JÁ EXPERIMENTOU UMA CAJUÍNA?

Anecessidade de que as pesquisas em Dança sejam produzidas dentro dos próprios cursos específicos, tanto no Piauí como em qualquer outro lugar, são reforçadas por um panorama de

articulação delineado não só por pesquisas de cunho acadêmico, mas por meio de relações com outras formas de alimentar corpos, textos e danças, de produzir trabalhos em espaços, escolas, academias, festivais e/ou outros. Prova disso, nesta pesquisa, é que quase a metade dos livros catalogados foram produzidos não como resultado de uma pesquisa acadêmica, mas, a partir de produções artísticas.

Também, corroborando com o pensamento do parágrafo anterior, podemos citar que foram catalogadas um número total de 08 zines, produções textuais que não foram resultantes diretamente de pesquisas acadêmicas, mas que trazem hibridismos entre as duas perspectivas. Além disso, é possível observar que, muitas das escritas que são produzidas a partir de pesquisas acadêmicas, têm seu delineamento atrelado ao fazer artístico.

Quanto as implicações nas produções acadêmicas e artísticas, Adriana Bittencourt e Jussara Setenta, afirmam que:

A articulação entre a Pesquisa Acadêmica e a Pesquisa Artística (suas produções teóricas e produções artísticas) é ponto crucial no contexto universitário, e opera a partir de cruzamentos - teórico e artístico, elaborando-os e formalizando-os como saberes constitutivos do campo da dança. Como produtoras de reflexões críticas e configurações estéticas, tais pesquisas apresentam-se na singularidade de suas próprias feituras e se representam como instâncias distintas que não podem ser tratadas como iguais”. (BITTENCOURT; SETENTA, 2009, p. 02)

A argumentação das autoras é importante para que possamos discutir sobre pesquisas articuladas entre fazeres artísticos e acadêmicos, o que pode acontecer, por exemplo, na feitura de uma dissertação ou uma tese assumindo contextos distintos, porém articulados.

Neste sentido, nos textos catalogados, algumas pesquisas promovem uma espécie de alimentação mútua dos fazeres artísticos e acadêmicos, assim como, produções de textos que não estão relacionadas diretamente com a pesquisa acadêmica, mas que potencializam a produção de Dança de forma geral no Piauí.

O aumento desta potência, que aqui vamos pensar a partir da metáfora do processo de criação de uma cajuína, nos leva a refletir sobre os resultados obtidos nesta pesquisa que só se configuram desta forma, pois não há um programa específico de Dança no Piauí, e, caso houvesse, acreditamos que tal resultado não só seria diferente como bem maior em termos quantitativos.

Diante do cenário expansivo que pode ser identificado na linha do tempo apresentada neste e-book, que abrange referências textuais produzidas entre os anos de 1999 até 2020, compreendemos que tais referências apontam para um caráter crescente no decorrer dos anos, e mais, expõe um aumento significativo no número de produções

realizadas, principalmente a partir do ano de 2015. Tomando como base os anos e as produções catalogadas, refletimos que a variedade de categorias nas quais as pesquisas foram sendo feitas, aumentaram, consideravelmente, no decorrer dos anos. Destacamos o ano de 2018 como sendo o de maior quantitativo de produções, ano em que se concentram 11 categorias. Tal reflexão, se faz pertinente para enfatizar a necessidade de uma graduação em Dança no Piauí, que possa não só abrigar tais pesquisas, como também valorizar esta área de conhecimento.

Relativo aos programas de pós-graduação brasileiros, nos quais são produzidos textos advindos de pesquisas em Dança, existem vários com nomenclaturas que não determinam uma especificidade de nossa área, tais como: Artes, Artes Cênicas, Artes do Corpo, dentre outros. Já relativo aos programas específicos de Dança, como relatado no prefácio deste ebook, existem 04: o Programa de Pós-Graduação em Dança (PPGDANÇA) e o Programa de Pós-Graduação Profissional em Dança (PRODAN), na Universidade Federal da Bahia, o Programa de Pós-Graduação em Dança (PPGDAN), na Universidade Federal do Rio de Janeiro e, o mais recente, criado em 2020, o Programa de Pós-Graduação Profissional em Dança na Contemporaneidade (PPGPDAN), na Faculdade Angel Viana.

Você já experimentou uma Cajuína? Se o Piauí produz algo tão incrível quanto a cajuína (patrimônio cultural brasileiro - Piauí), ficamos imaginando o sabor de realizar nossas produções textuais, pesquisas/estudos e outras, sobre Dança, em uma graduação ou programa de pós-graduação piauiense. Não queremos enfatizar caminho único, mas, pensar na possibilidade de dar acesso, mais facilmente, à profissionalização nesta área, para artistas e pessoas em geral que tenham este interesse. Imaginem as safras desta possível plantação!