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Jean-Louis Wiedemann Diretor Pequenos Furgões Renault

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Fiat E-Ducato

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“POSICIONAMENTOS DIFERENTES”

Os novos Express Van e Kangoo Van têm posicionamentos e caraterísticas técnicas específicas, dirigindo-se a clientes diferentes, refere Jean-Louis Wiedemann, do Grupo Renault

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TEXTO CARLOS MOURA PEDRO

ARenault renovou toda a sua gama de pequenos furgões, passando a disponibilizar dois modelos para este segmento, Express Van e Kangoo Van. Em entrevista exclusiva à TURBO COMERCIAIS, Jean-Louis Wiedemann, diretor comercial de pequenos furgões do Grupo Renault, explica os motivos que levaram o fabricante francês a apostar nesta dupla oferta e, simultaneamente, a descontinuar a presença da Dacia neste segmento. Relativamente a uma sobreposição de clientes para o Express Van e o Kangoo Van, o responsável considera que não deverá ser relevante, porque ambos têm posicionamentos distintos. A eletrificação também é uma aposta da Renault para os comerciais ligeiros, estando previsto o lançamento, em fevereiro de 2022, de uma versão elétrica do novo Kangoo, equipada com bateria de 44 kWh, que garante uma autonomia de 265 quilómetros em ciclo WLTP. Mais tarde chegará uma variante dotada com uma célula de combustível (fuel-cell) alimentada a hidrogénio que servirá de extensor de autonomia ao Kangoo Van elétrico. Esta solução estará vocacionada para atividades que necessitam de uma maior disponibilidade operacional das viaturas e de efetuar percursos mais longos sem emissões de dióxido de carbono nem constrangimentos com os carregamentos,

A Renault está a lançar a terceira geração do Kangoo e introduziu um novo modelo Express Van como entrada de gama. Ao mesmo tempo anunciou que a Dacia iria deixar de comercializar o Dokker Van. O que levou o Grupo Renault a adotar esta estratégia? Para ser uma marca de veículos comerciais ligeiros é necessário disponibilizar

“O Express Van deverá representar 40% do volume total de vendas dos pequenos furgões e o Kangoo Van os restantes 60%”

uma oferta global ao mercado. Para a sua atividade, um cliente pode necessitar de utilizar um furgão pequeno, médio, grande ou mesmo uma pick-up. Se a nossa oferta estiver limitada a um modelo, o cliente irá procurar uma outra marca para adquirir viaturas de outras tipologias para a sua frota. Assim, uma marca de veículos comerciais nunca será forte se não tiver uma oferta completa e a Dacia tinha essa limitação. Por outro lado, o modelo de negócio da Dacia assenta no preço competitivo e no custo-benefício justo do veículo, não no desconto. Como o mercado de veículos comerciais é constituído por pequenos, médios e grandes frotistas, o modelo de negócio da Dacia não se enquadra nesta realidade porque está muito direcionado para as pequenas empresas. Estas últimas, porém, também privilegiam a aquisição de viaturas com preços mais baixos ou mesmo usados com apenas três anos, oriundos das grandes frotas. Nesse contexto, a Dacia tinha limitações em termos de volume, mas tinha um pequeno furgão muito bom, construído a partir de uma plataforma com provas dadas. Não disponibilizávamos uma gama completa, mas sim, um bom produto em termos de capacidade de carga, de comportamento dinâmico, de eficiência dos motores e consumo de combustível. Em termos de segurança conta com equipamentos simples como o espelho interior de grande angular ou outros mais sofisticados como o assistente de ângulo morto. Decidimos, por isso, disponibilizar esta boa proposta na gama Renault e a todos os clientes, desde os grandes frotistas até aos artesãos. Foi por este motivo que lançamos o Express Van com a marca Renault.

Em entender do Grupo Renault, qual o público-alvo do Express Van e do Kangoo Van? O cliente que procura três lugares dianteiros ou uma versão longa terá essa oferta no Kangoo Van. Mas o cliente que pretende um volume útil de carga de 3 m3, um bom ar condicionado, um rádio e um veículo não tão sofisticado encontrará no Express Van uma proposta mais acessível. Poderá existir uma sobreposição de clientes para ambos os produtos, mas deverá ser pequena.

Em termos de vendas, qual será a distribuição entre cada um destes modelos? Na perspetiva de vendas há que analisar o negócio do cliente para procurar oferecer a melhor solução para a sua atividade. O Kangoo Van poderá ser a opção mais interessante para operações urbanas, graças à acessibilidade lateral, enquanto o Express Van poderá dar resposta a quem procura uma viatura simples. No que se refere ao “mix” de vendas no mercado europeu pensamos que o Express Van deverá representar 40% do volume total e o Kangoo Van os restantes 60%. Mas isto poderá mudar porque a versão elétrica do Kangoo Van irá conhecer um aumento paulatino nas vendas.

E relativamente ao mercado português, quais as expetativas? Existe uma elevada procura pelas versões com assento duplo do passageiro e de chassis longo. Para este cenário, o Kangoo Van é a opção mais adequada. Esta versão começa a ser produzida em junho e será a mais vendida. Mas não podemos esquecer que o Express Van é uma proposta única, bastante acessível, com tudo o que é necessário para trabalhar. Não é uma versão de entrada “despida” de equipamento. Tenho a certeza que também ocupará o seu espaço no mercado português e deverá representar cerca de 30% do total de vendas.

A Renault admite lançar versões elétricas ou híbridas plug-in do Express Van? Ainda não. A oferta elétrica vai estar disponível em todas as versões do Kangoo Van. Por isso optámos por não desenvolver versões elétricas para o Express Van. Quando a legislação obrigar a diminuir as emissões de dióxido de carbono poderemos ser “obrigados” a introduzir uma solução eletrificada no Express Van.

O Renault Kangoo também vai ter versões de passageiros, mais ainda não estão disponíveis em, Portugal. Qual o motivo?. Este segmento é relativamente pequeno em Portugal. Por isso, a Renault deci-

“O Express Van não é uma versão de entrada “despida” de equipamento. Tenho a certeza que também ocupará o seu espaço no mercado português”

diu lançar, na primeira fase, as versões de mercadorias para profissionais.

Quando será lançado o novo Kangoo Z.E.? O que poderá ser avançado, desde já, acerca desta versão em termos de motor elétrico, bateria e autonomia? O novo Kangoo Z.E. deverá começar a ser produzido no final de 2021 e está previsto o seu lançamento em Portugal no final de fevereiro de 2022. Atualmente, o Kangoo Z.E. está disponível com uma bateria de 33 kWh que oferece uma autonomia de 200 quilómetros em condições reais de utilização. O novo Kangoo elétrico vai receber uma bateria de 44 kWh para aumentar a autonomia para 265 quilómetros, mas o nosso objetivo é chegar aos 300 quilómetros. Queremos que essa autonomia seja igual no verão, no outono ou no inverno, mesmo com o ar condicionado ligado. O novo Kangoo Z.E. vai contar com dois modos de condução e três opções de sistema de regeneração da energia cinética. Em função da condução em ambiente urbano ou extra-urbano, o utilizador poderá selecionar o modo de regeneração mais adequado. A segunda alteração é o carregador de bordo. Atualmente estamos limitados a 7 kW, mas o novo já terá 11 kW, permitindo recuperar a capacidade total da bateria em 2h30 em vez das anteriores 5h00. Além disso também irá oferecer a possibilidade de carregamento rápido, com uma potência até 75 kW, sendo necessários para 30 minutos garantir uma autonomia adicional para 150 quilómetros.

A Renault estabeleceu uma parceria com a Plug Power para o desenvolvimento de veículos comerciais a hidrogénio? Porque motivo decidiu apostar nesta tecnologia e quais a aplicações possíveis? Também será disponibilizada no Kangoo? Iniciamos uma parceria com a Symbio para o desenvolvimento de uma versão fuel-cell do Kangoo, que se mantém. A nossa aposta passa pela utilização desta solução como extensor de autonomia de um Kangoo elétrico. A autonomia deste veículo é suficiente para a maioria das aplicações, mas existem situações que obrigam a percorrer trajetos mais longos. Para assegurar uma maior autonomia é necessária uma bateria com maior capacidade, o que representa um aumento de peso e uma diminuição da capacidade de carga. Se introduzirmos um extensor de autonomia alimentado por uma célula de combustível consegue-se percorrer mais quilómetros sem penalizar a capacidade de carga. Basta abastecer o depósito com hidrogénio, operação que não demora mais de cinco minutos. O extensor de autonomia fica localizado no interior do Kangoo elétrico e retira algum espaço no compartimento de carga. E também é necessário um cliente interessado na tecnologia da célula de combustível. O cliente típico necessita de uma elevada disponibilidade para prestar o seu serviço, designadamente nos setores da distribuição do gás ou da eletricidade. Essas empresas podem necessitar da viatura ao fim de semana que devem estar sempre preparadas para iniciar a viagem. O técnico necessita de um carregamento muito rápido e de uma grande autonomia. O Kangoo Van E-Tech H2 poderá ser a solução para responder a essas necessidades./

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