TREVL 10 "Verão 2016" — amostra

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Big Trail Challenge em viagem

Extremo ocidental Adventure sillage Um Livro

Em viagem

Albânia • América do sul • Congo • Marrocos • Sri Lanka


Destinos África

África do Sul Angola Argélia Botswana Congo (R. D.) Egipto Etiópia Gâmbia Malawi 6 Marrocos 1 Mauritânia Moçambique Namíbia Quénia Ruanda Sahara Ocidental São Tomé e Príncipe Senegal (Dakar) Sudão Sri Lanka Tanzânia Victoria Falls Zâmbia

Ásia

Arménia Azerbeijão Burma (Myanmar) Cambodja Georgia Índia Indonésia Irão Iraque Japão Malásia Mongólia Nepal Paquistão

3 9 4 9 1 3 9 10 9 9 9 4 10 14 10 2 14 9 4 9 3 4 4 9 9 10 1 14 9 5 2 9 2 9 10 9 3 4 4

8 8 9 7 8 3 6 7 9 9 7 8 9 9 9 9 5 7 8 4 9

Conheça aqui quais os destinos de viagem de moto sobre os quais já publicámos, tanto na TREVL, como na REV.

Quirguistão Tailândia Tajiquistão Timor-Leste Turquemenistão Uzbequistão Vietname

Oceânia Austrália

América

Alasca (EUA) 4 Argentina Belize Bolívia Brasil Canadá China Chile Colômbia Costa Rica El Salvador Equador E. Unidos América Guatemala Nicarágua Panamá Paraguai Peru Uruguai Venezuela

Europa Albânia Alpes Balcãs Bielorússia

Nesta edição

7 8 9 9 8 9 9 9 9 9 7

7

5 6 13 7 10 5 4 11 7 4 6 7 8 5 7 4 10 4 5 7 8 5 8 5 8 4 7 6 5 7 2 5 8 5 8 5 8 6 6 5 4 7 6 4 7 10 4 8

7 10 1 2 3 7 9

Os destinos incluídos nesta edição estão destacados com um fundo amarelo.

Bósnia e Herzegovina Bulgária Córsega Croácia Dinamarca 1 Espanha 1 Escócia Eslovénia Gales Grécia Inglaterra Irlanda Islândia Itália Letónia Kosovo Montenegro Noruega Pirenéus Polónia Rússia Sérvia Turquia

Portugal

7 7 1 7 8 4 5 7 5 6 12 7 2 7 2 6 2 1 3 5 7 9 2 7 7 1 8 1 5 7 9 3 7 8 2 7 2 7 8

Açores Alto Alentejo Alta Estremadura Alto Douro Serra Algarvia Serra da Arrábida S. de Aires e Candeeiros Tejo dos Castelinhos

Espanha

Deserto de Bardenas Picos de Europa Ruta de la Plata Sierra Norte

12 7 3 2 10 1 1 7 10 1

5 1 5 4 7 7

Edições passadas

Cada entrada nas tabelas seguintes tem a indicação de qual o número onde foi publicada (a amarelo na TREVL, a azul na REV).

Preencha o formulário no nosso site (www.trevl.pt) Alternativamente, envie-nos um email para assinaturas@trevl.pt Pode incluir edições passadas (sujeito a disponibilidade de stock).


Editorial

Bre Breshit

E

ste não foi o primeiro editorial que havia escrito. Começara por escrever sobre um desafio pessoal que aceitei como prova de superação, que me deixaria melhor para poder viajar pelo mundo. Este último é o derradeiro objectivo — sair e viajar, para melhor compreender as outras culturas, para aproximar, não para separar.

«Para uma Inglaterra branca», ouve-se. Nas caixas de correio, deixam-se mensagens pedindo a expulsão de cidadãos que tornam essa nação grande. São tempos tenebrosos, negros, como as fardas nacional-socialistas que os pais combateram. Os pais, sim — nem precisamos de ir duas gerações atrás. Como podem as gerações mais velhas — que votaram movidas pelo medo — terem essa memória tão longínqua?

Hoje, não consigo passar ao lado do sucedido há apenas alguns dias, como se não me dissesse respeito e fosse apenas algo numa ilha distante. Chamaram-lhe «Brexit», mas lido em Português tem um som que me parece mais apropriado. Evoca fantasmas passados que falam de exclusão, ódio, racismo e incompreensão. Tudo aquilo que viajar para mim — para a TREVL — procura desencorajar. O resto parece fútil. Terminada esta edição, folheei cada página com uma lânguida angústia. Senti-me esmorecer. Como é possível que o contacto que os nossos autores experienciam nas suas viagens de moto — a grandeza de cada pessoa e amigo que fazem — não valha mais que a perseguição que vemos hoje nas ruas de uma civilização que temos por evoluída? Às crianças gritam-lhe nas ruas «O que estás ainda aqui a fazer? Volta para onde vieste.», multiplicam-se as palavras carregadas de raiva e epítetos racistas, xenófobos.

As pessoas continuam a ser o melhor das viagens de moto. Tem de ser — se deixar de acreditar nisto, a TREVL acaba e, com ela, o sonho de um mundo mais unido em torno de valores de compreensão cultural, diversidade e respeito. Ganho novo alento, assumindo para mim a missão de encorajar que, cada um de vós, leitores da TREVL, promova estes valores, viajando, conhecendo, tocando e sendo tocado José Bragança Pinheiro Director — jbpinheiro@trevl.pt

Para que o mal triunfe, basta que os bons não façam nada.

Edmund Burke

Capa: «Dar o salto» é uma expressão que utilizamos para falar de mudanças de vida — algo que deixou de ser, para permitir que outra seja. Talvez por isso, Pedro tenha escolhido esta assinatura para as fotografias de si na viagem pela América do Sul, metáfora apropriada, dizemos nós. Foto: Mano del Desierto, na Ruta 5 (@Antofagasta, Chile) Autor — Pedro Gonçalves Pinto, «Adventure Sillage»

3


Índice Director José Bragança Pinheiro jbpinheiro@trevl.pt

Colaboradores Carlos Azevedo João Nunes João Rebelo Martins Luis Matias Miguel Casimiro Paulo Moura Pedro Gonçalves Pinto Pedro Marques Rui Graça

Neste número... página

O Pedro gonçalves Pinto escolheu a América do Sul para a sua viagem Adventure Sillage. Uruguai, Argentina, Chile

82

O Pedro “Mr. Mota Eastbound” continua a viagem pelo mundo na sua Transalp. Albânia

76

55

Revisão José Bragança Pinheiro

Editor Geral Hugo Ramos

60

Arte Rita Pereira José Bragança Pinheiro

O Carlos Azevedo é um dos poucos «overlanders» portugueses, sócio-fundador da empresa MotoXplorers. E, quando está de férias, viaja de moto. Congo, Ruanda, Tanzânia

O Miguel cASIMIRO relembra que Portugal e Ceilão partilham histórias, na viagem «Para além da Taprobana». Sri Lanka

Publicidade António Albuquerque

antonio.albuquerque@fast-lane.pt

Telefone: (+351) 939 551 559 Assinaturas: assinaturas@trevl.pt

Proprietário e editor

FAST LANE - Media e Eventos, Lda.

Administração, Redacção e Publicidade: Av. Infante D. Henrique, Ed. Beira Rio, Fracção T 1950-408 Lisboa Telefone: (+351) 218 650 244

Depósito Legal: 357231/13 ISSN: 2182-8911 Impressão e acabamento:

Fernandes e Terceiro, S.A. Rua Nossa Senhora da Conceição, 7 2794-014 Carnaxide

As histórias do João Nunes venceram o desafio lançado pela TREVL aos participantes no Big Trail Challenge 2016. Marrocos

21

32

O novo livro «Extremo Ocidental — Uma Viagem de Moto pela Costa Portuguesa, de Caminha a Monte Gordo» do jornalista Paulo Moura chegou às livrarias. Portugal (Caminha — Montegordo)

36

BMW G650 X Challenge

23

BMW R1200 GS Adventure LC

14

@Marrocos, por João Nunes

@Marrocos, por Pedro Pessoa

76

Honda XR 650 L

@África Oriental, por Carlos Azevedo

Periodicidade Quadrimestral (3x por ano)

76

Todos os direitos reservados de reprodução fotográfica ou escrita para todos os países.

KTM 1190 Adventure

65

KTM LC8 990 Adventure

11

@Marrocos, por Paulo Miranda @América do Sul, por Pedro Pinto

Honda Transalp

@Albânia, por Pedro Marques.

55 @Portugal, por João Rebelo Martins

Distribuição:

VASP – Distribuidora de Publicações, Lda. Quinta do Grajal – Venda Seca 2739-511 Agualva-Cacém

Os dias de aventura contados pelo João Rebelo Martins, apaixonado dos motores. Portugal (Serras de Aires e Candeeiros)

Honda XR 250 Baja

@Sri Lanka, por Miguel Casimiro

Estatuto Editorial TREVL é uma revista lúdica e informativa sobre a temática do motociclismo nas suas vertentes de lazer, mobilidade e transporte, desportiva, cultural e, especialmente, turística. TREVL dará especial relevo ao rigor da escrita e à componente artística do desenho gráfico e da fotografia. TREVL empenhar-se-á num jornalismo apaixonado e comprometido com a temática que é seu objecto. TREVL é independente do poder político, económico e de quaisquer grupos de pressão. TREVL defende e respeita o pluralismo de opinião sem prejuízo de assumir as suas próprias posições. TREVL assumirá uma postura formativa. TREVL respeita os direitos e deveres constitucionais da liberdade de expressão e de informação e cumpre a Lei de Imprensa.

90

Triumph Explorer 1200 XCx

38

Triumph Tiger 800 XR

@Alto Douro, Portugal, por José Bragança Pinheiro @Portugal, por Paulo Moura


Índice «Overland Junction»

por José Bragança PInheiro 6

«Adventure Sillage»

@Uruguai, Argentina, Chile, por Pedro Gonçalves Pinto

«Acordei para descobrir a cidade de Ushuaia vestida de branco. Tudo estava debaixo de uma 82 espessa camada de neve — estradas, passeios, telhados e jardins. A moto estacionada trocara a sua orgulhosa côr laranja pela fresca e alva neve.»

«Big Trail Challenge»

@Marrocos, por Pedro Pessoa 11 21

60

Testemunhos BTC

@Marrocos, por João Nunes, Luis Matias, Rui Graça

«Para além da Taprobana»

@Sri Lanka, por Miguel Casimiro

«Nos livros de História do Sri Lanka, os portugueses são vistos como “demónios comedores de pedras” e “bebedores de sangue”, reflexo das atrocidades cometidas aos nativos, quando recusavam a cristianização.»

«A salto no Congo»

@Congo, Ruanda Tanzânia, por Carlos Azevedo «Na saída, engano-me no caminho. “Hippos”, dizia nas placas que segui, até chegar a um rio largo. Não dei por eles, mas encontrei um lugar maravilhoso para acampar. — No, no! — diz-me um jovem. —Forbidden. Dangerous. Crocs and hippos! — Pronto, pronto. Estou convencido. Vou procurar outro poiso.»

«Adventureous Days»

@Portugal (Serras de Aires e Candeeiros), por João Rebelo Martins

55

32

«Bliss»

@Albânia, por Pedro Marques «Mr. Mota Eastbound»

«Algo se teria perdido na tradução —

76 afinal era um pequeno troço de estrada,

e todo o resto de terra e lama. Uma falha de comunicação bem-vinda.»

«Extremo Ocidental»

@Portugal (Caminha—Montegordo), por Paulo Moura 36

do acor crita

es Revista uguês. t r o P em ÃO foi Logo, N acordo do o adopta ráfico. o t or g

O que tem a costa portuguesa para contar a quem viveu de perto os dramas e conflitos do Kosovo, Sudão, Israel e Haiti, para citar apenas alguns?

Índice de Destinos

98

5 página


Participantes As motos escolhidas pelos viajantes responderam ao desafio do nome da prova — Big Trail. Das 32 que cruzaram Marrocos, a maioria (21) eram BMW, seguida de longe pela KTM (5). As Ducati e Honda andaram aos pares, enquando a Triumph e a Yamaha colocaram cada uma a sua representante.

Totais por fabricante BMW KTM Ducati Honda Triumph Yamaha

21 5 2 2 1 1

motas por modelo 4 1 1 5 5 5 2 2 1 2 1 1 1 1

10

BMW F 800 GS BMW G 650 X Challenge BMW R 1150 GS BMW R 1200 GS BMW R 1200 GS Adventure BMW R 1200 GS Adventure LC Ducati Multistrada 1200 Honda CFR 1000 Africa Twin KTM 625 SXC KTM 1190 Adventure KTM 1190 Adventure R KTM 1290 Super Adventure Triumph Tiger 800 XR Yamaha XT 600 E


Comunidade

BIG Trail Challenge

O que está para lá da curva da estrada? Neste vídeo, Mário Bock captura algumas das essências que fazem de Marrocos um destino de excepção e do BTC um turbilhão de emoções.

32 motos apontaram ao reino de Marrocos para defrontar as areias do deserto e conquistar as estradas do Alto Atlas. Pedro Pessoa

O

s exemplos dados pelos viajantes solitários do mundo, inspiram-nos a todos e fazem-nos sonhar. Mas sabemos que para essas aventuras é preciso tempo, dinheiro e uma boa dose de determinação e auto-suficiência — uma combinação que não está ao alcance de todos.

A ideia

Quando há doze meses a ideia do Big Trail Challenge (BTC) nasceu, tinha por principal objectivo conseguir criar um conceito de viagens de aventura para amantes das Big Trail — um desafio num ambiente que oferecesse condições de segurança e apoio. Durante as etapas do BTC, os participantes necessitam de carregar consigo na mota um pequeno saco de bagagem para o essencial de cada dia.

Lezita Melo e Simas

Todo o apoio logístico, mecânico, médico é garantido pela organização nas três viaturas de assistência. Antecipámos que em etapas mais longas, os participantes se espraiem por largas dezenas de quilómetros — dependem assim do espírito de grupo e de si próprios em alguns momentos, para que tudo corra bem.

Contador de histórias

Quando escrevia a mensagem de boas vindas que consta no road-book entregue aos participantes da edição inaugural de 2016, perguntei-me quais seriam as sensações que queríamos proporcionar a todos, que recordações trariam. Antecipei que muitas são as viagens de aventura em que há momentos intensos onde nos perguntamos — O que estou aqui a fazer? Seriam esses os momentos mais memoráveis, onde a superação os tornaria únicos, inesquecíveis.

pág. Anterior: O “Pepe” Saborit deixa para trás o posto de controlo militar no palmeiral. (@Zagora—Ktaoua)

pág. Seguinte: Topo esquerda: A Triumph do Nuno Pinto parece fugir do temporal que se abate sobre as montanhas do Atlas. Topo direita: Os oásis marroquinos são uma visão refrescante, cheios de sabedoria milenar, aproveitando cada gota de água de forma inteligente. (@Ait Ben Haddou) Centro: O ksar camufla-se na paisagem. (@Ait Ben Haddou)

Marrocos

11


Curtas

Quexe João Nunes

Ir ao dentista em Marrocos — uma ideia dada a arrepios. O João conta a história.

D

as nove etapas do Big Trail Challenge, a de ontem havia marcado o início do fora-de-estrada «a sério». As pistas de alta montanha e uma passagem a 2900 m de altitude tornaram aquele dia em algo inesperado e único. — Depois de ontem — pensei —, estar a acordar no Dades e ouvir o rio murmurar, sinto que vai ser um grande dia. A ideia era essa. Marrocos, reino de aventuras, reservara outros planos para mim.

Dente por dente

Dediquei aqueles primeiros momentos da manhã a olear a corrente. A cremalheira fez-me olhar uma e outra vez, parecendo que algo estava errado. — Meu caro — puxei o José Coimbra, grande companheiro, para me confirmar o que os olhos viam, mas a alma não queria acreditar —, isto não vai dar, pois não? A cremalheira lembrava um asterisco que decidiu usar gel para ir ao baile dos Pontos. Como ela tinha conseguido chegar até ali, era um mistério. Foi um soco no estômago... O resto da viagem parecia escorrer pelo cano, a apenas um dia da ligação por pista entre Merzouga e Zagora. Mas é nestas situações que os amigos aparecem. — Eh pá, — arriscava o Álvaro Oliveira — vê se esta dá — oferecendo a cremalheira que trouxera. Com a ajuda do Paulo Rodrigues medimos as furações. Mais um soco, e bem

metido — eram diferentes. — Tem calma. — diziam no grupo que se juntara em volta, entretanto. — Vamos arranjar uma solução. O tempo, indiferente, ia passando e com ele as motas saíam para a etapa. Disse que seguissem, que para apeado basta um. Despedem-se com palavras de encorajamento, para não me deixar perder o foco. — Não te preocupes, vais conseguir arranjar alguém que te safe. Isto é Marrocos. Vai ser «às três pancadas», mas uma solução revelar-se-á. A proximidade de Tinghir — uma cidade grande — era uma possibilidade e, se não aí, em Erfoud. Decido arriscar partir a corrente, adiando um eventual convite para o reboque participar na peça.

Quexe quexe

Deixei o carro da assistência seguir-me a caminho de Erfoud, onde pretendia chegar o mais cedo possível. Lento, mas de passo certo, entrei na cidade. Aqui começa a maior e melhor aventura do dia. Lanço-me ao desafio imediato — encontrar uma oficina. Encontro uma onde, à porta, dois Land Cruiser recolhiam a atenção dos mecânicos. — Bonjour! Moto mécanique — arrisco, em francês, parando em frente aos jipes — je necessite un moto mécanique. Aponto para a cremalheira, arrancando-lhes uma sequência de acenos. Dizem-se coisas que nenhum percebe. — Français? Espagnol? — pergunta-me um. — Je suis Portugais. — respondo, reforçando — Portugal. — Aaahh! — solta, prolongando o

pág. Anterior: Topo: Quando África se começa a agigantar à tua volta (@Ligação para Midelt) Base: O pôr-do-sol nas dunas depois de um dia em cheio. (@Kasbah Marabout)

pág. Seguinte: Topo esquerda: Em marcha lenta a caminho de Erfoud. (@Erfoud) Topo direita: Os sinais estavam lá. Os dentes, não. (@Dades) Base: Por vezes é preciso parar e apreciar — não é todos os dias que se está aqui. (@Ligação para Midelt)

Marrocos

21


Raio-X BMW G650X Challenge (2007) edição “BTC—João Nunes” 5

4 1

12 19

18

2

7 11

10

14

6

13

3

8

9

16 15

17

1 Frente Rally Aranha e carenagem Touratech

6 Guarda-lamas Guarda-lamas alto da Acerbis

11 Banco Refeito com gel

16 Protecção de radiador Em alumínio (Touratech)

2 Luzes Xénon — médios e máximos

7 Direcção Amortecedor de direcção e mesa Scott. Elevadores de guiador Touratech

12 Protecção de mãos Guarda-mãos Acerbis Rally Pro

17 Selector de mudanças Pedal de mudanças ajustável Touratech

13 Sub-quadro Em aço da Touratech

18 Escape Escape e coletor Leo Vince

14 Suportes de malas Touratech, com sacos da Enduristan.

19 Saco de depósito Adaptação de saco de ferramentas para BTT.

3 Depósito de gasolina Frontal de grande capacidade Touratech 4 IMO IMO e controlos Touratech 5 Leitor de Roadbook Eléctrico com controlos Touratech

«Que mota é esta?» Esta é a pergunta mais frequente. Fui um leitor ávido das crónicas Sibersky Extreme no ADVRider, do Sir Walter Colebatch, feitas com duas motas destas. Produzida pela BMW durante apenas 4 anos (2006—2009), é compreensível ser difícil

8 Suspensão dianteira Kit com molas progressivas Hyperpro ajustáveis 9 Amortecedor traseiro Ohlins ajustável 10 Filtro de ar Filtro e pré-filtro de ar Unifilter

identificá-la. A G650X Challenge é uma monocilíndrica com motor Rotax (50 cv). É uma unidade económica e muito fiável. O aspecto que a minha tem hoje pouco revela como saíu da fábrica, com uma panóplia de extras. Acredito que a transformaram nesta grande máquina de

15 Protecção de cárter Em alumínio da Touratech

viagem. E foi nesta aventura em Marrocos que a senti «em casa» pela primeira vez. Toda a preparação das suspensões foi feita a pensar nas pistas rápidas de Marrocos, na capacidade de absorver e de ler o terreno sem perder velocidade. Com pouco menos de 180 kg — distribuídos de forma muito

equilibrada — está no seu meio a rolar nas secções mais lentas e técnicas de muita pedra, sendo muito fácil de levar na areia. A autonomia de combustível — acima dos 400 km — é superada apenas pela autonomia de algumas das maxi-trails dos companheiros de viagem. Marrocos

23


Raio-X Triumph Tiger 800 XR (2014) edição “Extremo Ocidental” 7

5

1 4 2 9 10 8

3

6

1 GPS Garmin, modelo Zumo 590, para moto, com «software» de mapas e planeamento BaseCamp. 2 Saco de depósito Giant Loop Diablo Pro, com capacidade de 4 L e sistema de passagem de cabos, para carregamento de dispositivos electrónicos em andamento.

3 Malas laterais Triumph Expedition, de alumínio, pretas, de 37 litros. 4 Saco estanque Touratech Adventure Dry Bag, preto, de 49 litros. 5 Campismo Tenda Nemo Morpho Elite 2 pessoas, cadeira Helinox, colchão insuflável Therma-rest, saco-cama Vango Planet.

A Tiger 800 é uma moto suave, fácil de manobrar e confortável em viagem. Antes de a comprar, tive uma BMW F800R, que troquei quase nova, porque lhe faltavam as características de «viajante». A protecção contra o vento era quase nula, a posição de condução, cansativa. A passagem para a Triumph exigiu algum esforço de adaptação, habituado que estava a motos de estrada, não a big trails. As impressões negativas iniciais foram o menor binário do motor da Triumph, que apesar dos seus 95 cv, não oferece a força e a resposta em baixas rotações do bicilíndrico da BMW. Com o tempo,

38

6 cárter Protecção de cárter Triumph de origem.

9 Guiador Extensores de altura Rox de 3,5”.

7 Pára-brisas Modelo elevado da Triumph, com altura regulável.

10 Punhos Punhos aquecidos da Triumph.

8 Banco Modelo baixo em gel, da Triumph.

porém, isso revelou-se uma vantagem. O tricilíndrico da Tiger permite uma condução em dois registos diferentes — numa atitude mais desportiva, que exige puxar o motor a rotações mais elevadas, a performance é suficiente para muitos quilómetros de emoção. Mas se optarmos por um ritmo de passeio, a moto é muito suave, sem qualquer vibração, irrepreensível em termos de conforto. Para isto ser possível, foi necessário introduzir duas alterações importantes — o banco mais baixo, para que com 1,75 m pudesse apoiar os dois pés completamente no chão, e os extensores no guiador. Sem

estes, a posição de condução ligeiramente inclinada para a frente causava-me dores lombares após uma hora de estrada. Mas bastou a aplicação dos Rox de 3,5” para a posição ser perfeita. A Triumph Tiger 800 não será a moto ideal para aventuras extremas de todoo-terreno. Isso não é problema para mim, porque o que pretendo é viajar, por estradas asfaltadas ou de terra, atravessar cidades de ruas estreitas, íngremes e esburacadas, conduzir à chuva, à noite, durante longas horas por auto-estrada. Para tudo isso, a Tiger é uma companheira fiável e insubstituível.


espanha Caminha 0 0 0 0 0 km

1

Bragança

Fecha-se os olhos e consegue ver-se as danças no salão do Casino Afifense, mesmo à distância de um século.

Afife

1

Viana do Castelo

Vila Real 2

Vila do Conde

2

Há uma capela que desapareceu e, com ela, as orações. Os Benguiados sentem-se perdidos em Vila do Conde.

Porto Portugal

3 3

Aqui começou uma relação forte — Paulo conheceu a praia de S. Jacinto.

Aveiro

Viseu

São Jacinto

4 A verdadeira cidade-praia de Portugal — terão os Portugueses nas praias o seu modo de vida contemporâneo? Será esse o estilo de vida, num País onde apenas um terço vive fora do litoral?

Coimbra

Figueira da Foz 4

Vieira de Leiria

5 Nas suas tarefas diárias inclui-se apanhar gaivotas mortas. Como se bastasse esse facto singular, é também a única habitante das Berlengas. No Inverno da ilha deposita as suas esperanças de cura para o desgosto recente da perda de um filho.

Portalegre

5 Berlengas Peniche 6

6

Santa Cruz

A Nacional 247, “longe do artifício da rota turística”, torna-se extasiante, em “curvas, loopings e outros movimentos de gaivota”. Assim vê Paulo a meia centena de quilómetros que ligam Peniche à Ericeira, que lhe relembra as escolha acertada em fazer esta viagem de mota.

Portugal Ericeira

Caparica

O campismo havia sido, até à Costa da Caparica, a forma de eleição para passar as noites. Contudo, aqui, neste ambiente peculiar, o sinistro habita. “De entre as sete mil pessoas no parque de campismo, eu era a único campista.”, lembra Paulo, acossado e tratado como intruso.

9 As ilhas para os algarvios são muitas mais que um mapa revela, ganhando diferentes nomes para uma mesma língua de terra — Armona e Fuseta, do Farol e da Culatra.

Évora

7

7

Beja 8 Amor livre — esta é a Constituição da pequena aldeia de Tamera, num Alentejo antigo de aroma a trigo. “Paraíso em Construção” chamam os tamerianos ao local onde o próprio lago é livre, cabendo-lhe a ele definir a sua forma, o seu caminho.

8

Tamera

Montegordo 1 0 0 0 0 km Ria Formosa

Sagres

9

37


Raio-X Triumph Explorer 1200 XCx (2016) Em controlo A electrónica e computação são dos elementos melhor desenvolvidos neste modelo da Triumph. Neste vídeo percorrem-se as várias opções.

1 6

5 4 10

8

7

9

2

3

1 Pára-brisas Regulável em altura, com o comando electrónico accionável no punho. 2 Jantes Jantes de raios (alumínio na versão XR). 3 Cárter Protecção de alumínio.

e fonte de Santo Apolinário vai-se a pé, como o fazem na romaria que carrega todos os anos o andor até à capela na aldeia. Ao longo do caminho empedrado, pago com o suor dos emigrantes devotos, encontramos o ocasional altar ao Santo. Os estilos e escolhas de materiais são únicos, mais um reflexo dos gostos pessoais que de um artista de arte

4 protecção de punhos Em plástico maleável. 5 punhos aquecidos Com duas regulações de intensidade. 6 «Cruise control»

7 barras de protecção Barras metálicas rígidas de protecção do motor.

8 Suporte malas O sistema de suporte para as malas laterais não é exuberante, passando disfarçado. 9 motor 3 cilindros de 400 cc cada. 10 Depósito Depósito metálico permitindo utilizar sacos com fixação magnética.

sacra contratado pela Paróquia. O Sol acabara de se deitar por detrás do monte da Senhora... do Monte. Nas traseiras da ermida, cá em baixo, reina o rebuliço da miudagem. Reencontramos a aldeia junto da fonte, novos e velhos, e um grupo de mulheres. Procuram a água que se diz ser fonte de juventude, que tudo cura. «Água Não Controlada», diz a

placa. Assumimos a irreverência, rejeitando o despacho da junta e abraçando a crença num gole fresco de água.

Bôlas tontas e folares

O dia seguinte podia ter começado mais cedo, admitimos com algum embaraço. — Às cinco da manhã — era a Serra da Estrela e Alto Douro

45


Duas centenas de quilómetros percorridas entre as vinhas, pelos vales estreitos dos muitos pequenos

afluentes do Douro. A oferta de oções é avassaladora, entre cumeadas e estradas que ondulam nos meandros do Douro.

Rio Sabor Foz do Sabor

N220

3

Torre de Moncorvo

2 N221 Rio Douro

Pocinho

Espanha Rio Douro

Rio Douro Portugal N102

Parque Arqueológico Foz Côa Urros

4 Vila Nova de Foz Côa

N325 Freixo-deEspada-à-Cinta

Ligares

Rio Douro

Estação ferroviária de Almendra 5

N222

7 Penedo Durão

N221 Barca D’Alva

Castelo Melhor

1

6

Rio Côa

1 Desde Barca D’Alva, a N221 faz-se em curvas rápidas, a ver Espanha na outra margem do Douro. O piso e a vista são excelentes. Está na altura de endurecer a suspensão e baixar o pára-brisas.

Almendra

2 Passeia-se entre as ruas de Torre de Moncorvo enquanto se procura o restaurante O Lagar. Encontramo-lo, mas fechado para um evento. Posta mirandesa — adiada.

algumas. Juntamos duas aos pães quentes e ainda ficamos a olhar para os pães doces da Páscoa, para os saudosos da Quaresma. Descemos ao jardim da casa para o pequeno-almoço. A Primavera deu ao pequeno quintal ares de selva — suspeitamos que a mando do laranjal o qual assim esperava manter os frutos longe da cobiça gulosa matinal. Falharam no intento e — num requinte de malvadez nossa — acabamos a emborcar o doce sumo de laranja à sua frente, debaixo da

3 Remediamo-nos deliciosamente na Foz do Sabor com peixinhos fritos num pequeno café.

4 No café do Parque Arqueológico a vista sobre o Douro — onde o Côa se lhe junta — é inspiradora. Só prova que os dinossáurios eram exímios a escolher a sua casa.

sombra da amendoeira, agora já sem flor passada a altura em que estão mais exuberantes. Atiramos olhares aos figos na esperança que, de cada vez, eles amadurecessem mais rápido.

Ver a lua na Senhora do Monte Ernesto e Aurora trazem os chouriços, roubados do sequeiro onde fumavam. Estão mornos, sem escaldar. Já é tarde, demasiado, temíamos, com receio de acordarmos quem precisa de se levantar cedo para cuidar

6

5 Apesar de desactivada, ainda vemos o barco no pequeno ancoradouro da estação de Almendra. Era então a única forma de atravessar o rio em muitos quilómetros.

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Atalhamos pelos caminhos de terra para regressar a Barca D’Alva. Voltamos a sair da estrada para seguir a cumeada numa opção panorâmica até o Penedo Durão onde os grifos dançam nas correntes de ar quente.

dos campos. Deixamo-nos ficar embalados na hospitalidade que apenas deixa de fora os sete gatos de rua. O jantar tornara-se ceia, enquanto os ponteiros se espreguiçam para chegar ao 12, lá no alto. Despedimo-nos. O dia de Ernesto vai começar cedo — às cinco da manhã percorre as estreitas estradas no seu tractor. — Vamos até à Senhora do Monte? — desafia-nos Carlos, indiferente ao adiantado da hora. A mesma natureza irrequieta que o leva de mota Até ao Fim do Mundo contagia-nos. Serra da Estrela e Alto Douro

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Em viagem

Para além da

Taprobana Sri Lanka, Ceilão, Taprobana — são muitos os nomes da ilha que, se pudesse esticar os seus dedos, tocaria na Índia. Miguel Casimiro

E pág. seguinte: O imponente catamarã de madeira, embarcação típica do sudeste asiático, permanece inalterado ao longo dos séculos. Ao fundo, os pescadores insistem na tarefa dura de trazer a pesada rede para terra. (@Negombo)

pág. seguinte: O grupo alinha-se para a aventura, agora com as motos. (@Negombo)

ste novo ano, teria de ter a sua aventura e a escolha adivinhava-se difícil — para onde ir? São os países exóticos com forte presença histórica Portuguesa que mais me entusiasmam. No mapa mundi saltaram à vista uma mão cheia — Gana, Índia, Sri Lanka. Sri Lanka... o nosso imaginário pulula de histórias de navegadores, descobertas de novos mundos, especiarias e dos feitos dos valentes portugueses que os livros da escola da nossa infância nos ensinavam. Há algo nos nomes que a própria conheceu — Ilha Resplandescente, Terra dos Leões, Ilha do Rei Rawana. As armas e os barões assinalados, Que da ocidental praia Lusitana, Por mares nunca de antes navegados, Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados, Mais do que prometia a força humana, E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram; Crescemos com estas palavras, escolhidas por Luiz de Camões com critério e intenção, onde cada uma vive para lá de si mesma nos significados que desenham. Assim abre os

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Lusíadas no Canto I, acentuando a distância entre a Lusitânia e Ceilão, servindo como prova da audácia dos nossos navegadores. Não bastasse a história da presença lusitana, uma pesquisa sumária revela paisagens deslumbrantes, praias de areia branca, vastas plantações de chá e uma cultura de coexistência pacífica de múltiplas etnias e religiões. É uma ilha com pedigree — 3000 anos de civilizações. A decisão, antecipada complicada ao início, tornou-se fácil. Há quem goste de viajar sozinho. Eu gosto da alegria da partilha da viagem de moto em grupo. A pendura do costume fica em terra — pequeno viajante a caminho. Joe, Ricardo e Renato, companheiros de aventuras anteriores, num ápice aceitam o desafio. Escolhido o destino, precisava da mota — um veículo robusto, de baixo consumo e que permita transportar a bagagem pessoal. Sendo o Sri Lanka uma ilha e do tamanho de metade de Portugal, a pesquisa é breve. Seleccionamos uma empresa de aluguer com Honda XR 250 Baja, que assenta que nem uma luva. O aluguer, para onze dias — com seguro contra todos os riscos incluído — custaria 193 euros.

A operadora Pick & Go Travels em Negombo oferece uma gama moderna de opções variada, incluindo Yamaha XT, Honda Dominator, Royal Enfield, entre outras mais citadinas, mas igualmente aptas para a viagem. Esta é apenas uma de muitas empresas que alugam viaturas, oferecendo valores e opções semelhantes.


Sri Lanka

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Em viagem Canal de vídeo Mr. Mota Eastbound Na série de pequenos filmes que o Pedro prepara e publica no seu canal de YouTube, este é sobre a Albânia.

Bliss* * “Bem-aventurança”, do Inglês

Pedro aventura-se no norte da Albânia, no caminho para a capital Tirana, vindo do Montenegro. Pedro Marques

C

Na edição «Primavera 2016» da TREVL, apresentámos o Pedro e a sua viagem à volta do mundo na capaz e trabalhadora Honda Transalp de 1991. Hoje, quando escrevemos estas linhas, está na Nova Zelândia, mas essa fica para próximas edições da TREVL.

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om um afundar característico da suspensão dianteira, a mota imobiliza-se. Enquanto recupera, procuro o descanso lateral com a bota esquerda, fazendo uso de uma familiaridade desconcertante. Deixo-a tombar sobre a esquerda e, já com o pé bem firme na erva húmida, alço a perna direita sobre o assento. De pé, solto a correia do capacete, tirando-o. Silêncio. Um após outro, tiro os tampões de ouvidos, procurando concentrar-me e escutar tudo à minha volta. Nada, ainda. Apenas o som maravilhoso do silêncio. Aos poucos — como quando os olhos se habituam à fraca luz da noite depois de desligadas as luzes artificiais — começam os sons a chegar. Primeiro, o som da água em queda numa cascata próxima, e depois o borbulhar do riacho. Com um grande sorriso e uma plena e intensa satisfação observo o que me envolve, respeitando a quietude, procurando não fazer barulho. Este isolamento abençoado, procuro-o todo para mim. Este desvio, este local — é por isto que decidi viajar de moto pelo mundo. O dia já ia longo, percorrida a Sérvia de

pág. Seguinte: Topo: O acampamento, simples, começa a tomar forma.

norte para sul e atravessadas as montanhas nevadas do vizinho Montenegro, quando chego a Vermosh-Guci, o pequeno posto fronteiriço no norte da Albânia. O oficial da alfândega parece viver sozinho nesta relativamente remota área. Através da vidraça da casa entrevejo o beliche disputando o espaço do escritório da Aduana. Sem computadores, o meu nome e a informação do passaporte são escritos nas folhas do livro de registo. Não parece haver muita gente a utilizar esta fronteira. Cumpridas as formalidades, o mesmo oficial dirige-se lá fora para levantar a cancela, enquanto me acena para a entrada na Albânia. Tivera ainda oportunidade de decifrar no seu inglês rudimentar que me esperava um troço breve de terra batida, seguido de uma estrada pavimentada que me levaria até perto do lago Skadar. Contudo, cedo o asfalto se torna em gravilha, regressando alguns quilómetros mais à frente, seguido por uma antiga ponte de ferro. O pavimento é de madeira, cedendo aqui e acolá. Os buracos são preenchidos com pedra. Parece evidente que o rio transborda, submergindo a ponte durante o degelo que agiganta as enxurradas nascidas nas montanhas.

Base esquerda: Amanhã, esperam-me as estradas lamacentas num dia de chuva. Mas isso é só amanhã. Base direita: O vale vai surgindo e escondendo-se em cada meandro do rio Cem. pág. Seguinte: Topo e centro: Os cumes nevados lembram o Inverno próximo ainda. Base: O primeiro contacto mais sério com pisos mais desafiantes, aprendendo em cada quilómetro a pilotar na gravilha e pedra.

última pág.: A antiga ponte de ferro mostra sinais de fatiga, nos muitos abatimentos das pranchas de madeira que fazem o chão, onde os buracos se remedeiam com pedras.


Bósnia e herzegovina

1

Montenegro

Plav (Montenegro) 0 0 0 0 0 km

Dubrovnkik (HR)

Kosovo Croácia Leqet et hotit

Fronteira Vermosh-Guci 2 0 0 0 8 0 km

Lago Skadar

1 Para trás ficavam as montanhas nevadas do vizinho Montenegro e a Sérvia, atravessada num único dia.

Albânia

Mar Adriático

2 A sul de Tamare, encontro o rio Cem (Civejna) que nasce e com ele sigo, até que os caminhos se separam perto de Grabom.

Macedonia (FYROM)

Tirana Durres

Korçe

Vlore

Sarande

Albânia População: 3 milhões Área: 28 748 km2 (1/4 Portugal) Religião: Muçulmano (62 %) Católico (15 %) HDI: 85º mundial (Portugal: 41º) Moeda: Lek (ALL) 1 € ~ 139 leks Hora: GMT + 1:00

Grécia

Grécia

Corfu (GR)

Albânia

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ficam gravados de forma indelével. O impacto que tiveram em mim encoraja-me a partilhar dois, em particular. São de naturezas distintas, um mais intimista e próximo das pessoas, inesperado. Outro porque fala dos imprevistos mecânicos ou climáticos de uma aventura de mota num subcontinente tão diverso como é a América do Sul.

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Nas águas doces do Uruguai

Há muitas formas de sermos surpreendidos. Uma delas resulta da espontaneidade de um povo em acolher desconhecidos. O desconhecido sou eu — o povo, Uruguaio. Na costa do Uruguai tomara o desvio até ao Cabo Polónio, perto do qual

encontramos uma pequena vila. Não tem electricidade, nem internet, metáfora ideal para me desligar por uns dias. Aqui, tudo é envolvido no parque natural, mas para nos adentrarmos nele, apenas o podemos fazer recorrendo aos veículos geridos pelo SNAP (Sistema Nacional de Áreas Protegidas) do Uruguai.


A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos não é o que vemos, senão o que somos. Fernando Pessoa

Cheguei cedo demais para o próximo camião todo-o-terreno que me levaria através dos 11 km de dunas que terminam no cabo. Decido fazer uso do tempo subindo para norte até às povoações de Valizas e Aguas Dulces. O céu enegrecia e pairava no ar aquela sensação que estava iminente a chuva, e que seria forte.

As ruas de Valizas fazem-se de casas de madeira e ruas de terra. É pequena a povoação e rapidamente cheguei ao mar. Humilde, a vila tem neste a sua única atracção turística. A não ser que sejamos Portugueses. Aqui, junto da praia, um padrão em pedra marcava onde terminava – ou começava, dependendo se vimos de

norte ou sul — o império português. Hoje está num museu uruguaio para lhe ser devolvida a dignidade que merece, num restauro e enquadramento. Encontrei poucas referências a ele, para lá duma placa no local. Percorrendo a avenida principal de Aguas Dulces chego à marginal. Uruguai, Argentina, Chile

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