JANEIRO DE 2017
TRIBUNA DO DIREITO
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ANOS Nº 285
SÃO PAULO, JANEIRO DE 2017
R$ 7,00
BRASIL EM CRISE
Um ano mais do que difícil PERCIVAL DE SOUZA, especial para o "Tribuna"
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RASÍLIA – O Ano Novo começa com os recessos de praxe. A recessão atormenta os brasileiros desafiados em testes de paciência sem fim. O País tem pressa em ver a economia retomar ritmo de crescimento e o amedrontador fantasma do desemprego ser estancado. O verão ardente de janeiro ameaça lançar novas chamas da Lava Jato: são aguardadas novas delações de empreiteiras, entre elas a Queiroz Galvão e a Galvão Engenharia. No mês que vem, temos carnaval. O cenário, entretanto, não permite mais perigosas esperas e acomodações. Sergio Moro, juiz federal de Curitiba, está em férias. O ministro do STF, Teori Zavascki, relator da Lava Jato, não parou. Os principais atores desse complicado processo chegam à pausa de janeiro num clima de fragmentação das relações institucionais. Rota de colisão: Executivo, Legislativo e Judiciário precisam reaprender, com urgência, as básicas lições de casa, pensando mais na prioridade Brasil e menos nas divergências. Na antiga Grécia, potência filosófica, em situações de grandes dúvidas e busca de decisões acertadas, costumava-se recorrer ao oráculo de Delfos.
Os sacerdotes encaminhavam consultas e a pitonisa, sentada na trípode, uma peça dividida em três, emitia as infalíveis orientações dos deuses, transmitidas nesse lugar do Monte Parnaso, onde ficava o santuário de Apolo. Entre nós, as pitonisas de hoje estão encasteladas nos três Poderes. A diferença é que elas agem como se fossem os próprios deuses. Gostam de discutir e brigar entre si e apenas num ponto chegam ao consenso: as pitonisas brasileiras acreditam que suas opiniões são divinizadas e o povo deve limitar-se a ouvi-las. Na pausa de janeiro para respirar, é preciso recuperar e ativar conceitos republicanos fundamentais. É do que o Brasil está precisando. Páginas 18, 19 e 20