TREVL 18 "Primavera 2019" — sample/amostra

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Abertura O dia mais duro.. de Mueda a Negomane. 17 horas de martírio no Norte de Moçambique. (@Moçambique)

De seguida foi tomar a estrada até ao destino do dia, Pemba, magnífica estância balnear onde nos esperava mais um português, o Cazé, que gere uma organização que ajuda as muitas crianças necessitadas do Norte do território. A Helpo ofereceu as suas instalações para pernoitarmos, não antes de jantar num restaurante de mais um português que tinha abandonado o negócio imobiliário em Lisboa para se instalar neste belo local.

Pemba — Mueda

Mueda — Fronteira Tanzânia Dia 7 — 192 km

Descobre aqui a banda sonora sugerida pelos viajantes para leres as suas histórias.

Foi sem dúvida a etapa mais violenta de toda a viagem para homens e máquinas. A cada quilómetro que passava as minhas costelas queixavam-se da queda do dia anterior. Como se não bastasse, a mota continuava a recusar-se a pegar e fizemos uma troca de baterias entre a minha mota e a do Pedro e que, miraculosamente, foi resultando durante um dia em que as quedas se foram sucedendo, pois as motas com aquele peso todo tornavam-se praticamente inguiáveis naquele terreno traiçoeiro de areias e lamas sem fim. A noite acabou mesmo por cair sem termos atingido o objectivo. A uma dada altura fomos ajudados durante os últimos 25 km por dois rapazitos que — imagine-se — àquela hora se faziam transportar em duas bicicletas naquele caminho infernal. Assim, a muito custo lá chegamos a Negomane, completamente extenuados e não havendo qualquer sítio para dormir abrigados, foi mesmo em cima das motas que tivemos que pernoitar. Uma dura experiência, após aquela estrada do outro mundo.

Negomane — Masasi, Tanzânia Dia 8 — 140 km

As formalidades nesta primeira fronteira

60

Masasi — Dar Es Salaam Dia 9 —597 km

Dia 6 — 360 km

Dia difícil este, com a minha mota a recusar-se a pegar após alguns quilómetros, obrigando o Pedro a rebocar-me, e que culminou numa violenta queda minha, da qual saí aparentemente com algumas costelas bem maltratadas tendo decidido então parar em Mueda, terra tristemente célebre por massacres perpetrados durante a Guerra Colonial. Comprámos uma bateria nova, certos porém que o problema não ficaria resolvido por aí o que acabou por se revelar verdadeiro no dia seguinte. Após alguns analgésicos já me sentia melhor e era tempo de descansar para preparar o dia seguinte.

Banda Sonora

correram bastante bem e, tanto do lado moçambicano como do tanzaniano, ninguém nos causou problemas. Como o cansaço era muito, ficamos logo na primeira localidade, Masasi, onde pudemos encontrar um multibanco, um hotelzito de gente simpático, lavar as roupas e as motas e tentar esquecer aquele inferno do dia anterior e, claro colocar a primeira bandeira nas mala das motas.

Dia magnífico sem percalços, com boas estradas a conduzir-nos por entre extensos palmeirais e com oportunidade também para revermos o oceano Índico. Estradas cheias de gente com destaque para as coloridas vestes das mulheres tanzanianas. A nossa estadia na capital foi muito boa, pois tivemos ajuda de um amigo, o Manecas, que em muito ajudou e que nos levou a jantar a uma magnífica esplanada junto ao mar num puro ambiente de noite tropical.

Dar Es Salaam — Arusha Dia 10 — 642 km

A saída das capitais africanas nunca se revelou muito fácil e Dar Es Salaam não foi excepção, mas lá conseguimos encontrar o caminho e seguimos por boas estradas rodeadas de plantações de ananás e montanhas incríveis como pano de fundo até ladearmos o famoso Kilimanjaro com as suas neves eternas, antes de atingir Arusha, onde reinava uma enorme confusão de trânsito. Aí, mais uma vez, tivemos ajuda de um primo de um contacto meu tanzaniano, o Shabbir, um simpático muçulmano que inclusive fez questão de nos pagar o hotel.

Arusha — Nairobi, Quénia Dia 11 — 273 km

Arrancamos bem cedo, pois, para além das formalidades que desconhecíamos na fronteira com o Quénia, ainda queríamos ter oportunidade de vislumbrar e fotografar o gigante da savana — o monte Kilimanjaro — do lado norte, o que se revelou impossível devido ao intenso nevoeiro. A fronteira com o Quénia não foi muito difícil de transpor. Apresentava um edifício moderno e a sensação de estarmos num país bem mais desenvolvido do que os que tínhamos passado até então. E assim continuou com uma belíssima estrada a ligar a fronteira a Nairobi, onde no fim do almoço numa estação de serviço, provamos um café delicioso, fazendo jus à fama mundial que o assiste.


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