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SCH joga amanhã na Luz frente ao Benfica PÁGINA 11

Tribuna das Ilhas

DIREcTOR: MANUEL cRISTIANO BEM 4 NÚMERO: 483

16.SetemBro.2o11

Sai àS SextaS-feiraS

1 euro

fUTEBOL cLUBE DOS fLAMENGOS

ApostAr nA formAção e envolver os sócios são As prioridAdes

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16.ª ConferênCia internaCional das Migrações

crise nA eUropA inflUenciA movimentos miGrAtórios

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16 DE SETEMBRO DE 2O11

editorial

agriCuLtura g Bem nos lembramos do tempo em que a agricultura – em ligação com a criação de gado bovino, base da indústria de lacticínios e da exportação de gado de carne – constituía o grande pilar da economia açoriana. Por isso, nesse tempo, utilizava-se a expressão “agropecuária” para definir o importante sector de criação de riqueza no nosso arquipélago, a par de outra fonte de elevado valor económico que era a das pescas. Nesse tempo, crivado de dificuldades para as populações – mesmo naquelas terras dos grupos central e ocidental onde, com a melhor distribuição da propriedade rural, os índices de pobreza eram menos acentuados – mesmo aí o agricultor açoriano tornava-se pastor de vacas nas pastagens do alto da ilha, cultivava as hortas, as quintas e os “cerrados” nos terrenos mais produtivos e trabalhava as pequenas vinhas de solo arenoso da beira-costa. E para além dos seus braços só tinha a ajuda dos familiares ou de outros agricultores, porque máquinas não havia e apoios só em certas áreas, com o advento das Juntas Gerais dos chamados distritos autónomos. E as ilhas produziam e compravam umas às outras cereais, frutas variadas (entre as quais a laranja da época), produtos hortícolas, lacticínios (queijo e manteiga), vinhos, etc., etc.. Era a economia a girar num sistema de compensações com resultados no conjunto do arquipélago. Para o Continente português exportavam-se, com assinalável volume, destas ilhas centrais e ocidentais, produtos lácteos, conservas de peixe, gado vivo para abate e, para países estrangeiros, o óleo de baleia. Este foi um tempo que marcou fortemente a nossa memória na adolescência e juventude – um tempo que naturalmente deixou aos açorianos de outras ilhas certas variantes e diferenças da prática e da vivência da actividade agrícola nos Açores em meados do século XX. Como o tempo mudou?! Hoje, muito se importa do Continente – ou do estrangeiro através dos importadores continentais – desde os cereais, as frutas e produtos hortícolas, até ao leite, aos queijos afamados, às bebidas de grande consumo como a cerveja e até às águas de nascente. Os terrenos de cultivo foram transformados em pastagem, mas muitos deles, por questões criadas à volta da pecuária e lacticínios, com implicações comunitárias, ficaram abandonados ao matagal. Que dizer, pois, da situação a que chegou a agricultura açoriana?! Agora têm aparecido por aqui algumas iniciativas e investimentos numa agricultura em moldes diferentes e prometedores. Uma luz ao fundo do túnel?! Oxalá resulte… Há dias, vimos na TV um programa sobre o estado da agricultura continental, com o país a importar do exterior quase tudo o que consome (até flores). Que os Açores não desçam tão fundo!

eM destaque

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eduCação

De voLta àS auLaS Depois das férias de Verão, chegou a altura de regressar à escola. Troca-se a praia pela sala de aulas e os brinquedos, as bicicletas e as consolas pelos livros, cadernos e canetas. As manhãs despreocupadas de despertares tardios dão lugar ao regresso da rotina diária que começa cedo. compensa-se o fim da tão adorada ociosidade das férias pela possibilidade de reencontrar velhos amigos e construir novas amizades, e pela excitação de novas descobertas e novos desafios. No faial, são mais de dois mil jovens e crianças que, na próxima segunda-feira, enchem as salas de aula da ilha.

Marla Pinheiro g No ano lectivo que agora começa, no Faial existem menos crianças a frequentar o pré-escolar que em 2010/2011. Este ano, serão 286, contra 302 no ano passado. É no primeiro ciclo que se assiste ao aumento mais relevante de alunos em relação ao ano passado. Este ano frequentarão os primeiros quatro anos de escolaridade 617 crianças, mais 58 que em 2010/2011. Estas ficarão repartidas, no entanto, por menos escolas, já que, com o encerramento dos estabelecimentos de ensino das freguesias do Salão e da Ribeirinha, o Faial passa a contar com dez escolas a leccionar na área do pré-escolar e do primeiro ciclo: Cedros, Pedro Miguel, Praia do Almoxarife, Vista Alegre, Básica Integrada, Pasteleiro, Feteira, Castelo Branco, Capelo e Flamengos. Ainda em relação ao pré-escolar e ao primeiro ciclo do ensino básico, há que referir também os estabelecimentos de ensino privados. No Castelinho, instituição particular de solidariedade social, estão inscritas no ano lectivo que agora começa 77 crianças na valência de creche e 65 na valência de jardim-de-infância. Esta instituição conta também com um ATL de apoio às escolas do primeiro ciclo, onde estão inscritos 59 alunos. Na Casa de Infância de Santo António, também ela uma instituição particular de solidariedade social, estão matriculados 69 alunos no primeiro ciclo do ensino básico. Quanto à valência de creche, que contempla bebés até dois anos, estão inscritas 40 crianças. É no jardim-de-infância que esta instituição tem o maior número de crianças inscritas, cerca de 75. No segundo ciclo assiste-se também a uma ligeira diminuição do número de alunos: este ano são 346, menos 26 que no ano passado. Quanto ao terceiro ciclo do ensino básico, a Escola Secundária Manuel de Arriaga (ESMA) conta com 518 alunos inscritos para sétimo, oitavo e nono ano de escolaridade, mais quatro que em 2010/2011. No ensino secundário os números também não variam: em

ENSINO PÚBLIcO No faial, o número de alunos inscritos é semelhante aos anos anteriores

2010/2011 eram 360 os alunos inscritos, e este ano são 363. Na Manuel de Arriaga, destaque também para os programas específicos como o Oportunidades, um programa de recuperação de escolaridade para alunos que já tiveram uma segunda retenção no terceiro ciclo ou que já atingiram os 14 anos de idade sem terem conseguido concluir o segundo ciclo de escolaridade. Neste momento, a ESMA conta com 76 alunos neste programa. Quanto aos alunos integrados numa UNECA (Unidade Especializada com Currículo Adaptado), este ano são 17, à semelhança do que acontecia no ano passado, divididos por duas turmas. No ensino recorrente, modalidade destinada a alunos que não se encontram em idade normal de frequência do ensino básico e secundário, e que desta forma, mediante planos de estudo propostos, podem obter certificados de equivalência, a ESMA conta com 14 inscritos. Quanto aos cursos de carácter profissional do PROFIJ, este ano não serão leccionados na Manuel de Arriaga. Ao Tribuna das Ilhas, o presidente do Conselho Executivo daquele estabelecimento de ensino explica que a resposta na área do ensino profissionalizante é assegurada pela Escola Profissional da Horta, mais indicada pelo efeito. Com a conclusão dos cursos a funcionar na ESMA no final do ano passado, Eugénio Leal explica que não foi considerado necessário voltar a apostar nesse modelo formativo. Na Escola Profissional da Horta, este ano lectivo conta com a abertura de dois novos cursos técnicos: Apoio à Infância e Gestão, cada um deles com 23 alunos inscritos. A frequentar o segundo ano estão os alunos dos cursos de Secretariado (17), Construção Naval (15) e Manutenção Industrial: Mecatrónica Automóvel (9), enquanto, que a concluir a sua formação

profissional, preparam-se para iniciar o terceiro ano os alunos de Contabilidade (13), Energias Renováveis (14) e Construção Civil (9). Ainda na Profissional da Horta, destaque para os cursos da rede Reactivar e Valorizar, ambos a entrar no seu segundo e último ano. São eles Geriatria (16) e Técnico Comercial (17).

PAIS DO SALãO cONfORMADOS No Faial, a preparação para o arranque deste novo ano lectivo que agora começa ficou marcada pela polémica em torno do encerramento da escola do Salão. Em Julho, a secretária regional da Educação e Formação anunciou o encerramento de 27 escolas na Região, entre as quais as escolas do Salão e da Ribeirinha, no Faial. Se na Ribeirinha a decisão da tutela foi acatada sem contestação (recorde-se naquela freguesia apenas funcionava a valência de Jardim-de-Infância), no Salão estalou a polémica, com os pais dos mais de 20 alunos a iniciarem de imediato uma luta contra o encerramento da escola. Para os encarregados de educação, o número de crianças salonenses no Jardim-de-Infância e no primeiro ciclo justificava a manutenção da escola aberta. Além disso, os pais não gostaram de tomar conhecimento da notícia pela comunicação social num dia, quando na véspera tinham estado a inscrever os seus educandos na escola do Salão, sem que lhes tivesse sido comunicada nenhuma impossibilidade nesse sentido. O movimento ganhou força com o apoio da Junta de Freguesia, e foram feitas reuniões com os deputados regionais eleitos pelo Faial. O ponto alto da polémica foi a reunião entre os pais e a directora regional da Educação. Graça Teixeira veio ao Faial oferecer mais escolas alternativas aos encarregados de educação, mas manteve-se firma na decisão de encerramento. Na altura os pais prometeram continuar a lutar mas, mais de um mês depois e com o

regresso às aulas ao virar da esquina, acabaram por ceder. De acordo com Maria José Morais, responsável pela Escola Básica Integrada da Horta, a uma semana do arranque do ano lectivo os alunos vindos do Salão estavam já integrados em outras turmas, na sua maioria na escola de Pedro Miguel. Recorde-se que, inicialmente, este estabelecimento de ensino era uma opção apenas para os alunos do Jardim-de-Infância, já que os do primeiro ciclo teriam forçosamente de integrar as turmas da Básica Integrada António José de Ávila, na Horta.

GOVERNO DIz qUE AçORES TêM PROfESSORES SUfIcIENTES De acordo com a directora regional da Educação e Formação, as escolas dos Açores estão dotadas com o número de professores que necessitam para garantir que o novo ano lectivo decorra com normalidade. Graça Teixeira explicou que os pedidos de professores feitos pelas escolas são articulados com a tutela para garantir que “não há nenhum aluno, nenhuma turma sem professor”. A directora regional lembra que “do ano passado para este ano, temos cerca de 2500 alunos a menos. São Miguel é a ilha mais populosa e também é onde se verifica o maior decréscimo de alunos, mas mesmo assim na Terceira temos menos 510 alunos. Estes 2500 alunos a menos neste ano lectivo significa um decréscimo de cerca de 100 turmas, se fizermos uma média de 25 alunos por turma”. Graça Teixeira referiu ainda o facto de nos concursos de colocação de docentes na região, existirem professores que por opção própria apenas concorrem a uma ilha dos Açores, o que leva a parecer que “há professores que preferem ser desempregados na sua ilha do que procurar emprego noutra ilha dos Açores”.


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09 DE SETEMBRO DE 2O11

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Salão despede-se do Verão com tourada Este fim-de-semana o Salão encerra as suas festas de Verão com uma Tourada à Corda. Esta tem lugar no domingo, dia 18, a partir das 16h00, junto ao polivalente da freguesia. A abrilhantar o espectáculo estarão os touros da Ganadaria Fernando Bettencourt, da vizinha ilha do Pico. Amanhã, sábado, haverá baile com Nelson Mota, a partir das 23h00. g

acidente mortal na espalamaca ARqUIVO/TI

g Na tarde da passada terça-feira, um homem de 29 anos morreu quando a viatura que conduzia caiu do alto da Espalamaca, pelo lado da freguesia da Praia do Almoxarife, e ficou imobilizada junto à linha de água. De acordo com o Comandante dos bombeiros faialenses, os soldados da paz foram chamados ao local pelas 17h45. O alerta foi dado por uma embarcação, que terá visto a viatura cair e informou a Capitania do Porto da Horta. A vítima foi encontrada já cadáver, encarcerada na viatura. A sua extracção fez-se pelo mar e esteve a cargo do Instituto de Socorros a Náufragos, em colaboração com os Bombeiros e com a Polícia Marítima. Segundo Álvaro Melo, estiveram no teatro de operações 25 bombeiros. De acordo com o Capitão do Porto

ESPALAMAcA O acidente deu-se na passada terça-feira

da Horta, Jorge Chícharo, o cadáver seguiu depois para a morgue do Hospital da Horta, por indicação do delegado de saúde. Por apurar estão ainda as causas do acidente. A viatura estaria a cir-

cular num local de pastagem, no fim da zona do Facho, na Praia do Almoxarife, tendo caído em direcção ao mar. O processo foi enviado para o Ministério Público, que deverá agora averiguar o sucedido.

Praia do Norte em festa

g Este fim-de-semana a freguesia da Paia do Norte está em festa, com as

celebrações em honra de Nossa Senhora das Dores.

PSP apreende 4 plantas de Cannabis nos Cedros g A Polícia de Segurança Pública da Horta, na sequência de investigações policiais, realizadas na freguesia dos Cedros, detectou e apreendeu, num terreno de baldio, quatro plantas de Cannabis Sativa-L.

Neste momento e de acordo com o comunicado de Imprensa envidado às redacções pelo Comando Regional dos Açores da PSP, ainda é desconhecido o seu proprietário.

Amanhã, sábado, haverá missa vespertina pelas 20h00, seguindo-se arraial, abrilhantado pela Filarmónica Lira Campesina Cedrense. A partir das 22h30 haverá karaoke, seguindo-se baile com o conjunto Prose e chamarritas. No domingo, destaque para a missa solene em honra da Senhora das Dores, a partir das 15h00, estando a procissão agendada para as 18h30. Antes da procissão o arraial estará a cargo da Filarmónica Euterpe de Castelo Branco, enquanto que a Nova Artista Faialense actuará após a procissão. Durante os arraiais haverá arrematações, quermesse e bar, cuja receita reverte a favor das obras da igreja da freguesia

[aconteceu] DISPONIBILIzADO GABINETE DE ATENDIMENTO DA INSPEcçãO REGIONAL DAS AcTIVIDADES EcONóMIcAS g Está disponível desde o início desta semana o gabinete de atendimento da Inspecção Regional das Actividades Económicas (IRAE), destinado a esclarecer os agentes económicos da Região e os cidadãos em geral. Este gabinete funciona nas instalações da IRAE, em Ponta Delgada, e, de acordo com informação divulgada pelo Gabinete de Apoio à Comunicação Social do Governo, tem como objectivos “prestar um serviço de informação e de aconselhamento gratuito em áreas tão diversificadas, como a segurança alimentar, livro de reclamações, fixação de preços, garantias e obrigatoriedade de inscrição dos estabelecimentos comerciais”. Este gabinete está também disponível através do endereço electrónico gabinete.atendimento.irae@azores.gov. pt, ou do telefone 296 302 270. INScO ABRE DUAS NOVAS LOjAS E WORTEN REMODELADA g No âmbito das remodelações que decorrem no hipermercado Continente Modelo na Horta, a Insco, empresa do grupo Bensaúde associada à Sonae e responsável por aquele espaço, procedeu na passada terça-feira à reabertura da Worten, agora remodelada, e ainda à abertura de duas novas lojas dentro daquele espaço: a Well’s Saúde e Óptica e a cafetaria Bom Bocado. De acordo com nota enviada às redacções, as novas lojas “representam uma evolução, resultado do reconhecimento dos consumidores da Região”, e “traduzem o empenho” da empresa em reforçar e renovar sua rede de lojas e serviços, de forma a estarem “mais próximos das populações, contribuindo assim para o seu bem-estar no dia-adia”. hOSPITAL DA hORTA cOMEMOROU O DIA MUNDIAL DA fISIOTERAPIA g O Hospital da Horta comemorou no passado dia 8 de Setembro o Dia Mundial da Fisioterapia, uma iniciatica do Departamento de Fisioterapia do Serviço de Reabilitação desta unidade Hospitalar. Para assinalar esta data o Serviço montou no hall uma série de paineis com informação acerca da fisioterapia e distribuiu uns folhetos informativos.

[vai acontecer] SEcUNDÁRIA MANUEL DE ARRIAGA PREMEIA MELhORES ALUNOS g À semelhança dos últimos anos, a Escola Secundária Manuel de Arriaga vai homenagear os seus melhores alunos no ano lectivo que passou. Os estudantes serão distinguidos na cerimónia do arranque oficial no ano lectivo, que decorre na próxima segunda-feira, dia 19, a partir das 09h30, no Pavilhão daquele estabelecimento de ensino. Será também nessa altura que a Secundária Manuel de Arriaga dará oficialmente as boas vindas aos alunos. PPM VAI PROPOR DEBATE DE URGêNcIA SOBRE RTP/AçORES g Paulo Estevão, líder parlamentar do Partido Popular Monárquico na Assembleia Regional, anunciou que vai propor no próximo plenário, agendado para o final deste mês, um debate de urgência sobre a RTP/Açores. Estevão defende a acção imediata das autoridades regionais no sentido de “impedir a concretização” da medida que visa que o serviço público de televisão regional passe a dispor de 4 horas de emissão diária. O deputado disse que vai procurar consenso entre as restantes forças com assento parlamentar na Região, para que seja tomada uma “posição conjunta” contra essa solução proposta pelo Governo da República. TAxA DA qUALIDADE DA ÁGUA VOLTA à ASSEMBLEIA MUNIcIPAL g Um dos pontos altos da próxima reunião da AM da Horta, agendada para 23 de Setembro, será a apreciação, pela terceira vez, da Taxa de Controlo da Qualidade da Água e de Disposição de Águas Residuais. Em Abril, altura em que surgiu a proposta dos valores a aplicar nesta taxa, instituída na Região para financiar a Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos dos Açores, o PSD manifestou-se contra o imposto. Com o PS a favor, o ónus da decisão recaia sobre a CDU, que pediu tempo para analisar a questão. Em Junho, os comunistas consideraram que o facto da taxa ter sido determinada na Assembleia Regional faz com que a sua aplicação seja um facto consumado, mas defenderam que os faialenses não devem pagar a totalidade do imposto. Assim, agora o assunto volta à berlinda, aguardando-se a proposta de valores mais baixos por parte do Executivo da Câmara Municipal.

cORRIGENDA O artigo de opinião da autoria do colaborador Santos Madruga publicado na página 13 da edição de 12 de Agosto, e respeitante à Semana do Mar, foi erradamente intitulado “Ontem e Hoje”, quando o título correcto seria “Semana do Mar”. Pelo lapso, penalizamo-nos e apresentamos as nossas desculpas ao colaborador visado e aos nossos leitores.


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16 DE SETEMBRO DE 2O11

notíCias

Tribuna das Ilhas

Luís Paulo alves pede mais solidariedade e união na europa

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g Durante a sessão plenária do Parlamento Europeu que decorreu esta semana em Estrasburgo, o eurodeputado açoriano Luís Paulo Alves defendeu que a Europa deve caminhar no sentido da integração numa União Solidária, sendo para isso necessária a emergência de líderes que motivem esse percurso. Numa intervenção que decorreu na segunda-feira, o socialista condenou o facto das grandes decisões estarem a ser tomadas pelos líderes das grandes potências, nomeadamente Merkel e Sarkozy, "ignorando as instituições, desrespeitando os Estados, e apesar de todos os Tratados". Para Luís Paulo Alves, esta forma de actuar secundariza os Estados, e o próprio Parlamento Europeu, e os eurodeputados não podem “continuar a comer e a calar esta forma de fazer as coisas”. O eurodeputado apontou também o dedo ao Comissário Europeu alemão Günther Oettinger, que recentemente sugeriu que os países em deficit excessivo colocassem a bandeira a meia haste. Para o açoriano, estas foram declarações "simplesmente deploráveis": "não é ferindo a dignidade de nações que merecem inclinação e respeito, e dos seus povos que a Europa tem saída. A Europa tem saída pela solidariedade e pela união", referiu. De acordo com nota enviada às redacções, após a sua intervenção o eurodeputado lembrou algumas das

ESPAçO DE PROxIMIDADE A POLÍcIA AO SERVIçO DOS cIDADãOS

L L Í Í c c I I A A D D E E S S E E G G U U R R A A N N

Utilização dos sistemas de retenção para o transporte de crianças Coima de 120 a 600€ e i.C. de 1 a 12 meses Utilização do Cinto de Segurança durante a marcha do veículo Coima de 120 a 600€ exCeSSo De veLoCiDaDe Coimas mínimas de 60 a 500€ e Sanção Acessória de I.C de 1 a 12 Meses (Grave) e 2 a 24 Meses (M.Grave)

CoNDução SoB iNfLuêNCia Do áLCooL taS - 0,50 a 079 g/L, coima de 250€ a 1250€ e i.C. de 1 a 12 meses taS – 0,80 a 1,19 g/L, coima de 500€ a 2500€ e i.C. de 2 a 24 meses taS – 1,20 e superior - Crime a P.S.P aLerta e aCoNSeLHa:

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Que embora a fiscalização selectiva seja direccionada, não inviabiliza/impede a detecção e punição de outras condutas que sejam censuráveis, nas vertentes, contra-ordenacional ou criminal, pelo que deve evitar o seu cometimento, demonstrando responsabilidade, civismo e urbanidade, na condução e circulação rodoviária praticadas.

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a P.S.P. deseja-lhe uma agradável viagem em família esclarecimentos adicionais deverão ser solicitados à P.S.P. da sua área de residência ou por correio electrónico: cphorta@psp.pt

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Contactos: telefone – 292208510 – fax - 292208511

B B uma taxa sobre transacções financeiras, a tributação das grandes fortunas, terminando com os paraísos fiscais, entre outras.

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medidas apresentadas pelos socialistas europeus como alternativas a algumas políticas de austeridade, como é o caso da emissão de eurobonds, a criação de

fIScALIzAçãO SELEcTIVA

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PROGRAMA INTEGRADO DE POLIcIAMENTO

Be quer distinção entre finanças públicas dos açores e da madeira numa nova Lei das finanças DR

g Os bloquistas açorianos anunciaram esta semana que vão entregar na Assembleia Legislativa dos Açores um projecto de resolução que pretende desencadear um processo que leve à elaboração de uma nova Lei de Finanças para a Região, no sentido de concretizar uma distinção “clara e inequívoca” entre Madeira e Açores, evidenciando as especificidades de cada uma das regiões autónomas, bem como o estado das suas finanças. “Os Açores não podem continuar a ser penalizados pelo descalabro e pelo facilitismo das contas de Alberto João Jardim”, disse, a este respeito, Zuraida Soares. A líder do BE nos Açores considera que a actual Lei das Finanças Regionais penaliza as duas regiões de forma igual, o que não é justo uma vez que “os Açores cumprem a sua parte na Lei de Finanças Regionais”, ao contrário da Madeira. A deputada bloquista entende também que o Governo de Passos Coelho não cumpre nem o Estatuto

Político-Administrativo dos Açores nem a Lei de Finanças Regionais, e exemplifica com situações como a diminuição do diferencial dos impostos entre as Regiões Autónomas e a República, a recusa por parte do Executivo PSD/CDS-PP de que as receitas geradas por via de impostos permaneçam na Região, e a diminuição do horário de emissão da RTP/Açores. Além deste projecto de resolução, os bloquistas anunciaram para a próxima sessão plenária uma interpelação ao Governo Regional, que visa clarificar a actual situação financeira da Região, o teor das negociações em curso com a República e as reais perspectivas para o Orçamento Regional de 2012. Zuraida Soares mostrou-se também preocupada com a possibilidade de se avançar para a privatização em alguns sectores na Região, como o caso da electricidade, da saúde, da gestão portuária ou da água.


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doze anos a hastear a bandeira

No Dia da freguesia Carlos rita apela aos governantes que não esqueçam os flamengos No dia em que os flamengos assinalam pelo 12.º ano consecutivo o Dia da freguesia, o presidente da junta apelou à manutenção do Protocolo de Delegação de competências com a câmara Municipal da horta. carlos Rita pediu aos governantes que não esqueçam a forma como a freguesia já foi e continua a ser prejudicada pelas obras do novo porto da horta, que têm provocado estragos em algumas habitações e vias devido à movimentação dos veículos pesados.

recordou que esta comemoração se iniciou há 12 anos, quando foi hasteada pela primeira vez a bandeira dos Flamengos, “com os seus símbolos heráldicos que representam as suas origens, os seus costumes e a sua riqueza”. “É neste dia que relembramos os nossos feitos, as nossas obras, e distinguimos personalidades e instituições, que promovem e projectam o nome desta freguesia”, referiu. No seu discurso, Carlos Rita falou das

Texto e fotos

Susana Garcia g A freguesia dos Flamengos assinalou na passada quinta-feira, 8 de Setembro, o Dia da Freguesia. Esta comemoração já decorre há 12 anos, e acontece na altura em que a freguesia presta também homenagem à sua padroeira, Nossa Senhora da Luz. No intuito de preservar o património e a história dos Flamengos, estas celebrações tiveram início com a inauguração do Jardim da Rua da Praça (Ramada), onde em tempos funcionou a Sede da Filarmónica Artista Flamenguense e o jardim-de-infância da freguesia. À semelhança dos últimos anos e apesar dos constrangimentos financeiros, esta Junta de Freguesia associou-se às Festas dos Flamengos 2011, delineando e concretizando um programa abrangente com a organização de vários eventos de carácter religioso, cultural, desportivo e recreativo. A Sessão Solene do Dia da Freguesia marcou o arranque destas celebrações, e decorreu na sala de ensaio da Nova Artista Flamenguense. O ponto alto foram as homenagens a várias pessoas pelos serviços prestados à Comunidade da Freguesia. Na ocasião, Carlos Rita, presidente da Junta de Freguesia dos Flamengos, congratulou-se pela celebração de mais um dia da Freguesia, no dia em que se celebra também Nossa Senhora da Luz, e

dificuldades financeiras que tem enfrentado desde o início do presente mandato, há dois anos: “as dificuldades financeiras foram um mote para racionarmos, planearmos e gerirmos melhor os recursos postos à nossa disposição. Fizemos o que achámos ser o melhor para a freguesia dos Flamengos”, garantiu. O autarca fez referência a algumas obras que a Junta de Freguesia levou a cabo, como a limpeza das ribeiras, das grotas e aquedutos, salientando o facto deste ter sido um esforço financeiro assegurado pela Junta, que não assinou Protocolo de Competências com a Secretaria Regional do Ambiente e do Mar. Carlos Rita aproveitou também para lembrar a remodelação do Miradouro da Caldeira, a ampliação do Jardim Botânico da Ilha do Faial, a conclusão da segunda fase da obra do Centro de Noite do Centro Comunitário do Divino Espírito Santo, a entrega na Câmara Municipal da Horta do estudo prévio da construção da creche e Centro de Dia dos Flamengos, a entrega do projecto de ampliação da Sede do Futebol Clube dos Flamengos e a Construção da Sede do Grupo Folclórico, bem como a entre-

ga do projecto de ampliação do campo de futebol sintético. O presidente da Junta mostrou-se ainda preocupado com a construção da Igreja do Flamengos e com os danos causado na freguesia pela obra do Porto da Horta. Carlos Rita reconheceu que esta se trata de uma obra “de grande importância para a nossa ilha, mas, como tem sucedido com outras obras de vulto, esta freguesia tem sido muito prejudicada com a movimentação de veículos pesados, que para além de causar prejuízos e danos em algumas habitações está a deixar em muito mau estado algumas vias”. A finalizar a sua intervenção, o presidente da Junta aproveitou ainda para apelar ao bom senso na Câmara Municipal da Horta no que diz respeito ao Protocolo de Delegação de Competências para o próximo ano. Apesar de ter consciência de que os tempos são difíceis, Rita acredita que “é essencial manter esta política de delegação de competências, que tão bons resultados tem dado, fazendo desta uma política de proximidade com as populações, resolvendo e atendendo a problemas que de outra forma e noutro enquadramento dificilmente seriam resolvidos”.

O autarca vai mais longe ao referir que “não há outro caminho que não o de manter a delegação de competências, melhorando-a onde for necessário mas mantendo-a no seu essencial”. Para Carlos Rita é necessário que a Câmara Municipal tome esta decisão com carácter de urgência, na medida em que brevemente a freguesia terá de começar a preparar o seu plano de actividades para 2012. Após a intervenção do presidente da Junta, os flamenguenses presentes nesta Sessão Solene tiveram a oportunidade de conhecer o projecto de ampliação da sede do Futebol Clube dos Flamengos bem como da nova Sede da Tuna e Grupo Folclórico dos Flamengos, feita pelo Arquitecto Victor Frazão, responsável pelo projecto inicial desta infraestrutura. hOMENAGENS Esta sessão solene teve como ponto alto as homenagens a quatro flamenguenses que muito têm feito em prol da Freguesia dos Flamengos: António Manuel Sousa Lobão, Eduardo Caetano de Sousa, Joaquim Garcia do Amaral e Manuel Alberto Silveira. A terminar este sessão comemorativa interveio ainda José Leonardo Silva, vice-presidente da Câmara Municipal, também ele flamenguense, que no seu discurso fez referência à importância que esta freguesia dá à valorização das suas gentes e tradições, felicitando em

representação do município os órgãos autárquicos dos Flamengos pela realização da Sessão Solene integrada nas maiores festas do Vale. Leonardo falou da actual conjuntura económica, nomeadamente na criação de mais impostos sobre os rendimentos das famílias e das empresas, frisando a necessidade de “ponderar os nossos objectivos, saber direccioná-los para investimentos estratégicos que respeitem os anseios e as necessidades das nossas freguesias”. O vice-presidente da Câmara fez referência a obras em curso na ilha e que vêm proporcionar o desenvolvimento do concelho, tais como a obra do Porto da Horta, a ampliação da Pista do Aeroporto ou a construção do Bloco C do Hospital da Horta, entre outras. Nesta sessão solene também Ana Paula Marques, secretária regional do Trabalho e Solidariedade, presente em representação do Governo, falou da actual crise económica, apelando “para uma grande força anímica”. Ana Paula Marques congratulou-se como facto da Junta de Freguesia dos Flamengos ter aproveitado as suas festas maiores para homenagear alguns flamenguenses que se distinguiram no serviço à comunidade, reforçando que estes actos “são simples mas muito generosos”, e defendendo que as homenagens são para serem feitas enquanto as pessoas estão vivas e prestam trabalho à comunidade.


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Tribuna das Ilhas

Metropolis 2011

açores no centro do mundo das migrações VISITAS DE ESTUDO MARcAM PRIMEIRO DIA DOS TRABALhOS g Começou segunda-feira em São Miguel a 16.ª Conferência Internacional das Migrações. Mais de 2000 pessoas estão reunidas para debater e discutir o fenómeno da migração em todo o mundo. O primeiro dia dos trabalhos das comitivas oriundas de vários países foi preenchido com visitas de estudo a vários pontos de São Miguel e também ao Faial e Pico. TRIBUNA DAS ILHAS a acompanhar os trabalhos integrou-se na comitiva que rumou à Ribeira Grande para assistir ao debate relacionado com a "Emigração açoriana: a história de um povo". Johana Malmi ė da Finlândia e veio aos Açores pela primeira vez. Está a frequentar um mestrado na área das migrações e veio à conferência com o objectivo de aprofundar os seus conhecimentos afim de elaborar um relatório que deverá apresentar a entidades governamentais do seu país de origem. A visita à Ribeira Grande teve como objectivo principal dar a conhecer aos presentes a origem do movimento migratório que, de acordo com a história começou por volta do século XV. fAcILIDADES DE cOMUNIcAçãO GARANTEM LIGAçõES DOS AçORES àS cOMUNIDADES EMIGRANTES A socióloga Gilberta Rocha, responsável pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade dos Açores foi uma das convidadas da 16.ª Metropolis que está a decorrer em São Miguel. “Graças a visitas num e noutro sentido e às facilidades de comunicação por telefone e pela Internet, os residentes nos Açores continuam a manter laços estreitos com as comunidades radicadas nos EUA e Canadá”, disse a propósito das migrações em declarações aos jornalistas. Esta especialista salientou que a emigração de açorianos para a

Metropolis 2011 A conferência decorre no Teatro Micaelense

América do Norte tornou-se “residual” desde finais do século XX, mas admitiu que possa ser “retomada”, à semelhança do que já acontece em relação ao Continente, devido à crise económica. cRISE NA EUROPA PODE AfEcTAR MIGRAçãO Para Howard Duncan, “a crise que a Europa atravessa afigura-se como um "condicionante aos movimentos migratórios". No entanto, o responsável pelo projecto Metropolis destacou o papel interventivo que os governos dos diferentes países têm tentado implementar a esse respeito. Na sua intervenção, Duncan considerou os Açores um exemplo no contexto mundial do movimento migratório. De acordo com este responsável “a migração devia ser mais apoiada uma

vez que, nos últimos tempos se tem assistido a um aumento exponencial de população migrada”. METROPOLIS SãO UM ENcONTRAR DE SOLUçõES

ainda o destaque que importa dar aos emigrantes, tendo em conta que foram, ao longo da história, “eles quem construíram cidades, tomaram conta das nossas crianças e preservaram o nosso património”.

WILLIAM SWING O director-geral da Organização Internacional para as Migrações destacou a importância desta conferência

hOWARD DUNcAN O responsável pelo projecto Metropolis considera os Açores um exemplo a seguir

O director-geral da Organização Internacional para as Migrações, William Swing, também marcou presença neste certame. No discurso que proferiu por ocasião da sessão de abertura não deixou de destacar a importância que estes certames têm no contexto mundial “é nestes encontro Metropolis que se debatem questões preocupantes da área das migrações e que saem soluções para essas mesmas questões”. Para Swing, “migração e desenvolvimento tem que andar de mãos dadas, sempre numa perspectiva de melhorar o que já existe”. O director-geral da OIM salientou

No final deixou no ar a questão “existem limites à variedade cultural e social no mundo?”. AçORES SãO UM ESPAçO DE PROjEcçãO ESTRATéGIcA PARA OS DOIS LADOS DO ATLâNTIcO O Presidente do Governo dos Açores considerou, no âmbito da Conferência Metrópolis, que a região é, pelas boas políticas públicas na área das migrações, um palco privilegiado para a realização deste encontro. “As nossas comunidades no exterior, tal como, mais recentemente,

os imigrantes que acolhemos e que se tornaram parte, por vontade própria, da construção da nossa sociedade, constituem um capital imprescindível na definição e afirmação dos Açores que fomos e que somos”, disse Carlos César. Historiando os movimentos migratórios protagonizados pelos açorianos – para o Brasil, o Havai, os Estados Unidos, o Canadá e as Bermudas – referiu que, nos últimos 60 anos, cerca de 200 mil pessoas saíram das ilhas, ou seja, quase tantas pessoas quantas as que vivem hoje no arquipélago. “Os Açores – que já careciam de condições mínimas para o seu processo de desenvolvimento, que viviam sob um regime centralizado em Lisboa e sem autonomia de decisão –, viam assim também reduzido o necessário capital humano para alavancar o seu progresso e conferir escala e dimensão à sua economia”, acentuou Carlos César, para logo acrescentar que “felizmente essa realidade mudou e os tempos actuais são diferentes.” Para o Presidente do Governo Regional, “os Açores de agora são um espaço de afirmação da periferia e da fronteira da Europa, de projecção estratégica para as duas margens do Atlântico, e têm feito um percurso, particularmente nos últimos anos, de convergência para os indicadores económicos e sociais médios da União Europeia que integra.” O fUTURO DAS MIGRAçõES Jose Carlos Teixeira, professor da Universidade da Columbia considera que nos próximos anos os Açores


Tribuna das Ilhas vão assistir a um esvaziamento populacional. De acordo com este especialista tudo aponta para que os jovens comecem a abandonar o arquipélago em busca de novas oportunidades de trabalho. O Canadá é apontado como um dos potenciais países receptores para os emigrantes açorianos. De acordo com este especialista "o Governo canadiano está receptivo a acolher jovens açorianos com formação especializada tendo, inclusive, programas dedicados a esse fim sobretudo nos arredores e zonas rurais de Toronto, Montreal e Vancouver"' afirmou. José Carlos Teixeira, que conta com cinco livros publicados versando as questões das migrações, defende ainda uma redescoberta das Américas por parte dos jovens. "Há que ter esse dado como importante, sobretudo quando, no Canada, temos uma comunidade açoriana composta por mais de 500mil pessoas". MIGRAçõES DE E PARA OS AçORES cOM BOAS PERSPEcTIVAS Para a directora regional das Comunidades, Graça Castanho, esta reunião constitui uma “chamada de atenção para problemáticas particulares das ilhas”, como as questões levantadas pela deportação para o arquipélago de emigrantes condenados em tribunais dos EUA e Canadá. “Os países e os decisores políticos têm vindo a mudar as leis, tornandoas mais favoráveis aos emigrantes” em funções das posições assumidas pela conferência, frisou Graça Castanho que sublinhou igualmente que as políticas adoptadas nos Açores no acolhimento de repatriados, na integração de emigrantes regressados e na preservação da cultura de origem nas comunidades radicadas no exterior são objecto de “estudo em escolas e universidades” portuguesas e estrangeiras. Graça Castanho destacou a relevância do debate sobre as problemáticas das migrações, alegando que, num mundo cada vez mais global, as “errâncias” fazem-se “em todos os sentidos e são imprevisíveis”. Em declarações exclusivas ao TRIBUNA DAS ILHAS Graça Castanho sublinhou estarmos perante o maior fórum mundial sobre migrações "e não pode nos podemos esquecer que este é o fenomeno que mais caracteriza o mundo hoje em dia. De todos MUSEU DA EMIGRAçãO AçORIANA O espaço fez parte do itinerário desta conferência

e para todos os continentes são feitas diariamente movimentações migratórias muito importantes. Por outro lado importa referir que, atendendo à conjuntura actual do mundo estamos perante novos fluxos migratórios que podem alterar completamente a geografia humana e social do mundo em que vivemos." Questionada sobre a crise e as suas implicações nas migrações açorianas, a governante diz que "é bem possível que nos Açores sintamos alterações grandes no que concerne à migração. O que podemos dizer agora, e ainda de forma empírica, é que a população mais afectada pela crise e pela falta de emprego é a mais jovem, sobretudo licenciados que não encontram trabalho nas ilhas. é bem possível que perante a abertura de novos mercados em países em expansão os jovens açorianos vão procurar outros rumos." Graça Castanho considera que, "a isso acontecer não tem que ser visto como um problema ou como algo negativo porque esses jovens vão ganhar experiência e beber inspiração noutros países e culturas e certamente serão uma mais valia para a região a médio e longo prazo, como se verificou outrora com outros movimentos, cujos benefícios estamos a receber agora." Sobre o fenomeno das migrações nos Açores a directora regional das Comunidades diz que "neste momento não temos nenhuma preocupação específica porque a situação està controlada. Temos no nosso espaço arquipelágico 4000 imigrantes de 86 diferentes nacionalidades, mas são pessoas que estão integradas. O desemprego não atinge de forma significativa as populações imigrantes e há um conhecimento muito grande por parte dessas pessoas de que nas ilhas se vive com qualidade e de uma maneira geral as pessoas estão muito satisfeitas por terem feito essa opção." No que diz respeito aos emigrantes no estrangeiro "tivemos a felicidade de ter grupos migratórios muito significativos em países em que, apesar de tudo, foram criadas condições para os receber. Há países que vivem o drama de terem populações emigrantes em palcos de guerra, o que é bastante fragilizante, mas isso não aconteceu nos Açores. Sabemos que estamos a viver num mundo em crise mas não há situações de grande precariedade ou problemas."

reportageM

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Bombeira faialense em formação para tripulantes de ambulância de socorro

DR. ANTóNIO jOSé PINA

g O Serviço Regional de Protecção Civil e Bombeiros dos Açores está a ministrar um curso para Tripulantes de Ambulância de Socorro. A formação decorre na Terceira, tem a duração de 210 horas, e nela participam 20 bombeiros, vindos das corporações de Angra do Heroísmo, Praia da Vitória, Velas, Calheta, Madalena, Horta, Santa Maria, Ribeira Grande, Ponta Delgada e Flores. Da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários do Faial está a participar nesta formação uma bombeira, que está na Terceira desde o dia

5 de Setembro, onde irá permanecer até ao dia 8 de Outubro, altura em que termina o curso. De acordo com nota enviada às redacções, este curso habilita os formandos com “competências que lhes conferem capacidade para identificar situações de risco de vida e aplicar o respectivo protocolo de actuação; proceder à remoção e extracção de sinistrados; efectuar triagem em situações multi-vítimas e proceder à avaliação, remoção, estabilização de doentes ou sinistrados que requeiram assistência antes e durante o seu transporte”. Esta formação irá abordar conteúdos

como Exame da Vítima, Adjuvantes da Via Aérea, Acidente Vascular Cerebral, Convulsões, Suporta Básico de Vida Adulto, Criança e Lactente, Traumatismos diversos e outras situações de excepção. Os formandos que concluírem a acção de formação com sucesso iniciarão a sua progressão na carreira de tripulantes de ambulância de socorro, sendo-lhes facultada a possibilidade de frequentarem outras acções formativas de carácter mais especializado na área da emergência pré-hospitalar.

aSSemBLeia muNiCiPaL Da Horta

eDitaL guiLHerme mariNHo PiNto De SouSa, Primeiro SeCretário Da aSSemBLeia muNiCiPaL Da Horta; faz SaBer; nos termos do disposto no artigo 49.º da Lei n.º 169/99, de 18 de Setembro, alterada e republicada pela Lei n.º 5-A/2002, de 11 de Janeiro, que a Assembleia reunirá no dia 23 de Setembro, pelas 14H30, no edifício da Casa do Povo do Salão, com a seguinte Ordem do Dia: 1 - Apreciação da Informação de Actividades da Câmara Municipal da Horta e da sua Informação Financeira, no período de 1 de Junho a 31 de Agosto de 2011; 2 - Relatório da Comissão Arbitral Municipal da Horta do Ano 2010, 3 - Aplicação da Taxa de Controlo da Qualidade da Água e de Disposição de Águas Residuais; 4 - 2.ª Revisão ao Orçamento de 2011; 5 - Consolidação de Contas do Município da Horta de 2010; 6 - Relatório da Análise ao 1.º Semestre de 2011do Município, pelo Revisor Oficial de Contas; 7 - Pedido de alteração de verba da Delegação de Competências do Município na Junta dde Freguesia da Conceição. Mais faz saber que nos termos regimentais, no fim da sessão está reservada um período de trinta minutos para intervenções do público, sobre assuntos do âmbito do Concelho. Assembleia Municipal da Horta, 15 de Setembro de 2011 O PRIMEIRO SECRETÁRIO DA ASSEMBlEIA MUNICIPAL, guilherme marinho Pinto de Sousa


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Cultura

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Tribuna das Ilhas

Pedro Miguéis canta The Beatles no Faial Amanhã, sábado, a partir das 21h30, a Praça da República recebe o já habitual espectáculo “Serenata ao Verão”, organizado pela Junta de Freguesia da Matriz. Desta feita, a despedida do Verão será feita pela voz do cantor português Pedro Miguéis, que apresenta no Faial um espectáculo onde revisita alguns temas dos The Beatles. Caso as condições climatéricas não permitam a realização do espectáculo ao ar livre , este será transferido para a Sociedade Amor da Pátria. g

CineMa no teatro faialense (Dias 9 e 10; 21h30; >16) g Terrence Malick um realizador no mínimo invulgar. Com uma carreira de cerca de 40 anos, realizou apenas oito filmes, dos quais apenas cinco são longasmetragens. Uma curta-metragem ao estilo western quando tinha apenas 26 anos marca a sua estreia atrás da câmara. Mais tarde rodou Dias do Paraíso, um drama estrelado por Richard Gere que lhe valeu um Óscar de melhor cinematografia. Em 1998 realiza o filme de guerra A Barreira Invisível, com Sean Penn, que contou com sete nomeações aos Óscares. Em 2005 revisita Pocahontas, da Disney, ao realizar O Novo Mundo, estrelado por Colin Farrell, com o qual foi novamente nomeado para o Óscar de melhor cinematografia, o seu grande ponto forte enquanto realizador. Em 2011 traz-nos este A Árvore da Vida, vencedor da Palma de Ouro em Cannes, e estrelado por Brad Pitt e Sean Penn. A Árvore da Vida acompanha a

a árvore da vida

artur 3 – a guerra dos Dois mundos (Dia 18; 17h00; >6) g Mais uma vez sob a batuta do realizador Luc Besson, responsável pelos dois anteriores filmes da saga, as aventuras do herói Artur voltam ao grande ecrã. Nesta nova aventura, Maltazard encurrala Artur na terra dos minimeus e viaja no sentido oposto até ao mundo

dos humanos. Agora, dois metros mais alto, Maltazard junta um exército de mosquitos gigantes na floresta próxima para tomar conta do universo. Apenas Artur parece ser capaz de impedir os seus planos, mas antes ele tem de voltar ao seu quarto e regressar ao seu tamanho normal. Preso no tamanho de minimeu, ele

conta com a ajuda de Selenia e Betameche, e, surpreendentemente, com a ajuda de Darko, filho de Maltazard, que afirma querer ficar do lado dos minimeus. A pé, de bicicleta, de carro ou mesmo de Harley Davidson, Artur e os seus amigos irão precisar de toda a ajuda possível no combate final contra Maltazard. DR

BRAD PITT O actor é uma das referências do filme na área da interpretação

existência de Jack (Sean Penn) desde o seu nascimento, nos anos 50, até à idade adulta, da perda da inocência ao cinismo de um homem maduro que é parte da civilização pós-moderna. Jack, o mais velho de três irmãos, cresce dividido entre duas visões divergentes da realidade: o autoritarismo de um pai, ambicioso e des-

crente (Brad Pitt), com quem vive em perpétuo conflito, e a generosidade e candura de uma mãe (Jessica Chastain), que lhe dá conforto e segurança. Neste drama Malick reflecte sobre a origem do universo e de como a tragédia da vida de um ser humano pode ser tão diminuta quando vista a uma escala global.

MINIMEUS O mundo de fantasia criado por Luc Besson continua a fazer sucesso nas bilheteiras

abertas inscrições para o a velha no teatro faialense LaBJovem 2011 g Estão abertas inscrições para a terceira edição do concurso LABJOVEM, destinado a jovens criadores dos Açores, organizado pela Associação Cultural Burra de Milho. De acordo com a organização, este projecto “visa incentivar e promover jovens criadores das diferentes áreas artísticas, servindo de plataforma a uma nova geração de artistas açorianos”. Em 2011 as áreas contempladas serão Arquitectura, Artes Plásticas, Artes Cénicas, Design de Moda, Design Gráfico, Fotografia, Ilustração e Banda Desenhada, Literatura, Música e Vídeo. Como habitualmente, será feita a partir do concurso uma selecção de projectos, que serão depois apresentados ao público numa mostra por várias ilhas. Esta mostra apresentar-se-á sob várias vertentes, nomeadamente com uma exposição de Arquitectura, Artes Plásticas, Design de Moda, Design Gráfico, Fotografia, Ilustração e Banda Desenhada, com a apresentação de espectáculos nas áreas de Artes Cénicas e Música e com a apresentação de uma Mostra de Vídeo. Será também elaborado um catálogo geral dos projectos seleccionados, e editada uma colectânea dos projectos seleccionados nas áreas de Música e Vídeo. Os trabalhos literários serão editados na colecção LABJOVEM Literatura. Para além do prémio atribuído pelo júri, serão atribuídas as menções LABCOMUNIDADES (para projectos concebidos por descendentes de açorianos residentes nas comunidades portuguesas no mundo) e LABREVELAÇÃO (para projectos concebidos por jovens com menos de 20 anos). As inscrições prolongam-se até ao dia 31 de Outubro pró-

g Amanhã, sábado, a partir das 21h30, o palco do Teatro Faialense recebe a peça A Velha. Trata-se de um Daniil Harms, interpretado por Miguel Borges, que visita o género da comédia negra. Este espectáculo é produzido pelo encenador João Garcia Miguel, sendo que nesta passagem pela Horta a produção está a cargo da companhia faialense Teatro de Giz, que, de resto, trabalhou com Garcia Miguel em À Procura de ximo. Podem inscrever-se jovens que até ao final de 2011 tenham no máximo 35 anos, e que sejam naturais dos Açores, residentes na Região há pelo menos 2 anos ou descendentes de açorianos até à terceira geração. As inscrições podem ser feitas através da Internet, em www.labjovem.pt. Recorde-se que na última edição do concurso o trabalho do faialense Pedro Rosa foi o vencedor na área da Dança/Performance. Para além deste, os trabalhos literários de Jácome Armas (Conjunto Homem) e Flávio Silva (Sebastião Cão) incluíram a mostra. Na área da música, o projecto The Wicked Jamaica, também da Horta, da responsabilidade de Pedro Lucas foi seleccionado, ao passo que na área do vídeo o filme Metástase, de Telmo Pacheco, do Faial, incluiu a mostra, assim como A Vida na Cozinha, do faialense Luís Bicudo.

Godot. A Velha é uma peça baseada num texto de Daniil Harms, em que Miguel Borges interpreta uma multiplicidade de papéis. A história baseia-se num escritor sem inspiração e começa com ele a perguntar as horas a uma velha, que lhe responde de forma irreal. Horas depois a velha visita-o e morre em sua casa. O que fazer? Como se livrar do corpo da velha? Como continuar em busca da sua inspiração?

Congresso do Livro em outubro na terceira g A Região Autónoma dos Açores vai ser a anfitriã do primeiro Congresso do Livro, organizado pela Associação Portuguesa de Editores e Livreiros. O congresso realiza-se nos dias 28 e 29 de Outubro, no auditório do Ramo Grande, na Praia da Vitória, ilha Terceira, e irá debater temas como a digitalização, as alterações no circuito de comercialização, a legislação e o

combate à pirataria. Este evento deverá contar com a participação de cerca de 400 pessoas, estando já confirmadas a presença de algumas personalidades importantes do sector, como o presidente da Federação Europeia de Editores, Fergal Tobin, e o director da Biblioteca de Arte da Fundação Gulbenkian, José Afonso Furtado.


opinião

Tribuna das Ilhas

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a corte de foice fernando Guerra

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á tenho escrito muito sobre este assunto, que o Faial pode ser um contribuinte líquido para o desenvolvimento regional, que tem potencialidades que, se fossem estimuladas, poderiam originar mais emprego mais crescimento económico e maior sustentabilidade. Já critiquei o atual modelo de desenvolvimento económico dos Açores, apenas centrado em duas ilhas, uma vez que as mentes que o definem e que estão no governo são dessas ilhas, não tendo a visão da realidade açoriana. Já justifiquei o porquê dessa opção, por acharem que o Faial não tem população com massa crítica, que a resposta ao investimento público só terá impactos positivos nas duas ilhas maiores e que o Faial não tem capacidade para responder a estímulos ao crescimento. Já denunciei a forma assassina, atentatória da liberdade, de colocar em LEI

que apenas duas ilhas se devem desenvolver, através da aprovação do plano do governo que prevê as plataformas logísticas em duas ilhas, como se não bastasse todas as dificuldades que o Faial vive neste contexto de dificuldades. Já escrevi que estas plataformas são o atestado de incompetência dos governantes regionais, pois não têm soluções para o desenvolvimento de ilhas mais frágeis, apenas vendo o seu umbigo, o problema da sua ilha, querendo puxar tudo, transportes marítimos, transportes aéreos, e querendo puxar mais ainda, com autênticas plataformas de saúde, entre muitas outras. Este atestado de incapacidade que Rei e Vice-Rei atribuíram ao Faial tem originado um modelo de investimento apenas de ganha eleições, mas verdadeiramente excluído do desenvolvimento económico, tais têm sido as ações destrutivas a que esta ilha tem sido condenada. Desde o não aumento da pista do

a “morte lenta” da desertificação Maria Patrão Neves

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stive esta semana na Graciosa, a ilha que mais população perdeu nestes últimos dez anos, de acordo com os dados do censo 2001/2011: 387 habitantes, correspondendo a 8,1% da população. Talvez o número de pessoas não impressione muito, mas a percentagem é certamente significativa e a tendência grave. Graves são também as realidades que este processo de desertificação arrasta: o envelhecimento da população, a redução da população activa e a diminuição da taxa de natalidade. Estes índices demográficos reflectem-se também no quotidiano da sociedade: iniciativas sociais, económicas e políticas, desde profissionais (por exemplo, a actividade comercial) a lúdicas (por exemplo, organizações desportivas), carecem de uma densidade populacional que as viabilize e as justifique; e este reduzido número de habitantes vai afectando os investimentos de que a população residente necessita, desde a construção de infra-estruturas à criação de condições que promovam o bem-estar social, desde a saúde à educação, afectando todas as áreas de desenvolvimento social e pessoal. A desertificação populacional estende-se da Graciosa a S. Jorge, das Flores ao Pico, não esquecendo que também Santa Maria e o Faial perderam população. A reali-

dade sócio-económica destas ilhas é diferente e cada uma exige uma atenção particular. Mas em relação a algumas a questão da sua sustentabilidade demográfica a médio e longo prazo coloca-se necessariamente: qual é o limiar populacional que garante a manutenção das condições para a prossecução do desenvolvimento social? A resposta tradicionalista consiste em manifestar preocupação mas sem intervir e contrariar este abandono demográfico; a resposta economicista aconselharia a “esvaziar” e depois a “fechar” algumas ilhas. Se esta última choca, atingindo a identidade de um povo disperso e diverso nas suas nove ilhas, a primeira é também insustentável, pela capitulação tácita à situação actual. Entre a “morte lenta” e a “morte súbita” há que encontrar uma solução de vida. Não tenho competência académica para traçar um diagnóstico rigoroso e a terapêutica que se exige. Também não creio em soluções milagrosas para problemas de fundo. Mas não será preciso mais do que bom senso para reconhecer que se pode e deve fazer mais para, dentro da ilha, investir nas suas potencialidades específicas favorecendo actividades rentáveis e oportunidades de emprego, e, dentro do arquipélago, melhorar as acessibilidades. Estes são dois vectores convergentes no contributo para a fixação de população e pilares para uma mais plena política de coesão que tem de contemplar a desertificação de algumas ilhas como seu desafio prioritário.

aeroporto, a diminuição do projeto inicial (o que o Faial e os Açores mereciam) da ampliação do porto da Horta, do fecho da fábrica do peixe, do desinvestimento da estação rádio naval, à política diferente para o campo de golfe e termas e à falta criação de novos rasgos rodoviários geradores de oportunidades de investimento privado … Todas estas são situações que têm debilitado esta ilha, que a têm impedido de se desenvolver em épocas que foram de crescimento para as duas maiores ilhas e que na atual conjuntura de maior dificuldade e de constrangimento de dinheiros públicos fazem com que não nos tenhamos desenvolvido na época das vacas gordas e agora, com as vacas magras, continuemos mal. Quando pensava que este governo não poderia tirar mais, nem abandonar mais, nem excluir mais o Faial do desenvolvimento económico e social, eis que constato que me enganei, infelizmente.

Refiro-me aos anúncios dos cortes em chefias administrativas da secretaria da educação em 500 000 euros e na secretaria do ambiente (com sede onde? Na Horta) com primeiro prémio de redução em valor e em percentagem de chefia, na ordem de 1 000 000 euros, sim, um milhão por ano! Sabemos que vivemos com um sector público acima das nossas possibilidades, que a carga fiscal chegou ao limite e que é necessário fazer uma reengenharia no setor público, que está deficitário. Mas discordo frontalmente desta medida, esses cortes deveriam ser feitos nas chefias do Rei e do Vice-Rei e respectivas ilhas, e a justificação é política e técnica. Política pois uma das bases da boa governação de desenvolvimento é a redistribuição pelo território das competências da Região, com serviços e com quadros superiores, e cargos de chefia em ilhas mais pequenas, possibilitando, para além de aumentar a assi-

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metria dos valores remuneratórios, mas principalmente que a este nível permite a estes “chefes” uma maior cultura e visão do nosso mundo, com efeitos positivos para as populações que são residentes. Do ponto de vista técnico porque o ambiente, ao longo do tempo, passou de direcção regional a parte duma secretaria e finalmente teve o estatuto que merece na Região, o de tutelar uma secretaria regional, com efeitos positivos ao nível regional, com uma valorização ambiental do arquipélago com muito nível, que tem elevado os Açores, inclusivamente com prémios nacionais e internacionais, com citadas em revistas internacionais com repercussões multi-sectoriais desde o ambiente ao turismo. O princípio é “em equipa que ganha não se mexe”. Esta mexida, esta redução das chefias da secretaria do ambiente irá afectar muitos cargos importantes no Faial, retirar 1 milhão de euros anual, provando que nas mãos deste governo, a ordem para o Faial é cortar com corte de foice. frgvg@hotmail.com

rtP açores: Por amor à camisola Kitty Bale

Vou tentar aconselhá-la da maneira mais clara possível. Julgo que não deve voltar a trabalhar para esta empresa. A atitude deles para consigo foi completamente injustificada e não tenho nenhuma razão para acreditar que eles possam vir a mudar. Se voltar a trabalhar para eles, não estarei preparado para ajudá-la novamente". Assim falou o coordenador dos jornalistas freelancers do sindicato britânico National Union of Journalists (NUJ) quando lhe perguntei se podia retomar o meu serviço na RTP Açores em Novembro 2010. Em Outubro 2009, iniciei um projecto de notícias em inglês no multimédia a convite da RTP/A. Chamado "News from the Azores", era um blogue destinado aos lusodescendente que já não dominam o português. Um ano depois, nem um cêntimo ainda tinha visto apesar de ter alertado a chefia para a minha situação inúmeras vezes. Foi por isso que deixei de aparecer em meados de Outubro 2010 e pedi ajuda ao NUJ, que representa os seus membros onde quer que estejam. O projecto foi uma estreia tanto para o Grupo RTP como para a região autónoma dos Açores. Porém, passou despercebido tanto cá como nas Comunidades porque após uns mails entusiastas para a América a informar que o serviço tinha arrancado e uma notíciazinha no website da RTP em Lisboa - a chefia recusou-se a divulgar o serviço até eu começar a receber. Na minha cabeça de estrangeira, a RTP/A era a versão açoriana da BBC - um serviço público digno e confiável - portanto agarrei-me à minha missão jornalística com todo

o coração e esperei pacientemente. De natureza discreta e com a convicção inabalável - ainda hoje - que o mensageiro nunca deveria ser a mensagem, confiei cegamente na chefia. Porém, parece que tive azares seguidos: a proposta original feita à Direcção Regional das Comunidades - que patrocinou o projecto a 100% - perdeu-se algures, assinou o protocolo quem não teve direito de o fazer, e a papelada ficou extraviada. Não habituada ao modus operandi da RTP/A, continuei a insistir num estatuto jurídico que pudesse definir a minha colaboração. Foi um erro dispendioso. Foi-me dito que não podia passar recibos verdes direitamente à RTP/A mas que teria que passá-los através de um fornecedor autorizado a prestar serviços, senão o projecto era para esquecer de vez. Obedeci e perdi assim o valor do IVA mesmo sendo eu isenta de IVA. Aprendi também que apesar de ter assinado centenas de peças em inglês e português e de ter sido apresentada ao presidente do Grupo RTP, era um fantasma administrativo. Ao longo deste tempo, lidei com a rivalidade entre ilhas, com uns padrões profissionais questionáveis, com as minhas reportagens a aparecer de repente em jornais sem ninguém ter pedido autorização para os publicar. Copyright não é uma palavra muito respeitada por aqui - um website do Faial roubou conteúdos com descaramento, sem identificar a fonte nem respeitar a minha assinatura e não foi uma só vez. Mas fiquei calada por lealdade à empresa, porque nunca quis prejudicar o futuro do projecto, um projecto cuja mais valia pela região e

pelas Comunidades sempre defendi, um projecto que era o meu "bebé". Sobretudo, fiquei calada porque tive medo, tal como os outros colaboradores da RTP/A em situações precárias, muitos deles desde há anos – não quis destruir tudo aquilo por que lutei. Fiquei calada porque sou jornalista por vocação e não porque procuro atenção ou fama. Escolhi esta profissão para poder dar uma voz àqueles que não têm, distinguir os factos da ficção, ir além das aparências enganadoras e informar as pessoas de forma imparcial e clara. No entanto, reconheço hoje que o meu silêncio na altura foi contra tudo em que acredito. Lutei pelo projecto mas não lutei por mim própria, confiei em pessoas que não se ralavam muito nem com as notícias em inglês, nem comigo como trabalhadora, incapaz de pagar a renda e a passar fome e frio. Finalmente recebi o meu primeiro pagamento em Novembro 2010, e o saldo a 30 de Dezembro de 2010, graças à intervenção do NUJ. Curiosamente, apesar da RTP/A nunca ter querido validar a minha presença, obrigou-me a assinar uma declaração de quitação em Janeiro 2011. No que diz respeito às "News from the Azores", a chefia garantiume durante meses uma e outra vez que a renovação do protocolo com a DRC tinha sido devidamente pedida mas a própria DRC me informou em Abril que "não há qualquer registo sobre o interesse da RTP em manter essa sua colaboração". Independentemente do quão radical é essa minha experiência, constitui apenas mais um sintoma da doença que está a devorar a RTP/A, dentada após dentada. (quazorean@gmail.com)


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DESPORTO

Tribuna das Ilhas

Futebol – torneio de AberturA AFH

Seis equipas entram em campo este fim-de-semana no faial e no Pico g Arranca este domingo o Torneio de Abertura da Associação de Futebol da Horta, em seniores masculinos. Na época desportiva que agora começa, a competição é garantida por seis equipas, mais uma que em 2010/2011, com o regresso do Desportivo do Salão. O Vitória do Pico regressa à competição neste nível, depois de ter sido despromovido da Série Açores, divisão em que o Fayal Sport irá participar nesta época. Assim, na jornada inaugural deste torneio o Flamengos vai ao Pico defrontar o Vitória, o Cedrense recebe o desportivo do Salão e o Lajense joga nas Canadinhas frente ao Feteira. Este Torneio de Abertura será disputado em 5 jornadas.

futebol Clube dos flaMengos No passado fim-de-semana, o futebol clube dos flamengos apresentou as equipas que irão defender o seu emblema na época desportiva que agora arranca. São cerca de 180 atletas, nas modalidades de futebol e futsal, que entram em campo numa altura em que a direcção do clube azul e branco quer chamar os sócios a participar. O presidente do flamengos falou ao TRIBUNA sobre os objectivos e aspirações do clube do Vale. Luís furtado confessa que aos atletas só se exige que dêem o seu melhor e honrem as cores do clube. De resto, continuar a trabalhar na formação para garantir o futuro e preservar a saúde financeira do clube são os grandes desafios. A estes juntam-se os projectos de ampliação da sede e do campo sintético.

Marla Pinheiro foto: Susana Garcia g É com um novo treinador mas sem grandes mexidas no plantel que o Futebol Clube dos Flamengos (FCF) entra em campo no próximo domingo, no Torneio de Abertura da Associação de Futebol da Horta (AFH). Horácio Goulart, que já defendeu as cores do Fayal Sport enquanto treinador e dirigente, vai comandar a equipa senior azul e branca, que conta com 25 atletas para esta época. No ano passado, o FCF venceu a Taça da AFH e classificou-se em segundo lugar no Campeonato. De acordo com Luís Furtado, vencer o Campeonato e subir à Série Açores seria muito bom, mas não é o objectivo principal: “esta Direcção tem o propósito de consolidar o clube em termos financeiros, e também em termos de imagem. Queremos aproximar o clube das pessoas. Sendo essas as nossas prioridades, a subida da equipa senior à terceira divisão não é um objectivo imperioso”. O presidente do emblema azul e

Luís furtado promete responsabilidade e empenho na época que agora arranca branco frisa no entanto que esta postura realista e responsável não significa que os atletas irão entrar em campo com menos garra e ambição: “queremos ser sempre os melhores em termos desportivos e ter as melhores equipas possíveis, mas dentro da nossa realidade”, explica. Assim, o Flamengos aposta num plantel “de qualidade”, constituído exclusivamente por atletas faialenses ou residentes na ilha, que não recebem para jogar. ATLETAS DE fUTSAL PREcISAM-SE Em relação ao Futsal, o Flamengos volta a apostar na modalidade, tanto em seniores masculinos como femininos, e conta com dois novos treinadores: Humberto Freitas será o técnico responsável pela equipa masculina enquanto Marco Benfeitinho fica aos comandos da equipa feminina. Recorde-se que, na época passada, o FCF foi campeão regional de futsal no escalão de Infantis. Este ano, a vontade do clube é constituir uma equipa de formação na modalidade, de preferência no escalão de Iniciados, para onde transitariam os campeões infantis. No entanto, a verdade é que, apesar do entusiasmo criado à volta da modalidade quando esta começou a emergir, não tem sido fácil mobilizar atletas para o futsal no Faial, e o Flamengos precisa de outras equipas de formação na ilha para que os seus atletas possam competir. Na opinião do dirigente, uma das razões que motiva esta falta de receptividade em relação ao futsal é o horário em que as equipas encontram disponibilidade nos pavilhões para treinar: “na última época, a nossa equipa treinou muitas vezes até às 23h00, o que é um horário desfavorável que não incentiva os jogadores”, explica. A este respeito, Luís Furtado congratula-se com a entrada em funcionamento do Pavilhão de Castelo Branco, e espera que esta época seja possível às equipas seniores de futsal disporem de melhores horários de treino. AMPLIAçãO DO SINTéTIcO E DA SEDE SãO AMBIçõES PARA O fUTURO Habituado a lutar pelos primeiros lugares nas competições em que par-

ticipa, o FCF sabe que, se garantir a subida à Série Açores no final desta época, o Estádio do Vale terá de sofrer alterações para que os flamenguenses possam jogar em casa na Terceira Divisão. À semelhança do que aconteceu com o campo da Alagoa, também o sintético dos Flamengos não possui as medidas mínimas exigidas para as competições nacionais. De acordo com Luís Furtado, são necessários mais dois metros de largura para cada lado no rectângulo de jogo. Não é muito, mas implica intervenções significativas nas infra-estruturas no estádio, obrigando por exemplo à destruição de alguns muros e a alterações nas bancadas. Tendo isso em conta, o clube e a Junta de Freguesia já avançaram com um projecto de ampliação do campo, entregue à Câmara Muni-cipal da Horta e à Direcção Regio-nal do Desporto. Agora, aguarda-se luz verde em relação aos apoios: “sabemos que esta época seria difícil, dado que a prioridade é o sintético do Fayal, mas esperamos que também chegue a nossa vez”, refere Luís. Além da ampliação do sintético, há ainda um projecto de ampliação da sede do clube, já em marcha, que aguarda também que apareçam apoios para que possa ser concretizado. fLAMENGOS DÁ MÚSIcA No arranque da época desportiva o FCF apresenta uma novidade para dinamizar o clube. A partir de agora, o clube oferece ginástica de manutenção, vários estilos de dança e Zumba, uma mistura de danças latinas. Esta área será dinamizada pela professora Carla Sequeira e, de acordo com Luís Furtado, destina-se a todos os interessados, “dos 8 aos 80”, bastando para tal que se inscrevam junto do clube. fORMAR PARA GARANTIR O fUTURO Luís reconhece que encontrou um clube algo desorganizado, e é para colmatar essa falha que a sua equipa trabalha: “tentámos organizar-nos em termos logísticos, dar dinâmica ao clube e dar clareza à administração do mesmo. Em termos desportivos, tentamos dar o nosso cunho pessoal, até porque grande parte da

LUÍS fURTADO O presidente do fcf quer apostar na formação e aproximar os sócios do clube

direcção já passou pelo clube enquanto atletas”, confessa. Em relação à estabilidade financeira do clube, o dirigente garante que a evolução é positiva: “quando entrei estava muito mais apreensivo do que estou agora. Mas é evidente que o clube precisa de trabalhar mais para chegar ao patamar que deseja. Além disso os apoios começam a escassear. Este ano queríamos uma carrinha nova, por exemplo, e não a conseguimos comprar. Mas com trabalho e com empenho vamos conseguir”, diz. Outra das prioridades é “devolver o clube aos sócios, chamá-los a participar”, até porque, de momento, estes encontram-se algo afastados. O presidente está optimista em conseguir cativar novamente os adeptos, mas está ciente de que esse processo será demorado: “acho que as pessoas já começam a identificar-se com o clube, e vão acabar por voltar a olhar para o FCF com o orgulho de outros tempos”. Em termos desportivos, Luís Furtado não hesita em eleger a formação como a grande aposta do Flamengos: “eles são o nosso garante de futuro, e por isso devem ser a nossa prioridade”, defende. Nesse sentido, na sua modalidade

de eleição – o futebol 11 – o Flamengos apresenta seis escalões de formação: Petizes, Traquinas, Benjamins, Infantis (com duas equipas), Iniciados e Juvenis, que pretendem ser verdadeiros viveiros de jogadores para abastecer a equipa sénior. Apesar da aposta nos novos atletas, o Flamengos – como, de resto, acontece com todos os clubes na ilha – depara-se com um problema inevitável e difícil de gerir: a saída dos jovens jogadores do Faial. “No Faial sofre-se muito com a perda dos atletas que saem da ilha para estudar, e esse é um dos nossos grandes problemas. Grande parte dos atletas quando regressa já não quer voltar ao futebol. Há 20 ou 30 anos iam poucos jovens estudar, agora vão quase todos, e ainda bem que assim é, mas em termos desportivos a ilha ressente-se” explica. Independentemente destas dificuldades, o Flamengos está confiante, e optimista na qualidade do leque de atletas que reuniu. Sem grandes exigências em termos de resultados, Luís Furtado deixa, no entanto, a garantia: “exigimos que, em cada campo onde os atletas entrem, dêem o seu melhor e dignifiquem a camisa que vestem, e o símbolo do clube”.


desporto

Tribuna das Ilhas

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CaMpeonato naCional de andebol

atletisMo

Sporting da Horta joga na Luz depois de se ter estreado a perder em casa

octávio melo com boa prestação em meia maratona nos eua

DR: SOUTO GONçALVES/INcENTIVO

Marla Pinheiro g Os faialenses do Sporting da Horta não começaram com o pé direito o Campeonato Nacional de Andebol, que teve no passado fim-de-semana a sua primeira jornada. A jogar em casa frente ao Madeira SAD, os pupilos de Filipe Duque saíram derrotados por 22-27. O Sporting entrou bem na partida, e ao intervalo o marcador reflectia o equilíbrio entre faialenses e madeirenses, empatados com 10 golos. No entanto na segunda parte os homens da Madeira acabaram por fazer valer a sua supremacia e levaram os 3 pontos. Finalizada a primeira jornada, o Sporting da Horta partilha os últimos lugares da tabela classificativa com o Fafe, com o Sporting e com o campeão nacional Porto, que perdeu na Luz frente ao Benfica. Os encarnados seguem na frente, com o ABC, o Águas Santas e o Madeira SAD. Belenenses, Xico Andebol, ISMAI e São Bernardo somaram empates neste arranque de

foto: Susana Garcia g Arranca este domingo a primeira jornada da Terceira Divisão do Campeonato Nacional de Futebol – Série Açores. Esta época ficará marcada pelo regresso do Fayal Sport Club à competição, depois de uma ausência de três anos. Sob a batuta do técnico Eugénio Botelho, o plantel do mais antigo clube açoriano faz-se de prata da casa, com a aposta clara em jogadores da ilha e formados na Região. Dos 25 atletas da equipa, destaque para nomes bem conhecidos dos adeptos do FSC, como Cádio Dias, Pedro Rodrigues, Sandro Paz ou Marco Anselmo. Dos Juniores do Fayal chegam quatro jogadores. Mauro Silva vem dos Flamengos para reforçar o ataque, e do Cedrense chegam os médios Óscar Pereira e Wilson Sousa. Da vizinha ilha do Pico vem o médio Sérgio Alvernaz, ex-Vitória, e também Tiago Medeiros e Tiago Oliveira, que vêm Boavista de São Mateus. E foi precisamente o antigo clube destes dois atletas que saiu em sortes ao Fayal na jornada inaugural da Série Açores. Assim, no domingo os pupilos de Eugénio Botelho vão ao Pico, defrontar o Boavista, enquanto que, nos restantes jogos da jornada, o Guadalupe recebe o Praiense, o Prainha defronta no Pico os micaelenses do Águia Clube Desportivo, o União Micaelense recebe o Sporting Ideal e o Lusitânia vai à Lagoa defrontar o Santiago. fAYAL NãO DEVERÁ jOGAR

g Octávio Melo participou no passado sábado, dia 10 de Setembro, na meia maratona Run to the Rock, em Plymouth, Massa-chusetts, na costa leste dos Estados Unidos, alcançando o 59.º lugar da classificação geral, de entre os 408 atletas que concluíram o percurso, e o 21.º lugar no seu escalão. Apesar de não se encontrar na sua melhor forma, devido a uma gastroenterite e ao efeito da diferença horária, o atleta do Clube Independente de Atletismo Ilha Azul (CIAIA) alcançou os seus objectivos, que passavam por ficar no Top 100 da classificação geral. Tendo isso em conta, Octávio Melo saiu bastante satisfeito da prova, até porque se tratava de um desafio com elevado nível de dificuldade

OcTÁVIO MELO O atleta do cIAIA conseguiu uma boa classificação

causado pelo percurso muito acidentado, com muitas subidas e descidas.

King AfONSO ALMEIDA O lateral faialense foi imobilizado pelos madeirenses neste lance

Campeonato. O próximo jogo do Sporting da Horta é já amanhã, e não se avizinha tarefa fácil:

os faialenses vão à Luz defrontar o Benfica, galvanizado pela vitória frente ao Porto.

futebol – série açores Marla Pinheiro

DR

fayal vai ao Pico na jornada inaugural

ruben oliveira vence 20.ª jornada e lidera geral g Decorreu na passada segunda-feira mais uma jornada do Campeonato de King 2011, como habitualmente no Grémio Literário Artista Faialense. Desta vez, a sorte sorriu a Ruben Oliveira, jogador que mais pontuou na noite, seguido de José Leitão e de João

Brum. Nas contas da classificação geral, Ruben Oliveira lidera a tabela. Em segundo lugar está João Luís, e em terceiro Carlos Vilela. Mário Dutra segue em quarto e António Sousa é quinto. A 21.ª jornada joga-se na próxima segunda-feira, dia 19 de Setembro.

botes baleeiros

Senhora das angústias vence regata do Salão fAYAL SPORT cLUB Os faialenses defrontam o Boavista de São Mateus na primeira jornada

NA ALAGOA ANTES DA qUARTA jORNADA Neste regresso à Série Açores, os Verdes teriam o seu primeiro jogo em casa na segunda jornada, frente ao Prainha do Pico. No entanto, de acordo com Celestino Lourenço, presidente do clube, a obra de colocação do novo piso sintético no Estádio da Alagoa não estará concluída nessa altura. Em declarações ao TRIBUNA DAS ILHAS, o dirigente adiantou que, neste momento, o piso está já a ser fabricado em Espanha, devendo depois ser transportado para o Faial, para que se inicie a obra de substituição. Por isso, o jogo da segunda jornada será disputado no campo do Vitória, em São Roque. Celestino Lourenço espera que à quarta jornada, no segundo fim-de-semana de Outubro, o Fayal Sport possa já receber o Praiense no novo piso do Estádio da Alagoa.

Recorde-se que esta obra se impôs precisamente pela subida da equipa à terceira divisão, sendo que o campo da Alagoa não apresentava as medidas exigidas pela Federação Portuguesa de Futebol para as competições nacionais. A solução encontrada foi a substituição quase integral do sintético, orçada em mais de 270 mil euros, comparticipada pela Direcção Regio-nal do Desporto em cerca de 60% (162 mil euros). Os restantes 40% serão financiados pela Câmara Municipal da Horta e pelo próprio clube. Aquando da assinatura do contratoprograma entre o FSC e a Direcção Regional do Desporto, previa-se que a obra estivesse concluída até ao final do passado mês de Agosto, a tempo do arranque da Série Açores, o que acabou por não acontecer, aguardando-se agora que no segundo jogo em casa na competição os Verdes possam efectivamente receber o adversário no seu Estádio.

g Realizou-se no passado sábado a quinta edição da regata de botes baleeiros do Salão, organizada pela Junta de Freguesia salonense e pelo Clube Naval da Horta. A prova, à vela, contou com a participação de sete botes, e realizou-se na baía da Horta, e não fora do porto do Salão, como estava previsto, devido à grande ondulação e ao vento forte, de acordo com informação disponibilizada pelo Naval da Horta. As condições meteorológicas dificultaram a vida aos participantes, e impediram mesmo os botes Claudina, do Naval da Horta, e São José, do Capelo, de concluir a prova. Apesar das dificuldades, o Senhora das

Angústias, da freguesia que lhe dá o nome, comandou a prova desde o início, liderado pelo oficial José Gonçalves, e sem surpresas foi o vencedor. Seguiu-se-lhe o Capelinhos, da freguesia do Capelo, com o oficial César Matos, e o Senhora da Guia, da Feteira, com o oficial José António Freitas. O Maria da Conceição, do Naval da Horta, classificou-se em quarto lugar, seguido do Senhora do Socorro, do Salão. Neste momento as contas do campeonato de ilha do Faial continuam em aberto, com Capelinhos e Senhora da Guia numa disputa renhida pela liderança. A decisão fica assim adiada até à regata do aniversário do CNH, agendada para o dia 24 de Setembro.

BOTES BALEEIROS Ainda não foi desta que ficaram fechadas as contas do campeonato de Ilha


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opinião

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Tribuna das Ilhas

de quando eM Vez

opinando objeCtiVaMente

tÓPiCoS: 1 - termas 2 - oração fim Do 3 - Justiça 4 - atlântida 5-Desculpas verão Santos Madruga

Armando Amaral

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Após longo silêncio, as Termas do Varadouro passaram a ser faladas na comunicação social, e não apenas nos jornais da Horta. É que ultimamente temos ouvido o Secretário da Economia a referir-se às ditas, o que nos causou admiração, por julgá-las esquecidas ou abandonadas, e esperança já que se trata de uma mais valia para o Faial que dela bem precisa, proporcionando bom contributo nas valências económicas do Triângulo. Deixou-nos mesmo a impressão de que o Governo Regional estaria interessado na recuperação das Termas faialenses e elevá-las ao patamar das do Carapacho e da Ferraria, tendo para tanto adquirido já a maioria dos terrenos necessários ao aumento da área onde está implantado o antigo balneário da Junta Geral e procedido à abertura dum furo para abastecimento de água termal, a compensar a desaparecida nascente.

De estranhar, porém, que o Governo não tenha chamado a si a responsabilidade do empreendimento, entregando depois a respectiva exploração aos privados, aliás à semelhança do que fez na Graciosa e em São Miguel. Razão tem os laranjas locais ao acusarem o Governo de falta de vontade política, pois, na verdade, os rosas regionais são especialistas no fazer que anda mas não anda, em que são exemplos bem à vista: Pista do Aeroporto, Campo de golfe, Estradas do mato… Mas apesar de tudo isto, bem desejaríamos acreditar que desta vez as Termas - do Varadouro seriam mesmo uma excepção à regra.

2

Por ainda estar bem presente o casamento do Príncipe Alberto de Mónaco, a cujo acontecimento a comunicação social deu desusada cobertura, julgamos não ter perdido oportunidade referência a dois actos que me sensibilizaram deveras. São eles: o almoço oferecido a todos os empregados do Principado, independentemente de suas funções, e a Oração de acção de graças proferida pelo próprio Príncipe ao iniciar o banquete de gala, cerimónia

raramente transmitida pela televisão nos tempos de hoje; pelo menos não nos recordamos de alguma vez a termos visto.

3

Ficámos deveras admirados pela decisão de o Governo ter escolhido a Horta para sede da Administração dos Portos dos Açores, agora centralizada apenas numa ilha. Não deixamos mesmo de ficar de pé atrás, isto quanto os socialistas tem vindo a pôr o Faial no fim da linha. E, como em todas as coisas a verdade vem à tona d'agua, de uma forma ou doutra fez-se justiça.

4

Foi notícia destacada nas televisões nacionais a inesperada largada, em Agosto, do Atlântida dos estaleiros navais de Viana do Castelo para Lisboa, onde talvez ainda se encontre por incerto seu destino. Trata-se, como se sabe, de um barco, ou ferry, novinho em folha que, antes de arranjar dono, ou armador, já tem a sua história. Construído por encomenda para os Açores, acabou rejeitado pelo Governo de Carlos César, quiçá por não atingir a

velocidade exigida, isto é, ser pequena de mais para as lonjuras das ilhas, ou por seu interior apresentar demasiado requinte para o indígena. Depois, a palhaçada rosaavermelhada, em que Sócrates, para salvar a honra socialista, tenta impingir o Atlântida ao amigo Chavez, em acordo selado com sorridente aperto de mão, televisionado para todo o mundo, a dispensar música e foguetes. Com tanto folclore, talvez surja o desejado comprador, uma vez que o camarada venezuelano deu o dito por não dito. Uma coisa, porém, é certa: os açorianos continuam a ver por um óculo o famoso navio.

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Embora alertado apenas por velho amigo, nanja da onça, nem adepto das Plataformas do mal, sobre o erro cometido em Tópico de 5 de Agosto, venho deixar aqui as devidas desculpas aos deputados regionais faialenses do PS a quem incompreensivelmente pus a votar contra as ditas ao lado da Oposição. Aliás, como atenuante apenas o facto de há um ano me ter referido correctamente à votação do PROTA pelos socialistas açorianos em peso.

N

a roda do tempo, o verão aproxima-se do seu fim. As férias vão terminando e o regresso já é uma realidade. Começam os preparativos para o início das aulas e a azáfama, nas compras de mochilas, livros, cadernos e o demais material, é enorme. Contudo, as queixas são múltiplas, desde o encerramento de escolas, redução de pessoal e todo um “cortejo” de reclamações, muitas delas com razão de ser. Nesta altura, repete-se o ciclo dos anos anteriores. São as preocupações de pais, com a conjugação dos horários dos filhos, sobretudo para aqueles que iniciam a frequência escolar pela primeira vez. O tempo do “relax” já passou. Agora, dá-se inicio a novo ciclo. Como vem sendo habito, a Junta de freguesia da Matriz, anualmente, e neste mês de Setembro, realiza um espétaculo musical, de fim do verão. Este ano, chamou-lhe “ serenata ao Verão 2011”, intitulado “Pedro Migueis Canta the Beatles”, acompanhado pelo guitarrista Jorge Gonçalves. O espaço escolhido foi a nossa bonita Praça da Republica. Que a noite colabore nesta interessante iniciativa para satisfação de muitos que ali acorrerão. Com estes eventos, e não só, continua ativa a Junta de Freguesia da Matriz a quem, na pessoa do seu Presidente, agradecemos o convite, e desejamos os maiores êxitos, a bem desta freguesia, e que não regateiem esforços, para que ela continue viva e eficaz, de modo a que os seus moradores sintam que aqui, vale a pena viver. Haja Saúde!

É o populismo! Paulo Sousa Mendes

O

populismo tem, por vezes, senão mesmo na maior parte das vezes, 'coisas' fantásticas! 'Coisas' essas que dependem, em muito, do 'timing'. Só muito recentemente tenho vindo a aprender e a compreender a importância do ‘timing’. De tal modo, que só agora percebi o sentido de uma questão que me foi colocada por um jornalista acerca do 'timing' escolhido para tornar pública uma denúncia. Confesso que à época considerei que era uma pergunta, no mínimo, extemporânea. Mas, decerto que os jornalistas mais 'calejados' percebem melhor de tácticas populistas do que eu. Ora vejamos então, como o 'timing' é crucial para o populismo. Lembram-se quando os deputados da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (ALRAA) tiveram de reunir em plenário extraordinário, na Horta, em Dezembro do ano passado, para debater e tornar a votar a remuneração compensatória,

pois havia sido devolvida pelo Representante da República à ALRAA? Muito se disse sobre esse plenário extraordinário, desde a sua inutilidade, pese a sua obrigatoriedade; que seria um desperdício financeiro, numa altura em que se impunha austeridade às finanças públicas; até ao reforço incansável de que os deputados não fazem 'nenhum', logo não se sabia muito bem o que iriam lá fazer. Enfim, assistia-se ao populismo da 'inutilidade' de um plenário extraordinário. Seis meses depois, alguém lembrou-se de propor a realização de um plenário em Agosto tão e só porque a Assembleia da República continuaria a labutar continuamente, sem a habitual interrupção de Agosto. Tudo, porque afinal, importa que os deputados da ALRAA sigam o exemplo da Assembleia da República, mesmo que não se saiba muito bem, o que fariam de extraordinário em Agosto. Se em Dezembro, a realização de um plenário extraordinário é um desperdício de ‘dinheiros públicos’, seis meses depois já é um exemplo de esforço e

dedicação pela causa pública. Fantástico, não é? Em 2009, alguém lembrou-se de propor que a União Europeia tivesse a sua própria agência de rating e que essa agência não tivesse qualquer interesse próprio nas respectivas avaliações . Esse alguém foi logo acusado de 'maluco' da extrema-esquerda radical, da impraticabilidade da proposta e de ser irresponsável. No entanto, dois anos depois, não é que os 'ajuizados' propõem o mesmo que o tais 'malucos' da extrema-esquerda radical propuseram ? Fantástico! Há um ano, um conhecido deputado regional, de forma surpreendente, porque é reconhecida a sua opinião, assim como a do seu partido sobre a fiscalização aos beneficiários do RSI, votou contra uma proposta para a constituição de uma comissão parlamentar para fiscalização dos beneficiários do RSI. Aliás, defendeu que a constituição de uma Comissão parlamentar para tal efeito seria um desperdício de dinheiro .Um ano depois, ao efectuar o balanço do trabalho desenvolvido pelo seu grupo parlamentar

vem, nem mais nem menos, congratular-se por terem proposto a constituição de uma comissão parlamentar para fiscalização dos beneficiários do RSI. O que um ano antes era considerado um desperdício é agora usurpado como proposta própria e constitui motivo de auto-congratulação . Fantástico, não é? O PSD escandalizou-se com os 1,4 milhões de euros de trabalhos a mais, o correspondente a 11,32% do valor inicialmente previsto para a obra da nova biblioteca de Angra do Heroísmo , quando em Fevereiro de 2010, votou contra uma proposta na ALRAA que propunha acabar com o que foi tido como regra na Região, mas excepção no Continente . Sabiam que no Continente uma obra não poderá ultrapassar 5% em trabalhos a mais e que só em condições excepcionais (condições geomorfológicas especiais e obras de complexidade técnica considerável) esse limite poderá ser de 25% e que nos Açores, independentemente das condicionantes, sabe-se lá porquê (até podemos desconfiar) a regra é de

Set.13.2011 25%? Pois é, no «quentinho» do plenário os 25% como regra fazem todo o sentido, mas quando o objectivo é o puro «show-off» agem como ‘virgens ofendidas’. Fantástico, não é? Há ainda aqueles que usam e abusam do populismo, de tal forma que nem consideram o ‘timing’, isto porque descobriram que há uma nova dimensão do populismo, o espaço. O novo Ministro da Educação, da coligação governativa PSD/CDS anunciou no dia 15 de Julho, o encerramento de 266 escolas , não é que no mesmo dia, o CDS e o PSD nos Açores contestaram, veementemente, o encerramento de escolas na Região, decidido, unilateralmente, pela Secretaria Regional da Educação e Formação . Pois, mas isso é no Continente justificam-se CDS e PSD. Fantástico, não é? Durante a recente campanha eleitoral, os «malucos» e «irresponsáveis» da extrema-esquerda radical propuseram a renegociação da dívida. Vai uma ‘apostinha’ que mais cedo do que tarde, os «ajuizados» da austeridade anunciarão, com «pompa e circunstância» que o Estado irá renegociar a dívida, pois essa é a medida certa e responsável! Estranho? Não. É o populismo, pá! Fantástico!


Tribuna das Ilhas

publiCidade

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16 DE SETEMBRO DE 2O11

opinião

Tribuna das Ilhas

CorVino que se distinguiu

josé Armas Trigueiro

J

oão Valadão do Rosário nasceu na vila do Corvo em 25 de Janeiro de 1927, filho de Manuel Valadão do Rosário e de Maria Inácia do Rosário. Depois de concluir o Ensino Primário com excelente aproveitamento, passou a trabalhar essencialmente na vida rural dos pais, até ingressar no serviço militar. Em 1949 saiu pela primeira da sua ilha natal para cumprir esse serviço que, depois de perdida uma recruta, foi prestado no BI n.º17 de Angra do Heroísmo. Após o seu cumprimento, mediante concurso realizado no Comando da Polícia de Segurança Pública da Horta, foi aprovado para guarda do quadro geral dessa Corporação. Assim, em 5 de Junho de 1953 ingressava no Comando da PSP na cidade do Funchal, cidade onde permaneceu até regressar aos Açores, onde foi então colocado no Comando da PSP da Horta, como era seu desejo. Permaneceu vários anos nessa cidade, aí executando os mais diversos serviços da Corporação e

João vaLaDão Do roSário (1927-….) Profissional de prestígio da PSP aproveitando as horas vagas para melhorar a sua instrução e conhecimentos, e para se preparar para ascender nessa carreira profissional a novos cargos ou categorias. Aí nos conhecemos e trabalhámos juntos durante algum tempo. Estudávamos com objectivos diferentes. Era inteligente e ávido de instrução e de cultura, esforçando-se sempre para melhorar os seus conhecimentos literários e profissionais, já que não nascera para se manter na Corporação na categoria com que para ela entrara. Assim, depois de concurso adequado, onde fez provas escritas e provas físicas de elevada exigência, com várias disciplinas, foi aprovado para 2.º Subchefe de Esquadra no qual obteve boa classificação. Em 1 de Setembro de 1961 foi nomeado 2.º Subchefe e colocado no Comando da PSP da Horta, onde passou a prestar serviço de conformidade com a sua nova categoria. Com a chegada à ilha das Flores da

Estação de Tele-Medidas da França, aí por volta de meados da década de 1960, como na ilha não havia qualquer posto de polícia, foram criados, quer na vila Santa Cruz, quer na vila das Lajes, postos policiais em cada uma delas. Simultaneamente, foi necessária a criação na vila de Santa Cruz das Flores, para o controlo de fronteiras, face ao pessoal estrangeiro lá chegado, de um Posto da PIDE - Polícia Internacional e de Defesa do Estado. Até então não havia no Distrito da Horta qualquer posto da polícia política do regime Salazarista, facto que era apontado com orgulho pelo Governador Civil do Distrito, Dr. António Freitas Pimentel, um florentino que esteve no cargo 20 anos (1953-1973), depois de ter exercido com eficiência as funções de Presidente da Câmara Municipal da Horta, durante cerca de 10 anos. Com a criação dos referidos postos, João Valadão do Rosário foi, a seu pedido, colocado no Posto da PSP de Santa Cruz, onde assumiu o respectivo

comando em 29 de Junho de 1966. Na sequência da sua promoção a 1.º Subchefe, foi mobilizado para prestar serviço policial na antiga colónia portuguesa da Guiné. Deste modo, seguiu de Lisboa para a colónia da Guiné no navio “Ana Mafalda”, numa viagem inesquecível feita em camarote de 1.ª Classe, tendo lá chegado em 22 de Novembro de 1969. Durante o primeiro ano prestou serviço numa Esquadra da PSP de Bissau, mas, no ano seguinte, foi comandar a Esquadra da cidade da Bafatá, onde esteve cerca de um ano. Cumprida essa comissão de cerca de dois anos, regressou a Lisboa, em cujo Comando Geral da PSP conseguiu, talvez como prémio pelos seus bons serviços prestados no Ultramar, a garantia de voltar ao seu lugar no comando do Posto da PSP de Santa Cruz das Flores. Assim, em Dezembro de 1971, contrariando algumas vontades contrárias a essa decisão, voltou a assumir o comando do Posto da PSP de Santa Cruz das

Flores. Aí permaneceu, assumindo algumas responsabilidades de elevado melindre, designadamente quando se deu o Golpe de Estado do “25 de Abril de 1974”, já que foi encarregado superiormente de desmilitarizar os agentes do Posto da PIDE/DGS, polícia política então extinta nessa ocasião. Em Agosto de 1984 passou à situação de reformado ou aposentado. Pelos relevantes serviços prestados no exercício das suas funções, e por ser competente, disciplinado e disciplinador, foi condecorado e louvado várias vezes (cerca de uma dezena), com destaque para o período em que prestou serviço policial na Guiné. Deste modo, são imensas as medalhas que orgulhosamente guarda para fins históricos de recordação para a família. Apesar de ter sido acometido por várias doenças de cariz vascular, recuperou muito razoavelmente a sua saúde intelectual e física. Distinguiu-se por tudo isto e considera-se um homem de sorte!

“os factos são teimosos” (expressão de vladimir ilich Lenine, líder da união Soviética)

joão L. Mendonça Gonçalves

A

gosto de 2011. Quase no final de um Verão quente, de dias fantásticos, e de óptimas ondas, os Açores continuam a ser a minha preferência para passar as férias. Sendo natural de cá, a escolha é óbvia… óbvia porque estando rodeado da família e de amigos, tudo o resto parece irrelevante. Mas não é, nem pode ser! O “tudo o resto” a que me refiro, diz respeito às naturais expectativas que um jovem que, não sendo natural dos Açores, tem quando vem visitar o Arquipélago ou quando ouve de amigos e de todos aqueles que passam por cá: que grandes férias são nos Açores; que a simpatia, a hospitalidade, as paisagens, as festas valem uma visita por uns quantos dias nas ilhas da “Natureza Mágica”; que a montanha, o Peter’s, as touradas, as fajãs, as queijadas, bem como as maravilhas com que nos pre-

senteiam as ilhas dos grupos oriental e ocidental, são coisas extraordinárias que qualquer português tem de conhecer, porque faz parte da identidade de uma Região que se orgulha do país a que pertence… E transmitir um bocadinho dessa cultura a quem na visita é engrandecer o espírito e a alma açoriana. Não só aos nacionais, mas a todos, importa dar a conhecer os Açores. E, para isso, não basta a promoção. É necessário que quem nos visite tenha condições para desfrutar de umas boas férias tendo, por exemplo, a possibilidade de visitar, na mesma semana, em horários e barcos decentes, várias ilhas do arquipélago. E, embora a prosa já vá longa, é aqui que gostaria de focar a atenção. Se já muito tem sido feito nos Açores, muito continua por fazer. E a política de transportes é, seguramente, uma área crítica e que merece muitas críticas. Tanto o transporte aéreo, que é escandalosamente dispendioso e que serve, em qualidade, mais a uns do que a outros, como o transporte marítimo, merecem uma aprofundada reflexão. Este não é um espaço possível de a rea-

lizar. Mas gostaria, humildemente, de lançar alguns argumentos, utilizando como ponto de partida a situação no grupo central. Ao longo dos últimos anos, tem-se assistido em todos os Verões (quando há maior movimento) a confusão instalada nos portos das ilhas. Ou os horários não servem, ou os que existem não são cumpridos, ou os barcos avariam sem que muitas vezes os passageiros/clientes sejam informados. Isto, depois do Governo Regional ser detentor das duas empresas que asseguram as ligações marítimas: a Transmaçor e a Atlânticoline. Assim, a responsabilidade pelo deficiente serviço que nos é prestado não é difícil de apurar… Os problemas de hoje não encontram respostas amanhã (leia-se, até 2013, as coisas continuarão como até aqui). Neste mesmo Verão, a Atlânticoline desistiu do concurso de dois navios ferry porque o construtor holandês Damen Shipyards alegou “razões contratuais para justificar a desistência”, e isto meses “depois dos estaleiros holandeses terem solicitado esclarecimentos técnicos adicionais”. Mas, e é preciso

lembrá-lo, a vinda destes novos navios, de 37 metros, exigirão a construção de rampas roll-on roll-off, o que implica um brutal esforço financeiro de modo a adaptar os portos aos ferrys… e nem todos os portos da Região têm 37 metros para acolher os navios! Então com que é que ficamos? Até final de 2012 não haverá nenhum novo navio a navegar nos Açores... Continuaremos com navios que datam da década de 80 (Expresso das Ilhas, 1983, e os Cruzeiros das Ilhas, 1986, e do Canal 1987 - estes últimos, ao que parece, até que o último parafuso lhes caia) e com os gigantes dos mares, Santorini e Hellenic, este último alugado para 2010/2011 pelo Governo Regional por uns astronómicos 8.350.000,00 (oito milhões, trezentos e cinquenta mil euros – tal pode ser consultado em transparência-pt.org, com o nome “atlânticoline). E o melhor é nem recordar o facto do navio Atlântida ter sido recusado, o que mostra, uma vez mais, a fantástica gestão dos negócios públicos. Para concluir, permitam-me que faça uma consideração em relação à situação da Calheta. Há cerca de um ano, foi

realizada uma manifestação de jovens, apartidária, reivindicando a falta de ligações marítimas na Calheta. Diziase: “em 2009 havia barco mas não havia gare. Agora [2010] há gare mas não há barco.” E este ano, bem que se pode dizer que há barco e há gare, mas as pessoas não são parvas! Duas ligações semanais, Calheta-São Roque, é um insulto à inteligência dos jorgenses e uma amostra do desastroso planeamento das questões marítimas. Sem ligações marítimas, principalmente com a ilha Terceira, e com caras ligações aéreas, de pouco serve inaugurarem-se Pousadas da Juventude (como foi inaugurada recentemente a da Calheta), se os jovens (e a população em geral) têm dificuldades em lá chegar. A mantermos este actual estado de coisas não será surpreendente se as queixas e as reclamações das pessoas continuem a manifestar-se. Se, após 15 anos, este Governo Regional não é capaz de encontrar soluções e se o Partido que o suporta, com os seus contactos privilegiados (?) nada faz, então que venham as próximas eleições! Calheta, 31 de Agosto de 2011.


inforMação

Tribuna das Ilhas

16 DE SETEMBRO DE 2O11

AGENDA

UTILIDADES

cINEMA

fARMÁcIAS

DOMINGO 17H00- Filme - "Artur 3 - A Guerra dos dois Mundos"no Teatro Faialense - Hortaludus 21H30- Filme - "Empresta-me o teu Namorado" no Teatro Faialense - Hortaludus EVENTOS ATé 29 DE OUTUBRO DE 2011 Exposição "A República e a Ciência" de José Curry da Câmara Cabral (18441920, Alfredo Bensaúde (1856-1941), Francisco Afonso Chaves (1857-1926), Eugénio Vaz Pacheco do Canto e Castro (1863-1911), Aníbal Bettencourt (1868-1930), Manuel Soares de Melo e Simas (1870-1934), Ruy Telles Palhinha (1871-1957), Nicolau Anastácio de Bettencourt (1872-1941), José Agostinho (1888-1978) e Aurélio Pereira da Silva Quintanilha (1892-1987) são os cientistas açorianos evocados nesta exposição integrada nas comemorações Regionais do I Centenário da República Portuguesa na Biblioteca Pública A. R. J. J. G.. Organização da Presidência do Governo - Direcção Regional da Cultura ATé 25 DE SETEMBRO DE 2011 Das 10h00 às 18h00 - Exposição da Mostra dos trabalhos do Concurso Porto Pimtado na Sala dos Óleos- Fábrica da Baleia. Organização do OMA e Associação Fazendo Das 16h00 às 20h00 - Exposição "O imaginário das nossas histórias". Tratase de uma mostra de Teresa Cortez que, no conjunto dos trabalhos que apresenta, se baseia no imaginário infantil, utilizando o desenho figurativo associado à pintura em cerâmica. Organização das CMH e Hortaludus em parceria com Museu Jorge no Centro de Cultura e Exposições da Horta

restaurante e snaCK-bar

hOjE E AMANhã Farmácia Correa 292 292 968 DE 18 A 24 SETEMBRO Farmácia Ayres Pinheiro 292 292 749

fESTA DE NOSSA SENhORA DAS DORES – PRAIA DO NORTE AMANhã 20h00 - Missa Solene 21h00 - Arraial DOMINGO 15h00 - Missa Solene 16h30 - Arraial 18h30 - Procissão 20h00 - Arraial Organização: Comissão de Festas e Junta de Freguesia da Praia do Norte AMANhã 15h00 - Reunião do Grupo de Apoio ao Aleitamento Materno - SOS Amamentação Cantinho da Amamentação, Unidade de Obstetrícia - Hospital da Horta. Organização do Núcleo do SOS Amamentação do Faial com o apoio da UNICEF, CNI - Hospitais Amigos dos Bebés e Ajuda de Mãe

areeiro • Capelo • telf. 292 945 204 • tlM. 969 075 947

EMERGêNcIAS -fAIAL i h p o ~ m i i

Número Nacional de Socorro 112 Bombeiros Voluntários Faialenses 292 200 850 PSP - 292 208 510 Polícia Marítima 292 208 015 Telemóvel: 912 354 130 Protecção Civil - 295401400/01 Linha de Saúde Pública 808211311 Centro de Saúde da Horta 292 207 200 Hospital da Horta 292 201 000 TRANSPORTES - fAIAL

jSATA - 292 202 310 - 292 292 290 Loja jTAP (aeroporto) - 292 943 481 v Associação de Taxistas da Ilha do Faial 292 391 300/ 500 oTransmaçor - 292 200 380

BORREGO ASSADO NO fORNO ESPADARTE fRITO OU GRELhADO IRÍO fRITO OU GRELhADO AceitAm-se ReseRvAs

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descanso semanal:

ATé 30 DE SETEMBRO DE 2011 Das 10h00 às 18h00 – Exposição "Histórias que vêm do mar" na Fábrica da Baleia - Centro do Mar. Organização da CHAM, OMA e Museu da Horta Das 10h00 às 18h00 - Exposição -"A Baleação no Faial- Fase Industrial 1940-1984" na Sala das Farinhas - Fábrica da Baleia - Centro do Mar. Organização do OMA, Reis e Martins

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terça-feira

temos sempre bom peixe

GRUPO cENTRAL hOjE Céu geralmente muito nublado. Aguaceiros, em geral fracos. Vento nordeste moderado (20/30 km/h) rodando para leste. Mar de pequena vaga a cavado. Ondas noroeste de 2 a 3 metros, passando a norte. AMANhã Períodos de céu muito nublado com abertas. Aguaceiros. Vento leste moderado a fresco (20/40 km/h) com rajadas até 50 km/h, rodando para sueste. Mar cavado. Ondas norte de 2 a 3 metros, passando a nordeste. DOMINGO Períodos de céu muito nublado com abertas.Aguaceiros . Vento leste moderado rodando para sueste. Mar de pequena vaga a cavado.

Venha almoçar ou Jantar num ambiente romântico e faça uma visita à JJ Moda e decoração Pronto a vestir

AMANhã 21h30 – Teatro "A Velha" Comédia Negra no Teatro Faialense. Uma Produção de João Garcia Miguel, Unip.Lda com o apoio da Casa d'Dias da Agua. Estrutura Financiada pelo Ministério da Cultura: Direcção Geral das Artes e Produção no Faial do Teatro de Giz. Financiamento Câmara Municipal da Horta com o apoio da Hortaludus fESTA DOS cAVALEIROS 2011 - jUNTO AO POLIVALENTE DO SALãO AMANhã 23h00 - Baile com Nelson Mota DOMINGO 16h00 - Tourada à corda Organização da Junta de Freguesia do Salão com a colaboração da Comissão de Festas do Salão com o apoio da Câmara Municipal da Horta fIchA

Tribuna das Ilhas DIREcTOR: Cristiano Bem EDITOR: Fernando Melo chEfE DE REDAcçãO: Maria José Silva REDAcçãO: Susana Garcia e Marla Pinheiro fOTOGRAfIA: Carlos Pinheiro

cOLABORADORES PERMANENTES:costa Pereira, fernando faria, frederico cardigos, josé Trigueiros, Mário frayão, Armando Amaral, Victor Dores, Alzira Silva, Paulo Oliveira, Ruben Simas, fernando Guerra, Raul Marques, Genuíno Madruga, Berto Messias cOLABORADORES EVENTUAIS: Machado Oliveira, francisco césar, cláudio Almeida, Paulo Mendes, zuraida Soares, Gonçalo forjaz, Roberto faria, Santos Madruga, Lucas da Silva

PROjEcTO GRÁfIcO: IAIC - Informação, Animação e Intercâmbio Cultural, CRL PAGINAçãO: Susana Garcia REDAcçãO ASSINATURAS E PUBLIcIDADE: Rua Conselheiro Miguel da Silveira, nº12, Cv/A-C - 9900 -114 Horta cONTAcTOS: Telefone/Fax: 292 292 145 E-MAIL: tribunadasilhas@mail.telepac.pt tribunadasilhas@gmail.com

TécNIcA

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de Sousa, 25

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Esta publicação é apoiada pelo PROMEDIA - Programa Regional de Apoio à Comunicação Social Privada


fUNDADO 19 DE ABRIL DE 2002

Tribuna das Ilhas SExTA-fEIRA 4 16 DE SETEMBRO DE 2O11

www.tribunadasilhas.pt

pela sua saúde

Raul de Amaral-Marques

O

Soluço é uma contracção súbita e involuntária dos músculos inspiratórios (intercostais e diafragma) que termina num encerramento da epiglote, produzindo um “hic”, tão característico. Aparece mais frequentemente no homem do que na mulher e a sua frequência é muito variável (de 4 a 60 por minuto). Contrariamente aos reflexos da tosse, do espirro e do vómito, o soluço não parece ter uma função protectora ou útil. Existem três tipos de soluço: Soluço benigno - breve e intermitente – dura de alguns segundos a minutos. Soluço persistente – dura 48 horas ou mais – recidiva frequentemente. Soluço refractário – pode durar meses ou anos – pode conduzir a

SoLuço uma perda de peso e aumento de fadiga (devido à dificuldade em comer) e pode causar insónia. qUAIS SãO AS cAUSAS? Soluço benigno – são muitas e variadas: as mais frequentes podem estar relacionadas com distensão do estômago (na sequência de uma refeição mais abundante, a comida ter sido engolida sofregamente, ou ingestão de bebidas gaseificadas), mudança brusca da temperatura (consequente à ingestão de bebidas muito frias ou muito quentes, ou à passagem de um local para outro, com grande variação de temperatura), absorção excessiva de álcool (uma vez que pode levar a uma grande distensão do estômago), tabagismo

(a tosse provocada pelo tabaco pode irritar o diafragma) e causas psicológicas (variações do humor, stress). Soluços persistente e refractário - geralmente ligadas a uma doença que pode provocar uma compressão, irritação ou lesão do nervo frénico (que é o nervo do diafragma), lesão gastrointestinal, doença do sistema nervoso central, causas tóxicas ou metabólicas, irritação do diafragma, causas infecciosas, alguns medicamentos, anestesia geral, cirurgia abdominal, alterações psicológicas graves ou antecedentes familiares. cONSELhOS PRÁTIcOS: Não tomar medicamentos, não provocar o vómito, não tomar substâncias noci-

vas (evitar respirar amoníaco ou éter, ou ingerir vinagre). Estimular a faringe – puxar pela língua, beber um ou mais copos de água fria, comer uma colher de açúcar sem água, provocar um espirro (com pimenta, por ex.), mastigar pão seco e depois engoli-lo, etc. Desviar a atenção – pregar um susto à vítima do soluço, ou fazer cócegas nas crianças com o fim de as fazer rir. Modificar a respiração – o anidrido carbónico diminui a frequência do soluço: uma maneira poderá ser suster a respiração o mais tempo possível, ou respirar para dentro de um saco de papel. Comprimir o diafragma, para fazer cessar as contracções que causam o soluço. qUANDO cONSULTAR O MéDIcO? Se o soluço durar mais de 48 horas, se é intermitente (aparece todas as semanas,

por ex.), ou se se acompanha de dor no peito, de sensação de queimadura no estômago ou dificuldade em engolir. qUAL O TRATAMENTO? Noventa por cento das situações de soluços persistentes ou refractários são diagnosticadas pelo médico e o tratamento pode ser imediatamente iniciado. Para os restantes 10% devem tomar-se em consideração algumas soluções, como: Modificação dos hábitos – evitar refeições abundantes, evitar as bebidas gasosas, o álcool e os cigarros, e comer devagar. Diversas terapêuticas – para casos de origem psicológica e, em caso de fracasso, tentar a hipnose ou a acupunctura. Medicamentos – os tranquilizantes e os relaxantes podem ser o último recurso, no caso de o médico não conseguir solucionar o problema de outro modo.


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