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ANdeBOl

SCH defrONtA BeleNeNSeS PÁGINA 11

Tribuna das Ilhas

dIreCtOr: MANuel CrIStIANO BeM 4 NÚMerO: 465

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Sai àS SextaS-feiraS

1 euro

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Fernando Faria retAlHOS dA NOSSA HIStórIA

O deSeNvOlvIMeNtO dOS AçOreS PASSA PelA SuA AutO

NãO Se eNteNde A deSArtICulAçãO eNtre trANSPOrteS SuSteNtABIlIdAde AéreOS e MArítIMOS AlIMeNtAr NO trIâNGulO

No Centenário da república Portuguesa (31) 36. Governador José Malheiro Cardoso da Silva PÁGINA 14

FrederiCo CardigoS

O estranho Caso do duplo Prémio da Qualidade Costeira dos Açores PÁGINA 14

gonçalo ForJaz

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CONHeCer O CANCrO

Cancro da Próstata: a era pós-PSA PÁGINA 1O

Jorge CoSta Pereira

termas do varadouro esquecidas PÁGINA 14

Kitty Bale

Feira da Saúde no Faial

A logística do medo PÁGINA 1O

Paulo oliveira

Aeroporto da Horta PÁGINA 12

SantoS Madruga

A nossa Avenida – 3

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ASSEMBLEIA MUNICIPAL

Criação de nova taxa para o controlo da qualidade da água causa contestação

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Site da autarquia renovado para ficar mais próximo dos munícipes g O portal do município foi reformulado, com a introdução de novas funcionalidades, que visam estreitar a relação entre a autarquia e os munícipes, facilitando a vida a estes últimos. O novo site deverá estar disponível a partir de 13 de Maio. PÁGINA O3


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EM DESTAqUE

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EDIToRIAL

MeteOrOlOgia g o tema da meteorologia e a divulgação das respectivas previsões já passou por esta coluna e até pelas notas da secção “desce” deste semanário. e embora pareça que se trata de um assunto de menor importância, a verdade é que ele faz parte do dia a dia dos cidadãos. Para os açorianos que vivem em Portugal continental e para os que, por razões da sua vida profissional ou familiar, se deslocam, por curtos períodos, às terras do nosso rectângulo europeu, saber o estado do tempo no arquipélago tem um interesse que é fácil de compreender e de reconhecer. e isso comprova-se, por exemplo, nos encontros casuais de rua ou de convívio entre gentes dos açores em qualquer parte do continente, porquanto, pelo meio das conversas, ressalta a referência ao sol, ao vento ou à chuva que marcaram a região. Porém, a abordagem desta questão da meteorologia, no sentido em que aqui a queremos tratar – já em repetição, note-se – nada tem a ver com os respectivos Serviços, cuja função é simplesmente a de elaborar, em bases seguras, a previsão das condições atmosféricas aguardadas nos dias seguintes, para ser levada ao conhecimento público e especificamente aos operadores dos transportes marítimos e aéreos. e aí é que surge uma acção de sinal negativo ao nível dos órgãos de comunicação social – rádio e televisão, principalmente – aos quais compete a missão de levar, de imediato, essa informação às populações do país inteiro. ora, enquanto os canais televisivos privados apresentam com todo o pormenor os elementos da previsão para todas as cidades do rectângulo, quanto aos açores apenas referem a situação de Santa Cruz das Flores, angra e Ponta delgada, sabendo-se que as variações são mais acentuadas numa zona oceânica, com maiores distâncias entre as parcelas regionais. ainda por cima, soube-se há algum tempo atrás, que a SiC e a tvi, por pressão de um conhecido “lobby” regional, retirou do seu esquema a informação sobre a Horta para incluir a de angra do Heroísmo – numa atitude deveras reprovável. Melhor é o critério dos canais da rtP que têm mantido os 4 pontos de referência meteorológica (Santa Cruz, Horta, angra e Ponta delgada) os quais poderiam até ser alargados a mais duas ou três ilhas, com dados locais, na linha de uma informação mais próxima da realidade. todavia, o caso pior é o da antena 1 da rdP que, logo na emissão da manhã, depois de dar uma informação meteorológica detalhada, com temperaturas previstas desde viana do Castelo a Faro, limita-se a comunicar os valores do calor ou do frio só para Ponta delgada. enfim, se no caso dos operadores de comunicação privados falta apenas o espírito de prestar um bom serviço, quanto ao serviço público como é o da rdP antena 1, a solução seria a recusa colectiva do pagamento da taxa pelos açorianos.

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DIAS 14 E 15 DE MAIo

faial recebe primeira feira da Saúde MArIA JOSé SIlçvA

Marla Pinheiro g O aumento generalizado dos problemas de saúde associados a estilos de vida pouco adequados, como o ritmo de vida acelerado, a má alimentação ou o sedentarismo, despertou na Junta de Freguesia da Matriz e na Delegação do Faial da Cruz Vermelha Portuguesa a ideia de realizar a primeira Feira da Saúde no Faial. O evento, que decorre nos dias 14 e 15 de Maio, na Sala Polivalente da Biblioteca Pública da Horta, foi apresentado na passada terçafeira. De acordo com o presidente da Junta de Freguesia da Matriz, a ideia é “reunir num único espaço a oferta e a procura na área da saúde e bem-estar, divulgando e promovendo o conhecimento nesta área e alargando a oportunidade de escolha do público que visite esta feira”. Para Laurénio Tavares, “as autarquias devem ter a preocupação e intervenção na criação de condições para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos”, daí a associação à Cruz Vermelha para esta iniciativa. Para fazer face a estes objectivos, os organizadores juntaram uma série de empresas ligadas à comercialização de produtos e serviços da área da saúde e bem-estar, e ainda várias outras institui-

feIrA dA SAÚde laurénio tavares e regina Santos apresentaram o evento

ções do concelho. Entre outras coisas, vai ser possível a quem visitar a feira fazer uma série de testes e rastreios, para ficar a saber melhor como vai a sua saúde, como explicou a presidente da Comissão Administrativa da Delegação do Faial da Cruz Vermelha, Regina Santos: “a Cruz Vermelha vai realizar rastreios que passam por testes ao colesterol, glicemia, triglicerídeos,

medição da tensão arterial, índice de massa corporal”, entre outros. A estes juntar-se-ão testes auditivos e ópticos, bem como aconselhamento nutricional, sendo que todos os rastreios serão gratuitos. A Feira da Saúde arranca na sextafeira, dia 13, com uma sessão de abertura no auditório da Biblioteca Pública, onde serão proferidas palestras subordi-

nadas a esta temática. De acordo com a organização, Carla Gomes, da empresa Oceanoscópio, e César Gonçalves, nutricionista do Centro de Saúde da Horta, são os palestrantes esperados. A primeira Feira da Saúde do Faial realiza-se em Maio, mês dedicado ao coração e também em que se comemora o Dia Mundial da Cruz Vermelha, assinalado este domingo, dia 8.

DE 16 A 20 DE MAIo Maria José Silva g O Centro de Desenvolvimento e Inclusão Juvenil (CDIJ), valência da Associação de Pais e Amigos dos Deficientes da Ilha do Faial (APADIF), vai organizar uma Semana da Saúde, de 16 a 20 de Maio de 2011, na Sociedade Amor da Pátria. Com o tema: "Semana da Saúde Activa-te", este evento tem como objectivo principal, e com uma série de actividades relacionadas com a área da saúde, sensibilizar a comunidade escolar e a população em geral para a importância de cada um de adoptar hábitos de vida saudáveis. De acordo com informação remetida às redacções, este pro-

[SoBe]

Saúde para todos jecto pretende sensibilizar a comunidade para a importância da prática de hábitos de vida saudáveis. As temáticas abordadas serão a alimentação saudável, os cuidados de higiene oral, o tabagismo e as suas consequências, doenças sexualmente transmissíveis, prevenção nas dependências, primeiros socorros, envelhecimento activo e saudável e actividade física. Assim serão implementadas diversas intervenções desde rastreios, palestras, actividades de carácter lúdico pedagógico, actividades desportivas e exposições de trabalhos.

&

[deSCe]

e O teAtrO?

fAltAM ArrANJOS

g numa nota desta secção da nossa edição anterior, pusemos

g o que sempre nos encantou na ilha da Madeira, foram os arranjos que aquelas populações, mesmo ao longo dos povoados rurais, davam aos muros das habitações – arranjos à base de plantas trepadeiras e com períodos de floração mais prolongados. Por cá, ainda é frequente verem-se pelas estradas das nossas freguesias, velhos muros e ruínas de casas a descoberto, que dão uma triste imagem do nosso “mundo rural”, às vezes ao lado de novas e bem cuidadas construções. era bom que, como os madeirenses, tivessemos gosto por estes arranjos. esta e outras ilhas teriam uma imagem mais positiva.

em destaque a música que se fez na cidade da Horta na quadra da Páscoa, em concertos que tiveram grande nível artístico. Hoje queremos salientar o teatro que tem vindo a ser cultivado por cá, desde a feição popular e de crítica de costumes até às obras de alguns autores modernos, consagrados internacionalmente. Sem apontar designações de grupos e títulos de peças, cujas apreciações, muito positivas, foram publicadas neste semanário, apenas pretendemos demonstrar que, afinal, em toda a região, não é a Horta que na cultura “parou no tempo”.


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Sonata ao Luar g Tem lugar no dia 8 de Maio, com início pelas 18:30 horas, no Largo Duque D´Ávila e Bolama, a "Sonata ao Luar".

Esta Sonata vai contar com a actuação do Grupo Coral de Santa Catarina e do fadista Armando Meireles, da ilha das Flores. Este espectáculo musical, realiza-se no âmbito do projecto "sonata ao Luar", da Prova de Aptidão Profissional, do Formando Vítor Mourinho, do curso de Animador Sócio Cultural, da Escola Profissional da Horta, cujo estágio teve lugar na Junta de Freguesia da Matriz, que apoia o referido evento.

governo e PSD faial degladiam-se pelas termas do Varadouro Maria José Silva g Os deputados regionais do PSD Faial juntaram-se na passada quinta-feira junto às Termas do Varadouro para “mais uma vez” denunciarem o facto daquele espaço estar votado ao abandono. O Governo Regional não acatou de bom grado as acusações e recomendações dos deputados regionais laranja e, através da Secretaria da Economia, emitiu um esclarecimento. Nesse documento o Governo explica que “o projecto de investimento na recuperação das Termas do Varadouro está a ser concretizado, encontrando-se actualmente a decorrer o processo de aquisição dos terrenos necessários à sua implementação”. Adianta ainda que, nesse âmbito, foram já adquiridos um total de 10 prédios pelo valor global de quase 450 mil euros (€440.250,00), e actualmente o Governo dos Açores está a proceder à identificação dos proprietários de nove pequenas parcelas de terreno para a implementação de uma área de protecção à captação de água, estimando-se que este processo represente um investimento de cerca de 50 mil euros (€46.160,00) e após a conclusão dessa fase será possível iniciar a respectiva requalifi-

cação das Termas que estarão associadas a uma unidade hoteleira, tal como está previsto e já foi tornado público. Os deputados eleitos pelo PSD Faial vieram a terreiro responder ao Secretário da Economia, afirmando que “como de costume, a estratégia do Governo Regional, face às questões incómodas, é a que se constata no "esclarecimento" em apreço: acusa-se de faltar à verdade quem levanta as questões e, como prova, invocam-se factos sem referência temporal, números globais e estimativas de investimento ainda não concretizado, numa mistura que só tem como objectivo confundir os menos atentos e dar uma imagem falsa de um governo autuante!” Sobre o esclarecimento em si os deputados social-democratas frisam ainda que já

em “Comunicado do Conselho do Governo Regional de 16 de Maio de 2008 se afirmava textualmente que "em relação às termas do Varadouro já foi adquirida a quase totalidade dos terrenos necessários à instalação do hotel-SPA." Difícil aquisição esta que em 2008 estava quase concluída, mas que três anos depois, ainda não terminou!” Por fim, os deputados pelo Faial querem saber porque não é usada a mesma estratégia para com as Termas do Varadouro: “em 2007, a Sociedade Ilhas de Valor foi encarregue de desenvolver o investimento das termas da Ferraria e do Carapacho. Em 2010 aquelas estruturas foram abertas ao público. As termas do Varadouro, à espera de um investidor privado que as recupere, ainda não passaram da fase de aquisição de terrenos!”

Site da autarquia com nova cara e novas funcionalidades a partir de 13 de Maio JOANA rOSA/INCeNtIvO

A partir do próximo dia 13 o sítio da Câmara Municipal da Horta na internet vai apresentar-se com novo aspecto, nova organização e novas funcionalidades. estas mudanças visam, acima de tudo, aproximar os munícipes da autarquia, permitindo-lhes recorrer online a uma série de serviços. A apresentação do novo portal decorreu na passada semana. g O novo site irá permitir, entre outras coisas, consultar processos de obras, pedir reuniões com a vereação ou técnicos da autarquia, verificar a localização dos ecopontos e da rede wi-fi através do Google Maps, ler a revista municipal ou até ser atendido online, em tempo real, por um técnico do Gabinete de Atendimento ao Munícipe (GAM), através de um serviço semelhante a um chat. Estas e outras novas funcionalidades do portal www.cmhorta.pt vêm juntar-se a outros serviços que o site já oferecia, naquilo que, de acordo com o presidente da Câmara Municipal da Horta, representa

APreSeNtAçãO POrtAl CMH O novo portal foi apresentado pelo presidente da CMH e por Neri Goulart

“um passo significativo no relacionamento entre o munícipe e o município”. João Castro salientou também o facto deste novo portal ser fruto de produção interna, uma vez que é da responsabilidade de Neri Goulart, técnico da autarquia. “É um bom passo que damos no sentido de produzir internamente ferramentas de trabalho”, constatou o edil. O novo site tem também uma cara nova, com destaque para a facilidade no acesso ao GAM online e na consulta da agenda cultural, que foi melhorada para

esta nova versão do portal da autarquia. O acesso ao novo site pode fazer-se também através do telemóvel, e estão a ser preparadas outras novas funcionalidades, como a possibilidade de recorrer às assinaturas digitais que, de acordo com João Castro, deverá ficar disponível ainda este ano. A esta nova dinâmica da presença da autarquia na Internet juntou-se outra novidade no âmbito das novas tecnologias, uma vez que a Câmara Municipal já dispõe também da possibilidade de atendimento através de vídeo-conferência. MP

[aconteceu] GOrAz XXl CAPturAdO AO lArGO dO fAIAl g no passado sábado a equipa do Programa nacional de recolha de dados da Pesca teve por missão a amostragem biológica de um goraz (Pagellus bogaraveo) com 64 cm de comprimento furcal e um peso total de 8.125 gramas. de acordo com informação disponibilizada no site do departamento de oceanografia e Pescas da universidade dos açores, tratava-se de uma fêmea que foi capturada com linha de mão pelo Mestre Martins da embarcação “gonçalito”. trata-se do maior goraz alguma vez visto nos açores, pois o último registo pertencia a uma captura ocorrida em 1991 de um indivíduo com 58 cm de comprimento furcal e 6.154 gramas de peso total. CurtO-CIrCuItO PrOvOCA INCêNdIO NuMA reSIdêNCIA NO SAlãO g a sirene dos bombeiros tocou insistentemente na tarde da passada segunda-feira na cidade da Horta. de acordo com informações a que tivemos acesso os soldados da paz foram chamados a intervir num incêndio que terá defraudando numa moradia na freguesia do Salão. ao que triBuna daS ilHaS apurou junto do Comandante da associação Humanitária dos Bombeiros Faialenses, tratou-se de um curto-circuito que, não teve consequências nem materiais nem humanas. de acordo com o comandante Álvaro Melo, foram chamados a intervir 22 homens, quatro viaturas de combate a incêndio e uma ambulância. feIrA dO lIvrO g está a decorrer, até 6 de Maio, uma Feira do livro, na Biblioteca da escola Secundária Manuel de arriaga. a feira está aberta a toda a comunidade, das 10h00 às 16h30. a organização desta actividade é da responsabilidade da Biblioteca da eSMa, do departamento Curricular 1 (Português e Francês) e do Clube de leitura. OBrAS de PrOteCçãO COSteIrA NA IlHA dO PICO g estão a ser levadas a cabo pequenas obras de protecção costeira contra o avanço das águas do mar, na freguesia da Prainha, em São roque do Pico. as obras consistem na reconstrução de um muro destruído pelo mar, com cerca de 6 metros de extensão, na zona da Baía (já concluído) e na construção de um muro de protecção na zona do Baixio, numa extensão de 40 metros, com função de quebra-mar, de modo a evitar a invasão das águas do mar no caminho marginal contíguo a esta zona.

[vai acontecer] PuNkAdA NO feStIvAl ANGrA rOCk

g gnr, PunKada! (com triButo a raMMStein) e Poeta urBano & Silver Star são os primeiros nomes confirmados para o cartaz da 11ª edição do FeStival angraroCK, que vai contar ainda com a participação de mais duas bandas, um dJ e os três projectos premiados no ConCurSo angraroCK 2011. o FeStival angraroCK surgiu em 2000, em angra do Heroísmo com o objectivo de preencher uma lacuna no que se refere à realização de eventos do género nos açores. o angraroCK é principal evento do género que se realiza na região e é considerado como a grande festa da juventude açoriana tendo sido ao longo das dez edições reconhecido pela sua qualidade a nível regional e nacional e internacional. MeNOS CHefeS NA AdMINIStrAçãO reGIONAl g vão ser extintos 11 cargos dirigentes e de chefia na Secretaria regional da economia, bem como 15 serviços daquele departamento do governo regional, o que representa um impacto financeiro líquido anual de perto de meio milhão de euros. de acordo com informações disponibilizadas no Comunicado do Con-selho de governo, foi igualmente aprovada a nova orgânica da direcção regional das Comunidades, que reduz o número de cargos de chefia e prevê uma poupança anual em encargos salariais de cerca de 10%. Com esta alteração, a direcção regional das Comunidades passa a compreender a direcção de Serviços de emigração, imigração e regressos (dSeir), em Ponta delgada, e os gabinetes de informação, intercâmbio e apoio Cultural, em angra do Heroísmo e de apoio às Migrações, na Horta. “POrtOS dOS AçOreS” Gere eStruturAS POrtuÁrIAS dA reGIãO g as três administrações portuárias da região vão ser alvo de uma fusão numa única empresa, a Portos dos açores, com sede na Horta numa medida que permitirá poupar aos cofres do estado, 2,2 milhões de euros. de acordo com o governante, este modelo vai permitir “alcançar ganhos de gestão de recursos financeiros e humanos”, mas também “um aumento dos níveis de produtividade e de eficiência organizativa". esta proposta vai ser apresentada à assembleia legislativa uma proposta de decreto legislativo regional sobre este assunto. o modelo proposto integra-se num processo mais amplo de reestruturação e modernização da administração regional .


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União de Sindicatos da Horta assinala Dia do trabalhador no Parque da alagoa Marla Pinheiro g No passado domingo, 1 de Maio, celebrou-se o Dia do Trabalhador. Para assinalar a data, a União de Sindicatos da Horta organizou a tradicional sardinhada no Parque da Alagoa. Para além dos comes e bebes, não faltou muita música e animação, e São Pedro também ajudou à festa, com a meteorologia a convidar os muitos faialenses que ali acorreram a passar a tarde ao ar livre. Na festa houve também lugar para uma intervenção sindical, proferida por João Decq Mota, onde esteve em destaque o actual momento de crise que o país atravessa. Para o sindicalista, a presença do FMI em Portugal serve apenas os interesses do patronato, e a Troika irá mais longe do que as forças políticas nacionais em termos de cortes salariais, redução de direitos ou diminuição de apoios sociais. Segundo João Decq Mota, a justificação que aponta como causa para este cenário o facto do país ter vivido “acima das suas possibilidades” não é válida, já que considera que não se enquadram nessa situação “os mais de 2 milhões de portugueses que vivem com menos de 409 euros por mês”, ou os “mais de 700 mil desempregados” ou ainda os cerca de “1,2 milhões de trabalhadores, particularmente os jovens, com vínculo precário”. “Acima das possibili-

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eSPAçO de PrOXIMIdAde A POlíCIA AO ServIçO dOS CIdAdãOS

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FISCALIZAÇÃO SELECTIVA MAIO - 2011

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C C • dando continuidade a uma postura de pro-actividade junto

SArdINHAdA Os cozinheiros não se importaram de ficar de serviço ao grelhador neste Primeiro de Maio

do cidadão automobilista em específico e da sociedade em geral, a P.S.P., volta a privilegiar uma vez mais as vertentes A A da informação, pedagogia, transparência e eficácia, elencando as diversas áreas que serão objecto de intervenção policial, direccionadas e com maior incidência no âmbito da fisd d calização rodoviária, as quais serão uma vez mais desenvolvidas pelos efectivos que constituem o dispositivo policial e e da divisão da Horta, que compreende as ilhas do Faial, Pico e Flores.

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S S assim a FiSCalizaçÃo SeleCtiva para o presente mês e e incidirá em específico nas seguintes vertentes: G G u u r r A A dades vivem os que duplicaram os lucros para valores escandalosos, à custa da exploração do povo português”, considera. João Decq Mota alertou ainda para o facto da vida dos trabalhadores açorianos estar “a piorar de dia para dia”, apesar “da propaganda do Governo Regional”. “Continuamos a ser uma das regiões do país com os salários mais baixos, mas onde pagamos mais pelos transportes, pelos serviços básicos, pelos bens de primeira necessidade”, frisou, apontando o dedo às políticas do Executivo de César, “que continuam a agravar as condições de vida dos trabalhadores”.

Com as eleições de Junho à porta, o sindicalista culpabilizou a passagem pelo Governo de PS, PSD e CDS-PP pela actual situação, e apelou à mudança. A renegociação da dívida, o investimento em prol do crescimento económico, o combate à fraude e à fuga fiscal, o desenvolvimento da produção nacional, o aumento do poder de compra dos cidadãos, o apoio à empregabilidade e a salvaguarda do Estado Social são algumas medidas que os sindicatos defendem. Para vê-las em prática, João Decq Mota apelou à mobilização dos trabalhadores através do voto: “não podemos deixar aos outros o poder de decidir por nós”, referiu.

N N ç ç A A P P Ú Ú B B l l I I C C A A

ConduçÃo SoB inFluÊnCia do ÁlCool eXCeSSo de veloCidade tranSPorte de doenteS ParQueS reServadoS ao eStaCionaMento de veÍCuloS de PeSSoaS PortadoraS de deFiCiÊnCia Motora l traveSSia de PeÕeS (estacionamentos indevidos e cedência de passagem aos peões) l l l l

A P.S.P. reCOMeNdA-lHe: “Prudência, idoneidade, Civismo e responsabilidade leMBre-Se SeMPre Que: Máxima liberdade implica sempre Máxima responsabilidade esclarecimentos adicionais deverão ser solicitados à P.S.P. da sua área de residência ou por correio electrónico: cphorta@psp.pt

Contactos: telefone – 292208510 fax - 292208511

PrOGrAMA INteGrAdO de POlICIAMeNtO de PrOXIMIdAde


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ENTREvISTA

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MÁRIo FRAYÃo

“a solução da autonomia é absolutamente aceitável” um grupo de alunos de filosofia, no âmbito do seu trabalho curricular, decidiu entrevistar figuras marcantes da comunidade faialense, sobre a nossa história recente, nomeadamente o 25 de Abril. uma dessas pessoas é Mário frayão, a quem questionámos sobre o que somos, enquanto país e sobre a razão do nosso desalento e do nosso desânimo. Miguel Andrade diogo Pereira João Oliveira a história recente do nosso país é uma história de conquistas extraordinárias, de liberdade, de dignidade. Como justifica o desânimo e a crise profunda em que mergulhou o povo português? Para ter uma maior compreensão da história recente, devemos recuar até à República. A Igreja e os padres tinham uma influência muito grande na sociedade. O regime entrou em 1910 com novas ideias, que chocaram com as ideias da igreja o que deu, origem a conflitos graves. Havia conflitos de vária ordem, porque a monarquia tinha caído mas muitos continuavam monarcas e influenciaram a vida futura, com revoluções, atentados. Até ao 25 de Abril, muita revolução houve neste país… Foi proclamado o primeiro Presidente da República, nascido aqui no Faial, que foi eleito para 4 anos mas não conseguiu completar o seu mandato. Faltavam-lhe 4 meses e foi substituído por outro grande homem da revolução. Estávamos então em 1910. Esse outro era um político de S. Miguel e o seu nome era Teófilo Braga. Nesse regime houve muitos golpes de estado, revoluções e até crimes. O país caiu numa situação insustentável. Isso abriu lugar a um golpe militar que pôs no poder o General Gomes da Costa, com ideias muito mais à direita. É preciso saber distinguir a direita da esquerda… Geralmente à direita estão os partidos que acreditam que é preciso um governo forte, autoritário, para por na ordem os cidadãos. Com o 28 de Maio de 1926 criou-se um regime que levou ao poder Salazar. Era um homem jovem ainda, tinha 36 anos, professor universitário e muito conservador e autoritário. A ideia dele era que tudo funcionava desde que o

povo fosse obediente. Por exemplo, os trabalhadores agrícolas, tinha uma frase que os caracterizava: ‘‘pobrezinhos mas alegrinhos”. Os países democráticos devem ter vários poderes que se controlam: o poder executivo (governo actualmente); o poder legislativo (que faz as leis na assembleia) e o poder judicial (que controla as leis). No antigo regime, estes poderes estavam juntos. Salazar, que nem sequer era Presidente, era chefe do Governo, intitulava-se como presidente do Conselho de ministros, e o Presidente da República era uma figura decorativa. Foi primeiro o general Carmona, que não se recandidatou, seguindo-se-lhe o Almirante Américo Tomás. Durante anos, em África, os povos lutaram pela sua independência. Chegou a uma certa altura em que nós, como um pequeno país, com um exército mal preparado nos revoltámos contra o comando de Salazar. O 25 de Abril começou com um golpe militar e a revolução do povo que queria mudança. Começou a surgir a ideia do povo se libertar, mas estávamos dominados. A PIDE espiolhava por todo o lado. Depois começaram a haver campanhas, tropas que saíam de Lisboa e de toda a parte, até de uma ilha pequena como esta. Houve 12 mortes, mas além dos 12 que morreram houve imensos feridos. Quando se deu o golpe militar em Lisboa tivemos uma viragem marcante na história de Portugal. Isto no 25 de Abril, depois houve o 1.º de Maio, o Dia do Trabalhador, que juntou o povo numa grandiosa manifestação por todo o país. Todos saíram à rua, foi uma manifestação fantástica. Esta pequena cidade da Horta era

uma amostra do que se passava no resto do país antes do 25 de Abril. Havia uma Junta Geral da parte Agrícola na Quinta de S. Lourenço e havia a Câmara. Era tudo nomeado pelo Governo através de um governador. As pessoas não eram eleitas. Na maior parte do país havia a polícia política, uma polícia terrível. Aqui não houve, havia sim uma vigilância à distância na ilha das Flores.

Como é que foram acolhidos os ideais de democracia e liberdade nos açores? Nos Açores verificaram-se grandes diferenças porque as ilhas eram muito diferentes. Houve uma classe dominante em São Miguel que resistiu muito e houve movimentos contra-revolucionários, mascarados de independência que temiam correr o risco de mudarem para um governo e um país mais socializante.

acha que após o 25 de abril ficou garantido o diálogo entre a república e as regiões autónomas e uma distribuição de poder mais equitativa? Sem dúvida. A motivação da autonomia era uma coisa antiga. Foi muito discutida porque a autonomia se justifica plenamente. Primeiramente por razões geográficas, porque o poder estava Lisboa, ignorava-nos constantemente e porque havia, por parte dos governantes, uma grande ignorância sobre o que eram os Açores. Registavase uma confusão geográfica. Pensavam que isto ficava na costa de África e até há uma série de anedotas sobre isso. Para além disso, éramos frequentemente esquecidos. A solução da autonomia é uma solução absolutamente aceitável.

O que acha das recentes manifestações dos jovens, na “geração à rasca”?

de uma sociedade democrática. O que acha que correu mal para isto acontecer?

São a melhor prova de que não se revêem neste tipo de democracia que temos.

Isso é um problema grave, a nível mundial. Tivemos fome em Portugal, num passado recente e nas últimas décadas esteve na moda uma teoria económica perigosa, formada pelos economistas premiados com prémios Nobel, em que se dizia que a chave de tudo era o consumo, e quanto mais se produzisse e mais se gastasse, mais as pessoas iam encontrar a felicidade, porque havia um crescimento global em todo o mundo que ia chegar para todos. Esqueceram-se de uma coisa básica: os recursos do mundo não são infindáveis, são finitos e, por outro lado, está a acontecer um desrespeito pela natureza de que resulta uma exploração brutal dos recursos que nós temos. A desflorestação da Amazónia e de outros lugares, a poluição dos mares, a sobrepesca, são problemas gravíssimos e põem em risco não só o nosso país, mas o planeta e os ecossistemas. Tem de haver um movimento, não apenas a nível nacional, mas também mundial, de defesa do planeta. Tudo isso deriva desse problema do consumismo. É evidente que há mais gente e menos comida e em “casa em que não há pão todos ralham e ninguém tem razão”. Portanto, às tantas as pessoas não se entendem e advêm daí as guerras, conflitos graves pela posse dos bens naturais inclusive a água, que é actualmente um bem escasso, de maneira que costumam perguntar: “o mundo vai acabar?”. Não, o planeta não vai acabar, o que pode acabar é esta civilização como acabaram tantas outras… De qualquer modo, o caminho do futuro constrói-se com inteligência e invenção… Esse é o caminho que está em aberto para vocês, os mais jovens…

a sociedade e o tipo de organização criadas conduziram a uma situação que exclui os mais jovens do emprego e da participação mais activa no plano da cidadania. Qual a responsabilidade dos políticos actuais no que diz respeito a esta situação? Não sei … não há dúvida de que é difícil. Mas são privilegiados na medida em que podem estudar. Mesmo os que fazem um grande sacrifício para poderem estudar, quando regressam pensam que têm direito a oportunidades de emprego. Mas e os outros? Os que não tiveram sequer oportunidade de estudar? Todos têm direito à educação e ao emprego. Todos precisam de saber o essencial da matemática, o essencial do português, para se poderem exprimir e defender. E aqueles jovens que têm condições familiares muito difíceis e nunca tiveram oportunidades de se integrarem e desenvolverem aprendizagens? Nós temos o dever social de ajudar os mais frágeis. Conheço alguns que foram para escolas profissionais e tornaram-se, efectivamente, grandes profissionais. É um facto que o nosso sistema de ensino segrega alguns. Os jovens da “Geração à rasca” têm estudos, apesar de tudo partem de uma situação mais vantajosa.

Os problemas sociais actuais (fome, desemprego, etc.) que são gerados pela crise actual, são incompatíveis com os ideais de desenvolvimento e de civilização


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Tribuna das Ilhas

ASSEMBLEIA MUNICIPAL Marla Pinheiro foto: Susana Garcia g A proposta de aplicação de uma taxa de controlo da qualidade da água e da disposição de águas residuais foi o tema quente da última Assembleia Municipal, que reuniu nos Paços do Concelho, na passada sexta-feira. De acordo com o decreto legislativo regional que regula a natureza jurídica da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos dos Açores (ERSARA), cada concessionária de sistemas municipais de distribuição de água para consumo humano e de disposição de águas residuais deve contribuir para o funcionamento desta entidade com uma taxa de 1% da facturação anual bruta resultantes da distribuição de água e das taxas de saneamento, prevendo-se que esse valor passe em breve a ser de 2%. O decreto determina no entanto que a taxa a ser cobrada ao munícipe não pode ser aumentada em mais do que 0,5% a cada ano. Tendo isto em conta, a proposta da autarquia veio no sentido de cobrar uma taxa de 0,5% ao munícipe, ficando os restantes 0,5% a expensas do Orçamento do Município. No entanto, a aplicação desta taxa não é consensual, uma vez que o PSD entende que a mesma surge na sequência de um “erro político”, como considerou Carlos Faria. Para o deputado laranja, a criação da ERSARA, em Abril do ano passado, não veio acrescentar nada de novo ao controlo da qualidade da água na Região, uma vez que essa já era assegurada. Por isso, os social-democratas são contra a cobrança de uma taxa ao munícipe para financiar o funcionamento daquela entidade reguladora. O presidente da autarquia, João Castro, lembrou, no entanto, que o pagamento da taxa à ERSARA é uma “imposição legal”, posição reforçada por Ana Luís, da bancada do PS. As atenções acabaram então por centrar-se na orientação de voto da CDU, que no entanto solicitou à Assembleia mais tempo para analisar a situação, propondo que a aplicação da taxa voltasse à discussão na reunião de Junho. Luís Bruno lembrou que a criação da ERSARA foi aprovada na Assembleia Regional com os votos favoráveis do PS e do CDS-PP, e destacou que esta nova entidade reguladora é apenas “mais um artificialismo para ir buscar dinheiro ao contribuinte”. Todavia, o deputado comunista preferiu não decidir sobre a questão sem procurar mais informação, tendo as restantes banca-

PSD não quer munícipes a pagar nova taxa por causa da erSara das municipais acatado a proposta. Antes de se decidir esperar até Junho para discutir o assunto houve, no entanto, a habitual “troca de fogo” entre bancadas. João Castro quis fazer ver aos deputados municipais que “recusar a aplicabilidade desta taxa é recusar o controlo da qualidade da água”, e lembrou que o adiamento da sua aprovação poderá agravar o impacto da sua retroactividade. Do PSD, Roberto Vieira acusou o PS de estar mais preocupado com o orçamento do município do que com o agravamento da factura da água dos faialenses, uma vez que a lei não impossibilita que seja a autarquia a arcar com a totalidade da verba a pagar à ERSARA. Também em resposta ao presidente da autarquia, Carlos Faria recusou categoricamente a ideia de que o controlo da qualidade da água possa estar em risco, até porque este já era assegurado pela Câmara Municipal antes da criação da ERSARA. A proposta de aplicação desta taxa volta à discussão na próxima Assembleia Municipal, prevista para Junho. fIXAdOS IMPOStOS MuNICIPAIS PArA 2012 A última reunião da AM serviu também para a fixação da Derrama, da Taxa Municipal de Direitos de Passagem e do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) para 2012, sendo que nenhum sofre alterações em relação a este ano. Assim, a Derrama para 2012 foi fixada em 1,5% para as empresas com um volume de negócios superior a 150 mil euros. As empresas com um volume de negócios inferior a este valor estarão isentas do referido imposto municipal. Sem surpresas, o PSD votou contra a fixação da Derrama, imposto municipal que os social-democratas sempre contestaram. Quanto à Taxa Municipal de Direitos de Passagem, esta foi novamente fixada em 0,25%, contando este valor com a aprovação unânime de todos os partidos da AM. Este imposto trata-se de uma taxa municipal que a autarquia cobra pelos direitos e encargos relativos à implantação, à passagem e ao atravessamento de sistemas, equipamentos e demais recursos das empresas que oferecem redes e

serviços de comunicações electrónicas acessíveis ao público, em local fixo, dos domínios públicos e privados municipais. Os valores em vigor para as taxas do Imposto Municipal sobre Imóveis irão também manter-se em 2012, com a taxa para os prédios urbanos a fixar-se nos 0,6% e para os prédios urbanos avaliados nos 0,25%. Em relação a estes últimos, prevê-se uma elevação anual ao dobro para prédios devolutos e ao triplo para prédios em ruínas. Os prédios urbanos alvo de reabilitação situados numa área definida pela autarquia têm direito a uma isenção do IMI durante cinco anos. À semelhança do ano passado, o PSD absteve-se nesta votação, uma vez que os deputados municipais socialdemocratas consideram que os agravamentos para os prédios devolutos e em ruínas não se estão a fazer sentir devidamente em termos práticos, além de que gostariam de ver reduzido o IMI nas freguesias mais distantes da cidade. AdIAMeNtO dA AMPlIAçãO dA PIStA dO AerOPOrtO dA HOrtA vOltA à BAIlA Numa intervenção prévia à ordem do dia, o deputado municipal social-democrata Laurénio Tavares voltou a manifestar a preocupação do PSD em relação ao adiamento da ampliação da pista do aeroporto da Horta. Recordando as promessas do presidente do Governo Regional, que referiu por várias vezes que, caso a ANA e o Governo da República não avançassem com a obra,

o Executivo da Região assumiria essa responsabilidade, os social-democratas lembram que o chefe da Comunicação da ANA referiu recentemente que a empresa não vê necessidade em, para já, realizar obras na pista. Posto isto, para o PSD é claro que a ANA “não está minimamente interessada em investir na ampliação da pista do aeroporto da Horta”, pelo que resta apenas “a vontade política do Governo Regional e o cumprimento da promessa” feita por Carlos César. Os social-democratas condenam o que entendem ser o “jogo de pinguepongue entre o Governo Regional e a ANA”, e consideram que o adiamento deste investimento penaliza a ilha. Laurénio Tavares destacou a unanimidade que esta reivindicação tem merecido junto das forças vivas faialenses, e deixou o apelo ao presidente do Governo Regional: “que outros se deixem de palavras, promessas e desculpas e simplesmente cumpram aquilo que prometeram aos faialenses”, pediu. Da bancada socialista, Ana Luís reconheceu que a ampliação da pista do aeroporto é “um investimento extremamente importante” para o Faial, no entanto entende que o Governo Regional deverá pressionar a ANA para executar o investimento, uma vez que o mesmo lhe compete. Já Luís Bruno, da CDU, é da opinião de que “não se pode desresponsabilizar o Governo Regional” do investimento, tendo em conta que Carlos César assumiu publicamente e por diversas vezes a sua execução.

BANCAdA dO PSd INSAtISfeItA COM CONtAS dO MuNICíPIO Da ordem de trabalhos da reunião da AM constava ainda a prestação de contas e o relatório de gestão do Município referente ao ano de 2010. Na análise que fez da situação financeira da autarquia, João Castro fez referência a um “cenário positivo”, destacando o facto do município ter conseguido entregar cerca de 4 milhões de euros em amortizações durante 2010. No entanto o PSD não faz a mesma leitura dos números. De acordo com Laurénio Tavares, existem vários objectivos do Plano de Actividades que não foram concluídos em 2010. O deputado municipal laranja exemplifica com a construção de fogos no âmbito da habitação social a custos controlados, a elaboração do Plano de Ordenamento Viário, Circulação, Estacionamento e Transportes Públicos do Concelho, a conclusão da 1.ª fase do Parque Empresarial ou a remodelação da Peixaria do Mercado Municipal, entre outros. No entanto, os social-democratas salientam como aspectos positivos da gestão autárquica em 2010 na desobstrução e recuperação de nascentes que tinham ficado soterradas no sismo de 1997, bem como na área da recolha e tratamento de resíduos sólidos urbanos. Também da bancada social-democrata, Conceição Lourenço manifestou a sua preocupação em relação às contas da autarquia, com destaque para a dívida à banca e a fornecedores, que atinge já cerca de 9400 mil euros.


CULTURA

Tribuna das Ilhas

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Ciclo de Conferências “Açores: 100 anos de República” - A Arte e a República em análise no Museu da Horta g No âmbito do Ciclo de Conferências “Açores: 100 anos de República”, organizado pela Direcção Regional da Cultura

para assinalar o centenário da implantação do regime republicano em Portugal, o Museu da Horta recebe hoje, a partir das 21h00, uma conferência intitulada “Arte e República. Entre o cosmopolitismo e o comemorialismo da I República nos Açores”, proferida por Isabel Albergaria.

victor rui dores

“A minha vida não tem idade: tem tempo” vitorino Nemésio, eu Comovido a Oeste

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s recordações dos verdes anos avivam-se à medida que vamos ficando mais vividos e menos jovens… A nossa existência é uma perpétua dialéctica: saudades do futuro e saudades do passado. Catarse (Lápis de Memórias, 2011) é um livro sobre a infância e a adolescência insulares enquanto busca de um tempo irremediavelmente perdido. Os autores, irmãos no sangue e nas emoções, protagonistas - narradores, pegaram em momentos das suas vidas e disso fizeram matéria de narrativa: revisitam, pela escrita, tempos, lugares, pessoas e memórias que povoam o seu imaginário. Vivendo em diferentes espaços geográficos, e através de um conjunto de cartas que vão trocando, recordam bons tempos que não foram tempos bons. “A vida, em S. Miguel era muito cainha” (pág. 20) porque esses eram os tempos de misérias várias e de repressões variadas de uma sociedade patriarcal – o salazarismo, o subdesenvolvimento, a hipocrisia social, a pobreza, a intolerância, a emigração, a guerra colonial…

Catarse, ou a escrita mano a mano de Cristóvão e francisco de aguiar A luta contra o esquecimento é a razão primeira da literatura em qualquer uma das suas formas e géneros, sendo que, no caso do livro em apreço, estamos perante um “diálogo epistolar em forma de romance”. Eis uma escrita de inquérito ao subconsciente, através da qual os autores, em diferentes registos e de forma sincera e sentida, travam intensos diálogos e partilham memórias surpreendentes. Santa Luzia é o microcosmo de referência desta obra, constituindo-se como espaço onde pulsa todo o universo e toda a geografia sentimental e afectiva da ilha de São Miguel, de onde a acção parte viajando para outros lugares: Santa Maria, Terceira, Madeira, Lisboa, Coimbra, Guiné, Américas, Faial, Pico… Por conseguinte, este livro dá conta de impressões do vivido e do sentido, isto é, das sensações e dos sentimentos que ficaram enraizados nas memórias dos autores. Essas memórias ora são muito positivas (a recordação das figuras tutelares da Mãe, dos Avós e outros familiares, amigos e conhecidos que surgem do fundo dos tempos como uma aparição de ternura no meio das ruínas da vida), ora são terrivelmente negativas (por exemplo, a memória magoada das tiranias do Pai, os ritos e

os rituais da iniciação sexual que, nesse tempo de obscurantismo, descambavam invariavelmente para actos de pedofilia, violação e muitas outras formas de violência). As deambulações dos narradores são fascinantes e lemos este livro como se de um romance se tratasse. Dando conta dos seus “eus” angustiados na sua relação conflituosa com a vida e com os outros, Cristóvão e Francisco, através de viagens interiores e narrativas justapostas, lançam olhares sobre o tempo do fascínio e do sortilégio (porque iniciático) do despertar para a vida, para os amores, para o mundo e para o conhecimento das coisas. E, em desabafos auto-biográficos, narram reminiscências e histórias das suas vidas com os outros. A prosa de um é sentida na pessoa do outro. E, pela escrita, fazem uma verdadeira catarse. Escreve Francisco, na página 304: “Desculpa ter estado a escarafunchar coisas do passado, mas estou a passar por uma fase de despejar tudo aquilo que devia ter despejado na altura certa”. Escreve Cristovão: “E que são estas cartas senão um exercício de psicanálise? Desde ontem já recebi três textos teus, qual deles o mais espirituoso! Vou, nas minhas res-

postas, procurar dar-lhes mais pormenores que os complementarão. Devido à diferença de idade entre nós, e ainda que tenhamos uma grande fatia de passado em comum, possuímos experiências desiguais e diversas histórias para contar, mas as personagens são praticamente as mesmas que conheci nos primeiros vinte anos que permaneci na ilha, só as mais novas me escapam.” (pág. 236) As memórias sucedem-se com um ritmo perfeito e a descrição das pessoas evocadas – tanto a física como a psicológica – é um primor de minúcia. Todo um universo de venturas malogradas desfilam perante nós. Vivências comuns confluem de página em página para nos recriarem um tempo (praticamente todo o século XX) que nos parece já tão distante mas que a geração dos autores não esquece nem desvaloriza. Esse foi um tempo de “brandos costumes”, de muitas inquietações e poucas alegrias, de muitas dúvidas e poucas certezas, um tempo marcado por sonhos e desejos, paixões e temores, partidas e chegadas, separações e reencontros. Mas atenção: estes olhares retroactivos não visam um mero exorcismo da saudade. Os autores respondem a uma

verdadeira prise de conscience. Por isso, estas páginas são, acima de tudo, lugar de confronto, de denúncia (dos mecanismos dos poderes políticos e religiosos) e de renúncia às máscaras de um quotidiano alienante, até porque os autores foram vítimas desse estado de coisas e sofreram na pele as consequências desse tempo português fascizante. Catarse constitui uma narrativa coesa e consistente, perfeitamente equilibrada e apoiada em dois eixos narrativos: coloquialidade, prosa enxuta e leveza de estilo por parte de Francisco de Aguiar (texto em itálico). Virtuosismo verbal e manejo robusto da linguagem por parte de Cristóvão de Aguiar (de antologia são as páginas 313 e 314: “Os meus mortos…”). Francisco era até agora escritor adiado. Cristóvão é o autor consagrado da Raiz Comovida, ficcionista de méritos reconhecidos. O primeiro é o comparsa municiador de memórias; o segundo é o criador – arquitecto da narrativa. Ambos se complementam e, numa escrita que mistura memória, diário e discurso literário, falam do problema do destino do homem e do sentido da vida. Em páginas humaníssimas que em nós causam uma imediata adesão afectiva.

CINEMA No TEATRo FAIALENSE

réDea SOlta (Hortaludus; dia 8, 21h30; >16) g Rédea Solta é uma comédia

ao estilo que os irmãos Farrelly (Doidos por Mary; Ela, Eu e o Outro) já habituaram o seu público. Desta feita, contam com o veterano Owen Wilson (Eu, Tu e o Emplastro) a liderar o elenco, a par de Jason Sudeikis, um dos elementos do elenco de Saturday Night Live. A eles juntam-se Christina Applegate (Samantha Who?) e Richard Jenkins (Destruir Depois de Ler). Em Rédea Solta, Wilson e Sudeikis são Rick e Fred, dois bons amigos, casados, que, apesar de felizes, sentem alguma nostalgia quando recordam as suas vidas de solteiros. Quando as suas mulheres se apercebem de que algo não está bem com eles,

rangO dr

JASON SudeIkIS e OWeN WIlSON Os dois actores têm já um vasto currículo no que diz respeito à comédia

tomam uma medida arriscada: dão-lhes uma semana de total liberdade, durante a qual os dois poderão fazer tudo o que desejam sem quaisquer justificações ou consequências. Porém, o que ini-

dr

cialmente parece um sonho tornado realidade depressa se transforma num verdadeiro pesadelo, já que a folga do casamento também será aproveitada por elas...

Hortaludus; dia 8, 17h00; >6) Realizado por Gore g Verbinski (Piratas das Caraíbas), Rango é uma longametragem de animação cujo argumento é da responsabilidade do consagrado John Logan (O Aviador, Gladiador). O elenco responsável pela dobragem da versão original é de luxo, chefiado por Johnny Deep (Piratas das Caraíbas), na voz do camaleão que protagoniza a aventura, e contando também com os dotes vocais da bela Isla Fisher (Louca por Compras), Alfred Molina (Homem Aranha) e Abigail Breslin (Uma Família à Beira de um Ataque de Nervos). Rango é protagonizado por um camaleão habituado às mor-

rANGO em inglês, Johnny deep dá a voz ao simpático camaleão

domias de um animal de estimação, que sonha com grandes aventuras. No meio de uma crise de identidade, vai até Vila Poeira, cidade do Oeste Selvagem onde a luta pela sobrevivência é diária. Com uma população a viver aterrorizada por bandidos impiedosos,

o camaleão reinventa-se como Rango, herói à antiga que se torna na última esperança de uma cidade que praticamente o força a ocupar o lugar de xerife. Esta paródia aos westerns é a estreia na animação tanto do realizador Gore Verbinski como do argumentista John Logan.


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ELEIçõES DE 5 DE JUNho - ARTUR LIMA, CABEçA DE LISTA Do CDS-PP PELo CíRCULo DoS AçoRES

“é preciso melhorar o relacionamento ao nível dos serviços regional e nacional de saúde…” Artur lima reside na ilha terceira e é licenciado em Medicina dentária. em 2001 filiou-se no CdS-PP e em 2005 entrou na vida politica activa. em Março de 2007 foi eleito presidente do CdS-PP Açores e em 2009 ascendeu à vice-Presidência do Partido Popular a nível nacional. em 2008 foi eleito deputado pelo Partido à Assembleia legislativa da região Autónoma dos Açores, sendo actualmente o “líder” do grupo parlamentar do CdS-PP.

fernando Melo t.i. – está convencido de que as próximas eleições para a assembleia da república, marcadas para 5 de Junho, poderão abrir caminho à resolução da grave crise político-financeira que o país está a viver? em que baseia a sua resposta? a.l. – Estou convicto que sim, mas para tal é preciso que os eleitores reforcem a presença do CDS-PP na Assembleia da República. O CDSPP assume claramente que Portugal tem de ser capaz de pagar o que deve e mudar de vida; crescer mais e dever menos. Um novo Governo tem de procurar renegociar o Pacto de Estabilidade e Crescimento; tem de tomar a decisão imediata de travar ou suspender as Parcerias PúblicoPrivadas mais gravosas para o erário público; não deve dar nem mais um passo ou decisão no processo do TGV; tem que ser corajoso a rever toda a estrutura do sector público empresarial e modificar as normas vigentes respeitantes aos gestores públicos. Por outro lado, estão em curso negociações com o FMI. O CDS-PP entende que estas negociações não podem, nem devem, hipotecar as hipóteses do Governo que sair das eleições de 5 de Junho poder governar e fazer reformas para que Portugal não volte a passar por esta situação de vexame internacional. t.i. – em que medida, na sua opinião, é que esta crise pode afectar a região autónoma dos açores, em termos financeiros ou de natureza económica e social? a.l. – A Região, dadas as suas características específicas, é sempre vulnerável a qualquer conjuntura adversa. É claro que com uma crise económica e financeira desta natureza e com o FMI em Portugal não nos

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vão passar ao lado consequências negativas. Aliás, muitas delas já estão em vigor, resultado do entendimento entre PS e PSD nas aprovações que fizeram dos sucessivos PEC’s. É importante lembrar que, até mesmo os Deputados dos Açores eleitos para a Assembleia da República, muitos deles outra vez candidatos ao próximo acto eleitoral, aprovaram e viabilizaram todas as medidas de austeridade, desde o aumento de impostos, ao corte nos salários e prestações sociais, ao congelamento de pensões… Na Região, infelizmente tal como no contexto nacional, quando cada um de nós já sentia a crise, os responsáveis governativos iam dizendo que a crise haveria de chegar mais tarde e ir-se embora mais cedo. Foram-se tentando ocultar sintomas que agravaram a doença e que agora podem ser mais difíceis de tratar. Ou seja, apesar de algumas medidas de compensação que foram estabelecidas na Região, os Açorianos não estão a sair imunes do aumento da taxa de desemprego, do aumento das falências, do aumento das taxas de juro, dos aumentos nos combustíveis... Assim, urge repensar o nosso modelo de desenvolvimento económico e não baixar os braços na luta pela manutenção da solidariedade nacional que nos é devida. t.i. – Um aspecto de considerável importância a ter em conta nestas eleições é o relacionamento da república com a região autónoma dos açores, em áreas como, por exemplo, as finanças, a segurança, a defesa, as questões do foro marítimo, ligadas ao património e à fiscalização das pescas. Como encara esse relacionamento? a.l. – Este relacionamento não tem que se revestir de importância considerável só agora, por causa da situação do País. O bom relacionamento entre os órgãos de governo próprio da Região e os órgãos de Soberania é fundamental e imprescindível, independentemente das cores políticas no poder na República e na Região. Nas últimas décadas o relacionamento entre o Estado e a Região baseou-se demasiado nas relações financeiras. Mas é preciso mais. É preciso melhorar o relacionamento ao nível dos Serviços Regional e Nacional de Saúde, é preciso continuar a alertar para a falta de meios de segurança pública e para o aumento da fiscalização da nossa Zona Económica e Exclusiva, para problemas ao nível do património do Estado na Região. É exactamente esta postura de reivindicação, mas também de apresentação de propostas que possam promover a melhoria de algumas destas insuficiências que o CDS-PP pretende manter na República, caso os Açorianos entendam eleger, pela primeira vez, um

Deputado do CDS-PP para o Parlamento nacional. t.i. – O turismo é uma das áreas económicas apontada actualmente pelos seus resultados negativos ou pouco favoráveis numa boa parte do arquipélago. Há quem diga que a expansão da hotelaria foi exagerada em algumas ilhas sem que haja ainda um destino turístico consolidado. e há quem aponte outras razões de base. a sua opinião? a.l. – O turismo deve ser encarado como um importante sector complementar da actividade económica dos Açores. A aposta no actual modelo de turismo de massas falhou, porque, como se tem verificado, não foi capaz de criar a dinâmica necessária à sua sustentação. Hoje vemos a falência de unidades hoteleiras de grande dimensão, cuja construção foi altamente financiada por fundos públicos. É preciso alterar a milionária promoção turística do destino Açores. O CDS-PP entende que as campanhas promocionais não podem, nem devem, dar conta do Destino Açores como um paraíso utópico situado a meio do Atlântico. Entendemos que devem ser promovidas as potencialidades de cada ilha e realidades únicas como a realidade do Triângulo. t.i. – Qual o seu ponto de vista global sobre a actual situação da agricultura açoriana envolvendo a sua importante componente da pecuária e da produção e colocação dos produtos lácteos? a.l. – O desenvolvimento dos Açores passa pela sua auto-sustentabilidade alimentar. Particular ênfase deve ser dado à agricultura biológica para a qual a Região tem natural apetência, sendo esta aposta uma maisvalia na qualidade dos produtos, bem como para a promoção dos Açores. É necessário tomar medidas que incentivem os agricultores a diversificar as culturas aumentando o rendimento das explorações e diminuindo as importações de produtores alimentares. Estes incentivos à promoção da diversificação agrícola são cada vez mais prementes quando na União Europeia se caminha para o fim do sistema de quotas leiteiras. t.i. – Pelo que temos lido, inclusivamente no tribuna das ilhas, através da colaboração de um dos peritos açorianos na matéria, as pescas no mar dos açores parecem ter perdido o vigor de há anos atrás. Certo ou isso é apenas uma impressão vaga? a.l. – De forma nenhuma. Também neste importante sector de actividade económica as políticas são avulsas. Por um lado, apoiam-se os armadores e pescadores a renovarem

a sua frota, visando o aumento das capturas, mas, por outro, não se investe numa rede de frio que assegure capacidade de resposta em terra. Nos últimos anos gastaram-se milhares de euros com um escritório de advogados em Bruxelas no intuito de recuperar as 200 milhas de ZEE, mas ninguém conhece resultados deste investimento. Todos os anos os pescadores, especialmente, nas ilhas sem ligações aéreas directas ao exterior continuam a deparar-se com acentuadas dificuldades no escoamento do seu produto. É essencial a aquisição de um avião mini cargueiro para escoamento dos produtos da agricultura e pesca das ilhas mais pequenas. t.i. – numa região insular como a nossa os transportes – aéreos e marítimos – têm uma importância fulcral. Como é que estamos neste sector, sem esquecer o transporte de mercadorias, por via marítima, entre o Continente e as ilhas? a.l. – O CDS-PP orgulha-se de ter sido o primeiro Partido a introduzir na Região o conceito de tarifa promocional ao fazer aprovar uma iniciativa, na Assembleia Legislativa da Região, que conduziu ao abaixamento das tarifas aéreas nas ligações inter-ilhas e destas para o exterior. Apesar de uma certa evolução positiva nos preços das tarifas, estas têm-se revelado insuficientes devido à dificuldade de acesso, visto que a opção das companhias foi por apenas uma quota de 10% dos lugares dos aviões. Assim, defendemos com clareza um aumento da oferta de lugares para as tarifas promocionais. O CDS-PP defende também que se proceda a um abaixamento significativo das tarifas regulares praticadas nas ligações

aéreas inter-ilhas. Por outro lado, é fundamental melhorar as infra-estruturas de apoio logístico em terra ao transporte marítimo de passageiros, viaturas e mercadorias inter-ilhas, assim como o transporte marítimo no arquipélago. É fundamental que se faça um investimento racional nos barcos interilhas, nomeadamente para o Grupo Central. t.i. – e já que abordámos o sector dos transportes e atendendo a que este semanário, embora de âmbito açoriano, tem a sua sede no faial, não resistimos a pôr como última questão a da ampliação da pista do aeroporto da Horta, uma velha e justa aspiração dos faialenses, na vertente das infra-estruturas, com benefícios para toda a região. Quando está, nesta circunstância, a decorrer na internet uma petição sobre este caso, não acha que tem havido até agora falta da necessária vontade política dos governos para resolver esta legítima reivindicação de todo um povo que aqui vive e merece ser atendido? a.l. – Respeitamos muito a Petição e a intenção dos seus subscritores, uma vez que mostra que cidadãos estão cada vez mais participativos. No entanto, devo dizer que há anos que o CDS reivindica o aumento da pista e a instalação de um ILS para ajuda à navegação. Somos pioneiros nesta reivindicação. Desafiamos o Governo e os candidatos do PS e do PSD à Assembleia da República, visto ser esta uma questão que depende da ANA, a explicarem aos Açorianos, em particular aos faialenses, porque é que esta situação não está ainda resolvida.


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Tribuna das Ilhas

ELEIçõES DE 5 DE JUNho - JoSé CASCALho, CABEçA DE LISTA Do BE PELo CíRCULo AçoRES

“esta crise já afecta a região, e de que maneira…” MJS

José Cascalho é professor no departamento de educação da universidade dos Açores, com a especialização de Informática. Militante do Bloco de esquerda no arquipélago, faz parte da Comissão da Ilha terceira, bem como da Comissão e do Secretariado regional do Partido. é ainda deputado do Grupo Parlamentar do Be na actual legislatura da Assembleia desta região Autónoma. fernando Melo t.i. – está convencido de que as próximas eleições para a assembleia da república, marcadas para 5 de Junho, poderão abrir caminho à resolução da grave crise político-financeira que o país está a viver? em que baseia a sua resposta? J.C – Nas próximas eleições temos a oportunidade de escolher um grupo de deputados que pode fazer a diferença, que lutarão pela defesa do emprego, que só é possível com o crescimento da economia do país. A crise financeira só se resolve com crescimento e nunca com a recessão, que será uma consequência das imposições que o FMI coloca ao país, quando exige a redução de salários, o corte nos apoios sociais, a liberalização dos despedimentos, etc. Trata-se portanto de uma luta por soluções alternativas às apresentadas pelos partidos PS, PSD e CDS, auto-proclamados como os do “arco do poder”. As eleições são um acto livre em democracia, e procuraremos mostrar, até ao próximo dia 5 de Junho, que as soluções que apresentamos fazem sentido, e que não são utópicas nem irrealizáveis. Pelo contrário, são essenciais para evitar que o país entre numa espiral de crescimento de pobreza nos próximos anos. A esperança está portanto nos partidos com propostas diferentes e que não aceitam esta ideia da inevitabilidade de nos vergarmos às exigências da negociação com o FMI. t.i. – em que medida, na sua opinião, é que esta crise pode afectar a região autónoma dos açores, em termos financeiros ou de natureza económica e social? J.C. – Esta crise já afecta a região e de que maneira. Os Açores dependem muito do continente, não só através das transferências por parte do orçamento do estado, da importação mas também da exportação de produtos. Veja-se por exemplo os turistas que, maioritariamente, vêm do continente. Acresce a este facto a redução

do apoio social aos desempregados, a precarização do emprego, a redução dos salários directa e indirectamente. Exigese portanto que a Região, com a autonomia política que detém, aja proactivamente contra esta situação e o Bloco de Esquerda/Açores tem estado empenhado nessa luta. t.i. – Um aspecto de considerável importância a ter em conta nestas eleições é o relacionamento da república com a região autónoma dos açores, em áreas como, por exemplo, as finanças, a segurança, a defesa, as questões do foro marítimo, ligadas ao património e à fiscalização das pescas. Como encara esse relacionamento? J.C. – É importante que se lute pela manutenção do valor das transferências realizadas para os Açores ao abrigo da lei das Finanças Regionais. Essa deverá ser uma das batalhas da Região e dos deputados que serão eleitos pela Região. Os Açores são ainda uma das regiões mais pobres do país. Precisa de apoio, de investimento do exterior para sobreviver. Mas interessa também perceber que os investimentos que fazemos nesta região devem corresponder a um projecto de desenvolvimento a médio e longo prazo, e que, sobretudo, não se caia na tentação de usar o dinheiro para “financiar” o jogo político entre os dois maiores partidos. Lembremo-nos do mau exemplo da construção de um centro e de um museu de Arte Contemporânea em S. Miguel. Pensamos que existem temas, como a defesa das 200 milhas, que exigem acção proactiva que passa por uma sensibilização da República e depois a escolha de uma estratégia comum de actuação, e não esta acção desconcertada entre o Governo Regional e a República. Existem outros temas importantes que se relacionam também com as especificidades da região, como, por exemplo, o preço proibitivo dos transportes aéreos entre os Açores e o continente, e já agora, entre as ilhas, que, a meu ver, afectam a economia regional e que vão aumentando com o aumento do combustível. Era interessante fazer um estudo, por exemplo, sobre que ganhos a região teria se o valor dos custos das passagens reduzisse 10%, 20%, avaliando o impacto que a redução deste valor teria na Região. t.i. – O turismo é uma das áreas económicas apontada actualmente pelos seus resultados negativos ou pouco favoráveis numa boa parte do arquipélago. Há quem diga que a expansão da hotelaria foi exagerada em algumas ilhas sem que haja ainda um destino turístico consolidado. e há quem aponte outras razões de base. a sua opinião? J.C. – Veja-se o que se passa com o projecto de construir em três ilhas um porto para cruzeiros. Procurou-se que os Açores passassem a ser incluídos nas escalas dos cruzeiros. Mas que estudos se fizeram para perceber qual o impacto que esses investimentos têm na região? Por outro lado, apoia-se o investimento em mais infra-estruturas hoteleiras sem ter o

cuidado de perceber se são viáveis. Aconteceu na Terceira, recentemente, a falência de uma delas, o Hotel da Serretinha. O Bloco de Esquerda vê o investimento no Turismo como um investimento muito importante, mas este tem de ser pensado como uma contribuição equilibrada para o desenvolvimento regional, permitindo a valorização de outros sectores que podem e devem ganhar com esse investimento. Um exemplo interessante seria ligar a preservação do espaço rural, com antigas quintas, com o turismo rural, como se faz noutras regiões do país, fazendo o turismo um complemento na actividade agrícola dessas quintas. Outro será, obviamente, apostar no turismo mais especializado, ligado ao eco-turismo, ou o turismo ligado às pescas, que parece querer avançar agora. Mas é certo que há factores, como os que passam pela gestão dos transportes na região. Por exemplo, não se compreende a desarticulação entre os transportes aéreo e marítimo de passageiros que existe nas ilhas do triângulo. t.i. – Qual o seu ponto de vista global sobre a actual situação da agricultura açoriana envolvendo a sua importante componente da pecuária e da produção e colocação dos produtos lácteos? J.C. – Parece-me que existe uma fragilidade na agricultura dos Açores por ter concentrado grande parte da produção na componente da pecuária, e nos produtos de mais baixo valor, o leite em pó. Por outro lado, o facto de a alimentação ser à base de erva, dá ao leite Açoriano, e também à carne, uma qualidade do produto superior a muitos de outros produzidos noutras regiões. Este é um facto, demonstrado por investigadores da Universidade dos Açores, para o qual não tem sido dada a importância merecida, nem o proveito. Sabemos que os Açores estão vocacionados para a área da pecuária, mas a par desta, há outras que são importantes valorizar, não só para o mercado interno, onde existe espaço para a fruticultura e horticultura, como também, para certos casos, para a exportação. E já agora, pegando no turismo, há uma medida simples que poderia servir de promoção turística da região, como, fomentar a compra pelos hotéis da região da produção biológica de frutícolas e hortícolas, do mel e de outros produtos da região, como o peixe! t.i. – Pelo que temos lido, inclusivamente no tribuna das ilhas, através da colaboração de um dos peritos açorianos na matéria, as pescas no mar dos açores parecem ter perdido o vigor de há anos atrás. Certo ou isso é apenas uma impressão vaga? J.C. – A questão das pescas é um assunto importante e complexo. Por um lado tem havido decisões menos certas no que respeita à gestão dos recursos. Na decisão de renovação da frota, pensada para melhorar a qualidade de vida dos pescadores no mar, dotando as embarcações de maior segurança a bordo, mas também permitindo que embarcações adaptadas à pesca de demersais iniciassem uma pesca mais agressiva, levaram a

um aumento do esforço de pesca, que está a provocar a sobre-exploração das espécies com maior valor comercial nos Açores, como o Goraz. E são os próprios pescadores que chamam a atenção para a necessidade de diminuir o esforço de pesca dessas espécies. Por outro lado, a gestão que é realizada ao nível da Comunidade Europeia, não tem sabido responder às necessidades da pesca na região, e um exemplo disso é a abertura do espaço entre as 100 e 200 milhas aos barcos da Comunidade Europeia. Há que reflectir urgentemente sobre estes problemas e procurar soluções para eles. Uma delas passa por activar medidas de apoio concedidas no âmbito do eixo 4 do PROPESCAS, para suportar uma pesca sustentável. Esses apoios permitem que os pescadores parem por necessidade de gestão do esforço de pesca, por exemplo. Outra, é a reflexão que é preciso fazer sobre a governança, dotando a região de uma forma de se fazer ouvir na Comunidade Europeia. E há outras medidas importantes, tais como, o acesso a fundos que suportem não só a investigação sobre as espécies e os ecossistemas do mar dos Açores pelos investigadores dos Açores, mas com projectos que permitam obter resultados, numa partilha de conhecimento com os pescadores da região, como o têm feito mas que é absolutamente necessário continuar a fazê-lo . t.i. – numa região insular como a nossa os transportes – aéreos e marítimos – têm uma importância fulcral. Como é que estamos neste sector, sem esquecer o transporte de mercadorias, por via marítima, entre o Continente e as ilhas? J.C. - O transporte de mercadorias por via marítima, que abastece os Açores a partir do Continente, parece funcionar

bem. Há aspectos que precisam de uma atenção especial, que se prendem com a exportação por via aérea de certos produtos, como o peixe, e que, por isso, exigem escoamentos rápidos. Esses são aspectos que têm sido alvo de discussão e que se prendem com o problema da carga no transporte aéreo, que nunca foi resolvido. No que respeita aos transportes de passageiros, há muitos problemas que continuam por resolver. Há situações que são incompreensíveis, como a falta de coordenação entre os transportes marítimos de passageiros e aéreo, nas ilhas do grupo central, como já referi, ou os preços dos transportes entre ilhas e na sua ligação para o continente. t.i. – e já que abordámos o sector dos transportes e atendendo a que este semanário, embora de âmbito açoriano, tem a sua sede no faial, não resistimos a pôr como última questão a da ampliação da pista do aeroporto da Horta, uma velha e justa aspiração dos faialenses, na vertente das infra-estruturas, com benefícios para toda a região. Quando está, nesta circunstância, a decorrer na internet uma petição sobre este caso, não acha que tem havido até agora falta da necessária vontade política dos governos para resolver esta legítima reivindicação de todo um povo que aqui vive e merece ser atendido? J.C. – Essa é de facto uma reivindicação antiga e legítima. Quer na Assembleia da República quer na Assembleia Legislativa dos Açores, o Bloco de Esquerda já inquiriu o Governo da República sobre o incumprimento do compromisso assumido: ampliação da pista do Aeroporto da Horta. O Governo Regional também fez seu o compromisso. Portanto, basta que haja vontade política e cumprimento da palavra dada.


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OPINIãO

O6 de MAIO de 2O11

CITAçõES

a raiz do mal está lá atrás e tem como responsáveis homens como antónio guterres, Pedro Santana lopes, durão Barroso, Jorge Sampaio e por fim, mas não por último, o grande arquitecto da mentira, José Sócrates. daqui por uns anos, Portugal estará com as contas limpas e vai poder respirar fundo, tal como fez em 1983, a última vez em que o FMi por cá andou. infelizmente, e se nada for feito, o problema persistirá, e daqui por duas décadas vamos voltar a ter o país de pantanas e mais uma vez terão sido em vão os sacrifícios dos portugueses. Paulo Simões Açoriano Oriental

Tribuna das Ilhas

termas do Varadouro esquecidas

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Jorge Costa Pereira

No passado dia 29 de Abril, os deputados do PSD eleitos pelo Faial dirigiram ao Governo Regional um Requerimento sobre a situação da recuperação das Termas do Varadouro. Nesse Requerimento foram colocadas as seguintes questões:

1 – Em concreto, em que consistem “os processos necessários para a construção das Termas do Varadouro” que de acordo com as palavras do Secretário Regional da Economia estariam a decorrer? 2 – Qual o ponto da situação desse investimento? Qual o calendário para a sua concretização? 3 – Quais foram os critérios que fundamentam a decisão do Governo para atribuir à sociedade “Ilhas de Valor, S.A.” a responsabilidade de concretizar os investimentos nas Termas do Carapacho e na Ferraria e deixar de fora as Termas do Varadouro? 4 – Mantém o Governo Regional a mesma metodologia para a concretização deste investimento, ou seja, o vencedor do concurso para a exploração das Termas será obrigado a construir uma unidade hoteleira naquela zona? 5 – Existe algum privado neste momento interessado neste negócio?

6 – Quais as razões que justificam o adiamento da concretização deste investimento ao longo dos anos? 7 – Existem análises recentes e actualizadas às águas daquelas Termas? Quais os resultados dessas análises?

já foi adquirida a quase totalidade dos terrenos necessários à instalação do Hotel-SPA." Mas que difícil aquisição esta que em 2008 estava quase concluída e que, três anos depois, ainda não terminou!

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Na tarde do mesmo dia em que foi entregue este Requerimento na Assembleia Regional, o Governo, através da Secretaria Regional da Economia, emitiu um “Esclarecimento” sobre o assunto. Nesse documento, o Governo usa a habitual táctica: acusa de faltar à verdade quem levanta as questões e, como prova, invoca factos sem referência temporal, números globais e estimativas de investimento ainda não concretizado, numa mistura que só tem como objectivo confundir os menos atentos e dar uma imagem falsa de um governo que está a actuar! Diz o Governo no seu “Esclarecimento”, para provar que os deputados estavam a faltar à verdade, que no âmbito da recuperação das Termas do Varadouro “foram já adquiridos um total de 10 prédios pelo valor global de quase 450 mil euros.” E acrescenta que está "actualmente a decorrer o processo de aquisição dos terrenos necessários à sua implementação". Mas nesta mistura propositada e destinada a confundir as pessoas, o Governo esquece-se que a 16 de Maio de 2008, em Comunicado, afirmava textualmente que "em relação às termas do Varadouro

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Mais: diz o “Esclarecimento” do Governo que se “está a proceder à inventariação dos proprietários de nove pequenas parcelas de terreno para a implementação de uma área de protecção à captação de água” e que “só após a conclusão dessa fase será possível iniciar a respectiva requalificação das Termas que estarão associadas a uma unidade hoteleira”. Mas, então, e as palavras de Duarte Ponte, em 7 de Abril de 2005: “Em relação às Termas do Varadouro…é um compromisso que vamos assumir nesta legislatura.” (Convém referir que a legislatura em causa terminou em 2008!). Não sabia ele que havia essas “nove pequenas parcelas de terreno” por comprar? E sete anos para comprar cinco parcelas de terreno não será muito tempo?

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Todos sabemos obviamente que a questão não é esta. A questão essencial que os deputados do PSD eleitos pelo Faial levantaram foi a seguinte: porque é que o Governo entregou a recuperação das Termas da Ferraria, em São Miguel, e do Carapacho, na Graciosa, à Sociedade Ilhas de Valor, e o mesmo Governo determinou que as Termas do

aeroporto da Horta Paulo Oliveira

A

24 de Agosto de 1971 foi inaugurado o Aeroporto da Horta. A 5 de Julho de 1985 a TAP iniciou as ligações aéreas directas com Lisboa. Em 2001 atinge a categoria de “Aeroporto Internacional”, após obras de requalificação. Ao longo destes 40 anos de vida, é inegável o contributo que o Aeroporto da Horta trouxe ao desenvolvimento da Ilha do Faial e ao Triângulo, em especial ao longo dos últimos 25 anos, com as ligações de médio curso ao Continente. No entanto, a sua pista 10-28 de asfalto, com 1700 x 45 metros, e a 36 m de altitude, limita a operacionalidade das aeronaves de maior porte –o AirBus A320, o que tem impedido a economia da ilha do Faial de beneficiar de outros patamares de desenvolvimento, designadamente no sector turístico, com ligações directas à Europa e à América do Norte. Para atenuar essa penalização, em 2009 foi executado o projecto de Grooving da pista, que resultou na introdução de sulcos, que beneficiou não só a drenagem das águas pluviais como o atrito. Há muito que se reivindica a ampliação da sua pista, por forma a permitir a operação deste tipo de aviões sem penalizações.

CéSAr É por demais conhecida a novela que César criou, primeiro prometendo substituir-se à ANA, para logo depois das eleições, empurrar essa responsabilidade para a ANA, e que essa obrigatoriedade ficaria no Caderno de Encargos da futura privatização da empresa... De tempos a tempos, César alimenta a novela, a última das quais em Janeiro passado, quando visitou o Faial, deitando para a fogueira duas soluções, uma de 48 milhões que não resolvia definitivamente o problema de operacionalidade, e outra de 73 milhões, essa sim, a solução para as nossas, mais que justas, reivindicações. PetIçãO A 15 de Fevereiro de 2011 foi lançada a Petição Aumento da Pista do Aeroporto da Horta, reflectindo a preocupação dos faialenses, considerando a “falta de conforto” para quem aterra no nosso aeroporto, e que frequentemente vêm os seus planos alterados. ANA A verdade veio ao de cima aquando da recente visita de um Administrador da ANA à Horta, em que foi esclarecido que, para já, não haveria obras na pista, até porque, estando certificada, a ANA não via necessidade na sua ampliação.

E disse mais, Rui Oliveira, Chefe de Comunicação da ANA: Que esse processo de ampliação nada teria a ver com a privatização da empresa. Mais claro...., só água! PSd A 29 de Abril de 2011, mais uma vez, o PSD levou à Assembleia Municipal este assunto, trazendo ao de cima a promessa não cumprida de César, e que é altamente penalizadora para o Faial. Mereceu a concordância da maioria dos deputados municipais – PSD e CDU, e a habitual postura do PS que sim..., mas que não compete à Região..., alinhando com o incumprimento de César. Lamenta-se que, para o PS/ Faial, a defesa do chefe esteja em primeiro lugar, e não o Faial! BeJA Mas o que tem o Aeroporto de Beja a ver com o da Horta? Nada, dirão uns... Mas atentemos aos muitos atropelos verificados no processo, ultrapassáveis, quando há... vontade política!!! No passado dia 13 de Abril, realizou-se o primeiro voo comercial desta Base Aérea nº 11, de Beja – um Boeing 757 da TACV que transportou 70 passageiros para a cidade da Praia, na ilha de Santiago. Como se realiza um voo comercial tendo como origem um aeroporto que

ainda não está certificado? O porta-voz da ANA - Rui Oliveira (o mesmo...) disse que, apesar de não estar certificado, o Aeroporto de Beja começou a funcionar com todos os serviços aeroportuários imprescindíveis para o seu normal funcionamento. Mais espantoso foi o Ministro António Mendonça que, confrontado com a falta de certificação do aeroporto, afirmou que temos que perder a mania de olhar as coisas pelo lado negativo, e que, numa estrutura complexa como aquela, é natural que aconteçam imprevistos, mas que o importante é colocar a estrutura ao serviço das populações. Para trás ficaram as críticas do Tribunal de Contas a este modelo de negócio, cuja Aerogare custou 40 milhões de euros, com sucessivos atrasos, adiamentos e derrapagens financeiras, num obra terminada há mais de um ano, e concluída 3 anos depois do inicialmente previsto. Um claro exemplo de mau investimento público, não por ser em Beja, mas da forma como decorreu. fAIt dIver No passado dia 27 de Março aterrei no Aeroporto da Horta, com algum “conforto”. No ticket colocado na viatura estacionada no parque da ANA verifiquei duas anomalias: Tendo mudado a hora na noite ante-

Varadouro, no Faial, teriam de ser recuperadas através de investidores privados? É esta questão a mais importante e primordial e é nela que tudo radica. É esta diferença de critérios que tem de ser explicada. Mas sobre isso o "Esclarecimento" do Governo, elucidativamente, não dá resposta!

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E o resultado está à vista e é indesmentível: em 2007, a Sociedade Ilhas de Valor foi encarregue pelo Governo Regional de desenvolver o investimento das Termas da Ferraria e do Carapacho. Em 2010 aquelas estruturas foram abertas ao público. As termas do Varadouro, à espera de um investidor privado que as recupere, ainda não passaram da fase de aquisição de terrenos! É esta a diferença. É esta a razão essencial do atraso: para o Faial, arranjam-se sempre esquemas diferentes das outras ilhas e a consequência é que os outros avançam e nós não. Basta ver os resultados não só com as Termas do Varadouro mas com o Campo de Golfe, que também continua à espera de melhores dias… e de um privado que cumpra o contrato! E os responsáveis locais da área política do Governo, tudo isto aceitam e a tudo isto dão aval com um silêncio pungente, comprometido e bem revelador do peso regional que possuem nas decisões do Governo! Infelizmente, é isto o que temos! 02.05.2011

rior, ao pagar uma hora de estacionamento, o ticket, ao ser emitido ainda pela hora antiga, considerou automaticamente esgotada a hora paga!... Por outro lado, o IVA referido no referido ticket, que se anexa, era ainda de... 15%, taxa essa extinta no final de 2010. Duas irregularidades, de uma só vez, numa das maiores empresas públicas portuguesas. Claro que, conforme disse o Ministro, César e o PS/Faial (todos da mesma família...) “temos que perder a mania de olhar as coisas pelo lado negativo”, pelo menos, e só, nesta ilha!!!

Contributos, para po.acp@mail.telepac.pt


DESPoRTo

Tribuna das Ilhas

ANDEBoL – CAMPEoNATo AFh

Sporting Clube da Horta defronta Belenenses g Amanhã, o Sporting Clube da Horta joga com o Belenenses, num encontro a contar para a oitava jornada da fase final do Campeonato Nacional – Grupo B. Neste momento, o Belenenses lidera a classificação no grupo, a dois pontos dos faialenses. No primeiro embate entre as duas equipas nesta fase final, a formação de Filipe Duque venceu o Belenenses no Pavilhão da Horta por 35-31. No outro jogo da jornada, o São Mamede recebe o São Bernardo. Na passada quarta-feira, o Sporting da Horta foi surpreendido pelo São Mamede que, a jogar em casa, surpreendeu os faialenses, invertendo o resultado e fixando o marcador final em 26-24.

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CnH no Meeting açores de natação

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dr

g Realizou-se no passado fim-desemana, na Praia da Vitória, o Meeting Açores de natação. O Clube Naval da Horta esteve representado e ficou na quinta posição no que aos femininos diz respeito e na sexta posição em masculinos. Destaque para o segundo lugar conquistado pela atleta Susana Rodrigues, da categoria de infantil na modalidade de 50m livres. Nos 100m bruços também o infantil João Esteves esteve em bom plano e conquistou o segundo lugar. Milene Rodrigues, também infantil, conquistou o segundo lugar do pódio em 100m mariposa.

FUTSAL

Curso de Vela para adultos g Estão abertas as inscrições para um Curso de Vela para Adultos no Clube Naval da Horta. O Curso de Vela para Adultos tem a duração de 18 horas (divididas por aulas teóricas e práticas), entre 6 a 8 formandos e custo de 200€ para sócios e 250€ para não sócios.

O curso será ministrado pela empresa Azores4Fun, em parceria com o CNH. Mais informações e inscrições na Secretaria do Clube Naval da Horta. Esta iniciativa vem na sequência da calebração de um protocolo entre o CNH e esta empresa

TIRo

atiradores faialenses em bom plano a nível regional g Decorreu no passado fim-desemana, no Clube Desportivo de Tiro de São Miguel, uma prova organizada pela Associação Regional de Tiro dos Açores. Na prova, que foi ganha por Marco Oliveira, de São Miguel, participaram seis atiradores do Clube Desportivo de Caça e Golfe do Faial. De entre os faialenses, o

melhor classificado foi Vitor Rosa, na segunda posição. João Peixoto e Vasco Peixoto classificaram-se em terceiro e quarto lugar, respectivamente, e José Norberto Silva alcançou a sétima posição. Jorge Caetano classificou-se em 15.º lugar e Jorge Dinis em 17.º. Nesta prova participaram 19 atiradores.

naval da Horta participa na 2ª prova de apuramento nacional de 420 g A dupla do Naval da Horta Miguel Guimarães/David Abecasis irá participar na 2ª Prova de Apuramento Nacional da classe 420 que se realizaeste fim-de-semana . São esperadas cerca de 40 embar-

KINg

Mário Dutra lidera g Na próxima segunda-feira joga-se a 13.ª jornada do Campeonato de King, no Grémio Literário Artista Faialense. Nas contas da classificação geral, Mário Dutra segue na liderança. Em segundo lugar está Carlos Vilela e em terceiro Ruben Oliveira. A última jornada realizada, na passada segunda-feira, ditou a vitória de Isabel Fraga. Seguiram-se-lhe Mário Dutra, em segundo lugar, e Luís Cardoso, em terceiro.

cações para esta prova, organizada pelo Yate Clube do Porto com o apoio da Associação de Classe 420, no campo de regatas de Matosinhos. Neste momento, a equipa do

Clube Naval da Horta ocupa o 7.º lugar do Ranking Nacional sendo que o objectivo para esta época é obter o apuramento para o Campeonato da Europa a realizar em Julho na cidade de Tavira.

fayal Sport garantiu presença na Série açores na próxima época SOutO GONçAlveS/INCeNtIvO

g Na passada semana o Pavilhão do Complexo Desportivo Manuel de Arriaga recebeu o Apuramento do Campeão de Futsal da Associação de Futebol da Horta, em seniores masculinos. O Fayal Sport Club garantiu o título de campeão, e a presença na Série Açores na próxima época. Os Verdes empataram com o

Fazendense das Flores no primeiro jogo, e venceram o Madalena por 4-0, o que lhes garantiu o primeiro lugar da classificação. Ao vencer o Fazendense, o Madalena classificou-se em segundo lugar, o que garante à formação picoense a segunda vaga de que a Associação de Futebol da Horta dispunha na Série Açores.

FUTEBoL – TAçA AFh

flamengos cada vez mais perto da taça g Este domingo joga-se a última jornada da Taça da Associação de Futebol da Horta, Seniores Masculinos. O Flamengos joga nas Canadinhas com o Desportivo da Feteira, enquanto que o Fayal Sport recebe o Cedrense na Alagoa. A discussão pelo troféu continua em aberto, no entanto a formação do Vale é a grande favorita, já que necessita apenas de um ponto para garantir o primei-

ro lugar. Independentemente dos resultados desta última jornada, certo é já que aSupertaça Manuel Faria de Castro, que irá opor o vencedor do Campeonato ao vencedor da Taça, será disputada entre o Fayal Sport e o Flamengos. Na passada jornada, o Flamengos venceu o Lajense por 2-1, enquanto que Cedrense e Feteira empataram sem golos.


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oPINIÃo

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Tribuna das Ilhas

RETALhoS DA NoSSA hISTóRIA – XCvI

no Centenário da república Portuguesa (31) fernando faria

36. GOverNAdOr JOSé MAlHeIrO CArdOSO dA SIlvA

D

emitido o Dr. Pais Almeida, em 20 de Janeiro de 1933, do cargo de governador civil do distrito da Horta, logo se movimentaram as duas facções políticas locais, procurando que o seu sucessor fosse pessoa que lhes agradasse. Variadíssimos telegramas, datados de 22 de Janeiro e enviados ao Presidente do Ministério, Oliveira Salazar e ao titular da pasta do Interior, Albino dos Reis, são o testemunho do que então se passou. Enquanto os apaniguados do governador cessante reivindicavam alguém “estranho ao meio” que viesse “continuar a obra moralizadora do prestígio da Ditadura” e que garantisse uma “administração merecedora dos aplausos da gente honesta deste distrito”, os seus opositores, pertencentes ao grupo do Dr. Manuel Francisco Neves Jr. aplaudiam e felicitavam aqueles governantes pela “justiça” da exoneração, que mostrava uma “nítida visão dos superiores interesses da Ditadura neste distrito” já que – acrescentavam - “a orientação de Pais Almeida fora altamente prejudicial” para os “milhares de adeptos da União Nacional”1 que diziam representar. Face a tantas e tão antagónicas mensagens, o Governo tomou uma decisão aparentemente salomónica: nomeou um “estranho ao meio”, o continental José Malheiro Cardoso da Silva, o que seria apreciado pelos amigos do governador cessante; todavia, e antes que ele chegasse à Horta, designou, a 2 de Fevereiro, o tenente Alfredo Sampaio para ocupar o lugar de governador civil interino, com o objectivo evidente, embora não declarado, de aplanar o caminho ao novo governador, demitindo as autoridades distritais e locais nomeadas por Pais Almeida e substituindo-as por pessoas afectas ao Dr. Neves, que também no início de Fevereiro recebeu um telegrama do próprio ministro Albino dos Reis comunicando-lhe que

fora levantada a suspensão do cargo de Guarda-mor de Saúde (decidida por Pais Almeida) e que podia reassumir aquelas funções. Aliás, a forma como os dois diários faialenses noticiaram o acto de posse do tenente Sampaio indiciavam que, agora, o Correio da Horta era o vencedor e O Telégrafo o vencido. Enquanto o primeiro lhe concedeu um relevo desmedido - referindo as presenças, os discursos do secretário-geral, do Dr. Neves, de Osório Goulart, do tenente Gastão de Melo Furtado e do empossado2 – o segundo aponta somente que assistiram à posse “os seus amigos, alguns funcionários e a corporação policial”3 . Destaca, no entanto, as mudanças havidas na Câmara Municipal da Horta, cuja comissão administrativa constituída por tenente Manuel José Cardoso de Simas (presidente), tenente José Raposo, João Vidago, José Campos, tenente João Costa, José Lucindo da Silveira e Diogo Teles, havia sido substituída por outra composta pelo Dr. Raposo de Oliveira (presidente), Cleófito Amaral Vila-lobos, José da Rosa da Silva, Alfredo Crisóstomo, Francisco Calheiros Menezes Ribeiro, António Lucas da Silva e tenente Gastão de Melo Furtado. Idêntica alteração se verificou na comissão administrativa da Junta Geral do Distrito, sendo demitidos: tenente-coronel Álvaro Soares de Melo (presidente), Florêncio José Terra, Manuel Borges, Dr. José da Silva Ribeiro Peixinho, José António Laranjo e Carlos Silva; e nomeados: José Osório Goulart (presidente), José Rodrigues do Amaral, Humberto da Cunha Correia, Joaquim Crisóstomo da Silveira, José Francisco Machado, Manuel Silveira de Medeiros e Manuel Alves Guerra4. Quando a 2 de Março desembarcou na capital do distrito, o governador Malheiro Cardoso já não teve que proceder a quaisquer purgas, pois disso se havia encarregado o tenente Alfredo Sampaio. Não obstante as duas facções políticas se reclamarem apoiantes da Ditadura, o certo é que o Governo de Salazar acabava de preferir os dirigentes locais da União Nacional, cuja presidência, a nível distrital, era ocupada pelo Dr. Raposo de Oliveira, verdadeiro braço-direito do Dr. Neves. Conhecidas as posições do Correio da Horta e de O Telégrafo, não surpreende a

extensa e apologética reportagem que faz o primeiro sobre a vinda e a posse do governador Malheiro Cardoso, contrastante com as simples linhas que lhe dedica o segundo, limitando-se a assinalar a chegada e informando que, “embora não houvesse notícias positivas de que ontem mesmo era a posse de Sua Ex.ª, ela foi bastante concorrida”5. Sabendo-se que estava em debate público o texto constitucional fundador do Estado Novo e que seria plebiscitado no dia 19 de Março de 1933, percebe-se a urgência que teve o ministro do Interior em colocar na Horta o governador Malheiro Cardoso, com quem desde há muito tinha estreitas afinidades pessoais e políticas. Logo que empossado, o novo chefe do distrito – que já desempenhara esse cargo no tempo do presidente Sidónio Pais – apressou-se a telegrafar ao ministro Albino dos Reis, comunicando-lhe ter sido muito saudado e “posta em destaque superior orientação vexa altos destinos políticos País” e que no acto “minha posse doutor Manuel Francisco Neves Júnior, médico grande prestígio no distrito, deu sua pública e solene adesão União Nacional pedindo eu transmitir vexa e Governo da República suas melhores saudações”6. Na verdade, o Correio da Horta, na exaustiva e pormenorizada reportagem da chegada à Horta do Dr. Malheiro Cardoso, relata os cumprimentos a bordo do paquete “Carvalho Araújo”, o desembarque no cais de Santa Cruz, a ida para o Governo Civil, a posse e os discursos proferidos pelo tenente Alfredo Sampaio, Dr. Raposo de Oliveira, Osório Goulart, Padre José Pereira da Silva, Dr. Neves e, por último, o governador civil. Da muita retórica lá produzida, e que aquele jornal inseriu nas suas páginas, interessa realçar um extracto da intervenção do Dr. Raposo de Oliveira, na dupla qualidade de presidente da Câmara da Horta e da Comissão Distrital da União Nacional, quando salientou que esta havia sido “formada neste distrito desde o 28 de Maio” e que era a sucedânea “da grande força conservadora do distrito, chefiada pelo Dr. Neves, que desde há muito tinha abandonado os partidos políticos, formando-se uma agremiação puramente regional, que dera, logo após o glorioso movimento do 28 de Maio, o mais franco, leal e desinteressado apoio ao Governo da Ditadura”. Do Dr. Neves a parte em que

a nOSSa aVeniDa – 3 Santos Madruga

E

m Julho de 2007, escrevemos um artigo de opinião, fazendo referência à falta de bancos na nossa Avenida, e até sugerimos a sua colocação entre os salgueiros e virados para o Pico. Três anos depois - Agosto 2010 – voltámos ao assunto. Desse artigo respigamos o seguinte: “Estamos em plena época alta, no que respeita ao turismo e continuamos a esquecer-nos de pormenores que, constituiriam uma mais valia,

para a nossa cidade. Estamos a referir-nos, à falta de bancos na Avenida Marginal. É que, como se diz, com uma certa dose de maledicência. – a melhor vista do Faial é o Pico”. E continuávamos: “E para que não acusem os faialenses, entre outras coisas, de mais esta, que no maior miradouro do Faial, para se descansar, se volta as costa ao Pico, vamos pedir a quem tem essa responsabilidade que mande colocar uns bancos na nossa Avenida,…”. Passados que são, quase nove meses, finalmente, alguém com res-

ponsabilidade e ciente da sua importância, mandou colocar os tão desejados bancos na nossa Avenida. E mais uma vez, se cumpriu o velho e estafado ditado, - “Água mole em pedra dura tanto bate até que fura”. Hoje, estamos aqui para aplaudir, elogiar e agradecer ao respetivo responsável, a concretização de algo que constitui, uma mais valia, para a nossa e sua cidade. Bem-haja! Haja Saúde!

expôs “a sua acção política e a dos seus amigos perante a Ditadura, servindo-a leal e desinteressadamente desde a primeira hora, elegendo o Sr. General Carmona para o alto cargo de Presidente da República”. Declarou também que, “a pedido das dignas autoridades de então [ou seja, em 1928] organizou a União Nacional neste distrito” e, se mais cedo, nela não se filiara, “fora por se fazer a propaganda insistente de que a Ditadura não queria a colaboração dos antigos chefes políticos; disse mais que, tendo sido caluniosamente difamado como funcionário, aguardara que justiça lhe fosse feita, por uma rigorosa sindicância à sua vida oficial nos últimos trinta anos e que o Sr. Ministro do Interior se dignara telegrafar-lhe directamente a participar-lhe que estava completamente ilibado das insidiosas acusações que lhe haviam sido feitas e ordenando-lhe que assumisse o exercício das suas funções” [referia-se ao cargo de Guardamor de Saúde de onde havia sido suspenso em 1932 por influência directa do governador Pais Almeida]. Por essa razão, e por ver que o Governo queria a colaboração dos “elementos que alguma importância social têm, como sucedera há pouco com o seu eminente colega Bissaia Barreto, vinha ali naquele momento dar a sua pública adesão à União Nacional”7 e, caso o governador Malheiro Cardoso visse nesse facto algum valor, pedia-lhe que o comunicasse ao Governo da Nação. Como atrás se apontou, esse desejo foi satisfeito no próprio dia da posse em telegrama ao ministro Albino dos Reis. Estava, portanto, reposta a supremacia da facção política do Dr. Neves que se manteria inalterável até 1935 quando foi nomeado outro governador! É certo que ainda houve forte resistência da oposição que logo promoveu uma jornada cívica e política fazendo deslocar à sede do Governo Civil, no domingo 12 de Março de 1933, umas centenas de pessoas, representativas de várias organizações, que, em discursos mais ou menos contundentes, porfiavam num desesperado volteface por parte do chefe do distrito, a quem não se cansaram de exaltar a acção do seu antecessor. Apelidada de “Representação de Classes ao Sr. Governador Civil da Horta”, mereceu enorme destaque em O Telégrafo, ocupando grande parte das suas edições da semana subsequente, com descrição do cortejo e publicação integral dos

discursos pronunciados por Ana Adelina Costa Nunes (representando as mulheres), José Furtado Cardoso (em nome da Associação Comercial da Horta), José Augusto Lucindo da Silveira (pela Sociedade Cooperativa Previdência Operária), Manuel Stattmiller de Saldanha e Albuquerque (presidente da delegação da Liga Nacional 28 de Maio) e tenente João Costa, ex-secretário do governador Pais Almeida, a quem homenageou. O Dr. Malheiro Cardoso agradeceu aquela “grandiosa manifestação patriótica de fé nos destinos deste distrito e da Pátria”8 que, significativamente o Correio da Horta pura e simplesmente ignorou! Entretanto, decorridos sete dias – precisamente a 19 de Março - o Povo votou favoravelmente a Constituição que entraria em vigor a 11 de Abril de 1933, dando assim início formal ao Estado Novo que se manteria, apesar de todas as vicissitudes, até 25 de Abril de 1974. Oficialmente, o Dr. Malheiro Cardoso foi governador do distrito da Horta durante dois anos (3.3.1933 a 15.3.1935), embora tenha regressado definitivamente a Lisboa no vapor Lima a 15 de Janeiro de 1935. No decurso do seu mandato viajou pelas quatro ilhas, conseguiu realizar “a maior aspiração da cidade da Horta”9 que se traduziu na vinda da draga ‘Adolfo Loureiro’ para proceder ao desassoreamento do porto da Horta, providenciou para que o competente Engenheiro Ângelo Corbal fosse nomeado director das Obras Públicas, conseguindo assim alguns importantes melhoramentos na rede viária das ilhas Faial, Pico e Flores, na muralha de protecção à cortina da cidade da Horta, e, pelo menos para alguns, dando provas de grande dignidade no exercício “do seu nobre cargo, não se servindo dele para acender ódios e lançar a desordem no seio da colectividade, mas procurando solidificar a paz, a ordem, a confiança e o trabalho em proveito comum dos seus administrados” 10. 1 antt, Ministério do interior, gabinete do Ministro, maço 463, pastas 22/3 e 22/4 2 vd. Correio da Horta, 3 e 4 de Fevereiro de 1933 3 o telégrafo, 3 de Fevereiro 1933, p.4 4 vd. idem, 7 de Fevereiro 1933, p.4

5 idem, 3 de Março 1933, p.4 6 antt, Ministério do interior, gabinete do Ministro, maço 463, pasta 22/9 7 Correio da Horta, 3 e 4 de Março 1933 8 o telégrafo, 13 a 18 de Março 1933

9 Correio da Horta, 24 de abril 1934, p. 1 10 idem, 2 de Março 1934, p. 1


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Tribuna das Ilhas nOtÁriO

liC. Maria DO CéU PrietO Da rOCHa PeixOtO DeCQ MOta

CartÓriO rua da Conceição, nº 8 r/c – 9900-080 Horta

CertiDãO narratiVa Certifico, para efeitos de publicação, que por escritura lavrada aos vinte e seis de Abril de dois mil e onze, de folhas cinquenta e oito a cinquenta e nove verso, do Livro de Notas para escrituras Diversas número Noventa e Quatro - E, do Cartório Notarial, da Licenciada Maria do Céu Prieto da Rocha Peixoto Decq Mota, Notária, sito na Rua da Conceição nº 8 r/c, na Horta, se encontra exarada uma escritura de JUSTIFICAÇÃO NOTARIAL na qual Maria Catarina Pereira de Oliveira escobar NIF 147 265 487, viúva, natural da freguesia de Castelo Branco, residente na freguesia dos Cedros, ambas deste concelho, na Estrada Regional, n.º 68, nilza Maria Pereira de escobar garcia NIF 163 898 197 e marido luís Carlos Correia garcia NIF 197533051 na comunhão de adquiridos, ambos naturais, da freguesia da Matriz, residentes na freguesia da Feteira, ambas deste concelho, na Rua do Algar, n.º 61, andré filipe Pereira escobar ou andré filipe Pereira de escobar, nomes que usa, NIF 225 214 199, solteiro, maior, natural da dita freguesia dos Cedros e na mesma residente, na Estrada Regional, n.º 68 e de nuno rodrigo Pereira de escobar NIF 223 424 056 e mulher Vânia Maria da Silva Bettencourt NIF215 720 598, casados na comunhão de adquiridos, naturais, ele da dita freguesia dos Cedros, ela da freguesia e concelho de Santa Cruz da Graciosa e nesta residentes, na Rua do Mercado, n.º 1-A, declaram: Que são actualmente e com exclusão de outrém, donos e legítimos possuidores, em comum e sem determinação de parte ou direito, do seguinte prédio, situado na mencionada freguesia dos Cedros: Urbano, no Cascalho, habitação de dois pisos com quintal, com a área total de mil quatrocentos e cinquenta e dois metros quadrados, a confrontar a norte e leste com Domingos Rosa da Silveira, sul e oeste Caminho de Servidão, inscrito na matriz no artigo 646, com o valor patrimonial tributário de 21.672,03 €, não descrito na Conservatória do Registo Predial da Horta. Que adquiriram este prédio por herança por óbito de Rodrigo Manuel Alvernaz de Escobar que foi casado com a primeira outorgante na comunhão geral e do qual foram únicos herdeiros, conforme consta da escritura de habilitação lavrada neste Cartório no dia dezassete de Agosto de dois mil e sete, exarada a folhas cento e dezanove do livro de notas número quarenta e dois – E. Que a primeira outorgante e o seu cônjuge tinham adquirido este prédio no ano de mil novecentos e setenta e oito por doação feita pelos pais do falecido, não tendo na altura outorgado a respectiva escritura de doação. Que desde essa altura até ao seu falecimento, ocorrido no ano de mil novecentos e noventa e sete, sempre estiveram na posse deste prédio, sem a menor oposição de ninguém; posse que sempre exerceram sem interrupção e ostensivamente, com conhecimento de toda a gente e a prática reiterada dos actos habituais de um proprietário, tendo-o ocupado para habitação, feito obras de conservação e beneficiação, pago as devidas contribuições, tendo retirando sempre dele todas as utilidades normais, com ânimo de quem exercita direito próprio, sendo por isso uma posse pacífica, contínua e pública. Que após o falecimento do cônjuge da primeira outorgante foi esta posse continuada até hoje pelos seus herdeiros nos mesmos moldes. Adquiriram assim o referido prédio por usucapião e, dado o modo de aquisição, não possuem título, estando impossibilitados de comprovar esta aquisição pelos meios normais É certidão-narrativa que fiz extrair e vai conforme o original Cartório Notarial, vinte e seis de Abril de dois mil e onze. A Colaboradora, por delegação da Notária, Sónia de fátima Brasil Machado Bettencourt Emitida factura/recibo n.º 413/001/2011

ELMANO ALVES, LDA. ViatUraS USaDaS Para VenDa MarCa / MODelO fOrD fieSta techno 1.25 – 3 Portas, ano: 2002 Gasolina; C/Ar Condicionado, D. Assistida, Vidros Eléctricos, Fecho Central Portas, Auto-Rádio com Leitor Cassete fOrD fieSta techno 1.25 3 Portas, ano: 2002 Gasolina; C/Ar Condicionado, D. Assistida, Vidros Eléctricos, Fecho Central Portas, Auto-Rádio com Leitor Cassete fOrD fieSta gHia 5 P, ano: 2004 Gasolina; C/Ar Condicionado, D. Assistida, Vidros Eléctricos, Fecho Central Portas, Auto-Rádio com Leitor CD OPel COrSa 5P, ano: 2004 Gasolina; D. Assistida, Vidros Eléctricos, Fecho Central Portas, AutoRádio com Leitor CD CitrOen JUMPY 2.0HDi , ano: 2002 9 lugares; Gasóleo; C/Ar Condicionado, D. Assistida, Vidros Eléctricos, Fecho Central Portas, Auto-Rádio com Leitor CD

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oPINIÃo

O6 de MAIO de 2O11

frederico Cardigos

O

Estranho Caso do Duplo Prémio da Qualidade Costeira dos Açores resulta da conjunção de três factores: um prémio imaturo, uma abordagem jornalística que, desta vez, não primou pela excelência e, por último, a existência de uma qualidade ambiental esmagadora no arquipélago dos Açores. Este Estranho Caso começou em 2007. Então, uma organização nãogovernamental para o ambiente de nível internacional denominada Coastal & Marine Union (EUCC) tentava aliciar a Região Autónoma dos Açores a entrar no restrito clube que reunia os locais da Europa que, certificadamente, abordavam o ambiente de forma adequada. Bastou uma análise sumária à metodologia subjacente ao prémio para compreender que, muito provavelmente, o merecíamos. Os indicadores em análise estavam agrupados em “Natureza”, “Ambiente”

Tribuna das Ilhas

O estranho Caso do Duplo Prémio da Qualidade Costeira dos açores e “Socio-Economia”. Entre outros, no primeiro grupo eram estudadas componentes como a existência de valores naturais, políticas ambientais ou a existência de sítios calmos. No grupo “Ambiente” eram analisados factores como as pressões que o mundo natural sofre, os certificados existentes (bandeira azul, verde e outras), a gestão de lixos (o nosso ponto fraco) e a abordagem energética. Por último, no grupo da “Socio-Economia” eram estudadas componentes como o património cultural, as tradições, a participação ou a satisfação dos visitantes. Os Açores, claramente, tinham tudo para vencer este prémio. Apesar disso, no total, seriam tomados em consideração uma centena de indicadores, o que revelava a exigência e complexidade deste prémio. Este prémio QualityCoast ajudaria a certificar a adequação dos Açores na sua relação com o Ambiente, caso ganhássemos. Caso não ganhássemos, permitiria

reflectir sobre a nossa postura e melhorála. Adivinhem? Ganhámos! Este ano, numa tentativa de reforçar e premiar ainda mais as posturas ambientais positivas, foi lançado pela EUCC um segundo reconhecimento. Agora, entre os 500 destinos turísticos do Sul da Europa de acordo com uma das maiores agências de viagens do mundo, seriam escolhidos os melhores 50, mas utilizando apenas 10 indicadores. Portanto, utilizei a palavra “reconhecimento” propositadamente. É que este reconhecimento não é um prémio com a exigência ou complexidade do anterior. Reparem que no anterior são analisados 100 indicadores e, neste reconhecimento, apenas 10. Ora acontece que, nos Açores, entre os 500 destinos da mega empresa utilizada para a selecção dos espaços a considerar estão o Pico, São Miguel, Terceira e Açores (genérico). Portanto, como as restantes ilhas não constam dos destinos desta agência, isoladamente, não podiam

ser reconhecidas. O extraordinário é que todos os destinos dos Açores foram alvo deste reconhecimento. Caso as Flores, Corvo, Graciosa, Faial, São Jorge e Santa Maria estivessem nos destinos desta agência, muito provavelmente, teríamos ganho 9 prémios dos 50 possíveis. Portanto, ao contrário do que poderia ser uma primeira interpretação, os Açores não perderam qualquer qualidade, continuando o verdadeiro prémio a aplicar-se em todas as ilhas do arquipélago. Quanto a este segundo reconhecimento, é interessante e é apenas isso. Enfim, como provavelmente notaram, não me senti confortável com o método utilizado para seleccionar os locais a avaliar por este TOP 50, mas pior mesmo foi a interpretação que os órgãos de comunicação social fizeram. Na primeira notícia sobre este prémio, chamavam às Ilhas como Concelhos, depois, escreveram que este era o prémio QualityCoast, quando não é, e, final-

CoNhECER o CANCRo

Cancro da Próstata: a era pós-PSa Gonçalo forjaz

A

incidência do cancro da próstata apresenta variações consideráveis a nível mundial. As taxas mais elevadas registam-se em países da Europa Ocidental, na Austrália e nos Estados Unidos; as mais baixas verificam-se em países do Extremo Oriente e na Índia. A título de exemplo, nas estimativas da OMS para 2008, a ilha francesa de Martinica apresenta uma taxa de incidência padronizada para a população mundial de 173.7 por 100000, claramente contrastante com a estimada para o reino do Butão (localizado numa zona de fronteira da China com a Índia), de 1.7 por 100000. No nosso país, em 2005, foram registados 4866 novos casos, a que corresponde uma taxa de 76.9 por 100000. Nos Açores, em 2006, foram registados 115 novos casos, cuja respectiva taxa foi de 107.5 por 100000. Ambas as taxas estão padronizadas para a população europeia, pelo que podem ser directamente comparadas. Até meados dos anos 80, o conhecimento epidemiológico sobre o cancro da próstata era relativamente escasso, sobretudo se considerarmos o que, à data, já se sabia sobre o cancro da mama nas mulheres. Mesmo assim, actualmente, o cancro da próstata continua a ser um “grande desconhecido”, principalmente no que diz respeito a estratégias de redução da sua incidência. Por exemplo, muito já se sabe sobre a etiologia do cancro do colo do útero ou do cancro do pulmão, o suficiente, aliás, para que medidas que visem a diminuição da

exposição aos principais factores causais (neste caso falamos, respectivamente, de um agente biológico, o HPV, e de inúmeros agentes químicos, presentes no fumo do tabaco) possam ser, com segurança e conhecimento, implementadas a nível comunitário. No cancro da próstata temos, antes de mais, de distinguir entre factores não modificáveis e factores modificáveis, pois sabe-se que, para o seu aparecimento, são determinantes sobretudo os primeiros, como a idade (a maioria dos casos são diagnosticados depois dos 65 anos), o país de residência (lembre-se a variação geográfica já mencionada), a etnia de origem (os afro-americanos, por exemplo, estão em maior risco de desenvolver a doença relativamente aos americanos brancos) e a história familiar. Resta saber se existem factores que, podendo ser modificáveis, contribuam para o aumento da incidência (factor de risco) ou, pelo contrário, para a sua diminuição (factor protector). E, de facto, existem. Mas, como bem refere o exaustivo relatório publicado em 2007 pelo World Cancer Research Fund, intitulado “Food, Nutrition, Physical Activity, and the Prevention of Cancer: A Global Perspective”, só é possível, na melhor das hipóteses, apontar como prováveis (e não, como seria desejável, convincentes) a acção deletéria do cálcio e, pelo contrário, a acção protectora dos anti-oxidantes licopeno e selénio. No que ao diagnóstico diz respeito, está amplamente difundida a prática de detecção do cancro da próstata através da medição do PSA (sigla do inglês prostate-specific antigen) no sangue, molécula de natureza glico-proteica com actividade enzimática e produzida pelas células da glândula. O PSA é considerado um dos marcadores tumorais mais fidedignos em

oncologia, não obstante existirem situações em que concentrações elevadas no sangue não correspondam a presença de tumor na próstata. Nos países mais desenvolvidos, o teste ao PSA foi sendo introduzido ao longo dos finais dos anos 80 e princípios dos anos 90. Nos Estados Unidos, por exemplo, o impacto ao nível da incidência da doença foi absolutamente extraordinário, estimando-se em cerca de 1 milhão de novos casos adicionalmente detectados após a implementação do teste no país. Mas, perguntará o leitor, se o PSA é importante para detectar lesões tumorais precoces na próstata, porque não implementar este teste a nível populacional de forma a abranger obrigatoriamente todos os homens em risco de desenvolver a doença, à semelhança do que já se verifica nos rastreios para os cancros da mama e colo do útero na mulher e do cólon e recto em ambos os sexos? A verdade é que, apesar das vantagens trazidas pela introdução do PSA, decorre ainda um intenso debate sobre os seus benefícios a nível comunitário/populacional. Dada a história natural da doença (a evolução do cancro da próstata é, muitas vezes, assintomática e pode decorrer ao longo de décadas), a grande questão que se coloca é a de se saber se um tumor detectado por PSA evoluiria de maneira inócua, sem expressão clínica nos anos vindouros, ou se, pelo contrário, evoluiria no sentido de invasão local e criação de metástases à distância, contribuindo para a morte por cancro. Dois grandes estudos epidemiológicos, um norte-americano (Prostate, Lung, Colo-rectal, and Ovarian Cancer Screening Trial), outro europeu (European Randomized Study of Screening for Prostate Cancer), tentam, actualmente, responder a estas e outras questões.

mente, preocupados com o aparente paradoxo entre haver um arquipélago premiado e ilhas dentro do mesmo arquipélago a receber o mesmo prémio, resolveram que, afinal, os Açores não tinham sido premiados, aplicando-se este reconhecimento apenas às Ilhas atrás mencionadas… Entre os que noticiaram, apenas a RTP/Açores, e aqui lhe faço a respectiva vénia, telefonou para o Governo Regional a pedir esclarecimentos. Este Estranho Caso tem como génese um dos grandes problemas das sociedade actual: a velocidade. Nada se pensa, nada se confirma, nada se confronta, não há perguntas… apenas sentenças e quanto mais mediáticas melhor. É pena, até porque se neste caso o erro e a precipitação são benignos, noutros estranhos casos não o são. Mais informações sobre este prémio em: http://www.qualitycoast.info/azores/index.htm.

a logística do medo kitty Bale*

H

á quem jure que com boa vontade, tudo se faz. Sempre acreditei nisso até chegar aqui e testemunhar a minha boa vontade ser mal entendida, deturpada, mal interpretada. Durante algum tempo foi um caso clássico de "perdido na tradução" e depois tornou-se numa comédia de erros. Em primeiro lugar, é óbvio que convém realizar uma autoavaliação para perceber o que fiz de errado. De natureza calma e discreta, esforcei-me por aprender uma língua tão fascinante como desafiante sem atrair atenção ou dar nas vistas. Bem pelo contrário, tentei mesmo - em vão - misturar-me na paisagem, comunicando a quem quisesse ouvir o meu desejo de enquadrar-me nesta realidade açoriana. Seja como for, nunca resultou completamente, mesmo quando pintei o cabelo de castanho-escuro. Só acabei com o aspecto ainda mais pálido do que o costume. Foi nesta altura que percebi que o que tinha para oferecer era aquela diferença que estava a tentar silenciar, este olhar vindo de fora. Habituada ao multiculturalismo das grandes cidades, já com experiência de emigração em vários países da UE, e com algum tempo também nos EUA, achei que a adaptação ia ser fácil uma vez que podia comunicar em português. Ansiosa de respeitar a cultura e os hábitos locais, de não ofender ninguém que fosse ou pior

ainda de dar a impressão que pudesse estar a tentar impor o uso da minha língua, transformei-me numa esponja gigante e absorvi todos os pedaços da vida açoriana que consegui encontrar. O resultado está aqui: uma estrangeira com sotaque indelével que escreve um português simples e um tanto cândido. Este meu português sou eu, com verrugas e tudo, aliás sem edição. Em qualquer língua que seja, sou exactamente a mesma pessoa, uma estrangeira deslocada, ou em termos talvez mais familiares, uma emigrante ao contrário, enfrentando os mesmos dilemas que muitos açorianos lá fora nos países anglosaxões. Só que cheguei aos Açores sozinha, sem sistema de apoio. Cá não há nenhuma Comunidade - como é o caso com os açorianos em Toronto por exemplo - para nos fazer (a nós, estrangeiros) sentir em casa. Fazemos o nosso melhor para abraçar a diferença, a cultura e para os que não vêm da CPLP a língua, mas muitas vezes nem há curiosidade ou vontade alguma de ir ao encontro do outro. Em lugar disso, há rótulos, medo e desconfiança, mesmo quando chegarmos cá com o coração na mão. Porém, ninguém é tão diferente que não se possa encontrar coisas em comum. Aliás, o "outro" - quer o açoriano lá fora, quer o estrangeiro nos Açores só procura uma coisa: ser aceite. *Jornalista quazorean@gmail.com


INFoRMAçÃo

Tribuna das Ilhas

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l antónio Medeiros Costa de 29 anos de idade de idade, faleceu no Hospital da Horta no passado dia 24 de abril. natural da freguesia da Matriz e residente no sítio dos espalhafatos, deixa de luto Fátima Costa e a sua filha lisa Costa. l no passado dia 28 de abril, com 80 anos de idade faleceu no Hospital da Horta, antónio Francisco lopes da Silva, natural de São Sebastião de lagos e residente na freguesia da Matriz. o extinto deixa de luto sua esposa Maria evelina Ávila ramos lopes da Silva e seus três filhos: isabel Carmen Ávila ramos lopes da Silva Campos, casada com Francisco Manuel Saldanha Maciel Campos, Maria eugénia Ávila ramos lopes da Silva e João antónio Ávila ramos lopes da Silva. o falecido deixa ainda duas netas: ana isabel lopes da Silva Campos rodrigues, casada com lúcio Manuel da Silva rodrigues, e ana Sofia lopes da Silva Campos, e uma bisneta, a Maria rita Campos rodrigues. l no Hospital da Horta, faleceu no passado dia 30 de abril, vitima de doença prolongada, vitor José valadas Jordão, natural da Moita e residente na freguesia de Castelo Branco. deixa viúva Filomena Jordão e era pai de Joana Jordão e Carla Jordão.

AGeNdA CINeMA

dOMINGO 17h00- Filme - “rango” no teatro Faialense. organização Hortaludus 21H30- Filme - “rédea Solta” no teatro Faialense. organização Hortaludus eveNtOS HOJe Ciclo de Conferências - “açores:100 anos de república” - “arte e república. entre o cosmopolitismo e o comemorialismo da i república nos açores” no Museu da Horta com a Conferencista: isabel albergaria. organização da dr da Cultura e do governo dos açores

aleitamento Materno no Hospital da Horta. organização do Cantinho da amamentação, unidade de obstetrícia - HH com o apoio da uniCeF, Cni - Hospitais amigos dos Bebés e ajuda de Mãe

de 2 A 7 de MAIO encontros Filosóficos “educar pela artes” no auditório da eSMa. apresentação dos trabalhos de Área Projecto dos alunos do 12.º ano. organização da eSMa em parceria com a CMH, a CCiH, a aaiF, o teatro de giz, o Fazendo associação Cultural e com a associação de estudantes da eSMa

dOMINGO desporto - Mini-veleiros - torneio da Primavera na Baía da Horta. organização do Clube naval da Horta

PrOJeCtO de ANIMAçãO deSPOrtIvA e CulturAl 2011 SeMANA de eNCerrAMeNtO Hoje 19h30 - torneio de Badminton (masc. e fem.). apuramentos e final - Quinta de São lourenço 19h30 - torneio de tiro com carabina de pressão de ar – 10 m. apuramentos e final 19h30 - torneio de Setas. torneio interfreguesias - apuramentos e final. organização da CMHorta AMANHã 21h30 - teatro “o Cantinho do Jacinto encenação e texto: victor rui dores e interpretação do grupo de teatro da unisénior do Faial no teatro Faialense. organização da univ. Sénior do Faial 11h00 às 20h00 - animação infantil no Parque da alagoa com insufláveis e karts a Pedal. organização do universo da Festa 15h00 - reunião do grupo de apoio ao

22h00 – Baile com turma do rodeio Polivalente dos Flamengos. organização do Futebol Clube dos Flamengos

18h30 - Sonata ao luar com o Coral de Santa Catarina e o Fadista armando Meireles no largo duque d’Ávila e Bolama. organização da escola Profissional da Horta como apoio da CMH e Junta de Freguesia da Matriz dIA 9 de MAIO – SeGuNdA-feIrA 10h30 e 14h30 - teatro “a formiga e o Coelhinho” na Biblioteca Pública a. r. J. J. g. com o grupo era uma vez - teatro Marionetas. organização da Biblioteca Pública e arq. regional João José da graça

dIreCtOr: Cristiano Bem edItOr: Fernando Melo CHefe de redACçãO: Maria José Silva redACçãO: Susana garcia e Marla Pinheiro

eMerGêNCIAS -fAIAl i h p o ~ m i i

número nacional de Socorro 112 Bombeiros voluntários Faialenses 292 200 850 PSP - 292 208 510 Polícia Marítima 292 208 015 telemóvel: 912 354 130 Protecção Civil - 295401400/01 linha de Saúde Pública 808211311 Centro de Saúde da Horta 292 207 200 Hospital da Horta 292 201 000 trANSPOrteS - fAIAl

jSata - 292 202 310 - 292 292 290 loja jtaP (aeroporto) - 292 943 481 v Associação de taxistas da ilha do Faial 292 391 300/ 500 otransmaçor - 292 200 380

António Medeiros Costa A família na impossibilidade de o fazer pessoalmente, vem por este meio agradecer, aos Bombeiros da Horta, à equipa do serviço de urgência do Hospital da Horta, atenção e ocuidado prestado ao sua ente querido, que tudo fizeram para o salvar. Agradece também com gratidão ao Padre Saldanha o carinho que teve até ao final das cerimónias funebres, a todos os familiares, amigos e a todas as pessoas que enviaram e-mails, mensagens, flores ou telefonaram, que de algum modo manifestaram o seu pesar, assistiram à missa de corpo presente, acompanharam o funeral e estiveram presentes na missa do 7.º dia. A todos o nosso sincero obrigado

fIleteS de veJA feBrAS GrelHAdAS ABróteA frItA

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dIA 12 de MAIO – QuINtA-feIrA 18h00 - lançamento do livro “testemunhos do vulcão dos Capelinhos” no Centro de interpretação do vulcão dos Capelinhos. organização da direcção regional das Comunidades

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COlABOrAdOreS PerMANeNteS:Costa Pereira, fernando faria, frederico Cardigos, José trigueiros, Mário frayão, Armando Amaral, victor dores, Alzira Silva, Paulo Oliveira, ruben Simas, fernando Guerra, raul Marques, Genuíno Madruga, Berto Messias COlABOrAdOreS eveNtuAIS: Machado Oliveira, francisco César, Cláudio Almeida, Paulo Mendes, zuraida Soares, Gonçalo forjaz, roberto faria, Santos Madruga, lucas da Silva

eMeNtA PArA dOMINGO

AceitAm-se ReseRvAs

agraDeCiMentO

dIA 10 de MAIO – terçA-feIrA 10h30 e 14h30 - teatro “auto da Índia” de gil vicente com o grupo era uma vez teatro Marionetas na Biblioteca Pública a. r. J. J. g. organização da Biblioteca Pública e arquivo regional João José da graça

Tribuna das Ilhas

fOtOGrAfIA: Carlos Pinheiro

O6 de MAIO de 2O11

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fuNdAdO 19 de ABrIl de 2002

Tribuna das Ilhas SeXtA-feIrA 4 O6 de MAIO de 2O11

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DIA MUNDIAL DA DANçA No PAvILhÃo DA hoRTA texto e fotos:

Susana Garcia g Folclore, Ballet, Aeróbica, Step, Aerodance, Combat, Hip Hop e Danças de Salão juntaram-se num só espectáculo para assinalar o Dia Mundial da Dança, na passada sexta-feira, dia 29 de Abril, e o Pavilhão Desportivo da Horta foi pequeno para receber o público que se concentrou para festejar a efeméride. O espectáculo teve início pelas 21H00, com folclore, seguindo-se a exibição dos grupos da 3.ª idade das freguesias da Conceição, Angústias, Matriz, Praia do Almoxarife, Salão e Cedros, coordenados por Lisa Medeiros. Diva Silva teve à sua responsabilidade o Ballet e as danças de Salão, enquanto Paula Sousa coordenou a “Prova artística JDEs 2011: Escolhe o Desporto! Depende de ti”, que envolveu os alunos da Escola Secundária Manuel de Arriaga. Várias maneiras de conjugar o verbo dançar foram ainda apresentadas ao longo da noite, através do step do ginásio Verdemar, que prendeu a atenção do público. Outro dos momentos altos foi o espectáculo de Teatro Negro, apresentado por Lisa Medeiros. No espectáculo não faltou também o FMI, com os Deolinda e os Homens da Luta a darem som a uma coreografia destinada a deixar uma crítica à actual situa-

Comemorações juntam diferentes estilos de dança num só espectáculo

ção económica do país. O ginásio Corpuseven trouxe Aerobica e Combat, e o folclore voltou para terminar a noite, com os AJA Baile, seguindo-se chamarritas, com o Grupo

Folclórico e Etnográfico de Pedro Miguel. Esta foi a segunda edição do espectáculo do Dia Mundial da Dança, que já em 2010 tinha trazido centenas de pessoas ao

Pavilhão. A lotação esgotada voltou a repetir-se este ano, dando a entender que este evento é uma aposta ganha da autarquia, responsável pela sua organização.


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