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TRIBUNA DO DIREITO
MARÇO DE 2016
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ANOS Nº 275
SÃO PAULO, MARÇO DE 2016
R$ 7,00 BRASIL EM CRISE
O domínio da corrupção PERCIVAL DE SOUZA, especial para o "Tribuna"
B
RASÍLIA RASÍLIA– A corrupção é avassaladora no Brasil, apesar dos primeiros esforços processuais para combatê-la. Na pontuação feita pela organização não-governamental Transparência Internacional (TI), que mede malfeitos e descalabros no mundo, estamos pessimamente classificados — 76º lugar entre 168 países, ao lado de Lesoto, na África do Sul.Somos piores, por exemplo, que Dinamarca, Finlândia e Suécia, os três primeiros colocados em percepção. Ganhamos de Somália, Coreia do Norte e Afeganistão, os últimos. O critério foi listar os países numa escala de zero (símbolo de altamente corrupto) a 100 (equivalente a um país moralmente limpo). O Brasil recebeu 38 pontos, cinco a menos do que no ano passado, caindo sete posições na classificação entre os países vitimados pela corrupção no setor público. A corrupção é tão envolvente, sedutora e poderosa que combatê-la se transformou, ao mesmo tempo, numa ação de assepsia ética e moral e paralisantes riscos empresariais capazes de travar por completo a economia brasileira. Seria como admitir que sem corrupção o País não conseguisse funcionar. É exatamente isso o que muitos gostariam de dizer, mas apenas insinuam, sem coragem de dizer claramente, optando pelos escapismos político-ideológicos e camuflagens de ordem legal, em vez de revelar ao Brasil o que de fato acontece, independente de qualquer tipo de interpretação teleguiada. Já temos indicativos em pesquisas: mais de 80% dos eleitores deixaram de confiar nos muitos partidos políticos de poucas ideias, alijando-os das manifestações de rua, que outrora tiveram dono. O mesmo desalento em relação ao Estado, que se deixou contaminar por políticos e empresários corruptos. Chegamos ao absurdo: a Carta Magna deixa claro quais são os
papéis dos Poderes Executivo e Legislativo. Mas um está envolvido até o pescoço em escândalos e outro com presidentes da Câmara e Senado sub-judice. A população deixou de con-
fiar neles. Resta o Poder Judiciário, hoje símbolo de pânico para os outros dois Poderes. Para a TI, o desconto moral é que as “instituições funcionam” e “o início do processo judicial
poderá ajudar o Brasil frear a corrupção” — nefasta praga, não do Egito, mas bem brasileira.
DANOS MORAIS
À MARGEM DA LEI
PIT BULL
Continua nas páginas 17, 18 e 19
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Aluno indenizará professor por difamar sua imagem Página 24
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O caso do réu que depois de solto se esqueceu do advogado Página 30
Morador não pode manter animal em condomínio Página 13