MARÇO DE 2015
TRIBUNA DO DIREITO
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ANOS Nº 263
SÃO PAULO, MARÇO DE 2015
R$ 7,00 OPERAÇÃO LAVA JATO
Indignação brasileira PERCIVAL DE SOUZA, especial para o "Tribuna"
B
RASÍLIA – O mês de março chega como cenário de movimentações, manifestações, articulações, pareceres jurídicos, ataques e defesas, maneira política de ver, reação institucional de sentir. A razão disso tudo é o momento de incertezas econômicas que o País vive e seus inevitáveis desdobramentos na sociedade. O tema central, que promete colocar muita gente na rua na metade do mês, é a corrupção com metástase em vários órgãos sucateados. Os protestos, de norte a sul, colocam na balança, que também pode ser da Justiça, o significado da sangria no Erário. O peso que faz a balança pender para um lado só assinala que em paralelo aparece uma dúvida perturbadora em torno da confiança nas regras democráticas — é nesse campo em que começam a ser jogadas todas as fichas políticas. É o preço alto que se paga por tudo o que está acontecendo. O momento é de pés no chão, o que não é nada fácil diante de tanta histeria ideológica, camuflada em interesses político-partidários, alguns inconfessáveis. O resultado, nem todos sabem: pesquisa da Universidade
Vanderbilt (EUA), através do Projeto Opinião Pública na América Latina (Lapop, sigla em inglês), revela que eleitores que vivem na maioria dos países da AL acreditam no sistema democrático, considerando-o a melhor forma de governo, rejeitando insurgências militares. Mas 45% de jovens entre 16 e 25 anos de idade aceitam a quebra das regras democráticas quando existe muita corrupção. O percentual cai para 33% quando a faixa etária abrange pessoas com mais de 55 anos. Outra coisa que assusta os mais jovens é a criminalidade — 40% dos eleitores de até 25 anos. Entre os mais velhos, o mesmo índice cai para 30%. A pesquisa fez cerca de 50 mil entrevistas. No caso do Brasil, a tendência dos jovens é não apoiar formas de arbítrio institucional. Mas preferem golpes militares, em casos de muita corrupção, eleitores do Paraguai (56%), Nicarágua (55%) e México (53%). O Brasil ficou em quarto lugar, com 48%. Ideologicamente, a pesquisa Lapop indica, em média geral, uma pequena tendência à esquerda dos eleitores (35%). De centro, identificaram-se 31% e 35% de direita. Continua na página 17