01 julho 2011

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Raid Ilha Azul juntou 60 atletas nos trilhos do Faial PÁGINA 10

Tribuna das Ilhas

DIRECTOR: MANUEL CRISTIANO BEM 4 NÚMERO: 473

Ta x a s moderadoras enTram hoje em vigor na região PÁGINA O2

01.Julho.2o11

SAI àS SextAS-FeIRAS

1 euro

Reis & MaRtins, Lda

preservar espólio para manTer viva a hisTória

na comemoração do 30.º aniversário

saúde financeira é prioridade do cedrense

PÁGINA 11

g A vida das gentes do Faial é marcada pela sua história, nomeadamente

pelo facto de, nas décadas de 40, 50, 60, 70 e 80, terem sido autênticos “heróis do mar”, com a epopeia de caça à baleia. 30 anos depois da actividade ter sido proibida, o OMA está a inventariar o espólio da PÁGINA O7 Reis & Martins, Lda para que a nossa história não se perca.


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em deSTaque

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edITORIaL

PlAtAFoRmAS do mAl… g Este título traduz a expressão de um comerciante local perante o reavivar deste insólito caso, agora por parte da câmara de comércio e Indústria dos Açores (ccIA), pretendendo justificar, através de um estudo, a injustificável implantação das plataformas logísticas, em Ponta Delgada e na Praia da Vitória, para a recepção e distribuição no arquipélago das cargas movimentadas por via marítima. E o nosso interlocutor acrescentava que era urgente manifestar por todos os meios, aqui e nas outras parcelas açorianas altamente lesadas por esse nocivo sistema, um forte protesto contra tal imposição, cujo conteúdo tem sido muito contestado com argumentos nunca rebatidos. Em boa verdade, desde a opinião de reconhecidos peritos vinda a público nesta matéria do transporte de cargas por mar, desde os depoimentos e declarações de variadas e competentes pessoas ligadas ao sector e que se ouviram aqui, no Faial, em sessões promovidas para debater o assunto, desde a “confissão” dos técnicos da empresa que veio à cidade da Horta apresentar o estudo sobre o “ordenamento do território” – com um capítulo final relativo às plataformas – os quais acabaram por reconhecer, com toda a clareza, os grandes inconvenientes e situações negativas que as ditas plataformas trariam para as outras ilhas e suas populações… tudo isso foi contrário a tão insensata ideia, a que se junta a posição assumida pelas empresas de transporte marítimo de cargas que operam entre o continente e os Açores e que rejeitam esse sistema e pretendem continuar a levar as cargas, em directo, a todas as ilhas. É, pois, um caso de teimosia, arrogância e pretensa exploração das ilhas menos populosas este projecto das plataformas logísticas que, segundo se diz por estes lados, se destina a satisfazer certos “lóbis”, que se deviam envergonhar dos seus planos e ambições afectarem os justos interesses de outras comunidades açorianas, minorando as suas condições de vida. Assim sendo, voltamos ao comerciante local, que levantava dúvidas sobre a autonomia que temos, em que está sendo traída a intenção do desenvolvimento “harmónico” entre todas as ilhas. E rematava, dizendo que este grave assunto tinha de ser levado por instituições e grupos de cidadãos destas ilhas às instâncias superiores do país e retratado nas páginas dos jornais nacionais. Por fim, somos nós a afirmar que não damos o mínimo crédito ao estudo agora apresentado pela ccIA. É que este tema já tem história de rejeição com opiniões altamente credíveis. Quanto ao organismo promotor do referido estudo e participante no projecto, parece que não se incomoda com os malefícios consequentes para o comércio e gentes da área da sua parceira e associada, a ccIH.

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Saúde

Açorianos começam hoje a pagar taxas moderadoras A partir de hoje, uma ida à urgência, uma consulta no Hospital ou no Centro de Saúde, uma sessão de fisioterapia ou a realização de análises clínicas passam a pesar no bolso dos açorianos. Até agora o Serviço Regional de Saúde estava isento de taxas moderadoras, ao contrário do que acontecia no Continente e na Madeira, mas a partir de hoje elas passam também a ser aplicadas nos Açores. A sua introdução causou alguma controvérsia: a oposição lembra ao actual Governo que a isenção na Região era uma das suas bandeiras no que ao socialismo diz respeito, e especula que taxas moderadoras na Saúde podem ser um sinal de que as finanças públicas açorianas estão doentes. O Governo contrapõe com as dificuldades económicas actuais, e garante que a receita das taxas moderadoras servirá para financiar o Centro de Radioterapia dos Açores.

Marla Pinheiro g Na passada terça-feira foi oficializada através da publicação de um Decreto Regulamentar Regional a aplicação de taxas moderadoras sobre os cuidados de saúde prestados nos Açores, que entra em vigor já hoje, dia 1 de Julho. A decisão, anunciada há alguns meses pelo Governo de Carlos César, causa forte contestação por parte da oposição. Na sessão plenária de Maio passado da Assembleia Regional, o PSD lembrou que o actual Executivo sempre recusou a aplicação das taxas, e nesse sentido os social-democratas entendem que esta decisão pode ser interpretada como um sinal de fraqueza das finanças regionais, posição partilhada pelo CDS-PP. Os partidos de esquerda com assento parlamentar também têm criticado vee-

[SOBE]

mentemente a introdução de taxas moderadoras na Região. Para PCP e BE, tratase de uma “machadada” no socialismo, sendo uma medida que irá contribuir na prática para a existência de dois sistemas de saúde, um para aqueles que podem pagar e outro para os que não podem. Da parte do Governo, Carlos César garante que as taxas moderadoras servirão para financiar o Centro de Radioterapia dos Açores, onde se poderão tratar muitos doentes oncológicos da Região, que de outra forma teriam de deslocar-se ao exterior para obter tratamento. No Decreto que regulamenta a aplicação das taxas, o presidente do Governo dos Açores chama a atenção para “o período particularmente exigente, bem expresso no recente pedido de ajuda externa efectuado pelo Estado Português”, que entende constituir “um sério desafio ao desempenho orçamental do Estado e, por consequência, da Região Autónoma”. Por isso, César explica que “a consolidação orçamental no sector da saúde obriga a que se tomem medidas promotoras da utilização eficiente dos recursos e da diminuição da despesa”. Com a criação das taxas moderadoras, o utente passa a comparticipar o preço dos serviços prestados pelas unidades de saúde da Região. De acordo com o referido Decreto, a aplicação destas taxas visa

“moderar a procura pelos serviços de saúde, combatendo a sua má utilização e promovendo a optimização dos recursos”.

EM qUE SERvIçOS vãO SER APLICADAS TAxAS MODERADORAS? Para já, as taxas moderadoras na Região serão aplicadas nas idas às urgências, nas consultas, nas sessões de fisioterapia e nas análises clínicas. Nestas últimas, o valor aplicado é o mesmo que vigora no resto do país. São valores aplicados a cada parâmetro analisado que podem ir de 0,25€ a 1,10€. Por exemplo, uma análise aos valores ácido úrico custará 0,40€, enquanto que ao colesterol de HDL custará 0,60€. Numas análises de química clínica de rotina, o valor a pagar pelos vários parâmetros analisados poderá ultrapassar os 7€. Nos restantes serviços as taxas moderadoras a aplicar nos Açores serão inferiores aos valores em vigor no resto do país. Enquanto que uma ida à urgência num hospital no Continente ou na Madeira pode custar 9,60€, na Região uma urgência hospitalar não vai além dos 6€.

qUEM PAGA MENOS E qUEM ESTÁ ISENTO? Os utentes com idade igual ou superior

&

a 65 anos têm direito a uma redução de 50% no valor das taxas moderadoras. Para tal, terão de apresentar um documento de identificação. No que diz respeito aos utentes que ficam totalmente isentos do pagamento, as condições para a isenção são as mesmas estabelecidas na legislação nacional. Trata-se de uma faixa considerável da população, que engloba grávidas e parturientes, crianças até aos 12 anos, pensionistas com rendimentos inferiores ao salário mínimo, beneficiários do Rendimento Social de Inserção, desempregados, dadores de sangue, bombeiros, entre outros. Estes utentes terão de apresentar documentos comprovativos do motivo da isenção. Por exemplo, às crianças com menos de 12 anos basta a apresentação do cartão do cidadão (documento de identificação), enquanto que os bombeiros terão de apresentar uma declaração do Serviço Regional de Protecção Civil e Bombeiros. Neste momento, a Secretaria Regional da Saúde desenvolve uma campanha de informação sobre as taxas moderadoras na comunicação social da Região, na qual divulga todas as situações mediante as quais os utentes ficam isentos do seu pagamento, bem como os documentos que terão de apresentar para serem alvo da isenção.

[DEScE]

PRAIA DE PORTO-PIM

CONTRADIçÕES DA U.E.

g A praia de Porto-Pim, encravada na baía do mesmo nome, na zona-sul da cidade da Horta – zona, aliás, das mais pitorescas de toda a área urbana é sem dúvida uma das mais belas, calmas e seguras estâncias de banhos de mar do arquipélago, também valorizada pelas condições das suas areias e pela temperatura das suas águas. Uma praia onde as crianças da mais tenra idade podem brincar e aprender a nadar com toda a segurança. Porto-Pim ganhou uma “bandeira azul”, o que requer ainda maiores cuidados na sua manutenção. Bom prémio!

g como noticiámos, na sequência de uma denúncia de uma

deputada açoriana ao Parlamento Europeu, a União Europeia está a negociar com o Mercado comum sul-americano, formado pela Argentina, Brasil, Uruguai, Paraguai e Venezuela, um acordo de comércio livre que engloba o sector das carnes. Esse acordo, a concretizar-se, vai prejudicar fatalmente as nossas ilhas, no fornecimento de tal produto que, aliás, é reconhecido pela sua alta qualidade. Ninguém percebe, de facto, as políticas da U.E. em relação a certas áreas económicas. Negativo…!


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Pescado descarregado nos portos da Região aumenta em relação ao ano passado De acordo com dados do Serviço Regional de Estatística dos Açores, o mês de Maio trouxe um aumento muito significativo na quantidade de peixe descarregado na Região em relação a 2010. Em Maio de 2010 o peixe descarregado em toda a Região ultrapassava as 870 toneladas, enquanto que este ano esse valor ascende a quase 1305 mil toneladas. O aumento foi generalizado a todas as ilhas dos Açores. No Faial, de cerca de 77 toneladas descarregadas em Maio de 2010 passou-se para quase 104 toneladas em 2011. O total de pescado descarregado no porto da Horta no mês e Maio corresponde a cerca de 8% do total regional.

g

178.º aniversário da elevação da horta de Vila a Cidade

Com uma vivência ancestral a Horta conseguiu, desde os primórdios do povoamento, aglutinar um conjunto de influências que lhe conferiram uma identidade própria e à qual é indissociável a natureza do seu porto e a sua localização geográfica. Foi cidade em 1833 e continuou a crescer como porto de comércio, de estacionamento de frotas baleeiras e sobretudo em escala de navegação do Atlântico.

g A Horta comemora no próximo dia 4 de Julho 178 anos da elevação de vila a cidade. As comemorações terão início hoje, dia 1 de Julho, com a inauguração do Jardim Monsenhor Júlio da Rosa, no Bairro do Hospital, e estendem-se até 5 de Julho próximo. A marcar a passagem dos 178 anos da Horta estão as comemorações do Dia Nacional do Canadá nos Açores, cuja cerimónia evocativa terá lugar hoje, pelas 11h30, nos Paços do Concelho, com a presença do Cônsul Honorário do Canadá e do presidente da Associação Amizade AçoresCanadá. Para segunda-feira, dia de soprar as velas do bolo, está previsto o lançamento da nova marca comercial da Loja do

Triângulo no Mercado Municipal. Para assinalar a data vai ainda ser reaberta a galeria de retratos de personalidades no Salão Nobre. A sessão solene está marcada para as 20h30. A marcar o encerramento das comemorações está a inauguração do Pavilhão Desportivo de Castelo Branco, na próxima terça-feira, pelas 19h30. Importa ainda referir que, paralelamente decorrerão as tradicionais Festas do Mercado, com música tradicional, bailes, concertos e as habituais tasquinhas. As comemorações do Dia da Cidade apostaram também este ano num programa náutico, desenvolvido em colaboração com o Clube Naval da Horta, que contempla a Regata Internacional de Botes Baleeiros, este ano a realizar-se na Baía da Horta.

emISSãO fILaTéLIca “BORdadOS TRadIcIOnaIS PORTugueSeS”

“lenço bordado a palha” do Faial em selo g O “Lenço bordado a palha” típico do Faial, é uma das peças reproduzidas em selo, integrada na emissão filatélica “Bordados Tradicionais Portugueses”, que os CTT lançaram no dia 28 de Junho. A iniciativa homenageia a arte tradicional portuguesa do bordado, fortemente associada às identidades regionais do país, em particular ao sexo feminino. O selo, com o valor facial de 1 euro, tem por base uma peça da colecção do museu de Arte Popular, com foto da dupla Paulo Cintra/Laura Castro Caldas. A série, com design de Sofia Raposo, integra uma emissão de seis selos, com valores faciais entre os 0,32 e 1 euro, e ainda um bloco com um selo, com o preço de 1,75 euros.

[aconteceu] PACOTE DE COCAíNA ENCONTRADO NO AREAL DA PRAIA DO ALMOxARIFE g Um grupo de crianças que brincava no areal da Praia do Almoxarife encontrou ontem ao fim da tarde, um pacote contendo mais de um quilo de cocaína. Segundo Raimundo Dias, sub-comissário da Polícia de Segurança Pública da Horta, a droga, que estava devidamente acondicionada, terá dado à costa, provavelmente proveniente de alguma embarcação. O estupefaciente, que daria para cerca de 10 mil doses, foi descoberto por crianças que acharam estranho o volume e alertaram os pais, que de pronto contactaram as autoridades. Raimundo Dias destacou, em declarações aos jornalistas, a prontidão com que as pessoas alertaram as forças policiais, lamentando que o mesmo não tenha sucedido no passado, noutras ilhas, em que também foram descobertos pacotes de droga junto à costa. A PSP da Horta já deu conta da ocorrência à Polícia Judiciária, entidade a quem compete investigar casos de tráfico de estupefacientes. CARLOS GOULART E HUGO OLIvEIRA SãO NOvOS PRESIDENTES DOS ROTÁRIOS FAIALENSES g O movimento rotário faialense já elegeu os seus novos líderes para o ano rotário de 2011-2012, que tem como lema “conheça a si mesmo para envolver a humanidade”. Assim sendo, carlos Goulart sucede a luís Branco no Rotary e Hugo Oliveira substitui carlos Viveiros no Rotaract da Horta. AçORES EM LIvRO SOBRE MELHORES DESTINOS DE MERGULHO g Os Açores foram inseridos num livro de mergulho a ser publicado no dia 01 de Agosto para o mercado alemão intitulado Unter Wasser: 24 Tauchplätze, die jeder Taucher gesehen haben muss (Debaixo de Água: 24 lugares de mergulho que todos os mergulhadores devem conhecer). Os Açores encontram-se entre destinos de mergulho como Bali, Malásia, Maldivas, México e Madeira, sendo esta uma forma de consolidar a Região como um dos locais de qualidade para a prática da actividade no maior mercado de mergulhadores do mundo, a Alemanha. O autor do capítulo sobre os Açores, Michael Böhm, integrou uma das comitivas que visitou os Açores em Outubro de 2010, com jornalistas e operadores de mergulho que durante 15 dias visitaram as ilhas do Grupo central. Michael Böhm é fotojornalista e instrutor de mergulho, e escreve para revistas da especialidade, bem como para a revista alemão Focus on-line.

[vai acontecer] xIv ENCONTRO DE MÚSICA TRADICIONAL g A Terra Nostra de Vila Verde – Figueira da Foz e o Saca Sons de Zebreira, de Idanha a Nova, são os grupos convidados pelo Grupo de cantares Ilha Azul para participar no XIV Encontro de Música Tradicional, que se realiza amanhã, dia 2 de Julho, na Praça da República, para além de todo o programa social que começa já hoje, sexta-feira, com os habituais passeios pela cidade. O Encontro de Música Tradicional está agendado para as 21h30, e começa com a actuação do grupo anfitrião. De seguida sobe ao palco o Grupo de cantares Saca Sons e, a fechar o encontro está o Grupo de cantares Terra Nostra. HORTA J ARRANCA JÁ PARA A SEMANA g começam já para a próxima semana as actividades do Horta J, um programa que pretende ocupar os jovens em idade escolar com actividades várias. Esta iniciativa, da responsabilidade da autarquia local em colaboração com as Juntas de Freguesia da ilha e com clube Naval da Horta, engloba ainda o programa “Férias Fixes” e as “Férias Desportivas”. Do leque de actividades a ofertar aos mais pequenos destaque para natação, construções na areia, caminhadas, corta-mato, futebol, voleibol, gincana de bicicletas, vela, entre outros. As inscrições decorrem até 5 de Julho na câmara Municipal. x CONGRESSO DA JS/AçORES DECORRE ESTE FIM-DESEMANA EM SãO MIGUEL g começa hoje em São Miguel o X congresso da Juventude Socialista dos Açores onde serão eleitos os órgãos regionais desta organização política e votadas as moções estratégicas globais e sectoriais. Berto Messias, que lidera a JS/Açores desde 2007 que foi reeleito líder da JS/Açores no passado mês de Maio, onde tendo sido o único canditado. Messias vai apresentar a sua Moção de Orientação Política Global, “Geração ActivaGeração de ideias”. TRIBUNA DAS IlHAS marcará presença neste congresso, que termina domingo com a presença do Secretário Geral da JS, Pedro Alves, e de carlos césar presidente do PS Açores.


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Comissão europeia consagra PARque NAtuRAl do FAIAl como o primeiro destino de excelência da europa em Portugal Depois de ter sido apontado pela Associação Turismo de Portugal como representante nacional no Prémio EDEN (European Destinations of Excellence), o Parque Natural do Faial foi confirmado pela Comissão Europeia como o primeiro destino EDEN do país. A apresentação do prémio foi feita na tarde de ontem, pelo secretário regional do Ambiente e do Mar, Álamo Meneses, e pelo director do Parque Natural do Faial, João Melo, a bordo da embarcação da empresa faialense OceanEye, que permite a observação subaquática dos mares dos Açores. O objectivo da viagem foi, como explicou o governante, mostrar que o Parque Natural do Faial não se limita ao território terrestre. Marla Pinheiro Foto: Susana Garcia g O prémio EDEN é atribuído desde 2007 aos Destinos Europeus de Excelência. Trata-se de uma iniciativa da Comissão Europeia, com o objectivo de promover modelos de desenvolvimento sustentável. Em 2011, Portugal associou-se pela primeira vez ao projecto, e os resultados não podiam ter sido melhores para os Açores: na primeira selecção, feita pelo Turismo de Portugal, o Parque Natural do Faial foi eleito como o representante português aos prémios EDEN, ficando o Parque Natural da vizinha ilha do Pico em segundo lugar. Agora, a Comissão Europeia confirmou o Parque Natural faialense como o primeiro destino EDEN do país. Este ano o tema escolhido prendeuse com a valorização turística de sítios, pelo que foram privilegiados os destinos turísticos não tradicionais que

tenham requalificado os seus espaços naturais e o seu património, convertendo-os em atracções turísticas. Além disso, uma característica fundamental para que qualquer projecto seja considerado um destino EDEN é a demonstração da sua sustentabilidade. Tendo tudo isto em conta, João Melo explica quais os principais “trunfos” da candidatura faialense, que lhe valeram a distinção: “o facto dos nossos cinco centros de visitantes (Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos, Jardim Botânico, Fábrica da Baleia, Casa do Parque e Casa do Cantoneiro) resultarem da recuperação de edifícios antigos, a recuperação que fizemos dos trilhos pedestres e a melhoria das zonas de contemplação, assim como a elaboração de um guia do Parque Natural fizeram com que estivéssemos perto de conseguir a classificação máxima”, refere o responsável pelo Parque Natural do Faial.

OCEANEYE A empresa faialense levou a comunicação social a conhecer o Parque Natural do Faial de outra perspectiva

CONTRIBUTO PARA A PROMOçãO TURíSTICA DO FAIAL E DOS AçORES A distinção EDEN ao Parque Natural do Faial aumenta a fasquia da gestão daquele espaço. Esta deve continuar a pautar-se pela sua sustentabilidade, e ser orientada para a conservação da diversidade. Para o secretário regional do Ambiente e do Mar, este galardão é de extrema importância, já que coloca o Parque Natural do Faial “entre os destinos mais prestigiados da Europa, no que diz respeito ao Turismo de Natureza”. “Este galardão tem uma importância extremamente grande para a promoção dos Açores em geral e do Faial em particular, já que vem ressalvar de a qualidade do trabalho que tem vindo a ser feito n estruturação do parque, na sua promoção e na sua gestão”, refere Álamo Meneses, para quem esta distinção premeia simultaneamente a qualidade do Parque Natural do Faial e

3400 votos para Fotografia do Farol dos Capelinhos transformar o local numa atracção turística sustentável de interesse histórico e ambiental. O centro de visitantes fornece informações sobre a actividade vulcânica da ilha, a formação do arquipélago e as várias fases da vida do farol, desde a sua construção em 1903 até à presente data, incluindo a erupção vulcânica de 1957/58. A fotografia tem sido utilizada em anúncios publicitários, artigos e cartazes com o slogan "Uma nova geração de equipamentos públicos apoiada pela União Europeia". A distribuição dos prémios ocor-

PARqUE NATURAL DO FAIAL AO SERvIçO DA ECONOMIA LOCAL, NA TERRA E NO MAR Não foi por acaso que o Prémio EDEN foi apresentado a bordo da embarcação da empresa faialense OceanEye. Esta jovem empresa começou a operar este ano, com uma oferta inovadora: trata-se de uma embarcação que permite a observação subaquática. Por isso, foi o meio de transporte ideal para levar a comunicação social a ter uma nova perspectiva sobre o Parque Natural do Faial, que não se limita à área terrestre. O Parque Natural do Faial é, de resto, de entre todos os parques naturais dos Açores, aquele que possui maior extensão marítima, como lembrou o secretário regional do Ambiente e do Mar. A OceanEye é também, segundo Álamo Meneses, um exemplo de como o Parque Natural do Faial pode ser potenciador de actividades económicas.

Porto Pim já tem Bandeira Azul

RegIO STaRS awaRdS 2011

g O programa operacional dos Açores PROCONVERGENCIA ganhou o prémio de melhor “Fotografia de divulgação de um projecto co-financiado" com uma imagem da “Requalificação do Farol dos Capelinhos – Centro de Interpretação” nos Regio Stars Awards 2011, concurso lançado pela Comissão Europeia aos Programas Operacionais dos 27 EstadosMembros. A fotografia teve uma votação pública que angariou mais de 3.400 votos. O projecto tem por objectivo

a sua boa gestão, já que a sustentabilidade foi um critério extremamente valorizado pelo júri. Segundo o governante, o facto de a partir de agora se poder associar o Parque Natural do Faial aos destinos de excelência a nível europeu é uma grande mais-valia em termos promocionais, já que o símbolo dos destinos EDEN passa a poder integrar todo o material de promoção do parque e da ilha, o que representa para o exterior “um símbolo de prestígio e uma garantia de qualidade”. Agora o Faial e os Açores podem beneficiar de toda a promoção dos destinos EDEN que está a ser feita na comunicação social europeia. O reconhecimento da qualidade do Parque Natural do Faial representa um incremento da qualidade da oferta turística regional, sendo que o aumento da visibilidade poderá ser uma importante arma para combater a sazonalidade, o principal problema que actualmente se coloca ao turismo na Região.

reu esta semana em Bruxelas, em cerimónia pública, no âmbito de uma conferência “Regions For Economic Change”, tendo sido presidida pelo Comissário Europeu de Política Regional, acompanhado pela presidente do júri de selecção, entregando pessoalmente os certificados e as placas de vencedores. O PROCONVERGENCIA dos Açores foi representado pelo seu gestor, o Director Regional do Planeamento e Fundos Estruturais, Rui Amann, e pela responsável pela unidade de comunicação do programa.

g A Bandeira Azul foi hasteada na passada semana pela primeira vez em Porto Pim, a mais emblemática das praias da ilha do Faial e uma das mais conhecidas dos Açores. Para o Director Regional dos Assuntos do Mar, que presidiu à cerimónia, esta distinção deve-se ao “trabalho continuado” que foi realizado ao longo dos últimos anos, o qual permitiu garantir que “a qualidade ambiental não era minimamente questionável” na praia de Porto Pim. Apesar da praia ser “especialmente aguda” na sua exposição ao mar e da falta de saneamento básico na cidade, o certo é que “estão cumpridos os 28 critérios necessários” para a atribuição da Bandeira Azul, adiantou Frederico Cardigos. Em declarações aos jornalistas à margem desta cerimónia, o Director Regional revelou ainda que a gestão da Praia de Porto Pim caberá ao Parque Natural do Faial.

A Bandeira Azul “dá uma visibilidade acrescida que é reconhecida a nível mundial” através dos 3.500 galardões que estão distribuídos por zonas balneares de todos os continentes, observou. Frederico Cardigos sublinhou, contudo, que “não queremos que o galardão seja utilizado de uma forma artificial”, adiantando que galardão “é uma questão de prestígio e uma questão de garantia para quem usufrui das zonas balneares”. Além do mais, acrescentou, se o processo da Bandeira Azul tem custos, a verdade também é que representa um investimento, o que justifica desde logo “um empenho acrescido” das autarquias enquanto entidades gestoras. “O facto de aqui estar uma Bandeira Azul significa que haverá uma utilização mais acrescida e que os serviços prestados associados podem ter um valor mais elevado”, afirmou o Director Regional dos Assuntos do Mar.


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Alunos da eB/I da horta levam faialenses a viajar no tempo Marla Pinheiro Fotos: Carlos Pinheiro g Pelo terceiro ano consecutivo, os alunos da Escola Básica e Integrada da Horta colocaram de pé uma recriação histórica aberta à participação de todos os faialenses. Organizada pelo Departamento de História daquela escola, esta iniciativa decorreu na semana passada, no dia 21, e fez-se com a colaboração de toda a comunidade escolar, não apenas dos professores, funcionários e alunos, mas também dos pais, que compareceram em força. Não faltaram princesas e piratas no recinto da escola, nem as típicas tabernas, com muitos petiscos, ou as bancas onde os vendedores apregoavam os mais diversos produtos. Música, teatro e dança também marcaram presença, num evento que já cativou a ilha do Faial.

Alunos da Área de Projecto 12º ano da eSmA entregam maquete do Parque da Alagoa na Cmh Texto e fotos

Susana Garcia g Duas alunas da Área de Projecto do 12.º Ano da Escola Secundária Manuel de Arriaga, entregaram na passada semana no Salão Nobre da Câmara Municipal da Horta, uma maquete do Parque da Alagoa, onde consta uma série de sugestões e melhoramentos para aquele espaço de desporto e lazer. Esta maquete surgiu de um projecto feito para os Encontros Filosóficos sobre a Obesidade, “Peso certo em quilos”, cujo objec-

tivo é dotar aquele espaço verde de um circuito de manutenção para a prática desportiva como forma de combater os problemas da obesidade e sensibilizar a população para hábitos de vida saudável através do desporto. O trabalho foi elaborado pelas alunas Ana Sequeira, Cândida Castro e Bárbara Junqueira, começou a ser realizado nas férias da Páscoa e demorou cerca de cinco semanas a ficar pronto. Nele foram utilizados diversos materiais. A maquete deste projecto foi entregue ao presidente da Câmara,

numa cerimónia que contou com a presença de algumas entidades ligadas àquele espaço. Nesta cerimónia, as alunas fizeram uma breve apresentação e explicaram como iria funcionar o circuito e quais os materiais a utilizar. Segundo o presidente

da autarquia, “estes são fáceis de executar e de custo reduzido”. João Castro louvou ainda a iniciativa destas alunas, que vai dotar aquele espaço de mais uma valência, para além das já existentes, recordando que também as obras de beneficia-

ção que estão a ser realizadas na zona verde junto à Torre do Relógio resultaram do projecto de uma aluna da Escola Profissional da Horta. Na ocasião, o edil anunciou o início das obras de reabilitação do parque de merendas do Parque da Alagoa.


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nOTícIaS

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Voluntários dos Açores em Bruxelas g A convite do eurodeputado açoriano Luís Paulo Alves, sete movimentos de voluntariado oriundos das ilhas do Faial, Terceira, São Miguel e Santa Maria estiveram esta semana em Bruxelas. No âmbito do Ano Europeu de Voluntariado 2011, o deputado açoriano organizou um Seminário sobre está temática,

que decorreu no Parlamento Europeu, no dia 28 de Junho. Da comitiva convidada fazem parte os seguintes grupos de voluntariado: Liga dos amigos do Hospital da Horta; Voluntariado do Centro de Saúde de Vila do Porto; Liga contra o cancro; Clínica do Bom Jesus; Casa de saúde de Nossa Senhora da Conceição;

Liga dos amigos do hospital de Ponta Delgada; Liga dos amigos do Hospital de Angra do Heroísmo. Tratam-se portanto, de grupos que exercem voluntariado em hospitais, em estabelecimentos prisionais, no apoio à população deslocada por motivos de saúde e no apoio a toxicodependentes e a idosos.

transmaçor com novos horários

ESPAçO DE PROxIMIDADE P P O O L L í í C C I I A A D D E E S S E E G G U U R R A A N N ç ç A A P P Ú Ú B B L L I I C C A A

g Foram publicados na semana passada os horários definitivos da Transmaçor relativos à operação de Verão 2011 e ao próximo Inverno. Em relação aos horários que se encontravam em vigor, é acentuado o movimento pendular entre as ilhas do Triângulo, garantindo a realização de, pelo menos, duas viagens de ida e volta entre as ilhas do Faial, Pico e São Jorge, no mesmo dia, de Verão e de Inverno, o que facilita, entre outras coisas, o

movimento de trabalhadores nestas três ilhas, assim como a deslocação de turistas. Outra alteração em relação aos horários que se encontravam em vigor respeita às ligações entre a Horta e as Velas, que se iniciam agora, com a entrada ao serviço do navio "Expresso do Triângulo", às 07h20. Destaca-se, igualmente, a introdução de uma última viagem, às 22h15, na rota entre a Horta e a Madalena, nos meses

de Julho e Agosto, de modo a potenciar o tempo de permanência dos fluxos turísticos nas respectivas ilhas. Os novos horários da Transmaçor prevêem ainda que as ligações entre as ilhas do Faial e São Jorge sejam realizadas com o navio "Expresso do Triângulo" durante o Inverno, excepto quando as condições de mar o não permitirem. Nessas ocasiões estas ligações serão realizadas por um dos cruzeiros da empresa.

Acórdão do tC sobre regime jurídico de carreiras na Administração Pública Regional g De acordo com uma nota de imprensa do Gabinete do Representante da República, na sequência de requerimento apresentado ao Tribunal Constitucional, pelo Representante da República para os Açores, em Setembro de 2010, foi publicado no Diário da República dia 27 de Junho, o Acórdão nº 265/2011. Nesta decisão o Tribunal Constitucional declara a ilegalidade, por violação do Estatuto Político-Administrativo, do artigo 7º do Decreto Legislativo Regional nº 26/2008/A, diploma que adaptou à Administração Regional o “regime jurídico de

vinculação, carreiras e remunerações dos trabalhadores que exercem funções públicas”, definido a nível nacional pela Lei nº 12-A/2008. Segundo o artigo agora declarado ilegal, os actuais trabalhadores da Administração Regional nomeados definitivamente podiam manter esse mesmo regime de vinculação, sem necessidade de transitarem para a nova modalidade do contrato de trabalho por tempo indeterminado. O Tribunal considerou que o legislador regional, ao afastar-se do disposto na Lei nº 12A/2008, que determinava a tran-

sição imediata dos funcionários em causa, desrespeitou o artigo 127º do Estatuto Político-Administrativo, nos termos do qual são aplicáveis nos Açores as bases e o regime geral dos quadros e carreiras definidos por lei para a Administração do Estado. A decisão do Tribunal Constitucional, que foi tomada com apenas um voto de vencido, tem força obrigatória geral. Através do seu Acórdão nº 256/2010, o Tribunal Constitucional havia já adoptado, relativamente à Madeira, uma decisão de teor muito semelhante ao da agora publicada.

A POLíCIA AO SERvIçO DOS CIDADãOS OPERAçãO POLICIA SEMPRE PRESENTE - vERãO SEGURO - 2011 A PSP à semelhança de anos anteriores, promove de 21 de Junho a 15 de Setembro a Operação Polícia Sempre Presente - Verão

Seguro 2011. Neste contexto, a PSP relembra a todos os cidadãos que se vão ausentar temporariamente das suas residências por motivo de gozo de férias que podem inscrever-se junto da esquadra da sua área de residência, devendo para isso preencher os questionários a disponibilizar pela força de segurança. Relativamente a questões de segurança das habitações em geral e em particular daqueles que vão viajar, a PSP recomenda o seguinte:  Inscreva-se no “programa Verão Seguro 2011” na esquadra policial da área da sua residência;  Deixe os contactos possíveis para em caso de necessidade ser facilmente contactado;  Elabore um inventário doméstico ou relação dos bens que possui na sua residência e guarde-a em local seguro;  Marque com um sinal particular os objectos valiosos;  Fotografe os bens de maior valor, pois poderão ser um precioso auxiliar para a polícia em caso de furto;  Se possível deixe as peles, jóias e demais objectos de valor em local seguro;

 certifique-se que todas as janelas e portas oferecem condições de segurança.  Solicite a alguém da sua confiança que faça a recolha da correspondência na sua caixa do correio de forma a evitar que esta fique a abarrotar indiciando que não se encontra ninguém em casa;  Não abandone os seus animais domésticos, deixe sempre que possível o seu cão em casa e peça a alguém da sua confiança que trate dele, pois poderá ser um importante elemento de segurança e dissuasão;  Evite que o seu automóvel fique estacionado junto da sua residência pois poderá indiciar a sua ausência;  Evite que a sua partida seja do conhecimento público;  O ideal é que fique alguém em sua casa durante a sua ausência. A PSP recomenda-lhe que invista na sua PROTEÇÃO antes que lamentavelmente tenha de afirmar: “ cASA ROUBADA TRANcAS À PORTA!”

Esclarecimentos adicionais deverão ser solicitados à P.S.P. da sua área de residência ou por correio electrónico: cphorta@psp.pt CONTACTOS:

Telefone – 292208510 Fax - 292208511

PROGRAMA INTEGRADO DE POLICIAMENTO DE PROxIMIDADE

Grémio literário Artista Faialense AGRAdeCImeNto Eu, como presidente do Grémio Literário Artista Faialense, agradeço publicamente a todos os que contribuíram para que as noites de sexta-feira tivessem sido repletas de alegrias e animação, com a concretização da 1.ª edição do concurso de Rei e Rainha do karaoke do Grémio. Um obrigado aos concorrentes e a todos os patrocinadores do nosso evento. Foram eles: - Câmara Municipal da Horta – oferta de 2 workshops de voz em São Miguel ou Terceira - Hotel Fayal – oferta de um fim-de-semana para os vencedores - Espaço X – gravação de 30 medalhas - Império Bonança de Manuel Vieira – oferta da taça para o segundo lugar, tendo a primeira sido oferecida pelo Grémio, acompanhada por duas bicicletas - JHN – oferta da taça para o terceiro lugar - Dutras – oferta da taça para o quarto lugar - Ouriversaria Olímpio – oferta das taças do quinto e sexto lugar - Coca-cola – oferta de prémios diversos - Gráfica OTelegrapho – oferta dos boletins de voto para o público Agradecemos ainda aos elementos do júri: Professor José Henrique Nunes Professora Maria Jesus Silveira Professor Yuri Pavtchinski Presidente da Junta de Freguesia da Matriz – Laurénio Tavares Vereador da CMH – Filipe Menezes Em nome de toda a Direcção um muito obrigado. JANtAR de CoNFRAteRNIZAÇÃo – Informamos ainda que estão abertas as inscrições para um jantar de confraternização com todos os participantes neste concurso. As inscrições podem ser feitas no Grémio até dia 6 de Julho. ReSeRVAS lImItAdAS.


Tribuna das Ilhas

RePORTagem

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espólio baleeiro está a ser resgatado no Faial O património da Reis e Martins já começou a ser resgatado. O inventário do material está a ser elaborado pelo Observatório do Mar dos Açores e é classificado como de elevado interesse do ponto de vista da arqueologia industrial. Para além do espólio baleeiro, os próprios armazéns podem ter várias utilizações. O problema está em não terem protecção legal. O primeiro passo para evitar outras utilizações é a classificação. Só assim fica garantida a preservação e valorização do património baleeiro. Como escreveu Bernard venables, “na penumbra suave daquele lugar concentra-se o pulsar de todo o sal, de toda a energia, de todo o perigo selvagem das caçadas à baleia nos mares em redor.” Maria José Silva Fotos: Marla Pinheiro g Na Rua Nova, entre a baía de Porto Pim e a baía da Horta situam-se as antigas oficinas de construção e manutenção das lanchas a motor e dos botes baleeiros, palamentas e o centro funcional da baleação do Faial. Há 30 anos as portas das oficinas da Reis e Martins foram fechadas e tudo o que lá estava permaneceu quase intacto. Ao entrar naquele espaço, apesar do elevado estado de degradação, deparamo-nos, logo à partida, com lanchas baleeiras e botes misturados com pedaços de madeira e telha do tecto que teima em desabar… A olho pequeno vemos caixas de cordas, ferramentas antigas, funis, anzóis, selhas, enfim… Uma série de artefactos que nos fazem viajar no tempo e que importa resgatar e preservar, como uma marca da nossa história, da história do Faial e dos Açores na baleação local, regional e mesmo do Mundo. O imenso espólio deixado é um património cultural único da relação do homem faialense com o mar. Em 1946, ano em que se viviam tempos de prosperidade no que à caça à baleia diz respeito, constituiu-se a sociedade Reis e Martins, Lda, como a maior e mais influente armação baleeira do Faial. A sua sede estava instalada na Rua Nova, e destinava-se à caça da baleia, indústria e comércio dos produtos seus derivados. Os sócios fundadores foram Francisco Marcelino dos Reis, Joaquim Martins Amaral Júnior e Tomás Alberto Azevedo. Mais tarde associou-se a este grupo a Costa & Martins, Lda. A Reis & Martins, Lda exerceu as suas funções sempre em parceira com a Companhia Baleeira Faialense, Lda.

Ambas constituíam as Armações Baleeiras do Faial. No entanto, é a única armação baleeira que ainda se encontra legalmente constituída nos Açores. Pela sua localização privilegiada e estratégica entre a Baía de Porto Pim, ponto central da actividade baleeira no Faial, e o Porto da Horta, onde decorriam todas as actividades comerciais, os armazéns foram alvo de investimentos por parte de Francisco Marcelino dos Reis, armador lisboeta, que os adquiriu em 1940. A partir dessa data tornaram-se o Centro Nevrálgico da Baleação no Faial e, durante mais de 40 anos, estes armazéns serviram de oficina de construção, reparação e manutenção de botes baleeiros e lanchas a motor. Também nas oficinas eram desenvolvidos vários ofícios essenciais para a actividade, como carpintaria, marcenaria, tanoaria, ferraria e mecânica. A partir de 1960 a actividade das empresas ligadas à exploração da baleia entra em declínio e em 1980, durante a Convenção de Berna, fica proibida a actividade de caça à baleia. Em 1981 encerra a fábrica de Porto Pim, todavia, só em 1987 é apanhado o último cachalote em mares açorianos. Os armazéns da Rua Nova, conforme já referimos, bem como parte do seu espólio, foram parcialmente mantidos, até á actualidade, embora seja notória a degradação, tanto do imóvel, como dos objectos e dos equipamentos aí armazenados. Dada a importância deste espólio para o estudo da baleação no Faial e nos Açores, considerou a Reis & Martins lançar o repto ao OMA – Observatório do Mar dos Açores, para que se efectuasse um resgate, levantamento e estudo do património. Sobre esta iniciativa, TRIBUNA DAS ILHAS esteve à conversa com Tomás

PATRIMóNIO DA REIS E MARTINS Márcia Dutra e Filipe Porteiro do OMA estão a fazer a inventariação do espólio baleeiro do Faial

Duarte, Liquidatário da Empresa Reis & Martins, Lda; Pedro Porteiro, director do e Márcia Dutra, antropóloga que tem estado a recolher, inventariar, catalogar, limpar e tratar de expor na Fábrica, todas as peças. Tomás Duarte contou-nos que, “quando se deu início ao processo de liquidação da empresa constatou-se que existia naquelas garagens um grande espólio representativo da história das nossas gentes que convinha cuidar e também determinar quem dele tomaria conta… Aproveitando o facto de ter sido recuperada a Fábrica da Baleia e de estar quase vazia, entendeu a administração da Reis & Martins estabelecer uma permuta que valorizasse quer o nosso material quer a fábrica”. O futuro, de acordo com este responsável da empresa detentora do espólio, pode passar “por uma alienação dos armazéns e do espólio. A administração está determinada a alienar no sentido de que, junto aos interesses sócio-culturais da cidade da Horta, se possa edificar uma estrutura própria para mostrar e dignificar o que se passou nos de 40 a 80”. A verdade é que a Reis & Martins podia, pura e simplesmente, vender o espólio ou livrar-se dele, todavia Tomás Duarte admite que essa não é solução. “A solução é valorizar o que já existe. Quanto mais inventariado e catalogado o espólio for, mais valorizado fica. A administração está ciente de que deve tentar reencaminhar todo o património”, diz. Márcia Dutra conta-nos, por sua vez que, quando entrou pela primeira vez naquelas garagens, “foi algo indescritível… Deparámo-nos com caixas de corda fechadas, por exemplo e no mesmo local de quando, há mais de 30 anos atrás, chegaram do mar… Casacos pendurados, bonés… Parecia que num

belo dia, saíram todos do trabalho e foram para casa e o tempo, pura e simplesmente, parou, e tudo permaneceu exactamente onde estava. Começámos a catalogar algumas peças in loco, mas o estado de degradação das garagens obrigou-nos a trazer algum material para a fábrica para evitar que se estragasse.” Após o reconhecimento inicial do espólio existente, levado a cabo em 2008, surgiu a necessidade de desenvolver uma iniciativa mais ambiciosa que permitisse classificar, recuperar e manter em actividade o edifício da Rua Nova, com todo o património ali existente. Nesse sentido, foi elaborado um projecto que permite conjugar duas valências distintas e complementares: uma museológica (Núcleo Museológico) e outra socioeconómica (Casa de Botes e Oficinas de reparação e manutenção). De acordo com Tomás Duarte e Márcia Dutra, neste momento já estão catalogados e registados mais de 500 artigos, de entre os quais alguns que foram até aos Estados Unidos da América para integrarem uma exposição no Museu da Baleia de New Bedford. Apesar das operações de resgate que já se realizaram, de acordo com a administração da Reis & Martins, ainda vão ser feitas, pelo menos, mais duas, porque ainda existe nas garagens da Rua Nova muito material para recuperar. Sobre o destino a dar às antigas garagens pouco se sabe, conforme já referimos. Todavia, várias hipóteses têm sido levantadas…De acordo com Tomás Duarte, “o Clube Naval da Horta é uma entidade que poderá estar interessada em montar nas garagens da Reis & Martins uma oficina de apoio às suas actividades. Também a Associação de Botes Baleeiros do Faial

não tem local para arrumar os botes de Inverno, nem sítio para esticar as velas, pelo que este poderá ser um sítio onde a Associação se encontre em prol de um objectivo comum.” A concretização do projecto implica a aquisição e valorização do património móvel e imóvel, através da cooperação institucional entre a administração local e regional da tutela, envolvendo agentes, técnicos e instituições locais ligadas ao Porto e ao património. Entretanto, está a ser ultimada uma candidatura a um programa de apoio com fundos da Noruega chamado EEGRANCE. Este fundo financiou outros projectos do Faial, como a recuperação de vários botes baleeiros e da lancha Walkiria. Caso esta desta candidatura seja aprovada e conforme nos explicou a antropóloga Márcia Dutra, vai proceder-se à recuperação das garagens e à criação de núcleo museológico. Filipe Porteiro, presidente do OMA, considera que “o espólio deveria ficar na Fábrica e nas Garagens da Reis & Martins. No relatório que submetemos à DRAC damos várias ideias, até porque será necessário rentabilizar o espaço, mas está tudo em fase embrionária”. Certo é que algum do material da Reis & Martins vai ser utilizado num novo espaço a ser criado no Porto do Comprido destinado à Interpretação da Baleação e integrado no Parque Natural do Faial. Filipe Porteiro adiantou ainda ao TRIBUNA DAS ILHAS que está a decorrer um Inventário de Património Regional Imóvel Baleeiro dos Açores: “este inventário vai permitir preservar o que ainda existe. Depois deste trabalho vai ser possível ter uma noção exacta do que existe e que faz parte da memória colectiva desta população”, refere.


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quem acode ao hospital da horta?

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Jorge Costa Pereira

É pacífico considerar-se que o Hospital da Horta é uma das instituições estruturantes e fundamentais do viver colectivo da ilha do Faial e mesmo deste conjunto das ilhas mais ocidentais dos Açores. Para além do importantíssimo papel que desempenha nos cuidados de saúde à população, o Hospital da Horta é um dos maiores empregadores do Faial e destas ilhas e um dos maiores pólos de concentração de quadros altamente qualificados e especializados, constituindo-se, assim, numa significativa mais-valia para a nossa sociedade. Foi com sincera e profunda preocupação que saí, há semanas, de uma reunião com a Administração do Hospital da Horta. E também com um sentimento de empatia para com aquele conjunto de gestores que, na prática, está encurralado entre as necessidades inadiáveis da instituição e a crescente míngua de meios para lhes acudir, num ciclo de desmotivadora impotência. O quadro não é animador. Com um passivo superior aos 40 milhões de euros e com um orçamento anual que ronda os 30 milhões de euros, a Saudaçor, porém, promove um contrato-programa com o Hospital da Horta no valor de 15 milhões de euros, o que representa, como está bem de ver, a cobertura de apenas 50% do orçamento do Hospital para o corrente ano. Daí as

Paulo Oliveira

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odos os anos assistimos às mesmas brincadeiras. Todos os anos sofremos com as brincadeiras de sempre. Todos os anos a Transmaçor apresenta, para conhecimento / aprovação os horários ao Governo Regional. Todos os anos a Transmaçor brinca com os horários, ora antecipa 15 minutos uma viagem, ora atrasa 15 minutos outra viagem. Todos os anos a Transmaçor apresenta diversos horários para a curta e única Época Alta de Verão que nós temos. Todos os anos a Transmaçor apresenta os horários de Verão atrasados, em cima da hora. Todos os anos o Governo Regional nada faz, tudo aprova, e deixa andar este fado que a todos nós prejudica. Até quando teremos que aceitar estas brincadeiras de uma empresa com o aval do Governo Regional, e na qual é accionista? O JOGO DO EMPURRA Todos nós sabemos que o Canal Faial-Pico é aquele que mais passageiros movimenta via marítima, motivo suficientemente forte para que merecesse mais atenção e respeito, quer por parte da empresa responsável por tais ligações em regime de monopólio, quer por parte do Governo Regional e da Secretaria Regional da Economia que

dificuldades de tesouraria sentidas e a razão para a Resolução do Conselho do Governo de há alguns meses, que avaliza um empréstimo do Hospital da Horta no valor de 2 milhões de euros para “apoio à tesouraria”. A preocupante conclusão só pode ser uma: o Governo Regional avaliza o recurso ao endividamento já não para viabilizar e sustentar o investimento, mas tão só para garantir liquidez à tesouraria do Hospital, que lhe permita fazer face a despesas imediatas como vencimentos.

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A este preocupante quadro acresce uma alteração profunda que se está a desenhar no âmbito regional, com a parceria público-privada em curso na ilha Terceira para a construção do novo Hospital de Angra. Desde logo, as dinâmicas e o modo de funcionamento deste novo Hospital, nas mãos de um entidade privada, serão seguramente diferentes e a sua política de captação de doentes muito mais agressiva e actuante. Não se espere, por isso, que, depois da sua entrada em funcionamento, tudo fique mais ou menos igual neste âmbito, porque seguramente não ficará. Por outro lado, o novo Hospital de Angra foi dimensionado para servir a população de sete ilhas dos Açores (as dos Grupos Central e Ocidental), numa opção política legitimada e promovida pelo Governo Regional de Carlos César/Sérgio Ávila, que não se cansam de referir que com aquela infra-estrutu-

ra “passa a existir uma qualificação e uma centralidade muito grande da Terceira no Sistema Regional de Saúde”, num quadro de consolidação do seu papel no Grupo Central dos Açores. O passado recentíssimo noutro domínio (o das Plataformas Logísticas) não engana quanto ao verdadeiro e completo alcance daquelas palavras e daquelas intenções de centralidade. E a conclusão só pode ser uma: o esvaziamento funcional do Hospital da Horta e a diluição do papel que ele desempenha no Sistema Regional de Saúde são uma ameaça real, verdadeira e próxima e que é concomitante com o quadro de asfixia financeira em que vive.

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As opções de investimento do Governo Regional no que ao Hospital da Horta dizem respeito, no passado mais recente, ilustram bem o quadro traçado. Tomemos o exemplo das chamadas obras do “Bloco C” e de como, de adiamento em adiamento e de ilusão em ilusão, elas foram proteladas. Lembremos o Plano do Governo para 2001, onde se garantia que estava “em fase de adjudicação o reforço da estrutura do Bloco C”; ou o Plano para 2003 que garantia estar em curso “a continuação das obras de remodelação e beneficiação do Hospital, nomeadamente as do Bloco C”; ou o Plano para 2004, onde se garantia “a conclusão do reforço do Bloco C do Hospital da Horta”; para, afinal, se “descobrir”, no Plano

para 2005, que a verba lá inscrita se destinava à “elaboração do projecto”. Como se prova, de anúncio em anúncio, de equívoco em equívoco, gastaram-se dez anos e, chegados ao final do primeiro semestre de 2011, a obra efectiva ainda não arrancou. Também aqui perdeu-se tempo e oportunidade.

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E como se não bastasse ser uma obra atrasada uma década, ela surge envolta numa censurável opção do Governo Regional, bem reveladora, aliás, das suas intenções. O Hospital da Horta é uma infraestrutura sobre a qual já pesa não só a idade, mas também a evolução das exigências em termos de instalações e equipamentos, por comparação com o tempo em que foi construído. Por isso, os responsáveis do Hospital da Horta sempre procuraram aproveitar as obras do Bloco C para, ganhando indiscutíveis economias de escala, promoverem uma intervenção em outras áreas de funcionamento do Hospital, melhorando significativamente a qualidade do serviço e adaptando a resposta de várias áreas às necessidades do tempo presente. O Governo Regional recusou a realização destas importantes obras e, como tudo o que acontece no Faial, adiou-as para uma possível fase posterior às do Bloco C. Esta lamentável decisão deitou por terra as expectativas legítimas dos responsáveis do Hospital da Horta em

introduzir melhorias urgentes e complementares na instituição. Mas, para além disso, ela é bem reveladora de uma certa forma de decidir: a) ao adiar essas obras para uma fase posterior, perdemse os significativos ganhos de escala, e elas irão custar, depois, muito mais do que feitas agora em conjunto; b) as obras do Bloco C foram postas a concurso por cerca de 15 milhões de euros; a proposta vencedora do concurso é de cerca de 11 milhões de euros, o que significou uma poupança de 4 milhões em relação ao previsto; c) com essa poupança acrescida de 2 milhões de euros, far-se-ia o total das obras e garantia-se a realização de uma só vez do investimento necessário. Infelizmente, nada disto foi tido em conta pelo Governo Regional. É em situações desta natureza que a força e a pressão política podem desbloquear boas soluções a favor do Hospital da Horta. Mas o que podem esperar os Faialenses de um partido que está no Governo Regional e que tem uma estrutura local que não é tida nem achada nas decisões do Executivo e, que, quando alguma coisa diz, não passa de uma caixa de ressonância das decisões do Governo e da vontade de Carlos César? Em boa verdade, já nada! Por isso, impõe-se que a “sociedade civil” tome a palavra. E diga de sua justiça. Defender o nosso Hospital é necessário e ninguém está dispensado!

transmaçor brinca aos horários, com o aval do Governo Regional tutela este sector. Nada disto se tem verificado, nos últimos anos. Os Horários não são feitos para servir os clientes, seja a população residente, seja a flutuante, quer na área turística, quer na área dos negócios. Os Horários são feitos por forma a satisfazerem o princípio legitimo de uma empresa privada, que é o lucro, diminuindo os custos de pessoal e com os combustíveis. Os Horários contam com a conivência da tutela do Governo Regional que há muito se desvia da responsabilidade e das obrigações deste serviço público, uma forma confortável de não comparticipar com indemnizações compensatórias. No Grupo Central, no Triângulo e mais precisamente no Canal Faial-Pico, onde efectivamente se gera tráfego marítimo de passageiros relevante, o Governo Regional não impõe um serviço de qualidade com regularidade, porque não quer pagar esse serviço. Contudo, esse mesmo governo regional gasta milhões, todos os anos, para sustentar um serviço regional de transporte marítimo de passageiros que, apesar da larga oferta de ligações e lugares disponíveis, regista taxas de ocupação insustentáveis. Até quando todos os açorianos vão pagar este luxo?

BRINCADEIRA O principal voo Ponta Delgada – Lisboa, há décadas que mantém o horário das 21H30. As principais viagens de comboio da CP Lisboa – Porto – Lisboa há décadas que mantém os mesmos horários. O mesmo se passa com os comboios sub-urbanos de Lisboa e Porto, e com as travessias do Tejo. Por aqui, todos os anos se inventa o há muito inventado, procurando a criatividade de horários que ora antecipam, ora atrasam as ligações marítimas. Se esta não é uma brincadeira de mau gosto, então como poderá ser classificada? Só se for de irresponsabilidade de uma empresa e de uma tutela que deveria estar mais preocupada com o nosso desempeno económico. Uns anos uns perdem a ligação marítima, noutros anos ficamos todos nós a aguardar as publicações dos horários, para planearmos a nossa agenda, seja local, seja dos operadores turísticos, que se vêem impedidos de criar, promover e vender atempadamente os pacotes turísticos. AUSCULTAçãO O mais caricato, é que todos os anos promovem a auscultação aos diversos parceiros das suas opiniões, críticas e sugestões de horários para os próximos

anos... Pura farsa, para inglês ver, já que, todos os anos, o resultado é o mesmo. Fica ao critério da empresa, com a conivência da tutela – o Secretario Regional da Economia. Lamenta-se que se repitam, todos os anos, tais procedimentos, sem qualquer benefício para os clientes que utilizam esta frequente ligação marítima entre estas duas ilhas, as mais próximas do arquipélago. E depois, os socialistas ficam muito indignados, e acusam-nos de bairristas e divisionistas quando afirmamos: Se fosse entre São Miguel e Santa Maria, claro que não assistiríamos, todos os anos, a este triste fado. E se não acreditam, dêem-se ao incómodo de consultar os clientes e os operadores turísticos, que logo ouvirão a mesma receita, que todos os anos acaba por ficar na... gaveta! PROPOSTA Há muito que se consultaram os operadores turísticos, há muito que se consultaram as Associações Comerciais, há muito que se reuniram com todos os interessados, e a receita é sempre a mesma: Ligações articuladas com os transportes aéreos, única forma dos aeroportos do Pico e do Faial serem considerados e utilizados como complementares.

Ligações mais frequentes, assumindo uma verdadeira ponte marítima entre estas duas ilhas irmãs, com partidas de 2 em 2 horas. É fácil, e é a única maneira de assumirmos um produto turístico que é complementar. Ligações às mesmas horas, de Verão e Inverno, claro que alargadas no Verão, com a ligação das 20H e às 22H em Julho e Agosto, para que se possa ir jantar à outra margem, seja ela o Faial, seja o Pico. Mas nada!... Continua-se a aguardar melhores dias..., com a paciência, a educação e a divisão reconhecida às gentes do Triângulo! E como diz o povo, ou vai melhorar ou piorar..., agora com a aquisição da maioria do capital social da Transmaçor por... 3 (três) euros! Do Pico, passou para São Jorge, e agora a Transmaçor vai até Ponta Delgada... Espero, sinceramente, que o Governo tenha a inteligência de nomear para o seu Conselho de Administração, gentes do Canal, com experiência de mar, e que conheçam, sintam e vivam esta problemática do nosso dia a dia. Ficamos, mais uma vez, à espera! Contributos, para po.acp@mail.telepac.pt


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DESPORTO

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Tribuna das Ilhas

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Foto: Carlos Pinheiro

Competição reuniu 60 atletas no Faial

g No passado fim-de-semana o Faial movimentou dezenas de atletas amantes do Desporto de Aventura, com a realização do Raid Ilha Azul, prova que consistiu no Campeonato Nacional de Aventura. Canoagem, BTT, corrida, patinagem e rapel foram algumas das modalidades que colocaram os participantes à prova, ao longo de dois dias repletos de adrenalina e competição. Os atletas viram-se ainda a braços com a chuva e o nevoeiro, que no sábado dificultaram ainda mais as provas. No escalão de Elite, os grandes vencedores foram os Praças da Armada. O clube renovou desta forma o título de campeão nacional, e partilhou o pódio com a Globaz.PT e a CCASintra. No escalão Aventura sagrou-se vencedora a Destilaria Levira, enquanto que a ATV Aventura e os Ultra-leves do CPOC ficaram em segundo e terceiro lugar, respectivamente. No escalão de Promoção destacaram-se

os faialenses da Team Infinity, constituída por Néri Goulart, Roberto Vieira e Hugo Medeiros. Em segundo lugar ficou a Mar I Team, e na terceira posição classificouse a equipa Old School, do Faial. De acordo com Esmeralda Câmara, uma das responsáveis pela organização, o Raid Ilha Azul “correu muito bem”. Segundo a responsável, a prova permitiu comprovar mais uma vez que a ilha possui condições excelentes para a prática desta modalidade. Apesar das dificuldades causadas pelas condições meteorológicas bastante adversas do passado sábado, a prova fez-se sem percalços. O percurso exigente não cansou em demasia os atletas, que na segunda-feira se lançaram ao desafio de subir a montanha do Pico. “Todas as entidades que nos apoiaram falaram da possibilidade de repetir o evento, e quando isso acontece é bom sinal”, adiantou Esmeralda.

Marla Pinheiro

Final Regional de esgrima do SCh Árbitro Faialense hugo decorreu no Pavilhão da horta Silva na 2ª divisão Nacional DR

D.R.

g O faialense Hugo Silva, actualmente filiado na Associação de Futebol de Lisboa, subiu à 2ª Divisão Nacional. Num universo de 150 árbitros ficou em 7.º lugar o que lhe permitiu a subida de Divisão. Hugo Silva pertenceu ao quadro de árbitros da Associação de Futebol da Horta onde exercia quando conseguiu ascender à 3ª Divisão Nacional. Com a subida de divisão Hugo Silva passa a ser o “homem do apito” de jogos da 2ª Divisão Nacional podendo também ser 4.º árbitro da Liga de Futebol Profissional.

TORneIO de PRImaveRa - veLa LIgeIRa BEY-BLADERS Os atiradores mais jovens também marcaram presença na prova

g A quinta prova da época regional em Espada Masculina e Feminina Individuais decorreu no passado dia 18 de Junho, na Sala de Esgrima do Pavilhão Desportivo da Horta. De acordo com o coordenador de Esgrima do Sporting Clube da Horta (SCH), Victor Frazão, o evento “reuniu um número considerável de praticantes que se desdobraram em vários escalões, o que permitiu a constituição de maior número de pules, aumentando assim o nível de competitividade”. O SCH contou com 22 atiradores inscritos nesta prova que constituiu a Final Regional de Esgrima do clube. Num balanço da prova, Victor Frazão destaca a participação dos mais jovens, dado que o SCH tem feito um esforço no sentido de promover a modalidade entre as crianças mais pequenas. No âmbito desse esforço,

desde o início da época passada que o SCH passou também a ter atletas no escalão pré-benjamins. Esses atletas, designados por Bey-bladers, aprendem assim esgrima a brincar. De acordo com o coordenador, uma vez que o entusiasmo à volta da modalidade é crescente, os mais pequenos “sentem vontade de jogar e disputar assaltos como os mais velhos”, e “são apetrechados com equipamento de jogo adequado à sua idade”. Nesta prova, a pule dos Bey-bladers contou com cinco inscritos. Nos escalões de Iniciados, Cadetes e Séniores a prova contou com cinco, quatro e oito inscritos, respectivamente. Em Iniciados, Rodrigo Brandão ocupou o primeiro posto da classificação final, seguido de Paulo Petsch, em segundo, e de Margarida Salema, em terceiro.

Nos Cadetes, Helder Catarina foi o melhor, seguido de Cátia Tanger e de Daniela Pinheiro. Já em Séniores, António Silva classificou-se em primeiro lugar, ficando Bruno Faria na segunda posição, e Helder Catarina em terceiro. Após esta Final Regional, Margarida Salema lidera o ranking de Infantis Femininos e Paulo Petsch o de Infantis Masculinos. Salema lidera também o ranking de Iniciados Femininos, enquanto Hélder Catarina lidera o mesmo escalão em Masculinos. O atirador é também o líder do ranking em Cadetes Masculinos, enquanto que em femininos a liderança cabe a Cátia Tanger. Nos Seniores Masculinos, António Silva é o líder do ranking, enquanto que em femininos a liderança cabe a Daniela Pinheiro.

Clube Naval da horta vence em optimist g Organizado pelo Clube Naval de São Roque do Pico, decorreu no dia 25 de Junho de 2011 o Torneio de Primavera em vela ligeira. Durante o período da manhã realizaram-se as regatas, nas classes de 420, Laser 4.7 e Optimist com a presença do Clube Naval da Horta, Clube Naval da Madalena e Clube Naval de São Roque do Pico. A prova foi marcada pelo vento inconstante, quer na direcção, quer na intensidade. Na classe Optimist, o Clube Naval da Horta, com o velejador Pedro Costa, levou a melhor sobre os outros Clubes obtendo o 1º lugar. Ao todo participaram 11 embarcações. Assim, na classe Optimist o CNH

obteve as seguintes classificações: 1º lugar – Pedro costa 2º lugar – Jorge Silva 4º lugar – Miguel conceição 6º lugar – Jorge Medeiros 9º lugar – Pedro Medeiros 11º lugar – Manuel Rolo

Na classe Laser 4.7 – Juniores/Juvenis, com 3 barcos inscritos, o vencedor da prova foi o Clube Naval de São Roque do Pico. Na classe 420 e Laser 4.7/Seniores, somente o Clube Naval da Horta marcou presença com uma embarcação de cada classe. Na classe 420 participaram os velejadores André Lourenço e Carolina Correia e na classe Laser 4.7/Seniores o velejador Dárcio Paiva.


deSPORTO

Tribuna das Ilhas

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nO 30.º anIveRSáRIO

BReveS

Grupo desportivo Cedrense sonha com sintético Fundado a 25 de Junho de 1981, o Grupo Desportivo Cedrense assinalou no passado sábado o seu 30.º aniversário. TRIBUNA DAS ILHAS conversou com o actual presidente, Mark Silveira, sobre as dificuldades e expectativas do clube. Trinta anos volvidos da sua constituição, o Cedrense está bem e recomenda-se. Orgulha-se da sua saúde financeira, aguarda com entusiasmo a inauguração do pavilhão da freguesia e sonha com um piso sintético que lhe permita colocar para trás das costas o péssimo estado do campo actual, que não cativa atletas até porque põe em risco a segurança dos mesmos.

MARK SILvEIRA o presidente do Grupo Desportivo Cedrense entende que a saúde financeira do clube está acima de tudo

Foto: Susana Garcia

CLUBE qUER PROJECTO DESPORTIvO qUE “POTENCIE AO MÁxIMO” O NOvO PAvILHãO DOS CEDROS A próxima época do Cedrense já está a ser preparada. Mark Silveira explica que o clube equaciona seriamente suspender a modalidade de futsal até que o novo pavilhão dos Cedros esteja concluído. Neste momento, não existem condições para praticar futsal: “umas vezes treinamos na escola dos Cedros, outras no campo da Praia do Norte, mas quando chove não temos condições para treinar por isso estamos a pensar fazer uma pequena pausa até à construção do pavilhão da freguesia”, explica o presidente. O Cedrense aguarda com entusiasmo a inauguração do pavilhão da freguesia. O lançamento do concurso aguarda-se para breve, e as expectativas são de que a construção esteja concluída no início de 2013. Nessa altura, Mark explica que o clube quer estar preparado para tirar o máximo provei-

“Air mail” já navega rumo a França g Saiu no passado dia 23 de Junho da Horta, o iate “Air Mail”, do skipper Luís Carlos Decq Mota, com destino a França para participar na regata “Atlantic Trophee” que ligará as cidades de Douarnenez, no noroeste de França, e Horta. Esta regata, realizada em duas etapas de 1100 milhas náuticas – Douarnenez/Horta e Horta/ Douarnenez – destina-se a barcos clássicos divididos em 3 classes: Classe 1: Vintage ou tradicional Classe 2: Tradicionais modernos Classe 3: Neo-clássicos ou Espírito da Tradição Com 23 barcos inscritos, a largada para a 1ª etapa, Douanenez – Horta, está marcada para Quinta-feira, dia 14 de Julho de 2011, estando prevista a chegada do primeiro iate à Horta no dia 22 de Julho de 2011.

Regata das Sanjoaninas/ ZoN Açores

Marla Pinheiro

g Actualmente o Grupo Desportivo Cedrense conta com 80 atletas. Na época que recentemente terminou o clube actuou nas modalidades de ténis de mesa, futebol de 11 (seniores, juvenis e benjamins masculinos) e futsal feminino, no escalão de seniores. A equipa de ténis de mesa dos Cedros é a única da ilha, e existe há dois anos. Actualmente disputa um campeonato Faial/Pico, e as expectativas do clube passam pela consolidação da modalidade, até porque as instalações da casa do Povo dos Cedros oferecem todas as condições para a sua prática. “Queremos apostar na formação de ténis de mesa. Estamos a tentar ter miúdos suficientes para fazer isso, mas não é fácil, até eles não são muitos, e estão dispersos pelas várias modalidades”, refere Mark Silveira.

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to desta infra-estrutura: “queremos tirar o maior proveito possível do pavilhão, por isso queremos apostar nas modalidades indoor: futsal, vólei, basquete…”, explica o dirigente, lembrando no entanto que o pavilhão será importante não apenas para servir os Cedros, “mas toda a zona norte da ilha”.

SINTéTICO é UM SONHO, MAS SAÚDE FINANCEIRA DO CLUBE é A PRIORIDADE A carência que o norte da ilha sente de um campo com piso sintético tem sido por diversas vezes abordada, e em dia de aniversário de um dos clubes daquela zona a pergunta impõe-se novamente. Mark Silveira garante que o campo sintético não é um capricho, mas sim uma necessidade flagrante que o clube sente. “Hoje os miúdos querem jogar onde há condições, e nós não as temos. Eu compreendo que eles queiram jogar e treinar num sintético, por isso temos de fazer força para ter um na zona norte, para incentivar os nossos miúdos a continuarem a jogar no clube”, explica. O dirigente salienta que a localização do sintético é indiferente, desde que sirva o lado norte da ilha. De acordo com Mark, o Cedrense efectuou uma candidatura aos apoios da autarquia nos últimos dois anos, mas a resposta foi sempre negativa. Por essa razão, ainda não efectuaram candidatura à Direcção Regional do Desporto. “Para termos uma estrutura dessas nos Cedros sabemos que o apoio da Direcção Regional do Desporto não é suficiente. Eles apoiam uma parte, mas o restante tem de ser suportado pelo clube, e sem um apoio adicional da autarquia não será possível fazer face a essa despesa”, explica. O dirigente garante no entanto que o Cedrense não se sente minimamente discriminado em relação ao aumen-

to do piso sintético do Fayal Sport, que deverá avançar antes do início da próxima época, para que o campo reúna as condições necessárias à participação do clube na Série Açores. “O Fayal Sport subiu, por mérito próprio, à terceira divisão, e para actuar a esse nível precisa das condições necessárias. O aumento do campo foi a coisa correcta a fazer”, destaca. A utilização dos sintéticos dos Flamengos ou da Alagoa também não resolve o problema do Cedrense: “ apesar de haver apoios para pagar a utilização do campo, a verdade é que os gastos para trazer todos os escalões cá abaixo são insuportáveis”, explica Mark. O presidente do Cedrense promete continuar a lutar por um piso sintético, mas a sua prioridade é manter o clube financeiramente saudável. Nesse aspecto, o balanço não podia ser melhor, já que o Cedrense terminou a última época com saldo positivo, o que não é tarefa fácil: “são precisos no mínimo 35 mil euros por época para manter as portas do clube abertas. Estamos a falar apenas das despesas do dia-a-dia, como a electricidade, a água, os equipamentos…”, refere Mark. Para fazer face a estas despesas, o clube conta com alguns apoios, mas também deita mãos ao trabalho: “organizamos várias iniciativas, como as sopas do Espírito Santos, e festas como a Cedros Summer Party, que no ano passado correu bem e este ano se repete, em Julho”. Apesar da prioridade ser a saúde financeira do clube, Mark reconhece que um sintético onde o Cedrense pudesse jogar e treinar facilitaria muitas coisas: “não é fácil recrutar jogadores. Não temos condições; o nosso campo é mau, principalmente em dias de chuva. Os pais vêem aquelas condições e isso não ajuda. Mas vamos

continuar a lutar, e este esforço diário para ter as portas abertas faz parte da luta”. A equipa de seniores masculinos do Cedrense acabou a última época em quarto lugar no campeonato da Associação de Futebol da Horta. “Esperávamos melhor, depois do que fizemos na época 2009/2010, quando acabámos o campeonato em segundo e fomos à final da Taça Autonomia”, reconhece Mark. No entanto, para a frente é o caminho e a próxima época merece um empenho total de todo o clube. A preocupação vai para os escalões de formação: “vamos ter o escalão de traquinas e começar a formar uma equipa que levará muito tempo a chegar a seniores mas que é o caminho ideal para que os jogadores ganhem amor à camisola. Os seniores têm mais visibilidade mas não são o mais importante”, explica o dirigente, para quem os escalões de formação asseguram a continuidade do clube, e são mais uma arma para que o Cedrense se continue a bater por um sintético no norte a ilha. “Estamos a dizer ‘atenção estamos aqui, estamos bem, e queremos continuar a trabalhar, por isso precisamos de mais condições’”, diz.

FUNDADORES DO CEDRENSE HOMENAGEADOS As comemorações do 30.º aniversário do clube, no passado sábado, ficaram marcadas pela homenagem aos dez responsáveis pela constituição da Associação que fundou o Cedrense, em 1981. Assim, o clube prestou tributo a António Ávila Jorge, António Inácio, José António Escobar, Manuel Dutra, Clarimundo Pinheiro Alberto, António da Rosa Gomes, José Fernando Garcia da Rosa, Manuel da Rosa Rodrigues da Silveira, Manuel António de Vargas e Manuel Silvino de Faria.

g Decorreu na quarta-feira, dia 22 de Junho, a Regata das Sanjoaninas, numa organização do Clube Naval da Horta com o apoio da ZON Açores e Angra Iate Clube. Com 7 embarcações inscritas à partida a prova acabou por ser ganha, na classe cruzeiro A pelo “Ilha da Ventura” de Carlos Garcia. O “Xcape” de Luis Quintino foi o primeiro na classe ORC.

Final do Campeonato de Pesca desportiva de Costa g Realiza-se no próximo dia 03 de Julho a 6ª e última Prova do Campeonato de Pesca Desportiva de Costa do CNH. Esta prova está agendada para as 08:00h e terá lugar nos Cedros ou Lajinha (dependente das condições meteorológicas). Para esta prova contam as espécies Peixe-Rei, Garoupa, Bodião, Castanheta e Veja.

Campeonato de King vai de férias g Realizou-se na passada segunda-feira a última jornada do Campeonato de King antes das férias de Verão. Classificou-se em primeiro lugar João Luís, seguido de Ruben Oliveira e Mário Dutra. Nas contas da geral, João Luís parte para férias na liderança da tabela. Mário Dutra ocupa o segundo lugar e António Sousa o terceiro. O Campeonato de King regressa em Setembro.


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OPInIãO

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Tribuna das Ilhas

ReTaLhOS da nOSSa hISTóRIa – c

No Centenário da República Portuguesa (35) Fernando Faria

40. GOvERNADOR ANTóNIO INOCêNCIO MOREIRA DE CARvALHO

Fui muito bem recebido e, felizmente que todos, indistintamente, têm confiança em mim”1 . Esta é a boa notícia que, em carta de 29 de Junho de 1939, o capitão Moreira de Carvalho dá ao ministro do Interior. Nomeado por este governador civil do distrito da Horta, a 17 de Março – dia em que foi publicado o diploma de exoneração do seu antecessor Silva Mendes – chegou à capital faialense a 29 de Abril merecendo, como era costume, a programada recepção das autoridades civis e militares, das corporações administrativas, dos chefes de serviços, do funcionalismo público e de vários populares, todos antecipadamente convidados em nota oficiosa do Governo Civil. Teve direito a guarda de honra, prestada “por um lanço da Legião Portuguesa, com um terno de corneteiros”. Os diários faialenses, sempre ansiosos por ficarem nas boas graças do governador que chegava, não poupam nos elogios ao capitão Moreira de Carvalho. O “Correio da Horta”, reportando a “calorosa recepção” saúda o primeiro magistrado do distrito que, “com a maior isenção e competência exerceu durante muitos anos o cargo de comandante da P.S.P. de Setúbal” e porque pertencente a “nacionalistas sinceros e soldados disciplinados à voz do Chefe [Salazar] e desde a primeira hora defensores do Estado Novo”2 fica à sua inteira disposição.

O Telégrafo” faz um relato sucinto, mas, em contrapartida, insere um artigo de opinião onde, a par dos cumprimentos elogiosos ao capitão Moreira de Carvalho, lembra o passado recente e faz doutrina, procurando também com isso balizar a acção do novo chefe do distrito. Lembra-lhe que vem substituir o capitão Silva Mendes a quem “muito devemos” e que “é tempo para que da lição dos factos nós tiremos normas e condutas a seguir, para que às ambições dos homens se ponha um dique e se volte a iniciar uma era de paz e de pro-

gresso que, com intermitências temos gozado e da qual nos vemos privados pela maldade de alguns a quem o direito e a justiça jamais agradam”. Porque conhecem as “nobilíssimas qualidades de carácter” de Moreira de Carvalho, acreditam que ele “tudo há-de fazer para que a sã política administrativa que este distrito gozou em dois anos fugidios se conserve para nosso prestígio e ressurgimento”. Mas isso só será possível – ataca o articulista de “O Telégrafo”quando “os homens inúteis se convençam que só a reforma os espera”, de forma que “acabem processos que deviam ter caducado com o movimento salvador de 28 de Maio, no qual se empenhou a geração nova dum Portugal que se há-de redimir ainda que à custa de maiores sacrifícios”. Após este ataque do grupo moderno (“ a geração nova”) ao grupo antigo (“os homens inúteis” à beira da reforma), surgia o apelo para que o governador fosse o arauto da caminhada a encetar “no sentido de darmos as mãos e formarmos um bloco de homens de boa vontade a trabalharmos para o progresso da nossa terra, que o mesmo é dizer de Portugal”3. Facilmente se vê que continuava, embora de forma menos frontal, a luta entre as duas facções da União Nacional no distrito da Horta. Não era a chegada de um novo governador, nem as suas excelsas qualidades apregoadas pelos jornais, que iriam pôr fim ao um conflito que vinha de longe. Mas, é um facto que o capitão Moreira de Carvalho, soube ultrapassar o problema. A primeira medida foi a de haver assumido funções sem a habitual sessão de boas-vindas, em que os discursos dos principais dirigentes de cada uma das facções serviam de detonadores de uma luta que logo recrudescia. Desta vez não houve recepção oficial no Governo Civil, não houve oratória, nada aconteceu. Por isso, o governador podia comunicar ao ministro Pais de Sousa que “a situação política é de facto má, mas não me tenho preocupado com ela e, assim, tenho ao meu lado, abertamente, as duas facções políticas nacionalistas do distrito”. E, acrescentava, com argúcia: “parece-me que a melhor maneira de resolver, de momento, o problema político será o de … não tratar dele”. Aliás, lembrava ele, “foi isso, de resto, que V. Ex.ª me recomendou quando me deu a honra de me escolher para este cargo”4 .

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uriosamente, um ano antes, o Professor Marcelo Caetano em carta particular ao Dr. Pais de Sousa, escrita a bordo do Carvalho Araújo no

dia 4 de Agosto de 1938 no termo da sua viagem de estudo aos Açores, fazia-lhe idêntica sugestão que, agora se constata, o ministro aceitou, recomendando-a ao governador. Dizia então aquele constitucionalista, após descrever o ambiente político da Horta, a existência das duas facções e a guerrilha permanente entre elas: (…) ”é inútil tentar conciliar as duas correntes e tem de que se governar com a gente que a constitui porque não há outra”. Explica que “balançar de um grupo para outro é alimentar a divisão”, pelo que o melhor seria aproveitar “o do coronel Melo efectivamente chefiado pelo Dr. Freitas Pimentel” e “procurar ajuizá-lo e limpá-lo de um ou outro elemento pior, porque com a continuidade os outros irão esmorecendo”; no fim de carta, notava que “quanto mais importância lhe derem pior”5. [os sublinhados são do autor]. Além disso, o governador na sessão solene comemorativa do 28 de Maio lançou a ideia da realização duma Conferência Económica do Distrito da Horta, “ideia que foi entusiasticamente aceite” e que colocou “toda a gente a trabalhar para a sua terra”. A pretensão de Moreira de Carvalho era congregar vontades e competências, independentemente dos quadrantes nacionalistas a que pertenciam, “fazendo-lhes sentir, ao mesmo tempo, que só assim se dão passos de verdadeiro nacionalismo”6. Posta a ideia em prática, constituiu-se uma comissão organizadora que revelou uma inusitada eficiência e uma tal celeridade que no dia 17 de Julho de 1939 se iniciava, no salão de festas do “Amor da Pátria”, a I Conferência Económica do Distrito da Horta. Não é possível fazer aqui uma análise desse acontecimento, das comunicações apresentadas e dos assuntos nela debatidos que iam do Fomento, Lavoura e Comunicações até à Organização Corporativa, Ensino, Comércio e Assistência Social. Todavia e, para o que agora interessa, os participantes pertenciam às duas facções locais da União Nacional. Foi isso que logo se verificou na sessão de abertura em que falaram, além do governador Moreira de Carvalho, o secretário-geral Dr. Virgílio Pimentel, o poderoso líder dos antigos Dr. Manuel Francisco Neves Júnior e o reitor do Liceu da Horta Dr. Gomes Belo, sendo secretário adjunto da Conferência o inevitável João da Costa Moreira, que acumulava o comando da Companhia da Guarda Fiscal com o da Legião Portuguesa e era, na prática, o director de O Telégrafo e um dos grandes operacionais do grupo moderno.

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mandato de Moreira de Carvalho caracterizou-se, portanto, por um notável apaziguamento político, o que, olhando aos anos anteriores, já seria só por si, uma autêntica proeza. Mas ela atinge ainda maiores dimensões quando atentamos que, poucos meses depois da sua chegada, a Europa e o Mundo se envolveram na II Guerra Mundial. Apesar da neutralidade portuguesa, os Açores tiveram de suportar as agruras desse terrível conflito, quer nas dificuldades de abastecimento de produtos essenciais, como na satisfação das múltiplas necessidades logísticas dos milhares de soldados continentais que vieram para os Açores, numa simbólica demonstração de soberania reafirmada pela apoteótica viagem do Presidente Carmona em 1941. O governador Moreira de Carvalho esteve sempre presente na organização e no decurso dessa visita presidencial. Apesar da neutralidade portuguesa, a privilegiada posição estratégica destas ilhas, em especial da cidade da Horta – onde existiam as importantíssimas companhias telegráficas e onde a Pan American fazia escala com os seus aviões que, transportando passageiros e correio, ligavam os Estados Unidos à Europa – requeriam que o representante do poder central fosse um político hábil e astuto, gerador de consensos e negociador inteligente, que não abdicasse da autoridade que, efectivamente, possuía. A presença de largas centenas de militares, a afluência de muitos navios de guerra dos países beligerantes e os inevitáveis distúrbios causados pelos seus marinheiros, a existência de uma grande colónia estrangeira, as carências alimentares que atormentavam a maioria da população e o contrabando a que se dedicavam alguns grupos organizados, tudo isso provocou implicações sociais que a primeira autoridade do distrito teve de resolver. A acreditar nos testemunhos dos seus contemporâneos, possivelmente exagerados porque registados por ocasião do seu falecimento, o capitão Moreira de Carvalho foi um competente servidor do Estado Novo e um fiel seguidor do seu chefe Oliveira Salazar.

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isboeta da freguesia dos Anjos, nasceu a 6 de Janeiro de 1894, filho de Henrique Maria Moreira de Carvalho e de Leopoldina Augusta Emília da Cunha Terra, de ascendência faialense. Casou com Adélia da Silva Alves Pedrosa e tiveram dois filhos: Maria Adelaide Alves Pedrosa Moreira de Carvalho, nascida a 24 de Abril de 1921

e Henrique Maria Alves Pedrosa Moreira de Carvalho que nasceu a 22 de Maio de 1926. Alistou-se como voluntário no Regimento de Cavalaria n.º4 em 1911, sendo promovido a alferes miliciano em 1916 e em 1918 foi colocado na Guarda Nacional Republicana. Em 1919 já era tenente miliciano e exerceu o cargo de ajudante-de-campo de vários generais comandantes de regiões militares. Passou ao quadro permanente em 1926, foi promovido a capitão em 1938, tendo sido de 1929 a 1939, comandante da P.S.P. de Setúbal. A extensa lista de louvores e condecorações que recebeu e que constam do volumoso processo individual, mostram que era um firme executante das ordens superiores e um militar cumpridor. Ainda na I República foi louvado (2 de Agosto de 1920) pelos “serviços prestados durante a última greve ferroviária”, mas a maior parte deles foram-lhe atribuídos já depois do 28 de Maio de 1926. Destacam-se estes dois: um, de 27.5.1931, “pela forma enérgica e decidida porque se houve para a manutenção da ordem pública por ocasião dos tumultos que tiveram lugar na cidade de Setúbal”: o outro, de 28.8.1934, “pela energia e serenidade demonstradas durante os acontecimentos ocorridos em Setúbal, em Fevereiro de 1934, em que milhares de operários, com as mulheres à frente, pretendiam assaltar a Delegação do Comércio de Conservas da mesma cidade, bem como os serviços prestados na repressão da greve revolucionária, levada a efeito por operários em várias localidades do distrito, fazendo capturar os elementos que fomentavam a greve, entre os quais alguns detentores de bombas, fazendo capturar os elementos que fomentavam a greve entre os quais alguns detentores de bombas e conseguindo restabelecer rapidamente o sossego e a tranquilidade pública”7. Foi condecorado com o grau de cavaleiro da Ordem Militar de Avis e grande oficial da Ordem Militar de Cristo. Exerceu o cargo de governador até ao seu prematuro falecimento em 12 de Junho de 1942, tendo apenas 48 anos de idade. Na toponímia da cidade da Horta ainda hoje é lembrado no “Bairro Capitão Moreira de Carvalho”. 1 IAN/TT, Ministério do Interior, Gabinete do Ministro, maço 504 2 correio da Horta, 2 Maio 1939, p.1

3 O Telégrafo, 29 Abril 1939, p.1 4 IAN/TT, Ministério do Interior, Gabinete do Ministro, maço 504 5 Idem. Ibidem, maço 501 6 Idem, Ibidem, maço 504 7 Arquivo Histórico Militar, caixa 1721


PuBLIcIdade

Tribuna das Ilhas NotÁRIo

lIC. mARIA do CÉu PRIeto dA RoChA PeIxoto deCq mot A CARtÓRIo CeRtIdÃo NARRAtIVA Certifico, para efeitos de publicação, que por escritura lavrada aos vinte e um de Junho de dois mil e onze, de folhas oitenta e sete e seguintes, do Livro de Notas para escrituras Diversas número noventa e cinco - E, do Cartório Notarial, da Licenciada Maria do Céu Prieto da Rocha Peixoto Decq Mota, Notária, sito na Rua da Conceição n.º 8 r/c, na Horta, se encontra exarada uma escritura de JuStIFICAÇÃo NotARIAl na qual Sílvia Faria moitoso medeiros NIF 211 308 811 casada com Nelson Souto Medeiros na comunhão de adquiridos, natural da freguesia da Matriz, desta cidade, residente na Praia de Baixo, n.º105, freguesia da Praia do Norte, deste concelho, declara: Que é actualmente e com exclusão de outrém, dona e legítima possuidora do seguinte prédio, situado na referida freguesia da Praia do Norte: Rústico, na Passagem, de terra lavradia com a área de seis ares e cinco centiares, confinando a norte com Rosa Garcia de Medeiros, sul António Garcia do Souto, leste Atalho de Servidão e oeste José Faria da Silveira, inscrito na matriz no artigo 6818, com o valor patrimonial tributário de 4,27 €. Que este prédio está inscrito na matriz em nome de José Silveira Moitoso, não se encontrando descrito na Conservatória do Registo Predial da Horta. Que o adquiriu ainda no estado de solteira por compra feita no ano de mil novecentos e noventa ao titular da inscrição matricial, residente que foi na referida freguesia da Praia do Norte, sem no entanto ter outorgado a respectiva escritura de compra e venda. Que desde essa altura até hoje está na posse deste prédio, sem a menor oposição de ninguém; posse que sempre exerceu sem interrupção e ostensivamente, com conhecimento de toda a gente e a prática reiterada dos actos habituais de um proprietário, tendo-o ocupado, feito sementeiras e colheitas, procedido ao seu arranjo e limpeza, pago contribuições e impostos, tendo retirando dele todas as utilidades normais, com ânimo de quem exercita direito próprio, sendo por isso uma posse pacífica, contínua e pública. Adquiriu assim o referido prédio por usucapião e, dado o modo de aquisição, não possui título, estando impossibilitada de comprovar esta aquisição pelos meios normais. É certidão-narrativa que fiz extrair e vai conforme o original. Cartório Notarial, vinte e um de Junho de dois mil e onze. A Colaboradora por Delegação da Notária, (Filomena teresinha Pereira Serpa (Registo n° 99/1) Emitida factura/recibo n.º578

VIdeNte-medIum CuRANdeIRo eSPeCIAlIStA em PRoBlemAS de AmoR telef.: 291 238 724 *telm.: 966 552 122 * Fax: 291 232 001

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OPInIãO

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Tribuna das Ilhas

OPInandO OBjecTIvamenTe

tÓPICoS : 1 – Baía 2 – lagoas 3 – Almanaque 4 – Rã

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Armando Amaral

Em 28 de Junho faz 110 anos que o iate real D. Amélia, ostentando bandeira lusa ainda azul/branca e coroa, em de manhã já de sol radioso, navegava num mar que mais parecia enorme espelho emoldurado pelas verdejantes encostas das ilhas do Triângulo, E atravessado as águas em que os dois canais (S. Jorge/Pico e Pico/Faial) se cruzam, a Rainha, ao avistar a Horta, exclama deslumbrada para D. Carlos: Jamais admirei panorama tão lindo. Isto ouvi, por mais duma vez, a meu pai. Mas algo faltaria a esse gigante “Bolo de noiva” a que, à sua invulgar

beleza, a divina providência juntara privilegiada situação geográfica. Então, as baleeiras de New Bedeford já haviam passado... Vieram depois os barcos a vapor e os armazéns de carvão; os cabos submarinos e as companhias; as travessias atlânticas por aviões: americanos do Cap. Read aos Clippers, alemães do DOX aos catapultas, franceses e italianos de Balbo, e os inesquecíveis “aventureiros”, precursores do iatismo internacional e de marina sempre a transbordar. E eis que surge acontecimento maior: a entrada da Baía da Horta no Clube das mais belas do mundo! Aliás, a “cereja” que faltava a encimar o “Bolo de noiva”. Oxalá pois que os governantes autonómicos passem a ver o Faial com os mesmos olhos que os dirigentes do famoso Clube viram a Horta, tanto mais que é sobretudo virado para o desenvolvimento turístico, económico e social.

o voluntariado na Cruz Vermelha

O

ano de 2011 é o Ano Europeu do Voluntariado. Para a Cruz Vermelha (CV) esta é uma importante oportunidade para promover o papel que os voluntários têm nesta Casa, tornando-nos na maior rede humanitária no mundo. Segundo a definição de um dicionário de língua portuguesa voluntário é “aquele que faz algo de livre vontade”. Porém, se pedirmos a definição a alguém que faz voluntariado na Cruz Vermelha a definição ultrapassa a visão simplista de um dicionário. Ser voluntário é sim um estado de espírito, estado de alma, predisposição para a vida, é um auto-conhecimento através da ajuda ao próximo. Ser voluntário não é um fim em si mesmo, mas sim uma extraordinária ferramenta para alcançar algo superior, a sensação de dever cumprido no apoio aos mais vulneráveis. O voluntário da CV é aquele que assume um compromisso com uma Causa, que , entre a azáfama do diaa-dia, dá do seu tempo àqueles que contam com ele, e em prol daqueles que tiveram talvez menos sorte, menos oportunidades, menos amigos, menos amor. A Cruz Vermelha Internacional tem ao seu serviço diariamente voluntários especializados nas mais diversas áreas de intervenção. De salientar que estes são muitas vezes vítimas da crise a que estão a responder. A delegação do Faial, como as restantes 173 delegações nacionais, conta com o trabalho dos seus voluntários para a concretização das suas acções. Actualmente a

delegação desenvolve projectos em áreas como o apoio social como, por exemplo, os projectos “Armário Solidário” e “Dispensa Solidária”, que têm como objectivo o apoio em géneros alimentares, vestuário e outros; o projecto “A escola é gira com o material em dia”, que visa o apoio em material escolar às crianças carenciadas, entre outros. A prevenção em socorrismo é outra das nossas áreas de actuação. Aqui, os voluntários especializados em emergência dão apoio nos eventos onde a presença da CV é solicitada. O apoio aos idosos recebe especial atenção por parte da delegação. O projecto Causa Maior que a delegação concretiza todos os anos tem como principal objectivo a melhoria da qualidade de vida dos nossos seniores. Na área da prevenção para a saúde os nossos voluntários com formação em saúde dão apoio à delegação na concretização de rastreios periódicos. Para além disso a delegação tem apostado na implementação local de projectos nacionais direccionados para a sensibilização da camada mais jovem da população, como por exemplo o Jogo da alimentação saudável “A brincar e a jogar descobre como te alimentar” que visa a sensibilização para boas práticas e hábitos alimentares entre as crianças dos 8 aos 12 anos. Cada acção concretizada torna-se para cada um dos voluntários uma conquista pessoal, uma vez que cada um deles é uma peça fundamental para o sucesso de cada actividade. Ser voluntário não é uma questão de idade, género ou religião mas sim uma questão de vontade, de predisposição. Delegação do Faial da cruz Vermelha Portuguesa largo Duque D'Ávila e Bolama, s/n.º (Edifício J F Matriz) 9900-141 HORTA FAIAl AÇORES Fax: 292 200 999 Telemóvel: 910 021 716/ 968 572 069 E-mail: dfaial@cruzvermelha.org.pt

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A ilha de afamadas lagoas, mais uma passou a ter, resultante de nascente surgida de enorme derrocada na Fajãzinha aquando da violenta tempestade que em Dezembro assolou as Flores. Pelo que lemos e ouvimos, é bem mais pequena do que as existentes. Assim sendo, será boa oportunidade para terceirense se desforrar de camarada do tempo da tropa. Encontrando-se anos depois, e como bom hospitaleiro levou o amigo à aprazível lagoa das Patas, rodeada de luxuriante vegetação e altas criptomérias. Só que, quando esperava os maiores elogios, deveras decepcionado terá ficado com a exclamação do visitante: na minha ilha chamamos a isto uma poça... Uma coisa, porém, terão em comum: as aves, uma vez que a jovem florentina parece vir a ser um “santuário” para observação de aves raras em suas migrações anuais.

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Manuel do Rosário, conhecido picoense vivendo na vila da Madalena, não se ficou por intenções em tempo manifestadas, e, com a colaboração do filho Luís, avançou mesmo com o pretendido Almanaque a que deu o nome de sua ilha, tendo como sub título - Barómetro do Triângulo. Com sugestivas capa e contracapa a cores e de apreciada apresentação gráfica, trata-se quiçá de inédita publicação por estas bandas, aliás, um género muito popular nos meios rurais e, no caso, com assuntos virados para as três ilhas da sub-região açórica. A presente edição (a 2ª.) com um milhar de exemplares, é, sem dúvida, prometedor sinal que o Almanaque do Pico veio para ficar: são os nossos votos.

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Afinal, Ana Gomes nem tem culpa, culpa terão os que a alcandoraram a um pedestal onde se julga Alguém,

quiçá consequência de referências positivas por sua acção política em Timor. O pior, porém, é que lhe subiram à cabeça, parecendo que nem lugar no parlamento europeu a terá contentado. É que passou a botar a torto e a direito disparatadas sentenças, como se fosse impoluta juíza, fruto de tecnologias socráticas: nem a governança socialista, nem camaradas escaparam, muito menos adversários. E desta feita ultrapassou todas as marcas democráticas, apontando venenosa língua a Paulo Portas, sentenciando que o idóneo líder democrata-cristão não tem condições para fazer parte do novo Governo, chegando mesmo a compará-lo ao director do MFI, a contas com a justiça de New York por acusado de violação a empregada de hotel. Mas que lata será melhor expressão popular para definir Ana Gomes, qual rã da fábula.

de quandO em vez… Santos Madruga

A

pesar das obras efetuadas ultimamente na nossa cidade serem uma “obrigação” dos serviços respectivos, não deixamos, contudo, de as realçar, pois constituíram um benefício para todos os utentes que delas usufruem. Referimo-nos, em concreto, ao arranjo dos passeios do lado do mar da rua D. Pedro IV e à reposição da rua de S.João, na entrada para a rua de S.Pedro. Todas estas melhorias foram executadas por dois funcionários camarários, que deixaram bem vincada a sua competência. No entanto, como já fizemos referência anteriormente, são poucos os trabalhadores destacados nestes serviços, dado

Ruas e Passeios serem muitas as reparações que os aguardam. Todavia, continuamos a chamar a atenção para muitos dos passeios em mau estado, os quais na época “turística” dão a sensação de desleixo para quem nos visita, e, na de Inverno, transformam-se em incómodos lamaçais. Enumerá-los seria fastidioso, pois os seus responsáveis conhecem bem esta situação, e irão, estamos cientes disso, resolvê-la em breve. Continuamos a não entender o motivo da não reparação da calçada em frente à

CGD, pois o seu estado é péssimo e desconfortante para quem por ali passa, sobretudo, de carro. A rua Tenente Aragão e a rua das “escadinhas” merecem o nosso aplauso. Vamos mais uma vez dar um voto de confiança aos responsáveis pelas ruas e passeios da nossa cidade, esperando que dêem uma melhor atenção a estas pequenas e necessárias reposições, às quais os mais idosos e “trôpegos”, reconhecidos, agradecem. Haja Saúde! Jun.2011

Saltar do prato para o avião Kitty Bale* Para quem vem de fora, o bairrismo entre as várias ilhas faz pouco sentido. Pior ainda, trava a divulgação e a promoção do que por cá se faz de melhor. Somos ilhas tão pequenas que só juntas é que temos hipóteses de marcar uma presença a nível nacional e mundial. Há uns dias, empresários luso-canadianos chegaram ao Grupo Central com um sentido de missão. Visitaram empresas e cooperativas no Faial, no Pico, em São Jorge, na Terceira e em São Miguel durante uma semana. Não interessou onde as empresas estão radicadas mas sim quais os produtos que poderiam ser exportados e de que forma. Nos Açores, trata-se quase sempre de empresas familiares que trabalham segundo métodos muitas vezes ainda artesanais com capacidades de produção bastante limitadas. O resultado são

produtos de alta qualidade, fabricados com carinho e atenção. Por exemplo, não é por acaso que a Região já conta com duas qualidades de queijo DOP de Denominação de Origem Protegida - tal como carne IGP - de Indicação Geográfica Protegida - oriunda de várias ilhas do arquipélago. Já se sabe que as Comunidades gostam dos produtos da terra e é precisamente este apetite para o que vem dos Açores que faz dos nossos emigrantes os melhores embaixadores da Região. Integrados na vida sócio-cultural dos países de acolhimento desde anos, promovem os sabores açorianos com naturalidade, sinceridade e entusiasmo. É mesmo através dos empresários nas Comunidades que os Açores têm agora a oportunidade de se aproximarem dos mercados estrangeiros e de lá colocar as suas riquezas culinárias como produtos gourmet. Para chegar lá, é preciso continuar

com o intercâmbio de conhecimento entre os dois lados do Atlântico e é preciso marketing a sério porque ninguém vai comprar um queijo que custa 18 dólares sem prová-lo - promoção tem que ser vista como investimento e não como despesa. Mas quem prova o queijo com doce de figo olhando para folhetos ou posters de uma paisagem deslumbrante até é capaz de gastar os 18 dólares e de ficar curioso sobre este destino delicioso que produz tantas coisas saborosas. Com promoção abrangente do destino Açores, englobando gastronomia e natureza intocada, será que o consumidor estrangeiro pode saltar do prato para o avião? Afinal, parece que há verdades intemporais: "Para chegar ao coração de um homem, é preciso passar por seu estômago". *Jornalista (quazorean@gmail.com)


InfORmaçãO

Tribuna das Ilhas

NOSSA GENTE

UTILIDADES

PARTIRAM

FARMÁCIAS

l Manuel Francisco de Bem de 88 anos de idade faleceu no Hospital da Horta, vitima de doença no passado dia quatro de Junho. Natural e residente em São Roque do Pico, o extinto era policia reformado e deixa de luto a sua esposa laura Vieira de Bem e o seu filho José Mário Vieira de Bem. Deixa ainda, os netos Marco Paulo Ribeiro de Bem, cristina Maria Ribeiro de Bem e Maria João Ribeiro de Bem e os bisnetos cátia Soraia Silva Bem, Bruno Miguel Jorge e Nicole Jorge. l No passado dia 10 de Junho faleceu no Hospital da Horta com 89 anos de idade José de Paiva lima, natural da freguesia das Angústias e residente na Matriz. O extinto deixa viúva Maria Rodrigues Paiva e era pai de Manuel José Paiva lima, casado com Imelda Paiva lima. Era avô de Ana Paula Silva lima, casada com Sérgio cupido, de Nuno Filipe da Silva lima, casado com Edna leite e de Pedro Manuel da Silva lima, casado com Joana Dutra. Deixa ainda dois bisnetos: a Mariana cupido e o António lima. O falecido foi sepultado no dia 11 de Junho. l com 87 anos de idade faleceu no Hospital da Horta no passado dia 12 de Junho, Maria de lourdes Garcia da Rosa, natural da freguesia da Ribeirinha e residente na freguesia das Angústias. Deixa de luto a sua afilhada liseta campos, casada com Manuel campos, com quem residia. l António Gomes Maciel de 90 anos, faleceu no passado dia 24 de Junho em sua casa na Praia do Norte, freguesia onde era natural. Deixa de luto sua esposa Maria Maciel Branco e sua filha Elisabete Andrade Silveira Mota. Era avô de André Filipe Silveira Mota e de Hugo Silveira Mota. O extinto era irmão de Isaltina Maciel da Silveira.

ABIFP Os novos Órgãos Sociais da Associação de Basquetebol das Ilhas Faial e Pico tomaram posse a 20 de Junho. ASSEMBLEIA GERAL luís Menezes (presidente), Rui Santos (vice-presidente), Rogério Feio (secretário), Ana Paula Menezes; DIRECçãO césar Azevedo (presidente), Nuno Fraião (vice-presidente), Alice Menezes (directora administrativa), Bruno Amaro (director desportivo), Alexandra Pereira (tesoureira), Hugo Rombeiro e Rute Matos; CONSELHO FISCAL carlos Garcia (presidente), Sandra Alves (1º vogal), Rómulo Garcia (2º vogal) e Vera Escobar; CONSELHO DE ARBITRAGEM Mauro Ferreira (presidente), João Machado (vice-presidente), Sílvia Paím (1º vogal), Joaquim Dionísio (2º vogal) e carlos Pacheco; CONSELHO DE DISCIPLINA Nuno Avelar (presidente), Mário Pereira (1º vogal), Madalena Almeida (2º vogal) e lúcia Sousa; CONSELHO JURISDICIONAL Roberto Vieira (presidente), cláudia Alvernaz (1º vogal), Elisabete Azevedo (2º vogal) e Sónia cipriano.

DIRECTOR: cristiano Bem EDITOR: Fernando Melo CHEFE DE REDACçãO: Maria José Silva REDACçãO: Susana Garcia e Marla Pinheiro

HOJE E AMANHã Farmácia Ayres Pinheiro 292 292 749 DE 3 A 9 DE JULHO Farmácia lecoq 292 200 054 EMERGêNCIAS -FAIAL i h p o ~ m i i

Número Nacional de Socorro 112 Bombeiros Voluntários Faialenses 292 200 850 PSP - 292 208 510 Polícia Marítima 292 208 015 Telemóvel: 912 354 130 Protecção civil - 295401400/01 linha de Saúde Pública 808211311 centro de Saúde da Horta 292 207 200 Hospital da Horta 292 201 000 TRANSPORTES - FAIAL

jSATA - 292 202 310 - 292 292 290 loja jTAP (aeroporto) - 292 943 481 v Associação de Taxistas da Ilha do Faial 292 391 300/ 500 oTransmaçor - 292 200 380

COLABORADORES PERMANENTES:Costa Pereira, Fernando Faria, Frederico Cardigos, José Trigueiros, Mário Frayão, Armando Amaral, victor Dores, Alzira Silva, Paulo Oliveira, Ruben Simas, Fernando Guerra, Raul Marques, Genuíno Madruga, Berto Messias COLABORADORES EvENTUAIS: Machado Oliveira, Francisco César, Cláudio Almeida, Paulo Mendes, Zuraida Soares, Gonçalo Forjaz, Roberto Faria, Santos Madruga, Lucas da Silva

EMENTA PARA DOMINGO

ENCHAREU FRITO OU GRELHADO MISTA REGIONAL PEIxE vARIADOS FILETES DE vEJA AceitAm-se ReseRvAs vENDEMOS REFEIçÕES PARA FORA

E mEnta Variada todos os d ias BAR SERvIMOS

REFEIçÕES LIGEIRAS E PRATO DO DIA

descanso semanal: TeRça-feIRa

Temos sempre bom peixe Venha almoçar ou Jantar num ambiente romântico e faça uma visita à JJ Moda e decoração Pronto a vestir

GRUPO CENTRAL HOJE céu geralmente muito nublado. Períodos de chuva fraca, passando a aguaceiros fracos. Vento sul bonançoso a moderado (10/30 km/h), rodando para noroeste. Mar de pequena vaga. Ondas sudoeste de 1 a 2 metros, passando a oeste. AMANHã Períodos de céu muito nublado com boas abertas. Vento do quadrante norte bonançoso (10/20km/h). nMar de pequena vaga. Ondas oeste de 1metro, passando a norte. DOMINGO Períodos de céu muito nublado com boas abertas. Vento fraco (05/10 km/h FICHA

Tribuna das Ilhas

aReeIRO • caPeLO • TeLf. 292 945 204 • TLm. 969 075 947

METEOROLOGIA

SOCIEDADE "AMOR DA PÁTRIA" No passado mês de Maio foram eleitos novos órgãos Sociais da Sociedade Amor da Pátria para 2010/2012, cuja a composição ficou assim constituida: ASSEMBLEIA GERAL Presidente - Fernando Manuel Machado Menezes Vice-Presidente - Guilherme Marinho Pinto de Sousa Primeiro Secretário - Manuel José Simas de lemos Segundo Secretário - Manuel Norberto Garcia de Oliveira DIRECçãO Presidente - Eugénio Manuel Pereira leal Vice-Presidente - Manuel Femando Ramos de Vargas Primeiro Secretário - Maria do carmo Rodrigues Ferreira Segundo Secretário - Paulo Jorge de Morais Salvador Tesoureiro - David Francisco Mendonça Santos SUPLENTES Norberto Manuel Guerra Frayão Alzira Maria Gonçalves Soares luís Olga Maria Murtes Marques luísa Paula Serpa Alves Fernando Manuel Dias capela CONSELHO FISCAL Presidente - luís da costa Rosa Bruno Vogal - João Manuel Silveira Bettencourt Voga l- João Alberto Silva de Azevedo e castro

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FORAM ELEITOS

FOTOGRAFIA: carlos Pinheiro

O1 DE JULHO DE 2O11

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Esta publicação é apoiada pelo PROMEDIA - Programa Regional de Apoio à comunicação Social Privada


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Tribuna das Ilhas SExTA-FEIRA 4 O1 DE JULHO DE 2O11


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