Abril 2013

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ABRIL DE 2013

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TRIBUNA DO DIREITO

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ANOS ANO 20 Nº 240

SÃO PAULO, ABRIL DE 2013

R$ 7,00 SISTEMA PENITENCIÁRIO

A prisão, mundo desconhecido PERCIVAL DE SOUZA, especial para o "Tribuna"

B

RASÍLIA – O Brasil ocupa um dos quatro primeiros lugares entre os países que mais encarceram no mundo, ficando atrás somente dos Estados Unidos, Rússia e China, segundo a norte-americana Drug Policy Alliance. Os índices de ressocialização são mínimos e as taxas de reincidência (já superiores a 70%) impressionam, principalmente em relação aos crimes contra o patrimônio, que tem como partner o irreversível e sinistro latrocínio. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) começou um projeto, chamado Reincidência e Itinerários Criminais no Brasil, para estabelecer os dados com mais precisão. Numa primeira etapa, serão colhidas amostragens dos Estados do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais, Espírito Santo, Pernambuco e Alagoas. A diretora-executiva do Departamento de Pesquisas Judiciárias do CNJ, Janaína Renalva, analisa o objetivo: “Todo mundo quer punir, prender os que cometem o crime, mas é preciso ver que nível de eficácia PAULO BOMFIM

CIRURGIAS PLÁSTICAS

O preço da vaidade Raquel Santos

culto exagerado à beleza tem cobrado seu preço. O Entre junho de 2012 e fevereiro

Centenário de nascimento da cantora Magdalena Lébeis Página 31

deste ano, já foram registradas sete mortes, além de relatos de falhas médicas em cirurgias plásticas realizadas em várias partes do País. Continua na página 21

esse modelo tem.” A rigor, há muito tempo a prisão deixou de cumprir o seu papel, exatamente por transformar a palavra “recuperação” num delírio inalcançável, além de se transformar estabelecimentos penais em escritórios do crime, especialmente do organizado. Os depósitos de presos, marcados pela superlotação, são estímulos para a violência criminal, a ponto de o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, chegar a afirmar que entre ficar preso e morrer preferia o fim da vida. Se o ministro diz isso, imagine por quê. Tribuna saiu em busca da resposta, tarefa nada fácil porque os presídios são lugares que ninguém deseja visitar — os dramas e ameaças saltam aos olhos, o cheiro dominante é desagradável e impregnante, os códigos internos da chamada Lei do Cão são indecifráveis para neófitos — como por exemplo o ladrão, maioria na massa carcerária, semeador do pânico na sociedade, orgulhar-se lá dentro de ter preferência pelo artigo 157 do Código Penal.B Continua na página 18


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