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Macan. Intensamente Porsche. Construído para uma vida intensa, em que o desejo de aventura e adrenalina está por toda parte. Em que novos desafios são um impulso permanente. Construído para uma vida autêntica, sem limitações. Um SUV compacto esportivo que nos proporciona, dia a dia, o que sempre procuramos: a sensação de estarmos vivos.
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— índice — CAPA
Híbridos: o melhor de dois mundos Carros esporte de altíssimo desempenho combinam motor a combustão e elétricos. PÁG. 42
TOP Road
TOP Power
TOP Estilo
Estrada-símbolo de liberdade. PÁG. 22
TVR com design de Gordon Murray. Mercedes C63 S AMG preparado pela Piecha Design. PÁG. 24
Bicicleta Agnelli Milano. Relógio Baume & Mercier. Edição limitada Montblanc. Drinques by Ralph Lauren. PÁG. 30
Lamborghini Miura
Valentino Balboni
Ford GT
Pagani Huayra BC
Trajetória do modelo que impactou uma geração de fãs. PÁG. 64
Ele avaliou por 35 anos os carros da Lamborghini. PÁG. 78
Produção não dá conta das encomendas. PÁG. 84
Serão apenas 20 unidades. Cada uma custa 2,3 milhões de euros. PÁG. 92
Maserati 200Si
Calendário Pirelli
Harlistas em Cuba
Símbolo da produção artesanal e de carrocerias esculpidas a martelo. PÁG. 100
A beleza feminina retratada por grandes fotógrafos do mundo. PÁG. 110
Livro reúne histórias de loucos por motos. PÁG. 124
Evento na Itália
Ensaio
Avaliados
Avaliados
Concorso d’Eleganza Villa d’Este 2016, em Como, tremendamente chique. PÁG. 154
Uma viagem por paisagens surpreendentes do interior de São Paulo. PÁG. 160
Porsche 718 Boxster, PÁG. 174 Lexus RX 350, PÁG. 182
Maserati Ghibli, PÁG. 186 Mercedes-Benz C 43 Cabriolet, PÁG. 190 BMW M2, PÁG. 194
Avaliados
Moto
TOP Colunistas
TOP Serviços
Bóris Feldman. Lincoln K 1936 Le Baron. PÁG. 38 Ronny Hein. Trabant era ruim e virou cult. PÁG. 226
Os três tipos de câmbios automáticos. PÁG. 220 Mulheres cuidam bem dos seus carros. PÁG. 222 Blindado de Al Capone. PÁG. 224
Route 66
Meio século de um mito
Tempos que não voltam
Antigomobilismo mais puro
Novidades do mercado Renault Koleos, PÁG. 198 Audi Q3, PÁG. 204 Honda Accord, PÁG. 208
Potência e customização
Piloto de teste
Tiragens sempre disputadas
Cavernas
BMW S 1000 XR Modelo ambicioso da crossover da marca alemã. PÁG. 214
Acessórios essenciais
Das pistas para as ruas
Paixão sobrevive ao tempo
Novidades do mercado
Clássicos e Prazer
Aston Martin Vanquish Zagato Parceria de sucesso
O carro-conceito que causou furor em evento top na Itália. PÁG. 56
Série especial
Motores V-8
Como tudo começou e evoluiu Criados por um francês foram ao auge e resistem em desaparecer. PÁG. 140
Novidades do mercado
— equipe —
Fernando Calmon
Bob Sharp
Josias Silveira
Andreas Heiniger
Engenheiro e jornalista especializado desde 1967, Calmon, começou com o programa Grand Prix, na TV Tupi. Foi editor de Automóveis de O Cruzeiro e Manchete e diretor de redação da Auto Esporte. Também produziu e apresentou o programa Primeira Fila em cinco redes de TV. Sua coluna semanal sobre automóveis, Alta Roda, estreou em 1999 e hoje é reproduzida em uma rede de 105 jornais, revistas, portais, sites e blogs. É correspondente no Brasil do site inglês Just-auto.
Carioca, mas radicado em São Paulo, é um misto de jornalista, técnico e piloto, além de ser formado em Construção de Motores e Máquinas. Atua na imprensa automobilística desde 1973, e já trabalhou na Fiat, Volkswagen, General Motors e Embraer, nas duas primeiras em área técnica e nas duas últimas como gerente de imprensa. Atualmente trabalha para revistas do Brasil e do exterior e é editor do site Autoentusiastas.
Costuma dizer que aprendeu jornalismo na Escola de Engenharia Mauá. Ou seja, mais um engenheiro que virou suco, ou melhor, jornalista, em 1972. Josias fez dezenas de revistas e foi um dos criadores de Duas Rodas e Oficina Mecânica. Tem paixão por carros e motos e até agora não descobriu se foi um hobby que virou profissão ou o contrário. Escreve sobre duas, quatro e até mais rodas há mais de quatro décadas, inclusive como colaborador da Folha de S.Paulo.
Suíço radicado no Brasil desde 1974, Andreas Heiniger é unanimidade quando o assunto é fotografia e profissionalismo. Apaixonado pelo que faz e com uma simpatia cativante, tem um currículo ligado à fotografia automotiva que inclui clientes como Volkswagen, GM e Fiat, além de outros trabalhos publicitários e editoriais para marcas como Natura e Havaianas. Andreas também conta com obras autorais como a série Vaqueiros, coleções expostas pelo mundo e prêmios como Clio Awards e Cannes Lions.
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PUBLISHER CLAUDIO MELLO DENISE SHIROMA: Assistente de Direção CAROLINA ALVES: Gerência de Assuntos Corporativos PROJETO GRÁFICO MARCELLO SERPA MARCUS SULZBACHER: Diretor de Criação de Designer (Almap) PEDRO ZUCCOLINI FILHO: Designer (Almap) BRUNO BORGES: Designer (Almap) DIRETOR DE CRIAÇÃO E FOTOGRAFIA ANDREAS HEINIGER REDAÇÃO TOP CARROS FERNANDO CALMON: Diretor de Redação BOB SHARP: Editor Técnico JOSIAS SILVEIRA: Editor Adjunto RENATA ZANONI: Assistente de Redação LETÍCIA IPPOLITO: Revisão Geral ARTE ROSANA PEREIRA: Editora-Coordenadora MARIANA DIAS: Assistente de Arte ALINE GOMES: Finalização LUCIANO LEME: Tratamento de Imagens BRUNA LUCENA E PAULO BELEZA Retoque de Imagens COLABORADORES BORIS FELDMAN , CARLOS PONZIO, GUILHERME SILVEIRA, NORA GONZALEZ , RAUL MACHADO CARVALHO, ROBERTO MARKS, RONNY HEIN E SESIL OLIVEIRA (Texto) CLAUDIA BERKHOUT (Edição Ensaio) GIOVANA LYRA (Assistentes de Fotografia) FECO HAMBURGER (Fotos) EDUARDO SCHKAIR JR (Motorgrid Brasil) PUBLICIDADE NATHALIA HEIN: Diretora de Projetos Especiais FLÁVIA VITORINO: Diretora de Mídias Sociais HERMANN DOLLINGER: Executivo de Conta FINANCEIRO ANTONIO CEZAR R. CRUZ: Diretor (financeiro@topmagazine.com.br) MARCELA VALENTE: Assistente (marcela@topmagazine.com.br) REGIANE SAMPAIO: Circulação (regiane@topmagazine.com.br) Atendimento ao Leitor: sac@topmagazine.com.br Assinaturas: assinatura@topmagazine.com.br Números Atrasados: (11) 3074 7978 Assessoria Jurídica: BITELLI ADVOGADOS Pré-impressão e Impressão: IPSIS GRÁFICA E EDITORA / Distribuição: DINAP S.A. contato@revistatopcarros.com.br TOP Carros é uma publicação da Editora Todas as Culturas Ltda. Rua Pedroso Alvarenga, 691, 14˚ andar, Itaim Bibi, 04531-011, São Paulo/SP. Tel.: (11) 3074 7979. As matérias assinadas não expressam necessariamente a opinião da revista. A revista não se responsabiliza pelos preços, que podem sofrer alteração, nem pela disponibilidade dos produtos anunciados.
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TAG HEUER CARRERA CALIBRE HEUER 01
Chris Hemsworth works hard and chooses his roles carefully. He handles pressure by taming it, and turning it to his advantage. #DontCrackUnderPressure was coined with him in mind.
São Paulo: Boutique TAG Heuer - Frattina - Julio Okubo – Maxior Montecristo - The Graces São José do Rio Preto: Costantini Joalheria Sorocaba: Arrais Joalheria Ribeirão Preto: Casa Affonso Campinas: Lafith Rio de Janeiro: Celini – Lafry Joias Porto Alegre: DvoskinKulkes Goiânia: Danglar Campo Grande, Salvador, Recife, Vitória: Vivara Fortaleza: Tânia Joias Florianópolis: Bárbara K- D´Vie Joalheria Curitiba: Bergerson Brasília: Grifith Belo Horizonte: Manoel Bernardes
— TOP Road — FOTOGRAFIA ANDREAS HEINIGER
Estrada mais conhecida do mundo, apesar de a maioria nunca ter passado por ela. A magia do cinema transformou-a em símbolo de liberdade e do “american way of life”: estilo de vida muito bem representado aqui pelo carro puxando o popular trailer Airstream num retão sem fim, que atravessa o deserto do Novo México.
— TOP Power — POR GUILERME SILVEIRA
A volta da TVR junto de Gordon Murray e Cosworth
A grande novidade introduzida por Murray será
Os puristas britânicos estão em polvorosa, e não à toa: após
carbono, em um processo que o fará ainda mais leve
uma década de hiato desde o último Sagaris produzido, a
(e barato) do que uma estrutura tradicional do nobre
tradicional TVR prepara seu novo bólido de rua.
composto. Além disso, a musculosa carroceria ultraleve
Para conseguir tal feito, o retorno da marca artesanal
incorpora design que auxilia no efeito-solo, de forma
contou com a parceria do designer Gordon Murray.
a atingir velocidade e estabilidade extremas com
Famoso pela criação de diversos F-1 junto à McLaren, além
segurança.
do Mercedes SLR com a grife das pistas, Murray colaborou
Assim como os míticos TVR, o esportivo ainda sem
de forma sólida com o design incrível do novo projeto.
nome guardará as raízes de ser pilotado, e não apenas
a tecnologia iStream. Graças a ela, o chassi será inteiramente produzido em compósito de fibra de
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— Ainda sem nome, dois-lugares britânico terá inédito chassi em fibra de carbono, além de mecânica V-8 by Cosworth —
guiado. Mantém a fórmula de dois lugares, motor dianteiro e tração traseira, com câmbio manual. A mecânica está a cargo da grife inglesa Cosworth. O mistério paira sob os dados de desempenho, mas já se sabe que usará um potente V-8 de aspiração natural. Após completar um ano de intenso trabalho, a empresa divulgou que a produção do esportivo começará em 2017. E fãs ávidos não faltam para o TVR: até o momento, mais de 300 clientes já depositaram suas quantias para reservar o puro-sangue britânico. A expectativa de produção do mais esperado esportivo é de 100 unidades ao mês.
− 25
— TOP Power —
Station Mercedes C 63 AMG Rottweiler Pense em um carro com “embalagem” familiar de
O ronco do escapamento faz jus à receita, que engloba
uma station e desempenho digno de um esportivo. O
aumento de potência respeitável. Ao apelar para
Mercedes-Benz Classe C63 S AMG Estate já “anda”
reprogramação eletrônica da injeção e pressão maior
demais, porém a preparadora alemã Piecha Design
dos dois turbos, o motor V-8 de 4,0 litros passa a
conseguiu aperfeiçoar. Localizada na cidade de Rottweil,
entregar 603 cv, um aumento de 100 cv. Dona de um
não à toa, a empresa usa o codinome Rottweiller.
torque máximo de 85 kgfm (um soco de quase 20 kgfm
A referência ao musculoso cão de guarda bávaro é notada
extras) obtidos com a preparação, a Rottweiller vai da
no refinado tratamento visual. Apesar de arrojado, o
imobilidade aos 100 km/h em 3,8 s – contra 4,1 s da
bodykit manteve os contornos suaves da carroceria
versão AMG de fábrica.
familiar. E ainda reduziu um pouco seu peso, graças à
Além da suspensão com molas mais curtas e firmes,
aplicação de compósitos de fibra de carbono nos novos
a Piecha também oferece novas rodas. Nas medidas
para-choques e saias laterais.
19 pol. ou 20 pol., são produzidas em liga de alumínio
Enquanto na peça dianteira as tomadas de ar são maiores,
ultraleve, forjada e do tipo monobloco.
atrás existem discretos extratores de ar traseiros. Esses
No final das contas, o apelido Rottweiller não poderia
são funcionais e, por estarem bem posicionados, dão o
ser mais bem empregado do que neste Classe C Estate
merecido espaço para a saída de escape quádrupla, em
singular. Uma station que pode ser conduzida de
aço inoxidável. Para aumento da pressão aerodinâmica,
maneira amigável com a família a bordo, ou revelar uma
perua recebeu ainda um belo aerofólio.
pegada para lá de canina, quando provocada.
26
−
— TOP Power —
Capitão América 500 O inusitado às vezes pode dar muito certo. Ainda mais
é a nova safra de amortecedores Bilstein Ride Control.
quando o resultado incomum vem de um pequeno carro
Mais curtos (e baixos) em 20 mm, o novo conjunto tem
italiano que serviu como ferramenta de marketing
rigidez adaptável ao se selecionar a tecla Sport no painel
para uma empresa alemã (!). No caso, a referência
do Cinquecento.
é a este carismático Fiat 500 Abarth, transformado
Para fazer jus ao look musculoso, a preparadora italiana
pela “oficcina” Romeo Ferraris para ser o garoto-
Romeo Ferraris melhorou o desempenho do motor 1,4
propaganda da Bilstein, renomado fabricante alemão de
turbo. Salto de potência foi dos 167 cv originais para
amortecedores especiais.
210 cavalos. A receita incluiu um turbo maior, novo
Apresentado na Tuning World Bodensee, maior mostra
escapamento, válvulas injetoras e acerto específico na
europeia de carros modificados, realizada na Alemanha,
central eletrônica. Prova do maior apetite do carrinho
o Fiat foi transformado em um persona baseado no herói
aparece dentro do para-choque dianteiro. Nota-se um
Capitão América. Para tanto, recebeu as cores da bandeira
intercooler (resfriador do ar pressurizado) de dimensão
americana e alargamento completo da carroceria. Na
bem mais avantajada que a original.
pintura teve direito a detalhes em acabamento escovado,
Um pacote sedutor, que em um modelo tão diminuto, se
assim como “raladas” que dão a impressão de o valente
traduz em aceleração de 0 a 100 km/h em 5,7 s e máxima
500 ter enfrentado uma batalha até chegar ao seu estande.
de 232 km/h. Hipoteticamente falando, este invocado
Afora rodas de 18 pol. e freios Brembo, o subcompacto
Fiat (se não fosse tão pequeno) poderia estar escalado
recebeu algumas “armas” escondidas. Principal delas
para uso diário do supersoldado! 28
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Algumas conquistas são só suas. O seu plano de saúde também pode ser. Os benefícios que você espera e os privilégios que você nem imagina em um único plano de saúde premium. One Health. Mais uma conquista que é só sua. Reembolso em 24 horas • Concierge • Courier para retirada de recibos para reembolso • Resgate aéreo • Assistência viagem internacional • Rede credenciada de alto nivel
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A conquista da sua vida.
— TOP Estilo — POR RENATA ZANONI
AGNELLI MILANO BICI Com o intuito de criar modelos únicos e em estilo retrô, o artesão milanês Luca Agnelli criou uma bicicleta elétrica e apresentou sua coleção durante a Milano Design Week 2016. Ao todo são dez modelos feitos a mão, sendo que cada um deles apresenta características e componentes diferentes, como quadros e tanques vintages. Por isso, a
restauração e a montagem são diferentes em cada peça. Para se ter uma ideia, são construídas apenas 35 a 40 unidades por ano no laboratório. Cada uma exige muitas horas de trabaho meticuloso. São equipadas com pneus balão de 26 pol., manoplas e selim em couro da Brooks e bolsa em couro personalizada. O motor Bafang tem 250 W e bateria de íons de lítio da Panasonic de 360 Wh com
autonomia entre 40 e 70 km, sem contar farol, lanterna e display de LED. Suspensão monoshock com curso de 140 mm, freios a tambor na dianteira e a disco de 160 mm na roda traseira. Os preços são sob consulta, mas o modelo da imagem tem custo estimado de 8.300 euros. Podem ser remetidas para qualquer parte do mundo. agnellimilanobici.com
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— TOP Estilo — RELÓGIO BAUME & MERCIER A marca lançou quatro novos modelos da coleção Capeland Shelby® Cobra 1963 – Legendary Drivers Edition. Com isso, continua a perpetuar o mítico carro Cobra CSX2128 e os pilotos que o guiaram como homenageados. Com linhas elegantes, os relógios automáticos apresentam caixas em aço polido acetinado, pulseiras em borracha vulcanizada ou em couro de crocodilo (como na imagem). Os modelos também têm variações de cores em tons de preto, branco e amarelo, além de mostrador, flange, taquímetro e pulseira inspirados nas tonalidades da carroceria do CSX2128. Esta série tem edição limitada de 15 peças. baume-et-mercier.com
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— TOP Estilo — CANETA MONTBLANC PEGGY GUGGENHEIM A marca homenageia há mais de 25 anos influenciadores e importantes nomes do mundo das artes, com o seu prestigiado Prêmio Montblanc de la Culture Arts Patronage, e junto a isso lança uma caneta de edição limitada inspirada em um nome que contribuiu para a propagação das artes modernas. Na edição 2016 é feita uma homenagem a Peggy Guggenheim (sobrinha do fundador do Museu Guggenheim), uma das colecionadoras e expositoras de arte mais influentes do século 20. A caneta Montblanc Patrono das Artes Peggy Guggenheim Edição Limitada 4810 apresenta design geométrico art déco em seu corpo, tampa de laca preta revestida de platina e listras vermelhas revestidas de platina sobre o cone, entre outros detalhes que fazem dela objeto de desejo. montblanc.com
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KIT MIXOLOGISTA BY RALPH LAUREN Uma caixa perfeita para os amantes de drinques e para quem gosta de improvisar como mixologista para preparar coquetéis aos amigos. O Vanderbilt Mixologist Box com edição limitada feito pela Ralph Lauren é um verdadeiro bar dentro de uma caixa. Ele tem todos os acessórios essenciais para o preparo de um drinque, com itens como colher, coador, faca, balde de gelo, copo e um livro em couro com receitas. A caixa é feita de madeira pau-rosa com verniz de alto nível proveniente da Itália, com níquel polido e logo da marca. ralphlaurenhome.com
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— TOP Estilo — PERFUME DOLCE & GABBANA Sofiticada e cheia de carisma, a nova fragrância masculina da Dolce & Gabbana é perfeita para o homem moderno. O The One for Men Eau de Parfum tem aroma intenso com notas vibrantes de grapefruit, coentro e manjericão, que trazem toques orientais e picantes ao produto. Já o corpo do perfume tem predominância de gengibre e cardamomo e toque suave e doce de flor de laranjeira. E a intensidade e masculinidade vêm com os toques de tabaco, âmbar e madeira de cedro. Para conquistar de vez a clientela, o The One vem em um frasco de tons escuros como marrom e caramelo e uma tampa de metal preto brilhante. O preço para o frasco de 100 ml é de R$ 579. dolcegabbana.com
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MALA ROLLS-ROYCE A coleção de bagagem Wraith, a Bespoke Luggage Collection, é composta por seis peças. As malas têm traços e materiais que remetem rapidamente aos da marca de automóveis. Cada uma delas foi desenvolvida com modernos materiais e tecnologia, mas usam técnicas tradicionais em sua montagem. O desenho foi feito por Michael Bryden, Rolls-Royce Bespoke Designer, em conjunto com o Bespoke Design Studio, mas também levou em consideração a opinião de concierges dos principais hotéis do mundo, já que para eles a bagagem é vista como um item de estilo e um guarda-roupa fora de casa de seus abonados hóspedes. Perfeitas para os proprietários do Rolls-Royce Wraith, já que se encaixam perfeitamente no porta-malas do carro. rolls-roycemotorcars.com
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— TOP Classics —
Elegância à Le Baron — Vencedor do Troféu Roberto Lee, do Brazil Classics Show, esse Lincoln é raríssimo —
por Boris Feldman O colecionador mineiro Rubio Fernal entregou os pontos
pronto o raríssimo Lincoln que ganhou este ano o mais
e cansou de procurar um cupezão norte-americano da
prestigiado prêmio do antigomobilismo brasileiro:
década de 1930. Até receber a ligação de um amigo, que
“Trofeu Roberto Lee”, do Brazil Classics Show de Araxá.
morava nos Estados Unidos, dizendo ter visto o anúncio
Foi uma dificuldade (como sempre...) para o júri decidir
do carro de seus sonhos, um Lincoln K 1936 Le Baron,
a premiação máxima: raro por raro, o Le Baron enfrentou
em – aparentemente – bom estado e mandou as fotos.
a duríssima concorrência de um Packard Saoutchic
Ele gostou, disse que viajaria no mês seguinte e
1931, poucos no mundo, único no Brasil. A Le Baron era
aproveitaria para ver o carro. O amigo respondeu: “Ou
uma encarroçadora americana. A Saoutchic, francesa,
você me autoriza a comprá-lo agora ou fica sem ele. É
ainda mais extravagante e requintada, assinou modelos
muito raro, e duvido que demore muito a mudar de
das mais famosas marcas como Bugatti, Mercedes,
mãos”. Rubio decidiu correr o risco e, dois meses depois,
Cadillac, Delahaye e Pegaso, entre outras
o Lincoln chegou ao Brasil.
Na época, era comum a fabricação de séries especiais
Não se arrependeu: o automóvel era completamente
por empresas especializadas tanto nos EUA como na
original, marcava apenas 43 mil milhas no odômetro,
Europa. Milionários compravam nas fábricas apenas
pintura (um nobre azul-marinho) só precisando de
o chassi com toda a mecânica e enviavam para os
um “tapa” e toda a mecânica funcionando como um
encarroçadores. Aí se escolhia design, acabamento
relógio. Achou nos EUA o tecido original para refazer
interno, acessórios etc.
o revestimento dos bancos, tirou o couro preto da
O carro de Rubio recebeu o número 15 de apenas 25
capota e encontrou debaixo, o original na cor branca,
chassis que a Lincoln (divisão de luxo da Ford) forneceu
porém manchado. Mandou a amostra e encomendou
em 1936 para a Le Baron. Tem um raro opcional de
a um curtume no sul do Brasil outro idêntico,
época, o compartimento para tacos de golfe com a
igualmente ranhurado.
tampa lateral atrás da porta direita. Só leva passageiros
Perguntado sobre se as peças para a restauração
na frente, pois o “banco da sogra” não carrega parente
foram difíceis de encontrar, ele ri: “Não faço a menor
nenhum: ele se abre normalmente, como porta-malas,
ideia, pois só foi necessário o vidrinho da lanterna que
só para bagagens. Tem dois estepes montados nos para-
ilumina a placa traseira, mais nada...” E assim ficou
lamas e pesa 2.300 kg.
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Outro carro americano muito chique, também da década de 1930 e mesmo sobrenome, pois também recebia carroceria especial, era o Chrysler Imperial Le Baron. A mecânica do Lincoln K era excepcional, para a época: motorzão V-12 com 6,8 litros e 155 hp. Câmbio manual de três marchas, sem sincronização. Rubio diz que custou até acertar o “tempo” para cambiar sem arranhar. Seu velocímetro marca até 120 milhas (193 km/hora), o que sinaliza ótimo desempenho com as margens de praxe. O Lincoln Le Baron era um automóvel tão requintado e com tal desempenho que fez jus ao apelido de “Mercedes-Benz 540 wK americano”, alusão aos mais famosos carros da estrela de três pontas do pré-guerra. Os modelos 1936 ganharam rodas estampadas de aço, com aro de 17 pol., em vez das raiadas que equipavam os Lincoln K até 1935. A série foi produzida de 1930 a 1940. Na hora de explicar como é dirigir o Le Baron, Rubio é da maior honestidade: “Quase a sensação de estar ao volante de um trator: muito alto, duro e pesado...”
−
Boris Feldman é jornalista e colecionador de automóveis antigos.
39
— O melhor de dois mundos —
Motores a gasolina se unem aos elétricos. Esportivos ficam mais rápidos e ecológicos POR JOSIAS SILVEIRA
42
O jeito é se acostumar. A energia elétrica ganha espaço
de tipos diferentes de motores. E ainda recuperam
sobre rodas de várias formas. Desde automóveis
a energia que seria desperdiçada em desacelerações
puramente elétricos até os híbridos. E os carros
ou frenagens. Uma boa forma de diminuir críticas
esporte híbridos chegam para provar ser possível
de grupos “verdes”, que condenam os esportivos por
aproveitar o melhor de dois mundos: usam motores
queimarem muito petróleo só para diversão ou prazer.
a combustão e também são empurrados velozmente
Claro, a legislação pelo mundo todo vem apertando o
com auxílio elétrico.
cerco, exigindo veículos cada vez mais econômicos e
Porsche, BMW, Ferrari, Honda e até a GM (com o
menos poluidores. Nos Estados Unidos, a Califórnia
Cadillac ELR) já adotaram a solução híbrida. Alguns
lidera com isenções de impostos e incentivos fiscais.
superesportivos já estão nas ruas, rodando de
Postos de recarga de bateria se multiplicam pela Costa
maneira rápida e ecológica, gastando pouca gasolina e
Oeste. Dinamarca e Noruega aprovaram legislação e
aproveitando o melhor da assistência elétrica.
prometem autorizar só carros elétricos a partir de 2025.
Além de menor poluição, conseguem desempenho extra
Não tem jeito, você ainda vai ser impulsionado por ruas
principalmente em acelerações, combinando a força
e estradas também pela energia elétrica.
43
Porsche 918 Spyder
O 918 Spyder tornou-se um mito entre os
O fabricante alemão optou por fazer um superesporte
superesportivos e referência de desempenho. Os
híbrido. Em edição limitada a exatas 918 unidades,
modelos fabricados entre o final de 2013 e o início
a Porsche combinou três motores, somando quase
de 2015 foram todos vendidos, com preços iniciais
900 cv (exatos 899,3 cv). Ao motor 4,6 litros V-8
de US$ 845 mil. Apenas três unidades vieram para
central de 616 cv somam-se dois elétricos, um
o Brasil, e seu custo, em tempos de dólar amigável,
tracionando as rodas dianteiras com 131 cv e
ultrapassava os R$ 6 milhões.
outro as traseiras com 158 cv. Daí essa potência
Mesmo sendo leve (1.634 kg), pelo menos uma
descomunal que permite velocidade máxima de 345
das unidades importadas da Alemanha tinha o kit
km/h. Além disso, faz parte do seletíssimo clube
Weissach. Aliviava seu peso em 41 kg, ao utilizar peças
“abaixo de 3 segundos”. Isto é, vai da imobilidade até
em compósito de fibra de carbono, para aumento de
os 100 km/h em apenas 2,6 s.
desempenho. Como se isso fosse necessário! 44
— Em edição limitada a 918 unidades, a Porsche criou o Spyder, um superesportivo com 900 cv que se tornou referência de desempenho —
1 1. Dois motores elétricos se somam ao V-8 de 4,6 litros
45
LaFerrari
da tecnologia de Fórmula 1, o Kers (Kinetic Energy
O fabricante italiano de Maranello também resolveu
Recovery Systems, ou Sistemas de Recuperação
exagerar com a edição limitada de um superesporte
de Energia Cinética). Seu baixo peso também
híbrido. Foram exatas 499 unidades do F150, ou
impressiona: apenas 1.255 kg.
simplesmente LaFerrari, o mais potente de toda sua
Toda produção foi rapidamente vendida sob
história: 963 cv, somando-se 800 cv de um V-12, de
encomenda, com o preço de mais de US$ 1 milhão
6,3 litros a um motor elétrico de 163 cv. O resultado é
cada. Oficialmente não se tem notícia de algum
um impressionante 0 a 200 km/h em menos de 7 s e
LaFerrari no Brasil. Porém, grupos de entusiastas
350 km/h de velocidade máxima.
por superesportivos garantem que existe um
Para se chegar a um bólido desse nível, o
exemplar, inclusive com vídeo gravado de passeios
desenvolvimento foi em conjunto com a Universidade
em São Paulo pela madrugada. Não se sabe onde nem
de Modena, e o sistema de recuperação de energia veio
com quem estaria. 46
— O híbrido LaFerrari é o modelo mais potente da casa de Maranello, com 963 cv. Vai aos 200 km/h em menos de 7 s e chega aos 350 km/h —
1 1. Custo de US$ 1 milhão e 499 produzidos
47
BMW i8
dois motores: um de 1,5 litro, turbo, 231 cv na traseira;
Noite, estrada deserta, faróis de LED iluminando
outro elétrico, na dianteira, libera o equivalente
com facho forte e azulado, frisos luminosos (LEDs,
a 131 cv. Na soma, com as baterias de íons de lítio
imitando neon) marcam o painel e as portas. Ao
carregadas, tem-se 362 cv à disposição. Aí está a
volante do BMW i8 parece que se está dentro de um
maior vantagem deste híbrido específico, capaz de
filme, mais exatamente do revolucionário Tron, de
somar a força de dois motores sem perdas. Como o
1982. Além do prazer de dirigir um automóvel rápido,
motor a combustão impulsiona as rodas traseiras e
há um bom aprendizado para mesclar a experiência
o elétrico, as dianteiras, às vezes se tem tração 4x4,
sobre rodas e a vivência digital com computadores.
principalmente em acelerações fortes, quando o i8
O painel, cheio de gráficos e informações, monitora
consegue fazer de 0 a 100 km/h em 4,4 s. 48
em rápidas acelerações e ultrapassagens. TOP Carros rodou cerca de 600 km com este híbrido, e conseguimos a média geral de 23 km/litro (cidade/ estrada), excepcional para qualquer carro, ainda mais um esportivo com frequentes “puxadas” em rodovias vazias. Segundo a BMW, o i8 consegue fazer até mais de 40 quilômetros por litro. Com muita tecnologia de ponta para integrar os dois motores, tudo foi pensado para economizar energia, desde os faróis de LED até o start/stop (desliga o motor a combustão). Chassi feito em alumínio e outros materiais leves mantêm este automóvel complexo e com muito mais componentes em apenas 1.485 kg. Graças ao gerenciamento eletrônico, garante-se o melhor funcionamento do sistema, inclusive do câmbio automático de sete marchas. O motorista pode escolher entre cinco formas de condução: o uso apenas do motor elétrico (autonomia de 37 km a até 120 km/h) até o esportivo. Usando o modo Eco Pro, o carro escolhe a maneira mais ecológica de conduzir, entre o motor a combustão e o elétrico. Em um dia marcado por trajetos curtos urbanos, a opção foi usar o i8 apenas no modo elétrico. Com as baterias carregadas durante a noite, conseguimos rodar mais de 30 km. O final da autonomia das baterias é percebido no painel, e a entrada do motor a combustão é automática. Este BMW é o único híbrido esportivo vendido pela própria fábrica, por R$ 799.950.
— Dirigir o BMW i8 lembra um filme de ficção científica, com computadores controlando o motor turbo e o elétrico —
Mas nem sempre se tem a força total do motor elétrico. Para isso, devem-se carregar as baterias na tomada (em 220 V a carga é mais rápida, em quatro horas) ou deixar o carro fazer a recarga. O sistema de recuperação de energia entra em ação ao se tirar o pé do acelerador ou, com mais intensidade, quando se usa o freio. O que acaba se tornando um joguinho, pois o motorista aprende a manter a velocidade aliviando
1
o acelerador nas descidas e carregando as baterias. Assim, consegue-se energia elétrica para ajudar muito
1. Único esportivo híbrido vendido no Brasil, o i8 custa R$ 800 mil
49
Honda NSX
em 2016, nos salões de Detroit e de Genebra. E
A espera foi longa. A primeira geração do NSX,
apenas agora começa a ser vendido. Trata-se de um
desenvolvida com a ajuda de Ayrton Senna, fez muito
superesporte de dois lugares que também adota a
sucesso durante 15 anos, de 1990 a 2005. Logo depois,
combinação de motor a combustão e elétricos. Mas
a Honda teria começado o desenvolvimento da
de forma diferente.
segunda geração, com várias interrupções no projeto.
O motor convencional é central traseiro, um V-6
Para não deixar o modelo esquecido, protótipos
biturbo de 3,5 litros e 500 cv. E existem mais três
participaram do filme Os Vingadores, de um comercial
motores elétricos, usados de outra forma. Um deles,
no Super Bowl americano (com Jay Leno e Seinfeld),
de 47 cv, fica na traseira, entre o motor a combustão
tudo em 2012, e até do game GT6, em 2013.
e o câmbio de nove marchas. Há dois motores
O novo Honda NSX Hybrid foi lançado neste ano,
elétricos, com 36 cv cada, para impulsionar as rodas 50
— Depois de anos de desenvolvimento, a Honda finalmente lançou o NSX híbrido, para suceder o primeiro modelo desenvolvido por Ayrton Senna —
dianteiras. Só que as potências não se somam, pois os motores elétricos trabalham em rotações diferentes em relação ao V-6. Assim, são 572 cv no máximo, uma vez que em alta rotação o motor elétrico traseiro se desliga. Com esta solução original, o NSX mostra bons números de desempenho. Destaque, claro, para a aceleração: 0 a 100 km/h em 2,9 s e 307 km/h de velocidade máxima. Não chega a ser caro em relação aos concorrentes,
1
custando cerca de US$ 160 mil nos Estados Unidos, equivalente a um Porsche 911 Turbo S.
1. Seu preço equivale ao de um Porsche 911 Turbo S
51
Cadillac ELR
entre especialistas, já que o ELR é quase sempre
Ter produtos com algum tipo de propulsão elétrica se
impulsionado por um motor elétrico, que fornece o
tornou um importante fator mercadológico. Por isso,
equivalente a 181 cv. Então seria um carro elétrico.
a General Motors fez uma releitura de seu Volt, que
Mas existe um motor a gasolina, quatro-cilindros,
não foi bem em vendas nos Estados Unidos, e lançou
usado preferencialmente para recarregar a bateria
o Cadillac ELR no final de 2013. Usando a mesma
de íons de lítio, quando a autonomia chega próximo
plataforma do Volt, o ELR é luxuoso e sua carroceria
ao fim. Ou seja, quando está com carga baixa, o motor
sugere um cupê, mais esportivo. O rendimento, porém,
convencional entra em ação e de alguma forma ajuda
se limita a 172 km/h de velocidade máxima e acelera
no desempenho do veículo.
de 0 a 100 km/h em pouco mais de 9 s, números de um
Autonomia no modo puramente elétrico chega a
pacato carro familiar.
63 km, e este Cadillac também é plugável, sendo
Sua solução técnica um pouco diferente gera discórdia
recarregado em cinco horas numa tomada de 220 V.
52
— Híbrido da GM, o Cadillac ELR usa soluções diferentes e tem desempenho mais modesto, semelhante ao de um carro familiar. Vai aos 170 km/h —
O motor a gasolina dispõe de alternador que, além de recarregar a bateria, trabalha também como motor elétrico. Em situações de maior solicitação, ajuda a impulsionar o Cadillac ELR, pois a potência máxima pula de 181 cv para 217 cv. A GM identifica o carro como elétrico de autonomia estendida, mas ainda há dúvida se não se trata mesmo de um híbrido. No caso do i3, por exemplo, o motor a gasolina é opcional e trabalha, de forma clara, apenas como gerador. Lançado como modelo 2014 por US$ 75 mil nos EUA, em 2016 seu preço diminuiu, sendo vendido a partir de US$ 66 mil.
1
−
1. Há dúvida se o ELR é um elétrico com autonomia estendida
53
— Aston Martin Vanquish Zagato —
Simbiose de marca inglesa e carrozziere italiano POR ROBERTO MARKS
Apresentado em première no prestigioso Concorso d’Eleganza de Villa d’Este, em Como, Itália (ver reportagem exclusiva nesta edição), em maio último, o Aston Martin Zagato Concept Vanquish logo se destacou. Conquistou o prêmio de melhor desenho para carros-conceito. Servirá de base para um modelo com produção limitada a 99 unidades, boa parte já com encomendas confirmadas. O Vanquish Zagato é o quinto projeto desenvolvido pela marca inglesa em parceria com o carrozziere italiano, uma colaboração que teve início com o DB4 GT Zagato, desenhado pelo renomado Ercole Spada e apresentado no Salão do Automóvel de Londres, em outubro de 1960. Essa versão especial foi criada para representar a Aston Martin nas competições internacionais de grã-turismo e foram produzidas 19 das 25 unidades previstas. Posteriormente, as duas empresas voltaram a trabalhar em conjunto somente na década de 1980 no projeto do Vantage V8 Zagato. Entre 1986 a 1990, a produção alcançou 52 exemplares na configuração cupê, além de 37 conversíveis. Em 2002, foi lançado no Salão do Automóvel de Paris o DB7 Vantage Zagato, série limitada a 100 unidades, das quais 99 comercializadas e o exemplar remanescente destinado ao museu da Aston Martin.
— O Vanquish Zagato é o quinto projeto desenvolvido pela marca inglesa em parceria com o carrozziere italiano —
Mais recentemente, o Vantage Zagato V12 marcou a celebração da parceria de 50 anos entre as duas empresas. Esse modelo também venceu o Prêmio de Design para Carros-Conceito e Protótipos do Concorso d’Eleganza Villa d’Este, em 2011. A produção foi prevista e limitada a 150 unidades, cada uma vendida por cerca de US$ 500 mil. Vale lembrar também que em 2013, por ocasião da comemoração do centenário de fundação da Aston Martin, a casa de estilo italiana desenvolveu dois protótipos muito elegantes e exclusivos: o DBS Coupê Zagato Centennial, adquirido por um colecionador japonês, e o DB9 Spyder Zagato Centennial, vendido a um colecionador inglês.
1 2
Italian design Em todos esses modelos, a carroceria era moldada na
1. O recorte lateral, destacado nos para-lamas dianteiros, faz referência ao Vantage Zagato 2. A enorme grade do radiador com faróis auxiliares nas extremidades remete ao DB4 GT
tradicional técnica do “battilamiera” (bate-chapa) pelos artífices da Zagato em Milão, Itália. Depois eram 59
enviadas para a montagem no chassi na fábrica da
da cabine dos apertados GTs da época. Externamente
Inglaterra. Desta vez, entretanto, apenas o estilo tem
se destacam ainda os extratores de ar na seção inferior
origem italiana. O projeto, inclusive, leva a assinatura
da traseira, que incorporam as saídas duplas do
em conjunto de Andrea Zagato e do inglês Marek
escapamento. Outro detalhe exclusivo é o aerofólio
Reichman, desenhista-chefe da Aston Martin.
retrátil na extremidade da tampa do porta-malas.
A moldagem das carrocerias será feita em Gaydon,
Internamente o espaço é bem dimensionado tanto para
Inglaterra. Utilizará modernas técnicas de produção
o motorista quanto para o passageiro. Acabamento
de compósito em fibra de carbono e aproveita a
em couro, bastante elegante, mescla cores preta e
plataforma original do novo Vanquish, lançado em
vermelha, detalhes em Alcântara (uma camurça de alta
2012. Esta versão especial, porém, destaca detalhes
qualidade) e compósito de fibra de carbono aplicado no
característicos no desenho que fazem referência a
painel. Os dois bancos têm desenho exclusivo com bons
elementos desenvolvidos nos vários projetos da Zagato
apoios laterais. Painéis de portas e soleiras recebem um
para a Aston Martin.
estiloso “Z”, de Zagato.
A começar pela enorme grade do radiador e os dois
A base mecânica é a mesma do Vanquish com motor
faróis auxiliares nas extremidades, que remetem ao
V-12 aspirado de 6 litros, que desenvolve 600 cv, 35 cv
DB4 GT dos anos 1960, assim como o capô e os para-
mais do que a versão convencional do modelo. Graças à
lamas bem abaulados, especialmente os traseiros. Já o
maior potência, o carro esporte acelera de 0 a 100 km/h
recorte lateral, destacado nos para-lamas dianteiros,
em apenas 3,6 s (meio segundo mais rápido) e alcança
segue referência utilizada no Vantage Zagato V12 de
velocidade máxima de 320 km/h.
2011. Outro detalhe que lembra essa versão são as
As primeiras unidades só deverão ser entregues em
lanternas traseiras superdimensionadas.
2017, e o preço está estimado em 650 mil euros, cerca
O modelo também incorpora o curioso teto ondulado
de R$ 2,5 milhões. Quantia bastante elevada, mas
“double-bubble” (bolha dupla), espécie de marca
pode se revelar um bom investimento para o futuro.
registrada da Zagato, criada na década de 1950 com a
Recentemente, um Aston Martin DB4 GT superou a
finalidade de proporcionar mais espaço e conforto dentro
marca de US$ 10 milhões em um leilão.
— As primeiras unidades só serão entregues em 2017, e o preço estimado é de 650 mil euros — 1 1. Outro detalhe do modelo é o curioso teto ondulado “bolha dupla”, marca registrada da Zagato
61
−
O exuberante Lamborghini Miura, considerado o primeiro supercarro comercializado, foi lançado há exatos 50 anos POR ROBERTO MARKS
Foto Simon Clay
— Esportivo superlativo —
Foto Simon Clay
A história deste Lamborghini Miura 1969, ainda na cor
feito na própria fábrica e, por isso, o motor foi enviado
original e que ficou “abandonado” por mais de duas
para Sant’Agata Bolognese, Itália. Porém, nunca mais
décadas na garagem de um luxuoso hotel em Atenas,
voltou para a Grécia. Como tudo no Miura sempre
Grécia, é muito curiosa. O carro pertence a um cantor
foi superlativo, pode-se especular que o dono tenha
grego de música popular, que, pasme, ganhou o Miura de
ficado assustado com a fatura do conserto e decidiu
presente de um fã muito especial: o magnata Aristóteles
“esquecer” o pagamento. Sem nenhum posicionamento
Onassis (1906-1975). Considerado, na época, o homem
do proprietário, o motor recondicionado foi destinado
mais rico do mundo, o também grego Onassis era
ao museu da marca.
proprietário da maior frota de superpetroleiros e tinha o costume de dar presentes valiosos para aqueles que o
De tratores a esportivos
cativavam.
Apesar de o Miura já ser usado quando recebido pelo
O cantor utilizou o Miura por alguns anos, até o motor
cantor, seria malvadeza se falar sobre “presente de
fundir. Seu mecânico aconselhou que o serviço fosse
grego”. Apenas mais um dos vários fatos curiosos
66
— Este Miura 1969, ainda na cor original, foi “abandonado” na garagem de um luxuoso hotel em Atenas —
envolvendo a mítica marca e o exuberante Miura, considerado o primeiro superesportivo comercializado em série. Lançado há 50 anos, boa parte das lendas foi alimentada pelo próprio Ferruccio Lamborghini (19161993), arrojado empreendedor italiano que ficou rico fabricando tratores e resolveu produzir automóveis esporte após ser desafiado por Enzo Ferrari. De origem humilde, filho de agricultores, fez fortuna comprando veículos sucateados do exército italiano, após a Segunda Guerra Mundial, para construir um
1
pequeno trator de uso múltiplo e preço acessível, o qual denominou “Carioca”. O sucesso resultou em uma
1. O motor fundiu e foi enviado para a fábrica em Sant’Agata Bolognese, Itália, mas não voltou mais para a Grécia
próspera fábrica que lhe possibilitou realizar um sonho
67
da juventude: possuir um carro esporte. Primeiro foi o Maserati e, depois, o Ferrari 250 GT, o que, no fim da década de 1950, era privilégio para poucos: além do preço nada razoável, a capacidade de produção da fábrica de Maranello ainda era bem reduzida. Mas o industrial logo se desiludiu. Para ele, o Maserati até que era bem-acabado e razoavelmente confortável, mas faltava desempenho. Já o Ferrari andava bem, mas era duro e tinha acabamento espartano, além de problemas de confiabilidade principalmente em relação à embreagem. Quando foi reclamar ao amigo Enzo Ferrari, ouviu uma desfeita: “Quem está acostumado a dirigir tratores não deve ter sensibilidade suficiente para explorar o potencial de um Ferrari”, disse-lhe o “Commendatore”. Ele não gostou nem um pouco, e resolveu desmontar seu 250 GT para descobrir os segredos da marca do fotos arquivo Lamborghini
“Cavallino Rampante”. Chegou à conclusão de que não havia nada de especial e, além disso, o fabricante da embreagem era o mesmo fornecedor dos tratores de sua fábrica. Encomendou, então, uma embreagem reforçada à Borg&Warner, e foi contar a Ferrari que havia solucionado o problema com o componente mais bem dimensionado. Novamente foi destratado. “Se precisasse de conselhos de um fabricante de tratores, não estaria no negócio de automóveis. E se você é tão bom para achar defeitos nos meus carros, por que não
— Com o Miura, Ferruccio Lamborghini cumpriu uma promessa nada modesta: fabricar o melhor carro esportivo —
fabrica os seus próprios?”, teria dito Ferrari. Lamborghini costumava lembrar que aquela foi a noite mais longa de sua vida. Virando de um lado para o outro na cama, não conseguiu dormir. Até que resolveu levantar e foi para a escrivaninha calcular de quanto precisaria para montar uma fábrica. Pela manhã chegou bem cedo ao escritório e pediu para a secretária marcar reuniões com banqueiros que ele conhecia. Nessas reuniões, todos tentaram demovê-lo da ideia. Um bemsucedido produtor de tratores não deveria se aventurar em área artesanal tão específica e arriscada, diziam.
1 3 2
Proposta ambiciosa Além disso, a Itália já tinha marcas tradicionais no setor, como Alfa Romeo, Maserati e a própria Ferrari.
1. Ferruccio Lamborghini admirando a obra-prima de sua marca 2. Da esquerda para a direita: Bob Wallace, piloto de testes, Paolo Stanzani, Ferruccio Lamborghini e Gian Paolo Dallara 3. De tão charmoso, o Miura tinha até “cílios” ornando os faróis
Apesar de tudo e de conselhos desfavoráveis, conseguiu obter os recursos para sua nova empreitada, nem um 68
Aprovado o estilo, a Carrozzeria Sargiotto, de Turim,
mercado, conforme confidenciou aos financiadores.
produziu o protótipo, enquanto o chassi tubular era
Imediatamente iniciou a construção da fábrica e a
fabricado na Neri & Bonacini, em Modena. Dessa forma,
montagem da equipe técnica. Para despistar, divulgou
projeto e construção do 350 GTV puderam ser feitos
para a imprensa especializada que o projeto estava sendo
em tempo recorde, menos de um ano e meio. Quando
desenvolvido por um engenheiro alemão e outro japonês.
os componentes chegaram à fábrica para a montagem,
Isso ajudou a fomentar a polêmica e atrair atenção para a
em outubro de 1963, os engenheiros descobriram que o
futura Automobili Ferruccio Lamborghini. Na verdade,
motor não cabia no cofre!
o empresário havia fechado um acordo confidencial
Como já haviam reservado espaço para o carro no Salão
com
engenheiro
de Turim, no fim daquele mês, a solução foi lastrear o
responsável pelo projeto do mítico Ferrari GTO e que,
Giotto
Bizzarrini,
o
brilhante
cofre com tijolos para que a dianteira não ficasse elevada
após um desentendimento com Enzo, deixou a fábrica
e balançando, enquanto o imponente motor V-12 de
de Maranello para montar seu escritório de projetos.
3,5 litros e duplo comando de válvulas ficou ao lado do
Ele se encarregou de projetar motor e chassi, enquanto
carro. Após a exposição, foi contratada a tradicional
o desenho da carroceria foi encomendado a Franco
Carrozzeria Touring para redesenhar a parte frontal e
Scaglione, outro “outsider”.
outros detalhes. Ordenou, então, o processo de produção
www.futurephotography.ch/en/portfolio/all
pouco modesta: fabricar o melhor carro esporte do
— O design da carroceria é obra de Marcello Gandini, que, na época, tinha menos de 30 anos e já era desenhista-chefe da Stile Bertone —
1 1. O perfil de rara beleza também era destacado nas cores vibrantes, que caracterizaram a maioria das unidades fabricadas
— Como tudo na vida, o Miura também tinha seu ponto fraco: a posição dos carburadores provocou incêndio em muitos carros —
em série das carrocerias. Com nova denominação, o GT 350 fez sucesso no Salão de Genebra, em março de 1964, e passou a ser comercializado ainda no primeiro semestre daquele ano. Por suas características, o carro atendia todas as expectativas do dono da marca. Potência de 274 cv e câmbio ZF de cinco marchas proporcionavam velocidade máxima de 240 km/h, nada ficando a dever aos concorrentes. Suspensões independentes nas quatro rodas garantiam boa dirigibilidade e estabilidade, além
2
1
de rodagem bem civilizada. 1. Quatro carburadores Weber de corpo triplo garantiam total alimentação ao motor de 4 litros, mas também podiam botar fogo no carro 2. A beleza das linhas do Miura se destacam até com os capôs abertos
O interior de acabamento acurado também era espaçoso e confortável. Um grã-turismo na verdadeira acepção da palavra que, entretanto, mantinha a configuração convencional da época: motor dianteiro e tração traseira. Revolução em marcha Para coordenar os trabalhos de produção no chão de
foto Getty Images
fábrica, vieram da Maserati dois jovens promissores engenheiros: Paolo Stanzani e Gian Paolo Dallara. Este, inclusive, também já havia trabalhado na Ferrari. Ambos, com menos de 30 anos de idade, tinham muita vontade de fazer algo diferente. Mesmo sem a autorização do “patrão”, iniciaram por conta própria o projeto que revolucionaria o mercado e colocaria a nova marca no vértice da produção de carros esporte de grande atratividade e prestígio. Enquanto Dallara desenhou um moderno chassi em chapa de aço com motor central posicionado transversalmente, logo atrás da cabine, Stanzani projetou a seção inferior do motor V-12 de cárter seco, projetado por Bizzarrini, para poder acoplar o câmbio e o diferencial, também transversais. Os dois estavam temerosos ao apresentar
foto cedida por www.kidston.com
o projeto para o chefe, mas foram surpreendidos quando ele não apenas gostou da proposta, como também autorizou a construção do protótipo. Para o chefão seria uma boa maneira de demonstrar a capacidade de inovação e vanguarda da marca. Decidiu expor o chassi, ainda sem carroceria, no Salão de Turim, em novembro de 1965. Ele estava certo. A proposta chamou a atenção do público e recebeu elogios da imprensa especializada e até de concorrentes. Mesmo assim, o próprio Lamborghini continuava reticente. 72
73
foto AUTO BILD Syndication/R.Raetzke
Avaliava o projeto como interessante, mas seus custos
Bertone conseguiram desenvolver a carroceria do Miura
de produção elevados limitariam a comercialização.
em tempo recorde, e o protótipo pôde ser apresentado
Foi aí que recebeu a visita de Nuccio Bertone. Na
no Salão de Genebra, realizado em março de 1966.
ocasião, o famoso empresário também enfrentava um
Com o Miura, Ferruccio Lamborghini mirou no que via e
dilema. Seu desenhista-chefe, o talentoso Giorgetto
acertou no que não viu. Além de construir o melhor, mais
Giugiaro, fora contratado pela concorrente Ghia, e ele
rápido (280 km/h) e o mais cobiçado automóvel esporte
precisava dar uma resposta imediata ao mercado. Por
da época, também produziu um “best-seller”. Fabricaram-
isso, propôs desenvolver a carroceria para aquele chassi
se 764 unidades, apesar de seu preço astronômico, que
revolucionário. O encarregado pelo projeto foi o novo
fazia dele um dos automóveis mais caros do mercado.
desenhista-chefe de Bertone, Marcello Gandini, outro
Se até hoje seu desenho surpreende, imagine naquela
talentoso jovem também com menos de 30 anos de idade.
época. Algumas poucas unidades importadas chegaram
Trabalhando dia e noite, Gandini e os operários de
ao Brasil e causaram furor. 74
−
— Com o Miura, Ferruccio Lamborghini mirou no que via e acertou no que não viu —
1 1. Em linha de produção de 1967 ao começo de 1973, o Miura teve 764 unidades fabricadas
75
— Profissão: collaudatore — Valentino Balboni já passou mais de metade da sua vida testando os modelos da Lamborghini TEXTO ROBERTO MARKS
Uma atividade fascinante por 35 anos que muitos
Depois passei um tempo na linha de montagem, o que me
invejam. Valentino Balboni foi piloto collaudatore,
possibilitou conhecer todo o processo de produção.”
testar, provar, experimentar, analisar. Nesse longo
Acelerando na fábrica
período, pilotou diariamente alguns dos mais belos,
Simpático, esperto e proativo, logo caiu nas graças
potentes e velozes carros já fabricados. Ele também é
do patrão e passou a auxiliar da diretoria. “Era
testemunha da história da Lamborghini, empresa na
uma espécie de faz-tudo, já que a fábrica ainda era
qual trabalhou por 40 anos.
pequena”, lembra. Com a “promoção”, pôde começar
Sua trajetória começou por acaso. “Eu passava em
a tomar certas “liberdades”, como manobrar os carros
frente à fábrica e vi as carrocerias dos carros já pintadas.
da linha de montagem até o pátio de estacionamento.
Uma das coisas mais belas em que já tinha colocado
Nesses momentos aproveitava para desenvolver seus
os olhos. Estavam em cima de carrinhos, empurrados
dotes ao volante e acelerava com vontade. Após uma
com dificuldade por um senhor. Perguntei se ele queria
dessas exibições queimando pneus, avisaram-lhe que
auxílio. Quando já saía, o segurança perguntou o que eu
deveria ir até a sala do gerente. “Fiquei preocupado.
estava fazendo ali. Falei que fui apenas ajudar. Aí disse
Até pensei que seria demitido.”
que se eu quisesse trabalhar ali, deveria preencher um
Para surpresa, perguntaram se queria trabalhar como
formulário, e me encaminhou à administração.”
auxiliar do piloto de testes Bob Wallace (1938-2013). Foi
Uma semana depois foi chamado. “Era abril de 1968 e ia
em setembro de 1973 e, na época, o neozelandês era uma
completar 19 anos. Na época, só estudava. Fui à fábrica,
lenda dentro da casa. Foi um dos primeiros funcionários
e o próprio Ferruccio Lamborghini me entrevistou. No
e responsável pelos testes de desenvolvimento do
dia seguinte, comecei como aprendiz de mecânico no
Miura. “O Bob, de tão alto, quase não cabia no cockpit,
departamento de atendimento aos clientes, desmontando
e era de poucas palavras. Na primeira vez que fizemos o
e montando motores, câmbios e outros componentes.
trecho de resistência Bolonha-Bari, de mil quilômetros,
foto acervo Lamborguini
termo em italiano derivado de collaudare, que significa
ele falou cinco palavras. Quatro foram para criticar a forma como eu estava dirigindo.” Mas ele é grato a Wallace. “Apesar de quieto e muito rígido, era leal. Ele me ensinou todos os segredos e sempre me apoiou”, lembra. Um ano após assumir a nova função, foi surpreendido com a saída de Ferrucio Lamborghini, em 1974. “Fiquei muito triste, pois era um homem fiel a suas origens no campo como fabricante de tratores. Continuou simples, afável, e conversava com todos os funcionários. Para mim, um segundo pai.” No ano seguinte, Wallace deixou a empresa. “Foi e restauração de modelos Lamborghini, Ferrari e Maserati, no Arizona. Aí me promoveram a chefe do departamento de testes”, conta Balboni, que também lembra de momentos conturbados por diversas
— Foi ajudar a empurrar um carrinho e acabou dirigindo carrões — 1
3
2
1. O jovem Balboni logo caiu nas graças do “chefe” Ferruccio Lamborghini 2. De 1973 a 2008, Balboni testou todos os modelos, inclusive o Countach 3. Ao se aposentar compulsoriamente, a marca desenvolveu uma versão especial do modelo Gallardo em sua homenagem
fotos acervo Lamborguini
para a América montar uma oficina de manutenção
mudanças de comando. “Tempos difíceis e muitas vezes temi pelo futuro. O melhor foi o Grupo Volkswagen assumir o controle, em 1998. A Lamborghini pôde ter acesso à tecnologia de ponta da Audi.” Relembra também de momentos vividos em alta velocidade. “Sempre procurei ter cuidado, mas nessa atividade acidentes podem acontecer. O mais sério foi dois dias antes do meu aniversário, em maio de 1978, com um Countach, quando um caminhão atravessou a pista. Só tive de tempo de desviar para fora da estrada e o carro começou a capotar. Virou um par de vezes e acabou com as rodas para cima. Em um Lambo isso é
Balboni ainda participa de testes de desenvolvimento de
terrível, pois não dá para abrir as portas, tive que sair
novos modelos. Mas hoje atua mais como embaixador
pela janela. Felizmente ninguém se feriu.”
da marca, viajando pelo mundo. “Graças à Lamborghini,
Depois de 35 anos, foi obrigado a deixar a atividade. “Em
conheci pessoas que jamais imaginei. Atores e atrizes de
2008, quando completei 40 de empresa, a legislação
cinema, modelos, esportistas e até aristocratas. Também
forçou a aposentadoria compulsória. Agora sou
estive em muitos países de todos os continentes,
consultor, e o contrato é renovado a cada dois anos. Até
inclusive no Brasil”, destaca. Sobre seu veículo de uso
nem precisaria. Com o trabalho na fábrica, pude dar uma
pessoal, é detalhista: “Um Audi A4, bela máquina. Anda
vida confortável à minha família e garantir os estudos
rápido, muito seguro e ágil nos trechos sinuosos, além de
dos meus três filhos. Mas não consigo ficar parado e
confortável”, finaliza.
gosto do que faço. A empresa é minha segunda casa, e
E lembrar que toda esta história começou por ter feito a
acho que passei mais tempo lá dentro ou ao volante de
gentileza de empurrar um “carrinho”, e acabou agraciado
um Lambo do que na minha própria casa.”
com a felicidade de dirigir “carrões” pelo resto da vida.
−
— Ford GT — Nova geração do carro esporte quer resgatar a tradição da marca nas pistas POR ROBERTO MARKS
No Salão do Automóvel de Detroit, em janeiro de 2015,
Desta vez, entretanto, o departamento de estilo da Ford
ao apresentar de forma inesperada o novo Ford GT, a
desenvolveu um desenho para a carroceria que, apesar
fábrica informou que ele chegaria ao mercado como
de incorporar detalhes característicos do modelo
ano-modelo 2017. As primeiras entregas deverão
original, ficou bastante atual e se caracteriza por beleza
ocorrer ainda neste segundo semestre.
e aerodinâmica. Neste quesito destaca-se o exclusivo
A proposta inicial de produzir apenas 250 unidades/
desenho das laterais, com arcos entre o cockpit e os
ano talvez seja revista, pois mais de 8 mil interessados
para-lamas traseiros formando canais que seguem
se inscreveram na lista de pedidos. O preço nos Estados
até a extremidade traseira, proporcionando o desenho
Unidos está estimado em torno de US$ 480.000 (cerca
em forma de gota para a carroceria. Além de melhorar
de R$ 1,6 milhão). Mas a fabricação será na cidade
o coeficiente aerodinâmico (Cx), garante maior
de Markham, no Canadá, pela Multimatic, empresa
estabilidade direcional em velocidades elevadas.
especializada em manufatura e engenharia.
A seção frontal é a que mais lembra o GT da década de
Assim como a geração anterior, produzida de 2004 a
1960, desde a enorme grade do radiador e a curvatura dos
2006, o novo carro esporte da Ford tem inspiração no
para-lamas até as saídas de ar na seção superior. O para-
GT40, que destacou a marca do oval azul nas competições
brisa bem inclinado também contribui para reduzir o
internacionais de longa duração na década de 1960.
Cx. Não é fabricado, porém, com vidro qualquer: utiliza 86
— A carroceria tem desenho bastante atual e se caracteriza por beleza e aerodinâmica —
o mesmo material das telas de telefones celulares (Gorilla Glass). Na traseira, destacam-se os extratores para acelerar o fluxo de ar embaixo do carro, duas grandes lanternas circulares e saídas duplas do escapamento, que também fazem referência ao modelo que venceu, há 50 anos, uma das provas mais famosas do mundo, a 24 Horas de Le Mans, na França. Novo motor Em vez do tradicional motor V-8, aspirado, das gerações anteriores, o novo Ford GT é equipado com o V-6 EcoBoost de 3.500 cm³, biturbo e com potência de até 650 cv (versão
1
de rua). A caixa de câmbio da alemã Getrag tem sete marchas, acionamento sequencial e dupla embreagem. O
1. O exclusivo desenho das laterais aprimorou a aerodinâmica e proporciona estabilidade direcional em alta velocidade
conjunto motriz fica montado na posição central-traseira. 87
— Em vez do V-8, aspirado, o novo GT é equipado com o V-6 EcoBoost de 3,5 litros, biturbo e potência de 650 cv —
O chassi monobloco em compósito de fibra de carbono inclui estruturas em alumínio para as suspensões dianteira e traseira. Tudo contribui para que o peso total em ordem de marcha seja de apenas 1.280 kg. Significa uma relação peso/potência entre as melhores de todos os modelos atualmente em produção. Internamente, os bancos em forma de concha são fixos no chassi. Sua ergonomia apurada inclui coluna de direção e pedaleira com regulagem de distância. A decoração interna é minimalista, destacando-se uma tela tátil e comando de troca das marchas apenas no volante. Os defletores do ar-condicionado vão incorporados nas laterais das portas. Estas abrem perpendicularmente para cima (tipo asa-de-borboleta). Por seu estilo revolucionário, o novo Ford GT ganhou prêmios nos Estados Unidos e na França. Também venceu com uma equipe comandada pelo americano Chip Ganassi a 24 Horas de Le Mans de junho último,
1
2
na categoria LM GTE-Pro. Reeditou uma emocionante disputa com os Ferrari 488 GT, embora nos anos
1. O retorno vitorioso do GT à pista de Le Mans era um dos objetivos da marca 2. Os arcos entre o cockpit e os para-lamas traseiros formam canais que proporcionam o desenho em forma de gota à carroceria
1960 os duelos na pista francesa tenham sido pela classificação geral.
− 88
89
— Reserva especial — Série exclusiva do Pagani Huayra destinada aos clientes da marca que gostam de acelerar POR ROBERTO MARKS
Apresentada no Salão de Genebra, em março último,
uma pista de corrida, mas sem participar efetivamente
a série especial Pagani Huayra BC terá apenas 20
de competições oficiais. “Eles preferem alugar com
unidades fabricadas, e as reservas já foram devidamente
exclusividade um circuito por período determinado e,
confirmadas, apesar do preço. A marca, fundada há 17 anos
dessa forma, podem desfrutar a liberdade de acelerar sem
pelo engenheiro argentino Horacio Pagani, estabeleceu-se
compromisso, apenas pelo prazer de explorar o potencial
na Itália em busca de um sonho em que poucos acreditavam.
do carro”, detalha Pagani. Para esses clientes, a fábrica
“Os compradores dos nossos modelos, geralmente, são
oferece serviço especial de atendimento, deslocando
colecionadores que preferem preservar o automóvel
uma equipe técnica de assistência na pista.
em exposição estática, como se fosse uma obra de arte
A
ou, então, costumam rodar muito pouco em passeios
aerodinâmicos, que também alteram levemente o
ocasionais e viagens curtas. Mas tem um grupo que gosta
estilo original do Huayra com os para-lamas abaulados
de experimentar todas as sensações que um automóvel
devido aos pneus mais largos e recortes de ventilação. O
desse tipo pode proporcionar. É para eles que criamos o
destaque fica para o aerofólio apoiado nos para-lamas
Huayra BC”, afirma Pagani.
traseiros e que, junto com os flaps da carroceria original
Segundo o construtor, esse grupo é formado por clientes
comandados eletronicamente, aumentam a força
que aproveitam momentos de lazer, de preferência em
em direção ao solo. O divisor de fluxo (splitter) mais
94
nova
versão
se
diferencia
pelos
adendos
pronunciado na seção inferior dianteira, assim como o novo desenho do extrator traseiro, ajudam a acelerar a circulação do ar por baixo do veículo. Perfeccionista, Pagani mantém sua obsessão pelos detalhes e que destaca na nova versão. “Não a considero apenas um projeto de reestilização, e sim um novo modelo que incorpora grande número de inovações de desenho e mecânica. Com elas, estamos antecipando soluções técnicas e conjuntos de componentes, que equiparão novos modelos nos próximos anos”, explica o engenheiro. Um exemplo é a nova fórmula do material compósito com base na fibra de carbono e que, segundo Pagani, é 50% mais leve e 20% mais resistente do que a utilizada anteriormente. Assim, além de maior rigidez no monobloco de carbotitânio, com estrutura frontal e traseira de tubos
— O perfeccionista Horacio Pagani define o projeto como um novo modelo —
1
2
1. O interior se caracteriza pela preocupação nos detalhes 2. Adendos aerodinâmicos diferenciam a nova versão
95
de aço cromovanádio, também foi possível reduzir
de competição. Bancos envolventes, com cintos de
o peso para 1.218 kg, cerca de 130 kg em relação ao
segurança de quatro pontos, foram projetados para
modelo original. Não só mais leve, como também
utilização esportiva. E o sistema auxiliar de condução
mais potente, o motor Mercedes-Benz AMG V-12
oferece três modos – Comfort, Sport e Race – com fácil
de 6 litros, biturbo, entrega 800 cv no Huayra BC. O
acionamento por meio de botão no volante.
câmbio manual automatizado de sete marchas, da
Com preço na fábrica de 2,3 milhões de euros, a nova
marca inglesa XTrac, tem acionamento sequencial na
versão do Huayra recebeu as iniciais BC em homenagem
alavanca ou por borboletas no volante. O diferencial é
ao imigrante italiano Benny Caiola, que fez fortuna nos
ativo de controle eletrônico.
EUA. Falecido em 2010, foi um dos primeiros clientes
O suporte da alavanca de câmbio no console é um
a comprar o Zonda, modelo de estreia da marca, cuja
detalhe exclusivo e remete às charmosas grades de
produção começou em 1999. Entusiasmado com a
engate dos câmbios manuais de esportivos do passado.
aquisição, Caiola enviou uma carta muito elogiosa a
A pedaleira, apenas com acelerador e freio, é outra “obra
Horacio Pagani juntamente com um cheque de mil
de arte”. Destaca-se, ainda, o quadro de instrumentos
dólares para que proporcionasse um “bello” jantar à sua
montado sobre a coluna de direção, típico de modelos
equipe de colaboradores na fábrica. 96
−
— O modelo é uma homenagem a um dos primeiros clientes da marca, já falecido —
1 1. O aerofólio e o novo extrator aumentam a força em direção ao solo
97
— Símbolo da época romântica — Fabricado em 1957, este modelo é representante de uma época fascinante em que a marca italiana se destacava nas pistas
foto cedida por www.kidston.com
POR ROBERTO MARKS
classe intermediária do Campeonato Mundial de Carros
tempo romântico e fascinante, quando a pequena
Esporte, categoria até 2.000 cm³. Como no Ferrari, o
cidade de Modena, na Itália, representava a meca do
motor do Maserati também tinha quatro cilindros em
automobilismo de competição. Ali, nas fábricas da
linha, de 2 litros, duplo comando de válvulas no cabeçote
Ferrari e da Maserati, produzia-se a maior parte dos
e potência declarada pela fábrica de 188 cv a 7.500 rpm. O
modelos de corrida da época, tanto para as categorias
câmbio tinha cinco marchas.
de Fórmula 1 e Fórmula 2 como a de carros esporte. O destino eram as equipes oficiais das duas marcas, que
Produção artesanal
duelavam nas pistas, mas principalmente para venda às
Segundo os registros oficiais do fabricante, foram
escuderias particulares e “gentlemen drivers”.
produzidas 32 unidades do 200S, de 1955 a 1957. O que
O Maserati 200S basicamente atendia a clientes
pode se considerar insignificante atualmente era, na
particulares. Na ocasião, a marca já enfrentava a difícil
ocasião, considerável. Afinal, as duas marcas italianas
situação financeira que, inclusive, forçou posteriormente
não passavam de empresas de pequeno porte e com
o encerramento das atividades da equipe oficial. Lançado
limitações de produção. Para viabilizar o processo,
em 1955, o 200S concorria com o Ferrari 500 Mondial na
as carrocerias eram moldadas artesanalmente pelos
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foto cedida por www.kidston.com
A segunda metade dos anos 1950 tornou-se um
— A bela carroceria era moldada artesanalmente em pequenas oficinas independentes, também conhecidas como “battilamiera” (bate-chapa) —
1
1. Os registros da Maserati detalham a produção de 32 unidades desta versão de 1955 a 1957
103
chamados
“carrozzieri”:
oficinas
independentes,
espalhadas por Modena, conhecidas também como “battilamiera” (bate-chapa). Ferrari tinha preferência por Scaglietti, enquanto Maserati diversificava. Em alguns casos, estas oficinas fabricavam o chassi que, na época, eram tubulares, tipo gaiola. Para isso, ambas entregavam o desenho e os artesãos construíam os gabaritos. Já o processo de produção das carrocerias era mais empírico e, muitas vezes, eles apenas recebiam um esboço e por conta própria iam definindo as formas. Por isso, Ferrari preferia dar exclusividade a Scaglietti, com quem tinha afinidade, e algumas vezes recebeu apoio da casa de estilo Pininfarina, que produzia modelos de grãturismo da marca, para projetar os protótipos. Diversos fornecedores Já a Maserati, que até meados da década de 1950 era mais um fabricante de automóveis de corrida do que propriamente modelos grã-turismo, tinha como fornecedores a Officina Fiandri, de Celestino Fiandri, ex-funcionário da Officine Maserati Auto – esta era a denominação comercial da fábrica na época –, além da Gilco Autotelai, de Gilberto Colombo, e da Carrozzeria Fantuzzi dos irmãos Medardo e Gino Fantuzzi, que eram de Bolonha, mas que se estabeleceram em Modena, em 1947. Informalmente, o fornecedor “oficial” da Maserati era Fiandri. Mas parece que Fantuzzi era o mais eficiente, e produziu 23 de um total de 32 unidades. Ele construiu, ainda, as carrocerias das versões 300S, de seis cilindros em
foto cedida por www.kidston.com
— A beleza do modelo se destaca nos detalhes até debaixo do capô, como o cabeçote do motor com duplo comando de válvulas — 1
1. O motor de quatro cilindros em linha de 2 litros com potência declarada pelo fabricante de 188 cv a 7.500 rpm
104
105
linha, e 450S, esta com motor V-8. Salvo pormenores, como dimensões, todas eram semelhantes. O modelo de Fantuzzi se caracterizava pelo para-brisa mais alto, que possibilitava a instalação da palheta do limpador e seguia envolvente pela lateral sobre as portas, também exclusividade deste produtor artesanal. A “corcunda”, atrás da cabeça do piloto, completava o pacote aerodinâmico mesmo sem recurso de um túnel de vento. Nova denominação Em 1957, o modelo sofreu algumas modificações para atender nova regulamentação do campeonato e passou a se denominar 200Si, de Sport internacional. Nos arquivos da Maserati está registrado que o modelo da reportagem é o chassi 2422 e sua montagem foi concluída em 31 de março de 1957. As referências indicavam uma carroceria dentro do “padrão” Fantuzzi. Os mesmos registros apontavam que essa unidade foi vendida para Franco Cornacchia, piloto de corridas e negociante de automóveis em Milão. Mais negociante do que piloto, Cornacchia comumente de dinheiro e ia bater na porta ora da Ferrari, ora da Maserati. Com a fábrica que estava em situação mais difícil, o esperto aficionado fazia o melhor negócio e voltava para Milão acelerando o bólido. Depois de participar de poucas corridas, negociava cada unidade comprada com bom lucro. Este 200Si específico, vendeu para o americano Carroll Shelby. Tão bom piloto como
— Muito valorizado atualmente, um modelo idêntico ao das fotos foi vendido recentemente por 2 milhões de dólares —
negociante, Shelby levou essa unidade para correr na América e, depois de alguns bons resultados, achou um “encantado” pelo modelo e também lucrou. O carro ficou nos Estados Unidos até a década de 1980, quando foi comprado por um colecionador belga e voltou para a Europa. Depois passou para um italiano e, mais recentemente, para um inglês. Após anos de utilização precisou de restauração, realizada pelo especialista italiano Corrado Patella, sob a supervisão
1
de Adolfo Orsi, historiador da Maserati e neto do dono
2
da fábrica na década de 1950. O serviço recuperou todos 1. A alavanca do câmbio de cinco marchas encaixada na tradicional grade que caracterizava os esportivos da época 2. A grade destaca o tridente de Netuno, inspirado em estátua de Bolonha, cidade onde a Maserati iniciou suas atividades
os detalhes originais e até a vibrante cor “rosso corsa” ao custo de 120 mil euros (cerca de R$ 500 mil). Uma bagatela em relação ao valor atual de mercado. Recentemente, um 200Si foi vendido por US$ 2 milhões.
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Mais informações de carros históricos: www.kidston.com
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fotos cedida por www.kidston.com
tomava um trem para Modena com uma mala cheia
107
— The Cal — A proposta de exaltar a beleza feminina que virou cult POR ROBERTO MARKS
— Atrizes famosas e top models já posaram para o calendário, uma referência na fotografia, moda e publicidade —
Atrizes famosas como Sophia Loren, Julianne Moore, Monica Bellucci, Sonia Braga, Penélope Cruz, Jennifer Lopez, Selma Blair e “top models” de sucesso como Gisele Bündchen, Naomi Campbell, Heidi Klum, Isabeli Fontana e Cindy Crawford têm algo em comum, além da beleza: todas elas já posaram para “The Cal”, o cultuado Calendário Pirelli, referência para os profissionais de fotografia, moda e publicidade. Nele, através da objetiva de renomados fotógrafos, belas e famosas mulheres posam anualmente procurando exaltar o ideal de beleza feminina contemporâneo, sempre com uma pitada de sensualidade, mas sublimado de maneira elegante e criativa. Assim, além de significar prestígio para as modelos escolhidas, o calendário também é um meio de expressão único para os fotógrafos. Mais do que um caleidoscópio do universo da fotografia e da moda nos últimos 50 anos, o calendário também pode ser definido como um retrato da maneira como a sociedade foi moldando seus conceitos com relação ao sexo e ao erotismo a partir dos frenéticos e revolucionários anos 1960. Atualmente o calendário tem procurado transmitir mensagens sócioculturais e de posicionamentos, que ultrapassam sua proposta inicial. Tudo começou quando Derek Forsyth, gerente de publicidade da filial inglesa da Pirelli na década de 1960, resolveu produzir um calendário para distribuir à rede de revendas da marca e a clientes preferenciais no Reino Unido. A verba era curta, mas as aspirações de Forsyth eram consideráveis e, por isso, convidou Terence Donovan, renomado fotógrafo de moda londrino, para produzir o primeiro calendário. Baseado na sua vivência no mundo fashion, Donovan fotografou mulheres de diversas etnias, algumas vestidas com roupas típicas de seus países, em veículos e até aeronaves equipados com pneus Pirelli. O calendário, referente ao ano de 1963, com as modelos de beleza nativa
Na pág. anterior, Patrick Demarchelier. Nascido em Le Havre, França, 1943. Calendário 2014. O ensaio realizado em estúdio de Nova York pelo renomado fotógrafo de moda inovou e as modelos foram clicadas com lingerie e camisas brancas
e vestidas simples e comportadamente, em nada indicava que a proposta poderia se transformar no símbolo de vanguarda cultuado em todo mundo atualmente. Por isso, no calendário do ano seguinte Forsyth decidiu
Bruce Weber. Nascido em Greensburg, Pensilvânia, EUA, 1946. Calendário 2003. Realizado na Itália, na Costa Amalfitana, o ensaio foi definido como um hino à liberdade e à alegria de viver em um ambiente não contaminado pela poluição
convidar Robert Freeman, um talento que estava despontando como fotógrafo e designer e, além de ter
112
criado as capas dos primeiros discos do Beatles, também
As reclamações dos clientes, entretanto, foram tantas
dirigiu um filme sobre a “Swinging London”, como
que o calendário foi retomado no ano seguinte mantendo
a capital inglesa era definida no auge dos anos 1960,
a proposta de erotismo contido. O fato, entretanto, teve
quando eclipsou Nova York e Paris na difusão de moda
repercussão imediata, e logo os gerentes da Pirelli
e cultura. Na época, a cidade era uma festa permanente.
inglesa começaram a ser assediados por amigos e
Ainda não tão renomado quanto Donovan, Freeman
executivos de outras empresas, que também queriam
tinha um espírito mais livre e levou sua mulher na
ganhar o calendário.
época, a modelo Sonny Drane, mais a amiga Jane Lumb,
Esse interesse fez o departamento de RP autorizar o
para a ilha espanhola de Maiorca, e lá produziu as fotos,
aumento da tiragem para atender um “mailing list” de
sem pneus, veículos ou aeronaves. Em compensação,
VIPs que, inclusive, teve a ousadia de incluir nomes de
as modelos com menos roupa. Nada que possa ser
membros da família real britânica. Não se sabe se alguém
considerado extravagante atualmente, mas na época foi
da realeza desaprovou a iniciativa, mas nenhum deles
definido como muito provocante.
reclamou ou devolveu o brinde.
A proposta era audaciosa demais para divulgar a imagem
Mas sofreria nova interrupção em 1975, desta vez com
de uma empresa centenária e conservadora, mas como
a alegação de que a crise do petróleo forçava a reduzir
o calendário era distribuído somente na área da Pirelli
custos. Bem provável que isso tenha sido apenas pretexto
inglesa, a matriz na Itália resolveu “fechar os olhos” e
utilizado por aqueles que contestavam o projeto dentro
Forsyth pôde continuar desenvolvendo seu projeto, mas
da empresa, já que o custo não era dos mais elevados.
por pouco tempo. Em 1966, o novo diretor-geral nomeado
Com a gasolina cara o mundo ficou mais chato, e até a
para a filial inglesa cortou a verba de produção para o
vibrante Londres voltou a ser a sonolenta cidade que os
calendário de 1967.
Rolling Stones cantam em Street Fighting Man.
— Fotos que exaltam o ideal de beleza feminino com sensualidade, mas sublimado de maneira elegante —
Hans Feurer. Nascido em Zurich, Suíça, 1939. Calendário 1974. Artista gráfico e diretor de arte, ele resolveu largar tudo para se dedicar à fotografia, e colocou toda a criatividade nas fotos do ensaio realizadas nas paradisíacas Ilhas Seychelles
Na página seguinte, Peter Beard. Nascido em Nova York, EUA, 1938. Calendário 2009. O ensaio foi realizado no delta do rio Okavango, Botswana, e ressalta a dicotomia natureza/homem com as modelos posando nas árvores
115
Dessa vez, apesar dos protestos, a empresa não voltou atrás, e a peça caiu no esquecimento, até que um novo gerente de propaganda na Pirelli inglesa, Martyn Walsh, resolveu retomar o projeto em 1983. A ideia do executivo foi editar o calendário de 1984 aproveitando para relançar a popular linha de pneus Cinturato no mercado. O projeto do fotógrafo alemão Uwe Ommer, entretanto, gerou controvérsia por ser considerado muito comercial e de gosto duvidoso. “Na edição das fotos, abusaram de aplicações nos corpos das modelos de desenhos que faziam alusão ao produto, no caso o pneu, o que nunca foi o foco dos calendários anteriores. Felizmente, eles se tocaram disso, e nos calendários seguintes resgataram o enfoque tradicional”, detalha Andreas Heiniger, diretor de fotografia de TOP Carros. Com o comando do projeto assumido definitivamente pela matriz da Pirelli na Itália, no começo da década de 1990, voltou a recuperar sua característica única de imprevisibilidade e criatividade e consolidou a fama que o transformou em cult. Por sinal, o apelido “The Cal” alcançou tamanha repercussão que a Pirelli protocolou pedido de marca registrada para a denominação.
−
— Na década de 1990 foi resgatada a característica de imprevisibilidade que transformou o calendário em cult —
Na pág. anterior, Arthur Elgort. Nascido em Nova Yor,. EUA, 1940. Calendário 1990. O ensaio foi realizado em Sevilha, que era uma das cidades espanholas que pretendia sediar os Jogos Olímpicos de 1992. Pela primeira vez o calendário só teve fotos em preto e branco
Clive Arrowsmith. Nascido em North Wales. Inglaterra. O ensaio realizado na França teve uma ideia bastante original destacando não só a beleza, mas também valores patrióticos de mulheres que foram heroínas na história
120
2005
— Harlistas Cubanos — Com muita paixão e trabalho, cubanos conservam muitas Harley dos anos 1950 e 60 TEXTO JOSIAS SILVEIRA FOTOGRAFIA GUNTHER MAIER
No dia primeiro de janeiro de 1959, a revolução liderada por Fidel Castro conquistou o poder em Cuba e tudo mudou. Vivia antes de turismo quase como um grande resort, principalmente para os americanos, e de plantações de cana-de-açúcar. Com apoio da então União Soviética, divorciou-se dos Estados Unidos (apenas 150 km por mar separam a ilha caribenha de Key West, no extremo Sul da Flórida). No fundo, distanciou-se de um mundo que logo iria se globalizar. Mas sempre existe o outro lado. Ilhados duplamente, os residentes reagiram à escassez de recursos e materiais com criatividade. A agricultura aprendeu a produzir sem fertilizantes (e baixa produtividade), a medicina tomou caminhos próprios e artistas passaram a reciclar materiais. Os mecânicos começaram a “criar” peças a partir do que havia, usando componentes de velhos carros e até de tratores russos dos anos 1940/50. Hoje estão entre os mais criativos mecânicos do mundo. Quando chegaram a Revolução e, logo depois, o embargo econômico, calcula-se que havia cerca de 6 mil Harley em Cuba. Em Havana existia um revendedor da marca símbolo do “imperialismo americano”. Em pouco tempo, a concessionária fechou por falta de peças e componentes. As Harley foram rareando e desaparecendo. Mas paixões sobrevivem a tudo, até mesmo a ideologias. E assim surgiram diversos clubes, como o Havana HarleyDavidson Club, todos reunidos pela representação cubana do Lama (Latin America Motorcycle Association). Com os mais velhos treinando os novos membros a fazer a manutenção e produzir peças improvisadas, as motocicletas reviveram e sobreviveram. Daquela frota estimada no fim dos anos 1950, calcula-se que pouco menos de 200 unidades continuem a rodar pela ilha. A maioria vem dos anos 1940/50, como as flathead (cabeçote plano) ou as ainda mais raras knucklehead (parte superior do motor lembra um punho fechado). Mais que raros, são modelos emblemáticos e altamente colecionáveis no “mundo livre”. Valem mais de US$
— Símbolo “imperialista”, as antigas Harley-Davidson mostram sua beleza em detalhes como o velocímetro marcando em milhas —
30.000 no país vizinho, os EUA, de onde vieram mais de seis décadas atrás. A ideia, porém, não é “fazer fortuna” com as Harley em uma ilha onde alguns milhares de dólares mudam a vida de qualquer um. Para eles, o que vale é o prazer e a paixão de manter as motos rodando. Mais que motos, 128
129
— Peças feitas artesanalmente com poucos recursos. E os mais velhos ensinam a arte para os novos harlistas —
132
Che e a Flórida Os apaixonados colecionam, além de motos, histórias muito diferentes. Um deles, Angel Pérez Moreno, o Pipi, fugiu para a Flórida em 1992. Em 2004 resolveu voltar, com saudades da ilha. E se tornou um colecionador, caçando pedaços de Harley como fazem todos os fanáticos em outras partes do mundo. Pipi (que está na foto de abertura desta matéria) hoje tem cinco Harley e uma Indian. Uma das suas maiores alegrias é quando algum amigo que mora nos EUA consegue enviar umas poucas peças de reposição. Outro harlista traz um sobrenome famoso da Revolução: Ernesto “Che” Guevara March, o filho caçula de Che Guevara. De seu pai herdou a paixão pelas motos, retratada no filme Diários de Motocicleta, que mostrou as andanças de Che “pai” com uma velha Norton inglesa pela América do Sul. Seu filho mantém a tradição familiar ao rodar com uma velha Harley panhead (“cabeçote de frigideira”) do início dos anos 1950. Ele também tem um galpão cheio de pedaços de Harley, inclusive um raro sidecar. Como todos os mais jovens, aprendeu a fazer peças artesanalmente e manter sua motocicleta com os “professores”, os harlistas mais velhos. E assim, com muita paixão e dedicação, se escuta o tuctuc compassado das Harley também pela ilha caribenha. Todo este mundo colorido atrai entusiastas de outros países, como Gunther Maier. Um alemão multitalento, publicitário, fotógrafo, filmmaker, diretor de arte e... harlista. Morou nos EUA, agora reside no México e já fez também documentários sobre a ilha. Agora uniu suas paixões e fez um excelente livro, um coffee table book, exatamente retratando e contando a são parte da família, dormem na sala e ganham apelidos
vida e obra dos Harlistas Cubanos.
como Super Abuela (Super Avó). Segundo seus donos, é preciso muito trabalho e cuidado, pois lá as Harley são “uma espécie em extinção”. A paixão pelos velhos motores em “V” de dois cilindros é tão grande que um dos harlistas, Armando Castro,
O livro de Gunther Maier traz o melhor retrato dos harlistas na ilha de Cuba. Pode ser encontrado online na amazon.com
declara que “se Deus criou o mundo em sete dias, no oitavo criou a Harley”. E sobre o fato de preservarem um “símbolo da América decadente”, Adolfo Prieto, outro fã, tem sua teoria: “A única coisa que continua americana é o nome. Aqui, elas têm alma cubana”.
133
−
1 1. Kraut Brothers Racing com motor V-8 Chevy com mais de 1000 hp
— Puro rock’n’roll — Popularizado nos Estados Unidos, o motor V-8 tem muito em comum com o ritmo musical que conquistou o mundo a partir da década de 1950
foto Shutterstock
POR ROBERTO MARKS
Se o ronco afinado do motor V-12 pode ser considerado sinfônico, o do V-8 pode ser definido como puro rock’n’roll, não só pelo típico tom “rasgado”, como também pela popularidade conquistada mundialmente. Isso em muito se deve aos fabricantes americanos que passaram a difundir a configuração ainda na primeira metade do século passado e que a popularizaram na década de 1950, quando praticamente todos os fabricantes dos Estados Unidos passaram a oferecer a opção do V-8. Vale lembrar também que o primeiro sucesso do rock’n’roll, ritmo que conquistaria o mundo na segunda metade do século 20, foi a canção Rocket 88, de autoria de Ike Turner. Tinha sua letra inspirada no Oldsmobile Super 88, um dos modelos mais rápidos na ocasião com seu “potente” V-8 de 160 hp destacado na publicidade da marca como um foguete: “Try 160 H.P. ‘Rocket’ Action... in the New Super 88” (Experimente.... energia de ‘foguete’ no novo Super 88), dizia o anúncio — um trocadilho devido ao motor ter sido batizado de Rocket. Lançada em 1949, a primeira geração do Olds 88 foi Foto Bonhams
fabricada até 1953; já o hit de Ike Turner fez sucesso nas paradas americanas de 1951. Posteriormente, foi regravado por Bill Haley e seus Cometas, banda que difundiu mundialmente o rock. Se o vibrante ritmo musical é bem americano, o motor não, apesar de muitos acreditarem que tenha sido outra brilhante criação de Henry Ford. Essa ideia se difundiu porque, além de responsável pela popularização do automóvel, Ford também foi pioneiro na massificação do V-8. O
primeiro
desenvolvido
motor na
com
França
essa pelo
configuração engenheiro
foi
Leon
Levavasseur, que em 1902 protocolou o pedido
— Henry Ford também contribuiu para a popularização do V-8 — 1 1. Bloco de motor V-8 na tradicional configuração das bancadas em ângulo de 90 graus
142
143
— Os fabricantes franceses foram pioneiros, mas os americanos é que popularizaram o V-8 — 1 1. O Cobra Jet desenvolvido por Shelby tendo como base motor Ford V-8
de 1906 o automóvel da marca Antoinette, com o motor V-8 de 7,3 litros e potência de 32 cv. O modelo teve poucas unidades produzidas, em 1907, e o engenheiro francês passou, então, a se dedicar exclusivamente ao projeto de aviões. Em 1910, um desses aviões equipado com seu V-8 bateu recorde de altitude com 3.600 pés (1.097 m). Raid Paris-Madri foto Shutterstock
O primeiro automóvel equipado com motor V-8 também foi francês: o Ader construído para disputar o raid Paris-Madri, em 1903. O empresário Clement Ader, também pioneiro da aviação – ele criou o termo avion –, começou fabricando bicicletas no século 19. Ficou rico no setor de telefonia, antes de passar a fabricar automóveis, em 1900, e a desenvolver um 2-cilindros em “V” de 904 cm³. No ano seguinte, juntou dois desses motores para criar o primeiro V-4. Porém, para participar do raid precisava de mais potência. Assim, uniu dois V-4 criando o primeiro V-8 montado em um automóvel. Entretanto, ficou apenas no protótipo de corrida. Ader continuou fabricando automóveis somente com o V-4 até 1907, quando encerrou as atividades de produção de veículos. Outro pioneiro francês, Alexandre Darracq também construiu um protótipo equipado com um enorme V-8 de 25 litros e cerca de 200 cv, especialmente para quebrar o recorde mundial de velocidade. Com esse carro, em janeiro de 1906, o suíço Louis Chevrolet bateu o recorde americano ao alcançar 188 km/h na praia de Daytona. Poucos dias depois, o francês Victor Demogeot alcançou o recorde mundial de velocidade a 192 km/h, no mesmo local. Para Darracq só teve essa finalidade, pois não fabricou modelos em série com esta configuração até fechar a fábrica, na década de 1920. Na mesma ocasião, Frederick Henry Royce construiu de patente. Na ocasião, denominou o motor como
o primeiro V-8 da Rolls-Royce. Foi uma encomenda
“Antoinette” em homenagem à filha do capitalista que
especial de Sir Alfred Harmsworth, proprietário do
financiou o projeto. Segundo consta, um dos primeiros clientes foi o brasileiro Alberto Santos-Dumont, que, na época, procurava motores compactos, leves e potentes
jornal Daily Mail. Com 3,5 litros e potência de 18 cv, destacava-se pelo torque e possibilitava ao carro enfrentar algumas subidas sem precisar trocar marchas. Royce, entretanto, decidiu se concentrar no motor
para utilizar nos projetos de dirigíveis e também no seu
6-em-linha declinando do V-8 por achar complicada
futuro aparelho mais pesado do que o ar.
e cara sua produção. A Rolls-Royce só teria um V-8 no
Posteriormente, Levavasseur lançou no Salão de Paris
catálogo na década de 1950.
146
Pioneira De Dion-Bouton
durante a década de 1930, provocando o fim de muitas
A marca que teve a primazia de produzir em série um
marcas de automóveis, Ford lançou seu Modelo B/18,
automóvel com motor V-8 foi a também francesa De Dion-
em 1932, com a opção do V-8 a preço muito competitivo.
Bouton. Seu modelo CJ tinha inicialmente 6,1 litros e 35
Logo passou a ser o sonho de consumo de uma população
cv, depois aumentado para 7,8 litros e 45 cv. Apresentado
que tinha poucas condições financeiras de adquirir um
no Salão do Automóvel de Nova York, em 1910, foi
automóvel devido à difícil situação enfrentada pelo país.
comercializado nos Estados Unidos até 1914. O início da Primeira Guerra Mundial, contudo, acabou interrompendo
Small ou Big
a produção na França.
Porém, mais uma vez, a Ford surfou na crista da onda
A semente plantada pelos franceses seria muito
e com seu V-8 – “Flathead” (cabeçote-plano, sem as
bem regada pelos americanos, que souberam como
válvulas, pois ficavam no bloco) consolidou a fama
transformar o V-8 em símbolo de sua cultura
de vanguarda da marca. Após a Segunda Guerra
automobilística. A primeira marca americana a investir
Mundial, quando os Estados Unidos experimentaram
nessa configuração foi a Cadillac. Em 1915, equipou seu
um fenomenal surto de crescimento econômico e se
modelo topo de linha, o Cadillac 51, com um motor de
consolidou a robusta classe média, todos queriam um
5.145 cm³ e 70 hp. Sucesso imediato, apesar do alto preço
automóvel. De preferência com motor V-8. Isso obrigou
que ia de 2.000 a 3.500 dólares, conforme a configuração
as marcas a investirem nessa configuração.
da carroceria e acabamento.
Como a gasolina ainda era muito barata e não havia
Na época, o popular Ford T custava menos de 500 dólares.
restrições ao consumo, logo começou a tendência
Mesmo assim, mais de 13 mil unidades do Cadillac 51
de ganhar rendimento aumentando a potência de
foram vendidas no primeiro ano de comercialização.
qualquer maneira. Podia ser feito por meio de enormes
Logo, essa configuração passou a ser marca registrada da
carburadores de quatro corpos ou aumento simples
Cadillac, que também já era símbolo de status no mercado
da cilindrada. A primeira versão do “Flathead” de
americano. Em 1918, a Chevrolet chegou a fabricar uma
1932 tinha volume total de 221 polegadas cúbicas (3,6
pequena série de carros com motor V-8, porém, o custo de
litros) e potência de apenas 65 hp. Em 1951, a Chrysler
produção acabou inviabilizando a proposta.
lançou o Hemi em referência às câmaras de combustão hemisféricas, 331 polegadas cúbicas (5,4 litros) e 180 cv.
O arroubo de Ford
— As marcas americanas travaram uma verdadeira guerra no desenvolvimento dos Big Blocks —
A complexidade do projeto e principalmente os custos de produção limitavam a expansão dessa escolha, até que Henry Ford, em um de seus típicos arroubos, declarou: “Se a Chevrolet passou de quatro para seis, nós vamos passar de quatro para oito”. Ford fazia alusão ao motor de seis cilindros em linha que equipava modelos do concorrente no fim da década de 1920. Na época, as duas marcas disputavam a liderança no mercado americano. Em plena recessão mundial provocada pela quebra da Bolsa de Nova York, em 1929, Ford se trancou no “laboratório” que tinha na fábrica de Dearborn e começou a desenvolver seu projeto, tendo como base dois motores quatro-emlinha, para tentar “descomplicar” o processo construtivo.
1
Em apenas três meses, conseguiu definir as características básicas da fabricação em maior escala do V-8.
1. Um belo exemplar de V-8 fabricado atualmente equipa os modelos da Maserati
Apesar da crise que afetou toda a economia americana 147
Em 1956, aumentou a gama com o Hemi 354 (5,8 litros)
esquecer de que até 1972 as potências declaradas eram
e potência de 280 a 355 hp. No ano seguinte, veio o Hemi
brutas e não líquidas, como hoje, e que há pequena
392 (6,5 litros), potência de 325 a 375 hp, entrando
diferença (1,4%) entre hp e cv.
na era dos big blocks (blocos grandes), aqueles com
— Praticamente todos os fabricantes de modelos de prestígio apostaram no V-8 —
cilindrada acima de 6 litros. Já a Chevrolet, uma das últimas a oferecer essa opção, a partir de 1955 começou com o small block, mas rapidamente entrou na onda dos big blocks ao lançar o 409 (6,7 litros) em 1960. Esse motor inicialmente tinha 360 hp e chegou aos 409. Ganhou, inclusive, uma canção do conjunto de rock Beach Boys. Por sinal, durante toda década de 1960, diversos conjuntos de rock fizeram canções sobre automóveis com essa configuração de propulsor. A Ford não ficou fora da “farra” dos big blocks e lançou em 1963 o 427 e depois o 428, ambos com mais de 7,0 litros e potência de 375 a 450 hp. A Chrysler replicou
1
com o Hemi 426, enquanto a Chevrolet lançou seu 427 e
2
depois o 454 (7,5 litros). 1. O motor V-8 biturbo da Bentley tem 6.750 cm³ e potência de 505 cv 2. Detalhe do motor desmontado do V-8 Mercedes-Benz elaborado pela especialista AMG
Essa guerra não pararia aí, porém, as crises do petróleo de 1973 e de 1979/80 lançaram água na fervura. Sem
148
149
— O Ford lançou seu primeiro V-8 de virabrequim plano para a nova geração do Mustang — 1
Ronco diferenciado Da mesma forma que o rock’n’roll acabou dividido em duas vertentes, americana e inglesa, o motor V-8 também tem seu ronco diferenciado conforme as características de construção. Costuma ser notado facilmente por quem tem ouvido afinado e que pode ser definido por duas derivações: americana e europeia. A
2
diferença se deve ao desenho do virabrequim, que pode ser do tipo cruzado ou plano.
1. Em detalhe o virabrequim do novo motor do Mustang, que se caracteriza pelos moentes em ângulo de 180 graus 2. Com cilindrada de 5,2 litros, o motor do novo Mustang GT 350 tem potência de 533 cv
Do mesmo modo que o ângulo de 90 graus entre as bancadas é configuração mais comum na construção dos V-8, o virabrequim cruzado (ou de dois planos) também é o mais utilizado. Nesse tipo, os moentes da árvore de manivelas (nome técnico para o popular virabrequim) estão posicionados em ângulo de 90 graus entre eles, e por isso são necessários contrapesos para anular a vibração provocada pela posição diferenciada dos pistões em cada bancada. Esta característica é típica das unidades motrizes americanas e se reflete no funcionamento harmonioso, compassado, que proporciona torque em rotações mais baixas, porém o giro é limitado pelo virabrequim pesado. Em termos musicais, isso se reflete no tradicional ronco sincopado e grave, quase “rouco”, desse motor e que até se assemelha ao som de um rock no qual o contrabaixo e a bateria têm maior predominância. Já na escolha pelo virabrequim plano os moentes se intercalam em ângulo de 180 graus. Com isso, os pistões ficam em posição idêntica à dos motores de quatro cilindros, o que se refletiria em tese em funcionamento mais áspero. Em contrapartida, devido ao desenho do virabrequim, os contrapesos podem ser menos volumosos. Recentemente a Ford lançou o primeiro V-8 americano de virabrequim plano, um 5,2-litros de 533 cv, para o Mustang GT 350. Quanto mais leve o virabrequim, mais giros pode alcançar e assim os V-8 “planos” são preferidos pelos fabricantes de modelos esportivos, que compensam a vibração com pistões e bielas mais leves e melhor balanceamento. Assim, o ronco desses motores é mais agudo, gritante, como de um rock no qual as guitarras e teclados predominam. Em ambos os casos, é tudo o mais puro rock’n’roll...
150
−
151
— Chique, sofisticado e exclusivo — Villa d’Este Concorso d’Eleganza é o mais belo encontro de automóveis de época POR CARLOS “TOYA” PONZIO
Imagine um dia maravilhoso, o sol brilhando sobre as
O troféu The Best of the Show é escolhido por um corpo
águas do lago Como, região da Lombardia, Itália. Os
de jurados. Venceu um Maserati 1954, modelo A6 GCS
uniformes impecavelmente brancos dos garçons podiam
(A de Alfieri Maserati, seis cilindros, G de “ghisa”, ferro
ser vistos a distância, conforme nós, da TOP Carros, única
fundido em italiano, referindo-se ao material do bloco do
publicação brasileira presente, nos aproximávamos a
motor, e CS de Corsa Sport, carro esporte de competição).
bordo de uma lancha Riva para o evento excitante.
O vencedor pertence ao alemão Timm Bergold.
O Concorso d’Eleganza Villa d’Este 2016, realizado no
Trata-se de um berlinetta encarroçado por Pininfarina,
Grand Hotel Villa d’Este, reuniu automóveis e motos
e considerada a mais preservada das quatro unidades
de conservação mais que impecáveis, além de carros-
produzidas. Apresentado também no Salão de Paris de
conceito e protótipos atuais.
1954, com motor 2-litros de 190 cv, participou da Mille
O local é único. Arquitetura clássica de prédios pintados
Miglia de 1955. Vencedor da Coppa d’Oro Villa d’Este, escolhido pelo público, foi um Lancia Astura Serie. Pertenceu a um dos filhos de Benito Mussolini, Vittorio, e hoje está
em cores contrastantes, jardins extremamente cuidados e modelos de diferentes épocas proporcionam beleza e charme todo especial. Os convidados, trajados em esporte chique das melhores grifes, se acomodavam em mesas próximas ao desfile para votarem em seus preferidos dentre 52 inscritos que abrangiam quase oito décadas de história automobilística. Realizado pela primeira vez em 1929, no mesmo local, era uma espécie de Salão do Automóvel diferenciado e exclusivo para mostrar inovações da indústria. Continuou até 1940, quando foi suspenso devido à Segunda Guerra Mundial, e ressurgiu na década de 1990. A partir de 1999, sob patrocínio do Grupo BMW, realizou este ano sua 87ª edição. 156
com o holandês Antonius Meijer. É um cupê de 1933
Motos de época ficaram expostas no parque vizinho
encarroçado por Castagna, e teve seu motor original
de Villa Erba, a cinco minutos de barco do píer famoso.
trocado por um V-8 de 3 litros de 82 cv, a pedido do
Públicos diferentes, mas plenamente abonados.
primeiro dono. Nas mãos do atual proprietário, passou
A exposição, de fato, é de pequeno porte, em especial se
por uma completa restauração durante oito anos para
comparada aos megaeventos americanos. Porém, sua
chegar ao nível de ser premiado.
elegância e charme o transformaram no mais belo e
Outras categorias passam pela avaliação do júri como os
intimista encontro de automóveis de época.
pré-1945 Supercars, cuja menção honrosa foi destinada
Grazie mille, Villa d’Este!
ao belíssimo Bugatti 57 SC Atalante Coupé de 1937, do grego Kriton Lendoudis. Uma história interessante é a do Porsche 550 RS, um roadster desenvolvido para competições pelo engenheiro suíço Michael May. Ele estava à frente de seu tempo. Juntamente com seu irmão Pierre, em 1956, projetou equipamentos aerodinâmicos que poderiam ir além de simplesmente melhorar a estabilidade do veículo. A intenção era aumentar a tração na pista. Eles montaram então uma asa invertida diretamente posicionada sobre o centro de gravidade do carro. Constataram que, a uma velocidade de 150 km/h, a transferência de carga por pressão aerodinâmica poderia se igualar ao peso do Porsche. Certos dessa vantagem, inscreveram o 550 TS alado na clássica prova 1.000 km de Nürburgring, em 27 de maio de 1956. Depois de olhados com ceticismo e expostos a todo tipo de comentários, passaram pela vistoria oficial. Sob forte chuva e pilotado por May, em sua primeira vez no circuito, foi o quarto mais rápido. Estava ao lado do Ferrari de Fangio, e bem à frente do 550A da fábrica alemã. Huschke von Hanstein, diretor de competições da Porsche, usou sua influência junto aos organizadores
— “Para criar o design do futuro, deve-se folhear o passado” (André Malraux) —
para desclassificar o carro, alegando questões de segurança. Cerca de dez anos mais tarde, em 1966, o americano Jim Hall recriou o cenário de May com seu Chaparral, mudando o universo aerodinâmico do esporte a motor para sempre. Carros-conceito e protótipos criados pelos estúdios de design de vários fabricantes também estavam em
1 2
Villa d’Este. Destaques para o Bugatti Vision Gran
3 4
Turismo (que originou o Chiron), Alfa Romeo Disco 1. Masserati A6 GCS Berlinetta 1954 ganhou Troféu BMW Group “The Best of the Show” 2. Porsche 550 RS de Michael May mudou o universo aerodinâmico do esporte a motor 3. Bugatti 57SC Atalante, Menção Honrosa concedida pelo júri 4. Detalhe em madeira do atual Rolls-Royce Dawn Drophead Coupé
Volante Superleggera, Aston Martin Zagato, BMW Retro Roadster. Modelos especiais da Rolls-Royce tinham conveniências de luxo como pequenos bares para serem colocados a bordo de seus veículos. 157
−
— Idade da Pedra —
O estudo das cavernas une o espírito da aventura e a busca do conhecimento científico, aproximando aventureiros, esportistas e acadêmicos numa prática multidisciplinar TEXTO E FOTOGRAFIA FECO HAMBURGER EDIÇÃO CLAUDIA BERKHOUT
Na década de 1970, o homem percorreu 400 mil km em direção à Lua. Recentemente, veículos-robôs percorreram 80 milhões de km para explorar a superfície de Marte. As sondas espaciais Voyager 1 e 2 atravessaram os limites do Sistema Solar e atingiram o espaço interestelar. E quanto conhecemos daquilo que está logo abaixo de nossos pés? Pouco. As cavernas são caminhos naturalmente abertos para a exploração. A espeleologia, o estudo das cavernas, é uma prática multidisciplinar. Une o espírito da aventura e a busca do conhecimento científico. Uma atividade coletiva praticada por esportistas, exploradores e acadêmicos. Fendas e abismos são superados com técnicas de escalada. Geólogos, biólogos e químicos, entre outros especialistas, se debruçam sobre os obstáculos no intuito de esclarecer os mistérios da natureza escondidos sob a superfície visível. Para conhecer um pouco mais desse universo, nossa equipe dirigiu cerca de 400 km, de São Paulo até o Parque Estadual do Alto Ribeira, o Petar, no extremo sul do estado. Entre as pequenas cidades de Apiaí e Iporanga, uma estrada de terra atravessa o centro do parque que compreende a maior área protegida de Mata Atlântica do Brasil. Ali, a natureza exuberante esconde mais de 350 cavernas, rodeadas de rios e cachoeiras de rara beleza. Sítios paleontológicos e quilombolas enriquecem a experiência da visita. No bairro de Serra, nas margens do rio Betari, encontramos Harald Adam e Luiz Ramirez, que nos guiaram nessa aventura. Harald, também conhecido por alemão, é espeleólogo com ênfase no esporte e no turismo. Grande conhecedor do Petar, já acompanhou diversas expedições, ajudando cientistas e pesquisadores a desbravar o mundo subterrâneo da região. “Na década de 1980
— Adentrar o subterrâneo é uma experiência estranha e mágica, a sensação é de estar nas entranhas da Terra, quiçá nas entranhas da nossa consciência —
– lembra Harald –, estávamos mais voltados para a espeleologia esportiva, aquela que explora, descobre e abre caminho para os pesquisadores, que estudam o meio biótico e o aspecto geológico, trazendo à tona a história das cavernas. Abismos, fendas, a suspeita de um buraco que ninguém entrou eram motivos para uma incursão ao centro da Terra.”
162
Além da prática com fins esportivos e científicos, Harald destaca a importância do turismo ambiental que se consolida na região: “Muitos turistas e estudantes visitam este rico ecossistema e aprendem na prática – e com certa dose de adrenalina – a importância da preservação desse patrimônio natural”. Tamanho foi o entusiasmo com o Petar que Harald comprou um sítio para servir de base às suas explorações, abandonando a carreira no mercado financeiro para iniciar sua trajetória no ecoturismo. Hoje é especialista na concepção e gestão de projetos educativos e corporativos que envolvam a aventura e a natureza. O Petar está dividido em quatro núcleos: Santana, Caboclos, Casa de Pedra e Ouro Grosso, cada um com seu conjunto de tesouros. No núcleo de Santana, as principais cavernas são Morro Preto, do Couto, Água Suja (que é limpa) e Santana. Nesta última, uma das maiores do Brasil, o rio Roncador percorre seu interior, onde podemos ver esculturas naturais em forma de cavalo, pata de elefante e outros animais que nossa imaginação assim quiser. Aliás, se na mata ao redor a fauna supera mais de mil espécies, no interior das cavernas do Petar os animais são poucos, nenhum que ameace a saúde do visitante. Para entrar nas cavernas é necessário acompanhamento de guias credenciados da região. Luiz, nosso experiente guia natural de Serra, não perde o impulso e o encantamento com sua profissão. Diz que a cada entrada descobre novos detalhes escondidos nos meandros dos salões cavernícolas. A primeira regra de segurança é simples e objetiva: não ande sem iluminar e olhar o chão à sua frente. Se olhar para cima, pare imediatamente de andar. O capacete, de uso obrigatório, protege dos quase inevitáveis choques com a pedra.
— Podemos ver esculturas naturais em forma de cavalo, pata de elefante e outros animais que nossa imaginação quiser — 165
Exemplo do ditado “água mole em pedra dura tanto bate
Fendas no teto promovem um gotejamento lento e
até que fura”, o processo de formação das cavernas se
gradual que forma os espeleotemas: estalagmites e
dá ao longo de muito tempo: geólogos estimam que as
estalactites são nomes que aprendemos na escola. As
cavernas calcárias do Petar começaram a se formar há
primeiras vão do chão em direção ao teto, as segundas,
mais de 1 milhão de anos. A força da água abundante
do teto ao chão. Vê-los ao vivo é impressionante. Mais
na região, aliada aos minerais ácidos do solo, provoca a
ainda quando acompanhados de outras formações,
erosão progressiva da pedra, abrindo cavidades, dutos e
como cortinas, represas de travertino e outros nomes
salões de tamanho impressionantes.
sugestivos, esculpidas pela água, pelos minerais e
Adentrar o subterrâneo é uma experiência estranha
pelo tempo.
e mágica. No espaço absolutamente sem luz de uma
Sem sinal de celular na maioria dos lugares do parque,
caverna, me pergunto que lugar é esse. A resposta é dada
portanto distante da hiperconexão da metrópole, a
pela lanterna: este lugar é como o iluminamos. Volumes
experiência da caverna nos coloca diante de outros
e texturas se revelam e desenham um novo espaço a
tempos: o tempo geológico das cavernas, o tempo
cada mudança da luz. Na busca de compreender o lugar,
tranquilo de cada dia. O tempo de experenciar tão
a sensação é de estar nas entranhas da Terra, quiçá nas
somente, e não é pouco, aquilo que está à nossa frente.
entranhas da nossa própria consciência.
Ou escondido embaixo de nossos pés.
168
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— Quanto conhecemos daquilo que está abaixo de nossos pés? Pouco. E as cavernas são caminhos abertos para a exploração —
Assistente de Fotografia Andre Katopodis Agradecimentos: Petar, Parque Estadual do Alto Ribeira petarinfo.com.br Harald Adam, Pousada das Cavernas – Iporanga SP
169
— Boxster ainda mais veloz — Porsche 718 Boxster MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO
POR JOSIAS SILVEIRA
4 cilindros boxer turbo Gasolina 300/350 cv e 38,7/42,8 kgfm Automatizado 7 marchas Traseira 4,38 m 2,47 m 2 275 litros 54 litros 890 km 1.365 kg R$ 368.000/466.000
O roadster da Porsche ganhou um novo motor. E,
roadster (conversível de dois lugares). E agora ganhou um
ao contrário do que parece, ficou ainda mais forte e
número, 718, em homenagem ao modelo de competição
esportivo. Seguindo a tendência atual de downsizing
sucessor do 550, produzido de 1957 a 1962, e que teve,
– motores menores, eficientes e menos poluentes –, o
inclusive, uma versão monoposto para F-1.
Boxster teve seu motor de seis cilindros reduzido para quatro cilindros. A cilindrada caiu de 2,4 litros (2,7 L, no
Nas curvas
modelo S) para 2,0 L (2,5 L, no S). Mas, com a chegada do
Exatamente subindo uma serra com sua capota abaixada
turbocompressor e outros recursos, a potência aumentou
que o novo 718 Boxster mostra todo seu potencial e sua
para 300 cv e 350 cv, respectivamente. Assim, mesmo
incrível capacidade de fazer curvas, “grudado” no chão.
com motores menores, houve um acréscimo de 35 cv.
E não apenas devido aos recursos eletrônicos. O projeto
O menor dos carros esporte da Porsche melhora sua
foi todo voltado para garantir incrível estabilidade. A
missão de 20 anos que sempre se traduziu em um
começar pelo motor central-traseiro, proporcionando
automóvel rápido e estradeiro. Boxster vem exatamente da
distribuição de peso exemplar. Até a configuração de
junção de boxer (com cilindros horizontais contrapostos
motor plano auxilia para abaixar o centro de gravidade.
dois a dois, a exemplo do 911 e do Fusca original) e de
O Boxster se caracteriza por ser exatamente o oposto a um 176
— Porsche 718 ganha poucas mudanças estéticas e motores mais ecológicos. E fica ainda mais rápido —
SUV, no qual se dirige em posição elevada e sentado como em uma poltrona. No caso, se senta o mais baixo possível, com as pernas esticadas. Além disso, o próprio carro tem apenas 1,28 m de altura. Fica fácil ultrapassar qualquer veículo “normal”, ignorando curvas fechadas e cotovelos. Até as reações do volante, com assistência elétrica, ficaram 10% mais rápidas para maior agilidade nas respostas. Se a vontade for rodar bem rápido, o 718 tem muito a oferecer, a começar por uma aceleração de colar as costas no banco: 0 a 100 km/h em 4,7 s (4,2 s, no Boxster S) e máxima de 275 km/h (285 km/h, no S). Talvez a maior demonstração de alto desempenho esteja no 0 a 200 km/h: apenas 17,8 s e ótimos 14,7 s no modelo
1
S. Para conseguir esses tempos, conta com a ajuda do sistema Launch Control (controle de arrancada). Basta
1. Rodas traseiras são mais largas e mudam as lanternas
177
pisar no acelerador até o fim do curso e segurar com o outro pé no freio. Aí basta liberar o freio que a eletrônica administra o melhor tempo possível de se obter ao arrancar. Não tem erro: pode acreditar. Tanto sua capacidade de fazer curvas quanto a de acelerar devem-se em boa parte ao baixo peso, que também diminuiu em razão do motor novo e mais leve. O peso em ordem de marcha é de apenas 1.365 kg. As rodas de 18 pol. de diâmetro (19 pol., no S) têm 8 pol. de largura na dianteira, enquanto na traseira foram alargadas para 9,5 pol. (10 pol., no S). Alguns opcionais (inclusive a suspensão mais baixa) e as rodas de 19 pol. do Boxster S também podem equipar a versão de entrada. Freios com quatro grandes discos ventilados e pinças de quatro pistões têm atuação ímpar em qualquer velocidade, sem a menor tendência ao fading (perda de eficiência de frenagem por aumento de temperatura). Aliás, em todos os Porsches esse padrão é elevadíssimo. O câmbio automatizado de sete marchas PDK, desenvolvido pela própria fábrica, funciona com grande precisão e rapidez. Para quem gosta de se sentir no comando, pode trocar as marchas por borboletas atrás do volante. O 718 mantém a tradicional característica que a fábrica classifica de “usabilidade”. Ou seja, a capacidade de ser extremamente rápido, mas utilizável também no dia a dia para passear com calma, dirigindo tranquilamente com a capota abaixada para apreciar paisagens. Ao contrário de outros, que fazem carros de competição que também podem andar nas ruas, a Porsche faz carros
para melhorar a aerodinâmica (Cx de 0,31) e as grades
esporte para as ruas que também podem ir para as
dianteiras e laterais, aumentadas. As dianteiras garantem
pistas de corrida.
melhor ventilação para os freios e as laterais têm vincos
Como todo roadster, só permite motorista e um
mais profundos nas portas para maior arrefecimento
acompanhante (o que pode ser uma vantagem...) e a
do motor e para canalizar maior volume de ar para o
capacidade de levar bagagens é bem reduzida. Somando
turbocompressor.
os dois porta-malas (na frente e atrás, acima da caixa de
Na traseira, um discreto painel plástico escuro une as duas
câmbio), são apenas 275 litros. Esse volume foi ainda
lanternas. A capota elétrica agora pode ser acionada com
mais reduzido na dianteira com a obrigatoriedade do
o carro rodando a até 50 km/h. Para abrir ou fechar são
estepe, apesar de não exigido em vários países.
apenas 9 s. O painel foi redesenhado, assim como as saídas de ar e o volante.
Visual
Com todos estes aperfeiçoamentos, o fabricante alemão
Foram poucas as mudanças visuais nesta quarta geração
de Stuttgart ressalta ter feito um Boxster mais rápido e,
do Boxster. De novo, a filosofia da marca: não existem
simultaneamente, mais econômico e ecológico em exatas
mudanças estéticas sem função técnica. Assim, capô
duas décadas de produção. Rodando na estrada, o 718 pode
dianteiro e tampa traseira foram levemente rebaixados
alcançar a média excelente de 16,7 km/litro de gasolina.
178
−
— As portas agora têm maiores reentrâncias para aumentar a refrigeração do novo motor com turbocompressor —
1
2
1. A capota se abre a até 50 km/h em apenas 9 s 2. Como em todo Porsche, freios muito eficientes
179
www.conar.org.br
Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária - CONAR
2.827
Total de processos instaurados pelo CONAR entre 1/1/2007 e 31/12/2014
1.112
Processos abertos envolvendo propaganda enganosa
813
Processos que terminaram com penalização para o anunciante e sua agência
35 ANOS DE ÉTICA NA PRÁTICA
35 ANOS DE ÉTICA NA PRÁTICA
— Oposição japonesa — Lexus RX 350 MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO
POR BOB SHARP
V-6, 3,5 litros Gasolina 305 cv e 38 kgfm Automático, 8 marchas 4 rodas permanente 4,89 m 2,79 m 5 521 litros 72 litros 855 km 1.992 kg R$ 352.950
A Lexus, divisão de veículos de luxo da Toyota, lançou
Chamam a atenção vidro traseiro que se afunila até a
no Brasil a quarta geração do RX 350, modelo da marca
base da coluna traseira e a forte inclinação do para-
mais vendido nos Estados Unidos. Aqui, pretende
brisa, que, além de lhe conferir um ar mais esportivo,
disputar mercado com BMW X5, Mercedes-Benz GLE,
contribui para o ótimo coeficiente aerodinâmico para
Audi Q5, entre outros.
o tipo de veículo, apenas 0,33.
Aqueles que gostam de SUVs ou crossovers de maior porte das marcas de luxo podem agradecer à Lexus por desbravar este segmento, quando lançou o RX
— Coube à Lexus a primazia de criar o veículo tipo crossover, isso antes da virada do milênio, com o RX 300 no mercado americano —
300 no mercado americano, em 1998. Na realidade, o Mercedes-Benz ML chegou um ano antes e o Range Rover já existia desde 1970. Esses modelos, porém, tinham carroceria sobre chassi. O RX 300 se destacou por usar estrutura monobloco derivada do sedã médiogrande Toyota Camry, uma inovação na época. Os concorrentes passaram a seguir a tendência. O novo Lexus cresceu em dimensões: 4,89 m de comprimento (+12 cm), 1,89 m de largura (-1 cm)
1
e 2,79 m de distância entre eixos (+5 cm). O visual
2 3
impressiona, a começar pela ousada grade dianteira, a própria identidade da marca, embora cause alguma
1. O Lexus RX 350 tem presença marcante de qualquer ângulo – dá prestígio ao seu proprietário 2. O interior refinado distingue realmente este Lexus, tudo de muito bom gosto 3. O comprador pode escolher entre o RX 350 normal e a versão F-Sport
controvérsia. Certamente é intencional, como maneira de se impor com um desenho diferenciado. 184
As rodas são de 20 pol. com pneus 235/55R20, tanto na versão normal quanto na F-Sport, que custam, respectivamente, R$ 337.350 e R$ 352.950. Tal conjunto, além de “encher” o visual da lateral, ajuda a mitigar o incômodo de pisos ondulados ou esburacados. É pesado, 1.922 kg em ordem de marcha, mas o motor de 3,5 litros aspirado, com 305 cv e 38 kgfm de torque, dá conta do recado muito bem e mostra suavidade notável. Adotou ciclo de funcionamento Atkinson (derivação do Otto), solução bem antiga que estava abandonada, até a Toyota aplicá-lo no híbrido Prius. Esse ciclo usa estratégia de retardar o máximo possível o fechamento das válvulas de admissão. Não incrementa potência, mas torna o motor mais econômico, objetivo para reduzir emissões, em especial o dióxido de carbono. A injeção de combustível é mista, no duto e direta, solução adotada antes pela Audi. Como todo esse peso, o RX 350 acelera de 0 a 100 km/h em 8,2 s e atinge velocidade máxima de 200 km/h, ajudado pelo eficiente câmbio automático de oito marchas e, claro, pela tração integral. A versão F-Sport conta com borboletas para troca de marchas no volante. A taxa de compressão foi elevada em um ponto para 11,8:1 e, segundo o fabricante, é possível atingir um consumo de combustível com média combinada cidade e estrada de 8,5 km/litro. Na estrada, abusando um pouco do acelerador e incluindo trechos urbanos, o computador de bordo registrou 8,1 km/litro. Os números de consumo oficiais nos EUA são de 8,5 km/litro na cidade e 11,9 km/ litro na estrada. O comportamento em curvas é ótimo graças à calibração perfeita das suspensões McPherson na dianteira e multibraço na traseira, além de amortecedores que se ajustam à condição do piso. Pode-se escolher entre três estilos de condução, com os ajustes atuando nos amortecedores, potência do motor, trocas de marchas, mapeamento do acelerador, assistência da direção e ar-condicionado. Para o infotenimento, o sistema multimídia do RX 350 agora tem uma grande tela de cristal líquido de 12,3 pol. de alta definição. Os comandos são executados por meio de um controle no console que lembra um mouse. Tudo fácil e intuitivo. É mesmo um belo SUV, este Lexus. A marca pretende atuar de forma incisiva para atrair o comprador mais exigente. 185
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— A força de um tridente — Maserati Ghibli MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO
POR JOSIAS SILVEIRA
3.0 V-6 biturbo Gasolina 330 cv / 51 kgfm 8 marchas automático Traseira 4,97 m 2,99 m Cinco 500 litros 80 litros 1.100 km 1.710 kg R$ 590 mil
Na varanda do restaurante próximo de Milão, na Itália, jantava tranquilamente observando o “meu” Ghibli estacionado bem em frente. Muitos italianos paravam, olhavam, alguns conferiam o tridente na grade frontal e sempre vinha uma exclamação de alegria: “Una Maserati”. Outros, mais exagerados “Madonna mia! Che bella macchina”. Pois é, a mais que centenária fábrica italiana (fundada em 1914, em Bolonha) continua com sua aura esportiva, torcendo pescoços em sua própria terra. E o sedã Ghibli (referência a um vento seco, quente e violento da África) se impõe pelas suas dimensões e, principalmente, pela típica grade com o tridente de Netuno, símbolo de sua cidade natal. Hoje parte do grupo FCA (Fiat Chrysler Automobiles), a marca tem o Ghibli como modelo de entrada, com um eficiente motor V-6 de 3 litros biturbo/330 cv, câmbio automático de oito marchas e tração traseira. O topo é a versão SQ4 com motor rendendo 410 cv e tração nas quatro rodas. Mas “meu” Maserati, mesmo o modelo “simples”, garantia mais que transporte com classe pelas ruas e estradas italianas. Saboroso de dirigir, como é sua tradição, oferece alta velocidade de cruzeiro com muito conforto, silêncio e potência de sobra. O comprimento de quase 5 m pode não incomodar, mas a grande largura (2,10 m com espelhos) merece atenção para estacionar sem ralar as belas rodas de aro 18 e também trafegar em estreitas vielas europeias.
— O sedã Ghibli da centenária marca do tridente mostra sua frente agressiva, que esconde um motor V-6 biturbo que rende 330 cv —
2 1
1. Interior assinado pelo estilista Ermenegildo Zegna 2. Sem ser muito longo, o Ghibli se destaca pela largura
188
Na estrada o comportamento é bastante agradável,
interior é simplesmente do estilista Ermenegildo Zegna.
permitindo rápidas ultrapassagens e alta velocidade com
Para o motorista, o painel tem visual quase convencional:
segurança (vai aos 263 km/h). Para um carro que acelera
ponteiros verdadeiros no velocímetro e conta-giros,
de 0 a 100 km/h em 5,6 s, o consumo de combustível não
mostrador TFT de sete pol. entre eles e tela central
decepciona: 11 km/litro no ciclo europeu cidade/estrada.
multimídia. Inclui o chamado infotenimento completo,
O Ghibli gosta de curvas como um esportivo. O motorista
contendo informações sobre o carro, GPS integrado e
o sente nos “trilhos”, mesmo sem ajuda da eletrônica
imagens da câmera de ré. O sistema de áudio traz outra
garante estabilidade e tração. A calibragem das suspensões
marca sofisticada, a Harman Kardon, que impressiona
(firmes, porém confortáveis) e a precisa distribuição de
pela potência e pureza de som.
peso – 50% em cada eixo – também explicam a obediência
Claro, a posição é impecável para dirigir. Permite vários
ao motorista em manobras rápidas.
ajustes (volante e bancos elétricos) com boa ergonomia e
Se a largura merece adaptação por parte do motorista, por
conforto, além de luxo para todos. E, para longas viagens,
outro lado permite um interior espaçoso no melhor estilo
há um amplo porta-malas para 500 litros de bagagem.
de um sedã grande, onde todos os ocupantes ficam muito
Com o Ghibli, a Maserati mantém uma antiga e esportiva
bem acomodados. Algo como “entre e fique à vontade”. O
combinação bem à italiana, como eles dizem, berlina
revestimento interno, sempre em couro, ousa bastante
veloce, um sedã veloz. Que traz ainda o prazer de dirigir
na combinação de duas cores contrastantes, só possível
olhando para o Tridente, bem no centro do volante,
devido ao bom gosto estético italiano. A assinatura do
lembrando a tradição centenária da marca.
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— Para desfilar e acelerar — Mercedes-Benz C 43 4Matic Cabriolet MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO
POR SESIL OLIVEIRA
V-6, 3.0, turbo compressor Gasolina 367 cv e 53 kgfm Automático, 9 marchas 4x4 permanente 4,7 m 2,84 m 4 285 a 360 litros 66 litros 726 km 2.315 kg Não divulgado
O termo cabriolé surgiu na França por volta de 1755 para designar carruagens leves, rápidas e com capota removível. Desde então, muita coisa mudou. O nome ganhou acento internacional e passou a ser utilizado por várias marcas para classificar seus conversíveis de quatro lugares – os de duas pessoas são chamados de roadsters. Uma das mais recentes novidades dessa seara é o Classe C Cabriolet, primeira versão nesse porte na história da Mercedes-Benz. Apresentado em Trieste (Itália), o modelo estará no Salão do Automóvel de São Paulo, em novembro. As vendas no país começam em seguida, e as versões mais cotadas para vir são a C 300, com motor 2.0 de quatro cilindros e 245 cv, a AMG C 43 4Matic, com o V-6 turbo de 367 cv e tração integral, e a AMG C63 S, cujo V-8 biturbo gera 510 cv. Para as duas primeiras, o câmbio é automático de nove marchas e, na de topo, sete. Com ele, a marca quer conquistar jovens, a partir de 35 anos, e mulheres. A aposta no Brasil será alta: tomar do BMW 420i a liderança do segmento no ano que vem. Em 2015, as vendas de conversíveis da tríade alemã (Audi, BMW e Mercedes) cresceram quase 60%. Virtudes não lhe faltam. No visual, os vincos laterais pronunciados, que vão dos para-lamas dianteiros aos traseiros, criam um belo efeito. Na dianteira, o conjunto de faróis com LEDs, luzes de uso diurno e grade do tipo colmeia formam um conjunto harmonioso. As lanternas largas atrás fazem com que o carro pareça ser maior do que é. Por causa do teto de lona, há 4 cm a mais de altura na
que mescla materiais nobres, como alumínio, couro e
parte dianteira da cabine e 14 cm a mais na traseira
fibra de carbono.
em relação ao C Coupé, no qual o Cabriolet se baseia,
O sistema de som, da Burnmaster, tem 13 alto-falantes
resultando em bom espaço interno. Há quatro opções
e incorpora uma interessante solução de segurança.
de cor para a capota e cinco para o acabamento interno,
Em caso de colisão iminente, dispara um sinal sonoro que faz fechar o tímpano dos ocupantes para reduzir traumas por ruído. Em pesquisas com vítimas de acidentes, a marca constatou que, mesmo depois de anos, todas se lembravam do barulho do impacto, Na cabine, o ponto dissonante é a tela do sistema multimídia, que lembra um tablet fixo, que não se recolhe. A falha deve ser corrigida quando o Classe C adotar o quadro virtual do novo Classe E. De série, há rodas de 17 a 19 pol., conforme a versão. A capacidade do porta-malas varia de 285 litros (capota recolhida) a 360 litros. Com os encostos dos bancos 192
— Primeiro conversível da gama é baseado no Classe C Coupé, do qual herdou a dianteira —
traseiros rebatidos, é possível levar grandes objetos. Um defletor na dianteira ajuda a reduzir a turbulência gerada pelo fluxo de ar na cabine, quando o teto está aberto. Ao ser ativado, dá para conversar normalmente dentro do carro e até rodar (a cerca de 70 km/h) com a capota baixada sob garoa ou chuva fina. Por causa da estrutura do teto, o C Cabriolet pesa cerca de 200 kg a mais que o sedã, mas tem dirigibilidade muito parecida com a do irmão. Repleto de sistemas eletrônicos, que permitem ajustar as respostas de motor, câmbio e até suspensão, o carro fica sempre à mão. A versão AMG C 43 mostrou muito fôlego para vencer
1
as subidas das estradas sinuosas da região de Trieste. A
2
direção é precisa, os freios são eficientes e a carroceria inclina muito pouco, mesmo quando o motorista abusa do acelerador em curvas fechadas.
1. Vincos nas laterais dão aspecto de robustez à carroceria 2. Acabamento é caprichado e há espaço para quatro pessoas
− 193
— Pimenta alemã — BMW M2 MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO
POR JOSIAS SILVEIRA
6 cil. em linha, 3.0 turbo Gasolina 370 cv e 47,4 kgfm 7 marchas, automatizado Traseira 4,47 m 2,69 m 5 390 litros 52 litros 572 km 1.495 kg R$ 379.950
Poucas vezes uma única letra muda tanto um automóvel.
torque de 47,4 kgfm constante entre 1.400 e 5.560 rpm,
Se não fosse o “M”, este novo BMW seria apenas um cupê
acelerando com vontade em qualquer rotação. Chega aos
compacto, com algum charme europeu. Porém, o M – de
250 km/h e o 0 a 100 km/h é alcançado em apenas 4,3 s.
Motorsport, divisão de preparação da marca alemã que começou a fazer carros de série com o BMW 2002 turbo
Na pista
na década de 1970 – acrescenta muito.
Até se habituar bem com o carro, recomenda-se manter
Agora projetou o novo pocket rocket, o “foguete de bolso”
toda a ajuda eletrônica ligada. Com tração traseira e
que chegou ao Brasil. Trata-se de uma releitura da
câmbio automatizado de sete marchas o carrinho acelera
receita mais tradicional dos seus esportivos de maior
e faz curvas como gente grande. Parece nascido para as
porte: cupês com motor longitudinal de seis cilindros em
pistas, e não para as ruas. Sem os controles de tração e
linha e tração traseira.
estabilidade, em uma aceleração mais forte, queima os
Basta rodar os primeiros 100 m para perceber que o M2
pneus traseiros com vontade. O que pode complicar em
surgiu para oferecer muito prazer ao dirigir. Até além do
saídas de curvas se o motorista desligar os controles
seu irmão maior, o M3, quase unanimidade entre os “M”,
eletrônicos e se meter a piloto.
para quem gosta de carros de desempenho realmente
Mas, bem dirigido, ele é dócil e rápido, sempre pronto a
esportivo. Por ser menor – usa a mesma arquitetura do
obedecer nas manobras ousadas. Freios (quatro discos
Série 1 –, torna-se extremamente ágil e apresenta reações
com enormes pinças), suspensões em alumínio e rodas de
quase instantâneas mesmo em pistas de competição.
19 pol., tudo junto, colaboram para seu comportamento
O motor turbo com injeção direta de 3 litros rende ótimos
endiabrado e oferecem muita emoção ao volante. Até
370 cv, bem mais que o necessário para seu peso contido
mesmo sua perfeita distribuição de peso (precisos 50%
(1.495 kg). E, mais importante, mantém o enorme
em cada eixo) é a ideal para pilotagens rápidas.
196
Claro, tanta pimenta tem seu preço em consumo de gasolina: faz média de 7,7 km/litro na cidade e de 11 km/ litro na estrada. Perfil e linhas da carroceria são até comuns para um BMW. Mas os adereços e detalhes fazem grande diferença. Começando pela frente, que exibe as tradicionais grades em “duplo rim” e os quatro faróis com “angel eyes”, aquele anel luminoso em volta dos refletores bixenon. Logo abaixo começa outra conversa: uma grade mostra o intercooler que refrigera o ar comprimido pelo turbo. Lateralmente, entradas para resfriar os freios dianteiros. Em cada pormenor, como os spoilers, mostra cuidado especial não só com a estética, mas também com o desempenho (nada de forma sem função). Na traseira, os grandes escapamentos duplos com som abafado não deixam qualquer dúvida sobre o caráter do M2. O resultado é um BMW que avisa logo que é bom de asfalto. O interior mescla luxo e esportividade. Basta sentar ao volante para perceber que o pequeno cupê “veste” seu condutor. Couro e compósito de fibra de carbono se misturam para formar um ambiente que combina com velocidade. Tudo da Grife M que se tornou uma marca à parte na BMW. Traz, ainda, recursos de entretenimento
— Com o M2, a BMW fez um cupê compacto que rivaliza com o lendário M3. Rápido e gostoso de pilotar —
e conectividade dos modelos topo de linha da marca germânica. Inclusive o serviço exclusivo de concierge por comandos de voz para achar desde um restaurante especial até o posto de gasolina mais próximo. E tem mais. O sistema ConnectedDrive consegue integrar muitos aplicativos, inclusive da GoPro. Assim, os passageiros controlam a câmera para gravar o automóvel em ação em uma pista, por exemplo. Possibilita analisar o desempenho, comparando velocidade por volta, referências de aceleração, frenagem... Existem outros apps – apenas para o sistema iOS – que podem ser baixados para o celular e se integrar ao sistema multimídia. Infelizmente, nada para Android. Há informações de trânsito em tempo real e também avisos de manutenção do carro com antecedência de até 2 mil km. O sistema de som Harman Kardon, grife
1
da moda, tem amplificador de 360 W no porta-malas.
2 3
Em resumo, mesmo sendo possível se divertir pelas estradas, a vontade de levar o M2 para um autódromo
1. O M2 gosta mais de pista do que de estradas 2. Detalhes de carroceria mostram agressividade 3. O interior luxuoso “veste” muito bem o motorista
será muito grande. Melhor consultar o calendário de Track Days para um passeio sem limites de velocidade.
197
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— Boa aposta entre os SUVs — Renault Koleos MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO
POR BOB SHARP
4 cilindros, 2,5 litros Gasolina 170 cv e 23,8 kgfm Automático, CVT 4 rodas permanente 4,67 m 2,70 m 5 550 litros 60 litros 720 km aprox. 1.607 kg Não divulgado
O nome Koleos surgiu pela primeira vez no Salão de
ideia, o espaço para pernas é amplo: nada menos que
Genebra de 2000 como conceito de modelo de luxo,
28,9 cm. A Renault o classifica como modelo grande
numa avançada mistura de hatch e utilitário esporte
(segmento D na Europa) 4,67 m de comprimento, entre-
(o que se convencionou chamar de crossover), além
eixos de 2,70 m, 1,84 m de largura e 1,67 m de altura.
de ter tração 4x4. Foi lançado finalmente em 2008,
Na realidade, os rivais diretos são Hyundai ix35, Honda
juntando-se à gama Renault. Em 2011 passou por ligeira
CR-V, Toyota RAV-4 e VW Tiguan, entre outros.
atualização de estilo, até que no Salão de Pequim em
Pela distância entre-eixos mais longa alcançaria até
abril último surgiu a segunda geração. É produzido na
Hyundai Santa Fe e Kia Sorento, mas estes são modelos
Coreia do Sul pela Renault Samsung, e na China, pela
mais caros. O Koleos é um SUV que se enquadra na
sociedade 50-50 com a Dongfeng, em nova fábrica
mesma filosofia do Duster (também Logan e Sandero):
inaugurada em fevereiro último.
porte maior a preço competitivo graças à simplificação
Representa a escalada da marca francesa num mercado
construtiva.
que cresce a passos acelerados no mundo todo, no Brasil
Os balanços são curtos, 0,93 m dianteiro e 1,03 m,
inclusive, o de SUVs e crossovers. TOP Carros esteve na
traseiro, que, combinados com a distância livre do solo
França para conhecer esse novo produto, que no Salão
de 21 cm, proporcionam ao Koleos ângulos de entrada
de São Paulo, em novembro próximo. A importação
e saída de 19 e 26 graus, respectivamente. As portas
começa no final deste ano a preço que deve surpreender.
abrem-se em grande ângulo, 70 e 77 graus, dianteira e
A primeira impressão é a de um veículo robusto e
traseira. Nesse aspecto bate os concorrentes.
espaçoso. Leva três passageiros no banco traseiro sem
O compartimento de bagagem acomoda bons 550
aperto tanto lateral quanto longitudinal. Para se ter
litros. Com o encosto do banco traseiro (2/3-1/3) 200
— A Renault aposta no Koleos para aumentar sua presença no segmento de crossovers e SUVs nos vários mercados mundiais —
1
1. No banco traseiro, três adultos viajam sem aperto
201
rebatido chega a 1.690 litros (até o teto). Sua porta tem
mais acionamento elétrico nos dois dianteiros.
acionamento elétrico e pode ser comandada movendo-
Nesta apresentação para a imprensa especializada
se um dos pés lateralmente sob o para-choque traseiro.
mundial, a Renault não forneceu números de
Um grau elevado de conforto e comodidade.
desempenho e consumo de combustível. Mas tomando
São duas motorizações a gasolina e duas a diesel, sempre
por base os dados do Koleos anterior, de peso muito
de quatro cilindros. O motor elegível para o Brasil será o
próximo e com o mesmo motor e câmbio CVT, a
de 2,5 litros, de origem Nissan, com 170 cv de potência
aceleração 0-100 km/h é feita em 10,3 s e a velocidade
a 6.000 rpm e 23,8 kgfm de torque a 4.000 rpm, câmbio
máxima, 185 km/h. Consumo de 8,3 km/l na cidade e
automático CVT e tração 4x4 sob demanda. O peso
12,5 km/l, na estrada (ciclo europeu de testes).
desta versão é de 1.607 kg.
O câmbio CVT funciona a contento e em modo manual
Andei com o Koleos em ruas, autoestradas e rodovias
permite selecionar sete marchas virtuais tanto para
municipais próximas a Paris. Mostrou comportamento
aceleração mais rápida quanto para obter freio-motor,
ótimo para um SUV, que sempre tem centro de
embora não disponha de borboletas atrás do volante
gravidade alto e exige mais atenção. Passa segurança
para isso. A tração é dianteira a maior parte do tempo,
nas curvas graças às suspensões independentes —
mas transfere-se automaticamente para as rodas
McPherson na dianteira e multibraço na traseira —,
traseiras quando necessário em até 100%. O controle
que apresentam calibração muito bem desenvolvida
permite também bloquear a repartição de torque,
para conciliar conforto e estabilidade. Respostas da
deixando-a 50-50% para cada eixo. A relação mais longa
direção eletroassistida levam até a esquecer de que se
do câmbio CVT permite rodar a 120 km/h com o motor
está dirigindo um veículo desse porte. Os bancos são
a 2.000 rpm. Mas sob aceleração forte emite aspereza
confortáveis e contam com aquecimento e resfriamento,
e ruído que poderiam ser menores talvez com melhor
202
isolamento acústico da cabine. Renault proporcionou também uma breve, porém interessante, rodagem no Centro de Testes de Estrada para Automóveis em Mortefontaine, próximo à capital francesa. Esta empresa privada dedica-se a locação das instalações, desenvolvimento de produtos e homologações para fabricantes de automóveis e de autopeças. Em circuito off-road, ficou clara a aptidão deste SUV para caminhos de terra difíceis, porém não severos demais. Como veículo dos tempos atuais, o Koleos traz vários auxílios eletrônicos ao motorista e de meios de comunicação, com conectividade, reconhecimento de voz, navegação por GPS e tela central tátil de 4,2 pol. Tudo destinado ao dirigir com mais segurança, como controle de estabilidade e tração (desligável), frenagem ativa de emergência, aviso de saída da faixa, de ponto cego e de fadiga do motorista, câmera traseira, troca automática de fachos dos faróis de LED, assistente de estacionamento sem-mãos ao volante e luzes de uso diurno (DRL). Falta, porém, o útil freio de estacionamento elétrico e de parada automática. Além das bolsas infláveis centrais, há duas laterais e duas de cortina abrangendo as duas fileiras de bancos. O
— O Koleos é fabricado na Coreia do Sul, pela Samsung Renault, e na China, pela associação Renault-Dongfeng —
sistema de áudio é Bose com 13 alto-falantes, inclusive dois subwoofers alojados no interior da roda do estepe, do tipo operacional. Novo Koleos tem ingredientes para agradar até pelas linhas elegantes e que embutem a personalidade da marca do losango, aliás, bem valorizado no padrão estilístico Renault. O preço não foi anunciado, mas sem dúvida será bastante competitivo.
1 2
1. A porta de carga conta com acionamento elétrico 2. Os ótimos bancos dianteiros têm ajuste elétrico
203
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— Para atender aos desejos —
Audi Q3 Ambition MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO
POR BOB SHARP
4 cil. turbo, 1,4 litro Gasolina 150 cv e 25,5 kgfm Robotizado, 6 marchas Dianteira 4,38 m 2,60 m 5 460 litros 64 litros 900 km 1.405 kg R$ 169.000
A Audi já produziu no Brasil, de 1999 a 2006, o A3
borboletas no volante. Ou deixa no automático, que
hatchback quatro portas. Voltou ao Paraná em 2015,
nunca erra. O SUV compacto acelera de 0 a 100 km/h
com o A3 sedã: motores 1,4 TFSI de 150 cv fabricado
em 8,9 s e pode chegar a 204 km/h.
aqui e 2,0 TFSI de 220 cv importado da Alemanha. O
Com belo visual, roda suave pelos pisos irregulares
SUV compacto Q3, lançado na Europa em junho de
cada vez mais comuns nas cidades brasileiras,
2011, agora passou a ser fabricado no Brasil nas versões
garantido pela suspensão independente nas quatro
Attraction, Ambiente e Ambition. As três compartilham
rodas, um moderno arranjo McPherson na frente e
o motor 1,4 TFSI e o mesmo câmbio robotizado de duas
multibraço atrás recalibrada especificamente para
embreagens e seis marchas do A3 sedã dessa cilindrada.
o Brasil, inclusive com altura de rodagem 15 mm
TOP Carros avaliou a Ambition, que chega às
maior. Quatro potentes freios a disco realizam seu
concessionárias no início de setembro por R$ 169.000,
trabalho à perfeição. Acelera e faz curvas de maneira
fora alguns opcionais. Excelência é o adjetivo que o
irrepreensível, para o que os pneus 235/50R18V têm
descreve bem. Seu trem de força é de primeira grandeza.
boa parcela de participação.
O motor 1,4 turbo a gasolina de 150 cv combinado com o
A tranquilidade de rodar na versão topo de linha do Q3
elevado torque de 25,5 kgfm impulsiona sem dificuldade
complementa-se com os filetes em LED para condução
os 1.405 kg desse SUV.
diurna, dispensando o hoje obrigatório acendimento dos
O excelente câmbio S tronic permite trocas de marcha
faróis nas rodovias, e a faixa degradê na parte superior
em modo manual, pela alavanca ou por práticas
do para-brisa, pormenor que faz diferença.
206
de ré: R$ 10.000. O preço final da versão Ambition vai a R$ 192.000. Para quem pretende ingressar no mundo dos SUVs compactos, terá atendido a todos os seus desejos.
−
Os carros avaliados por TOP Carros utilizam gasolina Petrobras Podium
— Ao dirigir o Q3 Ambition, a sensação é de estar ao comando de um veículo perfeito, em que tudo é pensado para mimar o motorista e seus passageiros — 1
2 3
1. “Na medida certa” é a primeira ideia que vem à cabeça quando se olha o Audi Q3 2. O dono do show é, sem nenhuma dúvida, o câmbio S tronic de duas embreagens 3. Altura de rodagem é 1,5 cm maior em razão de quebra-molas e valetas
Vida a bordo O conforto começa com o ar-condicionado automático bizona e se estende ao controlador de velocidade de cruzeiro, espelho interno eletrocrômico, abertura e fechamento elétrico da tampa traseira, ajuste elétrico do banco do motorista incluindo o apoio lombar, bancos revestidos de material sintético com visual e toque de couro, computador de bordo em cores e magnífico teto solar, entre outros itens. Opcionais para o Q3 atingem um elevado nível de conforto, comodidade e sofisticação, que naturalmente tem seu preço. Os faróis a LED custam R$ 7.500; freio de estacionamento automático, assistente de mudança de faixa (volante vibra ao se cruzar uma linha divisória sem dar seta) e comutador automático de farol altobaixo saem por R$ 5.500; sistema de áudio Bose, seletor de modo de condução, abertura de portas sem chave e botão de partida, e auxílio a estacionamento com câmera 207
— Alternativa nipônica — Honda Accord EX MOTOR COMBUSTÍVEL POTÊNCIA E TORQUE CÂMBIO TRAÇÃO COMPRIMENTO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS NÚMERO DE LUGARES PORTA-MALAS TANQUE AUTONOMIA MÁXIMA PESO PREÇO
POR BOB SHARP
V-6. 3,5 litros Gasolina 280 cv e 34,6 kgfm Automático, 6 marchas Dianteira 4,91 m 2,77 m 5 61 litros 65 litros 650 km (est) 1.632 kg R$ 162.500
A nona geração do Accord recebeu alterações no estilo e traz novas tecnologias. O sedã médio-grande da Honda vem dos Estados Unidos na versão única EX. É dotado do motor V-6 transversal de 3,5 litros, 24 válvulas, de 280 cv e câmbio automático de seis marchas (tração dianteira). Imposto de importação de 35% e desvalorização do real empurraram seu preço para R$ 162.500. A frente redesenhada inclui faróis principais e de neblina em LED. O visual da traseira com para-choque, lanternas em LED e defletor na tampa do porta-malas é novo. O encosto do banco traseiro agora permite divisão 60/40 e os bancos dianteiros têm ajuste elétrico. Sua central multimídia tem tela tátil de 7 pol., o software inclui GPS integrado com informações de trânsito por meio de radiofrequência, inicialmente em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte e Curitiba. O sistema possibilita conexão wi-fi com o uso de browser para acesso à internet, além da conexão Bluetooth para realização de chamadas e reprodução de áudio, compatível com Apple CarPlay e Android Auto. Outra novidade no Accord é a disponibilidade de entrada HDMI para reprodução de áudio, vídeo e imagens em alta definição. Existem, ainda, duas entradas USB e uma entrada auxiliar. O conjunto é complementado por sistema de áudio premium com alto-falantes nas quatro portas, dois tweeters na dianteira e um subwoofer na traseira. Além dos sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, a reprodução de imagem da câmera de ré oferece modos de visão normal, com campo ampliado e de cima para baixo, além de linhas de orientação que acompanham o giro do volante. O retrovisor externo do lado direito monitora o ponto cego por meio de câmera localizada abaixo do espelho e
reproduz as imagens no mostrador i-MID, para melhor visão da faixa de rolamento: muito útil no trânsito urbano. Entre outros equipamentos estão a abertura da porta do motorista por aproximação, teto solar elétrico e sensores crepuscular e de chuva. Ponto forte do Accord é o espaço interno, graças ao entreeixos de 2,77 m. As dimensões externas são 4,91/1,85/1,47 m (comprimento/largura/altura), e o veículo pesa 1.632 kg. O porta-malas comporta 461 litros e o tanque de combustível, 65 litros. O espaço para os passageiros do banco traseiro é admirável. A Honda continua com sua política de não informar desempenho, mas durante a avaliação e por experiência prévia pode-se esperar aceleração de 0 a 100 km/h em algo abaixo de 8 s e velocidade máxima em torno de 240 km/h. Consumo, nenhum dado, mas a Honda afirma que o novo Accord se enquadra na classe A de sua categoria seguindo padrão do Inmetro. O motor entrega 34,6 kgfm de torque a 4.900 rpm, mas 210
— A versão EX do Accord, com seu motor V-6 de 280 cv, é daqueles carros que agradam logo nos primeiros quilômetros —
como tem comando de admissão de fase variável e o sistema i-VTEC faz variar o levantamento e a duração das válvulas de admissão abertas, a sensação de agilidade e de resposta ao acelerador são muito boas. Destaque no modelo para os controles ativos de ruído. O dispositivo capta sons e vibrações na cabine por meio de microfone e, através do sistema de alto-falantes, emite ondas sonoras contrárias que anulam ruídos.
2
O Accord possui controle de tração e estabilidade
1
e sistema de direção adaptativo que interpreta o movimento do motorista e o ajuda se o carro começar
1. Quem gosta de dirigir aprecia o Accord antes mesmo de dar partida 2. O visual elegante mas discreto é um dos destaques do novo Honda Accord
a sair da trajetória em uma curva. Os freios são a disco nas quatro rodas, a suspensão dianteira é McPherson e a traseira, multibraço. O pacote de segurança inclui airbags frontais, laterais e de cortina.
−
Os carros avaliados por TOP Carros utilizam gasolina Petrobras Podium 211
— Ambição sobre duas rodas — Muito versátil, a BMW S 1000 XR traz o motor da esportiva RR e muito conforto para viagens POR JOSIAS SILVEIRA
Existe um sonho entre engenheiros e marqueteiros
eletrônica (que quase deixa a moto só nas mãos do
de supermotos: reunir todas as qualidades de em um
piloto), o difícil é manter a roda dianteira no chão, até
único modelo. E a BMW chegou perto disso com a
com a terceira engatada. Nem na troca de marchas a
S 1000 XR. Claro, tinha de ser uma crossover, uma
roda “aterrissa”: para cima dispensa-se a embreagem,
mistura de vários tipos: esportiva, estradeira, quase
graças ao Shift Pro, que, inclusive, corta um pouco a
urbana, visual lembrando uma off-road... Um projeto
rotação do motor antes do engate, dando deliciosas
ambicioso da marca alemã que lembra o cruzamento
pipocadas no escape. De novo a eletrônica atuando.
improvável de um poodle com um pit bull: dócil e feroz
No modo Pro não é fácil de se manter em cima da
simultaneamente, além de extremamente obediente.
moto, que parece arrancar e se esquecer do piloto.
Como não se trata de um cão, mas de uma supermoto,
A aceleração, de tão forte, chega a turvar a visão,
a 1000 XR cumpre suas obrigações com uma grande
principalmente para quem passou dos 50 anos de
dose do melhor sobre duas rodas. Proporciona prazer
idade e tem sistema circulatório menos eficiente.
ao pilotar, principalmente em longas aventuras cheias
Literalmente falta sangue na cabeça.
de curvas. E no asfalto, já que a XR não gosta muito de fora-de-estrada. Sua principal concorrente é a Ducati
Vida tranquila
Multistrada 1200. Mas não se iluda, pois esta BMW se
Esqueça a pilotagem profissional, coloque no modo
trata de uma verdadeira superbike de 999 cm³ e 160 cv,
Road, ou até no mais tranquilo Rain, e a moto cuida de
algo que em um carro esporte corresponderia a cerca de
sua segurança. Exageros em curvas mais ousadas são
500 cv, considerando seu baixo peso (228 kg).
corrigidos. Sensores de aceleração e de inclinação evitam bobagens, “avisando” os computadores que diminuem
Muita eletrônica
a aceleração e acertam a suspensão. Sabendo dosar o
Apesar da pilotagem aparentemente simples e dócil,
acelerador eletrônico, a vontade é de cruzar tranquilo e
boa parte do trabalho de domar tanta potência se deve
rápido por muitas horas em longas viagens.
a muita tecnologia e, em especial, recursos eletrônicos.
A própria posição de pilotagem ereta e com um guidão
Isso permite diversas regulagens, que vão do modo Road
largo permite conforto nas estradas, ao contrário
(óbvio, para estradas) até o Dynamic Pro (realmente
das esportivas, que exigem contorcionismo e forçam
para profissionais do guidão), passando pelo Rain,
as costas em trechos longos. Na XR até a altura do
específico para pisos molhados, quando são liberados
banco ao solo é regulável (entre 82 e 85,5 cm) para
“apenas” 148 cv.
obter maior conforto. Esses são os principais motivos
Selecionado o modo, a 1000 XR se comporta da forma
para a BMW classificar a XR como Adventure Sport,
que o piloto pediu, graças à eletrônica que controla
esportiva para aventuras.
dosagem de força do motor e reações de suspensões e freios. Os modos mais tranquilos (Road e Rain) evitam derrapagens e a frente empinando, além de fornecer frenagens vigorosas. O motociclista se sente um
— O motociclista escolhe o ritmo: de uma pilotagem tranquila até uma viagem muito rápida —
verdadeiro piloto, já que é difícil perceber a eletrônica corrigindo exageros e erros de condução. Mas, para quem gosta de emoção (e tem experiência para isso), basta colocar nos modos Dynamic ou Dynamic Pro... E, com seleção do Pro, de Profissional mesmo, a XR empina, derrapa, acelera muito. Comporta-se como uma moto de pista. Aliás, é exatamente usando o Dynamic Pro que se consegue acelerar de 0 a 100 km/h
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em 3,1 s. Acredite: conte até três e já se está a 100 km/h. Mas não tão simples assim. Com pouca ajuda da
1. A eletrônica permite regular o desempenho
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Salada mista Apesar de ser uma nova moto, inclusive em estilo, a XR reúne soluções e até componentes de outras BMW. O conjunto motor/câmbio, por exemplo, é igual ao da superesportiva RR, sendo “amansado” eletronicamente. Sua potência caiu de absurdos 193 cv (na RR) para 160 cv. Claro que preparadores já garantem que conseguem reprogramar o gerenciamento do motor e trazer os 33 cv de volta. Totalmente desnecessário, pois já existem “cavalos” sobrando, assim como a velocidade máxima estimada em cerca de 250 km/h. Da mesma forma, toda a eletrônica de conforto e segurança também é muito semelhante à da estradeira GS 1200, inclusive quanto à regulagem de suspensão. Esse gerenciamento adota novos parâmetros que ajustam automaticamente a suspensão em décimos de segundos: basta a roda dianteira pegar um buraco que a traseira já terá reação mais apropriada ao obstáculo.
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A eletrônica permite outros recursos como um painel completo, com dezenas de informações na pequena tela. Desde a regulagem de modo de condução até autonomia, consumo, média de velocidade e várias outras. Traz iluminação com LEDs, faróis duplos e tudo de mais atual. Apesar de tanta evolução e conforto, dois itens merecem atenção. Primeiro, uma característica de motores muito fortes: inevitável irradiação de calor. Mesmo com refrigeração líquida e por circulação externa do lubrificante, chega a incomodar em trânsito urbano e no verão. Outro detalhe importante e algo inesperado é certo nível de vibração, principalmente em torno de 5.000/5.500 rpm. O que em sexta e última marcha significa 120/130 km/h, velocidade de cruzeiro bastante comum em viagens por boas estradas. Algo estranho, já que motores de quatro cilindros horizontais dois a dois geralmente são “lisos”, suaves de funcionamento, com ausência de vibrações. Mas pode ser algo relacionado à unidade usada para avaliação. De qualquer forma, os planos da BMW para S 1000 XR parecem tão ambiciosos quanto a motocicleta. Logo após o lançamento, já começou a ser industrializada na Zona Franca de Manaus, o que indica flexibilização para atender as encomendas.
— Suspensão, freios... tudo pode ser ajustado. Até mesmo o agressivo motor de 160 cv libera potência de acordo com o gosto e a experiência do piloto —
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3 4
1. Transmissão usa a tradicional corrente metálica 2. Amortecedor se ajusta ao piso eletronicamente 3. Conta-giros com ponteiro combinado com painel digital 4. Grandes discos e ABS garantem frenagens potentes
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— TOP Serviços —
epicicloidal. Tem três partes básicas: a engrenagem
Câmbios automáticos, mas quais?
solar, as planetárias e a coroa. Imagine o sol, os planetas e o espaço sideral para visualizar. A ligação do motor com o câmbio se dá por um conjunto hidráulico
POR BOB SHARP
chamado conversor de torque. No início o controle Chegou a hora, você tomou a decisão de abandonar o
das trocas era hidráulico, hoje é eletrônico, o que deu
pedal da esquerda. Vai partir para um carro de câmbio
grande precisão a esse tipo de câmbio. Com os recursos
automático. Mas quais as diferenças entre eles?
atuais, o desempenho das caixas automáticas é bastante
TOP Carros explica.
próximo do das manuais.
O chamado automático tradicional surgiu em 1939.
O segundo tipo tem sigla em inglês: CVT. Não utiliza
Sua construção é bem diferente dos câmbios manuais.
engrenagens, mas duas polias em “V” com uma corrente
Usa um tipo de engrenagem exclusivo, chamada
especial correndo nelas. Os “Vs” abrem ou fecham 220
— O câmbio automático ganha apreciadores à medida que o tráfego das cidades se torna cada vez mais congestionado —
antagonicamente, sob controle eletrônico, e desse modo alteram os diâmetros da parte onde fica a corrente. Dessa forma, a relação de transmissão é continuamente variável, como indicado na sigla. A terceira possibilidade é o câmbio robotizado, também conhecido por automatizado. Trata-se de uma caixa manual normal, mas quem efetua as trocas são atuadores elétricos ou eletro-hidráulicos, os “robôs”. Estes, por sua vez, funcionam segundo o determinado
Vantagens & desvantagens
por um módulo de controle eletrônico, programado
O câmbio automático, por ter conversor de torque,
para efetuar as trocas sem intervenção do motorista.
um conjunto que dura a vida do carro sem nenhuma
A embreagem é automática.
manutenção, facilita o dirigir, especialmente por
No começo dos anos 2000 surgiu uma evolução
se poder manter o carro parado numa subida leve
marcante desse tipo de câmbio. Em vez de uma, duas
acelerando-o. As trocas de marcha são particularmente
embreagens, cada uma cuidando de uma parte dos pares
suaves, o conduzir do carro, intuitivo. Mais caro dos três
de engrenagens. Assim, enquanto o automatizado de
tipos, não proporciona menor consumo de combustível
uma embreagem troca de marcha uma a uma, no de duas
em relação ao tipo manual (quando bem manuseado).
embreagens a marcha seguinte é engatada quando a
O CVT pode ter embreagem automática ou conversor
anterior ainda está em uso. A troca efetiva se concretiza
de torque, a exemplo do primeiro Honda Fit e o atual.
quando uma embreagem abre e a outra fecha, o que
Permite o rodar mais suave sem a sensação de marchas
reduz muito o tempo de troca.
sendo trocadas. Por outro lado, é preciso acostumarse com a estranha sensação de sentir o motor acelerar e o carro aparentemente não acompanhar, embora acompanhe. É característica de todo CVT. Fora essa desvantagem, também não garante maior economia de combustível. Se usar embreagem automática, não se deve manter o carro parado numa subida só usando o acelerador. Seu custo é parecido ao dos automáticos. O robotizado, ou automatizado, tem vantagem em economia de combustível. Mas se usa uma só embreagem as trocas de marchas são lentas, ao contrário do tipo duas-embreagens, de trocas secas e rápidas. Ambos têm embreagem automática e não se deve usar o motor para manter o carro parado numa subida. O de uma embreagem tem aproximadamente metade do preço de um automático convencional, mas o de duas custa quase tanto. Os três tipos dispensam pedal de embreagem. No trânsito pesado, fazem toda a diferença. 221
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— TOP Serviços — — Mulheres são atentas à manutenção por sua preocupação com a segurança —
Elas cuidam bem dos carros POR NORA GONZALEZ
Já vai longe o tempo em que oficinas e concessionárias
mais da metade dos modelos vendidos são escolhidos
eram lugares de homens. Hoje é comum encontrar mu-
ou influenciados por mulheres. Mas também mulheres
lheres nesses ambientes, e cada vez mais discutem com
são influenciadas por homens...
mecânicos itens e processos de manutenção. Os moti-
Elas se interessam pela manutenção porque têm uma
vos para essa mudança de comportamento são diversos,
intrínseca responsabilidade com segurança. Afinal,
mas os principais indicam maior independência femi-
transportam os filhos na maioria das ocasiões. Daí o
nina e até mesmo maior interesse por carros.
cuidado em ter o carro permanentemente em ordem,
As oficinas mecânicas são apenas mais um lugar onde
mesmo sem saber em detalhes o que precisa ser feito
o salto alto se faz presente. Mecânicos dizem que car-
no veículo. E a preocupação vai desde manter o tan-
ros mantidos por mulheres muitas vezes dão menos
que de combustível sempre cheio, para não ficar na rua
problemas. Eles esboçam uma teoria bastante plausí-
“desamparada”, até lembrar do prazo das manutenções
vel e bem simples: embora na maioria dos casos elas
preventivas, o que, se perdido, pode levar ao cancela-
tenham poucos conhecimentos técnicos, compensam
mento da garantia e/ou a uma eventual quebra de peças.
isso com o interesse.
Mulheres costumam reparar nos carros dos namorados
O público feminino costuma dedicar tempo a ler os ma-
ou candidatos a essa conquista – especialmente quanto
nuais dos veículos, olha cada detalhe e não perde uma
a manutenção, limpeza etc. Costumam ligar menos para
revisão. A turma dos homens, ao contrário, frequente-
o tipo e a marca do som, mas não deixam de reparar se o
mente mostra aversão a manuais e pode cometer peca-
automóvel está limpo e em ordem. Assim, cuidado: nada
dilhos ao volante e na manutenção do carro justamente
de deixar lixo acumulado, papéis de balas espalhados
por deixa de ler o manual.
ou o carro sujo. Falta de combustível, então, nem pen-
E, claro, boa manutenção significa menos acidentes.
sar! Luzinhas acesas no painel indicando falta de óleo
Não que mulheres ao volante não se envolvam em coli-
ou temperatura acima do normal causam preocupação.
sões, mas, de acordo com as seguradoras, isso é menos
Isso acaba com qualquer encontro romântico.
frequente, em particular na faixa de idade 18 a 25 anos.
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Deve-se reconhecer, no entanto, que há menos mulheres ao volante do que homens, e estes costumam rodar
Mulheres sempre atentas
por mais tempo e em distâncias maiores.
- Não costumam perder os prazos das revisões;
No geral, cerca de metade dos compradores de auto-
- Leem cuidadosamente o manual do proprietário;
móveis são mulheres, embora não obrigatoriamente
- Não deixam o combustível chegar a níveis críticos;
proprietárias ou efetivameente as únicas a dirigir. A
- Veem a manutenção como questão de segurança;
Renault, por exemplo, aponta que, por suas pesquisas,
- Não descuidam dos alertas sonoros e luminosos no painel.
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— Nnonon no nnonono o on non no no non on on onon non on on onon non on oon on non non no non onn —
223
— TOP Serviços —
Blindado de Al Capone
na mesma cor dos carros da polícia de Chicago (verde e preto) podia confundir possíveis testemunhas. O carro de Capone, um dos primeiros automóveis blindados
POR RAUL MACHADO CARVALHO
da história, gerou uma história fantasiosa. Relata-se que, após o ataque do Japão à base americana de Pearl Harbor,
Alphonse (Al) Gabriel Capone nasceu em 1899 no Brooklyn,
no Havaí, em 7 de dezembro de 1941, o Serviço Secreto dos
em Nova York, filho de imigrantes italianos da região de
EUA passou a se preocupar de forma mais intensa com a
Nápoles. Com talento para os negócios e intuição para a
segurança do presidente.
contravenção, comandou a maior quadrilha criminosa de
No dia seguinte, o presidente Franklin D. Roosevelt iria ao
Chicago na época da instituição da Lei Seca nos Estados
Congresso, onde faria seu famoso discurso e assinaria a
Unidos, de 1920. Nesse momento se deflagrou a guerra
declaração de guerra contra as potências do Eixo. Na época,
de gângsters pelo controle e contrabando de bebidas
o governo não estava autorizado a gastar mais que US$
alcoólicas na América.
11 mil na aquisição de qualquer automóvel. No entanto,
Preocupado com sua segurança decidiu blindar um de seus
descobriu-se que um dos carros de Al Capone tinha sido
carros, tornando-o quase um tanque de guerra. Era um
apreendido, depois de sua condenação por evasão fiscal,
Cadillac 1928 V-8 Town Sedan com mais de uma tonelada
em 1931, e foi pedido por empréstimo.
de aço, vidros à prova de balas de 3 cm de espessura, sirene,
Franklin D. Roosevelt, ao saber do caso, brincou dizendo que
luz vermelha piscante e receptor de rádio ligado na banda
esperava que o sr. Capone não se importasse. Essa narrativa
da polícia. O motor V-8 de 5,6 litros e 90 cv de potência tinha
fictícia, mas muito aceita, tem uma única verdade: o gângster
desempenho pífio pelo peso da blindagem. Caracterizado
morreu em 1947, depois de sete anos na prisão de Alcatraz.
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— TOP Prazer — Jaguar de papelão — Trabant ganhou esse apelido jocoso —
por Ronny Hein Não foi mico nenhum. Dei uma volta por Praga a bordo
fugas do regime, passando em velocidade pelas barreiras
de um velho Tatra conversível. Um clássico, tinindo de
do Muro de Berlim.
cromado e restaurado. Um programa que, aliás, anda na
Por sua participação na História, o pequeno Trabi
moda nas capitais mais charmosas do mundo – que têm, é
permanecerá mais conhecido do que muitas máquinas
claro, uma longa história automobilística.
potentes que entraram e saíram do mercado. Estima-se
Nem é tão caro, e vale cada centavo, porque o charme é
que ainda existam 200 mil deles rodando ou na mão de
único. Ousei até pôr um chapéu elegante, para sentir ainda
colecionadores. Sem contar os que foram largados com o
mais intensamente a beleza dos anos dourados, a sensação
fim do comunismo.
de observar e ser observado, saudar as mulheres bonitas e
Tornaram-se um problema: a carroceria não se deteriorava
ignorar as feias.
como as de metal. Foi preciso inventar um fungo que desse
O vintage é o vintage. E nem sempre precisa ser grande,
cabo das carcaças abandonadas.
rico e poderoso como o Tatra em questão.
Mas nada, nada mesmo, dará cabo de seu encanto. O mesmo,
Ficou badalado, por exemplo, conduzir Trabants – o som é
diga-se, que o de passear em Praga a bordo de um Tatra.
parecido, mas o automóvel é outro. O Trabant permanecerá na linha do tempo como símbolo da Alemanha Oriental, da Guerra Fria e do século 20. A primeira vez que ouvi falar nele foi por meio de seu apelido: Trabi. Também chamado de Jaguar de papelão, porque sua carroceria, muito resistente, era feita com base em papel e plástico. O Trabi parece um daqueles carros do Mickey ou do Pato Donald. Pequeno, suficiente, engraçadinho. Foi produzido na cidade de Zwickau, entre 1957 e 1991. Tinha um motor de 500 cm³ e só ia de 0 a 80 km/h em 20 s. Ele fez a alegria da Cortina de Ferro e foi um marco na época em que, na faixa comunista da Europa, produziam-se Ladas, Skodas e outros menos populares. Entretanto, para desespero das autoridades alemãs orientais, o pequeno Jaguar de papelão foi muito usado em
Ronny Hein é jornalista, escritor e publicitário.
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