ANdebOl - CAmPeONAtO NACIONAl
SCHOrtA veNCe XICO ANdebOl POr 21-38 PÁGINA 11
Tribuna das Ilhas
dIreCtOr INterINO: mANUel CrIStIANO bem 4 NÚmerO: 458
18.Março.2o11
sai às sextas-feiras
1 euro
Dia MunDial Do artesão coMeMora-se aManhã
Mãos talentosas
PÁGINAS 6/7
Prémio EdEn distinguE ParquE natural do Faial PÁGINA O5
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eDitorial
Baías do Mundo g As baías, recortadas no litoral dos continentes ou das ilhas espalhadas na grande extensão dos Oceanos, são pormenores geográficos que prendem a atenção das gentes que se movimentam pelos caminhos do mundo em viagens de recreio, de férias ou de negócios. E são muitos milhões de pessoas que em todas as latitudes do nosso planeta andam anualmente de país em país, de região em região, de cidade em cidade, tomando conhecimento da história, dos monumentos, do património e da vida local, bem como dos costumes, tradições e muitos outros valores que caracterizam as comunidades visitadas. À volta de tudo isso, os turistas ou simples forasteiros fixam na memória ou gravam nas câmaras fotográficas ou de vídeo os enquadramentos terra-mar que a geografia concedeu aos sítios por onde passam ao longo das zonas costeiras das regiões. E aí vamos encontrar as baías que se abrem às praias ou resguardam os portos onde opera a navegação marítima ou onde funcionam os terminais das ligações por mar com as diferentes terras. Por esse mundo fora, há baías que são amplamente conhecidas pela sua importância, por razões históricas ou pela beleza natural que oferecem. Enumerá-las tornase, pois, desnecessário. E vem isto a propósito da intenção, já divulgada pelo Município faialense, de candidatar a Baía da Horta ao ingresso no clube das Mais Belas Baías do Mundo – uma intenção que, a concretizar-se, traria vários benefícios, além de se traduzir num factor de visibilidade e promoção da cidade e da ilha no exterior do país. É que beleza natural não lhe falta, frente ao anfiteatro urbano, aos montes, colinas e ao conjunto fronteiro das ilhas do Triângulo. Por outro lado, a Baía faialense alberga uma marina bem conhecida na Europa, América e outras terras longínquas do globo. Pela nossa parte e também de acordo com opiniões que nos têm sido transmitidas por um bom número de faialenses e de pessoas que aqui se radicaram e vivem há dezenas de anos, trata-se de uma ideia interessante que merece ser formalizada e defendida com empenho – uma proposta, afinal, que pode ser frutuosa e retributiva de vantagens e em aspectos vários. Baía da Horta, no clube das Mais Belas Baías do Mundo, até porque – como nos diziam há dias – o mundo da navegação marítima do Atlântico Norte passou por ela, bem como a época da antiga baleação atlântica e a era dos hidroaviões, a que se junta, nos nossos dias, o movimento do moderno iatismo internacional. E todos estes valores são argumentos de peso que, em nosso entender, seria necessário lembrar…
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“turisMo é hoje, acima de tudo, viver experiências” maria José Silva g Quem o afirmou foi Carlos Picanço, responsável da Escola de Formação Turística e Hoteleira, durante a sessão de apresentação da escola e da sua oferta formativa aos empresários da ilha do Faial. Esta sessão de divulgação aconteceu na tarde de terça-feira, na tentativa de solucionar um vazio de formação no sector do Turismo no Faial. De acordo com o responsável, a Escola de Formação Turística e Hoteleira, com sede em Ponta Delgada tem actualmente três valências que passam pela formação e vão até um restaurante/lounge. Outra das marcas deste estabelecimento de ensino, que se destina também a activos, é o facto de ter como parceiros nomes como a Disney, a Universidade de Johnson e Wales, entre outros institutos de renome que já lhe conferiram, inclusive, vários prémios. Para este ano estão projectadas diversas acções que abrangem diferentes áreas de intervenção dentro do ramo, com destaque para o sector do Food & Beverage nas suas mais variadas vertentes. Não sendo possível realizar as acções nas diferentes ilhas, a EFTH leva até São Miguel os interessados, dentro das características de cada curso, apoiando as empresas na des-
locação, alojamento e alimentação. Quer isto dizer que, uma empresa faialense que queira promover formação junto dos seus colaboradores terá uma despesa simbólica de 25 euros/pessoa. Para Carlos Picanço, Coordenador da Formação Continua da EFTH, a formação ajuda a potenciar o sector, o que se revela no combate à sazonalidade, optimizando a época alta e cativando o público local com novos produtos. Um dos objectivos da Escola, de acordo com Carlos Picanço passa por fazer consultadoria junto de outras escolas e/ou empresas do sector hoteleiro e turístico, à semelhança do que já acontece na Ilha Graciosa. Do leque de cursos que a EFTH tem para oferecer destaque para Gestão Hoteleira e Direcção de Restaurante, Cozinha/Pastelaria e Padaria, Restaurante/Bar, Higiene e Segurança e Serviço de Andares. Presente nesta iniciativa esteve também José Leonardo, vice-presidente da CMH, que ressalvou a importância da formação sobretudo no sector turístico que é, como se sabe, um dos cartões de visita do arquipélago. O Director Regional do Turismo, presente nesta iniciativa, afirmou que a indústria turística açoriana deve apostar, cada vez mais, no sentido de
“Apostar na formação é apostar no combate à sazonalidade e aprender a responder, de forma adequada às solicitações durante a época alta porque... turismo é viver experiências..." Carlos Picanço
“exceder as expectativas do cliente”. Miguel Cymbron que falava no encerramento da sessão de divulgação sobre Formação Turística e Hoteleira referiu na ocasião, a qualidade do serviço prestado ao cliente final é essencial no sentido de garantir a fidelização dos turistas. Miguel Cymbron lembrou, ainda, esta é uma das formas dos Açores verem aumentar os fluxos de turistas que procuram o arquipélago. O Director Regional do Turismo considerou igualmente que a formação profissional constitui um elemento fundamental para o melhoramento da perfomance das organizações, adiantando que, no caso particular do turismo, é excelente o trabalho aque tem sido desenvolvido pela Escola de Formação Turística e Hoteleira.
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g O Observatório do Mar dos Açores (OMA) é uma instituição
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fundada há relativamente pouco tempo, com sede na cidade da Horta, no centro do Mar (antiga Fábrica da Baleia) e que apesar da sua ainda curta existência tem aparecido frequentemente ligada a iniciativas e eventos de relevo do sector marinho. Trata-se aliás de uma associação activa, formada por elementos ligados ao Departamento de Oceanografia e Pescas da U.A.. Pois o OMA vai realizar agora mais uma relevante tarefa: o Inventário do Património Baleeiro dos Açores, por encargo da Presidência do Governo. Votos de bom trabalho!
No passado dia 8 do corrente mês celebrou-se mais um Dia Internacional da Mulher. Por esse país fora o tema foi lembrado com sessões, palestras e outras iniciativas do género que, ao fim e ao cabo, não passam de “conversa fiada” sobre os direitos das mulheres, sobre a sua discriminação em relação aos homens e principalmente sobre a violência de que tantas vezes são vítimas, na família, por parte dos maridos ou companheiros. E a dura realidade é que essas situações se repetem, de ano para ano, sem solução, o que é vergonhoso. Precisamos é de leis que libertem as mulheres dos males que as afectam!
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Faleceu o Cónego José GarCia g Faleceu, terça-feira, dia 15 de Março, em Ponta Delgada, o Cónego José Garcia, aos 82 anos de idade. Filho de
Daniel Garcia Pereira e de Arminda Pascoal Pereira, o Padre José Garcia nasceu na paróquia do Salão, concelho da Horta, ilha do Faial, a 11 de Agosto de 1928. Foi ordenado presbítero a 8 de Dezembro de 1954 na igreja de Nª. Sª. da Conceição de Angra do Heroísmo. Ao todo, o Cónego José Garcia marcou presença num total de 16 paróquias, nas ilhas Terceira, Faial e São Miguel.
térmitas confirmadas na ilha do Pico g Foi confirmada a presença da praga de térmita de madeira seca (Cryptotermes brevis) na ilha do Pico, mais concretamente no concelho das Lajes. No âmbito do Projecto TERMODISP – “A térmita de madeira seca Cryptotermes brevis (Walker) nos Açores: Monitorização dos vôos de dispersão e prevenção da colonização”, financiado pela DRCT-C, a Equipa de Monitorização e Controlo das Térmitas nos Açores (EMCTA), liderada pelo Professor Paulo Borges da Universidade dos Açores, deslocou-se à ilha do Pico, entre os dias 15 e 23 de Fevereiro passado, com o intuíto de procurar indícios da praga na ilha, mas também alertar a população para o problema, de modo a que, se o mesmo surgir, sejam tomadas as correctas medidas de prevenção e controlo. Os trabalhos nesta ilha consistiram em realizar sessões públicas de esclarecimento sobre a temática das térmitas, em cada uma das sedes de concelho, mas também realizar vistorias aleatoriamente em vários edifícios. Após inspecção a 98 edifícios não foi encontrado qualquer vestígio da presença de térmitas na ilha. No entanto, o despertar da população
[aconteceu] dr
do Pico para o problema surtiu efeito, dado que a equipa (EMCTA) tem recebido na Universidade algumas amostras de insectos e produção orgânica para análise, provenientes de habitações da ilha. Neste sentido a colaboração das Câmaras Municipais tem sido fundamental. Após a análise feita à última amostra recebida confirmou-se a infestação pela térmita de madeira seca numa habitação localizada no concelho das Lajes do Pico. Segue-se agora nova visita a esta ilha, de modo a tentar perceber a origem
da infestação, bem como averiguar a presença de térmitas em edifícios próximos ao foco detectado. Iniciar-se-á também um processo de monitorização e controlo da praga, à semelhança do que se tem feito nos últimos dois anos nas ilhas Terceira, São Miguel, Faial, São Jorge e Santa Maria. Recorde-se que atá à data a presença da praga de térmita de madeira seca estava confirmada apenas nestas cinco ilhas, não se tendo confirmado a presença da mesma na ilha Graciosa.
na casa Dos açores eM lisboa
Homenagem à memória de Côrtes-rodrigues g Na noite da passada sextafeira a Casa dos Açores em Lisboa promoveu um Serão Músico-Literário de homenagem à memória do laureado poeta açoriano Armando Cortes-Rodrigues, a marcar a comemoração dos 120 anos do seu nascimento. A abrir o serão, o presidente da Direcção da CAL, Miguel Loureiro, cumprimentou a assistência que praticamente enchia a sala de festas da instituição e referiu os vários aspectos do programa comemorativo, com destaque para a conferencista da noite, Alzira Silva, que numa fase dos seus estudos analisou os aspectos relevantes da troca de correspondência entre o homenageado e Cecília Meireles. De seguida usou da palavra Eduino de Jesus, presidente da Assembleia Geral da CAL e um conceituado mestre em assuntos literários
com profundo conhecimento da obra de Côrtes-Rodrigues. Alzira Silva, por seu turno, abriu a primeira parte do programa previsto com uma conferência subordinada ao tema “Armando Côrtes-Rodrigues e Cecília Meireles: Vozes que no Longe se Encontram”. Na segunda parte do programa foram lidas poesias de Cecília Meireles e CôrtesRodrigues por Lurdes Esteves e Carlos Raposo. Depois, teve lugar um espaço musical com três canções para canto e piano – poemas de Côrtes-Rodrigues e música de Emanuel Frazão; voz de Sandra Medeiros acompanhada por Francisco Sassetti (gravação). O serão terminou com uma apreciação literária de Eduíno de Jesus e com uma panorâmica sobre a obra do poeta micaelense – poemas lidos por Teresa Machado e
dr
II CONCUrSO de dOCeS CArNAvAleSCOS g Decorreu no passado dia 1 de Março, na EB1/JI da Feteira o II concurso de doces carnavalescos. Esta iniciativa, organizada pela Escola com a colaboração dos encarregados de educação e outros familiares, contou com 14 doces/participantes, tendo como objectivo mostrar, para o conhecimento e preservação das nossas tradições nas gerações mais jovens e neste caso os doces tradicionais desta quadra festiva. Rodrigo Melo foi o grande vencedor do concurso, com a sua receita de fofas fritas. Em segundo lugar ficou Bernardo Silva com malassadas e em terceiro Margarida correia com os seus coscorões. FAIAleNSeS NãO Aderem à mANIFeStAçãO "GerAçãO à rASCA" g A manifestação “Geração à rasca" que durante o passado sábado levou às ruas de várias cidades do País milhares de pessoas acabou por ter pouca expressão no Faial. Na cidade da Horta, a iniciativa de protesto foi levada a cabo por algumas dezenas de pessoas que se juntaram no Largo da República respondendo assim ao apelo lançado pelo movimento "Geração à Rasca". Em todo o país, segundo informações dadas pela organização nacional, participaram cerca de 300 mil pessoas na manifestação apartidária, convocada pela internet espontaneamente por cidadãos anónimos. Na página do Facebook, 66726 pessoas confirmaram a presença no protesto da "geração à rasca", mas só em Lisboa estiveram pelo menos 200 mil pessoas e mais 80 mil no Porto.
[vai acontecer] AtelIer INFANtIl SObre "teXtUrAS e detAlHeS" g O Museu da Horta organiza no próximo sábado, das 10 às 12 horas, um atelier infantil sobre “Texturas e Detalhes” destinado a crianças dos cinco aos oito anos de idade. Esta é já a sexta de oito sessões de um atelier intitulado “Ver, compreender e criar no Museu da Horta”, que está a ser orientado por Aurora Ribeiro e Margarida Barreto. dIA mUNdIAl dA ÁrvOre g No âmbito das comemorações do Dia Mundial da Árvore que se assinala no próximo dia 21 de Março, a Escola Secundária Manuel de Arriaga está a preparar uma actividade especial. Assim, de acordo com uma nota enviada às redacções, vai ser exibido no auditório, o filme “Avatar”. A exibição está marcada para as 20h30 e seguir-se-á um debate sobre a problemática. merCAdO de trOCAS NO CAStelO de SãO SebAStIãO g Realiza-se no próximo dia 26 de Março, sábado, das 15h30 às 17h30, no castelo de São Sebastião um Mercado de Trocas. O grande objectivo deste mercado passa pela partilha de saberes e experiências ligados à terra tendo por pano de fundo a troca directa. Neste dia, qualquer pessoa pode trocar certos produtos desde que não seja por dinheiro. O mercado de trocas está previsto apresentar-se nesse mesmo local em quatro épocas durante este ano, semelhante às estações: Março, Maio, Setembro e Novembro (últimos sábados). Para além dos produtos da terra mais evidentes, podem trocar-se: estacas, sementes, plantios, compotas, plantas aromáticas e/ou ornamentais, flores, pickles, rebuçados, mel... e aberta ainda ao artesanato ou a quaisquer outros produtos feitos em casa.
COrrIGeNdA
Olegário Paz. Esta noite de homenagem à memória de CôrtesRodrigues, levada a efeito pela Casa dos Açores em Lisboa, teve a presença de Ernestina Côrtes-Rodrigues,
filha do poeta, do Reitor da Universidade dos Açores, Avelino Meneses e também de um representante do Presidente do Governo da Região. f.M.
Na nossa edição da semana passada na reportagem da página 4 alusiva ao Dia Internacional da Mulher, intitulada “Mulheres no meio de Homens” saiu errada a legenda da fotografia da entrevistada carla Pereira, Instrutora de condução. Assim, onde se lê “A instrutora de condução respeita categoricamente a máxima “Mulheres ao volante, perigo constante” deveria lêr-se “A instrutora de condução reJeItA categoricamente a máxima “Mulheres ao volante, perigo constante”. Pelo lapso pedimos desculpa à entrevistada bem como aos nossos leitores.
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Dia Da Freguesia Da Matriz marla Pinheiro Foto: Carlos Pinheiro g No passado dia 8 de Março a Matriz assinalou o Dia da Freguesia. A data foi celebrada na passada quinta-feira, dia 10, com uma sessão solene na Sociedade Amor da Pátria. Na ocasião, o presidente da Junta de Freguesia quis recordar o Duque D’Ávila e Bolama, matricense que se destacou na vida política nacional, e cujo dia de nascimento foi escolhido para celebrar o Dia da Freguesia da Matriz. Recordando a sua influência aquando da legislação “mata-frades” que extinguiu as ordens religiosas em 1834, Laurénio Tavares lembrou que o Duque conseguiu evitar a destruição do Convento e da Igreja do Carmo, e lamentou que, nos nossos dias, “por falta de vontade política de sucessivos governos, e da ausência de políticos faialenses capazes de influenciar os poderes instituídos, este valioso património prossegue uma acelerada trajectória de degradação”. Laurénio recordou que, no Plano e Orçamento da Região para 2010, a recuperação das Igrejas do Carmo e São Francisco estava contemplada com 350.000€. “Este foi mais um compromisso assumido e não realizado”, considerou, referindo que, em 2011, o mesmo objectivo está contemplado com um valor inferior, de 49.500€. O autarca social-democrata entende que, com esta atitude, o Governo Regional contribui “para a continuada degradação deste valioso património”. O autarca abordou também as actuais transformações da Horta, com a obra do saneamento básico e a deslocalização de parte do movimento portuário para o norte da cidade, às quais entende que a Matriz não pode ficar indiferente. As preocupações de Laurénio vão para a necessidade de se pensar as acessibilidades rodoviárias, com destaque para a Avenida 25 de Abril, que ficará ainda mais sobrecarregada. Em relação ao
laurénio tavares chama a atenção para a degradação do património saneamento básico, o presidente da Junta de Freguesia defende que “deve haver por parte do Município um rigoroso planeamento e acompanhamento das obras”, que devem ser conjugadas com “a requalificação urbana da cidade”. A questão da sede da Junta de Freguesia voltou a marcar o discurso do presidente. Laurénio lembrou que em 2007 foi iniciado o processo administrativo para obtenção de uma nova sede, a instalar no rés-do-chão do edifício da antiga Biblioteca Publica e Arquivo, na rua D. Pedro IV, “no seguimento de conversações e de entendimentos havidos com o Município”. “Lamentamos que decorridos três anos se continue sem saber qual a viabilidade deste projecto”, pois, e apesar do município ter apresentado em 2008 uma candidatura ao Governo Regional, este não deu ainda qualquer resposta. A actual conjuntura económica também foi abordada pelo autarca, que destacou as dificuldades das juntas de freguesia, “que também foram penalizadas com as reduções das transferências do Orçamento de Estado o que obriga a fazer alguns reajustamentos, nomeadamente no que respeita ao apoio directo aos organismos paroquiais, culturais, recreativos e desportivos da freguesia”. Por sua vez, o vice-presidente da Câmara Municipal da Horta salientou o facto da Horta ser um dos primeiros municípios a definir uma área de reabilitação urbana, onde já foram identificados 1064 imóveis com importância patrimonial, dos quais mais de cem necessitam de ser intervencionados. José Leonardo deu alguns exemplos do trabalho da autarquia no âmbito da rea-
bilitação urbana, como a recente intervenção no Canto da Dona Joana. O autarca aproveitou a ocasião para reforçar as convicções no sucesso da delegação de competências nas juntas de freguesia, frisando o esforço da autarquia para manter as verbas transferidas no actual quadro orçamental. Na sessão solene, a música esteve a cargo do picoense Manuel Francisco Costa Junior. PAtrImóNIO ArqUIteCtóNICO dA CIdAde dA HOrtA em ANÁlISe Este ano, a Junta de Freguesia da Matriz decidiu dar destaque ao património arquitectónico. Nesse sentido, convidou o arquitecto José Manuel Fernandes para palestrar sobre urbanismo e arquitectura no contexto da cidade da Horta. Há sete anos, o arquitecto já tinha estado no Faial, também a convite da
Junta de Freguesia da Matriz, para falar sobre este tema. Para José Manuel Fernandes, a Horta é uma cidade caracteristicamente pública, que valoriza os seus espaços comuns, à semelhança da maior parte das cidades portuguesas. Na sequência da referência de José Leonardo à área de reabilitação urbana da cidade, o arquitecto destacou o estado de degradação de alguns dos edifícios mais característicos da cidade, apelando a um programa de reabilitação conjunta dos mesmos. “Estes edifícios não podem entrar num processo de decadência”, disse, sugerindo até a utilização de algum deles como um hotel barato para as camadas mais jovens, uma lacuna da oferta turística faialense. José Manuel Fernandes defendeu ainda que a relação da cidade com o mar é “uma oportunidade única que deve ser explorada”, sendo que agora, com as
mudanças a ocorrer na Horta, é o momento certo. Para o arquitecto, a Horta “não tem um grande museu digno desse nome”, uma vez que, na sua opinião, a cidade precisa de um espaço cultural que aborde a sua história de ligação com o mar, com referências ao iatismo, aos cabos submarinos, aos clippers, entre outras. mAtrIz lANçA OPÚSCUlO SObre mANUel de ArrIAGA Em 2010, ano do centenário da República, a Matriz dedicou o Dia da Freguesia ao faialense Manuel de Arriaga, primeiro presidente eleito da República Portuguesa. Na ocasião, Joana Gaspar de Freitas proferiu uma conferência subordinada ao tema “Manuel de Arriaga: um homem, múltiplos olhares”, cujo texto foi agora editado num opúsculo pela Junta de Freguesia da Matriz, lançado ontem.
XViii encontros FilosóFicos
secundária Manuel de arriaga reflecte sobre a educação através das artes marla Pinheiro Foto: Susana Garcia g A caminhar para a sua 18.ª edição, os Encontros Filosóficos são uma das principais referências das actividades da Escola Secundária Manuel de Arriaga (ESMA). Este ano, o tema é “Educar pelas Artes”, e serão debatidas questões ligadas à educação como a criatividade, a inovação e o empreendedorismo. A apresentação do programa dos XVIII Encontros Filosóficos decorreu na manhã da passada segunda-feira, no auditório da ESMA. Eugénio Leal, presidente do Conselho Executivo da ESMA, congratulou-se com mais esta edição dos
Encontros, salientando o facto de, este ano, a iniciativa contar com mais parceiros do que o habitual. Até então, a autarquia faialense era a única parceira da escola, no entanto em 2011 a ela juntam-se a Câmara do Comércio e Indústria da Horta, A Associação de Agricultores da Ilha do Faial, o jornal cultural Fazendo e o Teatro de Giz, assim como os Parques Naturais dos Açores e a Associação de Estudantes da ESMA. Com um orçamento de cerca de 6500 euros, os Encontros Filosóficos não poderiam ter a dimensão que têm este ano sem estas colaborações, como realçou Eugénio. Maria do Céu Brito, principal responsável pela Comissão Organizadora dos
Encontro Filosóficos, salientou que os objectivos de toda a reflexão em torno desta temática do evento passam por
“promover contextos enriquecedores da educação através das artes”. Para Fernando Nunes, também ele docente
de Filosofia, este projecto é importante acima de tudo porque permite “envolver os alunos”, nomeadamente possibilitando-lhes a participação nas oficinas criativas. Durante os próximos Encontros Filosóficos, que decorrem entre os dias 2 e 7 de Maio próximo, serão apresentados à comunidade os trabalhos desenvolvidos pelos alunos do secundário em Área de Projecto. O evento comporta ainda uma série de oficinas criativas e de mesas de discussão. No evento marcarão presença na Horta escritores, músicos e dramaturgos, assim como professores das universidades espanholas de Santiago de Compostela e Valência.
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Tribuna das Ilhas maria José Silva Foto: Susana Garcia g Foram dois os parques naturais açorianos, os das ilhas Faial e Pico, que conquistaram os lugares cimeiros no processo de selecção da representação portuguesa para o programa EDEN (European Destinations of Excellence), uma iniciativa da Comissão Europeia, que visa o fomento de modelos de desenvolvimento sustentável, apoiando o turismo europeu através do aumento da visibilidade de destinos emergentes, bem como pela divulgação da diversidade e qualidade do turismo europeu. Em 2011 o tema escolhido foi Tourism and regeneration of physical sites (Valorização Turística de Sítios), visando o destaque de destinos turísticos nacionais (não tradicionais) que tenham requalificado os seus sítios naturais ou o seu património local, convertendo-os em atracções turísticas que se constituam, por essa via, como catalisadores de uma maior dinamização local. Das onze candidaturas apresentadas, sete passaram a fase de elegibilidade como destino “EDEN”, designadamente a Rota do Românico do Vale do Sousa; Póvoa Dão - Turismo de Aldeia e Natureza; Arouca Geopark; Ecopista do Rio Minho; Promoção e dinamização da animação turístico-desportiva no território do Parque Nacional da Penêda-Gerês; Parque Natural do Pico - Turismo sustentável numa ilha de emoções e o Parque Natural do Faial. O grande vencedor foi o Parque Natural do Faial, ficando em segundo lugar o Parque Natural do Pico Turismo sustentável numa ilha de emoções. TRIBUNA DAS ILHAS procurou saber mais pormenores sobre este prémio e sobre o seu impacto para a nossa realidade. Para tal esteve, na paisagem idílica do Miradouro da Lira, à conversa com João Melo, director do Parque Natural do Faial. João Melo frisou que “este prémio motiva toda a equipa do Parque Natural do Faial para que continue a desenvolver o seu trabalho com mais garra e com mais força”. Dos sete destinos finalistas haviam grandes concorrentes o que, de acordo com João Melo, fazia subir em muito a
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Parque natural da ilha do faial como destino de excelência fasquia, pelo que o prémio assume assim um sabor ainda mais especial. Os Parques Naturais do Faial e do Pico integram todas as áreas protegidas das respectivas ilhas, constituindo, desta forma, as Unidades de Gestão das Áreas Protegidas de cada uma delas, permitindo uma gestão do território orientada para a conservação da biodiversidade e da geodiversidade, bem como a utilização sustentável dos recursos naturais, de forma a potenciar o turismo e o bem-estar dos residentes. Recentemente, o Parque foi alvo de um conjunto de intervenções que em muito contribuíram para a melhoria das suas condições de visitação e de acolhimento ao Turista e para a promoção e interpretação da biodiversidade dos Açores. Integrados no Parque Natural do Faial, destacam-se emblemáticos sectores do território como a Caldeira e os
Capelinhos, bem como estruturas interpretativas, com destaque, nesta ilha, para o Centro de Interpretação Ambiental do Vulcão dos Capelinhos. Sobre estes aspectos, João Melo frisa que todo o trabalho de desenvolvimento do parque tem sido feito e tem acontecido com a preocupação máxima de preservar a natureza. O prémio Éden é um prémio de excelência turística. Questionado sobre as mudanças que poderão acontecer daqui para a frente, nomeadamente com a procura por parte de outro nicho de mercado, o director do PNF diz que “este prémio visa isso mesmo, bem como quebrar a sazonalidade que afecta o Faial. Vamos criar também uma maior visibilidade, o que é óptimo para a economia da Ilha. Este prémio tem que ser um potenciador das nossas empresas e dos nossos empresários que podem oferecer mais um produto.”
Ao que TRIBUNA DAS ILHAS apurou ainda não foram feitos contactos formais com os empresários locais nesse sentido, todavia, em conversas informais, a receptividade tem sido positiva e até já surgiu, por iniciativa da Hortaludus, um novo circuito equestre que integra o PNF. Já no que concerne ao Parque Natural do Pico, realçam-se espaços como a Montanha e a Paisagem Protegida da Vinha da Ilha do Pico, património mundial da UNESCO, bem como um notável conjunto de formações geológicas, com destaque para a Gruta das Torres. Os destinos participantes deveriam demonstrar que desenvolveram um projecto sustentável e economicamente viável, de encontro ao tema anual escolhido pelo EDEN, evidenciando os aspectos únicos que proporcionarão aos turistas uma experiência inolvidáFoto:dr
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vel. Os destinos vencedores foram aqueles que melhor reflectiram o tema do ano e que oferecem uma experiência de turismo única, em consonância com os padrões de sustentabilidade. CIrCUItO de btt O Governo dos Açores, através da Secretaria Regional do Ambiente e do Mar, no âmbito da gestão Parque Natural do Faial, está a proceder à implementação de um circuito para os praticantes de BTT, modalidade que permite um intenso contacto com a natureza. O circuito para o efeito criado, com uma extensão total de 2 Km e uma classificação técnica de “dificuldade média”, partiu da recuperação de um antigo trilho pedestre, outrora abandonado, bem como de parte de um caminho de terra que em tempos foi utilizado por agricultores da ilha. O circuito de BTT desenvolve-se integralmente no Parque Florestal do Capelo, espaço onde podem ser observadas várias espécies naturais dos Açores, nomeadamente associadas ao habitat “Laurissilva costeira”, como é o caso da faia (Myrica faya), o louro (Laurus azorica), a urze (Erica azorica) ou mesmo o tamujo (Myrsine retusa). A materialização deste circuito é um significativo contributo para a melhoria das condições necessárias ao desenvolvimento de actividades lúdicas e desportivas dentro o Parque Natural, compatíveis com os seus princípios de sustentabilidade e conservação do património. A partir do percurso, o visitante poderá usufruir das belas paisagens da ilha do Faial. Pretende-se, pela prática de um desporto que privilegia o contacto com a natureza, dar a conhecer o rico património disponível, ao nível da geodiversidade e biodiversidade, potenciando ainda os aspectos sociais e culturais.
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artesãos do faial Amanhã, dia 19 de março, assinala-se o dia mundial do Artesão, data escolhida por ser o dia de São José, patrono dos carpinteiros. Até à revolução Industrial, no século XIX, a produção era essencialmente artesanal. Os objectos eram feitos apenas com o auxílio das mãos e de alguns instrumentos rudimentares. Com o advento das máquinas e a revolução da indústria, o artesanato passou a ser, verdadeiramente, uma arte, dependente da sabedoria, da paciência e do gosto dos artesãos; artistas de mãos talentosas, que são cada vez mais raros e, em algumas valências do artesanato actual, tendem mesmo a desaparecer sem sucessores, o que vaticina o desaparecimento de algumas técnicas. trIbUNA dAS IlHAS esteve à conversa com alguns artesãos que, de diferentes maneiras, utilizam as suas experientes mãos para trabalhos que correm o risco de desaparecer. lÚCIA SOUSA, bOrdAdeIrA de PAlHA SObre tUle
uMa vida a Bordar
g Lúcia Sousa tem 75 anos “e muita vontade de trabalhar”, como realça quando, com alguma cerimónia, lhe perguntamos a idade, cientes de que tal não se deve fazer a uma senhora. Com gestos despachados e amistosos convida-nos a sentar, enquanto arranja espaço na mesa onde está estendido o trabalho que tem em curso, e deixa-nos à vontade para a conversa, que se promete animada. Vive na Praia do Almoxarife desde que casou, mas nasceu na vizinha freguesia de Pedro Miguel. Faz bordado de palha sobre tule desde os seus 13 anos. O pai era um artesão muito importante na freguesia de Pedro Miguel. Mestre Teixeira, como era conhecido, era um habilidoso construtor de instrumentos de corda, alguns dos quais ainda utilizados no Grupo Folclórico e Etnográfico de Pedro Miguel. Lúcia herdou-lhe as mãos talentosas. Como explica, aprendeu a bordar porque, naquela altura, era preciso “ganhar algum troco”, apesar da pouca idade. “Eu e as minhas duas irmãs vie-
mos aprender para a Praia. A sogra do senhor Alberto Vargas, que era nessa altura regente da filarmónica, é que me ensinou”, recorda. Nessa altura, o bordado vivia tempos áureos: “havia muita gente a bordar e fazia-se muito negócio nos barcos que vinham de 15 em 15 dias; o Carvalho Araújo, o Lima…”, conta. As jovens vendiam os trabalhos a algumas senhoras da cidade, que depois vendiam para os barcos, explica. Lúcia aprendeu outros bordados, como o ponto mexicano ou o crivo, mas o bordado a palha era o mais lucrativo. Esta arte requer “muita vontade e paciência”, explica. É um processo demorado e difícil, mas que já não tem segredos para Lúcia. É também um trabalho bastante minucioso, e a prova são os olhos cansados da artesã, que agora a castigam pelos esforços a que ela os tem obrigado ao longo da vida. Mas ainda não está na altura de deixar de bordar, até porque há que deixar algum legado em peças para os filhos. As ferramentas próprias para cortar a
palha são feitas de propósito por um carpinteiro de Pedro Miguel. “Já quase ninguém as faz”, conta Lúcia, enquanto os seus dedos desenvoltos vão fazendo o trabalho com habilidade, fazendo parecer fácil a tarefa. Depois a palha é amolecida, até estar suficientemente maleável. É então que está pronta para começar o bordado, que se faz entrançando a palha no tule, com o auxílio dos dedos, que foi preso sobre o “risco”, onde está desenhada a figura que se pretende bordar. Lúcia utiliza palha de centeio. “Infelizmente já não temos palha de trigo. Essa sim, era muito boa”, lamenta. A palha vem da Praia do Norte. Lúcia e o marido vão buscá-la na altura em que é cortada. O marido é, de resto, um dos grandes apreciadores do seu trabalho, ajudando-a no que pode e incentivando a sua arte, como nos conta. A bordadeira já ensinou a arte de bordar a palha sobre tule a várias pessoas, com destaque para a sua nora, que lhe tomou o gosto e também borda regularmente, e a sua neta. A sua quota-parte de responsabilidade em passar o legado está cumprida, considera, e espera que as próximas gerações não deixem morrer o bordado. Está optimista em que tal não aconteça. Lúcia já foi a inúmeras feiras de artesanato. Passou pela Bermuda, por Boston, pela Espanha e pelo Algarve, entre outros sítios, sempre com a vontade de ir mostrar verdadeiramente a sua arte. “Não vale a pena ir para uma feira se não for para trabalhar ao vivo”, considera. Nas feiras, já viu artesanato de vários locais, muito bonito, “mas como este não há em lugar nenhum”, entende. O bordado a palha terá aparecido no Faial em 1850, através de uma emigrante inglesa que trazia um chapéu de seda preta bordada a palha, proveniente de França. Utiliza-se em xailes, vestidos, mantilhas, chapéus, véus, entre muitas outras coisas. O trabalho de Lúcia é bastante requisitado, e não lhe faltam encomendas, muitas delas para fora do Faial. Alguns dos seus principais clientes são secretarias regionais, que escolhem peças da artesã para prendas oficiais. A rainha Sofia de Espanha, por exemplo, possui um véu bordado por Lúcia. Luísa César, esposa do presidente do Governo Regional, e Maria Cavaco Silva, primeira-dama de Portugal, são outras ilustres para as quais Lúcia já fez alguns trabalhos. Esta artesã já ganhou também vários prémios. Em 2001 foi-lhe atribuído o segundo lugar no Prémio Nacional de Artesanato, e, em 2009, uma menção honrosa.
JOHN vAN OPStAl, ArtIStA de SCrImSHAw
falta de Matéria-PriMa Pode CoMProMeter sCriMsHaw
g O scrimshaw é a arte de gravar, pintar ou esculpir em marfim ou osso de cachalote. No Faial, é possível visitar uma vasta colecção de obras de scrimshaw no Museu do Peter Café Sport. John van Opstal nasceu em Roterdão, na Holanda. Tem 72 anos, e está no Faial há quase 25. É um dos poucos artesãos de scrimshaw que actualmente se conhecem. O atelier de John fica na Espalamaca, num recanto sossegado com uma vista privilegiada para a baía e para o Canal onde, há dezenas de anos, os homens se faziam ao mar para caçar baleias. Foi aí que fomos visitá-lo e observar o seu trabalho. O artesão trabalha o dente com minúcia. Depois de polido, é coberto com tinta-da-china, e John faz um esboço daquilo que vai gravar. Depois, com uma ferramenta de bico afiado, grava o desenho. Finalmente, as ranhuras que faz no osso para formar a gravura são preenchidas com tinta-da-china. A precisão dos traços e os detalhes dos desenhos fazemnos perceber que estamos perante um artista experiente. Ilustrador e pintor, John era sócio de uma agência de publicidade na Holanda. A dada altura, achou que era altura de mudar algo na sua vida: “o meu trabalho começava a ser demasiado comercial para mim, e comecei a ter saudades das minhas ilustrações e da minha pintura. Vendi as minhas acções, e procurei outro destino para começar de novo”. À procura de um lugar pacato e cercado por água, o holandês preparava-se para assentar arraiais nas ilhas Fiji. Até que alguém lhe sugeriu que visitasse primeiro os Açores: “vim dar uma vista de olhos e gostei tanto que fiquei”, conta.
“Nós pensamos que, quando deixamos de trabalhar, é agradável não fazer nada, mas ao fim de algumas semanas torna-se aborrecido”, explica. Assim, ao fim de algum tempo no Faial, começou a escrever um livro em inglês sobre o arquipélago, para colmatar uma lacuna que existia, que depois traduziu para alemão. Entretanto, voltou às suas amadas ilustrações: “um dia, alguém viu as minhas ilustrações, gostou, e perguntou se as conseguia reproduzir em dente de baleia. Eu nem sabia que as baleias tinham dentes!”, confessa, em tom de brincadeira. Depois de uma visita ao Museu do Peter, John fez a sua primeira experiência, e adorou: “agora é a minha grande paixão. É inacreditável, ao fim de tanto tempo, ter encontrado outra profissão de que também gostasse tanto”, conta. John trabalha com marfim e com osso, no entanto diz preferir o marfim dos dentes, uma vez que o osso é mais poroso. Já ensinou alguns clientes mais curiosos, e também algumas crianças da Básica Integrada da Horta, numa experiência que não esquece: “expliquei-lhes como se fazia, e levei pedaços de marfim e tintada-china, e eles, com os seus compassos, puderam experimentar”, conta. O scrimshaw continua a ser muito apreciado pelos turistas, mas as vendas também já não correm como costumavam correr. No próximo Verão, por exemplo, John não está muito optimista em relação ao negócio: para o artista, tendo em conta o actual cenário de dificuldades em muitos países, haverá menos turismo. Além disso, entende que as pessoas têm a ideia de que é proibido transportar este tipo de objectos. “Não é verdade, na Europa, por exemplo, é possível transportá-los sem qualquer proble-
Tribuna das Ilhas
ma”, explica. Nos hotéis, na marina, nas rent-a-cars ou nos restaurantes, John divulga o seu atelier e o seu
reportageM
contacto. Em relação aos turistas que não têm carro, mas gostariam de visitá-lo, John vai buscá-los e depois leva-os de volta ao hotel. O
artista gosta de mostrar o seu trabalho, bem como as técnicas que utiliza. No entanto, para John, o scrimshaw corre perigo de extinção. Com o fim da caça à baleia, a matéria-prima é cada vez mais escassa. John não tolera a caça à baleia, no entanto considera que, em relação aos animais que dão à costa depois de morrerem de morte natural, é uma pena que não se possam aproveitar os dentes antes de levá-los de novo para alto mar. Há cerca de 20 anos, os dentes custavam cerca de 300 euros cada quilo, podendo o preço variar de acordo com o tamanho de cada dente, e com a qualidade do marfim. Hoje, o valor é muito mais elevado. John explica, em tom de preocupação, que, em todo o mundo, já não existem muitos artesãos que se dediquem ao scrimshaw, a paixão tardia deste holandês, faialense já no coração, que não gostaria de a ver desaparecer.
JOãO GArCIA dIAS, SAPAteIrO
“Há Muitos Curiosos, Mas não Há queM queira aPrender” g À entrada do Mercado Municipal, a Sapataria Mascote é já uma referência daquele espaço, onde se instalou há cerca de quatro anos e da cidade da Horta. Os moldes para sapatos novos amontoam-se ao lado de inúmeros pares que precisam de arranjo, sinal de que o negócio não está fraco. A loja não se queixa de falta de movimento; a porta sempre aberta para receber os clientes, ou simplesmente uma ou outra visita, para trocar dois dedos de conversa com o sapateiro, sempre pronto para tagarelar, enquanto as mãos experientes e ocupadas vão dando vazão ao trabalho. João Garcia Dias tem 71 anos. Nasceu na Praia do Almoxarife onde actualmente vive. Teve cinco filhos, alguns seguiram-lhe as pisadas na construção civil, por onde também andou, mas na arte de sapateiro não. O sapateiro começou a andar de volta dos sapatos com 14 anos. No entanto, nessa altura a concorrência abundava, o que fez com que acabasse por desistir, para se dedicar à construção civil: “nessa altura havia muitos sapateiros e a actividade não dava para viver”, recorda.
Para além da habilidade das suas mãos, João Dias foi abençoado com um talentoso ouvido, que o fez ser um bom tocador de trompete da Unânime Praiense. As artes musicais valeram-lhe um convite para a banda regimental, em São Miguel, quando era ainda novo. Não aceitou: “namorava a minha mulher, e por isso quis voltar para o Faial”, explica. Perdeu uma carreira na música, mas ganhou um casamento para toda a vida. Vários anos depois de casar, como muitos outros faialenses, foi tentar a sua sorte do outro lado do Atlântico. Partiu pela primeira vez para os Estados Unidos em 1978. Voltou algumas vezes aos Açores, mas foi sempre regressando à América, até ao dia em que decidiu regressar definitivamente. A data é fácil de recordar: João
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eSPAçO de PrOXImIdAde P P O O
A POlÍCIA AO ServIçO dOS CIdAdãOS
CeNSOS 2011
• O recenseamento geral da população realiza-se em Portugal, de forma harmonizada a nível internacional desde 1864. Í Í • Para o sucesso da operação, é indispensável que cada cidadão reconheça a C C relevância da sua resposta e colabore com o recenseador. I I • Os trabalhos de campo dos censos 2011, decorrem simultaneamente em A A todo o Território Nacional no período de 07 de Março a 24 de Abril, sendo que a resposta é obrigatória por lei l l
OS trAbAlHOS de CAmPO Obeded d Cem àS SeGUINteS FASeS: e e
w Fase 1: De 7 a 20 Março – Distribuição da documentação aos cidadãos;
S S
w Fase 2: De 21 a 27 de Março – Resposta só pela Internet;
e e
w Fase 3: De 28 Março a 10Abril – Resposta pela G G Internet e em papel; Dias regressou ao Faial definitivamente no dia 8 de Julho de 1998. Menos de 24 horas depois de voltar a casa, acordou, como o resto da ilha, com o terramoto que destruiu parte do Faial. Depois de regressar, voltou a trabalhar na construção civil, até à idade de se reformar. No
entanto, entendeu que ainda não era altura de parar: “a minha reforma não era muito grande, e além disso precisava de ter qualquer coisa com que ficar entretido. Se estivesse reformado andava para trás e para diante, chateando quem trabalha e gastando gasolina”, diz com uma gargalhada. No início, a sua ideia era que a sapataria fosse um projecto maior, onde pudesse empregar algumas pessoas, no entanto, achou que os trabalhos em que se iria meter não seriam compensados: “com a nossa lei laboral é impossível”, lamenta, uma vez que sente na pele os pesados encargos que os trabalhadores por conta própria que querem ter a sua situação legalizada têm de enfrentar, com uma carga fiscal muito difícil de suportar. João Dias não faz apenas os pequenos arran-
jos, como colocar tacões ou solas. Este sapateiro sabe, verdadeiramente, fazer sapatos. Por isso, é uma ajuda preciosa para alguns grupos folclóricos da ilha, uma vez que reproduz exactamente os sapatos usados há dezenas de anos, que os grupos já não conseguem encontrar à venda. O facto de passar facturas é uma grande ajuda, uma vez que estas são fundamentais para que os grupos se possam candidatar a apoios no que toca a trajes Hoje em dia, não são muitos os sapateiros ou costureiras que o façam. No entanto, João Dias lamenta as pesadas penalizações em impostos “que quem quer trabalhar tem de enfrentar”, actualmente. Para o sapateiro, o país prejudica quem trabalha e está numa situação legalizada. “Nós temos de pagar impostos, mas temos de ser todos”, considera. João Dias nunca se queixa de falta de trabalho. Entre os arranjos e a execução de sapatos, está ocupado todo o dia. Na sua loja há uns quantos sapatos esquecidos.. Volta e meia, Dias vê-se obrigado a encher uns quantos sacos: “agora não deito fora, porque sei que posso dar à Cáritas, por exemplo”. O material por ele utilizado no trabalho de sapateiro não existe no Faial. Felizmente, há uns anos João Dias conheceu o proprietário de uma casa no Norte que fornecia todos o material de que precisava. Encontraram-se por acaso, quando o senhor numa viagem ao Faial, parou fora da sapataria, a observar o sapateiro a trabalhar. Conversa puxa conversa, acabaram por fazer negócio e amizade. O sapateiro trabalha sozinho. Gostava de ensinar a arte a alguém mas, como diz, “aparecem muitos curiosos”, mas ninguém que queira verdadeiramente aprender. Por isso, lamenta verdadeiramente que, como tantas outras coisas, este possa ser um ofício em vias de extinção. Marla PinHeiro
U U w Fase 4: De 10 a 24Abril – Resposta só em papel; r r A A N N ç ç A A
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Assim, a P.S.P. associa-se em específico aos censos-2001, promovendo a rea-lização de acções de informação/sensibilização onde se possam concentrar grupos populacionais que em razão de determinadas circunstâncias tendem a adoptar comportamentos securitários no contacto por desconhecidos; mormente em centros de convívio, centros de dia, centros de Saúde, Associações de solidariedade social, IPSS e outras, através das Equipas de Proximidade e Apoio à Vitima (EPAV) bem como junto das comunidades educativas através das Equipas do Programa Escola Segura (EPES), considerando o universo de crianças como interlocutor na passagem da informação aos pais e outros familiares. Seja receptivo, colabore e em caso de dúvida; Esclarecimentos adicionais deverão ser solicitados à P.S.P. da sua área de residência ou por correio electrónico: cphorta@psp.pt Contactos: telefone – 292208510 Fax - 292208511
PrOGrAmA INteGrAdO de POlICIAmeNtO de PrOXImIdAde
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cultura
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Tribuna das Ilhas
Noite de Teatro nos Flamengos
dr FOtO: ObOte.blOGSPOt.COm
g No âmbito do Projecto de Animação Desportiva e Cultural, a freguesia dos Flamengos recebe amanhã, sábado, uma noite inteiramente dedicada ao Teatro. A primeira peça a ser apresentada será O Auto do Táxi do Inverno, pelo grupo de catequese. A esta, seguir-se-á a mais recente comédia do Grupo de Teatro ChamaRir, Em tempos de crise… Não se limpam armas. marla Pinheiro g A potencialidade do património associado à história do porto da Horta tem sido por diversas vezes reconhecida e reconfirmada. A ideia de criar um movimento no sentido de candidatá-lo a património mundial da UNESCO já surgiu por diversas ocasiões, no entanto nunca chegou a dar passos. Agora, no seguimento de várias actividades já realizadas relacionadas com essa temática, a Associação dos Antigos Alunos do Liceu da Horta (AAALH) está a retomar essa ideia, e, como explicou ao Tribuna das Ilhas o presidente da Associação, Henrique Barreiros, pretende que se desencadeie na sociedade faialense um movimento no sentido de dar força a uma possível candidatura. Neste momento, o processo está numa fase “muito embrionária”, que se pretende acima de tudo mobilizadora da sociedade faialense. No entanto, o caminho já começou a ser percorrido: Katja Neves, da Universidade canadiana de Concordia, e Ricardo Madruga da Costa e Filipe Porteiro, da Universidade dos Açores, representando a AAALH, o Núcleo Cultural da Horta e o Observatório do Mar dos Açores (OMA), estiveram reunidos no passado dia 7 de Março, no edifício de recepção da Marina da Horta, para reflectir sobre a ideia, e começar a pensar em linhas orientadoras no sentido de fundamentála e concretizá-la. Quem também marcou presença na reunião foi o actual presidente da Administração dos Portos do Triângulo e Grupo Ocidental (APTO), Fernando Nasci-mento, que se mostrou sensível em relação à importância da valorização de todo o património relacionado com o Porto da Horta. Na reunião foram essencialmente reflectidas as condições e as restrições para uma eventual candidatura, assim como quais as potencialidades relacionadas com a história do Porto que devem ser exploradas. Outro importante passo para uma pos-
CHAmArIr O grupo apresenta nos Flamengos a sua peça mais recente
Movimento para levar património faialense à unesCo está a nascer sível candidatura foi o facto da empresa de consultadoria Augusto Mateus, da qual é director executivo o faialense Paulo Madruga, já se ter disponibilizado para apoiar o encaminhamento do processo. Como explicou Henrique Barreiros, esta empresa produziu já um documento orientador que é uma ajuda preciosa no sentido de perceber quais os passos a dar para preparar uma candidatura. A valorização do património imaterial, a importância dada a candidaturas transnacionais e a capacidade de mobilização da sociedade em torno da candidatura são alguns elementos para os quais o referido documento já chamou a atenção da AAALH. Esses aspectos podem ser oportunidades para uma eventual candidatura do património do Porto da Horta. O seu carácter imaterial e as relações que possui com outros países podem ser importantes adjuvantes para conseguir a classificação de património da UNESCO. Apesar do património relacionado com a história do Porto da Horta ser imaterial, existe todo um património material que o suporta. Henrique Barreiros lembra que é importante inventariar esse património. Os Antigos Alunos já o têm feito com os Cabos Submarinos, e o OMA desenvolve um projecto de identificação do património baleeiro. Na Universidade Sénior está a ser desenvolvido um projecto de inventarização do património relacionado com o Porto, liderado por Ângelo Andrade, que esteve largos anos a liderar a sua administração. Todos estes projectos serão uma ajuda importante na eventualidade de se avançar com uma candidatura. Segundo entende o presidente da
KAtJA NeveS A professora universitária falou perante uma plateia cheia
AAALH, “este tem de ser um trabalho para unir, alargando-se a mais pessoas e mobilizando a sociedade faialense”. vAlOr dO PAtrImóNIO CUltUrAl FAIAleNSe em ANÁlISe NA FÁbrICA dA bAleIA Na noite da passada quarta-feira a antiga Fábrica da Baleia acolheu uma tertúlia, organizada pela AAALH e pelo OMA, para reflectir sobe o valor do património cultural faialense. Na ocasião, Katja Neves deu alguns exemplos de locais considerados património mundial da Unesco, e explicou a evolução dos critérios utilizados na selecção, que procura uma perspectiva
cada vez mais abrangente, analisando dinâmicas complexas e pouco óbvias. A antropóloga e professora universitária deu o exemplo da Vinha do Pico, património da Unesco, cuja candidatura considera “absolutamente excepcional e visionária”. Katja salienta que a classificação da vinha do Pico abrange não apenas a vinha e os currais, mas também as adegas, e tudo o que está relacionado com o vinho, assim como as vivências sociais a ele associadas, os ecossistemas e as espécies endémicas. Outra característica da candidatura picoense que Katja destaca é o facto desta estar também “virada para o futuro”, uma vez que prevê a possibilidade de expansão da zona de produção do Verdelho. Como
frisou a antropóloga, essa transversalidade temporal é um aspecto cada vez mais valorizado pela Unesco. Katja reflectiu ainda o potencial da cidade da Horta enquanto “ponto de confluência de vários processos históricos de mundialização”, abordando momentos históricos como os Descobrimentos, a baleação americana, os clippers ou os cabos submarinos, nos quais a ilha do Faial converge com diversos outros locais espalhados pelo globo. Após a conferência, o debate prosseguiu com o contributo de alguns elementos da plateia, que encheu por completo uma das salas da antiga Fábrica da Baleia.
cineMa no teatro Faialense
o Preço da traição
AmANdA SeYFrIed e JUlIANNe mOOre As actrizes representam duas gerações diferentes
Convoca-se uma Assembleia Geral Ordinária, nos termos do Art.º 25 n.º2 alínea b) dos Estatutos, a realizar no próximo dia 31 de Março pelas 18:00 horas, nas instalações da Casa de Infância de Santo António, sita à Ladeira de Santo António n.º 7 nesta cidade da Horta, com a seguinte Ordem de Trabalhos:
(Hortaludus; dias 19 e 20, 21h30; >16) g Realizado por Atom Egoyan (Where the truth lies), e com interpretações de Amanda Seyfried (Mamma Mia!), Liam Neeson (O Amor Acontece) e Julianne Moore (As Horas), O Preço da Traição trata-se de uma adaptação do filme francês de 2003 Nathalie. Neste drama, Moore e Neeson são Catherine e David Stewart, um casal com uma vida económica estável e um filho adolescente que é o seu orgulho, e
ConvoCatória
Ponto 1 - Discussão e votação do relatório e Conta de Gerência do ano de 2010 Ponto 2 - Constituição de contas a prazo para as crianças e jovens do Lar Ponto3 - Outros assuntos
cuja felicidade nada parece pôr em causa. Nada - excepto os ciúmes de Catherine, uma sombra a pairar sobre o seu casamento. Para testar a veracidade das suas suspeitas ela decide contratar
Chloe (Seyfried), uma prostituta de luxo, para seduzir o seu marido, seguindo à risca as instruções que Catherine lhe dá. Mas depressa a situação escapa ao seu controlo.
N.B. - Nos termos do Art.º 27.º n.º 1 dos Estatutos, se à hora marcada não estiverem presentes mais de metade dos associados com direito a voto, a Assembleia reunirá uma hora mais tarde com qualquer número de associados presentes. Horta, 15 de Março de 2011 O Presidente da Mesa da Assembleia Geral tomás Manuel rocha
opinião
Tribuna das Ilhas
“
“
João rocha União
cavaco Silva pede um “sobressalto cívico que faça despertar os portugueses para a necessidade de uma sociedade civil forte, dinâmica e mais autónoma”. E de facto os portugueses precisam de acordar da letargia em que mergulharam nos últimos anos. Vivemos numa sociedade que perdeu a capacidade de se indignar, de reivindicar, de se defender e de propor novas soluções. Portugal está adormecido e cabe ao Presidente da República contribuir para que acordemos, antes que seja tarde de mais. No seu discurso de tomada de posse, o Presidente da República diz que Portugal está numa situação de emergência social e que por isso mesmo é necessário fazer os diagnósticos correctos e discursos de verdade. Uma verdade inquestionável e que só por miopia partidária alguém pode deixar de ver. As desigualdades sociais têm vindo a aumentar no nosso país, havendo cada vez mais pobres, cada vez mais famílias com dificuldades financeiras, e também pobreza extrema. Paulo Simões Açoriano Oriental
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o enclave
citações
Inicialmente mais direccionado para os jovens, o protesto contagiou facilmente os mais velhos porque, em boa verdade, todas as gerações estão à rasca. Os mais novos não conseguem entrar, pelo menos de um forma segura e digna, no mercado laboral, mas o desemprego também é realidade, ou ameaça iminente, para milhares de pessoas dos 30 aos 50 e muitos anos. Quanto aos idosos, sem falar dos casos extremos em que morrem sozinhos em condições desumanas, têm que (sobre)viver com cortes acentuados em reformas e pensões já de si de miséria e que impedem, em muitas situações, a compra de medicamentos indispensáveis ao seu bem estar físico e mental. Queixas, como está mau de ver, temos todos.
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Fernando Guerra
ão é preciso ser-se muito inteligente para se perceber que, para que o Faial se desenvolva, a ampliação do aeroporto da Horta é um investimento prioritário, pois numa ilha ultraperiférica a acessibilidade dos mercados terá efeitos reprodutivos em todas as actividades económicas e consequentemente sociais. Com o aeroporto sem penalizações e verdadeiramente internacional poderíamos crescer em todos os sectores, no primário e no secundário, graças a mais capacidade de escoamento, e ainda no terciário, principalmente no turismo, indo ao encontro do que os mercados pretendem, que é um destino ponto a ponto. Mas outro aspecto muito importante é a sua negação, isto é, o que implica o seu não aumento. Desde já, o Faial fica estrangulado no que concerne ao seu desenvolvimento, fica mais periférico e, assim, mais difícil será a tarefa de alavancar a economia, fica mais vulnerável a mudanças de políticas aéreas, fica mais vulnerável a mudanças dos preços do petróleo (que prejudicarão os aeroportos menos acessíveis). Porém, a principal consequência de não fazer esta ampliação é impedir irremediavelmente o Faial de ser um dos (pelo menos) 3 pólos de desenvolvimento regional, reforçando a tese de que apenas 2 ilhas nos Açores terão sustentabilidade. Assim, duma forma sumária, torna-se evidente que se deve concentrar as nossas forças para que aconteça este importantíssimo investi-
Obviamente que a ampliação do aeroporto da Horta e o reordenamento do porto lideravam a lista de reivindicações e prioridades, com destaque para o primeiro, pelo que a pressão exercida desde logo (2003) pretendeu dar a perceber aos governantes da pasta da economia e ao máximo representante do governo que, após o investimento na reconstrução do sismo de 1998, este seria o investimento desejado pela população, bem como a necessidade política do mesmo ser concretizado. mento. Foi o que fiz quando assumi funções numa associação empresarial, onde se traçou como política que o Faial deveria fazer parte do desenvolvimento líquido da Região e que tinha condições para almejar essa posição. Assim, a defesa desta ilha assentou em pugnar para que fosse incluída em toda a linha, não deixando que investimentos estruturantes ficassem apenas pelas duas maiores ilhas. Obviamente que a ampliação do aeroporto da Horta e o reordenamento do porto lideravam a lista de reivindicações e prioridades, com destaque para o primeiro, pelo que a pressão exercida desde logo (2003) pretendeu dar a perceber aos governantes da pasta da economia e ao máximo representante do governo que, após o investimento na reconstrução do sismo de 1998, este seria o investimento desejado pela população, bem como a necessidade política do mesmo ser concretizado. Perante as informações de que a questão da ampliação do aeroporto da Horta estaria numa fase técnica avançada, isto é, que o projecto estaria evo-
salão lucy cabeleireiro unissexo Informa que se formou em alisamentos de cabelo e terapias Biolage com a melhor marca de produtos a nível mundial, “Matrix” exclusivo a profissionais. Veja em Matrix.com - Portugal visite este salão e veja a diferença... seM MarCações aBerto de 2.ª feira a sáBado rua vasco da Gama n.º10 - telf.: 292 292 398
luído e que seria apresentado no timming político mais favorável para o governo, nas eleições regionais de 2008, seria natural desviar o enfoque para o outro investimento estruturante para a ilha do Faial e pressionar o reordenamento do porto da Horta. Numa audiência com o presidente do governo, este, dirigindo-se-me duma forma muito directa, disse-me que parasse de lhe enviar cartas para a construção de um novo molhe no Porto da Horta, e que o mesmo poderia ser feito mas NÃO por ele. Na altura, em que todos os sinais apontavam para a ampliação da pista do aeroporto da Horta, era compreensível que estes dois investimentos em simultâneo seriam de financiamento difícil e também, politicamente, não havia necessidade de ambos. Assim, foi com surpresa que, pouco tempo depois desta tão veemente afirmação, assisti à apresentação, por parte do então presidente e candidato, do início do reordenamento do porto da Horta como o investimento eleitoral 2008-12, e não aquele que estava supostamente pronto e cuja prioridade era considerada mais importante, a
ampliação do aeroporto da Horta. Explicar esta mudança tão abrupta de planos requer uma análise profunda em muitos aspectos, o porquê desta alteração, o que é dito nos meios de comunicação social pelos intervenientes responsáveis políticos, a ausência de intervenções de entidades reguladoras da aeronáutica. O trabalho que deveria ser feito por essa associação empresarial foi feito, era tempo de virar baterias novamente ao assunto mais importante para o nosso desenvolvimento económico e social, para o colocar na ordem do dia: a ampliação do aeroporto. Infeliz e estranhamente (ou talvez não), esse trabalho não teve sequência, pelo que responsabilizo os agentes actuais pelo mal que estão a perpetrar a esta ilha. A ampliação do aeroporto da Horta tornou-se um tabu político para o governo regional, para a câmara municipal da Horta e para a sua secretaria (leia-se, associação comercial). O enclave criado tem de ser resolvido se ambicionamos ser alguém no futuro, é urgente libertar-nos destas correntes. frgvg@hotmail.com
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Tribuna das Ilhas
associação de andebol da ilha do faial assinala 20 anos em clima de prosperidade Na passada segunda-feira, dia 14 de março, a Associação de Andebol da Ilha do Faial (AAIF) assinalou o seu 20.º aniversário. depois de um período negro de dificuldades económicas e desportivas, neste momento a associação está recuperada, e tem conseguido fazer crescer o Andebol no Faial e no Pico. O estímulo que tem emprestado à modalidade valeu-lhe o reconhecimento a nível regional, tendo sido escolhida para presidir à União das Associações de Andebol dos Açores. Agora, o objectivo passa por continuar a crescer, aumentando o número de atletas federados e incentivando a formação de treinadores e árbitros. trIbUNA dAS IlHAS esteve à conversa com mário bettencourt, secretário da direcção presidida por António Furtado, que fez um balanço do actual momento vivido pela AAIF e pela modalidade. marla Pinheiro Foto: Susana Garcia g Fazendo um balanço do percurso da AAIF nos últimos anos, Mário Bettencourt não tem dúvidas em afirmar que a associação “está bem e recomenda-se”. Segundo o dirigente, a AAIF tem vindo a crescer. Há um ano, contava com 124 atletas federados. Actualmente, esse número ascende às duas centenas, e o objectivo até ao final da época é chegar aos 250. Também na arbitragem se tem verificado uma evolução. Neste momento, a AAIF conta com oito árbitros, dos quais dois apitam competições nacionais, bem como três oficiais de mesa de nível nacional: “é uma realidade que há quatro anos não existia”, constata o dirigente. O número de treinadores federados também aumentou neste espaço de tempo: actualmente são cerca de 10, um dos quais com o grau de Master Coach. Para este crescimento da modalidade contribuiu o ressurgimento do andebol na ilha do Pico, mais concretamente no Clube Desportivo Escolar de São Roque, e também a reactivação da modalidade no Fayal Sport Club, que se deu oficialmente na presente época desportiva. Estes dois clubes, a par do Clube Desportivo Escolar da Horta e do Sporting Clube da Horta, mantêm a associação bastante ocupada nos esfor-
ços de fazer crescer a expressão do Andebol nas ilhas do Canal. Para Mário, uma das causas que faz com que esse crescimento não seja ainda maior prende-se com “as dificuldades em termos de quadros técnicos”. Antes de captar atletas, é preciso formar dirigentes e treinadores. No caso do Pico, a situação é mais preocupante: “o professor José Xavier Ávila lidera lá o processo e a nossa preocupação é solidificar a secção de Andebol do clube, para que ele não esteja sozinho”, explica. No Faial o andebol tem já outra expressão, muito por força da presença do SCH no campeonato nacional. Mário reconhece que na Ilha Azul existe uma cultura do andebol, mas deixa um alerta: “se essa cultura não for espicaçada acaba por morrer”. O facto do SCH possuir neste momento muitos jogadores faialenses na sua equipa de seniores é, para Mário, importante para cativar novos atletas: “os miúdos chegam ao Pavilhão, vêem atletas que conhecem e ficam com a ideia de que um dia podem estar no lugar deles. E isso é aliciante”. Para a AAIF, neste momento há que apostar na formação de treinadores. No entanto tal não é tarefa fácil, como reconhece Mário. Com as alterações do Regime Jurídico da Federação Portuguesa de Andebol, o processo de formação dos treinadores ficou ainda mais difícil e moroso, principalmente nos
Futebol – taça aFh
fayal sport Club empata nas lajes g Na segunda jornada da Taça da Associação de Futebol da Horta os campeões faialenses voltaram a não vencer. Desta feita, o Fayal Sport não foi além de um empate sem golos frente ao Lajense. No outro jogo da jornada, o Cedrense venceu nos Flamengos por 0-1. Este domingo, o Cedrense recebe o Lajense enquanto que o Desportivo da Feteira vai à Alagoa defrontar o Fayal.
graus cimeiros. A isto acrescem uma série de condicionantes que não existem em Portugal Continental mas que são uma realidade nos Açores. As deslocações para comparecer nas formações implicam mais tempo dos treinadores, e muito mais gastos, a juntar aos custos já onerosos das formações. Estas despesas são suportadas pelos treinadores, com algum apoio da Direcção Regional do Desporto e, em alguns casos, dos clubes. Ciente destas dificuldades, a AAIF procura contorná-las criando formações para treinadores na ilha. É o caso do Clinic, que se deverá realizar no final de Abril, e que, à semelhança de outros anos, trará referências do andebol ao Faial. A Associação também trabalha na angariação de novos atletas. Para tal, é fundamental o trabalho desenvolvido nas Escolinhas de Andebol, junto dos alunos do primeiro ciclo: “este ano temos dez núcleos de Escolinhas. Pela primeira vez, estamos a fazer um trabalho de transição das escolinhas para os clubes”, explica. dePOIS dA temPeStAde… A bONANçA O bom período que a AAIF actualmente atravessa foi antecedido de tempos bem mais conturbados. Recorde-se que a Associação se debateu até há algum tempo com um processo judicial que a opunha ao Banif. O Tribunal con-
Futsal – caMpeonato aFh
denou a instituição bancária ao pagamento da dívida que detinha junto da AAIF, estando esse pagamento já saldado. Neste momento, ainda decorre um processo contra um antigo dirigente, no entanto Mário Bettencourt desvaloriza, entendendo que “a dívida moral” que o ex-dirigente tinha para com a AAIF “está saldada”. O actual dirigente prefere concentrar-se no bom período que a Associação atravessa, de saúde financeira, que lhe permite trabalhar mais para o desenvolvimento desportivo. Para este bom momento, Mário realça o importante contributo da direcção anterior à actual: “a direcção do Roque Soares e do António Costa fez um excelente trabalho de recuperação financeira. Nós agora conseguimos trabalhar a parte desportiva, graças a eles”. No entanto, Mário não esquece que as graves dificuldades económicas que a AAIF viveu resvalaram para uma descredibilização da instituição, que se reflectiu na perda de associados. Agora, trabalham para recuperar o tempo perdido. AAIF PreSIde à UNIãO de ASSOCIAçõeS de ANdebOl dOS AçOreS Na AAIF não há mãos a medir para fazer face a todo o trabalho: para além das escolinhas, há o planeamento desportivo, a coordenação de toda a logísti-
King
fayal sport Club Carlos vilela goleia flamengos na liderança g No passado sábado o Fayal Sport Clube goleou o Futebol Clube dos Flamengos, com 15 golos sem resposta, em jogo a contar para o Campeonato de Futsal da Associação de Futebol da Horta. Os Verdes seguem invencíveis na competição. A oitava jornada joga-se amanhã, e opõe o Atlético ao Flamengos.
g Disputou-se na passada segunda-feira mais uma jornada do Campeonato de King 2011, no Grémio Literário Artista Faialense. O grande vencedor da jornada foi Manuel Vieira, seguido de Luís Cardoso e de João Garcia. Nas contas da geral, Carlos Vilela segue na frente, com Mário Dutra nos calcanhares. Ruben Oliveira é terceiro. A próxima jornada joga-se já segunda-feira, dia 21.
ca inerentes aos jogos no Faial e no Pico, os quadros de arbitragem, o apoio aos clubes e a preparação de muitos outros projectos. A tudo isto, junta-se o facto da AAIF presidir à União das Associações de Andebol dos Açores. O crescimento da AAIF foi reconhecido na última cimeira regional, e por isso foi escolhida para residir à União das Associações de Andebol, recentemente reactivada. Para Mário, tal é motivo de orgulho, e apela a um trabalho conjunto de todas as ilhas para fazer crescer a modalidade. As comemorações do 20.º aniversário da AAIF têm vindo a decorrer desde Março de 2010. Sob o mote “20 anos, 20 actividades”, a Associação organizou uma série de eventos, que se prolongam até ao final da presente época desportiva. Desses, o destaque foi para o Hortandebol, que se realizou no final de Agosto passado, e que juntou no Faial, para além do Sporting da Horta, o Benfica, os croatas do R.K. Nexe e os dinamarqueses do Skjern Handbold, que se sagraram vencedores. Mário confessa que a AAIF gostaria muito de organizar um Hortandebol também este ano, e está a trabalhar nesse sentido. No entanto, os custos financeiros são muito elevados – o Hortandebol 2010 custou 40 mil euros -, e a AAIF depende dos apoios das entidades públicas, que tendem a diminuir nesta altura de crise.
canoageM
fernando rodrigues e Hugo Parra vencem torneio de Carnaval g Realizou-se no dia 5 de Março o Torneio de Carnaval 2011 em canoagem. Depois da reestruturação da secção esta foi a primeira prova do ano e contou com a presença de 3 atletas seniores e um iniciado. Nos iniciados Fernando Rodrigues percorreu os 1500 metros em pouco mais de 14 minutos. Nos seniores Hugo Parra terminou os 1500 metros em 8’32’93. em segundo lugar ficou Fernando Brazão com um tempo de 9m29s. A atleta Renée Rodrigues não terminou a prova.
Desporto
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ii rali Do canal – aléM Mar Susana Garcia Foto: Carlos Pinheiro g O desporto motorizado está, definitivamente, a recuperar a sua força na ilha do Faial. Prova viva disso mesmo foi a realização da II Edição do Rali do Canal que trouxe até às estradas do Faial cerca de duas dezenas de pilotos. O II Rali do Canal-Além Mar foi para a estrada no sábado à tarde e arrastou consigo grande número de adeptos da modalidade que, apesar da muita chuva com algum granizo à mistura, se mantiveram firmes para assistir ao espectáculo. Esta prova contou uma vez mais com a presença do Campeão Regional de Ralis, Ricardo Moura. O ponto forte estava na super-especial dentro das ruas da cidade que manteve o figurino da primeira prova, e que, também à semelhança da anterior, atraiu muita gente, que se concentrou principalmente no Largo Duque D’Ávila e Bolama. Apesar do piso escorregadio devido às condições climatéricas, os pilotos puseram pé ao acelerador e fizeram o público vibrar. Muita emoção e entusiasmo fez-se sentir na plateia. A dupla João Borges/Sandro Sousa assegurou a liderança da prova desde o início, acabando na primeira posição da tabela. De salientar que este piloto tem revelado uma evolução significativa nesta modalidade.
joão Borges volta a vencer rali do Canal dupla de estreantes da 18 Competições, Tomás Duarte/Paulo Ramos, que levou o Toyota Yaris ao sétimo lugar da tabela geral de classificação. De salientar que este piloto surgiu da iniciativa Piloto 18 promovida pela 18 Competições. Tomás Duarte, com forte ligação aos desportos motorizados e alguma experiência nos veículos todo-o-terreno, conseguiu ainda o prémio de perícia. A Taça de Ralis Além Mar do Canal é composta por cinco provas a realizar nas ilhas do Faial e do Pico e surge de uma parceria entre o Clube Automóvel do Faial e o Pico Automóvel Clube. Esta primeira prova disputou-se com duas classificativas a serem utilizadas por três vezes, num total de quase 38 quilómetros.
Com uma experiência crescente, o verdadeiro gosto pelos ralis vê-se pelo esforço que tem feito para manter vivo o desporto motorizado no Faial e pela iniciativa de criar uma equipa, a 18 Competições. Destaque também para a dupla Paulo Nóbrega/Miguel Ângelo que ocupou a segunda posição do pódio, e para Marco Silva/Tânia Silva, que entraram no mundo
dos ralis há relativamente pouco tempo mas que revelam um bom andamento que os levou ao terceiro lugar da prova. Por sua vez, Nuno Oliveira, também já piloto conhecido da população faialense, estreou-se ao volante de um carro de tracção integral, um Mitsubushi Lancer EVO V, ajudado por Élio Medeiros, ex-co-piloto de João Borges. Oliveira disputou o tercei-
jornalistas aprendem mais sobre desporto equestre
anDebol – caMpeonato nacional
sporting da Horta vence xico andebol g Na noite da passada quarta-feira o Sporting Clube da Horta venceu o Xico Andebol, em Guimarães, com um expressivo resultado de 21-38, em jogo em atraso da 18.ª jornada. Os faialenses ocupam agora a sétima posição da tabela classificativa, com 42 pontos, os mesmos que o Águas Santas e o Sporting. No entanto, os leões têm menos um jogo disputado. O próximo embate dos pupilos de Filipe Duque é já este sábado,
texto e fotos
Susana Garcia g Como forma de promover e divulgar o crescimento do desporto equestre na ilha do Faial, decorreu na manhã do passado sábado, no Centro Hípico do Capelo, um workshop para jornalistas sobre a actividade equestre, que contou com a participação de cinco repórteres locais. O evento foi uma iniciativa da empresa municipal Hortaludus que teve como principal objectivo dar a conhecer à comunidade jornalística local aspectos importantes da cultura equestre, com principal incidência para os campeonatos, selecção dos atletas, selecção dos cavalos e sua classificação. Este workshop, contou ainda com a presença de alguns atletas praticantes da modalidade, bem como pessoas ligadas ao Centro Hípico e ao desporto equestre. Os intervenientes foram Brito Paes, juiz de concursos equestres, João Morais, presidente da Hortaludus, Paulo Castro, treinador do Centro Hípico e Souto Gonçalves, jornalista e adepto deste desporto, a quem coube o encerramento do workshop. Brito Paes começou por falar um pouco sobre a história do Cavalo Lusitano, desde a sua origem até à chegada à Península Ibérica, e a sua transformação até chegar a puro-sangue lusitano. Depois, falou um pouco
ro lugar, mas Marco Silva acabou por levar a melhor. No que diz respeito à dupla vice-campeã dos Açores em veículos sem homologação, Paulo Costa/ Pedro Capela, que integra a 18 Competições, estreou-se também ao volante de um Subaru Impreza 555. No entanto, não foi além da sexta posição. Em grande destaque esteve também a
ClASSIFICAçãO GerAl 1.º João Borges/ Sandro Sousa 2.º Paulo Nóbrega/Miguel Ângelo 3.º Marco Silva/Tânia Silva 4.º Nuno Oliveira/Élio Medeiros 5.º Hirondino Rosa/carla Silva 6.º Paulo costa/Pedro capela 7.º Tomás Duarte/Paulo Ramos 8.º Félio Leal/ Hélio Goulart 9.º Emanuel Silva/Luís Silva 10.º Vanderley Ferraz/carlos Oliveira
frente ao São Mamede, equipa que ocupa neste momento o nono lugar da tabela.
Voleibol - c regional seniores FeMininos da sua experiência enquanto juiz de concursos de cavalos puro-sangue lusitano, explicando como é feita a avaliação dos cavalos nos aspectos quantitativos e qualitativos da raça. Por seu turno, João Morais deu a conhecer a realidade equestre do Faial, nomeadamente a actividade do Centro Hípico, revelando que neste momento esta infra-estrutura tem cerca de 28 cavalos nos trinta estábulos que possuí, um número significativo para o seu funcionamento. O Centro Hípico do Capelo é o único dos Açores a dispor de uma classificação de três estrelas. Na ocasião, João Morais referiu ainda que a raça puro-sangue lusitano está de boa saúde na ilha, pois existem cerca de 90 exemplares, e seis
criadores. O presidente da Hortaludus abordou vários aspectos referentes à escolha do nome dos cavalos e do seu registo, e explicou as provas e campeonatos existentes na modalidade, bem como o processo de selecção e apuramento dos atletas para as competições. Presentemente a Associação Hípica Faialense realiza oito concursos qualificativos para apurar os atletas que depois vão disputar provas nacionais. Na sua intervenção, Paulo Castro, Monitor do Centro Hípico, falou um pouco da modalidade de Dressage nas diferentes disciplinas, no treino dos cavalos e na relação atleta/cavalo para um melhor desempenho nas provas.
CBsC fica pelo caminho g No passado fim-de-semana as atletas do Castelo Branco Sport Clube foram a Santa Maria disputar uma liguilha, com o Clube Desportivo Escolar local na luta pela presença na próxima fase do Campeonato Regional. As atletas faialenses estiveram perto de conseguir os seus objectivos, já que venceram um dos jogos por 3-1. No entanto perderam o outro jogo por 3-0, o que fez com que ficassem pelo caminho.
3.º FASe dO reGIONAl de INICIAdAS e de JUveNIS NA eSmA Joga-se este fim-de-semana, no com-
plexo desportivo Manuel de Arriaga, a 3.ª fase do Campeonato Regional de Iniciados Femininos. As atletas do Castelo Branco Sport Clube têm pela frente a Fonte do Bastardo e a Escola Preparatória dos Arrifes. Também este fim-de-semana joga-se na ESMA a terceira fase do Regional de Juvenis. Nesta competição o Faial está representado pelas atletas da Associação Desportiva e Cultural dos Bombeiros da Horta, que há duas semanas venceram o Ribeirense numa liguilha disputada no Pico. Agora, as atletas dos Bombeiros vão defrontar a Irmandade de Nossa Senhora do Livramento, da Terceira.
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Mar açoriano
a fome e a lixeira E
Tribuna das Ilhas
não se põem todos os ovos na mesma cesta
Genuíno madruga
m Abril de 2010 publicou o semanário TRIBUNA DAS ILHAS um artigo da minha autoria intitulado “A Pesca do Chicharro”, no qual alertava para o elevado número de licenças de pesca com redes de argola passadas para barcos da Ilha de São Miguel que fazem a pesca do chicharro. Passado um ano, o peixe continua ir para lixeira e os pescadores, que normalmente fazem esta pesca, a ganhar soldadas miseráveis!! Os Açores beneficiam-se de situação geográfica privilegiada relativamente a muitas outras paragens, pese embora o facto de, nos últimos anos, os invernos serem bastante rigorosos e, por consequência, os pescadores ficarem por longos períodos sem poder sair para o mar. Claro, quando o tempo permite, todos procuram pescar o máximo possível e então a oferta (no caso chicharro) é muito superior ao consumo. Descem substancialmente os preços na Lota e há mesmo peixe que não consegue ser vendido, tendo como destino a lixeira. Actualmente vivemos nos meandros de uma crise que uns poucos criaram e que muitos, a grande maioria, está pagando os respectivos custos. Algumas das entidades que praticam a caridade (Cáritas, Cozinha Economica, etc) quase já não conseguem dar resposta a tantas e tantas solicitações. Hoje não são só os que “tradicionalmente” eram considerados pobres, muitos mais vieram e engrossaram a fileira. Tambem não há profes-
m. Patrão Neves
P
sor que não conheça na respectiva escola casos de crianças com fome. Será que alguem entende que nestas nossas lindas Ilhas se passe fome?? E cada vez há mais fome!! Diga-se o que se disser mas “alimentar” de peixe a lixeira enquanto se passa fome é, no mínimo, um atentado à nossa dignidade!! As licenças para redes de cerco, os subsídios atribuídos para compra e apetrechamento das embarcações que operam com este tipo de aparelho, que à partida podia ser considerada uma boa medida de gestão, só não foi uma vez que tais licenças e subsídios foram dadas indiscriminadamente, mais uma vez não foi tido em conta (a existir) qualquer parecer científico ou estudo económico. Aliás, esta parece ser prática recorrente por parte dos responsáveis por tão importante sec-
tor da nossa economia – as Pescas. Veja-se o caso das licenças de pesca para demersais passadas pelas entidades regionais com competencia na matéria a embarcações que operam no Mar dos Açores com companhas exteriores à Região (Espanhóis, Peruanos e outros) e que continuam a delapidar o pouco que nos resta, contribuindo decididamente para mais faléncias dos pequenos armadores. Não é tornando os pescadores subsídio/dependentes, nem com medidas que estão contribuindo para faléncias que se dignifica tão importante e imprescíndivel profissão, que já viveu melhores dias por incrível que pareça. Algo está errado e só quem não quer não entende!! genuino@genuinomadruga.com 14/03/2011
pela sua saúDe
a sua escova de dentes está a proteger a sua saúde? Nalgumas circunstâncias é aconselhado mudar de escova de dentes com mais frequência:
eSCOvAr OS deNteS COrreCtAmeNte PrOteGe, tAmbém, A eSCOvA de deNteS
Se o seu sistema imunitário está perturbado ou fragilizado. Se a escova de dentes mostra sinais de desgaste (os pelos não estão mais direitos nem paralelos, por exemplo).
Para diminuir a quantidade de bactérias nas escovas de dentes, pode-se utilizar o elixir de boca antibacteriano antes de se começar a escovagem dos dentes, assim como lavar e escovar correctamente a boca e os dentes, pelo menos duas vezes por dia. Com efeito, existindo menos bactérias na boca, menos irão existir na escova de dentes após a escovagem… É lógico!
Quando está doente.
raul de Amaral marques*
À
primeira vista deve fazê-lo, porque as escovas de dentes são objectos importantes para a nossa saúde. Mas elas podem conter milhões de bactérias… seguem alguns conselhos para que elas vos sejam verdadeiramente úteis. 1.Mudar de escova de dentes com regularidade. 2.Arrumar correctamente a sua escova de dentes. 3.Escovar os dentes correctamente protege, também, a escova de dentes. 4.As bactérias e a nossa saúde buco-dentária.
mUdAr de eSCOvA COm reGUlArIdAde Aconselha-se tradicionalmente mudar de escova de dentes de três em três meses; mas, este intervalo de tempo é um máximo absoluto.
ArrUmAr COrreCtAmeNte A SUA eSCOvA de deNteS Passa cuidadosamente por água a sua escova depois de ter lavado os dentes. As escovas de dentes devem ser colocadas verticalmente, com a cabeça para o alto, e não dispostas horizontalmente sobre uma superfície, onde as bactérias se poderão multiplicar. Evitar, também, os estojos ou as capas protectoras da cabeça das escovas de dentes, porque facilitam a multiplicação de bactérias. A humidade é amiga dos germes, por isso é importante que a sua escova possa secar completamente entre duas escovagens. Na casa de banho deve afastar as escovas o mais possível da zona das águas, a fim de evitar salpicos, que impeçam que a secagem completa da cabeça da escova de dentes.
AS bACtérIAS e A NOSSA SAÚde bUCO-deNtÁrIA As bactérias jogam um papel duplo na nossa saúde buco-dentária. Elas são um inimigo porque a sua multiplicação excessiva leva ao desenvolvimento da placa dentária, às doenças das gengivas e a diversas infecções. Mas isto não nos deve tornar paranóicos em questão de limpeza e higiene bucal e dentária: é que a nossa boca está preparada para recolher numerosas bactérias quando nos alimentamos, e comporta numerosas defesas que as impedem normalmente de nos fazer muito mal. *Médico E-mail: amaralmarques@gmail.com Blog:https://amaral-marques@blogspot.com
ensei bastante sobre o título desta crónica e finalmente não me pareceu mal… Ele traduz a ideia de um pensamento redutor dominante, que investe apenas numa orientação, o que se revela profundamente prejudicial quando o tempo que vivemos exige visões da realidade a três dimensões: transversais, na diversidade de domínios considerados; holísticas, na amplitude da perspectiva adoptada; e projectadas no tempo, na capacidade de planeamento e previsão a longo prazo. Ora, o que eu pretendo é precisamente denunciar este modo de pensar redutor que, na acção técnica e política no plano das instituições europeias, se vai fixando num tema de cada vez e, em cada um, numa única questão importante. Se não vejamos... Nos últimos dias tem-se ouvido falar muito do ‘Programa Posei’. E foi o único tema destacado da audiência que solicitei ao Secretário Regional da Agricultura apesar de ter feito questão de sublinhar que a minha atenção está centrada, ao mesmo tempo nos três relatórios em que o Parlamento Europeu está a trabalhar: a Política Agrícola Comum rumo a 2020, o ‘Pacote do Leite’ e o ‘Programa Posei’. Com efeito, as pretensões da agricultura açoriana, considerada nas ditas três dimensões que apontei, terão de ser estratégica e simultaneamente introduzidas nestes três documentos. Foi nesta percepção que, nestes últimos meses organizei encontros alargados com diferentes protagonistas do sector agrícola sobre as três matérias em revisão, e não apenas sobre o Posei… Também, no debate específico sobre este programa se ouviu falar muito do seu orçamento futuro e da necessidade de o aumentar. E foi o único tema destacado da reunião que organizei com sectores beneficiários do Posei e o eurodeputado responsável por este relatório que convidei para vir aos Açores, apesar de então ter feito questão de afirmar que importa não descurar os termos do regulamento que estão em discussão e que podemos tentar moldar à medida das nossas necessidades. A Comissão proclama que o Regulamento do Posei só está aberto para acolher as devidas adaptações ao Tratado de Lisboa, um limite artificial que importa ultrapassar, e a nível regional insiste-se no orçamento que nem está neste momento aberto ao debate. Nem podemos aceitar a posição da Comissão no seu desejo de revisão minimalista, nem a regional apostando só na reivindicação de aumento de orçamento. Dir-me-ão a frase batida que é para ganhar “capital político”, para, conseguindo menos, conseguir algo… Sim, estou de acordo se, ao mesmo tempo, não deixarmos de prevenir quem depende deste programa que o orçamento não deverá subir e já não seria mau se se mantivesse. Mas não posso aceitar que se reduza o Posei à questão orçamental, não só porque há outras vertentes do programa em que podemos intervir com benefício para os Açores mas, sobretudo, porque nas actuais circunstâncias, tal equivaleria à opção por um discurso populista e demagógico, que satisfaz quem ouve mas se sabe inverosímil, e desembocaria numa indesculpável desresponsabilização, uma vez que a previsível ausência de reforço orçamental constituiria a desculpa para a falta de melhoramento do Posei, que está hoje ao nosso alcance. Centremo-nos, pois, no que diz respeito ao orçamento: em não desperdiçar fundos como aconteceu com os 23 milhões de euros perdidos entre 2007 e 2009; em criar medidas adequadas para absorver os fundos, em vez de se terem de fechar mais tarde como agora acontece por se provarem desinteressantes; e, no que se refere ao Posei em geral, em constituir um lóbi com o sector, governo regional e nacional e os dois eurodeputados para potencializar as nossas pretensões junto da Comissão! 4.03.2011
Tribuna das Ilhas
publiciDaDe
associação Humanitária de Bombeiros voluntários do faial *Fundada a 16 de Maio de 1912* Instituição de Utilidade Pública (nos termos de D.I. n.º460/77) Federada na Liga dos Bombeiros Portugueses *Cavaleiro da Ordem de Benemerência* Medalha de Ouro duas estrelas da Liga dos Bombeiros Portugueses
ConvoCatória Ao abrigo do artigo 20º dos Estatutos da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários do Faial, convocam-se os sócios para uma Reunião Ordinária da Assembleia Geral, a realizar no dia 21 de Março de 2011, pelas 19H30, com a seguinte Ordem de Trabalhos: 1 - Conta de Gerência e Relatório de Gestão de 2010; 2 - Outros assuntos de interesse para a Associação. Se à hora marcada não se encontrarem presentes a maioria dos sócios com direito a voto, a mesma funcionará meia hora mais tarde, com qualquer número de sócios, de acordo com o estabelecido no ponto único do artigo 20.º dos respectivos estatutos. Horta, 01 de Março de 2011 O Presidente da Assembleia Geral; jorge Manuel freitas vieira
grémio litErário artista FaialEnsE * O Carnaval foi um sucesso... * Matiné repleta de crianças e familiares onde foi servido um delicioso lanche para todos...
actividadEs Futuras - qUINtAS-FeIrAS Aprenda a dançar chamarritas a partir das 20H00 - tOdAS AS SeXtAS-FeIrAS Noite dos petiscos com bAIle, KArAOKe e surpresas Animação com Marco e Saraiva - SÁbAdO dIA 19 de mArçO Noite de chamarrita a partir das 21H00 - SÁbAdO dIA 26 de mArçO Jantar de homenagem aos sócios mais antigos (inscrições 961 630 988 ou pelo telefone 292 700 309)
Todas as semanas surpresas
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reGião autónoMa dos açores
santa Casa da MiseriCórdia da Horta Telefone 292 207 500 Telefax 292 207 515
Cont. 512 009 597 9900-033 Horta Açores
ConvoCatória De harmonia com a alínea b) do nº. 2 do Artigo 24º. dos Estatutos, convoco a Assembleia Geral desta Instituição a reunir-se em sessão ordinária, na sede da Santa Casa da Misericórdia da Horta Lar de S. Francisco, no próximo dia 29 do corrente mês, pelas 16 horas, com a seguinte ordem de trabalhos: 1 – Apreciação e votação do Relatório e Contas de Gerência do ano de 2010, bem como do parecer do Conselho Fiscal; 2- Autorização para vender os seguintes prédios rústicos: - Prédio rústico, sito no Moledo, freguesia dos Cedros, inscrito na matriz predial sob o artigo número 5588; - ½ do prédio rústico, sito no Pesqueiro, freguesia dos Cedros, inscrito na matriz predial sob o artigo número 6299; - Prédio rústico, sito no Cascalho, freguesia dos Cedros, inscrito na matriz predial sob o artigo número 7001; - Prédio rústico, sito na Canadinha de Cima, freguesia dos Cedros, inscrito na matriz predial sob o artigo número 7184; - 7/17 do prédio rústico, sito na Canadinha de Cima, freguesia dos Cedros, inscrito na matriz predial sob o número 7185; - Prédio rústico, sito no Feital, freguesia dos Cedros, inscrito na matriz predial sob o artigo número 7551; - Prédio rústico, sito no Feital, freguesia dos Cedros, inscrito na matriz predial sob o artigo número 7590; - Prédio rústico, sito na Ribeira Joana Pires ao Leste, freguesia dos Cedros, inscrito na matriz predial sob o artigo número 10941; - 1/8 do prédio rústico, sito na Terra Larga, freguesia dos Cedros, inscrito na matriz predial sob o artigo número 11303; - Prédio rústico, sito Abaixo da Igreja, Oussada, freguesia do Capelo, inscrito na matriz predial sob o artigo número 1069; - Prédio rústico, sito Abaixo da Igreja, Oussada, freguesia do Capelo, inscrito na matriz predial sob o artigo número 1070; - Prédio rústico, sito na Confraria Abaixo do Caminho, freguesia do Capelo, inscrito na matriz predial sob o artigo número 1280; - Prédio rústico, sito no Cimo São Pedro, freguesia da Feteira, inscrito na matriz predial sob o artigo número 1966; - 2/5 do prédio rústico, sito no sítio da Pinheira, freguesia do Salão, inscrito na matriz predial sob o artigo número 3691; - Prédio rústico, sito no Sítio das Largas, freguesia de Praia do Almoxarife, inscrito na matriz predial sob o artigo número 277. 3 – Autorização para vender os seguintes prédios urbanos: - Prédio urbano, sito à Rua Conde Ávila, n.º 7, freguesia das Angústias, inscrito na matriz predial sob o artigo número 287; - Prédio urbano, sito à Rua da Igreja, n.º 57, freguesia de Pedro Miguel, inscrito na matriz predial sob o artigo número 625; - ½ do prédio urbano, sito à Rua de S. João, n.º 64, freguesia da Matriz, inscrito na matriz predial sob o artigo número 1721. 4 - Outros assuntos que eventualmente se tornem oportunos e que legalmente possam ser discutidos. Conforme o disposto no n.º 1 do Artigo 26.º dos Estatutos, a Assembleia Geral reunirá à hora marcada se estiver presente mais de metade dos irmãos com direito a voto, ou a uma hora depois, com qualquer número de presentes. Horta, 11 de Março de 2011
A Direcção
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O Presidente da Mesa da Assembleia Geral, alberto romão Madruga da Costa
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Tribuna das Ilhas
Florentino que se Distinguiu
fernando Gonçalves (1933-2006)
emigrante de sucesso como empresário no Canadá José Armas trigueiro
T
ambém conhecido por Fernando Gonçalves Capitão, nasceu na freguesia da Fazenda, concelho de Lajes das Flores, em 18 de Fevereiro 1933, filho de Maria do Rosário Gonçalves. No ano de 1943 concluiu a instrução primária com excelente aproveitamento, tendo tido como professores, para além da fazendense Isaura Gomes Vasconcelos, o regente escolar Francisco Ermelindo Machado Ávila, natural das Lajes do Pico. Trabalhando duramente na lavoura dos tios e da mãe, aí se manteve até ir cumprir o serviço militar, na Bateria de Costa da Horta, entre 1954 e 1955. Regressando às Flores, voltou para os mesmos trabalhos rurais da família. Depois de adequado namoro, casou em 1957 com Maria Salvador Viveiros, natural de Santa Cruz das Flores, onde nasceu em 2 de Outubro de 1933, também residente na freguesia da Fazenda, visto os pais terem fixado aí residência, já que eram naturais da vila de Santa Cruz. Estes, que tinham uma extensa família, viviam muito pobremente do trabalho do pai, que era essencialmente caiador. Em 1959 o casal emigrou para o Canadá, rumando para Vancouver, onde ela já tinha alguns irmãos, nomeadamente o José Viveiros. Fixou residência em Richmond City, localidade muito próxima daquela cidade do Pacífico. Do casal nasceram os filhos Fernanda V. Gonçalves, nascida a 27 de Abril de 1963, Cristina V. Gonçalves, nascida a 25 de Dezembro de 1964, José V. Gonçalves, nascido a 27 de Abril de 1967, e Roy V. Gonçalves, nascido a 2 de Junho de 1973. Destes, a filha mais velha, que domina
muito bem a língua portuguesa, é a que revela maior interesse pela ilha das Flores, onde passa algumas das suas férias. O seu primeiro trabalho no Canadá foi num “rancho” de vacas leiteiras, cujo patrão, como tinha vivido no Brasil, conhecia a língua portuguesa e cedo se apercebeu das excelentes qualidades do Fernando Gonçalves como homem inteligente, honesto e trabalhador. Assim, quando surgiu próximo à venda um terreno com cerca de 40 alqueires de terra, esse seu patrão insistiu com ele para o comprar a fim de nele estabelecer o seu primeiro negócio. Para o efeito emprestou-lhe o dinheiro necessário para essa compra, a juros acessíveis. Feita essa aquisição, e embora mantendo o emprego, Fernando, juntamente com a mulher, antes e depois das horas de serviço, trabalhava os seus terrenos. Neles produziam batatas e hortaliças que, com grande sacrifício, vendia pelas portas, essencialmente a emigrantes portugueses. Todos esses serviços, embora com características semelhantes àqueles que ele fazia nas Flores, garantiram-lhe uma grande aprendizagem nos negócios do Canadá. A honestidade foi sempre a sua grande “arma”. Mais tarde, como o patrão quis acabar com a sua empresa, tomou-lhe de renda 400 alqueires de terra, mesmo junto dos seus terrenos, formando a sua própria empresa – a “Fernandos Farms Company”. O casal trabalhava diariamente das 4:00 horas da madrugada até às 22:00 horas, produzindo, praticamente, todo o tipo de hortaliças. Para além da ajuda preciosa da mulher, tinha vários homens a trabalhar na empresa, havendo períodos em que lá trabalhavam mais de 50 homens, sobretudo no Verão, por ocasião da recolha dos produtos. O Fernando produzia, deste modo, grande variedade e quantidade de horticultura, enquanto que a esposa, Maria Viveiros, que era o seu braço direito dirigia, com cerca de 8 homens, as respectivas vendas. Essas ven-
das eram essencialmente feitas a fábricas, para onde iam camiões e camiões de produtos, como matérias-primas, nomeadamente pepinos, batatas e outras variedades de hortaliças e legumes. Em estabelecimento da empresa eram feitas vendas permanentes a consumidores e a outros estabelecimentos de retalho de todo o tipo de hortaliças e legumes nela produzidos. A sua empresa tinha advogados e escritórios de contabilidade contratados para as suas necessidades legais. Consta que chegou a ter anos em que o volume de negócios ultrapassava um milhão de dólares, dimensão pouco frequente no domínio de um emigrante, cuja escolaridade era apenas a 4.ª classe do Ensino Primário, embora desfrutando de uma privilegiada inteligência e de uma grande experiência de vida. O domínio da língua inglesa, que de início estudara com dedicação, era o necessário para dirigir com eficiência os seus negócios. Depois de tantos anos de trabalho árduo, quer dele, quer da mulher, Fernando Gonçalves foi acometido de doença grave e fatal, um cancro nos pulmões, que o vitimou em escassos meses, vindo a falecer a 25 de Abril de 2006. Assim, quando faleceu era um dos emigrantes portugueses mais ricos e mais realizado que existia na província de Bristish Columbia, Canadá. Deste modo, depois de cerca de 40 anos de actividade, a “Fernandos Farms Company”, fechou nesse ano de 2006, em virtude de nenhum dos filhos ter tido a coragem de a manter, apesar da muita instrução que possuem, se comparada com a dos pais. Voltando aos anos da sua juventude, recordámo-nos que Fernando Gonçalves jogou futebol no Grupo Desportivo Fazendense, onde só as botas o incomodavam, em virtude de não estar habituado a andar calçado. Como acontecia com a grande maioria dos florentinos desse tempo, andava descalço e, antes de emigrar, salvo algumas excepções, os sapatos só terão ido
aos seus pés em dias de festa ou para cumprir o serviço militar. Por ter jogado futebol no Fazendense, quando vinha cá de visita chegou a acompanhar as “velhas-guardas” da equipa e dos dirigentes em alguns dos seus jantares de confraternização que realizávamos nas Flores, onde eu entrava, geralmente, como organizador. Durante a sua vida não terá viajado muito, essencialmente por falta de tempo, mas veio às Flores com a esposa, por várias vezes, onde na freguesia da Fazenda vinha visitar a irmã, Zulmira Gonçalves e os amigos. Aí tinha casa de habitação, adquirida aos herdeiros de Luís José Armas Gomes, conhecido por Luís d’Avô, casa essa que mantinha conservada para nela viver quando viesse a férias. Essa habitação fica na
Rua Padre Francisco Cristiano Korth, precisamente ao lado da casa onde a mulher viveu a sua juventude. Trata-se de um património que as filhas desejam manter para o mesmo fim. De feitio introvertido e sério, a sua honestidade e o seu trabalho intenso, comuns à esposa, foram a base essencial de todo o seu sucesso, nos arredores da cidade de Vancouver, onde o visitei em 1984. Embora sentindo orgulho pelo êxito obtido como emigrante, era humilde e prestável para com todos os que dele careciam. BIBL: currículo remetido pelo cunhado do biografado, Francisco Armas Trigueiro, elaborado em 29-11-2006, que arquivo nos meus documentos; Trigueiro, José Arlindo Armas Trigueiro, “Fazenda das Flores – Um Século de Sucesso 1900-2000”, (2008), pp. 354356), ed. da Junta de Freguesia da Fazenda.
Geração de vencedores M
berto messias
uito se tem dito sobre a precariedade do emprego jovem no nosso país. São muitos os epítetos de geração rasca, à rasca ou geração parva. Epítetos que não correspondem à verdade e que tem sido aproveitados, em muitos casos, de forma demagógica e até perversa. Portugal cometeu um erro histórico nas últimas décadas. Um erro histórico de subaproveitamento de uma geração que, por regra, será a mais imaginativa e empreendedora de um país. Um erro histórico sem paralelo por se cortar as perspectivas de futuro de uma geração, que começa a achar que apostar na sua qualificação superior é tempo perdido face às
oportunidades que têm após terminarem as suas licenciaturas. Estas constatações não derivam da política de um governo específico, mas sim de um país formatado para proteger patrões e grandes grupos, em detrimento de uma geração inteira de Portugal. Um país que está muito preocupado com as regras dos “mercados”, obcecado com os problemas do défice, inebriado por condicionalismos sem rosto como os especuladores, mas que acha que ganhar 600 euros já é melhor do que não ganhar nada. Um país que julgava que o mais importante é construir infra-estruturas em detrimento de apostar e investir nas pessoas. Mas estamos perfeitamente a tempo de emendar este erro histórico. O primeiro passo terá de caber
aos próprios jovens. Têm, em primeiro lugar, de renegar à ideia que começa a vingar de que não é preciso apostar na qualificação porque o país nunca lhes reconhecerá este esforço. O objectivo terá de ser sempre o inverso. Num mundo difícil e cada vez mais competitivo, só a formação será a garantia de sucesso profissional e pessoal. Cabe aos jovens não darem argumentos para que os “mercados”, esta identidade sem rosto, aproveitem qualquer fragilidade para impor as suas regras cegas e prejudiciais. Será justo referir, neste âmbito, que os jovens açorianos têm hoje melhores perspectivas de futuro que os jovens continentais. Apesar dos constrangimentos da nossa localização e das nossas especificidades, as
oportunidades formativas e de empregabilidade são maiores e melhores nos Açores. Por exemplo, no período de vigência do Plano Regional de Emprego 1998-2010 houve um aumento de 55% do número de jovens (25 a 34 anos) a trabalhar, passando de 21.558 para 33.343 e um aumento de 61% de mulheres jovens (25 a 34 anos) a trabalhar passando de 8.558 a 13.774. Naturalmente que é preciso ir mais longe. É preciso garantir mais e melhores respostas, mas temos conseguido avanços consideráveis na área do emprego jovem. Nesta área não podemos descansar um segundo. As pessoas, em particular os jovens, são o nosso recurso mais valioso. Facilitar e promover mais e
melhores postos de trabalho, criar instrumentos de manutenção de emprego, combater a precariedade laboral e incidir junto dos mais jovens, através de planos de transição para a vida activa, implementando uma estratégia de formação profissional consequente e condicente com as necessidades do tecido empresarial regional e garantir que estão criadas as condições para acolher o regresso dos milhares de jovens açorianos que estão hoje no exterior da Região a qualificar-se e que querem voltar para os Açores têm de ser pressupostos centrais da estratégia definida na área do emprego nos Açores. Apesar dos epítetos negativistas, acredito que os jovens de hoje são, verdadeiramente, uma Geração de Vencedores.
inForMação
Tribuna das Ilhas
AGeNdA
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Até 30 de AbrIl de 2011 Exposição - Evolução - Resposta a um Planeta em Mudança centro de Interpretação do Vulcão dos capelinhos. Organização do Governo dos Açores e Junta e Freguesia do capelo Até 20 de mArçO de 11 PAdC - SemANA dA FreGUeSIA dOS FlAmeNGOS HOJe 20h30 -Actividades culturais - Filarmónica Nova Artista Flamenguense - Grupo de Idosos da casa do Povo dos Flamengos - Peça de Teatro pelo grupo da catequese - Grupo Folclórico dos Flamengos (chamarritas) AmANHã 14h30 - Tarde Infantil; Gincanas de Bicicleta; Jogos Tradicionais; Tracção à corda, etc. dOmINGO 11h00 -Torneio de veteranos 13h00 - Encerramento com almoço para todos os convidados e entrega de prémios Organização da Junta de Freguesia dos Flamengos e câmara Municipal da Horta Até 27 de mArçO de 2011 PAdC - SemANA dA FreGUeSIA dA PrAIA dO AlmOXArIFe HOJe 20h30 - Orientação Nocturna (concentração na Junta de Freguesia) AmANHã 15h00 - Torneio de Matraquilhos (café Medeiros) 19h00 - Torneio de Bilro (Atafona do calço) dIA 21 de mArçO - SeGUNdA-FeIrA 19h00 - Torneio Tiro com carabina de Pressão de Ar – Prova Aberta (São Lourenço) 19h30 - Torneio de Setas (São Lourenço) 20h00 -Torneio de Damas (Junta Freguesia) dIA 22 de mArçO - terçA-FeIrA 20h00 - Finais do Torneio de Dominó (Sociedade Filarmónica) dIA 23 de mArçO – qUArtA-FeIrA 19h30 - Final Torneio de Badminton (Sociedade Filarmónica) dIA 24 de mArçO – qUINtA-FeIrA 19h30 - Torneio de Ténis de Mesa (Sociedade Filarmónica) 20h00 - Finais do Torneio Sueca (Sociedade Filarmónica) Organização da J. F. da Praia do Almoxarife e cMH deSPOrtO AmANHã 10h00 – canoagem - controle de Água/ Força Regional na Baía da Horta. Organização do clube Naval da Horta 20h00 às 24h00 - 3.ª Prova de Pesca de costa Pesca Desportiva na Marina da Horta. Organização do clube Naval da Horta dOmINGO 15h00 - Troféu Páscoa - Mini Veleiros - Baía da Horta. Organização do clube Naval da Horta dIA 23 de mArçO – qUArtA-FeIrA 21h00 - Andebol - SP. c. Horta - A. A. Águas Santas no Pavilhão Desportivo da Horta. Organização da Federação de Andebol de Portugal
dIreCtOr: cristiano Bem edItOr: Fernando Melo CHeFe de redACçãO: Maria José Silva redACçãO: Susana Garcia e Marla Pinheiro FOtOGrAFIA: carlos Pinheiro
COlAbOrAdOreS PermANeNteS:Costa Pereira, Fernando Faria, Frederico Cardigos, José trigueiros, mário Frayão, Armando Amaral, victor dores, Alzira Silva, Paulo Oliveira, ruben Simas, Fernando Guerra, raul marques, Genuíno madruga, berto messias COlAbOrAdOreS eveNtUAIS: machado Oliveira, Francisco César, Cláudio Almeida, Paulo mendes, zuraida Soares, Gonçalo Forjaz, roberto Faria, Santos madruga, lucas da Silva
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ConvoCatória De acordo com o artigo n.º32 dos estatutos da Casa do Povo dos Flamengos, convocam-se os sócios desta Casa do Povo, para a sessão Ordinária da Assembleia Geral que se realizará pelas 19:00 horas do dia 28 do mês de Março, na sede desta Casa do Povo, sita à Rua Nova Artista Flamenguense, freguesia dos Flamengos, com a seguinte ordem de trabalhos: 1. Apreciação e votação do relatório e contas e do relatório de actividades de 2010; 2. Proposta de alteração do orçamento de 2011; 3 . Outros assuntos que eventualmente se tornem oportunos e que legalmente possam ser discutidos. Não comparecendo à hora marcada a maioria dos sócios, a sessão funcionará uma hora depois com o número de sócios presentes. Flamengos, 15 de Março de 2011 O Presidente da Assembleia-geral josé alberto tavares
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18 de mArçO de 2O11
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conhecer o cancro
CanCro nos açores: a guerra dos números Gonçalo Forjaz*
E
spera-se que dados produzidos por um registo oncológico de base populacional traduzam a real incidência da doença na respectiva população abrangida pelo registo. A esta medida dá-se o nome de “exaustividade”. Isto é importante, pois significa que “casos registados” aproximar-se-ão tanto mais da totalidade dos “casos diagnosticados” quanto maior for o grau de exaustividade. Contudo, surge a questão: poderão os “casos registados” ser em número superior aos “casos diagnosticados”? Sim, podem. Mas, nesta situação, significa que existem casos duplicados que não estão a ser devidamente identificados e que estão ambos a ser registados, apesar de corresponderem a um só caso. O grau de exaustividade e a capacidade de
identificação de duplicados constituem alguns dos pilares fundamentais num registo oncológico, dado que, do seu apuramento, depende a qualidade da informação posteriormente publicada. Vem isto a propósito dos dados recentemente divulgados pelo Centro de Oncologia dos Açores, instituição do Serviço Regional de Saúde que detém a responsabilidade do Registo Oncológico de toda a Região, relativos à incidência do cancro nos Açores no período 1997-2006. Os mais curiosos e interessados nestes dados (disponíveis em www.azores.gov.pt – Governo Regional – Secretaria Regional da Saúde – Centro de Oncologia dos Açores) poderão perguntar: porquê separar os sexos? É uma boa pergunta e as respostas são várias. Em primeiro lugar temos, obviamente, cancros que são específicos de cada género, como os do corpo do útero (196 novos casos) e ovário (133 novos casos), e os da próstata (978 novos casos) e testículo (28 novos casos). Em segundo temos cancros que, mesmo não sendo específicos, incidem essencialmente num dos sexos, como o can-
cro da mama (999 novos casos na mulher e 10 no homem). Em terceiro temos, de alguma forma, cancros cuja causa passa necessariamente pela presença e acção de determinados agentes biológicos, como é o caso do HPV (sigla do inglês “Human Papillomavirus”) no desenvolvimento do cancro do colo do útero (164 novos casos). Por último temos cancros que estão fortemente relacionados com determinados hábitos, como o consumo de tabaco, que continuam a ser mais prevalentes no sexo masculino do que no feminino. Neste último exemplo temos os cancros do pulmão (984 novos casos no homem e 118 na mulher), da bexiga (302 novos casos no homem e 63 na mulher), da laringe (239 novos casos no homem e 7 na mulher) e do conjunto da cavidade oral, incluindo lábio e faringe (427 novos casos no homem e 63 na mulher). É sobretudo devido a este último ponto que se verifica uma diferença de incidência do cancro no homem relativamente à mulher, dado que, no total dos cancros (incluindo muitos outros que não foram acima mencionados), foram registados 5018
Luís Guilherme Ferreira da Silveira ajuDas técnicas e equipaMentos rua tenente aragão, 10 Matriz - horta tel. n.º 292 391 025 - Fax n.º292 391 030
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e 3447 novos casos no período 1997-2006, respectivamente. Esta informação é respeitante a um período de 10 anos, relativamente extenso numa lógica de divulgação estatística, mas claramente insuficiente do ponto de vista da etiopatogenia da doença (etio – causa ou origem; patogenia – mecanismo de desenvolvimento). Aliás, num espaço de 5-10 anos, ou até mais, se considerarmos, por exemplo, cancros como o da próstata, muito difícil e raramente se observa um aumento da incidência do cancro numa população associado a um real acréscimo do risco. Se é verdade que isso pode ocorrer – pense-se por exemplo nos sobreviventes dos desastres nucleares ou das bombas atómicas no Japão, que, de uma só vez, ficaram expostos a doses maciças de radiação ionizante, por si só cancerígena – o certo é que na maioria dos casos o aumento da incidência não é mais do que expressão de uma melhor capacidade de diagnóstico e identificação da doença. Também hoje, estamos muito mais alertados, sensibilizados e informados do que
alguma vez estivemos, sendo de esperar que este fenómeno aumente e não diminua. Ou seja, não é só por causa da introdução de mais exames complementares de diagnóstico que mais cancros são detectados; é também por causa do vizinho da frente que nos aconselha a medir os níveis de PSA no sangue (sigla do inglês “Prostate Specific Antigen”), da colega de trabalho que nos conta que foi convocada para o rastreio de cancro da mama, ou do irmão mais velho que nos convence a fazer um check-up geral. Tudo isto, associado a dois fenómenos incontornáveis, o da maior longevidade (no Japão já ultrapassa os 80 anos, em Portugal estamos nos 78) e o do aumento populacional (seremos cerca de 8.3 biliões em 2030), deverá constituir a principal causa para o acréscimo do número de casos de cancro registados em anos mais recentes do período 1997-2006 (os dados ano a ano também estão disponíveis em www.azores.gov.pt), bem como nos próximos anos. Estas são as interpretações possíveis. Outras poderão ser feitas, mas carecem, presentemente, de qualquer fundamento.