Revista UBC #26

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+ REGGAE, RAGGA, DUB, DANCEHALL: O QUE MAIS QUE OS BAIANOS TÊM? + DA VOLTA DO IRA! AO TRANSPORTE SUSTENTÁVEL, A CABEÇA A MIL DE EDGARD SCANDURRA + DADI CARVALHO, LETUCE, MC CAROL, ALBERTO CONTINENTINO, RENEGADO

REVISTA DA UNIÃO BRASILEIRA DE COMPOSITORES #26 / ANOVEMBRO 2015

SANDRA DE SÁ AOS 35 ANOS DE CARREIRA, A NOVA PRESIDENTE DA UBC ASSUME O LEGADO DE FERNANDO BRANT NA LUTA PELOS DIREITOS DOS AUTORES


NÃO FIQUE NA DÚVIDA. FIQUE LIGADO

A UBC desenvolveu o Retido Web, um sistema que lhe permite descobrir rapidamente se possui créditos retidos para suas obras ou fonogramas e enviá-los para liberação. Tudo on-line e sem complicações.

A ferramenta está disponível no Portal do Associado (portal.ubc.org.br) e é muito fácil de usar. Ainda ficou dúvida no ar? Pois elaboramos um tutorial em vídeo com todos os detalhes sobre o Retido Web. Acesse bit.ly/1R8DrlY e confira.


THALLES ROBERTO

CANTADO

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EDITORIAL A

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REVISTA DA UNIÃO BRASILEIRA DE COMPOSITORES #26 : NOVEMBRO 2015

Por Manno Góes

P eenche es e espaço na ev s a an es esc o pe o que do Fe nando B an não é somen e uma hon a é uma esponsab dade Fe nando a ém de poe a o um g ande de enso dos d e os do c ado T az a cons go em seu so so gen e o ha ca nhoso a pe cepção m ne a das co sas hav a mans dão e nu a e a e o em seus ges os mas ambém hav a ob e v dade mpe o e de e m nação em suas ações e pa av as A ém da saudade e e nos de xa um egado que p e endemos hon a com en ega ded cação e amo

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E nessa v da que segue pub camos um pe da nossa nova p es den e que d spensa ma o es ap esen ações e assume o comando da UBC com mu a a eg a e v go a ma av hosa Sand a de Sá Es a ed ção eg s a a ce eza de que o comp om sso da UBC com seus dea s de u a e espe o aos d e os au o a s pe manece naba áve Que venham os novos empos os novos desa os os novos o ma os A UBC es a á semp e p on a e ap a pa a se adap a ao que o necessá o man endo semp e sua ad ção e sua o ça n ac as em s n on a com os n e esses dos seus ma s de 19 m assoc ados espe ando e cump ndo as e s V da que segue V da onga à UBC O au o ex s e

NOTÍCIAS : UBC/5

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LIVRO, DISCO E ESTILOS À MANCHEIA

Qual foi a sensação de “se jogar” no público do Circo Voador naquela noite de 26 de agosto?

TARGINO GONDIM, ANO 21 Compositor de “Esperando na Janela” – ao lado de Manuca Almeida e Raimundinho do Acordeom –, o estrondoso sucesso na voz de Gilberto Gil que venceu o Grammy Latino de melhor canção brasileira em 2001, o sanfoneiro pernambucano Targino Gondim comemora 20 anos de carreira. E, como a ocasião requer festa, ele acaba de lançar o disco instrumental “Chorando Mais Eu”, seu 25º álbum. Em duas décadas de estrada, além de ter colaborado com Gil, Targino também compôs para Dominguinhos, Elba Ramalho e muitos outros. Foi dele também a idealização e a organização do Festival Internacional da Sanfona, o maior da América Latina, realizado em julho passada em Juazeiro, na Bahia, e em Petrolina, em Pernambuco.

Como funciona o seu processo de composição? Às vezes, você precisa forçar quando a inspiração não te visita, sabe? Pode vir algo inédito nessa hora. Mas acho que todo mundo que escreve anda com um caderninho. Posso estar comendo um pão de queijo na rua e, de repente, ter uma ideia. É horrível ter uma ideia, dormir e esquecê-la. Normalmente, música e letra são feitas ao mesmo tempo. Uma vai puxando a outra. E por que decidiram deixar o disco disponível para download gratuito? Para que quem não pode pagar tivesse acesso às músicas com qualidade, e não baixasse versões piratas. Acho que, hoje em dia, não tem como segurar isso. Nem todo mundo pode comprar. É mesmo nos shows que a gente ganha. Quanto tempo você precisou para organizar o livro “Zaralha” (coletânea de poemas, manuscritos, deveres de escola...)? Foi um ano. E já tem gente me pedindo o segundo volume. É um almanaque poético, em que resumo um pouco de tudo que sou, essa personalidade multi, as coisas sexuais. Não teve uma regra. Cada dia vejo alguém me marcando em fotos de páginas do livro no Facebook. É engraçado.

MANUCA ALMEIDA, ANO 31

E a retomada da banda ao lado do Lucas?

Foto: Débora 70

São 11 músicas no disco, e a banda toda se envolveu bastante nas composições. Nada como ter amigos. Ficamos um tempo em off. Foi melhor do que fazer alguma coisa durante a dor (da separação, há dois anos). E desde que começamos pensei no nome “Estilhaça”. Lucas curtiu também. Fiquei fissurada pela sonoridade do nome. É saboroso. E algo foi quebrado, como um espelho que se transforma em mil pedaços. É uma forma de ver as coisas.

Um dos parceiros de Gondim em “Esperando na Janela”, Manuca Almeida também celebra efeméride. Autor de nada menos do que 600 músicas, o compositor, poeta, ator e produtor alcança três décadas de belíssimos serviços à música brasileira. Só de canções gravadas são mais de 200. Outros de seus sucessos foram “Pop Zen” (parceria com Alexandre Leão e Lalado), que ganhou interpretações de Ivete Sangalo, Nana Caymmi e Arnaldo Antunes, e o reggae “Clareza”, gravado por Dionorina. Ao todo, mais de 40 artistas (Gilberto Gil, Margareth Menezes, Dominguinhos, Marina Elali...) da MPB já pediram ou ganharam composições do músico sergipano. Seu leque de ritmos é igualmente extenso: pop, reggae, xote e as incontáveis possibilidades da música romântica, sua grande especialidade.

ANCHIETA DALI: FORRÓ-ROCK-SOUL Outro parceiro de Elba, para quem compôs, por exemplo, “Bebedouro”, ao lado de Maciel Melo, Anchieta Dali apresenta seu sétimo álbum de estúdio, “Segundas e Eras”, em que mergulha fundo no ritmo que é sua grande especialista: o forró puro, alegre, feito para dançar. Autor de sucessos também de Fagner (“Choro de Poeta”, com Carlos Villela) e Amelinha (“Flor de Alegrias”), Dali agora divide de novo os créditos com Carlos Villela e também com o amigo Xico Bizerra. Multirreferenciado, ele cita soul, rock e outros ritmos em meio às sanfonas, zabumbas e triângulos e diz ter se inspirado em alguns de seus ídolos, como Raul Seixas, Tim Maia e Alceu Valença.

OSTENTAÇÃO? NÃO, CONTESTAÇÃO Sexo é bom, ostentação está na moda, e palavrão (quase) todo mundo diz. Mas a MC Carol chutou para lá os clichês do estilo musical em que milita e conquistou centenas de milhares de fãs nas redes sociais e nos sites de vídeos de outro jeito: criando um funk-contestação. Em “Não foi Cabral”, lançada em julho, ela conseguiu agradar a não poucos professores de história – e, claro, os fãs de um bom batidão – ao recontar a colonização europeia no Brasil. Mixado com bases do “Hino Nacional”, o trabalho diz assim: “Quem descobriu o Brasil / Não foi Cabral / Pedro Álvares Cabral / Chegou em 22 de abril / Depois colonizou” e “Ninguém trouxe família / Muito menos filho / Porque já sabia / Que ia matar vários índios”. História, segundo a funkeira, sempre foi sua disciplina favorita. “Cabral não descobriu o Brasil porque simplesmente já havia quatro milhões de pessoas aqui”, diz a funkeira contestadora que planeja desfazer outros mitos sobre nossa história. Natural de Niterói (RJ), ela ganhou projeção nacional após participar do reality show “Lucky Ladies”, no canal fechado Fox Play, sob o comando de outra funkeira respeitada no meio, Tati Quebra-Barraco.

RENEGADO, DE VOLTA E FAZENDO BARULHO O aguardado novo EP do mestre do hip hop mineiro Flávio Renegado, “Relatos de Um Conflito Particular”, já chegou fazendo barulho. Com sete faixas, cada uma inspirada num pecado capital católico, o trabalho reúne composições em parceria com Chico Amaral (“Particulares”), Makely K (“Só Mais Um Dia”), e Gabriel Moura (“Rotina”), entre outros. Esta última faixa traz a participação de Samuel Rosa, do Skank, nos vocais, e foi escolhida como primeira música de trabalho. O tema de “Rotina” é a cobiça. “Cuidado quando chega e de olho onde pisa, o mundo é mesmo freak, e inveja existe para atrapalhar”, diz um trecho. O novo trabalho de Renegado sucede a “Minha Tribo e o Mundo”, de 2012, que teve produção de Plínio Profeta.

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Primeira artista exclusiva da plataforma de lançamento de vídeos Vevo, a cantora Luiza Caspary, que lançou por lá recentemente o clipe “O Caminho Certo”, também é pioneira em outro quesito. Desde 2011, a cantora e compositora trabalha a questão da acessibilidade em seus shows, que contam sempre com audiodescrição, tradução em Libras (língua brasileira de sinais), legenda e acesso para pessoas com mobilidade reduzida, coisa rara de se ver. Luiza começou sua carreira aos 8 anos, no coral da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, e, de lá para cá, já acumula mais de cem composições. Seu álbum de estreia, que leva seu nome, tem pegada pop-rock e foi lançado em 2013 com uma turnê que percorreu Brasil e Europa.

Com o estrondoso sucesso que obteve no festival da Rede Globo, os compromissos se avolumaram, e a então estudante de Psicologia se viu obrigada a trancar a matrícula na Universidade Gama Filho, no Rio, faltando pouco para receber o diploma. A música, impressa em seu DNA, falou mais alto. Expoente da MPB, ou “Música Preta Brasileira”, como prefere chamar, Sandra Cristina Frederico de Sá nasceu e foi criada na vila que o avô paterno, vindo de Itabira (MG), construiu para a numerosa família na Rua Guarabu, em Pilares. Filha única de Nonô e Jurema, seu pai era baterista e funcionário da Casa da Moeda desde os 15 anos, enquanto a mãe, descendente de um cabo-verdiano, trabalhava na indústria de papel Klabin.

“Havia uma radiovitrola na casa dos meus avós, daquelas grandes, e muitos discos de 78 rotações. A gente se sentava para escutar música, e, assim, cresci ouvindo Vicente Celestino, Dalva de Oliveira, Orlando Silva, Sarah Vaughan, Ray Charles, Sérgio Mendes, The Fevers, Golden Boys, Trio

Já ouviu falar de Ministéreo Público Sistema de Som, Soraia Drummond, OQuadro, Os Nelsons e BaianaSystem? Pois prepare-se. O prazer será todo seu.

RECONHECIMENTO

Fenômeno atual em Salvador, lotando shows e sendo requisitado tanto pelo universo independente quanto pelo mainstream, o BaianaSystem faz uma mescla de ritmos e sonoridades tendo a guitarra baiana à frente e forte diálogo

Afora as turnês pelo Brasil e por países como Portugal, Cabo Verde e EUA, além dos convites para participações especiais em trabalhos de outros artistas, Sandra marca presença em grandes eventos, como o réveillon de Copacabana, o Fifa Fan Fest, o Rock in Rio e o Brazilian Day, em Nova York, e em projetos como o Playing for Change, que agrega músicos de todas as partes do mundo. Em 2004, a prefeitura do Rio a homenageou, dando o seu nome a uma lona cultural em Santa Cruz, na Zona Oeste.

Como a maioria das adolescentes de sua geração, frequentou os bailes de música black nos clubes da Zona Norte e, entre os 19 álbuns que lançou, está “Pare, Olhe e Escute” (2002), que traz versões das obras de artistas da lendária Motown Records. Ali ela canta “Nada Mais”, versão de Ronaldo Bastos para “Lately”, de Stevie Wonder. Também dedicou um CD à obra de Tim Maia. “No início de carreira, eu estava em estúdio gravando o terceiro LP e fazia sucesso com ‘Olhos Coloridos’, do Macau, quando o produtor e compositor Júnior Mendes chegou com uma fita cassete, dizendo que trazia uma música do Tim Maia para mim. Imagina se um ídolo como o Tim ia fazer isso? Só podia ser brincadeira! Aí, ele pegou o telefone e ligou pro Tim, que disse: ‘Não só é verdade, como também vou gravar esta música contigo, no teu disco’.” Deu no que deu, a composição era “Vale Tudo” (1983), que se tornou um megahit. No ano seguinte, cravou outra, “Enredo do Meu Samba”, de Jorge Aragão e Dona Ivone Lara, tema de abertura da novela “Partido Alto”, da Rede Globo. O sucesso parece perseguir Sandra de Sá.

JAMAICA. CAPITAL: SALVADOR

Carismática, colecionadora de prêmios e seguida por uma legião de admiradores, Sandra é uma pessoa atenciosa com os fãs. “Não entendo a pessoa que luta a vida inteira para ter fama e, quando consegue, quer fugir dela”, pondera.

A BBC, maior conglomerado audiovisual do Reino Unido, anunciou seus planos de lançar um serviço próprio de streaming. Em princípio, a plataforma abrigaria pelo menos 50 mil canções previamente executadas nas rádios do grupo. Sem definições, por ora, de como seriam os repasses aos titulares das obras ou uma consulta prévia ao mercado por parte da gigante, a BPI, maior associação britânica de gestão coletiva, expressou ressalvas. “A BBC está preocupada com a perda de audiência para novos serviços, sobretudo on-demand. Nós entendemos. Mas, se vai lançar um serviço como esse, precisa trazer a indústria consigo. Não é viável que a BBC lance um serviço como esse e não preveja pagar nada por ele”, afirmou Geoff Taylor, presidente da BPI. No documento em que revela sua estratégia, o conglomerado britânico deixou claro que os planos de licenciamento das músicas ainda estão em “estágio inicial” e que pretende estabelecer “diálogo total” com os detentores dos direitos autorais e conexos. As informações são do site Musically.com.

Em Assembleia Geral Extraordinária, realizada no último dia 16 de setembro em sua sede, no Rio, a UBC aprovou os regulamentos de arrecadação de distribuição de direitos autorais. Todo o material havia sido disponibilizado antes no Portal do Associado. Em duas convocatórias, às 13h e às 14h, os associados presentes aprovaram o preenchimento da vaga de diretor-vogal deixada por Sandra de Sá, que se tornou presidente da nossa entidade ao substituir Fernando Brant, morto em junho passado. O novo diretor é o compositor Manno Góes, ex-integrante do Conselho Fiscal, associado há 6 anos e criador de alguns dos maiores hits da banda baiana Jammil e Uma Noites. Sorte e sucesso na nova jornada!

VALORES ARRECADADOS NO FESTIVAL ROCK IN RIO SERÃO DISTRIBUÍDOS JÁ EM NOVEMBRO O festival Rock in Rio teve em setembro passado sua edição especial de 30 anos, agitando a Zona Oeste do Rio e reunindo artistas de diversos países. Um dia depois do encerramento, os organizadores realizaram o pagamento dos direitos autorais de execução pública dos criadores de milhares de músicas executadas no evento. A distribuição, conforme prevê o calendário, será realizada já neste mês de novembro. Para que todas as obras e todos os fonogramas executados no Rock in Rio fossem contemplados e recebessem seu valor devido, os palcos do evento (Mundo, Sunset, Street e Eletrônica) foram monitorados com o software Ecad.Tec Som. Esse dispositivo é capaz de realizar gravações ao longo de 90 horas consecutivas. Na edição de 2013, ao todo, já haviam sido realizadas gravações, ao todo, de 350 horas na Cidade do Rock.

Um juiz federal de Los Angeles (EUA) declarou livre do pagamento de direitos qualquer execução pública da mais popular canção já escrita na língua inglesa. A editora Warner Chappell alegava ter os direitos exclusivos sobre “Happy Birthday To You” (Parabéns a Você, em português), que, estima a Justiça americana, tenha “milhões de execuções” todos os dias mundo afora. A sentença de George H. King põe fim a décadas de disputa ao sustentar que um documento em posse da Warner Chappell, de 1935, só garantia direitos sobre alguns acordes da música, não sobre o conjunto da canção. “O primeiro proprietário da música, a Summy Co. (que a vendeu à poderosa editora do grupo Warner), jamais adquiriu os direitos da letra”, explicou o juiz. A melodia foi tirada da canção “Good Morning To All”, do final do século XIX, portanto há décadas não sujeita à cobrança de direitos de execução pública. “Finalmente a farsa acabou. 'Happy Birthday' para todos”, brincou o advogado Randall Newman, representante de um dos grupos que litigavam com a editora, entre eles cineastas que pretendem rodar um filme sobre a canção.

Por Alessandro Soler, do Rio

ECAD.TEC CIA AUDIOVISUAL SE PREPARA PARA ENTRAR OFICIALMENTE EM USO Em fase de testes desde o fim do ano passado, o Ecad.Tec CIA Audiovisual, software de identificação de canções reproduzidas na TV brasileira, está prestes a entrar em funcionamento total. O sistema, desenvolvido pelo Ecad e pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUCRio), será capaz de captar e analisar músicas reproduzidas em quaisquer programas por meio de algoritmos de identificação, mesmo que elas façam parte de trilhas de fundo ou estejam mescladas a outros sons. Antes da implantação da ferramenta digital, era necessário que uma equipe fizesse gravações e aferisse os programas por amostragem, num processo lento e custoso. Com a possibilidade de verificação de uma quantidade muito maior de horas de transmissão, a expectativa é que a arrecadação experimente um grande salto. O Ecad.Tec CIA Audivisual é “filhote” do já pioneiro Ecad.Tec CIA Rádio, usado há anos para aferir as programações das rádios FM e AM brasileiras. “É como se fosse o aplicativo Shazam, mas ele funciona continuamente”, compara o gerente de qualidade de serviços de TI do Ecad, Marcos Éboli, ao site Canaltech. com.br. Segundo Éboli, o Ecad estuda migrar seus sistemas de processamento para a nuvem, o conjunto de servidores em rede da internet, que permite o acesso de qualquer parte, além de propiciar agilidade e um enorme ganho de escala no armazenamento. Outro passo futuro do escritório é adotar ferramentas similares ao Ecad.Tec para automatizar a detecção de músicas reproduzidas na internet, ainda feita manualmente.

Nos últimos meses, o nome do guitarrista Edgard Scandurra apareceu envolvido em, pelo menos, três projetos de repercussão. O lançamento oficial do single “Bici Bike Magrela”, que estimula o transporte sustentável e ganhou voz pela banda infantil Pequeno Cidadão, cocriação do músico; a expectativa pela chegada do álbum “EST”, aguardada parceria com Silvia Tape; e a apresentação bombástica do Ira! ao lado de Tony Tornado e Rappin' Hood no Rock in Rio, no fim de setembro. Sem dúvida, a volta recente da banda lendária liderada por Scandurra e Nasi, depois de sete anos de intervalo, foi uma injeção de gás num cara criativo, sempre ligado, inconformado. Mas a fase particularmente prolífica, ele atesta, não é ponto fora da curva: “O prazer de tocar, criar, compor, arranjar, sugerir, solar, cantar é tão grande que, quando estou sem fazer isso, me sinto solitário e triste. É como passar dias numa praia maravilhosa e, de repente, acordar dentro de um ônibus lotado sentindo alguém tentando roubar a minha carteira”, compara o guitarrista, tido pela crítica como um dos maiores da nossa música, e que já tem a cabeça povoada de novos e inquietos planos. Essa explosão de trabalho parece ter um ímpeto renovado. Estamos assistindo a um Edgard Scandurra versão 2015 parecido com o Scandurra do início do anos 80, ou seja,"imparável"? Eu inventei um hashtag que representa muito bem o que eu sou dentro da música: um operário do rock. Vivo a música como um dependente químico vive de suas substâncias. O prazer de tocar, criar, compor, arranjar, sugerir, solar, cantar é tão grande que, quando estou sem fazer nada disso, me sinto solitário e triste. É como passar dias numa praia maravilhosa e, de repente, acordar dentro de um ônibus lotado sentindo alguém tentando roubar a minha carteira. Isso existe em mim desde os anos 80, quando, por necessidade, tocava em muitos projetos, já que nenhum dava realmente grana suficiente para viver. Com a soma, podia pagar ao menos meu aluguel. Mas depois isso virou uma necessidade vital. Acho que realmente eu sou “imparável” e vou seguir dessa maneira até não poder mais. E isso será lá no finzinho. O que inspirou a parceria com a Silvia? E o que o álbum “EST” lhe permite dizer de diferente? Com Silvia Tape surgiu uma parceria maravilhosa, um encontro das minhas músicas com as suas letras, e o que seria apenas algumas canções se transformou num disco, num conceito que eu vinha buscando havia muito. Sempre quis ouvir minhas

canções em vozes femininas, e a voz e a poesia da Silvia me encantaram. A diferença está na sonoridade que conseguimos nesse trabalho. Muitas cantoras, hoje em dia, se destacam na música brasileira, mas há muitas semelhanças nos timbres, na maneira de gravar, e eu não queria que nosso trabalho fosse mais um álbum para agradar à geração hipster. Nesse disco está a nossa maneira de entender o que seria o pop dos sonhos, a música que gostaríamos de ouvir ao ligar o rádio.

compactuo com abusos econômicos e desmandos, de qualquer matiz ideológica. Se há erros num governo, não importa se direita ou esquerda, têm de ser corrigidos e punidos, mas que não se leve ninguém às fogueiras dos julgamentos precoces. Tenho muito medo de que o ódio das coxinhas feitas em azeite faça os avanços sociais retrocederem. Outra bandeira que levantou recentemente é a do transporte sustentável, com a canção “Bici Bike Magrela”, com o Pequeno Cidadão...

A volta do Ira! foi muito celebrada pelos amantes do rock nacional. Mas não há dúvida de que essa cena é hoje muito diferente da que já foi. O rock brasileiro vive uma crise? Mudou muita coisa desde 2007, quando vocês resolveram se separar?

Quanto mais bicicletas, menos carros, menos poluição, menos estresse, e isso é óbvio! Mas houve quem o atacasse no território cinza da internet por aparecer ao lado do prefeito Fernando Haddad, que lidera uma cruzada por mais ciclovias em São Paulo, não sem muita polêmica e raiva por parte da população. Como responde às críticas?

O rock perdeu seu lugar como principal música para a juventude expressar tanto suas alegrias quanto suas frustrações. Virou a subcultura da subcultura, enfeitada por bandas de baixa qualidade, comerciais, inventadas por produtores que viam no rock a mesma máquina de fazer dinheiro que viram no pagode, no axé, no samba. Vejo que, agora, artistas que se diziam MPB celebram seus discos de rock, o que é muito bom! O rock sempre sofreu crises de identidade e sofre com entressafras tão duradouras como a seca no Saara. Politicamente falando, com essas crescentes manifestações de direita, beirando o fascismo, e com a desilusão com a esquerda, creio que há um ambiente muito rico para a guitarra voltar a gritar por justiça e liberdade e tomar seu lugar como importante meio de comunicação dos anseios das almas humanas.

Esse território cinza é muito grande, não acha? Às vezes acho que uma pessoa só, com muita paciência, cria vários perfis na internet para atacar ideias alheias. Eu aprendi a gostar de ciclovias na Europa, onde, muitas vezes, os carros param para os pedestres atravessarem a rua e não são usados para ir à esquina comprar pão. Muita coisa tem que ser feita para melhorar a vida das pessoas. Não é só andar de bicicleta. Mas as ciclovias são uma enorme conquista. Quando ando de bike, roubando uma frase da Taciana Barros, eu me sinto um pouco criança. O vento no rosto me traz lembranças maravilhosas. Combater isso é sinal de ignorância e intolerância. Quando ouço um taxista reclamando das ciclovias, acho engraçado, pois os ciclistas são cidadãos que querem deixar seus carros em casa, ou seja, fortes candidatos a clientes dos táxis. Na verdade, me sinto orgulhoso quando vejo minhas opiniões atacadas por gente que faz parte dessa cinzenta massa intolerante.

Esse espírito contestador, inconformado, sempre esteve presente. Basta um olhar rápido sobre a sua obra para saber. Mudaram as causas mas não mudou o Scandurra? Eu me considero um músico canhoto e de esquerda. E, quando falo em esquerda, falo da luta por conquistas sociais. Não consigo entender artistas de rock, vindos dos tempos da ditadura, marchando lado a lado com saudosos dos tempos de chumbo. O socialismo não é feito por simpatizantes da União Soviética ou por barbudos cubanos, mas por pessoas que lutam por coisas claras e básicas para a população. Quando se aprova a união entre pessoas do mesmo sexo, estamos dando conquistas sociais inestimáveis a pessoas que sempre foram alvo de piadas de mau gosto. Quando se discute a liberação da maconha, trata-se de estratégia para combater o tráfico e as mortes que ele causa. São todas lutas da esquerda. Sou a favor de impostos contra as grandes fortunas, das cotas para as minorias, de justiça aos torturados pela ditadura. Não

E o Pequeno Cidadão? Pode falar um pouco sobre o projeto e o que motivou? É um projeto maravilhoso, pois apresentamos não só musicas infantis para as crianças, mas para os pais que sabem que desse caldo (Taciana, Antonio Pinto e eu) surge um som que agrada também aos adultos que cresceram nos vendo nos palcos. De certa maneira, ajudamos o rock, levando nosso som psicodélico aos pequenos, além de transmitir de maneira romântica e divertida mensagens de cidadania. E como anda a produção do anunciado álbum de inéditas do Ira!? Sai mesmo no ano que vem? O que esperar dele?

Esse disco vai sair, mas será um trabalho muito difícil, pois temos nosso passado como principal concorrente. Temos que fazer “o disco”, e isso não se faz com data para terminar, embora eu sempre tenha trabalhado bem sob pressão. Já começamos a compor. Vamos ver o que rola. Agora, não consigo conceber a ideia de um trabalho que apenas aumente nossa discografia. Então, as pessoas podem esperar o melhor, algo que marque essa nova formação de maneira inesquecível.

NOVA PRESIDENTE DA UBC, SANDRA DE SÁ HERDA DE BRANT A LUTA CONTÍNUA EM DEFESA DA GESTÃO COLETIVA

No que toca a trabalhos solo, você já está há uns bons anos quieto, sem álbuns de inéditas. Com tanto projeto coletivo, tem espaço para trabalhar sozinho no momento? Poxa, eu posso parecer arrogante, mas acho que esses trabalhos coletivos são, também, meus trabalhos solos, pois atuo de maneira incisiva nesses projetos, dando uma boa parcela da minha cara a eles. Um disco meu, só meu, deve vir, mas antes quero me dedicar ao “EST”, ao próximo do Ira!. E, se tudo der certo, a um disco com André Abujamra, que temos em mente há muito tempo e combinamos que de 2016 não passa!

Por Deborah Dumar, do Rio Fotos de Adriana Lorete Dona de uma das agendas mais atribuladas do showbiz brasileiro, a cantora e compositora Sandra de Sá é um azougue. Seu dia parece ter muito mais do que 24 horas, mas ela não se queixa. Ao contrário, gosta da vida agitada e produtiva que leva e ainda consegue reservar tempo para visitar os pais no subúrbio carioca de Pilares, dar atenção ao filho, cuidar da casa, curtir o futebol e desfrutar da convivência com os amigos.

Com tantas parcerias e tantos projetos de diferentes calibres, como anda a arrecadação de direitos autorais? É uma fonte importante de ingressos para você?

Aos 35 anos de uma carreira bem-sucedida e 60 de idade, a artista enfrenta agora um novo desafio. Com a inesperada morte do compositor mineiro Fernando Brant, em 12 de junho, a então diretora-vogal, eleita em 2010 e reeleita em 2014, foi conduzida ao cargo de presidente da União Brasileira de Compositores (UBC) no dia 7 de julho. Ainda sob o impacto da perda prematura de Fernando, ela conta que inicialmente tomou um susto com a nomeação.

São uma fonte muito importante de renda para mim. Claro que tenho altos e baixos no que toca aos valores, pois variam segundo a execução das minhas composições. Agora, com mais de 50 anos de idade, estou começando a olhar para uma possível aposentadoria num futuro não tão distante. Hoje em dia, acho que está mais fácil observar a arrecadação dos direitos autorais e conexos, pois a tecnologia permite mais controle. Existem aplicativos que reconhecem uma música que toca num clube ou numa rádio e estão à disposição de todos. No que toca às tantas mudanças que temos visto e que trouxeram maior transparência ao mundo da gestão coletiva dos direitos autorais, vejo isso como sinal de amadurecimento da classe artística, que se mobiliza pelo interesse mútuo, bem diferente do anterior cada um por si. O debate deve ser intenso e, na prática, mostrar resultados. Há mais de 30 anos recebo valores periódicos de direitos autorais e vivo muito disso, mas confesso que me mantenho mais no lado “lúdico” da profissão, delegando a vigilância a outros. Mas acho que todo cidadão devia saber um pouco de direito e um pouco de contabilidade para não ir como o vento, para um lado ou para outro, enquanto outros tratam de agir.

“Fernando Brant é insubstituível. Coube a mim, pelo estatuto da UBC, herdar o legado de respeito à Constituição, de ética e firmeza na defesa do direito autoral, que ele deixou. Confesso que, no começo, fiquei altamente bolada, mas agora estou relax em assumir esta responsabilidade, pois tenho o apoio dos diretores, que são autores que eu admiro e respeito muito e que me respeitam. Estamos juntos nessa, #relaxxx e #reflexxx”, afirma a hiperconectada artista, ao reiterar seu compromisso com a história que a UBC construiu ao longo de 73 anos e com os 19 mil associados.

JUSTIÇA E INADIMPLÊNCIA Nos últimos dias de setembro, em meio a shows pelo país e outras obrigações de sua vida profissional, lá estava Sandra de Sá voando para Brasília, a fim de comparecer a uma audiência com os ministros do Supremo Tribunal Federal para tratar da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5065, ajuizada contra a Lei 12.853/2013, que instituiu a ingerência estatal, por meio do Ministério da Cultura, a uma atividade eminentemente privada: a gestão coletiva dos direitos autorais. Contestada pela UBC e pelo Ecad, a nova normativa retira ainda do escritório central a faculdade de negociar e licenciar o repertório musical que representa. “Isso fere claramente a Constituição, é cláusula pétrea, não pode ser mudada. Como o Estado vai ter o poder de mexer na minha obra, que é minha propriedade? Deveria estar cuidando da inadimplência das rádios e TVs, que são concessões públicas, e se preocupando com o fato de elas não pagarem ao Ecad”, Sandra protesta, lembrando que as sociedades de autores são privadas e geridas de acordo com a lei, com toda a transparência, inclusive junto à Receita Federal.

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18/UBC : PELO PAÍS

MUDANÇA EM IMPOSTO AFETA DIRETAMENTE TITULARES DE DIREITOS AUTORAIS

com os sons da Jamaica. “A gente experimenta muitos formatos nos encontros musicais, cada um ali tem uma personalidade muito forte no DNA musical, e a música jamaicana é um dos elos”, conta Russo Passapusso, vocalista do grupo. “Buscamos alinhar essas influências nas músicas. Os tambores, os beats, as linhas de baixo, tudo isso vem com o aroma da sonoridade jamaicana na composição.” A origem reaggueira da coisa fica clara nas influências descritas pelo músico: Lee “Scratch” Perry, King Tubby, Augustus Pablo, Mad Professor, Scientist... “Fui educado assim, então, independentemente do projeto, sempre encontro pessoas com essas referências”, diz Russo, que além do BaianaSystem, integra o Bemba Trio, fez parte do Dubstéreo e mantém uma carreira solo paralela.

DETENTORES DE EMPRESAS QUE OPTAR

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Ela lembra que outros dois tributos obrigatórios, o PIS e o Cofins, não sofrerão alterações. Ou seja, na forma de lucro presumido, as alíquotas continuam em, respectivamente, 0,65% e 3%. Já na modalidade de lucro real, que equivaleria, na prestação de contas de uma pessoa física, à declaração completa, as alíquotas são de 1,65% e 7,6%. Isso, no entanto, não garante que o lucro presumido permaneça mais vantajoso, pois, no lucro real, há abatimentos ligados a gastos variados, o que, dependendo do caso da empresa, pode tornar essa fórmula menos onerosa.

HÁ DEZ ANOS, A COISA COMEÇAVA A TOMAR FORMA Russo começou a aparecer no cenário soteropolitano quando ainda integrava um dos primeiros grupos que dialogavam com as vertentes contemporâneas do reggae e de outros ritmos jamaicanos, o Ministéreo Público. Formado em 2005 por amigos que se juntaram e compraram uma aparelhagem de som para tocar nas ruas os discos e as músicas que não se ouviam nas rádios, o grupo é um típico sound system, nos moldes dos que existem aos montes em Kingston. Do início até os dias atuais, é controlado por uma equipe de som com dois DJs (seletores), um técnico de som e um toaster (cantor e MC), hoje, respectivamente, Raiz Seletor e Pureza, Fael Primeiro e Regivan.

– Antes, a grande maioria dos artistas optava de cara pelo lucro presumido, que não requer a apresentação de notas para descontos no imposto nem maiores cálculos. Agora, terão que se sentar com um contador e avaliar caso a caso. Claro que vai ficar mais difícil eleger o regime fiscal – comenta a gerente financeira da UBC.

“NO BRASIL, A RECEITA TEM UMA CULTURA SEGUNDO A QUAL A VONTADE DE PAGAR MENOS IMPOSTO SE CONSTITUI, EM SI, EM ILEGALIDADE.” Eduardo Navarro, Advogado tributarista

Como lembra o advogado tributarista Eduardo Navarro, a única maneira de evitar a perda do desconto seria o veto do Congresso à medida provisória. Em tese, mudanças tributárias deveriam se dar por meio de projetos de lei, mas, por entendimento anterior do Supremo Tribunal Federal (STF), houve extensão de tal prerrogativa aos atos provenientes do Poder Executivo, desde que chancelados pelo Parlamento. – No Brasil, a Receita Federal tem uma cultura segundo a qual a vontade de pagar menos imposto se constitui, em si, em ilegalidade. Grande parte do mercado pratica a tendência de se constituir em empresa. Isso é realmente uma zona cinza tributária, mas não ilegal – assevera Navarro.

Antenada, procura sempre se inteirar das novidades e mergulha de cabeça nas questões que lhe dizem respeito e aos seus, que ela encara como verdadeiras missões. Filiada à UBC desde 1999, Sandra conheceu Fernando Brant através do parceiro e diretor da associação Ronaldo Bastos, em meio aos debates da Festa da Música, em Canelas (RS). Descobrindo que tinham muitas afinidades, Fernando a convidou para concorrer às eleições da diretoria.

Com a tributação de, no mínimo, 24% (15% do IRPJ e 9% da CSSL) incidindo sobre o total faturado, fora outros impostos e adições no caso de lucros superiores a R$ 20 mil por mês, muitos artistas deverão desfazer as empresas e voltar a receber seus direitos autorais como pessoas físicas, pagando, portanto, a alíquota máxima de 27,5%. Já no caso de empresas que, de fato, funcionam como tal, com empregados e muitas despesas dedutíveis, Navarro crê que talvez o melhor seja optar pelo lucro real.

Determinada, corajosa e independente, Sandra de Sá é uma mulher que se dedica de corpo e alma a tudo em que se envolve e acredita, como uma legítima herdeira de Chiquinha Gonzaga. À frente da UBC, dará continuidade ao trabalho de seu antecessor e levará adiante uma questão que surgiu na gestão dele, a partir de uma proposta do diretor Abel Silva: a regulamentação da profissão de compositor. “O autor existe, tem de ser respeitado e eu o defenderei, estarei junto mesmo”, promete.

ÍNDICE

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BBC ANUNCIA SERVIÇO PRÓPRIO DE STREAMING E JÁ DESPERTA PREOCUPAÇÕES

EM ASSEMBLEIA EXTRAORDINÁRIA, MANNO GÓES PREENCHE A VAGA NA DIRETORIA

Sua paixão pelo clube de futebol do Flamengo é tamanha que ela consome todo tipo de produtos com a marca do time, pelo qual torce desde criança. Também integra a ConFlaria, ao lado de Ivo Meireles, Xande de Pilares, Diogo Nogueira e Buchecha. Com a apresentadora Dani Suzuki, criou a Conexão Japa Preta, promovendo encontros regulares entre os artistas amigos.

– Se você é uma empresa com muita despesa, deveria considerar ir para o lucro real. Porque, apesar da alíquota maior desses impostos, haverá muitas deduções. Agora, o fato é que a escolha já não é mais algo direto, passa a ser necessária uma análise comparativa dos diferentes cenários – conclui o tributarista.

14-15

A Rev

Tida historicamente como um porto-seguro para a pirataria, a China parece dar passos na direção das boas práticas do direito internacional. No último mês de setembro, as principais plataformas de streaming do país removeram 2,2 milhões de canções dos seus sistemas por não pagar direitos autorais. As autoridades do país haviam dado, em agosto, um ultimato aos sites para que regularizassem seus catálogos e eliminassem títulos sem licença. De acordo com o governo chinês, 16 plataformas de streaming obedeceram a determinação. As duas mais populares, Xiami e QQMusic, teriam eliminado, juntas, mais de 50 mil músicas irregulares. O mecanismo de buscas Baidu, que, na China, é maior do que o Google, removeu outras 642 mil. Por outro lado, o portal de compras chinês Alibaba, célebre por vender versões piratas de, virtualmente, qualquer produto disponível no planeta anunciou que entrará no segmento de música, o que levanta suspeitas de que, apesar dos supostos avanços, o gigante asiático continue a ser um território cinza para os direitos de autor. As informações são do diário espanhol “El País”.

“Na época, nunca tínhamos escutado falar em sound systems em Salvador, porém percebemos que, nas lavagens de bairros e festas de rua, sempre havia uma barraca com um som potente tocando quase sempre reggae”, conta DJ Raiz, um dos integrantes do grupo. Segundo ele, a ideia do Ministéreo surgiu naturalmente, sem maiores referências, mas, depois

NAS RUAS DA CIDADE DA BAHIA FERVE A PRÓXIMA ONDA QUE PROMETE RIVALIZAR COM O AXÉ: UMA GERAÇÃO DE ARTISTAS QUE FUNDEM REGGAE, DUB, DANCEHALL E OUTROS RITMOS DA ILHA CARIBENHA AOS SONS DAQUI, COM PEGADA EXPLOSIVA E ORIGINAL

Quem a conhece sabe que, além do largo sorriso de dentes perfeitos e das constantes mudanças de visual - de que a visagista e joalheira Cathia Muaze se incumbe -, outra de suas características é a generosidade. Como se não bastasse cuidar da própria carreira, ela joga luz sobre outros artistas. Sandra está produzindo o segundo CD de Macau e o de estreia da banda Mohaulle, de rock da favela, entre outros projetos.

CAPA : UBC/13

"Fernando é insubstituível. Mas agora estou relax em assumir esta responsabilidade. Estamos juntos"

INQUIETO, CRIATIVO, INCONFORMADO, O GUITARRISTA EDGARD SCANDURRA LANÇA DOIS NOVOS PROJETOS, FERMENTA INCONTÁVEIS OUTROS E CELEBRA A FASE CHEIA DE ENERGIA DO IRA!, DE VOLTA APÓS UM HIATO DE SETE ANOS

08-09

Por Luciano Matos, de Salvador

Ela também curte o carnaval e, embora esteja sempre trabalhando neste período, já aproveitou bastante. Na infância, saiu pela primeira vez com a escola de samba do bairro, a Caprichosos de Pilares, na Avenida João Ribeiro: “Tinha 4 anos e estava fantasiada de azul e branco, mas saí do lado de fora do cordão, crente que estava desfilando”, diverte-se a cantora, que também ganhou muitos concursos de fantasia. Além de seguir a Caprichosos de Pilares, ela também é Mangueira e Cacique de Ramos.

E como a faixa “Casca”, que está no disco “Estratosférica”, chegou a Gal Costa? A Gal estava escolhendo o repertório do “Estratosférica” (lançado no primeiro semestre), e o Moreno levou para ela algumas músicas minhas. Foi ela quem escolheu “Casca”. E foi a música que entrou por último no disco. Eles queriam uma coisa mais para cima, animada, queriam algo desse tipo. Eu achei o máximo, claro. Fiquei muito feliz.

PELO PAÍS : UBC/17

16/UBC : PELO PAÍS

Na Bahia existe uma expressão segundo a qual tudo acaba em reggae. Quando um jovem soteropolitano combina uma balada, ou festa, diz assim: “bó pro reggae?”. Basta dar uma volta de ouvidos abertos pela capital mundial do axé para a ficha cair: o ritmo jamaicano é fortíssimo e está no DNA musical local. O baiano Edson Gomes, por exemplo, foi um precursor do reggae no Brasil e ainda é bastante reverenciado. O conterrâneo Gilberto Gil levou o ritmo a um patamar ainda maior, regravando Bob Marley e fundindo o estilo caribenho à MPB. Mais tarde, os blocos afro misturaram tudo às batidas ancestrais africanas e criaram o samba reggae. Mas é hoje, bem agora, que essa salada ganha tempero novo a cada dia. Sonoridades contemporâneas como ragga, dancehall e dub vivem uma verdadeira explosão nos trabalhos dos grupos, artistas e coletivos mais originais da cena baiana.

Ternura...”, relembra Sandra, que mais tarde se tornou fã de Cassiano, Tim Maia, Simonal, Jackson 5, Creedence Clearwater Revival, Partido em 5, Alcione e Gonzaguinha e os principais nomes da soul music.

E uma nova guerra entre artistas e provedores de conteúdo parece estar se desenhando. “Insatisfeito” por não ter parte maior nos ganhos que muitos compositores e criadores têm em populares canais que hospeda, o YouTube pretende lançar uma assinatura premium, que, nos Estados Unidos, poderia custar cerca de US$ 10 mensais. Fontes do mercado asseguram que o YouTube vem enviando e-mails aos titulares dos seus canais, “encorajando-os” a aderir aos novos termos de serviço, que preveriam a cobrança de uma taxa dos usuários, sob pena de não ser mais capazes de monetizar com os vídeos oferecidos na versão americana do site. O serviço premium, a princípio, livraria o usuário dos anúncios e lhes daria acesso a conteúdo exclusivo. É essa última parte que preocupa alguns produtores de vídeos publicados nos canais mais populares, pois a eventual diminuição dos acessos após a implementação da cobrança poderia afetar-lhes os ganhos. As informações são do site Recode.com.

Sim. E os amigos ajudaram muito. Esse disco faz parte de um grupo. Durante o processo, Moreno, Donatinho, Zabelê, Jonas Sá, essa turma toda também estava fazendo seus próprios discos nesse esquema. Sem pressão. Acho que somos um fenômeno. As coisas vão melhorar futuramente na música com todo mundo se unindo.

JUIZ AMERICANO DECLARA 'HAPPY BIRTHDAY TO YOU' LIVRE DE DIREITOS AUTORAIS

CHINA REMOVE DA REDE 2,2 MILHÕES DE CANÇÕES SEM LICENÇA

Foto: MFR 020

Como os pais passavam o dia fora, os avós Maria e Fausto cuidavam dela e dos primos, com pulso firme e muito carinho. As doces lembranças desse período Sandra as eternizou em “Baile no Asfalto”, música feita em parceria com Mombaça. “Na casa da vovó tem festa todo dia”, ela canta em “ÁfricaNatividade - Cheiro de Brasil”, o primeiro disco que produziu e que concorreu ao Grammy Latino de 2010, na categoria de melhor álbum de pop contemporâneo brasileiro.

Quais foram as suas referências? Tom Jobim, Marcos Valle, João Donato. Final dos anos 1960 mesmo. Mas a roupagem é mais contemporânea. Tem a mão do Kassin, que produziu o disco. Ele botou uma sujeira, no melhor sentido.

O NOSSO ANGELO

ARTISTA? NEM EM SONHOS...

MÚSICA NO DNA

YOUTUBE PODERÁ INSTITUIR COBRANÇA POR SERVIÇO PREMIUM NOS EUA

Num processo bem familiar (risos). Tive dois filhos nesses últimos quatro anos, e a Vivian (Muller, mulher de Continentino) também cantou comigo no disco. Foi tudo feito com muita calma, sem pressão. É artesanal, música pop com uma sonoridade da época em que a bossa nova influenciava tudo.

Por um erro de edição, a Revista UBC apresentou, na edição de agosto, uma fotografia incorreta do músico gospel fluminense Angelo Torres, que lança o DVD “Minha História”, um apanhado de alguns dos melhores momentos da sua carreira. O artista retratado na nota é o quase homônimo ator Ângelo Torres, da Guiné Equatorial. Pedimos desculpas e publicamos a imagem correta do brasileiro.

Combativa, demonstrou diversas vezes que tem disposição de sobra para enfrentar o desgaste que as reuniões em Brasília provocam. Como aconteceu quando o empresário e político do PMDB Edison Lobão Filho, um dos sócios da repetidora do SBT no Maranhão, bradou que não paga, nunca pagou nem pagará direitos autorais pelo que veicula na emissora. Indignada, Sandra revidou: “E você quer que eu vá vender churrasquinho na esquina pra viver?”

Embora não tenha conquistado o primeiro lugar, ela se consagrou naquela noite de 1980, no ginásio do Maracanãzinho, no Rio. “Demônio Colorido” foi decisivo em sua trajetória. Lançado em compacto, obteve execução maciça nas rádios e rendeu-lhe o primeiro contrato para a gravação de um LP, pela RGE. Também choviam convites para shows e aparições na TV. Naquela época, tornou-se amiga do divulgador da gravadora, Cazuza, que viria a se tornar padrinho de seu filho, o ator, comentarista de basquete na TV e empresário da área gastronômica Jorge de Sá.

Como você construiu o conceito do disco “Ao Som dos Planetas”?

“Ao Som dos Planetas” é um projeto independente. Isso significa que você o bancou do próprio bolso?

“As prefeituras promovem festas e eventos de grande porte, como o Carnaval da Bahia, e não pagam nada pelas músicas que utilizam. Se fiscalizassem essas prefeituras, a arrecadação seria bem maior do que é hoje!”, dispara a artista, em defesa do sistema de gestão coletiva, que, só em 2014, distribuiu mais de R$ 900 milhões a 140.438 titulares de música, incluídos aí compositores, intérpretes, músicos, editores, produtores fonográficos e associações.

O curioso é que, até a música “Demônio Colorido”, parceria dela com Macau, ser anunciada como uma das finalistas do festival MPB-80, Sandra de Sá não havia pensado em seguir a carreira artística. Tocava violão, fazia algumas composições, convivia com músicos e era incentivada a seguir esse caminho por amigos, como Fafy Siqueira e o casal Lucinha e João Araújo. Mas sonhava mesmo era em ser psicóloga. Apesar disso, considerava a música uma coisa natural, até rotineira em seu cotidiano familiar.

Demorou um pouquinho. Mas não resta qualquer dúvida de que valeu a pena. Depois de quatro anos entre a concepção, o início do trabalhos e o parto, “Ao Som dos Planetas”, o primeiro álbum solo do baixista Alberto Continentino, vê a luz. Não que não tenha havido outros partos antes. “Tive dois filhos durante o processo, sabe como é...”, ele ri. O som é sofisticado, bebe na ainda fresca fonte da bossa nova, mas com a necessária “sujeira” adicionada pelo parceiro Kassin, que produz a obra. Paralelamente, Continentino vem marcando presença com suas composições nos mais recentes discos de Zabelê e Gal Costa, que nós noticiamos nas duas últimas edições da Revista, e também em músicas ao lado de Domenico Lancelotti, Kassin e Moreno Veloso. Dia 24 de novembro, esse integrante de valor de um time que vem ganhando todas na nova música brasileira mostra o novo trabalho no palco do centro cultural Oi Futuro, no bairro carioca de Ipanema.

06-07 CAPA : UBC/15

14/UBC : CAPA

QUATRO ANOS E DOIS BEBÊS DEPOIS DE CONCEBER “AO SOM DOS PLANETAS”, BAIXISTA FINALMENTE LANÇA O PRIMEIRO ÁLBUM SOLO E MOSTRA POR QUE ESTÁ NO TIME CERTO DA MÚSICA CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA

LUIZA CASPARY E O ACESSO DEMOCRÁTICO – NOS SHOWS E NA WEB

A guerra (nem tão fria) entre artistas e populares serviços de streaming globais ganha novos rounds a cada semana. Depois da banda Metallica, do bandleader Thom Yorke (Radiohead) e da cantora Taylor Swift, que, em diferentes frentes, atacaram os parcos (ou nenhum) dólares distribuídos por serviços como Napster, Spotify e Apple Music, somam-se às hostes a britânica La Roux e o compositor americano Kevin Kadish, cocriador do megassucesso “All Abouth That Bass” (cantado por Meghan Trainor). Eles também acusam serviços como Spotify e Apple Music de pagar pouco e mal. No fim de setembro, La Roux disparou o tuíte-petardo em sua conta no Twitter: “Spotify, obrigada pelas cem libras pagas neste trimestre. Mais um mês e eu talvez serei capaz de bancar a assinatura premium de vocês. Que sorte eu tenho!” De acordo com as estatísticas do próprio serviço de streaming, La Roux tem uma base de 811 mil ouvintes mensais. Mesmo que cada um ouvisse apenas uma canção por mês, à já lendária taxa de 0,0072 centavos americanos por stream, La Roux deveria ter recebido US$ 17,5 mil no trimestre, e não as cem libras que alega terem pingado em sua conta. Já no caso de Kadish, o número de streams alcançou a fantástica cifra de 178 milhões no mesmo período, mais o total repassado pelo serviço mais popular de audição de músicas na web foi de apenas US$ 5.679. “Como alimentar minha família?”, ele protestou durante uma audiência sobre o tema no Congresso americano. Segundo os cálculos do site Musically.com, o valor que o compositor deveria receber, apenas do Spotify, seria de US$ 313 mil.

12/UBC : CAPA

“VIVO A MÚSICA COMO UM DEPENDENTE QUÍMICO VIVE DE SUAS SUBSTÂNCIAS”

BATALHA DOS STREAMINGS, NOVOS ROUNDS

CONTINENTINO

Foto: Leandro Neves

Foi uma das melhores sensações da minha vida. Aquela foi uma noite toda nossa. Não estávamos fazendo participação ou abrindo. Até o último minuto, eu não sabia se ia me jogar ou não. E, como sou ossuda e estabanada, o Lucas sugeriu o colchão inflável de acampamento (risos). Casou bem com a música (“Mergulhei de Máscara”). Sensacional.

SE TRANSFORMA EM MIL PEDAÇOS'

Foto: Mário Canivello

Letícia Novaes diz que costuma “colher em anos ímpares”. E a safra de 2015 veio em abundância. Além de lançar seu primeiro livro, “Zaralha”, uma coletânea de textos seus que, literalmente, tudo tem, a cantora e atriz integrou, no cinema, o elenco da comédia arrasa-quarteirões “Qualquer Gato ViraLata 2” e protagonizou, na casa de shows carioca Circo Voador, em agosto, um explosivo lançamento do terceiro álbum do Letuce, “Estilhaça”. A produção de João Brasil marca a volta da banda, em ponto morto após o fim do casamento de Letícia e Lucas Vasconcellos, parceiro desde o início. Criação coletiva dos dois e dos demais integrantes da banda, Thomas Harres, Arthur Braganti e Fábio Lima, o álbum pode ser descarregado gratuitamente em www.letuce.com.br. Catártica, mais que festiva, a retomada teve direito a Letícia sobrevoando o público do Circo em cima de um colchão inflável.

Fotos: Rogério Von Kruger

MAIS PRODUTIVA DO QUE NUNCA, LETÍCIA NOVAES FALA SOBRE A RETOMADA DO LETUCE AO LADO DO EX-MARIDO E COCRIADOR DO PROJETO, LUCAS VASCONCELLOS, COM DIREITO A 'VOO' NO CIRCO VOADOR, NO RIO

MEIA BANDA INTEIRA Bruno Di Lullo, Domenico Lancelotti, Eduardo Manso e Estêvão Casé, integrantes constantes do time dos produtores e músicos mais destacados da nova música brasileira, juntaram as “panelas” num projeto cuja cozinha, precisamente, é forte, a cargo dos dois primeiros, e dá sustento a melodias introspectivas, invernais como a passada estação do ano que viu o surgimento do novo grupo. Na sua Meia Banda, synths, guitarras, pedais, microfonias e outros instrumentos são os ingredientes sofisticados de uma mistura que agrada a paladares musicais exigentes. As letras, cocriação de Domenico e Bruno, evocam romances, desencontros, ironias das relações e da vida, e as canções são executadas pelo quarteto e por um time de convidados como Pedro Sá, Moreno Veloso, Pedro Baby e Fabio Lima, além de Danilo Caymmi, Ney Matogrosso e Dado Villa-Lobos. O álbum de estreia já está à venda na rede (em www.meiabanda.bandcamp.com, a US$ 4,99).

Foto: Rui Mendes

'ALGO FOI UM QUEBRADO, COMO ESPELHO QUE

ALBERTO DANÇA DO SUCESSO Vice-campeã da segunda edição do programa “SuperStar”, da TV Globo, a banda Scalene se prepara para lançar seu terceiro álbum enquanto emplaca mais um hit na telinha. Tema do protagonista da trama das 21h da mesma emissora, “A Regra do Jogo”, “Danse Macabre” é uma canção que remonta ao primeiro disco da banda de Brasília, “Real/Surreal”, surgido há dois anos e relançado agora pelo selo Slap, da Som Livre. Para Gustavo Bertoni, guitarrista e vocalista, a letra (“Sou o começo e o fim/ O que há de bom e ruim/ Um pedaço de ti”) “cai como uma luva na novela, que aborda temas como o bem e o mal”. Injeção de oxigênio no rock nacional, o quarteto formado ainda por Tomas Bertoni (guitarra), Lucas Furtado (baixo) e Philipe ‘Makako’ (bateria e vocal) tem como inspirações máximas os ingleses do Radiohead e os estadunidenses do Queens of The Stone Age.

ENTREVISTA : UBC/11

FIQUE DE OLHO

O TERCEIRO FILHO DE

Foto: Fabiane de Paula

A atemporalidade, a antropofagia e a mistura virtualmente sem limites da MPB é tema do livro-CD “Invocado – Um Jeito Brasileiro de Ser Musical”, concebido pelo jornalista e escritor cearense Flávio Paiva, cujo show está em turnê pelo Brasil. O trabalho tem como destaque a participação de Orlângelo Leal, da Banda Dona Zefinha. Entre pérolas variadas, o grupo resgata “Dança de Negros - Batuque”, da obra de Alberto Nepomuceno, composta em 1887. A música, aliás, acaba de ganhar um videoclipe com a participação da cantora e bailarina guineana Fanta Konatê. Em versões acústicas, surgem composições de Messias Holanda, Petrúcio Maia, Evaldo Gouveia, Neo Pinel, Luís Fidelis, Xerém, Flávio Paiva e do próprio Orlângelo. O resultado desse encontro de bambas é um show que surpreende e encanta visualmente, ao unir teatro, dança e literatura. Acompanhe a agenda de apresentações em www.flaviopaiva.com.br

Foto: I Hate Flash

Por Guilherme Scarpa, do Rio

10/UBC : ENTREVISTA

NOTÍCIAS : UBC/9

8/UBC : NOTÍCIAS

NOVIDADES INTERNACIONAIS

NOVIDADES NACIONAIS

16-17

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4/UBC : NOTÍCIAS

NOVIDADES NACIONAIS Por Guilherme Scarpa, do Rio

'ALGO FOI COMO UM QUEBRADO, ESPELHO QUE Letícia Novaes diz que costuma “colher em anos ímpares”. E a safra de 2015 veio em abundância. Além de lançar seu primeiro livro, “Zaralha”, uma coletânea de textos seus que, literalmente, tudo tem, a cantora e atriz integrou, no cinema, o elenco da comédia arrasa-quarteirões “Qualquer Gato ViraLata 2” e protagonizou, na casa de shows carioca Circo Voador, em agosto, um explosivo lançamento do terceiro álbum do Letuce, “Estilhaça”. A produção de João Brasil marca a volta da banda, em ponto morto após o fim do casamento de Letícia e Lucas Vasconcellos, parceiro desde o início. Criação coletiva dos dois e dos demais integrantes da banda, Thomas Harres, Arthur Braganti e Fábio Lima, o álbum pode ser descarregado gratuitamente em www.letuce.com.br. Catártica, mais que festiva, a retomada teve direito a Letícia sobrevoando o público do Circo em cima de um colchão inflável. Qual foi a sensação de “se jogar” no público do Circo Voador naquela noite de 26 de agosto? Foi uma das melhores sensações da minha vida. Aquela foi uma noite toda nossa. Não estávamos fazendo participação ou abrindo. Até o último minuto, eu não sabia se ia me jogar ou não. E, como sou ossuda e estabanada, o Lucas sugeriu o colchão inflável de acampamento (risos). Casou bem com a música (“Mergulhei de Máscara”). Sensacional. E a retomada da banda ao lado do Lucas? São 11 músicas no disco, e a banda toda se envolveu bastante nas composições. Nada como ter amigos. Ficamos um tempo em off. Foi melhor do que fazer alguma coisa durante a dor (da separação, há dois anos). E desde que começamos pensei no nome “Estilhaça”. Lucas curtiu também. Fiquei fissurada pela sonoridade do nome. É saboroso. E algo foi quebrado, como um espelho que se transforma em mil pedaços. É uma forma de ver as coisas.

SE TRANSFORMA EM MIL PEDAÇOS' Como funciona o seu processo de composição? Às vezes, você precisa forçar quando a inspiração não te visita, sabe? Pode vir algo inédito nessa hora. Mas acho que todo mundo que escreve anda com um caderninho. Posso estar comendo um pão de queijo na rua e, de repente, ter uma ideia. É horrível ter uma ideia, dormir e esquecê-la. Normalmente, música e letra são feitas ao mesmo tempo. Uma vai puxando a outra. E por que decidiram deixar o disco disponível para download gratuito? Para que quem não pode pagar tivesse acesso às músicas com qualidade, e não baixasse versões piratas. Acho que, hoje em dia, não tem como segurar isso. Nem todo mundo pode comprar. É mesmo nos shows que a gente ganha. Quanto tempo você precisou para organizar o livro “Zaralha” (coletânea de poemas, manuscritos, deveres de escola...)? Foi um ano. E já tem gente me pedindo o segundo volume. É um almanaque poético, em que resumo um pouco de tudo que sou, essa personalidade multi, as coisas sexuais. Não teve uma regra. Cada dia vejo alguém me marcando em fotos de páginas do livro no Facebook. É engraçado.

Fotos: Rogério Von Kruger

MAIS PRODUTIVA DO QUE NUNCA, LETÍCIA NOVAES FALA SOBRE A RETOMADA DO LETUCE AO LADO DO EX-MARIDO E COCRIADOR DO PROJETO, LUCAS VASCONCELLOS, COM DIREITO A 'VOO' NO CIRCO VOADOR, NO RIO


NOTÍCIAS : UBC/5

LIVRO, DISCO E ESTILOS À MANCHEIA

Compositor de “Esperando na Janela” – ao lado de Manuca Almeida e Raimundinho do Acordeom –, o estrondoso sucesso na voz de Gilberto Gil que venceu o Grammy Latino de melhor canção brasileira em 2001, o sanfoneiro pernambucano Targino Gondim comemora 20 anos de carreira. E, como a ocasião requer festa, ele acaba de lançar o disco instrumental “Chorando Mais Eu”, seu 25º álbum. Em duas décadas de estrada, além de ter colaborado com Gil, Targino também compôs para Dominguinhos, Elba Ramalho e muitos outros. Foi dele também a idealização e a organização do Festival Internacional da Sanfona, o maior da América Latina, realizado em julho passada em Juazeiro, na Bahia, e em Petrolina, em Pernambuco.

Foto: Débora 70

MANUCA ALMEIDA, ANO 31 Um dos parceiros de Gondim em “Esperando na Janela”, Manuca Almeida também celebra efeméride. Autor de nada menos do que 600 músicas, o compositor, poeta, ator e produtor alcança três décadas de belíssimos serviços à música brasileira. Só de canções gravadas são mais de 200. Outros de seus sucessos foram “Pop Zen” (parceria com Alexandre Leão e Lalado), que ganhou interpretações de Ivete Sangalo, Nana Caymmi e Arnaldo Antunes, e o reggae “Clareza”, gravado por Dionorina. Ao todo, mais de 40 artistas (Gilberto Gil, Margareth Menezes, Dominguinhos, Marina Elali...) da MPB já pediram ou ganharam composições do músico sergipano. Seu leque de ritmos é igualmente extenso: pop, reggae, xote e as incontáveis possibilidades da música romântica, sua grande especialidade.

Outro parceiro de Elba, para quem compôs, por exemplo, “Bebedouro”, ao lado de Maciel Melo, Anchieta Dali apresenta seu sétimo álbum de estúdio, “Segundas e Eras”, em que mergulha fundo no ritmo que é sua grande especialista: o forró puro, alegre, feito para dançar. Autor de sucessos também de Fagner (“Choro de Poeta”, com Carlos Villela) e Amelinha (“Flor de Alegrias”), Dali agora divide de novo os créditos com Carlos Villela e também com o amigo Xico Bizerra. Multirreferenciado, ele cita soul, rock e outros ritmos em meio às sanfonas, zabumbas e triângulos e diz ter se inspirado em alguns de seus ídolos, como Raul Seixas, Tim Maia e Alceu Valença.

OSTENTAÇÃO? NÃO, CONTESTAÇÃO Sexo é bom, ostentação está na moda, e palavrão (quase) todo mundo diz. Mas a MC Carol chutou para lá os clichês do estilo musical em que milita e conquistou centenas de milhares de fãs nas redes sociais e nos sites de vídeos de outro jeito: criando um funk-contestação. Em “Não foi Cabral”, lançada em julho, ela conseguiu agradar a não poucos professores de história – e, claro, os fãs de um bom batidão – ao recontar a colonização europeia no Brasil. Mixado com bases do “Hino Nacional”, o trabalho diz assim: “Quem descobriu o Brasil / Não foi Cabral / Pedro Álvares Cabral / Chegou em 22 de abril / Depois colonizou” e “Ninguém trouxe família / Muito menos filho / Porque já sabia / Que ia matar vários índios”. História, segundo a funkeira, sempre foi sua disciplina favorita. “Cabral não descobriu o Brasil porque simplesmente já havia quatro milhões de pessoas aqui”, diz a funkeira contestadora que planeja desfazer outros mitos sobre nossa história. Natural de Niterói (RJ), ela ganhou projeção nacional após participar do reality show “Lucky Ladies”, no canal fechado Fox Play, sob o comando de outra funkeira respeitada no meio, Tati Quebra-Barraco. Foto: I Hate Flash

TARGINO GONDIM, ANO 21

ANCHIETA DALI: FORRÓ-ROCK-SOUL

Foto: Fabiane de Paula

A atemporalidade, a antropofagia e a mistura virtualmente sem limites da MPB é tema do livro-CD “Invocado – Um Jeito Brasileiro de Ser Musical”, concebido pelo jornalista e escritor cearense Flávio Paiva, cujo show está em turnê pelo Brasil. O trabalho tem como destaque a participação de Orlângelo Leal, da Banda Dona Zefinha. Entre pérolas variadas, o grupo resgata “Dança de Negros - Batuque”, da obra de Alberto Nepomuceno, composta em 1887. A música, aliás, acaba de ganhar um videoclipe com a participação da cantora e bailarina guineana Fanta Konatê. Em versões acústicas, surgem composições de Messias Holanda, Petrúcio Maia, Evaldo Gouveia, Neo Pinel, Luís Fidelis, Xerém, Flávio Paiva e do próprio Orlângelo. O resultado desse encontro de bambas é um show que surpreende e encanta visualmente, ao unir teatro, dança e literatura. Acompanhe a agenda de apresentações em www.flaviopaiva.com.br


6/UBC : NOTÍCIAS

DANÇA DO SUCESSO

MEIA BANDA INTEIRA

Vice-campeã da segunda edição do programa “SuperStar”, da TV Globo, a banda Scalene se prepara para lançar seu terceiro álbum enquanto emplaca mais um hit na telinha. Tema do protagonista da trama das 21h da mesma emissora, “A Regra do Jogo”, “Danse Macabre” é uma canção que remonta ao primeiro disco da banda de Brasília, “Real/Surreal”, surgido há dois anos e relançado agora pelo selo Slap, da Som Livre. Para Gustavo Bertoni, guitarrista e vocalista, a letra (“Sou o começo e o fim/ O que há de bom e ruim/ Um pedaço de ti”) “cai como uma luva na novela, que aborda temas como o bem e o mal”. Injeção de oxigênio no rock nacional, o quarteto formado ainda por Tomas Bertoni (guitarra), Lucas Furtado (baixo) e Philipe ‘Makako’ (bateria e vocal) tem como inspirações máximas os ingleses do Radiohead e os estadunidenses do Queens of The Stone Age.

Bruno Di Lullo, Domenico Lancelotti, Eduardo Manso e Estêvão Casé, integrantes constantes do time dos produtores e músicos mais destacados da nova música brasileira, juntaram as “panelas” num projeto cuja cozinha, precisamente, é forte, a cargo dos dois primeiros, e dá sustento a melodias introspectivas, invernais como a passada estação do ano que viu o surgimento do novo grupo. Na sua Meia Banda, synths, guitarras, pedais, microfonias e outros instrumentos são os ingredientes sofisticados de uma mistura que agrada a paladares musicais exigentes. As letras, cocriação de Domenico e Bruno, evocam romances, desencontros, ironias das relações e da vida, e as canções são executadas pelo quarteto e por um time de convidados como Pedro Sá, Moreno Veloso, Pedro Baby e Fabio Lima, além de Danilo Caymmi, Ney Matogrosso e Dado Villa-Lobos. O álbum de estreia já está à venda na rede (em www.meiabanda.bandcamp.com, a US$ 4,99).

Foto: Mário Canivello

O aguardado novo EP do mestre do hip hop mineiro Flávio Renegado, “Relatos de Um Conflito Particular”, já chegou fazendo barulho. Com sete faixas, cada uma inspirada num pecado capital católico, o trabalho reúne composições em parceria com Chico Amaral (“Particulares”), Makely K (“Só Mais Um Dia”), e Gabriel Moura (“Rotina”), entre outros. Esta última faixa traz a participação de Samuel Rosa, do Skank, nos vocais, e foi escolhida como primeira música de trabalho. O tema de “Rotina” é a cobiça. “Cuidado quando chega e de olho onde pisa, o mundo é mesmo freak, e inveja existe para atrapalhar”, diz um trecho. O novo trabalho de Renegado sucede a “Minha Tribo e o Mundo”, de 2012, que teve produção de Plínio Profeta.

Primeira artista exclusiva da plataforma de lançamento de vídeos Vevo, a cantora Luiza Caspary, que lançou por lá recentemente o clipe “O Caminho Certo”, também é pioneira em outro quesito. Desde 2011, a cantora e compositora trabalha a questão da acessibilidade em seus shows, que contam sempre com audiodescrição, tradução em Libras (língua brasileira de sinais), legenda e acesso para pessoas com mobilidade reduzida, coisa rara de se ver. Luiza começou sua carreira aos 8 anos, no coral da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, e, de lá para cá, já acumula mais de cem composições. Seu álbum de estreia, que leva seu nome, tem pegada pop-rock e foi lançado em 2013 com uma turnê que percorreu Brasil e Europa. Foto: Leandro Neves

RENEGADO, DE VOLTA E FAZENDO BARULHO

LUIZA CASPARY E O ACESSO DEMOCRÁTICO – NOS SHOWS E NA WEB


NOTÍCIAS : UBC/7

O TERCEIRO FILHO DE

ALBERTO

CONTINENTINO QUATRO ANOS E DOIS BEBÊS DEPOIS DE CONCEBER “AO SOM DOS PLANETAS”, BAIXISTA FINALMENTE LANÇA O PRIMEIRO ÁLBUM SOLO E MOSTRA POR QUE ESTÁ NO TIME CERTO DA MÚSICA CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA

Demorou um pouquinho. Mas não resta qualquer dúvida de que valeu a pena. Depois de quatro anos entre a concepção, o início do trabalhos e o parto, “Ao Som dos Planetas”, o primeiro álbum solo do baixista Alberto Continentino, vê a luz. Não que não tenha havido outros partos antes. “Tive dois filhos durante o processo, sabe como é...”, ele ri. O som é sofisticado, bebe na ainda fresca fonte da bossa nova, mas com a necessária “sujeira” adicionada pelo parceiro Kassin, que produz a obra. Paralelamente, Continentino vem marcando presença com suas composições nos mais recentes discos de Zabelê e Gal Costa, que nós noticiamos nas duas últimas edições da Revista, e também em músicas ao lado de Domenico Lancelotti, Kassin e Moreno Veloso. Dia 24 de novembro, esse integrante de valor de um time que vem ganhando todas na nova música brasileira mostra o novo trabalho no palco do centro cultural Oi Futuro, no bairro carioca de Ipanema. Como você construiu o conceito do disco “Ao Som dos Planetas”? Num processo bem familiar (risos). Tive dois filhos nesses últimos quatro anos, e a Vivian (Muller, mulher de Continentino) também cantou comigo no disco. Foi tudo feito com muita calma, sem pressão. É artesanal, música pop com uma sonoridade da época em que a bossa nova influenciava tudo. Quais foram as suas referências? Tom Jobim, Marcos Valle, João Donato. Final dos anos 1960 mesmo. Mas a roupagem é mais contemporânea. Tem a mão do Kassin, que produziu o disco. Ele botou uma sujeira, no melhor sentido. “Ao Som dos Planetas” é um projeto independente. Isso significa que você o bancou do próprio bolso?

O NOSSO ANGELO Por um erro de edição, a Revista UBC apresentou, na edição de agosto, uma fotografia incorreta do músico gospel fluminense Angelo Torres, que lança o DVD “Minha História”, um apanhado de alguns dos melhores momentos da sua carreira. O artista retratado na nota é o quase homônimo ator Ângelo Torres, da Guiné Equatorial. Pedimos desculpas e publicamos a imagem correta do brasileiro.

Sim. E os amigos ajudaram muito. Esse disco faz parte de um grupo. Durante o processo, Moreno, Donatinho, Zabelê, Jonas Sá, essa turma toda também estava fazendo seus próprios discos nesse esquema. Sem pressão. Acho que somos um fenômeno. As coisas vão melhorar futuramente na música com todo mundo se unindo. E como a faixa “Casca”, que está no disco “Estratosférica”, chegou a Gal Costa? A Gal estava escolhendo o repertório do “Estratosférica” (lançado no primeiro semestre), e o Moreno levou para ela algumas músicas minhas. Foi ela quem escolheu “Casca”. E foi a música que entrou por último no disco. Eles queriam uma coisa mais para cima, animada, queriam algo desse tipo. Eu achei o máximo, claro. Fiquei muito feliz.


8/UBC : NOTÍCIAS

NOVIDADES INTERNACIONAIS

BATALHA DOS STREAMINGS, NOVOS ROUNDS A guerra (nem tão fria) entre artistas e populares serviços de streaming globais ganha novos rounds a cada semana. Depois da banda Metallica, do bandleader Thom Yorke (Radiohead) e da cantora Taylor Swift, que, em diferentes frentes, atacaram os parcos (ou nenhum) dólares distribuídos por serviços como Napster, Spotify e Apple Music, somam-se às hostes a britânica La Roux e o compositor americano Kevin Kadish, cocriador do megassucesso “All Abouth That Bass” (cantado por Meghan Trainor). Eles também acusam serviços como Spotify e Apple Music de pagar pouco e mal. No fim de setembro, La Roux disparou o tuíte-petardo em sua conta no Twitter: “Spotify, obrigada pelas cem libras pagas neste trimestre. Mais um mês e eu talvez serei capaz de bancar a assinatura premium de vocês. Que sorte eu tenho!” De acordo com as estatísticas do próprio serviço de streaming, La Roux tem uma base de 811 mil ouvintes mensais. Mesmo que cada um ouvisse apenas uma canção por mês, à já lendária taxa de 0,0072 centavos americanos por stream, La Roux deveria ter recebido US$ 17,5 mil no trimestre, e não as cem libras que alega terem pingado em sua conta. Já no caso de Kadish, o número de streams alcançou a fantástica cifra de 178 milhões no mesmo período, mais o total repassado pelo serviço mais popular de audição de músicas na web foi de apenas US$ 5.679. “Como alimentar minha família?”, ele protestou durante uma audiência sobre o tema no Congresso americano. Segundo os cálculos do site Musically.com, o valor que o compositor deveria receber, apenas do Spotify, seria de US$ 313 mil.

YOUTUBE PODERÁ INSTITUIR COBRANÇA POR SERVIÇO PREMIUM NOS EUA E uma nova guerra entre artistas e provedores de conteúdo parece estar se desenhando. “Insatisfeito” por não ter parte maior nos ganhos que muitos compositores e criadores têm em populares canais que hospeda, o YouTube pretende lançar uma assinatura premium, que, nos Estados Unidos, poderia custar cerca de US$ 10 mensais. Fontes do mercado asseguram que o YouTube vem enviando e-mails aos titulares dos seus canais, “encorajando-os” a aderir aos novos termos de serviço, que preveriam a cobrança de uma taxa dos usuários, sob pena de não ser mais capazes de monetizar com os vídeos oferecidos na versão americana do site. O serviço premium, a princípio, livraria o usuário dos anúncios e lhes daria acesso a conteúdo exclusivo. É essa última parte que preocupa alguns produtores de vídeos publicados nos canais mais populares, pois a eventual diminuição dos acessos após a implementação da cobrança poderia afetar-lhes os ganhos. As informações são do site Recode.com.

CHINA REMOVE DA REDE 2,2 MILHÕES DE CANÇÕES SEM LICENÇA Tida historicamente como um porto-seguro para a pirataria, a China parece dar passos na direção das boas práticas do direito internacional. No último mês de setembro, as principais plataformas de streaming do país removeram 2,2 milhões de canções dos seus sistemas por não pagar direitos autorais. As autoridades do país haviam dado, em agosto, um ultimato aos sites para que regularizassem seus catálogos e eliminassem títulos sem licença. De acordo com o governo chinês, 16 plataformas de streaming obedeceram a determinação. As duas mais populares, Xiami e QQMusic, teriam eliminado, juntas, mais de 50 mil músicas irregulares. O mecanismo de buscas Baidu, que, na China, é maior do que o Google, removeu outras 642 mil. Por outro lado, o portal de compras chinês Alibaba, célebre por vender versões piratas de, virtualmente, qualquer produto disponível no planeta anunciou que entrará no segmento de música, o que levanta suspeitas de que, apesar dos supostos avanços, o gigante asiático continue a ser um território cinza para os direitos de autor. As informações são do diário espanhol “El País”.

BBC ANUNCIA SERVIÇO PRÓPRIO DE STREAMING E JÁ DESPERTA PREOCUPAÇÕES A BBC, maior conglomerado audiovisual do Reino Unido, anunciou seus planos de lançar um serviço próprio de streaming. Em princípio, a plataforma abrigaria pelo menos 50 mil canções previamente executadas nas rádios do grupo. Sem definições, por ora, de como seriam os repasses aos titulares das obras ou uma consulta prévia ao mercado por parte da gigante, a BPI, maior associação britânica de gestão coletiva, expressou ressalvas. “A BBC está preocupada com a perda de audiência para novos serviços, sobretudo on-demand. Nós entendemos. Mas, se vai lançar um serviço como esse, precisa trazer a indústria consigo. Não é viável que a BBC lance um serviço como esse e não preveja pagar nada por ele”, afirmou Geoff Taylor, presidente da BPI. No documento em que revela sua estratégia, o conglomerado britânico deixou claro que os planos de licenciamento das músicas ainda estão em “estágio inicial” e que pretende estabelecer “diálogo total” com os detentores dos direitos autorais e conexos. As informações são do site Musically.com.


NOTÍCIAS : UBC/9

FIQUE DE OLHO

JUIZ AMERICANO DECLARA 'HAPPY BIRTHDAY TO YOU' LIVRE DE DIREITOS AUTORAIS

EM ASSEMBLEIA EXTRAORDINÁRIA, MANNO GÓES PREENCHE A VAGA NA DIRETORIA Em Assembleia Geral Extraordinária, realizada no último dia 16 de setembro em sua sede, no Rio, a UBC aprovou os regulamentos de arrecadação de distribuição de direitos autorais. Todo o material havia sido disponibilizado antes no Portal do Associado. Em duas convocatórias, às 13h e às 14h, os associados presentes aprovaram o preenchimento da vaga de diretor-vogal deixada por Sandra de Sá, que se tornou presidente da nossa entidade ao substituir Fernando Brant, morto em junho passado. O novo diretor é o compositor Manno Góes, ex-integrante do Conselho Fiscal, associado há 6 anos e criador de alguns dos maiores hits da banda baiana Jammil e Uma Noites. Sorte e sucesso na nova jornada!

VALORES ARRECADADOS NO FESTIVAL ROCK IN RIO SERÃO DISTRIBUÍDOS JÁ EM NOVEMBRO O festival Rock in Rio teve em setembro passado sua edição especial de 30 anos, agitando a Zona Oeste do Rio e reunindo artistas de diversos países. Um dia depois do encerramento, os organizadores realizaram o pagamento dos direitos autorais de execução pública dos criadores de milhares de músicas executadas no evento. A distribuição, conforme prevê o calendário, será realizada já neste mês de novembro. Para que todas as obras e todos os fonogramas executados no Rock in Rio fossem contemplados e recebessem seu valor devido, os palcos do evento (Mundo, Sunset, Street e Eletrônica) foram monitorados com o software Ecad.Tec Som. Esse dispositivo é capaz de realizar gravações ao longo de 90 horas consecutivas. Na edição de 2013, ao todo, já haviam sido realizadas gravações, ao todo, de 350 horas na Cidade do Rock.

Um juiz federal de Los Angeles (EUA) declarou livre do pagamento de direitos qualquer execução pública da mais popular canção já escrita na língua inglesa. A editora Warner Chappell alegava ter os direitos exclusivos sobre “Happy Birthday To You” (Parabéns a Você, em português), que, estima a Justiça americana, tenha “milhões de execuções” todos os dias mundo afora. A sentença de George H. King põe fim a décadas de disputa ao sustentar que um documento em posse da Warner Chappell, de 1935, só garantia direitos sobre alguns acordes da música, não sobre o conjunto da canção. “O primeiro proprietário da música, a Summy Co. (que a vendeu à poderosa editora do grupo Warner), jamais adquiriu os direitos da letra”, explicou o juiz. A melodia foi tirada da canção “Good Morning To All”, do final do século XIX, portanto há décadas não sujeita à cobrança de direitos de execução pública. “Finalmente a farsa acabou. 'Happy Birthday' para todos”, brincou o advogado Randall Newman, representante de um dos grupos que litigavam com a editora, entre eles cineastas que pretendem rodar um filme sobre a canção.

ECAD.TEC CIA AUDIOVISUAL SE PREPARA PARA ENTRAR OFICIALMENTE EM USO Em fase de testes desde o fim do ano passado, o Ecad.Tec CIA Audiovisual, software de identificação de canções reproduzidas na TV brasileira, está prestes a entrar em funcionamento total. O sistema, desenvolvido pelo Ecad e pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUCRio), será capaz de captar e analisar músicas reproduzidas em quaisquer programas por meio de algoritmos de identificação, mesmo que elas façam parte de trilhas de fundo ou estejam mescladas a outros sons. Antes da implantação da ferramenta digital, era necessário que uma equipe fizesse gravações e aferisse os programas por amostragem, num processo lento e custoso. Com a possibilidade de verificação de uma quantidade muito maior de horas de transmissão, a expectativa é que a arrecadação experimente um grande salto. O Ecad.Tec CIA Audivisual é “filhote” do já pioneiro Ecad.Tec CIA Rádio, usado há anos para aferir as programações das rádios FM e AM brasileiras. “É como se fosse o aplicativo Shazam, mas ele funciona continuamente”, compara o gerente de qualidade de serviços de TI do Ecad, Marcos Éboli, ao site Canaltech. com.br. Segundo Éboli, o Ecad estuda migrar seus sistemas de processamento para a nuvem, o conjunto de servidores em rede da internet, que permite o acesso de qualquer parte, além de propiciar agilidade e um enorme ganho de escala no armazenamento. Outro passo futuro do escritório é adotar ferramentas similares ao Ecad.Tec para automatizar a detecção de músicas reproduzidas na internet, ainda feita manualmente.


10/UBC : ENTREVISTA

“VIVO A MÚSICA COMO UM DEPENDENTE QUÍMICO VIVE DE SUAS SUBSTÂNCIAS” INQUIETO, CRIATIVO, INCONFORMADO, O GUITARRISTA EDGARD SCANDURRA LANÇA DOIS NOVOS PROJETOS, FERMENTA INCONTÁVEIS OUTROS E CELEBRA A FASE CHEIA DE ENERGIA DO IRA!, DE VOLTA APÓS UM HIATO DE SETE ANOS

Foto: Rui Mendes

Por Alessandro Soler, do Rio Nos últimos meses, o nome do guitarrista Edgard Scandurra apareceu envolvido em, pelo menos, três projetos de repercussão. O lançamento oficial do single “Bici Bike Magrela”, que estimula o transporte sustentável e ganhou voz pela banda infantil Pequeno Cidadão, cocriação do músico; a expectativa pela chegada do álbum “EST”, aguardada parceria com Silvia Tape; e a apresentação bombástica do Ira! ao lado de Tony Tornado e Rappin' Hood no Rock in Rio, no fim de setembro. Sem dúvida, a volta recente da banda lendária liderada por Scandurra e Nasi, depois de sete anos de intervalo, foi uma injeção de gás num cara criativo, sempre ligado, inconformado. Mas a fase particularmente prolífica, ele atesta, não é ponto fora da curva: “O prazer de tocar, criar, compor, arranjar, sugerir, solar, cantar é tão grande que, quando estou sem fazer isso, me sinto solitário e triste. É como passar dias numa praia maravilhosa e, de repente, acordar dentro de um ônibus lotado sentindo alguém tentando roubar a minha carteira”, compara o guitarrista, tido pela crítica como um dos maiores da nossa música, e que já tem a cabeça povoada de novos e inquietos planos. Essa explosão de trabalho parece ter um ímpeto renovado. Estamos assistindo a um Edgard Scandurra versão 2015 parecido com o Scandurra do início do anos 80, ou seja,"imparável"? Eu inventei um hashtag que representa muito bem o que eu sou dentro da música: um operário do rock. Vivo a música como um dependente químico vive de suas substâncias. O prazer de tocar, criar, compor, arranjar, sugerir, solar, cantar é tão grande que, quando estou sem fazer nada disso, me sinto solitário e triste. É como passar dias numa praia maravilhosa e, de repente, acordar dentro de um ônibus lotado sentindo alguém tentando roubar a minha carteira. Isso existe em mim desde os anos 80, quando, por necessidade, tocava em muitos projetos, já que nenhum dava realmente grana suficiente para viver. Com a soma, podia pagar ao menos meu aluguel. Mas depois isso virou uma necessidade vital. Acho que realmente eu sou “imparável” e vou seguir dessa maneira até não poder mais. E isso será lá no finzinho. O que inspirou a parceria com a Silvia? E o que o álbum “EST” lhe permite dizer de diferente? Com Silvia Tape surgiu uma parceria maravilhosa, um encontro das minhas músicas com as suas letras, e o que seria apenas algumas canções se transformou num disco, num conceito que eu vinha buscando havia muito. Sempre quis ouvir minhas

canções em vozes femininas, e a voz e a poesia da Silvia me encantaram. A diferença está na sonoridade que conseguimos nesse trabalho. Muitas cantoras, hoje em dia, se destacam na música brasileira, mas há muitas semelhanças nos timbres, na maneira de gravar, e eu não queria que nosso trabalho fosse mais um álbum para agradar à geração hipster. Nesse disco está a nossa maneira de entender o que seria o pop dos sonhos, a música que gostaríamos de ouvir ao ligar o rádio. A volta do Ira! foi muito celebrada pelos amantes do rock nacional. Mas não há dúvida de que essa cena é hoje muito diferente da que já foi. O rock brasileiro vive uma crise? Mudou muita coisa desde 2007, quando vocês resolveram se separar? O rock perdeu seu lugar como principal música para a juventude expressar tanto suas alegrias quanto suas frustrações. Virou a subcultura da subcultura, enfeitada por bandas de baixa qualidade, comerciais, inventadas por produtores que viam no rock a mesma máquina de fazer dinheiro que viram no pagode, no axé, no samba. Vejo que, agora, artistas que se diziam MPB celebram seus discos de rock, o que é muito bom! O rock sempre sofreu crises de identidade e sofre com entressafras tão duradouras como a seca no Saara. Politicamente falando, com essas crescentes manifestações de direita, beirando o fascismo, e com a desilusão com a esquerda, creio que há um ambiente muito rico para a guitarra voltar a gritar por justiça e liberdade e tomar seu lugar como importante meio de comunicação dos anseios das almas humanas. Esse espírito contestador, inconformado, sempre esteve presente. Basta um olhar rápido sobre a sua obra para saber. Mudaram as causas mas não mudou o Scandurra? Eu me considero um músico canhoto e de esquerda. E, quando falo em esquerda, falo da luta por conquistas sociais. Não consigo entender artistas de rock, vindos dos tempos da ditadura, marchando lado a lado com saudosos dos tempos de chumbo. O socialismo não é feito por simpatizantes da União Soviética ou por barbudos cubanos, mas por pessoas que lutam por coisas claras e básicas para a população. Quando se aprova a união entre pessoas do mesmo sexo, estamos dando conquistas sociais inestimáveis a pessoas que sempre foram alvo de piadas de mau gosto. Quando se discute a liberação da maconha, trata-se de estratégia para combater o tráfico e as mortes que ele causa. São todas lutas da esquerda. Sou a favor de impostos contra as grandes fortunas, das cotas para as minorias, de justiça aos torturados pela ditadura. Não


ENTREVISTA : UBC/11

compactuo com abusos econômicos e desmandos, de qualquer matiz ideológica. Se há erros num governo, não importa se direita ou esquerda, têm de ser corrigidos e punidos, mas que não se leve ninguém às fogueiras dos julgamentos precoces. Tenho muito medo de que o ódio das coxinhas feitas em azeite faça os avanços sociais retrocederem. Outra bandeira que levantou recentemente é a do transporte sustentável, com a canção “Bici Bike Magrela”, com o Pequeno Cidadão... Quanto mais bicicletas, menos carros, menos poluição, menos estresse, e isso é óbvio! Mas houve quem o atacasse no território cinza da internet por aparecer ao lado do prefeito Fernando Haddad, que lidera uma cruzada por mais ciclovias em São Paulo, não sem muita polêmica e raiva por parte da população. Como responde às críticas? Esse território cinza é muito grande, não acha? Às vezes acho que uma pessoa só, com muita paciência, cria vários perfis na internet para atacar ideias alheias. Eu aprendi a gostar de ciclovias na Europa, onde, muitas vezes, os carros param para os pedestres atravessarem a rua e não são usados para ir à esquina comprar pão. Muita coisa tem que ser feita para melhorar a vida das pessoas. Não é só andar de bicicleta. Mas as ciclovias são uma enorme conquista. Quando ando de bike, roubando uma frase da Taciana Barros, eu me sinto um pouco criança. O vento no rosto me traz lembranças maravilhosas. Combater isso é sinal de ignorância e intolerância. Quando ouço um taxista reclamando das ciclovias, acho engraçado, pois os ciclistas são cidadãos que querem deixar seus carros em casa, ou seja, fortes candidatos a clientes dos táxis. Na verdade, me sinto orgulhoso quando vejo minhas opiniões atacadas por gente que faz parte dessa cinzenta massa intolerante. E o Pequeno Cidadão? Pode falar um pouco sobre o projeto e o que motivou? É um projeto maravilhoso, pois apresentamos não só musicas infantis para as crianças, mas para os pais que sabem que desse caldo (Taciana, Antonio Pinto e eu) surge um som que agrada também aos adultos que cresceram nos vendo nos palcos. De certa maneira, ajudamos o rock, levando nosso som psicodélico aos pequenos, além de transmitir de maneira romântica e divertida mensagens de cidadania. E como anda a produção do anunciado álbum de inéditas do Ira!? Sai mesmo no ano que vem? O que esperar dele?

Esse disco vai sair, mas será um trabalho muito difícil, pois temos nosso passado como principal concorrente. Temos que fazer “o disco”, e isso não se faz com data para terminar, embora eu sempre tenha trabalhado bem sob pressão. Já começamos a compor. Vamos ver o que rola. Agora, não consigo conceber a ideia de um trabalho que apenas aumente nossa discografia. Então, as pessoas podem esperar o melhor, algo que marque essa nova formação de maneira inesquecível. No que toca a trabalhos solo, você já está há uns bons anos quieto, sem álbuns de inéditas. Com tanto projeto coletivo, tem espaço para trabalhar sozinho no momento? Poxa, eu posso parecer arrogante, mas acho que esses trabalhos coletivos são, também, meus trabalhos solos, pois atuo de maneira incisiva nesses projetos, dando uma boa parcela da minha cara a eles. Um disco meu, só meu, deve vir, mas antes quero me dedicar ao “EST”, ao próximo do Ira!. E, se tudo der certo, a um disco com André Abujamra, que temos em mente há muito tempo e combinamos que de 2016 não passa! Com tantas parcerias e tantos projetos de diferentes calibres, como anda a arrecadação de direitos autorais? É uma fonte importante de ingressos para você? São uma fonte muito importante de renda para mim. Claro que tenho altos e baixos no que toca aos valores, pois variam segundo a execução das minhas composições. Agora, com mais de 50 anos de idade, estou começando a olhar para uma possível aposentadoria num futuro não tão distante. Hoje em dia, acho que está mais fácil observar a arrecadação dos direitos autorais e conexos, pois a tecnologia permite mais controle. Existem aplicativos que reconhecem uma música que toca num clube ou numa rádio e estão à disposição de todos. No que toca às tantas mudanças que temos visto e que trouxeram maior transparência ao mundo da gestão coletiva dos direitos autorais, vejo isso como sinal de amadurecimento da classe artística, que se mobiliza pelo interesse mútuo, bem diferente do anterior cada um por si. O debate deve ser intenso e, na prática, mostrar resultados. Há mais de 30 anos recebo valores periódicos de direitos autorais e vivo muito disso, mas confesso que me mantenho mais no lado “lúdico” da profissão, delegando a vigilância a outros. Mas acho que todo cidadão devia saber um pouco de direito e um pouco de contabilidade para não ir como o vento, para um lado ou para outro, enquanto outros tratam de agir.


12/UBC : CAPA


CAPA : UBC/13

"Fernando é insubstituível. Mas agora estou relax em assumir esta responsabilidade. Estamos juntos" NOVA PRESIDENTE DA UBC, SANDRA DE SÁ HERDA DE BRANT A LUTA CONTÍNUA EM DEFESA DA GESTÃO COLETIVA

Por Deborah Dumar, do Rio Fotos de Adriana Lorete Dona de uma das agendas mais atribuladas do showbiz brasileiro, a cantora e compositora Sandra de Sá é um azougue. Seu dia parece ter muito mais do que 24 horas, mas ela não se queixa. Ao contrário, gosta da vida agitada e produtiva que leva e ainda consegue reservar tempo para visitar os pais no subúrbio carioca de Pilares, dar atenção ao filho, cuidar da casa, curtir o futebol e desfrutar da convivência com os amigos. Aos 35 anos de uma carreira bem-sucedida e 60 de idade, a artista enfrenta agora um novo desafio. Com a inesperada morte do compositor mineiro Fernando Brant, em 12 de junho, a então diretora-vogal, eleita em 2010 e reeleita em 2014, foi conduzida ao cargo de presidente da União Brasileira de Compositores (UBC) no dia 7 de julho. Ainda sob o impacto da perda prematura de Fernando, ela conta que inicialmente tomou um susto com a nomeação.

“Fernando Brant é insubstituível. Coube a mim, pelo estatuto da UBC, herdar o legado de respeito à Constituição, de ética e firmeza na defesa do direito autoral, que ele deixou. Confesso que, no começo, fiquei altamente bolada, mas agora estou relax em assumir esta responsabilidade, pois tenho o apoio dos diretores, que são autores que eu admiro e respeito muito e que me respeitam. Estamos juntos nessa, #relaxxx e #reflexxx”, afirma a hiperconectada artista, ao reiterar seu compromisso com a história que a UBC construiu ao longo de 73 anos e com os 19 mil associados.

JUSTIÇA E INADIMPLÊNCIA Nos últimos dias de setembro, em meio a shows pelo país e outras obrigações de sua vida profissional, lá estava Sandra de Sá voando para Brasília, a fim de comparecer a uma audiência com os ministros do Supremo Tribunal Federal para tratar da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5065, ajuizada contra a Lei 12.853/2013, que instituiu a ingerência estatal, por meio do Ministério da Cultura, a uma atividade eminentemente privada: a gestão coletiva dos direitos autorais. Contestada pela UBC e pelo Ecad, a nova normativa retira ainda do escritório central a faculdade de negociar e licenciar o repertório musical que representa. “Isso fere claramente a Constituição, é cláusula pétrea, não pode ser mudada. Como o Estado vai ter o poder de mexer na minha obra, que é minha propriedade? Deveria estar cuidando da inadimplência das rádios e TVs, que são concessões públicas, e se preocupando com o fato de elas não pagarem ao Ecad”, Sandra protesta, lembrando que as sociedades de autores são privadas e geridas de acordo com a lei, com toda a transparência, inclusive junto à Receita Federal.


14/UBC : CAPA

“As prefeituras promovem festas e eventos de grande porte, como o Carnaval da Bahia, e não pagam nada pelas músicas que utilizam. Se fiscalizassem essas prefeituras, a arrecadação seria bem maior do que é hoje!”, dispara a artista, em defesa do sistema de gestão coletiva, que, só em 2014, distribuiu mais de R$ 900 milhões a 140.438 titulares de música, incluídos aí compositores, intérpretes, músicos, editores, produtores fonográficos e associações. Combativa, demonstrou diversas vezes que tem disposição de sobra para enfrentar o desgaste que as reuniões em Brasília provocam. Como aconteceu quando o empresário e político do PMDB Edison Lobão Filho, um dos sócios da repetidora do SBT no Maranhão, bradou que não paga, nunca pagou nem pagará direitos autorais pelo que veicula na emissora. Indignada, Sandra revidou: “E você quer que eu vá vender churrasquinho na esquina pra viver?”

ARTISTA? NEM EM SONHOS... O curioso é que, até a música “Demônio Colorido”, parceria dela com Macau, ser anunciada como uma das finalistas do festival MPB-80, Sandra de Sá não havia pensado em seguir a carreira artística. Tocava violão, fazia algumas composições, convivia com músicos e era incentivada a seguir esse caminho por amigos, como Fafy Siqueira e o casal Lucinha e João Araújo. Mas sonhava mesmo era em ser psicóloga. Apesar disso, considerava a música uma coisa natural, até rotineira em seu cotidiano familiar. Embora não tenha conquistado o primeiro lugar, ela se consagrou naquela noite de 1980, no ginásio do Maracanãzinho, no Rio. “Demônio Colorido” foi decisivo em sua trajetória. Lançado em compacto, obteve execução maciça nas rádios e rendeu-lhe o primeiro contrato para a gravação de um LP, pela RGE. Também choviam convites para shows e aparições na TV. Naquela época, tornou-se amiga do divulgador da gravadora, Cazuza, que viria a se tornar padrinho de seu filho, o ator, comentarista de basquete na TV e empresário da área gastronômica Jorge de Sá.

MÚSICA NO DNA Com o estrondoso sucesso que obteve no festival da Rede Globo, os compromissos se avolumaram, e a então estudante de Psicologia se viu obrigada a trancar a matrícula na Universidade Gama Filho, no Rio, faltando pouco para receber o diploma. A música, impressa em seu DNA, falou mais alto. Expoente da MPB, ou “Música Preta Brasileira”, como prefere chamar, Sandra Cristina Frederico de Sá nasceu e foi criada na vila que o avô paterno, vindo de Itabira (MG), construiu para a numerosa família na Rua Guarabu, em Pilares. Filha única de Nonô e Jurema, seu pai era baterista e funcionário da Casa da Moeda desde os 15 anos, enquanto a mãe, descendente de um cabo-verdiano, trabalhava na indústria de papel Klabin. Como os pais passavam o dia fora, os avós Maria e Fausto cuidavam dela e dos primos, com pulso firme e muito carinho. As doces lembranças desse período Sandra as eternizou em “Baile no Asfalto”, música feita em parceria com Mombaça. “Na casa da vovó tem festa todo dia”, ela canta em “ÁfricaNatividade - Cheiro de Brasil”, o primeiro disco que produziu e que concorreu ao Grammy Latino de 2010, na categoria de melhor álbum de pop contemporâneo brasileiro. “Havia uma radiovitrola na casa dos meus avós, daquelas grandes, e muitos discos de 78 rotações. A gente se sentava para escutar música, e, assim, cresci ouvindo Vicente Celestino, Dalva de Oliveira, Orlando Silva, Sarah Vaughan, Ray Charles, Sérgio Mendes, The Fevers, Golden Boys, Trio

Ternura...”, relembra Sandra, que mais tarde se tornou fã de Cassiano, Tim Maia, Simonal, Jackson 5, Creedence Clearwater Revival, Partido em 5, Alcione e Gonzaguinha e os principais nomes da soul music. Ela também curte o carnaval e, embora esteja sempre trabalhando neste período, já aproveitou bastante. Na infância, saiu pela primeira vez com a escola de samba do bairro, a Caprichosos de Pilares, na Avenida João Ribeiro: “Tinha 4 anos e estava fantasiada de azul e branco, mas saí do lado de fora do cordão, crente que estava desfilando”, diverte-se a cantora, que também ganhou muitos concursos de fantasia. Além de seguir a Caprichosos de Pilares, ela também é Mangueira e Cacique de Ramos. Como a maioria das adolescentes de sua geração, frequentou os bailes de música black nos clubes da Zona Norte e, entre os 19 álbuns que lançou, está “Pare, Olhe e Escute” (2002), que traz versões das obras de artistas da lendária Motown Records. Ali ela canta “Nada Mais”, versão de Ronaldo Bastos para “Lately”, de Stevie Wonder. Também dedicou um CD à obra de Tim Maia. “No início de carreira, eu estava em estúdio gravando o terceiro LP e fazia sucesso com ‘Olhos Coloridos’, do Macau, quando o produtor e compositor Júnior Mendes chegou com uma fita cassete, dizendo que trazia uma música do Tim Maia para mim. Imagina se um ídolo como o Tim ia fazer isso? Só podia ser brincadeira! Aí, ele pegou o telefone e ligou pro Tim, que disse: ‘Não só é verdade, como também vou gravar esta música contigo, no teu disco’.” Deu no que deu, a composição era “Vale Tudo” (1983), que se tornou um megahit. No ano seguinte, cravou outra, “Enredo do Meu Samba”, de Jorge Aragão e Dona Ivone Lara, tema de abertura da novela “Partido Alto”, da Rede Globo. O sucesso parece perseguir Sandra de Sá.


CAPA : UBC/15

RECONHECIMENTO Afora as turnês pelo Brasil e por países como Portugal, Cabo Verde e EUA, além dos convites para participações especiais em trabalhos de outros artistas, Sandra marca presença em grandes eventos, como o réveillon de Copacabana, o Fifa Fan Fest, o Rock in Rio e o Brazilian Day, em Nova York, e em projetos como o Playing for Change, que agrega músicos de todas as partes do mundo. Em 2004, a prefeitura do Rio a homenageou, dando o seu nome a uma lona cultural em Santa Cruz, na Zona Oeste. Carismática, colecionadora de prêmios e seguida por uma legião de admiradores, Sandra é uma pessoa atenciosa com os fãs. “Não entendo a pessoa que luta a vida inteira para ter fama e, quando consegue, quer fugir dela”, pondera. Quem a conhece sabe que, além do largo sorriso de dentes perfeitos e das constantes mudanças de visual - de que a visagista e joalheira Cathia Muaze se incumbe -, outra de suas características é a generosidade. Como se não bastasse cuidar da própria carreira, ela joga luz sobre outros artistas. Sandra está produzindo o segundo CD de Macau e o de estreia da banda Mohaulle, de rock da favela, entre outros projetos. Sua paixão pelo clube de futebol do Flamengo é tamanha que ela consome todo tipo de produtos com a marca do time, pelo qual torce desde criança. Também integra a ConFlaria, ao lado de Ivo Meireles, Xande de Pilares, Diogo Nogueira e Buchecha. Com a apresentadora Dani Suzuki, criou a Conexão Japa Preta, promovendo encontros regulares entre os artistas amigos. Antenada, procura sempre se inteirar das novidades e mergulha de cabeça nas questões que lhe dizem respeito e aos seus, que ela encara como verdadeiras missões. Filiada à UBC desde 1999, Sandra conheceu Fernando Brant através do parceiro e diretor da associação Ronaldo Bastos, em meio aos debates da Festa da Música, em Canelas (RS). Descobrindo que tinham muitas afinidades, Fernando a convidou para concorrer às eleições da diretoria. Determinada, corajosa e independente, Sandra de Sá é uma mulher que se dedica de corpo e alma a tudo em que se envolve e acredita, como uma legítima herdeira de Chiquinha Gonzaga. À frente da UBC, dará continuidade ao trabalho de seu antecessor e levará adiante uma questão que surgiu na gestão dele, a partir de uma proposta do diretor Abel Silva: a regulamentação da profissão de compositor. “O autor existe, tem de ser respeitado e eu o defenderei, estarei junto mesmo”, promete.


16/UBC : PELO PAÍS

JAMAICA. CAPITAL: SALVADOR NAS RUAS DA CIDADE DA BAHIA FERVE A PRÓXIMA ONDA QUE PROMETE RIVALIZAR COM O AXÉ: UMA GERAÇÃO DE ARTISTAS QUE FUNDEM REGGAE, DUB, DANCEHALL E OUTROS RITMOS DA ILHA CARIBENHA AOS SONS DAQUI, COM PEGADA EXPLOSIVA E ORIGINAL


PELO PAÍS : UBC/17

Por Luciano Matos, de Salvador Na Bahia existe uma expressão segundo a qual tudo acaba em reggae. Quando um jovem soteropolitano combina uma balada, ou festa, diz assim: “bó pro reggae?”. Basta dar uma volta de ouvidos abertos pela capital mundial do axé para a ficha cair: o ritmo jamaicano é fortíssimo e está no DNA musical local. O baiano Edson Gomes, por exemplo, foi um precursor do reggae no Brasil e ainda é bastante reverenciado. O conterrâneo Gilberto Gil levou o ritmo a um patamar ainda maior, regravando Bob Marley e fundindo o estilo caribenho à MPB. Mais tarde, os blocos afro misturaram tudo às batidas ancestrais africanas e criaram o samba reggae. Mas é hoje, bem agora, que essa salada ganha tempero novo a cada dia. Sonoridades contemporâneas como ragga, dancehall e dub vivem uma verdadeira explosão nos trabalhos dos grupos, artistas e coletivos mais originais da cena baiana. Já ouviu falar de Ministéreo Público Sistema de Som, Soraia Drummond, OQuadro, Os Nelsons e BaianaSystem? Pois prepare-se. O prazer será todo seu. Fenômeno atual em Salvador, lotando shows e sendo requisitado tanto pelo universo independente quanto pelo mainstream, o BaianaSystem faz uma mescla de ritmos e sonoridades tendo a guitarra baiana à frente e forte diálogo

com os sons da Jamaica. “A gente experimenta muitos formatos nos encontros musicais, cada um ali tem uma personalidade muito forte no DNA musical, e a música jamaicana é um dos elos”, conta Russo Passapusso, vocalista do grupo. “Buscamos alinhar essas influências nas músicas. Os tambores, os beats, as linhas de baixo, tudo isso vem com o aroma da sonoridade jamaicana na composição.” A origem reaggueira da coisa fica clara nas influências descritas pelo músico: Lee “Scratch” Perry, King Tubby, Augustus Pablo, Mad Professor, Scientist... “Fui educado assim, então, independentemente do projeto, sempre encontro pessoas com essas referências”, diz Russo, que além do BaianaSystem, integra o Bemba Trio, fez parte do Dubstéreo e mantém uma carreira solo paralela.

HÁ DEZ ANOS, A COISA COMEÇAVA A TOMAR FORMA Russo começou a aparecer no cenário soteropolitano quando ainda integrava um dos primeiros grupos que dialogavam com as vertentes contemporâneas do reggae e de outros ritmos jamaicanos, o Ministéreo Público. Formado em 2005 por amigos que se juntaram e compraram uma aparelhagem de som para tocar nas ruas os discos e as músicas que não se ouviam nas rádios, o grupo é um típico sound system, nos moldes dos que existem aos montes em Kingston. Do início até os dias atuais, é controlado por uma equipe de som com dois DJs (seletores), um técnico de som e um toaster (cantor e MC), hoje, respectivamente, Raiz Seletor e Pureza, Fael Primeiro e Regivan. “Na época, nunca tínhamos escutado falar em sound systems em Salvador, porém percebemos que, nas lavagens de bairros e festas de rua, sempre havia uma barraca com um som potente tocando quase sempre reggae”, conta DJ Raiz, um dos integrantes do grupo. Segundo ele, a ideia do Ministéreo surgiu naturalmente, sem maiores referências, mas, depois

Foto: MFR 020


18/UBC : PELO PAÍS

de pesquisas, veio o caminho a seguir. “Deixou de ser um coletivo de DJs e passou a ser um sound system no modelo jamaicano. A partir daí direcionamos para o reggae e suas vertentes”, explica Raiz. Ele, ao lado de Fael e Russo, formam também o Bemba Trio, outro projeto calcado nas sonoridades jamaicanas, que mescla ragga e dub com ritmos periféricos da Bahia, como samba reggae e samba chula, e de outras partes do Brasil e do mundo, como repente e miami bass (ou funk carioca, para os íntimos). Desde 2008, o Ministéreo Público realiza o Quintas Dancehall, evento marcante na noite de Salvador, que consolidou os novos sons da Jamaica na cidade. Nestes sete anos, o projeto foi crescendo e se consolidando, atraindo artistas brasileiros e estrangeiros como convidados, entre eles Mad Professor (Reino Unido), Ranking Joe (Jamaica), BNegão (RJ), Dubversão Sistema de Som (SP), Buguinha DUB (PE), Confronto Sound System (DF), Geoffrey Chambers (Reino Unido), Eek-a-Mouse (Jamaica), Interferência Sistema de Som (RJ) e Marc Dubterian (Alemanha). O coletivo acabou mobilizando e fortalecendo uma cena, revelando artistas, DJs e MCs e influenciando o surgimento de outros sound systems. Para Raiz, houve uma mudança nas baladas (ou nos reggaes) de Salvador depois do Ministéreo. “Acredito que (nossa atuação) incentivou muitos outros DJs e produtores de eventos de pequeno e médio portes. Vejo que muitos se espelharam no Ministéreo para criar seus eventos”, diz. Ele tem razão. É notável como a cena foi crescendo e ganhando a companhia de nomes como Bemba Trio, Dubstéreo, CDR Style, Roça Sound (este de Feira de Santana) e Complexo Ragga (de Vitória da Conquista).

TRIOS ELÉTRICOS, OS MAIORES SISTEMAS DE SOM Raiz tem razão ao evocar o som alto que enche praças, bares e barracas de praia soteropolitanos. Mais do que isso: os próprios trios elétricos são espécies de sound systems ambulantes. Bárbara Falcón, antropóloga, produtora cultural e autora de um livro sobre o reggae no Recôncavo, atesta a importância do elo entre Jamaica e Bahia e a influência que vem da ilha caribenha. O reggae, ela analisa, é um dos pilares da música baiana e continua tendo tanta importância quanto na década de 1980, quando os primeiros trabalhos influenciados pelo gênero começaram a surgir por aqui. “A Bahia foi pioneira nisso, aqui foi lançado o primeiro disco do gênero, inauguramos a prateleira do reggae nacional. Na atualidade, considero a música jamaicana e suas vertentes um dos pilares da nova música brasileira”, afirma. Para Russo, a ligação entre os sistemas de som baianos e as vertentes da música jamaicana se manifesta de várias formas. “No canto de revolução, nos graves dos tambores do samba reggae, nas relações com a engenharia dos trios com suas aparelhagens e experimentações perambulantes... Na Bahia, muita coisa me lembra a Jamaica.” A cantora Soraia Drummond faz coro. Ela, que é um dos nomes dessa nova cena baiana herdeira direta dos sons da Jamaica, diz que trabalhar na construção da ideia como um todo – o som em si e também a estrutura que o executará na rua – é igualzinho ao que rola na ilha caribenha. “Esse foi o meu ponto de partida na construção do meu trabalho, usando os elementos da cultura sound system, especialmente no quesito compactabilidade e potência. Um DJ, bases com groove pesado e um bom sistema de som garantem a festa”, resume.

Ela morou na terra de Bob Marley por dois anos, depois de conhecer e se apresentar com o cantor Gregory Isaacs em um festival em Salvador, em 2007. “Nesse período, fiz minhas primeiras gravações profissionais e algumas demos. Conheci produtores e escolhi alguns muito interessantes para trabalhar. Sly and Robbie e Dean Fraser foram os primeiros. Gregory era um superstar, então andava sempre entre os melhores”, conta. “O reggae prega a liberdade de expressão. Por isso ele sempre se renova, é sempre fresco, surpreendente em todas as suas existentes e futuras vertentes. É uma música viva e libertária, que respeita a individualidade de cada artista que a faz.”

UM NOVO MOVIMENTO: BAHIA BASS Além de artistas e grupos, há ainda um movimento forte formado por DJs e ou produtores que começaram a disseminar música eletrônica com influência direta do dancehall, porém usando as células rítmicas de ritmos baianos como samba reggae, ijexá, pagode, arrocha, samba de roda, galope. São nomes como A.Ma.Ssa., Àttooxxá, Som Peba, Lordbreu, Loro Voodoo, uma turma que constitui o chamado Bahia Bass. “O BaianaSystem, por exemplo, antes era dub com guitarra baiana. Hoje, depois do Bahia Bass, veio com mais peso e mais eletrônico”, compara Mauro Telefunksoul, DJ, produtor e um dos nomes à frente do movimento. Para ele, o Bahia Bass é o mais bem acabado resumo do que é o encontro entre a música do estado e a da Jamaica, bebendo na fonte nobre do reggae e de ritmos mais contemporâneos, como trap, moombahton, twerk e drum 'n' bass. “Nós usamos o grave do dub, as influências do samba reggae, as claves do pagode, que vêm do ragga, do reggaeton e do dancehall. É música para grandes soundsystems”, diz Mauro. Para ele, Bahia Bass é um movimento “como foi a Tropicália e a Axé Music. Uma nova tendência baiana feita por DJs e produtores. Música eletrônica baiana, por que não?”

SÓ ME REGGAE NOVA 'MISTUREBA' BASEADA NO ESTILO CONQUISTA OUTROS ESTADOS E DÁ IMPULSO ÀS CENAS LOCAIS Toda essa influência da música jamaicana, evidentemente, não é exercida apenas na Bahia. O reggae é presente de norte a sul do país, com cenas bastante fortes também no Maranhão e no Pará, até pelas fortes ligações com os ritmos latinos, além de Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, entre outros. DJ Raiz lembra que as semelhanças com a ideia do sound system se disseminaram pelo país. “Não são só os próprios sistemas baianos ou os trios elétricos. Temos também as radiolas 100% reggae no Maranhão. No Rio de Janeiro, o funk carioca sempre teve grandes paredes de som. Sem falar nas enormes aparelhagens do tecnobrega de Belém.” Da mesma forma, a música jamaicana mais atual, dub, dancehall e ragga à frente, influencia a nova geração brasileira. Nomes como Digital Dubs, no Rio; Jimmy Luv, em São Paulo; Buguinha Dub, em Pernambuco; Cidade Verde Sounds, no Paraná; Deskareggae Sound System, em Minas Gerais; Furmiga Dub, na Paraíba; o coletivo Kizomba Groove, no Pará; e Fabiann Ifrikan, no Espírito Santo, estão entre os principais. O fato é que a Jamaica segue sendo uma forte fonte de criação, influenciando e levando nossa música para outros caminhos. Seja com Bob Marley, seja com seus herdeiros. Sob as bênçãos dos deuses da música. E de Jah.


SERVIÇO : UBC/19

MUDANÇA EM IMPOSTO AFETA DIRETAMENTE TITULARES DE DIREITOS AUTORAIS DETENTORES DE EMPRESAS QUE OPTARAM PELA TRIBUTAÇÃO POR LUCRO PRESUMIDO TERÃO DESCONTO ZERADO, CASO MEDIDA PROVISÓRIA DO GOVERNO SEJA APROVADA NO CONGRESSO

De São Paulo Em meio à série de medidas previstas nos dois pacotes fiscais apresentados pelo governo federal nos últimos meses para tentar diminuir o rombo das contas públicas, uma em particular afeta diretamente o bolso de grande parte dos compositores e de outros titulares de direitos autorais. A extinção dos descontos para a declaração de renda de pessoas jurídicas na forma de lucro presumido, opção mais simples e, portanto, prioritária de uma parcela considerável dos artistas que constituíram empresas para gerir seus direitos, vai elevar bastante o valor entregue anualmente ao leão. E tornar mais complexa a escolha do regime tributário pelo artista. Como explica Taura Assis, gerente de controle financeiro e contábil da UBC, para fugir da alta tributação (de até 27,5%) como pessoa física, muitos artistas criaram empresas por meio das quais recebem seus direitos e, na forma de pessoas jurídicas, usufruem de alíquotas menores. No modo lucro presumido, que ignora abatimentos e tem cálculo automático, a regra atual institui que a margem de lucro sobre o faturamento da empresa é de 32% – ou seja, o cálculo do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social Sobre Lucro (CSSL) só se aplica a 32% do total arrecadado. O que a equipe econômica propôs é zerar o desconto e passar a tributar 100% do que é recebido pelo titular da empresa.

PELO LUCRO PRESUMIDO, A COBRANÇA DE IMPOSTO DE RENDA DE PESSOA JURÍDICA INCIDE SOBRE 32% DO TOTAL FATURADO. COM A NOVA REGRA, INCIDIRÁ SOBRE 100% No caso de artistas que lucram menos de R$ 120 mil por ano, o golpe será mais duro. É que estes têm um desconto ainda maior, e a tributação só incide sobre 16% do total que faturam. Além dos artistas, os atletas estão nominalmente citados na mudança proposta. A Receita Federal acredita que esses dois segmentos são responsáveis por uma esmagadora maioria dos casos de opção por lucro presumido – oficiosamente, fala-se em até 90% do total –, daí terem sido alvos específicos na medida provisória que apresenta esta parte dos pacotes fiscais e, se aprovada até o fim de dezembro, passa a valer já no ano que vem. – A opção pela abertura de uma empresa e pela escolha do lucro presumido é perfeitamente legal, é uma tentativa legítima dos artistas de pagar menos imposto. Mas o governo entende que se trata de pessoas físicas querendo burlar o fisco. Eu conheço um monte de artistas que têm, de fato, editoras oficialmente constituídas, empregam pessoas, têm funcionários que cuidam da administração dos seus direitos. Com uma tributação tão maior, eles serão prejudicados – afirma Taura.

Ela lembra que outros dois tributos obrigatórios, o PIS e o Cofins, não sofrerão alterações. Ou seja, na forma de lucro presumido, as alíquotas continuam em, respectivamente, 0,65% e 3%. Já na modalidade de lucro real, que equivaleria, na prestação de contas de uma pessoa física, à declaração completa, as alíquotas são de 1,65% e 7,6%. Isso, no entanto, não garante que o lucro presumido permaneça mais vantajoso, pois, no lucro real, há abatimentos ligados a gastos variados, o que, dependendo do caso da empresa, pode tornar essa fórmula menos onerosa. – Antes, a grande maioria dos artistas optava de cara pelo lucro presumido, que não requer a apresentação de notas para descontos no imposto nem maiores cálculos. Agora, terão que se sentar com um contador e avaliar caso a caso. Claro que vai ficar mais difícil eleger o regime fiscal – comenta a gerente financeira da UBC.

“NO BRASIL, A RECEITA TEM UMA CULTURA SEGUNDO A QUAL A VONTADE DE PAGAR MENOS IMPOSTO SE CONSTITUI, EM SI, EM ILEGALIDADE.” Eduardo Navarro, Advogado tributarista

Como lembra o advogado tributarista Eduardo Navarro, a única maneira de evitar a perda do desconto seria o veto do Congresso à medida provisória. Em tese, mudanças tributárias deveriam se dar por meio de projetos de lei, mas, por entendimento anterior do Supremo Tribunal Federal (STF), houve extensão de tal prerrogativa aos atos provenientes do Poder Executivo, desde que chancelados pelo Parlamento. – No Brasil, a Receita Federal tem uma cultura segundo a qual a vontade de pagar menos imposto se constitui, em si, em ilegalidade. Grande parte do mercado pratica a tendência de se constituir em empresa. Isso é realmente uma zona cinza tributária, mas não ilegal – assevera Navarro. Com a tributação de, no mínimo, 24% (15% do IRPJ e 9% da CSSL) incidindo sobre o total faturado, fora outros impostos e adições no caso de lucros superiores a R$ 20 mil por mês, muitos artistas deverão desfazer as empresas e voltar a receber seus direitos autorais como pessoas físicas, pagando, portanto, a alíquota máxima de 27,5%. Já no caso de empresas que, de fato, funcionam como tal, com empregados e muitas despesas dedutíveis, Navarro crê que talvez o melhor seja optar pelo lucro real. – Se você é uma empresa com muita despesa, deveria considerar ir para o lucro real. Porque, apesar da alíquota maior desses impostos, haverá muitas deduções. Agora, o fato é que a escolha já não é mais algo direto, passa a ser necessária uma análise comparativa dos diferentes cenários – conclui o tributarista.


20/UBC : DISTRIBUIÇÃO

VIVO TV FECHA ACORDO PARA PAGAR VALORES EM ATRASO E SE JUNTA À LISTA DE OPERADORAS ADIMPLENTES DESDE A REGULARIZAÇÃO DE NET E SKY, VÁRIAS EMPRESAS DO SETOR JÁ VOLTARAM A RECOLHER DIREITOS AUTORAIS Do Rio A operadora de TV por assinatura Vivo TV fechou acordo de pagamento de direitos autorais de execução pública em atraso, num montante que passa de R$ 106,1 milhões e corresponde ao período de janeiro de 1994 a março de 2015. A empresa, junção da extinta TVA (em débito desde 1994) com a Telefônica (em débito desde 2007), já fez o primeiro pagamento, de pouco mais de R$ 53 milhões, dividido em duas distribuições extras, em julho e setembro. O restante será parcelado e quitado até outubro de 2017. Com a regularização, a Vivo se junta ao crescente número de operadoras de TV por assinatura adimplentes, depois de anos de desrespeito sistemático aos direitos dos autores. Em 2014, uma sentença do Superior Tribunal de Justiça (STJ) unificou o entendimento de que os critérios de cobrança do Ecad são válidos. Ato contínuo, o escritório central alinhavou os dois acordos mais importantes, com a NET e a Sky, as maiores do setor, cujos montantes em atraso superavam os R$ 335 milhões, referentes ao período de 2004 a 2013. Só no ano passado, segundo o Ecad, foram distribuídos R$ 184 milhões em atraso. À NET e à Sky, seguiram-se Claro TV (incorporada pela primeira), GVT e Algar (antiga CTBC/Image Telecom). Juntas, todas as operadoras que chegaram a acordos com o Ecad somam mais de 90% do mercado brasileiro. A única das grandes que continua ajuizada, de acordo com o escritório central, é a Oi TV. No primeiro semestre deste ano, a GVT assumiu seus débitos atrasados entre janeiro de 2012 e dezembro de 2014 e pagou cerca de R$ 14 milhões. A distribuição ocorreu em junho passado. E, no que toca à Algar, o pagamento, em outubro, dos valores em atraso relativos a julho de 2008 a dezembro de 2014 põe fim à dívida de R$ 4,9 milhões. A distribuição se deu em outubro passado. O mesmo já havia ocorrido com a Claro TV, que fechou um acordo para pagamento de R$ 86,5 milhões referente ao período em que permaneceu em atraso: dezembro de 2008 a dezembro de 2013. A distribuição foi realizada em dezembro de 2014. Também no ano passado, os dois acordos mais importantes representaram uma mudança de paradigma no setor. Após quitar os R$ 210 milhões de sua dívida, repassados aos titulares em distribuições extras ao longo de 2014 e deste ano, a Sky teve seus pagamentos reincorporados ao calendário. No caso da NET, os repasses já vêm sendo realizados corretamente desde janeiro de 2014. Em ubc.org.br/Ferramentas/Calendarios confira os meses de distribuição da rubrica TV por assinatura.

A SITUAÇÃO DE CADA UMA DAS PRINCIPAIS OPERADORAS. SKY Fechado em dezembro de 2013, o acordo com a operadora pôs fim à discussão judicial. Os repasses não vinham sendo feitos também desde 2004. A distribuição dos R$ 210 milhões pelas obras e pelos fonogramas executados no período em atraso foi feita em dezembro de 2013 e em maio de 2014. NET Depois de passar quase dez anos sem fazer os repasses regularmente (entre 2004 e 2013), a principal empresa do setor no país voltou a ser adimplente. O acordo com o Ecad ascendeu a R$ 125 milhões, e a maior parte (70%) já foi distribuída em novembro de 2014. CLARO TV Agora parte da NET, a empresa chegou a um acordo referente à sua própria dívida e pagou R$ 86,5 milhões correspondentes ao período em atraso: dezembro de 2008 a dezembro de 2013. A distribuição ocorreu em dezembro de 2014. VIVO TV Com o acordo, em que assume dívida de mais de R$ 106 milhões, a empresa também volta ao rol das adimplentes. Do total devido, R$ 53 milhões já foram pagos. A distribuição ocorreu em julho e setembro passados. O restante será dividido em 30 parcelas a ser quitadas até outubro de 2017. O débito se estendia desde 1994 (quando uma das empresas que a Vivo viria a incorporar, a TVA, parou de fazer os repasses). GVT Também chegou a um acordo e pagou os R$ 14 milhões referente a débitos em atraso entre janeiro de 2012 e dezembro de 2014. A distribuição ocorreu em junho passado. ALGAR (CTBC/IMAGE TELECOM) Fechou acordo e pagou R$ 4,9 milhões referentes a valores em atraso entre julho de 2008 e dezembro de 2014. A distribuição se deu em outubro passado. OI TV É a única das grandes ainda em inadimplência. Está em débito com o Ecad desde 2009. Questiona na Justiça o pagamento de direitos autorais.


PELO PAÍS : UBC/21

DADI CARVALHO: POUCAS PALAVRAS,

MÚSICA DE SOBRA

COM BONS SERVIÇOS PRESTADOS A NOVOS BAIANOS, JORGE BENJOR E MICK JAGGER, ENTRE TANTOS OUTROS MESTRES, O CARIOCA TRABALHA EM PROJETO DE TRILHAS SONORAS E LANÇA UM SELO PRÓPRIO, O DADI RECORDS Por Alessandro Soler, do Rio Dadi Carvalho já gravou com Mick Jagger, foi habitante fixo do mítico sítio dos Novos Baianos no swinging Rio dos anos 1970, baixista do grupo e, igualmente, de um peso-pesado do rock nacional, o Barão Vermelho. Fundou a banda A Cor do Som, referência do pop brasileiro aclamada no Festival de Montreux, na Suíça, e foi músico acompanhante de Tribalistas, Marisa Monte, Rita Lee, Jorge Benjor, Moraes Moreira. Homenageado na canção “O Leãozinho”, do amigo e parceiro Caetano Veloso, deixou seu nome escrito nos créditos de mais de 60 bolachas, muitas da turma aí acima, mas também de gente como Nando Reis, Léo Jaime, Maria Gadú ou Ney Matogrosso. Criou um estilo próprio de tocar baixo e guitarra desde que, aos 13 anos – e, portanto, há exato meio século – decidiu que era isso que queria fazer. Mas enumerar seus muitos feitos não é mesmo a dele. É com pouquíssimas palavras – cinco, mais exatamente – que Dadi resume seu espírito a um só tempo zen e intranquilo, quando instado a comentar o quão próximo se vê da realização: “Acho que ainda falta muito.”

Um dos mestres de cujos lançamentos ele certamente sente falta – e que não titubeia em chamar de melhor parceiro – é Jorge Benjor: “Me identifico muito com a musicalidade intuitiva dele.” Também sobra espaço para um carinho especial por Caetano, claro. Numa tarde de praia com Dadi, no Rio do fim dos anos 1970, o baiano teve a inspiração para “O Leãozinho”, que, dor e delícia, é sempre, e inevitavelmente, associada ao baixista. “Não me ligo muito nisso, não. Fico honrado por nosso poeta Caetano ter pensado em mim com uma poesia e uma música dele, como fez para outras pessoas.” Daquele tempo de explosão criativa, encontros geniais, costumes em revolução, porém, sem dúvida o que mais o marcou foi a experiência comunitária, meio profana, meio espiritual, com os amigos Baby (então Consuelo), Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor, Luiz Galvão, Moraes Moreira e outros mais ou menos fixos no sítio do bairro de Vargem Grande. “Foi a minha universidade de música e vida”, resume Dadi. “Divertido demais. Eram os anos 1970, já viu... Toda a loucura rolava com muita música.”

O músico carioca, que tem por passatempo se fechar no seu estúdio, gravar e “descobrir novas sonoridades”, não para de maquinar coisas. Dedicado a um projeto de trilhas sonoras para filmes, ele conta que tem passado bastante tempo criando. E dando forma ao seu recém-criado selo, Dadi Records, que terá distribuição pela Coqueiro Verde. “Vou lançar meus CDs que saíram no Japão, um outro que fiz na Itália com amigos músicos de lá, e que se chama 'InventeRio', e também trabalhos do André Carvalho, entre vários outros projetos. Pelo selo, também vou pôr para download gratuito o projeto das trilhas sonoras que venho preparando. Gosto muito de ficar no estúdio gravando trilhas”, diz.

Depois da biografia “Meu Caminho é Chão e Céu – Memórias Dadi”, que lançou no finzinho do ano passado e na qual relata o dia a dia da convivência – musical, lisérgica, afetiva, familiar – com os Novos Baianos, é possível que Dadi não tenha mais muito o que contar aos filhos. Mas certamente uma bela bagagem musical ele já deixou. Ambos, Daniel e André Carvalho, enveredaram pelo mundo da música e já colhem boas experiências. “O Daniel é produtor e engenheiro de som e ganhou cinco vezes o Grammy. O André é compositor e já lançou seu primeiro CD, 'Tempo do Tanto', com músicas gravadas pela Maria Gadú ('Tudo Diferente'), Marisa Monte ('Nada Tudo'), Mart'nália ('Daquele Jeito')...”, enumera, orgulhoso.

Entre mesas de som, amplificadores, microfones, processadores e mais aparatos, ele põe a mão na massa como qualquer garoto do século XXI e, ao mesmo tempo, mata a saudade de um outro tempo, quando o ofício era mais “analógico”, algo inacessível, cheio de encanto. “Hoje a gente tem o seguinte quadro: muito mais gente faz música, e é incomparavelmente mais fácil produzir em estúdios caseiros e divulgar pela internet. Ao mesmo tempo, me parece que as músicas passam mais rápido. Tenho saudade da época em que ficávamos esperando um novo LP dos artistas que faziam a nossa cabeça, do amadorismo romântico da música”, confessa.

Cercar-se de gente boa parece ser coisa de família. E lição que não se esquece. Para o futuro próximo, Dadi promete novos encontros e projetos. Sem muitas palavras. Com a cabeça só na música: “(O que eu quero é) continuar minhas parcerias com amigos, estar no meu estúdio gravando... Isso me faz tão bem!”


22/UBC : SERVIÇO

DÚVIDA DO ASSOCIADO "COMO FAÇO PARA REGISTRAR A MINHA MARCA COMO ARTISTA? VOCÊS OFERECEM ESSE SERVIÇO?" Joutta, rapper (Rio de Janeiro, RJ)

REVISTA UBC: A UBC não realiza o registro da marca de um artista (nome da banda, logotipo etc.). No Brasil, trata-se de serviço oferecido exclusivamente pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), uma autarquia ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Segundo o INPI, o processo é simples e quase todo feito pela internet (em www.inpi.gov.br). O primeiro passo é a consulta de eventuais registros prévios do nome ou da marca. Um mecanismo de busca no próprio site da autarquia permite ao interessado saber se alguém já é dono dessas criações ou se já requereu anteriormente a sua propriedade. Um diretório na página traz ainda um apanhado com as marcas de alto renome atualmente em vigência no Brasil. Caso não haja donos, o próximo passo é pagar o Guia de Recolhimento da União (GRU), que varia em função da natureza do registro e de quem o solicita. Pessoas físicas, como são muitos artistas e detentores de nomes de bandas, e também microempresas têm descontos. Para se ter uma ideia, a taxa para registro on-line pré-aprovado (ou seja, sem qualquer pendência anterior) começa em R$ 142. Após o pagamento, o interessado deve acessar a seção E-Marcas do portal do INPI e seguir o passo a passo descrito: criar um login e uma senha e preencher os formulários com as informações requeridas para o registro das marcas. O último passo é monitorar a aprovação – ou não – do registro, sempre acompanhadas da sua justificativa. É possível recorrer, em caso de negativa, e obter as informações completas sobre o processo, sempre no site.


NA PALMA DA MÃO E NA CABEÇA O Guia do Associado está de cara nova na rede. Agora, tem visualização compatível com as principais plataformas de dispositivos móveis, como tablets e smartphones. Tudo sobre o mundo dos direitos autorais, da arrecadação e da distribuição, além de um índice completo com os serviços oferecidos pela UBC aos associados. Acesse ubc.org.br/guiadoassociado e se informe quando e onde quiser.


Sua voz é música para os nossos ouvidos A Ouvidoria da UBC é o canal entre você e a diretoria para o envio de reclamações, elogios e sugestões. Não deixe de dizer o que pensa sobre os nossos serviços, nós sempre queremos ouvir você. www.ubc.org.br/ouvidoria


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