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Força Ancestral

Principal nome da produção de música eletrônica do Norte brasileiro, a amazonense May Seven batalha para vencer preconceitos e evoca herança indígena e sustentabilidade em seu trabalho

por_ Gustav Cervinka ∎ de_ Manaus ∎ foto_ Gabriel Gardinni

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Um som diferente ecoa na floresta. E tem na DJ e produtora amazonense May Seven seu principal nome. Criadora da maior festa de música eletrônica do Norte brasileiro, a Made in Amazonia, May leva as batidas da house, do techno e de vertentes variadas da EDM (electronic dance music) às águas do Rio Negro, em sua passagem por Manaus. Tornado pista de dança flutuante, o rio dá vazão ao trabalho peculiar desta jovem que evoca ancestralidade indígena e sustentabilidade em seu som de pegada pop contemporânea.Uma mistura que lhe rendeu fama e reconhecimento internacionais.

Em sua última edição, em julho de 2018, a festa atraiu milhares de pessoas, espalhadas entre a estrutura principal (para 500 pagantes) e mais de 400 embarcações, de diferentes tamanhos, que a circundavam. A próxima Made in Amazonia será este ano, ainda sem data. Para fomentar a cena musical contemporânea local, May Seven já pré-produz a feira Amazonia Music Conference, para o ano que vem, em Manaus. “Queremos apresentar caminhos aos artistas que buscam excelência no seu trabalho. Reuniremos profissionais renomados do mercado, especialistas em direitos autorais e outras áreas”, ela detalha.

A necessidade de preservar a Amazônia —cujos índices de desmatamento dispararam nos seis primeiros meses do ano — guia as ações da produtora. “Desde o início sempre tive como um dos objetivos principais transmitir a ideia de preservação. Este ano,vamos ter na festa o conceito de lixo zero, com coleta e triagem de materiais recicláveis na própria estrutura flutuante principal,entre outras ações”, explica May, que há mais de 15 anos marca território na cena eletrônica nacional. Atualmente, ela ocupa as posições 19 e 49, respectivamente, nos rankings de melhores DJs do Brasil e da América Latina, segundo a revista inglesa DJaneMag.

A pesquisa de sons e estéticas indígenas —que se refletem também na forma como se veste e nas pinturas da etnia Dessana que usa para tocar —, além de sua qualidade técnica, fizeram dela a primeira mulher residente num clube de Manaus.Não sem a resistência, velada ou não, de seus competidores.“Os homens DJs, à época,me assistiam esperando que eu errasse uma virada. Também ouvi coisas como ‘você toca como homem’. Isso só me instigava a fazer mais. Há uma mudança abrangente na sociedade(por mais inclusão feminina), é só uma questão de tempo.”

Depois de lançar um videoclipe da faixa “Say Goodbye” em plataformas digitais no início de 2019, May Seven, conhecida também como Jungle Girl (menina da selva), finaliza seu próximo lançamento. Em “Não Tenha Medo”, que coassina com Vinicius Poeta e Benício Neto, ela fala de superação e aborda o tema da depressão. “Já passei por esse problema três vezes. A música sempre foi uma fonte de força”, diz.

VEJA MAIS | O clipe de “Say Goodbye”: ubc.vc/MaySeven

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