TRIBUNA DO DIREITO
OUTUBRO DE 2016
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ANOS Nº 282
SÃO PAULO, OUTUBRO DE 2016
R$ 7,00
BRASIL EM CRISE
Em busca de um caminho PERCIVAL DE SOUZA, especial para o "Tribuna"
B
RASÍLIA – O País segue em busca de seu caminho. Não está sendo fácil encontrá-lo, principalmente quando se procura ofuscar eleitoralmente a realidade cruel, escancarada com 12 milhões de desempregados, saúde em estado caótico, segurança precária, rombos na Petrobras e fundos de pensão – os significados palpáveis de famílias destruídas, pseudos salvadores da Pátria encarcerados e perigosas ondas de desilusão atingindo todas as classes sociais. A esgrima intelectual, com espadins em várias categorias profissionais, exige confronto positivo de ideias para crescer. Não é o que temos assistido. Falando fora dos autos, o juiz Sérgio Moro, a estrela jurídica de Curitiba, resumiu numa palestra em ambiente acadêmico, nos Estados Unidos, o sentimento nacional: “A Justiça funciona quando o inocente vai para casa e o culpado para a cadeia.” Óbvio, então: precisamos caminhar. A nova presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, surpreendeu na sua posse ao fazer citações apenas de poetas e escritores, sem mencionar jurista algum. Na verdade, ela produziu metáforas para a busca de caminhos e alternativas, e nem todos tiveram sensibilidade e percepção suficientes para alcançá-las. E já que ela deu na pista, vamos a uma frase emblemática: Caminhante, não há caminho, faz-se caminho ao andar. A frase é do poeta espanhol Antonio Machado, autor de Soledades e outros poemas. Caminhando e andando, sabendo fazer escolhas e opções, esta é a maneira segura de encontrar a saída do nevoeiro escuro. No Fórum Mundial de Economia, realizado em Genebra, jovens brasileiros entre 18 e 35 anos de idade foram ouvidos numa pesquisa e responderam dizendo que o problema que mais afeta o País é a corrupção, falta de transparência e prestação de contas por autoridades governamentais em todos os níveis. Como se90 ANOS DO POETA gundo fator, apontaram a falta de acesso Internet à educação (65% das respostas), problemas de bem-estar, saúde em terceiro e segurança em quarto. Nada menos do que oitenta por cento disseram que se sentem “frustrados” em relação aos líderes governamentais, 40% se queixaram da falsidade e desonestidade dos líderes políticos, 30% foram enfáticos ao dizer que eles não representam a sociedade e 25% abominam os salários e privilégios dos políticos. Mostraram-se preocupados com o que se pode esperar na próxima década. A pesquisa, publicada pelo “Parabéns Paulo Fórum de Davos, envolveu 26 mil pessoBomfim. Obrigado por as de 181 países. Foi um DNA brasileiro, você existir” à distância. Antonio Penteado Mendonça
Página 11 Páginas 17, 18 e 19