiosques espalhados pela área. A importância do evento pode ser medida pelo grande número de empresas que já patrocinam sua organização. Um exemplo é a IWC Schaffhausen, tradicional fabricante suíça de relógios, que além de apoiar o evento desde o ano passado, também bancou a presença em Goodwood dos dois modelos Mercedes-Benz Festa para todos

“Silver Arrow” W196: o Monoposto e o Streamliner,

E a festa começou em grande estilo com a recepção

que dominaram a Fórmula 1 em meados dos anos 1950

oferecida pelo anfitrião Lord March, que na sexta-feira

pilotados pelo argentino Juan Manuel Fangio e pelo

à noite abriu os salões de sua bela mansão para um

britânico Stirling Moss.

jantar a rigor reservado aos cerca de 800 participantes

Definidos como verdadeiras obras de arte, os dois

93


carros só saem do museu Daimler, em Stuttgart, com um

Aproveitando a oportunidade, a IWC também produziu

sistema especial de transporte, além do elevado prêmio

três versões com edição limitada de seu cronógrafo

da apólice do seguro. E, como quadros e esculturas nos

Ingenieur, especialmente para o evento. “Desde 1955,

museus, eles podem ser apreciados, mas não tocados.

o nome Ingenieur tem sido um símbolo da engenharia

Dois seguranças, educadamente, evitavam isso. Os dois

suprema da relojoaria, apresentação impecável e inovação

carros fizeram uma exibição na pista de Goodwood

técnica. O visual ‘vintage’ desses modelos especiais para

pilotados por ex-pilotos de Fórmula 1: o finlandês Mika

Goodwood lhes garante uma sensação distinta e que

Hakkinen e o alemão Jochen Mass. Ambos convocados

faz relembrar a idade de ouro do automóvel clássico”,

pela fábrica alemã.

destacou Georges Kern, CEO da IWC Schaffhausen.

94


— Centenas de esportivos e monopostos estavam inscritos no evento — 1

2

1. Por trás da cerca viva, dois modelos icônicos: o Bizzarrini GT Strada (vermelho) e o TRW Griffth 400, ambos dos anos 1960 2. Boxes à moda antiga: acanhados e de madeira estimulam a camaradagem

95


Volta ao passado Sem nenhuma dúvida, um evento desse porte só pode acontecer na Inglaterra. Apaixonados por corridas, os britânicos também preservam a tradição automobilística conservando os carros em perfeito estado e prontos para entrar na pista, não importa quando foram fabricados. Assim é possível apreciar a tremenda evolução que marcou as competições no século passado. Lado a lado, nos típicos e acanhados boxes de madeira dos anos 1960, encontramos muitos modelos que venceram provas épicas. Ferraris, Maseratis, Porsches, inclusive diversos exemplares do mítico modelo 917 e até um que “atuou” no filme Le Mans, atiçavam a imaginação dos fãs. Por sinal, a prova mais importante do encontro deste ano foi reservada ao Ford GT 40, como comemoração dos 50 anos da primeira vitória da marca americana na 24 Horas de Le Mans, ocorrida em 1966. Vinte e seis exemplares do GT 40, originais e réplicas, participaram dessa prova, que teve uma hora de duração. Para os fãs da Fórmula 1, o evento também é surpreendente. Praticamente toda a história da categoria, de 1950 a 1985, estava representada e, inclusive, com a emoção que sempre caracterizou. Na prova reservada aos modelos com motor de 2.500 cm³, o acidente envolvendo um Cooper T-51 e um Lotus 18 provocou o momento de maior apreensão, após o Lotus dar três piruetas no ar em frente às tribunas e “aterrissar” no gramado ao lado. Felizmente, nada de grave ocorreu ao piloto. Mas, este ano, o destaque nas provas reservadas aos modelos de Fórmula 1 foram os carros fabricados no fim dos anos 1970 e começo dos anos 1980, que se caracterizavam pelo efeito solo e que faziam com que eles ficassem grudados na pista como carrinhos de autorama. Isso, é claro, se não surgisse nenhum imprevisto. Modelos como o Lotus 79, Williams FW 07 e até o Fittipaldi Ford F08, que foi pilotado por Keke Rosberg na temporada de Fórmula 1 de 1980, estavam presentes em Goodwood.


— A prova principal foi em homenagem ao cinquentenário da vitória do Ford GT 40 em Le Mans — 1 2

3

1. O relógio pontual, outro detalhe que confirma a tradição inglesa 2. A largada da principal prova realizada em Goodwood 3. Um típico V-8 americano e que “roncou” forte no circuito inglês

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— Ferrari de R$ 130 milhões — Raro modelo de competição da equipe da fábrica de Maranello, na década de 1950, alcança valor recorde em leilão realizado em Paris

© Artcurial

POR BORIS FELDMAN



© Artcurial

Se o valor de um automóvel antigo pode ser estimado

Simplesmente porque não é um carro esporte homologado

pela notoriedade da marca, seu histórico e volume

para tal, e sim projetado apenas para as pistas.

de produção, quanto poderia valer um Ferrari 335

O “335” se refere à cilindrada em cada um de seus 12

Sport Scaglietti 1957 que teve apenas quatro unidades

cilindros em vê, num total de 4.020 cm³ e que levam

fabricadas e que, entre outras corridas, ganhou o Grande

o carro até 300 km/h. Mas o modelo nasceu “315”

Prêmio de Cuba de 1958 pilotado por Stirling Moss?

(3,8 litros, 360 cv). Depois teve a cilindrada aumentada

Inestimável, diriam alguns. Mas estimado pela casa

pela fábrica e a potência subiu para 390 cv.

leiloeira Artcurial entre 28 e 32 milhões de euros.

Scaglietti é o sobrenome de Sergio, que projetou e

E o avaliador acertou em cheio, pois foi arrematado

fabricou a carroceria na sua oficina em Maranello,

em Paris (Salon Rétromobile, fevereiro de 2016), por

vizinha à fábrica do Comendatore Enzo. Scaglietti

exatos 32.075.200 de euros (cerca de R$ 130 milhões).

produziu vários outros Ferraris projetados por ele

Apesar do valor estratosférico, não pode rodar nas ruas.

mesmo ou por Pininfarina, como os famosos modelos

102


— Apenas quatro unidades foram fabricadas, e uma delas ganhou o Grande Prêmio de Cuba de 1958 —

California e GTO. A empresa Carrozzeria Scaglietti pertence hoje à Ferrari e continua produzindo diversos modelos da marca do “Cavallino Rampante”. A primeira corrida do “335” (chassis 0674, ainda com motor de 3,8 litros) foi a 12 Horas de Sebring, nos Estados Unidos, em março de 1957, pilotado por Peter Collins e Maurice Trintignant. Chegou em sexto. Dois meses depois, em maio, Wolfgang Von Trips terminou em segundo lugar na Mille Miglia, atrás de Piero Taruffi com um Ferrari semelhante.

1

Um terceiro 335, pilotado pelo nobre espanhol Alfonso de Portago nessa mesma prova, provocou o fim da

1. A beleza da carroceria foi obra do artesão Sergio Scaglietti

103


Š Artcurial


famosa corrida disputada em estradas italianas, largando e chegando em Brescia. Um pneu estourou perto da cidade de Guidizzolo, o carro saiu da pista matando o piloto, seu navegador e mais nove espectadores. Três meses depois, o governo italiano proibiu competições nas rodovias. Passaram-se 20 anos e a prova voltou, em 1977, porém transformada em pacífico rali de regularidade para carros históricos. Depois da Mille Miglia, os “315” foram então rebatizados de “335”. O modelo com número de chassis 0674 participou de várias outras competições até ser vendido, em 1960, para Robert Dusek, um arquiteto americano. E comprado, em 1970, pelo colecionador francês Pierre Bardinon. Perguntaram uma vez para Enzo Ferrari por que não montava um museu com seus carros mais importantes, e ele respondeu não ser necessário, pois Bardinon já tinha providenciado isso em sua propriedade de Mas du Clos, na França. Bardinon era de uma rica família francesa e se dedicou aos automóveis antigos, focando nos carros de competição da Ferrari. Conseguiu reunir em sua coleção os mais importantes modelos de corrida da marca italiana. Ele construiu uma pista para acelerar seus carros juntamente com convidados, e recebia também clubes de automóveis antigos de outras marcas. Faleceu em 2012, e seus herdeiros decidiram, só agora, vender o “335” por meio da casa de leilões Artcurial.

— O número 335 se refere ao volume de cada cilindro do motor V-12 de 4 litros com potência de 390 cv —

1 1. Seis carburadores duplos Solex alimentam o motor


— Especula-se que o leilão teve lances dos craques Messi e Cristiano Ronaldo, mas quem levou o Ferrari foi um empresário americano —

Bola fora! Quem desembolsou R$ 130 milhões por este Ferrari 355, recorde mundial do valor pago por um automóvel num leilão? Uma pesquisa na internet, aparentemente, não deixaria margem a dúvidas: “Dr. Google” diz que este modelo foi disputado no leilão da Artcurial por dois famosos jogadores de futebol, o argentino Messi e o português Cristiano Ronaldo. E que o “hermano” ganhou a briga. Mas, como se sabe, a internet não tem dono. Há teorias sem comprovação, histórias criativas sem

1

2

1. Com o Ferrari 335S, o britânico Mike Hawthorn foi segundo no GP da Venezuela de 1957 2. Homologado para as competições, ele não pode andar nas ruas e estradas

pessoas acreditam com firmeza e passam adiante por meio de redes sociais. Para usar a linguagem futebolística, essa versão não passa de “bola fora”. Os dois jogadores podem ter travado esta disputa fora do gramado, mas quem deu o lance vencedor foi o americano (de Ohio) Brian Ross, do ramo imobiliário, dono de shopping center e de uma concessionária Ferrari e Maserati em Vancouver, no Canadá. Nos leilões de carros antigos, apesar de a Artcurial ter estimado corretamente o valor do carro (de 28 a 32 milhões de euros), os lances são muito variáveis. O martelo pode até não ser batido por não ter sido atingido o valor mínimo (chamado “de reserva”) determinado pelo vendedor, ou pode ser vendido até por mais que o estimado quando se defrontam dois colecionadores (para azar deles, sorte do vendedor e do leiloeiro...) a fim de levá-lo por qualquer preço. Se alguém não acredita, basta dar um pulinho à pista do aeroporto mais próximo do local do leilão e avaliar o valor dos jatinhos (ou jatões) executivos estacionados pelos arrematantes... Guardadas as devidas proporções, um carro como Ferrari 335 Sport Scaglietti chega quase a ser café pequeno. Não deve ser pendurado na parede como um quadro, mas o efeito é semelhante para quem compra. Convidados podem ver, mas nem pensar em tocar.

− 106

© Artcurial

pé nem cabeça e até muitas pegadinhas em que as


107


— Top Five —

O Salão Internacional do Automóvel de Genebra é um dos mais tradicionais, e vem sendo realizado regularmente desde 1924, com a exceção do período de 1940 a 1946, devido à Segunda Guerra Mundial. Por sinal, é um dos poucos ainda organizados todos os anos, e esta foi a 86ª edição da exposição que, tradicionalmente, ocorre no mês de março. Esse período não é muito profícuo para

Exposição mais uma vez foi uma festa para os apreciadores de belos e potentes esportivos

esse tipo de evento, pois os principais lançamentos

POR ROBERTO MARKS

modelos que já estão em comercialização, ou para saciar

da indústria automobilística geralmente ocorrem na segunda metade do ano. Mesmo assim, o Salão na charmosa cidade suíça não é considerado menos importante pelos fabricantes, que aproveitam a oportunidade para lançar novas versões dos


a imaginação do seleto público com os carros-conceito.

O Salão também é oportunidade para pequenos

Por isso, também é um dos preferidos pelos fabricantes de

fabricantes artesanais, como a sueca Koenigsegg, que

esportivos ou de modelos exclusivos e caros, já que na Suíça

lançou oficialmente o Regera com motor V-8 biturbo de

não faltam endinheirados, sejam residentes ou turistas,

1.520 cv, e a mostra apresentou o futuro modelo Apollo

com recursos suficientes para comprar um desses.

Arrow (foto que abre esta matéria), que só deverá chegar

E, este ano, Genebra teve muitas novidades, como o

ao mercado em 2017.

lançamento do Ferrari GTC4Lusso, sucessor do “mal-

Segundo os projetistas, o Arrow teve suas linhas

amado” FF. Também com tração nas quatro rodas, o

inspiradas nas do caça americano F-22 Raptor. A

GTC4 tem motor aspirado V-12 de 6,3 litros, com 690 cv.

mecânica é Audi V-8, de 4 litros biturbo, com potência

O novo Ferrari acelera de 0 a 100 km/h em 3,4 s e alcança

de 1.013 cv. O carro será fabricado na Alemanha pela

máxima de 335 km/h. Outra novidade, o Lamborghini

Automobil GmbH, controlada pelo consórcio chinês

Centenario, série especial de apenas 40 unidades do

Ideal Equipe Venture, que assumiu a massa falida

Aventador SV, homenageia o criador da marca, Ferruccio

da antiga Gumpert. Roland Gumpert, entretanto,

Lamborghini, que este ano completaria 100 anos.

continuará no comando técnico da empresa.


— Lançado oficialmente em Genebra, o novo Aston só chega ao mercado no próximo semestre para substituir o DB9 — 112


Aston Martin DB11 O novo modelo da marca inglesa apresentado oficialmente em Genebra só chega ao mercado no próximo semestre. Substituirá o atual DB9 e tem detalhes de estilo antecipados no protótipo DB10, desenvolvido exclusivamente para o filme Spectre, o mais recente da série 007. Porém, o frontal no DB11 é mais imponente e destacado por faróis maiores. Medindo 4,7 m de comprimento, o novo Aston também é maior, mais largo e baixo do que o DB9, além de ter maior distância entre eixos. Isso garante mais espaço e conforto na cabine, com o requintado e tradicional acabamento da marca. Dadas as cada vez mais rígidas normas antipoluição internacionais, o motor V-12 aspirado, de origem Ford e 5.935 cm³, foi redimensionado pela própria Aston: cilindrada reduzida para 5,2 litros. Em compensação, agora é biturbo, alcançando potência de 608 cv a 6.500 rpm e torque de 71 kgfm, estabilizado em ampla faixa de rotação (1.500 a 5.000 rpm). Além disso, a marca inglesa está utilizando tecnologia de economia de combustível igual à do Audi R8, que possibilita desligar metade dos cilindros quando o carro roda em velocidade de cruzeiro. O DB11 incorpora a nova plataforma de alumínio da marca. Mais leve e mais forte, possibilitou uma redução do peso de 15 kg em relação ao DB9, apesar das maiores dimensões do novo modelo que, em ordem de marcha, pesa 1.770 kg. Essa arquitetura também possibilita abertura mais ampla das portas e mais espaço nos bancos traseiros. Porém, como um típico cupê 2+2, esse espaço ainda é bem limitado para garantir conforto suficiente. Por meio de um câmbio automático ZF de oito marchas, acionado por borboletas atrás do volante, o DB11 alcança velocidade máxima de 322 km/h e acelera de 0 a 100 km/h em 3,9 s. Como a Daimler detém, atualmente, uma participação de 5% no capital da Aston Martin, o DB11 utiliza o mesmo sofisticado sistema de infotenimento do novo Classe S da Mercedes-Benz, além de tecnologia de chave presencial com botão único liga/desliga. Também se especula que já está sendo desenvolvido pela AMG o motor Mercedes V-8 biturbo de 4 litros, que seria opcional para o DB11.

113


— O novo Porsche 911 R é uma volta às origens da marca e terá produção limitada a 991 exemplares —

114


Porsche 911 R Um retorno às origens: assim se pode definir o novo Porsche 911 R, série de produção limitada a 991 exemplares (referência à atual série 991) também lançada em Genebra. Trata-se de um modelo espartano, com as devidas concessões, para os aficionados da marca que verdadeiramente apreciam explorar todos os sentidos de comandar um carro esporte em sua essência. Um automóvel para puristas, conforme definiu o marketing do fabricante. Potente, leve e rústica, esta versão resgata a tradição do primeiro 911 R, lançado há cerca de 50 anos, desenvolvido a fim de obter homologação para competições. Na ocasião, foram fabricados apenas 23 exemplares, sendo três exclusivamente para uso da equipe de fábrica nas provas de resistência e ralis. O novo 911 R não tem este objetivo, mas segue o mesmo espírito. É um carro para acelerar e explorar em todo seu potencial. Pesando 1.445 kg, é 50 kg mais leve do que o GT3 RS. Isso foi obtido com para-lamas e capô dianteiro em compósito de fibra de carbono. O teto é feito com uma lâmina de magnésio. Externamente, destacam-se o tradicional perfil do 911, a histórica dupla faixa vermelha longitudinal da frente à traseira e, na seção inferior das laterais, a mítica faixa tripla com a assinatura Porsche. O aerofólio traseiro, retrátil como no Carrera, fica sobre a tampa do motor. Esta tem na extremidade um suave defletor. Rara concessão à modernidade são rodas de alumínio, com aro de 20 pol. e fixação central. Nas entranhas, porém, reside o segredo deste modelo especial. Motor aspirado de 4,0 litros, escapamento em titânio, e nada menos do que 500 cv a 8.250 rpm. Essa cavalaria, juntamente com o câmbio manual de seis marchas e sem auxílio de recursos eletrônicos, à exceção do diferencial autobloqueante, exige muita competência de quem está ao volante. Outra concessão à modernidade são os discos de freio de carbono-cerâmica. Uma necessidade, já que o novo 911 R supera 320 km/h, além de acelerar de 0 a 100 km/h em apenas 3,7 s. Na cabine, apenas dois bancos envolventes também em compósito de fibra de carbono. Esta série limitada será vendida por 220.000 euros.

115


116


Jaguar F-Type SVR A novidade da Jaguar no salão suíço foi o lançamento da versão radical do F-Type: mais potente, mais leve e com adendos aerodinâmicos que visam melhorar dirigibilidade e estabilidade. O F-Type SVR é um desenvolvimento da SVO – Special Vehicles Operation –, a unidade do Grupo Jaguar Land Rover criada para oferecer serviços de personalização e melhora de desempenho. Os clientes das duas tradicionais marcas inglesas podem escolher cores e revestimento de cabine exclusivos, níveis de potência e torque sempre elevados, suspensões e freios modificados, além de edições de produção limitada destinada especificamente para colecionadores. Na afinação realizada pela SVO, o motor V-8 de 5,0 litros, com compressor, tem agora sistema de escape em titânio e potência aumentada de 550 para 575 cv, enquanto o torque passa de 69 para 71 kgfm. Graças ao novo escapamento e à adoção de alguns componentes confeccionados em compósito de fibra de carbono, como teto e bancos dianteiros, o F-Type SVR pesa cerca de 50 kg menos do que o modelo do qual é derivado. Também foram feitas afinações no sistema de acionamento das marchas do câmbio automático de oito velocidades, bem como nos de vetorização de torque, controle dinâmico de estabilidade e de tração integral. Com isso, o SVR acelera de 0 a 100 km/h em 3,5 s e alcança velocidade máxima de 320 km/h na versão cupê e 310 km/h no conversível, com a capota fechada. Também foi aprimorada a dirigibilidade e estabilidade pela introdução de novos amortecedores e barras estabilizadoras, além de rodas forjadas de alumínio, com aro de 20 pol., nas quais são montados pneus Pirelli PZero 265S, na dianteira, e 305S, na traseira. Opcionalmente, o cliente pode incluir discos de freios em carbono-cerâmica, que reduzem em 21 kg a massa não suspensa e são muito mais eficientes para deter o carro em distâncias menores. Com esta versão incrementada do F-Type, a marca inglesa pretende reforçar sua posição no mercado de esportivos. O novo modelo começará a ser comercializado na metade deste ano tanto na versão cupê como conversível, e custará, na Europa, a partir de 155.000 euros. 117


Maserati Levante Depois de muitas promessas não cumpridas nos últimos anos, finalmente foi lançado o primeiro todo-terreno da Maserati. Baseado no conceito Kubang, apresentado em 2011 e desenvolvido na arquitetura de sexta geração do sedã Quattroporte, o Levante mescla as qualidades dos modelos superesportivos, uma tradição da marca italiana, com o comportamento dinâmico de um SUV. Também se caracteriza por acabamento luxuoso e muito espaço garantindo conforto para cinco pessoas, além de porta-malas com volume de 580 litros. A proposta é de concorrer diretamente com o Porsche Cayenne. Tem 5 m de comprimento e 3 m de entre-eixos, o que fez o fabricante defini-lo como o maior modelo em seu segmento de mercado. Oferece três opções de acabamento e motorização V-6 de 3,0 litros e superalimentação. Os motores a gasolina, fornecidos pela Ferrari, são biturbo, com 350 e 430 cv, enquanto o motor diesel turbo tem potência de 275 cv. Inclui sistema de vetorização de torque para comportamento mais seguro em curvas. Segundo consta, está sendo desenvolvida a opção de motor V-8, biturbo, com 560 cv. O novo Maserati tem tração 4x4 e câmbio automático de oito marchas ZF. A fábrica destaca o baixo centro de gravidade, bem como a distribuição de pesos equilibrada de carga nos eixos (50/50%), como características dinâmicas do Levante. Também oferece suspensão pneumática ativa com seis níveis de regulagem, o que, combinado com o sistema Skyhook da Maserati, nos quais os amortecedores se caracterizam pela variação de amortecimento contínua, possibilita tanto um rodar confortável como um comportamento esportivo. Outra característica é o acabamento requintado e exclusivo da cabine, inclusive os detalhes em seda com a assinatura de Ermenegildo Zegna, grife italiana de moda masculina. Um verdadeiro luxo... O Levante S, versão topo de linha, vem com o motor de 430 cv e acelera de 0 a 100 km/h em 5,2 s e alcança a velocidade de 264 km/h, enquanto o Levante de 350 cv vai de 0 a 100 km/h em 6 s e atinge máxima de 251 km/h. Já o Levante Diesel acelera de 0 a 100 km/h em 6,9 s e tem velocidade máxima de 230 km/h.

118


— O SUV da Maserati é o maior em seu segmento de mercado e chega para concorrer com o Porsche Cayenne —

119


— O novo Bugatti Chiron tem potência de 1.500 cv e velocímetro analógico, que marca até 500 km/h —

120


Bugatti Chiron Após Pierre Veyron (1903–1970), engenheiro e piloto da Bugatti nos anos 1930, o homenageado agora é Louis Chiron (1899–1979), o mais vitorioso piloto nos anos de ouro da marca francesa, antes da Segunda Guerra Mundial. O novo modelo evoluiu sobre o estilo original de Jozef Kaban, no qual se destaca o elegante formato curvado na lateral, além do frontal mais pronunciado com múltiplos faróis de LED. Principal novidade é a potência do motor W-16, que continua com 8,0 litros e quatro turbos. Passou de 1.200 cv do Veyron Grand Sport Vitesse, de 2011, para 1.500 cv no Chiron. Esse aumento de potência foi obtido ao se adotar nova configuração no sistema de superalimentação. Agora são dois pares de turbos com dimensões diferentes. Esse arranjo pode ser definido como um sistema sequencial com os turbos atuando em dois estágios. Até 3.800 rpm só funcionam os dois turbos menores. Acima dessa rotação, também entram em ação os dois turbos grandes, com maiores dimensões do que os quatro utilizados anteriormente no Veyron. Isso, segundo os projetistas, garante uma curva de potência “absolutamente linear” e o absurdo torque de 163 kgfm (!), que já aparece a 2.000 rpm. Ganho de potência adicional também é proporcionado pelo novo sistema de escape em titânio e que reduz a contrapressão. O câmbio automatizado de sete marchas tem dupla embreagem. A Bugatti declara oficialmente que a velocidade máxima do novo modelo é de 420 km/h, mas informa também que ela está limitada para o uso em estrada. Por isso, já se especula que, em circuito fechado, o Chiron poderá superar os 460 km/h, com segurança, o que é garantido pelo rígido monobloco de compósito de fibra de carbono. A carroceria também é confeccionada no mesmo material. Já na cabine, além do requinte primoroso no acabamento, o destaque fica para o velocímetro analógico bem à frente do motorista e que marca até 500 km/h. A Bugatti também informou que está programada a produção de “apenas” 500 unidades do Chiron, das quais 150 já estão encomendadas ao preço de 2,4 milhões de euros, algo em torno de R$ 10 milhões (incluídos impostos europeus).

121


— Tecnológico ao extremo — POR JOSIAS SILVEIRA



Tudo é novo no Mercedes-Benz Classe E. Mas este não

para se encaixar em locais apertados. De fora, usando o

é o destaque do lançamento europeu que chega ao Brasil

aparelho, pode-se fazê-lo estacionar ou sair sozinho. Por

no final de 2016. Todo o foco está na decisão de lançar

segurança, o dono precisa estar pelo menos a 2,5 m do

um automóvel inteligente, quase autônomo, capaz não

carro, que encontra a melhor posição dentro da vaga.

só de alertar o motorista para situações de risco como

Tanto para estacionar quanto para se proteger de

também de reagir e evitar acidentes. O “quase” se deve ao

riscos de acidentes, o novo Classe E conta com vários

fato de a “autonomia” de decisões do carro ser proibida

radares e câmeras: há dupla leitura de até 500 m à

por lei. Ou seja, a responsabilidade, inclusive de aceitar

frente, prevenindo emergências. Esse conjunto de

as decisões do Classe E, continua do motorista.

assistentes eletrônicos está sempre em ação, fazendo

A evolução da eletrônica faz o fabricante chamar o

uma leitura de 360° ao redor para detectar veículos,

lançamento de “novo nível de direção inteligente” dentro

pedestres ou obstáculos.

de um slogan pouco modesto: “O melhor ou nada”. Além de se autodirigir (em congestionamentos ou na

Portugal e Vegas

estrada) e evitar acidentes, o novo Classe E tem maior

O lançamento mundial foi em Portugal, com teste em

integração com o celular. Por meio de aplicativos, o

estradas lusitanas e também no autódromo de Estoril.

telefone serve de “chave” ou ainda de controle remoto

A proximidade com a autonomia total estava em um dos

126


modelos no autódromo, que contava com vários computadores (de série ou opcionais) à mostra no porta-malas. Havia participado da Feira de Eletrônicos de Las Vegas, em janeiro último, onde se movimentou autonomamente por estradas, após modificações na programação. Como automóvel de linha, o Classe E exige a mão do motorista ao volante a cada 60 segundos, para provar que se está no controle. Um teste realizado em estrada foi colocá-lo para se autodirigir de forma inteligente. A velocidade é programada, até 210 km/h, e passa a seguir as faixas no asfalto, bem como as placas indicativas de velocidade, limitando-se ao permitido. Outra opção, em congestionamentos ou com sinalização precária, está em seguir automaticamente o veículo

— Com nova carroceria e mecânica, o destaque fica para a eletrônica. Com câmeras e radares, o novo Classe E se dirige sozinho por ruas e estradas —

à frente, mantendo uma distância segura. Com o Mercedes no modo de direção automático, solta-se o volante. A cada 60 s, avisos luminosos e sonoros pedem que o motorista coloque as mãos no volante. Caso não seja atendido, o carro passa a diminuir a velocidade até parar – com alertas externos ligados – e se abre um botão de concierge para pedir ajuda de uma central. A programação entende que o motorista não reagiu por problemas de saúde ou que ele dormiu (talvez por ter pouco a fazer ao volante). Rodando no modo inteligente,

1

mesmo que o motorista esteja ao controle, um sistema de freios ativos e direção evasiva garante evitar colisões, tanto freando quanto desviando o carro em caso de obstáculos inesperados, como outro veículo invadindo uma preferencial ou um pedestre. Claro, o Classe E só

2

1. Na nova frente, destaque para faróis de LED automatizados 2. A carroceria maior melhorou o conforto e luxo interno

atua automaticamente se não houver reação após

127


avisos sonoros e luminosos de perigo.

motores. O câmbio continua o 9G-Tronic, automático

Faróis inteligentes de 84 LEDs (opcional) se

de nove marchas. No comprimento cresceu 4,3 cm,

ajustam eletronicamente à luminosidade exterior,

indo para 4,92 m, e a distância entre eixos aumentou

evitando ofuscar os veículos contrários, assim como

6,5 cm, chegando aos 2,94 m, tudo para aumentar o

eliminando reflexos vindos do chão molhado ou placas

conforto interno.

refletivas de sinalização.

Nova linha de motores 2.0 quatro-cilindros turbo

Toda

essa

inteligência

eletrônica

é

facilmente

equipa o E200 (184 cv) e o E300, com o mesmo motor

percebida nas duas telas de 12,3 pol. no painel, uma

repotenciado para 245 cv. O topo de linha, E400, traz

delas com mostradores programáveis (no cluster)

um V-6 3.0 turbo de 333 cv e tração nas quatro rodas.

e outra central com informações e entretenimento.

Ainda sem definição de quais versões virão para o

Muitos desses recursos são opcionais ou privilégio

Brasil (no mínimo serão dois motores), na Europa

de versões de topo.

o E200 básico parte de 45.300 euros. Por aqui pode

Apesar do destaque para a “inteligência”, o Classe E é

se esperar quase o dobro (em reais), com impostos e

inteiramente novo em carroceria, interior e até mesmo

custos de importação da Alemanha. 128


— Nova linha de motores ecológicos garante performance e bom consumo. E as novas linhas deixaram a Classe E mais elegante e espaçosa —

Mercedes-Benz Classe E MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO

1

1. No topo da linha vem a E400, com motor seis cilindros e tração integral

129

4 cilindros, 2.0 turbo Gasolina 184 cv e 30,6 kgfm Automático, 9 marchas Traseira 4,92 m 2,94 m 5 540 litros 50 litros 790 km 2.245 kg 45.300 euros (Europa)


— Grande, mas ágil — Audi Q7 MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO

POR BOB SHARP

V-6 3.0 com compressor Gasolina 333 cv e 45,9 kgfm Automático, 8 marchas 4x4 permanente 5,05 m 2,99 m 7 295/890 litros s/3ª fileira 85 litros 885 km 1.970 kg R$ 399.990 (básico)



Lançado em 2005, Q7 é o maior SUV da Audi, passou por reestilização de meia-vida em 2009 e em 2014 foi apresentada a segunda geração, que acaba de chegar ao Brasil. Traz muita tecnologia, como é notório na marca, a começar pelo eixo traseiro dinâmico que, junto com o assistente de visão noturna e faróis totalmente em LED, forma o pacote tecnológico de R$ 32.000 – soma-se ao preço básico de R$ 399.990 e o eleva para R$ 431.990. A lista de opcionais continua: pacote de sete bancos (R$ 20.000), assistentes lateral, de saída de vaga perpendicular e de presença de veículo atrás, mais R$ 7.500. Suspensão pneumática adaptativa por R$ 30.000 e pintura metálica ou perolizada por R$ 2.400 adicionais. O Q7 esbanja espaço graças aos 5,05 m de comprimento, 1,96 m de largura sem contar os espelhos, altura de 1,74 m e vasto entre-eixos de 2,99 m. Mesmo com três fileiras de bancos e sete lugares, o porta-malas acomoda 295 litros de bagagem. Se forem cinco lugares ou com a terceira fileira escamoteada, são 890 litros de espaço. Para acesso cômodo a esse compartimento, a tampa de acionamento elétrico é aberta pelo movimento lateral de um pé sob o para-choque. Há cinco pares de engates Isofix para bancos infantis, sendo três deles no banco intermediário e mais dois no banco traseiro opcional. Assim, o Q7 pode transportar crianças com facilidade e segurança, exemplo para outros fabricantes. A agilidade, já excelente no modelo anterior (arquitetura é a mesma do Cayenne e Touareg), agora com o eixo traseiro dinâmico e suas rodas esterçantes, é superlativa. Em baixas velocidades, as rodas traseiras esterçam ao contrário das dianteiras e em velocidades acima, no mesmo sentido. Sensação de o veículo girar fácil no primeiro caso e agilidade numa mudança de faixa, no segundo. O motorista se depara com um quadro de instrumentos virtual, uma tela de 12,3 pol. de alta resolução, que pode ser configurado à vontade. Tem também projeção no para-brisa de dados de desempenho e de navegação. Desempenho não falta em nenhum Audi, e o do Q7 mantém a tradição. O motor é um V-6 de 3 litros com compressor que entrega 333 cv entre 5.500 e 6.500 rpm e torque de 44,9 kgfm de 1.250 a 5.000 rpm. O compressor alimenta de ar o motor sob pressão de 0,8 bar e sua polia é eletromagnética, de tal forma que com acelerador pouco aberto ele fica parado, mas quando se acelera mais, entra em função imediatamente – e como entra!

132


— O SUV de grande porte da Audi prima por desempenho e comportamento exemplares, aliados a um generoso espaço interno que pode transportar até sete pessoas —

O novo Q7 “emagreceu” nada menos que 325 kg em relação ao anterior, e pesa 1.970 kg. Com isso, a excepcional relação potência/peso de 5,91 kg/cv o faz ser capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em apenas 6,1 s. Impressiona. A velocidade máxima é limitada a 250 km/h. Os pneus 285/45R20 facilitam o trabalho das sofisticadas suspensões independentes, e o Q7 roda firme em qualquer situação. O câmbio automático de oito marchas e a tração integral com proporção dianteira/traseira variável faz o resto. Em resumo, para um Q7 supercompleto é preciso um cheque de R$ 491.890. Vale a pena? Para quem deseja um dos melhores SUV atuais e dispõe de recursos, claro que vale.

1 2 1. Parece real mas, é virtual: o novo quadro de instrumentos do Audi Q7 2. A foto passa a ideia do que o Audi Q7 é, exatamente, um veículo plantado no chão

Os carros avaliados por TOP Carros utilizam gasolina Podium Petrobras.

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— Cada vez melhor — Novo Passat Highline 2.0 TSI DSG MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO

POR BOB SHARP

4 cil. 2.0 turbo Gasolina 220 cv e 35,7 kgfm Robotizado, 6 marchas Dianteira 4,76 m 2,79 m 5 588 litros 66 litros 885 km 1.499 kg R$ 155,290



O novo Passat, de oitava geração e importado da Alemanha,

Além das conhecidas características de ótimo espaço

recebeu atualizações de estilo mais nova estrutura

interno – entre-eixos de 2,79 m –, o aporte de tecnologia

monobloco, construída sobre recente plataforma para

é apreciável. Há novos sistemas de assistência ao

carros de motor transversal do Grupo VW, a MQB. Um

motorista e de comodidade, tornando o rodar ainda

de seus atributos é a elevada rigidez torcional, 7% maior

mais seguro. A nova geração do controle dinâmico do

em relação à anterior, que já era alta. São três versões:

chassi tem cinco modos de condução e amortecedores

Comfortline (R$ 148.290) e Highline (R$ 155.290), com

com controle eletrônico, além de assistência dianteira

as opções Premium (R$ 5.080, Highline somente) e teto

com frenagem de emergência na cidade e alerta de

solar panorâmico (R$ 5.598, ambas a versões).

tráfego traseiro. As duas versões têm função desliga/

O pacote Premium inclui controle de cruzeiro adaptativo,

liga motor nas paradas no trânsito. A assistência

assistência dianteira com frenagem de emergência,

dinâmica dos faróis aumenta o poder de iluminação

quadro

programável,

com menos ofuscamento do tráfego próximo. E o porta-

assistente de estacionamento, assistente de mudança

malas acomoda nada menos que 588 litros de bagagem.

de faixa, proteção ativa dos ocupantes, sistema de

Anda muito bem, inclusive o som do motor em alta

infotenimento com navegador e sistema de áudio

rotação lembra o de um V-6, sem artificialismos. O corte

premium Dynaudio Confidence.

de rotação é a 6.800 rpm, limpo, sem trancos. Acelera

O motor é o 2 litros turbo de dupla injeção (direta e

com disposição – 0 a 100 km/h em 6,7 s – e atinge

de

instrumentos

digital

no duto), 220 cv entre 4.500 e 6.200 rpm, com torque de 35,7 kgfm de 1.400 a 4.400 rpm. O câmbio DSG, robotizado de seis marchas com dupla embreagem em banho de óleo, permite trocas sequenciais pela alavanca seletora ou borboletas atrás do volante. Uma notável mudança é o quadro de instrumentos totalmente virtual. Além da precisão de leitura e sem nenhuma paralaxe por não ter ponteiros físicos, o mapa do GPS pode ser colocado entre o conta-giros e o velocímetro, proporcionando consulta ideal. No velocímetro há uma pequena janela na parte de baixo que exibe a velocidade em dígitos, muito útil.

136


— O novo Passat, em sua 8ª geração, está cada vez melhor, mais refinado e confortável, com espaço de sobra para cinco ocupantes —

246 km/h, desempenho respeitável. O coeficiente aerodinâmico (Cx) é baixo, 0,28, resultando na baixa área frontal corrigida de apenas 0,630 m². O carro pesa 1.499 kg, apenas 30 kg mais que o anterior. O motor conta com variador de fase nos dois comandos de válvulas acionados por corrente e levantamento variável em dois estágios nas válvulas de escapamento. A bomba de óleo é de pressão variável, sob demanda, controlada eletronicamente. O rodar é muito confortável e a aptidão para efetuar curvas continua a ser “marca registrada” do Passat, um bom exemplo atual de carro de tração dianteira.

1 2

O câmbio tem comportamento invejável, e os acoplamentos de embreagem são bastante suaves,

1. Um dos grandes atributos deste sedã é o volume do porta-malas, de 588 litros 2. O quadro de instrumentos agora é totalmente virtual, com muitas configurações 3. O baixo coeficiente aerodinâmico garante velocidade

lembrando um automático convencional. Como sedã, boa opção para quem deseja presença discreta, o que hoje também é valorizado.

3

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— O limite chegou? —


Porsche 911 Turbo S MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO

POR RODRIGO MORA

6 cil (horizontais opostos) 3.8 turbo Gasolina 580 cv e 76,5 kgfm Automatizado, 7 marchas Integral 4,51 m 2,45 m 2+2 115 litros (f) e 260 litros (t) 68 litros 747 km 1.600 kg A definir


Aceleração de 0 a 100 km/h abaixo dos 3 s, que o coloca

chefe do projeto do atual 911, explica: “Acredito que as

num “clube” restritíssimo no mundo, suscita uma

mudanças nesses 42 anos foram necessárias, mas o

questão. O novo Porsche 911 Turbo S, aos 42 anos de

atual modelo está próximo do limite do quanto um carro

idade, chegou ao seu limite? Isso porque o maior ícone da

esporte deve ter de tamanho”.

marca de Stuttgart vem ficando maior há seis gerações

Outro ponto em que o 911 Turbo S parece ter chegado à

(sete, do 911) – e não só no tamanho. Nesta sexta

fronteira da sanidade se refere ao desempenho. Segundo

geração, o cupê esporte tem 4,51 m de comprimento e

dados da marca, a aceleração de 0 a 100 km/h é feita em

1,88 m de largura, bem distantes dos 4,29 m e 1,77 m

2,9 s. No mundo real pode ser até abaixo disso, conforme

(respectivamente) do primeiro modelo, de 1974.

testes de publicações no exterior com o 911 Turbo S

Uma das razões vem da necessidade de mais

da geração anterior. A atual tem turbocompressores

equipamentos. Afinal, tração integral, eixo traseiro

maiores (de geometria variável), únicos entre os de ciclo

direcional e freios que cresceram para segurar um carro

Otto, e o motor de 3,8 litros passou a 580 cv, promovendo

cada vez mais rápido ocupam espaço. August Achleitner,

a extraordinária relação peso potência de 2,1 kg/cv.

142


— Cada vez mais equipado e potente, Porsche 911 Turbo S tem crescido nas últimas gerações —

1 2

1. Com 2,45 m de entre-eixos e 4,51 m de comprimento, o Porsche 911 nunca foi tão grande 2. Para segurar tanto ímpeto, os freios têm pinças monobloco de alumínio com até seis pistões

No circuito de Kyalami, África do Sul, deu para sentir o que é ser arremessado a essa velocidade em tão pouco tempo: a cabeça e o peito apertam. As trocas do câmbio de sete marchas são socos nas costas do condutor e tão rápidas que dificultam a retomada do fôlego. Nas longas retas do circuito sul-africano (palco do bicampeonato de Nelson Piquet na Fórmula 1), o ponteiro do velocímetro passa dos 220 km/h facilmente. Nas curvas, a direção precisa é ao mesmo tempo gentil, “avisando” o motorista que a traseira está saindo dos trilhos, quando se provoca demais o carro. Um contraesterço no volante põe ordem na casa. Ao final da primeira volta, fica claro que é preciso preparo

143


físico de atleta para extrair o máximo do que o 911 Turbo S pode dar. Um novo seletor foi instalado na parte inferior direita do volante – botão Sport Response –, que torna a condução ainda mais frenética. De acordo com a Porsche, o câmbio PDK engrena imediatamente uma marcha mais baixa, para que as rotações se situem na faixa entre 3.000 e 6.000. Adicionalmente, as pás dos turbocompressores se fecham para incrementar a resposta do motor. Outro tempero daquele botão mágico é o Dynamic Boost. Quando o motorista tira o pé do acelerador por instantes, a válvula-borboleta mantém-se aberta e o motor continua a receber ar de admissão sob pressão pela inércia do turbocompressor. Ao mesmo tempo corta-se a injeção: nada se produz de potência. Ao apertar o acelerador de novo, a injeção se restabelece e o combustível encontra os cilindros pressurizados. A resposta ao acelerador, assim, é instantânea. Selvagem na pista, o cupê é amigável no uso urbano. Basta desativar os recursos de condução esportiva, tratar o acelerador com sutileza e acionar o sistema de elevação do eixo dianteiro. Trata-se de um equipamento

— Selvagem na pista, o cupê é amigável no uso urbano. Basta desativar os recursos de condução esportiva, tratar o acelerador com sutileza e acionar o sistema de elevação da dianteira —

eletro-hidráulico que, em cinco segundos, sobe a dianteira do carro em 4 cm, facilitando o acesso a garagens, por exemplo. Fora do circuito e a adrenalina mais baixa, é hora de se deslumbrar com as outras muitas qualidades deste novo 911. A posição de guiar beira a perfeição, com o banco podendo ficar bem rente ao assoalho e o volante totalmente na vertical, impondo-se ao condutor. Não falta espaço ao acompanhante, e ainda assim tudo fica à mão de quem dirige – inclusive o porta-copos escamoteável, escondido no porta-luvas. O quadro de instrumentos é cheio de informações, de leitura simples e intuitiva – aqui, já se sabe, o contagiros assume a posição principal. Ao seu redor, um computador de bordo repleto de dados, como força G e

1

pressão dos pneus. Mais equipado do que nunca, oferece GPS com informações do trânsito em tempo real.

1. Interior do Porsche 911 Turbo S é compacto, mas acomoda bem os dois ocupantes da frente; acabamento é impecável 2. Versão Cabriolet do 911 Turbo S faz de 0 a 100 kmh em 3,1 s, contra 2,9 s do cupê

Há também um novo volante menor, de 36 cm de diâmetro. Nem tudo no 911 Turbo S ficou maior, mas, certamente, melhor.

2

− 144


145


— Um gato explosivo — Dodge Charger SRT Hellcat MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO

POR PAULO KELLER

V-8 6,2 litros compressor Gasolina 717 cv e 89,9 kgfm Automático, 8 marchas Traseira 5,10 m 3,06 m 5 478 litros 70 litros 470 km 2.072 kg US$ 67.645 (nos EUA)



“Nos dias de hoje, não há mais monstros a temer. Então, nós temos que criar nossos próprios monstros.” Essa é a fala da propaganda do Dodge Charger Hellcat, um sedã quatro-portas familiar transformado em um monstro. O Hellcat é o sedã mais veloz e mais rápido do mundo, com velocidade máxima de incríveis 328 km/h, e 0 a 100 km/h em 3,7 s. Falando em sedãs, talvez nem um Porsche Panamera consiga acompanhá-lo numa arrancada. Isso se o Hellcat conseguir manter a tração, que é apenas nas rodas traseiras. E para que serve isso? Simplesmente porque nós podemos, diria a Dodge. E porque ajuda a manter o desejo por outros modelos da marca.

— “Nos dias de hoje, não há mais monstros a temer, então nós temos que criar nossos próprios monstros” —

Seu motor Hemi V-8 a 90º, de 6,2 litros, com potência de 717 cv a 6.000 rpm e torque de 89,9 kgfm a 4.800 rpm, é o motor mais potente já fabricado pela Chrysler em toda sua história. E a dupla Charger/Challenger Hellcat são os muscle cars mais potentes já fabricados. Mais potentes até que o Dodge Viper V-10. É simplesmente impossível de usar tudo isso em vias públicas.

1 2

O que mais impressionou durante os dias de teste do Charger Hellcat nos Estados Unidos é que ele exige

3

1. Interior preto e vermelho com bancos em couro e camurça 2. Freio a disco Brembo nas quatro rodas 3. A carroceria tem diversos adendos aerodinâmicos

muito autocontrole de quem está atrás do volante.

150


Seus 717 cv e o urro do motor compelem a acelerar

Outro som interessante é o zunido que vem do

forte o tempo todo. Por onde passava fui praticamente

compressor de deslocamento (blower), de fusos

aclamado e instigado pelos que sabiam o que eu tinha

tipo Lysholm, montado sobre o motor acionado por

nas mãos. “Mostre-me o que 717 cv fazem!”, “Você

correia. Esse zunido aumenta com a rotação e é bem

está usando a chave vermelha?”, “Faz um burnout!”

diferente de tudo a que estamos acostumados, dando

e “Encosta aí para eu ver o motor!” foram algumas

uma característica única e marcante ao Hellcat. O

das indagações feitas sempre com um sorriso no

compressor foi escolhido em detrimento do turbo por

rosto de quem as fazia.

apresentar melhor resposta em baixas rotações, fazendo

E a tal da chave vermelha?! Uma ideia simples, meio

o gato ser explosivo, mas, ao mesmo tempo, progressivo,

infantil, mas genial. O carro vem com duas chaves: a

e aumentou a potência do motor Hemi em 45%.

vermelha, the macho key, libera os 717 cv, e a preta,

A caixa automática epicíclica de oito marchas é a consagrada

mais civilizada, para valets e outros, que libera “apenas”

ZF com algumas modificações para suportar todo o torque

500 cv. A vermelha funciona como uma medalha ou

brutal do motor. Na estrada, apenas com uma pisadinha, em

um objeto de desejo, representando o próprio carro

questão de segundos já se atinge 160 km/h, ainda em terceira.

quando exibida. Ela também demanda um nível extra de

Suas enormes rodas de 20 pol. e pneus 275/40 o deixam

responsabilidade, como coisa de super-heróis: “Grandes

um pouco mais duro, mas não desconfortável. E os freios

poderes demandam uma grande responsabilidade”.

Brembo com discos dianteiros de 391 mm de diâmetro são

O som do motor é muito grosso, forte e assustador.

os maiores dentre todos os modelos do grupo FCA.

Controlado por válvulas no escapamento, em baixas

O Charger Hellcat é uma típica demonstração

rotações é sinistro como o rugido de um tigre à espreita

americana de que potência bruta, agora com tecnologias

para dar o bote a qualquer momento. E em acelerações

para domá-la, ainda é uma receita que desperta o desejo

fortes, é o próprio ataque violento do tigre.

de qualquer um que goste genuinamente de carros.

151


— Ainda melhor — Audi TTS 2.0 TFSI quattro MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO

POR BOB SHARP

4 cil, turbo, 2 litros Gasolina 286 cv e 38,7 kgfm Robotizado, 6 marchas 4 rodas permanente 4,19 m 2,50 m 2+2 305 litros 55 litros 660 km 1.365 kg R$ 299.990



O Audi TT foi lançado em 1998 no outono europeu. No verão de 2006, de lá veio a segunda geração, com emprego de partes da carroceria em alumínio. Mais adiante, em 2008, chegaram o TTS e o TT RS, com motores de quatro cilindros 2 litros de 272 cv e cinco cilindros 2,5 litros de 340 cv. A terceira geração surgiu no Salão de Genebra em março de 2014: TT com motor quatro-cilindros 2 litros turbo de 230 cv e 37,7 kgfm, e TTS de maiores potência e torque, quatro cilindros, 286 cv e 38,7 kgfm. O primeiro chegou ao Brasil em maio do ano passado e agora é a vez do TTS. As versões oferecidas aqui são a coupé, como o avaliado por TOP Carros, e roadster. Custam, respectivamente, R$ 299.990 e R$ 319.990. Ambas recheadas de itens de alta tecnologia como faróis totalmente de LED, seleção de modo de rodagem, rádio MMI Plus com navegador e rodas de 19 pol. com pneus 245/35R19. Os dois modelos têm tração integral de repartição automática de torque entre os eixos segundo as necessidades no uso. Ainda, dispõem de amortecedores ajustáveis. O TTS é um cupê de 2+2 lugares com tampa traseira liftback, em que o vidro abre junto, e 305 litros no portamalas. O entre-eixos é de 2,50 m, mais 3,7 cm que na geração anterior, e o comprimento aumentou 2 cm para 4,19 m. Porém, ficou mais baixo 1 cm, com 1,34 m, o mesmo ocorrendo com a largura, agora de 1,83 m. A bem-vinda novidade nesta terceira geração é o quadro de instrumentos totalmente virtual, com o navegador no centro. Nada de precisar olhar mais para a direita, para o centro do painel. O conta-giros e o velocímetro com janela para exibir velocidade em dígitos podem ser aumentados em diâmetro com a retirada do navegador, sendo possível, ainda, deixar o conta-giros ainda maior e no centro. O câmbio é robotizado de duas embreagens e seis marchas. Nas trocas ascendentes, tanto faz se deixadas por conta dos algoritmos ou manualmente (alavanca ou borboletas), são invariavelmente acompanhadas de pequeno pipocar no escapamento, de efeito agradável e ao mesmo tempo empolgante. Mas o que empolga de verdade é o desempenho. Acelera de 0 a 100 km/h em 4,7 s e chega a 250 km/h, velocidade limitada pela fábrica. A aceleração impressiona de verdade, mais ainda se feita com auxílio do controle de largada (launch control). O salto para a frente, para o que a tração integral contribui, é notável. 156


O comportamento em curvas continua irrepreensível. Dá gosto poder acelerá-lo ainda no meio da curva, como pude ver no Autódromo de Interlagos, onde a Audi programou a apresentação. Não só isso, a maneira como aponta para as curvas e a notável precisão da direção são um convite para explorar esse exagero – no bom sentido – em automóvel. Atrás, um defletor eleva-se automaticamente ao chegar a 120 km/h para ampliar a carga aerodinâmica no eixo traseiro. O teste no autódromo foi feito à noite, de maneira que se pudesse comprovar a eficiência dos faróis totalmente em LED. Mesmo em velocidades de 200~210 km/h, a noite vira dia, algo impensável não faz muito tempo.

— O Audi TTS parece ter sido concebido para deixar o motorista se integrar, ou mesmo se entregar a ele, numa experiência poucas vezes vista ou sentida —

O motor é o EA888 turbo com injeção dupla (no duto e direta). O coletor de escapamento integra-se ao cabeçote e há árvore contrarrotativa de balanceamento. Motor, absolutamente “liso”, impressiona. As trocas no limite, mesmo em modo manual, são feitas a 6.800 rpm. A 120 km/h em sexta o motor está a 2.200 rpm, para viagens tranquilas. O consumo não foi informado, mas a partir de extrapolações com dados europeus, pelos parâmetros do Inmetro/PEV, chega-se a 9,4 km/l na cidade e

1

12 km/l na estrada.

2 3

Este, sem dúvida, é um modelo feito para garantir fortes emoções e, ao mesmo tempo, um incrível transporte

1 e 2. Feito para rodar rápido e seguro tanto em sinuosas serras como em velozes autoestradas 3. A “cabine de comando” do TTS, com seu quadro de instrumentos virtual, é um show à parte

para o dia a dia. Um casal pode levar outro ao saírem para uma noitada.

− 157


— Fera domada — Mercedes-AMG C 63 S Coupé MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO

POR IVAN BERNARDES

V-8 4.0 biturbo Gasolina 510 cv e 71,4 kgfm Automático, 7 marchas Traseira 4,75 m 2,84 m 4 355 litros 66 litros 766 km 1.710 kg R$ 600 mil (estimado)



Fundada em 1967 por dois ex-engenheiros da Mercedes-

É possível conduzi-lo sem pressa, apenas aproveitando

Benz, a AMG sempre criou máquinas vorazes.

os 71,4 kgfm de torque. Basta uma acelerada leve para

Incorporada à Daimler-Benz, em 1993, a proposta

a sinfonia do oito-cilindros quebrar sem cerimônia a

continua visível no Mercedes-AMG C 63 S Coupé, que

quietude de uma viagem. Desde a partida, o motor emite

chega ao Brasil no segundo semestre de 2016. Deve

um som grave, gutural, que cresce junto com a rotação e

custar mais que os R$ 550 mil pedidos pelo sedã. Com

sempre presente. Pisar fundo no C 63 Coupé atiça todos

510 cv de um V-8 de 4 litros biturbo e tração traseira,

os sentidos, inclusive a audição.

repete a receita do sedã de quatro portas, porém traz

A cabine luxuosa contribui para amenizar a ferocidade da

bitola traseira mais larga e um eixo específico, que

pista para a rua e mostra também a face Mercedes-Benz da

inclui diferencial autobloqueante.

moeda. Os bancos de couro apoiam bem o corpo e ajustes

Em curvas do circuito espanhol de Ascari, nos arredores

elétricos permitem ótima posição de dirigir. O banco

de Málaga, o C 63 mostrou comportamento explosivo. O

traseiro acomoda apenas dois ocupantes, com limitações

modo Race reduz os níveis de assistência dos controles

de espaço para pernas e cabeças, comum em cupês.

de estabilidade e tração ao gosto e responsabilidade

A tela central de comando tem destaque no painel, e

do motorista. Acelera de 0 a 100 km/h em 3,9 s, e a

pode exibir informações como aceleração lateral e força

velocidade máxima segue o acordo de cavalheiros

entregue pelo motor. Tudo finalizado em couro, metal e

alemão, limitada a 250 km/h. Opcionalmente, o limite

plástico imitando fibra de carbono no console central,

pode subir para 290 km/h.

onde ficam os comandos do sistema multimídia e ajustes

O cupê assume uma postura bastante madura nas ruas.

de firmeza da suspensão e modo de condução.

160


— É possível conduzir sem pressa, aproveitando os 71,4 kgfm de torque que aparecem já a 1.750 rpm —

Em trechos urbanos, a suspensão firme até castiga um pouco os ocupantes, mas menos do que o esperado em um modelo tão esportivo. O comportamento em asfalto liso do C 63 é irretocável: pouca inclinação da carroceria e sensação constante de que os limites ainda estão distantes. A direção tem reações rápidas, coerentes à proposta do carro. Por fora, o visual apresenta linhas bem fluidas e uma traseira elegante, com lanternas horizontais. Ficou mais bonito que o antecessor. O teto tem caimento suave e quase nenhum ângulo entre o vidro e a tampa do porta-malas para favorecer a aerodinâmica. Rodas de 19 pol. escurecidas complementam o visual. Na frente, enormes entradas de ar ajudam a arrefecer motor e freios. Atrás, um extrator e um defletor discreto atuam em velocidades elevadas.

1

2

Apesar do ar sisudo, germânico, o C 63 permite ser 1. Visual é elegante e intimidador 2. Cabine tem acabamento luxuoso, com materiais nobres e muita tecnologia a bordo

explorado numa ampla gama de situações, colocando sempre um sorriso no rosto de quem o dirige.

− 161


— Rio adentro —

A canoagem envolve técnica, coragem, companheirismo e, principalmente, respeito à natureza

TEXTO E FOTOGRAFIA FECO HAMBURGER EDIÇÃO CLAUDIA BERKHOUT





A imagem de um rio serve às mais diversas metáforas, provérbios e comparações com nosso dia a dia. Há várias razões para isso, como a conexão com o tempo que não volta, a mudança corrente em nossas vidas, a alternância de momentos tranquilos e turbulentos, quedas e remansos. Mesmo assim, é difícil evitar o encantamento com o poderoso fluxo de água que podemos encontrar na natureza. Ainda mais se a água for limpa. Em tempos em que enfrentamos situação crítica em relação à água do planeta, o crescente interesse pela canoagem não se dá por acaso. Também não deixa de ser curioso que as regiões de Extrema e Socorro sejam pontos altos para os praticantes do esporte. Na realização desta matéria, numa espécie de expedição, fomos literalmente rio adentro acompanhar um grupo de profissionais para compreender um pouco mais dessa prática que envolve técnica, coragem, companheirismo e, principalmente, respeito à natureza. Uma bela estrada de terra acompanha o Rio Jaguari entre as cidades de Camanducaia e Extrema, em Minas Gerais. Suas águas abastecem o sistema Cantareira e servem de palco para os praticantes da canoagem. Ali, no Bar do Régis, espécie de base informal para aqueles que se aventuram pela natureza local, encontramos uma turma de especialistas: Caio, Luís Guida, Moisés, Tista e Leandro. Para nossa surpresa, um pequeno cão, o Hércules, não titubeou em acompanhar nossa expedição, ora correndo pelas margens, ora dentro do caiaque.

— “É onde esqueço os problemas e renovo as energias. Assim eu não curto a natureza, eu faço parte dela...” – Caio Moreno — 168


169


— Avaliar e escolher o melhor caminho é a chave para percorrer essa estrada fluida e dinâmica —

Caio Moreno coleciona vários títulos de campeão brasileiro e pan-americano em diversas modalidades da canoagem e já participou de diversas experiências internacionais. Diz ele com a simplicidade de quem conhece o assunto: “A canoagem é onde me sinto à vontade, onde esqueço os problemas e renovo todas as energias. Assim eu não curto a natureza, eu faço parte dela...” Com traçado sinuoso, o Rio Jaguari oferece trechos tranquilos e corredeiras mais acentuadas até quedas bastante radicais. Usando um termo bastante difundido no surfe, tivemos o privilégio de conhecer o Rio Jaguari em um dia épico. As chuvas do verão, além de aliviar o sistema hídrico, aumentaram o grau de dificuldade técnica da canoagem, e nosso time aproveitou a ocasião. Se numa primeira impressão a canoagem pode parecer um esporte individual e solitário, o que aprendemos com essa turma é o oposto: a segurança de cada um depende da confiança total no outro e na prontidão em tomar

170





medidas radicais de apoio e socorro. Além, é claro, de discutir os melhores trajetos, ajudar a carregar o equipamento morro acima e celebrar as manobras bem-sucedidas. Luiz Guida, também conhecido por Animal, é tetracampeão brasileiro de stand-up paddle e educador físico. Companheiro frequente do Caio nas descidas, valoriza os momentos de conexão com a natureza e a concentração no que vem pela frente: “Na corredeira, a cada trecho percorrido preciso focar no que vem adiante, em como negociar a passagem, com escolhas e reflexos rápidos em concentração total. Caiaque representa liberdade, diversão, desafios e muita adrenalina”. Em nossa aventura, Leandro Ramos fez a segurança dos canoístas e do fotógrafo que vos escreve. Pronto para agir rapidamente, com cordas e boias, Leandro, natural de Camanducaia e experiente guia de turismo e de esportes radicais, é um praticante entusiasta da canoagem. Moisés Crescente e Tista Dourado, respectivamente diretor e coordenador da Radix, empresa de passeios e aventura sediada em Extrema, são grandes conhecedores do Rio Jaguari. “O Caiaque é a busca contínua de uma sinergia entre o querer, o poder e a conquista. A cada dia uma descida diferente com uma sensação diferente”, diz Moisés. Além de promover passeios em estilo família, são os primeiros a desafiar as passagens mais radicais, batizadas com nomes bastante sugestivos. O Expresso impressiona pela quantidade e velocidade da água em um desnível considerável de alguns metros. Já o Salto Grande é o ápice de nossa expedição. Equivalente a um prédio de cinco andares, seus 15 m de altura, numa queda só, separam os praticantes dos profissionais, para não dizer os sensatos dos insanos. Ao final da descida, todos ali, inteiros e a salvo,

— Os 15 m do Salto Grande separam os praticantes dos profissionais, para não dizer os sensatos dos insanos —

concordam que a chave fundamental para percorrer essa estrada fluida e dinâmica está em avaliar e escolher o melhor caminho, a chamada linha, além de ter coragem e jogo de cintura para reagir ao imprevisto. Uma descrição da canoagem que carrega evidente semelhança com nossas vidas.

− 174


Agradecimentos: Caio Moreno e radixaventura.com.br Assistente de foto Giovana Lyra

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— Aventura na Chapada — O Jeep Experience mostrou as belezas da Chapada Diamantina, na Bahia, rodando por trilhas e estradas de terra POR JOSIAS SILVEIRA



— Chuvas torrenciais aumentaram as dificuldades de um roteiro que era para ser leve. Por outro lado, rios e cachoeiras foram reavivados e ficaram mais bonitos —

Nascida como veículo militar, a marca Jeep hoje lembra aventura. E com a fabricação do Renegade em Pernambuco, a FCA pretende incentivar exatamente esta característica de enfrentar estradas e trilhas de terra. Ou seja, mostrar que o Renegade, mais que um SUV, traz as características de seus antecessores. Por isso existe nos Estados Unidos uma extensa programação, a Jeep Experience, com uma dezena de trilhas espalhadas pelo país, onde os proprietários podem experimentar toda a capacidade fora de estrada dos veículos da marca. Tal a importância desses eventos que o fabricante comemorou meio século dos passeios fora-de-estrada no 50th Annual Easter Jeep Safari, nas trilhas no Deserto de Moab, no estado de Utah. Além desses difíceis caminhos, um dos mais famosos é o Rubicon, uma trilha na Sierra Nevada, no norte da Califórnia, considerada a única de grau 10 de dificuldade em toda a sua extensão. São dois dias para percorrer apenas

1

35 km de trilha. Nos Estados Unidos, todos os eventos são classificados

2

1. Todos os Renegade tinham tração 4x4 para enfrentar melhor as trilhas 2. Rios e cânions embelezam a paisagem da Chapada Diamantina

pelo grau de dificuldade, e alguns caminhos, como o 180


Rubicon, contam com veículos da própria fábrica. O consumidor nem precisa usar seu carro. Praticamente se trata de um pacote completo que inclui hospedagem em hotéis próximos da trilha, toda a assistência, alimentação e guias especializados para ajudar a transpor as dificuldades no fora-de-estrada. No Brasil Retornando por aqui com a força do Renegade – além de produtos importados –, a Jeep se prepara para fazer a mesma estratégia de marketing americana. Ainda mais que até o final de 2016 outro produto da marca – um SUV maior que deve se chamar Compass, de dimensões próximas às da picape Toro –, também será produzido no Brasil. Assim, a FCA organizou seu primeiro Jeep Experience brasileiro na Chapada Diamantina, em meio ao sertão baiano. Um evento-teste para verificar o interesse por este tipo de lazer/aventura, que pode ser estendido para os consumidores ou interessados na marca. Uma forma até turística de comprovar a capacidade dos veículos em locais de difícil acesso. 181


— Este tipo de aventura pode se tornar uma estratégia da Jeep também no Brasil. Nos EUA existe uma dezena de trilhas para os consumidores da marca —

A primeira dúvida está exatamente em escolher o local, tantas são as atrações brasileiras para esse tipo de aventura, que reúne boas experiências ao volante em locais diferentes e belas paisagens. A escolha inicial foi a Chapada Diamantina, no centro do estado da Bahia, tendo como base a cidade de Lençóis, a pouco mais de 400 km de Salvador, por estradas asfaltadas. A vantagem de Lençóis, além de existir aeroporto com voos regulares, está na boa estrutura hoteleira e nos restaurantes variados. Dali se partia para destinos diversos, usando uma frota de Renegade com motores diesel 2,0 e, claro, tração 4x4, já que teríamos alguns trechos difíceis pela frente. Lá estavam os três modelos: Sport, Longitude e o topo de linha Trailhawk. Aonde ir? A Chapada Diamantina, uma enorme área de 1.520 km², é um dos Parques Nacionais preservados e oferece inúmeras opções de passeio. Campos e planícies, que lembram a caatinga e o cerrado, se misturam com paredões, cânions, grutas, cavernas, rios e cachoeiras. O roteiro – planejado pela Trailway, de Luís Fernando Carqueijo, um dos maiores especialistas em off-road brasileiros – dividia o Experience em três percursos diários, com trechos por volta de 100 km, em várias estradas de terra e trilhas. Era para ser um roteiro leve, de grau de dificuldade entre 3 e 5, na escala que classifica as trilhas em até 10, o máximo em matéria de obstáculos. Era para ser leve... A natureza tem suas surpresas e, depois de longo período de estiagem, a Chapada foi abençoada com chuvas torrenciais. Resultado: a lama aumentou as dificuldades, principalmente para as unidades que tinham pneus mais especificados para asfalto. Ou seja, a diversão aumentou e o prazer de alcançar morros com vistas incríveis e cavernas de águas cristalinas foi ainda maior. Cachoeiras quase secas na estiagem se tornaram caudalosas, em meio à vegetação que voltava a exibir o verde. Alcançou-se, enfim, exatamente a filosofia de passeios fora-de-estrada

bem-sucedidos:

quanto

maior

a

dificuldade, mais se valoriza a recompensa de chegar

1

e curtir belas paisagens em locais bem distantes das cidades e da agitação do dia a dia.

1. Longe da cidade, explorando caminhos diferentes pela natureza

182


183


— Alpine: le retour de la Berlinette — POR ROBERTO MARKS



186


Ao anunciar oficialmente o relançamento comercial

desenvolvido pela Renault Sport, poderá ser de 1,6 ou

do Alpine, programado para 2017, a Renault promove

1,8 litro, com turbocompressor e potência estimada

o renascimento de uma das marcas de modelos

entre 250 a 300 cv. Como o peso total não deverá passar

esportivos mais populares da segunda metade do século

de 1.100 kg, os responsáveis pelo projeto acreditam que

passado. No evento realizado no Principado de Mônaco,

o novo Alpine vai acelerar de 0 a 100 km/h em 4,5 s.

em fevereiro, a fábrica francesa confirmou o que já era

Carlos Ghosn, presidente do Grupo Renault, afirmou

especulado desde meados do ano passado, quando foi

que o automobilismo esportivo e os modelos esportivos

apresentado o conceito Célébration para comemorar

fazem parte do DNA da fábrica francesa e que o retorno

os 60 anos de lançamento do primeiro Alpine, modelo

à Fórmula 1, bem como o relançamento da Alpine,

montado na plataforma do Renault 4CV popularmente

representam nova etapa na história da marca. Ghosn

conhecido aqui no Brasil como “Rabo Quente”.

também confirmou que com essa marca a Renault quer

Afinal: qual seria a razão para comemorar o aniversário

conquistar novos clientes no segmento dos esportivos

de uma marca que há 20 anos estava desativada? Além

premium. Ela pretende concorrer com o Alfa Romeo 4C,

disso, o conceito rebatizado como Vision é uma releitura

o Lotus Elise e o recém-lançado Porsche 718 Boxster,

básica de estilo, atualizada, do Berlinette Alpine A-110,

equipado com motor boxer de quatro cilindros, de 2 e

fabricada de 1962 a 1977, e que consagrou a marca nas

2,5 litros e turbocompressor.

competições internacionais, em especial nos ralis. Em 1973, a Alpine conquistou o título entre os fabricantes

Volta às origens

na primeira edição do Campeonato Mundial de Ralis

A marca Alpine foi criada por Jean Rédélé, em 1955,

(WRC, em inglês). Vale lembrar que o Berlinette teve

e manteve-se em atividade durante 40 anos, até 1995,

origem no Alpine A-108 e também foi fabricado no

quando a produção se encerrou em uma decisão

Brasil como Willys Interlagos.

surpreendente da diretoria da própria Renault que, desde 1973, detinha o controle acionário da fábrica de

Motor turbo

esportivos. A alegação foi de que a reduzida escala de

A Renault não divulgou muitos detalhes sobre as

produção tornara a produção inviável comercialmente.

características técnicas do novo modelo, mas garantiu

As instalações da Alpine, na charmosa cidade balneária

que as linhas básicas do Vision serão mantidas. A mecânica

de Dieppe, Normandia, foram destinadas à Renault Sport,

deverá ter como base um motor de quatro cilindros em

departamento de competições da fábrica responsável

linha montado à frente do eixo traseiro. Esse motor,

pelo desenvolvimento e montagem final dos modelos Clio e Mégane para os torneios monomarca. Essa decisão manteve acesa nos fãs do Alpine a possibilidade de um retorno. Isso começou a se

— O Alpine vai concorrer com o Alfa Romeo 4C, o Lotus Elise e o recémlançado Porsche 718 Boxster —

materializar em 2012, quando o departamento de estilo da Renault criou o conceito Alpine A 110-50 para comemorar os 50 anos de lançamento do modelo original. Na mesma ocasião, foi feito um acordo com a Caterham Cars, que comprou 50% da Société des Automobiles Renault Alpine para criar a joint-venture Société des Automobiles Alpine Caterham. O objetivo era desenvolver esportivos com preços

1 2

acessíveis, que seriam comercializados tanto com a marca Alpine como Caterham. Esse acordo, entretanto, foi desfeito em 2014, quando a Renault recomprou a fatia

1. Cabine moderna e confortável para dois 2. O perfil inspirado na Berlinette original dos anos 1960/70

da Caterham e criou a Société des Automobiles Alpine. 187


— Guinada para tração dianteira — BMW X1 sDrive 20i e xDrive 25i MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO

POR JOSIAS SILVEIRA

4 cilindros, 2 litros turbo Gasolina e etanol 192/231 cv e 28,6/36,7 kgfm Automático 8 marchas Dianteira e 4x4 4,44 m 2,67 m 5 505 litros 63 litros NF 1.510 kg R$166.950 a R$ 199.950



Mal chegou ao Brasil como importado e o X1 já virou nacional, agora industrializado na fábrica da BMW em Araquari (SC). O modelo inteiramente novo quebra uma tradição, a de projetar apenas veículos sob sua marca com tração traseira: nas versões sDrive20i GP e X-Line, a tração é apenas dianteira. Já o Top Drive25i é um 4x4. A base é a mesma do MINI, que pertence ao grupo da Bavária. Mudou bastante o visual, ficando um pouco mais largo (2,3 cm) e mais alto (5,3 cm), com uma aparência mais próxima de um SUV. Mas a BMW prefere chamar o X1 de SAV (Sport Activity Vehicle ou Veículo para Atividades Esportivas). Cada um com sua mania... Um nome apropriado, pelo menos para o topo de linha, cuja tração integral o deixa mais à vontade em pisos de pouca aderência. Já os dois primeiros da linha, com tração apenas na dianteira, sofrem um pouco em subidas íngremes em estrada de terra ou areia, mesmo com toda a ajuda eletrônica. Vida no asfalto No entanto, o destino destes veículos altos geralmente é o asfalto. E aí o novo X1 se mostra eficiente, confortável (já que ganhou espaço interno), silencioso e rápido. A sensação ao dirigir lembra a de um automóvel, obediente em curvas, mesmo em velocidade elevada. Além disso,

— Com novo modelo, o BMW X1 surge em três versões nacionalizadas e com motores 2.0 turbo flex —

preocupações ecológicas o tornam econômico, quando dirigido sem grande exigência do pedal do acelerador. Seu visual traz as linhas mais atuais da marca, e as três versões usam o mesmo motor 2,0 Turbo. Mas existem diferenças: enquanto as duas versões com tração dianteira têm 192 cv de potência, na Top Drive 25i são 231 cv. Todos utilizam câmbio automático de oito marchas, mas a tração integral é privilégio do topo de linha. Bastam estes números para descobrir o óbvio: o X1 mais caro é o mais prazeroso de dirigir e mais rápido. O sistema que controla a tração nas quatro rodas aumenta a aderência e dirigibilidade mesmo no asfalto. Assim, enquanto a Top Drive faz 0 a 100 km/h em 6,5 s, os outros dois levam 7,7 s. A velocidade máxima também é maior, de 235 km/h contra 225 km/h.

1

Apesar da aparência de grandalhão, se comporta com um esportivo quando se pisa fundo no acelerador. O

2

1. A nova carroceria permitiu maior espaço interno 2. O design segue a linha de um SAV, segundo a BMW

motor também é flex e o sistema Start/Stop, que desliga 192


o motor em paradas, agora funciona tanto com gasolina quanto etanol, o que não ocorre em modelos de tração traseira, que anulam a função com o combustível de origem vegetal. Todos os X1 trazem um bom nível de equipamentos, como controles de estabilidade e tração, seis airbags, pneus runflat (que rodam mesmo quando perdem pressão) e faróis full-LED. Acessórios e sofisticação aumentam de acordo com a versão. A Top Drive traz rodas de 19 pol. Entre os itens de série estão sistema de navegação (tela de 6,5 pol.) com serviços de concierge e informações de trânsito em tempo real. Como todo modelo de luxo, o X1 tem consumidores que gostam de exclusividade e exigem muitos itens de personalização. Vão desde grade frontal preta de alto brilho e projetor de porta de LED (assim como soleiras iluminadas) a detalhes como os retrovisores em compósito de fibra de carbono.

− 193


— Toro entra na briga — POR JOSIAS SILVEIRA



— Fiat Toro uma nova opção de picape cabine dupla luxuosa, com dimensões que se adaptam ao trânsito urbano —

A Fiat estreia no segmento de picapes médias de cabine dupla com grandes aspirações. Existe mercado para compradores de alto poder aquisitivo, em que as versões a diesel prevalecem (apenas a S10 tem presença marcante em motores flexíveis), e também as dimensões exageradas para uso urbano. Embora longe da dirigibilidade e do desempenho de um automóvel, essas picapes conquistaram um público fiel. Em 2014, antes da crise de vendas, os seis fabricantes principais venderam nada menos que 170 mil unidades. A Toro tem a vantagem de ser mais curta que as picapes tradicionais com mais de 5 m de comprimento. Contida em 4,91 m, facilita estacionar ou manobrar. Apesar da marca Fiat na frente volumosa e do desenho ousado, trata-se de um produto FCA (Fiat Chrysler Automobiles). Motor,

1

câmbio e estrutura monobloco (primeira no segmento), com algumas mudanças, são comuns ao Jeep Renegade.

2

1. Design ousado com tampa dupla na caçamba 2. Interior sofisticado com muita conectividade

A versão de entrada Freedom 1.8 tem apenas tração 196


dianteira e usa o mesmo motor flex do Renegade, mas com potência aumentada de 132 para 139 cv (etanol). O peso em ordem de marcha cerca de 200 kg maior que o Renegade e câmbio automático de seis marchas (sem opção de manual) limitam seu desempenho, em especial para sair da inércia. Encher toda a caçamba requer atenção para não exceder a capacidade nominal de carga – 650 kg –, pois, afinal, oferece generosos 850 litros de volume até as bordas. Solução criativa é sua tampa bipartida para facilitar carga e descarga. Há opção de um extensor de caçamba original para objetos longos. Topo de linha Claro que o melhor do Toro está em sua versão topo, a Volcano, com motor turbodiesel de 170 cv, tração nas quatro rodas e câmbio automático de nove marchas. Apesar da semelhança mecânica com as versões mais completas do Renegade, a picape se revela mais agradável ao volante, principalmente pela suspensão (independente nas quatro rodas, única no segmento médio), maior distância entre eixos e baixo ruído a bordo. Além de oferecer bom espaço para três ocupantes do banco traseiro, esta versão traz muitos equipamentos, aproveitando que o IPI de picape (10%) é bem menor do que SUVs a diesel (25%). São de série ar-condicionado digital bizona, rodas de liga leve de 17 pol., câmera de ré, central multimídia de 5 pol., quadro de instrumentos com display em TFT de 7 pol. colorido, faróis de neblina que acompanham as curvas, faróis principais com LEDs

Fiat Toro Volcano

diurnos e capota marítima, entre outros. A capacidade de carga de 1.000 kg, obrigatória em picapes a diesel, prejudica o conforto quando se trafega com

MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES CAÇAMBA TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO

pouco peso ou em pisos irregulares. Não é o caso da Toro, que faz uso de suspensões especialmente bem acertadas (McPherson na frente e multibraço atrás), além de dispor de gerenciamento eletrônico de estabilidade e tração. Sua caixa de direção eletroassistida oferece sensação mais próxima de se dirigir um crossover ou automóvel de grandes dimensões do que uma picape. Por fim, outros destaques são ergonomia, posição de dirigir e facilidade de entrar e sair (há duas alças nas colunas dianteiras), graças à menor altura entre o banco e o solo, comparada às rivais.

− 197

4 cilindros, 2 litros turbo Diesel 170 cv e 35,7 kgfm Automático, 9 marchas 4x4 4,91 m 2,99 m 5 850 litros 60 litros NF 1.871 kg R$ 116.500


— Faraday Future — Um sonho de 1.000 cv POR JOSÉ LUIZ VIEIRA



O FFZERO 1 é ao mesmo tempo um computador sobre

algo concreto por meio de impressão tridimensional,

rodas e um monoposto de sonho de alto desempenho.

em um processo completamente digital. Fez uso

Tem quatro motores elétricos, um em cada roda, que,

de realidades virtual e ampliada para criar uma

juntos, desenvolvem 1.000 cv, velocidade máxima de

arquitetura de dimensões variáveis, a ser utilizada nos

320 km/h e 0 a 100 km/h em 3 s.

carros verdadeiros.

A empresa responsável, Faraday Future, da Califórnia,

Dentro de dois anos virão um hatch compacto e um SUV

foi formada por quatro ex-executivos da Tesla Motors.

maior, ambos elétricos, dentro de um projeto ambicioso

O dinheiro veio do bilionário chinês Jia Yueting, e

de compartilhamento. O carro poderá ser chamado por

logo contratou engenheiros da Audi, BMW, GM, Tesla,

um telefone inteligente e autoguiar-se até o interessado.

Boeing e SpaceX. Trabalhou praticamente sem ninguém

Depois, basta apertar um botão que o FF volta sozinho

perceber até anunciar, em janeiro, que está investindo

à garagem da empresa de “táxi” ou segue para atender

US$ 1 bilhão numa fábrica em Las Vegas.

outro cliente. Porém, ninguém sabe ainda quando e

Trata-se, na verdade, da consolidação de sonhos dos

como isso será regulamentado.

projetistas. Resulta de desenhos transformados em

Assim, o FFZERO1, por enquanto, não passa apenas

202


— Hoje o Faraday é possivelmente o protótipo mais caro do mundo. Servirá de base para carros mais convencionais —

de um demonstrador de tecnologias ou de intenções que promete cobrir até 500 km de autonomia entre recargas. Sua aerodinâmica tem perfil perfeito de uma gota. Tubos ocos atravessam todo o carro, permitindo que o ar flua tanto por dentro quanto por fora da carroceria. Portanto, além de reduzir a resistência aerodinâmica, permite otimizar o resfriamento das baterias de íons de lítio. A cabine individual fica colocada bem à frente. O interior é minimalista e o volante, semelhante a um de competição, inclui telefone inteligente. Teria,

1

obviamente, multifunções, desde modificar a potência e suspensões em tempo real, além de várias configurações ao desejo do motorista ou piloto.

1. “Leme” traseiro e túneis laterais proporcionam aerodinâmica e segurança

− 203


— Retorno da tribo — Indian Scout e Chief MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO

POR JOSIAS SILVEIRA

V-2 1.133 cm³ e 1.811 cm³ Gasolina 100/90 cv e 9,96/19,9 kgfm Mecânico, 6 marchas Traseira 2,31 m e 2,63 m 1,56 m e 1,73 m 1e2 12,5 e 20,8 litros NF 245 e 364 kg R$ 49.990 a R$ 89.990



O mais impressionante das motos Indian, que só agora chegam ao Brasil, está na força da marca americana. Fundada em 1901 e concorrente da Harley-Davidson no começo do século passado, a Indian parou de produzir em 1953. A marca permaneceu adormecida por quase meio século, com duas tentativas frustradas de volta à vida em 1998 e 2008. Finalmente, em 2011, comprada pela Polaris – conhecida pelos quadriciclos fora-deestrada –, voltou a ser fabricada em 2013. E, ao que parece, os 60 anos adormecidos não tiraram a força da marca. Tanto que volta exatamente para continuar a missão de mais de um século atrás: concorrer com as Harley grandes e sua legião de fãs. A tecnologia é bem atual, pois a Polaris manteve o básico para retomar sucesso e tradição: grandes motores de dois cilindros em V, frente volumosa lembrando o cocar de um cacique (logotipo da marca), cromados e vários outros toques retrô. De início há dois modelos, Scout e Chief, esta última em duas versões, Classic e a mais luxuosa, Vintage. Scout O modelo de entrada é a Scout definida como cruiser, uma estradeira. Mas, como acontece com as motos americanas, as Indian também são custom para longas viagens com o piloto sentado ereto e braços abertos. O termo Scout vem de “escoteiro” ou “batedor”, o índio que vai à frente em caçadas ou batalhas. E para andar na frente, a Scout traz um motor bastante forte, um V-2 com arrefecimento líquido de 1.133 cm³ e soluções bem atuais (como duplo comando no cabeçote) para render 100 cv. Mas seu destaque é o torque de quase 10 kgfm (exatos 9,96 kgfm).

— Com dois modelos, Scout e Chief, a Indian volta ao Brasil para concorrer principalmente com a Harley-Davidson — 1 1. A Indian Chief tem duas versões: Classic e Vintage (foto)

206


207


208


— A volta da Indian prova o valor de uma marca que permaneceu adormecida desde os anos 1950 —

Assim, mesmo sendo pesada (244 kg em ordem de marcha), a Scout tem aceleração até esportiva, facilmente controlada pela suspensão eficiente, bons freios e um rígido quadro em alumínio. Aliás, o que mais surpreende na Scout é sua agilidade para uma moto grande (2,31 m), contrariando seu estilo custom que sugere tranquilidade. Curiosamente, vem equipada apenas com o banco para o piloto, em couro e bastante confortável até para os mais

1

baixos, já que está a apenas 63,5 cm do solo. Banco e pedaleira para o garupa são acessórios.

1. A cruiser Scout é o modelo de entrada da marca americana

Há limitações típicas do estilo custom e motores em V. Seu grande guidão, confortável em viagens e manobras, exige maior espaço no trânsito urbano. E o cilindro traseiro do motor esquenta as “partes baixas” do piloto na cidade. Ou seja, tudo foi projetado para as estradas, seu habitat. O painel mostra bem a filosofia da Indian revivida. Apesar do aspecto retrô, inclusive nos números do velocímetro, um pequeno mostrador digital esconde a tecnologia atual. Lá estão o conta-giros, hodômetros, temperatura do motor e relógio. Chief Como o próprio nome sugere, a Chief é topo de linha. A Vintage conta com mais acessórios e requinte. Novamente são motos custom, mas recebem uma denominação mais na moda, a de baggers, literalmente “bagageiras” (ou “carregadoras de bagagem”), já que seu visual pede sempre duas grandes bolsas laterais na traseira. O motor arrefecido a ar, também V-2, é bem maior que o da Scout e se chama Thunder Stroke 111. O número se refere a polegadas cúbicas que correspondem a 1.811 cm³ de cilindrada. Destaque novamente para o torque e sua incrível capacidade de acelerar devido aos 16,9 kgfm, referência raramente vista em motos. Sua potência, não divulgada, deve ficar em torno dos 90 cv. O funcionamento surpreende pela baixa vibração, algo incomum em um motor V-2. O restante segue a filosofia das novas Indian: muita tecnologia pouco aparente (dispõe até de chave presencial), mas facilmente sentida ao guidão. E além de tudo que já equipa a Classic, a Vintage acrescenta mais acessórios, cromados e até um para-brisa de série, celebrando a exuberância visual do século passado.

− 209


— Multitarefa sobre rodas — Subaru Outback MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO

POR JOSIAS SILVEIRA

6 cilindros 3.6 boxer Gasolina 256 cv e 35,7 kgfm Automático CVT 4X4 4,82 m 2,74 m 5 1.048 litros 60 litros 590 km 1.698 kg R$ 169.900



Subaru Outback é uma perua, SUV ou crossover?

Fusca, ainda mais no Outback, que tem motor 3,6-litros,

Atualmente, é difícil até para o fabricante definir como

de seis cilindros, com quatro válvulas por cilindro, igual

classificar um lançamento, tantas são as variações.

à arquitetura do Porsche 911.

Mas o modelo original nasceu há duas décadas como

Aliás, seu motor 3.6R-S é exemplar em funcionamento

uma perua dentro do conceito topa-tudo. Pode até

suave e sem vibrações, além de oferecer ótimo

ser considerado uma espécie de Crossuv, misto de

desempenho, considerando-se que se trata de um

crossover ( já um cruzamento de estilos) e SUV...

veículo um pouco pesado (1.698 kg para 4,81 m de

Além de melhorias mecânicas, de recursos eletrônicos e

comprimento). Os 256 cv levam o Outback aos 235 km/h

de conforto, Outback também estreia novo estilo, para se

e os ótimos 35,6 kgfm de torque permitem acelerações

aproximar do que está na moda em marcas de alta gama.

de 0 a 100 km/h em apenas 7,6 s.

Ganhou um desenho menos “ame-o ou deixe-o”, como

Para esse rendimento colabora muito o câmbio

era comum nos Subaru, mas ficou um pouco genérico.

Lineartronic, como todo CVT com infinitas marchas,

Um bom exemplo é a grade dianteira hexagonal, já usada

mas que simula a troca eletronicamente. Tanto que

em outras marcas como Ford e Hyundai.

existem borboletas no volante para troca manual de seis

Visual mais globalizado abriga um Subaru eficiente

marchas. Claro, a também tradicional tração nas quatro

e que oferece prazer ao dirigir, marca registrada do

rodas garante estabilidade, assim como os numerosos

fabricante japonês. Seu espaço interno é dos melhores,

recursos eletrônicos de assistência.

principalmente o porta-malas, que pode abrigar até

Toda a mecânica do Outback é compartilhada com o

1.048 litros de bagagem.

sedã médio Legacy, também totalmente reformulado.

Como sempre, a Subaru manteve sua receita tradicional de soluções mecânicas, a começar por um motor boxer

Refinamento

de última geração, com cilindros opostos, a exemplo do

Com objetivo claro de concorrer melhor no mercado

Fusca. Claro que o Subaru está décadas à frente do velho

de topo, a Subaru (considerada uma marca “de

212


engenheiros” ou muito influenciada por eles) aumentou o espaço interno do Outback, refinou o acabamento interno, além de incluir recursos eletrônicos que esse tipo de consumidor exige. Exemplo disso é o quadro de instrumentos bastante completo,

iluminado

por

LEDs,

que

pode

ser

personalizado em dez tonalidades de cores. A ênfase técnica continua na sua tela de cristal líquido de 3,5 pol., com informações que vão de consumo e velocidade selecionada no modo de controle de cruzeiro até ajustes do veículo e alertas de possíveis falhas mecânicas ou eletrônicas. Há ainda uma tela tátil de 7 pol. que engloba sistema de som de alta qualidade (Harman Kardon) e exibe imagens da câmera de ré, além de contar com tomada USB. Complementando a sofisticação, o Outback traz comandos no volante, condicionador de ar bizona digital e freio de estacionamento eletrônico (hoje disponível também no HR-V e, parcialmente, no Renegade). E, mesmo sem ser um SUV no sentido puro da palavra, oferece capacidade fora-de-estrada bastante razoável em razão da tração 4x4. Com vários recursos eletrônicos de controles, reunidos no X-Mode, o Outback se adapta a qualquer tipo de terreno, facilitando sua condução em condições de baixa aderência. Dessa forma, a Subaru construiu um veículo multitarefa, que se porta quase como um esportivo no asfalto e também enfrenta caminhos mais complicados.

— Outback chega renovado e com design mais para SUV. Motor de seis cilindros garante performance e silêncio a bordo —

1

2 3 4

1. O Subaru vai bem em viagens, inclusive fora do asfalto 2. Dianteira traz nova grade hexagonal 3. Interior luxuoso e repleto de instrumentos 4. Recursos eletrônicos ajudam na segurança

213


— Perua reeditada — MINI Clubman Exclusive e Top MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO

POR JOSIAS SILVEIRA

4 cilndros 2 litros turbo Gasolina 192 cv e 28,6 kgfm Automático, 8 marchas Dianteira 4,25 m 2,67 m 5 360 litros 48 litros 912 km 1.435 kg R$ 152.900 a R$179.900



O MINI ficou menos míni. Chegou a perua Clubman

partir de apenas 1.250 rpm. Ele permite grande prazer

da marca que pertence à alemã BMW e é produzida na

ao dirigir por sua elasticidade e desempenho. O câmbio

cidade inglesa de Oxford. São duas versões: Exclusive

automático de oito marchas ajuda também na economia

e a mais equipada, Top. Com 4,25 m de comprimento

de combustível. As marchas podem ser trocadas por

(27 cm mais que o hatch de quatro portas), reedita a

borboletas no volante.

primeira perua MINI produzida entre 1969 e 1982.

Conta com launch control (sistema que otimiza o poder

Ressurge também a porta traseira dividida, uma

de aceleração) para cravar 0 a 100 km/h em 7,2 s. A

referência retrô aos modelos do século passado.

velocidade máxima é de 228 km/h. Seu rendimento pode

O visual diferente agrada pela lateral, que lembra a versão

ser ajustado por meio de regulagens que vão do Green,

mais longa de quatro portas, porém, a traseira estranha

passando pelo Mid e depois Sport. Permite, assim, mudar

exige tempo para se adaptar. No porta-malas, cabem

a forma de trocar as marchas, as reações das suspensões

apenas 360 litros de bagagem. Mas os bancos traseiros

e respostas ao volante.

podem ser rebatidos para se chegar aos 1.250 litros de

No modo Green (que aciona o Start/Stop, desligando o

capacidade. Um dos muitos recursos eletrônicos é abrir

motor quando se para no trânsito), o consumo urbano

o porta-malas passando o pé por baixo do para-choque,

chega a mais de 14 km/l e acima dos 19 km/l na estrada

com a chave no bolso, já que atua por proximidade.

(ciclo europeu de medição). Inclui também o recurso do “coasting”, que desengata o câmbio em longas descidas

Acelera bem

suaves, uma versão eletrônica da velha “banguela”.

O novo Clubman traz o emblema Cooper S, sinônimo

Com maior distância entre-eixos (de 2,67 m, 10 cm a

de esportividade. O motor quatro cilindros 2.0 turbo

mais que o MINI quatro-portas), o Clubman perdeu um

rende 192 cv (a 5.000 rpm) e 28,5 kgfm de torque a

pouco do “kart feeling”, reações muito rápidas ao volante, 216


e ficou mais agradável de dirigir. Comporta-se mais como uma station wagon familiar. A suspensão firme continua ótima em asfalto liso, mas sofre em buracos, devido ao curso reduzido. Uma maneira de suavizar o comportamento em piso malconservado seriam rodas menores que as de 18 pol. de série (17 pol. no Exclusive), com pneus de perfil mais alto. No entanto, segundo o fabricante, rodas de maior diâmetro são exigidas por compradores brasileiros. Mais recursos Como acontece nesta faixa de luxo, sobram recursos eletrônicos, bem além do habitual de segurança, como controle de estabilidade e tração e volante com assistência elétrica inteligente. O Clubman conta com um painel completo que, além do GPS, traz informações do trânsito, do tempo em rota e mostra até lembretes de viagem. Há ainda o head up display, que projeta informações no para-brisa. O

sistema

de

infotenimento

inclui

tela

de

8,8 pol. (versão Top) e um HD de 20 G para armazenar informações e músicas. Melhorou o conforto a bordo com mais espaço para os passageiros de trás. Revestimento em couro (quatro padrões a escolher) e teto solar panorâmico dão toques de requinte. Na versão Top, o único opcional é o Park Assist, para estacionar de modo automático. Discretas luzes de LED criam um “clima” no interior do Clubman, iluminando assoalhos, laterais e porta-objetos na cor escolhida. O recurso pode ser desligado para quem desejar um interior mais sóbrio.

— Clubman é uma versão mais familiar do MINI, mantendo as qualidades esportivas de um Cooper S, com 192 cv — 1

2 3

1. Painel segue o design da marca, com velocímetro e conta-giros destacados 2. Traseira traz design retrô, com dupla porta para as bagagens 3. Quatro portas e maior comprimento são argumentos para uso familiar

217


— Questões de direito — Caça às carteiras — Os motivos que levaram São Paulo ao resultado recorde de emissão de multas, arrecadação e apreensão de carteiras de motorista no último ano — por Gino Brasil O aumento de 7,2% na arrecadação com multas de

significativa melhora na qualidade e a consequente

trânsito no ano passado, na cidade de São Paulo,

queda no descarte de registros por falta de provas. O

registrou um recorde de R$ 899 milhões em 2014 para

efeito direto foi o aumento no número de infrações

R$ 964 milhões em 2015. O acréscimo de quase 10%

durante a noite e de madrugada.

deu-se decisivamente pela redução dos limites de

Com essa análise sobre o crescimento de arrecadação

velocidade nas vias expressas e grandes avenidas, além

e apreensão de carteiras não há apologia ao excesso

da expansão da fiscalização eletrônica (radares).

de velocidade ou a que não se respeitem regras de

Sem entrar no mérito da redução de velocidade em si,

trânsito. Pelo contrário, a ideia é chamar a atenção dos

a nova situação levou à expansão de emissão de multas

motoristas para a fiscalização.

e apreensão de carteiras. Motoristas ficaram muito

O que se tem de cobrar das autoridades é o obrigatório

mais expostos às multas gravíssimas, mais caras, e à

investimento do valor das multas em melhores

perda direta do documento de habilitação. Por exemplo,

condições de trânsito: câmeras de monitoramento que

exceder a velocidade em mais de 50% do limite é uma

funcionem, sinais de trânsito que não apaguem com

delas. Hoje, quem trafega pelas vias expressas conhecidas

qualquer chuva e galhos de árvores encobrindo sinais e

por marginais está muito mais sujeito a essa penalidade

placas de orientação.

simplesmente por trafegar em velocidade próxima à

Gino Brasil é advogado e tem os carros entre suas paixões.

permitida anteriormente. A questão nesse ponto é que, com mudança abrupta e forte dos limites (até 40% calculando de baixo para cima), todos foram pegos de surpresa. O período de adaptação levou muitos a cometerem esse tipo de infração, sem estarem se excedendo ou fazendo barbáries nas vias. Pelo contrário, apenas andavam como sempre andaram. Outra razão do aumento, além da instalação de novos radares, é o sistema de transmissão das imagens captadas em tempo real. Assim, elas são enviadas imediatamente para a central que as digitaliza, com 218


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— TOP Serviços —

Cuidados com pneus de alto desempenho

ra) e a altura do flanco, a parede lateral ou flanco do pneu. Por exemplo, num pneu com seção de 225 mm e perfil 50 em roda de 17 pol. – escreve-se 225/50R17 –, significa que a altura do seu flanco é 225 x 0,50, que é

POR BOB SHARP

igual a 112,5 mm. Essa “tira circular” é o que se vê olhando de lado uma roda completa (aro mais pneu) montada com pneu des-

Carros premium, importados ou que começam a ser

se perfil. Desse modo, quanto menor for o perfil, menos

produzidos no Brasil, como Audi A3, BMW Série 3 e VW

borracha há entre a borda da roda e o solo. É fácil intuir

Jetta, são dotados de pneus de alto desempenho, e estes,

que quanto menos borracha nesse ponto, maior a susce-

em regra, são de perfil bem baixo.

tibilidade do pneu a se danificar ao topar com um bura-

Para entender, perfil ou série de um pneu é a relação,

co de arestas vivas.

em porcentagem, entre a seção transversal (a largu-

Note-se que perfil 50 já pode ser considerado comum

220


— A indústria tem conseguido dar mais resistência aos pneus de perfil ultrabaixo —

diante da evolução dos pneus de alto desempenho com seções bem largas, como os traseiros do Porsche 911 Turbo, 305/30R20, que deixam uma altura de flanco de apenas 91,5 mm. Ao contrário do que se supõe, perfil baixo não é sinônimo de alto desempenho, mas a necessidade de manter o diâmetro original do projeto do veículo ao se pretender aumentar o diâmetro da roda, seja para acomodar freios maiores ou até por questão de estética (acredite, isso existe).

Mas felizmente os pneus estão mais resistentes, de

Os danos aos pneus são de dois tipos: a bolha e o corte.

acordo com Carlos Roberto Fernandez, diretor de qua-

No primeiro há um rompimento interno da estrutura do

lidade da Pirelli: “Com o desenvolvimento de fibras de

pneu, caracterizado pelo calombo (bolha) em qualquer

alto módulo de Young e baixo alongamento, já utiliza-

um dos flancos (externo ou interno). Apesar de não ha-

mos fibras de poliéster em pneus de alto desempenho

ver esvaziamento, o pneu deve ser substituído o quanto

no Brasil há muitos anos. A dirigibilidade é bem próxi-

antes e deve-se dirigir devagar, pois o rompimento total

ma ou até igual à dos pneus em rayon, com a vantagem

pode ocorrer a qualquer momento. A bolha no flanco

de uma resistência bem superior a eventuais impactos,

interno, muito perigosa por não ser facilmente visível,

além de apresentarem um ganho na absorção destes e

requer inspeção específica. Já no corte há perda repen-

menor aspereza, em razão de maior complacência da fi-

tina e total de ar.

bra quando sob pressão”. Um cuidado especial, muitas vezes negligenciado, é com a pressão dos pneus visando evitar, sobretudo, danos. Independentemente dos monitores automáticos (obrigatórios nos Estados Unidos e na Europa), deve-se conferir e corrigir a pressão uma vez por semana. Sobre os danos, Fernandez diz: “(...) O piso não agride somente os pneus, mas toda a mecânica. Para utilizar corretamente pneus de série ultrabaixa, o motorista deve estar atento ao piso e não só dirigir com maior cuidado, mas também dar atenção redobrada à manutenção dos elementos de suspensão, direção e freios. O que se recomenda são calibração periódica, rodízio e alinhamento, somados a inspeções da parte inferior do veículo para detectar sinais de danos que o condutor eventualmente nem tenha percebido quando ocorreram, tais como amassados, trincas nas rodas, bolhas nos pneus, raspões e marcas de golpes na parte mecânica, deformações de elementos estruturais e vazamento de fluido dos amortecedores”.

221


— TOP Serviços —

Mulheres à beira de ataque de nervos

melhor ainda, transportar todo mundo com segurança? Os fabricantes têm feito de tudo para facilitar a vida das mães sem, no entanto, torturar os pimpolhos nem obrigar a compra de veículos que pareçam ônibus escolares.

POR NORA GONZALEZ

O Ford Edge, por exemplo, abriga confortavelmente três bancos infantis na parte traseira (duas com fixação Isofix

Dirigir com filhos dentro do carro pode deixar qualquer

e uma com cinto de segurança). E, sem crianças, pode ser

mulher preocupada, não apenas com a agitação deles,

usado como carro de passeio normalmente, com grande

mas, principalmente, com sua segurança. Em alguns

conforto. Audi Q7 tem até cinco ancoragens Isofix. Mes-

casos, muitas costumam chegar à beira de um ataque de

ma coisa no caso do Golf Variant, da Volkswagen, que

nervos. É bebê que chora, criança que não quer sentar

permite acesso ao porta-malas desde o banco traseiro

no banquinho infantil, outra que não quer colocar o cin-

– mas apenas um adulto consegue fazer isso, tamanha a

to... Como fazer para cumprir as normas de trânsito e,

segurança das travas. “Em um carro, nenhuma peça pode

222


estar solta ou ter saliências que possam machucar, espe-

Não esqueça de que as seguradoras oferecem vários ser-

cialmente uma criança que tem mãos menores e cabem

viços: troca de pneus, pane seca, elétrica ou mecânica. É

em pequenos vãos”, explica Henrique Sampaio, gerente

só manter a calma e entreter os pequenos.

de marketing de produto da Volkswagen.

E como acompanhar a algazarra no banco traseiro sem

Bebês ou sacolas são incompatíveis com travas de por-

um bom espelho retrovisor com amplo campo de visão?

tas. Vários modelos permitem o destravamento portan-

Espelho convexo acoplável ao central original é boa su-

do a chave na bolsa (ou no bolso) a cerca de 1 m de dis-

gestão. Virar a cabeça? Nem pensar!

tância. Abrir e fechar o porta-malas sem precisar usar

as mãos também é uma necessidade das mulheres com

Lista de desejos da mãe-motorista

filhos. Em modelos mais caros, basta passar um dos pés

- Amplo porta-malas

por baixo do para-choque traseiro para destravar e uma

- Câmbio automático

mola entreabrir a tampa.

- Acesso sem chave ou chave presencial

Mais sofisticação é a abertura e fechamento total da

- Tampa de porta-malas com abertura e fechamento elétrico

tampa de carga ou porta-malas por acionamento elé-

- Vidros de comando elétrico com sistema antiesmagamento

trico, incluindo dispositivo que interrompe a operação

- Travamento automático das portas a partir de 10 km/h

em caso de encontrar um obstáculo que pode ser uma

- Pneus runflat ou autosselante nas perfurações

mãozinha curiosa.

- Espelho retrovisor interno com amplo campo de visão

Em viagens longas ou congestionamentos das grandes

- Navegador GPS

cidades, os DVDs acoplados aos apoios de cabeça dos

- Serviços de concierge

bancos dianteiros são um santo remédio contra o tédio

- Equipamento de áudio com Bluetooth

ou a impaciência infantil. Esses acessórios podem ser

- Dois engates Isofix (ou equivalente) no banco traseiro

comprados em lojas especializadas e, às vezes, entram na lista de opcionais dos fabricantes até nacionais. É preciso avaliar o modo seguro de fixação dessas telas multimídia. O câmbio automático, seja epicíclico, CVT ou automatizado, traz um conforto extra e elimina uma preocupação para quem já tem que ficar com atenção redobrada para vigiar o que acontece com algo tão precioso no banco traseiro. Sistemas de áudio com Bluetooth dispensam tirar as mãos do volante para atender ao telefone e comandos por voz para algumas funções a bordo são não apenas tecnologia, mas necessidade para a maioria das mulheres. Navegador GPS também facilita, e até mesmo o incluído em telefones inteligentes fixados por ventosas ou, em alguns casos, espelhados para as telas multimídias.

— Dirigir com crianças pode ser um pesadelo – ou não —

Ainda no quesito combinação conforto e segurança, pneus runflat conseguem rodar até 80 km mesmo depois de furados. Há também os autosselantes para pneus vendidos em tubos pressurizados. 223


— TOP Serviços —

Blindado mais seguro do mundo

seus deslocamentos, o Cadillac One, produzido pela GM, é uma mistura de fortaleza sobre rodas e de um escritório com todos os recursos da tecnologia de comunicação e

POR RAUL MACHADO CARVALHO

segurança. De dentro do carro, o presidente continua no comando das decisões estratégicas do país e de todo o seu

A responsabilidade pela segurança do presidente dos

aparato militar.

Estados Unidos se tornou, ao longo dos anos, um desafio

Descrever seu conteúdo lembra filmes de ficção. A

institucional, principalmente durante seu deslocamento

carroceria é revestida, internamente, com uma estrutura

terrestre em viagens a outros países. Proteger, nos mínimos

(tipo sanduíche) de aço, alumínio, titânio e cerâmica,

pormenores, o chefe de estado mais poderoso do mundo é

que oferece proteção contra granadas, bombas, gás

tarefa nada fácil.

lacrimogêneo, ataques químicos, lança-chamas e projéteis

A superlimusine blindada que o presidente utiliza nos

dos mais diversos calibres. 224


que se recomenda para usuários de carros blindados de não abrir vidros, em hipótese alguma, o Cadillac permite uma abertura de 7,5 cm no vidro do motorista para que ele possa pagar o pedágio nas rodovias. Um respeito inimaginável em outros países. A tecnologia da produção dos vidros é confidencial, mas estima-se que sua espessura seja de 12 cm. Comitiva enorme O deslocamento do presidente americano não fica muito longe da época medieval, quando reis e rainhas viajavam levando toda a corte. Na visita oficial à Índia de três dias, em janeiro de 2015, por exemplo, Barack Obama levou uma comitiva de 3 mil pessoas a um custo diário de 200 milhões de dólares, com o objetivo de estreitar laços comerciais entre os dois países. Participam desses deslocamentos uma frota de aviões, frota dos Cadillac One e funcionários de escritório, agentes de segurança da CIA, cozinheiros, equipe de seis médicos e 15 enfermeiras, entre várias outras pessoas que auxiliam o presidente. O carro é bruto, mas o interior, delicado. A cabine abriga até quatro pessoas. Só o presidente pode acionar o vidro que o separa dos demais. Além disso, tem um painel exclusivo pelo qual pode acionar os agentes da CIA. O automóvel tem câmeras de visão noturna, rede wi-fi, computadores e conexão direta por telefone via satélite com o vicepresidente e o Pentágono. Ao todo, são 12 carros semelhantes à disposição do No caso de um grande ataque, o presidente dispõe de um

presidente, 24 horas por dia, sete dias por semana.

compartimento de pânico, com tanque de oxigênio que mantém o ar puro por 12 horas, onde pode ficar selado à espera de socorro. Além disso, há dispositivos de controle

— O carro tanto pode defender os usuários quanto também atacar, pois é equipado com canhão de gás lacrimogêneo, além de diversas armas —

de um possível incêndio, tanques de oxigênio para os demais ocupantes e bolsas com o sangue do presidente para emergência médica. Para defesa contra minas terrestres, o piso é reforçado com uma placa de aço de 13 cm. As portas são equipadas com blindagem de 20 cm de espessura e todo o ar que entra e sai da cabine é filtrado. Outro dado interessante do The Beast (A Fera, em inglês), como é chamado nos Estados Unidos, é que, ao contrário do

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— TOP Prazer — De carros e carruagens — O automóvel é, de fato, uma revolução no flerte —

por Ronny Hein Como seriam os amores antes dos carros? Havia os

Em outras palavras: carros ajudam os sedutores. Mas, por

bosques, as alcovas e as festas. Mas e os encontros fortuitos

mais fantásticos que sejam, não resolvem sozinhos.

de rua? Não parece provável que as moças olhassem para

Alguns estarão pensando: “Ah, esse raciocínio é démodé;

os rapazes em suas carruagens. Até porque as carruagens

hoje o início de tudo é a balada, o prazer de ficar, a esperança

eram conduzidas por cocheiros. Não posso imaginar uma

de que vá além”. Pode ser. Mas por que será, então, que, cada

moça formosa apreciando uma sege como quem vê um

dia mais, ninguém pensa no automóvel apenas como um

automóvel brilhando, charmoso e renomado.

meio de transporte? Que, entre o prático e o que distingue,

O automóvel é, de fato, uma revolução no flerte. Ele tem

quase todos preferem o segundo?

presença, atrai e impressiona. Melhor: ele parte veloz e leva

É para pensar. Pelo sim, pelo não, hoje – que é sábado – vou

para longe, garantindo a discrição dos casais que querem se

deixar meu carro popular na garagem. Tenho um modelo

conhecer e, eventualmente, apaixonar-se.

mais adequado para a ocasião. E você?

Hoje, com a popularização do carro, o efeito sedutor diminuiu. Não será com um Uno ou um Gol que o rapaz impressionará a candidata. Mas quem sabe um Porsche? Ou um Lamborghini? De qualquer forma, é só um objeto de atração. Talvez mais forte do que uma dúzia de rosas ou uma caixa de bombons. Mas não vale nada sem que o sedutor seja correto e competente. Assim como o carro, se o motorista não souber conduzi-lo, é apenas um móvel bonito. Tenho um amigo que usa um antigo MG (iniciais de Morris Garages, um roadster posteriormente imitado em seu design com a marca brasileira MP Lafer) para flertar nas ruas da moda. O carro é uma beleza, todo restaurado, vermelho-vivo, ronco suave. Mas não adianta: o máximo que ele consegue são algumas ofertas pelo seu carro, que, de fato, está impecável. Mas a aparência desleixada e o olhar exageradamente lúbrico do

Ronny Hein é jornalista, escritor e publicitário.

sujeito espantam as moças. 226


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