12-11-2010

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AndebOl

Sporting da Horta recebe Porto PÁGINA 11

Tribuna das Ilhas

dIrectOr INterINO: mANuel crIstIANO bem 4 NÚmerO: 441

O pi n iãO PÁGINA 14

ALzIRA SILvA

em tempo de crise… acontecem coisas bonitas! PÁGINA 11

FeRnAnDO FARIA

12.nOvembrO.2O1O SAi àS SextAS-feirAS

1 euro

APAdIf e PsP AlertAm PArA O PrOblemA

Barreiras arquitectónicas continuam a “minar” cidade da Horta

retAlhOs dA NOssA hIstórIA

No centenário da república Portuguesa (19) 24.Governador Alberto Goulart de medeiros PÁGINA O2

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JORGe COStA PeReIRA

bons exemplos PÁGINA O9

PAULO OLIveIRA

cães à solta, pessoas em casa!... PÁGINA 11

RUben SIMAS

caça ao cidadão!

DOP fez POntO Da situaçãO hOrtA AcOlhe bArcOs dA rOute du rhum INvestIGAdOres g Mais uma vez a Marina e o Porto da Horta estão em primeiro plano no cenário do iatismo mundial. Um autêntico parque de assistência, foi no que se transformou a estrutura portuária local ao receber os veleiros com problemas da Route du Rhum, prova que liga o porto de St. Maló a Guadalupe. Destaque ainda para o Rebocador Ilha São Luís que foi chamado a intervir num caso grave (como ilustra a fotografia), tendo mesmo desenvolvido uma operação de resgate a 350 milhas da costa.

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RUI SUzAnO

dissertação sobre bruxos, políticas, merceeiros e lapas

(I)

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SAntOS MADRUGA

No Outono da vida

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sAtIsfeItOs cOm trAbAlhO NO cONdOr

g Gui Menezes, do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, fez um ponto da situação aos trabalhos de investigação que decorrem no monte submarino Condor. Até agora, o balanço é positivo, e, segundo o sub-secretário regional das Pescas, Marcelo Pamplona, as vantagens do encerramento do Condor à pesca são superiores às desvantagens. PÁGINA O4


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eDitOrial

fregueSiAS limPAS! g Como noticiámos, do dia 14 ao dia 30 de Setembro, na Região Autónoma dos Açores, o programa-concurso designado por “eCO Freguesia – freguesia limpa”, uma feliz iniciativa da Secretaria Regional do Ambiente e do Mar. numa primeira análise desta jornada, em formato de competição, pode dizer-se que ela assenta bem nos objectivos da entidade promotora, a SRAM, que tem vindo a evidenciar no sector um crescente dinamismo, orientado para a sensibilização e mentalização das populações açorianas, no sentido de transformarem as suas ilhas em espaços despidos de poluição e motivadores de uma vida sã, a valorizar, ainda mais, a natureza prodigiosa com que as mesmas foram dotadas. e assim sendo, os habitantes desta região insular poderão usufruir, respirando os ares atlânticos, dos vários e inegáveis benefícios da sua qualidade ambiental, ao mesmo tempo que as nossas ilhas poderão constituir, na imensidão oceânica, refúgios seguros para as gentes dos continentes que queiram libertar-se, nos períodos de férias, da atmosfera saturada dos grandes centros urbanos. natureza pura e atractiva, conjugada com a limpeza permanente e arranjo dos espaços que rodeiam as nossas comunidades – eis a receita ambiental que, em nosso entender, estas terras merecem… Por isso, os resultados já conhecidos do programa “eCO Freguesia – freguesia limpa” representam um importante passo para a tomada de consciência dos valores, para a vida local e para a área do turismo, da preservação e enriquecimento do ambiente em todo o arquipélago, embora algumas ilhas, até mesmo das maiores e mais populosas, não tenham dado a resposta que seria de esperar. Um facto que só por si recomenda a continuidade deste processo educativo. no que se refere ao sucesso do programa, é de salientar o caso da ilha do Faial, onde todas as freguesias, receberam o “galardão da limpeza” – um motivo de satisfação e também de honra para os seus quinze mil e tal habitantes e para as respectivas autarquias. no entanto, não basta conquistar galardões e receber públicos aplausos pelos sucessos alcançados. É acima de tudo necessário que as acções de limpeza e sua conservação nas freguesias – rurais e urbanas – se mantenham como um hábito adquirido e como um factor de valorização. Um papel que cabe às Juntas de Freguesia com a colaboração de toda a comunidade.

em Destaque

Tribuna das Ilhas

aPaDif reflecte sObre O PrOblema em Dia De aniversáriO

“Armadilhas” arquitectónicas atrapalham cidadãos de mobilidade reduzida marla Pinheiro foto: maria José silva g Na passada quarta-feira, a Associação de Pais e Amigos dos Deficientes da Ilha do Faial (APADIF) assinalou 17 anos de existência. As comemorações ficaram marcadas por uma reflexão acerca da questão das acessibilidades, com a apresentação de um levantamento das barreiras arquitectónicas da cidade da Horta, efectuado pela PSP durante o último ano. Nas conclusões, fica a certeza de que a deslocação na cidade da Horta é, ainda, uma verdadeira prova de obstáculos para as pessoas com deficiência. Coube a Vanda Ângelo introduzir a questão, frisando que desde 2003 que a APADIF vem alertando para este problema. Invisual, Vanda Ângelo enfrenta diariamente uma série de barreiras que são autênticas armadilhas, não apenas para aqueles que não podem ver, mas também para os deficientes motores. É o caso da falta de rebaixamento de passeios, de vasos mal localizados, dos caixotes do lixo “invisíveis” às bengalas dos invisuais, entre outras. Reconhecendo as melhorias verificadas nos últimos anos, Vanda frisa que ainda há muito a fazer. A ideia de se fazer um levantamento das barreiras arquitectónicas da cidade surgiu em força há um ano, altura em que a PSP e a APADIF, parceiras em diversas iniciativas, celebraram um protocolo nesse sentido. Um ano depois, o subcomissário Raimundo Dias apresentou uma série de situações encontradas nas freguesias da Matriz e da Conceição que condicionam a mobilidade e a acessibilidade das pessoas com deficiência. E se muitas foram apresentadas, muitas mais, de características semelhantes, havia a reportar. As barreiras são muitas e variadas, mas têm algo em comum: quase todas se conseguem resolver sem a necessidade de grandes recursos. Um exemplo são as árvores que embelezam os passeios da Rampa de São Francisco, cuja falta de manutenção as torna um obstáculo não apenas para as pessoas com deficiência mas para todos os transeuntes que se vêem obrigados a baixar a cabeça para passar no local. A maior parte destas barreiras são da

[SObe]

APAdIf e PsP As duas instituições salientam a importância de dar mais atenção às barreiras arquitectónicas

responsabilidade da autarquia. Apesar de reconhecer o bom trabalho da Câmara Municipal da Horta nesta área, Raimundo Dias deixou o recado ao seu presidente, sentado na primeira fila: Ainda há muito a fazer. Por sua vez, João Castro congratulou a APADIF e a PSP por este trabalho “meritório”, e reconheceu que ainda há muito a fazer na eliminação destas barreiras. No entanto, o presidente da autarquia salientou algumas dificuldades que se colocam a essa intervenção, como é o caso dos passeios muito estreitos da cidade da Horta, o que faz com que, para que estes possam ser rebaixados, o declive tenha de ser muito acentuado, o que os torna perigosos para as pessoas mais idosas. Frisando que é preciso encontrar soluções, João Casto entende que este tipo de encontros para reflexão não é suficiente. Para o autarca, é preciso que as conclusões destes encontros cheguem à Câmara Municipal. Em relação a soluções, João Castro adiantou a possibilidade de se realizar uma formação junto do pessoal técnico da autarquia com responsabilidades nesta matéria. O edil disse ainda que a Câmara Municipal da Horta está a ponderar a criação de uma utilidade informática através da qual os muníci-

pes possam identificar e dar a conhecer à autarquia problemas da via pública como é o caso das barreiras arquitectónicas. “É PrecIsO mAIs seNsIbIlIdAde dA PArte dOs resPONsÁveIs” Quem o diz é o faialense Sílvio Nogueira, que enquanto deficiente motor sente na pele diariamente as dificuldades impostas pelas barreiras arquitectónicas. A viver no Porto há seis anos, Sílvio reconhece que a questão da igualdade nas acessibilidades não é um problema que se cinge à Horta, antes pelo contrário: “no Porto também sentimos muitas dificuldades, principalmente na zona mais antiga da cidade. Em Londres, onde estive há algum tempo, passa-se a mesma coisa. Em Boston, nos EUA, as coisas já são um pouco diferentes”, entende. Sílvio frisa que a sensibilidade em relação a esta questão tem crescido, de tal modo que as novas construções e as intervenções arquitectónicas mais recentes já têm em conta as necessidades das pessoas com mobilidade reduzida. Na Horta, no entanto, entende que as suas dificuldades são um pouco maiores, e lamenta não ver alterações a cada vez que cá volta para passar férias. “Na

&

Avenida, por exemplo, não existem muitas passadeiras onde os passeios sejam rebaixados. As raízes das árvores também são um problema, de tal modo que em certas alturas não consigo mesmo andar no passeio, e tenho de passar para a estrada”, exemplifica. Para Sílvio, as rampas podem revelar-se um problema: “não nos serve de nada existir uma rampa, se esta não cumpre com o grau de inclinação recomendado na lei”, explica, frisando que já perdeu a conta ao número de vezes que encontrou uma rampa com uma inclinação tão grande que transpô-la se torna uma missão impossível. As intervenções necessárias à eliminação das barreiras arquitectónicas são, regra geral, simples e pouco dispendiosas. Tendo isto em conta, Sílvio entende que o que falta mesmo é “um pouco mais de sensibilidade” por parte das pessoas responsáveis. A este respeito, recorda uma iniciativa levada a cabo em Santa Maria da Feira: “Desafiaram os presidentes de câmaras e de juntas de freguesia, entre outras pessoas com responsabilidades na área, a sentarem-se numa cadeira de rodas e a tentarem circular pela cidade. Só dessa forma é verdadeiramente possível compreender as dificuldades que as pessoas com mobilidade reduzida enfrentam”, entende.

[DeSCe]

trAdIÇÕes

PrevIsÕes

todos os povos têm as suas tradições, algumas das quais atravessaram séculos e ainda hoje são cultivadas e preservadas como tesouros do percurso histórico e do património das comunidades. Os Açores não fogem à regra, embora algumas dessas manifestações da cultura popular já se tenham infelizmente perdido. Aqui, no Faial, mais uma vez vai realizar-se o encontro dos Ranchos de natal, a 2 de Janeiro próximo, por iniciativa da Câmara Municipal – uma exibição que envolve grupos de toda a ilha e que normalmente atrai numeroso público, merecendo portanto nota positiva.

g Há muita gente que tem por hábito consultar pela Internet

g

as previsões meteorológicas. e pode dizer-se que nos quadros ali apresentados – muito simples e a cores – qualquer pessoa fica com uma informação completa da evolução do tempo para uma série de dias, ainda com a nota de que tal previsão é actualizada de 3 em 3 horas. no entanto, o problema às vezes é outro… Ainda recentemente, numa previsão dava uma manhã de sol e…chuva à tarde. Mas à tarde não veio a chuva… e às tantas da noite, lá continuava a indicação de “chuva à tarde”. Falta de actualização…


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lOcal

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Faleceu Mário Machado Fraião g Após um período de internamento, na sequência de um acidente vascular cerebral, faleceu no Hospital de Cascais, na passada segunda-feira, com 58 anos de idade, Mário Machado Fraião, professor do ensino secundário, filho do ex-director do TRIBUNA DAS ILHAS, Mário de Mesquita Frayão e de Ilda Vasconcelos Machado de Mesquita Frayão, já falecida. Por esse motivo estão de luto suas irmãs: Ilda Maria Machado Fraião Goulart, casada com António Manuel Martins Goulart; Ivone Machado Fraião Ramalhete, casada com Rui Ramalhete; Clarisse Machado Fraião Maciel, casada com Sílvio Maciel; Helena Machado Fraião Martins de Cardial, casada com Victor Manuel Martins de Cardial e também seu irmão Luís Filipe Machado Fraião. O funeral realizou-se na quarta-feira da Igreja de Santo António do Estoril para o cemitério da Galiza, situado na mesma área.

[aconteceu]

nO centrO De interPretaçãO DOs caPelinhOs

exposição "evolução: resposta a um Planeta em mudança" dr

g Está patente ao público até dia 27 de Fevereiro do próximo ano, a exposição “Evolução: Resposta a um Planeta em Mudança”, no Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos. A exposição “Evolução: Resposta a um Planeta em Mudança”, pode ser visitada de forma gratuita no Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos de terça a sexta-feira entre as 10 e as 16:30 horas e aos sábados, domingos e feriados entre as 13 e as 17:30 horas e apresenta a história do planeta Terra, contemplando aspectos relacionados com a sua formação geológica, o aparecimento dos primeiros organismos e o seu impacto no meio ambiente. Apresenta também a evolução da

vida até à actualidade, com fósseis representativos dos grupos mais

importantes, tais como as trilobites, fósseis vegetais e dinossáurios.

iter vitis

AdeliAçOr parceira de projecto transnacional susana Garcia

g A ADELIAÇOR e a GRATER, gestoras do EIXO 3/Abordagem LEADER do PRORURAL, participam no próximo dia 14 de Novembro, Dia Europeu do Eno-turismo, na assinatura do protocolo de coopera-

ção transnacional, denominado ITER VITIS, que terá lugar em Gaillac França. Para além das duas entidades portuguesas referidas são igualmente parceiros deste projecto de coopera-

ção: GAL Ouest Tarn (Pirineús – França), GAL Serre Calabresi Alta Locride (Calábria – Itália), GAL Etna Valle Dell’Alcantara (Sicília – Itália), GAL ASODEBI (Leão – Espanha) e a Associação Internacional das Rotas do Vinho - ITER VITIS. A Associação ITER VITIS, constituída por instituições de pelo menos 17 países, criou a Rota Cultural os Caminhos da Vinha na Europa, entretanto classificada como Itinerário Cultural do Conselho Europeu e o seu principal objectivo é a promoção do património agrícola associado à produção de vinho de qualidade, como é o caso do Património da Humanidade da Paisagem Protegida da Cultura da Vinha da Ilha do Pico. O projecto de cooperação transnacional daqui resultante tem como principais objectivos promover e desenvolver as Regiões Vitivinícolas Demarcadas, através de iniciativas várias, sendo disso exemplo a criação de Centros de Interpretação, o desenvolvimento da Rota do Vinho do Pico, entre outras.

394 AvIÕes NA hOrtA em OutubrO g Foram 394 os aviões que escalaram o aeroporto da Horta no passado mês de Outubro. De acordo com os dados estatísticos fornecidos pela AnA – Aeroportos dos Açores à nossa Redacção, foram registados 322 movimentos da SAtA Air Açores, 18 da SAtA Internacional e 54 da tAP. todos estes movimentos representam um total de 19.644 passageiros que por aquela infra-estrutura aeroportuária passaram, sendo que 8776 tiveram como destino final a Horta. NOvOs NAvIOs dA AtlâNtIcOlINe em 2012 g A Atlânticoline enviou para publicação no Jornal Oficial das Comunidades europeia a abertura do concurso público internacional para a construção de dois navios, de 37 metros, destinados a operar nas Ilhas do triângulo, no valor total de 18 milhões de euros. Além de assegurar as ligações nas Ilhas do triângulo, a construção dos novos navios têm como objectivo assegurar o transporte de passageiros com maior comodidade, de viaturas e reforçar a capacidade de transporte de doentes de ambulância ou de maca. Os dois navios serão tipo monocasco de classe b, um com capacidade para 298 passageiros e 6 viaturas e outro com capacidade para transportar 214 passageiros e 12 viaturas. terão rampas de popa para embarque e desembarque de viaturas e passageiros, rampas laterais para passageiros e atingirão uma velocidade de 15 a 17 nós. Prevê-se que os dois navios estejam a operar no final do ano de 2012. Ps flAmeNGOs PrOJectA futurO dA freGuesIA g Os membros da junta e assembleia de freguesia dos Flamengos, bem como os restantes elementos da lista do Partido Socialista nas últimas eleições autárquicas estiveram reunidos na passada semana, para fazer um balanço ao primeiro ano de mandado e perspectivarem o futuro da freguesia. De acordo com uma nota informativa remetida aos órgãos de comunicação social, “esta reunião foi muito proveitosa (…) é um tipo de encontros que pretende manter, de modo a ter um trabalho de proximidade e diálogo, numa perspectiva de troca de ideias e debate sobre a freguesia dos Flamengos”.

[vai acontecer] mOstrA lAbJOvem NO fAIAl g Hoje, pelas 18h00, na biblioteca Pública e Arquivo Regional São João José da Graça, na Horta, será inaugurada a MOStRA LAbJOveM 2010 na ilha do Faial. Para além da inauguração da componente expositiva, serão também apresentados os projectos seleccionados na área da música Flávio Cristóvam & the Jamandizen band e Wicked Jamaica, no Clube naval da Horta, pelas 22h30. exPOsIÇãO de fOtOGrAfIA "APrOxImAÇÕes" de JOrGe bArrOs g É inaugurada hoje, sexta-feira, pelas 18h30, na biblioteca Pública e Arquivo Regional da João José da Graça, uma exposição de fotografia de Jorge barros. A mostra, que estará patente ao público até 31 de Dezembro e intitula-se “Apro-ximações”. Web sIte resÍduOs: POrtAl PArA PAssAr dOs resÍduOs AOs recursOs g A Secretaria Regional do Ambiente e do Mar vai promover uma apresentação de um esboço/proposta das principais funcionalidades do Web site ReSIDUOS, permitindo assim a recolha de contributos e opiniões face ao apresentado e de acordo com as perspectivas e necessidades de cada área de intervenção/acção. A apresentação está agendada para o próximo dia 23 de novembro, no Jardim botânico do Faial e pretende divulgar alguns exemplos de gestão de resíduos em ilhas apresentadas por operadores de gestão de resíduos e entidades governamentais regionais e das Canárias, promovendo igualmente a troca de experiências. mOdA cONtrA A vIOlêNcIA g A zimodas e o Pólo Operacional de Apoio Inte-grado à Mulher em Risco da Horta estão a organizar um desfile de moda intitulado “não fique na sombra contra a violência”. O desfile decorrerá no dia 20 de novembro, pelas 21h30, na Sociedade Amor da Pátria. Desta forma a zimodas associase uma vez a uma causa nobre. De recordar que no ano passado esta mesma boutique organizou um desfile onde participaram os utentes da APADIF.


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DOP faz balançO DO trabalhO DesenvOlviDO nO bancO submarinO

Condor fechado à pesca é “mais-valia única no mundo” dr

marla Pinheiro Quem o garante é Gui Menezes, investigador de Departamento de Oceanografia e Pescas que apresentou na manhã de quarta-feira, no Centro do Mar, um ponto da situação sobre o trabalho desenvolvido por aquele departamento da Universidade dos Açores no banco submarino Condor. A proibição de pesca no banco submarino vigora durante dois anos, e reuniu à mesa das negociações governantes, investigadores e pescadores. Menezes salientou a importância da abertura dos pescadores a este projecto, que vai permitir aos investigadores do DOP “fazer uma caracterização global” do Condor, incidindo nos aspectos oceanográficos e também na biodiversidade. Conhecer todos os seres vivos que por lá passam “das bactérias às baleias”, é um projecto ambicioso e complexo, que requer muitos meios, mas que poderá ser uma ajuda preciosa para encontrar a melhor forma de explorar as potencialidades deste valioso ecossistema. Fechando o Condor à actividade piscatória, os investigadores procuram evitar a interferência das artes de pesca com os equipamentos científicos que têm fundeados no local, mas também

g

aferir o impacto da não intervenção humana na variação das espécies de peixe, tanto em quantidade como no tamanho dos animais. Estas condições são raras a nível mundial, e por isso o DOP está a aproveitar a proibição de pesca no Condor para desenvolver toda uma série de projectos. O impacto económico dos cerca de 63 bancos submarinos que existem na Região é muito significativo, tendo em conta a sua relevância para o sector das

Pescas. Por isso, Gui Menezes frisa que os investigadores querem também perceber quanto é que um ecossistema como o Condor representa em termos de valor económico, pelo seu contributo não apenas para a pesca mas para todas as actividades a ele associadas, como é o caso da observação de cetáceos. Até ao momento, este projecto conta já com 97 dias efectivos de mar, e mais virão. Fazer os estudos necessários ao

prosseguimento da investigação não é tarefa fácil, já que são exigidos recursos de que por vezes o DOP não dispõe. Para tal, a utilização do ROV Luso, veículo submarino de operação remota da Marinha Portuguesa, revelou-se de extrema utilidade. Menezes lembra que a profundidade média no arquipélago é de cerca de 3 mil metros, enquanto que o ROV do DOP não vai além dos 300. Em Fevereiro do próximo ano, será

realizado um workshop científico onde todos os investigadores a trabalhar no Condor irão apresentar resultados. Depois, em Março, é a altura de passar esses resultados aos utilizadores do banco, como os pescadores, os operadores marítimo-turísticos e os decisores políticos, entre outros. Para Gui Menezes, este momento será fundamental, pois é entre todos estes agentes que precisa de ser encontrada a melhor forma de fazer a reabertura do banco à pesca. Também o sub-secretário regional das Pescas salienta a importância primordial desta iniciativa para o futuro do sector. Falando aos jornalistas à margem da sessão, Marcelo Pamplona não duvida de que, neste momento, as vantagens do encerramento do Condor à actividade piscatória são “claramente superiores às desvantagens”. Pamplona não descarta a hipótese de, no futuro, virem a ser realizadas experiências semelhantes em outros bancos da Região: “a ideia é perceber quais as vantagens que podem advir de criarmos pequenas áreas protegidas que permitam a reprodução e o crescimento de determinadas espécies para que no futuro a pesca possa ser melhor ordenada, garantindo a continuidade dos recursos”, explica.

CCiH festejou o seu 117.º Aniversário Os associados da câmara do comércio e Indústria da horta juntaram-se na passada terça-feira, num jantar que teve por objectivo celebar o seu 117.º aniversário que contou ainda com a presença dos governantes locais e regionais.

maria José silva foto: susana Garcia g A Câmara do Comércio e Indústria da Horta comemorou na passada terçafeira, dia 9 de Novembro, o seu 117.º aniversário. Como é apanágio juntou os seus associados num jantar comemorativo que contou ainda com a presença dos governantes locais e regionais. Na hora dos discursos, Ângelo Duarte não homenageou empresas ou empresários, mas destacou a “importante tarefa que os serviços internos da CCIH têm desempenhado ao longo dos anos”. “Quer nos núcleos empresariais, quer na sede, os associados têm acesso, de forma gratuita, informações, esclarecimentos e orientações no sentido de facilitar todo o seu percurso” – frisou. Duarte salientou ainda as iniciativas que a CCIH tem desenvolvido nas 4 ilhas e nos 7 concelhos de abrangência, quer no que diz respeito a formação, feiras, seminários, entre outros e sublinhou que vão “continuar na mesma linha de trabalho com o objectivo único de fazer

crescer os nossos empresários e fazer crescer economicamente a Região”. Também João Castro, presidente da Câmara Municipal da Horta marcou presença e usou da palavra para destacar o papel e o trabalho desenvolvido pela CCIH e o trabalho que ambas as enti-

dades têm desenvolvido em parceria. O Subsecretário Regional das Pescas afirmou que “a nossa história insular é também consequência das actividades empreendidas pelos açorianos e açorianas que, com o seu dinamismo e espírito colectivo, nesta e demais associações

empresariais, foram dando respostas eficazes aos desafios que, ao longo dos anos, foram surgindo no nosso arquipélago”. Marcelo Pamplona referiu ainda que “o Governo tem valorizado e valoriza sempre a participação dos parceiros

sociais na definição de todas as políticas sectoriais e procura sempre, através do diálogo, encontrar as plataformas de entendimento necessárias para que, com a participação activa de todos, se continue a construir nos Açores um futuro melhor”.


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nOtícias

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faial recebe veleiros da route du rhum fotos: luís Prieto - Apto

fotos: Paulo Gonçalves

mais uma vez a privilegiada e importante posição geoestratégica da cidade da horta faz com que tenha um papel fundamental no mundo da vela mundial. a marina da horta transformou-se, durante esta semana, num autêntico “parque de assistência” da route du rhum. maria José silva g A Route du Rhum é uma das mais

míticas provas de vela oceânicas francesas. Sai de St. Malo com destino a Pointe à Pitre em Guadalupe e encontra no porto e marina da Horta o “parque de assistência” ideal, atendendo à localização geoestratégica que ocupa no meio do Atlântico. A Route du Rhum atravessa o oceano Atlântico na pior altura do ano e encontra as condições meteorológicas mais adversas, pelo que é um desafio megalómano para os velejadores, sejam eles profissionais ou amadores.

Teve início em 1978 e realiza-se de quatro em quatro anos. Inicialmente era apelidada de “Travessia da Liberdade” devido à particularidade de ser aberta a todos os tipos de embarcações e marinheiros. Com o passar do tempo, e com a evolução natural que a vela teve em França, bem como com o aparecimento da vela profissional e do grande interesse que suscitou, foi sofrendo alterações. ArmANdO cAstrO O responsável pela marina Chama-se da horta falou ao tI da route do ruhm Route Du

Rhum (Rota do Rum) pois tem como destino as Antilhas Francesas – um dos grandes produtores de rum a nível mundial. É uma regata que decorre sem escalas mas que permite assistências, ou seja, um barco destes que rasgue uma vela, parta um mastro ou mesmo que tenha qualquer problema de electrónica pode atracar e ser assistido pela sua equipa. De acordo com explicações que Armando Castro deu ao TRIBUNA DAS ILHAS, é nesta prova que são testados os barcos novos que posteriormente vão participar na Vandée Globe, ou seja, a prova considerada como o exponente máximo da vela mundial (de volta ao mundo sem escalas e em barcos de 60 pés). É uma regata de solitários mas que

tem várias classes: Classe Ultime (barcos de última geração, os trimarans superiores a 30m) e Classe Imoca, (os monocascos de 60 pés da Vandé Globe. Em competição estão também os barcos de 40 pés, com a particularidade de este ano ter 46 inscritos, a classe multicascos 50 pés e a classe Rhum, aberta a todas as embarcações com menos de 50 pés e aos amadores. “Este ano os veleiros largaram de St. Malo sempre com ventos contrários e apanharam condições atmosféricas bastante difíceis, dai que alguns barcos tenham passado por cá para fazerem as suas reparações e seguirem viagem” – explica Armando Castro, que adianta também que “toda a gente aspira fazer esta regata, apesar da Vandé Globe ser uma regata muito mais exigente. Todos

os marinheiros têm uma certa predilecção pela Route Du Rhum, daí que, no dia 31 de Outubro, tenham largado 84 barcos rumo a Guadalupe. Pela Horta passou: o Group Bel, da classe Imoca, que teve um problema grave na quilha basculante e que teve que abandonar a regata. Geodis também esteve para vir mas conseguiu resolver os seus problemas no mar. Groupe Terralia também passou por cá. O Destination Calais teve pequenas avarias a nível do motor e a sua continuidade em regata ainda não estava confirmada quando Armando Castro falou ao TRIBUNA . O trimaran Oman Air partiu um flutuador e teve que ser rebocado pelo Rebocador Ilha de São Luís, a cerca de 350 milhas do Porto da Horta.


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nOtícias

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Agricultura açoriana vai apostar na competitividade g O Plano e Orçamento para 2011 na área da Agricultura vai continuar a privilegiar o investimento na competitividade do sector agro-florestal e na valorização do Mundo Rural, com especial destaque para o reforço da capacidade de exportação e redução das importações. Revelações feitas pelo secretário regional da Agricultura e Florestas no final de uma audição com a Comissão de Economia da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores no âmbito da apreciação das propostas de Plano Regional Anual e Orçamento para 2011. No que respeita às medidas que serão desenvolvidas, Noé Rodrigues afirmou que o Governo dos Açores vai continuar a privilegiar os investimentos nas infra-estruturas e na organização do sector prosseguindo com

os investimentos nos laboratórios regionais de veterinária, de enologia e de sanidade vegetal que se apresentam como “instrumentos fundamentais à valorização das nossas produções agrícolas, caracterizando-as de forma inequívoca no que diz respeito à qualidade e à segurança alimentar” permitindo a valorização dos produtos e garantir o seu escoamento. O Plano prevê a continuidade das políticas de investimento nas infraestruturas agrícolas no que respeita à construção de caminhos, abastecimento de água e energia às explorações agro-pecuárias e à qualificação das actividades agro-florestais, nomeadamente através do desenvolvimento dos projectos dos parques agro-comerciais que estão em curso na Região. A par destas iniciativas, o Governo dos Açores vai continuar a desenvol-

ver os processos de formação e informação profissionais e de divulgação de experimentação e reforçar o aumento da capacidade de produção de plantas para processos de florestação e reflorestação, principalmente no que respeita à produção de plantas endémicas.

luíSA SCHAnderl preside Associação de turismo dos Açores g Luísa Schanderl é a nova presidente da Associação de Turismo dos Açores (ATA). Recorde-se que é administradora da transportadora aérea açoriana SATA e foi vogal da anterior direcção liderada por Cristina Ávila. Francisco Gil é o novo director executivo da ATA. Luísa Schanderl foi chefe de gabinete do secretário regional de

Economia e directora regional dos transportes aéreos e marítimos. Em Outubro, no seguimento da demissão de Cristina Ávila enquanto presidente, Luísa Schanderl também se demitiu do cargo de vogal da direcção. A nova direcção da associação inclui ainda o presidente da Câmara de Comércio e Indústria dos Açores, Sandro Paim, e o gestor hoteleiro

Francisco Madeira. O capital social da ATA é detido maioritariamente pelo Governo Regional dos Açores (40%) e pela transportadora aérea açoriana SATA (30 %), estando o restante distribuído pela Câmara de Comércio e Indústria dos Açores e por empresas ligadas ao sector. No acto eleitoral participaram 33 entidades, segundo indicou fonte oficial.

37 milhões de euros em construções escolares no próximo ano g O Governo dos Açores vai investir quase 37 milhões de euros em construções escolares no próximo ano, anunciou a secretária regional da Educação e Formação no final de uma audição com a Comissão de Assuntos Sociais da Assembleia Legislativa sobre as propostas de Plano Anual Regional e de Orçamento da Região para 2011. De acordo com Lina Mendes, para o próximo ano estão programadas novas obras em cerca de uma dezena de escolas do arquipélago, com destaque para os investimentos na EB 1,2/JI Gaspar Frutuoso (8,3 milhões de euros) e EB 1,2,3/JI de Água de Pau (7,6 ME), em S. Miguel, na EB 2,3/S de Velas (5,8 ME), em S. Jorge, e na Escola Básica da

Ponta da Ilha (3,2 ME), no Pico. Apesar de reconhecer uma ligeira diminuição em termos de investimento comparativamente com 2010, Lina Mendes classificou o plano para o próximo ano como “um bom plano”, assegurando que o investimento até cresceu em comparação com 2009, o que permite “avançar com novas obras de ampliação e requalificação de várias escolas”. Afirmou também que, em termos pedagógicos, “ficam asseguradas as condições para haver garantia de qualidade de todo o sistema educativo, quer para a formação de professores, quer para as questões de equipamentos e de informatização”.

17.2 milhões para tratar os resíduos g A Secretaria Regional do Ambiente e do Mar vai privilegiar no próximo ano o investimento na área dos resíduos, onde projecta despender cerca de 17,2 milhões de euros. A informação foi avançada por Álamo Meneses na Horta, após ter sido ouvido pelas Comissões de Economia e de Assuntos Parlamentares, Ambiente e Trabalho sobre as propostas governamentais de Plano Anual Regional e de Orçamento da Região para 2011. Para o governante, a área dos resíduos

“é de longe aquela que tem maior dotação financeira” no plano para o próximo ano, o que possibilitará “prosseguir os grandes investimentos que estão a ser feitos no sentido de dotar as ilhas menos populosas com centros de transferência que permitam depois o encerramento das respectivas lixeiras”. Paralelamente, “vão iniciar-se os investimentos nas ilhas de S. Miguel e da Terceira visando a criação do destino final de resíduos”, acrescentou o secretário regional do Ambiente e do Mar.

Açores na feira de turismo de londres g A Região Autónoma dos Açores vai estar representada na Feira Internacional de Turismo de Londres que decorre esta semana. A Grã-Bretanha é o principal mercado emissor de turistas para Portugal e um dos mais importantes para a Região Autónoma dos

Açores. Assim, a World Travel Market (WTM) permite, não só o contacto directo com os operadores ingleses, como também de outros países. A WTM é o maior certame turístico do Reino Unido e um dos maiores a nível internacional, onde

se concentram entidades de todo o mundo e em que Portugal está também presente. A organização garante que, na edição deste ano, será dado maior destaque à feira enquanto plataforma para a celebração de negócios e de acordos, entre os participantes.

COnSelHO de ilHA dO fAi

editAl AntóniO dA SilvA ÁvilA, viCe-PreSidente dO COnSelHO de ilHA dO fAiAl: fAZ SAber, nos termos do disposto no art.º 16º do Decreto Legislativo Regional n.º 21/99/A, de 10 de Julho, que o Conselho reunirá extraordinariamente em sessão pública, no próximo dia 12 de Novembro, pelas 14H30 no Salão Nobre da Câmara Municipal da Horta, com a seguinte Ordem de Trabalhos: POntO ÚniCO - Parecer sobre a Proposta de Decreto Legislativo Regional "Plano Anual Regional para 2011". Horta, 4 de Novembro de 2010 O vice-presidente do Conselho, António da Silva Ávila


cultura

Tribuna das Ilhas

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Músicos cumprem tradição com Festival de Santa Cecília Hoje e amanhã, a partir das 20h30, no Centro Paroquial da freguesia de Castelo Branco, realiza-se mais um Festival de Bandas Filarmónicas em honra de Santa Cecília. Organizado pela Federação de Bandas Filarmónicas dos Açores, este evento é já uma tradição no Faial, e marca a homenagem dos músicos à sua padroeira. g

d.r.

Canção de Amor e Saúde vence faial filmes fest 2010 d.r.

marla Pinheiro foto: susana Garcia g Chegou ao fim no passado domingo a sexta edição do Faial Filmes Fest. Em 2010 o grande vencedor do Festival foi o filme Canção de Amor e Saúde, de João Nicolau. A curta Pickpocket, do realizador João Figueiras, levou para casa o prémio para melhor ficção, tendo sido também o filme eleito do público. Crime, Abismo, Azul, Remorso Físico, do realizador Edgar Pêra foi distinguido como o melhor documentário do FFF 2010. Pêra marcou presença no Faial durante esta edição do FFF para apresentar em ante-estreia o filme Punk is not daddy. Em dia de jogo grande, Aurora Ribeiro teve honras de hat-trick no Festival, ao arrecadar três prémios com a sua curta Passando à de Zé Marôvas, distinguida como Melhor Filme Faialense, Melhor Filme das Ilhas e ainda com o prémio do público destinado às curtas locais. Orgnizado pelo Cineclube da Horta, este ano o festival de curtas-metragens assistiu a um número recorde de filmes a concurso, numa edição que fica marcada ainda pela abertura do evento a todos os países da lusofonia, com destaque para o Brasil, presente no FFF 2010 com uma mostra de filmes do FAIA (Festival de Atibaia Internacional do Audiovisual), de São Paulo. A assinalar a ligação do Cineclube da Horta a este festival, tam-

bém marcou presença do FFF o vice-prefeito da cidade de Atibaia, Ricardo António.

mANOel de OlIveIrA INceNtIvA fff A cONtINuAr À beira de completar 103 anos de vida, Manoel de Oliveira será porventura a maior figura do cinema português, consagrado aquém e além fronteiras. Este ano, o FFF decidiu prestar tributo ao realizador, dedicando-lhe esta edição do Festival. Inicialmente previa-se a sua presença no Faial, no entanto, por motivos de saúde, Manoel de Oliveira não pôde comparecer. Apesar de não ter estado fisicamente no Teatro Faialense, o realizador marcou presença “em espírito”, como fez questão de frisar num depoimento em vídeo que enviou à organização do Festival, e que foi transmitido no domingo. Lamentando não poder visitar o Faial nesta altura, e remetendo essa visita para uma próxima oportunidade, Manoel de Oliveira fez questão de incentivar o Faial Filmes Fest, que classificou de “notável”. “Continuem assim”, instigou o “mestre”, que fez uma breve apresentação do seu mais recente trabalho; a curta-metragem Painéis de São Vicente de Fora – Uma Visão Poética, exibida de seguida.

fff 2011 em PrÉ-PrOduÇãO e cOm NOvAs AmbIÇÕes Luís Pereira, director do FFF e presidente do Cineclube da Horta, faz um

“balanço extremamente positivo” desta edição do Festival. Salientando a abertura da competição aos países lusófonos, o responsável frisa o “orgulho” do Cineclube em fazer um Festival essencialmente português. Para 2011, a ideia é começar a trabalhar mais cedo. De acordo com Luís Pereira, o Cineclube pretende iniciar contactos o quanto antes, no sentido de encontrar entidades oficiais e privadas que apoiem este projecto. “Era bom que as entidades compreendessem a importância que este projecto poderá ter nos próximos tempos. Neste momento a competição está aberta a todos os países lusófonos, temos uma parceira já efectivada com São Paulo, em que eles vêm cá mostrar os melhores filmes do seu festival e nós vamos lá mostrar os nossos. É um festival que acontece nos Açores na época baixa, e por isso é uma forma de dar movimento aos restaurantes, à hotelaria, aos bares… O FFF mexe com a economia, e é um investimento com retorno”, frisa. Em declarações aos órgãos de comunicação social na conferência de imprensa de apresentação do Festival, Luís Pereira reconheceu que o Cineclube tem enfrentado bastantes dificuldades para colocar de pé um Festival desta envergadura, tendo mesmo ponderado não realizar esta edição. Instado a pronunciar-se sobre a possibilidade da edição de 2011 ser hipotecada por falta de apoios, Luís Pereira prefere afastar para já os pensamentos

O físico

luÍs PereIrA O presidente do cineclube da horta quer começar já a organizar o fff 2011

negativos: “não vamos ser pessimistas a esse ponto. Temos de aguardar com serenidade, esperar para ver os apoios com que contaremos para o ano e ser optimistas”, frisou. Luís Pereira adiantou ao TRIBUNA DAS ILHAS que o Cineclube perspectiva abrir o Festival à longa-metragem em 2011: “a

qualidade aumenta porque se tivermos uma longa-metragem a concurso a cada dia com a presença do realizador vamos ter o melhor que se faz em Portugal, e provavelmente noutros países”, explicou o responsável, que salienta no entanto que, por agora, se trata apenas de uma ideia.

cinema nO teatrO faialense d.r.

roberto faria

Adoro-te à distância

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P

or vezes os livros funcionam como uma máquina do tempo transportandonos para recantos do passado da humanidade. Noah Gordon leva-nos numa viagem à Inglaterra do século XI onde encontramos o jovem Rob Cole órfão cujo futuro é incerto. Ao longo da obra O Físico acompanhamos os passos do jovem inglês na busca do seu sonho… curar os males de quem sofre. Após a morte de seu pai, Rob encontra-se só no mundo e é acolhido por um BarbeiroCirurgião, com o qual deambula pelos recantos rurais da Inglaterra fazendo malabarismos e vendendo curas para os doentes. Assim descobre o seu dom que o levará a querer tornarse médico numa Europa onde o Cristianismo impedia o avanço da ciência. De modo a frequentar a prestigiada escola de Avicena, Rob vê-se obrigado a transfigurar-se em Reb Jesse, devido ao facto dos cristãos não serem aceites. Na Pérsia o jovem inglês percorre um longo caminho e consegue alcançar o seu objectivo, torna-se num prestigiado físico. Um excelente livro para as noites de

AdOrO-te À dIstâNcIA drew barrymore e Justin long são o par romântico desta comédia

Inverno, uma cataplana de romance e aventura onde Noah Gordon, graças a uma escrita envolvente e apaixonante, consegue agarrar o leitor até à última página do livro.

(hortaludus; dias 12 e 13, 21h30; >12) g Adoro-te à distância é a primeira longa-metragem de ficção da realizadora Nanette Burstein, e tem como dupla de protagonistas Drew Barrymore (A minha namorada tem amnésia) e Justin Long (Depois da vida). Nesta comédia romântica, Erin (Barrymore) e Garret (Long), conhecem-se num bar

em Nova Iorque. Apostados em desfrutar de uma relação passageira, tendo em conta que ela vive em São Francisco, acabam no entanto por se ver enredados numa grande história de amor. Com o regresso de Erin a casa, o amor de ambos é posto à prova pela distância, pelos ciúmes e pelos pequenos mal-entendidos que irão surgir.


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lOcal

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verbas para o sector da saúde aumentam no próximo ano

JOrnaDas méDicas

médicos especialistas vão ser “cronometrados”

d.r.

maria José silva foto: susana Garcia g Os conselhos de administração dos três hospitais dos Açores vão passar a registar o tempo de demora da chegada às urgências dos médicos que estão de prevenção, anunciou o secretário regional da Saúde na passada semana, em declarações aos jornalistas à margem das X Jornadas Médicas que decorreram na Horta. “Vamos dar orientações aos conselhos de administração dos hospitais para que procedam ao registo das chamadas de prevenção e o registo da hora a que o profissional chegou à urgência”, afirmou Miguel Correia, salientando que se trata de uma “medida pedagógica”. Esta é uma forma de responder à contestação que se tem registado nos hospitais dos Açores, depois do governo regional ter suspendido parcialmente as prevenções médicas durante a madrugada em algumas especialidades, como psiquiatria, oncologia e estomatologia. "Com os cortes nas prevenções não está em risco a vida de ninguém, nem a qualidade de serviço. Aliás, quando falamos em qualidade, temos que falar da qualidade global da instituição, ou seja, de todos os actos médicos que são praticados nos hospitais,

hOsPItAl dA hOrtA O Plano e Orçamento para 2011 engloba a construção do bloco c

mIGuelcOrreIA Para o Governante “com os cortes nas prevenções não está em risco a vida de ninguém”

desde os cuidados médicos às acções administrativas" - adiantou Miguel Correia que afirmou ainda que é necessário “observar rigorosamente o cumprimento dos deveres que uma prevenção obriga e de facto temos tido reclamações de cidadãos que chegam às urgências médicas e em que os especialistas demoram 2 a 3 horas a chegar. Temos então que observar os tempos de resposta para aumentar a

qualidade dos serviços." Para “combater o desperdício” no sector da saúde, Miguel Correia anunciou também a criação de um grupo de trabalho que pretende criar regras comuns em todas as unidades de saúde em relação às prescrições médicas e à utilização de meios complementares de diagnóstico, como sejam as ressonâncias magnéticas, TACs, entre outros.

Prevenções méDicas

Hospital da Horta é excepção à regra g Médicos e Governo Regional entenderam tratar de forma diferente uma realidade que consideram também ser diferente no que às prevenções no Hospital da Horta diz respeito. Assim sendo, e depois do secretário da saúde, Miguel Correia ter estado no Faial reunido com a administração daquela unidade de saúde, ficou decidido que vai haver uma excepção no que aos doentes de foro

psiquiátrico diz respeito. Miguel Correia justificou a decisão aos jornalistas, com "o interesse maior dos doentes" e acrescentou que "ficaram abertas as portas para o diálogo, no sentido de se avaliar da necessidade de algum ajustamento pontual, concretamente, no caso da Psiquiatria, uma vez que o hospital da Horta, ao contrário do que acontece com os restantes, tem internamentos de doentes nessa especialidade".

Para administração do Hospital faialense "foi o acordo possível" e Conceição Nascimento acredita terse atendido às especificidades de um hospital diferente dos demais da Região Autónoma". Os doentes daquela unidade hospitalar continuam a contar com prevenções nas especialidades de Psiquiatria e Oncologia clínica todos os dias, até à meia-noite e de madrugada, depois das 4 horas da manhã.

O plano para 2011 está dotado com uma verba de 14,3 milhões para formação e iniciativas em saúde. esta dotação tem como objectivo custear os encargos, entre outros, com a deslocação de doentes, prevenção e tratamento de comportamentos de risco, projecto de implementação e operacionalização da melhoria de acessibilidade ao serviço regional de saúde e Plano regional de vacinação. g As verbas destinadas ao sector da saúde no Plano e no Orçamento da Região vão aumentar no próximo ano em cerca de 20,6 milhões de euros, revelou secretário regional da Saúde. A informação foi avançada por Miguel Correia no final de uma audição com a Comissão de Assuntos Sociais da Assembleia Legislativa sobre as propostas governamentais de Plano Anual Regional e de Orçamento da Região para 2011. Esse acréscimo de verbas visa sobretudo assegurar o financiamento do Serviço Regional de Saúde e dar continuidade à construção de algumas unidades de saúde no arquipélago. De acordo com Miguel Correia, os 8,3 milhões de euros que o plano para o próximo ano destina a novas infraestruturas vão ser orientados para a construção dos centros de saúde da Graciosa, da Madalena e de Ponta Delgada, bem como do Bloco C do Hospital da Horta.

Paralelamente, existem também outras medidas que consideramos prioritárias, adiantou o governante, dando como exemplo o caso de emergência médica, que tem em 2011 um aumento de verbas “muito significativo”. Assim como a prevenção dos comportamentos de risco e ainda as políticas de saúde materna e promoção da natalidade. Sublinhando que “há opções feitas neste plano”, Miguel Correia referiu ainda que no próximo ano teremos na área da saúde um plano “marcado por alguma contenção”, adiantando que em 2011 não estão previstas, por exemplo, aquisições de viaturas para o Serviço Regional de Saúde. Para além dos 8,3 milhões de euros destinados à construção de novas unidade de saúde, o plano para o próximo ano está igualmente dotado com uma verba de 14,3 milhões para formação e iniciativas em saúde. Esta dotação tem como objectivo custear os encargos, entre outros, com a deslocação de doentes (5,9 ME), prevenção e tratamento de comportamentos de risco (2,6 ME), projecto de implementação e operacionalização da melhoria de acessibilidade ao Serviço Regional de Saúde (1,7 ME) e Plano Regional de Vacinação (1,8 ME). Em 2011, o Governo projecta ainda despender, no âmbito do plano de investimento, cerca de 7,3 milhões de euros em projectos relacionados com a remodelação, ampliação e beneficiação de unidades de saúde (5,3 ME), apetrechamento e modernização (1,3 ME) e tecnologias de informação na saúde (690.000 euros).

ASSembleiA de ilHA infOrmAçãO AOS SóCiOS Vimos informar que a Sociedade Amor da Pátria organiza no próximo dia 27 de Novembro, a partir das 22:00 horas, o Baile de Aniversário, com traje de soirée. Estão à disposição as reservas das bancas para o Baile, entre as 18:00 horas do dia 19 e as 00:00 horas do dia 24 de Novembro. Para o efeito, deverão dirigir-se ao bar da Sociedade para efectuar a respectiva marcação. Estas reservas são limitadas aos lugares disponíveis. A direcção

Ao abrigo dos Estatutos do PSD/Açores, convocam-se todos os militantes para uma reunião ordinária da Assembleia de Ilha do Faial, a realizarse no próximo dia 19 de Novembro (sexta-feira), pelas 20 horas, na sede do Partido Social Democrata na cidade da Horta, com a seguinte ordem de trabalhos: 1- Análise da situação política; 2 – Outros assuntos. Horta, 4 de Novembro de 2010 O Presidente da Mesa da Assembleia de Ilha Alberto romão madruga da Costa


OPiniãO

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bOnS exemPlOS

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Jorge costa Pereira

. A 10 de Junho de 2009, António Barreto presenteou-nos com um notável e profundo discurso, integrado na Sessão Solene do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades. Lembro esta parte das suas proféticas e profundas palavras: “Não usemos os nossos heróis para nos desculpar, usemo-los como exemplos. Porque o exemplo tem efeitos mais duráveis do que qualquer ensino voluntarista. Pela justiça e pela tolerância, os portugueses precisam mais de exemplos do que de lições morais. Pela honestidade e contra a corrupção, os portugueses necessitam de exemplo, bem mais do que de sermões. Pela eficácia, pela pontualidade, pelo atendimento público e pela civilidade dos costumes, os portugueses serão mais sensíveis ao exemplo do que à ameaça ou ao desprezo. Pela liberdade e pelo respeito devido aos

outros, os portugueses aprenderão mais com o exemplo do que com discursos pomposos. Contra a decadência moral e cívica, os portugueses terão mais a ganhar com o exemplo do que com discursos pomposos. Pela recompensa ao mérito e a punição do favoritismo, os portugueses seguirão o exemplo com mais elevado sentido de justiça. Mais do que tudo, os portugueses precisam de exemplo. Exemplo dos seus maiores e dos seus melhores. O exemplo dos seus heróis, mas também dos seus dirigentes. Dos afortunados, cujas responsabilidades deveriam ultrapassar os limites da sua fortuna. Dos sabedores, cuja primeira preocupação deveria ser a de divulgar o seu saber. Dos poderosos, que deveriam olhar mais para quem lhes deu o poder. Dos que têm mais responsabilidades, cujo “ethos” deveria ser o de servir. Dê-se o exemplo e esse gesto será fértil. Não vale a pena, para usar uma frase feita, dar “sinais de esperança” ou “mensagens de confiança”. Quem assim age, tem apenas a fórmula e a retórica. Dê-se o exemplo de um

poder firme, mas flexível, e a democracia melhorará. Dê-se o exemplo de tratamento humano e justo e a crispação reduzir-se-á. Dê-se o exemplo de trabalho, de poupança e de investimento e a economia sentirá os seus efeitos. Políticos, empresários, sindicalistas e funcionários: tenham consciência de que, em tempos de excesso de informação e de propaganda, as vossas palavras são cada vez mais vazias e inúteis e de que o vosso exemplo é cada vez mais decisivo. Se tiverem consideração por quem trabalha, poderão melhor atravessar as crises. Se forem verdadeiros, serão respeitados, mesmo em tempos difíceis. Em momentos de crise económica, de abaixamento dos critérios morais no exercício de funções empresariais ou políticas, o bom exemplo pode ser a chave, não para as soluções milagrosas, mas para o esforço de recuperação do país.”

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. Partilho hoje com os leitores três bons e recentes exemplos que pude pessoalmen-

te testemunhar e que provam as virtualidades e potencialidades que, apesar de tudo, ainda temos na nossa comunidade. O lançamento do livro “Finalmente Árvore”, da autoria de Sara Porto, numa edição da APADIF (Associação de Pais e Amigos dos Deficientes da Ilha do Faial) encheu o Auditório da Biblioteca Pública da Horta. Foi um evento cheio de significado e onde, de uma forma directa e verdadeira, foi possível perceber e intuir a emotividade e a afectividade com que se trabalha naquela instituição, desde os seus técnicos aos seus responsáveis, e que a autora do livro com uma simplicidade sentida destacou. Não é só o trabalho específico e meritório que a APADIF leva a acabo que merece justo destaque e encómio. É fazê-lo com alma e sentimento!

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.Participei no passado mês de Outubro em contactos com várias instituições da freguesia de Pedro Miguel. De entre elas, a reunião com a nova Direcção do Grupo Folclórico e Etnográfico teve um particular

Cães à solta, pessoas em casa!... Paulo Oliveira

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ou a favor da liberdade de expressão e de movimentos. Defendo e pratico os bons tratos aos animais, como defendo a liberdade das pessoas. No entanto, o exagero na liberdade de uns, afecta e condiciona a liberdade dos outros, pelo que o desequilíbrio dos deveres e direitos não deve acontecer, sob pena de o “bem” de alguns (poucos), ser o mal de muitos. Vem isto a propósito de uma constatação crescente que muitos cães andam à solta, ao longo da ilha, designadamente nas zonas habitacionais, representando um perigo para quem passa a pé, pelas estradas, caminhos e servidões. Será culpa dos cães? culPAdOs Não, a culpa é dos seus donos, que, inadvertidamente, ou conscientemente, deixam em liberdade os seus animais, sem qualquer vedação ou protecção, para quem passa. Uns porque acham que os seus animais não são perigosos, e que nunca morderam ninguém. Outros porque assim protegem os seus bens, em detrimento da liberdade de acção dos vizinhos e passantes. Outros ainda porque se divertem, achando piada a quem passa a medo, ou dá uma corrida ou sobe a um muro, para preservar a sua integridade física. Outros ainda, porque, pura e simplesmente, nem ligam nem se importam com o bem comum. AbANdONO Pior ainda é quando acontece que um dono, por estar farto, ou por se ausentar da ilha, em férias ou trabalho, pura e simplesmente, abandona o seu cão, virando-lhe as costas, interrompendo uma relação de amizade e de dependência, deixando-o pelas ruas da amargura, sem comida, sem

carinho, sem apoio... Este é um crime, onde raramente são apurados os responsáveis, e que tanto mal causa à lavoura, quando os cães, vadios e famintos, atacam os rebanhos, matandoos. “suPer dONO, suPer cãO” Este é o título de um programa da Rádio Pico, da autoria da Prof. Helena Amaral da ACANIL, que defende o tratamento dos animais, designadamente dos cães, informando, aconselhando e até repreendendo os donos que descuram as suas obrigações. Sem dúvida um excelente contributo para a educação dos donos que, por defeito ou por excesso, são os verdadeiros culpados pelos comportamentos desviantes deste amigo, companheiro e fiel. Sim, porque educar um dono é bem mais difícil do que educar um cão. Parabéns à sua autora, e prossiga essa nobre tarefa. vIdA sAudÁvel Nos últimos tempos, temos vindo a assistir a uma progressiva consciencialização das pessoas para uma vida mais saudável, quer na alimentação, quer no combate ao sedentarismo, o que se regista com agrado. Vai daí, e começámos a ver na nossa Avenida Marginal, de madrugada, de manhã, à tarde, à noite, e a altas horas da noite, pessoas a caminhar... Usam e abusam do nosso “calçadão”, numa caminhada alegre e apressada, como forma de combater o stress e os “pneus”, saindo de casa, convivendo, mudando de ares, antes ou depois do trabalho, como forma de desopilar. Os ginásios viraram moda, e a própria moda adaptou-se aos fatos de treino e de ginástica, mais ou menos coloridos, que pontuam e dão vida à nossa adiada Frente Mar. No meio rural, o mesmo fenómeno acontece, embora menos concentrado, com as pessoas a andarem nas estradas acima e caminhos abaixo, com os coletes reflectores, para serem vistos, dada a generalizada ausência de bermas de segurança,

onde possam praticar, em segurança, a caminhada. Mas é precisamente no meio rural, onde as propriedades não vedadas abundam, e onde os animais à solta tomam como seu o domínio público, defendendo o seu território, que, por acaso, é público. São muitas as pessoas que estão impedidas de sair à rua na sua rua, porque o vizinho tem os cães à solta, e que se atiram às canelas... São obrigadas a sair de casa de carro, para procurar um lugar mais seguro, onde então caminham e correm em segurança. E as que não têm carro? Ora bem, isto é inadmissível, é uma limitação á nossa liberdade, e, lamentavelmente, tem contado com a conivência das autoridades que não executam a sua tarefa preventiva e fiscalizadora. turIsmO Numa altura em que se apregoa como nova aposta da Região, a Saúde e o Bem Estar para o sector turístico, perguntamos, como? Como promover o pedestrianismo, com os cães, perigosos e não perigosos, à solta, em propriedades não vedadas, ou mesmo em plena via pública? Já existiram casos de turistas mordidos por cães, com tratamento hospitalar, que abreviaram as suas férias, e regressaram ao sua país. Que emoções levaram? Que factos relataram? Que publicidade fizeram na nossa terra? Certamente, não será difícil de adivinhar!... seGurANÇA Acresce ainda o facto de, numa região natureza, produtora de lacticínios, ser frequente manadas de dezenas de vacas andarem nas estradas municipais e regionais, sem o devido controlo, roçando e amolgando com os seus corpos os veículos que circulam, ou então, entrando pelo pára-brisas de alguns mais acelerados, ou nalguma curva mais fechada. Liberdade e bons tratos para os animais, com certeza. Liberdade para as pessoas, sem dúvida,

um direito inalienável. O que não podemos aceitar é que o abuso da “liberdade” de alguns, prejudique ou comprometa a liberdade e a segurança dos outros. Se as propriedade não estão vedadas, estão não há condições para deixar os animais à solta. Se estão vedadas, então que se dê largas à liberdade dos animais, em defesa dos bens patrimoniais dos seus donos. fIscAlIZAÇãO A Lei e o Código das Posturas Municipais são para serem cumpridos e fiscalizados. E não apenas aquelas prevaricações que dão mais nas vistas, ou cujas coimas (multas) são mais atractivas para os cofres da autarquia. É que, numa altura em que todos se queixam de falta de verbas e das transferências do Estado, aqui está um procedimento que, de grão a grão, poderá contribuir para alguma obra, que tanta falta faz ao nosso Município. Não se pode cuspir para o chão, mas deixa-se cuspir. Não se pode atravessar senão na passadeira, mas deixa-se atravessar onde dá jeito. Não se pode atirar lixo para o chão, ou pela janela do carro..., mas todos os dias há que varrer e juntar o resultado dos actos de falta de cidadania de uns quantos... As beatas amontoam-se nos passeios, nas areias das praias, no mar... Estamos muito preocupados, e bem, com os resíduos, com a reciclagem e com a nossa “pegada ambiental”, mas..., e estas regras básicas, da boa e sã convivência? Até quando? Quando é que veremos aplicar-se a Lei e as Posturas Municipais? Ou será que não se aplicam, porque o retorno financeiro é escasso, e ainda porque se corre o risco de perder votos? Mais cidadania, precisa-se, a bem, ou a mal!... Contributos, para po.acp@mail.telepac.pt

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significado. Sendo uma Direcção essencialmente jovem, revelou grande maturidade na programação dos seus investimentos, privilegiando passos pequenos, seguros e sustentáveis, a aventuras temerárias que poderiam pôr em causa o futuro da instituição e inviabilizar de forma definitiva o ambicioso e interessante projecto da sua “Casa Etnográfica”. Este exemplo de boa e cautelosa gestão é tanto mais de aplaudir quanto o vemos ausente de tantas outras instituições e até governos!

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.Ainda em Pedro Miguel testemunhei o empenho dos membros da Comissão na construção da nova igreja paroquial. Volvidos doze anos sobre o fatídico sismo que destruiu o templo daquela freguesia, e depois de um percurso nem sempre fácil nem linear, onde a criação das condições financeiras em tempos de acrescida adversidade não tem sido tarefa fácil, foi edificante sentir que a confiança, o empenho e a fé na concretização dessa tão ambicionada como necessária obra ainda não se perderam. Num mundo onde o serviço aos outros e à Igreja é algo cada vez mais em desuso, foi um bom exemplo este que lá encontrei! 08.11.2010

no Outono da vida santos madruga

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uando entramos no Outono da Vida, a nossa sensibilidade torna-se mais apurada e, então, começamos a prestar atenção a muitas das coisas que sempre nos rodearam, e que nós, inadvertidamente, ignorávamos. Eram os recantos de muitos lugares, que fazendo parte da ilha em que vivemos, e que diariamente por eles passávamos, nos pareciam desconhecidos; eram os amigos que embora vivendo na mesma rua, nem sempre os víamos; eram os parentes mais chegados que não tínhamos tempo para os visitar, enfim, um rosário de coisas à nossa volta que passava despercebido. É por isso que esta estação da nossa vida nos torna mais maduros, e nos oferece o necessário discernimento para que possamos observar e apreciar tudo o que se movimenta em nosso redor. Assim, prestamos mais atenção aos nossos vizinhos, aos nossos amigos, aos nossos parentes, e, apreciamos toda a beleza que nos rodeia. Tornamo-nos disponíveis, e passamos a prestar mais atenção aos mais miúdos, nomeadamente, aos nossos netos. Nesta época da modernização em que todos os meios são postos ao serviço do homem, o espaço disponível, que a natureza oferece para a criatividade dos mais novos, torna-se reduzido. A TV, a Internet, o telemóvel, as consolas, com os seus jogos e tudo o que diariamente se vai descobrindo na ciência e tecnologia, “obriga-os” a utilizarem pequenos espaços, retirando-lhes, por vezes, um saudável crescimento. Os casais absorvidos pelos empregos ficam sem tempo para os filhos. Então, os avós assumem o papel de segundos pais, apesar de já viverem no Outono da Vida. Alguns até são mais cumpridores nos seus compromissos, do que, quando estavam ao activo. É vê-los durante a semana à entrada e à saída das escolas, preocupados, a levarem e a trazerem os netos, para que nada lhes aconteça. É vê-los de mão dada a passearem, nos largos e avenidas, com os mais pequenos. É vê-los nas compras a olharem para o relógio para não chegarem atrasados. É esta uma missão sublime que a vivência da ilha proporciona e mais facilita. Para estes avós que têm a sorte em poderem prestar este incalculável serviço, vai o nosso reconhecimento e admiração. Para os filhos que, não prescindindo desta indispensável ajuda, aceitam e respeitam os seus progenitores, sacrificando-se, muitas vezes, para os manterem juntos de si, vai o nosso abraço amigo. Lembrem-se sempre os filhos desta máxima: “Da forma como tratardes os teus pais, os teus filhos encarregar-se-ão, mais tarde, de procederem do mesmo modo”. Haja Saúde. Out.2010


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Tribuna das Ilhas

Jardim botânico do faial encerra para obras d.r.

JArdIm bOtâNIcO dO fAIAl O encerremaneto ao público durante cinco meses deve-se a obras de beneficiação

g O Jardim Botânico do Faial vai está encerrado desde a passada segunda-feira, dia 8 de Novembro, para obras de beneficiação. Este encerramento vai prolongar-se por 5 meses. A informação foi avançada pela Secretaria Regional do Ambiente e do Mar que em nota à imprensa diz que este encerramento surge na sequência da necessidade de aumentar e melhorar a oferta, o que passa por uma reestruturação e ampliação do Jardim Botânico do Faial. Segundo a SRAM, esta intervenção acontece para dar continuidade e melhorar o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido nos últimos anos e contribuirá igualmente para uma oferta turística mais diversificada na ilha, com reflexos óbvios a nível socioeconómico. No entanto, a sala onde os visitantes podem ver um vídeo sobre a flora dos Açores, a loja com produtos do Jardim e do Parque Natural do Faial, o bar e a sala de exposições continuarão disponíveis para qualquer visitante e de forma gratuita, desde que previamente avisadas e marcadas as visitas, junto dos responsáveis pelo Jardim Botânico do Faial, ou de qualquer outro centro do Parque Natural do Faial. Recorde-se que o Jardim Botânico do Faial nasceu a partir de um projec-

to de recuperação de uma quinta degradada, a antiga Quinta de São Lourenço, cuja transformação deu origem a um espaço de interesse ecológico e ambiental, que conserva exemplares da flora característica do arquipélagos dos Açores e das ilhas da Macaronésia. Esta infra-estrutura, incorporada agora no Parque Natural do Faial, é um centro de interpretação, conhecimento e divulgação científica da importância da flora endémica e nativa dos Açores bem como dos habitats existentes no arquipélago. É o único nos Açores, que possui esse estatuto, e presta um elevado contributo conservacionista e de investigação visto que uma grande parte das espécies nativas e endémicas, nomeadamente as ameaçadas nos habitats naturais, se encontram aqui bem instaladas, como sejam, a título de exemplo, as raras Marsilea azorica (trevo-de-quatro-folhas), o Prunus azorica (gingeira-do-mato), ou mesmo a Myosotis azorica (não-me-esqueças), entre outras. O Jardim reserva ainda uma área para plantas aromáticas e medicinais, outra para plantas exóticas e, uma última, criada este ano; uma estufa com uma colecção valiosa de orquídeas. Anualmente são cerca de 9 mil, as pessoas que visitam aquele espaço.

Avaria técnica em dash Q-400 adia chegada ao faial dos passageiros g Um avião da SATA, que deveria ter realizado na manhã do passado dia 4 a ligação entre Ponta Delgada e a Horta, ilha do Faial, regressou, por duas vezes ao local de partida, alegadamente devido a problemas técnicos não especificados. O Dash Q-400 "Teófilo Braga" partiu do Aeroporto João Paulo II, em Ponta Delgada, pelas 08h10 e, ao fim de cerca de meia hora de voo acabou por regressar a Ponta Delgada, devido a uma avaria. Algum tempo depois, o mesmo avião voltou a descolar para reini-

ciar a viagem para a ilha do Faial, mas acabou por regressar a Ponta Delgada, após 10 minutos de voo. Os passageiros acabaram por ser encaminhados para outro aparelho que prosseguiu viagem, pelas 11h15. José Gamboa, porta-voz da companhia aérea açoriana disse em declarações à Comunicação Social que"a situação acabou por ser resolvida com o segundo avião, nunca tendo existido qualquer situação que colocasse os passageiros em perigo".

CâmArA muniCiPAl dA HOrtA gAbinete dO PreSidente

AviSO SemAnA dO mAr 2011 A Câmara Municipal da Horta informa que está aberto, até às 17:00 horas do dia 3 de Dezembro de 2010, o período para apresentação de propostas ao concurso do “Cartaz Oficial da Semana do Mar 2011”. Mais se informa que o prazo para apresentação de propostas ao concurso da “Marcha Oficial da Semana do Mar 2011”, foi fixado até ao dia 29 de Janeiro de 2011. Os regulamentos poderão ser solicitados na recepção da Câmara Municipal da Horta, no horário normal de expediente ou, em alternativa, consultado em http://www.semanadomar.net/. Paços do Município, 18 de Outubro de 2010

O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DA HORTA João fernando brum de Azevedo e Castro


OPiniãO

Tribuna das Ilhas

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retalhOs Da nOssa história – lXXXiX

no Centenário da república Portuguesa (19) fernando faria

24.GOverNAdOr

AlbertO GOulArt de medeIrOs

Membro de uma poderosa família faialense que, durante algumas gerações, deu vários dos seus membros à vida política, militar e social, o dr. Alberto Goulart de Medeiros foi, por duas vezes, governador civil do distrito da Horta. Sucedeu, em plena “República Nova”, ao poderoso dr. Manuel Francisco das Neves Júnior, tomando posse do cargo em 17 de Abril de 1918, oito dias após a tragédia de La Lys e 11 dias antes das eleições presidenciais e legislativas que legitimariam Sidónio Pais e a sua política de regeneração da nação portuguesa. O novo chefe do distrito da Horta, naturalmente acreditava na prometida reconciliação nacional, em que o regime, sem deixar de ser republicano, se tornaria também “acessível a católicos, monárquicos e sindicalistas”1. Daí não ser estranha a sua escolha para líder distrital do Partido Nacional Republicano (de Sidónio Pais) bem como o empenho posto na campanha eleitoral: O que já se estranha é o comunicado por ele subscrito em 25 de Abril de 1918, onde abertamente mistura a opção partidária com o cargo oficial que exercia. E fê-lo assim: “Alberto Goulart de Medeiros, governador civil do distrito da Horta, inspirado na política de conciliação nacional, pede a manifestação unânime da população deste distrito a favor da eleição para Presidente da República do Exmo. Sr. Sidónio Pais, cujos relevantíssimos ser-

viços à Pátria são de todos sobejamente conhecidos, e igualmente pede que o acompanhe na eleição dos candidatos a Senadores e a Deputado por este círculo.”2 Estas eleições, realizadas em 30 de Abril por sufrágio directo e universal, constituíram um êxito pessoal para Sidónio Pais e para o seu Partido Nacional Republicano, que se tornou largamente maioritário no Parlamento. Entretanto, e não obstante a acentuada diminuição do esforço de guerra, a verdade é que ainda morriam militares portugueses nos campos de batalha, ainda continuava a falta de alimentos, a agitação das ruas e os tumultos políticos sucediam-se. Sidónio assumiu a Presidência da República em 11 de Maio de 1918, e, uma semana depois, fez uma profunda remodelação do Governo, ficando o capitão Tamagnini Barbosa com a pasta do Interior. Talvez se encontre aqui a razão do súbito abandono de Alberto Goulart de Medeiros, que, a 22 de Maio, inesperadamente “pediu a demissão de governador civil deste distrito, sendo nomeado para exercer aquele cargo o sr. Manuel da Câmara, tesoureiro da Fazenda Pública”3, o qual foi empossado nesse mesmo dia pelo seu antecessor. Esteve na chefia do distrito da Horta pouco mais de um mês. E, passados oito anos, voltaria a ser breve a sua passagem por esse elevado cargo. Na sequência do triunfo da Revolta do 28 de Maio de 1926, o dr. Alberto Goulart de Medeiros, foi empossado governador da Horta a 18 de Julho, tendo de enfrentar as consequências da prolongada crise sísmica que, de 6 de Abril a 31 de Agosto assolou o Faial (com abalos mais intensos nesses dias), provocou mortos e feridos, destruiu grande parte das habitações e reduziu à miséria grande número de famílias. A escassez de meios e a dimensão da catástrofe acabaram por determinar a vinda para a Horta, com o cargo de Alto-Comissário, do coronel Fernando Mouzinho de Albuquerque, restringindo naturalmente o campo de acção do governador civil que a 13 de Novembro

terá cessado as suas funções, que foram absorvidas por aquele. As sequelas e indefinições da Revolução do 28 de Maio e a tragédia do terramoto de 31 de Agosto tornaram, como facilmente se imagina, aqueles tempos tremendamente difíceis. Às extremas carências que atingiam milhares de sinistrados, juntavam-se as desavenças e guerrilhas provocadas por apoios injustamente concedidos, pela prática de actos de corrupção e pela falta de meios humanos e financeiros que acudissem a tantas necessidades. Estes factos e a indefinição sobre o verdadeiro rumo que tomaria a Ditadura Militar, originaram cisões e mal-entendidos. E a eles não escapou o governador Me-deiros, sendo vítima de críticas violentas e de sérios ataques políticos. Entre estes, e como exemplo, está o da sua própria nomeação para governador civil, o que despertou no espectro político local a satisfação dos democráticos, dadas as suas afinidades com elementos locais do Partido Republicano, cujo chefe era o ex-deputado Manuel José da Silva, e a revoltosa perplexidade dos conservadores liderados pelo dr. Neves e que iriam aderir maciçamente ao novo regime. Para mais, na constituição das comissões administrativas das Câmaras e das Juntas Gerais a ordem ministerial era para que delas fizessem parte os elementos das comissões executivas saídos das eleições de 1925, desde que estas não houvessem sido vencidas pelos democráticos. Ao contrário dos distritos de Angra e Ponta Delgada, a situação era mais complexa no da Horta, já que as administrações concelhias e as distritais tinham sido, nos últimos anos da I República, conquistadas pelas forças mais à direita do Partido Democrático, isto é, o Partido Nacionalista e, depois, o Partido Regionalista. Segundo acusava a imprensa conservadora, o governador Alberto Medeiros parecia esquecer este facto e, ao nomear as comissões administrativas, concedia aos democráticos uma preponderância política exagerada, eles que dantes não

haviam tido força eleitoral para lá conquistarem as maiorias, “para lá foram agora conduzidos pela mão amiga e paternal do chefe do distrito na nomeação das novas comissões administrativas”4 Alguma razão tinham estas observações, pois a avaliar pela comissão administrativa da Câmara Municipal da Horta nomeada pelo governador Medeiros, vemos a par de alguns oficiais do Exército – coronel Francisco Augusto da Costa Martins e capitão Tito Lívio Raposo da Ponte – os civis Manuel Agostinho Fernandes da Fonseca, António Pereira Leal, António Maria de Brito e Melo e, sobretudo, os destacados democráticos dr. Gabriel Baptista de Simas e o engenheiro técnico António Marcelino Gonçalves. Estes dois cidadãos, conjuntamente com o dr. Manuel José da Silva, o professor António Pinheiro de Faria, o tenente Augusto Carlos Pinheiro e o dr. Joaquim Gualberto da Cunha Melo, seriam presos a 2 de Março de 1927 e, sem culpa formada, deportados para Angra do Heroísmo no dia imediato. O dr. Alberto Goulart de Medeiros terminou assim, na segunda metade de 1926, a vida política activa, continuando, porém, a trabalhar na sua profissão de médico, curso que concluíra na Escola Médico-Cirúrgica do Porto em 1891. Ingressou na Marinha como médico naval no posto de 2.º tenente e reformouse com a patente de capitão-tenente em 1909, ano em que, definitivamente, fixou residência na Horta, exercendo clínica nas ilhas do Faial e Pico. Nascido na Matriz em 10 de Novembro de 1863, era filho do médico conselheiro Manuel Francisco de Medeiros e de Maria Alexandrina Goulart de Medeiros e irmão do deputado, senador e ministro coronel Manuel Goulart de Medeiros, de Maria Palmira Goulart de Medeiros, do médico Pedro Goulart

de Medeiros, do chefe de Repartição de Finanças Jaime Constantino Goulart de Medeiros, do funcionário da Fazenda Adolfo Goulart de Medeiros e do governador civil da Horta e do Funchal capitão-de-mar-e-guerra Augusto Goulart de Medeiros. Casara com Rosalina Campos Goulart de Medeiros em 1895 na Sé de Braga, tendo sido pai de seis filhos, destacando-se de entre eles, o dr. Alberto Campos Goulart de Medeiros que foi médico distinto e cidadão ilustre. O dr. Alberto Goulart de Medeiros, “dotado de uma resistência invulgar e sempre de mal com o medo, nunca faltou com a sua presença nas crises graves, sendo grande o seu “valimento quando da peste epidémica e estupendo quando da mortífera gripe em 1918”5. Faleceu a 14 de Maio de 1945, na sua residência de férias da Madalena do Pico, com 81 anos de idade. 1 Ramos, Rui – “História de Portugal”, Lisboa, 2009, p. 610 2 “A Democracia”, 26.4.1918 3 Idem, 22.5.1918 4 “Correio dos Açores”, 13.8.1926, in Cordeiro,

Carlos,

“O

Processo

de

Implantação da União nacional nos Açores”, revista Arquipélago. História, 2.ª série, IX, 2005, pp. 538-539 5 barbo, Rui – “O telégrafo”, 14.6.1945

Caça ao cidadão!

T

ruben simas

emos vindo a assistir na comunicação social, por parte de protagonistas do costume, a uma injustiça pública, digna dos tempos da outra “senhora”, a tal ponto que chego a pensar se precisamos duma “IV República” que ponha ordem neste tipo de situações. Refiro-me aos ataques públicos e persecutórios de que tem sido alvo, nos últimos tempos, o actual presidente da Câmara do Comércio e Indústria da Horta (CCIH) e a sua direcção. Quando começamos a tentar perceber o porquê desta situação, várias são as questões com que nos defrontamos: - Será por terem sido democratica-

mente eleitos, pelos seus pares, numa instituição da nossa terra, como a CCIH? -Será por terem sido a única lista presente ao acto eleitoral da CCIH, sem necessitar de votos por correspondência? - Será por estarem a exercer funções, de forma apartidária, ao contrário da anterior direcção que foi instrumentalizada politicamente? - Será por estar a arrumar a casa no interior da CCIH? - Será que é por reconhecerem que uma instituição como a CCIH deve assumir os seus compromissos financeiros? - Será por estarem ao serviço dos associados da CCIH, não se demitindo em véspera de eleições autárquicas? - Será pelo seu presidente ter inte-

grado a lista à Assembleia Municipal de um partido político? - Será pelo facto de pela primeira vez o presidente da CCIH, ter sido eleito Presidente do Conselho de Ilha? - Será pelo seu presidente ter sido o 2º subscritor do abaixo-assinado contra as plataformas logísticas, incluídas no PROTA? - Será pelo seu presidente ter cometido um lapso, no envio de um parecer, corrigido logo que detectado, o que poderia ter acontecido a qualquer um? - Será por estarem a fazer um trabalho meritório na formação do tecido empresarial da ilha do Faial? - Será por dedicarem o seu tempo livre à CCIH, em defesa dos nossos comerciantes? - Será por simples inveja, apesar de exercerem funções a título gratuito? A crítica pela crítica não é, certa-

mente, uma forma construtiva de abordagem deste e de outros assuntos, sendo lamentável que, na ausência de investigação, sejam emitidas opiniões 'publicadas', sem o devido suporte e fundamentação. Obviamente que, numa terra como a nossa, onde por vezes parece que a “não verdade” tem facilidade em proliferar, quando as pessoas que a podem travar, nada fazem para isso, aparecem as injustiças que degeneram nos ‘ataques’ sucessivos, de que tem sido alvo a CCIH. Neste contexto há um motivo comum, que nos parece por demais evidente e preocupante. O facto de o presidente da CCIH ter integrado a lista da Assembleia Municipal do Partido Socialista! Este argumento constitui o elemento agregador das diferentes opiniões que, em sede de

“praça pública”, têm surgido sobre este assunto, na sua generalidade assumidas por protagonistas que mais tarde são abandonados por quem, nestes casos, estão a dar cara. A confirmar-se esta situação, inaceitável, estamos na presença de um total desrespeito pela livre participação cívica das pessoas, num acto de perseguição pública e política que, obviamente, qualquer cidadão idóneo e responsável só pode repudiar com todas as suas forças. Ao cidadão presidente da CCIH e à sua direcção, aproveito este momentopara publicamente deixar aqui, apesar das suas (nossas) imperfeições, a admiração e reconhecimento pelo serviço desinteressado prestado à nossa comunidade e que a devido tempo, estou certo, não deixará de ser registado, de forma positiva.


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PubliciDaDe

Tribuna das Ilhas


DesPOrtO

Tribuna das Ilhas

Karaté

Campeonato de ilha de Cadetes, Juniores e Sub-21 bém os Campeonatos de ilha do escalão de Sub-21, prova de apuramento directo à fase nacional. Os resultados apurados foram os seguintes: IlhA dO fAIAl - KAtA cAdetes mAsculINOs 1º Pedro Ribeiro – CKSH

g A Associação de Karaté dos Açores, em coordenação com os departamentos de competição e arbitragem das diversas ilhas (Terceira, Faial, Pico, São Miguel e Santa Maria), organizou no passado fim-de-semana, os Campeonatos de ilha destinados aos escalões de cadetes e juniores, prova de apuramento à fase Regional, que decorrerá no próximo dia 28 de Novembro na ilha do Faial. Em simultâneo, decorreram tam-

JuNIOres femININOs 1º Daniela Hilário – CKSH

KumIte cAdetes mAsculINOs 1º Pedro Ribeiro – CKSH 1º Adriano Pimentel – CKSM JuNIOres femININOs 1º Daniela Hilário – CKSM sub-21 femININOs 1º nicole Goulart – CKSM

futebOl – camPeOnatO Da afh

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2.ª PCr juvenis e juniores de vela ligeira g Realizou-se nos dias 6 e 7 de Novembro a segunda PCR de vela ligeira para juvenis e juniores nas Lajes do Pico. Em representação do Clube Naval da Horta estiveram 17 atletas divididos pelas respectivas classes: 11 atletas na classe Optimist, 2 atletas na classe Laser e 4 atletas (2 embarcações) na classe 420. O primeiro dia da 2ª PCR começou com muito pouco vento ameaçando anular as regatas para este

dia, mas felizmente ao final da manhã o vento aumentou mantendo-se quase constante entre os 10 e os 14 nós. A saída do porto das Lajes do Pico ficou marcada por duas avarias técnicas, uma embarcação optimist que partiu o moitão e obrigou à mudança do casco e o patilhão de uma embarcação L'equipe do Clube Náutico das Lajes do Pico que se desfez e impossibilitou a participação desta dupla nas regatas.

futsal – tOrneiO ilha DO faial

fayal e flamengos discutem fayal vence Atlético liderança este fim-de-semana g Este fim-de-semana termina a primeira volta do Campeonato da Associação de Futebol da Horta, e o jogo grande da jornada opõe Flamengos e Fayal, empatados na liderança da tabela com 7 pontos. No

outro encontro da jornada o Feteira recebe o Lajense nas Canadinhas. No passado fim-de-semana, com o Flamengos a folgar, o Fayal foi ao Pico tentar ganhar vantagem sobre os jogadores do Vale. No entanto o

Lajense deu luta e as equipas empataram a uma bola. Por sua vez o Cedrense venceu o Feteira nos Cedros, pela margem mínima. A equipa das Canadinhas ainda não pontuou na competição.

g Arrancou no passado fim-desemana o Torneio Ilha do Faial de Futsal, seniores masculinos. O Fayal Sport Club, que no fim-desemana anterior tinha garantido a

vitória no Torneio de Abertura, venceu o Flamengos por 4-7. Amanhã joga-se a segunda jornada no Pavilhão da Horta, com o Atlético a defrontar o Flamengos.

King 2010

Campeonato nervosismo e ansiedade condicionam caminha para o final camPeOnatO naciOnal ii DivisãO masculina - vOleibOl

prestação dos bombeiros da Horta g No fim de semana que passou teve início o Campeonato Nacional - Zona Açores de voleibol. Este ano os Masculinos abriram o Campeonato Nacional, que foi marcado pelas vitórias das equipas que jogaram em casa. A equipa da Horta viajou até à ilha Terceira, e como tivemos oportunidade de noticiar, o nervosismo e a ansiedade era uma predominante. Esses sentimentos acabaram por condicionar as prestações dos pupilos de Daniel Reis que perderam mesmo os dois intentos.

No sábado a Associação Desportiva e Recreativa Escolar Praiense venceu os três sets por 25-23, 25-15 e 25-11. Daniel Reis disse à nossa reportagem que “o jogo correu francamente mal, estávamos muito ansiosos e falhámos muito na recepção. A equipa desconcentrou-se no segundo set e isso traduziu-se nos resultados.” O técnico e jogador aponta também a falta de ritmo competitivo como uma das condicionantes do marcador: “a falta de competição a nível de ilha prejudica-nos imenso. A nossa maior fragilidade está na

recepção e é um aspecto que vamos tentar melhorar para os próximos jogos”. Já no jogo de domingo, as diferenças pontuais dos sets não foram tão acentuadas. O primeiro set terminou com 25-15, depois 29-27 e por fim 25-17. Daniel Reis disse ainda que “vamos trabalhar para corrigir os erros e vamos procurar receber os nossos adversários com a maior garra possível e mostrar que estamos aqui para vencer”. Nos próximos dias 21 e 22 de Novembro os Bombeiros recebem o Clube Desportivo Ribeirense.

lAr dAS CriAnCinHAS dA HOrtA

g Na passada segunda-feira jogouse mais uma jornada do Cam-peonato de King 2010. Desta feita, José Rosa foi o jogador mais feliz, classificando-se em primeiro lugar. Seguiu-se-lhe Lúcia Serpa, em segundo, e Luís Cardoso, em

terceiro. Nas contas da classificação geral, José Serpa continua em primeiro lugar. No pódio encontram-se também Lúcia Serpa e José Leitão, na segunda e terceira posições, respectivamente.

basquetebOl

Provas no faial já começaram g As provas de âmbito local organizadas pela Associação de Basquetebol das Ilhas do Faial e Pico iniciaram-se no passado fim-de-semana com a realização de duas provas destinadas ao escalão de Mini 12 e de

Sub19/Seniores femininos. mINIs: Atlético - 5 x FSC - 76 tOrNeIO de AberturA FSC-Sub19- 53 x FSC - seniores-61

Instituição Particular de Solidariedade Social

COnvOCAtóriA

camPeOnatO naciOnal De anDebOl

Em conformidade com a alínea C do artigo 28º dos Estatutos, convoco a Assembleia Geral desta Instituição, a reunir-se em sessão ordinária, na sua sede sita à Rua Cônsul Dabney desta cidade, no dia 23/11/2010, pelas 17:30 horas, com a seguinte ordem de trabalhos:

SCH cede terreno ao Águas

1 - Apreciação e votação do orçamento e programa de acção para o ano de 2011. 2 - Outros assuntos de interesse para a Instituição que, eventualmente se tornem oportunos e que, legalmente, possam ser discutidos. Conforme disposto no nº 1 do Artigo 30ª se à hora indicada não estiver presente o número suficiente de sócios, a Assembleia funcionará com qualquer número de sócios, passada uma hora. Horta, 09 de Novembro de 2010. O Presidente da Mesa da Assembleia Geral Alberto manuel Crisóstomo de medeiros gonçalves

g Na passada quarta-feira, o Sporting Clube da Horta foi ao Continente defrontar o Águas Santas, um dos seus principais “vizinhos” na tabela classificativa. Depois de uma vitória difícil no Faial frente ao São Mamede, no sábado, os pupilos de Filipe Duque acabaram por ceder uma derrota por 28-22. Esta derrota ditou a descida do SCH ao 6.º lugar da tabela classificativa, com 22

pontos. Neste momento, o líder do campeonato é o Benfica, após ter derrotado o Porto no passado fim-de-semana. Os encarnados somam 26 pontos, os mesmos que o ABC Braga e o Porto. Este fim-de-semana os jogadores do Sporting da Horta têm mais uma prova de fogo. Recebem o Porto, campeão em título, no Pavilhão da Horta. O encontro está marcado para sábado, a partir das 21h00.


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OPINIãO

Tribuna das Ilhas

em tempo de crise… acontecem coisas

E

Alzira silva

m todos os séculos acontece uma crise, que abala a economia como um sismo, que exige mudanças estruturais no mundo e mudanças comportamentais nos cidadãos, que aguça a criatividade, e que catapulta para uma situação de progresso. É o que está a acontecer. Vivemos tempos incertos, com interrogações inquietantes que nos exigem novos esforços e maior ponderação. Atravessamos um túnel, e enquanto a luz não se descobre, há necessidade de redobrar o cuidado com que revemos as nossas contas e as nossas prioridades, dando

especial ênfase à componente social porque são as pessoas que estão na primeira linha do horizonte de todas as políticas dos governos do partido socialista. É de registar quando os partidos da oposição também colaboram neste compromisso responsável que não deve pertencer apenas ao governo nem às forças político-partidárias, é obrigação de todos os cidadãos integrar, cada um ao seu modo e com a sua medida. Os que têm maiores dificuldades devem ser os apoiados e os que vivem mais confortavelmente devem ser os primeiros a pagar a crise. Esta é a trave mestra do edifício social. Entretanto, vão acontecendo coisas bonitas e feias. No Faial, houve o Faial

Film Fest, que se vai superando em cada ano em qualidade, em exigência e em rigor técnico. Uma iniciativa que não podemos deixar esmorecer nas dificuldades. Temos treze freguesias, tantas quantas existem na ilha, com o galardão ecofreguesia, motivo de satisfação para todos nós e que é fruto da política que os sucessivos responsáveis pela Secretaria do Ambiente e do Mar têm desenvolvido no Faial, da gestão criteriosa da Câmara Municipal, pautada pela atenção especial às questões de limpeza e de saúde ambientais, e do labor das Juntas de Freguesia. Parabéns aos nossos autarcas de freguesia, cujo trabalho nem sempre é reconhecido.

Temos a Câmara de Comércio e Indústria da Horta a dinamizar a sua área, com acções inovadoras, com novas medidas e novo ritmo. Que o aniversário se repita com muitos sucessos, porque os sucessos da nossa terra são os sucessos de cada faialense e vice-versa. Na República, as coisas feias têm-se multiplicado nas últimas duas semanas. Desde o anúncio da recandidatura de Cavaco Silva à Presidência da República às cenas patéticas de apoio ao Orçamento de Estado. Não que a recandidatura do actual Presidente da República seja, por si só, algo feio. O modo como foi auto-exaltada é que se tornou triste. Até nos fez recuar a um tempo já quase esquecido

de arrogância (“nunca me engano e raramente tenho dúvidas”). A memória colectiva da falta de humildade do antigo Primeiro Ministro cujas contas no país e cuja relação “negra” com os Açores alguns açorianos já tinham esquecido; a memória das explicações que costuma dar e que nunca são atempadas nem perceptíveis; toda essa memória ressaltou à vista do candidato que, mais uma vez, se arroga o direito de ser o salvador do país – o que nos pareceu pretensiosamente descabido. Não só não disse nada de novo como fez lembrar o que alguns já nem guardavam na memória… Pensando melhor, talvez seja caso para agradecer! alziraserpasilva@gmail.com

dissertação sobre bruxos, políticas, merceeiros e lapas (i) rui suzano*

N

enhum técnico superior especializado demora tanto a formar, é tão avaliado e obrigado a uma formação tão intensa e contínua como um médico especialista. A admissão no curso obriga o candidato a ser o melhor entre os melhores e, até há pouco, na Faculdade realizava mais de 80 exames teóricos e práticos ao longo de 6 anos. Depois de 2 anos de internato geral, para poder exercer e aceder a um quadro, estava obrigado a uma preparação atempada para a realização do exame de acesso à especialidade e, segundo a classificação, era-lhe proporcionada a opção por uma das valências médicas ou cirúrgicas. Tinha pela frente mais 5 anos (variando entre 4 e 6) de trabalho árduo de formação, no internato complementar, sujeito a avaliação anual, e no final apresentava-se a um júri nacional para ser submetido a um exame teórico-prático, durante 3 dias, e cuja classificação era determinante em concursos futuros. Aos 31 ou 32 anos chegava a médico especialista, apto a exercer, após 12 a 14 anos de formação. Era o tempo correspondente a mais de 3 cursos de enfermagem ou filologia e mais de 2 de biologia, gestão, direito ou engenharia. Como assistente eventual podia finalmente concorrer a um hospital ou centro de saúde, através de prova curricular, e, caso fosse seleccionado, entrava na carreira pública como assistente hospitalar, onde existem 5 escalões remuneratórios, com progressão por triénios. Depois de mais de 5 anos nesta categoria, quando fosse aberto o respectivo concurso público, apresentava-se uma vez mais a um júri nacional para obter, em caso de êxito, a categoria de assistente graduado, na qual existem ainda mais 6 escalões. Finalmente, dependendo das escassas vagas disponíveis em cada instituição e para cada especialidade, após 3 anos como graduado poderia aceder, novamente por concurso, à categoria de chefe de serviço, onde existem mais 4 escalões. Se tiver a sorte de chegar ao topo da carreira terá nessa altura entre 50 e 55 anos, quase 25 de exercício da Medicina e a boa prática na profissão obriga-o, mesmo assim, a estudar durante o resto da sua vida. Por volta dos 60 anos atingi-

rá o mais alto escalão remuneratório. Dizia o filósofo Thomas Mann que “Se o Homem é a medida das coisas, não resta dúvida que o médico deve ser o referencial mais alto”. Ainda que como em todas as profissões haja elementos mais e menos competentes, não pode haver qualquer dúvida de que é o técnico superior com a maior responsabilidade social, porque a Medicina será sempre a primeira das ciências enquanto a vida for o primeiro dos bens. Todo este difícil percurso não confere ao médico um estatuto especial, mas deve obviamente merecer o reconhecimento público que advém do exercício de tão nobre profissão. E é óbvio que quando um adolescente escolhe uma carreira o faz por vocação e não apenas pelo eventual “estatuto” social ou a recompensa pecuniária que venha a poder conquistar. Mas existe de facto um sentimento social sobre esse dito “estatuto” médico. Sempre houve, mesmo desde os tempos do bruxo da tribo, quando a Medicina ainda não era ciência. Por um lado, ele é o resultado mítico de uma presunção de infalibilidade, que assemelha o médico aos deuses, e cria uma dramática expectativa e dependência diante do poder da sua actuação. É ele que muitas vezes dita o veredicto que pode mudar a nossa vida. Mas sendo a variabilidade humana incontrolável, é necessário ter em conta que a Medicina é apenas uma ciência probabilística e que nem sempre a boa prática médica conduz aos resultados esperados. De facto e legalmente, um médico só pode ser responsabilizado pelos meios (boa praxis) e nunca pelos seus fins (resultados). Este efeito ou desilusão, julgado popularmente, serve muitas vezes de pretexto para atacar um imaginário “estatuto” de impunidade profissional e mesmo de um certo coorporativismo. Além disso, como ser humano, por muita competência que tenha, estará sempre sujeito ao erro, o que é muito diferente de negligência. É inevitável. Por outro lado, o dito “estatuto” está relacionado com o hipotético poder económico. No entanto, talvez o cidadão comum desconheça o valor do preçohora atribuído actualmente a um médico pelo seu normal serviço público. Para muitos será uma surpresa e outros nega-

rão a evidência. Mas a verdade é que um assistente graduado, há 6 anos na categoria (2º escalão), com 27 anos de experiência e 50 anos de idade, recebe cerca de 25 euros brutos por cada hora de trabalho. Isto, se tem com o Estado um compromisso de exclusividade e um horário de 42 horas semanais (cerca de 2.800 euros mensais líquidos), porque caso queira ter actividade privada, receberá 16 euros/hora brutos por 35 horas semanais sem exclusividade (cerca de 1.800 euros mensais líquidos). E o salário mais alto que poderá um dia auferir, o correspondente a chefe de serviço com dedicação exclusiva (4º e último escalão), ascende a 31 euros/hora brutos, sendo sempre indiferente a sua valorização académica (mestrado, doutoramento, ou pós-graduações). Independentemente de julgarmos aqui a sua maior ou menor competência, esta é a remuneração, o tal “estatuto”, daquele em quem depositamos sempre toda a esperança e exigimos a maior responsabilidade durante os nossos períodos de doença. Ora, como a descida salarial será, a partir de 2011, de 10%, uma vez retirados os impostos, aquele preço exemplificativo de 25 euros brutos ficará reduzido a um rendimento líquido de 12,5 euros/hora (IRS no mínimo de 36% + CGA de 11% + ADSE de 2,5%, na RAA). O preço do acto médico está a saldo e, com todo o respeito por quem vive com dificuldades, ao dobro do valor-hora de uma mulher-a-dias. Temos uma Medicina socializada num regime dito capitalista, onde no início da carreira um especialista auferia, em 2009, 18 ou 12 euros/hora brutos, repito, 18 ou 12 euros brutos, conforme tivesse ou não exclusividade. Por isso, haja um certo decoro quando se fala do salário médico! E contra factos não há argumentos! As tabelas salariais e do IRS são públicas e estão publicadas na Net (http://www.simedicos.pt/Pages/TabelasSalariais-de-2009.aspx). Certamente haverá sempre quem alegue duas justificações para defender ainda a manutenção desse absurdo “estatuto” económico. A primeira, é que o médico poderá optar pela actividade privada e juntar ao seu salário base uma remuneração adicional. É verdade, mas isso não pode pôr em causa a justiça do valor que lhe é pago institucionalmente.

Caricaturando, nenhum patrão pode exigir a um trabalhador que baixe o preço do seu salário só porque o cão lhe descobriu um poço de petróleo no quintal. A segunda prende-se com trabalho extraordinário, que advém, em parte, da falta de médicos. Convém frisar que esta escassez, ao contrário do que se crê, é fruto de uma política seguida na Europa nos anos oitenta: menos médicos disponíveis, menos oferta de serviços e menos despesa com a comunidade. As vagas nos cursos e nas especialidades são sempre da única responsabilidade do Ministério da Saúde. Por isso o Estado tem recorrido ao trabalho extraordinário, sendo inclusivamente obrigatório por lei para médicos até aos 55 anos. É pois verdade que esta classe, ao contrário de outras, tem a possibilidade de aceitar o recurso ao trabalho extraordinário como forma de compensar os baixos salários base, mas existe mais vida para além da Medicina e seria mais racional poder auferir uma remuneração justa por 40 horas semanais a ter que recorrer a subterfúgios, como a dedicação exclusiva ou tais suplementos, que foram fomentados para manter a classe pacífica com os seus reduzidos preço-hora. Há dois tipos de serviço extraordinário, que segundo a lei é aquele trabalho prestado para além do horário normal: o regime de presença física e o de prevenção. Quanto a esta, a legislação contempla que o tempo de trabalho extraordinário em presença física possa ser convertido no dobro do tempo em regime de prevenção, quando os médicos existentes são insuficientes para garantir a cobertura total do serviço de urgência (DL 62/79). Portanto, 1 hora de presença física extraordinária pode ser convertida em 2 de prevenção, por mútuo acordo, sendo esta paga a metade do preço-hora da presença física. A prevenção nunca é atribuída a um médico em concreto mas sim a um serviço, sendo as horas totais distribuídas pelos seus elementos, para que essa especialidade assegure sempre a urgência ao banco e ao internamento. Ou seja, com mais ou menos médicos, o custo da prevenção de um serviço é sempre fixo, como seria também o do trabalho extraordinário realizado em presença física. Quando ausente do hospital, o médico obviamente não recebe essa prevenção,

mas apenas o seu salário base. Existe alguma vantagem em aumentar o número de médicos apenas em função do serviço à urgência? Seria um erro colossal. Como mero exemplo, no Faial, qual o grau ineficiência que seria gerado se o número de cardiologistas aumentasse de 2 para 7, apenas para atribuir um período diário semanal de urgência àquela especialidade? Um estaria de serviço à urgência e o que fariam mais 6 para uma população de 35.000 habitantes, quando a ratio estimada de cardiologistas na população é de 1 para 10.000? Mais ainda, se o custo da prevenção é igual, o acréscimo de verbas salariais seria 7 vezes maior e, se essa cobertura à urgência fosse realizada em regime de presença física, o valor gasto em horas extras seria agravado, já que estas custam o dobro da hora de prevenção. Para o médico seria mais rentável e para o Estado sempre muito mais caro. É absolutamente natural que qualquer trabalhador receba proporcionalmente ao número de horas que realize, em presença física ou em prevenção. Na saúde, prevenção é a única solução possível em meios pequenos e com escassos recursos humanos, existindo para atender única e exclusivamente os casos urgentes e não para a consulta de rotina. Há quem conteste que o médico “ganha dinheiro com a prevenção estando em casa”. É verdade e consoante o maior ou menor número de médicos pela qual é dividida até pode quase duplicar ou mesmo quase quadruplicar o salário base. Mas essa disponibilidade, para existir, tem que ser remunerada e ela já tem um valor menor que o trabalho efectivo. Porém, para reduzir gastos, se os cidadãos decidirem acabar com este sistema e estiverem dispostos a arriscar poder vir a necessitar um especialista com urgência e não o terem, estão no seu direito. É tudo uma questão de escolhas. Continua *Delegado Sindical da FNAM, Director da UCI do Hospital da Horta, Médico Assistente, Graduado de Medicina Interna, Mestre em Ciências Médicas pela Universidade de Oviedo, Doutor em Ciências Médicas pela Universidade de Oviedo, Pós-graduado em Gestão de Unidades de Saúde pela Universidade Católica de Lisboa


infOrmaçãO

Tribuna das Ilhas

NOssA GeNte

12 de NOvembrO de 2O1O

15

restAurANte e sNAcK-bAr

utIlIdAdes

areeirO • caPelO • telf. 292 945 204 • tlm. 969 075 947

PArtIrAm • no passado dia 26 de Outubro, quarta-feira, faleceu no Centro de Cuidados Continuados da Santa Casa da Misericórdia da Horta, com 83 anos de idade, Maria Filomena da Sousa, natural e residente na freguesia dos Flamengos. A extinta era viúva de José de brum Azevedo e deixa de luto o seu filho Adalberto Francisco da Silva Azevedo, casado com noémia da Conceição Martins Sousa Azevedo, e os seus netos Marco César Martins Azevedo, casado com viviana Gomes e bruno Miguel Martins Azevedo, solteiro.

fOrAm eleItOs AssOcIAÇãO dOs ex-cOmbAteNtes dA IlhA dO fAIAl no passado dia 2 de novembro a Associação dos ex-combatentes da Ilha do Faial elegeu novos corpos sociais para o biénio 2010/2012, que ficaram compostos pelos seguintes elementos: AssembelIA GerAl Presidente: Jorge Manuel Freitas vieira 1.º secretário: Hélio João Magalhães brandão Pombo 2.º secretário: Manuel Adelino Aloves Campos dIrecÇãO Presidente: Firmino Lúcio Duarte Pedrosos vice-Presidente: António Faria Dawling 1.º secretário: Raúl Manuel Lima Dutra Goulart 2.º secretário: José Albino Garcia tesoureiro: José Ilídio Leal das neves suplentes: José Manuel Goulart Gomes José Mário Duarte Garcia cONselhO fIscAl Presidente: Jorge Manuel Dart Silva 1.º vogal: Guilherme Marinho Pinto Sousa 2.º vogal: José Armando da Silva Luís vogal suplente: Luís Fernando Amaral vogal suplente: Humberto Pacheco

AGeNdA cINemA

hOJe e AmANhã 21H30 - Filme - “Adoro-te à distância” - teatro Faialense Horta ludus eveNtOs

fArmÁcIAs hOJe e AmANhã Farmácia Ayres Pinheiro 292 292 749 de 13 A 20 NOvembrO Farmácia Lecoq 292 200 054 emerGêNcIAs -fAIAl número nacional de Socorro 112 bombeiros voluntários Faialenses 292 200 850 PSP - 292 208 510 Polícia Marítima 292 208 015 telemóvel: 96 323 18 12 ~ Protecção Civil - 295401400/01 m Linha de Saúde Pública 808211311 i Centro de Saúde da Horta 292 207 200 i Hospital da Horta 292 201 000 i h p o

emeNtA PArA dOmINGO

bONItO AssAdO NO fOrNO esPetAdAs de cArNe POrcO lulAs GuIsAdAs AceitAm-se ReseRvAs

trANsPOrtes - fAIAl

servImOs refeIÇÕes PArA fOrA

jSAtA - 292 202 310 - 292 292 290 Loja jtAP (aeroporto) - 292 943 481 v Associação de taxistas da Ilha do Faial 292 391 300/ 500 otransmaçor - 292 200 380

encerrado à terça-feira

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hOJe Céu geralmente muito nublado. Períodos de chuva, passando a aguaceiros. vento sudoeste fresco (30/40 km/h) com rajadas até 55 km/h, rodando para noroeste e tornando-se moderado (20/30 km/h). Mar cavado. Ondas oeste de 2 a 3 metros.

COntACte O dr. CASSAmA

AmANhã Períodos de céu muito nublado com abertas Aguaceiros na madrugada e manhã. vento noroeste moderado a fresco (20/40 km/h) com rajadas até 50 km/h, rodando para nordeste. Mar cavado. Ondas noroeste de 2 metros. dOmINGO Céu muito nublado. Aguaceiros. vento oeste moderado a fresco (20/40 km/h) com rajadas até50 km/h, rodando para norte. Mar cavado. Ondas noroeste de 2 metros.

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AtÉ 31 de JANeIrO 2011 COnCURSO De FOtOGRAFIA - “20 AnOS, 20 ACtIvIDADeS” Comemorações do 20.º Aniversário da Associação de Andebol da Ilha do Faial - Organização: Associação de Andebol da Ilha do Faial AtÉ 27 de NOvembrO Seg. a Sab. das 15h00 às 19h00 - exposição de Pintura - Ilusões Pictóricas de António Dulcídio - Centro de Cultura e exposições da Horta Organização: Câmara Municipal da Horta hOJe e AmANhã 20h30 - Festival de bandas Filarmónicas - Santa Cecília - Centro Paroquial de Castelo branco - Organização: Federação de bandas Filarmónicas dos Açores AmANhã 21h00 - Andebol - Sporting Clube da Horta vs FC Porto - Pavilhão Desportivo da Horta - Organização: Federação de Andebol de Portugal AmANhã 20h00 - Jantar de São Martinho - Casa espírito Santo de Pedro Miguel Organização: Paróquia de nossa Senhora da Ajuda - Angariação de fundos a favor da construção da nova igreja

chefe de redAcÇãO: Maria José Silva redAcÇãO: Susana Garcia e Marla Pinheiro fOtOGrAfIA: Carlos Pinheiro

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esta publicação é apoiada pelo PROMeDIA - Programa Regional de Apoio à Comunicação Social Privada


fuNdAdO 19 de AbrIl de 2002

Tribuna das Ilhas sextA-feIrA 4 12 de NOvembrO de 2O1O

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POlÍcIA de seGurANÇA PÚblIcA esPAÇO de PrOxImIdAde A POlÍcIA AO servIÇO dOs cIdAdãOs A Divisão Policial da P.S.P. da Horta continua a apostar fortemente na vertente pró-activa e de esclarecimento junto do cidadão, facto pelo qual no presente espaço volta a incidir nas: Disposições regulamentares exigíveis na utilização das vias públicas para a realização de actividades de carácter desportivo, festivo ou outras que possam afectar o trânsito normal (Dec.Reg nº 2-A/2008 de 24MAR) • O pedido de autorização para a realização de actividades susceptíveis de afectar o trânsito normal, deve ser apresentado na Câmara Municipal do concelho onde aquelas se realizam ou tenham o seu termo, no caso de abranger mais de um concelho. Para efeitos de instrução do pedido de autorização, a entidade organizadora deve apresentar os seguintes documentos: (Artigo 7º do mesmo diploma)

a Requerimento contendo a identificação da entidade organizadora da actividade, com indicação da data, hora e local em que pretende que a mesma tenha lugar, bem como a indicação do número previsto de participantes; a traçado do percurso, sobre mapa ou esboço da rede viária, em escala adequada que permita uma correcta análise do percurso, indicando de forma clara as vias abrangidas, as localidades e os horários prováveis de passagem das mesmas; a Regulamento da actividade a desenvolver, se existir; a Parecer das forças de segurança competentes (P.S.P. – e é vinculativo) a Parecer das entidades sob cuja jurisdição se encontram as vias a utilizar, caso não seja a Câmara Municipal onde o pedido é apresentado.

luís lemos 1/2 Página a cores

PrAZOs (Artº 11º) aA autorização deve ser requerida com antecedência mínima de 30 dias sendo o pedido acompanhado de todos os documentos exigidos no presente regulamento lembre-se que: • O incumprimento destas normas, origina contra-ordenação punível com coima mínima de 700€ - (Artº 8º do C.e) esclarecimentos adicionais deverão ser solicitados à P.S.P. da sua área de residência ou por correio electrónico: cphorta@psp.pt

PrOGrAmA INteGrAdO de POlIcIAmeNtO de PrOxImIdAde


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