Passeio pelos
Parques João Rebelo Martins (TREVLer)
C
omo nas refeições preparadas pelos grandes chefes, há sempre um prato principal. As entradas e a sobremesa, assim como os vinhos e os tira-sabores, são complementos que tornam as criações divinais porque olfacto e palato estão absorvidos e predispostos a ter uma experiência. Com três dias de viagem pela frente, montado na Honda Africa Twin, preparei dois pratos principais, ao qual juntei tudo o resto, digno de figurar num qualquer guia com
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estrelas Michelin. Fafe foi o local onde disse adeus à auto-estrada e iniciei o «Road to National Parks» — Queimadela, Várzea Cova, Gontim, Aboim, a música dos WRC e R5 ecoa nos meus ouvidos, ao passar em estradas de asfalto que cruzam a terra e onde sei que se salta, que se atalha, por 1001 incursões pelas terras da gente dos ralis. Descer para Vieira do Minho, pelo Ermal, ver o rio Ave como um fiozinho de água límpida que se perde na montanha e transformar-se — como um super-herói — numa massa enorme de água, local de recreio
de milhares de pessoas nos dias quentes de Verão. Tudo a grande velocidade, com os Creedence a saírem-me da boca, a cantarolar abafado pelo capacete, enquanto me divirto a subir e descer, acelerar e trocar de caixa a ouvir o ruído metálico — como se de um punção se tratasse — a reduzir e a ouvir os ratéres tão característicos. Cheguei a Vieira do Minho e, certamente, tinha um sorriso nos lábios — estava de volta às viagens, ao prazer de conduzir uma big trail até ao Sol se pôr por aí algures. De